EFEITO DA RADIAÇÃO IONIZANTE EM CÉLULAS PARTE I Efeitos da radiação ionizante em células 1895 _descoberta dos raios X e da radioatividade natural W. K. Roentgen Henry Becquerel aparecimento da radiodermite 1902 _primeiro caso de câncer radioinduzido (câncer de pele) 1911 _mais de 100 casos de câncer de pele 1927 _H. J. Muller e Drosophila (radiogenética) a radiação ionizante pode afetar o patrimônio genético II Guerra Mundial _avaliação mais detalhada Radiobiologia _ênfase maior nas últimas décadas Melhor conhecimento da radiação _numerosos benefícios _proteção contra os efeitos nocivos RADIAÇÃO RADIAÇÃO IONIZANTE UNSCEAR: “não existe uma dose “segura” de exposição de radiação sob o ponto de vista genético, sendo que qualquer exposição à radiação pode envolver um certo risco de indução de efeitos hereditários e somáticos” Radiações de baixas doses importância radiobiológica (<200 mSv, < 0,1mSv/min) COMO A RADIAÇÃO IONIZANTE CAUSA SEUS EFEITOS? E absorção de E da radiação transferência de E da radiação organismos vivos EFEITO moléculas biológicas BIOLÓGICO E não há deposição de energia nenhum efeito E deposição de energia célula danificada reparo E dano letal morte celular E dano subletal danifica a célula sem causar morte interação da radiação com as células vivas célula normal célula alterada manifestações biológicas eventos pouco conhecidos E exitação 1014 células ionização Mecanismo Direto DNA alvo 105 genes Mecanismo Indireto H2O ----H + OH DNA lesado reparo correto 10-6 mutações / gene / divisão celular não reparo reparo errôneo DNA mutado DNA restaurado morte celular célula mutada viável célula normal célula somática Catarata Malformações Síndromes da radiação efeitos determinísticos apoptose célula germinativa Diminuição da longevidade Envelhecimento precoce Indução do câncer Doenças hereditárias (transmissíveis) efeitos estocásticos EFEITOS DETERMINÍSTICOS (há limiar) De acordo com o UNSCEAR (1993), o limiar é cerca de: - INDUÇÃO DE ESTERILIDADE (para indivíduos sadios): temporária No homem permanente Na mulher permanente 0,15 Gy (exposições agudas) 0,4 Gy/ano (exposições crônicas) 3,5 - 6 Gy (exposições agudas) 2 Gy/ano (exposições crônicas) 2,5 - 6 Gy (exposições agudas) 0,2 Gy/ano (exposições crônicas) - INDUÇÃO DE CATARATA 2 - 10 Gy (radiação de baixa LET) exposições agudas 1 - 2 Gy (radiação de alta LET) 0,15 Gy/ano (radiação de baixa LET) exposição crônica - EXPOSIÇÕES NA PELE eritema e descamação 3 - 5 Gy com aparecimento de sintomas cerca de 3 semana após exposição necrose nos tecidos 50 Gy após 3 semanas de exposição - DECRÉSCIMO NO NÚMERO DE CÉLULAS SANGUÍNEAS Depressão na formação do sangue 0,5 Gy (exposição aguda de toda a medula) 0,4 Gy/ano - RETARDO MENTAL (exposição intra – uterina) período sensível 8–15 semanas após a concepção (período de organogênese) (0,12 a 0,2 Gy) uma dose de 1 Sv retardo mental severo em cerca de 40% dos indivíduos expostos - SÍNDROME AGUDA DA RADIAÇÃO (IRRADIAÇÃO DE CORPO INTEIRO) Hematopoiético: 2 – 10 Gy ( morte dentro de 10 – 30 dias) Gastrointestinal: 10 –100 Gy (morte dentro de 3 – 5 dias) Sistema nervoso central: 100 – 1000 Gy (morte dentro de 1 – 2 dias) - MORTE CELULAR INDIVIDUAL efeito estocástico - MORTE DE UM GRANDE NÚMERO D ECÉLULAS efeito determinístico (disfunção do órgão ou tecido) EFEITOS DIRETOS E INDIRETOS DAS RADIAÇÕES E interage