UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO DE ENGENHARIA CIVIL ALEXANDRE JORGE ROCHA MENEZES ESTUDO COMPARATIVO ENTRE CAPEAMENTO DE CORPO-DE-PROVA DE CONCRETO COM ENXOFRE, USO DE NEOPRENE E RETIFICAÇÃO DE TOPO PARA ENSAIO DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO AXIAL FORTALEZA 2011 ii ALEXANDRE JORGE ROCHA MENEZES ESTUDO COMPARATIVO ENTRE CAPEAMENTO DE CORPO-DE-PROVA DE CONCRETO COM ENXOFRE, USO DE NEOPRENE E RETIFICAÇÃO DE TOPO PARA ENSAIO DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO AXIAL Monografia submetida à Coordenação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil em dezembro de 2011. Orientador(a): Prof. Dr. Antônio Eduardo Bezerra Cabral FORTALEZA 2011 iii ALEXANDRE JORGE ROCHA MENEZES ESTUDO COMPARATIVO ENTRE CAPEAMENTO DE CORPO-DE-PROVA DE CONCRETO COM ENXOFRE, USO DE NEOPRENE E RETIFICAÇÃO DE TOPO PARA ENSAIO DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO AXIAL Monografia submetida à Coordenação do Curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil. Aprovado em 25/11/2011 BANCA EXAMINADORA _____________________________________________________ Prof. Dr. Antônio Eduardo Bezerra Cabral Universidade Federal do Ceará (Orientador) _____________________________________________________ Prof. Msc. Aldo de Almeida Oliveira Universidade Federal do Ceará _____________________________________________________ Eng. Especialista Kelvya Maria de Vasconcelos Moreira Universidade Federal do Ceará iv Dedico este trabalho à meus pais por todo empenho dedicado à minha formação, não apenas acadêmica, mas em especial a minha formação humana. v AGRADECIMENTOS Em especial à Deus por me guiar, proteger e principalmente por oferecer saúde, coragem e força para que eu consiga alcançar meu objetivos. Aos meus pais por sempre estarem ao meu lado, pelo amor, dedicação e em especial por me ensinarem a sempre dar o melhor de mim e nunca desistir dos meus objetivos. Ao professor Eduardo Cabral por me ter dado a oportunidade de estudar e conhecer um pouco mais sobre materiais de construção, além dos demais professores que tive o prazer de conviver durante essa fase da minha vida. À Lara Raissa pela paciência que teve comigo durante esse período, além do apoio fundamental para que fosse possível a conquista de mais esse objetivo. Por fim, agradeço a todos os colegas que lutaram comigo nessa batalha, passaram noites acordados estudando pra prova do dia seguinte, que esqueceram a maior parte dos feriados e dos finais de semanas desses últimos cinco anos. vi RESUMO A indústria da construção civil está em plena expansão e, à medida que cresce o lançamento de novos empreendimentos, também cresce a preocupação com a qualidade dos materiais que são utilizados por essa indústria. Frequentemente são realizados inúmeros ensaios para se constatar a durabilidade e resistência dos materiais que são utilizados nas edificações. Dentre os ensaios mais frequentes, o ensaio de resistência à compressão axial em corpos-de-prova de concreto é o mais realizado durante o processo construtivo, uma vez que o concreto é o material mais utilizado na construção de edificações em geral. Entretanto, para a realização deste ensaio é usualmente utilizado o enxofre derretido na regularização das superfícies dos topos dos corpos-de-prova; no entanto, a fumaça gerada no processo de derretimento do enxofre é prejudicial à saúde humana, além do fato do enxofre ser um bem natural que precisa ser extraído, aumentando assim o impacto que a indústria da construção civil causa ao meio ambiente. Para tentar amenizar estes problemas, várias técnicas são utilizadas para fazer a regularização dos corpos-de-prova sem a utilização do enxofre como, por exemplo, empregando-se o neoprene ou simplesmente retificando o topo do corpo-deprova. Desta maneira foram analisados os resultados de ensaios de resistência à compressão axial utilizando para o nivelamento das bases dos corpos-de-prova o enxofre, a borracha de neoprene e o desgaste mecânico dos corpos-de-prova através de uma máquina retificadora. De posse dos resultados foi possível analisar que o tipo de nivelamento dos corpos-de-prova influência diretamente nos resultados do ensaio de resistência à compressão axial, uma vez que se observou para os grupos de concreto de 20MPa e 30MPa o uso do enxofre como a melhor técnica de nivelamento das bases e para o grupo de 40MPa o uso da borracha de neoprene se apresentou mais indicada. Palavras-chaves: Enxofre, neoprene, máquina retificadora. vii LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 – Ensaio de abatimento de tronco de cone ou slump test........................................06 Figura 2.2 – Aplicação de carga no ensaio de