UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Cláudia Maria de Figueiredo Moreira Leite Carneiro. ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Dissertação de Mestrado Natal – RN 2011 1 CLÁUDIA MARIA DE FIGUEIREDO MOREIRA LEITE CARNEIRO ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Engenharia de Produção. ORIENTADORA: Profa. D.Sc Karen Maria da Costa Mattos. Co – ORIENTADOR: Prof. D. Sc Nominando Andrade de Oliveira. Natal – RN 2011 2 Ficha Catalográfica Carneiro, Cláudia Maria de Figueiredo Moreira Leite. Elaboração de um Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos no Restaurante Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/ Cláudia Maria de Figueiredo Moreira Leite Carneiro. – Rio Grande do Norte: UFRN/ Centro de Tecnologia, 2011. xii, 150 f. Il..; 31 cm. Orientadores: Karen Maria da Costa Mattos e Nominando Andrade de Oliveira. Dissertação (mestrado) – UFRN/ Centro de Tecnologia/ DIP, 2011. Referências bibliográficas: f. 136-142. 1. Resíduos Sólidos. 2. Unidade de Alimentação e Nutrição. 3. Meio Ambiente. 4. Desperdício. 5. Manejo de Resíduos. Dissertação. I Mattos, Karen Maria da Costa. II Oliveira, Nominando Andrade de. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia,Programa de Pós Graduação de Engenharia de Produção. DIP. IV; Título. 3 CLÁUDIA MARIA DE FIGUEIREDO MOREIRA LEITE CARNEIRO ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Esta Dissertação foi julgada e aprovada para a obtenção do Título de Mestre em Engenharia de Produção no programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Profa. Mariana Rodrigues de Almeida. Coordenadora do Programa. BANCA EXAMINADORA __________________________ Profa. Karen Maria da Costa Mattos, D. Sc. ___________________________ Prof. Nominando Andrade de Oliveira, D.Sc. ________________________ Prof. Mario Orestes Aguirre González, D.Sc. __________________________ Prof. Carlos Henrique Catunda Pinto, D.Sc. 4 . A Deus pela promessa e fidelidade. Ao meu esposo, Rommel pelo apoio incessante. As minhas filhas pelo amor e compreensão paciente. A minha mãe Maria de Figueiredo, eterna saudade e ao meu pai, pela fiel dedicação e investimento nos meus estudos. 5 Agradecimentos A Deus pelas promessas que sempre se cumprem. A orientadora Profa. Karen Maria da Costa Mattos, ao Professor Nominando Andrade de Oliveira e aos Professores Mario Orestes Aguirre González e Carlos Henrique Catunda Pinto pelo acompanhamento competente e paciente. A minha linda família, Rommel, Giovanna e Isabelle, gratidão eterna pela compreensão, amor e ajuda. Aos meus pais, sogro e sogra por sempre acreditarem em mim. Ao meu querido sobrinho Guilherme de Mello pela colaboração. Aos professores do curso de Pós Graduação. Á gestora do Restaurante Kátia Maria Bezerra da Silva e demais colegas de trabalho pela cooperação nas coletas. E carinhosamente as estagiárias e colegas Antônia Rafaela da Silva Castro, Agnes Martins de Lima, Camila Xavier Alves, Gabriela Mahara e Julane Braga Azevedo, sem as quais a instrumentalidade do projeto ficaria inviável. A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desta pesquisa. 6 RESUMO CARNEIRO, Cláudia Maria de Figueiredo Moreira Leite. Elaboração de um Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos no Restaurante Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 2011. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção, UFRN, Natal, RN. A preocupação com a conservação do meio ambiente atinge diferentes camadas e setores da sociedade mundial. A qualidade do meio ambiente de nosso planeta só poderá ser alcançada através de mudanças nas atitudes tomadas em relação aos resíduos gerados pela sociedade, isto também acaba por envolver o setor da educação, a exemplo das instituições de Ensino Superior onde o conceito de gestão ambiental necessita ganhar um espaço crescente. Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, encontra-se o Restaurante Universitário, que a exemplo de uma Unidade de alimentação e Nutrição, é um restaurante destinado a prestar serviços à comunidade acadêmica com a produção e distribuição de refeições. Neste contexto operacional o trabalho objetiva subsídios para à busca da geração mínima possível de resíduos, aplicando práticas e processos ambientalmente corretos. O trabalho foi desenvolvido no período de setembro de 2009 a outubro de 2009 no Campus Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no Restaurante Universitário da referida instituição. O projeto envolveu todos os funcionários do restaurante e utilizou como método a pesquisa ação. Caracterizaram-se os resíduos produzidos, dispostos de acordo com sua natureza (orgânica ou inorgânica) segundo classificação da NBR ISO 14004, adaptada por Kinasz (2004) que ajusta às normas à realidade específica dos Serviços de Alimentação e Nutrição. Sendo diagnosticado um expressivo volume de resíduos produzidos no Restaurante Universitário, pode-se afirmar que existe uma cultura de desperdício, contribuindo para o aumento de geração de resíduos sólidos, prejudicando o meio ambiente e refletindo consequentemente nos custos e gastos da Unidade, fato este que caracteriza e justifica a necessidade de promoverem-se ações que resultem na redução da produção deste resíduo, seu manejo e destinação adequada, com reflexos positivos na área econômica e ambiental, elaborando um Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos no Restaurante Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Palavras chaves: Resíduos Sólidos, Unidade de Alimentação e Nutrição, Meio Ambiente, Desperdício, Manejo de Resíduos, Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos. 7 ABSTRACT CARNEIRO, Cláudia Maria de Figueiredo Moreira Leite. Drafting a Plan for Integrate Management of Solid Residues on the Universitary Restaurant of Federal University of Rio Grande do Norte. 2011. Essay (Master’s Degree in Production Engineering) – Post- Graduation Program in Production Engineering, UFRN, Natal, RN. The concern about preservation of the environment reaches different layers and sections of global society. The environmental prior quality of our planet can only be reached through changes in the attitudes taken in relation due to the waste generated by society, this also lead involving the education sector, in example of the Superior Education Institutions where the concept of ambiental management needs to gain a growing space.In the Federal University of Rio Grande do Norte, can be found the Universitary Restaurant as an example of a Food and Nutrition Unit, it is a restaurant destined to provide services to the academic comunity with the production and distribution of meals. In this operational context the work itself aims subsidies and funds to the search of as minimal generation of residues as possible, applying environmentally correct processes and practices. The work was developed in the period of September to October of 2009 in the Universitary Campus of Federal University of Rio Grande do Norte, in the Universitary Restaurant of the referred institution. The project involved all the employees of the restaurant and used like method the action survey. The produced waste was characterized, arranged according with it’s nature (organic or inorganic) classificated following the NBR ISO 14004, adapted by Kinasz (2004) that adjusts the Standards to the specific reality of Food and Nutrition Services being diagnosed an expressive amount of produced waste in the Universitary Restaurant, it can be assured that a culture of wasting is very present and exists, contributing to the rise of solid residues, damaging the environment and consequently reflecting in the costs and expenses of the Unity, a known fact that characterizes and justifies the need of a promoting and active action that leads to positive reflexes in the economic and environmental area, drafting a Plan for Integrate Management of Solid Residues on the Universitary Restaurant of Federal University of Rio Grande do Norte Keywords: Solid Residues, Food and Nutrition Unit, Environment, Waste, Residue management, Plan for Integrate Management of Solid Residues. 8 SUMÁRIO Página Lista de figuras I Lista de quadros II Lista de tabelas III Lista de abreviaturas, siglas e símbolos IV RESUMO V ABSTRACT VI CAPÍTULO 1 18 1. INTRODUÇÃO 1.1 Contextualização 18 1.2 Objetivo 21 1.2.1 Objetivo Geral 21 1.2.2 Objetivos Específicos 21 1.3 Relevância a pesquisa 21 1.4 Estrutura da dissertação 22 CAPÍTULO 2 24 2. RESÍDUOS SÓLIDOS: CONCEITO E HISTORICIDADE DOS MOVIMENTOS 24 AMBIENTAIS NO MUNDO E NO BRASIL 2.1 Resíduos Sólidos no Mundo e no Brasil 28 2.2 Legislações Ambientais Brasileiras 29 2.3 Modelos de Gestão de Resíduos Sólidos no Setor Público 33 2.4 Considerações sobre Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos 35 9 2.5 Modelos para elaboração do Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos 39 Sólidos 2. 6 As Unidades de Alimentação e Nutrição e sua inserção na problemática 43 2.6.1 Unidades de Alimentação e Nutrição: Processos e instalações 47 2.6.2 Relevância do Gerenciamento de Resíduos em Restaurantes 51 2.6.3 Caracterização do Restaurante Universitário da UFRN x problemática dos 52 Resíduos 2.7 A Administração do Restaurante Universitário 55 2.8 Síntese da Revisão Bibliográfica 58 CAPÍTULO 3 3. MÉTODO DA PESQUISA 60 3.1 Localização da pesquisa 63 3.2 Caracterização dos resíduos produzidos 63 3.3 Educação ambiental 64 3.3.1 Funcionários 64 3.3.2 Gestores, estagiários (as) e supervisores 65 3.4 Análise dos processos produtivos e operacionais 65 3.5 Elaboração do plano de gerenciamento 66 CAPÍTULO 4 68 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 68 4.1 A caracterização dos Resíduos gerados 68 4.2 Levantamento relacionado à educação ambiental de funcionários 74 4.3 Pesquisa realizada com gestora do RU da UFRN 76 10 4.4 Aspectos operacionais e subjetivos para a geração de Resíduos Sólidos 78 4.4.1 O Fator de correção 78 4.4.2 Os restos da produção e aceitação dos cardápios 79 4.4.3 Fatores promotores do desperdício de estoque no Restaurante Universitário da 87 UFRN CAPÍTULO 5 92 5. PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO 92 RU 94 5.1 Etapa 1- Identificação do gerador 5.2 Etapa II – Diagnóstico atual 103 5.3 Etapa III - Descrição do Plano de Gerenciamento. 126 CAPÍTULO 6 131 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 131 CAPÍTULO 7 136 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 136 ANEXOS 143 Anexo 1- Cálculo do Rejeito. 143 APÊNDICES 145 Apêndice A - Mapa de controle de resíduos. 145 Apêndice B - Questões aplicadas para funcionários. 146 Apêndice C - Questionário com a chefia. 148 Apêndice D - Aceitação subjetiva do cliente. 150 11 Lista de Figuras Página Figura 1 – Ciclo de vida de um produto. 36 Figura 2 – Organograma do Restaurante Universitário da UFRN. 55 Figura 3 – Momento da Pesquisa 62 Figura 4 - Porcentagem de Resíduos Sólidos produzidos na UAN do RU em 31 68 dias. Figura 5 – Apresentação dos Resíduos gerados na UAN do RU em 31 dias. 69 Figura 6- Apresentação dos Resíduos gerados por semana e fim de semana na 69 UAN. Figura 7 – Peso (emkg) dos Resíduos Sólidos produzidos na UAN do RU, no 70 período de 31 dias, separados por mês, semana e fim de semana. Figura 8 – Maiores problemas enfrentados para minimizar problemas com o 75 lixo. Figura 9- Fluxograma das operações executadas na UAN do RU. 95 Figura 10 - Fluxograma das matérias primas na UAN do RU. 95 Figura 11 – Layout da UAN do Restaurante Universitário. 100 Figura 12- Planta baixa da UAN do Restaurante Universitário. 101 Figura 13 – Peso em kg dos resíduos sólidos produzidos na UAN do RU, no 106 período de 1 mês, separados por mês, semana e fim de semana. Figura 14- Fluxo dos plásticos recebidos e descartados no Restaurante 117 Universitário. Figura 15 - Fluxo do papel recebido e descartado no Restaurante Universitário. 118 Figura 16 - Fluxo do metal recebido e descartado no Restaurante Universitário. 119 Figura 17 - Fluxo do Resíduo Orgânico recebido e descartado no Restaurante 120 12 Universitário. Figura 18 - Fluxo dos Resíduos não recicláveis recebidos e descartados no 121 Restaurante Universitário. Figura 19 - Fluxo do Vidro recebido e descartado no Restaurante 122 Universitário. Figura 20 - Fluxo do lixo comum gerado e descartado no Restaurante Universitário. 13 123 Lista de Quadros Página Quadro 1 - Fatores de correção da UAN do Restaurante Universitário. 78 Quadro 2 – Aceitação do cardápio da segunda feira. 80 Quadro 3- Aceitação subjetiva do cardápio planejado e implantado na segunda 81 feira. Quadro 4 – Aceitação do cardápio da terça feira. 82 Quadro 5- Aceitação subjetiva do cardápio planejado e implantado na terça 83 feira. Quadro 6 – Aceitação do cardápio da quarta feira. 84 Quadro 7- Aceitação subjetiva do cardápio planejado e implantado na quarta 84 feira. Quadro 8 – Aceitação do cardápio da quinta feira. 85 Quadro 9- Aceitação subjetiva do cardápio planejado e implantado na quinta 85 feira. Quadro 10 – Aceitação do cardápio da sexta feira. 86 Quadro 11- Aceitação subjetiva do cardápio planejado e implantado na sexta 86 feira. Quadro 12 – Controle dos pedidos realizados pelo RU – coleta 1. 87 Quadro 13- Controle dos pedidos realizados pelo RU – coleta 2. 88 Quadro 14- Controle dos pedidos realizados pelo RU – coleta 3. 89 Quadro 15 - Controle do desperdício das mercadorias em estoque no 90 Restaurante Quadro 16 - Identificação das razões para desperdício de estoque da UAN do 14 91 RU. Quadro 17 - Quadro técnico com o número de funcionários do Restaurante 102 Universitário. Quadro 18 - Fatores de correção do Restaurante Universitário. 109 Quadro 19 - Identificação das razões para desperdício de estoque da UAN. 110 Quadro 20 - Custos para execução das atividades para implantação do GIRS. 112 Quadro 21 - Custos de insumos para a Coleta seletiva 113 Quadro 22 - Classes de resíduos produzidos no RU, seus tipos, manuseio e 116 acondicionamento. Quadro 23- Disposição dos coletores para coleta seletiva por quantidades, tipos 124 e áreas. Quadro 24 – Ações Propostas para a redução da geração dos Resíduos 15 127 Lista de tabelas Página Tabela 1 - Quantidade (em kg) de resíduos orgânicos e inorgânicos, na 70 semana e no fim de semana, produzidos na UAN do RU no período em 31 dias. Tabela 2 - Quantidade (em kg) de resíduos orgânicos da produção de 71 refeições e do rejeito proveniente do refeitório, na semana e no fim de semana, produzidos na UAN do RU no período de 31 dias. Tabela 3 - Caracterização segundo à natureza baseada na classificação de 73 Kinacz (2007). Tabela 4 - As quantidades e os tipos de resíduos gerados no RU. 105 Tabela 5 - Quantidade (em kg) de resíduos orgânicos e inorgânicos, na 106 semana e no fim de semana, produzidos na UAN do RU no período de 31 dias. Tabela 6 - Quantidade (em kg) de resíduos orgânicos da produção de 107 refeições e do rejeito proveniente do refeitório, na semana e no fim de semana, produzidos na UAN do RU no período de 31 dias. Tabela 7 - Caracterização segundo à natureza segundo classificação de 108 Kinacz para semana e fim de semana (2007). Tabela 8 - Caracterização segundo à natureza segundo classificação de Kinacz (2007). 16 114 Lista de abreviaturas, siglas e símbolos ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABRASEL – Associação Brasileira de Bares e Restaurantes. ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. BPF– Boas Práticas de Fabricação. CNPJ/CPF – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica/ Pessoa Física. CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. NBR – Norma Brasileira. POP – Procedimento Operacional Padronizado. RDC – Resolução da Diretoria Colegiada. RT – Responsável Técnico. RU – Restaurante Universitário. SINMETRO - Sistema Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial. SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente. SNVS - Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. SUASA - Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária. UAN – Unidade de Alimentação e Nutrição. UFRN– Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 17 CAPÍTULO 1 1. INTRODUÇÃO Este trabalho realizou levantamentos e planos de ação que atuarão para fornecer instrumentos para elaboração de um Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos produzidos em Restaurantes, partindo de uma pesquisa-ação no Restaurante Universitário (RU) da UFRN favorecendo a elaboração de um plano tendo em vista a eficiência dos processos produtivos e conseqüente redução de consumos e de produtos a tratar, reduzindo riscos ambientais, através do controle operacional e a manutenção de planos de monitorização que garantam a sua prevenção e/ou minimização e assim atenuando o impacto ambiental gerado pelo restaurante. Ainda, o objeto de estudo proporcionará melhoria da imagem e da realidade do Restaurante Institucional (RU - UFRN) pela capacidade de antecipação em face de crescentes expectativas de desempenho ambiental. Neste capítulo será apresentada a contextualização do trabalho proposto, o objetivo, a relevância da pesquisa e a estrutura da dissertação. 1.1 Contextualização A degradação ambiental é um problema a ser enfrentado, sendo decorrente principalmente do aumento e sofisticação da atividade humana, aliados ao crescimento econômico e demográfico, que no decorrer de seus processos produtivos e de consumo degradam cada vez mais o ambiente (KINACZ e WERLE, 2006). Este incremento econômico e demográfico amplia as necessidades de matérias-primas e de energia esbarrando nos limitados recursos do planeta, e desta forma nós, enquanto humanidade estamos ameaçando nossa própria sobrevivência. Dentre as principais causas da deterioração ininterrupta do meio ambiente mundial estão os padrões insustentáveis de consumo e produção (MICHELS, 2004). A qualidade do meio ambiente de nosso planeta só poderá ser alcançada através de mudanças nas atitudes tomadas em relação aos resíduos gerados pela sociedade. A preocupação com a conservação do meio ambiente atinge diferentes camadas e setores da sociedade mundial isto também acaba por envolver o setor da educação, a exemplo das instituições de Ensino superior (IES) onde o conceito de gestão ambiental necessita ganhar um espaço crescente (TAUCHEN & BRANDLI, 2006). As IES, uma vez que formam os profissionais do futuro, em áreas distintas e diversas, estes os quais poderão refletir atitudes 18 de impacto quanto à ação e educação ambiental, são de fundamental importância nesta contextualização. A conservação ambiental é uma questão a ser enfrentada e defendida e assim sendo, as instituições de ensino necessitam entender que no decorrer de seus processos produtivos e de vias consumo, se houver uma condução irresponsável, ela agredirá cada vez mais o meio ambiente. A implantação de um sistema de gestão ambiental nas IES, além de ser politicamente correto, para o fim a que as instituições se propõem, seus benefícios obtidos vão desde otimização dos recursos, práticas de combate ao desperdício, ecoeficiência, racionalização e ganho econômico, até a instauração de uma nova cultura institucional, visando à mobilização dos servidores e usuários para melhoria dos insumos no serviço, reduzindo custos e racionalizando eficazmente os recursos disponíveis. No raciocínio de desenvolver positivamente esta questão, em 1999, o Ministério do Meio Ambiente, pela Portaria nº 510/2002 cria a Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), que busca combater o desperdício e uma melhor qualidade no ambiente de trabalho, ratificando a proposta da nova cultura institucional. Após 19 anos de tramitação na Câmara dos Deputados, foi aprovado no dia 10 de março de 2010, um marco regulatório para resíduos sólidos, um substitutivo a PL 203-B/ 91. Sendo aprovado no dia 07 de julho de 2010 e encaminhado para sanção do Presidente da República. Em 02 de agosto de 2010, o Presidente da República sanciona a lei nº 12.305 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, alterando a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Esta lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispõe sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, ás responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis (REVISTA LIMPEZA PÚBLICA, 2010). Em conformidade com o estabelecido pela Legislação e pela Constituição Brasileira, as discussões sobre a solução dos problemas advindos dos resíduos sólidos passam pelas alternativas da reutilização, reciclagem e redução. Observando ainda a questão da geração e da responsabilidade do gerador numa perspectiva de redução dos resíduos que produzem, da reutilização e reciclagem dos que são passiveis, a gestão ambiental deve ser parte integrante do sistema de gestão global de qualquer organização. Uma das dificuldades existentes no trato do problema dos resíduos sólidos seja este de origem institucional ou não, é o caminho percorrido para sua gestão – que parte da geração, coleta, tratamento, descarte e disposição final - pois envolve diversos atores sociais, de modo 19 que o tratamento meramente técnico tem apresentado resultados poucos animadores (DEMAJOROVIK, 1995). Demonstrando assim com clareza à importância de um diagnóstico real sobre as questões de gerenciamento e impacto ambiental, em qualquer sistema produtivo o qual haja geração de resíduos. Dentro de vários sistemas produtivos geradores de resíduos, destacam-se as Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), que além da produção de refeições com qualidade, deve também se utilizar de práticas e processos de trabalho ambientalmente corretos, pois essas unidades atuam como produtoras de resíduos, lançando-os no meio ambiente e utilizando por muitas vezes, recursos naturais para concluir seu produto final. A produção de resíduos provenientes de Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) constitui-se uma evidência em toda a cadeia de produção da refeição até sua distribuição. Controlar a demanda destes resíduos com objetivo de preservar o meio ambiente é fundamental para que haja uma interação das ferramentas de Gerenciamento de resíduos com as rotinas operacionais da Unidade de Alimentação e Nutrição. As UANs estão no contexto de sistema produtivo e independente de se posicionarem como atividade meio (um subsistema da estrutura hospitalar ou de outras instituições, como as Universidades Federais) ou atividade fim (como um sistema propriamente dito (ex. estabelecimentos comerciais) são consideradas como uma unidade de trabalho ou órgão de uma empresa que desempenha atividades relacionadas à alimentação e à nutrição (TEXEIRA et al., 1997). E devem primar, além do conceito clássico de fornecimento de refeições nutricionalmente adequadas, e pela implantação do Programa de Gerenciamento de Resíduos (PGR). Um dos principais conceitos para práticas e processos de trabalho ambientalmente corretos é o gerenciamento de resíduos. O gerenciamento de resíduos implica em buscar meios que minimizem os dispêndios dos recursos a curto, médio e longo prazo (MENEZES e MENEZES, 1999). Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), encontra-se o Restaurante Universitário (RU), que a exemplo de uma UAN, é um restaurante destinado a prestar serviços à comunidade acadêmica com a produção e distribuição de refeições sob aspectos de quantidade, qualidade, segurança sanitária, custo e satisfação da clientela atendida, mas que também se torna importante neste contexto operacional à busca da geração mínima possível de resíduos, aplicando práticas e processos ambientalmente corretos. 20 1.2 Objetivo 1.2.1 Objetivo Geral Elaborar um plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos em Restaurantes, utilizando como objeto de estudo o Restaurante Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 1.2.2 Objetivos Específicos Diagnosticar o local da pesquisa e processos produtivos, definindo âmbito de aplicação do plano de gerenciamento. Caracterizar resíduos produzidos quanto à sua natureza orgânica e inorgânica e local de geração. Elaborar um plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos que atenda processos produtivos em Unidades de Alimentação e Nutrição, contextualizando com a realidade do Restaurante Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 1.3 Relevância da Pesquisa No Restaurante Universitário da UFRN há uma geração intensa, não quantificada e nem qualificada de resíduos sólidos. Atualmente no RU não existe nenhuma medição, monitorização e avaliação do desempenho ambiental da Unidade de Alimentação e Nutrição. O manejo adequado de resíduos sólidos inexiste, não há nenhuma manutenção de procedimentos e planos que visem garantir um Sistema de Gerenciamento. Não há nenhuma proposição para racionalização na geração, nenhum concreto objetivo para minimização, difíceis possibilidades de reutilização ou reciclagem e sem destinação temporária adequada. A instrumentação de um gerenciamento de resíduos beneficiará o Restaurante Universitário, desde com a redução do custo com sua produção, como por exemplo, com a redução do desperdício de gêneros, até o comprometimento positivo da Unidade com a questão ambiental. Além disso, o RU possui um grande fluxo populacional e torna-se um ótimo local para divulgação de projetos de consciência ambiental, envolvendo a comunidade universitária com a problemática do lixo. Neste contexto observa-se a intrínseca importância da implementação de ações voltadas para um trabalho de sensibilização que envolva todos os participantes do processo de produção de resíduos, incluindo nesta situação, de forma contextualizada e relevante, os 21 colaboradores e usuários das Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) (VENZKE, 2000; NUNESMAIA, 2002). Todas as profissões envolvem responsabilidades quanto à questão ambiental e nas unidades produtoras de refeições existem diversas atividades que expõe o profissional nutricionista ao clamor do problema da geração inadequada de resíduos. Assim, quanto à responsabilidade social e ambiental, o nutricionista, enquanto profissional importante no contexto organizacional e econômico, e isto em qualquer meio de produção que esteja inserido, deve ressaltar que a sua atuação vai além da produção de refeições adequadas para a coletividade e do controle higiênico sanitário dos alimentos. Pois na atualidade, este profissional necessita passar a ter um olhar voltado para o meio ambiente, preocupando-se com o gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos em sua UAN. O êxito deste processo passa pelo uso de medidas que atuem desde a fase de aquisição do produto, com redução do consumo de recursos naturais de material, transitando por mudanças com alterações no modelo de produção, com redução da poluição recorrente deste, finalizando com redução do volume de resíduos. 1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO No primeiro capítulo apresenta-se uma breve contextualização sobre a geração de Resíduos, aspectos relevantes sobre produção em Restaurantes e implicações sobre esta geração. Aspectos estes abordados especificamente focando o Restaurante Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com objetivos focados na elaboração de um Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos. No segundo capítulo, Referencial Teórico, trata-se dos seguintes temas: Resíduos sólidos: conceito e historicidade dos movimentos ambientais no mundo e no Brasil; Resíduos Sólidos no Mundo e no Brasil; Legislações Ambientais Brasileiras; Modelos de Gestão de Resíduos Sólidos no Setor Público; Considerações sobre Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos; Modelo para elaboração do Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos; As Unidades de Alimentação e Nutrição e sua inserção na problemática; Unidades de Alimentação e Nutrição: Processos e instalações; Relevância do Gerenciamento de Resíduos em Restaurantes; 22 Caracterização do Restaurante Universitário da UFRN x Problemática dos Resíduos; O Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos no Restaurante Universitário No terceiro capítulo é apresentado o procedimento metodológico para execução dos objetivos gerais e específicos do trabalho. Transitando pelo tipo da pesquisa empregada, pelo diagnóstico da visão dos colaboradores da Unidade relacionada a resíduos, pela coleta e caracterização dos Resíduos gerados e pela descrição do modelo do plano de Gerenciamento de Resíduos escolhido para implantação no RU. No quarto capítulo são apresentados os resultados coletados durante a fase de pesquisa de campo com a descrição das características ambientais e locais do estudo, com os dados relacionados à educação ambiental de funcionários, gestores, estagiários e supervisores da unidade, com a caracterização dos resíduos produzidos, delimitando alguns aspectos operacionais do processo produtivo e as implicações na sua geração e finalizando com a proposta de um plano baseado na realidade do RU. No quinto capítulo é apresentada uma síntese geral do trabalho, com considerações finais, sugestões para trabalhos futuros e comentários finais. 23 CAPÍTULO 2 2. RESÍDUOS SÓLIDOS: CONCEITO E HISTORICIDADE DOS MOVIMENTOS AMBIENTAIS NO MUNDO E NO BRASIL A ordem ambiental internacional está em construção. Os conceitos de segurança ambiental global e de desenvolvimento são centrais para o estabelecimento de técnicas de manejo ambiental, de combate ao desperdício e à poluição (RIBEIRO, 2001). O reconhecimento dessas duas premissas e de que elas envolvem a promoção de ajustes globais, nos quais vários atores do sistema internacional certamente devem contribuir para que metas comuns sejam alcançadas, será passo importante para entendimentos reais de modificação cultural. Até a década de 50 a noção de desenvolvimento esteve diretamente ligada à industrialização e ao crescente desenvolvimento econômico, entretanto, a acumulação de indústrias nos países em desenvolvimento cujos resíduos de sua produção eram despejados sem nenhum tratamento iniciou uma série de catástrofes ecológicas que fizeram com que se iniciasse uma reflexão sobre os rumos das atividades humanas no planeta. Surge então a idéia da imposição de limites ao crescimento industrial para que o mesmo não cause danos irreparáveis aos recursos físicos e humanos na terra (RIBEIRO, 2001). A primeira proposta para resolução da questão veio na década de 60, através do “Relatório do Clube de Roma”, redigido com a participação de representantes dos países industrializados com a proposta de “crescimento zero”, que obviamente não agradou aos países menos desenvolvidos que pleiteavam sua própria industrialização e equiparação aos países mais desenvolvidos (RIBEIRO, 2001). Durante a década de 1970, tomou corpo uma discussão que procurava aproximar algo até então muito distante e até então sem proposta concreta e razoável: a produção econômica e a conservação ambiental. Esta aproximação ocorreu através de reuniões internacionais e relatórios preparatórios, criados para legitimar a ordem ambiental internacional, procurando garantir-lhe uma base científica. Iniciada com o conceito de desenvolvimento sustentável, tentou-se analisar propostas de solução para os problemas da vida contemporânea, buscando avaliar a capacidade de mantermos condições de reprodução na terra, permitindo à gerações vindouras condições de habitabilidade no futuro, considerando a herança de modelos tecnológicos devastadores e possíveis alternativas a eles. Os seres humanos no futuro também precisam dispor de ar, solo e água limpos (RIBEIRO, 2001). 