com moléculas vizinhas Água Ácidos nucleicos Proteínas Lipídeos Carboidratos E interage diretamente no DNA Radiólise da água H 2O H 2 O+ + e e- + H 2 O H 2 OH 2 O+ + H 2 O H+ + H2O + OH H 2 O- + H 2 O OH- + H2O + H H+ + OHH 2O H 2O H + OH reações secundárias OH + OH H +H H + H2O H + OH RH + OH Presença de O2 e- + O 2 O2 - + H 2 O2 H + O2 HO2 + H OH + H2O2 R + O2 O2 OH- + HO2 (radical peroxila) HO2 H 2 O2 H2O+ + HO2 RO2 (peróxido orgânico) H 2 O2 H2 OH + H2 H 2O R + H 2O LESÃO NO NÚCLEO E NO CITOPLASMA Radicais livres Espécies ativas de O2 Núcleo (DNA) Fe ++ + H2O2 Fe+++ + OH O2- + Fe+++ O2 + Fe++ O 2 - + H 2 O2 OH + OH- + O2 Fe + OHReação de Fenton dano oxidativo no DNA mutação transformação maligna câncer morte celular envelhecimento LESÃO NO NÚCLEO E NO CITOPLASMA Radicais livres Espécies ativas de O2 Citoplasma (membranas) carboidratos proteínas lípides membranas formação de peróxidos lipídicos alterações das propriedades das membranas alteração no potencial inativação de substâncias receptoras ligadas à membrana mudança de permeabilidade decréscimo de fluidez perda da integridade escoamento de Ca++ aumento da suscetibilidade da e outros íons membrana ao ataque enzimático LISE CELULAR VÁRIOS TIPOS DE LESÕES INDUZIDAS NO DNA POR RADIAÇÃO IONIZANTE DÍMERO D E PIRIMIDINA QUEBRA DA FITA SIMPLES ACÚCAR AÇÚCAR PERDA DA BASE QUEBRA DE PONTES DE HIDROGÊNIO QUEBRA DA FITA DUPLA RADIOSSENSIBILIDADE CELULAR Radiação ionizante Células qualquer tipo de célula do organismo radiossenbilidade diferente Fatores que influenciam o efeito da radiação FATORES FÍSICOS dose taxa de dose fracionamento da dose exposição aguda ou crônica tipo de radiação LET RBE FATORES QUÍMICOS agentes modificadores presença ou não de antioxidante tensão de O2 (Efeito O2) teor hídrico FATORES BIOLÓGICOS estado proliferativo (Lei de Bergonie e Tribondeau) fase do ciclo celular estado fisiológico ou metabólico constituição genética da célula FATORES FÍSICOS DOSE > dose > dano biológico TAXA DE DOSE Taxa de dose = dose aplicada por unidade de tempo Taxa de dose alta > taxa de dose baixa < tempo de exposição > tempo de exposição reparo DL50 dose letal para 50% dos integrantes da população exposta de corpo inteiro % Letalidade 100 Valores típicos de DL50(30) para exposição total de animais a radiação X ou gama 75 50 25 2,5 5,0 7,5 10,0 DL 50 (30) Dose (Gy) Típico gráfico para determinação da DL50(30) para ratos expostos a irradiação de corpo inteiro por raios X Organismo DL50(30) (Gy) Cão Porco da Índia Homem Camundongo Macaco Rato Coelho Galinha Peixe dourado Sapo Tartaruga 3,5 4 2,5 - 4,5 5,5 6 7,5 8 6 23 7 15 FRACIONAMENTO DA DOSE Uma única exposição > forma fracionada dose total seja a mesma reparo dose única = doses fracionadas inexistência de reparo Fracionamento da dose em radioterapia Poupa os tecidos sadios Aumenta o dano no tumor - reparo do dano subletal - repopulação das células - reoxigenação de células tumorais - redistribuição de células nas fases radiosensíveis do ciclo celular TIPO DE RADIAÇÃO - LET e RBE quantitativamente Efeito Biológico quantitativamente independe depende tipo de radiação tipo de radiação mesma quantidade de E mesmo número de pares de íons formados Doses equivalentes de diferentes tipos de radiação não produzem efeitos biológicos quantitativamente similares 1Gy de nêutrons > 1 Gy de raios X diferença no