flexo-tração......................................................08 Figura 2.3 – Apresentação do ensaio de compressão diametral................................................09 Figura 2.4 – Ensaio de tração direta..........................................................................................10 Figura 2.5 – Capeamento de corpo-de-prova com enxofre.......................................................17 Figura 2.6 – Superfície do corpo-de-prova após ser capeado com enxofre..............................18 Figura 2.7 – Ensaio de compressão axial utilizando neoprene.................................................19 Figura 2.8 – Processo de desgaste da superfície do corpo-de-prova.........................................20 Figura 2.9 – Superfície do corpo-de-prova após ser retificado.................................................21 Figura 3.1 – Prensa hidráulica – elétrica com 100kN de capacidade de carga.........................23 Figura 3.2 – Retífica com lâmina diamantada..........................................................................23 Figura 3.3 – Família de concreto com 20 MPa.........................................................................24 viii LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 3.1 – Distribuição granulométrica dos agregados........................................................22 Gráfico 4.1 – Curva normal para o grupo de 20 MPa...............................................................27 Gráfico 4.2 – Curva normal para o grupo de 30 MPa...............................................................28 Gráfico 4.3 – Curva normal para o grupo de 40 MPa...............................................................30 Gráfico 4.4 – Desvio Padrão dos grupos...................................................................................31 Gráfico 4.4 – Resistências médias dos grupos..........................................................................31 ix LISTA DE TABELAS Tabela 2.1 – Características da borracha de neoprene..............................................................19 Tabela 3.1 – Característica dos agregados................................................................................22 Tabela 3.2 – Traços adotados em massa...................................................................................24 Tabela 4.1 – Dados de análise das amostras.............................................................................26 Tabela 4.2 – Teste ANOVA para o grupo de 20 MPa..............................................................27 Tabela 4.3 – Teste ANOVA para o grupo de 30 MPa..............................................................29 Tabela 4.4 – Teste ANOVA para o grupo de 40 MPa..............................................................30 x SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1 1.1 Objetivos ...................................................................................................................... 2 1.1.1 Objetivo geral ..................................................................................................... 2 1.1.2 Objetivo específico ............................................................................................. 3 1.2 Estrutura do trabalho .................................................................................................... 3 2 CONCRETO....................................................................................................................... 4 2.1 Introdução .................................................................................................................... 4 2.2 Propriedades do concreto no estado fresco .................................................................. 5 2.3 Propriedades no estado endurecido .............................................................................. 7 2.3.5.1 Fatores que afetam a resistência do concreto ................................................... 13 2.4 Corpos-de-prova cilíndricos....................................................................................... 13 2.4.1 Nivelamento do topo do corpo-de-prova .......................................................... 15 3 2.4.1.1 Sistema de capeamento colado ......................................................................... 16 2.4.1.2 Sistema de capeamento não colado .................................................................. 18 2.4.1.3 Sistema de desgaste mecânico .......................................................................... 19 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................. 22 3.1 Característica dos materiais e equipamentos ............................................................. 