COLÉGIO XIX DE MARÇO
excelência em educação
1ª PROVA PARCIAL DE LÍNGUA PORTUGUESA
Aluno(a):
Nº
Ano:
9º
Turma:
Data: 18/03/2011
Professora:
Paula Querino Mira da Silva
Nota:
Valor da Prova:
40 pontos
Assinatura do responsável:
Orientações gerais:
1) Número de questões desta prova: 11
2) Valor das questões:
Redação (1): 5,0 pontos. Abertas (4): 5,0 pontos cada.
Fechadas (6): 2,5 pontos cada.
3) Provas feitas a lápis ou com uso de corretivo não têm direito à revisão.
4) Aluno que usar de meio ilícito na realização desta prova terá nota zerada e
conceituação comprometida.
5) Tópicos desta prova:
- Textos, Interpretação e Redação
- Gramática: classificação das Orações Subordinadas Adverbiais
HERÓIS DA ECOLOGIA
CHICO MENDES.
ELE DEU SUA VIDA PELA FLORESTA.
VALEU A PENA?
1ª P.P. / Língua Portuguesa / Paula/ 9º / pág : 1
José Alberto Gonçalves
Cada época produz seus heróis. São pessoas que levantam temas espinhosos, empunham
bandeiras e colaboram para melhorar o mundo. No século XX, três homens dessa envergadura
enfrentaram as injustiças com uma inusitada forma de luta: a resistência pacífica, teimosa, mas
sem violência. Na Índia, Gandhi afrontou os últimos resquícios do colonialismo pregando a
desobediência civil sem confrontos armados. Nos Estados Unidos, o líder negro Martin Luther King
derrotou o racismo apenas com marchas e discursos inflamados. No Brasil, um seringueiro da
Amazônia agarrou-se às árvores para impedir a ação das motosserras. Há mais coisas em comum
entre esses personagens do que a opção pela paz: os três morreram mártires, assassinados
covardemente por opositores. Nos casos de Gandhi e Luther King, porém, a morte não enterrou
suas ideias: a História mostrou que estavam no rumo certo. No Brasil, a luta iniciada por Chico
Mendes em defesa da floresta e das comunidades extrativistas ainda não terminou. Anos depois da
morte do assassinato do primeiro Mártir da ecologia, o Brasil e o mundo ainda se perguntam: o
sonho de uma Amazônia rica e preservada era uma utopia tropical ou pode um dia virar realidade?
TEXTO 1
A VOZ DA FLORESTA
Chico tombou morto no dia 22 de dezembro de 1988, pouco depois do pôr-do-sol, ao lado
da mulher, dos filhos e da floresta que havia decidido proteger com a própria vida. Ele acabara de
chegar de uma longa viagem ao sul do país. Mesmo sabendo dos fortes boatos de que capangas
aguardavam em Xapuri – e apesar da insistência dos amigos para que não arriscasse voltando à
cidade -, Chico Mendes tinha saudade dos filhos e estava decidido a passar o Natal em casa.
Nessa ultima viagem a São Paulo e Rio de Janeiro, o sindicalista havia mais uma vez
denunciado as injustiças sofridas pelos seringueiros, vítimas da exploração dos seringalistas e das
ameaças constantes dos jagunços. Chico Mendes propunha a transformação dos seringais do Acre
em reservas extrativistas que garantissem aos seringueiros, castanheiros e pescadores artesanais
uma vida digna, conciliando o desenvolvimento econômico com a preservação da floresta. Nos
últimos anos, assumiram uma luta quase quixotesca contra buldôzeres, motosserras e queimadas
ilegais.
(...)
As palavras de Chico Mendes ecoavam na floresta como uma possibilidade de redenção aos
seringueiros, mas chegavam aos ouvidos dos fazendeiros como uma declaração de guerra. Em
1988, o ambiente da região lembrava o de uma floresta tropical.
Ao longo das décadas de 70 e 80, o governo havia incentivado a ocupação da Amazônia
com criações de gado, extração de madeira e lavouras. Muitos seringalistas, falidos com a
concorrência externa da borracha, acabaram vendendo suas terras para madeireiras e empresas
agrícolas. Desmatamentos e queimadas passaram então a ameaçar a floresta e a sobrevivência
dos seringueiros. Famílias eram expulsas de suas terras e o fogo consumia tudo em poucas horas.