24 Os presságios dessa nova concepção são esboçados no encontro preparatório de Fourneux na Suíça, em 1971, onde se iniciou uma reflexão a respeito das implicações de um modelo de desenvolvimento baseado exclusivamente no crescimento econômico, da problemática ambiental. Em 1972, na Suécia, foi realizada a Conferência sobre o Meio Ambiente Humano em Estocolmo pela Assembléia Geral das Nações Unidas, gerando a “Declaração sobre o Meio Ambiente Humana”, marco fundamental que tornou os impactos ambientais algo a ser efetivamente minimizado. É nessa época que surge a idéia de harmonizar justiça social, crescimento econômico e preservação ambiental através do conceito de “ecodesenvolvimento” para estabelecer uma relação positiva entre o desenvolvimento e o meio ambiente. Esta discussão ganhou destaque com o economista Ignacy Sachs, pois em 1973, na primeira reunião do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), realizada em Genebra, a expressão “ecodesenvolvimento” foi empregada, mas não definida conceitualmente. Para Sachs, ele seria “um estilo de desenvolvimento particularmente adaptado às regiões rurais do Terceiro Mundo, fundado em sua capacidade natural para a fotossíntese” (SACHS, 1974. In LEFF, 1994:317). A formulação teve continuidade com a Declaração de Coyococ (México), organizada pelo PNUMA e a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, em 1974. Nesse documento, lê-se que o ecodesenvolvimento seria uma “relação harmoniosa entre a sociedade e seu meio ambiente natural conectado à autodependência local” (LEFF, 1994: 319). O Relatório Que Faire, de 1975, atualiza o termo, grafando a expressão que vai consolidar esta idéia de desenvolvimento sustentado. A consolidação do conceito de desenvolvimento sustentável na comunidade internacional virá anos mais tarde, a partir do trabalho da Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), criada em 1983 através de uma deliberação da assembléia Geral da ONU. Esta comissão foi presidida por Gro Harlem Brundtland, o documento mais importante produzido sob seu comando foi o relatório “Nosso Futuro Comum”, conhecido também como Relatório “ Brundtland”. Neste instante surge o termo desenvolvimento sustentável empregado até os dias de hoje. O relatório entende que os problemas ambientais e a busca pelo desenvolvimento sustentável estão diretamente ligados com o fim da pobreza, a satisfação básica de alimentação, saúde e habitação, a busca de novas matizes energéticas que privilegiem as fontes renováveis e a inovação tecnológica (RIBEIRO, 2001). 25 Em resposta à solicitação do Relatório Brundtland , foi criada em 1989 a Comissão Latino Americana de Desenvolvimento e Meio Ambiente que elaborou a “Nossa Própria Agenda”, documento este que estabeleceu vínculos entre população, riqueza, pobreza e meio ambiente. Em 1991, México, reuniões preparatórias foram iniciadas reuniões para a Conferência Mundial das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNICED/92). E em 1992, aconteceu a conferência que pode ser considerada o grande marco das discussões ambientais globais. A “ECO-92” como ficou conhecida a Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente. Nela foram gerados documentos importantes visando à concretização da proposta de desenvolvimento sustentável. Dentre eles destacam-se a “Carta da Terra”, a Convenção sobre a Diversidade Biológica, a Convenção do Marco sobre Mudanças Climáticas, a Declaração sobre as florestas e a Agenda 21, que é o documento mais amplo e aborda diretrizes, bem como roteiros com detalhes orientando governos, setores independentes e instituições das Nações Unidas em como efetivar a proposta de exercer o desenvolvimento com preservação dos ecossistemas, com qualidade de vida, transformando e mudando o rumo das atividades humanas do planeta. Estimulando países em desenvolvimento e facilitando o acesso em tecnologias ambientalmente não agressivas e fortalecendo instituições dedicadas aos estudos destas tecnologias. Em Kyoto, Japão, em 1997, foi assinado um novo componente da Convenção do Marco sobre mudanças climáticas: o Protocolo de Kyoto. O objetivo do documento é o comprometimento das Nações mais industrializadas a reduzir no período de 2008 a 2012 as emissões de componentes que interferem no clima da terra em 5,2% aos índices de emissões de 1990. Em 2002, na Conferência de Johannesburgo, que também ficou conhecida como “RIO + 10”, na qual foi formada a “Cúpula Mundial de Desenvolvimento Sustentável” pelos países participantes. O objetivo desse evento foi avaliar o progresso das metas determinadas na ECO 92, principalmente em relação à Agenda 21, verificando os resultados obtidos pelos países participantes, com a proposição de alterações para que os objetivos ambientais fossem alcançados. Com a entrada em vigor da Convenção do Clima em 1994, representantes dos países signatários da UNFCCC (United Nations Framework Convention on Climate Change) passaram a se reunir anualmente para discutir a sua implementação. Estes encontros são chamados de Conferências das Partes (COPs). Neste caso, Parte é o mesmo que País e a COP constitui o órgão supremo da Convenção do Clima. A COP ocorre de dois em dois anos e se 26 trata do mais importante encontro da CDB - Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas, adotada em 1992 durante o evento Rio-92. A proposta, acertada na época, era a de frear antes de 2010 o ritmo de devastação da biodiversidade do planeta. A décima edição da Conferência das Partes sobre Biodiversidade (COP-10) reuniu em Nagoya, no Japão, de 18 a 29 de outubro de 2010, representantes de cerca de 170 países para analisar o resultado das metas de preservação da fauna e da flora assumidas em 2002 e definir quais serão os próximos objetivos até 2020. A segurança ambiental global, diferente do que ocorreu com o desenvolvimento sustentável, pois foi sendo elaborado ao longo de várias reuniões internacionais e está servindo como base para a implementação de políticas. A idéia de Segurança Ambiental Global, não está configurada como um conceito que leva à ação, mas sim a implementação de estratégias por uma unidade política. Ela evolui de maneira mais lenta, encontrando muito mais resistência que o conceito de desenvolvimento sustentável (ELLIOT, 1998). Pensar globalmente os problemas ambientais exige conhecimento científico e perspicácia política. De nova ética do comportamento humano, passando pela proposição de uma revolução ambiental, até ser considerado o ajuste da sociedade capitalista, a questão ambiental tornou-se um discurso poderoso, promovido por organizações internacionais, empresários e políticos, repercutindo na sociedade civil internacional e na ordem ambiental internacional como um todo (ELLIOT, 1998). A busca do desenvolvimento sustentável tem dado oportunidade para a criação de regras mais rígidas no que diz respeito ao meio ambiente. A inserção das metrópoles nas diretrizes da Agenda 21 e a adaptação aos métodos de produção mais limpa são exemplos de esforços mundiais para enfrentamento de realidades insustentáveis (RIBEIRO, 2005). O novo cenário busca um gradativo abandono do modelo linear vigente, no qual a capacidade de exploração das fontes de materiais e energia, com crescente atividade das indústrias e um aumento do consumo de bens, explora ao máximo a capacidade de saturação do ambiente. Este aspecto demonstra a irresponsabilidade com que a nossa espécie vem tratando a questão dos recursos naturais, ocasionando uma super exploração das matérias primas, na maioria das vezes, além da capacidade local de regeneração das mesmas. Assim, numa época de aumento da consciência ambiental, urge não somente o crescente conhecimento das implicações sobre o meio ambiente, o aumento da consciência ambiental, mas ainda a responsabilidade e cuidado com os subprodutos dos sistemas produtivos, pois sua produção inconseqüente resulta em aumento de volume de resíduos a serem dispostos na 27 natureza. A perspectiva da sustentabilidade deve ser incorporada no gerenciamento desses resíduos gerados pela sociedade como um todo (DEMAJOROVIC, 1995). 2.1 Resíduos Sólidos no Mundo e no Brasil Segundo a Norma Brasileira NBR 10004, de 2004 para classificação de Resíduos sólidos urbanos se incluem aqueles produzidos pelas inúmeras atividades desenvolvidas em áreas com aglomerações humanas, abrangendo resíduos de várias origens, como residencial, comercial, de estabelecimentos de saúde, industriais, de limpeza pública, da construção civil e agrícola. A composição desses resíduos sólidos urbanos (RSU) pode ser bastante diversificada, compreendendo restos de alimentos, papéis, metais, vidro e até componentes considerados perigosos por serem prejudiciais ao meio ambiente e à saúde pública (ZANTA; FERREIRA apud CASTILHO JÚNIOR, 2003, p.6). Como todo processo produtivo é gerador de resíduos, eles necessitam de integração das ações que visam operacionalizar seus objetivos desde a geração até disposição final. O correto gerenciamento de resíduos tem como foco principal o de propiciar à melhoria ou manutenção a saúde, isto é, o bem estar físico, social e mental da comunidade. E seu mau gerenciamento acarreta problemas sérios ambientais e de saúde pública, refletindo de forma danosa na sociedade. A falta da gestão de resíduos sólidos levou a óbito metade da população da Europa do século XIV, cerca de 43 milhões de pessoas faleceram, com episódio conhecido como peste negra. A partir da revolução industrial, o advento de crescimento das cidades, a produção em série, bem como a industrialização em larga escala, gerou um aumento na produção de resíduos sólidos e a sua má gestão passou a causar riscos e grandes impactos para o meio ambiente (MORENO, 2006). Atualmente o crescimento dos centros urbanos tem levantado cada vez mais freqüentemente a problemática dos resíduos gerados. Após o progresso tecnológico desencadeado a partir da segunda guerra mundial também acarretou um novo incremento de impactos negativos para o meio ambiente, principalmente pela geração elevada de produtos para o consumo humano. Na Europa ação para redução nas quantidades de resíduos produzidos tem sido efetivada. Programas de conscientização ambiental implementados por autoridades governamentais e pelo setor privado tem gerado grandes resultados. 28 Dentro das regiões do Brasil, na região nordeste se observa o surgimento de sérias questões ambientais na ordem sanitária, econômica, política e social, que vão desde a prática indiscriminada da catação, queima de resíduos, lançando-se chorume nos cursos de água ou infiltrando no aqüífero subterrâneo, contaminando lençol freático. A essas práticas errôneas se agrega um ineficiente programa de educação ambiental associado ainda a inexistência de ações que busquem a redução, reutilização e a reciclagem dos produtos gerados das produções (MORENO, 2006). Dentre as capitais do Nordeste, na do Rio Grande do Norte - Natal, a gestão dos resíduos sólidos tem sido marcada por lenta evolução. A primeira área para disposição dos resíduos na cidade de Natal situava-se no local onde está atualmente instalada a produção de mudas do horto municipal, às margens da linha férrea, limitando-se pelo riacho do Baldo. Na década de 30 foi transferido para a área do mangue, no Bairro Nordeste. E na década de 60 até 2004, a disposição final dos resíduos ficou localizada no “Lixão” de cidade Nova. A partir de 2004, os resíduos domiciliares produzidos na capital potiguar, estão sendo encaminhados até a unidade de transferência dos resíduos através de carretas para o aterro metropolitano do Natal. A localização do aterro é em Ceará-Mirim num distrito chamado Maçaranduba e ele tem capacidade de receber aproximadamente 1300 toneladas por dia (MORENO, 2006). Em linhas gerais, qualquer Unidade da Federação Brasileira, Nordeste ou em outra região, a determinação das prioridades do gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos e da tecnologia da destinação final é uma tomada de decisão no nível de gestão e envolve a integração de estabelecimento de condições políticas, institucionais, legais, financeiras, sociais e ambientais necessárias. Ainda sendo essencial a participação ativa e cooperativa dessas condições no âmbito do governo, iniciativa privada e bem como da sociedade civil organizada (ZANTA; FERREIRA apud CASTILHOS JUNIOR, 2003, p.5). 2.2 Legislações Ambientais Brasileiras Em análise sobre aspectos de historicidade das legislações ambientais brasileiras surge o primeiro documento ambiental, em 10 de julho de 1934, o Decreto nº 24.643, que definiu o direito de propriedade e exploração dos recursos hídricos para abastecimento, irrigação, navegação, usos industriais e geração de energia. Na década de 30 surgem outros dois documentos importantes: o Decreto nº 1.713 de 14 de julho que cria o Parque Nacional do Itatiaia e o Decreto Lei nº 25 de 30 de novembro, organizando o Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (RIBEIRO, 2001). 29 Na década de 40, outros decretos são promulgados, entretanto foi na Conferência de Chicago de 1944 que se iniciou uma preocupação real com o desenvolvimento de uma política ambiental brasileira através do Decreto nº 21.713 de 02 de Agosto de 1946, sobre a Aviação Civil. A criação áreas de preservação ambiental (APP) surge nos anos 60. Na mesma década cria-se o Estatuto da Terra, Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964, que define a função social da Terra. Após este período, já na década de 70, inicia-se a criação de diversas Organizações não Governamentais (ONGs) e Greenpeace (RIBEIRO, 2001). Em outubro de 1973 cria-se a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), Decreto nº 73.030. Em 1975 é adotado o Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras (SLAP), primeira manifestação do SEMA. A partir desse momento, o Estado poderia solicitar a entrega do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), caso julgasse a operação de atividades potencialmente poluidoras. Na década de 80, especificamente em 31 de agosto de 1981, entra em vigor a Lei nº 6.938, que estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e criou o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). A partir de então a avaliação dos impactos ambientais tomam proporções Federais e dentro do PNMA, cria-se o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Em 1986, surge a Resolução nº 001 do CONAMA, que institui critérios básicos para elaboração do Estudo de Impacto Ambiental, no licenciamento de projetos de atividades poluidoras de origem pública ou privada. A legislação ambiental brasileira, desenvolvida através da PNMA, consolidou-se com a nova Constituição da República Federativa do Brasil, em 1988, que dedicou capítulo especial para as questões ambientais. Entretanto, levantando aspectos legais e normativos, além da Constituição Federal, o Brasil dispõe de uma legislação que por si só não tem conseguido equacionar o problema do gerenciamento dos resíduos. Zanta e Ferreira citam em Castilho Junior (2003) que: “Nas diferentes esferas governamentais, ainda são iniciativas recentes ou inexistem leis específicas de políticas de gestão de resíduos sólidos que estabeleçam objetivos, diretrizes e instrumentos em consonância com as características sociais, econômicas e culturais dos Estados e Municípios (ZANTA; FERREIRA apud CASTILHOS JUNIOR, 2003, p 4). De acordo com o artigo 23 da Constituição Federal (BRASIL, 1988), a proteção ao meio ambiente e o combate à poluição é de competência da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. E nele prevê que União, Estados e Distrito Federal deva legislar sobre a defesa 30 do solo, proteção ao meio ambiente e controle da poluição. Em seu artigo 30, dispõe que cabe ao Município suplementar a Legislação Federal e Estadual. Segundo consta ainda na Constituição Federal, Art. 225, do Meio Ambiente: “Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 2000). Porém, como observa Costa et al (2004) percebe-se que os recursos naturais vêm sendo explorados de forma errônea e a conseqüência disso, é o desequilíbrio ambiental, onde um dos grandes problemas diagnosticados é a produção crescente de resíduos sólidos sem manejo adequado. Outras legislações federais de interesse são a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA nº 358 - que dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos de serviços de saúde, e a Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) RDC nº 306/2004 que trata sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. A ANVISA, ainda na Resolução nº 306 de 2004, define como resíduos sólidos de serviços de saúde todos aqueles resultantes de atividades exercidas nos serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal que, por suas características, necessitam de processos diferenciados em seu manejo, exigindo ou não tratamento prévio à sua destinação final (BRASIL, 2004). Essas Resoluções devem ser seguidas por Estados e Municípios, incluindo as Unidades de Alimentação e Nutrição, enquanto subsistemas dessas instituições. Quanto aos Estados e Municípios possuidores de Leis que dispõe sobre a Política de Resíduos Sólidos, cabe a verificação da consonância com as Resoluções nº 358 do CONAMA e RDC nº 306 da ANVISA. Os resíduos sólidos de serviços de saúde (RSSS) são de natureza heterogênea. Portanto, é necessária uma classificação para a segregação desses resíduos. Diferentes classificações foram propostas por várias entidades, incluindo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), governos estaduais e municipais. De acordo com a RDC ANVISA nº 306/04 e Resolução CONAMA nº 358/05, os RSSS são classificados em cinco grupos: - Grupo A – engloba os componentes com possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar riscos de infecção; 31 - Grupo B – contém substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade; -Grupo C – quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação; - Grupo D – não apresentam riscos biológicos, químico ou radiológico e suas características são similares às dos resíduos domésticos comuns; - Grupo E – materiais perfuro-cortantes ou escarificantes. Nos termos desta resolução pode-se perceber a variedade no que se refere aos tipos de resíduos sólidos de serviço de saúde, os quais devem ter técnicas apropriadas de separação e tratamento em cada caso. A Resolução nº 283 do CONAMA, de 2001, que atualiza e complementa a Resolução nº 5, determina que caberá ao responsável legal pelo estabelecimento gerador a responsabilidade pelo gerenciamento de seus resíduos desde a geração até a disposição final. Vários estados e municípios possuem legislações próprias específicas sobre o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde, estabelecendo normas para a classificação, segregação, armazenamento, coleta, transporte e disposição final desses resíduos. Contudo, as legislações em vigor não são claras e muitas vezes eram conflitantes, o que provocavam dúvidas e impossibilitando a adoção de normas práticas eficazes para o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde em todo o país. Como ferramenta para equacionar essas dificuldades, esteve em tramitação no Congresso Nacional, uma alteração a Lei nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, versando sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Sendo esta sancionada em 02 de Agosto de 2010, a Lei nº 12.305, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluindo os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicados. Aplicam-se aos resíduos sólidos, além do disposto nesta Lei, as leis nº 11.445, de 05 de Janeiro de 2007, nº 9.974 de 06 de junho de 2000 e nº 9.966, de 28 de abril de 2000, as normas estabelecidas pelos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA) e do Sistema Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial (SINMETRO). 32 Na definição da Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos, para os efeitos da mesma, no artigo 3º, inciso X, trata do gerenciamento de resíduos sólidos e suas etapas e parâmetros exigidos na forma da Lei. Das diretrizes aplicáveis aos resíduos sólidos, no artigo 11, inciso I, trata da necessidade da promoção da integração da organização, do planejamento e da execução das funções públicas de interesse comum relacionadas à gestão dos resíduos sólidos. Estes dispositivos legais estão voltados à redução do impacto ambiental promovido pela emissão dos resíduos sólidos com conseqüente melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida da população. 2.3 Modelo de Gestão de Resíduos Sólidos no Setor Público A preocupação com a conservação do meio ambiente reflete-se nas mais distintas camadas e setores das diferentes instituições públicas e desta forma acaba por envolver também o setor da educação, a exemplo das Instituições de Ensino Superior (IES) onde o conceito de gestão ambiental necessita ganhar um espaço crescente (TAUCHEN et al, 2006). Na visão de Careto e Vendeirinho (2003) as Universidades e Instituições de Ensino Superior precisam praticar aquilo que ensinam. No entanto, ainda são poucas as boas práticas ambientais observadas nas IES, as quais têm o papel de qualificar e conscientizar os cidadãos formadores de opinião do amanhã. Nisto as Universidades assumem grande papel na formação de cidadãos críticos, instrumentados para implementação dessas necessárias mudanças. E como promotora do desenvolvimento de novas tecnologias pode, ainda, estabelecer diretrizes e incentivar pesquisas sobre os diversos aspectos do controle da poluição relacionada com os resíduos. Além do que, as Academias de Ensino Superior apresentam importante papel de divulgadora e estimuladora de novas idéias, convidando a população a se empenhar na busca de novas soluções para a problemática dos resíduos. Mesmo que a degradação ambiental seja um problema a ser enfrentado pela sociedade como um todo e as instituições de ensino também devem entender que no decorrer de seus processos produtivos e de vias consumo, se houver uma condução irresponsável, agredirá cada vez mais o meio ambiente. A implantação de um sistema de gestão ambiental nas IES, além de ser politicamente correto, para o fim a que as instituições se propõem, seus benefícios obtidos vão desde otimização dos recursos, práticas de combate ao desperdício, ecoeficiência, racionalização e ganho econômico, até a instauração de uma nova cultura institucional, visando à mobilização dos servidores e usuários para otimização dos recursos no serviço. 33 Em 1999, o Ministério do Meio Ambiente, pela Portaria nº 510 de 2002 cria a Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), que busca combater o desperdício e uma melhor qualidade no ambiente de trabalho, ratificando a proposta da nova cultura institucional (BARATA, KLIGERMAN e MYNAIO-GOMEZ,2007). Os resíduos sólidos gerados nos processos produtivos foram classificados durante vários séculos como meros subprodutos do sistema econômico. Atualmente os resíduos são considerados como importante insumo na produção, com valor econômico agregado. A incorporação de valor aos resíduos, nessas condições, não significa que se possa garantir o desenvolvimento de uma política eficaz de gestão de resíduos sólidos (DEMAJOROVIC, 1996). No que concerne a atuação do setor público, o aprimoramento de instrumentos que visem modificar o comportamento dos diversos atores sociais geraram duas modalidades de ação governamental que vêm sendo mais comumente utilizadas: a política de comando e controle e instrumentos econômicos. A política de comando e controle se caracteriza por impor normas e padrões de acesso e de utilização dos recursos naturais. Os instrumentos econômicos por sua vez, empregam sinais de mercado (preços, taxas e subsídios) com o objetivo de influenciar o comportamento de agentes econômicos, de modo a garantir o uso mais racional dos recursos naturais (DEMAJOROVIC, 1996). A administração pública pode demonstrar por muitas vezes certa preocupação de ordem econômica, quanto ao volume de resíduos gerados, mas frequentemente não existe interesse quanto ao ambiental, de forma a minimizar sua produção e consequentemente, os efeitos negativos desses resíduos no ambiente. Será preciso implantar o conceito da nãogeração e a redução da geração de resíduos na sua origem, não só porque eles identificam perdas e desperdícios, mas também pelas inerentes questões de competitividade de mercado, redução de custos, demandas legais, conscientização da comunidade e preservação ambiental. Dentro do setor público, os modelos de gestão de resíduos devem ser reavaliados, como por exemplo nas Universidades Federais onde os restaurantes universitários atuam cumprindo o papel fundamental de fornecer refeições nutricionalmente equilibradas para atendimento da comunidade universitária. Entretanto, temos como resultado dessa atividade, a geração de grande quantidade de resíduos sólidos, provenientes tanto da preparação desses alimentos, como dos restos dos usuários, conhecidos como comensais, não passam, por muitas vezes, pelo mínimo cuidado ou manejo ( KINAZC, 2007). As unidades produtoras de refeições são consideradas como uma unidade de trabalho ou órgão de uma empresa que desempenha atividades relacionadas à alimentação e à nutrição 34 (TEXEIRA et al., 1997). E com demandas ambientais atuais devem primar, além do conceito clássico de fornecimento de refeições nutricionalmente adequadas, pela implantação do Programa de Gerenciamento de Resíduos (PGR) ou Sistema de Gestão de Resíduos (SGR). 2.4 Considerações sobre Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos A política ambiental brasileira, ao implantar leis ambientais, dotou a sociedade de novos instrumentos legais para fiscalização e controle de todas as áreas que envolvem a questão ambiental. A lei nº 12.305/2010 preencheu uma lacuna que faltava para impulsionar, força e respaldo para uma fundamental conscientização das responsabilidades de todos para conservação do ambiente em que vivemos e sua preservação para futuras gerações. O gerenciamento integrado de resíduos sólidos (GIRS) é definido pela legislação que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos como um “conjunto de ações exercidas direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento sólidos exigidos nesta Lei” (BRASIL, 2010). Muito se tem falado sobre a implantação do gerenciamento de resíduos sólidos, entretanto escassos são os artigos onde se analisa um sistema integrado, que considere e avalie todas as etapas necessárias para a maximização da utilização dos recursos disponíveis. Menezes e Menezes (1999) relatam que a coleta, tratamento e disposição inadequada dos resíduos sólidos têm fortes impactos sociais e econômicos. Entretanto, apesar de muitos desses impactos negativos serem de amplo conhecimento, a questão do lixo e mesmo dos resíduos tem sido, por muitas vezes negligenciadas, produzindo estragos posteriores e sobre gerações futuras. E que os custos necessários à reparação dos danos causados ao meio ambiente e à população são hoje superiores ao da prevenção. Um programa integrado fundamentado na maximização dos recursos disponíveis ao homem deve envolver etapas como descritas na definição da Lei (coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final) e ordenadas didaticamente como: Identificação dos resíduos. Redução do volume gerado na fonte. Reutilização possível. Reciclagem possível. Manejo dos resíduos. 