22 3.2 Método ....................................................................................................................... 23 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 26 4.1 Grupo de 20 MPa ....................................................................................................... 26 4.2 Grupo de 30 MPa ....................................................................................................... 28 4.3 Grupo de 40 MPa ....................................................................................................... 29 4.4 Resultados gerais ....................................................................................................... 31 5 CONCLUSÕES ................................................................................................................ 33 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................................34 ANEXOS..................................................................................................................................36 1 1 INTRODUÇÃO O concreto é uma rocha artificial, fabricada pelo homem, e por isso pode ser estudado e melhorado ou direcionada suas propriedades para a finalidade que este tenha, como por exemplo, o uso para estruturas submersas no mar ou pistas de rolagem para tráfego de veículos. Existe registro do uso do concreto simples ou primitivo na pavimentação de estradas no Império Romano. Este concreto era constituído de cal hidratado e argila pozolânica, bem diferente do concreto atual. Esta diferença se dar principalmente devido aos estudos desenvolvidos no inicio do século XX (HELENE & ANDRADE, 2010). A indústria da construção civil responde por 16% do PIB Brasileiro e empregando aproximadamente 2,95 milhões de trabalhadores com carteira assinada (IBGE, 2001), desta feita esta indústria é extremamente importante para a economia do país, fato compartilhado com outras nações. E o concreto por sua vez é o material mais consumido por esse setor da economia, assim o estudo deste material não se faz necessário apenas para se garantir uma maior segurança e desempenho de estruturas de concreto, mas se faz extremamente necessário para o desenvolvimento de País. Atualmente também tem se desenvolvido estudos envolvendo o concreto por apelo ambiental, utilizando na sua composição, por exemplo, resíduo de construção e demolição. Para muitas nações o conhecimento das capacidades e características do concreto é algo estratégico, como é o desenvolvimento da saúde e biotecnologia. Isso é comprovado quando é comparado o nível de investimento nestes setores. Só no Brasil existem cerca de 130 centros de pesquisa e desenvolvimento em concreto (HELENE & ANDRADE, 2010). Mas apenas o estudo do concreto, suas características e constituintes em laboratório, não são suficientes para oferecer segurança e economia no processo de fabricação e utilização deste material O principal responsável desde a coleta de agregados até o lançamento do concreto em fôrmas para a confecção de estruturas é o Homem. E é este o elemento mais propenso a falhar durante o processo de produção de estruturas de concreto. 2 Assim, com a finalidade de minimizar grandes problemas, vários textos técnicos e normas são publicados para nortear da fabricação ao uso do concreto. Antes de se realizar o lançamento do concreto, ou seja, quando este se apresenta no seu estado fluido, são realizados ensaios que verifica a qualidade deste para a sua aplicação. Já para o concreto no seu estado endurecido é verificado outras características como sua resistência a compressão ou a tração. A qualidade do concreto pode variar por vários fatores, como por exemplo, a qualidade dos agregados, a mistura ou cura do concreto (NEVILLE, 1997). Entretanto, só é feita em geral a verificação da qualidade final do concreto, quando este está no seu estado endurecido, através do ensaio de compressão uniaxial para a verificação da resistência que aquele apresenta. O procedimento de coleta, moldagem da amostra e realização do ensaio são feitos de acordo com as normas que baliza cada procedimento. No entanto, na prática surgem várias dificuldades que as normas não apresentam. O ensaio de compressão axial para a verificação da resistência do concreto também possui alguns detalhes, que caso não seja atendidas podem alterar os resultados dos ensaios. Um exemplo disso é o cuidado com as faces do corpo-de-prova, que é necessário que elas estejam niveladas e lisas para que não haja concentração de tensão e consequentemente não haja divergência entre a resistência real e a apresentada após o ensaio de compressão (BEZERRA, 2007). A norma NBR 5739 (ABNT, 2007) que norteia o procedimento para a realização do ensaio de compressão axial, cita técnicas para se fazer o nivelamento das superfícies, entretanto ainda não se sabe o que cada técnica pode influenciar no resultado dos ensaios, majorando ou minorando a resistência dos corpos-de-prova. 