A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O COMÉRCIO VAREJISTA: ANÁLISE DO PERÍODO DE 2003 A 2013 NO BRASIL Bruno Bassani Barreto Felipe Casoni de Azevedo Carvalho Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadora: Thereza Cristina Nogueira de Aquino Rio de Janeiro Agosto de 2014 A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O COMÉRCIO VAREJISTA: ANÁLISE DO PERÍODO DE 2003 A 2013 NO BRASIL Bruno Bassani Barreto Felipe Casoni de Azevedo Carvalho PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO. Examinado por: _____________________________________________________ Profa. Thereza Cristina Nogueira de Aquino, D.Sc. (Orientadora) _____________________________________________________ Prof. Amarildo da Cruz Fernandes, D.Sc. _____________________________________________________ Profa. Rosemarie Broker Bone, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL AGOSTO de 2014 ii Barreto, Bruno Bassani Carvalho, Felipe Casoni de Azevedo A Expansão do Consumo e seus Impactos sobre o Comércio Varejista: Análise do Período de 2003 a 2013 no Brasil / Bruno Bassani Barreto e Felipe Casoni de Azevedo Carvalho. – Rio de Janeiro: UFRJ/ ESCOLA POLITÉCNICA, 2014. XVIII, 117p.: il.; 29,7 cm. Orientadora: Thereza Cristina Nogueira de Aquino Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de Engenharia de Produção, 2014. Referências Bibliográficas: p. 99-102 1. Consumo. 2. Comércio Varejista. 3. Modelos Econométricos. I. Aquino, Thereza Cristina Nogueira de. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia de Produção. III. A Expansão do Consumo e seus Impactos sobre o Comércio Varejista: Análise do Período de 2003 a 2013 no Brasil. iii À nossa família e amigos, pela compreensão, incentivo e companheirismo. iv Agradecimentos Iniciamos dirigindo os agradecimentos àqueles que mais nos apoiaram durante a realização deste trabalho. Exaltamos a nossa grande gratidão à nossa professora e orientadora, Thereza Aquino, pela sua amizade e dedicação. Sua orientação tornou possível o desenvolvimento deste trabalho. Agradecemos também ao Corpo Docente do curso de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio de Janeiro, cujos ensinamentos serviram de insumos para que nós pudéssemos nos tornar não só melhores alunos, mas também melhores profissionais e pessoas. Aos nossos amigos, em especial aos da turma EP09.1, que seja durante os momentos de divertimento ou de estudos, estiveram por perto e fizeram com que nossa experiência ao longo da graduação fosse inesquecível. Um agradecimento mais que especial para nossas famílias que, independente dos momentos de alegria ou tristeza, estiveram presentes em nossas vidas, nos apoiando naquilo que fazemos e queremos fazer, possibilitando que chegássemos até aqui. Para finalizar, o nosso agradecimento a todos que, de alguma maneira, se fizeram presentes durante o desenvolvimento do nosso trabalho. Muito obrigado! v “Primeiro eles o ignoram, depois riem de você, depois lutam com você, e então você vence.” Gandhi vi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção. A Expansão do Consumo e seus Impactos sobre o Comércio Varejista: Análise do Período de 2003 a 2013 no Brasil Bruno Bassani Barreto Felipe Casoni de Azevedo Carvalho Agosto / 2014 Orientadora: Thereza Cristina Nogueira de Aquino Curso: Engenharia de Produção O trabalho apresenta uma análise sobre a expansão do consumo das famílias no Brasil no período de 2003 a 2013 e os impactos desse fenômeno no comércio varejista. Com base em um referencial teórico sobre teoria do consumo e os efeitos de medidas de política econômica no consumo agregado, é realizado um estudo sobre que variáveis macroeconômicas foram determinantes para essa expansão do consumo das famílias no período considerado e de que forma isso se refletiu no desempenho do comércio varejista. Além de traçar um panorama do comportamento das variáveis estudadas, realizando uma análise qualitativa, o estudo contém também uma análise quantitativa baseada em modelos econométricos elaborados com as variáveis consideradas mais determinantes para os fenômenos estudados. Palavras-chave: Consumo, Comércio Varejista, Modelos Econométricos. vii Abstract of Undergraduate Project presumed to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Engineer. The Expansion of Consumption and Its Impact on Retail Market: Analysis of the Period between 2003 and 2013 in Brazil Bruno Bassani Barreto Felipe Casoni de Azevedo Carvalho August / 2014 Advisor: Thereza Cristina Nogueira de Aquino Course: Industrial Engineering This paper presents an analysis about the expansion of families’ consumption in Brazil during the period between 2003 and 2013 and the impacts of these phenomenons on retail market. According to one theoretical about consumption’s theory and the effects of economical policies on aggregate consumption, it is developed a study on macroeconomic variables that were crucial to this expansion of families’ consumption during the period considered and how this was reflected in the performance of the retail commerce. Besides showing an overview of the behavior of the variables studied, performing a qualitative analysis, the study also contains a quantitative analysis which is based on econometrical models designed with the variables considered most important for the phenomenons studied. Keywords: Consumption, Retail Commerce, Econometrical Models viii SUMÁRIO 1. 2. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1 1.1. APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 1 1.2. OBJETO DE ESTUDO ............................................................................................... 1 1.3. OBJETIVOS................................................................................................................ 2 1.4. JUSTIFICATIVA DO TEMA ..................................................................................... 2 1.5. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ................................................................................. 3 1.6. MÉTODO .................................................................................................................... 3 1.7. ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................ 4 REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................................... 5 2.1. TEORIA DO CONSUMO .......................................................................................... 5 2.1.1. A função consumo ......................................................................................................... 6 2.1.2. O Modelo Ciclo de Vida e A Teoria da Renda Permanente (TRP) .......................... 9 2.1.2.1. O Modelo Intertemporal de Fisher ......................................................................... 9 2.1.2.2. O Modelo Ciclo de Vida de Modigliani ................................................................ 11 2.1.2.3. A Teoria da Renda Permanente (TRP) de Friedman ............................................ 12 2.1.2.4. O Modelo Hall-Flavin ........................................................................................... 12 2.1.3. O Modelo Híbrido de Campbell-Mankiw ................................................................. 13 2.1.4. Aplicações aos Dados do Brasil .................................................................................. 13 2.1.5. Conclusões ................................................................................................................... 14 2.2. POLÍTICA ECONÔMICA E SEUS EFEITOS SOBRE O CONSUMO ................. 15 2.2.1. Taxa de Juros e seus Efeitos sobre o Consumo: os Mecanismos de Transmissão de Política Monetária ...................................................................................................................... 16 2.2.1.1. Canal do Crédito................................................................................................... 16 2.2.1.2. Canal do Valor dos Ativos .................................................................................... 17 2.2.1.3. Canal do Câmbio .................................................................................................. 18 ix 2.2.1.4. Canal das Taxas de Juros ..................................................................................... 19 2.2.1.5. Canal das Expectativas Inflacionárias ................................................................. 20 2.2.1.6. Conclusões ............................................................................................................ 21 2.2.2. 3. 4. 5. Disponibilidade de Crédito e seus Efeitos sobre o Consumo ................................... 22 A ESTRUTURA DO COMÉRCIO BRASILEIRO .................................................... 24 3.1. DEFINIÇÃO DE COMÉRCIO ................................................................................. 24 3.2. A RELEVÂNCIA DO COMÉRCIO BRASILEIRO ................................................ 25 3.3. OS ÍNDICES E SEGMENTOS DO COMÉRCIO VAREJISTA BRASILEIRO ..... 28 3.3.1. Índice de volume de vendas ........................................................................................ 29 3.3.2. Índice de volume de vendas por segmento ................................................................ 31 3.3.3. A contribuição dos segmentos para o índice de volume de vendas ......................... 32 O CONSUMO DAS FAMÍLIAS................................................................................... 35 4.1. DEFINIÇÃO E RELEVÂNCIA DO CONSUMO DAS FAMÍLIAS ....................... 35 4.2. CARACTERIZAÇÃO DAS DESPESAS DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS ......... 38 PANORAMA DAS VARIÁVEIS MACROECONÔMICAS MAIS RELEVANTES PARA O CONSUMO DAS FAMÍLIAS ENTRE 2003 E 2013 .......................................... 41 6. 5.1. PIB............................................................................................................................. 41 5.2. INFLAÇÃO ............................................................................................................... 42 5.3. EMPREGO ................................................................................................................ 44 5.4. RENDA ..................................................................................................................... 47 5.5. TAXA DE JUROS .................................................................................................... 49 5.6. CRÉDITO.................................................................................................................. 52 5.7. TRANSFERÊNCIA DE RENDA ............................................................................. 54 5.8. DESONERAÇÃO FISCAL ...................................................................................... 56 PANORAMA DOS SEGMENTOS DO VAREJO AMPLIADO ENTRE 2003 E 2013.......................................................................................................................................... 60 6.1. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES .................................................................. 61 x 6.2. SUPERMERCADOS, HIPERMERCADOS, PRODUTOS ALIMENTÍCIOS, BEBIDAS E FUMO ............................................................................................................ 62 6.3. VESTUÁRIO, CALÇADOS E TECIDOS ............................................................... 63 6.4. MÓVEIS E ELETRODOMÉSTICOS ...................................................................... 63 6.5. ARTIGOS FARMACÊUTICOS, MÉDICOS, ORTOPÉDICOS, DE PERFUMARIA E COSMÉTICOS ...................................................................................... 64 6.6. EQUIPAMENTOS E MATERIAIS PARA ESCRITÓRIO, INFORMÁTICA E COMUNICAÇÃO ............................................................................................................... 64 7. 6.7. LIVROS, JORNAIS, REVISTAS E PAPELARIA .................................................. 65 6.8. OUTROS ARTIGOS DE USO PESSOAL E DOMÉSTICOS ................................. 65 6.9. VEÍCULOS E MOTOS, PARTES E PEÇAS ........................................................... 66 6.10. MATERIAL DE CONSTRUÇÃO ........................................................................ 67 6.11. PANORAMA DO SETOR VAREJISTA NOS ANOS DE 2003 E 2004 ............. 68 6.11.1. Ano de 2003 ................................................................................................................. 68 6.11.2. Ano de 2004 ................................................................................................................. 69 MÉTODO DE ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DOS MODELOS ECONOMÉTRICOS ............................................................................................................. 71 7.1. BASE TEÓRICA ESTATÍSTICA ............................................................................ 71 7.1.1. Regressão linear simples ............................................................................................. 71 7.1.2. Método dos mínimos quadrados ................................................................................ 72 7.2. 7.1.2.1. Coeficiente de regressão ....................................................................................... 73 7.1.2.2. Testes de hipóteses ................................................................................................ 74 7.1.2.3. Pressupostos do método dos mínimos quadrados ................................................. 76 ELABORAÇÃO DOS MODELOS .......................................................................... 79 7.2.1. Esclarecimentos sobre as regressões.......................................................................... 80 7.2.1.1. Quanto às observações ......................................................................................... 80 7.2.1.2. Quanto aos modelos a serem apresentados .......................................................... 80 xi 7.2.1.3. Quanto à validação dos pressupostos ................................................................... 80 7.2.1.4. Quanto aos cálculos das regressões e seus pressupostos ..................................... 81 7.3. 8. 7.3.1. Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB x Consumo das Famílias ....................... 82 7.3.2. Consumo das Famílias x Renda Disponível Bruta ................................................... 85 7.3.3. Consumo das Famílias x Crédito Concedido a Pessoas Físicas .............................. 88 7.3.4. Consumo das Famílias x Taxa de Juros .................................................................... 91 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 95 8.1. 9. RESULTADOS DOS MODELOS............................................................................ 82 SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS .......................................................... 97 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 99 APÊNDICE I - VARIAÇÃO DO ÍNDICE DE VOLUME DE VENDAS DO VAREJO ENTRE 2003 E 2013 ............................................................................................................ 103 APÊNDICE II - CRESCIMENTO REAL DO PIB ENTRE 1995 E 2013 ...................... 104 APÊNDICE III - TAXA MÉDIA DE CÂMBIO ENTRE 2003 E 2013........................... 105 APÊNDICE IV - TAXA DE DESEMPREGO ENTRE 2003 E 2013 .............................. 106 APÊNDICE V - POPULAÇÃO EM IDADE ATIVA ENTRE 2003 E 2013 .................. 107 APÊNDICE VI - POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA ENTRE 2003 E 2013 ... ........................................................................................................................................ 108 APÊNDICE VII - POPULAÇÃO OCUPADA ENTRE 2003 E 2013.............................. 109 APÊNDICE VIII - TAXA SELIC MÉDIA ENTRE 2003 E 2013 ................................... 110 APÊNDICE IX - RENDIMENTO REAL ENTRE 2002 E 2013 ..................................... 111 APÊNDICE X - SALÁRIO MÍNIMO ENTRE 2002 E 2013 ........................................... 112 APÊNDICE XI - CRÉDITO PARA PESSOAS FÍSICAS ENTRE 2002 E 2013 ........... 113 APÊNDICE XII - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO COMÉRCIO X CONSUMO 114 APÊNDICE XIII - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO CONSUMO X RENDA 115 xii APÊNDICE XIV - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO CONSUMO X CRÉDITO .. ........................................................................................................................................ 116 APÊNDICE XV - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO CONSUMO X JUROS ... 117 xiii LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Modelo Ciclo de Vida de Modigliani...................................................................... 11 Figura 2 - Transmissão da Política Monetária pelo Canal do Crédito ..................................... 17 Figura 3 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Valor dos Ativos - "Efeito Riqueza" ................................................................................................................................... 17 Figura 4 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Valor dos Ativos - Modificações nos Balanços de Instituições Financeiras ................................................................................. 18 Figura 5 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Câmbio Via Alterações nas Exportações Líquidas ............................................................................................................... 18 Figura 6 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Câmbio Via Alterações nos Preços dos Tradables ............................................................................................................... 19 Figura 7 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal das Taxas de Juros – Efeitos sobre o Investimento Agregado ............................................................................................................ 19 Figura 8 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal das Taxas de Juros - Efeitos sobre o Consumo Agregado ................................................................................................................. 20 Figura 9 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal das Expectativas Inflacionárias .... 21 Figura 10 - Mecanismos de Transmissão da Política Monetária ............................................. 21 xiv LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Indicadores do Setor de Comércio Brasileiro em 2011 .......................................... 25 Tabela 2- Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB - 2003 a 2013 ......................................... 27 Tabela 3 - PIB do Brasil em 2013 - Ótica da Oferta ................................................................ 27 Tabela 4 - Segmentos do Comércio Varejista Ampliado......................................................... 29 Tabela 5 - Crescimento Médio do Volume de Vendas por Segmento do Varejo Ampliado 2005 a 2013 .............................................................................................................................. 32 Tabela 6 - Contribuição de cada Segmento no Índice de Volume de Vendas do Varejo Ampliado - 2006 a 2013 .......................................................................................................... 33 Tabela 7 - Segmentos com Maior Contribuição ao Crescimento do Volume de Vendas do Varejo Ampliado ...................................................................................................................... 34 Tabela 8 - PIB Brasileiro em 2013 - Ótica da Demanda ......................................................... 36 Tabela 9 - Participação do Consumo das Famílias no PIB - 2003 a 2013 ............................... 37 Tabela 10 - Despesas de Consumo das Famílias que Afetam cada Segmento do Comércio Varejista Ampliado .................................................................................................................. 40 Tabela 11 - Média de Crescimento Real do PIB - 1995 a 2013 .............................................. 42 Tabela 12 - Série Histórica do IPCA - 2003 a 2013 ................................................................ 43 Tabela 13 - Inflação Anual Média por Governo - 2003 a 2013 ............................................... 43 Tabela 14 - Taxa de Câmbio Comercial para Compra de Dólar (R$ / US$) - 2003 a 2013 .... 44 Tabela 15 - Série Histórica da Taxa Média de Desemprego - 2003 a 2013 ............................ 45 Tabela 16 - Média da Taxa de Desemprego por Governo ....................................................... 45 Tabela 17 - Proporção Média de População Ocupada/População em Idade Ativa - 2003 a 2013.......................................................................................................................................... 46 Tabela 18 - Variação da Média da PO/PIA entre o Último e o Primeiro Ano de cada Governo .................................................................................................................................................. 46 Tabela 19 - Variação Média Anual do Rendimento Real - 2003 a 2013 ................................. 47 Tabela 20 - Média da Variação Anual do Rendimento Real por Governo .............................. 48 Tabela 21 - Variação Real da Média do Salário Mínimo - 2003 a 2013 ................................. 49 Tabela 22 - Variação Média Anual Real do Salário Mínimo por Governo ............................. 49 Tabela 23 - Média da Taxa Selic no Ano - 2003 a 2013 ......................................................... 51 Tabela 24 - Média da Taxa Selic por Governo ........................................................................ 51 Tabela 25 - Variação Real ao Ano do Montante de Crédito Concedido a Pessoas Físicas – 2003 a 2013 .............................................................................................................................. 53 xv Tabela 26 - Média da Variação Real ao Ano do Montante de Crédito Concedido a Pessoas Físicas por Governo ................................................................................................................. 54 Tabela 27 - Valor Total dos Benefícios do Bolsa Família e Número de Famílias Beneficiadas - 2004 a 2013 ........................................................................................................................... 55 Tabela 28 - Variação Real ao Ano do Benefício Médio por Família - 2005 a 2013 ............... 55 Tabela 29 - Média por Governo da Variação Real do Benefício Médio por Família .............. 56 Tabela 30 - Estimativas de Desonerações Fiscais Instituídas entre 2010 e 2013 .................... 57 Tabela 31 - Variação Real ao Ano do PIB e do Consumo das Famílias - 2010 a 2013 .......... 59 Tabela 32 - Crescimento Médio Anual do Índice de Volume de Vendas por Segmento do Varejo Ampliado entre 2005 a 2013 ........................................................................................ 60 Tabela 33 - Crescimento do Volume de Vendas por Segmento do Varejo Ampliado, Variação do Rendimento Real e Taxa de Desemprego entre 2005 a 2013 .............................. 61 Tabela 34 - Crescimento do Volume de Vendas de Combustíveis e Lubrificantes - 2005 a 2013.......................................................................................................................................... 62 Tabela 35 - Inflação Anual de Alimentos e Bebidas vs IPCA - 2005 a 2013.......................... 63 Tabela 36 - Crescimento do Volume de Vendas de Supermercados, Hipermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo – 2005 a 2013 ......................................................................... 63 Tabela 37 - Crescimento do Volume de Vendas de Vestuário, Calçados e Tecidos - 2005 a 2013.......................................................................................................................................... 63 Tabela 38 - Crescimento do Volume de Vendas de Móveis e Eletrodomésticos .................... 64 Tabela 39- Crescimento do Volume de Vendas de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos – 2005 a 2013 ......................................................... 64 Tabela 40 - Crescimento do Volume de Vendas de Equipamentos e Materiais para Escritório, Informática e Comunicação – 2005 a 2013 ............................................................................. 65 Tabela 41 - Crescimento do Volume de Vendas de Livros, Jornais, Revistas e Papelaria – 2005 a 2013 .............................................................................................................................. 65 Tabela 42 - Crescimento do Volume de Vendas de Outros Artigos de Uso Pessoal e Domésticos – 2005 a 2013 ....................................................................................................... 66 Tabela 43 - Crescimento do Volume de Vendas de Veículos e Motos, Partes e Peças – 2005 a 2013.......................................................................................................................................... 66 Tabela 44 - Crédito Direcionado ao Financiamento de Veículos de Pessoas Físicas - 2007 a 2013.......................................................................................................................................... 67 Tabela 45 - Crescimento do Volume de Vendas de Material de Construção – 2005 a 2013 .. 67 xvi Tabela 46 - Crédito Direcionado ao Financiamento Imobiliário de Pessoas Físicas – 2007 a 2013.......................................................................................................................................... 68 Tabela 47 - Variação no Volume de Vendas por Segmento do Comércio Varejista em 2003 69 Tabela 48 - Variação no Volume de Vendas por Segmento do Comércio Varejista em 2004 70 Tabela 49 - Teste de Hipóteses - Estatística t .......................................................................... 75 Tabela 50 - Teste de Hipóteses - Estatística F ......................................................................... 75 Tabela 51 - Teste de Jarque-Bera............................................................................................. 77 Tabela 52 - Regras de Decisão do Teste de Durbin-Watson ................................................... 