BRASÍLIA-DF, QUARTA-FEIRA, 13 DE MARÇO DE 2013 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 15 | Número 2946 Segundo o texto, o prazo de seis anos contará da posse em cargo de docente na rede pública de ensino e será válido para os professores com nível médio na modalidade normal (sem curso técnico). A matéria será enviada à sanção presidencial. Os deputados também aprovaram ontem urgência para proposta que altera a legislação antidrogas. Página 3 GUSTAVO LIMA CÂMARA DOS DEPUTADOS Deputados aprovam prazo para professores com formação em nível médio concluírem graduação plena economia | 4 Orçamento de R$ 2,28 trilhões é aprovado no Congresso e segue para sanção presidencial Unificação das alíquotas do ICMS deverá ser tema principal de reunião com governadores GUSTAVO LIMA CÂMARA DOS DEPUTADOS Pacto federativo | 8 A reunião dos governadores com os presidentes da Câmara e do Senado será no Salão Negro, que foi preparado para receber o evento política | 4 Presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves propõe mudanças no processo de análise de vetos 2 CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA Brasília, 13 de março de 2013 Presidente da CCJ quer discussão colegiada sobre Orçamento impositivo QUARTA-FEIRA 13 de março de 2013 Relações Exteriores Reunião para eleição da Mesa Diretora da comissão. Plenário 3, 9h30 Governadores Os presidentes da Câmara e do Senado reúnem-se com governadores e líderes partidários para discutir o pacto federativo. Salão Negro do Congresso, 11h Caminho do Colono A Comissão Especial Estrada Parque Caminho do Colono (PL 7123/10) reúne-se para discussão e votação do parecer do relator. Plenário 12, 14h Tarifas de energia A comissão mista sobre a MP 605/13, que regulamenta a redução da tarifa de energia, realiza audiência sobre o tema. Entre os convidados estão os ministros de Minas e Energia, Edison Lobão; e da Fazenda, Guido Mantega. Plenário 2, na Ala Senador Nilo Coelho, no Senado, 14h30 MP dos Portos A comissão mista sobre a MP dos Portos ouve representantes patronais do setor. Plenário 6, na Ala Senador Nilo Coelho, no Senado, 14h30 Educação Audiência da comissão mista sobre Lei de Responsabilidade Educacional (PL 7420/06) com especialistas sobre o tema. Plenário 14, 14h30 em temas de interesse do Executivo. “Fica um jogo de empurra-empurra e, no meio, as Santas Casas sem verba e doentes em macas nas portas dos hospitais. Sou a favor que essas emendas tenham um valor determinado, máximo, mas que seja impositivo”, disse Paulo Maluf. Atualmente, o Orçamento da União é autorizativo, o que dá ao governo federal a prerrogativa de executar ou não as despesas previstas. Cada deputado e senador pode apresentar emendas ao Orçamento que somem Décio Lima presidiu ontem a primeira reunião da CCJ em sua gestão até R$ 15 milhões. Mesa Diretora da Câmara dos Deputados - 54a Legislatura Presidente: Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) 1ª Vice-Presidente Andre Vargas (PT-PR) 2º Vice-Presidente Fábio Faria (PSD-RN) 1º Secretário Marcio Bittar (PSDB-AC) 2º Secretário Simão Sessim (PP-RJ) 3º Secretário Maurício Quintella Lessa (PR-AL) 4º Secretário Biffi (PT-MS) www.camara.leg.br Suplentes Gonzaga Patriota (PSB-PE), Wolney Queiroz (PDT-PR), Vitor Penido (DEM-MG) e Takayama (PSC-PR) Ouvidor Parlamentar Nelson Marquezelli (PTB-SP) Procurador Parlamentar Claudio Cajado (DEM-BA) Diretor-Geral Sérgio Sampaio de Almeida Secretário-Geral da Mesa Mozart Vianna de Paiva ALEXANDRA MARTINS/CÂMARA DOS DEPUTADOS agenda O presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), deputado Décio Lima (PT-SC), defendeu ontem (12) que as propostas de emenda à Constituição sobre execução obrigatória das emendas parlamentares – o Orçamento impositivo para as emendas – sejam tratadas a partir de uma orientação colegiada da Câmara. O tema foi considerado prioritário pelo presidente Henrique Eduardo Alves. “Acho que [o Orçamento impositivo] é uma matéria importante do ponto de vista do mérito, é uma expectativa do Congresso Nacional, e vamos procurar produzir o bom debate, mas é preciso que tenhamos uma orientação colegiada, dirigida pelo presidente da Casa, para que possamos dar os próximos passos”, afirmou. Propostas - Desde sua eleição, o presidente da Câmara citou a aprovação da execução obrigatória da emendas parlamentares como um dos temas mais importantes deste ano. Há pelo menos 16 propostas para tornar o Orçamento impositivo – seja em parte ou integralmente – que aguardam votação na CCJ (PEC 565/06 e apensados). O relator dessas propostas na comissão, deputado Paulo Maluf (PP-SP), já apresentou parecer pela admissibilidade das matérias. No início do mês, Henrique Eduardo Alves informou que vai instalar, o quanto antes, uma comissão especial para analisar as propostas. Ele disse esperar que o assunto seja votado até o meio do ano pelo Plenário da Câmara, a fim de acabar com os conflitos entre Executivo e deputados na liberação das emendas. “Essas emendas são contingenciadas, não são cumpridas, e o parlamentar fica dependendo de liberação a conta-gotas, em uma relação que não é boa para o governo e é humilhante para o parlamentar”, disse Alves à época. Temas - Para o relator da PEC, quando o Orçamento não é impositivo, o governo condiciona a liberação das emendas à votação dos parlamentares Veja as propostas aprovadas ontem pela comissão: n Universidade na Bahia - PL 2207/11, do Executivo, que cria a Universidade Federal do Sul da Bahia (Ufesba), com campi nos municípios de Itabuna, Porto Seguro e Teixeira de Freitas. O texto seguirá para o Senado. O projeto também cria 617 cargos de professor, 242 cargos técnico-administrativos de nível superior e outros 381 cargos técnico-administrativos de nível médio para a nova universidade. Serão implementados também um cargo de reitor, um de vice-reitor e outros 511 de direção e funções gratificadas. Relator do texto, o deputado Geraldo Simões (PT-BA), analisou a constitucionalidade da proposta e defendeu sua