1.1 1.1.1 Objetivos Objetivo geral Avaliar a influência do tipo de técnica de nivelamento de corpo-de-prova, com diferentes níveis resistências, no resultado do ensaio de compressão uniaxial segundo a NBR 5739 (ABNT, 2007). 3 1.1.2 Objetivo específico • Avaliar a influência da técnica de nivelamento do corpo-de-prova com uso do enxofre nos resultados de ensaio de resistência à compressão em corpos-deprova cilíndricos de concreto. • Avaliar a influência da técnica de nivelamento do corpo-de-prova com uso de borracha de neoprene nos resultados de ensaio de resistência à compressão em corpos-de-prova cilíndricos de concreto. • Avaliar a influência da técnica de nivelamento do corpo-de-prova com uso da técnica de desgaste mecânico da superfície nos resultados de ensaio de resistência à compressão em corpos-de-prova cilíndricos de concreto. • Determinar qual técnica é mais indicada para concreto com fck igual a 20MPa, 30MPa e 40MPa. 1.2 Estrutura do trabalho Este trabalho se divide em cinco capítulos. No capítulo um é apresentado o tema com uma contextualização breve do problema e objetivos. No capítulo dois é realizada uma fundamentação teórica por meio de uma revisão bibliográfica de textos técnicos, livros e normas que norteia o tema. No capitulo três são apresentados os materiais e os principais equipamentos utilizados durante a pesquisa. Também neste capítulo é apresentado o método de pesquisa utilizado para alcançar os objetivos iniciais. No capítulo quarto são apresentados os resultados obtidos durante os ensaios e é feita uma discussão sobre os mesmos. Por fim, no capítulo cinco são apresentadas as conclusões obtidas durante todo o estudo. 4 2 2.1 CONCRETO Introdução O concreto é sem dúvida o material mais usado na construção civil, sendo consumido anualmente no mundo cerca de 11 bilhões de toneladas (MEHTA & MONTEIRO, 2008). Por que o concreto se tornou um material tão usado atualmente, uma vez que existem outros materiais com maiores resistências, como por exemplo, o aço? Existem várias resposta para esta pergunta. Uma delas é o fato do concreto ser resistente à penetração da água, característica esta que não é encontrada no aço ou na madeira. Outra razão para a popularização do concreto é que este é normalmente o material mais barato e facilmente difundido nos canteiros de obra (MEHTA & MONTEIRO, 2008), não requerendo uma mão-de-obra especializada para o seu manuseio e aplicação. O concreto é um material composto por agregados dispersos em uma pasta de aglomerante (HELENE & ANDRADE, 2010). Em geral, três quartos do seu volume são constituídos de agregados (NEVILLE, 1997), estes que são facilmente encontrados, fato que potencializa a produção do concreto. Atualmente é comum, também, a utilização de aditivos que potencialize algumas propriedades do concreto como, por exemplo, sua plasticidade. À princípio, os agregados eram vistos como uma forma de se economizar na produção do concreto por apresentar um valor econômico bem inferior ao do cimento. No entanto, pode-se adotar o agregado como um material de construção ligado a uma pasta de cimento e que influi diretamente na característica do concreto uma vez que o agregado não é inerte na exatidão da palavra e suas propriedades físicas, térmicas e, às vezes, também químicas tem influência no desempenho do concreto (NEVILLE, 1997). Enfim, são diversas as características dos agregados que influem diretamente nas propriedades do concreto, como por exemplo, a composição granulométrica, absorção de água, resistência à compressão e módulo de elasticidade da rocha. Mas, sem dúvida, o constituinte que mais influi na qualidade do concreto é o cimento. A NBR 11578 (ABNT, 1991) define o cimento Portland como um aglomerante hidráulico produzido pela moagem do clínquer ao qual se adiciona a quantidade necessária de um ou mais formas de sulfato de cálcio. Durante a moagem é 5 permitido adicionar a esta mistura materiais pozolânicos, escórias granuladas de altoforno e/ou materiais carbonáticos. São esses materiais adicionados na mistura de clínquer e sulfato de cálcio que proporcionam as diversas características do cimento. O cimento Portland é dividido de acordo com suas características. Os mais utilizados no Brasil são o cimento Portland comum ou cimento Portland puro, identificado por CP I, cimento Portland composto, identificado por CP II, e este apresentando três subdivisões, CP II – E, CP II – Z e CP II – F. Há outro tipo de cimento denominando de alto-forno que apresenta, adicionado ao