35 Transporte interno e externo. Tratamento. Disposição do mínimo de forma ambientalmente correta. Educação ambiental. A identificação dos resíduos tem por finalidade garantir o conhecimento dos produtos gerados e garantir subsídios para a segregação que for realizada nos locais de geração fornecendo objetos para conhecimento da realidade e permitindo o delineamento de ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento que envolvem a questão do processamento articulado das ações e operações posteriores envolvendo os resíduos dentro de um sistema produtivo (MONTEIRO et al., 2001). A redução do volume gerado na fonte é primeira etapa para andamento do gerenciamento e a maneira mais efetiva de conservação de energia, pois a economia é integral (100%). Sendo o produto completamente consumido e não descartado, melhorando produtividade, reduzindo desperdícios, promovendo qualidade total e outros. A análise da redução da fonte passa pela análise do ciclo de vida que também levanta e analisa todos os resíduos gerados em cada etapa da fabricação, transformação, transporte, uso de um produto até descarte final. Para um melhor entendimento, um esquema de ciclo de vida de um produto, foi idealizado com um sistema produtivo com entradas e saídas (Figura 1). Figura 1. Ciclo de vida de um produto ENTRADAS – INPUTS SAÍDAS – OUTPUTS Matérias primas primárias → Aquisição de matérias primas emissões atmosféricas ↓ Reciclagem Fabricação Resíduos aquosos ↓ Energia Distribuição e transporte Resíduos sólidos ↓ Uso e manutenção Co produtos reciclados ↓ Reciclagem e gerenciamento de resíduos Outras emissões Fonte: Menezes e Menezes, 1999. A implementação de técnicas e procedimentos que visem reduzir a geração ou minimização dos principais contaminantes presentes no resíduo são de extrema importância 36 ao fim de proteção ambiental a que se propõe. Daí a importância do conhecimento de etapas do processo produtivo, seus recursos de entradas e o produto final gerado (saídas), para equalização de propostas e ações para gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos. Segundo a Agenda 21, In Leff (1994), capítulo 21: “O manejo ambientalmente saudável de resíduos deve ir além da simples deposição ou aproveitamento por métodos seguros dos resíduos gerados e buscar desenvolver a causa fundamental do problema, procurando mudar padrões não-sustentáveis de produção e consumo. Isto implica a utilização do conceito de manejo integrado do ciclo vital, o qual apresenta oportunidade única de conciliar o desenvolvimento com a proteção do meio ambiente” (Agenda 21, capítulo 21). A reutilização possível inicia na separação, ainda na fonte, daqueles itens que podem ser reutilizados de alguma forma, nas mesmas ou em outras funções, pelas mesmas ou outras pessoas, prolongando tempo de vida útil do produto. A separação na fonte é fator fundamental para a reutilização e a existência efetiva de mercado consumidor para o material a ser reutilizado é fundamental para o sucesso desta etapa. A reutilização, depois da redução da fonte, é forma que despende uma quantidade inferior de energia para repor o produto ao mercado e prolongar sua vida útil (MONTEIRO, 2001). Entretanto, está etapa deve ser criteriosamente analisada, para não incorrer nos riscos errôneos e graves de grandes estoques de materiais que só servirão para posterior descarte em lixos, com prejuízo ainda mais relevante. A reciclagem tem em sua referencia para implantação, a necessidade da existência de mercado consumidor, economicamente forte e interessado em absorver os reciclados. Em segundo lugar, é necessário um forte programa de segregação na fonte e procedimentos para que sejam impedidas as misturas e contaminações com outros tipos de resíduos. Muitas vezes, itens primeiramente analisados, que poderiam parecer recicláveis, tem sua recolocação inviabilizada em função dos custos de limpeza e descontaminação (Menezes e Menezes, 1999). De forma geral, o manejo dos resíduos, no âmbito interno dos estabelecimentos, deve obedecer a critérios técnicos que conduzem a minimização do risco à saúde pública e à qualidade do meio ambiente. O acondicionamento deverá especificar por tipo ou grupo de resíduos, os tipos de recipientes utilizados para o acondicionamento. Estabelecendo procedimentos para correto fechamento, vedação e manuseio dos recipientes, de forma a 37 evitar vazamentos e /ou ruptura dos mesmos e portar símbolo de identificação compatível com o tipo de resíduos acondicionado. Deve-se ainda constar uma lista com os equipamentos de proteção individual (EPIs) a serem utilizados pelos funcionários envolvidos nas operações de acondicionamento e transporte de resíduos. Bem como seus procedimentos de higienização e a relação de produtos químicos empregados (MEDEIROS et al, 2002). O transporte interno deverá ter descrito os procedimentos de coleta e transporte propriamente dito, informando se é de forma manual ou mecânica, relacionando equipamentos desta etapa. Descrevendo-se as medidas adotadas em caso de rompimento de recipientes, higienização dos recipientes e equipamentos e os produtos empregados. Com planta baixa do estabelecimento e especificando rotas de resíduos (MEDEIROS et al, 2002). Ainda segundo Medeiros (2002), a área de armazenamento temporário de resíduos deve ser descrita obedecendo a medidas de segurança e proteção ambiental. E o transporte externo deverá ter especificações quanto à freqüência, horário e tipo de veículo transportador, indicando a empresa responsável pela coleta externa, se há coleta seletiva e identificação de resíduos e a logística de movimentação até a destinação final. O tratamento deve ser entendido como conjunto de unidades, processos e procedimentos que possam alterar as características físicas, físico-químicas, químicas ou biológicas dos resíduos (MONTEIRO, 2001). Os processos de tratamento térmico para resíduos, com sofisticados sistemas de depuração de gases, tratamento de efluentes líquidos e inertização das cinzas garantem a imensa redução do lixo a uma fração de 10 a 20% do volume original, aumentando a possível vida útil dos aterros e possibilitando uso racional do solo. A eliminação do potencial de contaminação de odores inconvenientes e outros problemas ecológicos associados aos aterros sanitários são de elevada importância para a disposição final. Os tratamentos ainda são em sua totalidade liderados pela incineração, seguido da pirólise, gaseificação de leito fluidizado, processos de fusão e processos de plasma térmico (JOHNKE, 1998). A compostagem também é outro tratamento a ser considerado no sistema de gerenciamento de resíduos sólidos. È um processo que promove a recuperação de energia. A fração orgânica do lixo é transformada por meio de processo de digestão em composto, a ser aproveitado como condicionador do solo. As reações de fermentação produzem gás combustível e, se o processo for realizado em sistema fechado, este pode ser coletado e utilizado em motores a gás para a geração de energia elétrica, aumentando desta forma a recuperação energética (MENEZES e MENEZES, 1999). 38 A disposição do mínimo deverá por finalmente ser depositada em aterros sanitários, onde a área ocupada para esta finalidade será minimizada e a proteção ao meio ambiente maximizada. Assim, somente a fração última dos resíduos, depois de terem passado as etapas de separação na fonte até o tratamento, deveria ser considerada para ser disposta em aterro sanitário. Objetivando metas para a educação ambiental deverá ter descrito um programa de treinamento e conscientização para funcionários da empresa, terceirizados ou não, usuários dos serviços, fornecedores e chefias. Desenvolvendo programas de educação ambiental junto à comunidade envolvida em todo o processo produtivo, no sentido de conscientizá-la da redução da geração do lixo, da reutilização dos bens de consumo, da recuperação de materiais, da reciclagem, além de fazê-la repensar sobre hábitos de consumo e descarte dos resíduos, são atitudes que facilitarão a implantação de qualquer modelo de gestão. 2.5 Modelos para elaboração do Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Os planos de gerenciamentos de resíduos sólidos deverão ser elaborados por técnicos habilitados e minimamente deverão conter informações primordiais do estabelecimento e ou empreendimentos envolvidos. Alguns modelos para planos de gerenciamento de resíduos têm sua elaboração marcadas por fases que descrevam essas características. O Instituto Ambiental do Paraná – IAP estabelece diretrizes para um modelo de Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (PGIRS) que delimita etapas que compreendem etapas como: identificação do gerador, Informações gerais, elaboração do diagnóstico da situação atual, proposta do PGIRS e atualização do PGIRS ( IAP, 2009). O Centro de Vigilância Sanitária propõe através de uma Resolução Conjunta SS/SMA/SJDC – 1 de 29/06/98 a utilização de dados como Identificação do estabelecimento prestador de serviços, caracterização dos resíduos gerados, geração e fluxo dos resíduos sólidos, manuseio e acondicionamento, armazenamento, coleta interna, destino final e Cronograma de implantação do Programa de Gerenciamento de Resíduos (CVS, 1998). A Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República – SEDU e o Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM, em 2001, criam um Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos considerando a capacitação de agentes municipais responsáveis pelos serviços de limpeza urbana e elaboram um referencial técnico para auxiliá-los na preparação e implementação dos seus programas de resíduos sólidos, constituindo fatores essenciais para a aplicação adequada dos recursos e solução dos 39 problemas. Assim a SEDU disponibilizou, aos municípios brasileiros, um Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (MONTEIRO et al, 2001). O modelo de referência proposto por Menezes e Menezes (1999) visa fornecer diretrizes esquemáticas para a elaboração de um Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos. A escolha do modelo justifica-se devido sua proposição ser bastante similar ao Manual de Boas Práticas de Fabricação, proposto pela Resolução RDC nº 216 (BRASIL, 2004), tornando-o extremante conveniente, exequível e oportuno na elaboração de um plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos em Restaurantes, uma vez que sua dinâmica organizacional é perfeitamente aplicada em UANs, facilitando assim sua replicação. A proposta do Plano divide-se em etapas descritas abaixo para facilitar compreensão e execução de referência. ETAPA 1- IDENTIFICAÇÃO DO GERADOR Identificação do empreendimento: o Razão Social, Nome Fantasia, CNPJ, Endereço, CEP, Município, telefone, Fax, email. o Informações gerais quanto à tipologia do empreendimento: descrição da atividade, com a apresentação de fluxograma descrevendo os procedimentos realizados no empreendimento; o Planta baixa de localização e implantação da área física. o Número de funcionários (próprios e terceirizados); o Horário de funcionamento; o Informações sobre reformas e perspectivas de ampliações no empreendimento. o Indicações dos responsáveis técnicos: pelo estabelecimento, pela elaboração e aplicação do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos; ETAPA II Elaboração do diagnóstico da situação atual o Avaliação das quantidades e dos tipos de resíduos gerados pela empresa: condições de segregação, acondicionamento, transporte interno e externo, estocagem, forma de tratamento ou destinação final adotados. o Identificação e quantificação dos pontos de geração dos resíduos, classificando-os segundo classe correspondente. o Identificação de pontos de desperdício, perdas, não segregação e formas inadequadas de condições de segregação, acondicionamento, transporte interno e externo, estocagem, forma de tratamento ou destinação final adotados. 40 o Ações preventivas direcionadas a não geração e minimização dos resíduos. o Levantamento de custos envolvidos nas atividades de gerenciamento. Resíduos gerados : De acordo com a RDC ANVISA nº 306/04 e Resolução CONAMA nº 358/05 o Classificação do resíduo gerado, com sua respectiva classe. o Frequência da geração; o Definir o fluxo dos resíduos e indicar para cada grupo o manuseio e acondicionamento conforme legislação ambiental. o Indicar como deverá ser armazenamento interno e externo. o A coleta interna deverá ser dividida em duas fases: Coleta 1- unidade geradora até armazenamento interno; e Coleta 2 – unidade geradora até armazenamento externo. o Descrever características das lixeiras; indicar equipamento de proteção individual. o Descrever características dos carros de coletas adotados pela empresa. o Ver tratamento intra-unidade. o Triagem de materiais recicláveis e reutilizáveis. o Coleta externa. o Destino final. ETAPA III - Descrição do plano de gerenciamento. EDUCAÇÃO AMBIENTAL Descrever programa de conscientização e treinamento para os funcionários da empresa terceirizados, próprios, usuários, fornecedores e chefias. PROGRAMA DE REDUÇÃO NA FONTE GERADORA Relacionar as metas para a redução da geração, bem como os resíduos destinados à reutilização e a reciclagem, especificando classificação e quantidade. Especificar destinação dos resíduos passíveis de reutilização ou reciclagem, fornecendo nome da empresa, endereço, telefone/fax e dados do responsável técnico. Procedimentos de manejo utilizados na segregação dos resíduos, na origem, coleta interna, armazenamento, transporte utilizado internamente e externamente, reutilização e reciclagem, caso haja e sua destinação final; 41 ACONDICIONAMENTO Especificar por tipo ou grupo de resíduos, os tipos de recipientes utilizados para o acondicionamento, especificando a capacidade. Estabelecer procedimentos para o correto fechamento, vedação e manuseio dos recipientes, de forma a evitar vazamentos e/ou ruptura dos mesmos e portar símbolo de identificação compatível com o tipo de resíduo acondicionado. Listar Equipamentos de Proteção Individual a serem utilizados pelos funcionários envolvidos nas operações de acondicionamento/transporte de resíduos. Descrever os procedimentos para higienização dos EPI´s, fardamento, equipamentos, recipientes e relação de produtos químicos empregados. COLETA/TRANPORTE INTERNO DOS RESÍDUOS Descrever procedimento de coleta e transporte interno, informando se esta é manual ou mecânica. Relacionar as especificações dos equipamentos utilizados nesta etapa. Descrição das medidas a serem adotadas em caso de rompimento de recipientes, vazamento de líquidos, derrame de resíduos, ou ocorrência de outras situações indesejáveis. Descrever procedimentos de higienização dos recipientes e equipamentos e os produtos empregados. Apresentar planta baixa do estabelecimento, especificando as rotas dos resíduos. ESTOCAGEM TEMPORÁRIA Descrever a área de armazenamento temporário de resíduos, obedecendo às seguintes medidas de segurança e proteção ambiental: Impermeabilização do piso; Cobertura e ventilação; Isolamento e sinalização; Acondicionamento adequado; Controle de operação; Treinamento de pessoal. Monitoramento da área; Os "containers" e os tambores devem ser rotulados e apresentar bom estado de conservação. 42 Assinalar em planta baixa a localização das áreas de estocagem temporária dos resíduos. COLETA / TRANSPORTE EXTERNO Especificar por grupo de resíduo, a freqüência, horário e tipo de veículo transportador. Indicar empresa responsável pela coleta externa (próprio gerador, empresa contratada etc.), fornecendo nome, endereço, telefone/fax e os dados do responsável técnico. Sistema de Coleta Seletiva (caso tenha) e identificação dos resíduos; Descrever programa de treinamento da equipe de coleta. Anexar cópia de autorização de transporte de resíduos perigosos, se for o caso. Logística de movimentação até a destinação final. 2.6 As Unidades de Alimentação e Nutrição e sua inserção na problemática O mercado da alimentação é dividido em alimentação comercial e alimentação coletiva, sendo que os estabelecimentos que trabalham com produção e distribuição de alimentação para coletividades é o que se define na nutrição por Unidade de Alimentação e Nutrição. A UAN é um conjunto de áreas com o objetivo de operacionalizar o provimento nutricional de coletividades. Consiste de um serviço organizado, compreendendo uma sequência e sucessão de atos destinados a fornecer refeições balanceadas dentro dos padrões dietéticos e higiênicos, visando assim, atender as necessidades nutricionais de seus clientes, de modo que se ajuste aos limites financeiros da instituição (ABREU, SPINELLI e PINTO, 2007). Dentro da UAN é necessário satisfazer o cliente tanto por aspectos tangíveis como intangíveis da qualidade. Os aspectos tangíveis da qualidade estão incorporados às características física dos produtos e se manifestam através do cardápio, apresentação dos alimentos, aparência física do restaurante e assim sucessivamente. Em contrapartida, as características intangíveis da qualidade estão relacionadas às expectativas, percepções, desejos conscientes e inconscientes do cliente (ABREU, SPINELLI e PINTO, 2007). Durante muito tempo acreditou-se que oferecer produtos e serviços de qualidade encarecia o processo produtivo e este pensamento impediu que a produção atingisse todo o seu potencial, pois a redução de custos, por diversas vezes atrelava-se ao conceito do 43 rebaixamento da qualidade, fosse ela vinculada a qualidade dos gêneros alimentícios ou da mão de obra, ou ainda de ambos os casos. A má qualidade gera uma série de custos, entre eles, o custo da não prevenção onde são todos os gastos feitos para evitar que se cometam erros e fazer com que o empregado realize bem seu trabalho sempre. A prevenção permite o desenvolvimento e implantação de um sistema de análise e apresentação dos dados, conhecimento e aplicabilidade de fluxograma de processos, bem como um plano de controle de qualidade das atividades (TEIXEIRA,1997). No caso das Unidades de Alimentação e Nutrição, a implantação de um serviço com qualidade, envolve um processo técnico administrativo destinado à tomada de decisão. Avaliar significa expor um valor assumido a partir de um julgamento realizado com base em critérios previamente definidos. Ao avaliar, identifica-se uma situação específica reconhecida como problema e utilizam-se instrumentos e referências para emitir um juízo de valor inerente ao processo (ABREU, SPINELLI e PINTO, 2007). A avaliação do processo produtivo deverá ser delimitada, factível e entendida como uma estratégia para decidir como enfrentar e resolver problemas. Ela identificará quais práticas de trabalho levam a um desempenho superior. Em uma UAN, cada processo de trabalho tem suas próprias práticas e como tal deve ser avaliado e os desperdícios resultantes dos mesmos são sinônimos de falta de qualidade. A preocupação com processos de trabalho sem qualidade dá-se , pois ele não reflete num desperdício relacionado somente com o alimento, mas também a água, energia e muitos outros fatores como material de higiene, tempo, excesso de mão de obra, entre outros. Em relação a alimentos existem três fatores de desperdício predominantes: o fator de correção que é a perda em relação ao peso inicial, representada pelas partes não comestíveis dos alimentos; sobras ou excedentes que são os alimentos produzidos e não distribuídos e os restos dos alimentos distribuídos e não consumidos. Segundo Abreu, Spinelli e Pinto (2007), a avaliação do fator de correção servirá para medir qualidade dos gêneros adquiridos, eficiência e treinamento da mão de obra, qualidade dos utensílios e equipamentos utilizados. As sobras serão como instrumentos de medição da eficiência do planejamento, falhas na determinação do número de refeições a serem servidas, super dimensionamento do per capita, falhas do treinamento em relação ao porcionamento, utensílios de servir inadequados, preparações incompatíveis com o padrão do cliente ou com seus hábitos alimentares. Os restos refletiram na não atenção das expectativas sensoriais da clientela. 44 Qualquer Serviço de Alimentação e Nutrição para alcançarem seus objetivos de produção de refeições necessitam reduzir desperdícios e dentro da execução das tarefas de sua finalidade, gerarão resíduos sólidos com variável composição física e isto será profundamente influenciada pelo tipo de cardápio implantado, que assim poderá contribuir diretamente com a problemática de geração de lixo (KINASZ; WERLE, 2006, p.66.). Desta maneira, notadamente as Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), devem além da produção de refeições com qualidade sensorial e organoléptica do alimento, podem e devem aplicar práticas e processos de trabalho ambientalmente corretos, pois, como nos demais sistemas produtivos, essas unidades lançam resíduos no meio ambiente e utilizam recursos da natureza para chegar ao seu produto final. Rossi, Bussolo e Proença (2005) enfatizam que a gestão ambiental deve ser parte integrante do sistema de gestão global de qualquer organização, institucional e seus órgãos fins. Uma gestão margeada pela qualidade e pelo respeito ao meio ambiente poderá refletir na redução do desperdício. De acordo com Dias e Figueiredo (1999), estudos realizados pela Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária (EMBRAPA) revelam que só em hortaliças, o total anual de desperdício é de 37 quilos por habitante, e segundo o IBGE (2000) nas dez maiores capitais brasileiras, o consumo é de 35 quilos de alimento ao ano. Ainda segundo Dias e Figueiredo (1999) estudos evidenciam que a média de desperdício de alimentos no Brasil está entre 30% e 40%, sendo que nos Estados Unidos este índice não chega a 10%. Do total de desperdício no Brasil, 10% ocorrem durante a colheita, 50% no manuseio e transporte, 30% nas centrais de abastecimento, e 10% ficam diluídos entre supermercados e consumidores. Ele descreve que não há estudos conclusivos que determinem o desperdício nas casas e nos restaurantes, mas estima que a perda no setor de refeições coletivas chegue a 15% e 20% nas cozinhas dos domicílios. Com a crise econômica internacional, a estimativa da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) é que, até o final de 2009, a América Latina deve contabilizar 53 milhões de famintos. Ao mesmo tempo, os países da região desperdiçam grandes volumes de alimentos, que seriam suficientes para alimentar toda a população carente. Para a FAO, a redução das perdas é uma solução para o aumento da oferta de comida. As causas primordiais desse prejuízo são maus hábitos de alimentação e o gerenciamento inadequado, desde o plantio até a chegada do produto à mesa do consumidor (CARVALHO, 2009). 45 O Brasil está entre os 10 países que mais desperdiçam comida no mundo. Cerca de 35% de toda a produção agrícola vão para o lixo. Isso significa que mais de 10 milhões de toneladas de alimentos poderiam estar na mesa dos 54 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza. Segundo dados do Serviço Social do Comércio (Sesc), R$ 12 bilhões em alimentos são jogados fora diariamente, uma quantidade suficiente para garantir café da manhã, almoço e jantar para 39 milhões de pessoas (CARVALHO, 2009). O descuido percebido no processo produtivo se repete nos restaurantes. De acordo com Pinter (2000), as estimativas da antiga Associação Brasileira de Restaurantes e Empresas de Entretenimento, hoje Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL) é que 15% a 50% do que é preparado para a clientela vai para o lixo. O controle da produção, do desperdício de gêneros alimentícios, da distribuição das refeições e a verificação dos restos por meio de mão-de-obra e supervisão especializada, podem contribuir para a eficiência da UAN (Unidade de Alimentação e Nutrição), gerando racionalização com qualidade. No gerenciamento de uma UAN, o controle de desperdício é um fator de grande relevância, pois se trata de uma questão não somente ética, mas também econômica e com reflexos políticos e sociais para o profissional nutricionista, tendo em vista que o Brasil é um país onde a fome e a miséria é considerada como alguns dos problemas de saúde pública (VALENTE, 2003). Os Restaurantes Universitários são UANs, inseridas no contexto das Universidades Federais para atuarem como produtoras de bens e serviços para a comunidade universitária. E sua responsabilidade ambiental não deve ser eximida, pois entendida como sistema produtivo também deve interagir com o conceito de produção ambientalmente mais limpa. Como resultado das atividades produtivas, além da distribuição dos serviços, tem-se a geração de grande quantidade de resíduos sólidos, proveniente da preparação dos alimentos, com grandes volumes de restos de alimentos e também como restos dos pratos de usuários, incluindo descartáveis (papel, copos plásticos, etc). A implantação de um projeto de gerenciamento de resíduos deve ser urgente nessas unidades. Além disso, os Restaurantes Universitários (RUs) possuem um grande fluxo populacional e servindo com um excelente local para divulgação de um projeto dessa natureza, permitindo que a comunidade universitária se insira nesta problemática. 46 2.6.1 Unidades de Alimentação e Nutrição: Processos e Instalações Não se pode pensar em gerenciar resíduos em restaurantes sem a avaliação técnica dos processos produtivos ocorridos dentro da produção de refeições. Os diversos planos de execução de preparo dos alimentos desencadeiam uma série de atividades, que só são administradas eficazmente, existindo alguma forma de organização entre pessoas, funções e áreas definidas, que fixe relações entre as mesmas, orientando seus esforços para um objetivo básico. Toda Unidade de produção de refeições, independente do fim a que se propõem tem as mesmas estruturas organizacionais de caráter amplo e os internos ao serviço. As estruturas organizacionais amplas incluem recrutamento de pessoal, planejamento de cardápio de acordo com as preparações que a unidade se propõe a distribuir, logística e suprimentos, planejamento físico-funcional, controle da qualidade higiênico sanitária e a avaliação da produtividade e da produção. Os processos produtivos propriamente ditos são de ações de trabalho com caráter interno e inerentes a produção de refeições, estes envolvem o recebimento, armazenamento, pré preparo, preparo, distribuição, destinação final de sobras e restos. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL AMPLA: a) Recrutamento de Pessoal Quanto a pessoas e funções, a divisão das atividades e sua reunião em grupos visam à departamentalização dos processos tirando proveito da especialização, facilitando o controle, assegurando atenção adequada à atividade e fazendo da UAN uma unidade funcional de trabalho, coordenando e cooperando na execução dos planos de ações do trabalho. O recrutamento trata-se do momento de atrair pessoas certas para as funções disponíveis no serviço. Nas empresas de ponta no mercado da alimentação coletiva normalmente há uma maior tendência de captação de pessoas com maior nível educacional e de pessoas mais jovens, com possibilidade futura de renovação dos quadros. O que facilitará bastante na plena execução não somente dos processos produtivos, bem como na instituição de uma política ambiental mais ajustada (ABREU, SPINELLI e PINTO, 2007). b) Planejamento de Cardápio O cardápio significa a sequência de pratos a serem servidos em uma refeição, ou em todas as refeições de um dia ou por um período determinado. Ele é uma ferramenta que inicia o processo produtivo e serve como instrumento gerencial para administração do restaurante. A 47 partir do seu planejamento podem ser dimensionados os recursos humanos e materiais, o controle de custos, o planejamento de compras, a fixação de níveis de estoques, a determinação de padrões a serem utilizados nas confecções das receitas, portanto, a partir de estabelecido o que se quer oferecer no cardápio será determinado toda a estrutura e planejamento do restaurante (ABREU, SPINELLI e PINTO, 2007). Segundo Ueno e Silva (2009) ao contemplar o adequado planejamento de cardápios, bem como também o planejamento sobre controles operacionais e de custos, mesmo ainda que indiretamente, contribuem para a diminuição de resíduos gerados e consequentemente com seus impactos no meio ambiente. c) Logística e suprimentos O processo de administração de suprimentos é dinâmico, complexo, envolve várias etapas e uma grande quantidade de informações e de tomada de decisões. A logística e a administração de suprimentos não se preocupam somente com fluxo diário de vendas e compras, mas com a relação lógica entre cada integrante deste fluxo. Erros na administração desta logística se traduzem em reposição irregular da matéria prima, quantidades maiores de estoques, sem alteração de consumo, falta de espaço de armazenamento e mudanças de cardápio por falta de matéria prima (ABREU, SPINELLI e PINTO, 2007). Estoques elevados e mal armazenados certamente refletirão em perdas de alimentos e consequentemente em sobras desperdiçadas, que influenciarão nos custos da empresa e no impacto ao meio ambiente. d) Planejamento físico-funcional Já observando as condições de ambiência, o planejamento físico da UAN deve ser detalhado desde a sua instalação, aquisição de equipamentos, organização. O estudo e execução do projeto devem considerar aspectos funcionais, técnicos e arquiteturais, de modo a criar infraestrutura necessária à realização da produção. As áreas devem estar racionalizadas para uso de materiais e equipamentos, seguindo normas da legislação, mas deve haver uma boa dissociação dos principais circuitos: clientes, gêneros e lixo. 48 e) Garantia da Qualidade Higiênico Sanitária Para se garantir a qualidade higiênico sanitária dos alimentos deve-se evitar situações que promovam a veiculação de agentes patogênicos e as condições de maior severidade e risco. Os manipuladores de alimentos devem receber treinamento e educação em aspectos da segurança de alimentos, visando as práticas de boa higiene e aplicação dos roteiros baseados na RDC 216/2004. f) Avaliação da Produtividade e da Produção. A avaliação dos processos identifica quais práticas de trabalho levam ao desempenho superior. Mede o alcance e qualidade do serviço proposto em relação ao oferecido. Procura avaliar a empresa e a participação nas tomadas de decisões. Iniciado o processo de avaliação, deve-se estabelecer um programa de ações corretivas para curto, médio e longo prazos, evitando que o instrumento seja apenas mais uma atividade burocrática, sem aplicação ou melhoria contínua da qualidade (ABREU, SPINELLI e PINTO, 2007). Melhorar processos produtivos refletirá não somente em custos, na aceitação do cliente, na eficácia da produtividade, mas também na redução dos desperdícios e resíduos gerados. OS PROCESSOS PRODUTIVOS INTERNOS a) Recebimento No recebimento as matérias primas deveriam ser entregues em plataforma de recebimento onde são controladas qualitativamente e quantitativamente. Embalagens descartadas e mercadorias enviadas para a estocagem. b) Armazenamento, A estocagem pode ser: Neutra – local reservado a estocagem de cereais, latarias, descartáveis, produtos de limpeza e outros produtos os quais não são necessárias condições especiais de armazenamento. Gêneros alimentícios deverão ser estocados em local separado dos demais produtos. As embalagens primárias são descartadas e as secundárias mantidas. Por exemplo sacos envolvendo latas, sacos descartados e latas mantidas e organizadas em prateleiras. Refrigerada - Reservada a todos os alimentos perecíveis. Onde as embalagens primárias e secundárias de hortifrutigranjeiros são desprezadas e para alimentos cárneos e lácteos, mantidas as secundárias. Primárias sendo desprezadas. 