PERFIL EPIDEMIOLÓGICO COM ACIDENTES OFÍDICOS NA REGIÃO DE ITAPEVA-SP DO ANO DE 2007 A 2012 Suzuki, Cristiane Emiko Discente do curso de Enfermagem da Faculdade de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva Cavalcante, Walter Luis Garrido Docente da Faculdade de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva RESUMO Os acidentes ofídicos caracterizam-se por um sério problema de saúde pública. Portanto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a incidência desses acidentes na região de Itapeva, as espécies de serpentes envolvidas nesses acidentes, bem como as características do envenenamento e o tipo de tratamento. A pesquisa foi desenvolvida através de referencial teórico, por meio de livros, artigos científicos, publicações relacionadas ao tema, coletas de dados secundários fornecidos pelo Sistema de Informação de Agravos e de Notificações (SINAN). Palavra - chave: Ofidismo, soroterapia, incidência. ABSTRACT The snakebites are characterized by a serious public health problem. Therefore, this study aimed to evaluate the incidence of such accidents in the region of Itapeva, the snake species involved in these accidents, as well as the characteristics of poisoning and treatment. The survey was developed through theoretical, through books, papers, publications related to the theme, collection of secondary data provided by System Diseases Information and Notification (SINAN). Word - key: snakebite, antivenom therapy, incidence. 1. INTRODUÇÃO Os acidentes ofídicos representam um sério problema de saúde pública no Brasil, ocorrem aproximadamente 20.000 casos ao ano com 100 mortes. Com 90% desses acidentes o responsável seria do gênero Bothrops que se encontra em todo o território brasileiro. Esse gênero é conhecido como a jararaca, urutucruzeiro, jaracuçu, caiçara entre outros. Seu habitat, geralmente é em zonas rurais, com locais e ambientes úmidos e que haja proliferação de roedores. Seu hábito para a caça é noturno e ataca agressivamente, e seu único tratamento que apresenta eficácia no resultado é a soroterapia. 2. REFERENCIAL TEÓRICO Existem cerca de 2.500 espécies de serpentes em todo o mundo, onde 250 encontram-se no Brasil, sendo que 70 são peçonhentas, pertencentes à família Viperidae, representada pelos gêneros Bothrops (jararaca), Crotalus (cascavel), Lachesis (surucucu) e a família Elapidae, pelo gênero Micrurus (coral). No período de 2000 a 2007 foram registrados 192.703 acidentes ofídicos no país, onde 28% na Região Sudeste, 27% no Norte, 24% no Nordeste 11% no Sul e 10% no Centro-Oeste, sendo 87% botrópicos, 9% crotálicos, 3% laquéticos e 1% micrúricos (DE OLIVEIRA et al, 2009). O acidente por serpentes do gênero Bothrops é o mais comum no país. Estas serpentes habitam as zonas rurais e periferias de grandes cidades, preferem os ambientes úmidos como matas e áreas cultivadas, e os ambientes com proliferação de roedores, como os paióis, celeiros, depósitos de lenha, e em adição, apresentam hábito noturno ou crepuscular (BRASIL, 1998 e CUPO, 1990). O envenenamento ofídico apresenta manifestações fisiopatológicas variadas, que diferem entre as famílias de serpentes e até mesmo dentro do mesmo gênero e espécie (GUTIERREZ & OWNBY, 2003). De acordo com Ribeiro & Jorge (1997), França & Málaque (2003) o veneno do gênero Bothrops tem como ações principais: proteolítica, coagulante e hemorrágica. A vítima geralmente apresenta dor, edema e sangramento no local da picada. Em alguns casos o quadro clínico pode evoluir para outros membros, surgimento de bolhas, equimose, abscesso, hemorragias e necrose. Em casos graves à vítima pode falecer por insuficiência renal aguda. Os venenos ofídicos são misturas complexas de substâncias, constituídos