Comunicado Técnico Edição 1 - Setembro de 2015 COMÉRCIO EXTERIOR, LOGÍSTICA E TRANSPORTE Encontro Nacional de Comércio Exterior 2015 A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou do Encontro Nacional de Comércio Exterior – ENAEX 2015, realizado no Rio de Janeiro, nos dias 19 e 20 de agosto. Participaram do evento, organizado pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), cerca de 2.500 pessoas, representando o setor público e privado e profissionais que atuam no comércio exterior, para debater sobre a competitividade do setor. Na pauta do encontro, os principais temas apresentados para o debate foram: ajuste macroeconômico e comércio exterior, agenda para a competitividade das exportações brasileiras, agronegócio e suas oportunidades no mercado internacional, a importância das exportações para o crescimento sustentável da economia brasileira, o presente e o futuro das barreiras não tarifárias, logística e transporte com ênfase no setor portuário, mecanismos de apoio às exportações e a tributação no comércio exterior. Para o presidente da AEB, José Augusto de Castro, embora a taxa de câmbio seja um fator de competitividade, a desvalorização do câmbio brasileiro em 55% estaria apenas compensando o aumento de custos da produção. Além de uma taxa de câmbio competitiva, o país necessita ter mercado. No cenário atual, o comércio brasileiro tem se concentrado em poucos parceiros. Segundo ele, a corrente de comércio é o que gera atividade econômica, não apenas o superávit da balança comercial. É necessário reduzir custos tributários, de logística, financeiros e burocráticos. Na mesma linha de argumentação, o consultor econômico da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Ernane Galvêas, salientou que a carga tributária brasileira impede que as exportações respondam às dificuldades enfrentadas pelo Brasil. No evento, ficou claro o alinhamento do Governo em relação, ao Plano Nacional das Exportações (PNE) – a nova política de comércio exterior brasileira – lançado em 24 de junho deste ano. Foram apresentadas metas já concluídas e as perspectivas para os próximos meses. O PNE foi citado e elogiado, constantemente, por representantes dos setores público e privado. Considerando que as exportações de manufaturados dependem do Brasil e as commodities do mercado externo, acredita-se que nos próximos anos as commodities terão estabilidade de preços. Sob a coordenação da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), estão programadas missões em 32 países definidos pelo PNE, incluindo localidades inéditas, sendo 500 ações nos setores com maior potencial para cada país. Informou o Presidente Apex-Brasil, David Barone que a agência continuará trabalhando para expandir a presença brasileira no mundo, tendo como objetivos: a. incentivar empresas comandadas por mulheres; b. incentivar jovens empreendedores; c. alavancar empresas inovadoras; e d. promover a cultura brasileira, por meio das exportações. O ministro da Secretaria de Portos (SEP), Edinho Lopes, mencionou que a competitividade no setor depende da confirmação dos investimentos previstos no Programa de Investimentos em Logística (PIL). Outra ação relevante e em fase de implantação, em 37 Portos Públicos, é o Programa Porto Sem Papel que objetiva substituir em único certificado os 112 documentos utilizados em despachos aduaneiros. De acordo com o Ministro, a adesão de todos os órgãos anuentes, como a Anvisa, Vigiagro/Mapa e Receita Federal, é fundamental para a melhoria da operação portuária. Ressaltou, ainda, que os portos são responsáveis por 95% da corrente de comércio exterior, o que demanda ações para tornar o sistema portuário, tanto público, como privado, mais moderno e competitivo. A exemplo das medidas a serem adotadas, citou a implantação e melhoramento do sistema de agendamento de caminhões, a necessidade de modernização da gestão das Companhias Docas, o aperfeiçoamento do programa de dragagem e a relevância dos investimentos pela iniciativa privada em Terminais de Uso Privado (TUPs), motivados pela edição da Lei 12.815/2013 (Lei dos Portos). Para o ministro Armando Monteiro, nos últimos anos, não havia sido dada a devida importância ao comércio exterior, mas o PNE mostra uma mudança de postura do Governo. Sobre a polêmica da relação entre Brasil e Mercosul, o ministro afirmou que o aperfeiçoamento do bloco deve ser realizado no Congresso Nacional. Reafirmou que o Mercosul não é uma trava para a política comercial brasileira. Já o ministro da fazenda, Joaquim Levy, declarou que é o momento do Brasil olhar as questões estruturais e fundamentais para que o país passe