1 TRANSPORTE TERRESTRE DE PRODUTOS PERIGOSOS GERENCIAMENTO DE RISCO DE LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS. Heloísa Camargo Bonetti - [email protected], FATEC Carapicuíba Orientadora: Profa. Dra. Renata Giovanoni Di Mauro - [email protected], FATEC Carapicuíba Co – Orientador: Prof. MSc. Rubens Vieira da Silva - [email protected] UPM e FATEC Carapicuíba ÁREA TEMÁTICA Transportes: Cargas Especiais e Perigosas RESUMO O transporte de produtos perigosos é um tema da logística empresarial muito abordado, devido ao potencial de riscos envolvidos, alta periculosidade, sobremaneira ao meio ambiente, devido à vulnerabilidade ambiental de áreas, sobretudo de cursos d’agua, sendo necessário seu eficiente armazenamento e movimentação. Estados como Rio de Janeiro e São Paulo lideram estatísticas de acidentes com carga perigosa, produtos químicos, petroquímicos e combustíveis, tal fato decorre de que os dois Estados concentram mais de 80% das indústrias petroquímicas nacional. Em São Paulo o óleo diesel é o produto de maior índice de acidentes assumindo 70 casos para um total de 406 registrados em 2011, segundo dados da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB). Dos acidentes registrados em 2011, 21,38% correspondem a tombamentos e 16,22% a colisões ou choques (CETESB). Neste artigo abordam-se procedimentos e análise de riscos no transporte desse tipo de carga, com o enfoque no transporte de produtos inflamáveis no estado de São Paulo, apresentando medidas de reduções, perdas, comparativos, demonstrativos de causa, tendo como principal base de dados a CETESB. Palavras-chave: Transporte de produto perigoso, Análise de risco, Líquidos inflamáveis. ABSTRACT The transport of dangerous goods is a subject much discussed the logistics business, due to the potential risks involved, highly dangerous, excessively to the environment due to the environmental vulnerability of areas, streams of water, necessitating its efficient storage and handling. States such as Rio de Janeiro and Sao Paulo leading statistics of accidents involving dangerous goods, chemicals, petrochemicals and fuels, as follows from the fact that the two states more than 80% of the national petrochemical industry. In Sao Paulo diesel oil is the product of a higher rate of accidents taking 71 cases to a total of 406 recorded in 2011, according to the Society of Environmental Sanitation Technology of São Paulo(CETESB). Of the accidents registered in 2011, corresponding to 21.38% and 16.22% to overturning bumps or shocks(CETESB). The article addresses up procedures and risk analysis in the transport of such cargo, with the focus on the transport of flammable goods in the state of São Paulo, with 2 reductions measures, losses, comparative statements of cause, with the primary database CETESB. Keywords: Transport hazardous products, Risk mapping, Flammable liquid. 1 INTRODUÇÃO O transporte de produtos químicos perigosos foi regulamentado no Brasil mediante da aprovação do Decreto nº 96.044 de 18 de maio de 1988, definindo-se normas e especificações para sua movimentação. Ninguém pode oferecer ou aceitar produtos perigosos para transporte se tais não estiverem adequadamente classificados, embalados, marcados, rotulados, sinalizados conforme declaração emitida pelo expedidor, constante na documentação de transporte e, além disso, em desacordo com as condições de transporte exigidas na regulamentação específica. (Agência Nacional de Transportes Terrestres-ANTT/ Inmetro. gov). Os produtos químicos perigosos são enquadrados em nove classes de materiais estabelecidos na Resolução 420/04 da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), sendo atualizada posteriormente para a Resolução 701/04 e classificados pela Organização das Nações Unidas (ONU), como forma de padronização de informações, com o intuito de facilitar a identificação da carga transportada e de seu risco, publicado no Modelo de Regulamento – Recomendações para o Transporte de Produto Perigoso conhecido como Orange Book. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE, 2009), a indústria química é fornecedora de matérias-primas e produtos para todos os setores produtivos, da agricultura ao aeroespacial, desempenha relevante papel na economia, com participação no Produto Interno Bruto (PIB) em 2,6% no ano de 2009, correspondente a cerca de 11% da indústria de transformação. Como outros tipos de materiais, o transporte de produtos perigosos é realizado por outros modos, tais como fluvial, ferroviário, marítimo e até mesmo por dutos, porém sendo na sua maioria o modo rodoviário, liderando estatísticas de acidentes, tendo em vista ao alto volume de produtos perigosos transportado no Estado de São Paulo e pelo transporte estar mais vulnerável a acidentes devido a maiores exposições a agentes externos. Gráfico 1: Relação de Acidentes no Estado de São Paulo por Classe de Risco (2011) Fonte: CETESB,2011. 3 Observando o gráfico 1, nota-se que a classe dos líquidos inflamáveis, tem percentagem de 37,38% de acidentes registrados no Estado de São Paulo, no período de 01/01/2011 à 31/12/2011 (CETESB, 2011). Os dados indicam a importância de estudar essas ocorrências, principalmente devido ao potencial de risco ocasionado por acidentes com esse tipo de carga. 2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Este artigo apresenta caráter qualitativo, de natureza descritiva e explicativa, baseando-se em dados bibliográficos científicos, documentais e regulamentares. O método utilizado na pesquisa é indutivo que segundo Marconi E Lakatos (2003, p.84) “Através da indução se parte de dados particulares, suficientemente consultados, e se produz uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas”. 3 REVISÃO TEÓRICA Todos os produtos químicos têm o seu potencial de risco, pois de acordo com suas características físico-químicas podem ser explosivos, inflamáveis, tóxicos, oxidantes, corrosivos e/ou radioativos, esse risco também está relacionado com o seu estado físico e suas quantidades. São denominados produtos perigosos substâncias encontradas na natureza ou produzida por qualquer processo que possua propriedades físico-químicas, biológicas ou radioativas que represente risco para a saúde humana, para a segurança pública e para o meio ambiente. 3.1 Regulamentação de Transporte de Produtos Perigosos Transporte pode ser definido como a movimentação de pessoas, mercadorias ou serviços entre localidades. Não se tem desenvolvimento regional e nacional sem adequação da infraestrutura de transporte, buscando eficiência econômica e sustentável do sistema logístico. Em termos logísticos trata-se da atividade de movimentação de materiais/produtos e pessoas, ao longo da cadeia de abastecimento. Em termos econômicos uma das principais funções consiste na capacidade de disponibilizar cada tipo de mercadoria no momento e no lugar onde exista uma demanda pelas mesmas. O mesmo vale para o movimento de pessoas. (Glossário de Logística, 2012) O transporte de cargas torna-se diferencial competitivo das organizações, buscandose menores custos, menores prazos de entregas, melhor escolha no modo utilizado (visando aspectos de meio-ambiente e econômicos) para sim alcançar espaço no mercado. Estatísticas demonstram que o maior índice de acidentes com produtos perigosos estão na fase do transporte, pois a carga está sujeitas a ações imprevisíveis, devido a fatores com acidentes com outros veículos, condições de transporte e trânsito (má conservação de pistas e estradas), condições do condutor do veículo e etc. No Brasil, o transporte rodoviário de produtos perigosos, é regulamentado pelo Decreto n.º 96.044 de 18 de maio de 1988, que aprovou o Regulamento para Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos, que por sua vez são atualizados periodicamente na Organização das Nações Unidas. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT, 2009) são considerados produtos perigosos todos os produtos químicos que, quando manuseados de forma incorreta, apresentam riscos à saúde humana, a segurança pública ou ao meio ambiente. O processo de fiscalização é realizado pelo Departamento da Polícia Rodoviária Federal (DPRF), inicia-se pela conferência documental (veiculo e condutor), e posteriormente dos equipamentos de proteção individual. 