principalmente por proteínas, 70 a 90% do peso seco do veneno, em sua maioria toxinas ou enzimas com atividade tóxica. A fração não-protéica é representada por carboidratos, lipídeos, aminas biogênicas e componentes inorgânicos (DEVI, 1971). O método mais eficaz para o tratamento dos envenenamentos ofídicos ainda é a soroterapia. Os princípios da soroterapia, hoje utilizados em todo o mundo, são baseados nos estudos pioneiros de Albert Calmette (CALMETTE, 1894) e Vital Brazil (BRAZIL, 1903; 1905). Os soros antiofídicos são produzidos em animais, geralmente cavalos, utilizando-se o veneno bruto como imunógeno. A partir do sangue desses animais é obtido o soro, rico em imunoglobulinas capazes de neutralizar as toxinas presentes nos venenos. O soro antiofídico deve ser administrado o mais rápido possível, para neutralizar a peçonha, evitando possíveis danos ocasionados por seus componentes (VERONESI, FOCACCIA, 1996). Durante ou após a infusão do antiveneno podem surgir reações alérgicas (BRASIL, 2005). De acordo com Bochener e Struchiner (2003), o perfil dos acidentes ofídicos no Brasil permaneceu inalterado durando os últimos cem anos, ocorrendo principalmente no verão entre Novembro a Abril, devido a maior atividade desses animais, e durante o dia. As pessoas mais acometidas são os trabalhadores do campo, do sexo masculino, com idade entre 15 a 49 anos. O local da picada são geralmente os membros inferiores, devido a falta de equipamento de segurança. Em vista do exposto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a incidência desses acidentes na região de Guapiara, as espécies de serpentes envolvidas nesses acidentes, bem como as características do envenenamento e o tipo de tratamento. 2. MATERIAL E MÉTODO A pesquisa foi desenvolvida através de referencial teórico, utilizando livros, artigos científicos, publicações relacionadas ao tema e coletas de dados secundários fornecidos pelo bancos de dados o Sistemas de Informações de Agravos e Notificações (SINAN). 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOCHENER, R.; STRUCHENER, C.J., Epidemiologia dos acidentes ofídicos nos últimos 100 anos no Brasil: uma revisão. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, n.1, p.7-16, 2003. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos. Fundação Nacional de Saúde, 1998. BRASIL, Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica. 6. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. BRAZIL, V. Contribuição ao estudo do veneno ophidico: tratamento de mordeduras das cobras. Rev. Med. São Paulo, v.13, p.265-278, 1903. BRAZIL, V. Contribution à l’étude d’origine ophidiene. Paris: A. Maloine, 1905. CALMETTE, A. Contribution a l’étude du venin des serpents. Immunisation des animaux et traitement de l’envenimation. Ann. Inst. Pasteur, v.8, p.275-291, 1894. CARDOSO, J.L.C.; FRANÇA, F.O. de S.; WEN, F.H.; MALAQUE, C.H.S.; HADDAD JR, V., Animais Peçonhentos no Brasil: biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. Ed. Sarvier, São Paulo, SP, p. 468, 2003. CUPO, P., AZEVEDO, M. M., HERING, S. E., et al. Acidentes ofídicos: Análise de 102 casos. Livro de Resumos de XXI Congresso da Soc. Bras. Med. Trop, 1990; 23 - 24. DE OLIVEIRA, R.C.; WEN, F.H.; SIFUENTES, D.N. Epidemiologia dos Acidentes por Animais Peçonhentos. In: CARDOSO, J.L.C.; FRANÇA, S.F.O.; WEN, F.H.; MÁLAQUE, C.M.S.; HADDAD JUNIOR, V. (Eds.). Animais peçonhentos no Brasil: biologia, clínica e terapêutica dos envenenamentos. São Paulo: Sarvier, 2009. p.6-21. DEVI, A. The protein and nonprotein constituents of snake venoms. In: BUCHERL, W.; BUCKLEY, E.; DEULOFEN, V. (Eds.). Venomous animals and their venoms. 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