49 Produtos de Limpeza – efetuadas em local específico, longe de produtos alimentícios. Sendo mantidas as embalagens secundárias. c) Pré preparo O pré preparo de hortifritigranjeiros – é reservada área específica pra lavagem e cortes de legumes, tubérculos, verduras e frutas. Sendo as cascas, talos e sobras sendo recolhidas e enviadas a “casa do lixo”, área destinada a deposição final. O pré preparo de carnes – é reservada ao corte, tratamento e tempero de carnes em geral. Da mesma forma, aparas, nervos e restos sendo destinados à casa do lixo. d) Preparo: A cocção poderá ser feita em calor úmido, por meio de caldeirões ou panelões com aquecimento e fervura. A cocção por calor seco é assegurada por imersão em fritadeiras ou por assados, por fornos de convenção. Qualquer produção excedente que não seja utilizada, aparas, sobras queimadas, etc, serão depositadas no lixo e posteriormente para depósito final. d) Distribuição Nesta etapa os alimentos preparados permanecem acondicionados em temperatura controlada até o momento da distribuição plena dos alimentos. As sobras dos alimentos passam por critérios de reaproveitamento ou de descarte, dependendo das análises envolvidas de matérias primas e do binômio tempo-temperatura de exposição. e) Destinação final de sobras e restos. As sobras reaproveitáveis são encaminhadas ao armazenamento ou distribuição imediata. Os restos e o lixo reservados a estocagem do lixo produzido durante a operação até que se efetue a sua retirada. Segundo a RDC 216/2004, que regulamenta os serviços de alimentação para o manejo dos resíduos, o estabelecimento deve dispor de recipientes identificados e íntegros, de fácil higienização e transporte, em número e capacidade suficientes para conter os resíduos. Os coletores utilizados para deposição dos resíduos das áreas de preparação e armazenamento de alimentos devem ser dotados de tampas acionadas sem contato manual. E os resíduos devem ser freqüentemente coletados e estocados em local fechado e isolado da área de preparação e armazenamento dos alimentos, de forma a evitar focos de contaminação e atração de vetores e pragas urbanas. 50 2.6.2 Relevância do Gerenciamento de Resíduos em Restaurantes A relação entre o meio ambiente e os meios produtivos devem deixar de ser conflitantes, necessitando ser buscado o status de parceria, no qual o crescimento econômico deve perseguir a conservação dos recursos naturais. Por isso, a gestão ambiental deve integrar o sistema de gestão das organizações, proporcionando planejar, implantar e manter uma política ambiental sustentável (CAGNIN, 2000). Como demais sistemas de produção, as unidades produtoras de refeições, utilizam recursos da natureza para atingir seu produto final e ao término do seu processo, tem como resultado colateral a geração de resíduos que, a priori, são lançados no meio ambiente. A American Dietetic Association (ADA) recomenda aos profissionais que trabalham com Alimentação e Nutrição, o planejamento de ações de desenvolvimento sustentável, sugerindo que prevejam a economia de recursos naturais, como água e energia elétrica, a redução dos desperdícios, a não poluição das águas, solo ou atmosfera, bem como o descarte adequado de resíduos (ADA, 2001). Raimundo e Poubel (2009) comentam que os cuidados com o meio ambiente em restaurantes podem e devem se estender a muitas atividades, tais como a separação dos resíduos para posterior coleta seletiva destes, redução na geração, racionalização de embalagens e sanitizantes químicos, a economia de recursos naturais e o uso de materiais químicos. Partindo de um diagnóstico ambiental, pode-se realizar uma revisão dos processos produtivos, estabelecendo-se objetivos ambientais, adequando organogramas, funcionogramas e redigindo um plano de gerenciamento de resíduos, ainda estabelecendo os sistemas de controle das operações, de gestões e de registros. Por exemplo, dentro da realidade de restaurantes, o desperdício de alimentos é um dos fatores que mais contribuem para o aumento do volume dos rejeitos, além do desperdício de embalagens. A etapa de higienização, pré preparo e o descarte das sobras dos alimentos manipulados são as maiores fontes geradoras de resíduos orgânicos. Na etapa de pré preparo, a porcentagem descartada, relacionando com a utilizada, é traduzida por índice conhecido na nutrição como fator de correção, resultante da relação do peso bruto pelo peso líquido, e este dentro dos restaurantes, pode variar imensamente e isto de acordo com conscientização do manipulador e supervisão do profissional nutricionista, entre outros fatores. Como ilustração, podemos citar a cebola, onde dependendo do corte para preparo de refeições, pode-se de um quilo de produto bruto gera em média 0,63kg do produto 51 limpo, assim, este produto tem um aproveitamento de 63 %, e consequentemente gera 37 % de resíduos, resultando no fator de correção de 1,59. Este dado alto para ilustração foi retirado da realidade do Restaurante Universitário da UFRN, onde o processo otimizado de produção poderá favorecer uma melhor utilização da matéria prima, com a finalidade de diminuir ou evitar desperdícios. Os resíduos inorgânicos gerados nos restaurantes são compostos basicamente de embalagens e invólucros dos alimentos. As embalagens são produtos de valor, que devem ser reutilizados. As atuais preocupações ambientais direcionam o encaminhamento de tais produtos para a reciclagem, evitando desperdício e contaminação do meio ambiente. Além disso, o nutricionista pode e deve promover ações ambientais mais abrangentes, incluindo políticas saudáveis e seguras de reaproveitamento, reciclando preparações, propondo ações que facilitem o processo de educação ambiental. A redução de resíduos em uma UAN passa por fatores que vão desde planejamento adequado de cardápios, política criteriosa de recebimento de mercadorias, logística e monitoração de suprimentos do restaurante, supervisão do processo produtivo evitando desperdícios, avaliação da produção e da produtividade, bem como também de um trabalho contínuo de conscientização com funcionários e comensais, o que influenciará diretamente nos custos da produção e facilitará ações que promovam a proteção contra a degradação ambiental. As demandas da responsabilidade ambiental passam pelas associações produtivas e pela sociedade como um todo. Assim sendo, as unidades produtoras de refeições, não devem nem podem se eximir desta realidade. De um modo abrangente, poder-se-ia afirmar que o oferecimento de uma alimentação ambientalmente equilibrada, constitui um instrumental de preparações nutricionalmente adequadas com uma produção consciente em relação ao meio ambiente. 2.6.3 Caracterização do Restaurante Universitário da UFRN x problemática dos Resíduos O Restaurante Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) se trata de um órgão-meio que tem por finalidade atender aos corpos docentes, discentes e administrativos que formam seu quadro. O seu funcionamento objetiva a garantia da produção e distribuição de refeições sob os aspectos de quantidade, qualidade, segurança sanitária, custo e satisfação da clientela atendida, mas também necessita procurar gerar o mínimo possível de resíduos, com processos de trabalho ambientalmente corretos, pois dependendo do Programa de Gerenciamento implantado, se visa não só à garantia de segurança dos 52 manipuladores e dos usuários do serviço, mas também a qualidade dos resíduos gerados, minimizando desperdícios e consequentemente reduzindo impacto ambiental e custos. O serviço de alimentação institucional do Restaurante Universitário é sem fins lucrativos e o objetivo deste estabelecimento é o de fornecer refeições dentro dos padrões dietéticos e higiênicos, visando atender as necessidades nutricionais de seus clientes, estando ajustado aos limites financeiros da instituição. Como já descrito é um órgão meio, com autogestão e hierarquicamente subordinada a Pró Reitoria de Assuntos Estudantis. Seu sistema de distribuição de refeições é mista, pois parte dela é centralizada (RU central) e parte é descentralizada, com refeições transportadas (RU Biomédica). Quanto a tipo de serviço se classifica como misto, pois utiliza auxílio de copeiros para porcionar algumas preparações e com padrão de cardápio médio, utilizando preparações mais sofisticadas, com graus de opções de uma maior variedade, com prato protéico, guarnições, saladas, sobremesas e bebidas, segundo classificações de Spinelli e Kinasz (2008). Seu quadro funcional inclui mão de obra terceirizada e funcionários federais (50 funcionários no total) que atuam em dois tipos jornadas de trabalho, 12/36 h e alguns em regime de 44 horas. Dentro da rotina do Restaurante Universitário da UFRN são produzidas em média 2260 refeições por dias úteis da semana (160 desjejuns, 1600 almoços e 500 jantares). Nos fins de semana tal valor diminui para 650 refeições por sábados (100 desjejuns, 350 almoços e 200 jantares) e em torno de 500 refeições por domingo (100 desjejuns, 250 almoços e 150 jantares), sendo os jantares entregues durante o almoço sob forma de quentinhas. No seu processo produtivo há a resultante de resíduos orgânicos e inorgânicos. O lixo orgânico tem origem animal ou vegetal, compostos por restos de comida, cascas, bagaços de frutas, verduras, ovos, alimentos impróprios para consumo, etc. Este material é considerado poluente, altamente inatrativo e mal cheiroso, normalmente devido à decomposição destes produtos. O mau armazenamento desses resíduos cria-se um ambiente propício ao desenvolvimento de microorganismos que atuam como agentes que podem causar doenças e ainda atrair vetores como moscas, mosquitos, baratas e roedores, os quais encontram no lixo do alimento, abrigo e condições adequadas de proliferação. Atualmente, quanto à destinação final de compostos orgânicos no RU - UFRN, parte deles vão para a Escola Agrícola de Jundiaí e na sua grande maioria é coletado por serviço próprio da UFRN e enviado para o Aterro sanitário de Ceará- Mirim. Sendo este mesmo caminho realizado para resíduos sólidos inorgânicos, ambos compostos sem medição ou diagnóstico qualitativo ou separação por categorias e classes. 53 Existe um projeto implantado no Campus denominado PROGIRES sendo marcado por um conjunto de projetos, ações, planos e normas destinados a promover e regular a concepção, implementação e administração do gerenciamento dos resíduos gerados na UFRN. Abrangendo as atividades de coleta, armazenamento, tratamento e destinação final dos resíduos gerados na Universidade. O programa tem como objetivos reduzir e controlar os impactos causados sobre o ambiente pelos resíduos produzidos na UFRN em suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. As ações do programa visam reduzir à geração de resíduos e adequar a segregação na origem; controlar e reduzir riscos ao meio ambiente e à saúde humana; assegurar o correto manuseio e disposição final dos resíduos. Apesar do gerenciamento de resíduos sólidos e o projeto de coleta seletiva solidária integrarem o Progires. Inexiste, atualmente, alguma implantação específica direcionada no RU. Neste contexto institucional, o Restaurante universitário pode e deve estar incluso, com ações e medidas para redução do impacto ambiental. Essas medidas adotadas além de constituírem manifestações de responsabilidade social das instituições, podem redundar em retorno econômico como afirmam Barata, Kligerman e Mynaio Gomez (2007): “As instituições e empresas do setor público, particularmente as que têm como missão direta promover o bem estar da sociedade, deveriam ser as primeiras a tomar a iniciativa de implantar um sistema eficiente de gestão ambiental. Aos fatores sociais associados à preservação ambiental e à saúde da população, somam-se os efeitos de melhor utilização de recursos públicos, pois a ecoeficiência se fundamenta na racionalidade das decisões, na análise de custo e benefícios das medidas a serem implantadas”. (BARATA; KLIGERMAN; MYNAIO- GOMEZ, 2007, p.169). Há uma tendência mundial de ser repensar o gerenciamento de resíduos sólidos no mundo. Esta política deve atuar em todas as etapas do processo produtivo, pois implicará em ganhos para a toda sociedade. Os avanços da legislação e das normas propostas pelo setor público, assim como uma maior conscientização da sociedade, quanto aos riscos de haver impactos negativos da produção sobre o meio ambiente e também ainda quanto à evidência do avanço tecnológico que pode levar a um melhor aproveitamento dos resíduos, influindo no comportamento de vários atores sociais, incluindo às instituições de ensino superior e seus órgãos meios. 54 2.6 A Administração do Restaurante Universitário O Restaurante Universitário (RU) será aqui considerado como uma unidade de trabalho, ou órgão e uma empresa (UFRN), que desempenha atividades relacionadas à alimentação e nutrição, independente da situação hierárquica da entidade, seja a nível de divisão, setor, seção ou Pró Reitoria. Partindo de uma versão sistêmica de empresa, considera-se o RU, como um subsistema, integrante do sistema maior e desempenhando uma função útil a sua existência. Sua atuação dentro da UFRN é com atividades – fins, pois colabora diretamente para a consecução do objetivo final da entidade, uma vez que correspondem a um conjunto de bens e serviços destinados a prevenir, melhorar e /ou recuperar a população que atendem em seu refeitório. O RU é uma unidade produtora de refeições com serviço próprio (auto-serviço) modalidade em que a empresa assume toda a responsabilidade, inclusive técnica, pela elaboração das refeições, desde a contratação de pessoal até a distribuição dos comensais. A sua estrutura organizacional define níveis hierárquicos, e facilita a execução eficiente e seqüenciada de atividades fins necessárias à consecução dos objetivos da unidade, verificadas sua compatibilização e similitude, a existência ou não de afinidades e complementaridade. Assegurando desta forma uma atuação integrada, alimentando o processo decisório. Conforme organograma (figura 2) abaixo são observados níveis hierárquicos que irão facilitar conhecimento prévio da posição administrativa organizacional da instituição. Figura 2 – Organograma do Restaurante Universitário da UFRN. Fonte : Coleta de dados. 55 Uma vez definida a estrutura organizacional, para a UAN são agrupadas atividades por objetivos específicos, os quais incluem de maneira mais ampliada, o planejamento a assistência alimentar da comunidade universitária, o fornecimento da alimentação adequada à clientela, desenvolvimento de programas de educação nutricional, individual e comunitário, planejamento e execução de pesquisas nas áreas de nutrição e alimentação, colaboração na formação dos profissionais nutricionistas, atuando como campo de estágio curricular e extra curricular e avaliadas as atividades desenvolvidas no serviço. Como atividades específicas temos: - Programação quantitativa e financeira dos gêneros alimentícios e outros materiais. - Abastecimento (recepção, armazenamento e movimentação de gêneros alimentícios e outros materiais). - Preparo e distribuição de refeições. - Programação, implementação e avaliação de cursos e palestras. - Orientação dietoterápica a usuários mediante Departamento de Assistência ao Servidor. - Diagnóstico das necessidades nutricionais e dos padrões culturais da clientela, com base para aceitação de cardápios. - Diagnóstico das disponibilidades de recursos humanos, materiais e financeiros. - Vigilância sanitária das matérias primas e do ambiente. - Orientações de estagiários de nutrição, curriculares e bolsistas. - Treinamento de pessoal e comando técnico e administrativo dos colaboradores. - Organização dos trabalhos e dos registros. Para análise de condições ambientais, o Restaurante Universitário está situado em piso térreo, em bloco isolado, de formato retangular, permitindo neste contexto a possível ampliação das instalações e facilitando a iluminação, ventilação natural e acesso dos funcionários, comensais e fornecedores. O formato do local favorece disposição dos equipamentos, distribuição dos setores de trabalho, reduzindo caminhadas, conflitos de fluxos, reduzindo fases operacionais e facilitando a supervisão. Geograficamente se posiciona voltado para o nascente, proporcionando conforto térmico. Sua área aproximada é de 1367 m2 e está posicionado dentro do campus da UFRN, facilitando assim o acesso para a comunidade universitária. O ambiente externo ainda não está livre de insalubridade, entretanto uma proposta de reforma está em andamento. 56 A iluminação natural, como citada anteriormente é facilitada pela disposição geográfica e a artificial é através de lâmpadas fluorescentes de 40 W, econômicas, protegidas, uniformemente distribuídas dentro da área de produção. Sua ventilação é mista, natural e artificial. Um planejamento físico adequado, que distribua racionalmente as diversas áreas de trabalho, desenhado consoante as normas técnicas específicas para cada ambiente, incluindo adequação dos equipamentos, implica numa diminuição de esforços para executar tarefas, contribuindo para uma maior eficiência e eficácia nos resultados obtido. Disso resulta uma racionalização dos recursos humanos, das propostas e execução do gerenciamento de resíduos sólidos e dos custos operacionais. Segundo Teixeira (1997), a Unidade de Alimentação e Nutrição, além de uma determinada organização física, necessita-se contar com um quadro de pessoal adequado, tanto do ponto de vista quantitativo e qualitativo, para atender as diversas atividades nela desenvolvida. Esse quadro de pessoal é definido considerando-se todos os aspectos funcionais, com vistas de alcançar objetivos da UAN e contribuir, direta ou indiretamente, para consecução dos objetivos gerais da organização da qual faz parte, em consonância com as políticas, diretrizes e objetivos da UFRN. O quadro de funcionários atual é composto por 14 funcionários federais, 02 nutricionistas contratadas pela FUNPEC e 40 funcionários terceirizados. Os funcionários públicos são selecionados mediante prestação de Concurso Público Federal em conformidade com a Lei n.º 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e sua admissão feita conforme legislação vigente. Como atualmente não estão sendo realizados concursos públicos para técnicos administrativos (cozinheiros, ASGs, auxiliares de cozinha, nutricionistas, etc), o Restaurante Universitário possui contratos de terceirização para efetivação do seu quadro de funcionários. As empresas contratadas se responsabilizam pela seleção, fornecimento da mão de obra e processos demissionais. Todos estes procedimentos são executados pela empresa contratada, sendo de sua responsabilidade todos os aspectos que envolvem o manejo do quadro funcional e obediência a legislação do trabalho vigente. O processo de capacitação é também de responsabilidade da empresa contratada e a abordagem de palestras sobre Contaminantes Alimentares, Doenças Transmitidas por Alimentos, Manipulação higiênica de alimentos e Boas práticas é exigido à mesma seguindo 57 recomendações da RDC 216/2004, que dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. As nutricionistas e estagiários(as) de nutrição do serviço também realizam anualmente cursos de reciclagem de todos os funcionários da UAN (em média sendo realizados de 02 a 03 treinamentos anuais) dependendo os temas, da necessidade verificada no período, trabalhando temas pertinentes ao serviço e enfocando temas acima supracitados. 2.8 Síntese da Revisão Bibliográfica A revisão bibliográfica buscou tratar inicialmente sobre conceitos de segurança ambiental global e de desenvolvimento, relacionando com o estabelecimento de técnicas de manejo ambiental, de combate ao desperdício e à poluição. Isto levantando uma conceituação e historicidade dos movimentos ambientais no mundo e no Brasil. Em análise sobre aspectos de historicidade das legislações ambientais brasileiras houve uma apresentação desde o primeiro documento ambiental, em 10 de julho de 1934, passando por considerações dentro da Constituição Federal, até ao marco da Lei nº 12.305, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluindo os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicados. Estes dispositivos legais estão voltados à redução do impacto ambiental promovido pela emissão dos resíduos sólidos com conseqüente melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida da população. Partindo para a análise do Modelo de Gestão de Resíduos Sólidos no Setor Público relevou-se o papel das Instituições de Ensino Superior (IES) onde o conceito de gestão ambiental necessita ganhar um espaço crescente e no que concerne a atuação do setor público, a importância do aprimoramento de instrumentos que visem modificar o comportamento dos diversos atores sociais. Considerações tecidas sobre Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos tratou sobre a prática de um programa integrado e tiveram suas etapas descritas e ordenadas didaticamente como: identificação dos resíduos; redução do volume gerado na fonte; reutilização possível; reciclagem possível; manejo dos resíduos; transporte interno e externo; tratamento; disposição do mínimo de forma ambientalmente correta e educação ambiental. Os Modelos para elaboração do Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos relacionou alguns dos modelos de planos de Gerenciamento conhecidos e utilizados 58 com freqüência na implantação de GIRS e justificou-se a escolha do modelo proposto por Menezes e Menezes (1999) sendo este escolhido devido sua dinâmica organizacional ser perfeitamente aplicada em UANs, facilitando assim sua replicação. A proposta do Plano dividiu-se em etapas descritas para facilitar compreensão e execução de referência. Quanto às Unidades de Alimentação e Nutrição e sua inserção na problemática buscou-se demonstrar que além da produção de refeições com qualidade sensorial e organoléptica do alimento, estas unidades podem e devem aplicar práticas e processos de trabalho ambientalmente corretos, pois, como nos demais sistemas produtivos, as UANs lançam resíduos no meio ambiente e utilizam recursos da natureza para chegar ao seu produto final. Ainda buscando ressaltar que uma gestão margeada pela qualidade e pelo respeito ao meio ambiente poderá refletir na redução do desperdício. No tópico das unidades de alimentação e nutrição, analisando seus processos e instalações a ênfase foi para a reflexão que não se pode pensar em gerenciar resíduos em restaurantes sem a avaliação técnica dos processos produtivos ocorridos dentro da produção de refeições. E que os diversos planos de execução de preparo dos alimentos desencadeiam uma série de atividades, que só são administradas eficazmente, existindo alguma forma de organização entre pessoas, funções e áreas definidas, e que fixem relações entre as mesmas, orientando seus esforços para um objetivo básico. E isto representa situação sine qua non para a eficaz implantação de um Plano de Gerenciamento de Resíduos em UANS. Assim foram descritas estruturas organizacionais de caráter amplo e os internos ao serviço. Na Relevância do Gerenciamento de Resíduos em Restaurantes a ressalva foi para a reflexão que como os demais sistemas de produção, as unidades produtoras de refeições, utilizam recursos da natureza para atingir seu produto final e ao término do seu processo, tem como resultado colateral a geração de resíduos que, a priori, são lançados no meio ambiente. Partindo de um diagnóstico ambiental, pode-se realizar uma revisão dos processos produtivos, estabelecendo-se objetivos ambientais, adequando organogramas, funcionogramas e redigindo um plano de gerenciamento de resíduos, ainda estabelecendo os sistemas de controle das operações, de gestões e de registros. Para isto foi levantada uma caracterização do Restaurante Universitário da UFRN e a problemática dos Resíduos, demonstrando dados como quadro de funcionários, o tipo do serviço, descrição do cardápio oferecido, horários de funcionamento, quantitativo do público atendido, composição dos resíduos gerados, objetivo do restaurante e aspectos administrativos hierárquicos organizacionais. 59 CAPÍTULO 3 3. MÉTODO DA PESQUISA As pesquisas mais comuns em Engenharia de Produção e Gestão de Operações envolvem alguns tipos de abordagens de pesquisa, dentre eles encontram-se: o desenvolvimento teórico-conceitual, o estudo de caso, os levantamentos tipo survey, modelamento e simulação, pesquisa-ação, pesquisa bibliográfica e pesquisas experimentais. O desenvolvimento teórico-conceitual seu escopo principal envolve, sobretudo, modelagens conceituais que resultam em novas teorias. O estudo de caso é um estudo de natureza empírica que investiga um determinado fenômeno, geralmente contemporâneo, dentro de um contexto real de vida, quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto em que ele se insere não são claramente definidas. Trata-se de uma análise aprofundada de um ou mais objetos (casos), para que permita o seu amplo e detalhado conhecimento. Seu objetivo é aprofundar o conhecimento acerca de um problema não suficientemente definido visando estimular a compreensão, sugerir hipóteses e questões ou desenvolver a teoria. Os levantamentos tipo survey compreendem um levantamento de dados em uma amostra significativa acerca de um problema a ser estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados. Os levantamentos tipo survey têm como objetivos contribuir para o conhecimento em uma área particular de interesse por meio da coleta de informações sobre indivíduos ou sobre os ambientes desses indivíduos. O modelamento ou modelagem compreende o uso de técnicas matemáticas para descrever o funcionamento de um sistema ou parte de um sistema produtivo. A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa com base empírica e é realizada em estrita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e na qual, os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema, estão envolvidos de um modo cooperativo ou participativo. Suas características principais são que o pesquisador toma a ação e não é mero observador; envolve dois objetivos; solucionar um problema e contribuir para a ciência; é interativa, pois envolve a cooperação e interatividade entre os envolvidos; objetiva desenvolver um entendimento holístico; é fundamentalmente relacionada à mudança; requer um entendimento da estrutura étnica de valores e normas; pode incluir todos os tipos de métodos de coleta de dados (técnicas qualitativas e quantitativas); requer um vasto pré-entendimento do ambiente organizacional, estrutura e dinâmica das operações; deve ser conduzida em tempo real e requer critérios próprios de qualidade para a sua avaliação. A 60 Pesquisa bibliográfica apresenta-se como uma atividade importante para identificar, conhecer e acompanhar o desenvolvimento da pesquisa em determinada área do conhecimento, além de permitir a cobertura de uma gama de fenômenos geralmente mais ampla do que aquela que poderia ser pesquisada diretamente. Além disso, as revisões permitem a identificação de perspectivas para pesquisas futuras, contribuindo com sugestões de idéias para o desenvolvimento de novos projetos de pesquisa. As pesquisas experimentais tratam de um estudo sobre a relação causal entre duas ou mais variáveis de um sistema sob condições controladas pelo pesquisador, geralmente conduzidas em laboratórios. Nesse tipo de pesquisa, em geral, o pesquisador manipula e controla as variáveis e observa as variações que tal manipulação e controle produzem sobre o fenômeno em estudo (MIGUEL, 2007). Para a realização do trabalho usou-se a pesquisa ação e como unidade de análise o Restaurante Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte do Campus – Natal. Partiu de uma análise observacional do grande número resíduos gerados no RU, e assim iniciou-se um levantamento de dados e de entendimentos sobre o processo produtivo de resíduos e buscando-se inicialmente a interação cooperativa entre a pesquisadora e os participantes representativos da situação (Funcionários, estagiários e chefia do RU). Com o objetivo de diagnosticar o local da pesquisa e entender os processos produtivos, houve uma reunião com estagiários do local, discutindo-se o tema e formulando a apresentação do projeto, com a definição de objetivos e com a finalidade de se traçar metas para execução do mesmo e para definir posteriormente o âmbito de aplicação de um plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos no RU. Os demais momentos da pesquisa serão apresentados posteriormente. A partir da caracterização dos resíduos produzidos, foram definidos quanto à sua natureza orgânica e inorgânica e local de geração (Apêndice A). E isto favorecendo a proposta de elaboração de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos que atendesse os processos produtivos da referida UAN, contextualizado à realidade do Restaurante Universitário. Para a proposição de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos no Restaurante Universitário da UFRN foram utilizados parâmetros definidos em subsídios legais considerando a Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, e tomando diretrizes e especificações partindo do ajuste desta em conformidade com as legislações utilizadas no âmbito da Nutrição, como as Resoluções RDC nº 216/2004 (BRASIL, 2004) que dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação e a RDC nº 275/2002 (BRASIL, 2002), que dispõe sobre o regulamento técnico 61 de procedimentos operacionais padronizados aplicados aos estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos e a lista de verificação das boas práticas de fabricação em estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos. O modelo escolhido para a elaboração do Plano de Gerenciamento foi baseado no modelo proposto por Menezes e Menezes (1999) e esta escolha deu-se devido sua didática e escrita estar em similaridade organizacional com um instrumento bastante utilizado na Nutrição, nominado por Manual de Boas Práticas de Fabricação (MBPF) sendo este perfeitamente aplicado e conhecido em UANs, isto facilitará a elaboração e implantação de um Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos em UANs. Para caracterização dos resíduos gerados foi utilizada uma adaptação construída por Kinacz (2007) que utilizou como base a ISO 14004 (1996) e adaptou-a para restaurantes. Os momentos da pesquisa são definidos esquematicamente na figura 3. Figura 3. Momentos da Pesquisa PGIRS Fonte: Síntese do tópico. 62 3.1 Localização da pesquisa A coleta de dados foi desenvolvida no período de setembro de 2009 a outubro de 2009 no Campus Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no Restaurante Universitário da referida instituição, por quatro semanas consecutivas (vinte um dias úteis), incluindo fins de semana (10 dias de coleta). O atendimento do restaurante no período da coleta compreendeu 2260 refeições sendo dispostas em 160 desjejuns, 1600 almoços e 500 jantares em média. O projeto envolveu todas as categorias funcionais do restaurante, no total 50 pessoas, que foram previamente treinados em julho de 2009, período de férias acadêmicas, o que facilitou o processo de preparo dos mesmos, ainda contemplou 10 estagiários do curso de Nutrição da UFRN lotados no RU e cinco estagiárias curriculares do curso de Nutrição da UFRN. Durante o ano de 2010, o Restaurante Universitário passou por reforma em suas instalações físicas, não atendendo público externo. Os dados e resultados do trabalho contribuíram na elaboração de nova área para coleta e segregação de resíduos, bem como na aquisição de insumos que facilitarão a implantação da coleta seletiva e ajustes para implantação do gerenciamento de resíduos sólidos. 