Evidências da evolução da inserção de pessoas com deficiência intelectual no mercado de trabalho em Minas Gerais Projeto Apae Moderna – Volume 03 “A Apae do futuro” Belo Horizonte Agosto - 2010 2 EXPEDIENTE: – Volume 3 Publicação da Federação das Apaes do Estado de Minas Gerais Belo Horizonte, Março de 2010 DIRETORIA EXECUTIVA Presidente Sérgio Sampaio Bezerra Vice-presidente Maria Alice Magalhães Lima 1ª Diretora secretária Ana Paulina de Abreu 2ª Diretor secretário Sandro Cataldo da Mota 1ª Diretor financeiro Milton Gontijo Ferreira 2º Diretor financeiro João Bosco Pinto Monteiro Diretora social Maria das Graças de Oliveira Ancelmo Diretores representantes das pessoas com Marilda Francisca dos Santos deficiência Alisson Vinicius da Silva Pinto CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Conselheiros regionais: Alto Paranaíba I Alto Paranaíba II Campo das vertentes Centro I Centro II Centro IV Centro V Centro Oeste I Centro Oeste II Centro Oeste III Circuito das Águas I Circuito das Águas II Circuito das Malhas Noroeste Mineiro Médio São Francisco Norte I Norte II Sudoeste I Sudoeste II Sul I Sul II Triângulo Mineiro I Triângulo Mineiro II Vale da Eletrônica Vale do Aço I Vale do Aço e Rio Doce Vale do Suaçuí Vale do Jequitinhonha Vale do Mucuri Vale do Piranga Ana Maria Agostini Maria de Lourdes Silva Rodrigues Terezinha do Carmo de Carvalho Débora Gontijo Labory José Antônio Vicente de Souza Armando Candido Gomes Girlene Gomes Ferreira Adriana de Souza Couto Zélia Terezinha de Souza Maria Celeste de Paulo Wilson de Cássio Couto Elaine Medeiro do Espírito Santo Conceição Aparecida Munhoz Maria Aparecida Aguiar Adjuto Maria Saturnina Saraiva Brasil Lenir de Abreu Cirilo Figueiredo Monção Maria Paula Aliberti Rodrigues dos Reis Jorcelina Aparecida Ferreira Regina Maris Muniz Zanetti Maria Rozilda Gama Reis Maristela Feldner de Barros Cunha Vilma Paula Machado Rita Helena Rezek Nassar Hélia Aparecida Santos Grigorini José Modad Barbosa Claúdia Braga de Medeiros Eunice Maria Tanuare Jardim Stela Maris Pimenta Rodrigues Maria Elizabeth Moreira Leite Iacomini 3 Zona da Mata I Zona da Mata II Zona da Mata III Três Vales Lúcia Helena Gesteira Couto de Freitas Márcio Rocha Damasceno Maria José Marques Ferreira Maria das Dores Rocha CONSELHO FISCAL (Titulares) Dr. José Slaib Maria Abadia de Oliveira Luíza de Marilac Hosken Vieira Teixeira (Suplentes) Milton José Machado Márcia Ribeiro de Oliveira Regina Célia Vieira Jorge Loiola CONSELHO CONSULTIVO Eduardo Barbosa Luiza Pinto Coelho EQUIPE TÉCNICA Procuradoria jurídica Dr. Maria Tereza Feldner Secretária executiva Darci Fioravante Barbosa Assessoria de planejamento Cleusa dos Santos Borges Núcleo administrativo/ financeiro Henrique Mendes Equipe de apoio administrativo Ricardo Diniz Ronildo Nogueira João Bosco Pinto de São Miguel Núcleo de comunicação institucional Núcleo de captação de recursos Núcleo de relacionamento com as filiadas (Sala de soluções) Núcleo de acompanhamento e monitoramento Núcleo de autogestão / autodefesa e família Núcleo de aprendizagens – Educação inclusiva Gerência de educação física, desporto e lazer Núcleo de Ações de Aprendizagens – Educação Física Gerência de arte – educação Núcleo de Ações de Aprendizagens – Arte Educação Núcleo de trabalho, emprego e renda Núcleo de Gestão de informações e Coordenação da Unidade Mineira da UNIAPAE Maria Cristina Xavier Cleonice Simão Bruna C. Morato Israel Laura Leite Saraiva Jarbas Feldner Helena Milagres Luciene Carvalhais Alisson Vinicius Júnia Ângela de Jesus Lima A definir Idelino Alves Júnior Marli Helena Duarte Alex Gomes Alves Alberth Sant’Ana Costa da Silva 4 Agradecimentos Professora Luciana Mourão Elaboração Marli Helena Duarte Silva Colaboração Sérgio Sampaio Bezerra Revisão Maria Cristina Xavier Diagramação/normalização Alberth Sant´Ana Esta cartilha é uma publicação da Federação das Apaes do Estado de Minas Gerais. Sua reprodução total ou parcial é permitida, desde que citada a fonte. 