4 3.2 Em Relação à Documentação São devidos: a. Documentos do condutor devem ser compatíveis com a categoria do veículo e certificado original de Movimentação Operacional de Produtos Perigosos (MOPP); b. Certificado de capacitação expedito pelo Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO) ou órgão credenciado; c. Documentos relativos à carga perigosa: Ficha de Emergência, e Envelope para Transporte, ambos emitidos pelo expedidor, de acordo com a NBR-7503; Ficha de Emergência: documento pelo qual descreve classe, subclasse definida pela ONU, riscos e medidas a ser tomado em caso de acidentes, nome apropriado para embarque, destinada à equipe de emergência, com dimensões mínimas de 250 mm x 188 mm. Sua cor varia em produtos classificados, restritivos ao transporte (borda vermelha) e produtos não classificado, não restritivos ao transporte (borda verde), contendo telefones de apoio e transportador. O Envelope para Transporte que envolve a Ficha de Emergência deve ser de cor parda, com dados do expedidor, transportador e telefones de contato, acompanhando a Nota Fiscal. 3.3 PRÓQUIMICA Sistema de emergência de utilidade pública, criado pela Associação das Indústrias Químicas e Produtos Derivados (ABIQUIM) desde 1989, está estruturado para fornecer informações sobre os procedimentos a serem observados em relação ao transporte e manuseio de produtos químicos. A Central de Informações opera ininterruptamente, recebendo os chamados pelo telefone de qualquer parte do território nacional, sempre que ocorrer uma situação claramente emergencial envolvendo produtos químicos, tanto durante o transporte como em locais fixos. No ano de 2011 fora recebidos 16.622 chamados, dentre eles emergências, incidentes diversos, dados técnicos e de legislação e outros, prevalecendo as ocorrências no modo de transporte rodoviário com 473 solicitações. (ABIQUIM, 2011). 3.4 Painel de Segurança e Rótulo de Risco (NBR 7500) Os Painéis de Segurança e Rótulos de Risco devem estar devidamente regulamentados pela NBR 7500. Devem-se estar afixados nas laterais e na traseira do veículo, possuindo desenhos, números e cores, que facilitem a identificação de classe e subclasse do produto. O rótulo de risco deverá ter dimensões de 30x30 cm, tratando-se de veículos e 10x10 cm, no caso de embalagens. O painel de segurança é composto pelo número risco (classes varia de 1 à 9), e o número da ONU, com dimensões de 30x40 cm. 3.5 Classe dos Líquidos Inflamáveis Os líquidos combustíveis e inflamáveis são inseridos na classe de risco 3, e regulamentados pela NR 20. Fica definido, como todo aquele que possua ponto de fulgor igual ou superior a 70ºC e inferior a 93,3ºC. Produtos inflamáveis em mistura com o ar e na presença de fonte de energia assumem ignição e se queimam rapidamente. Segundo a Norma Regulamentadora, NR 20 do Ministério do Trabalho, líquidos combustíveis e inflamáveis são definidos da seguinte maneira: a. Líquido inflamável: todo produto que possua ponto de fulgor inferior a 70°C e pressão de vapor absoluta que não exceda a 2,8 kgf/cm ² , a 37,7° C; 5 b. Líquido combustível: todo produto que possua ponto de fulgor igual ou superior a 70° C e inferior a 93,3° C. A norma ABNT NBR 7.505, por exemplo, considera como líquido inflamável todo aquele que possuir ponto de fulgor inferior a 37,8° C e a pressão de vapor absoluta igual ou inferior a 2,8 kgf/cm². Comportamento dos líquidos no ambiente segundo as propriedades: a. a velocidade de evaporação do líquido depende de sua constituição, da temperatura (do líquido e do ambiente), da pressão da superfície exposta e da movimentação do ar (ventilação); b. A pressão de vapor depende do líquido e da temperatura de referências; quanto maior a pressão de vapor, maior a capacidade do líquido 3.5.1 Análise de Acidentes e Riscos De acordo com a CETESB no período de janeiro à dezembro de 2011, o maior número de acidentes ocorridos no transporte de produtos perigosos está inserido na classe de risco dos Líquidos Inflamáveis, 37,38% do total 406 acidentes no ano. Observase pelos dados de anos anteriores, que os números têm pouca variabilidade, com 38,33% e 40,98% respectivamente nos anos de 2010 e 2009. A expansão da indústria automobilística juntamente com o baixo custo dos combustíveis derivados do petróleo, tem estimulado o uso do modo de transporte rodoviário de carga, característica também observada em outros