78 Tabela 53 - Teste de White ...................................................................................................... 79 Tabela 54 - Variação Real do Volume de Vendas do Varejo Ampliado e do Valor Adicionado pelo Comércio no PIB .............................................................................................................. 82 Tabela 55 - Modelo Comércio x Consumo - Coeficientes Beta1 e Beta2 ............................... 83 Tabela 56 - Modelo Comércio x Consumo - Estatística t ........................................................ 83 Tabela 57 - Modelo Comércio x Consumo - Estatística F ....................................................... 83 Tabela 58- Modelo Comércio x Consumo - Análise dos Pressupostos ................................... 84 Tabela 59 - Modelo Consumo x Renda - Coeficientes Beta1 e Beta2..................................... 86 Tabela 60 - Modelo Consumo x Renda - Estatística t ............................................................. 86 Tabela 61 - Modelo Consumo x Renda - Estatística F ............................................................ 86 Tabela 62 - Modelo Consumo x Renda - Análise dos Pressupostos........................................ 87 Tabela 63 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Coeficientes Beta1 e Beta2 .... 89 Tabela 64 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Estatística t ............................. 89 Tabela 65 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Estatística F ............................ 89 Tabela 66 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Análise dos Pressupostos ....... 90 Tabela 67 -Modelo Consumo x Taxa de Juros - Coeficientes Beta1 e Beta2.......................... 92 Tabela 68 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Estatística t ................................................. 92 Tabela 69 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Estatística F ................................................ 92 Tabela 70 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Análise dos Pressupostos............................ 93 xvii LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Séries Trimestrais de Renda Disponível Bruta e Consumo das Famílias no Brasil 8 Gráfico 2 - Crescimento Real do PIB e do Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB - 2003 a 2013.......................................................................................................................................... 26 Gráfico 3 - Crescimento Real do PIB e do Volume de Vendas do Comércio Varejista .......... 30 Gráfico 4 - Crescimento Real do PIB e do Volume de Vendas no Varejo Ampliado - 2003 a 2013.......................................................................................................................................... 31 Gráfico 5 - Crescimento Real do PIB e do Consumo das Famílias - 2003 a 2013 .................. 37 Gráfico 6 - Distribuição das Despesas de Consumo das Famílias entre 2008 e 2009 ............. 40 Gráfico 7 - Série Histórica - Taxa Selic Média Mensal - 2003 a 2013 .................................... 52 Gráfico 8 - Representatividade Setorial na Desoneração Fiscal do IPI - 2010 a 2014 ............ 58 Gráfico 9 - Modelo Comércio x Consumo - Gráfico de Dispersão ......................................... 85 Gráfico 10 - Modelo Consumo x Renda - Gráfico de Dispersão ............................................. 88 Gráfico 11 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Gráfico de Dispersão............. 91 Gráfico 12 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Gráfico de Dispersão ................................. 94 xviii 1. INTRODUÇÃO 1.1. APRESENTAÇÃO O período de 2003 a 2013 no Brasil, que corresponde aos mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Roussef como presidentes do país, é geralmente tratado como um período em que a política econômica teve como foco principal a expansão do consumo das famílias como fator impulsionador do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), através de medidas como expansão de crédito, desonerações fiscais e realização de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família. Essa expansão do consumo teve reflexos no setor de Varejo, que também teve seu crescimento impulsionado. Segundo Fouto (2013), “apesar de haver uma diferença sensível entre os conceitos de consumo – no sentido de realmente consumir o bem ou serviço – e de venda – quando o direito ao consumo se efetiva – ambos podem ser vistos grosso modo como diferentes faces da mesma moeda. Especialmente se o domínio analisado se restringe aos serviços e bens de consumo não-duráveis e duráveis de valor relativamente menor”. Tendo em vista o contexto apresentado, o presente estudo visa, a partir de conceitos adquiridos ao longo do curso de Engenharia de Produção, analisar de que forma ocorreu essa expansão do consumo das famílias no Brasil no período de 2003 e 2013 e qual o impacto que isso teve no comércio varejista. O referencial teórico do estudo tem como base principal a teoria do consumo, tema presente na disciplina de Macroeconomia. A partir desse referencial teórico, conceitos adquiridos na disciplina de Econometria foram aplicados para a realização de uma análise quantitativa da relação entre comércio, consumo e as demais variáveis que os influenciam, tais como renda disponível, crédito disponível e taxa de juros. 1.2. OBJETO DE ESTUDO Este trabalho tem como objeto de estudo o comportamento do consumo das famílias e do setor de comércio no Brasil no período entre 2003 e 2013, suas interrelações e suas relações com variáveis como renda disponível, crédito disponível e taxa de juros, que são influenciadas pela política econômica do país. 1 Em resumo, o estudo visa responder à seguinte questão geral de pesquisa: De que forma as políticas econômicas realizadas no Brasil no período compreendido entre 2003 e 2013 afetaram o desempenho do consumo das famílias que, por sua vez, afetou o comércio varejista? 1.3. OBJETIVOS Tendo como referência a questão acima, o estudo desenvolvido tem como objetivo geral verificar o impacto das políticas econômicas realizadas no Brasil no desempenho do setor de comércio no período considerado. Para isso, serão considerados os seguintes objetivos específicos: (i) Verificar se o comportamento do comércio pode ser explicado pelo comportamento do consumo agregado no período considerado. (ii) Verificar se o comportamento do consumo agregado pode ser explicado pelo comportamento da renda disponível no período considerado; (iii) Verificar se o comportamento do consumo agregado pode ser explicado pelo comportamento do crédito disponível no período considerado; (iv) Verificar se o comportamento do consumo agregado pode ser explicado pelo comportamento da taxa de juros no período considerado. 1.4. JUSTIFICATIVA DO TEMA O período de 2003 a 2013 é frequentemente citado como um período em que a política econômica teve como foco principal a expansão do consumo das famílias. Neste contexto, os autores decidiram estudar mais a fundo que medidas foram feitas e de que forma essas medidas propiciaram essa expansão do consumo das famílias. Somado a isso, um interesse particular dos autores pelo setor de comércio fez com que o estudo fosse ampliado de forma a tentar entender se essa expansão do consumo teve reflexos diretos no comércio varejista brasileiro. 2 1.5. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO Para a realização dos testes empíricos, foram utilizadas séries de dados trimestrais no período entre o primeiro trimestre de 2003 e o quarto trimestre de 2013. 1.6. MÉTODO Para a elaboração deste estudo, o primeiro passo foi a realização de uma revisão bibliográfica sobre o tema tratado. Os autores começaram buscando artigos e teses que tentassem explicar o comportamento do varejo e/ou do consumo no Brasil por outras variáveis. O referencial teórico desses artigos era frequentemente em torno da evolução da teoria do consumo. Os autores, então, decidiram dedicar um subcapítulo do referencial teórico à evolução da teoria do consumo, com base nesses artigos e nas bibliografias por eles apresentadas. Apesar de servir como base teórica principal para explicar o comportamento do consumo, em função principalmente de fatores como a renda, a taxa de juros e o acesso ao crédito, os autores queriam entender também de que forma medidas de política econômica poderiam afetar o consumo agregado, o que levou à busca por artigos com expressões-chave como “política econômica e consumo” e “mecanismos de transmissão de política monetária”. O segundo passo foi uma revisão histórica do período, para elaboração de um panorama do comportamento da economia brasileira entre 2003 e 2013. Para isso, além da análise de dados adquiridos no site Ipeadata, que compila séries históricas de instituições como o Banco Central e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o grupo buscou textos que fizessem uma análise das medidas de política econômica tomadas nesse período e seus efeitos. Como o período era muito recente, a maior parte dessas análises foi encontrada em artigos, havendo, contudo, algumas análises encontradas em livros sobre o início do período. Por fim, foi realizada uma análise quantitativa do comportamento das variáveis em questão no período. Para isso, os autores obtiveram séries trimestrais das variáveis consideradas importantes para o estudo e tentaram desenvolver modelos econométricos que mostrassem se havia impacto de uma em relação à outra. Uma explicação mais detalhada dos principais métodos utilizados é encontrada no capítulo 4. 3 1.7. ESTRUTURA DO TRABALHO Além deste capítulo introdutório, este trabalho contempla mais seis capítulos. O capítulo 2 contém o referencial teórico do trabalho, que é dividido em uma primeira parte sobre a evolução da teoria do consumo e tem um foco maior na relação entre o consumo e a renda. A segunda parte do capítulo trata dos efeitos que as medidas de política econômica podem ter sobre o consumo agregado, com foco na relação de variáveis como o crédito disponível e a taxa de juros neste. O capítulo 3 apresenta a estrutura do comércio brasileiro, sua relevância para a economia do país e os principais indicadores de desempenho do setor. O capítulo 4 discorre sobre o consumo das famílias, sua relevância na economia brasileira e caracteriza suas principais despesas. No capítulo 5, é traçado um panorama de determinadas variáveis macroeconômicas no período e 2003 a 2013 e feita uma análise qualitativa de seus impactos no consumo das famílias no período. No capítulo 6, são analisados os diversos segmentos do varejo ampliado e a sensibilidade de cada um ao comportamento das variáveis estudadas. No capítulo 7 é feita uma análise quantitativa. Através da elaboração de modelos econométricos, tenta-se verificar a relação entre o comércio, o consumo das famílias e variáveis macroeconômicas como a renda disponível, o crédito disponível e a taxa de juros. No capítulo 8, por fim, são feitas as conclusões e considerações finais do estudo. 4 2. REFERENCIAL TEÓRICO Este trabalho tem como base teórica principal a teoria do consumo. Neste capítulo, é feita uma revisão bibliográfica sobre a influência de algumas variáveis selecionadas no consumo. No primeiro sub-capítulo, analisa-se a evolução da teoria do consumo, com foco na influência da variável renda sobre o consumo. No segundo, analisa-se de que forma a política econômica de um governo se reflete no consumo agregado do país, com destaque para a influência das taxas de juros e da disponibilidade de crédito sobre o consumo. 2.1. TEORIA DO CONSUMO O Produto Interno Bruto (PIB) de um país pode ser dividido, segundo a ótica da demanda, em cinco componentes: o Consumo das Famílias (C), o Investimento (I), os Gastos do Governo (G) e o Valor Líquido das Exportações (X – M). A demanda total (Z) de um país é, portanto, representada pela equação: Z C+I+G+X–M (1) Segundo o IBGE, o Consumo das Famílias no Brasil é estimado a partir do valor gasto pelas famílias com a aquisição de bens e serviços, excluindo-se os bens de capital, como máquinas e imóveis, que são considerados como Investimento, e os bens de valor, como joias e obras de arte, considerados como “reservas de valor”. Segundo Hall et al (apud FOUTO, 2008, p. 12), “normalmente o Consumo representa grosso modo dois terços dos gastos que formam o Produto Interno Bruto de uma economia”. Em 2013, o Consumo das Famílias representou 62,6% do PIB do Brasil. O estudo do comportamento do consumidor e dos fatores que influenciam suas decisões de consumo foi e é objeto de pesquisa de muitos economistas, entre os quais pode-se destacar John Maynard Keynes, Irving Fisher, Milton Friedman, Franco Modigliani e Robert Hall (FOUTO, 2008, p. 12; OREIRO, 2002). O referencial teórico que suporta este trabalho tem como base os estudos e modelos elaborados por estes economistas, que permitiram o desenvolvimento da teoria do Consumo. No primeiro item, apresenta-se a teoria de consumo de Keynes (1936), que define uma associação entre consumo e renda disponível. No segundo item, apresenta-se a teoria de 5 renda permanente e ciclo de vida desenvolvida por Friedman (1957) e Modigliani (1963), que contrapõe o argumento keynesiano de que o consumidor toma suas decisões de consumo a partir apenas de sua renda corrente, inserindo a ideia de expectativas racionais. Ainda neste item, é apresentado o modelo de Hall (1978) que descreve o consumo como um “passeio aleatório”. No terceiro item, apresenta-se um modelo híbrido desenvolvido por Campbell e Mankiw (1989; 1990), que sugerem a existência mútua de consumidores que seguem a teoria keynesiana e de consumidores que seguem a teoria de renda permanente. Por fim, são apresentadas algumas aplicações desses modelos ao caso brasileiro. 2.1.1. A função consumo Em sua Teoria Geral, Keynes (1936) aceita o pressuposto clássico de que o Consumo das Famílias depende de seu volume de renda e de fatores objetivos e subjetivos relacionados a variações nessa renda e às expectativas quanto ao valor dessa renda no futuro. A teoria aceita por Keynes define, portanto, que: C = f(YD) (2) Onde: C = consumo agregado; YD = renda disponível, que é a renda que resta depois que os consumidores tenham recebido transferências do governo e pago seus impostos. A função f(YD) é chamada de função consumo e é considerada uma equação comportamental, pois “capta algum aspecto do comportamento – no caso, o comportamento dos consumidores” (BLANCHARD, 2007). Keynes resume a determinação do consumo agregado ao que ele chama de lei psicológica fundamental, segundo a qual as variações no nível de renda corrente gerariam variações no nível de consumo corrente, porém em menor proporção, pois o indivíduo poupa a diferença entre a sua renda efetiva e os gastos necessários para manter o seu padrão de vida habitual. Supondo-se uma relação linear entre consumo agregado e renda disponível, a função consumo é definida como: 6 C = c0 + c1YD (3) Onde: c1 = propensão marginal a consumir, que mostra o efeito de uma unidade monetária adicional de renda sobre o consumo; c0 = consumo autônomo, que representa o que seria consumido se a renda disponível fosse zero; c0 > 0, restrição que indica que há consumo mesmo se a renda disponível for nula, considerando-se que as pessoas precisam consumir para atender suas necessidades básica; 0 < c1 < 1, indicando que um aumento da renda disponível leva a um aumento em menor proporção do consumo. Uma análise gráfica das séries do Ipeadata no período de 2003 a 2013 mostra que, no Brasil, o consumo das famílias e a renda disponível bruta têm uma relação positiva no longo prazo. Contudo, identifica-se em determinados pontos do gráfico que uma variação negativa da renda não implica necessariamente uma variação negativa do consumo, o que, como será visto em 2.1.2., pode ser resultado de um maior acesso ao crédito e/ou à consideração de expectativas sobre a renda futura na definição do consumo corrente. 7 Renda Disponível Bruta e Despesas de Consumo das Famílias (Trimestre) R$ 1.400.000 R$ 900.000 R$ 800.000 R$ 1.200.000 R$ 600.000 R$ 800.000 R$ 500.000 R$ 600.000 R$ 400.000 R$ 300.000 R$ 400.000 Consumo das Famílias Renda Disponível Bruta R$ 700.000 R$ 1.000.000 R$ 200.000 R$ 200.000 R$ 100.000 R$ - R$ - Renda Disponível Bruta (milhões) Despesas de Consumo das Famílias (milhões) Gráfico 1 - Séries Trimestrais de Renda Disponível Bruta e Consumo das Famílias no Brasil Fonte: Ipeadata Keynes indicou ainda oito motivos que levariam o consumidor a preferir poupar em detrimento de consumir: (i) Formar uma reserva contra contingências (motivo precaucional); (ii) Prover necessidades futuras advindas do estágio do ciclo de vida da família que a renda futura sozinha não poderá suprir (motivo ciclo de vida); (iii) Beneficiar-se dos juros e da valorização dos ativos (motivo substituição intertemporal); (iv) Manter um perfil de gasto gradualmente crescente (motivo melhoria); (v) Desfrutar de uma sensação de independência para eventuais ações ou do poder de fazer algo (motivo independência); (vi) Garantir uma massa de manobra para projetos especulativos ou econômicos (motivo empresa); (vii) Formar herança (motivo herança); 8 (viii) Satisfazer a avareza pura (motivo avareza). Estudos posteriores começaram a questionar a teoria keynesiana. A partir de dados de consumo e poupança nos Estados Unidos entre 1869 e 1938, Kuznets (1946) identificou que: (i) Para longos períodos, a propensão média a consumir, isto é, a razão entre o consumo e a renda, era estável, não apresentando tendência de aumentar ou diminuir; (ii) No curto prazo, a propensão média a consumir caía em períodos de expansão econômica e aumentava em períodos de contração econômica, sendo, portanto, uma variável contra-cíclica. A função consumo, contudo, era incapaz de reproduzir tais fatos simultaneamente. Começaram a surgir modelos, então, em que o consumidor realizava uma análise mais criteriosa para consumir, não levando em conta apenas a sua renda corrente, mas também suas expectativas para o futuro. No item seguinte, os principais modelos são apresentados. 2.1.2. O Modelo Ciclo de Vida e A Teoria da Renda Permanente (TRP) Atualmente, as teorias mais aceitas sobre o comportamento do consumidor são a Teoria da Renda Permanente (TRP) desenvolvida na década de 1950 por Milton Friedman e o Modelo Ciclo de Vida desenvolvido por Franco Modigliani em meados da década de 1960. Ambas as teorias são suportadas por estudos realizados por Irving Fisher no início da década de 1930, que desenvolveu um modelo básico do comportamento do consumidor. 2.1.2.1. O Modelo Intertemporal de Fisher O modelo de escolha intertemporal de Fisher (1930) tem como implicação principal a ausência de uma relação estrutural entre consumo agregado e renda corrente. No modelo de Fisher, o consumo corrente não depende apenas da renda corrente, mas também da renda esperada para o futuro. Variações temporárias na renda, apesar de afetarem a poupança, não apresentam nenhum efeito sobre a decisão de consumo. 9 O modelo de Fisher considera um indivíduo que vive dois períodos e se baseia na decisão do indivíduo de consumir no período 1 (“hoje”) ou no período 2 (“no futuro”). Este modelo pode ser expresso por: S1 = Y1 – C1 C1 = Y1 – S1 C2 = Y2 + S1(1 + r) (3) (4) Onde: Sn = poupança no período n; Yn = renda no período n; Cn = consumo no período n; r = taxa de juros entre os períodos. Substituindo-se a equação (3) em (4), obtém-se a seguinte restrição orçamentária: (5) Fisher, ainda, considera que o consumidor é impaciente, preferindo consumir no presente que no futuro, o que faz com que ele desconte a utilidade do consumo a uma taxa de desconto intertemporal θ. Ao maximizar a função utilidade do consumidor, Fisher chega na seguinte equação: (5) Dessa forma, se: (i) r > θ, o consumidor preferirá poupar no primeiro momento e intensificará seu consumo no segundo; (ii) r < θ, o consumo será mais forte no primeiro período, devido à impaciência do consumidor; (iii) r = θ, o consumo permanecerá estável ao longo do tempo. 10 Segundo Steter (2013), “uma das principais contribuições do modelo de Fisher para a teoria do consumo foi a suavização do mesmo. Afinal, diferente do que era aceito por Keynes, o consumo não será função apenas da renda corrente, mas também da renda esperada, do fator de impaciência e da taxa de juros da poupança”. 2.1.2.2. O Modelo Ciclo de Vida de Modigliani O modelo Ciclo de Vida de Modigliani tem como pressuposto que as decisões de consumo do indivíduo são tomadas com base no estágio de vida em que ele se encontra, o que pode ser caracterizado pela figura 1: Figura 1 - Modelo Ciclo de Vida de Modigliani Fonte: OREIRO (2003) Na figura, o estágio I corresponde à juventude, em que os indivíduos têm uma renda baixa e tendem a contrair dívidas, pois sabem que ganharão rendas maiores no futuro. O estágio II corresponde à fase adulta, em que a renda atinge um pico e os indivíduos pagam as dívidas contraídas no estágio I, além de pouparem para a velhice. O estágio III, por fim, corresponde à velhice, em que a renda tende a zero e os indivíduos consomem toda a poupança acumulada. A conclusão de Modigliani é de que as flutuações da renda corrente teriam impacto unicamente sobre a poupança dos indivíduos e não sobre sua decisão de consumo, que seria então determinada pelo valor presente dos rendimentos auferidos ao longo da vida. 11 2.1.2.3. A Teoria da Renda Permanente (TRP) de Friedman A renda permanente representa a taxa de gasto de equilíbrio que uma família ou indivíduo poderia manter pelo restante de sua vida, dados o nível de riqueza e a renda auferida agora e no futuro. Friedman (1957) parte da premissa de que as famílias desejam nivelar o consumo ao longo do tempo, isto é, preferem um fluxo de consumo suave em vez de abundância em um momento da vida e escassez em outros momentos. De acordo com Friedman, a poupança consistiria na diferença entre a renda corrente e a renda permanente. Ao ser confrontado com uma variação na sua renda, o consumidor tentaria determinar se esta foi permanente ou transitória e, caso fosse transitória, ajustaria seu nível de poupança de modo a manter seu padrão de consumo estável. O contraponto de Friedman ao modelo keynesiano é de que a função consumo deveria levar em conta a renda permanente ao invés da renda corrente. Além disso, a propensão marginal a consumir seria dependente da razão entre a renda permanente e a renda corrente. Quando a renda corrente estivesse temporariamente acima da renda permanente, a propensão média a consumir cairia, mas quando a renda corrente estivesse abaixo da renda permanente, a propensão média a consumir aumentaria temporariamente. 2.1.2.4. O Modelo Hall-Flavin Com base na Teoria da Renda Permanente e Ciclo de Vida, Hall (1978) desenvolveu um modelo segundo o qual os consumidores utilizariam toda a informação disponível para preverem suas rendas futuras e tomarem suas decisões de consumo e ajustariam suas previsões e decisões conforme novas informações estivessem disponíveis. Em seu trabalho, Hall concluiu que o consumo seguiria um passeio aleatório com uma tendência e que a única variável relevante que explicaria o consumo presente seria o consumo defasado de um período. Assim sendo, mudanças no consumo não poderiam ser previstas com informações pregressas, isto é, qualquer mudança não antecipada na renda, nos preços ou em qualquer outra variável relevante deslocaria o consumo da trajetória delineada anteriormente. Assumindo-se expectativas racionais, o consumo seguiria, portanto, o passeio aleatório: 12 Ct = Ct-1 + vt (6) Onde: Ct = consumo corrente; Ct-1 = consumo defasado de um período; vt = componente não antecipado do consumo corrente justificado pela revisão das expectativas sobre a renda permanente. 2.1.3. O Modelo Híbrido de Campbell-Mankiw Campbell e Mankiw (1989; 1990) desenvolveram um modelo com dois tipos de consumidores: o primeiro é um caso particular da teoria keynesiana, tomando suas decisões de consumo de acordo com sua renda corrente, comportamento justificado pela restrição à liquidez; o segundo, por sua vez, consome sua renda permanente seguindo o modelo de Hall. Segundo Fouto (2008), o modelo de Campbell e Mankiw “deveria explicar melhor as três regularidades verificadas empiricamente sobre o consumo e não totalmente adequadas às hipóteses de renda permanente e ciclo de vida”, quais sejam: (i) Mudanças esperadas na renda estão associadas a mudanças esperadas no consumo; (ii) As taxas de juros reais esperadas não estão associadas com as mudanças esperadas no consumo; (iii) Os períodos em que o consumo é maior em relação à renda são tipicamente seguidos por um rápido crescimento da renda. 2.1.4. Aplicações aos Dados do Brasil Ao estudar a série de consumo agregado no Brasil de 1947 a 1999, Gomes (2004) investigou a aplicabilidade da Teoria da Renda Permanente através da decomposição de Beveridge e Nelson (1981), segundo a qual a série pode ser representada por dois componentes: um 13 passeio aleatório e um ciclo estacionário. Segundo Gomes (2004), “a TRP implica que não deveria existir uma parte cíclica no consumo, o que não é corroborado pelos dados”. Não tendo conseguido explicar o consumo agregado no Brasil pela Teoria da Renda Permanente, Gomes incorporou ao modelo uma hipótese de formação de hábito, que geraria um componente cíclico no consumo. Apesar de a introdução da formação de hábito ter se mostrado um procedimento adequado, foi considerado estatisticamente não significativo quando comparado à regra de bolso de consumir a renda corrente. Segundo este estudo, portanto, a função consumo é a que melhor descreveria a série de consumo agregado do Brasil no período analisado, “possivelmente devido à falta de acesso ao crédito” (GOMES, 2004). Gomes e Paz (2004) testaram também a aplicabilidade das teorias keynesiana, da renda permanente e expectativas racionais e o modelo híbrido de Campbell-Mankiw sobre a decisão de consumo em diversos países da América do Sul. As teorias keynesianas e de renda permanente foram rejeitadas para todos os países da amostra, incluindo o Brasil, cujas séries de consumo, renda e poupança mostraram-se em linha com o modelo híbrido. O resultado obtido por Gomes e Paz utilizando técnicas multivariadas sugere que cerca de 60% dos consumidores no Brasil são restritos a consumir sua renda corrente, seguindo, portanto, o modelo keynesiano, o que poderia ser explicado por uma restrição à liquidez, isto é, uma falta de acesso ao crédito. 