Universidade Federal de Juiz de Fora / Colégio de Aplicação João XXIII Disciplina: Matemática – (2º ano/ Ensino Médio: 2015) Prof.: José Eduardo Ferreira da Silva - Sítio de internet: www.projetozk.com ESTATÍSTICA BÁSICA FICHA DE TRABALHO 04 RESENHA A lenda do Jogo de Xadrez Malba Tahan Adaptação: José Eduardo Ferreira da SIlva Em um de seus instigantes e divertidos contos, Malba Tahan1 nos oferece uma versão da lenda sobre a origem do jogo de xadrez que, segundo o autor, foi contada ao califa de Bagdá por Beremiz Samir, o “Homem que calculava”. A estória gira em torno de um príncipe chamado Iadava que, apesar de ser considerado um dos soberanos mais ricos e generosos de seu tempo, se viu obrigado a empunhar a espada para repelir, a frente de um pequeno exército, um ataque brutal ao seu reino. Contudo, o que não sabiam os aventureiros é que o rei possuía um talento especial para jogos de guerra. Assim, muito calmo frente à invasão eminente, Iadava elaborou e executou um plano de batalha tão perfeito, que o resultado foi uma vitória arrasadora sobre o inimigo. Mas, não sem perdas, é claro. “O triunfo sobre os fanáticos de Varangul custou-lhe, infelizmente, pesados sacrifícios; muitos jovens pagaram com a vida (...); e, entre os mortos, com o peito varado por uma flecha, lá ficou no campo de combate o príncipe Adjamir, filho do rei Iadava, que patrioticamente se sacrificou (...) para salvar a posição que deu aos seus a vitória final.” (Malba Than, p. 115) O resultado foi que Iadava, embora tenha se tornado um rei muito admirado por seus súditos, tornou-se também um homem muito amargurado. Passava os seus dias, debruçado sobre caixas de areia, estudando e - quem sabe? - procurando os erros estratégicos que acabaram por levar o seu amado filho. E isso, até que Iadava recebe a visita de um jovem chamado Sessa que, preocupado com o estado mental de seu soberano, oferece um de seus inventos: o Jogo de xadrez. Diga-se de passagem, um jogo que logo despertou interesse no soberano. A prova disso é que, enquanto Sessa explicava as regras essenciais do jogo, o rei não se cansava de interrogar o inventor: — “e por que a rainha é mais poderosa do que o rei?” “É a mais poderosa - argumentou Sessa - porque a rainha representa, nesse jogo, o patriotismo do povo. A maior força do trono reside, principalmente, na exaltação de seus súditos. Como poderia o rei resistir ao ataque dos adversários, se não contasse com o espírito de abnegação e sacrifício daqueles que o cercam e zelam, pela integridade da pátria? (Ibid, p. 118). E o entusiasmo do monarca pelos desafios estratégicos oferecidos pelo jogo de Sessa foi tão grande, que ele resolveu presentear o jovem com aquilo que ele desejasse. E não é que, para espanto de toda a corte, o jovem Sessa pediu o seu pagamento em grãos de arroz!2 Nada mais simples, explicou Sessa: “Me dê um grão de arroz pela primeira casa do tabuleiro; dois, pela segunda; quatro pela terceira, e, assim, dobrando sucessivamente, até a sexagésima quarta e última casa do tabuleiro”. “Insensato! – clamou o rei – Onde fostes aprender tão grande desamor a fortuna? A recompensa que me pedes é ridícula. Bem sabes que há num punhado de arroz, número incontável de grãos. (...) Enfim, visto que minha palavra foi dada, vou expedir ordens para que o pagamento se faça imediatamente, conforme teu desejo.” (Ibid, p. 122). ATIVIDADE PÓS-TEXTO: Em termos aproximados, quantos quilos de arroz o rei deverá entregar à Sessa? Ah! Sim, o final? Que tal você, nobre estudante, inventar um? 1 Extraído do Romance de Malba Tahan, O HOMEM QUE CALCULAVA: aventuras de um singular calculista persa. Rio de Janeiro: Editora Conquista, 1956. 2 Na obra original o autor diz que Sessa pediu o pagamento em grãos de trigo.