Quem ousava protestar acabava vítima de jagunços. Antes de Chico Mendes, pelo menos trinta
seringueiros que se opuseram ao fazendeiro Darly haviam sido assassinados, sem que jamais se
provasse quem eram os responsáveis. Para os fazendeiros do Acre, matar seringueiro ou bicho
dava no mesmo.
Figura bonachona
Chico Mendes, porém, já não era mais um simples seringueiro ou líder dos desvalidos da
floresta. Sua figura meio bonachona, com bigode estilo boliviano, cigarro sempre à boca (a solidão
implacável da floresta faz com que os seringueiros busquem conforto no cigarro) e modos poucos
refinados, tornara-se em alguns anos símbolo do movimento ecológico mundial. Ele se mostrara
um mestre em arrebanhar simpatizantes para sua causa, aproveitando a nova onda ecológica para
ganhar espaço na imprensa.
Desde o ano anterior ao da tragédia, vinha ampliando seus protestos em defesa da Floresta
Amazônica e colecionando prêmios e homenagens mundo afora. Em 1987, a ONU o escolheu para
ser um dos ganhadores do Prêmio Global 500, entregue em Nova York aos quais se destacaram na
defesa do meio ambiente. Nesse mesmo ano, a Sociedade para um Mundo Melhor, uma fundação
com sede também em Nova York, entregou-lhe a Medalha do Meio Ambiente.
1ª P.P. / Língua Portuguesa / Paula/ 9º / pág : 2
No Brasil, porém, onde o movimento ecológico ainda engatinhava, Chico era um ilustre
desconhecido. Foi preciso sua morte para que a sociedade brasileira percebesse sua importância
como primeiro mártir ecológico do mundo.
Foi justamente para impedir que o nome Chico Mendes se tornasse uma referência também
entre os brasileiros – e um exemplo para outros líderes da região – que os fazendeiros do Acre se
reuniram num churrasco, pouco antes do assassinato, para decretar sua morte. A fúria deles foi
redobrada depois que Chico comandou, em abril daquele ano, um empate no seringal cachoeira,
de Darly Alves da Silva.
O empate é uma tática de luta pacífica inventada pelos seringueiros do Acre para impedir a
derrubada da mata. Quando chegavam as motosserras, um cerco humano formado por
seringueiros, suas mulheres e filhos impedia o desmatamento. Não era apenas uma defesa
apaixonada da Floresta Amazônica para as gerações futuras. Para os seringueiros, da
sobrevivência da mata depende a de suas próprias famílias, já que a seringueira precisa da
sombra e da proteção da floresta para nascer e crescer. Sem a mata, os seringueiros
desaparecem.
Vitória da preservação
Chico e seus colegas dos sindicatos de Xapuri e da vizinha Brasiléia fizeram 45 empates ao
longo de doze anos. Mesmo apanhando de capangas e policiais, e muitas vezes sendo expulsos a
balas ou recebendo retaliações violentas, os seringueiros se mostraram persistentes na sua tática,
conseguindo sucesso em quinze dessas trincheiras.
Mais tarde, a desapropriação dessas áreas beneficiou milhares de seringueiros acreanos,
que puderam manter sua fonte de sobrevivência. De propriedade da União e usufruto das
populações nativas, as reservas extrativistas representam o sonho de um futuro melhor na região.
Além disso, asseguraram a preservação de parcela importante da Floresta Amazônica, cerca de 1,2
milhão de hectares.
Graças à luta iniciada pelos seringueiros, o Acre é hoje o Estado amazônico que tem o
maior índice de áreas protegidas por meio de reservas extrativistas, parques e florestas nacionais
e áreas indígenas.
Importante: Quem apertou o gatilho da espingarda que matou Chico Mendes foi o jovem
Darci Alves Pereira, filho do fazendeiro Darly Alves da Silva. A família Mendes morava numa casa
de madeira de quatro cômodos. O banheiro ficava no quintal, junto à fossa. Darcy e seus jagunços
estavam tocaiados ali, naquele canto escuro, esperando o momento em que Chico saísse para o
banho. Ele morreu com uma ducha de chumbo no peito. “Atirei como quem mata um bicho do
mato”, diria mais tarde Darci.