aprovação. n TCU – Emenda do Senado ao PL 4570/08 cria dois cargos em comissão para o Tribunal de Contas da União (TCU). Os dois funcionários - um oficial e outro assistente – serão lotados no gabinete do novo auditor do TCU, posto criado pela Lei 11.854/08. Já aprovada pela Câmara, a proposta sofreu mudanças no Senado e, por isso, retornou para análise dos deputados. O relator, deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF), votou pela constitucionalidade, juricidade e técnica legislativa da emenda. O texto seguirá agora para sanção presidencial, exceto se houver recurso para que seja examinado pelo Plenário da Câmara. n Tribunal - Foi admitida a PEC 7/11, do deputado Lourival Mendes (PTdoB-MA), que cria o Tribunal Regional Federal (TRF) da 6ª Região, com sede em São Luís (MA). O novo tribunal terá jurisdição no Maranhão, no Piauí e no Pará. O relator, deputado Ronaldo Fonseca (PR-DF), defendeu a admissibilidade da proposta, que agora será analisada por uma comissão especial a ser criada especificamente para esse fim. Depois, terá de ser aprovada em dois turnos pelo Plenário. n Político catarinense – Projeto aprovado em caráter conclusivo determina que o viaduto localizado no Km 391 da BR-101, em Criciúma (SC), passe a se chamar “Viaduto Lírio Rosso”. A medida está prevista no PL 1753/11, do deputado Ronaldo Benedet (PMDB-SC). Lírio Rosso foi vereador, secretário de Saúde e presidente do PMDB no município. Exerceu ainda dois mandatos de deputado estadual e uma suplência de deputado federal. Faleceu aos 77 anos, em 2011. SECOM - Secretaria de Comunicação Social Diretor: Sérgio Chacon (61) 3216-1500 [email protected] Jornal da Câmara Diretor de Mídias Integradas Frederico Schmidt Coordenador de Jornalismo Antônio Vital Editora-chefe Rosalva Nunes Editores Sandra Crespo Juliano Machado Pires Diagramadores Gilberto Miranda Roselene Guedes Ilustrador Renato Palet [email protected] | Redação: (61) 3216-1660 | Distribuição e edições anteriores: (61) 3216-1827 Impresso na Câmara dos Deputados (DEAPA) em papel reciclado Disque - Câmara 0800 619 619 3 votações Brasília, 13 de março de 2013 Professor da educação básica terá seis anos para concluir graduação O Plenário aprovou ontem proposta que fixa prazo de seis anos para os professores da educação básica com formação em nível médio concluírem curso de licenciatura de graduação plena. O texto aprovado é um substitutivo do Senado ao Projeto de Lei 5395/09, do Executivo. A matéria será enviada à sanção presidencial. Segundo o texto, o prazo de seis anos contará da posse em cargo de docente na rede pública de ensino e será válido para os professores com nível médio na modalidade normal (sem curso técnico). O texto prevê exceção à exigência de curso superior para os professores com ensino médio, na modalidade normal, que já estejam trabalhando, na rede pública, em creches, na pré-escola e nos anos iniciais do ensino fundamental na data da publicação da futura lei. Caberá à União, aos estados e aos municípios adotar mecanismos para facilitar o acesso e a permanência dos professores da educação básica pública nos cursos superiores. Um dos incentivos será a concessão de bolsa de iniciação à docência. Sem penalidade - Foi aprovado destaque do PT que retirou a penalidade de inabilitação do professor que não cumprir o prazo. Segundo a relatora da matéria na Comissão de Educação e Cultura, deputada Fátima Bezerra (PT-RN), não é possível inabilitar professores aprova- dos em concurso e trabalhando em etapa adequada para sua formação. Fátima Bezerra apresentou emenda supressiva de igual teor na comissão. Segundo a deputada, a punição por descumprimento do prazo “feria direitos adquiridos porque o professor não pode ser punido se não tiver concluído sua formação por algum motivo”. A deputada lembrou que há dificuldades de acesso ao ensino superior em diversos locais do País. Ela ressaltou, no entanto, que o projeto fortalece a política pública de valorização do magistério. LDB - O texto aprovado altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9.394/96), cuja redação será adequada à Lei do Fundeb (11.494/07), que estende a educação obrigatória e gratuita dos 5 aos 15 anos para 4 a 17 anos. Ivaldo Cavalcante acervo câmara dos deputados Eduardo Piovesan Para outros trabalhadores em educação, com curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim, o texto aprovado prevê formação que inclua habilitações tecnológicas. Essa formação continuada poderá ocorrer no local de trabalho ou em instituições de educação básica e superior. O Plenário também aprovou destaque do PSD que impediu a revogação, na LDB, da garantia de vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino fundamental mais próxima de sua residência a toda criança a partir do dia em que completar 4 anos de idade. Enem - O projeto original do Executivo tratava apenas de dois pontos: exigência de formação superior para docentes que atuam na educação básica, exceto na educação infantil; e exigência de nota mínima no Exame Nacional do Ensino Com a decisão do Plenário, os entes federativos deverão criar condições para a formação dos docentes Marcelo Camargo -ABr Projeto que amplia possibilidades de internação voluntária ganha urgência Internações em São Paulo: parentes aguardam atendimento para usuários O Plenário aprovou a urgência para votação do Projeto de Lei 7663/10, do deputado Osmar Terra (PMDB-RS), que institui várias medidas para combate ao uso de drogas, como a organização de um sistema de informações de abrangência nacional; a ampliação da possibilidade de pedidos de internação involuntária de usuários de drogas; e a obrigação de oferta de vagas para ex-usuários em todos os www.camara.leg.br contratos fechados com recursos públicos. A matéria já conta com um substitutivo aprovado pela Comissão Especial do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas, de autoria do deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL). Entretanto, ainda há divergências entre os partidos