clínquer moído escórias de alto-forno, e é identificado por CP – III. O cimento Portland pozolânico, que apresenta na sua composição materiais pozolânicos é denominado de CP – IV. Existe também o cimento indicado para fornecer altas resistências iniciais, sendo identificado por CP V – ARI. Outro elemento fundamental para a fabricação de um concreto de qualidade é a água. Ela é a responsável pela hidratação do cimento e o surgimento da pasta cimentante que envolverá os agregados. É importante salientar que a água de amassamento está diretamente ligada à qualidade e durabilidade do concreto, pois quando esta for utilizada em excesso os agregados podem se separar levando a segregação do concreto, dependendo do volume de água utilizado. Ao contrario, se a mistura tiver pouca água, esta não será suficiente para a hidratação do cimento. 2.2 Propriedades do concreto no estado fresco Qualquer problema que o concreto apresente no seu estado fresco, como perda da trabalhabilidade, antes ou depois do seu lançamento, segregação ou exsudação, pode afetar de forma permanente na funcionalidade da estrutura. A trabalhabilidade do concreto é uma característica do seu estado fresco que está diretamente ligada à sua plasticidade. E é essa trabalhabilidade que determina a facilidade e a homogeneidade com a qual o concreto pode ser misturado, lançado, adensado e acabado. Os fatores que podem influenciar na trabalhabilidade do concreto são: • Condições ambientais: a reação química entre o cimento e a água de amassamento é exotérmica, ou seja, libera calor. Este calor faz com 6 que a água evapore e o concreto se torne menos trabalhável. A temperatura ambiente afeta diretamente esse processo, acelerando ou retardando na evaporação da água; • A forma e dimensão das partículas: quanto mais arredondados e menores forem os grãos dos agregados, mais trabalhável será o concreto; • Aditivos: atualmente são utilizados, nos concretos, modernos aditivos plastificantes e retardadores de pega, o que melhoram a trabalhabilidade e alongam o tempo de fluidez do concreto. Durante a fabricação é difícil identificar o nível de trabalhabilidade que o concreto apresenta. Na fase de dimensionamento do traço de concreto a ser utilizado em determinada estrutura estima-se a taxa ideal de consistência do concreto, contudo antes da aplicação deste, imediatamente após a produção, faz-se necessário a verificação desta consistência por meio do ensaio de abatimento de tronco de cone ou slump test pela NBR NM 67 (ABNT, 1998). A figura 2.1 apresenta um ensaio de abatimento de tronco de cone, no qual é verificado o quando o concreto que foi moldado no tronco de cone metálico foi deformado após sua desmoldagem. Figura 2.1 – Ensaio de Abatimento de tronco de cone ou Slump Test. 7 2.3 Propriedades no estado endurecido A busca por concretos com melhores desempenhos cresce constantemente, uma vez que se busca a máxima eficiência das estruturas, como por exemplo, com a utilização de vigas cada vez mais extensas e pilares mais delgados. Existem diversos parâmetros para se comprovar a qualidade do concreto, como por exemplo, a resistência à tração, a retração hidráulica, a absorção de água, a resistência à compressão, dentre outras. A seguir têm-se algumas considerações sobre tais parâmetros. 2.3.1 Resistência à tração O concreto resiste mal à tração, apresentando cerca de 8% a 15% da resistência à compressão (MEHTA & MONTEIRO, 2008). Por isso, esta propriedade geralmente não é utilizada pelos engenheiros calculistas ao desenvolver estruturas em concreto armado, deixando a solicitação de tração absorvida exclusivamente pela armação metálica. Entretanto, a determinação da carga em que o concreto inicia sua fissuração é muito importante ser identificada, uma vez que esta fissuração pode acelerar o processo de corrosão da armadura, fato que pode comprometer a estabilidade e segurança da estrutura (CARVALHO & FIGUEIREDO, 2009). Para a determinação da tração do concreto, existem três tipos básicos de ensaios: flexo-tração, compressão diametral ou tração indireta e tração direta. 2.3.1.1 Flexo-tração A determinação da resistência à tração na flexão é realizada em corpos-deprova prismáticos de 150x150x500mm, apoiados em um vão de 450mm, de acordo com a NBR 12142 (ABNT, 2010) e apresentado na Figura 2.2. Além do modo de se aplicar as cargas, o tipo de agregado e a umidade do concreto no momento do ensaio influencia a resistência à tração na flexão. (NEVILLE, 1997). 