FIGURAS DE LINGUAGEM
A linguagem possibilita-nos exprimir não só nossa
compreensão de mundo (ideias, conceitos,
opiniões...), mas também nosso mundo psíquico
(emoções e “estado de espírito”).
Quando dizemos, por exemplo, “Aquele restaurante é
um chiqueiro”, estamos afirmando que o lugar é sujo
e, simultaneamente, revelando que o lugar nos causa
repulsa, nojo.
Às diferentes possibilidades de usar a linguagem para
revelar nosso mundo psíquico damos o nome de
recursos estilísticos.
METÁFORA
Emprego de uma palavra ou expressão com
um sentido diferente do usual, a partir de uma
comparação subentendida entre os dois
elementos – transferência de sentido.
Ex: “O amor é pássaro rebelde que ninguém
pode aprisionar”. (A. T. Rodrigues)
Ex “Veja bem, nosso caso / É uma porta
entreaberta.” (Luís Gonzaga Junior)
Falar pelos cotovelos.
Veja se eu estou na esquina...
Meu coração é um balde
despejado.
Não anda bem da cabeça.
Eu sou um poço de dor e
amargura.
METÁFORA
ANÁFORA
Consiste na repetição de um vocábulo (ou
expressão) no início de uma sequência de
frases.
Ex: “Se você cantasse
Se você gemesse
Se você tocasse”. (Carlos Drummond de Andrade)
Amor é fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.
(...)
Camões
Por exemplo, neste famoso soneto de Camões, a
repetição da forma verbal "é", no início de cada
verso, permite facilmente identificar a série de
definições com que o poeta procura exprimir o
carácter contraditório do amor.
IRONIA
Figura por meio da qual se enuncia algo, mas
o contexto permite ao leitor (ou ouvinte)
entender o oposto do que se está afirmando.
Ex: “Parabéns pela sua grande ideia:
conseguiu estragar tudo”.
“ Como você foi bem na última prova, não
tirou nem a nota mínima!”
“Parece um anjinho aquele menino, briga
com todos que estão por perto.”
HIPÉRBOLE
Exagero intencional, com a finalidade de
intensificar a expressividade e, assim,
impressionar o ouvinte ou o leitor.
Ex: “Ele morreu de rir ao ouvir a piada.
Ex: “Rios te correrão dos olhos, se chorares”.
(Olavo Bilac)
EUFEMISMO
Figura por meio da qual se procura suavizar, tornar menos
chocantes palavras ou expressões normalmente
desagradáveis, dolorosas ou constrangedoras.
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Ex: Você é desprovido de beleza." (Para não chamar a
pessoa de feia)
"Você faltou com a verdade." (Para não chamar o
indivíduo de mentiroso)
"Ele virou uma estrelinha." (Em vez de morreu)
"Ela é minha ajudante." (Em vez de falar empregada
doméstica)
"Ele vivia de caridade pública." (Para não falar esmolas)
"Ele foi morar junto com Deus." (Para não falar que
morreu)
ANTÍTESE
Consiste no uso de palavras (ou expressões)
de significados opostos, com a intenção de
realçar a força expressiva de cada uma delas.
Ex: “Leia os versos abaixo de Charly Garcia:
“O sonho de um céu e de um mar
E de uma vida perigosa
Trocando o amargo pelo mel
E as cinzas pelas rosas
Te faz bem tanto quanto mal
Faz odiar tanto quanto querer.”
Lista de antíteses através de palavras:
Morto e vivo
Feliz e triste
Amor e ódio
Preto e branco
Grande e pequeno
Sim e não
Claro e escuro
Jovem e idoso
Agora e depois
Rico e pobre
Dormir e acordar
Ir e voltar
Formal e informal
Ligar e desligar
Dia e noite
Sol e lua
ANACOLUTO
Consiste em uma inesperada mudança de rumo
na construção sintática de um enunciado.
Ex: “"Eu, também me parece que as leio, mas
vou sempre dizendo que não", o termo "eu" é
posto em destaque, desligado dos outros
elementos sintáticos — no resto da frase,
através de uma elipse (o "eu" passa a estar
apenas subentendido).”
Ex: “Meu filho, não admito que falem mal dele”
PROSOPOPEIA
Consiste em atribuir a seres inanimados
características de seres animados, ou em
atribuir características humanas a seres
irracionais.
Ex: Por exemplo, se você diz que “o dia está
triste”, você está atribuindo um sentimento
(tristeza) a uma entidade que, de fato, nunca
poderá estar triste mas cujas características
(céu nublado, frio, etc) poderão conotar
tristeza para o ser humano
Observe os exemplos:
As pedras andam vagarosamente.
O livro é um mudo que fala, um surdo que
ouve, um cego que guia.
A floresta gesticulava nervosamente
diante da serra.
O vento fazia promessas suaves a quem
o escutasse.
Chora, violão.
METONÍMIA
Substituição (troca) de uma palavra por outra, quando
entre ambas existe uma proximidade de sentidos que
permite essa troca.
Ex: “Ele tem duzentas cabeças de gado em sua
fazenda”. (a parte pelo todo)
Ex: “Pedro comeu vários pratos e ainda saiu falando
mal”. (o continente pelo conteúdo)
Ex: “Tenho lido Machado de Assis e Graciliano Ramos”.
(o autor pela obra)
Ex: “Era difícil resistir aos encantos daquela doçura”. (o
abstrato pelo concreto) (pessoa meiga, agradável).
Ex: “O brasileiro tenta encontrar uma saída para
suportar a crise”. (o singular pelo plural)
COMPARAÇÃO
A comparação se estabelece por meio de
palavras ou expressões comparativas presentes
no enunciado (como, semelhante a, igual a, que
nem, tal qual...), por isso sua estrutura tem
sempre a seguinte forma geral:
Ex: "A minha filha é como um anjo".