3.2 Caracterização dos resíduos produzidos: Quanto à caracterização dos resíduos produzidos, foi disposta de acordo com sua natureza (orgânica ou inorgânica) segundo classificação da NBR ISO 14004: Sistemas de gestão ambiental: diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio, adaptada por Kinasz (2007) que ajusta às normas à realidade específica dos serviços de alimentação e nutrição, como descritos abaixo: - PAPEL/PAPELÃO: caixas de papelão, sacos e sacolas de papel, outros tipos de invólucros de papel ou papelão, toalhas e guardanapos de papel. - VIDROS: vidros de acondicionamento de alimentos e de produtos de higiene. - LATAS: latas de acondicionamento de alimentos de produtos de higiene e desinfecção. - APARAS E RESÍDUOS DE PRÉ-PREPARO E PREPARO DE ALIMENTOS: partes retiradas dos alimentos como cascas, sementes, talos, folhas danificadas, raízes, pele, cartilagens, ossos etc, nas atividades denominadas de pré-preparo (fase que envolve a lavagem, limpeza, corte e temperos dos alimentos a serem preparados) e preparo dos alimentos, e raspas de alimentos 63 contidos nos utensílios. - RESTOS/SOBRAS: restos das preparações que compõem o cardápio e que são deixados pelo cliente na bandeja/prato na realização da refeição; sobras: preparações não consumidas pelos clientes e que não são passíveis de reutilização. Os restos foram avaliados mediante a implantação de um cardápio neste mês da coleta de dados, bem como também foi realizada uma avaliação no almoxarifado e câmaras frigoríficas sobre as sobras, também no mesmo referido período. - OUTROS COMPONENTES: sacola plástica, garrafa plástica, embalagens de alumínio ou isopor e longa vida, filmes e películas de plástico, palitos de madeira, caixas de fósforo materiais descartáveis como: copo, luva e máscara nasobucal, e outros materiais que não se enquadram nas especificações acima. A pesagem foi realizada diariamente em balança digital da marca WELMY, com capacidade para 300kg e precisão 0,05kg. E foram anotadas em planilhas como descritas em Apêndice (APÊNDICE A). Sendo separados os quantitativos por áreas de produção (produção cozinha, Almoxarifado e Devolução – Refeitório). Será calculada a média diária de produção do lixo orgânico e inorgânico separadamente, por semana, fim de semana e por mês, para se obter uma melhor visualização do quantitativo produzido de cada tipo de resíduo e comparar a diferença dos resultados do fim de semana e da semana, com relação à média mensal. 3.3 Educação ambiental: Para realizar levantamento relacionado ao conhecimento sobre resíduos e questões de educação ambiental, utilizou-se como técnica a aplicação de dois questionários semiestruturados. O primeiro deles foi aplicado ao gestor do Restaurante Universitário. O segundo questionário foi aplicado com 32 de 48 funcionários que atuam em 8 diferentes setores com funções de Copeiro, ASG, Despenseiro, Auxiliar, Cozinheiro, Almoxarife, Motorista e Jardineiro. 3.3.1 Funcionários: Devido aos desafios para a implantação de programas eco eficientes no trabalho com restaurantes, onde a jornada em turnos (12/36 h), a diferença dos níveis de escolaridade, níveis socioeconômicos, diferenças de graus de envolvimento com a empresa (terceirizados e funcionários federais), além da sobrecarga e do estresse do trabalho em cozinhas, que podem comprometer a conscientização e treinamento dos funcionários, se realizou um prévio levantamento da visão dos colaboradores quanto a questões ambientais. O questionário 64 aplicado aos funcionários abordou questões como a ótica dos mesmos perante os resíduos, problemas enfrentados, possíveis melhorias, manejo dos resíduos, destino dos resíduos e o seu respectivo reaproveitamento. Objetivando assim fomentos para uma melhor preparação de treinamentos posteriores e que poderão tratar diretamente sobre as possíveis correções da concepção de resíduos, meio ambiente e políticas ambientais e / ou manutenção e afirmação de entendimentos corretos sobre o resíduo produzido em UANs, para facilitar a possível implantação do gerenciamento de resíduos do Restaurante. O formulário de questões aplicadas para funcionários estão em anexo (APÊNDICE B). 3.3.2 Gestores, estagiários (as) e supervisores: De início, todos foram sensibilizados sobre a questão desenvolvida e foi realizado um relatório para a gestora do RU sobre entendimentos dos funcionários sobre resíduos e meio ambiente. Também foi aplicado um questionário para a chefia, buscando entender compreensão sobre o tema dos resíduos (APÊNDICE C). O questionário aplicado ao gestor contemplou questões relacionadas às quantidades de refeições, quantidades de resíduos; normas ambientais; projetos ambientais e as formas de tratamento de resíduos sólidos. Para ação posterior, à elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos haverá um processo de sensibilização com os gestores, nutricionistas e estagiários do local. O método incluirá palestras mostrando a problemática do lixo, noções sobre meio ambiente e orientações sobre o gerenciamento de resíduos. Propor-se-á aos gestores a oportunidade da criação de um “mural verde” que possa contar com álbuns seriados, cartazes, folhetos informativos, cestos coloridos e práticas de incentivo ao consumo racional, e como sugestão, por exemplo, anualmente um(a) estagiária(o) do local desenvolva algum trabalho de educação ambiental, cumprindo assim o que determina o artigo 225 da Constituição Federal (BRASIL, 2000) e a Lei 9795/99 que institui a Política Nacional de Educação Ambiental. 3.4 Análise dos processos produtivos e operacionais Para análise dos processos produtivos foram utilizados instrumentos de avaliação utilizados em Nutrição que foram o fator de correção, os restos da produção com análise do rejeito (ANEXO 1) e a aceitação subjetiva do cliente com pesquisa de satisfação (APÊNDICE C). 65 Esta escolha de instrumentação se deu, pois em relação alimentos estes três fatores de desperdício são predominantes. O fator de correção serve para medir qualidade dos gêneros adquiridos, eficiência e treinamento da mão de obra, qualidade dos utensílios e equipamentos utilizados. Sua equação (1) é definida segundo Abreu (2007) por: Equação 1 - Fator de correção (FC) = Peso Bruto (PB) Peso líquido (PL) Os resultados encontrados possibilitarão correções cabíveis com fornecedores, quanto à qualidade dos produtos, focar treinamento de mão-de-obra ou adequação de equipamentos e utensílios. O resto da produção foi avaliado não somente pelo ponto de vista econômico, como também da falta de integração com o cliente, gerando resíduos. Para determinar a quantidade de restos foi utilizada a equação (2) segundo Abreu (2007): Equação 2 - Índice de Resto (IR) = Peso da Refeição rejeitada (PR) x 100 Peso da Refeição Distribuída (PRD) A pesquisa de satisfação buscou identificar os itens que ajudarão a conhecer as causas do problema e fornecer uma segunda etapa o diagnóstico. 3.5 Elaboração do plano de gerenciamento: O Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos foi confeccionado segundo Modelo de Menezes e Menezes (1999). Esta escolha deu-se por ser este um modelo de organização didática extremamente oportuna, uma vez que sua dinâmica organizacional é perfeitamente aplicada e conhecida em UANs, e isto devido à similaridade escrita com a do Manual de Boas Práticas de Fabricação (MBPF) regulamentado e conhecido amplamente na Nutrição. Sendo a caracterização dos resíduos gerados adaptada por Kinacz (2007) para restaurantes, com etapas operacionais descritas abaixo: Efetuar o levantamento da legislação (Leis, Decretos, Resoluções, Normas: Nacional, Estadual e Municipal) que se aplicam às Unidades de Alimentação e Nutrição versus meio ambiente; Capacitar os recursos humanos envolvidos, visando adequação e/ou atualização de conhecimentos objetivando a manutenção do processo de gestão dos resíduos; Envolver os trabalhadores da Unidade de Alimentação e Nutrição e da administração superior com o Plano de Gestão de Resíduos; 66 Reconhecer nossa responsabilidade social e ambiental, contribuindo com ações de educação ambiental, dentro e fora do ambiente de trabalho. Identificar o fluxo do processo de produção dos resíduos gerados no serviço; Caracterizar os resíduos gerados em cada setor da Unidade de Alimentação e Nutrição; Por áreas de produção, aprovisionamento (almoxarifados e câmaras frigoríficas) e devolução refeitório. Identificar os fatores relacionados à produção dos resíduos visando minimizá-los; Identificar os tipos de resíduos passíveis de reciclagem e reutilização; Identificar os tipos de resíduos passíveis de minimização (não desperdício); Sugerir mecanismos de controles que possibilitem minimizar os resíduos gerados; Separar os resíduos no local de sua geração, com aquisição de utensílios e sacos com cor padrão da coleta seletiva, segundo RDC n° 275/2001 (CONAMA) ; Quantificar os resíduos gerados separadamente; Segundo classificação de Kinacz (2007) Adequar os fluxos, frequência de coleta interna; Possibilitar o transporte e armazenamento interno adequado; Encaminhar os resíduos para o local de destinação temporária 67 CAPITULO 4 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 A Caracterização dos resíduos gerados A etapa da caracterização dos resíduos gerados foi realizada a partir de um levantamento do quantitativo do lixo total do local, para obter o percentual de lixo orgânico e inorgânico gerado. Em sequência foi calculada a média diária de produção do lixo orgânico e inorgânico separadamente, por semana, fim de semana e por mês, para se obter uma melhor visualização do quantitativo produzido de cada tipo de resíduo e comparar a diferença dos resultados do fim de semana e da semana, com relação à média mensal. A figura 4 mostra o percentual de resíduos sólidos produzidos no RU durante a realização do trabalho. Figura 4: Porcentagem de resíduos sólidos produzidos na UAN do RU no período de 31 dias. 120% 100% 80% Total 60% Orgânico 40% Inorgânico 20% 0% Resíduos sólidos Fonte: Coleta de dados. No período de realização do trabalho de setembro a outubro de 2009 (11/09/09 a 11/10/09) a UAN do RU produziu um total de 11.139,3kg de resíduos sólidos, dos quais aproximadamente 90% (9.974,9kg) foram compostos de lixo orgânico e 10% (1.164,4kg) de inorgânico. Do valor total de lixo orgânico, aproximadamente 85% (8.457,2Kg) foi proveniente da geração semanal, e 15% (1.517,7kg) da geração dos fins de semana. Essa queda na geração de lixo nos fins de semana se deve a diminuição do número de comensais, que se reflete em uma menor produção de refeições. 68 As figuras abaixo 5 e 6 ilustram esta produção: Figura 5 – Apresentação dos Resíduos gerados na UAN do RU em 31 dias. Resíduos orgânicos Resíduos inorgânicos Fonte: Pesquisa direta. Figura 6 - Apresentação dos resíduos gerados por semana e fim de semana na UAN do RU. PRODUÇÃO SEMANAL FIM DE SEMANA Fonte: Pesquisa direta. A tabela 1 mostra o quantitativo dos resíduos sólidos orgânicos e inorgânicos produzidos mensalmente no RU. 69 Tabela 1: Quantidade ( em kg) de resíduos orgânicos e inorgânicos, na semana e no fim de semana, produzidos na UAN do RU no período em 31 dias. DIAS SEMANA (21 Orgânico Média diária (kg) (kg) % Inorgânico (kg) Média diária % (kg) 8.457,2 402,72 84,79 1.114,8kg 53,97 95,74 1.517,7 151,77 15,21 49,6kg 4,96 4,26 9.974,9 321,77 100 1.164,4 37,56 100 dias úteis) Segunda a Sexta FIM DE SEMANA (10 dias –Sábado e domingo) MÊS (31 dias) Segunda a domingo Fonte: coleta de dados. O motivo pelo qual se observou uma queda na produção de resíduos inorgânicos nos fins de semana foi que além da diminuição da produção de refeições, que gera a diminuição de frascos, embalagens e caixas de alimentos, houve o não recebimento de mercadorias nesse período, diminuindo o quantitativo de caixas de papelão e plásticos, a não utilização de copos descartáveis, com a introdução dos copos de vidro e a diminuição do número de funcionários e de comensais. A Figura 7 mostra a quantidade geral em kg de resíduos sólidos produzido durante o mês (31 dias), a semana (21 dias) e o fim de semana (10 dias). Figura 7: Peso em kg dos Resíduos Sólidos produzidos na UAN do RU, no período de 31 dias, separados por mês, semana e fim de semana. Fonte : Coleta no local. 70 Do valor total de lixo orgânico foi realizada a separação dos resíduos provenientes do pré-preparo e preparo dos alimentos (produção), que equivaleu a cerca de 64% (6375,57kg) e dos resíduos provenientes do rejeito do refeitório, aproximadamente 36% (3599,33kg) do valor total. Esse quantitativo revelou que na semana têm-se uma média diária de 251,24kg de lixo produzido e no fim de semana média de 109,95 kg, lixo este proveniente da produção das refeições (tabela 2). Para o rejeito do refeitório tal quantitativo teve média de 151,48 kg na produção semanal e média de 41,82 kg na produção diária dos fins de semana. A Tabela 2 mostra a quantidade de resíduos orgânicos provenientes da produção das refeições e do rejeito do refeitório. Tabela 2: Quantidade (em kg) de resíduos orgânicos da produção de refeições e do rejeito proveniente do refeitório, na semana e no fim de semana, produzidos na UAN do RU no período de 31 dias. Produção (kg) Média % diária Refeitório Média (rejeito) (kg) (kg) diária % (kg) SEMANA (21 dias 5.276,07 251,24 82,75 3.181,13 151,48 88,38 1.099,5 109,95 17,25 418,2 41,82 11,61 6.375,57 205,66 3.599,33 116,10 100 úteis) Segunda a Sexta FIM DE SEMANA (10 dias –Sábado e domingo) MÊS (31 Segunda dias) 100 a domingo Fonte: coleta de dados. Com base nos dados apresentados, chegou-se ao cálculo do per capita médio de resíduos sólidos produzidos pelos comensais do RU, durante a semana e nos finais de semana, visto que nos finais de semana há um declínio na produção desses resíduos. 71 O mês analisado apresentou 4 semanas, totalizando 21 dias úteis. Considerando a produção semanal de aproximadamente 9.572 kg/comensal/dia da semana de resíduos sólidos, e sabendo que durante esses 21 dias passam cerca de 47.467 comensais na linha de distribuição, têm-se um per capita médio de resíduo sólido de 0,2 kg/ comensal/dia para resíduos sólidos em geral. Analisando que foi produzido cerca de 8.457,2 kg de lixo orgânico e 1.114,8 kg de inorgânico, observaram-se os per capitas diários de 0,2 kg/comensal/dia da semana e 0,02 kg/comensal/dia da semana, respectivamente. Para os fins de semana (10 dias) a média diária do número de refeições, considerando as 650 refeições do sábado e 500 refeições do domingo foi de 575. Com base nesse valor e no quantitativo de resíduo sólido produzido nos fins de semana (1.567,3 kg), têm-se um per capita de produção diária para fins de semana de 0,3kg/comensal/dia, dos quais 0,3 kg são de lixo orgânico e 0,01 kg de inorgânico. Quanto ao rejeito semanal, o RU produziu cerca de 3.181,13 kg durante os 21 dias úteis da semana, que dividido pela média de refeições deste mesmo período (2260) correspondeu a um per capita de 0,01 kg/comensal/dia de lixo orgânico (contando com ossos e casca de frutas, quando presentes). Nos cinco fins de semana do mês de estudo, foram obtidos 418,2 kg de rejeito e tendo a média de 575 comensais, o per capita diário calculado foi de 0,01 kg/comensal/dia. Segundo Caixeta Filho (1999), o índice per capita brasileiro de lixo está em torno de 0,50 a 1,00 kg/hab/dia. Esse resultado é aproximado ao per capita de lixo produzido no RU, que foi de 0,20 kg/comensal/dia, levando em conta que as pessoas não só produzem resíduos quando estão se alimentando, sim durante todas as atividades diária. Porém deve-se atentar que quando menor for este valor, menor serão os danos causados ao meio ambiente e conseqüentemente os custos de produção. Os resíduos orgânicos produzidos no RU são compostos basicamente por cascas de frutas e verduras, sementes, caroços, restos de comida, aparas, vegetais deteriorados, entre outros, verifica-se que um meio para minimizar o quantitativo destes, é propor estratégias como, uma melhor adequação no planejamento dos cardápios, que consequentemente possibilitará maiores ajustes quanto ao pedido de gêneros e utilização destes, evitando também a deterioração de alguns vegetais; uma maior observação dos cortes utilizados no prépreparo das refeições, para verificar se há erros ou desperdício; um maior cuidado quanto a etiquetagem que identificam as sobras, para que estas sejam reutilizadas antes de precisarem ser descartadas; a diminuição dos per capitas de algumas preparações, por meio de um trabalho contínuo de abordagem dos comensais através de ferramentas educativas, mostrando 72 inclusive dados numéricos do desperdício; atentando cada vez mais para a elaboração de cardápios atrativos e saborosos; conversando com os colaboradores, buscando despertá-los para a minimização do desperdício; e implantando algumas preparações que possam reutilizar aparas que seriam desprezadas. Observando resultados para a caracterização segundo à natureza segundo classificação de Kinacz (2007) temos: Tabela 3 - Caracterização segundo à natureza baseada na classificação de Kinacz (2007). RESÍDUOS SEMANA/kg FIM DE TOTAL/ kg/ Segunda a Sexta SEMANA/kg Mês % Sábado e domingo % Segunda a domingo Papel/papelão 21,6 83,7 3,13 12,7 24,73 Vidros 11,88 86,8 1,81 13,2 13,69 Latas 272,46 86,2 43,59 13,8 316,05 Resíduos e aparas/ 5.276,07 82,8 1.099,5 17,2 6.375,57 Restos e sobras 3.181,13 88,4 418,2 11,6 3.599,33 Outros componentes 880.05 87,0 132,01 13,0 1.012,06 preparo Fonte: Coleta de dados. Em consonância com as Resoluções nº 358 do CONAMA e RDC nº 306 da ANVISA. Os resíduos sólidos do RU são classificados como de serviços de saúde (RSSS) e são de natureza heterogênea. Portanto, é necessária uma classificação para a segregação desses resíduos. Diferentes classificações foram propostas por várias entidades, incluindo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), governos estaduais e municipais. De acordo com a RDC ANVISA nº 306/04 e Resolução CONAMA nº 358/05, os RSSS são classificados em cinco grupos aplicados metodologicamente, e no restaurante Universitário encontrou-se os seguintes resultados: - Grupo A – resíduos orgânicos - Grupo B – produtos de limpeza, desincrustantes e sanitizantes.; -Grupo C – nenhum resíduo gerado contém radionuclídeos; - Grupo D – resíduos domésticos comuns; - Grupo E – Nenhum resíduo gerado, durante a coleta de dados, foi detectado como materiais perfurocortantes ou escarificantes. Apesar de que ao desprezar facas, equipamentos e cubas antigas, este tipo de resíduos será gerado. 73 4.2 Levantamento relacionado à educação ambiental de funcionários Para levantamento relacionado à educação ambiental de funcionários, gestores, estagiários e supervisores foi realizada uma pesquisa com 32 dos 48 funcionários do Restaurante Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Campus-Natal: Analisando as informações da pesquisa, pode-se perceber que dos funcionários entrevistados, a maioria é do sexo masculino (94%), com faixa etária entre 22 a 37 anos; Possuem de 1 a 4 anos de tempo de serviço; A maioria tem o ensino médio completo (44%). Isso sugere um perfil masculino, pouco tempo de trabalho; idade mediana e com grau de instrução baixo. Dos funcionários pesquisados, 84% dizem que há desperdícios de alimentos no RU na preparação das refeições, alguns dos pesquisados relatam que existe funcionários que “corta as hortaliças pela metade, com preguiça de descascar por completa”, ainda dizem que alguns deles “ao cortar aves, carnes ou peixes desperdiçam uma quantidade considerável do produto”. Isso é um problema não somente nessa organização. “O brasileiro joga fora mais comida do que a que de fato leva à mesa. Só em hortaliças, por exemplo, o total de perda a cada ano é de 37 kg por habitante, enquanto a ingestão desses vegetais não passa dos 35kg no mesmo período de tempo (MOÇO, 2008)”. Dos pesquisados, 75% afirmam que existe desperdício de energia; 81% consideram que não existe desperdício de material de limpeza no RU; quando perguntados se existia desperdício de água, 84% afirmaram que sim; quanto a matérias descartáveis 63% afirmaram que também existe desperdício. Um dado interessante que se deve considerar é que quando perguntado se a coleta seletiva deveria ser implantada no RU, 97% dizem que sim. Então, podemos dizer que os funcionários têm intenção de mudar o manejo dos resíduos. Quando perguntados se reaproveitavam as embalagens que iria para o lixo, 59% dizem que sim, 41% dizem que não. “A questão da reutilização e da reciclagem passa a criar um fluxo reverso das sombras das embalagens e de produtos que seriam descartados” (BRAGA JÚNIOR, 2007). Quanto a maiores dificuldades para minimizar os problemas do lixo, os funcionários pesquisados consideram que as maiores dificuldades para minimizar os problemas do lixo são: a conscientização (16%), a prática de separação do lixo (9%), ter educação (9%) e disposição (9%). Aqui podemos perceber que alguns funcionários tem entendimento da 74 importância de transformar o lixo em sub-produto. Mais podemos também considerar que qualquer que seja a organização, repassar as responsabilidades para a equipe de trabalho é uma estratégia considerável para disseminar a importância da causa ambiental (DONAIRE, 2009). A figura 8 ilustra estes dados. Figura 8: Maiores problemas enfrentados para minimizar os problemas do lixo. Fonte: Pesquisa direta. O que os pesquisados consideram essencial para melhorar o gerenciamento do lixo, é a implementação da coleta seletiva (22%); Consolidação de parceria com a UFRN (47%), explicam eles: essa parceria com a UFRN seria com “projetos que utilizassem o lixo”, já que a destinação final do lixo orgânico do RU vai para outro município, Ceará Mirim (Aterro) e um percentual mínimo para a Escola Agrícola de Jundiaí, órgão da instituição lotado em outro município, Macaíba – RN- para alimentação de porcos. Quando perguntado quais resíduos são mais desperdiçados no RU, predominou os Alimentos (59%); e em seguida, a Água (29%). Então nessas questões percebem-se que eles confirmam que existem desperdícios, mesmo sabendo que é errado pode considerar que ao afirmar isso eles têm consciência dos erros que estão praticando. Outra informação bastante positiva, diz respeito a quando questionados quais três palavras que expressam sua visão sobre o lixo ao que responderam que é o Desperdício (35,%); a Reciclagem (28%), o Meio ambiente (22%); a Sujeira (15%). 75 4.3 Pesquisa realizada com gestor do RU da UFRN Segundo o pesquisado o Restaurante Universitário conta hoje com 13 funcionários efetivos e 35 prestadores de serviço. Como resultados das respostas do questionário aplicado têm que são descartados por dia no RU, segundo o gestor “uma grande quantidade de plásticos” ainda diz que “não sabemos ao certo a quantidade, pois ainda não teve nenhuma mensuração”, e afirma que a destinação final o aterro sanitário do município de Ceará Mirim – RN. De acordo com Grippi (2006, p.46) explica que os plásticos são “artefatos fabricados a partir de resinas sintéticas conhecidas como polímeros, derivados do petróleo, e o grande desafio da destinação final do plástico é o fato de ser resistente à biodegradação devido a sua natureza química [...] Umas das soluções para esse produto é o reaproveitamento”. Por mês é gasto 50 mil litros de água e 23.557,70 kw de energia, um valor calculado de consumo em torno de R$ 3.514,90 mensal em energia. Quando questionado se já existiu ou existe alguma ação ambiental no RU, a resposta foi que “existe, mais informalmente, ainda não teve cursos nem intensivos sobre o assunto” No entanto, de acordo com a Política Nacional de Educação Ambiental, Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999, Art 3. Inciso I e II diz que definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; Às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem. O gestor diz que para melhorar a visão dos funcionários perante a gestão dos resíduos sólidos é preciso fazer: “Continuação e melhoramento do trabalho com a educação ambiental, envolvendo todos os funcionários e os mesmos se comprometendo com a responsabilidade na rotina das atividades diárias” e também diz que para melhorar a visão dos alunos perante os restos de resíduos em refeições é preciso: “Demonstrar através de dados diários o custo do desperdício e passar a responsabilidades para os mesmo, mostrando que o que vai para o lixo poderia alimentar uma quantidade x de pessoas”. No entanto, pode-se considerar que ainda não existe a sensibilização ambiental, e que ela colabora com os indivíduos e os grupos sociais tentando adquirir uma consciência global do ambiente bem como sensibilizar-se com tais questões (COPER, 1993; DIAS, 1994; PÁDUA, 1997). É necessário trabalhar a educação ambiental no intuito de estabelecer um bom entendimento sobre a gestão dos resíduos sólidos tendo em vista a conscientização desde gestor, fornecedores, passando pelos funcionários até chegar aos alunos. 76 Quando questionada se existia algum setor da universidade para reaproveitamento dos resíduos a resposta foi: “que não, mais poderia ser feito através da secretaria de infra-estrutura com a divisão de meio ambiente a formação de agentes ambientais e parceria com uma cooperativa de catadores”. Diante do questionamento se a UFRN oferece algum apoio para o gerenciamento dos resíduos a resposta foi: “que esta sendo realizados esforços para colocar em vigor a determinação do decreto presidencial, onde se diz que se deve trabalhar a coleta seletiva nas universidades”; Lopes (2003, p.17) cita que “a falta de políticas públicas voltadas para os resíduos sólidos, exige um envolvimento maior entre os setores da sociedade, bem como a integração maior entre os governos, buscando a minimização dos problemas provocados por estes resíduos” Atualmente existe um projeto implantado no Campus denominado PROGIRES que é um conjunto de projetos, ações, planos e normas destinados a promover e regular a concepção, implementação e administração do gerenciamento dos resíduos gerados na UFRN. Abrangendo as atividades de coleta, armazenamento, tratamento e destinação final dos resíduos gerados na Universidade. O programa tem como objetivos reduzir e controlar os impactos causados sobre o ambiente pelos resíduos produzidos na UFRN em suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. As ações programa visam reduzir: a geração de resíduos e adequar a segregação na origem; controlar e reduzir riscos ao meio ambiente e à saúde humana; assegurar o correto manuseio e disposição final dos resíduos. O gerenciamento de resíduos sólidos e o projeto de coleta seletiva solidária integram o PROGIRES. E neste contexto institucional, o Restaurante Universitário pode e deve estar incluso, considerando que segundo a gestora “ainda não foi realizado nenhuma ação ambiental promovida pelo projeto”. O gestor relata sobre a existência de projetos para minimização dos resíduos sólidos: “ com a reforma, estrutural do RU prevista para janeiro de 2010 será destinado uma área para disposição final dos resíduos orgânicos e inorgânicos, diante dessa realidade, poderia se cogitar a UFRN trabalhar com a reciclagem dos resíduos: plástico, papel, vidro e papelão. Quem pode nos explicar é Schneider et al (2001) quando afirmam que “materiais como papel, papelão, plástico e vidro podem ser reciclados, trazendo benefícios em termos de recuperação de matérias-primas e energia, contribuindo para a preservação dos recursos naturais. Algumas observações do Gestor é que “o controle da produção de resíduos é bastante importante e mais importante seria que quando produzidos pudessem ser reaproveitados ou reciclados”. 77 Observa-se que a direção do Restaurante Universitário tem conhecimento da importância do gerenciamento dos resíduos sólidos. Mais ainda é preciso se trabalhar a sensibilização da importância de preservação do meio ambiente. O volume de resíduos gerados por dia é consideravelmente preocupante uma vez que ainda não existe a coleta seletiva na organização e que a principal destinação ainda é o lixo. 4.4 Aspectos operacionais e subjetivos para a geração de resíduos sólidos 4.4.1 O Fator de correção Dentro dos aspectos operacionais e subjetivos para a geração de Resíduos Sólidos encontramos subsídios em uma ferramenta bastante utilizada na nutrição, que é o fator de correção (FC). O FC é a perda em relação ao peso inicial, representada pelas partes não comestíveis dos alimentos; sobras ou excedentes que são os alimentos produzidos e não distribuídos e os restos dos alimentos distribuídos e não consumidos. Para melhor compreensão são descritos no quadro 1, os fatores de correção dos hortifrutigranjeiros mais utilizados no RU e sua relação com a perda do alimento por quilo. Quadro 1 – Fatores de correção da UAN do Restaurante Universitário. FC ALIMENTOS APROVEIT/ kg PARTE DESPREZ/ kg % APROVEITADA 500 250 50 962 38 96 952 48 95 787 213 79 752 248 75 833 167 83 855 145 85 1,05 952 48 95 Cebola 1,59 629 371 63 Cebolinha 1,25 800 200 80 Cenoura 1,53 654 346 65 Chuchu 1,61 621 379 62 Coentro 1,2 833 167 83 Fígado 1,12 893 107 89 Frango coxa/sobrecoxa Frango peito 1,14 877 123 88 952 48 95 Alface 2,00 Alho 1,04 Batata Doce 1,05 Batata Inglesa 1,27 Beterraba 1,33 Carne moída 1,2 Carne bife 1,17 Carne de sol 1,05 78 FC ALIMENTOS Jerimum 1,38 APROVEIT/ kg PARTE DESPREZ/ kg % APROVEITADA Lombo 1,07 725 275 72 Macaxeira 1,67 935 65 93 599 401 60 Melancia 1,02 980 20 98 Melão 1,07 935 65 93 Peixe posta 1,04 962 38 96 Pepino 1,29 775 225 78 Pimentão 1,20 833 167 83 Repolho 1,24 806 194 81 Tomate 1,17 855 145 85 Vagem 1,34 746 254 75 606 394 61 500 500 50 662 338 66 980 20 98 662 338 66 649 351 65 617 383 62 1,65 Abacaxi Banana 2,00 Quiabo 1,51 Maxixe 1,02 Quiabo 1,51 Frango Carcaça 1,54 Laranja 1,62 Fonte: coleta de dados. 