sobre o mérito do texto, que deverá ser votado no começo de abril. (EP) Médio (Enem) como pré-requisito para ingresso em cursos de graduação para formação de docentes. Esse pré-requisito continuou no texto. Educação infantil - Uma das novidades do substitutivo do Senado em relação ao texto anteriormente aprovado pela Câmara é a imposição de regras comuns à educação infantil. A carga horária mínima anual será de 800 horas, distribuída em um mínimo de 200 dias de trabalho; atendimento à criança dentro de um mínimo de quatro horas para o turno parcial e sete horas para o integral; controle de frequência na pré-escola (60% de comparecimento); e expedição de documentação que permita atestar os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança. Atendimento especializado - O substitutivo aprovado amplia o conceito de alunos especiais. Além daqueles com deficiência, já contemplados, são incluídos aqueles com transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Eles deverão contar com atendimento educacional especializado em todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino. O texto aprovado também prevê a realização de recenseamento anual de crianças e adolescentes em idade escolar, assim como de jovens e adultos que não concluíram a educação básica. A pesquisa prevista na lei era restrita ao ensino fundamental. Criação de quadro na Aeronáutica vai a sanção O Projeto de Lei 7521/10, do Executivo, que cria o Quadro de Oficiais de Apoio no Corpo de Oficiais da Ativa do Comando da Aeronáutica (QOAp), teve sua votação concluída ontem (12). Esse quadro será composto por profissionais de nível superior nas funções de apoio às atividades-fim nas áreas de saúde, de ciências exatas e humanas, de infraestrutura e de atendimento sanitário. A matéria será enviada à sanção presidencial. Os deputados aprovaram emenda do Senado que estabelece o limite de idade de 32 anos para ingresso do aluno no estágio de adaptação necessário à inclusão no QOAp. Essa idade pode ser atingida até o dia 31 de dezembro do ano da matrícula nesse estágio. Concurso - Segundo o projeto, os novos militares serão admitidos por meio de concurso público específico e de aprovação no estágio de adaptação. Os alunos do estágio serão equiparados a primeiro-tenente. Atualmente, essas funções são exercidas por servidores temporários que fazem parte do Quadro Complementar de Oficiais da Aeronáutica (QCOA). A composição do novo quadro será correspondente à redução do quadro complementar. (EP) Disque - Câmara 0800 619 619 4 política Brasília, 13 de março de 2013 Com votação no Senado, Congresso aprova proposta orçamentária de 2013 Gustavo Lima / Câmara dos Deputados Janary Júnior O Congresso aprovou ontem a proposta orçamentária de 2013. A última etapa da tramitação foi vencida com a aprovação pelos senadores. O texto já havia recebido o aval dos deputados, em sessão realizada na semana passada. A proposta será enviada agora para sanção presidencial. O projeto contempla gastos de R$ 2,28 trilhões, sendo R$ 2,17 bilhões no âmbito dos orçamentos fiscal e da seguridade, e R$ 110,61 bilhões de investimentos estatais. Os investimentos totais alcançam R$ 196,91 bilhões em 2013. Esse número inclui o valor disponibilizado pelas estatais mais R$ 86,3 bilhões dos demais órgãos públicos federais, alocado nos orçamentos fiscal e da seguridade. Já as desonerações somam R$ 21 bilhões no texto. O relator-geral da peça orçamentária, senador Romero Jucá (PMDB-RR), destacou que as renúncias de receita serão importantes para estimular a economia e ajudar a combater a inflação. “Este orçamento possibilita que nós tenhamos, por exemplo, a desonera- Com a aprovação pelos senadores, o Congresso concluiu ontem à noite a votação do Orçamento deste ano, que prevê o valor de R$ 21 bilhões em desonerações ção da cesta básica”, disse Jucá, referindo-se ao anúncio feito pelo governo na semana passada. Ele pediu ao Ministério do Planejamento pressa na sanção da proposta aprovada pelos congressistas, para garantir o pagamento de investimentos. O relator da Receita, deputado Cláudio Puty (PT-PA), disse que o novo Orçamento será “fundamental para que o País volte a ter taxa de crescimento robusta”. Pessoal - O gasto com pessoal foi mantido no mesmo patamar da proposta original: R$ 226 bilhões. Esse número incorpora os reajustes negociados pelo Executivo com as suas próprias categorias e com os demais poderes. No total, os aumentos consumirão R$ 12,4 bilhões em 2013. Os reajustes foram de 5% para o Legislativo (Câmara, Senado e Tribunal de Contas da União), o Judi- ciário (ministros, juízes e servidores) e o Ministério Público da União (procuradores e servidores). Para o Executivo, o percentual variou conforme a categoria, sendo que a correção mínima foi de 5%. A criação de cargos e a contratação de pessoal concursado consumirão mais R$ 3 bilhões. O texto aprovado aprofunda o grau de liberdade do Executivo para remanejar os recursos federais sem a necessidade de autorização do Congresso, movimento que vem se desenhando nos últimos anos. O governo poderá usar todo o superavit financeiro (sobras de caixa) de 2012 do Tesouro Nacional para reforçar a dotação de suas ações. Até o ano passado a autorização limitava-se a 10% desse superavit. Também poderá remanejar 30% das dotações do PAC inscritas no orçamento fiscal e da seguridade. Com isso, o Executivo poderá movimentar R$ 15,6 bilhões entre os projetos que compõem o PAC. A proposta permite ainda a movimentação dos recursos integrais do PAC executados pelas estatais (R$ 74,1 bilhões). Emendas de bancada não poderão ser canceladas pelo Executivo Aprovada paralisação de três obras em 2013 Uma mudança importante no Orçamento, feita pelo relator-geral, senador Romero Jucá (PMDB-RR), beneficiou as emendas das bancadas estaduais. O projeto impede o Executivo de cancelar essas emendas para usar o valor cortado como fonte de recursos para suplementar despesas dos ministérios. As emendas de bancadas destinam-se a investimentos nos