2.1.5. Conclusões Ao analisar a evolução da teoria do Consumo, verifica-se que o debate polariza-se entre dois tipos de comportamento do consumidor: um comportamento “keynesiano”, em que o consumidor toma suas decisões de consumo levando em conta apenas sua renda corrente, e um comportamento “otimizador”, em que o consumidor tenta maximizar a utilidade do consumo ao longo da vida. O surgimento, na teoria macroeconômica, desse segundo tipo de consumidor, que leva em conta suas expectativas sobre o futuro para tomar suas decisões de consumo, sugere que o consumo não é função apenas da renda disponível, mas também de outras variáveis, como a taxa de juros e o acesso ao crédito. Para um consumidor que tente manter seu nível de consumo constante ao longo da vida, como o sugerido por Modigliani, a taxa de juros utilizada para descontar os rendimentos 14 futuros estimados a valor presente é determinante para a definição desse nível de consumo. Por sua vez, uma situação de restrição à liquidez, em que não haja acesso fácil ao crédito, pode fazer com que um consumidor que esteja na primeira etapa de seu ciclo de vida (vide seção 2.1.2.2) fique restrito a consumir sua renda corrente. No próximo sub-capítulo, discute-se como decisões de política econômica, tais como um aumento da taxa de juros ou uma expansão creditícia, impactam o consumo. 2.2. POLÍTICA ECONÔMICA E SEUS EFEITOS SOBRE O CONSUMO Segundo Rabelo (2007), o Banco Central procura manter uma postura ativa sobre os agregados econômicos de forma a manter o controle sobre o nível de atividade econômica do país. A execução da política econômica pode ser feita através de políticas: (i) Fiscais, atuando sobre o nível de gastos do governo e sobre os impostos; (ii) Monetárias, através da taxa de juros e do crédito; (iii) Cambiais. Políticas econômicas expansionistas visam à expansão do nível de atividade da economia e podem ser obtidas através de: (i) Aumento dos gastos do governo (política fiscal); (ii) Redução de impostos (política fiscal); (iii) Redução dos juros (política monetária); (iv) Expansão do crédito (política monetária); (v) Depreciação cambial, visando à expansão das exportações líquidas (política cambial). Políticas econômicas contracionistas, por outro lado, visam à contração do nível de atividade da economia e podem ser obtidas através de: (i) Redução dos gastos do governo (política fiscal); (ii) Aumento dos impostos (política fiscal); (iii) Aumento dos juros (política monetária); (iv) Restrição do crédito (política monetária); 15 (v) Apreciação cambial, visando à redução das exportações líquidas (política cambial). Como, no escopo desta pesquisa, o interesse versa sobre a análise da influência de juros e crédito sobre o consumo, desenvolve-se, em 2.2.1, uma revisão literária mais aprofundada sobre os mecanismos de transmissão de política monetária, mostrando como alterações na taxa básica de juros afetam o consumo agregado do país, e sobre a relação entre a disponibilidade de crédito e o consumo. 2.2.1. Taxa de Juros e seus Efeitos sobre o Consumo: os Mecanismos de Transmissão de Política Monetária As decisões de política monetária são constituídas basicamente pela fixação da taxa de juros de curtíssimo prazo, cujo efeito sobre outras variáveis macroeconômicas relevantes é estudado na temática dos mecanismos de transmissão de política monetária. Segundo Taylor (apud BARBOZA, 2013, p. 6), “the monetary transmission mechanism [is]the process through which monetary policy decisions are transmitted into changes in real GDP and inflation”. Mishkin (1995) aponta quatro canais principais de transmissão de política monetária: (i) Canal do crédito; (ii) Canal do valor dos ativos; (iii) Canal do câmbio; (iv) Canal das taxas de juros. Ball (1992) sugere ainda um quinto canal referente às expectativas inflacionárias. A seguir, apresenta-se cada um desses canais. 2.2.1.1. Canal do Crédito Segundo Barboza (2013), “o canal do crédito transmite os impulsos de política monetária em direção à economia real via alterações no preço do crédito”. Como as taxas de juros das operações de crédito (i’s operações de crédito) estão em geral indexadas à taxa básica de juros (i), uma alteração nesta pode ser rapidamente transmitida às primeiras. As taxas mais elevadas 16 fazem com que as famílias evitem contrair dívidas, o que tende a impactar negativamente o consumo agregado (C). Adicionalmente, há uma tendência de redução do investimento (I) por parte das empresas, devido aos custos mais elevados de financiamento e à perspectiva de recuo do consumo das famílias. A figura 2 resume a transmissão da política monetária pelo canal de crédito, com seus efeitos finais sobre o produto (Y) e a inflação (π): Figura 2 - Transmissão da Política Monetária pelo Canal do Crédito Fonte: BARBOZA (2013) 2.2.1.2.Canal do Valor dos Ativos Segundo Barboza (2013), a transmissão da política monetária pelo canal do valor dos ativos se dá por duas formas: (i) “efeito riqueza” e (ii) modificações nos balanços de instituições financeiras. O “efeito riqueza” pode ser descrito como um aumento na percepção de riqueza pelos indivíduos em decorrência da valorização dos ativos por eles possuídos. Isto ocorre porque o preço de um ativo (PA) reflete fundamentalmente o valor presente dos fluxos de caixa estimados que esse ativo deve proporcionar a quem o possui. Considerando que a taxa de desconto utilizada seja referenciada à taxa básica de juros (i), uma elevação desta deprime o preço do ativo e gera uma redução na riqueza financeira (W) de seu detentor, que, por sua vez, reduz sua demanda por bens e serviços, o que impacta negativamente o consumo agregado (C). Figura 3 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Valor dos Ativos - "Efeito Riqueza" Fonte: BARBOZA (2013) 17 A transmissão através de modificações nos balanços de instituições financeiras se dá porque estas são grandes detentoras de dívida pública e de equities, sofrendo perdas financeiras quando a taxa básica de juros (i) aumenta. Estas perdas financeiras tendem a fazer com que os bancos se exponham menos ao risco e reduzam suas carteiras de crédito, com impacto negativo sobre a concessão de crédito. O menor acesso ao crédito gera redução no consumo agregado (C) e no investimento (I). Figura 4 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Valor dos Ativos - Modificações nos Balanços de Instituições Financeiras Fonte: BARBOZA (2013) 2.2.1.3. Canal do Câmbio Segundo Barboza (2013), a transmissão de política monetária pelo canal do câmbio pode ocorrer de duas maneiras distintas: (i) via alterações nas exportações líquidas e (ii) via alterações nos preços dos “tradables”. As alterações líquidas ocorrem porque um aumento na taxa básica de juros (i) gera um aumento de mesma proporção no diferencial internacional de juros, o que atrai o capital de investidores internacionais, que identificam melhores oportunidades de retorno nos ativos domésticos. Esta entrada de dólares no país tende a gerar uma redução na taxa nominal de câmbio (e) e, ao menos no curto prazo, na taxa real de câmbio (θ). O câmbio apreciado tende a gerar, por sua vez, uma redução nas exportações líquidas, como ilustrado na figura 5: Figura 5 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Câmbio Via Alterações nas Exportações Líquidas Fonte: BARBOZA (2013) Já as alterações nos preços dos “tradables”, que são os bens comercializáveis internacionalmente, ocorrem da seguinte forma: a elevação da taxa básica de juros (i) tende a apreciar a taxa de câmbio nominal (e), fazendo com que os preços em moeda doméstica dos bens e serviços importados se reduzam. Isso tem impacto direto na inflação, tanto pela 18 redução dos custos de importação de bens e serviços utilizados em processos produtivos locais, como pelo maior nivelamento da competição dos bens e serviços importados com os produzidos localmente. A figura 6 ilustra esse processo de transmissão: Figura 6 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Câmbio Via Alterações nos Preços dos Tradables Fonte: BARBOZA (2013) 2.2.1.4. Canal das Taxas de Juros Segundo Barboza (2013), a consideração do canal das taxas de juros passa pela suposição de existência de uma estrutura a termo de juros bem definida. Nestas condições, a alteração da taxa básica de juros (i) pelo Banco Central leva a uma alteração de toda a estrutura a termo de juros. Uma elevação das taxas de juros de longo prazo (i’s longas), em geral utilizadas nos financiamentos de longo prazo das empresas, tende a levar a uma consequente redução do investimento agregado (I), como mostrado na figura 7: Figura 7 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal das Taxas de Juros – Efeitos sobre o Investimento Agregado Fonte: BARBOZA (2013) Segundo Rabelo (2007), na busca por novos mecanismos monetários de transmissão, admitiu-se que as decisões dos consumidores com relação à moradia e à aquisição de bens duráveis também representam decisões de investimento. Considerando ainda as teorias de consumo com expectativas racionais, uma elevação nas taxas de juros de diferentes maturidades (i’s longas) eleva o custo de oportunidade do consumo presente, modificando as escolhas intertemporais de consumo e poupança. A figura 8 mostra como o consumo agregado (C) é afetado pelas decisões de política monetária: 19 Figura 8 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal das Taxas de Juros - Efeitos sobre o Consumo Agregado Fonte: BARBOZA (2013) Rabelo (2007) salienta que “o mecanismo de transmissão de taxas de juros dá ênfase à taxa de juros real e não à nominal, como sendo a taxa que afeta as decisões do consumidor”. 2.2.1.5. Canal das Expectativas Inflacionárias Segundo Barboza (2013), a transmissão da política monetária pelo canal das expectativas inflacionárias pode ocorrer das seguintes formas: (i) Diretamente, pela incorporação da inflação esperada aos preços dos bens e serviços; (ii) Via salários, pela incorporação da inflação esperada aos salários nominais em negociação (w), que constituem um importante item de custo das empresas; (iii) Indiretamente, porque alteram a taxa de juros real ex-ante (rex-ante). O aumento da taxa básica de juros (i) tende a fazer com que inflação esperada (πe) diminua, o que faz com que a taxa de juros real aumente. Como consumidores e empresas levam em conta a taxa de juros real em suas decisões de consumo e investimento, o consumo (C) e o investimento (I) agregados tendem a diminuir. A figura 9 representa as três vias de transmissão da política monetária pelo canal das expectativas inflacionárias: 20 Figura 9 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal das Expectativas Inflacionárias Fonte: BARBOZA (2013) 2.2.1.6. Conclusões A figura 10 sintetiza os cinco canais de transmissão de política monetária acima discutidos: Figura 10 - Mecanismos de Transmissão da Política Monetária Fonte: BARBOZA (2013) É importante frisar que a transmissão de política monetária por quaisquer que sejam os canais leva um tempo até impactar a inflação. Além disso, esses mecanismos se retroalimentam, isto é, a redução ou aumento da inflação tem impacto sobre as futuras decisões de política monetária, constituindo um sistema dinâmico. A análise dessa dinâmica, contudo, não faz parte do escopo deste estudo. 21 O estudo dos mecanismos de transmissão de política monetária permite identificar diversas formas pelas quais o consumo agregado pode ser afetado pela alteração da taxa básica de juros pelo Banco Central. Considerando um aumento da taxa básica de juros, o consumo agregado é afetado via: (i) Canal de crédito, com o aumento das taxas de juros sobre os empréstimos, o que leva a uma redução da contração de empréstimos pelos consumidores e uma consequente redução do consumo agregado; (ii) Canal do preço dos ativos, através do “efeito riqueza”, que leva à redução da percepção de riqueza pelo consumidor e à consequente redução de demanda por bens e serviços; (iii) Canal do preço dos ativos, através da redução das concessões de crédito das instituições financeiras, gerando uma maior restrição à liquidez e reduzindo o consumo agregado; (iv) Canal das taxas de juros, através da elevação do custo de oportunidade do consumo presente; (v) Canal das expectativas inflacionárias, com o aumento do juro real levando a uma redução do consumo agregado. No caso de uma redução da taxa básica de juros, os efeitos são opostos aos que descrevemos acima. 2.2.2. Disponibilidade de Crédito e seus Efeitos sobre o Consumo A Teoria da Renda Permanente, descrita em 2.1.2.3, tem como uma de suas premissas que o retorno da poupança é equivalente à taxa de juros dos empréstimos e que os indivíduos possuem acesso garantido e ilimitado ao crédito. Segundo Steter (2013), contudo, “não são todos os agentes que conseguem contratar os financiamentos exatamente na mesma taxa que estariam dispostos a pagar”, o que causaria um impacto negativo no consumo, especialmente no corrente. Ao analisar a função de utilidade do consumidor presente na Teoria da Renda Permanente, Steter (2013) identifica que “como a expectativa da renda futura está presente na função (...), se houver uma restrição de liquidez no período corrente, o consumo será reduzido em 22 detrimento de maior segurança no futuro”. A restrição à liquidez é recorrentemente apontada como uma falha da Teoria da Renda Permanente, como apontado em 2.1.4. Analisando séries brasileiras entre o primeiro trimestre de 1991 e o segundo de 2009, Abe (2010) encontrou evidências de que a expansão do crédito contribuiu positivamente para a suavização do consumo no país, tornando-o menos dependente da renda corrente. Steter (2013) analisou séries brasileiras do primeiro trimestre de 1996 até o primeiro trimestre de 2013 e concluiu que, além de se tornar mais relevante para o consumo das famílias ao longo do tempo, o crédito contribuiu para a suavização do consumo das famílias brasileiras no período estudado, isto é, para que as famílias conseguissem manter o seu nível de consumo mais estável. 23 3. A ESTRUTURA DO COMÉRCIO BRASILEIRO 3.1. DEFINIÇÃO DE COMÉRCIO Segundo o IBGE, o comércio é uma atividade econômica do setor de serviços que se refere à compra, troca e venda de mercadorias. Pode ser entendido como o elo da cadeia de suprimentos que permite o fluxo de mercadorias entre os produtores e consumidores, sendo composto pelas atividades de varejo e atacado. Segundo a Comissão Nacional de Classificação (CONCLA), órgão público subordinado ao Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão, a venda sem transformação inclui operações como: montagem, mistura de produtos, engarrafamento, empacotamento e fracionamento, quando realizadas pela própria unidade comercial. O comércio atacadista revende mercadorias novas ou usadas, sem transformação, a varejistas, usuários industriais, agrícolas, comerciais, institucionais e profissionais, ou a outros atacadistas; ou atua como representante comercial ou agente do comércio na compra ou venda de mercadorias a esses usuários. No comércio atacadista, distinguem-se dois tipos de atividades: (i) o atacadista que compra a mercadoria que revende e (ii) o atacadista representante ou agente do comércio, que, sob contrato, comercializa em nome de terceiros, inclusive operando o mercado eletrônico via internet. O comércio varejista revende mercadorias novas e usadas, sem transformação, principalmente ao público em geral, para consumo ou uso pessoal ou doméstico. As unidades comerciais que revendem tanto para empresas como para o público em geral também devem ser classificadas como varejistas. O IBGE afirma que o comércio varejista é caracterizado por um grande número de estabelecimentos, a maioria de pequeno porte em termos de pessoas empregadas. Atacadistas são empresas de maior porte, tanto no que se refere à absorção de mão de obra quanto à geração de valor, com elevado volume de compras e de vendas. E por comprar e vender em maiores volumes, o atacado apresenta um preço unitário menor do que o varejo. Anualmente, o IBGE divulga a Pesquisa Anual do Comércio, a PAC, que é a principal fonte de informações sobre a estrutura do comércio brasileiro. A PAC realiza levantamento de informações econômico-financeiras que subsidiam o Sistema de Contas Nacionais nas 24 estimativas de valor da produção, consumo intermediário, volume e composição do valor adicionado, excedente operacional, formação de capital e pessoal ocupado. Até o fim deste trabalho, a última pesquisa divulgada foi a referente ao ano de 2011 (as pesquisas são divulgadas aproximadamente um ano e meio após o fechamento do ano de referência). A partir dela, apontam-se algumas importantes informações sobre a atividade comercial brasileira. Em 2011, a receita operacional líquida do comércio brasileiro (corresponde às receitas brutas provenientes da exploração das atividades principais e secundárias exercidas pela empresa, com deduções dos impostos e contribuições das vendas canceladas, abatimentos e descontos incondicionais) foi equivalente a 52% do produto interno bruto brasileiro do mesmo ano, empregando 9,8 milhões de pessoas em 1,6 milhão de estabelecimentos comerciais. Tabela 1 - Indicadores do Setor de Comércio Brasileiro em 2011 Receita Operacional Líquida (milhões) Número de Pessoas Ocupadas em 31/12/2011 (mil) Número de Esatabelecimentos Comerciais (mil) R$ 2.137.287 9.796 1.571 Fonte: Pesquisa Anual do Comércio 3.2. A RELEVÂNCIA DO COMÉRCIO BRASILEIRO Para se ter indicadores quantitativos da relevância da atividade comercial, analisou-se, no período de 2003 a 2013, o crescimento do valor adicionado pelo comércio em relação ao crescimento do PIB e a participação desse valor adicionado. Os motivos que influenciaram o comportamento do valor adicionado pelo comércio serão estudados posteriormente nesse trabalho. Primeiramente, mostra-se, no gráfico 2, o crescimento do PIB e o valor adicionado pelo comércio ao PIB sob a ótica da oferta. As informações usadas nos gráficos e tabelas a seguir foram divulgadas pelo IBGE, que define o valor adicionado pelo comércio como um dos componentes do valor adicionado pelo setor de Serviços no PIB. O valor adicionado é a contribuição ao produto interno bruto pelas diversas atividades econômicas, obtida pela diferença entre o valor de produção e o consumo intermediário absorvido por essas atividades. As informações mostradas a seguir foram retiradas dos relatórios de Contas Nacionais Trimestrais. 25 Crescimento Real PIB x Valor Adicionado pelo Comércio 12% 10% 8% 6% 4% 2% 0% 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 -2% PIB Valor Adicionado pelo Comércio Gráfico 2 - Crescimento Real do PIB e do Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB - 2003 a 2013 Fonte: Ipeadata Enquanto nesse período o PIB cresceu a uma média de 3,5% ao ano, o valor adicionado pelo comércio cresceu a uma média de 4,4% ao ano, sendo que em 8 dos 11 anos, o crescimento do valor adicionado pelo comércio foi superior ao crescimento do PIB. Em relação à participação no PIB sob a ótica da oferta, em 2003 o comércio respondia por 10,59% e 10 anos depois passou a representar 12,72% no PIB. Tal fato é explicado pela taxa de média de crescimento do valor adicionado pelo comércio ter sido maior do que o crescimento do PIB no período. Em termos de valores nominais, isso representa um salto de R$ 155,8 milhões para R$ 522,8 milhões no valor adicionado pelo comércio. 26 Tabela 2- Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB - 2003 a 2013 Ano 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Participação do Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB (%) 10,59 11,03 11,17 11,48 12,12 12,53 12,49 12,52 12,65 12,74 12,72 Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB (Milhões) R$ 155.760 R$ 183.764 R$ 205.793 R$ 233.608 R$ 277.370 R$ 323.375 R$ 349.061 R$ 404.007 R$ 446.606 R$ 474.743 R$ 522.789 Fonte: Ipeadata Em relação a todas as atividades econômicas que adicionam valor ao PIB, o comércio foi a quarta atividade que mais contribuiu ao PIB em 2013. Sendo que no setor de serviços foi a terceira atividade de maior participação. Nesse ano, as atividades de maior participação, em ordem decrescente, foram: “Serviços de administração, saúde e educação pública”, “Outros serviços” e “Indústria de transformação”. Tabela 3 - PIB do Brasil em 2013 - Ótica da Oferta Setores e Respectivas Atividades Econômicas Agropecuária Indústria Extrativa Mineral Transformação Construção Civil Produção e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana Serviços Comércio Transporte, armazenagem e correio Serviços de informação Intermediação financeira, seguros, previdência complementar e serviços relacionados Outros serviços Atividades imobiliárias e aluguéis Administração, saúde e educação pública Participação no PIB em 2013 (%) 5,7 25,0 4,1 13,1 5,4 2,3 69,3 12,7 5,3 2,6 6,9 15,7 8,3 17,7 Fonte: Ipeadata 27 3.3. OS ÍNDICES E SEGMENTOS DO COMÉRCIO VAREJISTA BRASILEIRO Para se falar dos índices e dos principais segmentos do comércio brasileiro é necessário explicar o que é a Pesquisa Mensal do Comércio, a PMC, realizada pelo IBGE. Como o setor de comércio varejista é o último elo da cadeia de suprimentos antes do consumo final, a Pesquisa Mensal do Comércio é uma pesquisa realizada mensalmente pelo IBGE com a finalidade de produzir indicadores que possibilitem o estudo do comportamento do comércio varejista e dos seus segmentos. Entre esses indicadores, os mais relevantes são a receita nominal de vendas e o volume de vendas. O indicador de volume de vendas é o mais importante indicador da pesquisa e resulta da deflação dos valores nominais correntes de receitas por índices de preços específicos para cada segmento. Em outras palavras, é o indicador de receita nominal de vendas descontada a inflação de cada segmento. A PMC é realizada com cerca de 5.700 empresas distribuídas nas 27 unidades da federação com mais de 20 funcionários. Os índices de receitas nominais e de volume de vendas são divulgados dentro dos seguintes grupos: 1 - Índice de comércio varejista: é a síntese de todos os segmentos de varejo no Brasil e nas 27 unidades da federação; 2 - Índice de comércio varejista por atividade: é a desagregação do índice de comércio varejista pelos seus segmentos, sendo 8 ao total: Combustíveis e lubrificantes; Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo; Vestuário, calçados e tecidos; Móveis e eletrodomésticos; Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos; Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação; Livros, jornais, revistas e papelaria; Outros artigos de uso pessoal e doméstico; 3 - Índice de comércio varejista ampliado: é a síntese dos segmentos já listados acima mais os 2 seguintes segmentos no Brasil e nas 27 unidades da federação: 28 Veículos e motocicletas, partes e peças; Material de construção; 4 - Índice de comércio varejista ampliado por atividade: é a desagregação do índice de comércio varejista ampliado em todos os seus 10 segmentos. Vale explicar que “veículos e motocicletas, partes e peças” e “material de construção” são considerados segmentos do comércio varejista ampliado por terem receitas geradas tanto pelo varejo quanto pelo atacado. Enquanto todas as outras 8 têm receitas geradas predominantemente pela atividade varejista. É importante frisar que o IBGE não divulga nenhum indicador voltado exclusivamente para o comércio atacadista em suas PMCs. Pelo fato do atacado ser um elo anterior ao varejo em algumas cadeias de suprimento, é de se esperar que os indicadores do varejo e do varejo ampliado também reflitam, ao menos parcialmente, o desempenho do atacado. Tabela 4 - Segmentos do Comércio Varejista Ampliado 1 2 3 4 5 6 7 8 Comércio Varejista (1 a 8) Combustíveis e lubrificantes Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo Vestuário, calçados e tecidos Móveis e eletrodomésticos Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação Livros, jornais, revistas e papelaria Outros artigos de uso pessoal e domésticos 9 10 Comércio Varejista Ampliado (1 a 10) Veículos e motos, partes e peças Material de Construção Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio 3.3.1. Índice de volume de vendas Nesse estudo, só serão apresentados os índices de volume de vendas do comércio varejista e do comércio varejista ampliado do Brasil para que seja possível fazer comparações com o crescimento real do PIB em uma mesma base, uma vez que todas essas séries têm a inflação 29 descontada de seus valores correntes. O gráfico 3 mostra o crescimento real do PIB e o crescimento do volume de vendas no varejo. Crescimento Real PIB x Volume de Vendas no Varejo 12% 10% 8% 6% 4% 2% 0% -2% 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 -4% -6% PIB Volume de Vendas no Comércio Varejista Gráfico 3 - Crescimento Real do PIB e do Volume de Vendas do Comércio Varejista Fonte: Ipeadata e Pesquisa Mensal do Comércio Em apenas 1 dos 11 anos do período, em 2003, o PIB cresceu mais do que o volume de vendas do varejo. Mesmo em 2009, quando houve uma retração do PIB por causa da crise do sistema financeiro americano de 2008, o volume de vendas manteve uma alta taxa de crescimento. No geral, enquanto o PIB teve um crescimento médio de 3,5% ao ano no período, o volume de vendas do varejo cresceu 6,5% ao ano, em média. Já quando se considera o índice de volume de vendas do varejo ampliado, o resultado é ainda melhor. Esse índice apresentou crescimento médio de 7,8% ao ano no período de 2005 a 2013. O período usado não pôde ser mantido de 2003 a 2013, pois o IBGE só começou a divulgar os resultados do varejo ampliado em 2005. 30 Crescimento Real PIB x Volume de Vendas no Varejo Ampliado 16% 14% 12% 10% 8% 6% 4% 2% 0% -2% 2005 2006 2007 PIB 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Volume de Vendas no Comércio Varejista Ampliado Gráfico 4 - Crescimento Real do PIB e do Volume de Vendas no Varejo Ampliado - 2003 a 2013 Fonte: Ipeadata e Pesquisa Mensal do Comércio 3.3.2. Índice de volume de vendas por segmento A tabela completa com os índices de vendas de todos os segmentos do varejo pode ser vista no apêndice desse trabalho. A tabela a seguir mostra o crescimento médio anual de cada segmento entre 2005 e 2013. 