1ª Questão: 5,0 pontos
Nota =
a) O início do texto, comparando a vida dos três personagens e mostrando que os três tiveram a
mesma sorte – morreram assassinados – coloca uma reflexão. Qual é? (2,0)
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b) Após essa introdução, o texto começa a falar de Chico Mendes e sua luta. Em relação à Floresta
Amazônica, qual era o grande conflito de interesses que colocava Chico Mendes e seus
companheiros em luta permanente com os fazendeiros? (1,0)
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c) Que destino queria Chico Mendes para os seringais do Acre? (1,0)
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d) A certa altura, de uma forma até poética, o texto fala sobre o papel que o discurso, as palavras
de Chico Mendes tinham, de um lado, junto aos seringueiros e, de outro, junto aos fazendeiros.
d.1) Para os seringueiros, o que simboliza a pregação do seu líder? (0,5)
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d.2) Como os fazendeiros recebiam a pregação do ecologista? (0,5)
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2ª Questão: 5,0 pontos
Nota =
O texto fala, em seguida,dos incentivos do governo, nas décadas de 70 e 80, para “a ocupação da
Amazônia com criações de gado, extração de madeira e lavouras”. O texto informa, ainda, que os
“seringalistas, falidos com a concorrência externa da borracha, acabaram vendendo suas terras...”.
a) Que grupos econômicos passaram a dominar a região? (1,0)
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b) Qual foi o comportamento desses grupos perante o meio ambiente? (1,0)
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1ª P.P. / Língua Portuguesa / Paula/ 9º / pág : 4
c) Qual foi o comportamento desses grupos perante os seringueiros? (1,0)
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d) O parágrafo que trata desse assunto (4º parágrafo) termina com uma frase na qual aparece o
valor que os fazendeiros do Acre davam à vida do seringueiro. Transcreva essa frase. (2,0)
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3ª Questão: 5,0 pontos
Nota =
O texto introduz, em seguida, o subtítulo Figura bonachona, no qual passa a falar da projeção que
Chico Mendes ganhou internacionalmente como defensor da ecologia.
a) Para o movimento ecológico mundial, que significado Chico Mendes passou a ter? (1,5)
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b) Que provas o texto traz de que Chico Mendes ganhara projeção internacional como defensor da
ecologia? (1,0)
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c) A sociedade brasileira, nessa época, já tinha conhecimento da atuação corajosa de Chico
Mendes em defesa da floresta, da ecologia? (1,5)
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d) O texto fala, em seguida, que o empate era a tática de luta dos seringueiros do Acre. Em que
consistia o empate? (1,0)
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1ª P.P. / Língua Portuguesa / Paula/ 9º / pág : 5
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4ª Questão: 5,0 pontos
Nota =
Nos períodos abaixo, grife os verbos, assinale as conjunções, divida os períodos e classifique todas
as orações:
a) ”As palavras de Chico Mendes ecoavam na floresta como uma possibilidade de redenção aos
seringueiros.”
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b) ”... pelo menos 30 seringueiros haviam sido assassinados, sem que jamais se provassem os
responsáveis.”
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c) ”Foi preciso sua morte para que a sociedade brasileira percebesse sua importância como
primeiro mártir ecológico do mundo.”
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d) ”Quando chegavam as motosserras, um cerco humano formado por seringueiros, suas mulheres
e filhos impedia o desmatamento.”
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e) Para os seringueiros, da sobrevivência da mata dependia a de suas próprias famílias, já que a
seringueira precisa da sombra e da proteção da floresta.”
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5ª Questão: 5,0 pontos
Nota =
Redação
Os índices de violência urbana no Brasil têm crescido de maneira impressionante e, nos
últimos anos, passaram a ser registrados também nas antes tranqüilas cidades do interior.
Escreva um texto dissertativo-argumentativo sobre a violência urbana. Não se esqueça do
título.
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TEXTO 2
Primeiro a gente se acostuma a ver pessoas indo para o trabalho penduradas nos ônibus e nos
trens... Depois acha normal haver gente dormindo embaixo de pontes... E já não nos
emocionamos quando vemos uma criança miserável esmolando nos semáforos. Será que o mundo
mudou ou nós é que estamos mudando?