estados. Atualmente, a prática é vedada para as emendas individuais, que não podem ser canceladas desde o Orçamento de 2006. Para as de bancadas não há a proibição. Com isso, o governo pode hoje, por meio de decreto, retirar parte dos recursos de uma emenda e colocar em uma ação diferente, sem a anuência da bancada. Segundo Jucá, o objetivo é preservar as programações aprovadas pelos parlamentares, e o governo só poderá cancelar as emendas se houver concordância de 2/3 da bancada. Ele disse que o assunto foi negociado com o Executivo. (JJr.) A proposta orçamentária de 2013 prevê o bloqueio de três obras que recebem recursos federais: a construção da barragem do Rio Arraias (TO); a conclusão do Complexo Viário do Baquirivu, em Guarulhos (SP); e o controle de enchentes da Avenida Marginal Leste, em Teresina (PI). Os três empreendimentos só poderão receber verbas da União este ano se sanarem os problemas apontados pelo Tribunal de Contas da União (TCU). As três obras já estão paralisadas por força de acórdãos do tribunal e por constarem do anexo VI da lei, que elenca as obras com indícios de irregularidades graves. A paralisação dos empreendimentos foi pedida pelo deputado Mauro Lopes (PMDB-MG), coordenador do comitê de obras com indícios de irregularidades graves, que integra a Comissão Mista de Orçamento. (JJr.) Presidente da Câmara apresenta proposta que muda análise de vetos O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, apresentou ontem, em Plenário, um projeto de resolução para modificar a regra sobre votação de vetos da Presidência da República. A proposta é que o prazo de 30 dias para análise, previsto na Constituição, passe a contar a partir do recebimento do veto e não mais da sua leitura em sessão conjunta da Câmara e do Senado. O texto estabelece que, passados 30 dias, o veto terá de ser apreciado, sob pena do trancamento da pauta do Congresso Nacional. “Nossa omissão passada não pode justificar que continuemos a não analisar os vetos”, disse Alves. “O que passou, www.camara.leg.br Gustavo Lima / Câmara dos Deputados passou, mas a partir de agora, disse Calheiros. O presidente se esse projeto for aprovado, do Congresso lembrou que passa a contar o prazo a partir também é preciso decidir o do recebimento do veto.” que fazer com vetos de leis Alves ressaltou que a proque já perderam a validade ou posta será apresentada ao foram bastante modificadas. presidente do Senado, Renan Apoio - Representantes Calheiros, que é também o de lideranças partidárias mapresidente do Congresso, e que nifestaram apoio à iniciativa ele deve decidir sobre os mais de Henrique Eduardo Alves e de 3 mil vetos ainda pendentes anunciaram que subscreverão de análise. a proposta. Diante do sinal Renan Calheiros disse que positivo dos deputados, o o destino desses vetos será presidente anunciou que vai Henrique Eduardo Alves: a omissão passada não discutido durante o debate sobre marcar uma reunião nesta pode justificar que continuemos a não analisar os vetos o projeto sugerido pelo presiquarta-feira (13) com Renan nós, do ponto de vista do Congresso, dente da Câmara. “A tramitação desse Calheiros e todos os líderes da Câmodularmos a apreciação de vetos”, projeto será uma oportunidade para mara para entregar a matéria. Disque - Câmara 0800 619 619 Brasília, 13 de março de 2013 5 Política Deputados entram na Justiça e decidem criar frente parlamentar de direitos humanos Luis Macedo / Câmara dos Deputados Carolina Pompeu Parlamentares contrários à indicação do deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias ajuizaram ontem (12) um mandado de segurança, com pedido de liminar, no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar anular a reunião da eleição. Nove parlamentares assinam o documento: Jean Wyllys (Psol/RJ), Chico Alencar (Psol/RJ), Ivan Valente (Psol-SP), Érika Kokay (PT-DF), Luiza Erundina (PSB-SP), Domingos Dutra (PT-MA), Janete Rocha Pietá (PT-SP), Janete Capiberibe (PSB-AP), Nilmário Miranda (PT-MG), Luiz Couto (PT-PB) e Arnaldo Jordy (PPS-PA). O argumento dos deputados é que o encontro foi fechado a manifestantes, o que seria contrário ao Regimento Interno da Câmara. A eleição de Feliciano foi marcada por polêmica, já que ele é acusado de ter divulgado declarações racistas e homofóbicas por meio de redes sociais. A escolha do deputado pela comissão Durante a reunião, deputados levantaram cartaz em que se vê o número de assinaturas colhidas nas ruas contra a eleição de Feliciano estava marcada para a última quarta-feira (6), mas foi suspensa por causa de manifestações de entidades ligadas aos direitos humanos. O encontro acabou acontecendo na quinta. A determinação de impedir a entrada de manifestantes foi tomada pela Presidência da Câmara, o que é questionado pelo grupo contrário ao pastor. “O Regimento é claro ao determinar que todas as reuniões sejam públicas, salvo deliberação em contrário. Não houve nenhuma deliberação do colegiado nesse sentido”, argumentou a deputada Erika Kokay (PT-DF). Representação - Chico Alencar (Psol-RJ) sugeriu que seja feita representação contra Feliciano na Corregedoria da Câmara. “Há claros indícios de uso do mandato para benefícios privados, já que qualquer igreja é uma entidade privada”, argumentou. Reportagens veiculadas pela imprensa afirmam que o pastor vem mantendo funcionários privados com recursos da Câmara. O deputado nega as denúncias. Frente parlamentar - Os deputados contrários à eleição de Pastor Marco Feliciano também estão colhendo assinaturas para a criação da Frente Parlamentar em Defesa da Dignidade Humana e contra a Violação de Direitos. “Seria uma espécie de Comissão de Direitos Humanos paralela”, disse o deputado. São necessárias as assinaturas de 198 deputados para a criação da frente. Luiz Erundina (PSB-SP) foi indicada pela maior parte do grupo para coordenar o novo colegiado. Questionamento - Outra medida definida ontem foi a entrega de representação à Mesa da Câmara a fim de questionar a proporcionalidade partidária do