31 Tabela 5 - Crescimento Médio do Volume de Vendas por Segmento do Varejo Ampliado - 2005 a 2013 # 1 2 3 4 5 6 7 8 Segmentos do Varejo Comércio Varejista (1 a 8) Combustíveis e lubrificantes Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo Vestuário, calçados e tecidos Móveis e eletrodomésticos Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação Livros, jornais, revistas e papelaria Outros artigos de uso pessoal e domésticos Comércio Varejista Ampliado (1 a 10) 9 Veículos e motos, partes e peças 10 Material de construção Crescimento Médio do Volume de Vendas entre 2005 e 2013 7,3% 2,3% 6,0% 4,7% 12,3% 9,5% 23,9% 6,2% 12,3% 7,8% 9,3% 5,8% Fonte: Elaboração própria com dados da Pesquisa Mensal do Comércio Em resumo, os segmentos que apresentaram um crescimento maior do que o índice de volume de vendas do varejo ampliado, em ordem decrescente, foram: “Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação”, “Móveis e eletrodomésticos”, “Outros artigos de uso pessoal e domésticos”, “Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, perfumaria e cosméticos” e “Veículos e motos, partes e peças”. Essas médias foram feitas com base no período de 2005 até 2013, uma vez que 5 segmentos só tiveram seus índices disponibilizados a partir de 2005. 3.3.3. A contribuição dos segmentos para o índice de volume de vendas Para tratarmos do impacto de todos os 10 segmentos no crescimento do volume de vendas do varejo, serão utilizados os índices de volume de vendas do varejo ampliado para cada segmento. Caso se utilizasse o índice do volume de vendas no varejo, não seriam consideradas as contribuições dos segmentos de “veículos e motocicletas, partes e peças” e “material de construção”. É valido frisar que o IBGE, em suas PMCs, não informa o quão grande é cada segmento do varejo, mas sim o que será discutido a seguir: o quanto cada um desses segmentos contribui para o crescimento do índice do volume de vendas do varejo ampliado. Sendo tal 32 contribuição uma medida do grau de importância de cada segmento. Essa informação passou a ser divulgada a partir de 2006. Entre 2006 e 2013, os segmentos que mais contribuíram para o crescimento do índice de volume de vendas do varejo ampliado, em ordem decrescente, foram: “Veículos e motos, partes e peças”, “Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo” e “Móveis e eletrodomésticos”. Tabela 6 - Contribuição de cada Segmento no Índice de Volume de Vendas do Varejo Ampliado - 2006 a 2013 # 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total # 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 2006 -9,2% 36,9% 1,5% 15,4% 3,1% 3,1% 0,0% 10,8% 32,3% 6,2% 100% 2007 2,2% 15,6% 4,4% 11,1% 2,2% 2,2% 0,0% 7,4% 49,6% 5,2% 100% 2008 5,9% 16,8% 2,6% 15,0% 4,5% 3,4% 0,6% 8,2% 38,1% 4,8% 100% 2009 0,0% 36,2% -1,4% 2,9% 5,8% 1,4% 0,0% 7,2% 52,2% -4,3% 100% 2010 3,2% 21,7% 4,0% 14,8% 3,5% 2,5% 0,6% 4,0% 38,9% 6,6% 100% 2011 1,5% 16,7% 1,5% 27,3% 6,1% 4,5% 0,0% 3,0% 31,8% 7,6% 100% 2012 5,0% 28,8% 1,3% 17,5% 5,0% 1,3% 0,0% 6,3% 30,0% 5,0% 100% 2013 10,3% 16,0% 4,8% 10,2% 10,6% 1,9% 0,4% 16,5% 13,0% 16,3% 100% Média 2,4% 23,6% 2,3% 14,3% 5,1% 2,5% 0,2% 7,9% 35,7% 5,9% 100% Segmentos do Varejo Ampliado Combustíveis e lubrificantes Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo Vestuário, calçados e tecidos Móveis e eletrodomésticos Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação Livros, jornais, revistas e papelaria Outros artigos de uso pessoal e domésticos Veículos e motos, partes e peças Material de construção Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio Na média, os 3 segmentos juntos contribuíram com 74% do crescimento do setor no período com destaque para o primeiro, que sozinho, em 2007 e em 2009, foi responsável por metade do crescimento do índice do volume de vendas do varejo ampliado. A desaceleração do crescimento do índice de volume de vendas do varejo ampliado em 2013 (3,6%) pode ser explicado pelo fato desses três segmentos terem apresentado um crescimento no ano muito inferior às suas médias de crescimento recente. Consequentemente, por 33 crescerem menos, contribuíram menos para o crescimento do índice de volume de vendas do varejo ampliado, com apenas 39%, o que puxou para baixo o crescimento do índice geral. Tabela 7 - Segmentos com Maior Contribuição ao Crescimento do Volume de Vendas do Varejo Ampliado # 2 4 9 Crescimento do Volume de Vendas do Varejo Ampliado por Segmento 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 7,6% 6,4% 5,5% 8,3% 9,0% 4,0% 8,4% 10,3% 15,4% 15,1% 2,1% 18,3% 16,6% 12,3% 7,3% 22,6% 11,9% 11,1% 14,1% 6,1% 7,3% 2013 1,9% 5,0% 1,4% # 2 4 9 Total Contribuição no Crescimento do Volume de Vendas do Varejo Ampliado 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 36,9% 15,6% 16,8% 36,2% 21,7% 16,7% 28,8% 15,4% 11,1% 15,0% 2,9% 14,8% 27,3% 17,5% 32,3% 49,6% 38,1% 52,2% 38,9% 31,8% 30,0% 85% 76% 70% 91% 75% 76% 76% 2013 16,0% 10,2% 13,0% 39% # 2 4 9 Segmentos do Varejo Ampliado Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo Móveis e eletrodomésticos Veículos e motos, partes e peças Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio 34 4. O CONSUMO DAS FAMÍLIAS 4.1. DEFINIÇÃO E RELEVÂNCIA DO CONSUMO DAS FAMÍLIAS Para o Sistema de Contas Nacionais, uma família é um grupo de pessoas que vive em um mesmo domicílio e compartilha despesas com alimentos e habitação. Famílias podem ser constituídas por uma ou mais pessoas. A principal fonte de renda delas é o recebimento de salários e de outras remunerações por trabalharem em empresas ou no governo. Mas as famílias também têm rendimentos de produção própria. Autônomos, empresas sem CNPJ e agricultores são responsáveis por parte da produção própria das famílias. Além de gerar renda diretamente e receber por sua participação na produção de empresas e governo, as famílias recebem e fazem outras transferências de recursos. As transferências feitas e recebidas pelas famílias incluem juros, dividendos, impostos sobre renda e patrimônio, contribuições e benefícios sociais além de prêmios e indenizações de seguros. Contabilizando a renda recebida e todas essas transferências, é possível calcular a renda disponível das famílias: a renda que elas têm para consumir e poupar. O consumo das famílias, divulgado trimestralmente pelo IBGE em seus relatórios de Contas Trimestrais, é o valor gasto por elas com a aquisição de bens e serviços usados para atender a suas necessidades e desejos. Essa despesa não inclui a compra de bens de capital como máquinas e imóveis (formação bruta de capital fixo) nem a de bens de valor, como joias e obras de arte (consideradas como reservas de valor). Tal despesa é a mais importante componente do PIB quando ele é visto sob a ótica da demanda. Junto à outra despesa, o consumo da administração pública (serviços individuais e coletivos prestados gratuitamente, total ou parcialmente, pelas três esferas de governo, deduzindo-se os pagamentos parciais efetuados pelas famílias), forma-se o consumo final. Os outros componentes do PIB sob a ótica da demanda são: - Formação bruta de capital: somatório da formação bruta de capital fixo e da variação de estoques; o Formação bruta de capital fixo: Acréscimos ao estoque de bens duráveis destinados ao uso das unidades produtivas visando ao aumento da capacidade produtiva do país; o Variação de estoques: Diferença entre os valores dos estoques de mercadorias finais, de produtos semimanufaturados, bens em processo de fabricação e 35 matérias-primas dos setores produtivos no início e no fim do ano, avaliados aos preços médios correntes do período; - Exportação de bens e serviços: Bens e serviços exportados em que se inclui somente o custo de comercialização interna até o porto de saída das mercadorias; - Importação de bens e serviços: Bens e serviços adquiridos pelo Brasil do resto do mundo em que se incluem no preço das mercadorias os custos com seguro e frete. Tabela 8 - PIB Brasileiro em 2013 - Ótica da Demanda Componentes do PIB sob a Ótica da Demanda Consumo Final Famílias Administração Pública Formação Bruta de Capital Formação Bruta de Capital Fixo Variação de Estoques Exportações de Bens e Serviços Importações de Bens e Serviços Participação no PIB em 2013 (%) 84,6 62,6 22,0 17,9 18,2 -0,3 12,6 -15,0 Fonte: Ipeadata A média de participação das despesas de consumo das famílias, durante o período de 2003 a 2013, foi superior a 60% do PIB. Em valores nominais, no mesmo período, essa despesa quase que triplicou de valor, saltando de R$ 1,05 trilhão para R$ 3,03 trilhões. 36 Tabela 9 - Participação do Consumo das Famílias no PIB - 2003 a 2013 Ano 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Participação do Consumo das Famílias no PIB (%) 61,93 59,78 60,27 60,30 59,90 58,93 61,11 59,64 60,33 62,49 62,62 Consumo das Famílias em Valores Nominais (Milhões) R$ 1.052.759 R$ 1.160.611 R$ 1.294.230 R$ 1.428.906 R$ 1.594.067 R$ 1.786.840 R$ 1.979.751 R$ 2.248.624 R$ 2.499.489 R$ 2.744.452 R$ 3.033.694 Fonte: Ipeadata Outro fato que atesta a relevância dessa despesa é o seu crescimento real durante o período. Assim como o valor adicionado pelo comércio, as despesas de consumo das famílias também tiveram um crescimento real maior do que o PIB. Enquanto a média de crescimento do PIB no período foi de 3,5% ao ano, o consumo das famílias apresentou uma média de crescimento de 4,2% ao ano. Crescimento Real PIB x Consumo das Famílias 8% 7% 6% 5% 4% 3% 2% 1% 0% -1% 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 -2% PIB Consumo das Famílias Gráfico 5 - Crescimento Real do PIB e do Consumo das Famílias - 2003 a 2013 Fonte: Ipeadata 37 Um detalhe que chama atenção no gráfico acima é o fato que após ter tido o seu maior crescimento em 11 anos, 6,9% em 2010, o consumo das famílias vem ano após ano apresentando uma desaceleração no seu crescimento. Com exceção do ano de 2003, quando houve uma retração do consumo das famílias, o crescimento dos últimos três anos são os mais baixos do período. Sendo o componente de maior peso no PIB, esse baixo crescimento do consumo das famílias nos últimos três anos acaba explicando parcialmente o baixo crescimento do PIB no mesmo período. 4.2. CARACTERIZAÇÃO DAS DESPESAS DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS Para se falar do consumo das famílias, recorreu-se à última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada entre 2008 e 2009. A POF é uma pesquisa realizada pelo IBGE e busca quantificar a estrutura de gastos, rendimentos e variação patrimonial das famílias para que se tenha um perfil das condições de vida da população na brasileira. Sendo que é a partir dessa pesquisa que o IBGE estima o componente consumo das famílias no Sistema de Contas Nacionais. O IBGE distribui as despesas de consumo das famílias em 11 tipos: Alimentação: Aquisição total com alimentação realizada pela unidade de consumo, tanto a destinada e utilizada no domicílio quanto aquelas realizadas e consumidas fora do domicílio; Habitação: Despesas com aluguel de moradia e eventuais adicionais incidentes por atrasos. Além de serviços e taxas de energia elétrica, telefones fixo e celular, pacotes com telefone, televisão e Internet, gás, água, esgoto, manutenção e pequenos reparos com habitação, artigos e produtos de limpeza do domicílio, e aquisições de eletrodomésticos e equipamentos do lar; Vestuário: Despesas com a aquisição de roupas prontas para homem, mulher e crianças, calçados e apetrechos (bolsas e cintos), joias e bijuterias, tecidos e artigos de armarinho; Transporte: Despesas habituais com transporte urbano, combustível para veículo próprio, manutenção de veículo próprio, aquisição de veículo, despesas com viagens esporádicas, estacionamento, pedágio e seguro obrigatório; 38 Higiene e cuidados pessoais: Despesas com a aquisição de artigos de higiene e de beleza; Assistência à saúde: Despesas com produtos e serviços relativos à saúde; Educação: Despesas efetuadas com mensalidades e outras despesas escolares com cursos regulares (pré-escolar, fundamental e médio), curso superior de graduação, outros cursos e atividades (curso supletivo, informática, cursos de idioma e outros), livros didáticos e revistas técnicas, artigos escolares; Recreação e cultura: Despesas com brinquedos e jogos, celular e acessórios de telefonia celular, livros, revistas e periódicos não didáticos (jornais, revistas infantis, etc.). Inclui, ainda, despesas com recreações e esportes; Fumo: Despesas com cigarros, charutos, fumo para cachimbo, fumo para cigarros e outros artigos para fumante como, por exemplo, fósforos e isqueiros; Serviços pessoais: Despesas com cabeleireiro, manicuro, pedicuro e serviços similares, e consertos de artigos pessoais (sapateiro, relojoeiro, chaveiro etc.); Despesas diversas: Referem-se às despesas com jogos e apostas, comunicação, cerimônias e festas familiar e religiosa, serviços profissionais (cartório, advogado, despachante, contador) e despesas com imóveis de uso ocasional. Dessas 11 categorias de despesas, as 3 maiores despesas ( “habitação”, “alimentação” e “transporte” em ordem decrescente) responderam por três quartos do total das despesas das famílias brasileiras entre 2008 e 2009. 39 Distribuição das Despesas de Consumo Familiar entre 2008 e 2009 40% 35,9% 35% 30% 25% 20% 19,8% 19,6% 15% 10% 7,2% 5,5% 5% 3,0% 2,9% 2,4% 2,0% 1,1% 0,5% 0% Gráfico 6 - Distribuição das Despesas de Consumo das Famílias entre 2008 e 2009 Fonte: Pesquisa de Orçamentos Familiares - 2008 e 2009 Abaixo, mostra-se uma tabela de associação entre as despesas mostradas acima com os segmentos do comércio varejista ampliado. A ideia é poder mostrar quais tipos de despesas afetam cada segmento do varejo ampliado. Despesas do tipo “serviços pessoais” e “despesas diversas” não foram associadas com nenhum segmento do varejo ampliado porque se referem à compra de bens, mas sim, à prestação de serviços. Tabela 10 - Despesas de Consumo das Famílias que Afetam cada Segmento do Comércio Varejista Ampliado Segmento do Comércio Varejista Ampliado Tipo de Despesas de Consumo Familiar Combustíveis e lubrificantes Transporte Alimentação Fumo Vestuário Habitação Assistência à saúde Higiene e cuidados pessoais Habitação Recreação e cultura Educação Recreação e cultura Habitação Alimentação Recreação e cultura Assistência à saúde Transporte Habitação Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo Vestuário, calçados e tecidos Móveis e eletrodomésticos Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação Livros, jornais, revistas e papelaria Outros artigos de uso pessoal e domésticos Veículos e motos, partes e peças Material de construção Fonte: Elaboração própria 40 5. PANORAMA DAS VARIÁVEIS MACROECONÔMICAS MAIS RELEVANTES PARA O CONSUMO DAS FAMÍLIAS ENTRE 2003 E 2013 Esta seção do estudo tem como objetivo descrever o comportamento de determinadas variáveis macroeconômicas que impactaram o consumo das famílias e, consequentemente, o setor comercial ao longo período de 2003 a 2013 no Brasil. As variáveis analisadas são: (i) Inflação; (ii) Emprego; (iii) Renda; (iv) Crédito; (v) Taxa de juros; (vi) Programas sociais; (vii) Desoneração fiscal. É importante destacar que todas as séries usadas para fazer as tabelas desse capítulo estão no apêndice desse trabalho. 5.1. PIB A tabela 11 apresenta as médias de crescimento real do PIB entre o primeiro Governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) e os três primeiros anos de Governo Dilma. Por mais que o período dos Governos FHC não seja o foco desse estudo, torna-se necessário nessa parte do estudo, ao menos, mostrar qual foi a média de crescimento do PIB durante os seus dois mandatos para que se tenha uma maior base comparativa, principalmente, quando se falar da taxa de desemprego. As tabelas completas com os crescimentos anuais em cada governo se encontram no apêndice desse trabalho. 41 Tabela 11 - Média de Crescimento Real do PIB - 1995 a 2013 Período FHC (1995 - 1998) FHC (1998 - 2002) Lula (2003 - 2006) Lula (2007 - 2010) Dilma (2011 - 2013) Média de Crescimento Real do PIB (% a.a.) 2,50 2,13 3,50 4,62 2,08 Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata 5.2. INFLAÇÃO A inflação, um fenômeno econômico de aumento contínuo de preços gerais durante certo período de tempo, tem como consequência a redução da capacidade de compra da moeda, o que reduz o poder aquisitivo dos agentes econômicos. Conforme pode ser visto nas tabelas 12 e 13, o segundo Governo Lula foi o que teve a menor inflação média, em 5,15% ao ano. Já o primeiro Governo Lula foi o período de maior média inflacionária, ficando em 6,43% ao ano. Essa maior média de inflação é explicada pelas inflações nos dois primeiros anos de governo, que foram as maiores taxas de inflação registradas no período. É importante frisar que em 2003 e 2004, as metas de inflação eram mais altas (8,5% para 2003 e 5,5% para 2004) do que os atuais 4,5% ao ano. Somente partir de 2005, com o enfraquecimento da inflação, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPON) passou a definir como novo alvo de inflação os 4,5% ao ano. 42 Tabela 12 - Série Histórica do IPCA - 2003 a 2013 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Inflação 9,3 7,6 5,7 3,1 4,5 5,9 4,3 5,9 6,5 5,8 5,9 (IPCA, dez / dez, % a.a.) Fonte: Ipeadata Tabela 13 - Inflação Anual Média por Governo - 2003 a 2013 1° Governo Lula 2° Governo Lula Governo Dilma (2003 - 2006) (2007 - 2010) (2011 - 2013) Inflação (IPCA, dez / dez, % a.a.) 6,43 5,15 6,08 Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata Desde o Governo Fernando Henrique Cardoso, em que inflação média ficou em 9,4% ao ano entre 1995 e 1998 e em 8,8% ao ano entre 1999 e 2002, até o segundo Governo Lula, a inflação média de cada governo foi inferior à média do governo anterior. No entanto, os três primeiros anos de Governo Dilma foram marcados por uma inflação média superior ao segundo Governo Lula. Isso sem levar em conta as expectativas de mercado que esperam que 2014 feche o ano com a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) muito próxima ao teto da meta, que é de 6,5% ao ano. Segundo Giambiagi (2011), ao se destacar o período de 2003 a 2010, correspondente ao Governo Lula, a inflação dos dois primeiros anos pode ser explicada pela forte depreciação do real frente ao dólar. Já em 2005, a principal razão da inflação foi o contexto de alta dos preços das commodities. Em 2006 e 2007, a inflação esteve, respectivamente, abaixo e no centro da meta. Em 2008, pela primeira vez no período, houve uma pressão inflacionária por parte da demanda, visto que foi o segundo ano seguido em que o PIB cresceu a uma taxa real superior a 5% ao ano (6,1% ao ano em 2007 e 5,2% ao ano em 2008). Em 2009, como consequência da crise econômica mundial de 2008, houve uma retração do PIB brasileiro e a inflação se deu abaixo do centro da meta. No último ano da década, o PIB teve o maior 43 crescimento do período (7,5% ao ano) e, assim como em 2008, mais uma vez houve uma forte pressão por parte da demanda nos preços. Em relação ao período de 2011 a 2013, correspondente aos três primeiros anos do Governo Dilma, Amorim (2012), lista alguns fatores que contribuíram para a maior média de inflação do período. Primeiramente, cita a redução da taxa de juros por parte do Banco Central em um período em que a inflação já estava acima da meta e em elevação, o que alimenta ainda mais a inflação. O aumento do dólar a partir de 2012 acabou encarecendo importados, encarecendo bens e serviços. Como forma de proteger alguns setores da indústria e impedir a deterioração da balança comercial, além de desvalorizar o real, o governo aumentou a alíquota de importação de diversos produtos, colaborando para preços mais altos. Em um período em que o desemprego se manteve nos menores níveis históricos, o mesmo autor também atenta para a inflação de demanda causada pelos ganhos salariais acima da inflação, o que eleva os custos, sendo que esses não foram acompanhados pelo aumento da produtividade. Vale ressaltar que o Governo Dilma possui a maior média de inflação do período mesmo tendo baixado a tarifa da energia elétrica em 2013 e mantendo o controle de preços administrados com aumentos abaixo do índice IPCA, com destaque para os combustíveis. Média de Câmbio Comercial Compra de (R$ Dólar (R$ /- US$) Tabela Taxa 14 - Taxa de Câmbio Comercial para para Compra de Dólar / US$) 2003 a 2013 2003 3,08 2004 2,93 2005 2,43 2006 2,18 2007 1,95 2008 1,83 2009 2,00 2010 1,76 2011 1,67 2012 1,95 2013 2,16 Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata 5.3. EMPREGO Para se falar dos níveis de emprego no Brasil, durante o período entre 2003 e 2011, foram utilizadas as taxas de desemprego divulgadas mensalmente pelo IBGE em sua Pesquisa Mensal de Emprego. A taxa de desemprego informa a quantidade relativa de pessoas com mais de 10 anos que não estão ocupadas, mas que procuraram por emprego nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa. Esse índice é feito com base em pesquisas realizadas nas regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. As taxas anuais de desemprego apresentadas na tabela 15 foram calculadas a partir das médias das taxas de desemprego mensais. 44 Tabela 15 - Série Histórica da Taxa Média de Desemprego - 2003 a 2013 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média do Desemprego 12,3 11,5 9,8 10,0 9,3 (%) 7,9 8,1 6,7 6,0 5,5 5,4 Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata Tabela 16 - Média da Taxa de Desemprego por Governo 1° Governo Lula 2° Governo Lula Governo Dilma (2003 - 2006) (2007 - 2010) (2011 - 2013) Média do Desemprego (%) 10,90 8,00 5,62 Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata Durante esses 11 anos de estudo, a taxa de desemprego média de cada governo foi sempre inferior à taxa do governo anterior. Até 2010, essa redução do desemprego é explicada pelos crescimentos médios do PIB durante os Governos Lula terem sido superiores aos crescimentos médios do PIB durante os Governos FHC. Esse aquecimento econômico fez com que milhões de postos de trabalho fossem criados e empregassem aqueles que até então estavam desempregados. No entanto, esse pensamento não pode ser aplicado ao Governo Dilma, que mesmo com a menor média de crescimento em relação ao Governo Lula, conseguiu que a taxa de desemprego alcançasse sua mínima histórica. Amorim (2014) defende que a geração de riqueza de um país é o total de pessoas trabalhando, não a taxa de desemprego. Levando em conta essa afirmação, decidiu-se por analisar, além da taxa de desemprego, os outros índices, também medidos mensalmente pelo IBGE nas mesmas regiões metropolitanas já citadas, que possam caracterizar as mudanças no mercado de trabalho ao longo desse período. Por isso, também se buscou os índices de População em Idade Ativa (PIA), População Economicamente Ativa (PEA) e População Ocupada (PO). 45 A PIA é a medida da quantidade de pessoas com mais de 10 anos. São os empregados, os desempregados, os que estudam, os aposentados, os pensionistas e os que não querem trabalhar. A PIA é o valor máximo de pessoas que poderiam estar empregadas. A PEA mede a quantidade de pessoas empregadas e desempregadas (pessoas que procuram emprego e não encontram). São as pessoas inseridas no mercado de trabalho ou que procuram se inserir nele. Por fim, a PO mede a quantidade de pessoas ocupadas, ou seja, são as pessoas empregadas, trabalhando por conta própria em seu próprio negócio e empregadores. A taxa de desemprego é medida pela diferença de uma unidade e a divisão da PO sobre a PEA. Para se ter uma outra percepção do mercado de trabalho no Brasil, mostra-se na tabela 17 os índice anuais calculados pela divisão da média dos valores mensais da PO sobre a PIA. Tabela 17 - Proporção Média de População Ocupada/População em Idade Ativa - 2003 a 2013 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média da PO / PIA 50,0 50,6 51,0 51,2 51,6 52,5 52,1 53,2 53,7 54,2 54,0 (%) Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata Tabela 18 - Variação da Média da PO/PIA entre o Último e o Primeiro Ano de cada Governo 1° Governo Lula 2° Governo Lula Governo Dilma (2003 - 2006) (2007 - 2010) (2011 - 2013) Variação da Média da PO / PIA entre o Último e o Primeiro Ano (%) 1,12 1,66 0,34 Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata Fazendo uma análise desses valores, o que se percebe é um enfraquecimento no aumento do índice de pessoas ocupadas em relação à população em idade ativa no Governo Dilma. Sendo que o ano de 2013, esse índice já teve uma redução em relação ao ano anterior. Além disso, o 46 resultado mostra que a taxa mínima de desemprego observada em 2013 é em parte explicada pelo aumento do número de pessoas que deixaram de procurar por empregos e uma vez que há menos pessoas procurando por empregos, o desemprego cai. Em nível de comparação, Amorim (2014) afirma que a porcentagem de pessoas ocupadas em relação à PIA no Brasil é atualmente menor que grande parte dos países da Europa, que em função da recente crise do euro, possuem taxas de desemprego muito maiores que a brasileira. 5.4. RENDA Sobre a capacidade do poder de compra da população, a seguir, são mostrados os valores da variação do rendimento real das pessoas ocupadas. As médias anuais apresentadas na tabela 19 são referentes às médias das variações mensais sobre o mesmo mês do ano anterior para que não haja a influência de fatores sazonais. Tais valores foram calculados com base no rendimento médio real habitual dos trabalhadores, que é um dos principais índices da Pesquisa Mensal de Emprego realizada pelo IBGE. Tabela 19 - Variação Média Anual do Rendimento Real - 2003 a 2013 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Variação da Média do Rendimento Real -12,6 -1,2 1,5 4,0 3,2 3,4 3,2 3,8 2,7 4,1 1,8 (% a.a.) Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata 47 Tabela 20 - Média da Variação Anual do Rendimento Real por Governo 1° Governo Lula 2° Governo Lula Governo Dilma (2003 - 2006) (2007 - 2010) (2011 - 2013) Média da Variação da Média do Rendimento Real (% a.a.) -2,07 3,39 2,90 Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata Por conta da alta inflação já mostrada nos dois primeiros anos de Governo Lula, a média da variação do rendimento real foi negativa durante o seu primeiro governo. Nota-se que foi a partir de 2006 que se começou o processo de aumento consistente do rendimento real das pessoas ocupadas com taxas superiores a 3% ao ano. Apesar do baixo crescimento e da maior inflação nos três primeiros anos de Governo Dilma, houve a continuidade da valorização do rendimento real. Mesmo apresentando uma média inferior ao governo anterior, o ano de 2012 foi o ano de maior aumento do rendimento real no período em análise, o que pode ser explicado pela menor inflação entre os 3 anos de governo e a redução do desemprego em 0,5% entre 2011 e 2012. Além da variação do rendimento real, também é válido analisar a variação real do salário mínimo, pois segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, feita pelo IBGE em 2012, 27,8% das pessoas ocupadas no Brasil recebem até um salário mínimo. Os índices mostrados na tabela 21 foram calculados com base nos salários mínimos mensais. A partir desses valores mensais, calculou-se a média do salário mínimo para cada ano. Depois, com base na inflação de cada ano, calculou-se a variação real da média do salário mínimo em relação ao ano anterior. 48 Tabela 21 - Variação Real da Média do Salário Mínimo - 2003 a 2013 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Variação Real da Média do Salário Mínimo (%) 7,9 2,4 7,1 14,1 5,7 3,7 8,0 4,5 0,2 8,0 2,9 Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata Tabela 22 - Variação Média Anual Real do Salário Mínimo por Governo 1° Governo Lula 2° Governo Lula Governo Dilma (2003 - 2006) (2007 - 2010) (2011 - 2013) Média da Variação Real da Média do Salário Mínimo (%) 7,87 5,46 3,70 Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata Como pode ser observado nas tabelas acima, todos os reajustes do salário mínimo foram feitos acima da inflação. Nem mesmo nos anos de 2003 e 2004, em que houve uma variação negativa do rendimento real, o salário mínimo deixou de ser reajustado sobre a inflação. Enquanto a variação do rendimento real teve maior aumento durante o segundo Governo Lula, o salário mínimo teve maior aumento durante o primeiro Governo Lula com grande destaque para o ano de 2005 cujo aumento foi de 14,1% sobre 2004. Já o Governo Dilma foi o período em que o salário mínimo teve a sua menor variação real. 5.5. TAXA DE JUROS Para se falar da taxa de juros do período, recorreu-se à taxa Selic, que é a taxa média diária representativa da negociação de títulos públicos no Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia). A taxa Selic acaba funcionando como um índice pelo qual os juros cobrados no Brasil são balizados, sendo função do Banco Central a fixação de metas para ela. O câmbio flutuante, o controle fiscal para se atingir o superávit primário e o regime de metas de inflação fazem parte do conjunto de políticas econômicas conhecido como tripé 49 macroeconômico. Esse tripé entrou em vigor a partir de 1999 e tem a função de atacar os principais desequilíbrios macroeconômicos externos, fiscais e monetários de forma integrada. Sendo que é a partir da alteração da taxa Selic que o Copom visa atingir as metas fixadas pelo governo para a inflação. Como visto em 2.2.1. e considerando a Selic como a taxa básica de juros no Brasil, a elevação desta faz com que as taxas de juros do mercado subam e encareçam a moeda, o que reduz a demanda pela mesma e acaba por enfraquecer a inflação. Por outro lado, a redução da taxa Selic faz com que as taxas de juros praticadas no mercado se reduzam e torna a moeda mesma mais acessível, o que eleva a demanda pela mesma e contribui para a inflação. Na maior parte dos Governos Lula, a taxa Selic foi mantida constante ou reduzida. Os momentos de exceção, como já mencionado no início desse capítulo, são explicados por Giambiagi (2011). Em 2003, a taxa Selic atingiu o seu maior valor nominal no período como forma de conter a pressão do dólar sobre a inflação. Entre o final de 2004 e meados de 2005, precisou ser elevada para conter a alta dos preços das commodities. Voltou a ser elevada em 2008 e 2010 devido ao forte crescimento econômico que gerou uma pressão de demanda sobre os preços. Grande parte do primeiro ano de Governo Dilma foi marcado pelo aumento da taxa Selic. Como pode ser visto na tabela 23, a média de 2011 foi quase 2% superior à média de 2010. Isso porque, segundo Amorim (2011), houve uma alta significativa dos preços dos alimentos paralela à redução da oferta por problemas de safras agrícolas. Já entre o meio do segundo semestre de 2011, por quase um ano, o Copom passou a reduzir ou manter constante a taxa de juros até outubro de 2012, momento em que alcançou a sua mínima histórica em 7,25% ao ano. Isso foi feito como forma de incentivar o consumo e os investimentos em um período cujas perspectivas de crescimento eram baixas em função da crise do euro, fato que acabou se concretizando com o PIB crescendo apenas 1% em 2012. Até abril de 2013, a taxa foi mantida nessa mínima. De lá até o final de 2013, a taxa voltou a subir, pois a política de manutenção da taxa de juros em sua mínima histórica foi feita em um período em que a inflação já incomodava e estava em ascensão. 50 Tabela 23 - Média da Taxa Selic no Ano - 2003 a 2013 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Taxa Selic Média 23,5 16,4 19,1 15,3 12,0 12,5 10,1 9,9 11,8 8,6 8,3 (% a.a.) Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata Tabela 24 - Média da Taxa Selic por Governo 1° Governo Lula 2° Governo Lula Governo Dilma (2003 - 2006) (2007 - 2010) (2011 - 2013) Taxa Selic Média (% a.a.) 18,59 11,13 9,56 Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata 51 Taxa Selic Média Mensal (% a.a.) 30,0 27,5 25,0 22,5 20,0 17,5 15,0 12,5 10,0 7,5 5,0 Gráfico 7 - Série Histórica - Taxa Selic Média Mensal - 2003 a 2013 Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata 5.6. CRÉDITO O crédito é um recurso financeiro concedido pelo credor para que o tomador possa usar esses recursos para propósitos de consumo ou investimento. Como este estudo trata do consumo das famílias, será discutido nessa seção, o montante de crédito destinado a pessoas físicas, sem levar em conta o montante para pessoas jurídicas. Os índices no trabalho foram calculados com base na série de crédito destinado a pessoas físicas, que é divulgada mensalmente pelo BC. A partir dos valores dos meses de dezembro e com base na inflação de cada ano, calculou-se a variação real do montante de crédito concedido a pessoas físicas em relação ao ano anterior. Assim como em todas as outras variáveis macroeconômicas já apresentadas, o segundo Governo Lula teve melhor desempenho do que o primeiro. No entanto, vale se ressaltar que, não fosse o ano de 2003, em que o índice teve uma variação muito pequena se comparado aos outros anos, o primeiro Governo Lula teria o melhor desempenho do período. Até porque foi 52 no primeiro Governo Lula, em 2005, que o índice teve maior expansão. Segundo Assaf Neto (2012), a razão para esse bom desempenho em grande parte do primeiro Governo Lula foi a elevada liquidez internacional e as baixas taxas de juros americanas no período. Giambini (2011) também destaca que essa facilidade de obtenção de crédito no exterior levou a uma grande entrada de capital em dólar, o que fez com que o real se apreciasse e reduzisse a pressão cambial sobre a inflação. O índice apenas veio a perder força em 2008 e 2009, visto que o mundo vivia a contração da oferta de crédito em função da crise internacional iniciada no ano anterior nos EUA. Mesmo com o aumento do índice em 2010, a expansão real da oferta de crédito a pessoas físicas nunca mais teve a mesma performance. Tal fato pode ser visto nos índices relativos aos três primeiros anos do Governo Dilma, que não só tiveram a menor média do período, como também apresentaram um enfraquecimento do aumento real do índice ano após ano. Vale lembrar que foi entre os anos de 2012 e 2013 que a taxa Selic atingiu os seu menor valor histórico, porém nem isso fez com que a expansão real do crédito a pessoas físicas voltasse a níveis semelhantes aos anos anteriores. Um dos motivos para a variação real do crédito disponibilizado para pessoas físicas ter perdido força durante o Governo Dilma foi o aumento da inadimplência do consumidor nos anos de 2011 e 2012, em que o Serasa Experian mediu uma variação de 21,5% e 15,0%, respectivamente, sobre 2010 e 2011, o que fez com as instituições financeiras ficassem mais rigorosas na liberação de crédito para pessoas físicas. Tabela 25 - Variação Real ao Ano do Montante de Crédito Concedido a Pessoas Físicas – 2003 a 2013 Variação Real do Montante de Crédito Concedido a Pessoas Físicas (%) 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 5,6 19,0 22,4 20,0 26,7 16,8 12,4 16,9 11,4 10,4 9,8 Fonte: Elaboração própria com dados do Banco Central 53 Tabela 26 - Média da Variação Real ao Ano do Montante de Crédito Concedido a Pessoas Físicas por Governo 1° Governo Lula (2003 - 2006) 2° Governo Lula (2007 - 2010) Governo Dilma (2011 - 2013) 16,8 18,2 10,5 Média da Variação Real do Montante de Crédito Concedido a Pessoas Físicas (%) Fonte: Elaboração própria com dados do Banco Central 5.7. TRANSFERÊNCIA DE RENDA No tocante à transferência direta de renda por parte do governo para as pessoas decidiu-se por analisar o programa mais famoso e que mais cresceu nos últimos anos, o Bolsa Família. O Bolsa Família foi criado em 2004 pelo Governo Federal e é um programa de transferência direta de renda para famílias em situação de pobreza e extrema pobreza. O valor repassado pelo governo depende do tamanho da família, da idade dos seus membros e da sua renda, havendo ainda benefícios específicos para famílias com crianças, jovens até 17 anos, gestantes e mães que amamentam. Há, portanto, um forte estímulo ao consumo. Segundo Giambiagi (2011), entre 2001 e 2009, a renda per capita dos 10% mais ricos da população brasileira aumentou 1,5% ao ano. Já a renda dos mais pobres cresceu a taxa de 6,8% ao ano. Esse aumento da renda dos mais pobres é explicado por programas sociais, sendo o Bolsa Família o programa de maior destaque, que junto à elevação real do salário mínimo e à redução do desemprego foram os pilares para a redução da desigualdade social no Brasil. Por mais que o Bolsa-Família tenha sido criado no primeiro Governo Lula e que seja o programa mais famoso de transferência de renda já criado, os programas de transferência de rendas para os mais pobres já haviam sido aprimorados durante os Governos FHC com o Bolsa Escola (benefício dado às famílias com crianças na escola), o Bolsa Renda (voltado para pessoas pobres afetadas pelos problemas da seca), o Bolsa Alimentação (voltado para mulheres na fase de amamentação), o Auxílio-Gás (subsídio para a compra do botijão de gás) e o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (doação de bolsas para retirar crianças do trabalho e incentivá-las a estudar). Giambiagi (2011) destaca que o Bolsa Família foi a concentração e a expansão de todos esses programas existentes. 54 Em 2013, 9 anos após ser criado, o valor total dos benefícios do programa já havia se expandido em mais de 6 vezes sobre o seu valor original, totalizando em valores nominais R$ 24.890 milhões. No mesmo ano, alcançou a marca de 14 milhões de famílias, o que segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, representa mais de 50 milhões de pessoas. Ou seja, 25% da população brasileira é coberta pelo benefício do programa. Por sua vez, o benefício médio recebido por família teve seu valor nominal triplicado em um período em que a inflação aumentou cerca de 60%. Tabela 27 - Valor Total dos Benefícios do Bolsa Família e Número de Famílias Beneficiadas - 2004 a 2013 Ano 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Valor Total dos Benefícios (milhões) R$ 3.792 R$ 5.692 R$ 7.525 R$ 8.965 R$ 10.607 R$ 12.455 R$ 14.373 R$ 17.360 R$ 21.157 R$ 24.890 Famílias Beneficiadas (mil) 6.572 8.700 10.966 11.043 10.558 12.371 12.778 13.352 13.902 14.086 Benefício Médio por Família R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 577 654 686 812 1.005 1.007 1.125 1.300 1.522 1.767 Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome As tabelas 28 e 29 contêm os índices de variação real do benefício médio por família em relação ao ano anterior e as médias dos governos. Tabela 28 - Variação Real ao Ano do Benefício Médio por Família - 2005 a 2013 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Variação Real do Benefício Médio por Família (%) 7,3 1,7 13,3 16,8 -3,9 5,5 8,5 10,6 9,6 Fonte: Elaboração própria com dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 55 Tabela 29 - Média por Governo da Variação Real do Benefício Médio por Família Média da Variação Real do Benefício Médio por Família (%) 1° Governo Lula (2005 - 2006) 2° Governo Lula (2007 - 2010) Governo Dilma (2011 - 2013) 4,49 7,92 9,59 Fonte: Elaboração própria com dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome As maiores variações são vistas durante o segundo Governo Lula, em 2007 com 13,3% e em 2008 com 16,8%. No entanto, essas maiores altas não impediram que o Governo Dilma tivesse a maior média de variação real do benefício médio por família mesmo em um período de fraco crescimento do PIB. Amorim (2014) alerta que por mais que o Bolsa Família melhore as condições de vida de milhões de pessoas, esse tipo de decisão por parte do governo em reajustar os benefícios do programa em valores superiores à inflação acaba por incentivar ainda mais o consumo em um período em que a inflação se encontra próxima ao teto da sua meta e em que o próprio governo tem dificuldade para controlá-la. Além disso, o mesmo ainda diz que em locais onde os salários são pouco superiores ao benefício, o programa acaba desestimulando a busca por emprego. Ainda mais quando se percebe que a variação real do benefício tem sido superior à do salário mínimo. 5.8. DESONERAÇÃO FISCAL Considerando a política fiscal expansionista, a desoneração também é uma variável importante nesse estudo porque consiste na redução de tributos por parte do governo sobre bens e serviços, o que acaba por permitir uma redução de preços e incentivar o consumo e, consequentemente, a atividade econômica. Sabendo que o consumo das famílias é o principal pilar do PIB brasileiro, ao reduzir tributos, o governo espera que esse consumo aumente e possa gerar mais empregos e maior renda, que acaba por aumentar o consumo mais uma vez. E assim, com esse aquecimento da atividade econômica, o governo pode arrecadar mais e compensar as perdas de receitas com a prática da desoneração. 56 A política de desoneração fiscal, por mais que já tivesse iniciada em 2008, veio a ganhar mais destaque durante o Governo Dilma a partir de 2012 sob a justificativa de ser uma medida de estímulo ao crescimento do país em meio ao enfraquecimento da economia mundial que ainda vivia os efeitos da crise financeira internacional e da crise do euro em andamento. As principais medidas foram a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros, produtos da linha branca, móveis e materiais de construção, ter zerado a incidência de impostos federais sobre os produtos da cesta básica, a redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para todas as operações de créditos para pessoas físicas e a desoneração da folha de pagamentos de 56 atividades econômicas que fez com que as empresas contempladas deixassem de pagar 20% da folha de pagamentos como contribuição patronal à Previdência Social e passassem a pagar 1% ou 2% do faturamento, variando com a sua atividade. A tabela 30 se refere a todas as desonerações instituídas entre 2010 e 2013 e são estimativas feitas pela Receita Federal em valores correntes. Fica evidente o substancial aumento das desonerações ano após ano no Governo Dilma, período em que elas saltaram de R$ 9,6 bilhões em 2011 para R$ 78,6 bilhões em 2013. Sendo que em 2012, ano que as desonerações fiscais ganharam força, a estimativa para esse benefício quase que quintuplicou em relação ao valor do ano anterior. Assim sendo, o valor total das estimativas para as desonerações fiscais instituídas entre 2012 e 2014 alcança a quantia aproximada de R$ 138 bilhões, em que 98% delas correspondem ao período de 2011 a 2013. Tabela 30 - Estimativas de Desonerações Fiscais Instituídas entre 2010 e 2013 Estimativas para as Desonerações Fiscais Instituídas entre 2010 e 2013 (em milhões) Variação sobre o Ano Anterior (%) 2010 2011 2012 2013 2.509 9.606 47.128 78.585 - 282,9 390,6 66,7 Fonte: Elaboração própria com dados da Receita Federal Segundo Porsse e Madruga (2014), entre 2010 e 2014, foi o setor automotivo que concentrou mais da metade da desoneração do IPI dada pelo governo. De um total de R$ 15,5 bilhões em receitas renunciadas pelo governo nesse período, o setor automotivo respondeu por R$ 8,3 57 bilhões. Sendo seguido pelo setor de móveis com R$ 1,6 bilhão, alimentos com R$ 1,2 bilhão, linha branca com R$ 958 milhões e outros setores com R$ 3,4 bilhões. Representatividade Setorial na Desoneração Fiscal do IPI 2010 - 2014 22% 6% 54% 8% 10% Automóveis Móveis Alimentos Linha Branca Outros Gráfico 8 - Representatividade Setorial na Desoneração Fiscal do IPI - 2010 a 2014 Fonte: PORSSE E MADRUGA (2014) O estudo desses autores conclui que ao concentrar o benefício da redução de impostos em um único setor, o governo acaba por gerar uma distorção em relação a outros setores, pois os consumidores deixam de comprar outros bens para aproveitar o preço mais baixo dos carros com o imposto reduzido. Sendo que essa redução de impostos para o setor automotivo beneficia mais as faixas populacionais com renda média ou mais elevada. Além disso, também afirmam que o governo fica refém das exigências desse setor, tornando a retirada do benefício mais difícil e fazendo com que ele fique sendo postergado continuamente em uma época em que o governo encontra dificuldades para alcançar o superávit primário (saldo entre as receitas e as despesas do governo, excluindo os gastos com os juros da dívida pública). Por mais passível de crítica que tal política fiscal tipo expansionista possa ser, ela contribuiu para que o crescimento do consumo das famílias fosse maior do que o crescimento do PIB no Governo Dilma. Isso fica bem evidente no ano de 2012, quando ao se comparar os 2 crescimentos, percebe-se que a variação real do consumo das famílias foi 3 vezes superior a do PIB. 58 Tabela 31 - Variação Real ao Ano do PIB e do Consumo das Famílias - 2010 a 2013 Variação Real PIB Consumo das Famílias 2010 7,5% 6,9% 2011 2,7% 4,1% 2012 1,0% 3,2% 2013 2,5% 2,6% Fonte: Ipeadata 59 6. PANORAMA DOS SEGMENTOS DO VAREJO AMPLIADO ENTRE 2003 E 2013 Nesta seção do estudo são analisadas as principais variáveis macroeconômicas que impactam nos segmentos do varejo ampliado. Como já mencionado anteriormente, o índice de volume de vendas do varejo ampliado só passou a ser divulgado a partir de 2005. Por conta disso, a análise da influência dessas variáveis macroeconômicas sobre os segmentos do varejo ampliado será direcionada no período que vai de 2005 até 2013. Nesse período, a média de crescimento do varejo ampliado foi de 9,2% ao ano, enquanto o PIB cresceu a 3,5% ao ano. Destaca-se o fato de que 9 dentre os seus 10 segmentos apresentaram um crescimento em seu índice de volume de vendas superior ao crescimento do PIB. Tabela 32 - Crescimento Médio Anual do Índice de Volume de Vendas por Segmento do Varejo Ampliado entre 2005 a 2013 Segmentos do Varejo Ampliado Combustíveis e lubrificantes Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo Vestuário, calçados e tecidos Móveis e eletrodomésticos Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação Livros, jornais, revistas e papelaria Outros artigos de uso pessoal e domésticos Veículos e motos, partes e peças Material de construção Média Crescimento Médio do PIB entre 2005 e 2013 (% a.a.) Crescimento do Índice de Volume de Vendas entre 2005 e 2013 (% a.a.) 2,3 6,0 4,7 12,3 9,5 23,9 6,2 12,3 9,3 5,8 9,2 3,5 Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata e da Pesquisa Mensal do Comércio De acordo com o IBGE, há duas variáveis macroeconômicas que exercem influência direta em todos os segmentos do varejo ampliado e por isso podem ser consideradas como as mais importantes: a taxa de desemprego e o rendimento real da pessoa ocupada. Quanto menor for a taxa de desemprego e quanto maior for o rendimento real da pessoa ocupada, que é o rendimento nominal descontada a inflação, maior a massa salarial real. Essa massa salarial é um forte indicativo do poder de compra da população. 60 A análise da tabela 33 mostra que os anos com maior aumento do rendimento real acompanhado de uma redução da taxa de desemprego foram aqueles em que o volume de vendas do varejo ampliado teve seu maior crescimento. Tabela 33 - Crescimento do Volume de Vendas por Segmento do Varejo Ampliado, Variação do Rendimento Real e Taxa de Desemprego entre 2005 a 2013 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Crescimento do Volume de Vendas no Comércio Varejista Ampliado (% a.a.) 3,1 6,5 13,5 9,9 6,9 12,2 6,6 8,0 3,6 Variação do rendimento real (% a.a.) 1,5 4,0 3,2 3,4 3,2 3,8 2,7 4,1 1,8 Taxa de desemprego (%) 9,8 10,0 9,3 7,9 8,1 6,7 6,0 5,5 5,4 Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata e da Pesquisa Mensal do Comércio Também é necessário citar o crédito disponibilizado a pessoas físicas e a taxa de juros como sendo outras variáveis importantes, pois ambas têm impacto mais direto sobre segmentos cujos produtos têm maior valor agregado. É o caso dos segmentos de “Móveis e eletrodomésticos”, “Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos”, “Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação”, “Outros artigos de uso pessoal e domésticos”, “Veículos e motos, partes e peças” e “Material de construção”. A seguir são apresentadas as análises do desempenho de todos os segmentos do varejo ampliado. Todas foram feitas com base nas Pesquisas Mensais do Comércio (PMC) publicadas pelo IBGE entre 2005 e 2013. 6.1. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES O segmento de “Combustíveis e lubrificantes” foi o de menor crescimento médio entre 2005 e 2013, muito em função dos dois primeiros anos da série, em que houve forte retração do seu volume de vendas. Os resultados de 2005 e 2006 são explicados pela elevação dos preços dos combustíveis terem se dado bem acima do IPCA, o que estimulou a substituição dos carros a gasolina por modelos mais baratos (álcool e GNV) e reduziu a demanda sobre o segmento. Em 2009, houve contração da atividade industrial, o que reduziu o fluxo de cargas pelo país. Em 2011, a variação dos preços do setor foi novamente acima que o IPCA. Em geral, os anos 61 de forte crescimento do segmento são explicados pela variação dos seus preços abaixo do índice IPCA e pelo aumento da frota de veículos. Tabela 34 - Crescimento do Volume de Vendas de Combustíveis e Lubrificantes - 2005 a 2013 Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.) Combustíveis e lubrificantes 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média -7,4 -8,1 5,1 9,3 0,8 6,6 1,6 6,8 6,3 2,3 Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio 6.2. SUPERMERCADOS, HIPERMERCADOS, PRODUTOS ALIMENTÍCIOS, BEBIDAS E FUMO Esse é um segmento que vende bens prioritários para o consumo das famílias e seu desempenho é fortemente explicado pela variação do rendimento real e pelo aumento do número de pessoas ocupadas. Exemplo disso são os anos de 2005 e 2013, que tiveram os menores desempenhos por serem os anos que registraram as menores variações do rendimento real. Sendo que 2013 teve um aumento menor do que 2005 por conta na redução de apenas 0,1% na taxa de desemprego sobre 2012, enquanto 2005 teve uma redução de 1,7% sobre 2004. Também se deve destacar a sensibilidade do setor aos impactos do salário mínimo e do Bolsa Família, uma vez que a parcela da população que tem a sua renda formada por algum dos dois tem seus gastos voltados majoritariamente para a alimentação. Uma variável macroeconômica que também se destaca nesse segmento é sua própria inflação. Nos últimos anos, ela vem se dando acima do índice IPCA, o que acaba por ser um fator que enfraquece o seu índice de volume de vendas. Por exemplo, no ano de 2012, em que o rendimento real teve o seu maior aumento em 4,1% sobre 2012, o IPCA dos alimentos e bebidas foi 4,1% superior ao IPCA geral, o que anula o ganho real. Já em 2013, enquanto o ganho real no rendimento foi de 1,8%, o aumento dos preços dos produtos do segmento foi de 2,6% acima do IPCA geral, ou seja, para que fosse possível comprar a mesma cesta de produtos que no passado, as famílias teriam gastar proporcionalmente mais. 62 Tabela 35 - Inflação Anual de Alimentos e Bebidas vs IPCA - 2005 a 2013 Inflação (IPCA, dez / dez) Alimentos e Bebidas (% a.a.) Geral (% a.a.) 2005 2,0 5,7 2006 1,2 3,1 2007 10,8 4,5 2008 11,1 5,9 2009 3,2 4,3 2010 10,4 5,9 2011 7,2 6,5 2012 9,9 5,8 2013 8,5 5,9 Fonte: Ipeadata Tabela 36 - Crescimento do Volume de Vendas de Supermercados, Hipermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo – 2005 a 2013 Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.) Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média 2,9 7,6 6,4 5,5 8,3 9,0 4,0 8,4 1,9 6,0 Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio 6.3. VESTUÁRIO, CALÇADOS E TECIDOS É o segundo segmento de menor crescimento no período. Suas maiores taxas de crescimento foram registradas em 2007 e 2010, anos em que o PIB brasileiro teve seus maiores crescimentos (6,1% em 2007 e 7,5% em 2010). Como parte substancial dos bens desse setor tem origem em mercados externos, via importações, a taxa de câmbio é o principal indexador dos preços desse segmento. Tabela 37 - Crescimento do Volume de Vendas de Vestuário, Calçados e Tecidos - 2005 a 2013 Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.) Vestuário, calçados e tecidos 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média 5,9 2,0 10,7 4,9 -2,8 10,7 3,6 3,4 3,5 4,7 Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio 6.4. MÓVEIS E ELETRODOMÉSTICOS O segmento de “Móveis e eletrodomésticos” foi o segundo de maior crescimento entre 2005 e 2013. Além da redução do desemprego e do aumento real do rendimento do trabalhador, a melhora nas condições de crédito ao consumo é um importante fator para a elevação do seu índice de volume de vendas. O forte desempenho desse setor também pode ser explicado pelo aumento dos seus preços abaixo do índice IPCA por conta da forte concorrência com importados e da desoneração fiscal do governo sobre o IPI. 63 Tabela 38 - Crescimento do Volume de Vendas de Móveis e Eletrodomésticos Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.) Móveis e eletrodomésticos 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média 16,0 10,3 15,4 15,1 2,1 18,3 16,6 12,3 5,0 12,3 Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio 6.5. ARTIGOS FARMACÊUTICOS, MÉDICOS, ORTOPÉDICOS, DE PERFUMARIA E COSMÉTICOS Grande parte dos bens deste segmento é caracterizada pelo caráter de uso essencial e permanente, o que representa uma fidelização dos gastos das famílias com os produtos desse segmento. Esse fator, somado ao crescimento real da massa de salários e a melhora nas condições de crédito, fez com que tal segmento fosse um dos que mais crescessem no período com destaque para o alto e estável crescimento a partir de 2007. Tabela 39- Crescimento do Volume de Vendas de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos – 2005 a 2013 Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos 6,1 3,7 8,9 13,3 11,8 11,9 9,7 10,2 10,1 9,5 Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio 6.6. EQUIPAMENTOS E MATERIAIS PARA ESCRITÓRIO, INFORMÁTICA E COMUNICAÇÃO De todos os representantes do varejo ampliado, foi esse o segmento que teve o maior crescimento no período. Entre 2005 e 2008, esse segmentou cresceu acima da sua média em função da contínua apreciação do real. O mesmo se deu em 2010 e 2011. Em 2009, momento em que o real voltou a se desvalorizar, a sua taxa de crescimento caiu a um terço do ano anterior. Já em 2012 e 2013, o segmento apresentou uma desaceleração em função da forte desvalorização do real e do menor ritmo de expansão do crédito. Outra razão que contribui para o melhor desempenho desse segmento é a questão da obsolescência dos seus bens. Com o passar do tempo, seus produtos tendem a perder valor por se tornarem obsoletos, tornando-os mais acessíveis em termos de preço e contribuindo 64 para que a variação dos preços desse segmento se dê abaixo do IPCA ou que até mesmo haja deflação. Tabela 40 - Crescimento do Volume de Vendas de Equipamentos e Materiais para Escritório, Informática e Comunicação – 2005 a 2013 Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.) Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média 54,0 30,1 29,4 33,5 10,6 24,1 19,6 6,9 7,2 23,9 Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio 6.7. LIVROS, JORNAIS, REVISTAS E PAPELARIA Seja para fins de estudos, lazer ou informação, com o aumento real da renda e a redução do desemprego, as pessoas passaram a ter maiores gastos com os produtos desse segmento. No entanto, os últimos anos foram marcados por um enfraquecimento no crescimento do seu índice por conta da maior procura por formas de leituras digitais. Tabela 41 - Crescimento do Volume de Vendas de Livros, Jornais, Revistas e Papelaria – 2005 a 2013 Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.) Livros, jornais, revistas e papelaria 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média 1,5 0,5 7,1 11,1 9,6 12,0 5,9 5,4 2,6 6,2 Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio 6.8. OUTROS ARTIGOS DE USO PESSOAL E DOMÉSTICOS Englobando lojas de departamento, ótica, joalheira, artigos esportivos, brinquedos como componentes, tal segmento foi um dos que teve maior desempenho no índice de volume de vendas. Além do aumento da massa salarial ao longo dos anos, a maior disponibilidade de crédito e a redução dos juros, em grande parte do período, também contribuíram para esse resultado. 65 Tabela 42 - Crescimento do Volume de Vendas de Outros Artigos de Uso Pessoal e Domésticos – 2005 a 2013 Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.) Outros artigos de uso pessoal e domésticos 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média 14,8 17,1 22,2 15,6 8,4 8,8 4,0 9,4 10,3 12,3 Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio 6.9. VEÍCULOS E MOTOS, PARTES E PEÇAS Como já mostrado anteriormente, o segmento de “Veículos e motos, partes e peças” foi o que mais contribuiu para o crescimento do índice de volume de vendas do varejo ampliado ao longo dos anos. Ele faz parte de um dos cinco segmentos que cresceu mais que a média do varejo ampliado. Por ter produtos de alto valor agregado, é aquele que mais precisa de crédito. O forte crescimento do seu índice de vendas entre 2006 e 2010 é explicado pela redução da taxa média de juros do mercado. Durante esses anos, a média da taxa Selic baixou de 15,3% ao ano em 2006 para 9,9% ao ano em 2010. Já o contrário pode ser visto em 2005, ano em que o índice teve seu segundo menor crescimento, visto que a taxa Selic aumentou de 16,4% ao ano em 2004 para 19,1% ao ano em 2005. Também é esse o segmento que mais foi beneficiado com a política de desoneração fiscal por meio da redução do IPI a partir de 2009 como medida de estímulo econômico frente à crise internacional que se iniciou em 2008. Mesmo com essa política em vigor, o seu mais fraco desempenho é observado em 2013, que é justificado pela maior rigidez na concessão de créditos e a elevação da taxa básica de juros a partir de abril do mesmo ano. Tabela 43 - Crescimento do Volume de Vendas de Veículos e Motos, Partes e Peças – 2005 a 2013 Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.) Veículos e motos, partes e peças 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média 1,6 7,3 22,6 11,9 11,1 14,1 6,1 7,3 1,4 9,3 Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio Ao se estudar a série de crédito para financiamento de veículos a pessoas físicas informada pelo Banco Central a partir de 2007, identifica-se a grande importância que a disponibilidade de crédito tem para esse segmento. Em 2008, quando a variação real foi negativa, o índice de volume de vendas caiu a metade do ano anterior. Em 2009, mesmo com a retração do PIB, o 66 aumento desse crédito permitiu que o seu volume de vendas se mantivesse no mesmo ritmo de crescimento de 2008. Já a maior variação real de crédito vista em 2010 fez com que o índice do segmento tivesse o seu segundo melhor desempenho entre 2005 e 2013. Por mais que o crédito tivesse crescido pouco em 2012, a redução das taxas de juros para a sua mínima histórica estimulou as vendas do segmento. Por fim, em 2013, o mais fraco desempenho do segmento é explicado pela redução da variação real do volume de crédito a pessoas físicas, paralelo aos seguidos aumentos da taxa básica de juros ao longo do ano. Tabela 44 - Crédito Direcionado ao Financiamento de Veículos de Pessoas Físicas - 2007 a 2013 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Crédito para Financiamento de Veículos a Pessoas Físicas (milhões) 81.481 82.433 94.133 140.339 177.668 193.215 192.797 Variação Real (% a.a.) - -4,5% 9,5% 40,8% 18,9% 2,7% -5,8% Fonte: Banco Central 6.10. MATERIAL DE CONSTRUÇÃO Assim como “Veículos e motos, partes e peças”, o segmento de “Material de construção” também é afetado fortemente pelo crédito e a taxa de juros. Como forma de estimular a economia em 2009, que teve a atividade industrial enfraquecida pela crise financeira de 2008, o governo federal também passou a reduzir o IPI de produtos do segmento como tentativa de recuperar o seu crescimento. Durante o Governo Dilma, além da continuidade da política de redução do IPI, houve uma forte expansão da oferta de crédito habitacional, que somada ao programa governamental “Minha Casa Minha Vida”, cujo objetivo é financiamento e subsídio de moradias para as famílias com renda mensal bruta até R$ 5.000, contribuíram para que o segmento mantivesse crescimentos positivos e até mesmo acima da média do varejo ampliado. Tabela 45 - Crescimento do Volume de Vendas de Material de Construção – 2005 a 2013 Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.) Material de construção 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média -6,1 5,7 10,8 7,8 -5,9 15,6 9,1 7,9 6,9 5,8 Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio 67 Uma vez que esse segmento tem forte correlação com o financiamento imobiliário (quanto mais imóveis vendidos, maior os gastos das pessoas com material de construção), a tabela 46 mostra o saldo de crédito disponibilizado a pessoas físicas para fins de financiamento imobiliário e a sua representatividade sobre o crédito total concedido a pessoas físicas. A série é mostrada a partir de 2007, pois foi quando o BC passou a divulgá-la. No período abaixo, destaca-se que esse tipo de crédito aumentou o seu volume quase que 8 vezes, o que significou um forte aumento na representatividade desse tipo de crédito direcionado sobre o total de crédito disponibilizado a pessoas físicas ao longo dos anos. Tabela 46 - Crédito Direcionado ao Financiamento Imobiliário de Pessoas Físicas – 2007 a 2013 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Crédito para Financiamento Imobiliário a Pessoas Físicas (milhões) 43.509 59.661 84.296 131.310 189.392 255.367 341.465 Representatividade sobre o Crédito Total a Pessoas Físicas 10,1% 11,2% 13,4% 16,9% 20,6% 23,7% 27,3% Fonte: Banco Central 6.11. PANORAMA DO SETOR VAREJISTA NOS ANOS DE 2003 E 2004 Por mais que os índices anuais do varejo ampliado tenham começado a ser divulgados em 2005, esse é um estudo sobre o período entre 2003 a 2013. Por tal motivo, é importante também analisar o comportamento do varejo nos anos de 2003 e 2004. Nesses dois anos, o IBGE já calculava o índice de volume de vendas do segmento de “Veículos e motocicletas, partes e peças”, mas ele não participava do cálculo do índice de volume de vendas do varejo. 6.11.1. Ano de 2003 Esse foi o ano mais fraco no desempenho do comércio varejista em todo o período. Todos os seus cinco segmentos, mais o segmento de “Veículos e motocicletas, partes e peças”, apresentaram uma variação negativa nos seus índices de volume de vendas. 68 De acordo com GIAMBIAGI (2011), 2003 foi o ano marcado pela crise de confiança em torno da posse de Lula como presidente e a sua condução dos rumos da economia. Por mais que essa desconfiança fosse se enfraquecendo ao longo do ano devido à manutenção do tripé econômico iniciado no segundo Governo FHC, o ano foi marcado por uma alta inflação (aumento 9,3% frente ao ano de 2002, que já apresentara uma inflação de 12,5%), a maior taxa de desemprego do período (12,3%) e a redução do rendimento médio real (-12,6% em relação a 2002). Além de todos esses fatores que contribuíram para uma forte redução do poder de compra da população, também se deve citar as condições mais desfavoráveis de acesso ao crédito, principalmente com o aumento da média da taxa Selic nominal de 19,2% ao ano em 2002 para 23,5% ao ano em 2003. A redução do poder de compra pode ser vista no desempenho do setor mais sensível à variação da massa salarial e à inflação, que é o segmento de “Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios e fumo”. Já a dificuldade de acesso ao crédito paralelo ao aumento das taxas de juros reflete no comportamento do segmento mais sensível a essas variáveis, o de “Veículos e motocicletas, partes e peças”. Esses dois segmentos foram aqueles de maior redução nos seus índices de volume de vendas. Tabela 47 - Variação no Volume de Vendas por Segmento do Comércio Varejista em 2003 2003 # 1 2 3 4 5 6 Comércio Varejista (1 a 5) Combustíveis e lubrificantes Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo Vestuário, calçados e tecidos Móveis e eletrodomésticos Demais artigos de uso pessoal e doméstico Veículos e motocicletas, partes e peças Variação no Volume de Vendas em Relação ao Ano Anterior (%) -3,7 -4,3 -4,9 -3,1 -0,9 -2,4 -7,2 Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio 6.11.2. Ano de 2004 Em 2004, o segmento “Demais artigos de uso pessoal e doméstico” foi desagregado em quatro novos segmentos (“Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos”, “Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação”, “Livros, jornais, revistas e papelaria” e “Outros artigos de uso pessoal e doméstico”). 69 Tabela 48 - Variação no Volume de Vendas por Segmento do Comércio Varejista em 2004 2004 # 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Comércio Varejista (1 a 8) Combustíveis e lubrificantes; Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo; Vestuário, calçados e tecidos; Móveis e eletrodomésticos; Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação Livros, jornais, revistas e papelaria Outros artigos de uso pessoal e domésticos Veículos e motos, partes e peças Variação no Volume de Vendas em Relação ao Ano Anterior (%) 9,3 4,7 7,2 4,7 26,4 17,8 Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio O ano foi marcado por forte crescimento do índice de volume de vendas do varejo (9,3% sobre 2003) puxado pelo aumento do índice de volume de vendas do segmento de “Móveis e eletrodomésticos” que teve um crescimento de 26,4%. Ainda considerado um índice à deriva do índice do varejo, o segmento de “Veículos, motocicletas, partes e peças” teve um crescimento de 17,8%, o segundo maior entre todos os segmentos. Ambos os setores foram beneficiados com uma variação real do crédito concedido à pessoas físicas de 19,0% e redução da média da taxa Selic em 7,1% (23,5% ao ano em 2003 para 16,4% ao ano em 2004). Já os outros segmentos, por mais que não crescessem tanto quanto esses 2 já citados, tiveram bons desempenhos em função da melhora do ambiente econômico com o PIB obtendo seu maior crescimento (5,7%) até então no período pós Plano Real, a inflação perdendo força (7,6% em 2004 frente a 9,3% em 2003) e a redução da taxa de desemprego (12,3% em 2003 para 11,5% em 2004). 70 7. MÉTODO DE ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DOS MODELOS ECONOMÉTRICOS 7.1. BASE TEÓRICA ESTATÍSTICA Para se estudar como o consumo das famílias impacta o comércio e como algumas variáveis macroeconômicas selecionadas impactam esse consumo, utilizou-se o modelo econométrico de regressão linear simples. Um modelo é uma representação simplificada da realidade, já a econometria, segundo Gujarati (2011), é uma forma de medida econômica a partir da aplicação da estatística matemática a dados econômicos para criar modelos que expliquem os fenômenos econômicos. Por sua vez, o estudo dos conceitos associados à regressão linear simples e os seus pressupostos são explicados a seguir também com base em Gujarati (2011). 7.1.1. Regressão linear simples Define-se regressão como sendo uma relação matemática que explique a dependência de uma variável, a variável dependente, em relação a uma ou mais variáveis, as variáveis explanatórias ou explicativas. É a partir da regressão que se torna possível estimar o valor médio de uma variável (a variável dependente) com base nos valores das variáveis explicativas. O significado da regressão ser linear quer dizer que a variável dependente é uma função linear da variável explanatória. Por fim, o fato da regressão ser simples significa que há apenas uma variável explicativa na regressão. Caso tivesse mais que uma variável explicativa, a regressão seria considerada múltipla. O modelo de regressão linear simples populacional se dá da seguinte forma: | em que | (7) é o valor médio esperado da variável dependente Y dada uma variável explicativa Xi , β1 é o parâmetro que representa o intercepto, β2 é o parâmetro que representa o coeficiente angular. É normal que haja um erro entre a observação real da variável dependente e o seu valor médio esperado, o que é representado da seguinte forma: | (8) 71 em que (conhecido como termo de erro, distúrbio ou resíduo) é a representação dos fatores que explicam a variável dependente Yi ,mas que não são levados em conta explicitamente na regressão. Como a maior parte das situações práticas não leva em conta toda a população ou o custo para a sua obtenção é elevado, recorre-se a informações amostrais para que seja possível estimar a função de regressão amostral: ̂ ̂ em que ̂ é o estimador de ̂ (9) , ̂ é o estimador de | e ̂ é o estimador de . Os estimadores são regras que dizem como estimar o parâmetro da população com base em informações amostrais. Já o valor numérico obtido pela aplicação do estimador é chamado de estimativa. O resíduo entre o erro das diferenças dos valores observados e estimados de Y é escrito da seguinte forma: ̂ ̂ (10) 7.1.2. Método dos mínimos quadrados Para se estimar a regressão populacional com base na função de regressão amostral será usado o método dos mínimos quadrados. Tal método fornece estimativas dos parâmetros da regressão ( ̂ e ̂ ) de maneira que o somatório dos quadrados dos erros (∑ ̂ ) seja mínimo. De acordo com o que já foi mostrado, chega-se a seguinte transformação: ∑̂ ∑ ̂ ∑ ̂ ̂ (11) Com base no método dos mínimos quadrados, para que se obtenham as estimativas para ̂ e ̂ é necessário que sejam feitas as seguintes derivadas parciais da transformação mostrada acima: 72 ∑̂ ⁄ ̂ =0 (12) ∑̂ ⁄ ̂ =0 (13) A partir do desenvolvimento dessas equações, chega-se aos valores das estimativas de β1 e β2 , o que permite que a regressão amostral seja formulada: ̂ ̅ ∑ (14) ̅ ∑ ̂ ̅ ̅ ̂ ̅ (15) em que ̅ e ̅ são as médias amostrais de X e Y. 7.1.2.1.Coeficiente de regressão Uma vez encontrada a regressão amostral, é necessário medir a qualidade do ajustamento dessa regressão. Essa medida de qualidade é chamada de coeficiente de determinação (R²) e varia entre 0 e 1. Sendo que quanto mais alto for o seu valor, maior o grau de explicação da variável explicativa sobre a variável dependente. Em outras palavras, esse coeficiente é entendido como o quanto a variável explicativa explica a variável dependente. Ela é calculada da seguinte forma: ∑̂ ∑ (16) ̅ 73 7.1.2.2.Testes de hipóteses Mesmo após obter o coeficiente de regressão, ainda é necessário testar se essas estimativas de ̂ e ̂ são de fato estatisticamente significativas. Para isso, tem-se 2 hipóteses, a hipótese nula (H0) de que a estimativa é igual a 0 (estatisticamente insignificante) e a hipótese alternativa (Ha) de que a estimativa é diferente de 0 (estatisticamente insignificante). ̂ (17) ̂ (19) ̂ (18) ̂ (20) Sabendo que uma regressão estuda a relação de uma variável sobre outra, para se confirmar a existência de uma regressão amostral é necessário que haja a rejeição da hipótese nula de que ̂ é igual a 0, independentemente do resultado do teste de ̂ . Há 3 maneiras de se fazer esse teste de hipóteses: usando o teste t, a análise de variância ou o valor p. (i) Teste t As estatísticas desse teste (t) seguem a distribuição t de Student com N-2 graus de liberdade e são calculadas a partir das seguintes equações: ̂ ̂ (̂ ) (̂ ) em que ∑̂ (̂ )e (̂ ) ∑ √ (̂ ) (21) √∑ (22) (23) ∑̂ √∑ (24) ( ̂ ) são os erros padrão dos estimadores ̂ e ̂ . Uma vez calculados, escolhe-se um nível de significância (α), que é a probabilidade de se rejeitar a hipótese nula quando ela é verdadeira, e compara-se o módulo do valor dessa estatística de teste calculada com o valor tabelado para a distribuição t com N-2 graus de 74 liberdade. Se o valor do módulo da estatística de teste for maior que o seu valor tabelado, rejeita-se a hipótese nula de que a estimativa do estimador é 0, ou seja, ele é estatisticamente significativo. Tabela 49 - Teste de Hipóteses - Estatística t Ho : Hipótese Nula Regra para Rejeição de Ho Ha : Hipótese Alternativa ̂ ̂ |t calculado| > t α/2 , gl Fonte: Elaboração própria com base em GUJARATI (2011) (ii) Análise de Variância Outra forma para se testar se há regressão, se ̂ é diferente de 0, é a partir da comparação da estatística desse teste (F) com o valor tabelado da distribuição F de Snedecor com 1 grau de liberdade no numerador e N-2 graus de liberdade no denominador. Caso o valor da estatística de teste seja maior do que o valor tabelado a dado nível de significância (α), tem-se que há regressão, ̂ é significativo. O cálculo para essa estatística de teste é visto a seguir: ̂ ∑ ∑̂ (25) Tabela 50 - Teste de Hipóteses - Estatística F Ho : Hipótese Nula ̂ Ha : Hipótese Alternativa Regra para Rejeição de Ho ̂ F calculado > F (α, 1, N-2) Fonte: Elaboração própria com base em GUJARATI (2011) (iii) Valor p O valor p é definido como sendo o menor nível de significância (α) em que uma hipótese nula pode ser rejeitada. Dessa maneira, a hipótese nula só é aceita para valores de nível de significância inferiores ao valor p. Ao contrário do nível de significância, que é fixado ao se fazer os outros testes, o valor p é calculado a partir da amostra. 75 7.1.2.3. Pressupostos do método dos mínimos quadrados Para que o modelo de regressão amostral linear simples possa fazer inferências corretas em relação à população, é necessário que alguns pressupostos sejam confirmados. Uma vez que algum desses pressupostos é violado, isso pode dizer que a regressão amostral encontrada não é uma boa representação da sua respectiva população, levando a inferências errôneas. Assim sendo, são os pressupostos a serem testados quantitativamente nas regressões a serem apresentadas: O termo de erro tem distribuição normal com média 0 e variância constante; Ausência de autocorrelação entre os termos de erro; A variância do termo de erro é constante ou homocedástica em relação à variável explicativa. (i) Normalidade do Termo de Erro Para se testar a normalidade dos erros, será realizado o teste de Jarque e Bera. A sua estatística de teste (JB) é calculada da seguinte maneira: (26) ∑ ( ∑ ∑ ∑ ̅ ̅ ) (27) ̅ ̅ (28) em que N é número de observações, S é o coeficiente de assimetria e K o coeficiente de curtose. Quanto mais próximo de 0 for o coeficiente de assimetria e mais próximo 3 for o coeficiente de curtose, a distribuição dos dados mais se aproxima de uma distribuição normal. Sob a hipótese nula de que os resíduos são normalmente distribuídos e dado certo nível de significância (α), a distribuição dos termos de erros é considerada normal caso o valor da sua 76 estatística de Jarque e Bera seja menor que o valor tabelado para uma distribuição quiquadrado com 2 graus de liberdade. Os testes t e F usados apresentados anteriormente exigem que o termo de erro siga uma distribuição normal. Tabela 51 - Teste de Jarque-Bera Ho : Hipótese Nula Ha : Hipótese Alternativa Regra para Rejeição de Ho ̂ JB > χ² α , 2 Fonte: Elaboração própria com base em GUJARATI (2011) (ii) Ausência de Autocorrelação entre os Termos de Erro A autocorrelação entre os termos de erro é a dependência entre os valores do erro. Em outras palavras, esse problema faz que o termo de erro de uma observação acabe influenciado no valor do termo de erro de outra observação. Em consequência disso, os testes de hipóteses podem não ser válidos. Para se verificar a presença da autocorrelação entre os resíduos, será usado o teste de DurbinWatson, cuja estatística (d) é calculada pela expressão abaixo: ∑ ̂ ∑ ̂ ̂ (29) que é a razão da soma dos quadrados das diferenças entre os resíduos sucessivos e a soma dos resíduos ao quadrado. Depois de calculado o valor da estatística de teste, para dado nível de significância (α), tamanho amostral e número de variáveis explicativas (nesse caso é 1), busca-se os valores tabelados da estatística de Durbin-Watson dL e du . A ausência ou presença de autocorrelação entre os erros é dada da maneira a seguir: 77 Tabela 52 - Regras de Decisão do Teste de Durbin-Watson Ho : Hipótese Nula Não há autocorrelação positiva Não há autocorrelação positiva Não há autocorrelação negativa Não há autocorrelação negativa Não há autocorrelação Decisão Se Rejeitar 0 < d < dL Sem decisão Rejeitar Sem decisão Não rejeitar 0 d du 4 - dL < d < 4 4 - du d 4 - dL du < d < 4 - d u Fonte: Elaboração própria com base em GUJARATI (2011) A autocorrelação positiva é aquela em que o erro varia positivamente de acordo com o erro da observação anterior (trajetória ascendente), enquanto a negativa apresenta o erro variando negativamente com o erro da observação anterior (trajetória decadente). (iii) Homocedasticidade do Termo de Erro em Relação à Variável Explicativa O pressuposto da homocedasticidade é explicado pela variância do erro sendo constante. Uma vez, que isso não ocorre, ou seja, a variância é alterada de acordo com o erro, há heterocedasticidade. Caso haja a ocorrência de heterocedasticidade, da mesma forma como na ocorrência de autocorrelação, os testes t e F darão resultados imprecisos uma vez que o método dos mínimos quadrados não tem mais variância mínima. Para se detectar esse tipo de violação dos pressupostos será utilizado o teste geral de heterocedasticidade de White. Dada uma regressão linear simples, o teste consiste em encontrar uma regressão dos resíduos ao quadrado da regressão original em função da das variáveis dependentes originais, elevadas ao quadrado e os seus produtos cruzados. No entanto, como os modelos a serem usados só tem uma variável dependente, não haverá produto cruzado. Essa nova regressão é chamada de regressão auxiliar: 78 ̂ (30) A hipótese nula desse teste é que não há heterocedasticidade e a sua estatística de teste é dada pelo produto do número de observações (N) pelo coeficiente de regressão (R²) da regressão auxiliar. Tal estatística segue a distribuição qui-quadrado com graus de liberdade igual ao número de regressores, que nesse caso é 2. Tabela 53 - Teste de White Ho : Hipótese Nula Ha : Hipótese Alternativa Regra para Rejeição de Ho N*R² > χ² α , 2 Fonte: Elaboração própria com base em GUJARATI (2011) 7.2. ELABORAÇÃO DOS MODELOS Uma vez estudado os conceitos de regressão linear simples e seus os pressupostos, foram definidas 4 regressões para atender ao propósito do estudo de identificar o impacto do consumo das famílias no comércio brasileiro e como as principais variáveis macroeconômicas influenciam esse consumo. São elas: O consumo das famílias explicando o valor adicionado pelo comércio ao PIB; O consumo das famílias sendo explicado pela renda disponível bruta; O consumo das famílias sendo explicado pela quantidade de crédito concedido a pessoas físicas; O consumo das famílias sendo explicado pela taxa de juros. Uma vez que o estudo das regressões é voltado para o grau de impacto de uma variável sobre a outra, sem que haja finalidade de previsão, as análises das regressões estarão limitadas ao significado econômico do estimador ̂ . É de se esperar que, nos três primeiros modelos, haja uma relação positiva entre a variável explicativa e a variável a ser explicada, ou seja, o aumento de uma variável leva ao aumento da outra. Já no último modelo (consumo das famílias sendo explicado pela taxa de juros), espera-se que haja uma relação negativa, em que o aumento da taxa de juros tenha um efeito negativo sobre a variação do consumo das famílias. 