8 Figura 2.2 – Aplicação de carga no ensaio de flexo-tração. A norma que baliza este método de ensaio identifica diversas formas de ruptura do corpo-de-prova e para cada um dos tipos é apresentada uma expressão para o cálculo da resistência a tração. A Expressão 2.1 apresenta a determinação da resistência à tração quando a ruptura ocorre no terço médio da distância entre os elementos de apoio, já a Expressão 2.2 apresenta o modo de determinar esta resistência quando a ruptura ocorre fora deste terço médio. = (2.1) Onde p é a carga aplicada em N, l é a distância entre cutelos de suporte em mm, b é a largura média do corpo-de-prova na seção de ruptura e d é a altura média do corpo-de-prova na seção de ruptura em mm. = (2.2) Onde a é a distância média entre a linha de ruptura na face tracionada e a linha correspondente ao apoio mais próximo. 2.3.1.2 Compressão diametral O ensaio de compressão diametral, também conhecido como Ensaio Brasileiro de Resistência a Tração, é realizado em corpos-de-prova cilíndricos de concreto de dimensões 10x20cm. 9 A resistência a tração pura é, aproximadamente, 85% da resistência por compressão diametral e 60% da resistência obtida pelo ensaio de flexo-tração (CARVALHO & FIGUEIREDO, 2009). O ensaio de tração indireta é realizado de acordo com a NBR 7222 (ABNT, 2011). Este ensaio consiste na aplicação de carga ao longo da geratriz do corpo-deprova com o auxilio de duas tiras de chapas duras de fibra de madeira, conforme essas são especificadas na NBR ;10024 (ABNT, 1987). A Figura 2.3 apresenta o modo de aplicação das cargas no ensaio de compressão diametral. Figura 2.3 - Apresentação do ensaio de compressão diametral. A NBR 7222 (ABNT, 2011) apresenta as expressões necessárias para a identificação da resistência a tração do concreto pelo Ensaio Brasileiro de Resistência a Tração e esta é apresentada na Expressão 2.3. = (2.3) Onde, F é a carga máxima em kN, d é o diâmetro do corpo-de-prova em mm e L é a altura do corpo-de-prova em mm. 2.3.1.3 Tração direta O ensaio de tração direta apresenta dificuldades de realização devido a forma de aplicação das cargas (CARVALHO & FIGUEIREDO, 2009), como pode ser visto na figura 2.4. 10 Figura 2.4 – Ensaio de tração direta. Este ensaio consiste na aplicação de cargas nas extremidades do corpo-deprova até a ruptura do mesmo. O ensaio se torna menos aplicável devido ao fato de ao se aplicar as cargas pode haver um desgaste excessivo das bases do corpo-de-prova onde são aplicadas as tensões, comprometendo assim o ensaio. O resultado do ensaio de tração direta é dado pela divisão da força de rompimento do corpo-de-prova pela área de sua base. 2.3.2 Retração hidráulica A perda de água do concreto causa a retração hidráulica, ou seja, deformação volumétrica do concreto. A variação de volume do concreto ao secar não é igual ao volume de água retirada. A perda de água livre causa pouca ou nenhuma retração. Com a continuação da secagem, a água absorvida é removida e nesse estágio a variação de volume da pasta de cimento hidratada é igual à perda de uma camada de água com espessura de uma molécula (NEVILLE, 1997). Os fatores que influenciam a retração hidráulica do concreto são a umidade do ar, a dimensão da peça e o fator água/cimento. A umidade do ar influencia naturalmente na evaporação da água: quanto menor for esta umidade maior será a perda de água por evaporação. Assim, para se minimizar o efeito da retração hidráulica devido a evaporação de água, é necessária a realização de um processo de cura no concreto durante os sete dias iniciais, após a produção para que a água utilizada na cura impeça que haja perda de água do seu interior. A retração do concreto ocorre de forma proporcional para concretos com relação água/cimento entre 0,2 e 0,6. Para valores maiores que 0,6, a água pode ser removida por secagem sem retração, como afirma Brooks (1989) apud Neville (1997). Já em peças de concreto com dimensões elevadas, só a cura não é suficiente, sendo necessário subdividi-la visando diminuir suas dimensões, através de juntas. 11 O cuidado com a retração hidráulica deve sempre existir, pois esta pode ocasionar o aparecimento de fissuras que podem danificar a estrutura de concreto. 2.3.3 Absorção de água A absorção de água no concreto é a medida para se estimar o volume de vazios no interior da estrutura. Entretanto, não existe uma relação exata entre a quantidade de vazios e a quantidade de água que pode ser penetrada no concreto. A NBR 9778 (ABNT, 2009) determina o índice de absorção do concreto por meio de um ensaio que consiste na secagem do corpo-de-prova até a estabilização da sua massa. Após, satura-se o corpo-de-prova por meio de imersão do mesmo em água. A diferença entre as massas antes e depois da saturação é a quantidade de água absorvida. Entretanto, Neville (1997) afirma que a absorção não pode ser usada como uma medida de qualidade do concreto, mas este também afirma que a maioria dos bons concretos apresentam uma absorção bem inferior à 10%, em massa. 