5 SUMÁRIO 1 APRESENTAÇÃO 6 Análise comparativa entre os dados da pesquisa realizada pela FENAPAES (2005/2006), pela área de Monitoramento da FEAPAES-MG e pelo Ministério do Trabalho e Emprego 7 1.1 Número de trabalhadores com deficiência intelectual 7 1.2 Conhecimento das empresas sobre a atuação de pessoas com deficiência intelectual no mundo do trabalho 9 1.3 Principais dificuldades de se contratar pessoas com deficiência intelectual 10 1.4 Conhecimento da lei de cotas para a inserção de pessoas com deficiência 12 2 CONSIDERAÇÕES FINAIS 14 6 APRESENTAÇÃO 1 Em 2005 e 2006, a Federação Nacional das Apaes (FENAPAES) , com o apoio do Ministério do Trabalho e Emprego, realizou uma pesquisa em 1.146 empresas. A pesquisa alcançou as cinco principais regiões brasileiras (Sul, Sudeste, Centro-oeste, Norte e Nordeste) e 22 estados, além do Distrito Federal. O objetivo da pesquisa foi fazer um diagnóstico nacional da demanda do mercado de trabalho em empresas públicas e privadas, com a perspectiva de subsidiar os profissionais do movimento apaeano na tomada de decisões sobre o desenvolvimento e a sistematização de cursos de qualificação profissional compatíveis com as necessidades locais e com as potencialidades dos jovens com deficiência intelectual de modo a ampliar as chances de inclusão social por meio do trabalho. Vinte e nove profissionais foram envolvidos na coleta de dados nos municípios pesquisados: quatro consultores externos para a concepção e coordenação-geral da pesquisa; dois profissionais da Federação Nacional das Apaes para acompanhamento geral da pesquisa e vinte e três coordenadores de Trabalho, Emprego e Renda das Federações das Apaes dos estados. Em Minas Gerais foram pesquisadas as cidades de Belo Horizonte, Muriaé, São João del Rei, Jequitibá e Pompéu. Em cada município foram aplicados dez questionários – totalizando 50 empresas – que foram identificadas por suas características de tamanho, setor de atuação e número de empregados. O público que respondeu a pesquisa nessas empresas foi composto assim: 54% de sócios proprietários, 32% de gerentes e 14% que pertenciam a outros cargos. A maioria das empresas pesquisadas foram assim classificadas: micro-empresas: 56,0%; pequenas empresas: 20%; grandes empresas: 6,0%, sendo que 8% delas não se enquadrou em nenhuma classificação específica e então indicou o item “outros”. O percentual de micro-empresas se destaca em relação às outras. A porcentagem que representa as pequenas empresas também é significativa (20,0%) e é exatamente o dobro das consideradas médias empresas. Partindo da análise dos dados de Minas Gerais, esta publicação tem a intenção de registrar a evolução da prática de formação para o trabalho nas Apaes e a evolução 1 Entidade filantrópica, composta por aproximadamente 2.000 Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes) e 26 Federações Estaduais. 7 da inserção de pessoas com deficiência intelectual da Rede Mineira das Apaes no mercado de trabalho nos dias atuais. 1 Análise comparativa entre os dados da pesquisa realizada pela FENAPAES (2005/2006), pela área de Monitoramento da FEAPAESMG2 e pelo Ministério do Trabalho e Emprego 1.1 Número de trabalhadores com deficiência intelectual Em Minas Gerais, a FENAPAES pesquisou 50 empresas, sendo que 48 responderam o questionário. Dessas 48 empresas, 40 informaram nunca terem empregado pessoas com deficiência, o que representa 83,3%; cinco (05) empresas, ou seja, 10,4%, informaram já terem empregado pessoas com deficiência e 6,2%, ou seja, três (3) empresas, responderam que atualmente têm pessoas com deficiência em seus quadros de funcionários, porém não revelam o tipo de deficiência das pessoas. No entanto, os dados relativos a essa mesma inserção, coletados pela Federação das Apaes do Estado de Minas Gerais, por meio do Monitoramento das Ações do programa de formação da pessoa com deficiência intelectual para o trabalho (pesquisa aplicada nas Apaes e respondida pelos profissionais responsáveis por essa formação) mostram que a partir de 2005 houve um aumento gradativo, tanto na quantidade de pessoas capacitadas para o trabalho, quanto