79 7.2.1. Esclarecimentos sobre as regressões Antes de se apresentar e estudar as regressões, é válido fazer alguns comentários referentes aos métodos usados pelos autores desse estudo e que valem para todas ou parte das regressões obtidas. 7.2.1.1.Quanto às observações Como o período de estudo foi fixado entre 2003 e 2013, para que se tivesse uma amostra relevante, foram colhidas 44 observações trimestrais. Até porque todas as séries, com exceção das séries de crédito e taxa de juros, têm seus valores divulgados nas formas trimestrais e anuais. Assim sendo, a periodicidade de todas as variáveis é trimestral. Todas as séries trimestrais usadas nos 4 modelos podem ser vistas no apêndice. 7.2.1.2.Quanto aos modelos a serem apresentados Os modelos a seguir são ditos finais. Em outras palavras, são os melhores resultados de diversas tentativas de regressões realizadas pelos autores do estudo. Quando se diz melhores resultados, os autores se referem às significâncias estatísticas dessas regressões obtidas, aos seus coeficientes de regressão (R²) e às validações dos pressupostos. 7.2.1.3.Quanto à validação dos pressupostos De acordo com Gujarati (2011), é muito comum que as regressões de modelos econométricos apresentem violações quanto aos pressupostos de ausência de autocorrelação e heterocedasticidade. Além disso, o mesmo autor também fala que a autocorrelação só pode ser detectada depois que a heterocedasticidade tenha sido controlada. (i) Tratamento da heterocedasticidade Gujarati (2011) apresenta que para se reduzir ou eliminar a heterocedasticidade, pode-se usar nos modelos a transformação logarítmica vista a seguir: 80 (31) já que ela reduz a heterocedasticidade quando comparada à regressão porque comprime as escalas em que as variáveis são medidas. Tal fato é muito relevante para os modelos que vão ser apresentados porque todas as suas variáveis, com exceção da taxa de juros, são da ordem de bilhões ou trilhões de reais. (ii) Tratamento da autocorrelação Uma vez tratada a heterocedasticidade, buscou-se o mesmo com a autocorrelação. Gujarati (2011) apresenta que esse problema pode ser resolvido com procedimento iterativo de Cochrane-Orcutt, sendo essa nova regressão dada por: (̂ ̂̂ ̂ ) ̂ ̂ (32) em que ̂ é um estimador calculado a partir da regressão entre termos de erros autocorrelacionados obtidos da regressão original: ̂ As diferenças ( ̂ ̂̂ )e ̂̂ ̂ (33) são chamadas de quase diferenças. 7.2.1.4. Quanto aos cálculos das regressões e seus pressupostos Todas as regressões e as suas estatísticas foram calculadas de forma automática se usando o software Microsoft Excel, mais especificamente, a sua ferramenta de Análise de Dados. Por outro lado, os testes dos pressupostos foram feitos de forma manual pelos autores do estudo, também no Microsoft Excel. 81 7.3. RESULTADOS DOS MODELOS 7.3.1. Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB x Consumo das Famílias Ambas as séries têm seus valores nominais divulgados no Sistema de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, disponíveis no Ipeadata. Uma vez que não existe a informação do valor adicionado pelo varejo ao PIB, utilizou-se como parâmetro para ela o valor adicionado pelo comércio ao PIB. O comércio, composto pelo atacado e pelo varejo, tem por meio deste último a maior contribuição para seu crescimento no período estudado, como pode se verificar na tabela a seguir: Tabela 54 - Variação Real do Volume de Vendas do Varejo Ampliado e do Valor Adicionado pelo Comércio no PIB Variação Real Volume de Vendas do Varejo Ampliado (% a.a.) Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB (% a.a.) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Média 3,1 6,5 13,5 9,9 6,9 12,2 6,6 8,0 3,6 7,8 3,5 6,0 8,4 6,1 -1,0 10,9 3,4 0,9 2,9 4,6 Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio e Ipeadata A regressão obtida foi a seguinte: ̂ ̂ em que ̂ é o estimador do valor adicionado pelo comércio ao PIB em milhões e (34) são as despesas de consumo das famílias em milhões. Ela obteve um coeficiente de regressão de 95,5% com base em 43 observações (perdeu-se 1 observação em relação às 44 observações trimestrais por conta da quase diferença entre as variáveis). Analisando-se tanto pelo valor p, pela estatística t ou pela estatística F, a um nível de significância de 5%, os estimadores da regressão são altamente significativos. 82 Tabela 55 - Modelo Comércio x Consumo - Coeficientes Beta1 e Beta2 Coeficiente Valor p Conclusão ̂ -1,717 0,000 Altamente significativo ̂ 1,128 0,000 Altamente significativo Fonte: Elaboração própria Tabela 56 - Modelo Comércio x Consumo - Estatística t Estatística t ̂ ̂ Valor crítico Conclusão Altamente significativo -6,914 2,020 Altamente significativo 29,570 Fonte: Elaboração própria Tabela 57 - Modelo Comércio x Consumo - Estatística F ̂ Estatística F Valor crítico Conclusão 874,358 4,079 Altamente significativo Fonte: Elaboração própria Todos os pressupostos foram validados a um nível de significância de 5%. 83 Tabela 58- Modelo Comércio x Consumo - Análise dos Pressupostos Pressupostos Estatística Valor Crítico 1,612 5,991 2,171 dL = 1,475 e du = 1,566 3,621 5,991 Normalidade Ausência de Autocorrelação Ausência de Heterocedasticidade Conclusão A distribuição dos erros é normal Os erros não são autocorrelacionados Os erros são homocedásticos Fonte: Elaboração própria Interpretação da Regressão O mais importante conceito econômico que é retirado da regressão é a estimativa de ̂ em 1,128. No entanto, antes de se explicar o seu valor é interessante realizar uma transformação na regressão para facilitar o seu entendimento: ( ̂ ̂ ) ( ) (35) Agora, a razão relativa ao estimador do valor adicionado pelo comércio ao PIB ( ̂ chamada de de e a razão relativa às despesas de consumo das famílias ( ̂ ) será ) será chamada : (36) Assim, ̂ é a elasticidade da variação percentual da variável percentual da variável em relação à variação : ⁄ ̂ ( )( ) ( ( (37) ⁄ ) ) 84 A cada elevação de 10% na variável , há uma elevação de 11,128% na variável , sendo que essa relação positiva está de acordo com o esperado. A representação gráfica da regressão é vista abaixo. 6,0 5,9 5,8 ln W 5,7 5,6 5,5 ln W = - 1,717 + 1,128 ln Z R² = 0,955 5,4 5,3 5,2 6,2 6,3 6,4 6,5 6,6 6,7 6,8 6,9 ln Z Gráfico 9 - Modelo Comércio x Consumo - Gráfico de Dispersão Fonte: Elaboração própria 7.3.2. Consumo das Famílias x Renda Disponível Bruta Ambas as séries têm seus valores nominais divulgados no Sistema de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, disponíveis no Ipeadata. O IBGE entende a renda disponível bruta como uma variável que mostra toda a renda acumulada pelo governo e pelas pessoas de um país e que será usada para fins de consumo e poupança. Os seus principais direcionadores são aumento do número de pessoas empregadas e o salário recebido por elas. A regressão obtida foi a seguinte: ̂ (38) 85 em que ̂ é o estimador das despesas de consumo das famílias em milhões e é a renda disponível bruta em milhões. Ela obteve um coeficiente de regressão de 99,2% com base em 44 observações. Analisando-se tanto pelo valor p, pela estatística t ou pela estatística F, a um nível de significância de 5%, ambos os estimadores são significativos. Tabela 59 - Modelo Consumo x Renda - Coeficientes Beta1 e Beta2 ̂ ̂ Coeficiente Valor p -0,415 0,030 0,995 0,000 Conclusão Significativo para níveis de significância maiores que 3% Altamente significativo Fonte: Elaboração própria Tabela 60 - Modelo Consumo x Renda - Estatística t Estatística t ̂ ̂ Valor crítico Conclusão Significativo -2,239 2,018 Altamente significativo 72,412 Fonte: Elaboração própria Tabela 61 - Modelo Consumo x Renda - Estatística F ̂ Estatística F Valor crítico Conclusão 5243,531 4,073 Altamente significativo Fonte: Elaboração própria Todos os pressupostos foram validados a um nível de significância de 5%. 86 Tabela 62 - Modelo Consumo x Renda - Análise dos Pressupostos Pressupostos Estatística Valor Crítico 2,186 5,991 1,607 dL = 1,475 e du = 1,566 2,919 5,991 Normalidade Ausência de Autocorrelação Ausência de Heterocedasticidade Conclusão A distribuição dos erros é normal Os erros não são autocorrelacionados Os erros são homocedásticos Fonte: Elaboração própria Interpretação da Regressão O mais importante conceito econômico que é retirado da regressão é a estimativa de ̂ em 0,995. Esse valor é o coeficiente de elasticidade da variação percentual do consumo das famílias em relação à renda disponível bruta. Isso pode ser provando derivando a regressão encontrada em relação à variável : (̂ ̂ ( ̂ )( ) ̂ ̂ ) ⁄̂ (39) ( ( ⁄ ) ) A cada elevação de 10% da renda disponível bruta, a estimativa das despesas de consumo das famílias se eleva em 9,95%, também confirmando a relação positiva esperada. A representação gráfica da regressão é vista abaixo. 87 13,8 13,6 13,4 ln Y 13,2 13,0 12,8 ln Y = - 0,415 + 0,995 ln X R² = 0,992 12,6 12,4 12,2 12,8 13,0 13,2 13,4 13,6 13,8 14,0 14,2 ln X Gráfico 10 - Modelo Consumo x Renda - Gráfico de Dispersão Fonte: Elaboração própria 7.3.3. Consumo das Famílias x Crédito Concedido a Pessoas Físicas A série de consumo das famílias tem seus valores nominais trimestrais divulgados no Sistema de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, disponíveis no Ipeadata. Já a série de crédito concedido a pessoas físicas foi colhida do Banco Central. Vale destacar que o Banco Central divulga essa série mensalmente e para se equiparar a periodicidade trimestral da série de despesas de consumo das famílias, colheu-se apenas os valores do saldo de crédito disponibilizado a pessoas físicas ao final de cada trimestre. A regressão obtida foi a seguinte: ̂ ̂ em que ̂ é o estimador das despesas de consumo das famílias em milhões e (40) é a quantidade de crédito disponibilizado a pessoas físicas em milhões. Ela obteve um coeficiente de regressão de 81,1% com base em 43 observações (perdeu-se 1 observação em relação às 44 observações trimestrais por conta da diferença entre as variáveis). 88 Analisando-se tanto pelo valor p, pela estatística t ou pela estatística F, a um nível de significância de 5%, os estimadores da regressão são altamente significativos. Tabela 63 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Coeficientes Beta1 e Beta2 Coeficiente Valor p Conclusão ̂ 0,348 0,000 Altamente significativo ̂ 0,603 0,000 Altamente significativo Fonte: Elaboração própria Tabela 64 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Estatística t Estatística t ̂ ̂ Valor crítico Conclusão Altamente significativo 8,152 2,020 Altamente significativo 13,275 Fonte: Elaboração própria Tabela 65 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Estatística F ̂ Estatística F Valor crítico Conclusão 176,218 4,079 Altamente significativo Fonte: Elaboração própria Todos os pressupostos foram validados a um nível de significância de 5%. 89 Tabela 66 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Análise dos Pressupostos Pressupostos Estatística Valor Crítico 0,210 5,991 1,838 dL = 1,475 e du = 1,566 1,754 5,991 Normalidade Ausência de Autocorrelação Ausência de Heterocedasticidade Conclusão A distribuição dos erros é normal Os erros não são autocorrelacionados Os erros são homocedásticos Fonte: Elaboração própria Interpretação da Regressão O mais importante conceito econômico que é retirado da regressão é a estimativa de ̂ em 0,603. Mais uma vez, antes de se explicar o seu valor, é interessante realizar a mesma transformação usada na regressão entre o valor adicionado pelo comércio ao PIB e o consumo das famílias: ( ̂ ̂ ) ( ) (41) Sendo a razão relativa ao estimador do consumo das famílias ( ̂ razão relativa ao crédito disponibilizado a pessoas físicas ( ̂ ) chamada de ) chamada de ea : (42) ̂ é a medida da elasticidade da variação percentual da variável percentual da variável em relação à variação : ⁄ ̂ ( )( ) ( ( (43) ⁄ ) ) 90 A cada elevação de 10% na variável , há uma elevação de 6,03% na variável , o que confirma a relação positiva esperada. A representação gráfica da regressão é vista abaixo. 0,98 0,96 ln W = 0,348 + 0,603 ln Z R² = 0,811 ln W 0,94 0,92 0,90 0,88 0,86 0,84 0,82 0,84 0,86 0,88 0,90 0,92 0,94 0,96 0,98 1,00 1,02 ln Z Gráfico 11 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Gráfico de Dispersão Fonte: Elaboração própria 7.3.4. Consumo das Famílias x Taxa de Juros Ambas as séries tiveram seus valores nominais trimestrais colhidos do Ipeadata, no entanto, apenas as despesas de consumo das famílias é divulgada no Sistema de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE. A regressão obtida foi a seguinte: ( ̂ ̂ ) em que ̂ é o estimador das despesas de consumo das famílias em milhões e (44) é a média trimestral da taxa Selic. Com base em 43 observações (perdeu-se 1 observação em relação às 44 observações trimestrais por conta da diferença entre as variáveis), após o primeiro tratamento da autocorrelação dos erros, a regressão se mostrou espúria. O seu coeficiente de regressão foi de 0,03%. 91 A um nível de significância de 5%, por mais que o estimador ̂ se mostrasse altamente significativo, o mesmo não aconteceu com ̂ , o que revela que não há relação entre as variáveis da regressão. Tabela 67 -Modelo Consumo x Taxa de Juros - Coeficientes Beta1 e Beta2 Coeficiente Valor p Conclusão ̂ 1,209 0,000 Altamente significativo ̂ -0,001 0,914 Não é significativo Fonte: Elaboração própria Tabela 68 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Estatística t Estatística t ̂ ̂ Valor crítico Conclusão Altamente significativo 180,511 2,020 Não é significativo -0,108 Fonte: Elaboração própria Tabela 69 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Estatística F ̂ Estatística F Valor crítico Conclusão 0,012 4,079 Não é significativo Fonte: Elaboração própria Mesmo após se tratar a autocorrelação com método de Cochrane-Orcutt, os pressupostos de autocorrelação e heterocedasticidade foram violados a um nível de significância de 5%. Sendo que a heterocedasticidade só apareceu após a primeira tentativa de correção da autocorrelação. 92 Tabela 70 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Análise dos Pressupostos Pressupostos Normalidade Ausência de Autocorrelação Ausência de Heterocedasticidade Estatística Valor Crítico 1,874 5,991 0,366 dL = 1,475 e du = 1,566 8,349 5,991 Conclusão A distribuição dos erros é normal Os erros são autocorrelacionados Os erros são heterocedásticos Fonte: Elaboração própria Interpretação da Regressão Uma vez que o coeficiente angular de ̂ é próximo de zero e não é estatisticamente significante, o modelo econométrico encontrado não mostra relação entre a taxa de juros Selic e a despesas de consumo das famílias. A representação gráfica da regressão é vista abaixo. Para facilitar a sua representação, a variável é a razão relativa ao estimador do consumo das famílias ( ̂ diferença relativa à média da taxa Selic trimestral ̂ )e é a quase . Uma possível explicação para que não haja regressão é que o efeito da variação da taxa de juros (positiva ou negativa) em dado período não tem impacto sobre o mesmo período, mas sim alguns meses depois. Assim sendo, seria necessário testar modelos com lags entre a taxa de juros e o consumo das famílias. 93 1,28 ln W = 1,209 - 0,001 Z R² = 0,0003 1,26 1,24 ln W 1,22 1,2 1,18 1,16 1,14 1,12 -4 -3 -2 -1 0 Z 1 2 3 4 Gráfico 12 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Gráfico de Dispersão Fonte: Elaboração própria 94 8. CONCLUSÃO Pode-se afirmar que esse estudo foi contundente com o seu objetivo de analisar os fatores que levaram a uma expansão do consumo das famílias no Brasil no período de 2003 a 2013 e verificar de que forma isso impactou no setor de comércio varejista. Depois de explicadas as teorias usadas como referências e apresentar a relevância e os principais conceitos associados ao comércio (com destaque para o varejo) e ao consumo das famílias, foi feita uma análise qualitativa do comportamento de diversas variáveis macroeconômicas consideradas relevantes para esses dois objetos de estudo. Foi possível mostrar que a expansão da massa salarial, possibilitada pela redução nos índices de desemprego e da melhora da renda, aumentou o poder de compra da população, favorecendo o consumo. No entanto, por mais que essa renda tenha crescido em termos reais, nos últimos anos, a inflação persiste em se manter acima da sua meta. Assim, ela acaba por representar uma redução no potencial de crescimento do consumo das famílias e, consequentemente, do varejo, que mesmo nesse cenário de inflação incômoda tiveram um crescimento médio maior do que o crescimento do PIB. Também de forma qualitativa, mostrou-se que a melhora das condições de crédito teve um impacto positivo no varejo. Os segmentos do varejo que tiveram melhor desempenho no período foram aqueles que são mais sensíveis ao crédito. Logo após, foi feita uma análise quantitativa através da elaboração de modelos econométricos. Os modelos elaborados permitiram que fossem testadas estatisticamente as seguintes hipóteses definidas nos objetivos específicos do trabalho: (i) O comportamento do comércio sendo explicado pelo consumo agregado Os resultados obtidos indicam que o consumo agregado e o valor adicionado pelo comércio no PIB tiveram uma correlação forte e positiva no período, com variações positivas no primeiro gerando variações positivas no segundo. A hipótese, portanto, foi validada pelo modelo. (ii) O comportamento do consumo agregado sendo explicado pela renda disponível 95 Os resultados obtidos indicam que a renda disponível e o consumo agregado tiveram uma correlação forte e positiva no período, com variações positivas do primeiro gerando variações positivas no segundo. A hipótese, portanto, foi validada pelo modelo, o que indica também que o modelo de consumo keynesiano, em que o indivíduo toma suas decisões de consumo baseadas na sua renda corrente, é aplicável ao caso brasileiro no período estudado. Entre todos os modelos que tentaram explicar o consumo das famílias, esse foi aquele cuja variável explicativa (renda disponível bruta) mais impactou o consumo entre 2003 e 2013. (iii) O comportamento do consumo agregado sendo explicado pelo crédito disponível a pessoas físicas Os resultados obtidos indicam que crédito disponível e consumo agregado tiveram uma correlação forte e positiva no período, com variações positivas do primeiro gerando variações positivas do segundo. A hipótese, portanto, foi validada pelo modelo, o que indica que o acesso ao crédito é um fator que influenciou o consumo brasileiro no período estudado. (iv) O comportamento do consumo agregado sendo explicado pela taxa de juros Os resultados obtidos para esse modelo, mesmo após a realização de transformações em suas séries, não foram estatisticamente significativos, não sendo possível, portanto, validar a hipótese considerada. Apesar de a teoria macroeconômica indicar que elevações nas taxas de juros tendem, através dos canais de transmissão de política monetária, a gerar uma retração do consumo agregado, não foi possível identificar essa relação para o modelo com ambas as variáveis no mesmo período de tempo. Uma vez que foi possível mostrar a importância do emprego, da renda e do crédito no consumo, ao se levar em conta o atual cenário econômico do Brasil, que pode ser resumido em pequeno crescimento do PIB, inflação mais alta e persistente, menor crescimento do crédito a pessoas físicas e juros mais altos; é de se esperar que, ao menos no curto prazo, o 96 varejo brasileiro não consiga ter o mesmo forte desempenho do que aquele visto na maior parte do período entre 2003 e 2013. Levando em conta esse cenário econômico e sabendo que a inflação em vigor é gerada, principalmente, pela pressão da demanda, torna-se muito importante a questão do aumento da capacidade produtiva como forma de remediar esse fenômeno. Destaca-se que esse aumento de capacidade produtiva possibilita tanto o aumento da oferta, que contém a pressão nos preços por parte da demanda, quanto o estímulo de novas contratações, que gera renda a esses novos empregados. É de esperar que o incentivo ao aumento da capacidade produtiva seja uma solução muito mais sustentável à continuidade do ciclo de consumo e retorno do crescimento econômico do que políticas como a desoneração fiscal de segmentos do comércio. Ainda mais quando se sabe que o governo faz essa renúncia de receitas em um momento que apresenta dificuldades fiscais. Também se deve apontar que, por mais que estes tenham impactos positivos no consumo das famílias, o salário mínimo e os benefícios do Bolsa Família quando reajustados muito acima da inflação, em um período em que o governo encontra dificuldades para cumprir as suas metas fiscais, não só acaba alimentado o fenômeno inflacionário como também torna mais difícil o cumprimento dessas metas. Olhando sob a ótica da despesa, volta-se mais uma vez a questão do quão sustentável são essas práticas político-econômicas em um período de baixo crescimento do PIB brasileiro. 8.1. SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS Uma vez que o presente estudo foi voltado para o período entre 2003 e 2013, como sugestões para estudos futuros, a dupla de autores considera interessante a realização de um estudo abrangendo um período maior. A análise de todo o período pós-Plano Real, por exemplo, permitiria identificar se realmente a expansão do consumo entre 2003 e 2013 foi mais acelerada que no período anterior e explicar como o a estabilização econômica influenciou o resultado do consumo das famílias e do varejo brasileiro e os seus segmentos. Outra sugestão seria um estudo mais voltado para a parte microeconômica do comércio a partir das informações disponíveis na Pesquisa Anual do Comércio, também do IBGE, que 97 foi iniciada em 2002 e tem como objetivo disponibilizar informações a respeito da situação econômico-financeira de cada segmento do varejo e do atacado. São os tipos de informações disponíveis nessas pesquisas: pessoal ocupado, gastos e despesas diversas, custos, receitas, aquisições, vendas líquidas, estoques etc. A terceira proposta é de um estudo voltado para as perspectivas das empresas de cada segmento do varejo e atacado. De maneira que seja possível realizar uma análise de mercado sobre algum desses segmentos e apresentar, sob a ótica das suas principais empresas, quais os seus diferenciais competitivos, capacitações, estratégias, a caracterização da demanda e da oferta, os fatores que contribuem para a formação de preços, market share e demonstrativos de resultados ao longo dos anos. Por fim, uma última sugestão é um estudo, também econométrico, que possa analisar o comportamento do consumo em função de diversas variáveis (taxa de juros, crédito, renda etc.) em um mesmo modelo a partir de uma regressão linear múltipla. Dessa forma, é possível ter mais clareza de qual variável mais impacta o consumo. 98 9. REFERÊNCIAS AMORIM, R. 2011. “Brincando com o dragão”. Artigo. Disponível em: < http://ricamconsultoria.com.br/news/artigos/brincando-com-o-dragao>. Acesso em Julho de 2014. AMORIM, R. 2012. “Libertando o dragão da inflação”. Artigo. Disponível em: < http://ricamconsultoria.com.br/news/artigos/blog_economista_ricardo_amorim>. Acesso em Julho de 2014. AMORIM, R. 2014. “Desemprego, estatísticas e manipulações”. Artigo. Disponível em: < http://ricamconsultoria.com.br/news/artigos/desemprego>. Acesso em Julho de 2014. BALL, L. (1992). Desinflation with Imperfect Credibility. Journal of Monetary Economics, 35(1), p. 5-23. BARBOZA, R. M. 2013. Taxa de Juros e Mecanismos de Transmissão da Política Monetária no Brasil. Artigo. Disponível em: <http://www.ie.ufrj.br/index.php/conjunura- index/publicacoesconjuntura>. Acesso em Julho de 2014. Bolsa Família. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/bolsafamilia>. Último acesso em Julho de 2014. 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Dissertação (Mestrado em Macroeconomia Financeira) – Escola de Economia de São Paulo, Fundação Getúlio Vargas, São Paulo. 2013. 