colegiado. O PSC conta hoje com 15 dos 513 deputados, mas bancada ocupa 5 das 25 vagas da Comissão de Direitos Humanos. Todas elas são cedidas por PSDB, PMDB e PP. Confirmado pelo PSC, Marco Feliciano fará pronunciamento nesta quarta-feira Alexandra Martins / Acervo Câmara dos Deputados Mesmo diante Pastor Marco Feliciano não quis adiantar os de manifestações temas a serem discutidos contrárias, o líder pela comissão na reunião do PSC, deputado André Moura (SE), de hoje. Segundo ele, a anunciou, ontem pauta será “produtiva e (12), a permanência positiva”. Havia expectado deputado Pastor tiva da inclusão de proMarco Feliciano na postas polêmicas, como a presidência da Coque prevê a realização de missão de Direitos plebiscito sobre a união civil entre pessoas do Humanos e Minorias. mesmo sexo e outra que Marco Feliciano estabelece pena para a Após reunião da bancada do partido, que confirmou discriminação contra os heterossexuais. por unanimidade seu nome para a No entanto, a página da Comissão presidência do colegiado, Feliciano de Direitos Humanos na internet predisse que fará um pronunciamento vê apenas a votação de requerimentos, durante a reunião da comissão pre- sendo que quatro deles são de autoria do vista para esta quarta-feira (13), e próprio presidente. Entre esses requeatribuiu sua decisão de permanecer rimentos, consta a realização de audino cargo à posição assumida pelos ências públicas para debater a situação correligionários. “Eu respeito o meu dos moradores de rua; dos casos de viopartido e tenho os meus posiciona- lência e exploração sexual de crianças mentos. Só isso. O partido pediu e adolescentes; e o desafio da inclusão para que ficasse, eu fico.” no mercado de trabalho, assegurando a www.camara.leg.br igualdade de direitos e oportunidades, sem discriminação de cor, etnia, procedência ou qualquer outra. Repercussão - A permanência do deputado na presidência da comissão foi criticada por parlamentares contrários à escolha de Feliciano. Segundo o líder do Psol, Ivan Valente (SP), um dos que assinaram o mandado de segurança no STF, o PSC cometeu “um erro estratégico”. O parlamentar avaliou que Pastor Marco Feliciano não vai se sustentar no cargo. “A questão agora é política, não é formal. Eles [o PSC] têm o direito de indicar. No entanto, haverá protestos e possivelmente as pressões devem levar à saída do deputado Marco Feliciano porque sua permanência é incompatível com a defesa dos direitos humanos”, disse. Para o líder do Psol, a pressão da sociedade e dos meios de comunicação deve aumentar nos próximos dias. Manifestantes pedem mudança no comando da comissão Cerca de 300 manifestantes contrários à presidência do deputado Pastor Marco Feliciano na Comissão de Direitos Humanos e Minorias fizeram ontem um protesto no Salão Branco da Câmara. Eles pediram que o deputado deixasse o comando da comissão e também discordaram que o cargo fosse ocupado por outro integrante do Partido Social Cristão. Antes de ocupar o Salão Branco, os manifestantes deitaram-se no chão de um dos principais corredores de acesso ao Plenário, impedindo a passagem. O deputado Jean Wyllys (Psol-RJ), que negociou a entrada dos manifestantes no Salão Branco, disse que, se nenhuma mudança ocorresse no caso até esta quarta-feira (13), os deputados contrários à indicação voltariam a se reunir para discutir novas ações. Disque - Câmara 0800 619 619 Renato Molling destaca aprovação de MP da desoneração previdenciária Ao avaliar os avanços econômicos e sociais do País nos últimos anos, Renato Molling (PP-RS) destacou a aprovação da Medida Provisória 582/12 que trata, entre outros assuntos, da inclusão de novos setores econômicos no regime de contribuição previdenciária com alíquota de 1% a 2% sobre a receita bruta, em substituição à contribuição patronal de 20% sobre a folha de salários. O deputado lembrou que os seg- mentos beneficiados são as indústrias de aves e suínos, frutas, papel, eletrodomésticos, transporte e serviços hospitalares, entre outros. A ampliação das medidas de desoneração da folha de pagamentos, disse Molling, é uma iniciativa das mais necessárias. “A medida é importante porque reduz os custos trabalhistas e, além disso, funciona como um estímulo para a contratação de mais mão de obra. Além disso, incentiva a expansão e a renovação do parque industrial, aumentando a competitividade da economia brasileira”, relatou. Para Renato Molling, o processo de crescimento econômico e de justiça social depende também do aumento da produtividade. Segundo ele, é preciso investir maciçamente em educação, pesquisa, ciência e tecnologia para que, com trabalhadores qualificados, o País possa alavancar seu dinamismo econômico. Reforma política - De acordo com o parlamentar, para contribuir com o progresso e com a justiça social é preciso também a aprovação da reforma política. Molling defendeu a coincidência de datas das eleições, o mandato eletivo de cinco anos e o financiamento público de campanhas. Major Fábio (DEM-PB) rebateu as afirmações do Poder Executivo de que não teria colocado no programa de governo a criação do piso salarial dos policiais e bombeiros militares. De acordo com o deputado, estão registrados no Tribunal Superior Eleitoral todos os itens da proposta presidencial, constando em um dos artigos a criação do fundo constitucional da segurança pública. Segundo o parlamentar, o Executivo deve cumprir o que prometeu. Jesus Rodrigues (PT-PI) cobrou a manutenção de políticas públicas contra os efeitos da que considera a pior registrada no Nordeste nos últimos 40 anos. O deputado defendeu o desenvolvimento de projeto de segurança hídrica que beneficie toda a região. Ele observou que a transposição do São Francisco tem buscado atender a necessidade de água de Ceará, Pernambuco, Bahia e Paraíba. Para Rodrigues, contudo, é preciso levar a integração das bacias até a região mais seca do semiárido piauiense, que ainda carece de água. Verbas da Saúde Royalties para o Acre Gladson Cameli (PP-AC) afirmou estar satisfeito