na quantidade de pessoas inseridas em empresas. Em 2008, o monitoramento demonstrou que 8.837 alunos acima de 14 anos frequentaram o Programa Formação para o Trabalho na Rede Mineira das Apaes e que 1.167 pessoas com deficiência estavam contratadas. Dessas, 61,08% 3 estavam contratadas na modalidade denominada trabalho competitivo , 30,69% na modalidade contratação seletiva e 8,31% exerciam trabalho autônomo, conforme ilustra GRÁF.1: 2 Federação das Apaes do Estado de Minas Gerais é uma entidade filantrópica, composta de aproximadamente 415 Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) 3 As modalidades de contratação estão definidas no Decreto nº 3298/99 artigo 35. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm>. Acesso em: 1 set. 2010. 8 Competitivo 357 30,59% 97 8,31% Seletivo Autônomo 713 61,09% GRÁFICO 1: Pessoas com deficiência nas diferentes modalidades de emprego Fonte: BDFA – Federação das Apaes do Estado de MG 2008. Embora o crescimento de oferta de emprego para pessoas com deficiência seja evidente de acordo com os dados apresentados acima, o percentual de pessoas com deficiência empregadas no Brasil ainda é muito baixo. A Relação Anual do Ministério do 4 Trabalho e Emprego (RAIS) revela os seguintes dados , segundo o tipo de deficiência: 323.210 pessoas com deficiência estão empregadas, classificadas por deficiência, na seguinte proporção: física – 177.834; auditiva - 79.347; visual - 12.428; intelectual - 10.864; múltipla – 3.517; reabilitado - 37.916; ignorado -1.304. Desse montante, apenas 3,36% ficam com as pessoas com deficiência intelectual. Já a pesquisa realizada pela Federação Nacional das Apaes em 2005, em âmbito nacional, apresenta os seguintes resultados: 50% das vagas são ocupadas por pessoas com deficiência física, 23% auditiva, 14% intelectual, 11% visual e 0% de pessoas com deficiência múltipla. Ao comparar os dados acima com os dados da RAIS 2008, encontramos uma incoerência com relação à pesquisa da FENAPAES 2005, realizada em âmbito nacional, que mostra que, das vagas ocupadas por pessoas com deficiência, 14% são de pessoas com deficiência intelectual, enquanto as informações do MTE mostram a porcentagem de 3,36% para pessoas com deficiência intelectual empregadas em âmbito nacional. Supôs-se que a explicação dessa diferença de dados seja devida a duas razões: a falta de conhecimento dos pesquisados quanto à definição de pessoa com deficiência intelectual - “quem é a pessoa com deficiência intelectual” - e/ou o fato de a coleta de dados ter sido feita por pessoas do Movimento Apaeano que teriam optado por pesquisar organizações onde havia pessoas com deficiência intelectual, assim contaminando os resultados. 4 Disponível em: <http:// http://www.mte.gov.br/rais/2008/default.asp>. Acesso em: 1 set. 2010. 9 No entanto, de acordo com a SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO de Minas Gerais (2009), o percentual de pessoas com deficiência empregadas no estado tem a seguinte configuração: física 54%;auditiva 25%; visual 10% e intelectual 10%. Seja por esse ou aquele motivo, é notório que as pessoas com deficiência intelectual ainda são as mais excluídas do mundo do trabalho. Essa constatação é reforçada por mais alguns resultados encontrados na pesquisa, que relataremos a seguir, embora muitos deles sejam mitos que precisam ser desmistificados. 1.2 Conhecimento das empresas sobre a atuação de pessoas com deficiência intelectual no mundo do trabalho Na pesquisa realizada pela FENAPAES - 2005, quando as empresas foram solicitadas a dar uma nota de 0 a 10 para o seu grau de conhecimento sobre a atuação de pessoas com deficiência intelectual no mundo de trabalho (sendo 0 o desconhecimento total do assunto e 10, o seu conhecimento pleno) encontramos os seguintes resultados: a média de notas das 50 empresas foi de 3,92, muito próxima da mediana, que ficou com 4,0. O desvio padrão foi de 2,26, representando uma grande dispersão de opiniões. As notas atribuídas pelas empresas variaram de zero a nove pontos. A nota 5 foi a mais