4.4.2 Restos da produção e aceitação dos cardápios Dentre os três fatores de desperdício predominantes em Unidades de Alimentação encontramos os fatores de correção, as sobras da produção e os restos de alimentos. Os restos dos alimentos são as preparações distribuídas e não consumidas, deixadas nos pratos e bandejas dos comensais. Pensando dessa maneira e considerando a realidade do RU, foi realizado este levantamento de dados, através da pesquisa direta com os comensais, para promover adaptações que poderão surgir com o objetivo de atender cada vez mais as expectativas do cliente e assim buscar a redução dos resíduos gerados. Em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) o controle de aceitabilidade do cardápio oferecido é de grande importância para o processo administrativo, pois ele demonstra o grau de satisfação da clientela em relação às refeições servidas, avalia a cobertura alimentar e o desperdício, permitindo ao gerente da UAN, um planejamento mais seguro. Para isso, é muito importante a existência de uma programação com o objetivo de 79 evitar as sobras das preparações, pois o excedente de alimentos distribuídos não podem ser reaproveitados (VANIN, SOUTHIER, NOVELLO, FRANCISCHETTI, 2007). Por outro lado, o tipo de alimentação tem um papel significativo na aceitabilidade do comensal, tendo em vista suas várias funções, como: identidade, comensalidade, interação social, satisfação dos desejos, além de proporcionar prazer ao sentido do paladar e dos outros. Vargas (2008) enfatiza a atração que os alimentos causam para o seu consumo que incluem sua textura, odor, sabor, cor e outros fatores psicossociais relativos ao consumidor.Tendo essa preocupação, este trabalho realizou no Restaurante Universitário dois métodos de avaliação da aceitabilidade da clientela, com o objetivo de identificar os possíveis pontos negativos e positivos existentes na preparação e distribuição dos alimentos e propor sugestões, com o objetivo comum o de satisfazer a clientela quantitativa e qualitativamente, diminuindo assim os rejeitos e desperdícios tanto ao gestor da UAN como aos seus funcionários e comensais. O primeiro método, quantitativo, foi o do Índice de Rejeito (ANEXO 01) ; e o segundo foi uma pesquisa qualitativa realizada diretamente com os comensais que tinham por sua vez que classificar o cardápio do dia nas respectivas preparações – salada, prato principal, arroz, feijão, farofa -, durante o período de 21 a 25 de setembro de 2009, em ótimo, bom, regular ou ruim (APÊNDICE C). Para isto foi distribuída uma ficha com tal classificação que após ser marcada pelo comensal era depositada em uma urna, sendo esta recolhida ao final do período de cada almoço. O cálculo do Rejeito referente à segunda feira está disposto no quadro 2 e a aceitação do cardápio da segunda feira no quadro 3. Quadro 2- Aceitação do cardápio da segunda feira. ÍNDICE DE REJEITO - SEGUNDA : 21/09/09 Preparação Peso Quantidade Peso Sobra Peso Sobra Peso da Nº Consumido Peso (kg) Produzida Prod. Limpa Limpo suja sobra Batata Sautê 9,9 17 PL 168,3 - - 1/3 PL 3,25 16,6 PL Consumido 165 Bife de panela 19,7 11 CF 216,7 - - ¾ PL 14,7 10,25 CF 202 Arroz 10 15 CF 240,75 5 CF 80,25 ¾ PL 12,04 9,25 CF 148,5 Feijão 23,2 14 CF 325 3 CF 69,6 ½ PL 12,25 10,5 CF 233,6 Farofa 11,5 4 CF 46 - - ¼ PL 2,9 3,75 CF 43,13 Laranja 150 1600 UNID 240 - - - - 1600 UNID 240 1236,75 TOTAL 149,85 45,14 1042,23 RESULTADOS DO ÍNDICE REJEITO Previsão 1320 QpcC 0,849 Resto (Lixo) 151,45 RPC 0,123 Custo Unit. 3,41 Custo Ref. 608,00 Desperdiçada Nº Refeições Servidas 1227 % RESTO/INGESTA 14,5 Refeições Desperdiçadas 178,3 Classificação REGULAR Fonte: Coleta de dados 80 Quadro 3- Aceitação subjetiva do cardápio da segunda feira. ACEITAÇÃO SUBJETIVA DO CARDÁPIO IMPLANTADO – SEGUNDA 21/09/09 Preparação Ótimo % Bom % Regular % Ruim % Total Batata Sautê 4 7 20 35 16 28 17 30 57 Bife de panela 1 2 32 56 15 26 9 16 57 Arroz 12 21 36 63 6 11 3 5 57 Feijão 11 19 30 53 14 25 2 4 57 Farofa 0 0 9 16 28 49 20 35 57 TOTAL 28 10 127 45 79 28 51 18 57 Fonte: Coleta de dados Na pesquisa direta dos 285 comensais voluntários contabilizaram-se votos distribuídos nas preparações do dia, tendo uma predominância de aceitação classificada como boa – 45%, atendendo a maioria das expectativas da clientela. No entanto, observa-se que a classificação do Índice-Rejeito, mostrou-se como regular, com um desperdício de 178 refeições que, o mostra uma discordância entre os dois tipos de métodos. Analisando, por sua vez, a prevalência das reclamações existentes neste cardápio, verificou-se fundamentais informações citadas pelos comensais participantes sobre as preparações, como a predominante reclamação da salada, a qual, segundo eles, a batata cozida apresentava-se sem gosto e ainda crua, ou seja, dura, fato este refletido no percentual da aceitação direta, a qual mostrou percentuais muito próximos entre a classificação regular e ruim, apesar do maior percentual ter sido da classificação bom; o que mostra uma falha na produção desta preparação seja na forma em que a mesma foi preparada – cozida no forno -; temperada – quantidade insuficiente de tempero pra quantidade produzida e o tipo de tempero; tempo insuficiente ao preparo desta salada – cozimento, a fim de torná-la indesejável pelos comensais. As demais preparações foram muito bem aceitas e elogiadas quanto ao sabor e textura, refletindo nos baixos valores percentuais da classificação regular e ruim, quando comparado ao do bom. Aceitação do cardápio _ Terça-feira: Neste dia, a pesquisa direta atendeu a 106 comensais voluntários contabilizando em 530 votos distribuídos nas preparações do cardápio, tendo um índice de aceitação classificada como boa – 43%, atendendo a maioria das expectativas da clientela. No entanto, observa-se que a classificação do índice-rejeito, mostrou-se como péssimo – considerando o peso do osso do frango, com desperdício de 232 refeições – mais alto da semana implantada -, o mostra uma discordância entre os dois tipos de métodos. No entanto, ao desconsiderar o peso do osso 81 verificou-se que a classificação desse índice mudou pra regular – Quadro 4 e 5. O valor do índice-rejeito encontrado pode ser explicado pela porção per capita estabelecida pela UAN, 32% acima do limite superior estabelecido por Araújo e Guerra (2007). Analisando, por sua vez a incidência das reclamações existentes neste cardápio, verificou-se fundamentais informações citadas pelos comensais participantes sobre as preparações, tendo como relevante a reclamação direcionada ao frango assado, o qual segundo eles apresentavam-se com aparência de “pouco assado” – aqueles realmente assados e não os fritos - e sem gosto fato este refletido no percentual da aceitação direta, o qual recebeu o maior percentual de classificação ruim quando comparado com o das outras preparações; o que mostra uma possível falha na forma de descongelamento do gênero, que contribui significativamente ao aumento do tempo de preparo desta preparação – seja, no forno ou frito e, consequentemente o tempo da distribuição, aumentando o risco de tornar realmente a preparação inaceitável pelo comensal. As demais preparações por sua vez foram bem aceitas, em especial a preparação – arroz com soja -, a qual obteve o maior percentual da classificação bom e menor da classificação regular e ruim comparando com as demais preparações, recebendo apenas o segundo melhor percentual da classificação ótimo, em que os próprios comensais aconselharam melhorar o tempero no preparo da soja e tempo de sua cocção junto ao arroz. Quadro 4- Aceitação do cardápio da terça feira. ÍNDICE DE REJEITO - TERÇA : 22/09/09 Preparação Salada crua Peso Quantidade Peso Sobra Peso Sobra Peso da (kg) Produzida Prod. Limpa Limpo suja sobra 6,6 10 pl 66 0 0 0 0 Nº Consumido Peso Consumido 10 pl 66 Frango assado 0,33 1258 unid 415 0 0 0 0 1258 415 Arroz com soja 16,25 17 cf 276,25 1 cf 16,25 ¼ cf 1,1 15,75 cf 256 Feijão preto 23,3 13 cf 302,9 1 cf 23,3 0 0 12 cf 279 Farofa 14,15 3 ¼ cf 46 0 0 1/3 cf 5 2,9 cf 41,04 Goiabada 0,075 529 unid 39 0 0 59 4,43 470 32,25 1145,15 TOTAL 39,55 1099,89 RESULTADOS DO ÍNDICE REJEITO Previsão 1320 Resto (Lixo) 178,15 QpcC 0,769 RPC 0,126 Custo Unit. 3,36 Custo Ref. 779,52 Desperdiçada Nº Refeições Servidas 1417 % RESTO/INGESTA 16,3 Refeições Desperdiçadas 232 Classificação Péssimo Fonte: Coleta de dados 82 Quadro 5- Aceitação subjetiva do cardápio da terça feira. ACEITAÇÃO SUBJETIVA DO CARDÁPIO IMPLANTADO – TERÇA 22/09/09 Preparação Ótimo % Bom % Regular % Ruim % Total Salada crua 28 26 41 39 23 22 14 13 106 Frango assado 18 17 39 37 21 20 28 26 106 Arroz com soja 32 30 52 49 15 14 7 7 106 Feijão preto 29 27 59 56 11 10 7 7 106 Farofa 17 16 38 36 34 32 17 16 106 Total 124 23 229 43 104 20 73 14 530 Fonte: Coleta de dados Aceitação do cardápio _ Quarta-feira: Neste dia, a pesquisa direta atendeu a 77 comensais voluntários contabilizando em 385 votos distribuídos nas preparações do cardápio, tendo uma aceitação classificada como boa – 42%, atendendo a maioria das expectativas da clientela. Tal classificação provinda dos comensais mostrou-se em conformidade com o índice-rejeito, também classificado como bom com um desperdício de 126 refeições, menor número de refeições desperdiçadas da semana. Analisando, por sua vez a predominância das reclamações existentes neste cardápio, verificou-se fundamentais informações citadas pelos comensais participantes sobre as preparações, tendo como predominância a reclamação direcionada exclusivamente ao bife acebolado, o qual segundo eles apresentavam-se duros, com tempero insuficiente, sem cor, com aspecto de cru; foi à preparação que recebeu mais reclamações; o que mostra uma possível falha na forma de preparo deste prato principal, visto que o mesmo deveria ter sido preparado na chapa, ou seja, frito; e não preparado na panela como aconteceu, devido à maior dificuldade que existe dos funcionários em preparar os bifes na chapa (Quadro 6). As demais preparações por sua vez foram bem aceitas, com algumas reclamações direcionadas ao arroz e ao feijão por estarem, segundo eles, pouco temperado. Já a preparação implantada neste, representada pela salada, obteve predominantemente aceitação classificada como boa, com o percentual próximo ao do ótimo (Quadro 7). 83 Quadro 6- Aceitação do cardápio da Quarta feira. ÍNDICE DE REJEITO - QUARTA : 23/09/09 Preparação Peso Quantidade Peso Sobra Peso Sobra Peso da (kg) Produzida Prod. Limpa Limpo suja sobra Nº Consumido Peso Salada Multi 9,2 pl 11 pl 101,2 0 0 0 0 11 pl 101,2 Consumido Bife acebolado 190 g 1670 unid 317,3 0 0 0 0 1670 unid 317,3 Arroz refogado 15,06 14 ½ cf 216,2 6,75 cf1 101,6 1/3 cf 5 7,4 cf 111,4 Feijão carioca 21,75 16 cf 348 0 21,75 1,4 cf 30,45 20,35 cf 442,6 Farofa 14,15 4 ¼ cf 60 0 0 ¾ cf 10,6 3 ½ cf 49,8 Abacaxi 1 200 unid 200 0 0 0 0 200 unid 200 cf 1244,7 TOTAL 123,35 46,05 1222 RESULTADOS DO ÍNDICE REJEITO Previsão 1320 QpcC 0,889 Resto (Lixo) 112,5 RPC 0,082 Custo Unit. 3,49 Custo Ref. 439,74 Desperdiçada Nº Refeições Servidas 1375 % RESTO/INGESTA 9,2 Refeições Desperdiçadas 126 Classificação BOM Fonte: Coleta de dados Quadro 7- Aceitação subjetiva do cardápio da Quarta feira. ACEITAÇÃO SUBJETIVA DO CARDÁPIO IMPLANTADO – QUARTA 23/09/09 Preparação Ótimo % Bom % Regular % Ruim % Total Salada Multi 23 30 28 36 21 27 5 6 77 Bife acebolado 7 9 16 21 31 20 23 30 77 Arroz refogado 16 21 35 45 19 25 7 9 77 Feijão carioca 19 25 41 55 16 21 1 1 77 Farofa 17 22 40 52 15 19 5 6 77 Total 82 21 160 42 102 26 41 11 385 Fonte: Coleta de dados Aceitação do cardápio _ Quinta-feira Na pesquisa direta dos 80 comensais voluntários contabilizaram-se 400 votos distribuídos nas preparações do dia, tendo uma aceitação classificada como boa – 53%, atendendo a maioria das expectativas da clientela, sendo o dia com maior percentual de aprovação dos comensais. Tal classificação provinda dos comensais não mostrou-se em conformidade com o índice-rejeito, classificado como regular com um desperdício de 158 refeições ( Quadro 8 e 9). Ao analisar as observações citadas pelos comensais, verificou-se a predominância de elogios realizados sobre o cardápio deste dia, tanto com relação ao tempero, como a cor do cardápio e sabor. 84 Quadro 8 - Aceitação do cardápio da Quinta feira. ÍNDICE DE REJEITO - QUINTA : 24/09/09 Preparação Peso Quantidade Peso Sobra Peso Sobra Peso da (kg) Produzida Prod. Limpa Limpo suja sobra Nº Consumido Peso Salada Crua 6 pl 13 pl 78 1 ½ pl 9 ¼ PL 1,5 11,25 pl 67,5 Frango à Suiça 13,05 19 pl 208,8 0 0 0 0 19 pl 208,8 17 cf 263,5 9 cf 139,4 ½ cf 7,75 9,5 cf 147,3 Consumido pl Arroz com 15,5 pimentão Fejão preto 23,5 15 cf 352,5 1 cf 23,5 ¼ cf 8,87 14 cf 329 Farofa fria 14,56 4 ½ cf 65,5 0 0 ½ ¼ cf 18,2 3,25 47,3 Tangerina 150 1220 183 60 9 0 1151,3 TOTAL 180,9 0 0 174 33,32 1160 973,9 RESULTADOS DO ÍNDICE REJEITO Previsão 1320 QpcC 0,750 Custo Unit. 3,28 Resto (Lixo) 118,8 RPC 0,092 Custo Ref. 518,24 Nº Refeições Servidas 1296 % RESTO/INGESTA 12,2 Refeições Desperdiçadas 158 Classificação Regular Desperdiçada Fonte: Coleta de dados Quadro 9- Aceitação subjetiva do cardápio da Quinta feira. ACEITAÇÃO SUBJETIVA DO CARDÁPIO IMPLANTADO – QUINTA - 24/09/09 Preparação Ótimo % Bom % Regular % Ruim % Total Salada Crua 27 34 38 48 12 15 3 4 80 Frango à Suiça 23 29 44 55 13 20 0 0 80 Arroz com 28 35 46 58 6 8 0 0 80 Fejão preto 14 18 47 55 14 18 5 6 80 Farofa fria 29 36 36 45 10 13 5 6 80 Tangerina 121 30 211 53 55 14 13 3 400 pimentão Fonte: Coleta de dados Aceitação do cardápio _ Sexta-feira Na pesquisa direta dos 142 comensais voluntários contabilizaram-se 710 votos distribuídos nas preparações do dia, tendo uma predominância de aceitação classificada como boa – 43%, atendendo a maioria das expectativas da clientela. No entanto, observa-se que a classificação do índice-rejeito, mostrou-se como regular, com desperdício de 161 refeições, mostrando uma discordância entre os dois tipos de métodos (Quadro 10 e 11). Ao analisar as observações citadas pelos comensais, verificou-se que as reclamações foram destinadas em especial à preparação implantada, apesar da mesma ter apresentado classificação “bom” como a predominante. Tal fato pode ser explicado pela preparação mostrar-se na distribuição com o aspecto quebradiço, proveniente da falha na cocção do feijão 85 branco, cujo tempo passou do recomendado, cozinhando demais, e, somado a isso, a preparação permaneceu muito tempo ainda no equipamento utilizado à sua cocção contribuindo ainda mais ao seu cozimento, tornando a preparação ainda mais seca que o planejado. Mesmo conhecendo o peso da subjetividade na aceitação do cardápio, observa-se que, de forma ampla, o acompanhamento do preparo de refeições com controle produtivo monitorado, poderá ser um viés controlado para o desperdício expressivo de alimentos no RU, bem como em qualquer UAN. Quadro 10- Aceitação do cardápio da Sexta feira. ÍNDICE DE REJEITO - SEXTA : 25/09/09 Preparação Peso Quantidade Peso Sobra Peso Sobra Peso da (kg) Produzida Prod. Limpa Limpo suja sobra Salada crua 5,7 pl 10 pl 57 0 0 0 0 10 pl 57 Churrasco 17,1 9 cf 153,9 0 0 0 0 9 cf 153,9 Arroz refogado 12 17 cf 204 0 0 ¼ cf 3 11,75 cf 201 Feijão branco 23 13 ¼ cf 166,75 0 0 1/5 cf 4,6 13,55 cf 311,65 Farofa 13,9 4 cf 55,6 0 0 1 cf 13,9 3 cf 41,7 Laranja 150 1586 237,9 405 0 60 875,15 TOTAL 60,8 Nº Consumido Peso Consumido 9 - 168,2 30,5 1121 933,45 RESULTADOS DO ÍNDICE REJEITO Previsão 1170 QpcC 0,833 Custo Unit. 4,46 Resto (Lixo) 134,4 RPC 0,120 Custo Ref. 718,06 Nº Refeições Servidas 1121 % RESTO/INGESTA 14,4 Refeições Desperdiçadas 161 Classificação REGULAR Desperdiçada Fonte: Coleta de dados Quadro 11 Aceitação subjetiva do cardápio da Sexta feira. ACEITAÇÃO SUBJETIVA DO CARDÁPIO IMPLANTADO – SEXTA 25/09/09 Preparação Ótimo % Bom % Regular % Ruim % Total Salada crua 40 28 63 44 33 23 6 4 142 Churrasco 37 26 56 39 30 20 19 13 142 Arroz refogado 32 23 50 35 38 27 22 15 142 Feijão branco 38 27 70 55 29 20 5 4 142 Farofa 37 26 65 46 26 18 14 10 142 Total 184 26 304 43 156 22 66 9 710 Fonte: Coleta de dados 86 4.4.3 Fatores promotores do desperdício de estoque no Restaurante Universitário da UFRN Esta etapa do levantamento de dados foi desenvolvida no período de 05 a 14 de outubro de 2009, dentro do espaço da pesquisa, sendo incluso um final de semana, que coincidia com a excepcionalidade da rotina. Para a coleta de dados foram desenvolvidos mapas de controle e para a análise dos cardápios. Primeiramente foram verificados os pedidos feitos junto aos fornecedores do restaurante, através da conferência dos pedidos de compra, dos recibos e dos mapas de recebimento e devolução de mercadorias, já existentes na UAN para controle dos alimentos destinados a produção de refeições. Como descritos nos quadros 12, 13 e 14 : QUADRO 12 – Controle dos pedidos realizados pelo Restaurante Universitário – coleta 1. Mercadoria Data do pedido Data do recebimento Qt. Pedida Quant. Recebida Carne bovina 1ª 30/09/09 07/10/09 590kg 587,2kg S: __ N:__ Carne de sol 1ª 30/09/09 05/10/09 300kg 300kg S: __ N:__ Carne de sol 2ª 30/09/09 05/10/09 69kg 69kg S: __ N:__ Carne de sol 2ª 30/09/09 07/10/09 101kg 101kg S: __ N:__ Coxa de frango 30/09/09 05/10/09 540kg 540kg S: __ N:__ Peito de frango 30/09/09 02/10/09 468kg 468kg Peito de frango 30/09/09 05/10/09 166kg 180kg S: __ N:__ Presunto 30/09/09 02/10/09 50kg 34kg S: __ N:__ Queijo mussarela 30/09/09 05/10/09 60kg 59,5kg S: __ N:__ Inhame 02/10/09 05/10/09 198kg 198kg S: __ N:__ Leite pasteurizado 02/10/09 05/10/09 300 L 300 L S: __ N:__ Abacaxi 05/10/09 09//10/09 150 un 150 un S: __ N:__ Abacaxi 05/10/09 06/10/09 50 un 50 un S: __ N:__ Acerola 05/10/09 06/10/09 120kg 124kg S: __ N:__ Cebola 05/10/09 09/10/09 95kg 95kg S: __ N:__ Cebola 05/10/09 06/10/09 100kg 100kg S: __ N:__ Cebolinha 05/10/09 08/10/09 10kg 10kg S: __ N:__ Cebolinha 05/10/09 06/10/09 7kg 7kg S: __ N:__ Cenoura 05/10/09 09/10/09 127kg 127kg S: __ N:__ Cenoura 05/10/09 06/10/09 100kg 100kg S: __ N:__ Coentro 05/10/09 06/10/09 10kg 10kg S: __ N:__ Fonte: Coleta de dados. 87 Devolução QUADRO 13 – Controle dos pedidos realizados pelo Restaurante Universitário – coleta 2. Mercadoria Pedido Recebimento Quant. Recebida Manga 05/10/09 06/10/09 150kg 150kg S: __ N:__ Maracujá 05/10/09 06/10/09 150kg 150kg S: __ N:__ Maxixe 05/10/09 06/10/09 15kg 15kg S: __ N:__ Melancia 05/10/09 06/10/09 13kg 13kg S: __ N:__ Melão 05/10/09 06/10/09 100kg 100kg S: __ N:__ Polpa de uva 05/10/09 - 120kg - S: __ N:__ Quiabo 05/10/09 06/10/09 15kg 15kg S: __ N:__ Tangerina 05/10/09 08/10/09 1500 un 1500 un S: __ N:__ Tangerina 05/10/09 06/10/09 1500 un 1500 un S: __ N:__ Tomate 05/10/09 09/10/09 150kg 150kg S: __ N:__ Alface 07/10/09 08/10/09 30kg 30kg S: __ N:__ Alho 07/10/09 08/10/09 20kg 20kg S: __ N:__ Banana 07/10/09 08/10/09 200kg 200kg S: __ N:__ Batata inglesa 07/10/09 08/10/09 150kg 150kg S: __ N:__ Cebola 07/10/09 08/10/09 155kg 155kg S: __ N:__ Cenoura 07/10/09 08/10/09 150kg 170kg S: __ N:__ Chuchu 07/10/09 08/10/09 60kg 60kg S: __ N:__ Coentro 07/10/09 08/10/09 10kg 10kg S: __ N:__ Jerimum 07/10/09 08/10/09 200kg 200kg S: __ N:__ Laranja 07/10/09 08/10/09 400kg 400kg S: X N:__ Limão 07/10/09 08/10/09 40kg 40kg S: __ N:__ Maçã 07/10/09 08/10/09 30kg 36kg S: X N:__ Mamão 07/10/09 08/10/09 40kg 40kg S: __ N:__ Maracujá 07/10/09 08/10/09 150kg 150kg Melancia 07/10/09 08/10/09 200kg 200kg S: __ N:__ Ovos 07/08/09 08/10/09 1020 un 1050 un S: __ N:__ Fonte: Coleta de dados. 88 Devol. QUADRO 14 – Controle dos pedidos realizados pelo Restaurante Universitário – coleta 3. Mercadoria Data do Data do recebimento pedido Quant. Quant. Recebida Devolução Pedida Pepino 07/10/09 08/10/09 56kg 56kg S: __ N:__ Pescada em posta 07/10/09 08/10/09 30kg 30kg S: __ N:__ Pimentão 07/10/09 08/10/09 30kg 30kg S: __ N:__ Salsicha 07/10/09 15/10/09 50kg 50kg S: __ N:__ Tomate 07/10/09 08/10/09 100kg 100kg S: __ N:__ Batata doce 1ª 08/10/09 13/10/09 121kg 121kg S: __ N:__ Carne de sol 1ª 08/10/09 13/10/09 288kg 288kg S: __ N:__ Carne de sol 2ª 08/10/09 13/10/09 120kg 120kg S: __ N:__ Cebolinha 08/10/09 13/10/09 10kg 10kg S: __ N:__ Coentro 08/10/09 13/10/09 10kg 10kg S: __ N:__ Coxa e sobrecoxa 08/10/09 09/10/09 1600kg 1600kg S: __ N:__ Filé de peixe 08/10/09 10/10/09 276kg 276kg S: __ N:__ Pé de porco 08/10/09 10/10/09 25kg 25kg S: __ N:__ Peito de frango 08/10/09 13/10/09 201,3kg 201,3kg S: __ N:__ Presunto de peru 08/10/09 10/10/09 47,4kg 47,4kg S: __ N:__ Tangerina 08/10/09 13/10/09 1500 un 1500 un S: __ N:__ Fonte: Coleta de dados. O mapa de recebimento dispõe das condições de transporte do alimento e no momento do recebimento, avaliando-se temperatura, estado de conservação, data de fabricação e validade, condições da embalagem, rotulagem (ANEXO 2). Já o mapa de devolução (ANEXO 3) continha o nome da mercadoria, a quantidade e o motivo pelo qual a mercadoria foi devolvida. O mapa desenvolvido para a conferência do recebimento continha o nome da mercadoria, a data em que foi realizado o pedido, a data do recebimento da mercadoria, a quantidade de cada produto pedido e a quantidade efetivamente recebida, caso houvesse devolução recorria-se ao mapa de devolução existente na UAN, para verificação do motivo. Concomitantemente, foi conferida a data de validade dos gêneros armazenados na área de estocagem dos produtos não perecíveis e foram coletados dados de gêneros perecíveis e 89 não perecíveis desperdiçados, anotando-se no mapa para esse fim, o nome da mercadoria, a quantidade desprezada, o motivo, a data e a preparação a que se destinava. Conforme quadro 15. QUADRO 15 – Controle do desperdício das mercadorias em estoque no Restaurante Universitário, no período da coleta. MERCADORIA QUANTIDADE Laranja 7kg Maracujá 3,5kg Batata inglesa Banana 1kg 16kg Arroz da terra 120kg Limão 4kg Lingüiça Calabresa Mamão 2,75kg 14,2kg PROBLEMA ENCONTRADO Presença de fungos Presença de fungos Partes estragadas Ponto de maturação elevado Ultrapassagem da data de validade Presença de fungos Presença de fungos Ponto de maturação elevado DATA PREPARAÇÃO 07/10/09 Sobremesa 08/10/09 Suco 08/10/09 14/10/09 Entradas Sobremesa 15/10/09 Acompanhamento 15/10/09 Suco 15/10/09 Prato principal 15/10/09 Sobremesa Fonte: Coleta de dados. Por último, foram analisados os cardápios do período compreendido, sendo verificado o que foi planejado para o período e o que foi executado, através da aferição do mapa de planejamento de cardápios para os 10 dias que coincidiram com o cardápio planejado, da conferência dos itens planejados, liberados e que foram anotados em instrumentos da própria UAN, um deles é o boletim de requisição (ANEXO 4), o qual possui a designação de todos os produtos perecíveis e não perecíveis além de produtos destinados à copa e cozinha, de material de limpeza e higienização, utensílios e fardamento. Nele todos os produtos são especificados através de um código, de uma unidade de medida e apresentam um valor referente a seu custo. Sendo preenchido nesse instrumento o quantitativo de gêneros solicitados e efetivamente entregues, o que gera um custo final para o produto. Com a realização da análise dos dados coletados através dos instrumentos anexados, foi possível chegar aos resultados evidenciados no quadro 16. 90 QUADRO 16 . Identificação das razões para desperdício de estoque da UAN do RU. Ações que levam ao desperdício Conseqüências Superprodução por liberação de matéria prima calculada de última hora Substituições de alimentos não planejados para Per capitas inadequados atender as necessidades imediatas Superprodução de refeições Planejamento Inadequado Organização inadequada do cardápio Utilização excessiva de alguns itens em detrimento de outros Ausência de margem de segurança Alteração do per capita Ausência de planejamento de frutas para sucos e sobremesas Pedido de compras sem definição precisa Fora do prazo Não foi identificado pedido de compras fora do prazo Fora do prazo Não foi identificado recebimento de compras fora do prazo Pedido Recebimento Áreas de armazenamento com capacidade pequena Armazenamento em comparação com a produção Fonte : Coleta de dados. Conservação inadequada dos alimentos 4.5 Elaboração do Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos no RU O modelo de referência proposto por Menezes e Menezes (1999) fornece diretrizes esquemáticas para a elaboração de um Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos como descrito anteriormente. Sua proposição é bastante similar ao Manual de Boas Práticas de Fabricação, proposto pela Resolução RDC nº 216 (BRASIL, 2004), tornando-o extremante conveniente e oportuno na elaboração de um plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos em Restaurantes, uma vez que sua dinâmica organizacional é perfeitamente aplicada em UANs. 91 CAPÍTULO 5 5. PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO RESTAURANTE DA UFRN. OBJETIVO Estabelecer orientações para aperfeiçoar as operações de manipulação de alimentos com objetivo de promover o Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos. Definindo padrão de qualidade e identidade dos insumos e dos produtos gerados, bem como operacionalização ambientalmente correta dos mesmos. TERMOS TÉCNICOS Adulteração: adição fraudulenta de substância imprópria ou desnecessária a outra substância (medicamento, combustível, alimentos, etc.). Armazenamento: é o conjunto de tarefas e requisitos para a correta observação de insumos e produtos terminados; Antisséptico ou sanificante, ou desinfetante: produto de natureza química utilizado para reduzir a carga microbiana a níveis aceitáveis e eliminar os microrganismos patogênicos. Boas Práticas (BP): são os procedimentos necessários para a obtenção de alimentos inócuos, saudáveis e sãos; Devem ser adotados na UAN para garantir a qualidade higiênico sanitária do alimento produzido. Estes procedimentos são baseados na legislação sanitária. Contaminantes:Substâncias de qualquer origem que sejam considerados nocivos a saúde humana ou que comprometam a sua integridade. Contaminação: presença de substâncias ou agentes estranhos, de origem química, física ou biológica que se considere nocivo ou não à saúde humana; Check-list: lista de verificação contendo os requisitos que devem ser verificados na auditoria interna. Tem como objetivo padronizar a auditoria. Contaminação cruzada: contaminação de um alimento para outro por substancias ou agentes estranhos, de origem biológica, física ou química que se considere nocivos ou não para a saúde humana, através do contato direto, por manipuladores ou superfícies de contato. Controle integrado: seleção de métodos de controle e o desenvolvimento de critérios que garantam resultados favoráveis sob o ponto de vista higiênico, ecológico e econômico. Desinfecção: Processo de redução, por meio físico ou químico (sanitizantes, álcool a70°, etc), o número de microorganismos que possam comprometer a qualidade higiênico sanitária do alimento. 92 Desinfestação: é a eliminação das pragas; DTAS:Doenças transmitidas por alimentos. EPI: Equipamentos de Proteção Individual: todo dispositivo de uso individual de fabricação nacional ou estrangeira destinada a proteger a saúde e a integridade física dos trabalhadores. EPC: Equipamentos de Proteção Coletiva: todo dispositivo de uso coletivo de fabricação nacional ou estrangeira destinada a proteger a saúde e a integridade física dos trabalhadores. FC: fator de correção é a perda em relação ao peso inicial, representada pelas partes não comestíveis dos alimentos; sobras ou excedentes que são os alimentos produzidos e não distribuídos e os restos dos alimentos distribuídos e não consumidos. Fracionamento de alimentos: são as operações pelas quais se fraciona um alimento, sem modificar sua composição original. GIRS: Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos. Higienização: procedimentos de limpeza e sanificação. Limpeza: é a eliminação da terra, restos de alimentos, pó ou outras matérias indesejáveis . Manual de boas práticas de fabricação (MBPF): Documento que descreve como deverão ser as operações realizadas pelo estabelecimento baseadas em aspectos exigidos pela lei sanitária. Manipulação de alimentos: são as operações que se efetuam sobre a matéria-prima até o produto terminado, em qualquer etapa do processamento, armazenamento e transporte. Medida de controle: Procedimento preventivo para eliminar algum agente físico, químico ou biológico que possa comprometer o produto final produzido. Monitorização: inspeção de indícios de focos com registro de ocorrências em planilhas próprias, servindo para análise da eficiência do programa e necessidade de implementação de ações preventivas e corretivas. Não-conformidade: não atendimento de um requisito especificado em legislação sanitária. Organismo competente: é o organismo oficial ou oficialmente reconhecido ao qual o Governo outorga faculdades legais para exercer suas funções. Produção/ elaboração/ manipulação: é o conjunto de todas as operações e processos praticados para a obtenção de um alimento; Praga: Todo agente animal ou vegetal que possa ocasionar danos materiais ou contaminações com riscos à saúde, segurança e qualidade; Perigo: contaminação inaceitável de natureza biológica, química ou física que pode causar dano à saúde ou integridade do consumidor. 93 POP – procedimento operacional padrão: procedimentos operacionais padronizados e documentados em forma de planilhas ou check list apropriado. Procedimento descrito que estabelece a sequência das operações rotineiras e específicas da produção do alimento. Qualidade higiênico Sanitária: Produto final apresentado em condição de consumo por limpeza, redução de microorganismos e mantendo a saúde do consumidor. RU: Restaurante Universitário Sanificação /desinfecção: Ação de eliminar microorganismos patogênicos reduzindo-os a níveis considerados seguros. Seguro/ inócuo: que não oferece risco à saúde e a integridade física do consumidor. UAN: Unidade de alimentação e Nutrição. 4.5.1 ETAPA 1- Identificação do gerador Identificação do empreendimento: RAZÃO SOCIAL:Universidade Federal do Rio Grande do Norte. NOME FANTASIA: Restaurante Universitário. REGISTRO DA EMPRESA: CNPJ: 24.365.710/0001-83. ENDEREÇO DA EMPRESA: Av. Senador Salgado Filho, 3000, Campus Universitário, Lagoa Nova, Natal, RN. CEP 59072-970. Telefones: 3215-3316/ 3317/ 3318. Unidade RU Biomédica – Centro de Ciências da Saúde (CCS). Fone: 3215-5546. EMAIL: [email protected]. Informações gerais quanto à tipologia do empreendimento: descrição da atividade, fluxograma e os procedimentos realizados no empreendimento; A UAN encontra-se subordinada à Pró Reitoria de Assuntos Estudantis e à Reitoria, sendo a origem dos recursos destinados ao financiamento desta, procedentes do Governo Federal. A mesma encontra-se representada literal e graficamente segundo o Estatuto da Universidade. O Restaurante Universitário tem como clientela a Comunidade Universitária. Os números médios de refeições atendidas diariamente são: Desjejuns (apenas para residentes no RU Central) -160 cafés da manhã, almoços – 1600 refeições e jantares – 500 jantares. Para o Restaurante Universitário da Biomédica são enviados itens para confecção individual dos desjejuns, em média para 190 residentes, são servidas 280 refeições de almoço e 90 jantares, aproximadamente. 