102 APÊNDICE I - VARIAÇÃO DO ÍNDICE DE VOLUME DE VENDAS DO VAREJO ENTRE 2003 E 2013 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 VARIAÇÃO DO VOLUME DE VENDAS POR SEGMENTO SOBRE O ANO ANTERIOR Atividades 2003 2004 2005 2006 2007 Comércio Varejista (1 a 8) -3,7% 9,3% 4,8% 6,2% 9,6% Combustíveis e lubrificantes -4,3% 4,7% -7,4% -8,1% 5,1% Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo -4,9% 7,2% 2,9% 7,6% 6,4% Vestuário, calçados e tecidos -3,1% 4,7% 5,9% 2,0% 10,7% Móveis e eletrodomésticos -0,9% 26,4% 16,0% 10,3% 15,4% Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos 6,1% 3,7% 8,9% Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação 54,0% 30,1% 29,4% Livros, jornais, revistas e papelaria 1,5% 0,5% 7,1% Outros artigos de uso pessoal e domésticos 14,8% 17,1% 22,2% Comércio Varejista Ampliado (1 a 10) 3,1% 6,5% 13,5% Veículos e motos, partes e peças -7,2% 17,8% 1,6% 7,3% 22,6% Material de construção -6,1% 5,7% 10,8% 2008 9,1% 9,3% 5,5% 4,9% 15,1% 13,3% 33,5% 11,1% 15,6% 9,9% 11,9% 7,8% 2009 5,9% 0,8% 8,3% -2,8% 2,1% 11,8% 10,6% 9,6% 8,4% 6,9% 11,1% -5,9% 2010 10,9% 6,6% 9,0% 10,7% 18,3% 11,9% 24,1% 12,0% 8,8% 12,2% 14,1% 15,6% 2011 6,7% 1,6% 4,0% 3,6% 16,6% 9,7% 19,6% 5,9% 4,0% 6,6% 6,1% 9,1% 2012 8,4% 6,8% 8,4% 3,4% 12,3% 10,2% 6,9% 5,4% 9,4% 8,0% 7,3% 7,9% 2013 4,3% 6,3% 1,9% 3,5% 5,0% 10,1% 7,2% 2,6% 10,3% 3,6% 1,4% 6,9% Fonte : Pesquisa Mensal do Comércio 103 APÊNDICE II - CRESCIMENTO REAL DO PIB ENTRE 1995 E 2013 Crescimento Real do PIB (% a.a.) Crescimento Real do PIB (% a.a.) Crescimento Real do PIB (% a.a.) Crescimento Real do PIB (% a.a.) Crescimento Real do PIB (% a.a.) 1995 1996 1997 1998 4,4 2,2 3,4 0,0 1999 2000 2001 2002 0,3 4,3 1,3 2,7 2003 2004 2005 2006 1,2 5,7 3,2 4,0 2007 2008 2009 2010 6,1 5,2 -0,3 7,5 2011 2012 2013 2,7 1,0 2,5 Fonte : Ipeadata 104 APÊNDICE III - TAXA MÉDIA DE CÂMBIO ENTRE 2003 E 2013 Data 2003.01 2003.02 2003.03 2003.04 2003.05 2003.06 2003.07 2003.08 2003.09 2003.10 2003.11 2003.12 2004.01 2004.02 2004.03 2004.04 2004.05 2004.06 2004.07 2004.08 2004.09 2004.10 2004.11 2004.12 2005.01 2005.02 2005.03 2005.04 2005.05 2005.06 2005.07 2005.08 2005.09 2005.10 2005.11 2005.12 2006.01 2006.02 2006.03 2006.04 2006.05 2006.06 2006.07 2006.08 2006.09 2006.10 2006.11 2006.12 Taxa Média de Câmbio Comercial para Compra de Dólar (R$ / US$) 3,44 3,59 3,45 3,12 2,95 2,88 2,88 3,00 2,92 2,86 2,91 2,92 2,85 2,93 2,90 2,91 3,10 3,13 3,04 3,00 2,89 2,85 2,79 2,72 2,69 2,60 2,70 2,58 2,45 2,41 2,37 2,36 2,29 2,26 2,21 2,28 2,27 2,16 2,15 2,13 2,18 2,25 2,19 2,16 2,17 2,15 2,16 2,15 Data 2007.01 2007.02 2007.03 2007.04 2007.05 2007.06 2007.07 2007.08 2007.09 2007.10 2007.11 2007.12 2008.01 2008.02 2008.03 2008.04 2008.05 2008.06 2008.07 2008.08 2008.09 2008.10 2008.11 2008.12 2009.01 2009.02 2009.03 2009.04 2009.05 2009.06 2009.07 2009.08 2009.09 2009.10 2009.11 2009.12 2010.01 2010.02 2010.03 2010.04 2010.05 2010.06 2010.07 2010.08 2010.09 2010.10 2010.11 2010.12 Taxa Média de Câmbio Comercial para Compra de Dólar (R$ / US$) 2,14 2,10 2,09 2,03 1,98 1,93 1,88 1,97 1,90 1,80 1,77 1,79 1,77 1,73 1,71 1,69 1,66 1,62 1,59 1,61 1,80 2,17 2,27 2,39 2,31 2,31 2,31 2,21 2,06 1,96 1,93 1,84 1,82 1,74 1,73 1,75 1,78 1,84 1,79 1,76 1,81 1,81 1,77 1,76 1,72 1,69 1,71 1,69 Data 2011.01 2011.02 2011.03 2011.04 2011.05 2011.06 2011.07 2011.08 2011.09 2011.10 2011.11 2011.12 2012.01 2012.02 2012.03 2012.04 2012.05 2012.06 2012.07 2012.08 2012.09 2012.10 2012.11 2012.12 2013.01 2013.02 2013.03 2013.04 2013.05 2013.06 2013.07 2013.08 2013.09 2013.10 2013.11 2013.12 Taxa Média de Câmbio Comercial para Compra de Dólar (R$ / US$) 1,67 1,67 1,66 1,59 1,61 1,59 1,56 1,60 1,75 1,77 1,79 1,84 1,79 1,72 1,79 1,85 1,99 2,05 2,03 2,03 2,03 2,03 2,07 2,08 2,03 1,97 1,98 2,00 2,03 2,17 2,25 2,34 2,27 2,19 2,29 2,34 Fonte : Ipeadata 105 APÊNDICE IV - TAXA DE DESEMPREGO ENTRE 2003 E 2013 Data Taxa de Desemprego (%) 2003.01 11,2 2003.02 11,6 2003.03 12,1 2003.04 12,4 2003.05 12,8 2003.06 13,0 2003.07 12,8 2003.08 13,0 2003.09 12,9 2003.10 12,9 2003.11 12,2 2003.12 10,9 2004.01 11,7 2004.02 12,0 2004.03 12,8 2004.04 13,1 2004.05 12,2 2004.06 11,7 2004.07 11,2 2004.08 11,4 2004.09 10,9 2004.10 10,5 2004.11 10,6 2004.12 9,6 2005.01 10,2 2005.02 10,6 2005.03 10,8 2005.04 10,8 2005.05 10,2 2005.06 9,4 2005.07 9,4 2005.08 9,4 2005.09 9,6 2005.10 9,6 2005.11 9,6 2005.12 8,3 2006.01 9,2 2006.02 10,1 2006.03 10,4 2006.04 10,4 2006.05 10,2 2006.06 10,4 2006.07 10,7 2006.08 10,6 2006.09 10,0 2006.10 9,8 2006.11 9,5 2006.12 8,4 Data Taxa de Desemprego (%) 2007.01 9,3 2007.02 9,9 2007.03 10,1 2007.04 10,1 2007.05 10,1 2007.06 9,7 2007.07 9,5 2007.08 9,5 2007.09 9,0 2007.10 8,7 2007.11 8,2 2007.12 7,4 2008.01 8,0 2008.02 8,7 2008.03 8,6 2008.04 8,5 2008.05 7,9 2008.06 7,8 2008.07 8,1 2008.08 7,6 2008.09 7,6 2008.10 7,5 2008.11 7,6 2008.12 6,8 2009.01 8,2 2009.02 8,5 2009.03 9,0 2009.04 8,9 2009.05 8,8 2009.06 8,1 2009.07 8,0 2009.08 8,1 2009.09 7,7 2009.10 7,5 2009.11 7,4 2009.12 6,8 2010.01 7,2 2010.02 7,4 2010.03 7,6 2010.04 7,3 2010.05 7,5 2010.06 7,0 2010.07 6,9 2010.08 6,7 2010.09 6,2 2010.10 6,1 2010.11 5,7 2010.12 5,3 Data Taxa de Desemprego (%) 2011.01 6,1 2011.02 6,4 2011.03 6,5 2011.04 6,4 2011.05 6,4 2011.06 6,2 2011.07 6,0 2011.08 6,0 2011.09 6,0 2011.10 5,8 2011.11 5,2 2011.12 4,7 2012.01 5,5 2012.02 5,7 2012.03 6,2 2012.04 6,0 2012.05 5,8 2012.06 5,9 2012.07 5,4 2012.08 5,3 2012.09 5,4 2012.10 5,3 2012.11 4,9 2012.12 4,6 2013.01 5,4 2013.02 5,6 2013.03 5,7 2013.04 5,8 2013.05 5,8 2013.06 6,0 2013.07 5,6 2013.08 5,3 2013.09 5,4 2013.10 5,2 2013.11 4,6 2013.12 4,3 Fonte : Ipeadata 106 APÊNDICE V - POPULAÇÃO EM IDADE ATIVA ENTRE 2003 E 2013 Data 2003.01 2003.02 2003.03 2003.04 2003.05 2003.06 2003.07 2003.08 2003.09 2003.10 2003.11 2003.12 2004.01 2004.02 2004.03 2004.04 2004.05 2004.06 2004.07 2004.08 2004.09 2004.10 2004.11 2004.12 2005.01 2005.02 2005.03 2005.04 2005.05 2005.06 2005.07 2005.08 2005.09 2005.10 2005.11 2005.12 2006.01 2006.02 2006.03 2006.04 2006.05 2006.06 2006.07 2006.08 2006.09 2006.10 2006.11 2006.12 População em Idade Ativa Regiões Metropolitanas (em milhões) 36.741 36.808 36.838 36.890 36.967 36.907 37.006 37.048 37.067 37.200 37.235 37.421 37.401 37.389 37.396 37.499 37.581 37.665 37.745 37.673 37.721 37.842 37.975 38.088 38.196 38.137 38.149 38.264 38.221 38.256 38.291 38.323 38.419 38.511 38.638 38.731 38.767 38.747 38.727 38.764 38.857 38.894 38.906 39.018 39.044 39.141 39.201 39.278 Data 2007.01 2007.02 2007.03 2007.04 2007.05 2007.06 2007.07 2007.08 2007.09 2007.10 2007.11 2007.12 2008.01 2008.02 2008.03 2008.04 2008.05 2008.06 2008.07 2008.08 2008.09 2008.10 2008.11 2008.12 2009.01 2009.02 2009.03 2009.04 2009.05 2009.06 2009.07 2009.08 2009.09 2009.10 2009.11 2009.12 2010.01 2010.02 2010.03 2010.04 2010.05 2010.06 2010.07 2010.08 2010.09 2010.10 2010.11 2010.12 População em Idade Ativa Regiões Metropolitanas (em milhões) 39.314 39.396 39.442 39.488 39.570 39.667 39.631 39.671 39.741 39.736 39.865 39.911 40.034 40.074 40.085 40.137 40.171 40.289 40.339 40.411 40.385 40.341 40.322 40.435 40.621 40.620 40.661 40.632 40.672 40.772 40.919 41.046 41.034 41.017 41.040 41.134 41.201 41.194 41.303 41.259 41.248 41.325 41.408 41.420 41.465 41.449 41.502 41.590 Data 2011.01 2011.02 2011.03 2011.04 2011.05 2011.06 2011.07 2011.08 2011.09 2011.10 2011.11 2011.12 2012.01 2012.02 2012.03 2012.04 2012.05 2012.06 2012.07 2012.08 2012.09 2012.10 2012.11 2012.12 2013.01 2013.02 2013.03 2013.04 2013.05 2013.06 2013.07 2013.08 2013.09 2013.10 2013.11 2013.12 População em Idade Ativa Regiões Metropolitanas (em milhões) 41.653 41.714 41.770 41.792 41.866 41.865 41.903 41.964 41.957 42.017 42.014 42.086 42.079 42.159 42.243 42.290 42.383 42.447 42.472 42.495 42.510 42.491 42.453 42.530 42.525 42.562 42.611 42.742 42.746 42.830 42.869 42.865 42.985 42.983 43.007 43.055 Fonte : Ipeadata 107 APÊNDICE VI - POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA ENTRE 2003 E 2013 Data 2003.01 2003.02 2003.03 2003.04 2003.05 2003.06 2003.07 2003.08 2003.09 2003.10 2003.11 2003.12 2004.01 2004.02 2004.03 2004.04 2004.05 2004.06 2004.07 2004.08 2004.09 2004.10 2004.11 2004.12 2005.01 2005.02 2005.03 2005.04 2005.05 2005.06 2005.07 2005.08 2005.09 2005.10 2005.11 2005.12 2006.01 2006.02 2006.03 2006.04 2006.05 2006.06 2006.07 2006.08 2006.09 2006.10 2006.11 2006.12 População Economicamente Ativa Regiões Metropolitanas (em milhões) 20.621 20.689 20.836 20.925 21.103 21.156 21.092 21.320 21.555 21.466 21.520 21.259 21.006 21.087 21.367 21.581 21.539 21.507 21.581 21.683 21.783 21.722 21.838 21.606 21.440 21.475 21.658 21.662 21.776 21.590 21.578 21.656 21.896 21.891 21.938 21.751 21.713 21.807 21.880 21.792 21.862 22.101 22.265 22.470 22.577 22.486 22.491 22.226 Data 2007.01 2007.02 2007.03 2007.04 2007.05 2007.06 2007.07 2007.08 2007.09 2007.10 2007.11 2007.12 2008.01 2008.02 2008.03 2008.04 2008.05 2008.06 2008.07 2008.08 2008.09 2008.10 2008.11 2008.12 2009.01 2009.02 2009.03 2009.04 2009.05 2009.06 2009.07 2009.08 2009.09 2009.10 2009.11 2009.12 2010.01 2010.02 2010.03 2010.04 2010.05 2010.06 2010.07 2010.08 2010.09 2010.10 2010.11 2010.12 População Economicamente Ativa Regiões Metropolitanas (em milhões) 22.182 22.217 22.435 22.351 22.369 22.536 22.521 22.765 22.833 22.802 22.841 22.563 22.575 22.630 22.721 22.811 22.741 22.978 22.977 23.003 23.175 23.304 23.221 23.074 23.044 22.884 23.035 22.959 23.020 23.015 23.186 23.334 23.319 23.258 23.317 23.407 23.292 23.390 23.536 23.530 23.642 23.526 23.663 23.736 23.762 23.790 23.758 23.702 Data 2011.01 2011.02 2011.03 2011.04 2011.05 2011.06 2011.07 2011.08 2011.09 2011.10 2011.11 2011.12 2012.01 2012.02 2012.03 2012.04 2012.05 2012.06 2012.07 2012.08 2012.09 2012.10 2012.11 2012.12 2013.01 2013.02 2013.03 2013.04 2013.05 2013.06 2013.07 2013.08 2013.09 2013.10 2013.11 2013.12 População Economicamente Ativa Regiões Metropolitanas (em milhões) 23.503 23.692 23.817 23.849 23.952 23.866 23.920 24.064 24.102 24.066 24.081 23.867 23.826 23.990 24.146 24.171 24.398 24.257 24.096 24.239 24.489 24.679 24.672 24.572 24.475 24.330 24.295 24.320 24.424 24.435 24.514 24.521 24.522 24.549 24.424 24.391 Fonte : Ipeadata 108 APÊNDICE VII - POPULAÇÃO OCUPADA ENTRE 2003 E 2013 Data População Ocupada Regiões Metropolitanas (em milhões) Data População Ocupada Regiões Metropolitanas (em milhões) 2003.01 2003.02 2003.03 2003.04 2003.05 2003.06 2003.07 2003.08 2003.09 2003.10 2003.11 2003.12 2004.01 2004.02 2004.03 2004.04 2004.05 2004.06 2004.07 2004.08 2004.09 2004.10 2004.11 2004.12 2005.01 2005.02 2005.03 2005.04 2005.05 2005.06 2005.07 2005.08 2005.09 2005.10 2005.11 2005.12 2006.01 2006.02 2006.03 2006.04 2006.05 2006.06 2006.07 2006.08 2006.09 2006.10 2006.11 2006.12 18.316 18.290 18.309 18.319 18.387 18.405 18.395 18.536 18.759 18.686 18.898 18.944 18.551 18.551 18.630 18.758 18.905 18.983 19.160 19.212 19.403 19.440 19.508 19.526 19.256 19.184 19.306 19.321 19.555 19.561 19.537 19.611 19.778 19.781 19.829 19.928 19.697 19.606 19.599 19.526 19.633 19.795 19.871 20.086 20.319 20.276 20.341 20.362 2007.01 2007.02 2007.03 2007.04 2007.05 2007.06 2007.07 2007.08 2007.09 2007.10 2007.11 2007.12 2008.01 2008.02 2008.03 2008.04 2008.05 2008.06 2008.07 2008.08 2008.09 2008.10 2008.11 2008.12 2009.01 2009.02 2009.03 2009.04 2009.05 2009.06 2009.07 2009.08 2009.09 2009.10 2009.11 2009.12 2010.01 2010.02 2010.03 2010.04 2010.05 2010.06 2010.07 2010.08 2010.09 2010.10 2010.11 2010.12 20.120 20.022 20.153 20.079 20.095 20.349 20.384 20.587 20.775 20.816 20.955 20.882 20.769 20.660 20.769 20.863 20.939 21.171 21.110 21.251 21.399 21.561 21.461 21.507 21.154 20.943 20.953 20.913 20.984 21.148 21.332 21.444 21.520 21.505 21.603 21.815 21.605 21.668 21.748 21.820 21.878 21.878 22.020 22.135 22.282 22.345 22.398 22.450 Data População Ocupada Regiões Metropolitanas (em milhões) 2011.01 2011.02 2011.03 2011.04 2011.05 2011.06 2011.07 2011.08 2011.09 2011.10 2011.11 2011.12 2012.01 2012.02 2012.03 2012.04 2012.05 2012.06 2012.07 2012.08 2012.09 2012.10 2012.11 2012.12 2013.01 2013.02 2013.03 2013.04 2013.05 2013.06 2013.07 2013.08 2013.09 2013.10 2013.11 2013.12 22.080 22.184 22.279 22.313 22.430 22.390 22.476 22.623 22.651 22.682 22.830 22.734 22.513 22.611 22.646 22.709 22.984 22.837 22.796 22.952 23.164 23.366 23.463 23.437 23.144 22.974 22.922 22.906 23.007 22.980 23.136 23.225 23.194 23.279 23.293 23.330 Fonte : Ipeadata 109 APÊNDICE VIII - TAXA SELIC MÉDIA ENTRE 2003 E 2013 Data Taxa Selic Média (%) 2003.01 25,1 2003.02 25,8 2003.03 26,5 2003.04 26,5 2003.05 26,5 2003.06 26,3 2003.07 25,6 2003.08 23,6 2003.09 21,1 2003.10 19,7 2003.11 18,5 2003.12 17,0 2004.01 16,5 2004.02 16,5 2004.03 16,4 2004.04 16,1 2004.05 16,0 2004.06 16,0 2004.07 16,0 2004.08 16,0 2004.09 16,1 2004.10 16,4 2004.11 17,0 2004.12 17,5 2005.01 17,9 2005.02 18,5 2005.03 19,0 2005.04 19,3 2005.05 19,6 2005.06 19,8 2005.07 19,8 2005.08 19,8 2005.09 19,6 2005.10 19,3 2005.11 18,9 2005.12 18,2 2006.01 17,7 2006.02 17,3 2006.03 16,7 2006.04 16,2 2006.05 15,8 2006.06 15,3 2006.07 15,1 2006.08 14,7 2006.09 14,3 2006.10 14,0 2006.11 13,7 2006.12 13,3 Data Taxa Selic Média (%) 2007.01 13,2 2007.02 13,0 2007.03 12,8 2007.04 12,7 2007.05 12,5 2007.06 12,1 2007.07 11,8 2007.08 11,5 2007.09 11,3 2007.10 11,3 2007.11 11,3 2007.12 11,3 2008.01 11,3 2008.02 11,3 2008.03 11,3 2008.04 11,5 2008.05 11,8 2008.06 12,2 2008.07 12,4 2008.08 13,0 2008.09 13,5 2008.10 13,8 2008.11 13,8 2008.12 13,8 2009.01 13,4 2009.02 12,8 2009.03 11,7 2009.04 11,2 2009.05 10,3 2009.06 9,6 2009.07 9,1 2009.08 8,8 2009.09 8,8 2009.10 8,8 2009.11 8,8 2009.12 8,8 2010.01 8,8 2010.02 8,8 2010.03 8,8 2010.04 8,8 2010.05 9,5 2010.06 10,0 2010.07 10,4 2010.08 10,8 2010.09 10,8 2010.10 10,8 2010.11 10,8 2010.12 10,8 Data Taxa Selic Média (%) 2011.01 10,9 2011.02 11,3 2011.03 11,7 2011.04 11,8 2011.05 12,0 2011.06 12,2 2011.07 12,3 2011.08 12,5 2011.09 12,0 2011.10 11,8 2011.11 11,5 2011.12 11,0 2012.01 10,8 2012.02 10,5 2012.03 9,9 2012.04 9,5 2012.05 9,0 2012.06 8,5 2012.07 8,2 2012.08 8,0 2012.09 7,5 2012.10 7,3 2012.11 7,3 2012.12 7,3 2013.01 7,3 2013.02 7,3 2013.03 7,3 2013.04 7,4 2013.05 7,5 2013.06 8,0 2013.07 8,3 2013.08 8,5 2013.09 9,0 2013.10 9,4 2013.11 9,6 2013.12 10,0 Fonte : Ipeadata 110 APÊNDICE IX - RENDIMENTO REAL ENTRE 2002 E 2013 Data 2002.03 2002.04 2002.05 2002.06 2002.07 2002.08 2002.09 2002.10 2002.11 2002.12 Rendimento Real R$ 1.728,29 R$ 1.733,02 R$ 1.779,00 R$ 1.756,72 R$ 1.797,09 R$ 1.763,45 R$ 1.724,84 R$ 1.726,78 R$ 1.698,56 R$ 1.670,19 Data 2003.01 2003.02 2003.03 2003.04 2003.05 2003.06 2003.07 2003.08 2003.09 2003.10 2003.11 2003.12 2004.01 2004.02 2004.03 2004.04 2004.05 2004.06 2004.07 2004.08 2004.09 2004.10 2004.11 2004.12 2005.01 2005.02 2005.03 2005.04 2005.05 2005.06 2005.07 2005.08 2005.09 2005.10 2005.11 2005.12 2006.01 2006.02 2006.03 2006.04 2006.05 2006.06 2006.07 2006.08 2006.09 2006.10 2006.11 2006.12 Rendimento Real R$ 1.598,92 R$ 1.586,61 R$ 1.563,11 R$ 1.555,92 R$ 1.524,59 R$ 1.530,66 R$ 1.513,98 R$ 1.532,03 R$ 1.498,19 R$ 1.493,19 R$ 1.488,97 R$ 1.490,67 R$ 1.504,25 R$ 1.510,15 R$ 1.528,55 R$ 1.516,64 R$ 1.496,83 R$ 1.513,89 R$ 1.526,58 R$ 1.501,83 R$ 1.530,62 R$ 1.508,45 R$ 1.520,19 R$ 1.484,19 R$ 1.522,81 R$ 1.534,81 R$ 1.530,88 R$ 1.508,52 R$ 1.486,90 R$ 1.510,95 R$ 1.547,69 R$ 1.560,16 R$ 1.555,62 R$ 1.539,07 R$ 1.550,19 R$ 1.572,99 R$ 1.547,69 R$ 1.570,90 R$ 1.572,78 R$ 1.576,11 R$ 1.598,63 R$ 1.610,34 R$ 1.593,32 R$ 1.606,97 R$ 1.591,55 R$ 1.619,59 R$ 1.622,36 R$ 1.638,97 Data 2007.01 2007.02 2007.03 2007.04 2007.05 2007.06 2007.07 2007.08 2007.09 2007.10 2007.11 2007.12 2008.01 2008.02 2008.03 2008.04 2008.05 2008.06 2008.07 2008.08 2008.09 2008.10 2008.11 2008.12 2009.01 2009.02 2009.03 2009.04 2009.05 2009.06 2009.07 2009.08 2009.09 2009.10 2009.11 2009.12 2010.01 2010.02 2010.03 2010.04 2010.05 2010.06 2010.07 2010.08 2010.09 2010.10 2010.11 2010.12 Rendimento Real R$ 1.621,63 R$ 1.652,42 R$ 1.651,71 R$ 1.656,00 R$ 1.661,19 R$ 1.652,83 R$ 1.633,13 R$ 1.625,60 R$ 1.630,02 R$ 1.638,86 R$ 1.661,18 R$ 1.675,74 R$ 1.675,66 R$ 1.693,89 R$ 1.684,25 R$ 1.701,24 R$ 1.685,38 R$ 1.680,80 R$ 1.682,90 R$ 1.717,70 R$ 1.733,91 R$ 1.712,17 R$ 1.727,14 R$ 1.736,13 R$ 1.774,09 R$ 1.771,58 R$ 1.768,29 R$ 1.755,46 R$ 1.736,52 R$ 1.730,69 R$ 1.739,82 R$ 1.756,32 R$ 1.766,62 R$ 1.766,34 R$ 1.764,85 R$ 1.748,98 R$ 1.767,42 R$ 1.787,82 R$ 1.794,20 R$ 1.795,18 R$ 1.779,20 R$ 1.788,78 R$ 1.827,77 R$ 1.853,18 R$ 1.876,74 R$ 1.881,59 R$ 1.866,27 R$ 1.852,50 Data 2011.01 2011.02 2011.03 2011.04 2011.05 2011.06 2011.07 2011.08 2011.09 2011.10 2011.11 2011.12 2012.01 2012.02 2012.03 2012.04 2012.05 2012.06 2012.07 2012.08 2012.09 2012.10 2012.11 2012.12 2013.01 2013.02 2013.03 2013.04 2013.05 2013.06 2013.07 2013.08 2013.09 2013.10 2013.11 2013.12 Rendimento Real R$ 1.861,84 R$ 1.853,23 R$ 1.862,89 R$ 1.829,15 R$ 1.850,38 R$ 1.860,34 R$ 1.901,62 R$ 1.911,68 R$ 1.877,05 R$ 1.876,73 R$ 1.879,20 R$ 1.900,30 R$ 1.912,90 R$ 1.935,40 R$ 1.966,43 R$ 1.943,13 R$ 1.940,59 R$ 1.948,63 R$ 1.918,81 R$ 1.955,76 R$ 1.958,31 R$ 1.963,84 R$ 1.979,36 R$ 1.960,69 R$ 1.958,74 R$ 1.982,26 R$ 1.977,66 R$ 1.974,10 R$ 1.967,47 R$ 1.964,50 R$ 1.947,65 R$ 1.981,31 R$ 2.001,77 R$ 1.999,14 R$ 2.038,26 R$ 2.023,67 Fonte : Ipeadata 111 APÊNDICE X - SALÁRIO MÍNIMO ENTRE 2002 E 2013 Data 2002.01 2002.02 2002.03 2002.04 2002.05 2002.06 2002.07 2002.08 2002.09 2002.10 2002.11 2002.12 Salário Mínimo R$ 180,00 R$ 180,00 R$ 180,00 R$ 200,00 R$ 200,00 R$ 200,00 R$ 200,00 R$ 200,00 R$ 200,00 R$ 200,00 R$ 200,00 R$ 200,00 Data 2003.01 2003.02 2003.03 2003.04 2003.05 2003.06 2003.07 2003.08 2003.09 2003.10 2003.11 2003.12 2004.01 2004.02 2004.03 2004.04 2004.05 2004.06 2004.07 2004.08 2004.09 2004.10 2004.11 2004.12 2005.01 2005.02 2005.03 2005.04 2005.05 2005.06 2005.07 2005.08 2005.09 2005.10 2005.11 2005.12 2006.01 2006.02 2006.03 2006.04 2006.05 2006.06 2006.07 2006.08 2006.09 2006.10 2006.11 2006.12 Salário Mínimo R$ 200,00 R$ 200,00 R$ 200,00 R$ 240,00 R$ 240,00 R$ 240,00 R$ 240,00 R$ 240,00 R$ 240,00 R$ 240,00 R$ 240,00 R$ 240,00 R$ 240,00 R$ 240,00 R$ 240,00 R$ 240,00 R$ 260,00 R$ 260,00 R$ 260,00 R$ 260,00 R$ 260,00 R$ 260,00 R$ 260,00 R$ 260,00 R$ 260,00 R$ 260,00 R$ 260,00 R$ 260,00 R$ 300,00 R$ 300,00 R$ 300,00 R$ 300,00 R$ 300,00 R$ 300,00 R$ 300,00 R$ 300,00 R$ 300,00 R$ 300,00 R$ 300,00 R$ 350,00 R$ 350,00 R$ 350,00 R$ 350,00 R$ 350,00 R$ 350,00 R$ 350,00 R$ 350,00 R$ 350,00 Data 2007.01 2007.02 2007.03 2007.04 2007.05 2007.06 2007.07 2007.08 2007.09 2007.10 2007.11 2007.12 2008.01 2008.02 2008.03 2008.04 2008.05 2008.06 2008.07 2008.08 2008.09 2008.10 2008.11 2008.12 2009.01 2009.02 2009.03 2009.04 2009.05 2009.06 2009.07 2009.08 2009.09 2009.10 2009.11 2009.12 2010.01 2010.02 2010.03 2010.04 2010.05 2010.06 2010.07 2010.08 2010.09 2010.10 2010.11 2010.12 Salário Mínimo R$ 350,00 R$ 350,00 R$ 350,00 R$ 380,00 R$ 380,00 R$ 380,00 R$ 380,00 R$ 380,00 R$ 380,00 R$ 380,00 R$ 380,00 R$ 380,00 R$ 380,00 R$ 380,00 R$ 415,00 R$ 415,00 R$ 415,00 R$ 415,00 R$ 415,00 R$ 415,00 R$ 415,00 R$ 415,00 R$ 415,00 R$ 415,00 R$ 415,00 R$ 465,00 R$ 465,00 R$ 465,00 R$ 465,00 R$ 465,00 R$ 465,00 R$ 465,00 R$ 465,00 R$ 465,00 R$ 465,00 R$ 465,00 R$ 510,00 R$ 510,00 R$ 510,00 R$ 510,00 R$ 510,00 R$ 510,00 R$ 510,00 R$ 510,00 R$ 510,00 R$ 510,00 R$ 510,00 R$ 510,00 Data 2011.01 2011.02 2011.03 2011.04 2011.05 2011.06 2011.07 2011.08 2011.09 2011.10 2011.11 2011.12 2012.01 2012.02 2012.03 2012.04 2012.05 2012.06 2012.07 2012.08 2012.09 2012.10 2012.11 2012.12 2013.01 2013.02 2013.03 2013.04 2013.05 2013.06 2013.07 2013.08 2013.09 2013.10 2013.11 2013.12 Salário Mínimo R$ 540,00 R$ 540,00 R$ 545,00 R$ 545,00 R$ 545,00 R$ 545,00 R$ 545,00 R$ 545,00 R$ 545,00 R$ 545,00 R$ 545,00 R$ 545,00 R$ 622,00 R$ 622,00 R$ 622,00 R$ 622,00 R$ 622,00 R$ 622,00 R$ 622,00 R$ 622,00 R$ 622,00 R$ 622,00 R$ 622,00 R$ 622,00 R$ 678,00 R$ 678,00 R$ 678,00 R$ 678,00 R$ 678,00 R$ 678,00 R$ 678,00 R$ 678,00 R$ 678,00 R$ 678,00 R$ 678,00 R$ 678,00 Fonte : Ipeadata 112 APÊNDICE XI - CRÉDITO PARA PESSOAS FÍSICAS ENTRE 2002 E 2013 Data 2002.01 2002.02 2002.03 2002.04 2002.05 2002.06 2002.07 2002.08 2002.09 2002.10 2002.11 2002.12 Crédito Concedido a Pessoas Físicas (milhões) R$ 125.646 R$ 127.053 R$ 127.607 R$ 130.312 R$ 131.695 R$ 131.576 R$ 130.878 R$ 131.068 R$ 133.201 R$ 135.382 R$ 136.620 R$ 137.923 Data 2003.01 2003.02 2003.03 2003.04 2003.05 2003.06 2003.07 2003.08 2003.09 2003.10 2003.11 2003.12 2004.01 2004.02 2004.03 2004.04 2004.05 2004.06 2004.07 2004.08 2004.09 2004.10 2004.11 2004.12 2005.01 2005.02 2005.03 2005.04 2005.05 2005.06 2005.07 2005.08 2005.09 2005.10 2005.11 2005.12 2006.01 2006.02 2006.03 2006.04 2006.05 2006.06 2006.07 2006.08 2006.09 2006.10 2006.11 2006.12 Crédito Concedido a Pessoas Físicas (milhões) R$ 137.016 R$ 138.337 R$ 139.729 R$ 141.635 R$ 143.740 R$ 146.121 R$ 146.183 R$ 147.902 R$ 151.726 R$ 154.836 R$ 156.890 R$ 159.253 R$ 159.907 R$ 161.683 R$ 162.462 R$ 167.410 R$ 170.821 R$ 174.257 R$ 176.035 R$ 180.696 R$ 185.718 R$ 193.104 R$ 198.326 R$ 203.967 R$ 207.879 R$ 210.691 R$ 215.961 R$ 221.440 R$ 227.441 R$ 231.262 R$ 233.650 R$ 239.234 R$ 245.120 R$ 251.959 R$ 257.880 R$ 263.968 R$ 268.613 R$ 272.263 R$ 277.594 R$ 282.854 R$ 290.418 R$ 293.271 R$ 297.701 R$ 303.446 R$ 307.034 R$ 315.265 R$ 322.952 R$ 326.823 Data 2007.01 2007.02 2007.03 2007.04 2007.05 2007.06 2007.07 2007.08 2007.09 2007.10 2007.11 2007.12 2008.01 2008.02 2008.03 2008.04 2008.05 2008.06 2008.07 2008.08 2008.09 2008.10 2008.11 2008.12 2009.01 2009.02 2009.03 2009.04 2009.05 2009.06 2009.07 2009.08 2009.09 2009.10 2009.11 2009.12 2010.01 2010.02 2010.03 2010.04 2010.05 2010.06 2010.07 2010.08 2010.09 2010.10 2010.11 2010.12 Crédito Concedido a Pessoas Físicas (milhões) R$ 332.780 R$ 337.685 R$ 349.149 R$ 357.732 R$ 367.918 R$ 375.605 R$ 386.016 R$ 393.529 R$ 402.010 R$ 414.378 R$ 424.473 R$ 432.406 R$ 440.472 R$ 445.826 R$ 457.393 R$ 470.007 R$ 481.624 R$ 490.009 R$ 496.423 R$ 504.371 R$ 514.621 R$ 525.377 R$ 527.901 R$ 534.726 R$ 537.635 R$ 536.751 R$ 543.722 R$ 552.244 R$ 564.912 R$ 574.216 R$ 580.473 R$ 589.459 R$ 600.953 R$ 609.447 R$ 616.463 R$ 627.202 R$ 636.599 R$ 642.893 R$ 654.926 R$ 664.825 R$ 678.539 R$ 686.322 R$ 700.575 R$ 714.138 R$ 727.956 R$ 741.907 R$ 759.211 R$ 776.371 Data 2011.01 2011.02 2011.03 2011.04 2011.05 2011.06 2011.07 2011.08 2011.09 2011.10 2011.11 2011.12 2012.01 2012.02 2012.03 2012.04 2012.05 2012.06 2012.07 2012.08 2012.09 2012.10 2012.11 2012.12 2013.01 2013.02 2013.03 2013.04 2013.05 2013.06 2013.07 2013.08 2013.09 2013.10 2013.11 2013.12 Crédito Concedido a Pessoas Físicas (milhões) R$ 785.972 R$ 794.275 R$ 800.561 R$ 811.464 R$ 825.598 R$ 838.248 R$ 850.006 R$ 869.891 R$ 881.661 R$ 893.600 R$ 908.119 R$ 921.053 R$ 933.404 R$ 940.434 R$ 953.034 R$ 964.927 R$ 980.851 R$ 994.083 R$ 1.004.192 R$ 1.022.470 R$ 1.025.573 R$ 1.041.129 R$ 1.055.703 R$ 1.075.771 R$ 1.087.340 R$ 1.093.300 R$ 1.107.262 R$ 1.123.902 R$ 1.142.839 R$ 1.158.683 R$ 1.172.382 R$ 1.188.620 R$ 1.200.582 R$ 1.214.569 R$ 1.229.900 R$ 1.251.174 Fonte : Banco Central 113 APÊNDICE XII - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO COMÉRCIO X CONSUMO Trimestre 2003 T1 2003 T2 2003 T3 2003 T4 2004 T1 2004 T2 2004 T3 2004 T4 2005 T1 2005 T2 2005 T3 2005 T4 2006 T1 2006 T2 2006 T3 2006 T4 2007 T1 2007 T2 2007 T3 2007 T4 2008 T1 2008 T2 2008 T3 2008 T4 2009 T1 2009 T2 2009 T3 2009 T4 2010 T1 2010 T2 2010 T3 2010 T4 2011 T1 2011 T2 2011 T3 2011 T4 2012 T1 2012 T2 2012 T3 2012 T4 2013 T1 2013 T2 2013 T3 2013 T4 Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB (milhões) R$ 36.734 R$ 38.508 R$ 39.120 R$ 41.398 R$ 40.371 R$ 45.205 R$ 48.591 R$ 49.596 R$ 46.923 R$ 51.303 R$ 52.273 R$ 55.294 R$ 52.746 R$ 56.039 R$ 60.194 R$ 64.629 R$ 61.345 R$ 67.638 R$ 72.319 R$ 76.068 R$ 70.944 R$ 79.996 R$ 87.130 R$ 85.305 R$ 75.859 R$ 84.476 R$ 92.016 R$ 96.710 R$ 90.389 R$ 100.961 R$ 104.032 R$ 108.625 R$ 104.815 R$ 111.126 R$ 113.786 R$ 116.879 R$ 108.806 R$ 117.707 R$ 121.896 R$ 126.334 R$ 120.174 R$ 129.870 R$ 134.052 R$ 138.693 Despesas de Consumo das Famílias (milhões) R$ 257.237 R$ 259.774 R$ 265.313 R$ 270.436 R$ 273.133 R$ 282.254 R$ 296.560 R$ 308.664 R$ 307.261 R$ 319.172 R$ 327.493 R$ 340.304 R$ 341.991 R$ 351.482 R$ 361.079 R$ 374.353 R$ 380.736 R$ 395.415 R$ 401.361 R$ 416.555 R$ 422.805 R$ 442.254 R$ 461.299 R$ 460.482 R$ 460.110 R$ 486.111 R$ 511.869 R$ 521.661 R$ 532.301 R$ 548.563 R$ 572.107 R$ 595.654 R$ 601.849 R$ 617.653 R$ 631.159 R$ 648.829 R$ 659.897 R$ 669.702 R$ 695.527 R$ 725.065 R$ 729.302 R$ 744.353 R$ 765.316 R$ 794.723 Fonte : Ipeadata 114 APÊNDICE XIII - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO CONSUMO X RENDA Trimestre 2003 T1 2003 T2 2003 T3 2003 T4 2004 T1 2004 T2 2004 T3 2004 T4 2005 T1 2005 T2 2005 T3 2005 T4 2006 T1 2006 T2 2006 T3 2006 T4 2007 T1 2007 T2 2007 T3 2007 T4 2008 T1 2008 T2 2008 T3 2008 T4 2009 T1 2009 T2 2009 T3 2009 T4 2010 T1 2010 T2 2010 T3 2010 T4 2011 T1 2011 T2 2011 T3 2011 T4 2012 T1 2012 T2 2012 T3 2012 T4 2013 T1 2013 T2 2013 T3 2013 T4 Despesas de Consumo das Famílias (milhões) R$ 257.237 R$ 259.774 R$ 265.313 R$ 270.436 R$ 273.133 R$ 282.254 R$ 296.560 R$ 308.664 R$ 307.261 R$ 319.172 R$ 327.493 R$ 340.304 R$ 341.991 R$ 351.482 R$ 361.079 R$ 374.353 R$ 380.736 R$ 395.415 R$ 401.361 R$ 416.555 R$ 422.805 R$ 442.254 R$ 461.299 R$ 460.482 R$ 460.110 R$ 486.111 R$ 511.869 R$ 521.661 R$ 532.301 R$ 548.563 R$ 572.107 R$ 595.654 R$ 601.849 R$ 617.653 R$ 631.159 R$ 648.829 R$ 659.897 R$ 669.702 R$ 695.527 R$ 725.065 R$ 729.302 R$ 744.353 R$ 765.316 R$ 794.723 Renda Disponível Bruta (milhões) R$ 381.913 R$ 406.452 R$ 422.396 R$ 442.796 R$ 428.799 R$ 469.311 R$ 485.640 R$ 508.830 R$ 482.685 R$ 519.018 R$ 531.097 R$ 561.487 R$ 532.843 R$ 563.309 R$ 594.645 R$ 629.468 R$ 606.202 R$ 649.855 R$ 662.748 R$ 695.559 R$ 677.929 R$ 741.787 R$ 772.052 R$ 776.577 R$ 718.167 R$ 772.222 R$ 813.984 R$ 877.637 R$ 843.530 R$ 907.215 R$ 950.220 R$ 1.006.204 R$ 945.392 R$ 1.026.608 R$ 1.029.779 R$ 1.068.104 R$ 1.015.560 R$ 1.088.458 R$ 1.082.004 R$ 1.142.835 R$ 1.101.358 R$ 1.198.936 R$ 1.202.039 R$ 1.265.018 Fonte : Ipeadata 115 APÊNDICE XIV - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO CONSUMO X CRÉDITO Trimestre 2003 T1 2003 T2 2003 T3 2003 T4 2004 T1 2004 T2 2004 T3 2004 T4 2005 T1 2005 T2 2005 T3 2005 T4 2006 T1 2006 T2 2006 T3 2006 T4 2007 T1 2007 T2 2007 T3 2007 T4 2008 T1 2008 T2 2008 T3 2008 T4 2009 T1 2009 T2 2009 T3 2009 T4 2010 T1 2010 T2 2010 T3 2010 T4 2011 T1 2011 T2 2011 T3 2011 T4 2012 T1 2012 T2 2012 T3 2012 T4 2013 T1 2013 T2 2013 T3 2013 T4 Despesas de Consumo das Famílias (milhões) R$ 257.237 R$ 259.774 R$ 265.313 R$ 270.436 R$ 273.133 R$ 282.254 R$ 296.560 R$ 308.664 R$ 307.261 R$ 319.172 R$ 327.493 R$ 340.304 R$ 341.991 R$ 351.482 R$ 361.079 R$ 374.353 R$ 380.736 R$ 395.415 R$ 401.361 R$ 416.555 R$ 422.805 R$ 442.254 R$ 461.299 R$ 460.482 R$ 460.110 R$ 486.111 R$ 511.869 R$ 521.661 R$ 532.301 R$ 548.563 R$ 572.107 R$ 595.654 R$ 601.849 R$ 617.653 R$ 631.159 R$ 648.829 R$ 659.897 R$ 669.702 R$ 695.527 R$ 725.065 R$ 729.302 R$ 744.353 R$ 765.316 R$ 794.723 Crédito Concedido a Pessoas Físicas (milhões) R$ 139.729 R$ 146.121 R$ 151.726 R$ 159.253 R$ 162.462 R$ 174.257 R$ 185.718 R$ 203.967 R$ 215.961 R$ 231.262 R$ 245.120 R$ 263.968 R$ 277.594 R$ 293.271 R$ 307.034 R$ 326.823 R$ 349.149 R$ 375.605 R$ 402.010 R$ 432.406 R$ 457.393 R$ 490.009 R$ 514.621 R$ 534.726 R$ 543.722 R$ 574.216 R$ 600.953 R$ 627.202 R$ 654.926 R$ 686.322 R$ 727.956 R$ 776.371 R$ 800.561 R$ 838.248 R$ 881.661 R$ 921.053 R$ 953.034 R$ 994.083 R$ 1.025.573 R$ 1.075.771 R$ 1.107.262 R$ 1.158.683 R$ 1.200.582 R$ 1.251.174 Fonte : Ipeadata e Banco Central 116 APÊNDICE XV - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO CONSUMO X JUROS Trimestre 2003 T1 2003 T2 2003 T3 2003 T4 2004 T1 2004 T2 2004 T3 2004 T4 2005 T1 2005 T2 2005 T3 2005 T4 2006 T1 2006 T2 2006 T3 2006 T4 2007 T1 2007 T2 2007 T3 2007 T4 2008 T1 2008 T2 2008 T3 2008 T4 2009 T1 2009 T2 2009 T3 2009 T4 2010 T1 2010 T2 2010 T3 2010 T4 2011 T1 2011 T2 2011 T3 2011 T4 2012 T1 2012 T2 2012 T3 2012 T4 2013 T1 2013 T2 2013 T3 2013 T4 Despesas de Consumo das Famílias Taxa Selic Média (%) (milhões) R$ 257.237 25,8 R$ 259.774 26,4 R$ 265.313 23,5 R$ 270.436 18,4 R$ 273.133 16,5 R$ 282.254 16,0 R$ 296.560 16,0 R$ 308.664 17,0 R$ 307.261 18,5 R$ 319.172 19,6 R$ 327.493 19,7 R$ 340.304 18,8 R$ 341.991 17,2 R$ 351.482 15,7 R$ 361.079 14,7 R$ 374.353 13,7 R$ 380.736 13,0 R$ 395.415 12,4 R$ 401.361 11,5 R$ 416.555 11,3 R$ 422.805 11,3 R$ 442.254 11,8 R$ 461.299 13,0 R$ 460.482 13,8 R$ 460.110 12,6 R$ 486.111 10,3 R$ 511.869 8,9 R$ 521.661 8,8 R$ 532.301 8,8 R$ 548.563 9,4 R$ 572.107 10,6 R$ 595.654 10,8 R$ 601.849 11,3 R$ 617.653 12,0 R$ 631.159 12,3 R$ 648.829 11,4 R$ 659.897 10,4 R$ 669.702 9,0 R$ 695.527 7,9 R$ 725.065 7,3 R$ 729.302 7,3 R$ 744.353 7,6 R$ 765.316 8,6 R$ 794.723 9,6 Fonte : Ipeadata 117