2.3.4 Módulo de elasticidade A determinação do comportamento de como o concreto reage à aplicação de tensões é extremamente necessária para os engenheiros projetistas para que estes possam projetar estruturas com mais eficiência e segurança. O concreto apresenta características elásticas, ou seja, a estrutura retorna à suas dimensões iniciais após a retirada da carga (CARVALHO & FIGUEIREDO, 2009). Entretanto, essa afirmativa é válida até certo limite. Assim, se faz necessário o conhecimento do módulo de elasticidade, para que assim sejam atendidas as exigências do projeto estrutural. Usualmente, o módulo de elasticidade é determinado de forma empírica pela Expressão 2.4, conforme a NBR 6118 (ABNT, 2007). = 5600 √ Onde, fck é a resistência obtida no concreto estudado. (2.4) 12 De forma experimental o módulo de elasticidade à compressão é determinado por meio de ensaios realizados em corpos-de-prova cilíndricos, conforme prescrições da NBR 8522 (ABNT, 2008). O procedimento experimental necessita de um prévio tratamento das bases dos corpos-de-prova. Após esse tratamento, o corpo-de-prova é submetido a sucessivas fases de carregamento e descarregamento para que seja possível medir o nível de deformação que este suporta e, onsequentemente, determinar o seu módulo de elasticidade. 2.3.5 Resistência à compressão axial No concreto, a resistência é relacionada com a tensão requerida para causar a fratura e é sinônimo do grau de ruptura no qual a tensão aplicada alcança o seu valor máximo (Mehta & Monteiro, 2008). A determinação da resistência a compressão é em geral feita por meio de um ensaio destrutivo realizado em corpos-de-prova cilíndricos, como sugere a NBR 5739 (ANBT, 2007). Como foi visto, existem vários parâmetros para a determinação da qualidade do concreto, entretanto, a resistência à compressão é a mais usual, uma vez que ela dá uma idéia geral de como o concreto se apresenta. Esta propriedade está diretamente relacionada com a estrutura da pasta de cimento hidratado (NEVILLE, 1997), além de que esta propriedade pode ser facilmente determinada através de ensaios destrutivos de compressão uniaxial em pequenas amostras. Entretanto, existem vários fatores que podem influenciar no resultado do ensaio de compressão axial, e assim mascarar a resistência do concreto, pois a resposta do concreto às tensões aplicadas não dependem somente do tipo de solicitação, mas também de como a combinação de vários fatores afeta a porosidade dos diferentes componentes estruturais do concreto (MEHTA & MONTEIRO, 1994). 13 2.3.5.1 Fatores que afetam a resistência do concreto Ao se determinar a resistência do concreto, como recomenda a NBR 5739 (ABNT, 2007), vários fatores podem afetar o resultado do ensaio. Já na composição do concreto, existem vários elementos que podem afetar na resistência deste, tais como: • a granulometria dos agregados, que podem apresentar um volume de vazio maior caso a granulometria seja contínua, aumentando assim a fragilidade do concreto; • porosidade dos agregados, que pode afetar o esqueleto granular do concreto; • o tipo de cimento pode variar a resistência, ou pode acelerar ou retardar a obtenção da resistência requerida. Enfim, estruturalmente pode-se constatar que existem vários fatores que podem interferir na qualidade do concreto. Quando se analisa as atividades de confecção dos corpos-de-prova, a cura e o ensaio de compressão em si, também são vistos diversos fatores que podem comprometer o resultado dos ensaios e assim a resistência das amostras. A seguir temse algumas considerações sobre os corpos-de-prova cilíndricos. 2.4 Corpos-de-prova cilíndricos A NBR 5738 (ABNT, 2008) faz recomendações para a confecção dos corpos-de-prova: • O molde deve ter altura igual ao dobro do diâmetro. Os diâmetros devem ser de 10cm, 15cm, 20cm, 25cm, 30cm ou 45cm. As medidas diametrais têm tolerância de 1% e a altura de 2%. Os planos das bordas circulares extremas do molde devem ser perpendiculares ao eixo longitudinal do molde; 14 • As laterais e a base do molde devem ser de aço ou outro material não absorvente, que não reaja com o cimento Portland, e suficientemente rígido para manter sua forma durante a operação de moldagem. O molde deve ser aberto em seu extremo superior e permitir fácil desmoldagem, sem danificar os corpos-de-prova. A base, colocada no extremo inferior do molde, deve ser rígida e plana, com tolerância de nivelamento plano de 0,05mm; • O conjunto constituído pelo molde e sua base deve ser estanque. Quando as juntas não forem estanques, devem ser vedadas com um material de características adequadas que não reaja com o cimento Portland, para evitar perda de água; • Não devem ser aceitos moldes com