94 O tipo de serviço é próprio, com produção centralizada e distribuição mista. Sendo produzidas e distribuídas no RU Central todas as refeições e no RU Biomédica, apenas distribuídos os almoços e jantares. O Restaurante Universitário conta com funcionários as quais categorias serão descritas posteriormente. Alguns estão trabalhando em escala 12/36h (divididos em duas turmas) e outros cumprem escala de 44 horas por semana. Na seleção de pessoal, parte dos funcionários públicos foram recrutados após concurso público e os terceirizados foram recrutados e selecionados por duas empresas distintas uma responsável pela higienização ambiental e outra para os serviços de alimentação de acordo com o perfil solicitado. A execução de suas operações obedece a fluxograma seguido esquematicamente na figura 10. Figura 10 – Fluxograma das operações executadas na UAN do RU. Fonte: Coleta de dados no local. 95 RECEBIMENTO O recebimento de mercadorias é feito na plataforma de descarga que deve situar-se em áreas externas ao prédio, próximo à estocagem, e ser de fácil acesso aos fornecedores. Nela são recebidos os alimentos não perecíveis, perecíveis, material de limpeza e descartáveis, bem como material de expediente. A área de recebimento do Restaurante Universitário possui uma plataforma de descarga na área externa, próxima às áreas de estocagem, onde os caminhões dos fornecedores têm fácil acesso. Esse recebimento é feito pelo almoxarife, com a supervisão de estagiários de nutrição. O RU é dotado de um local para inspeção, pesagem e higienização dos gêneros sendo este um prolongamento da plataforma de descarga; e dispõe de espaço suficiente para acomodar mercadoria no momento do controle. ESTOCAGEM Local destinado à guarda de gêneros alimentícios, deve localizar-se junto à área de recepção e ser acessível à área de processamento, evitando o transporte de gêneros a longas distâncias, assim como a circulação de pessoas estranhas à UAN. No RU esta área está localizada de acordo com a recomendação. Área para armazenagem de alimentos à temperatura ambiente O almoxarifado (ou despensa) é a área destinada à estocagem de gêneros de maior conservação à temperatura ambiente. O RU está de acordo com as normas da nutrição uma vez que possui área exclusiva de estocagem de gêneros alimentícios, não misturando com material de limpeza; ambiente climatizado, que impede temperaturas muito altas; estrados de PVC; porta única, alta e larga; piso de cerâmica; janelas com visores de vidro; móveis para escritório para processamento dos trabalhos administrativos. Apesar da grande funcionalidade da despensa do RU, que vai além da função de despensa desta UAN, vimos que o armazenamento, liberação e controle dos gêneros é bastante organizado. 96 Área para armazenagem refrigerada Destina-se à estocagem de gêneros perecíveis em condições ideais de temperatura e umidade. O Restaurante Universitário conta com câmara de frutas, verduras e ovos; câmara de frutas, sobremesas e sobras reutilizadas; câmara de carnes resfriadas, embutidos, leite e derivados; câmara de congelamento e sobras limpas reaproveitadas. Estas câmaras frias obedecem as seguintes características: possuem uma antecâmara, para proteção térmica; revestimento de material lavável e resistente; porta hermética revestida em aço inox e com dispositivos de segurança, permitindo a abertura por dentro e marcadores de temperatura com mostradores do lado externo. Área para armazenamento de material de limpeza Na UAN em questão há uma área destinada ao armazenamento de material de limpeza. Há também uma área própria para armazenamento de descartáveis. Porém, a área destinada ao material de limpeza também serve como depósito de materiais em desuso como monitores e equipamentos quebrados. PRODUÇÃO Áreas para processamento A área de processamento será subdividida nas unidades operacionais de preparos prévios, cocção, expedição de preparações e higienização dos utensílios de cozinha. Área para preparações prévias Neste local serão localizadas as operações preliminares de confecção, podendo a área ser subdividida em: preparo de carnes, verduras, sobremesas, sucos, etc. A UAN do RU conta com área de preparo de carnes, devidamente climatizada e separada por divisórias das outras áreas. Possui também área de vegetais onde são realizados os preparos de saladas e de sucos, também devidamente climatizada e separada por divisórias. Dispõe de um balcão inox apropriado para escolha de cereais, bem como ponto de água para posterior lavagem. 97 Área para cocção A área de cocção, inserida na unidade operacional de processamento se situa entre a área de preparo prévio e a de expedição de equipamentos necessários a esta fase, organizada seguindo um fluxo racional, e balcões de apoio específico aos tipos de equipamentos. Área para higienização dos utensílios utilizados no processamento - copa de panelas No RU não há delimitação do local, com divisórias de parede e esse é muito pequeno e próximo à área de cocção. É observado também que tal área de lavagem é separada da área de guarda de panelas, porém, a reforma projeta a união destas duas áreas, climatizando a de lavagem. DISTRIBUIÇÃO A modalidade de distribuição do RU apresenta refeições que são distribuídas através de balcão térmico (preparações quentes e frias), em duas linhas de distribuição, utilizando-se bandejas e copeiros. No local em questão o próprio comensal se serve, sendo porcionada apenas a preparação protéica. Salão de refeições Este é o local onde os comensais fazem suas refeições. Está situado em um ponto que facilita o transporte da refeição pronta, preservando o grau de higiene e propriedades organolépticas e, além disso, de fácil acesso dos comensais. O refeitório está em bom estado de conservação e é bastante amplo, permitindo a boa circulação dos comensais, além de contar com várias janelas que promovem a circulação de ar. Apresentam duas copas de apoio para distribuição e outras duas para recolhimento e higienização de pratos, copos e talheres, além de dois banheiros, sendo um feminino e outro masculino. Área de higienização das bandeja Esta área é adjacente ao salão de refeições, comunicando com este através de guichê, para recepção de material usado. Este aspecto é observado no RU, que apresenta duas copas de lavagem, porém apenas uma está em funcionamento. 98 DESCARTE Área para armazenamento do lixo Esta área está localizada na parte externa da UAN, onde o lixo é estocado para posterior coleta pelo carro do lixo, que é feita diariamente. CARDÁPIO RU Quanto ao cardápio oferecido pelo RU temos a composição de refeições descritas esquematicamente abaixo: DESJEJUM: Café / Pão / Fruta Um gênero lácteo: Bebida láctea, leite, leite maltado, papas ou vitaminas. Um item protéico: Presunto, queijo, ovo, salsicha ou mortadela. Um acompanhamento: Bolo, cuscuz, mungunzá. Margarina ou manteiga (para pães/bolachas). ALMOÇO: Saladas diversas - Cruas e cozidas (servida apenas uma opção). Carnes diversas (Frango, Carne bovina e Peixes) – cozidas, assadas e fritas. Acompanhamentos – Arroz com variações ou macarrões com variações. Feijões (Branco, Carioca e Preto). Farofas diversas. Sucos de frutas e polpas. Sobremesas – Frutas, sobremesas elaboradas, doces e rapaduras. JANTAR: Entradas – Sopas diversas, mungunzá ou papas variadas. Carnes diversas (Frango, Carne bovina e Peixes) – cozidas, assadas e fritas. Acompanhamentos – Arroz com variações ou macarrões com variações. Ou Cuscuz com variações. Ou Tubérculos. Bebidas – Suco, Café, Capuccino, Café com leite ou Leite Maltado. Sobremesas – Frutas diversas. Pães variados ou bolachas ou bolos diversos. 99 o Planta baixa de localização e implantação da área física: Layout com descrição na figura 11 e planta baixa na figura 12 . Lay-out: Figura 11 – Layout da UAN do Restaurante Universitário. CASA DE LIXO RECEPÇÃO 2 LAVAGEM 3 1 ADMINISTRAÇÃO ALMOXARIFADO 5 4 6 PRÉ-PREPARO CARNES 7 NUTRIÇÃO 8 GÁS WCS ♂ E ♀ 9 S U C O S PRÉ-PREPARO VEGETAIS Copa panelas DESPENSA COCÇÃO FORNOS WC COPA DISTRIBUIÇÃO COPA ♀ WC ♂ REFEITÓRIO Fonte : Coleta de dados. LEGENDA: 1- Gerador; 6 – Antecâmara; 2- Maquinários das câmaras; 7- Câmara fria de carnes e frios; 3- Depósito; 8- Câmara fria de congelados; 4- Câmara fria de alimentos pré- preparados; 9- Preparo de sobremesas. 5- Câmara fria de hotifruti; 100 Figura 12 – Planta baixa da UAN do Restaurante Universitário. Fonte: Coleta de dados. 101 o Número de funcionários (efetivos e terceirizados); O quadro de funcionários é composto por 14 funcionários federais, 02 nutricionistas contratadas pela FUNPEC e 40 funcionários terceirizados (Quadro 17). Quadro 17- Quadro técnico com o número de funcionários do Restaurante Universitário. FUNÇÃO QUANTIDADE QUANTIDADE TERCEIRIZADO FEDERAL Supervisão /Nutricionista - 01 Nutricionista de Produção 02 02 Auxiliar administrativo - 01 Auxiliar de Nutrição e - 02 Armazenista 01 - Despenseiros 02 Cozinheiros 06 03 Copeiros 10 02 Auxiliar de cozinha 06 Estagiários (a) de Nutrição 10 01 Auxiliar de limpeza 05 01 (**) Jardineiro 01 01 Motorista 02 - Bolsista administrativo 05 - TOTAL 50 14 Dietética (**) Funcionário com lotação diferenciada. Fonte : Coleta de dados. o Horário de funcionamento; O Restaurante Universitário inicia seu expediente interno às cinco horas para preparo do desjejum de residentes. Seu expediente externo inicia às 06h30min até 07h30min para desjejum de residentes. O almoço e jantar abrangem toda a Comunidade Universitária (Docentes, funcionários e discentes) e o horário referente à distribuição do almoço inicia às 11h e finaliza-se às 13h30min. O jantar tem seu início às 17 h e finaliza-se às 19h (Segunda a sexta). Sábados e domingos: desjejuns das 7h às 8h e almoços das 11h às 13h e o jantar apenas no sábado das 17h às 18h30min. O domingo sendo fornecidas quentinhas para jantar, no horário do almoço (Horário externo 11h às 12h). 102 o Informações sobre reformas e perspectivas de ampliações no empreendimento. O Restaurante Universitário está situado em piso térreo, em bloco isolado, de formato retangular, permitindo neste contexto a possível ampliação das instalações e facilitando a iluminação, ventilação natural e acesso dos funcionários, comensais e fornecedores. O formato do local favorece disposição dos equipamentos, distribuição dos setores de trabalho, reduzindo caminhadas, conflitos de fluxos, reduzindo fases operacionais e facilitando a supervisão. Geograficamente se posiciona voltado para o nascente, proporcionando conforto térmico. Sua área aproximada é de 1367 m2 e está posicionado dentro do campus da UFRN, facilitando assim o acesso para a comunidade universitária. Para melhoria da sua ambientação uma proposta de reforma foi iniciada em 2010, sem data firmada para conclusão final determinada. o Indicações dos responsáveis técnicos: pelo estabelecimento, pela elaboração e aplicação do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos; RESPONSÁVEL TÉCNICO: Kátia Maria Bezerra da Silva. NUTRICIONISTAS DA UAN: Alzeneide Fernandes de Oliveira. Cláudia Maria de Figueiredo Moreira Leite Carneiro. Maria Goretti Castro. Michelle de Medeiros Mendes. RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DO PLANO: Cláudia Maria de Figueiredo Moreira Leite Carneiro. 4.5.2 Etapa II – Diagnóstico atual Elaboração do diagnóstico da situação atual No processo produtivo do Restaurante Universitário há a geração de resíduos orgânicos e inorgânicos. O lixo orgânico tem origem animal ou vegetal, compostos por restos de comida, cascas, bagaços de frutas, verduras, ovos, alimentos impróprios para consumo, etc. Este material é considerado poluente, altamente inatrativo e mal cheiroso, normalmente devido à decomposição destes produtos. O mau armazenamento desses resíduos cria-se um ambiente 103 propício ao desenvolvimento de microorganismos que atuam como agentes que podem causar doenças e ainda atrair vetores como moscas, mosquitos, baratas e roedores, os quais encontram no lixo do alimento, abrigo e condições adequadas de proliferação. Atualmente, quanto à destinação final de compostos orgânicos no RU - UFRN, parte deles vão para a Escola Agrícola de Jundiaí e na sua grande maioria é coletado por serviço próprio da UFRN e enviado para o Aterro sanitário de Ceará Mirim. Sendo este mesmo caminho realizado para resíduos sólidos inorgânicos, ambos compostos sem medição ou diagnóstico qualitativo ou separação por categorias e classes. Existe um projeto implantado no Campus denominado PROGIRES sendo marcado por um conjunto de projetos, ações, planos e normas destinados a promover e regular a concepção, implementação e administração do gerenciamento dos resíduos gerados na UFRN. Abrangendo as atividades de coleta, armazenamento, tratamento e destinação final dos resíduos gerados na Universidade. O programa tem como objetivos reduzir e controlar os impactos causados sobre o ambiente pelos resíduos produzidos na UFRN em suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. As ações do programa visam reduzir à geração de resíduos e adequar à segregação na origem; controlar e reduzir riscos ao meio ambiente e à saúde humana; assegurar o correto manuseio e disposição final dos resíduos. O vínculo de contato com o programa PROGIRES será apresentado no tópico da destinação dos resíduos. o Avaliação das quantidades e dos tipos de resíduos gerados pela empresa: Condições de segregação, acondicionamento, transporte interno e externo, estocagem, forma de tratamento ou destinação final adotados. As quantidades e os tipos de resíduos gerados no RU são descritos na tabela 4. 104 Tabela 4- As quantidades e os tipos de resíduos gerados no RU. RESÍDUOS SEMANA/kg FIM DE SEMANA/kg TOTAL/ kg Segunda a Sexta Sábado e domingo Segunda a domingo Papel/papelão 21,6 3,13 24,73 Vidros 11,88 1,81 13,69 Latas 272,46 43,59 316,05 Resíduos e aparas/ preparo 5.276,07 1.099,5 6.375,57 Restos e sobras 3.181,13 418,2 3.599,33 Outros componentes 880.05 132,01 1.012,06 Fonte: Coleta de dados. Suas condições de segregação inexistem. Todo resíduos gerado, excetuando restos dos pratos das bandejas do refeitório, que fica somente com resíduos orgânico a fim de favorecer o cálculo do rejeito, os demais resíduos são todos colocados conjuntamente em sacos plásticos e depositado na “casa do lixo”. As propostas para segregação e manuseio serão dispostas na descrição dos fluxos dos resíduos para cada grupo com manuseio e acondicionamento adequado. Inicialmente, os resíduos ficam acondicionados em sua área de geração, sem segregação por tipos, em depósitos de inox sem acionamento manual, obedecendo à legislação da nutrição. A coleta é realizada em 02 momentos definidos – finalização da produção pela manhã e o outro na finalização da produção à tarde, ou sempre que necessário ou que solicitado pelas nutricionistas do local. Transporte interno e externo é realizado manualmente, com auxílio de carros de inox, reservados exclusivamente para este fim. O horário do seu transporte não pode coincidir com o recebimento de gêneros, uma vez que a porta de entrada de gêneros é a mesma da saída do lixo, para não contrariar legislação da Nutrição e não permitir a contaminação cruzada, fornecendo perigo à inocuidade dos alimentos recebidos. A estocagem é feita numa área denominada de casa do lixo com 9 m2, com recomendação segundo Silva filho (1999) , de 18,9%, com índice de adequação de 47,6%. O que implica numa coleta em dias alternados, para não haver acúmulo excessivo de resíduos. Inexiste forma de tratamento e destinação final é com todos os resíduos misturados, enviados por carro da própria instituição para aterro sanitário em Ceará Mirim. o A Identificação e quantificação dos pontos de geração dos resíduos, classificando-os segundo classe correspondente. Os pontos de geração de resíduos foram identificados. A tabela 5 mostra o quantitativo dos resíduos sólidos orgânicos e inorgânicos produzidos mensalmente no RU. 105 Tabela 5: Quantidade (em kg) de resíduos orgânicos e inorgânicos, na semana e no fim de semana, produzidos na UAN do RU no período de 31 dias. DIAS SEMANA (21 Orgânico (kg) 8.457,2 Média (kg) 402,72 1.517,7 9.974,9 diária % Inorgânico (kg) 84,79 1.114,8kg Média (kg) 53,97 diária % 151,77 15,21 49,6kg 4,96 4,26 321,77 100 1.164,4 37,56 100 95,74 dias úteis) Segunda a Sexta FIM DE SEMANA (10 dias –Sábado e domingo) MÊS (31 dias) Segunda a domingo Fonte: coleta de dados. O motivo pelo qual se observou uma queda na produção de resíduos inorgânicos nos fins de semana se deu, além da diminuição da produção de refeições, que gera a diminuição de frascos, embalagens e caixas de alimentos, ao não recebimento de mercadorias nesse período, diminuindo o quantitativo de caixas de papelão e plásticos, a não utilização de copos descartáveis e a diminuição do número de funcionários e de comensais. A Figura 13 mostra a quantidade geral em kg de resíduos sólidos produzido durante o mês (31 dias) , a semana (21 dias) e o fim de semana (10 dias). Figura 13: Peso em kg dos resíduos sólidos produzidos na UAN do RU, no período de 1 mês, separados por mês, semana e fim de semana. 12000 10000 8000 6000 Total 4000 Orgânico 2000 Inorgânico 0 Mês Semana Fim de semana Fonte: Coleta de dados. 106 Do valor total de lixo orgânico foi feita a separação dos resíduos provenientes do prépreparo e preparo dos alimentos (produção), que equivaleu a cerca de 64% (6375,57kg) e dos resíduos provenientes do rejeito do refeitório, aproximadamente 36% (3599,33kg) do valor total. Esse quantitativo revelou que na semana têm-se uma média diária de 251,24 kg de lixo produzido e no fim de semana média de 109,95 kg, lixo este proveniente da produção das refeições (tabela 5). Para o rejeito do refeitório tal quantitativo teve média de 151,48 kg na a produção semanal e média de 41,82 kg na produção diária dos fins de semana. A Tabela 6 mostra a quantidade de resíduos orgânicos provenientes da produção das refeições e do rejeito do refeitório. Tabela 6: Quantidade ( em kg) de resíduos orgânicos da produção de refeições e do rejeito proveniente do refeitório, na semana e no fim de semana, produzidos na UAN do RU no período de 31 dias. Produção (kg) Média % diária Refeitório Média (rejeito) (kg) (kg) diária % (kg) SEMANA (21 dias 5.276,07 251,24 82,75 3.181,13 151,48 88,38 1.099,5 109,95 17,25 418,2 41,82 11,61 6.375,57 205,66 3.599,33 116,10 100 úteis) Segunda a Sexta FIM DE SEMANA (10 dias –Sábado e domingo) MÊS (31 Segunda dias) 100 a domingo Fonte: coleta de dados. Com base nos dados apresentados, podemos calcular o per capita médio de resíduos sólidos produzidos pelos comensais do RU, durante a semana e nos finais de semana, visto que nos finais de semana há um declínio na produção desses resíduos. O mês analisado apresentou 4 semanas, totalizando 21 dias úteis. Considerando a produção semanal de aproximadamente 9.572kg/comensal/dias da semana (úteis) de resíduos sólidos, e sabendo que durante esses 21 dias passam cerca de 47.467 comensais na linha de distribuição, têm-se um per capita médio de resíduo sólido de 0,2kg/ comensal/dia. 107 Analisando que foi produzido cerca de 8.457,2kg de lixo orgânico e 1.114,8kg de inorgânico, observaram-se os per capitas diários de 0,2kg/comensal/dia da semana e 0,02kg/comensal/dia da semana, respectivamente. Para os fins de semana (10 dias) a média diária do número de refeições, considerando as 650 refeições do sábado e 500 refeições do domingo foi de 575. Com base nesse valor e no quantitativo de resíduo sólido produzido nos fins de semana (1.567,3kg), têm-se um per capita de produção diária de 0,3kg/comensal/dia, dos quais 0,3kg são de lixo orgânico e 0,01kg de inorgânico/ comensal/dia. Quanto ao rejeito semanal, o RU produziu cerca de 3.181,13kg durante os 21 dias úteis da semana, que dividido pela média de refeições deste mesmo período (2260) correspondeu a um per capita de 0,01kg/comensal/dia de lixo orgânico (contando com ossos e casca de frutas, quando presentes). Nos cinco fins de semana do mês de estudo, foram obtidos 418,2kg de rejeito e tendo a média de 575 comensais, o per capita diário calculado foi de 0,01kg/comensal/dia. Este cálculo poderá fornecer auxílio para adequação da área de deposição temporária, caso haja necessidade por aumento da demanda. Observando resultados para a caracterização segundo à natureza segundo classificação de Kinacz (2007) temos a tabela 7: Tabela 7 - Caracterização segundo à natureza baseada na classificação de Kinacz (2007). RESÍDUOS SEMANA/kg FIM DE TOTAL/ kg/ Segunda a Sexta SEMANA/kg Mês % Sábado e domingo % Segunda a domingo Papel/papelão 21,6 83,7 3,13 12,7 24,73 Vidros 11,88 86,8 1,81 13,2 13,69 Latas 272,46 86,2 43,59 13,8 316,05 Resíduos e aparas/ 5.276,07 82,8 1.099,5 17,2 6.375,57 Restos e sobras 3.181,13 88,4 418,2 11,6 3.599,33 Outros componentes 880.05 87,0 132,01 13,0 1.012,06 preparo Fonte: Coleta de dados. 108 Identificação de pontos de desperdício, perdas, não segregação e formas inadequadas de condições de segregação, acondicionamento, transporte interno e externo, estocagem, forma de tratamento ou destinação final adotados. Os principais pontos de desperdícios identificados foram em três setores distintos: a produção (cozinha) com 75,23%, a devolução (copa de bandejas e pratos) com 22,02% de resíduos gerados e almoxarifado com 2,75%. Dentro dos aspectos operacionais e subjetivos para a geração de Resíduos Sólidos, o fator de correção (FC) é bastante relevante e alto. Para melhor visualização dos resíduos desperdiçados são descritos os FCs do RU no quadro 18. Quadro 18 – Fatores de correção do Restaurante Universitário. FC ALIMENTOS Alface Alho Batata Doce Batata Inglesa Beterraba Carne moída Carne bife Carne de sol Cebola Cebolinha Cenoura Chuchu Coentro Fígado Frango coxa/sobrecoxa Frango peito Jerimum Lombo Macaxeira Melancia Melão Peixe agulhão 2,00 1,04 1,05 1,27 1,33 1,2 1,17 1,05 1,59 1,25 1,53 1,61 1,2 1,12 1,14 1,05 1,38 1,07 1,67 1,02 1,07 1,04 APROVEIT/KG 500 962 952 787 752 833 855 952 629 800 654 621 833 893 PARTE DESPREZ/G 500 38 48 213 248 167 145 48 371 200 346 379 167 107 % APROVEITADA 50 96 95 79 75 83 85 95 63 80 65 62 83 89 877 952 725 935 599 980 935 962 123 48 275 65 401 20 65 38 88 95 72 93 60 98 93 96 109 FC ALIMENTOS Pepino Pimentão Repolho Tomate Vagem 1,29 1,2 1,24 1,17 1,34 1,65 APROVEIT/KG 775 833 806 855 746 PARTE DESPREZ/G 225 167 194 145 254 % APROVEITADA 78 83 81 85 75 606 500 662 980 662 649 617 394 500 338 20 338 351 383 61 50 66 98 66 65 62 Abacaxi Banana 2,00 Quiabo 1,51 Maxixe 1,02 Quiabo 1,51 Frango Carcaça 1,54 Laranja 1,62 Fonte: coleta de dados. Analisando, por sua vez a predominância das reclamações existentes no cardápio, verificou-se fundamentais algumas informações citadas pelos comensais que refletem nos processos dos processos produtivos de cocção, cortes, apresentação e sabor das preparações, por estarem inadequados, gerou uma insatisfação e devolução excessiva em bandejas. Para o desperdício no almoxarifado, observou-se a partir da realização da análise dos dados foi possível chegar aos resultados evidenciados no quadro 19. Quadro 19 . Identificação das razões para desperdício de estoque da UAN. Ações que levam ao desperdício Conseqüências Superprodução por liberação de matéria prima calculada de última hora Substituições de alimentos não planejados para atender as necessidades imediatas Per capitas inadequados Superprodução de refeições Planejamento Inadequado Organização inadequada do cardápio Utilização excessiva de alguns itens em detrimento de outros Ausência de margem de segurança Alteração do per capita Ausência de planejamento de frutas para sucos e sobremesas Pedido de compras sem definição precisa 110 Ações que levam ao desperdício Conseqüências Não foi identificado pedido de compras fora do prazo Fora do prazo Pedido Não foi identificado recebimento de compras fora do prazo Recebimento Fora do prazo Armazenamento capacidade pequena em comparação com Áreas de armazenamento com a produção Conservação inadequada dos alimentos Fonte: Coleta de dados. o Ações preventivas direcionadas a não geração e minimização dos resíduos. A quantidade de resíduos sólidos produzido pelo Restaurante Universitário da UFRN é alta, assim como a quantidade de restos produzidos pela Unidade, o que requer monitoramento constante no planejamento de cardápios, definição de estratégias de redução, tais como, treinamento de manipuladores para fator de correção, porcionamento adequado de pratos, utensílios de distribuição em tamanho correto, controle operacional e padronização das preparações (padrão de cocção, tipos de cortes corretos, utilização de temperos em quantidades adequadas, formas de descongelamento adequado, etc), a revisão dos per capitas de alimentos oferecidos, monitoração dos pedidos a fornecedores, bem como padrão de qualidade nos recebimentos e conscientização dos usuários sobre o desperdício. Levantamento de custos envolvidos nas atividades de gerenciamento. Para execução da implantação do gerenciamento será necessário a aquisição o material descrito abaixo no quadro 20, baseados no preço disponibilizado no SIPAC - Sistema Integrado de Patrimônio, Administração e Contratos da UFRN: 111 Quadro 20 – Custos para execução das atividades para implantação do GIRS. ATIVIDADE PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL MATERIAL CUSTO UNITÁRIO Resma de papel reciclado 9,57 Caneta esferográfica 0,23 Multimídia – Data show A unidade dispõe Cartolinas 0,30 Caneta pincel grosso 3,85 Tesoura 2,22 Fita adesiva 0,37 Grampeador 3,36 Grampo 1,30 Pasta arquivo com trilho 4,75 Mural de avisos A unidade dispõe Sacos coloridos para implantação da coleta seletiva (130 L) Marron Verde SEGREGAÇÃO DE RESÍDUOS Azul Amarelo Depósitos de lixo identificado com cores da coleta seletiva. Vermelho Cinza e Preto (**) Especificações a parte). CONAMA –RDC 275/2001. Ampliação da área de acondicionamento. Área de tratamento dos resíduos. ACONDICIONAMENTO Separação de área de acondicionamento para resíduos orgânicos e inorgânicos Fonte: Coleta dos custos no SIPAC – Abril/2011. 112 TODAS AS PROPOSTAS FORAM ACATADAS NA REFORMA DO RU Insumos para coleta seletiva - cada de sacos pacote vem com 100 unidades, descritos quadro 21. Quadro 21- Custos de insumos para a Coleta Seletiva. SACOS – 130 L QUANTIDADES/MENSAL CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL MARROM – Resíduo 2.550 29,77 774,02 400 29,77 119,08 100 9,90 9,90 100 29,89 29,89 100 29,43 29,43 100 28,99 28,99 100 29,87 29,87 04 UNID 421,00 1.684,00 Orgânico CINZA Resíduos não recicláveis PRETO Lixo comum VERDE Vidro AZUL Papel AMARELO Metal VERMELHO Plástico CONTEINER PARA COLETA SELETIVA CAPACIDADE (430 L) TOTAL GERAL 2.705,18 TOTAL PARA SACOS 1.021,18 Fonte: Coleta dos custos no SIPAC – Abril/2011. 113 o Resíduos gerados : Os resíduos orgânicos produzidos no RU são compostos basicamente por cascas de frutas e verduras, sementes, caroços, restos de comida, aparas, vegetais deteriorados, entre outros, verifica-se que um meio para minimizar o quantitativo destes, é propor estratégias como, uma melhor adequação no planejamento dos cardápios, que consequentemente possibilitará maiores ajustes quanto ao pedido de gêneros e utilização destes, evitando também a deterioração de alguns vegetais; uma maior observação dos cortes utilizados no prépreparo das refeições, para verificar se há erros ou desperdício; um maior cuidado quanto a etiquetagem que identificam as sobras, para que estas sejam reutilizadas antes de precisarem ser descartadas; a diminuição dos per capitas de algumas preparações, por meio de um trabalho contínuo de abordagem dos comensais através de ferramentas educativas, mostrando inclusive dados numéricos do desperdício; atentando cada vez mais para a elaboração de cardápios atrativos e saborosos; conversando com os colaboradores, buscando despertá-los para a minimização do desperdício; e implantando algumas preparações que possam reutilizar aparas que seriam desprezadas. Observando resultados para a caracterização segundo à natureza segundo classificação de Kinacz (2007) temos (Tabela 8): Tabela 8 - Caracterização segundo à natureza segundo classificação de Kinacz (2007). RESÍDUOS SEMANA/kg FIM DE SEMANA/kg TOTAL/Kg Papel/papelão 21,6 3,13 24,73 Vidros 11,88 1,81 13,69 Latas 272,46 43,59 316,05 Resíduos e aparas/ preparo 5.276,07 1.099,5 6.375,57 Restos e sobras 3.181,13 418,2 3.599,33 Outros componentes 880.05 132,01 1.012,06 Fonte: Coleta de dados. 114 o Classificação do resíduo gerado, com sua respectiva classe. De acordo com a RDC ANVISA nº 306/04 e Resolução CONAMA nº 358/05, os RSSS encontrados no RU são classificados em cinco grupos, de acordo com descrição abaixo: Grupo A – resíduos orgânicos, com freqüência de geração diária. Grupo B – produtos de limpeza, desincrustantes e sanitizantes. Com freqüência de geração diária; Grupo C – nenhum resíduo gerado contém radionuclídeos; Grupo D – resíduos domésticos comuns, com freqüência de geração diária; Grupo E –Facas, equipamentos e cubas antigas. Com freqüência de geração esporádica. O fluxo dos resíduos para cada grupo o manuseio e acondicionamento As classes de resíduos, seus tipos, manuseio e acondicionamento estão descrito no quadro 22. O fluxo dos resíduos está definido por área de recebimento e padronizado pela coleta seletiva. A área que não tem descrição de setor é porque não recebe os referidos resíduos. Os fluxos dos resíduos recebidos e descartados no Restaurante Universitário que as caixas de textos estiverem sem identificação representa que o resíduos não é gerado neste local e consequentemente não há descarte. Ex : = Então referida área não recebe, nem gera metal. Todos os resíduos gerados, em quaisquer áreas que seja, retorna para a casa do lixo. Sequencialmente serão dispostos os fluxogramas, identificados de acordo com as cores da coleta seletiva, na ordem abaixo: Plástico (Figura 14). Papel (Figura 15). Metal (Figura 16). Orgânico (Figura 17). Não recicláveis (Figura 18). Vidro (Figura 19). Lixo comum (Figura 20). 