padrão de deposição de E da radiação Efeitos biológicos deposição de E da radiação Deposição de E e a sua distribuição na matéria tipo de radiação LET = quantidade de E média depositada na matéria unidade de distância percorrida (keV/mm) RADIAÇÕES DE ALTA LET > RADIAÇÕES DE BAIXA LET (partícula a, nêutrons) (raios X, raios gama) RBE = dose de raios X (250 kV) dose de outro tipo de radiação (mesmo efeito biológico) Curva de sobrevida de células de mamíferos em cultura, irradiadas com neutron e com R-X R-X - fração de sobrevida de 0,01 = 10 Gy n - fração de sobrevida de 0,01 = 6,6 Gy RBE = 1,5 Explicação: R-X: há shoulder neutron : curva exponencial R-X - fração de sobrevida de 0,6 = 3 Gy n - fração de sobrevida de 0,6 = 1 Gy RBE vai depender da dose RBE = 3 LET 100 keV/mm (LET ótima) RBE atinge o valor máximo reflete o tamanho do “alvo” que é similar para todas as células de mamíferos densidade de ionização distância média entre os eventos ionizantes coincide com o da dupla hélice de DNA (2 nm) Radiações de LET ótimo: -n de algumas centenas de keV -p de baixa E -partículas a FATORES QUÍMICOS EFEITO O2 Na presença do O2 sistemas biológicos tornam - mais sensíveis à radiação (hipóxia ou anóxia) radiação X ou g 2 e 3 Taxa de aumento do O2 (OER) nêutron 1e2 a 1 (não ocorre a radiossensibilidade pelo O2) Habilidade do O2 em potencializar a eficácia de uma dada dose de radiação EFEITO DO O2 O2 modifica quantitativamente o dano da radiação, mas não altera qualitativamente O2 necessita estar presente no momento da irradiação Concentração muito pequena de O2 suficiente para induzir um efeito radiobiológico Tecidos normais (20 - 40 mm Hg) bastante oxigenados Mecanismos O2 O2 + R nível de lesões químicas iniciais RO2 - age diretamente na molécula - alvo impede o reparo - age em nível de radicais livres responsáveis pelo efeito O2 (peróxidos orgânicos) O2 potencializa a lesão inicial induzida pela radiação FATORES CELULARES ESTADO PROLIFERATIVO Mais radiossensíveis 1906 células que mais rapidamente se dividem Bergonie e Tribondeau RADIOSSENSIB. CELULAR = atividade mitótica grau de especialização FASE DO CICLO CELULAR células em mitose ou em G2 células na fronteira G1 / S Hipóteses mais sensíveis mais resistentes variação no nível de compostos contendo grupamentos SH atividade de enzimas de reparo configuração ou grau de condensação do DNA CONSTITUIÇÃO GENÉTICA DA CÉLULA (capacidade de reparo) diferentes níveis de indução de dano no DNA + eficiência de reparo radiossensibilidade intrínseca celular CLASSIFICAÇÃO DE CÉLULAS DE MAMÍFEROS QUANTO À RADIOSSENSIBILIDADE GRUPO 1: linfócitos eritoblastos espermatogonias GRUPO 2: células granulosas mielócitos células intestinais célualas germinativas da camada epidérmica da pele GRUPO 3: células glandulares gástricas células endoteliais de vasos sanguíneos GRUPO 4: osteoblastos osteoclastos condroblastos espermatócitos e espermátides GRUPO 5: granulócitos osteócitos espermatozóides GRUPO 6: fibroblastos células endoteliais de grandes vasos sanguíneos eritrócitos GRUPO 7: fibrócitos condrócitos fagócitos GRUPO 8: células musculares células nervosas RADIOSSENSIBILIDADE DE LINFÓCITOS Características • • • • • normalmente não se dividem células especializadas e diferenciadas células altamente radiossensíveis relação volume nuclear / citoplasma grande escassos em citoplasma