Ex: “Minha dor é inútil
Como uma gaiola numa terra onde não há
pássaros.” (Fernando Pessoa)
COMPARAÇÃO
ALITERAÇÃO
Consiste em dispor, em sequência, um
conjunto de palavras nas quais uma consoante
(ou consoantes semelhantes) se repete (m),
criando um efeito de sonoridade.
• Ex: “Que a brisa do Brasil beija e
balança”,Castro Alves, O Navio Negreiro,
• “Vozes veladas, veludosas vozes,
• Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam
nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas,
vãs, vulcanizadas.”, Cruz e Souza,Violões que
choram ”. (Cruz e Sousa)
PLEONASMO
Consiste em intensificar o significado de um
elemento textual por meio da redundância,
isto é, da repetição da ideia já expressa por
esse elemento.
Ex: “Vi, claramente visto, o lume vivo”. (Luiz Vaz
de Camões)
Ex: “E ri meu riso e derramar meu pranto”.
(Vinícius de Moraes)
Na oração: “Ela cantou uma canção
linda!”, houve o emprego de um termo
desnecessário, pois quem canta, só
pode cantar uma canção, certo?
Na famosa frase: “Vi com meus
próprios olhos.”, também ocorre o
mesmo.
Pleonasmos viciosos:
Subir para cima
Se está subindo, só pode ser
para cima.
Descer para baixo
Se está descendo, é claro que é
para baixo.
Aviso a avisar
Se está a mandar um aviso, é
claro que é para avisar.
Entrar para dentro
Se está entrando, é para dentro.
Sair para fora
Se está saindo, obvio que é para
fora.
POLISSÍNDETO
Consiste no emprego repetitivo da conjunção (geralmente e ou
nem) entre as orações de um período ou entre os termos de uma
oração.
Ex: Se era noivo, se era virgem,
Se era alegre, se era bom,
Não sei.
É tarde para saber”. (Carlos Drummond de Andrade)
• “Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem
toca, nem tuge, nem muge”. (Rubem Braga)
• Nos versos de Drummond, veja que houve a
repetição da conjunção “se”; na afirmação de
Rubem Braga, o que se repete é a conjunção “nem”,
uma maneira bem criativa e cômica de se dizer que o
telefone dele não funcionava de maneira alguma.
SILEPSE
(concordância ideológica) – consiste em estabelecer a
concordância entre palavras levando em conta as ideias
que elas exprimem, e não sua forma gramatical:
Silepse de gênero: concordância de ideias entre uma
palavra / expressão de forma feminina (mas de sentido
masculino) e uma outra palavra / expressão de forma
masculina.
Ex: “Rio de Janeiro é linda. Vista daqui parece o
paraíso”.Nesse caso, os adjetivos linda e vista não
concordam com o substantivo Rio de Janeiro, mas com
a palavra cidade”.
SILEPSE
Silepse de número: concordância ideológica entre uma
palavra / expressão no singular e uma outra no plural.
Ex: “O pobre povo da terra vivia quase como índios”. (Rachel
de Queiroz)
Silepse de pessoa: concordância entre uma palavra
/expressão em uma determinada pessoa gramatical e uma
palavra / expressão em outra pessoa.
Ex: Exemplo: A turma veio aqui em casa e deixaram a maior
bagunça.
O casal resolveram não pagar a conta, pois questionaram o
valor.
.
ONOMATOPEIA
É um recurso que consiste em reproduzir, por
meio de palavras, determinados sons, ruídos.
• “E era tudo silêncio na saleta de costura; não se
ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no
pano.” (Machado de Assis)
• Exemplos de palavras onomatopaicas:
Atchim – espirro.
Piu-piu: canto do passarinho
Din-don: o som da campainha
Tibum: o som de alguém caindo
Buá: o choro de alguém
Snif: fungado.
ASSÍNDETO
Caracteriza-se pela ausência da conjunção
coordenativa entre termos ou oração.
Ex: “Vim, vi, venci”.
“vi [e] venci”,
ELIPSE
• É a omissão, a não colocação de um
termo que o contexto permite ao leitor ou
ouvinte identificar com certa facilidade.
• Ex: Na estante, livros e mais livros.
Percebemos claramente que o verbo “haver”
foi omitido.
ELIPSE
CATACRESE
• É o emprego de palavras fora do seu significado
real; entretanto, devido ao uso contínuo, não
mais se percebe que estão sendo empregadas
em sentido figurado:
O pé da mesa estava quebrado.
Não deixe de colocar dois dentes de alho na
comida.
Quando embarquei no avião, fui dominado pelo
medo.
A catacrese ocorre quando, por falta de um termo
específico para designar um conceito, toma-se outro
por empréstimo. Note que, por falta de uma palavra
específica para designar o objeto que sustenta o
tampo da mesa, tomamos por empréstimo a palavra
pé e a usamos fora do seu sentido habitual.
Verifique ainda que essa transposição tem por
fundamento a vaga semelhança entre um conceito e
outro. No caso de "dentes de alho", trata-se de uma
semelhança de forma. O verbo embarcar, por outro
lado, que originalmente designava o ingresso em
barco, atualmente é empregado com referência a
toda espécie de meio de transporte: metrô, avião,
ônibus, etc.
HIPÉRBATO
Caracteriza-se pela inversão da ordem
natural e direta dos termos da oração, ou
da ordem natural das orações no período.
Ex:Correm pelo parque as crianças da rua.
Na escada subiu o pintor.
• As duas orações estão na ordem inversa. O
hipérbato consiste na inversão dos termos da
oração.
• Na ordem direta ficaria:
As crianças da rua correm pelo parque.
O pintor subiu na escada.
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