a ser competitivo. O objetivo do ministro é reequilibrar as contas do país, diminuir os juros de longo prazo e atrair capital externo para investimentos nos setores estruturais, fundamental para o crescimento do país. Durante o painel, o secretário de comércio exterior do MDIC, Daniel Godinho, apresentou os principais resultados alcançados nos dois primeiros meses após o lançamento do PNE. Entre as próximas ações do PNE, está o lançamento das negociações do Acordo Comercial Expandido com o México e as negociações com Peru e Colômbia. O secretário afirmou que a troca de ofertas com a União Europeia deve ocorre no último trimestre do ano. O PNE prevê a implementação de um sistema de monitoramento de barreiras comerciais, que está em desenvolvimento. Reafirmou que haverá, até o fim de 2015, a eliminação completa do papel de todos os 22 órgãos anuentes no comércio exterior brasileiro. Res- saltou que entre as metas do PNE está o aprimoramento do marco legal do regime brasileiro de Zonas de Processamento das Exportações (ZPE). No painel “Agronegócio: oportunidades no mercado internacional”, o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, enfatizou a importância do agronegócio para a economia brasileira. Destaque para os índices de produtividades alcançados no setor, em contraponto aos custos de transporte. Otimista, afirmou que até 2020 o Brasil ultrapassará a previsão de crescimento de produção de alimentos estimada em 40% pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Entretanto, os desafios as serem superados incluem investimentos em infraestrutura e logística, avanços tecnológicos, incentivos a acordos bilaterais, disponibilidade de terras e mão de obra capacitada. Nesse painel, o vice-presidente da AEB, Roberto Giannetti, também chamou a atenção para os elevados custos de transporte, principalmente quando comparados aos EUA, que se apresentam três vezes menores que o do Brasil. O problema fiscal foi constantemente citado como um entrave às exportações e ao crescimento do país, porém fica a dúvida: Como resolver o problema fiscal das exportações, em um ano de arrocho fiscal? Durante os painéis e workshops não foi levantada nenhuma solução para essa questão, apesar das constantes críticas. Desse modo, é difícil enxergar uma solução para a questão, pelo menos no curto prazo. Ficou claro a necessidade de o setor privado se engajar mais nessa questão, não apenas com a eliminação de impostos pontuais, mas também com a restruturação de todo o sistema tributário brasileiro. O setor privado deve se posicionar para acabar com a carga tributária cumulativa que faz com que o produto perca competividade e impede a agregação de valor nas exportações brasileiras. Foto: Pedro Henriques Pereira (CNA) Destaque para o painel “Logística Portuária de Transportes: caminhos para avançar”, nele o Diretor-Geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), Mário Povia, mencionou a importância de um planejamento integrado, considerando as cadeias produtivas e suas necessidades logísticas. Segundo ele, é necessário aumentar a oferta de infraestrutura portuária, mediante a atração de investimentos privados, bem como elevar a competitividade no setor portuário, melhorar a qualidade da prestação dos serviços e reduzir custos. Ao final da exposição, Povia apresentou o desempenho do setor, que inclui recordes na movimentação de cargas em Santos/SP, Itaqui/MA e Pecém/ CE. Em contrassenso, Wilen Manteli, vice-presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), afirmou que a atividade portuária está demasiadamen- te vinculada ao excesso de instrumentos regulatórios e órgãos públicos, o que ocasiona desencorajamento aos investimentos e prejuízos às operações portuárias. Como solução, apontou a adoção de medidas de governança com a finalidade de evitar o excesso de normas e maior agilidade dos órgãos envolvidos. Da esquerda para a direita: Benedicto Fonseca, Ernane Galvêas, Francisco Dornelles, Armando Monteiro, Luiz Fernando Pezão, José Augusto de Castro, Edinho Araújo, David Barioni, Eduardo Eugênio Gouveia e Paulo Manoel Potásio Elaborado pelos participantes do ENAEX/2015: Elisangela Pereira Lopes – Comissão Nacional de Infraestrutura e Logística Gabriela Coser Rivaldo – Superintendência de Relações Internacionais Pedro Henriques Pereira – Superintendência de Relações Internacionais CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL SGAN - 601 - CEP: 70.830-021 - Brasília/DF (61) 2109 1419 - [email protected] Este boletim foi elaborado pela Superintendência Técnica, Superintendência de Relações Internacionais e pela Assessoria de Comunicação da CNA 2