atribuída, dada por 26,0% das empresas pesquisadas. As notas 2 e 4 ficaram com o segundo maior percentual de empresas: 14,0%; seguida pelas que deram notas 0 e 3, que representam 12,0%, cada uma. As notas 9 e 1 tiveram a menor taxa de indicação, sendo que cada nota representou apenas 2,0% das empresas. Em Minas Gerais, a maior parte das empresas – 60% – atribuiu notas entre 4 e 9. É interessante ressaltar que dentre essas, 48,0% deram notas entre 4 e 6. Também foi elevado o percentual de empresas que indicaram notas de 1 a 3, representando 28,0%. As menores taxas ficaram com as notas 0 e de 7 a 9 pontos, sendo que cada uma dessas notas foram apontadas por 12,0% do total de empresas pesquisadas. Esse resultado nos leva a concluir que existe um desconhecimento significativo da capacidade laboral das pessoas com deficiência intelectual por parte das empresas, apontando que o programa de formação para o trabalho da rede Apae deve ser adequado, dando a devida importância à necessidade de demonstrar que as pessoas 10 com deficiência intelectual têm capacidade laboral. Ações práticas relativas a essa questão devem ser inseridas no programa para levar aos empresários o conhecimento das potencialidades dessas pessoas, como por exemplo, promover encontros com as empresas que levem casos de sucesso laboral dessas pessoas por meio delas mesmas ou por meio de seus empregadores; apresentar a possibilidade de utilização da 5 modalidade colocação seletiva como opção de inserção. 1.3 Principais dificuldades de se contratar pessoas com deficiência intelectual Na pesquisa realizada pela FENAPAES – 2005, as dificuldades apontadas pelas empresas para a contratação de pessoas com deficiência foram, principalmente, o fato de essas pessoas não buscarem emprego na empresa (argumento apontado por 72% das empresas) e a falta de funções e tarefas que possam ser realizadas por essas pessoas (argumento indicado por 50% das empresas pesquisadas). Nota-se que a resistência de colegas de trabalho e/ou clientes e outros fatores só foram apontados por 4,0% dos respondentes, conforme GRÁF. 2: 5 Conforme o texto técnico: “Colocação seletiva da pessoa com deficiência intelectual em organizações do trabalho: reflexões, possibilidades e desafios” publicado pela Unidade Mineira da Uniapae. Disponível em: <http.:// http://www.uniapaemg.org.br/?secao=biblioteca&ver=128>. Acesso em: 1 set. 2010. 11 GRÁFICO 2: Principais dificuldades na contratação de pessoas com deficiência intelectual Fonte: Fenapaes, 2006 Vale salientar que, na perspectiva das empresas estudadas, a falta de qualificação profissional das pessoas com deficiência intelectual não é apontada como uma das principais causas, sendo apenas a quarta causa, com o percentual de 34%. Além disso, essa mesma pesquisa mostra que das empresas estudadas, 64% informaram que contribuem para a qualificação profissional de seus empregados, oferecendo cursos dentro ou fora da empresa. Num comparativo dos dados apresentados acima com os dados do monitoramento – 2008 nas Apaes (programa de formação da pessoa com deficiência intelectual para trabalho), referentes às dificuldades para a inserção desse público no mercado de trabalho, temos o QUAD. 1. Vale lembrar que, no monitoramento, os 12 respondentes são as educadoras que trabalham na formação desse público e que a perspectiva, então é diferente. É interessante destacar as convergências e divergências entre essas perspectivas, isto é, empresas e profissionais das Apaes. QUADRO 1 Motivos para não contratação de pessoas com deficiência intelectual MOTIVO Resistência dos colegas de trabalho e seus clientes Falta ou insuficiência de qualificação profissional Falta de conhecimento sobre a atuação dessas pessoas no mercado de trabalho Falta de oportunidade de funções e tarefas que possam ser realizadas por eles Dos itens pesquisados, há PESQUISA FENAPAES 2005 DADOS DO MONITORAMENTO 4% 11%, 34% 3,3% 36% 55,6% 50%, 3,3% convergência somente no item referente ao desconhecimento da capacidade laboral da pessoa com deficiência intelectual por parte das empresas, sendo esses percentuais: 36%, na visão das empresas e 55,6%, na visão dos profissionais das Apaes da área de formação para o trabalho. Comparando essas perspectivas, observamos várias divergências interessantes que podem ajudar a Rede Apae a refletir sobre suas práticas no que concerne à formação desse público para o trabalho. 