APENAS UM TIROTEIO NA MADRUGADA
São 2:30h da madrugada e eu deveria estar dormindo, mas acordei com uma rajada de
metralhadora na escuridão. É mais um tiroteio na favela ao lado.
Além dos tiros de metralhadora, outros seguem, mais finos, igualmente penetrantes,
continuando a fuzilaria. Diria que armas de diversos calibres estão medindo seu poder de fogo a
uns quinhentos metros da minha casa.
No entanto, estou na cama, tecnicamente dormindo. Talvez esteja sonhando, talvez esteja
ouvindo ainda o tiroteio de algum filme policial. Tento em princípio descartar a ideia de que há
uma cena de guerrilha ao lado. Alias, é fim de ano, e quem sabe não estão soltando foguetes por
aí em alguma festa de rico?
Não. É tiroteio mesmo. Não posso nem pensar que são bombas de São João, como fiz de
outras vezes, procurando ajeitar o corpo insone no travesseiro.
Estou tentando ignorar, mas não há como: é mais um tiroteio na favela ao lado.
Se fosse durante o dia, talvez saísse ao terraço para olhar o que sucede. Muitas vezes vi
carros de policiais estacionados na boca da favela, homens subindo o morro com escopetas e
metralhadoras, com os corpos colados aos barracões, como em cena de filme, numa aldeia do
Vietnã. Dos prédios ao lado, os moradores com a cabeça para fora das janelas, espiando,
acompanhavam a fuga dos marginais se enfiando em moitas e despencando encosta abaixo.
Meu corpo quer dormir. Afinal, é apenas mais um tiroteio na favela ao lado, amanhã tenho
que trabalhar e esse filme eu já vi. Penso isto antevendo que na manhã seguinte as filhas
comentarão o tiroteio como se comenta um capítulo da novela, e isto me intriga. O que fazem com
os corpos das vítimas? Há um canibalismo diário? Há um cemitério clandestino. Lá em cima?
Também nunca vi ambulância recolher feridos. São tão ruins de mira assim?
Alguns minutos se passam. Não sei se foram dez ou vinte. Nessa atmosfera o sono não se
tem muita noção de tempo. Súbito, novas rajadas de metralhadora perpassam pela madrugada.
Se eu estivesse no Líbano, isto talvez fosse normal. É o que pensamos aqui. Não sei se no Líbano
já se acostumara com isso.
Não sei também o que pensarão os turistas deste bairro. Pois se eu estivesse no Líbano e
assistisse a um tiroteio assim, na volta ao meu país ia contar nas festas e jantares o formidável
tiroteio a que assisti. Exatamente como farão os australianos, americanos, alemães e espanhóis
turistas que, como eu, estão em sua cama ouvindo essas rajadas de metralhadora.
Sinto-me mal com isto. Me envergonho com o fato de que nos acostumamos covardemente
a tudo. Me escandalizo que esse tiroteio não mais me escandalize. Me escandaliza que minha
mulher durma e nem ouça que há uma guerra ao lado, exatamente como ela já se escandalizou
quando em outras noites ouvia a mesma fuzilaria e eu dormia escandalosamente e ela ficava
desamparada com seus ouvidos em meio à guerra.
Sei que vai amanhecer daqui a pouco.
E vai se repetir uma cena ilustrativa de nossa espantosa capacidade de negar a realidade,
ou de diminuir seu efeito sobre nós por não termos como administrá-la. Vou passar pela portaria
do meu edifício e indagar ao porteiro e aos homens da garagem se também ouviram o tiroteio. Um
ou outro dirá que sim. Mas falará disso como de algo que acontecesse inexplicavelmente no meio
da noite.
No elevador, um outro morador talvez comente a fuzilaria com o mesmo ar de rotina com
quem se comenta um Fla-Flu. E vamos todos trabalhar. As crianças para as escolas. As donas de
casa aos mercados. Os executivos nos seus carros.
Enquanto isso, as metralhadoras e as armas de todos os calibres se lubrificam. Há um ou
outro disparo durante o dia. Mas é à noite que se manifestam mais escancaradamente.
Ouvirei de novo a fuzilaria. Rotineiramente. É de madrugada e na favela ao lado recomeça
o tiroteio. Não é nada. Ouvirei os ecos dos tiros sem saber se é sonho ou realidade e acabarei por
dormir. Não é nada. É apenas um tiroteio de madrugada numa favela ao lado.