com a derrubada do veto aos royalties do petróleo e disse que, com novos recursos, o Acre, um dos estados mais pobres da Federação, poderá investir no desenvolvimento sustentável e garantir melhorias para a população. O deputado também parabenizou as mulheres de todo o mundo pela comemoração de seu Dia Internacional. As mulheres, frisou, “vêm ocupando cada vez mais espaço e um lugar merecido na sociedade”. Eleuses Paiva (PSD-SP) disse que o governo federal estuda a ampliação dos planos de saúde privados, com redução de impostos e aumento de subsídios em troca de melhorias para o setor. Para o deputado, a iniciativa é “uma imoralidade por representar o desvio de verba pública para o setor privado”. Segundo Eleuses Paiva, a medida representa “um golpe ao sistema público de saúde” que está carente e precisa de investimentos para garantir uma melhor e maior infraestrutura e um atendimento de mais qualidade à população. www.camara.leg.br Sérgio Brito: Dnocs foi esvaziado e precisa de uma reestruturação O Departamento Nacional de Obras Contras as Secas (Dnocs) precisa ser reestruturado com o objetivo de atender de maneira eficaz a sua verdadeira designação. A opinião é do deputado Sérgio Brito (PSD-BA), que afirmou na tribuna que o departamento sofre com falta de pessoal e de estrutura. Segundo o parlamentar, o órgão tem instalações e equipamentos sucateados e precisa da realização de Fraudes ao votar vetos Policiais e bombeiros Seca no Piauí Brasília, 13 de março de 2013 Gustavo Lima / Acervo Câmara dos Deputados Gustavo Lima / Acervo Câmara dos Deputados 6 Discursos Segundo Anthony Garotinho (PR-RJ), “a votação dos royalties do petróleo foi decidida por meio de fraude”. O deputado acusou parlamentares de assinar o voto sem estarem presentes na sessão. Na opinião do deputado, “isso é falsificação de assinatura e deve ser tratado como caso de polícia”. Garotinho disse que vai registrar ocorrência policial e pedir a anulação da deliberação do Congresso. concurso público. O deputado acrescentou que o departamento, ligado ao Ministério da Integração Nacional, possui apenas 1.700 servidores, quando o ideal seriam, no mínimo, 5 mil. “Existem evidências de que está em prática o chamado esvaziamento político do órgão. O ministério está fortalecendo a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em detrimento do Dnocs. Não é concebível que o órgão, com mais de 100 anos de história, tenha suas prerrogativas diminuídas dessa forma”, afirmou. Para Sérgio Brito, o descaso com o departamento está se refletindo no combate à “maior seca dos últimos 50 anos”. Segundo ele, o semiárido padece por falta de investimentos em obras de infraestrutura hídrica. “O Dnocs possui uma equipe técnica altamente capacitada para lidar com a questão da seca, mas, hoje, infelizmente, o órgão encontra-se desmantelado. Se estivesse bem equipado e estruturado, o departamento poderia ter executado inúmeras ações preventivas para amenizar o sofrimento do povo nordestino”, declarou. Igualdade de gênero Não é possível fazer uma transformação social sem a participação da mulher, afirmou Benedita da Silva (PT-RJ). Para a deputada, o segmento feminino tornou-se não só sujeito de mudança social, mas objetivo final da política. Segundo Benedita, as pesquisas apontam que, apesar de ainda haver impunidade, discriminação e violência contra a mulher, o Brasil está no caminho certo rumo à igualdade de gênero e de oportunidades. Veto e Constituição Ao ler o artigo da Constituição que trata dos vetos da Presidência da República a projetos de lei, encaminhados pela Câmara ou pelo Senado, Izalci (PSDB-DF) avaliou que não havia necessidade de o Supremo decidir o rito regimental do Congresso. De acordo com o deputado, bastaria que a Constituição fosse cumprida pelo Congresso Nacional. O parlamentar acrescentou que, dos mais de 3 mil vetos, 1.500 foram arquivados por terem perdido a validade. Luz para o Piauí Em reunião no Ministério das Minas e Energia, Paes Landim (PTB-PI) pediu a adoção de medidas para evitar a falta de fornecimento de energia elétrica no extremo sul do Piauí. Segundo o deputado, o problema tem afetado a economia local. Paes Landim também cobrou ações do ministério para a região norte do estado a fim de evitar a repetição do apagão que aconteceu em Parnaíba, prejudicando o carnaval da cidade, que ficou 14 horas sem energia elétrica. Revolução de Chávez José Genoino (PT-SP) elogiou a liderança que Hugo Chávez exerceu na Venezuela e disse que o presidente não foi um ditador, e que todas as suas propostas passaram por plebiscito e eleições. O deputado afirmou reconhecer “a revolução social” que Chávez promoveu na Venezuela, baixando os índices de pobreza extrema de 20% para 7%, além de, segundo Genoino, zerar a taxa de analfabetismo no país. Disque - Câmara 0800 619 619 Brasília, 13 de março de 2013 7 ECONOMIA MP dos Portos: operadores de terminais defendem alterações no texto Maria Neves Operadores de portos públicos reivindicaram ontem mudanças na Medida Provisória 595/12 para permitir a prorrogação dos contratos anteriores a 1993. Os empresários também cobram a adaptação dos contratos vigentes às novas regras, previstas na medida. Em 1993 foi editada a Lei dos Portos (8.630), revogada pela MP, que previa a adaptação dos contratos em vigor às novas regras. O diretor-presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli, afirma, no entanto, que esse ajuste nunca ocorreu. E agora, com a MP, o governo prevê licitar todos os portos operados com base nesses contratos antigos. “Não é prerrogativa do governo prorrogar ou não, é uma exigência legal”, sustentou o presidente da ABTP. Investimentos - O conselheiro da Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público Richard Klein também defendeu que a prorrogação dos contratos antigos é indispensável para garantir investimentos na infraestrutura portuária. De acordo com ele, um terminal novo leva entre oito e dez anos para entrar em operação. “Nesse período serão os terminais