países a partir da década de 1950. Estados como Rio de Janeiro e São Paulo lideram estatísticas de acidentes com carga perigosa, produtos químicos, petroquímicos e combustíveis, sendo que tal fato decorre que os dois Estados concentram mais de 80% das indústrias petroquímicas do parque nacional. (CETESB-2011). Em São Paulo o óleo diesel é o produto de maior índice de acidentes assumindo 71 casos para um total de 406 registrados em 2011. O modo de transporte rodoviário é o mais atingido, assumindo 52,33% dos acidentes tendo como ano-base 2011. Acidentes com produto perigoso em sua maioria são causados no transporte, com 21,43% (87 acidentes), seguido de colisão/choque 16,26% (66 acidentes). Acidentes causados por Líquidos Inflamáveis são em 52,33% decorrentes do transporte rodoviário, contrapondo-se a 1,72 % na atividade de armazenagem. A rodovia de maior número de acidentes constatados é a Regis Bittencourt, no trecho do Estado de São Paulo ao Paraná (Curitiba) em 402,6 km. Segundo o DNIT mais de 70% do tráfego da rodovia é composto por veículos pesados, ou seja, caminhões e ônibus. As condições de segurança da rodovia são fatores importantes a serem considerados, possui trecho de 31 km não duplicados, que concentra a maior parte de acidentes registrados. Dentre as demais causas de acidentes 21,43% são devidos a tombamentos, apresentando-se maior incidência no município de São Paulo com 98 acidentes, seguido por Guarulhos com 15 registros. Dados do Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC), o Estado de São Paulo possui 567.273 registros emitidos e 774.171 veículos registrados por autônomos, 108.585 e 891.409, registros e veículos registrados por empresas e por fim 297 registros e 12.109 veículos por cooperativas. Analisando-se a idade média de veículos por autônomos são maiores ao se comparar com empresas e cooperativas, conforme evidencia-se na Tabela 1: 6 Tabela 1: Idade Média dos Veículos de Cargas. Idade Média dos Veículos Tipo de Veículo Autônomo CAMINHÃO LEVE (3,5T A 7,99T) CAMINHÃO SIMPLES (8T A 29T) CAMINHÃO TRATOR CAMINHÃO TRATOR ESPECIAL CAMINHONETE / FURGÃO (1,5T A 3,49T) REBOQUE SEMI-REBOQUE SEMI-REBOQUE COM 5ª RODA / BITREM SEMI-REBOQUE ESPECIAL UTILITÁRIO LEVE (0,5T A 1,49T) VEÍCULO OPERACIONAL DE APOIO Empresa Cooperativa Total 19,1 22,7 16,9 15,2 8,2 10,3 7,1 5,9 12,3 16,8 14,8 13,0 13,2 16,6 12,9 11,4 9,8 5,9 6,8 7,5 18,2 13,7 13,0 8,2 15,9 11,5 15,7 11,1 8,0 4,8 2,7 5,2 12,8 13,2 23,8 6,9 6,1 15,3 6,6 7,2 8,2 8,8 8,8 15,8 8,5 13,5 13,4 Total 19,2 Fonte: RNTRC,2012. No Quadro 1 identificam-se os produtos inflamáveis envolvidos em acidentes em São Paulo nos últimos três anos. Quadro 1: Acidentes no Estado de São Paulo por Produto. Ocorrências Produtos Nº ONU 2009 2010 2011 Total Óleo Diesel 1202 69 79 70 218 Gasolina 1203 19 26 20 65 Etanol 1170 21 28 21 70 Total do Ano ---410 461 406 ---Fonte: CETESB (2012) - Adaptação dos autores. Observando-se o Quadro 1, o produto de maior índice de acidentes registrado no Estado de São Paulo é o óleo diesel, nº ONU 1202, com 70 ocorrências registradas no ano de 2011. Devido a grandes volumes de produtos envolvidos, a atividade de transporte derivados e refinados do petróleo, como é caso do óleo diesel, desperta grande interesse aos potenciais impactos econômicos e ambientais. A prevenção de acidentes passa principalmente pela manutenção das vias, sinalizações e melhores qualificações a condutores. Em 2011, segundo a CETESB, a maior incidência de acidentes no transporte de produtos perigosos (48,16 %, de total de 406 acidentes no ano) ocorreu no interior do Estado de São Paulo. O fato decorre, em princípio, pela extensão territorial do Estado e também que os maiores polos industriais estão localizados no interior, como, Sorocaba, Paulínia, Campinas e Araraquara, por possuem infraestrutura logística e sistemas rodoviários importantes, como a Anhanguera, Bandeirantes, Castello Branco, Washington Luís e Dom Pedro I, possibilitando o escoamento de produtos líquidos por áreas extensas, pela morosidade do trânsito e ainda pelos perigos de alguns produtos comumente transportados nos grandes centros, como combustíveis inflamáveis, entre outros. 