1.4 Conhecimento da lei de cotas para a inserção de pessoas com deficiência 6 A Lei nº 8.213 , de 24 de junho de 1991, do art. 93, conhecida como Lei de Cotas, significa um notório avanço em termos de inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Essa lei estabelece que a empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) de seus cargos com beneficiários reabilitados ou com pessoas portadoras de deficiência, habilitadas. 6 Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8213cons.htm> Acesso em: 1 set. 2010. 13 Pela análise dos dados da pesquisa da FENAPAES – 2005, foi identificado que somente sete, dos cinqüenta empresários pesquisados em Minas Gerais, conhecem a Lei de Cotas para o emprego de pessoas com deficiência, o que representa 14% da amostra. Vale esclarecer que dentre o restante, a maioria não tinha conhecimento da Lei de Cotas, o que representa 46%. Por outro lado, 40% dos entrevistados informaram já terem ouvido falar sobre a lei. Os dados evidenciam ser baixo o percentual de empresários que afirmaram conhecer a lei de cotas, enquanto era alto o percentual dos desconhecedores da lei e dos que somente a conhecem por já terem ouvido falar sobre ela. No entanto, de acordo com a SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO de Minas Gerais - 2009, a porcentagem de empresas que conhecem Lei de Cotas (em Minas Gerais e no Brasil) assumiu uma nova configuração. Percebe-se que a maioria das empresas conhece a Lei, mas apenas 44,5% a cumprem como norma no Brasil. 2 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados da pesquisa da FENAPAES em Minas Gerais revelam que alguns dados não mais correspondem à realidade de emprego das pessoas com deficiência intelectual, no entanto, reforçam alguns equívocos que permeiam a inserção desse público e que precisam ser debelados. Nesse sentido, conclui-se ser urgente que se faça um novo planejamento das diretrizes norteadoras da formação desse público para o trabalho, tendo os seguintes princípios como base: Ter a integralidade de ações em todo o ciclo de vida da pessoa com deficiência intelectual, promovendo sua autonomia e o desenvolvimento de sua independência, Oferecer uma educação que compreenda a formação integral e integrada do indivíduo em todos os contextos; 14 Conscientizar os empresários, gestores de recursos humanos e todos os atores envolvidos nas organizações sobre a relevância social e econômica da inserção da pessoa com deficiência intelectual no mercado de trabalho; Acreditamos que a efetivação desses princípios proporcione às organizações do trabalho o conhecimento e a compreensão de que a pessoa com deficiência intelectual tem capacidades e especificidades que não podem ser ignoradas. Diante dessas reflexões e de várias discussões realizadas na Rede Mineira das Apaes, propusemos modificações no programa de formação para o trabalho estruturado na rede, começando do próprio nome do programa, que passa a ser denominado “trabalho emprego e renda” e não mais “educação profissional”. Agora há duas frentes de trabalho: a primeira com foco na formação da pessoa com deficiência intelectual para o trabalho, emprego e geração de renda. Esta proposta não contempla necessariamente a inserção do indivíduo ao mercado de trabalho competitivo. Não tem a intenção de profissionalizá-lo e sim de formá-lo integralmente, promovendo o desenvolvimento de suas habilidades sociais e adaptativas, de sua autonomia pessoal e competência social. A segunda frente de trabalho se refere à inserção da pessoa com deficiência intelectual no mercado de trabalho. Aqui o foco é apoiar as empresas em seu processo de recrutamento, seleção, treinamento e avaliação de desempenho do indivíduo.