públicos que vão ter que dar conta do comércio exterior cres- cente”, argumentou. De acordo com Klein, os operadores têm investimentos previstos de R$ 11 bilhões nos três próximos anos. Já em um horizonte de 10 anos, a previsão é aplicar R$ 44 bilhões nos portos públicos. O presidente de comissão mista que analisa a MP, deputado José Guimarães (PT-CE), diz que a alteração do texto para permitir a adaptação dos contratos antigos é possível. “Podemos chegar a um acordo para um prazo de três a cinco anos e garantir os investimentos”, disse. Críticas à centralização - Pela MP, a Secretaria de Portos da Presidência da República passa a ser responsável pelo planejamento do setor e também pela organização dos processos licitatórios e seletivos. Hoje, essas tarefas competem aos Conselhos da Autoridade Portuária (CAPs), ligados aos governos estaduais. O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro, sustentou que, no modelo atual, os CAPs ajudam a garantir a competência do setor. “Por que ser contra [os CAPs], se todo mundo é a favor?”, questionou. O relator da medida, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), disse que tanto ele quanto o presidente da comissão se fazem a mesma pregunta. O deputado Roberto Santigo (PSDAlexandra Martins/CÂMARA DOS DEPUTADOS Para os participantes do debate, a conclusão de que os terminais brasileiros são ineficientes decorre de fatores que não serão corrigidos pela medida provisória -SP) defendeu a administração regional dos terminais portuários como modelo de êxito em todo o mundo. “Esses burocratas devem achar que podem comandar porto daqui de Brasília, do ar condicionado”, criticou. O deputado Milton Monti (PR-SP), contudo, defendeu a centralização. “As decisões têm de ser trazidas para Brasília, porque devem ser equalizadas com os interesses do País”, rebateu. Ineficiência - Ainda conforme os participantes da audiência, a acusação de que os terminais brasileiros são ineficientes decorre de fatores que não serão corrigidos pela MP. Roberto Santiago, por exemplo, argumentou que todos os órgão públicos envolvidos na operação portuária, como Docas, Anvisa e Receita Federal, trabalham de 9 às 17 horas, de segunda a sexta. “Isso significa 112 dias de porto fechado por ano, pode construir quantos portos quiser, que não vai ser eficiente, se não tirar esse gargalo” assegura. O parlamentar disse ainda que não adianta aumentar a quantidade de terminais, se o País não contar com a infraestrutura necessária para que as mercadorias cheguem aos portos. “É uma falácia. Se não tiver rodovia, ferrovia para o produto chegar, é brincadeira o que se está sendo discutido”. SEGURANÇA Bombeiros pedem nova legislação para evitar outras tragédias Renata Tôrres Bombeiros de vários estados apresentaram, ontem (12), sugestões de mudanças na legislação e em diversas normas que tratam da prevenção contra incêndios. O objetivo é evitar tragédias como a que aconteceu na boate Kiss, em Santa Maria (RS). Bombeiros de São Paulo, do Rio de Janeiro, do Distrito Federal, do Pará e do Rio Grande do Sul participaram da audiência pública da comissão externa da Câmara que acompanha as investigações sobre o incêndio na casa noturna, que provocou a morte de 241 pessoas desde o dia 27 de janeiro. O tenente-coronel Vitor Hugo Cordeiro, da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, esteve na boate Kiss depois do incêndio e participa da equipe que investiga as causas da tragédia. Ele afirmou que o fogo não se alastrou muito durante o incêndio, que foi provocado por um dos integrantes da banda que se apresentava no local ao acender um sinalizador. Espuma - O problema maior, segundo o bombeiro, foi a espuma utilizada para revestir o ambiente, que provocou uma fumaça muito tóxica ao entrar em combustão. Por isso, ele www.camara.leg.br defendeu que os fabricantes de espumas sejam obrigados, em lei, a especificar os riscos oferecidos pelos produtos. “Todo material que for utilizado dentro de uma casa de espetáculos, um local de reunião pública não pode gerar chama nem gases tóxicos”, explicou. Segundo Cordeiro, apesar de necessária, essa certificação ainda não é exigida por lei, cabendo aos parlamentares transformar isso. Ele destacou que não foi autorizada a colocação da espuma no revestimento da boate Kiss. Também explicou que, visualmente, não é possível Antonio Araújo/ Câmara dos Deputados O tenente-coronel da Brigada Militar do RS defendeu, durante a audiência, que lei torne obrigatória instalação de sistemas de exaustão em locais de reuniões públicas diferenciar uma espuma que emite gases tóxicos quando em chamas de outra que não oferece perigo. O bombeiro ainda defendeu que a lei torne obrigatória a instalação de sistemas de exaustão de fumaça nos locais fechados onde ocorrem reuniões públicas. Segundo ele, isso poderia ter amenizado a dimensão da tragédia. Cursos - O representante do Corpo de Bombeiros do DF, tenente-coronel Edgar Sales Filho, ressaltou a necessidade de arquitetos e engenheiros darem mais importância à prevenção contra incêndios em seus projetos. Os participantes da audiência defenderam que estudantes de Arquitetura e Engenharia tenham disciplinas específicas sobre esse assunto. O presidente da comissão externa que acompanha as investigações em Santa Maria, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), afirmou que a proposta pode ser acatada no relatório final da comissão externa. “Ao que tudo indica, não temos, no Brasil, nas faculdades, uma tradição de disciplinas que deem a esse profissional condições de dominar questões relativas à prevenção de incêndios. Então, acho que deverá haver, sim, uma reavaliação curricular”, afimou. Disque - Câmara 0800 619 619 8 ECONOMIA Brasília, 13 de março de 2013 Unificação das alíquotas do ICMS deverá marcar reunião sobre pacto federativo Interesses divergentes dos estados quanto à redução escalonada e posterior unificação das alíquotas interestaduais do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), foram