7 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao transporte de produtos perigosos em um grande centro como o Estado de São Paulo, além de potenciais de risco intrínsecos da carga transportada, ainda concorre com agravantes que são os fatores externos. O adensamento populacional, com cerca de 41,2 milhões de habitantes e densidade demográfica de 166,25 habitantes/km², segundo dados do Censo 2010. (IBGE, 2010). Analisando-se dados apresentados neste trabalho, o setor de transporte é o mais sujeito a acidentes com produtos perigosos. O número de motoristas autônomos no Estado de São Paulo é bem expressivo, de acordo com dados da ANTT (abril, 2012) 570.574 registros foram emitidos de motoristas autônomos para um total de 777.162 veículos, contrapondo-se a 895.750 veículos de empresas, a idade média dos veículos de empresas são em média de 8 anos e de autônomos de 19 anos. Procurou-se demonstrar a importância do gerenciamento de riscos no transporte de produtos inflamáveis, pois qualquer acidente ocorrido com esse tipo de produto pode causar danos mensuráveis a toda sociedade, evidenciando custos tangíveis e intangíveis. A conscientização do condutor é primordial para diminuir o número de acidentes, pois conforme os dados do programa “Olho vivo na estrada” da ABIQUIM, ele é um dos maiores responsáveis nesses casos. O sistema de escoamento logístico do Brasil é altamente dependente do modo de transporte rodoviário, resultante de histórica falta de investimentos, conservação e ampliação de outras malhas. Segundo dados do Departamento de Estradas de Rodagem (DER, 2009), a maior causa dos acidentes no Estado de São Paulo é o condutor, com 76% das ocorrências acumuladas entre 2005 e 2008, seja por transitar acima da velocidade, desrespeitando sinalizações de trânsito, sono, cansaço, exaustão, realizar ultrapassagens irregulares, ou mal acondicionamento da carga. Por isso, sistemas de qualificação de transportadoras, como o Sistema de Avaliação de Segurança, Saúde, Meio Ambiente e Qualidade (SASSMAQ) implantado pela ABIQUIM a partir de 2001 são relevantes na prevenção de acidentes envolvendo produtos perigosos, devido à relevância de cargas dessa natureza. O aumento da produção de petróleo no país acarreta um reflexo positivo para o setor como um todo. Porém a preocupação deve aumentar na mesma proporção devido aos impactos causados por esses acidentes. Considerando a cadeia logística de infraestrutura de transporte de produtos perigosos, há necessidade de maiores controles e fiscalizações dos processos. Quaisquer descuidos remetem a altos riscos em toda a cadeia. Política de qualidade da empresa, treinamentos de segurança, procedimentos para os colaboradores, cuidados em contratações de transportadoras agregadas e/ou terceirizadas são ações inerentes a esses processos. Como visto o número de motoristas autônomos é bem expressivo, demandando políticas de contratações pelas transportadores, se os mesmos estão aptos para o transporte de produtos perigosos, independente do curso obrigatório exigível por norma, deve-se além de observar se o condutor possui as devidas certificações, se os veículos estão em boas condições e demais condições para o pleno exercício da atividade com segurança pessoal e publica. Se faz mister o rigor e a obrigatoriedade de reciclagens para condutores de transporte de produto perigoso, cabendo a órgãos competentes avaliar a periodicidade dos programas de treinamentos operacionais. No âmbito governamental, é necessária a implantação de novas rodovias públicas e o zelo pela conservação das existentes, segundo políticas públicas claras como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em curso, com investimento de R$ 11 bilhões para manutenção do quadro de rodovias federais existente. Considerando a complexidade do tema e a diversidade de procedimentos que um acidente envolvendo produtos perigosos exige, sugere-se, por meio de legislação 8 específica, os requisitos necessários à qualificação de empresas prestadoras de serviços de atendimento a emergências envolvendo substâncias químicas, bem como maior qualificação de profissionais que atuam nessa atividade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES. Resolução 420/04. 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