115 Quadro 22 - Classes de resíduos produzidos no RU, seus tipos, manuseio e acondicionamento. CLASSE DO RESÍDUO TIPO RESIDUO GERADO MANUSEIO ACONDICIONAMENTO PLÁSTICO Garrafas de temperos e de óleos, sacos de Potes e frascos limpos e sem resíduos para Casa do lixo - em sacos identificando temperos, de açúcar, de cereais, peneiras, evitar animais transmissores de doenças residuos por cor da coleta seletiva luvas de limpeza, embalagens de material de próximo ao local de armazenamento limpeza. PAPEL Devem estar secos, limpos (sem gordura, Casa do lixo - em sacos identificando restos de comida), de preferência não residuos por cor da coleta seletiva amassados. As caixas de papelão devem estar desmontadas por uma questão de otimização do espaço no armazenamento. Papel de expediente, papelão. METAL Latas de sardinha, conservas (milho e ervilhas), abridores de latas, cubas, Devem estar limpos e, se possível, reduzidos a um menor volume (amassados) Casa do lixo - em sacos identificando residuos por cor da coleta seletiva equipamentos metálicos danificados. ORGANICO Gêneros alimentícios. Monitorar binômio tempo x temperatura, Casa do lixo - em sacos identificando armazenamentos e Fatores de correção residuos por cor da coleta seletiva controlados NÃO RECICLAVEL Tetra pak, copos descartáveis, Esponjas, Casa do lixo - em sacos identificando fibraço, clipes, grampos, residuos por cor da coleta seletiva Papel toalha, luvas de procedimento, máscaras buconasal, protetores auriculares, óculos de proteção, vassoura, rodos, panos de chão, panos porosos para higienização, barbantes, sacos de ráfia, material PVC, CASA DO LIXO termômetros, cabo de panelas, tomadas. Lâmpadas, cerâmicas e louças quebradas VIDRO Conserva (Azeitona) e garrafas de suco Devem estar limpos e sem resíduos. Podem Casa do lixo - em sacos identificando concentrado. estar inteiros ou quebrados. Se quebrados residuos por cor da coleta seletiva devem ser embalados em papel grosso (jornal ). LIXO COMUM Papel higiênico, absorventes, fio dental, Casa do lixo - em sacos identificando residuos por cor da coleta seletiva As pilhas e baterias deverão ficar no posto de coleta no Centro de Convivência. CASA DO LIXO Fonte : Coleta no local 116 117 Figura 15- Fluxo dos papéis recebidos e descartados no Restaurante Universitário. 118 Figura 16- Fluxo dos metais recebidos e descartados no Restaurante Universitário. 119 Figura 17- Fluxo dos gêneros alimentícios recebidos e descartados no Restaurante Universitário. 120 Figura 18- Fluxo dos resíduos não recicláveis recebidos e descartados no Restaurante Universitário. 121 Figura 19- Fluxo dos vidros recebidos e descartados no Restaurante Universitário. 122 Figura 20- Fluxo do lixo comum gerado e descartado no Restaurante Universitário. 123 o Armazenamento interno e externo: Para o manejo dos resíduos, o RU deve dispor de recipientes identificados com adesivos com cores da coleta seletiva e devem ser íntegros, de fácil higienização e transporte, em número adequado segundo área de produção e em capacidade suficientes para conter os resíduos gerados. Os coletores deverão ser dispostos de acordo com descrição do quadro 23 a seguir: Quadro 23 – Disposição dos coletores para coleta seletiva por quantidades, tipos e áreas. Locais Área de lavagem de conteiner Quantidade de coletores Orgânico Não reciclável Plástico Papel Vidro Metal 1 1 Área de recebimento Almoxarifado Área de corte de carne TOTAL 1 1 1 2 1 1 3 1 1 1 1 2 Área de preparo de sobremesas 1 1 4 Area de corte de hortifrutigranj. 2 1 Área de cocção 1 1 1 Copa de panela 1 1 1 Copa de lavagem de bandejas 2 1 Refeitório Casa do lixo 3 1 3 3 6 1 3 1 1 1 2 15 5 10 5 3 3 ** Caixas retangulares para coleta de papel Os coletores utilizados para deposição dos resíduos das áreas de preparação e armazenamento de alimentos devem ser dotados de tampas acionadas sem contato manual. E os resíduos devem ser freqüentemente coletados e estocados em local fechado e isolado da área de preparação e armazenamento dos alimentos, de forma a evitar focos de contaminação 124 10 2 Fonte: Coleta de dados. e atração de vetores e pragas urbanas. 5 3 Salas administrativas** TOTAL 1 41 A coleta interna deverá ser dividida em duas fases: Coleta 1- unidade geradora até armazenamento interno; e Coleta 2 – unidade geradora até armazenamento externo. Para as lixeiras da área interna é obrigatório serem de acionamento com pedal e a unidade dispõe em quantidade suficiente para atendimento da demanda. O que deverá ser feito é o acréscimo de papel adesivado em cores da coleta seletiva. Nas áreas externas e de circulação poderão se disponibilizadas lixeiras como containers da coleta seletiva. Os equipamentos de proteção individual utilizados serão máscaras nasobucais, luvas de PVC, botas plásticas, e isto para higienização dos depósitos de resíduos. A higienização deverá ser realizada segundo etapas seqüenciadas, descrito a seguir: 1. Retirar resíduos dos coletores; 2. Retirar excesso de sujidades; 3. Lavar com esponja e sabão neutro, interna e externamente; 4. Recolocar sacos de acordo com cores da coleta seletiva; 5. Reposicionar depósito dentro das respectivas áreas de geração. o Características dos carros de coletas adotados pela empresa. Os carros de transporte do lixo no RU deverão ser de uso exclusivo para este fim, sem associação com qualquer gênero alimentício. A unidade dispõe de carros de transporte para resíduos em aço inox e que são higienizados diariamente e sempre que necessário com os usos do EPIs descritos para higienização de lixeiras e depósitos de resíduos. A higienização dos carros de coleta interna deverá ser realizada segundo etapas seqüenciadas, como abaixo: 1. Retirar resíduos dos carros de coleta; 2. Retirar excesso de sujidades; 3. Lavar com esponja e sabão neutro, por completo; 4. Reposicionar carros dentro do respectivo local de aguardo . o O tratamento intra-unidade e a triagem de materiais recicláveis e reutilizáveis. Para melhoria da sua ambientação uma proposta de reforma foi iniciada em 2010, sem data firmada para conclusão final determinada. Será definida uma área para tratamento intraunidade e a triagem de materiais recicláveis e reutilizáveis. 125 Atualmente a triagem deverá ser realizada próxima a área de lavagem de containers, aproveitando mangueira esguicho para higienização de vidros. Deverá então, até finalização da obra, uma instalação de uma bancada de inox móvel para facilitar triagem de resíduos, evitando contaminação cruzada na área de lavagem de gambarras e containeres. o A Coleta externa e o destino final. Quanto à destinação final de compostos orgânicos no RU - UFRN, parte deles poderão continuar sendo direcionados para a Escola Agrícola de Jundiaí para destinação à compostagem e alimentação de animais, e os demais resíduos serão coletados por serviço próprio da UFRN e enviado para o Aterro Sanitário de Ceará Mirim. Sendo este mesmo caminho realizado para resíduos sólidos inorgânicos, ambos compostos agora com medição e diagnóstico qualitativo, separados ainda por categorias e classes. 4.5.3 ETAPA III - Considerações Finais do Plano de Gerenciamento de Resíduos. A terceira etapa demonstra considerações finais do Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos. Apontando para o cumprimento do diagnóstico no local da pesquisa e dos seus processos produtivos, definindo o plano de aplicação do Plano, demonstrando ainda a caracterização dos resíduos produzidos quanto à sua natureza orgânica, inorgânica e seu local de geração e ainda favorecendo a elaboração de um Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos que atendam aos processos produtivos em Unidades de Alimentação e Nutrição, contextualizando com a realidade do Restaurante Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Atingindo assim objetivos e metas delimitadas pela proposição da pesquisa-ação do estudo. Nos tópicos seguintes sugerem-se estratégias e a proposição de novos objetivos para ampliação do estudo iniciado neste projeto, bem como a proposição de novos temas relevantes a serem estudados e desenvolvidos. EDUCAÇÃO AMBIENTAL O método para sensibilização com os gestores, nutricionistas, fornecedores e estagiários do local deverá incluir palestras mostrando a problemática do lixo, definições sobre qualidade de matérias primas, noções sobre meio ambiente e orientações sobre o gerenciamento de resíduos. Propor-se-á aos gestores a oportunidade da criação de um “mural verde” que possa contar com álbuns seriados, cartazes, folhetos informativos, cestos coloridos e práticas de 126 incentivo ao consumo racional, e como sugestão, por exemplo, anualmente um(a) estagiária (o) do local desenvolverá algum trabalho de educação ambiental, cumprindo assim o que determina o artigo 225 da Constituição Federal (BRASIL, 2000) e a Lei 9795/99 que institui a Política Nacional de Educação Ambiental. PROGRAMA DE REDUÇÃO NA FONTE GERADORA As ações propostas para a redução da geração, bem como os resíduos destinados à reutilização e a reciclagem, especificando classificação e quantidade, deverão incluir ajustes como descritos no quadro 24. Quadro 24 – Ações propostas para a redução da geração dos Resíduos. CLASSE DO RESÍDUO AÇÕES PROPOSTAS PLÁSTICO Ajustes de per capitas, com redução de gêneros em algumas preparações. Utilização de alimentos “in natura”. PAPEL Utilizar frente e verso das folhas de ofício. Aquisição de resmas de papel reciclado. Ajustes de per capitas, com redução de gêneros em algumas preparações. Utilização de alimentos “in natura”. METAL ORGANICO Monitorar binômio tempo x temperatura, armazenamentos e Fatores de correção controlados. Possibilitando reutilização e conservação adequada dos alimentos. Planejamento mais eficaz de cardápios. Melhor organização de pedidos do almoxarifado e com definição precisa. Treinamento de funcionários. Sensibilização com fornecedores, estagiários e usuários do serviço. NÃO RECICLAVEL VIDRO Treinamento de funcionários. Sensibilização com fornecedores, estagiários e usuários do serviço. Ajustes de per capitas, com redução de gêneros em algumas preparações. Utilização de alimentos “in natura”. LIXO COMUM Treinamento de funcionários. Sensibilização com fornecedores, estagiários e usuários do serviço. 127 A destinação dos resíduos passíveis de reutilização ou reciclagem deverão ser encaminhados para: CONTATO COM A DIVISÃO DE MEIO AMBIENTE DA UFRN: PORTAL:http://www.meioambiente.ufrn.br/ DMA - Divisão de Meio Ambiente Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN ,Campus Universitário,Lagoa Nova Caixa Postal 1524, CEP 59072-970, Natal - RN – Brasil. Telefones: (84) 3215-3161 (84) 3215-3162 Email: [email protected] Coleta especial de papel Zonas Central, 1 e 2 do Campus Universitário; Coleta Seletiva Solidária – Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) – Unidades I e II do Núcleo de Educação Infantil (NEI) – Departamento e Escola de Enfermagem- Prédio do SIN / DEART / FUNPEC Outros tipos de resíduos e procedimentos: Vidros com tampa de plástico: Devem ser encaminhados para o Banco de Leite da Maternidade Escola Januário Cicco; 0800 84 2400 / 3215 4308. Materiais eletrônicos: Devem ser encaminhados para o DMP. Lâmpadas fluorescentes: - Para conserto: devem ser trocadas pela DIMAN - Divisão de Manutenção. - Para descarte: devem ser acondicionadas em separado (não colocar dentro dos coletores). Obs.: A Universidade ainda não dispõe de um PEV (Ponto de Entrega Voluntária) que entrará em funcionamento após ampliação da unidade de triagem. ACONDICIONAMENTO Os tipos de recipientes utilizados para o acondicionamento deverão ter a capacidade de captação de 130 litros. Deverão ter o correto fechamento, com vedação e o manuseio dos recipientes, necessitará ser de forma a evitar vazamentos e/ou ruptura dos mesmos e portando o símbolo de identificação compatível com o tipo de resíduo acondicionado. 128 Para higienização deverá ser utilizados sabão neutro, água sanitária, esponjas, rodos, panos de chão e vassouras. COLETA/TRANPORTE INTERNO DOS RESÍDUOS A coleta e transporte interno serão manuais, por meio de carrinhos, em cestos identificados e/ou em sacos plásticos identificados pelas cores da coleta seletiva. As medidas a serem adotadas em caso de rompimento de recipientes, vazamento de líquidos, derrame de resíduos, ou ocorrência de outras situações indesejáveis, deverá ser a higienização imediata com uso de pás, vassouras, rodos e panos. Utilizando sabão neutro e água sanitária, para este fim. Os procedimentos de higienização dos recipientes e equipamentos e os produtos empregados deverão ser os mesmos utilizados segundo recomendação da RDC 216/2004. ESTOCAGEM TEMPORÁRIA A área de armazenamento temporário de resíduos obedece e deverá seguir às seguintes medidas de segurança e proteção ambiental: Impermeabilização do piso; Cobertura e ventilação; Isolamento e sinalização; Acondicionamento adequado; Controle de operação; Treinamento de pessoal. Monitoramento da área; Os "containers" e os tambores deverão ser rotulados e apresentar bom estado de conservação. COLETA / TRANSPORTE EXTERNO Os resíduos serão coletados por serviço próprio da UFRN, em caminhões e enviado para o aterro sanitário de Ceará- Mirim. A freqüência de coleta será diária de segunda a sextafeira, ás seis horas da manhã, isto para resíduos inorgânicos em geral. A coleta de orgânico seguirá a mesma rotina, apenas incluindo o recolhimento às catorze horas pelo caminhão de coleta, de parte desses resíduos para a Escola Agrícola de Jundiaí. 129 O contato para resolução de quaisquer transtorno ou dúvidas sobre resíduos será necessário contatar a Superintendência de Infra Estrutura da UFRN, nos telefones, 3215- 3364 ou 3215-3362, falar com Marcos ou Ilzenete. 130 CAPÍTULO 6 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nos últimos anos têm-se verificado um aumento acentuado da produção de resíduos sólidos devido às alterações do estilo de vida e aos avanços tecnológicos. Como conseqüência deste fenômeno, o tratamento e destino final desses resíduos tornaram-se de grande importância nas políticas sociais e ambientais dos países mais desenvolvidos (ABREU, SPINELLI e PINTO, 2011). A Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) é responsável pela geração de grande quantidade de resíduos, motivo pelo qual deve ter seu controle determinado desde a concepção do projeto, durante seu planejamento e em todas as etapas do processo operacional. A gestão dos resíduos deve estar inserida num programa maior, da própria empresa, de implantação do plano de gerenciamento de resíduos, baseado na ISO 14.004, levando em consideração que as primeiras providências a serem tomadas serão a destinação dos resíduos e a logística, operações estas que podem estar ao alcance do nutricionista. A ação dentro do restaurante também se torna mais factível se o RU estiver completamente voltado para a questão da qualidade ambiental e já houver a consciência da necessidade de se evitarem desperdícios e de trabalhar com a coleta seletiva e programas de reciclagem. De um modo geral, a concepção de qualquer Unidade de Alimentação e Nutrição pode favorecer a redução dos resíduos no tocante ao planejamento físico, ao tipo de cardápio e à forma de distribuição. O nutricionista, por sua vez, como supervisor da UAN, deve ter consciência da sua responsabilidade social com relação ao meio ambiente e, para tanto, deve exercer um monitoramento constante e definir estratégias para redução de resíduos, criando indicadores próprios para a unidade, capacitando seus colaboradores e conscientizando os usuários sobre a necessidade de se evitar o desperdício. No planejamento das UANs, deverão ser considerados para a implantação de um plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos: manual de boas práticas e procedimentos operacionais padronizados bem elaborados; número adequado de colaboradores; a escolha dos fornecedores baseadas em padrões de qualidade; as formas de aquisição; embalagens; armazenamento dos alimentos; o número de refeições a serem servidas e quantidades per capita. Um planejamento correto, que proporcione uma boa ventilação e boa iluminação natural, e um bom dimensionamento e escolha de equipamentos, certamente promoverá um conforto térmico para o funcionário e maior segurança nos processos operacionais. 131 Nas etapas produtivas da UAN é que estão as maiores possibilidades de gerar ou de controlar resíduos. Toda as etapas, desde a atividade burocrática para o planejamento e controle do serviço, o acondicionamento da matéria prima no estoque e seu controle, pré preparo, preparo e distribuição dos alimentos e capacitação dos funcionários na manipulação dos produtos, são decisivas para este gerenciamento. Os resíduos gerados são: material de escritório utilizado, embalagens das matérias primas, matéria prima com data de validade vencida, partes não comestíveis dos alimentos, óleos utilizados nas frituras, materiais descartáveis utilizados na cozinha e na distribuição, alimentos preparados e não utilizados. A UAN apresenta três áreas que geram maior quantidade de resíduos – a área de aprovisionamento (almoxarifado), a cozinha (produção) e a devolução (refeitório). Os três fatores predominantes são os decorrentes da remoção das partes não comestíveis dos alimentos, das sobras provenientes dos alimentos que foram produzidos e não distribuídos aos usuários do serviço e ainda dos restos representados pelas preparações distribuídas e não consumidas. Como instrumento para minimização do desperdício da cozinha (produção) podemos citar uma boa seleção de fornecedor, a compra de produto adequado ao fim que se destina; capacitação do funcionário para recebimento adequado dos produtos respeitando temperatura de segurança, prazo de validade e características de maturação, apresentação e acondicionamento; transferência de produtos de forma correta e em tempo hábil para setor de armazenamento; armazenamento e controle adequado dos produtos; capacitação do funcionário responsável pelo armazenamento/abastecimento em relação a técnicas para evitar perdas de produtos; capacitação de funcionários na fase de pré preparo quanto aos cuidados na remoção das partes não comestíveis, procedimentos adequados de dessalgue e de reidratação, e manutenção de temperaturas adequadas no processo; utilização de utensílios e equipamentos apropriados; separação dos materiais passíveis de serem reciclados e controle de temperaturas e procedimentos em todos os processos. Para a área de preparo, o seguimento da ficha técnica de preparação é fundamental como receituário padrão de execução de preparações. Outros fatores associados são a observação das temperaturas exigidas pela legislação, o controle do processo produtivo de acordo com a demanda e a manutenção dos equipamentos. Na área de distribuição e na devolução por parte dos clientes adequação do cardápio aos hábitos e preferências dos usuários favorecerá a redução dos resíduos gerados; a adequação do tamanho dos utensílios bem como do porcionamento é outra estratégia para atingir este objetivo. 132 Outros pontos relevantes são a observância da quantidade de restos procurando identificar possíveis erros decorrentes do preparo ou da aquisição de produtos de qualidade inferior; identificar também se os restos são atribuídos ao porcionamento inadequado feito pelo funcionário ou pelo usuário, devido a tamanho inadequado do utensílio; e ainda preparar estratégia de conscientização sobre geração e controle de resíduos. As resoluções RDC nº 216/2004 (BRASIL, 2004) dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação e a RDC nº 275/2002 (BRASIL, 2002), dispõe sobre o regulamento técnico de procedimentos operacionais padronizados aplicados aos estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos e a lista de verificação das boas práticas de fabricação em estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos. E regulamentam a importância de uma ambiente higiênico-sanitário propício a produção de refeições. No Restaurante Universitário da UFRN, a legislação sanitária referente à produção de refeições é observada, sendo necessário se acrescer a esta realidade a visão dos problemas gerados quanto ao meio ambiente. A unidade apresenta três fatores de desperdício predominante: o fator de correção, representado pela remoção das partes não comestíveis dos alimentos; as sobras excedentes de alimentos, representados pelos alimentos que foram produzidos e não foram utilizados na distribuição e que por qualquer critério higiênico sanitário, não puderam ser reutilizadas; e os restos, representados pelos alimentos distribuídos e não consumidos pelos clientes. Em função do expressivo volume de resíduos produzidos diariamente no restaurante universitário objeto de estudo, pode-se afirmar que existe uma cultura de desperdício, que é o ato de produção, consumo ou disposição de algo além do que é socialmente necessário ou ambientalmente sustentável, contribuindo assim para o aumento de geração de resíduos sólidos de produtos e alimentos e consequentemente nos custos e gastos da Unidade, fato este que caracteriza e justifica a necessidade de promoverem-se ações que resultem na redução da produção deste resíduo, seu manejo e destinação adequada, com reflexos positivos na área econômica e ambiental. As discussões e as soluções sobre a resolução dos problemas advindos dos resíduos sólidos do RU passam pelas alternativas da redução, reutilização e reciclagem. Neste sentido, deve-se discutir a questão da geração e a responsabilidade do gerador numa perspectiva de redução dos resíduos que produzem, da reutilização e reciclagem dos que são passíveis, como sendo um caminho viável para o enfrentamento do problema, sendo que a elegibilidade de uma política ambiental é o início de um caminho a ser percorrido. 133 Reduzir o consumo de menos gêneros alimentícios, com ajustes de per capitas e dos fatores de correções dos gêneros utilizados, diminuindo assim o potencial de geração é uma prática viável dentro de uma UAN. Reutilizando preparações, obedecendo ao binômio tempo x temperatura e os critérios estabelecidos pela RDC nº 216/2004, busca-se garantir qualidade higiênico sanitária das preparações reutilizadas, podendo também além de reciclar novas preparações, remanejar sobras para setores competentes da UFRN, como por exemplo, sobras de óleos comestíveis e embalagens, para departamentos que realizem pesquisas com os mesmos. O conceito de não geração e a redução na geração dos resíduos na sua origem, não é relevante somente pela identificação de perdas e desperdícios, mas também pelas inerentes questões de redução de custos, demandas legais, conscientização da população envolvida e de preservação ambiental. Como forma de minimizar o problema, o presente estudo objetiva caracterizar os resíduos produzidos no restaurante e propor um plano de gerenciamento de resíduos sólidos. Os levantamentos de dados para gerenciamento dos resíduos poderão refletir numa reflexão sobre a problemática da geração de resíduos e poderá auxiliar na resolução de muitos transtornos ambientais. Permitindo também que se possam atingir os objetivos de minimização, reutilização e reciclagem dos que forem passíveis, bem como e destinação adequada dos resíduos gerados. Estes fomentos e aspectos dos impactos levantam a questão, mas precisa-se abordar que o gerenciamento de resíduos sólidos não depende apenas de um tratamento técnico apropriado, mas também de um tratamento cultural adequado. Mudanças de hábitos e valores são essenciais numa sociedade em que se predominam hábitos de desperdício e de descaso em relação ao espaço público, ao cidadão e ao meio ambiente. O esforço na redução do desperdício é válido e pode ser aplicado no RU, desde que o desafio de educar seja levado adiante. Para tanto, é necessário um trabalho constante de educação ambiental e nutricional para que as práticas de redução, reutilização e reciclagem de resíduos passem a fazer parte do dia a dia das pessoas que frequentam o local e a elaboração e inclusão de projeto anual sobre educação ambiental. Com as atuais exigências quanto à responsabilidade social e ambiental, o nutricionista, enquanto profissional importante no contexto organizacional e econômico de qualquer meio de produção que esteja inserido, deve ressaltar que a sua atuação vai além da produção de refeições adequadas para a coletividade e do controle higiênico sanitário dos alimentos e 134 passa a ter um olhar voltado para o meio ambiente e preocupando-se com o Gerenciamento Integrado dos Resíduos Sólidos produzidos em sua UAN. 135 CAPÍTULO 7 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ABREU, E.; SPINELLI, M.G.; PINTO. A.M. Gestão de unidades de alimentação e Nutrição: um modo de fazer. 2. ed. [rev. e ampl.]. São Paulo: Editora Metha, 2007. 318p ABREU, E.; SPINELLI, M.G.; PINTO. A.M. Gestão de unidades de alimentação e Nutrição: um modo de fazer. 2. ed. [rev. e ampl.]. São Paulo: Editora Metha, 2011. P 219222. ADA, Reports. 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Preparação Quantidade total produzida (QTP) Sobra limpa (SL) Quantidade total consumida (QTC) TOTAL: Peso dos utensílios com tampa: Cuba funda: 3,2 kg – Cuba rasa: Placa grande: 3,85 kg 2,7 kg Placa pequena: 2,15 kg – Tampa pequena - 1,1 kg Tampa grande : 1,7 kg Resto (QTR)__________________________(balde lixo:5,0kg) 143 Nº de refeições seguidas__________________(ATENDIMENTO) QpcC (quantidade consumida per capita) = QTC/nº refeições: ______________ RPC (resto per capita) = QTR/nº refeições:_________________________ % resto ingesta (R/I) = RPC x 100 =_ ____________ QpcC RESULTADO: 0-5% - ótimo / 5-10% - Bom / 10 – 15% - regular / + de 15% péssimo. Refeições desperdiçadas: QpcC - 1 refeição QTR - x X= _________________ nº de refeições desperdiçadas. Nº de refeições – 100% Nº de ref. Desperdiçadas – z Z= ________% ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Péssimo ___________________ _________________ Estagiário(a) Nutricionista 144 APÊNDICES APÊNDICE A UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE RESTAR. UNIVERSITÁRIO MAPA DE CONTROLE DE RESÍDUOS ___________________ PESO DATA BRUTO MATERIAL ÁREA PESO VASILHAME 145 PESO LÍQUIDO COLETADO COLETADA APÊNDICE B Questionário FUNCIONÁRIOS Tempo de serviço no RU________ Função___________ Idade______ Sexo: ( ) F ( ) M Grau de Instrução: ______________________ Você acha que copo de vidro é anti-higiênico? ( ) SIM ( ) NÃO Quanto você começou a trabalhar no RU já se usavam copos descartáveis? ( ) SIM ( ) NÃO As máscaras e luvas descartáveis lhe incomodam? ( ) SIM ( ) NÃO Você costuma usá-las? Se a resposta for “não”, por quê? ( ) SIM ( ) NÃO Você acha que o plástico que embala os talheres evita a contaminação? ( ) SIM ( )NÃO Você acha que a higienização no RU é eficaz? ( ) SIM ( )NÃO Você acha que no RU há desperdícios de alimento? ( ) SIM ( )NÃO E de energia? ( ) SIM ( )NÃO E de materiais de limpeza? ( ) SIM ( ) NÃO E de água? ( ) SIM ( )NÃO E de materiais descartáveis? ( ) SIM ( )NÃO Você acha que a separação do lixo (coleta seletiva) deve ser implantada no RU? ( )SIM ( )NÃO Você reaproveita embalagens que iriam para o lixo do RU? ( ) SIM ( )NÃO 146 O que você acha que acontece com os descartáveis (copo plástico) que é utilizado nas refeições do RU? ( ) É reciclado ( ) Vai para o lixão ( ) É vendido ( )É reutilizado p/ outros fins ( ) Não sei ( ) Outros. Para você, a utilização de material descartável é: ( ) Higiênico ( ) Ambientalmente incorreto ( )Prático ( )Estético ( ) Desnecessário ( )Outros Sua visão perante o gerenciamento do lixo? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ____________________________________________________________ Maiores problemas enfrentados para minimizar os problemas do lixo? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ____________________________________________________________ Dicas na sua visão para melhorar o gerenciamento do lixo? ( ) Coleta seletiva ( ) Parcerias com cooperativas ( ) Parcerias com a própria universidade ( ) outros, quais? ______________________________ Quais os resíduos mais desperdiçados no Ru? ( ) Restos de comida ( ) Cascas ( ) ossos ( ) lata ( ) papelão ( ) sacos ( ) Água Outros (quais ) _______________________________________________ Diga 3 palavras que expressam a sua reação ao lixo. ___________________ ___________________ ___________________ 147 APÊNDICE C Questionário – Gestor Nome: Função: Tempo que trabalha no RU: Sexo: Grau de Instrução: 1. Quantidade de refeições servidas por dia? 2. Quantidade de Resíduos (Resto) por dia? 3. Quantidade de Resíduos Orgânicos é gerado por dia? 4. Quantidade de Resíduos Não – Orgânicos gerado por dia ? 5. Quantidade de resíduos (lata) gerado por dia? 6. Quantidade de Resíduos (Plásticos) gerados por dia? 7. Destinação final de cada item acima: 8. Quantidade de água por mês é gasto no RU? 9. E energia? 10. Quantidade de Material de limpeza ( mês)? 11. Quantidade de copos descartáveis (mês)? 12. Quantidade de funcionários? 13. Quantidade de funcionários efetivos? 148 14. Quantidades de funcionários prestando serviço? 15. Já existiu ou existe alguma ação de educação ambiental? Qual? 16. Na sua visão de gestor o que poderia ser feito para melhorar a visão dos funcionários perante a preocupação da gestão dos resíduos sólidos? 17. Na sua visão o que poderia ser feito para melhorar a visão dos alunos (clientes) perante a preocupação com os restos das refeições? 18. Existe apoio de algum setor da universidade para reaproveitar esses resíduos descartados? 19. A universidade dá algum apoio para a gestão desses resíduos? 20. Existe projetos futuros com relação a melhoria desses processos de resíduos? Quais? Observações do Entrevistado: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _____________________________________________ Observações do Entrevistador: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _____________________________________________ Fim - Obrigada. Observação para o entrevistador consultar (se possível anexar ou tirar cópia) das normas ou leis ambientais que regem o Ru. 149 APENDICE D Aceitação subjetiva do cliente: PREPARAÇÕES: DATA: ____/____/____ Ótimo - DIA :__________________ Bom - Regular Péssimo - SALADA: ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Péssimo. CARNE: ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Péssimo. ARROZ: ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Péssimo. FEIJÃO: ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Péssimo. FAROFA: ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Péssimo. O QUE VOCÊ MAIS GOSTOU? POR QUÊ? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ O QUE VOCÊ GOSTOU MENOS? POR QUÊ? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ SUGESTÕES: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 150