evidenciados em reunião ocorrida ontem (12) com secretários estaduais de Fazenda na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Essa polêmica antecipa o tom da reunião desta quarta-feira (13) dos governadores com os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e do Senado, Renan Calheiros, para tratar do pacto federativo. A reunião com os governadores está prevista para as 11h, no Salão Negro do Congresso Nacional. Além da reforma do ICMS, outros temas devem entrar em debate, entre eles o Fundo de Participação dos Estados e os royalties da mineração. O Projeto de Resolução do Senado (PRS) 1/13, que trata da reforma do ICMS, foi discutido no encontro da comissão. De autoria do Poder Executivo, o projeto propõe uma única alíquota de 4% até 2025. Hoje, ela é de 7% nos estados do Sul e Sudeste, com a exceção do Espírito Santo, e de 12% nos demais estados. Manteriam a alíquota mais alta as operações originadas da Zona Franca de Manaus e as realizadas com gás natural. O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, senador Lindberg Farias (PT-RJ), disse que pretende pôr o Projeto de Resolução da reforma do ICMS em votação no dia 26 de março. A proposta depende apenas de deliberação do Senado Federal. Fim da guerra fiscal - A ideia do governo é acabar com a guerra fiscal – Alexandra Martins/Câmara dos Deputados Secretários de Fazenda dos estados não têm consenso sobre redução de alíquotas incentivos tributários oferecidos pelos estados para atrair empresas. Mas os estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste não concordam com a proposta. O coordenador do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) e secretário de Fazenda do Maranhão, Cláudio Trinchão, reconheceu que a iniciativa do governo é louvável, mas destacou, por exemplo, que houve uma frustração de parte dos governadores quanto ao valor destinado ao Fundo de Desenvolvimento Regional, no montante de R$ 296 bilhões. “Os estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste entendem que deve haver, sim, uma assimetria das alíquotas. Isso, salvo engano, está fechado entre os estados dessas três regiões para que se possa fazer ainda algum tipo, logicamente controlado, de política tributária”, observou Cláudio Trinchão. “Além disso, a partir do momento em que se sai de uma alíquota interestadual de 12%, praticada hoje pelos estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, para 4%, enquanto que os estados do Sul e do Sudeste saem de 7% para 4%, existe aí uma situação invertida. Os estados mais pobres vão perder mais”, afirmou o coordenador do Confaz. Proposta melhorada - Sobre o montante a ser destinado ao Fundo de Desenvolvimento Regional, cuja criação também está prevista na MP 599/12, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, ressaltou que a proposta da União já foi melhorada, visto que o valor previsto inicialmente era de R$ 172 bilhões. “Sabemos que o montante não é sufi- ciente para compensar algumas empresas pelos seus incentivos, mas achamos que alguns desses incentivos são excessivos e desnecessários”, disse. Alíquota única - Já o secretário de Fazenda de Minas Gerais, Leonardo Colombini, não apenas defendeu a proposta de uma alíquota única de 4% de ICMS, como se disse favorável à antecipação de sua entrada em vigor. Em vez de 12 anos, para oito anos. “Um estado não pode conceder incentivos em prejuízo de outro estado. Isso é quebra de federalismo”, afirmou Leonardo Colombini. “Eu acho que desenvolvimento econômico não pode existir em detrimento das receitas de outro estado. Então, por isso é que nós defendemos a alíquota simétrica, que deve chegar num momento a 4%.” Fundo de compensação - Já Nelson Barbosa afirmou que a unificação da alíquota de ICMS em 4% nas operações interestaduais deve proporcionar ganhos a 20 dos 27 estados brasileiros. Aqueles que vierem a perder receita contarão com recursos de um fundo de compensação, previsto em uma medida provisória em análise no Congresso (MP 599/12). Para Barbosa, a guerra fiscal é um modelo esgotado e que gera insegurança jurídica, uma vez que o Supremo Tribunal Federal já considerou esses incentivos inconstitucionais. Quanto ao prazo de 12 anos para a unificação das alíquotas, o secretário-executivo disse que essa velocidade foi considerada adequada e atende às demandas dos estados. Projetos relativos ao assunto são prioridade, diz ministra Lara Haje Logo após participar de reunião de líderes da base aliada na manhã de ontem (12), a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, afirmou que a pauta prioritária do governo no Congresso inclui a proposta que regulamenta a cobrança do ICMS no comércio eletrônico (PEC197/12) e as propostas que alteram o pacto federativo. Entre elas, está a reforma do ICMS. Segundo a ministra, para promover a reforma do ICMS, é necessário que três propostas tramitem “harmoniosamente”: o projeto de resolução que unifica o ICMS dos estados e tramita no Senado (PRS 1/13); a Medida Provisória 599/12, que compensa desigualdades e aguarda votação em comissão mista, antes de www.camara.leg.br seguir para o Plenário da Câmara; e o projeto de lei complementar (PLP 238/13, do Executivo) que facilita a aprovação do perdão dos créditos tributários decorrentes da guerra fiscal entre estados. Ideli informou que na próxima semana deverá ser promovida reunião entre os relatores dessas matérias e integrantes do governo, no Ministério da Fazenda, para acertar a tramitação das propostas. O líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), afirmou que ainda não é possível prever datas para a votação das proposições. “Nas próprias bancadas, há divergências, pelas características regionais das propostas”, observou. “Vamos ouvir os governadores e em seguida construir a agenda”, completou o líder do PT, José Guimarães (CE). Luis Macedo/Câmara dos Deputados Durante reunião com líderes, Ideli Salvatti disse que três propostas devem tramitar em harmonia para garantir a reforma do ICMS Disque - Câmara 0800 619 619