(Affonso Romano de Sant’Anna. Porta de colégio. São Paulo: Ática, 1995.p.69-71)
1ª P.P. / Língua Portuguesa / Paula/ 9º / pág : 8
6ª Questão: 2,5 pontos
Nota =
O narrador é acordado durante a madrugada com o barulho de uma rajada de metralhadora.
Podemos dizer que:
a) (
) Provavelmente os fatos acontecem no Rio de Janeiro, já que há referência a times de
futebol cariocas e a favelas e morros.
b) ( ) O narrador está num apartamento, num edifício ao lado da favela.
c) ( ) O tiroteio ocorre na favela.
d) ( ) Com a expressão “[estou] tecnicamente dormindo”, o narrador quer dizer que está deitado
em sua cama, num estado de sonolência vigilante em relação aos tiros.
e) ( ) Estão corretas todas as alternativas anteriores.
7ª Questão: 2,5 pontos
Nota =
No período “Não posso nem pensar que são bombas de São João, como fiz de outras vezes,
procurando ajeitar o corpo insone no travesseiro.” A oração grifada classifica-se como subordinada
adverbial:
a) (
b) (
c) (
d) (
e) (
) causal
) concessiva
) comparativa
) conformativa
) condicional
8ª Questão: 2,5 pontos
Nota =
O narrador afirma “Sinto-me mal com isto. Me envergonho com o fato de que nos acostumamos
covardemente a tudo. Me escandalizo que esse tiroteio não mais me escandalize”. Segundo o
texto, é correto afirmar que:
a) (
) Um tiroteio na madrugada escandaliza as pessoas.
b) (
) Nesse trecho, o narrador denuncia a insensibilidade e a indiferença das pessoas em
relação à violência e à morte.
c) (
) Diante das palavras “me envergonho”, “covardemente”, resumem a sensação que o
narrador tem diante do fato, já que ele acha correta a atitude das pessoas e da falta de coragem
para interferir nos fatos.
d) (
) Esse trecho revela uma preocupação de natureza apenas política e econômica.
e) (
) A questão ética de maneira alguma preocupa o narrador.
9ª Questão: 2,5 pontos
Nota =
“Se fosse durante o dia, talvez saísse ao terraço para olhar o ocorrido.”
Neste período há duas orações subordinadas adverbiais que classificam-se respectivamente, como:
a) (
b) (
c) (
d) (
e) (
) condicional e final
) condicional e causal
) condicional e temporal
) condicional e consecutiva
) condicional e concessiva
1ª P.P. / Língua Portuguesa / Paula/ 9º / pág : 9
10ª Questão: 2,5 pontos
Nota =
O narrador prevê que, pela manhã, irá se repetir uma cena ilustrativa “de nossa espantosa
capacidade de negar a realidade, ou de diminuir seu efeito sobre nós”.
Entre os itens a seguir, qual deles não confirma essa afirmação:
a) (
) “Um outro dirá que sim. Mas falará disso como de algo que acontecesse inexplicavelmente
no meio da noite.;”
b) (
) “...um outro morador talvez comente a fuzilaria com o mesmo ar de rotina com que se
comenta um Fla Flu.”
c) (
) “Há um outro disparo durante o dia.”
d) (
) “E vamos todos trabalhar...”
e) (
) “As crianças para a escola. As donas de casa ao mercado. O executivo nos seus carros.”
11ª Questão: 2,5 pontos
Nota =
“Me escandaliza que minha mulher durma e nem ouça que há uma guerra ao lado, exatamente
como ela já se escandalizou / quando em outras noites ouvia a mesma fuzilaria / e eu dormia
escandalosamente e ela ficava desamparada com seus ouvidos em meio à guerra.”
A oração destacada é introduzida pela conjunção adverbial temporal quando que, no período, só
pode ser substituída pela conjunção também adverbial temporal:
a) (
) depois que
b) (
) antes que
c) (
) mal
d) (
) desde que
e) (
) enquanto
Chico Mendes: vida dedicada em defesa do meio ambiente
1ª P.P. / Língua Portuguesa / Paula/ 9º / pág : 10
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heróis da ecologia chico mendes. ele deu sua vida pela floresta