geratrizes abertas desencontradas. Para evitar esse problema, os moldes podem ter um dispositivo que evite o desencontro das geratrizes abertas; • Periodicamente, dependendo das condições e frequência de uso dos moldes, ou sempre que se verificar alguma anomalia deve ser realizado um controle geométrico, sendo verificadas as dimensões, com exatidão de 0,1mm, e as condições de perpendicularidade e planeza das laterais e bases dos moldes, respectivamente, com exatidão de 0,05mm. Entretanto, apesar de todas essas recomendações, vários são os defeitos que ocorrem nos corpos-de-prova, podendo diminuir a sua resistência final. Muitos desses defeitos são originados na moldagem e alguns dificilmente são corrigidos. Como exemplo pode-se citar as falhas de adensamento que geram grandes vazios no concreto. Estas, quando aparentes, podem ser corrigidas serrando-se a parte do cilindro defeituosa, o que exigirá uma posterior correção (por estimativa) do resultado, porém, quando internas, as falhas dificilmente serão corrigidas e a avaliação do concreto será prejudicada (RUDUIT, 2006). Outro item que frequentemente pode gerar erros no ensaio de compressão axial é a falta de ortogonalidade entre a superfície dos topos e a geratriz do corpo-de- 15 prova, como é recomendado na NBR 5739 (ABNT, 2007). A falta dessa ortogonalidade acarretará concentração de tensões em uma pequena região da peça, levando-a ao colapso de forma precoce. Para que ocorra a distribuição uniforme das tensões nos corpos-de-prova cilíndrico é necessário que as superfícies sejam planas e sem vazios, pois até pequenas irregularidades na superfície já é suficiente para provocar excentricidade pelo carregamento não uniforme e, consequentemente, uma diminuição da resistência final (BEZERRA, 2007). Isso em geral não é possível, devido a vários fatores: a falta de técnica do responsável pela moldagem do corpo-de-prova ou até mesmo pela retração natural do concreto. Assim, faz-se necessário a utilização de técnicas que proporcionem o nivelamento da superfície, sem comprometer a resistência final da amostra. Esses nivelamentos dos topos dos corpos-de-prova são feitos por meio de diversas técnicas, como por exemplo, o capeamento com enxofre ou até mesmo o corte da superfície de forma a mantê-la lisa e nivelada. 2.4.1 Nivelamento do topo do corpo-de-prova Quando é feito o ensaio de resistência à compressão, a superfície do corpo- de-prova entra em contato com o prato da prensa e, como não foi moldado com uma superfície usinada, mas sim acabada com uma desempenadeira ou colher de pedreiro, essa superfície é um tanto irregular e não perfeitamente plana. Nessas circunstâncias, surgem concentrações de tensões e a resistência aparente do concreto é diminuída (NEVILLE, 1997). Assim, faz-se necessário um tratamento prévio das superfícies do corpo-de-prova. Segundo BEZERRA (2007), existem basicamente três sistemas de regularização das bases dos corpos-de-prova: o sistema de capeamento colado, o sistema de capeamento não colado e o sistema de desgaste mecânico. 16 2.4.1.1 Sistema de capeamento colado O sistema de capeamento colado consiste no uso de materiais que formam uma camada regular que adere, fisicamente ou quimicamente, à superfície da base do corpo-de-prova (BEZERRA, 2007). A NBR 5738 (ABNT, 2008) define o capeamento como sendo uma fina camada de material apropriado que atenda as seguintes características: aderência ao corpo-de-prova, compatibilidade química com o concreto, fluidez no momento de sua aplicação, acabamento liso e plano após o endurecimento e resistência à compressão compatível com os valores obtidos no concreto. A referida norma também faz recomendações ao modo de ser executado o capeamento: • deve ser utilizado um dispositivo auxiliar, denominando capeador, que garanta a perpendicularidade da superfície obtida com a geratriz do corpo-de-prova; • a superfície resultante deve ser lisa, isenta de risco ou vazio e não ter falha de planicidade superiores a 0,05mm em qualquer ponto; • a espessura da camada de capeamento não deve exceder 3mm em cada topo. Dentre as técnicas de capeamento colado, as que são recomendadas pela NBR 5738 (ABNT, 2008) são o arremate com pasta de cimento e a utilização do enxofre fundido. O uso do enxofre como material de capeamento tem como vantagens o endurecimento rápido, alta produtividade no tocante a número de unidades capeadas em um determinado período de tempo, boa aderência e elevada resistência à compressão às primeiras horas de idade (BUCHER & RODRIGUES FILHO, 1983 apud BEZERRA, 2007). A NBR NM 77 (ABNT, 1996) recomenda que a argamassa de enxofre utilizada tenha em sua composição 75% de enxofre, 5% de grafite e 20% de material inerte, todos estes tendo uma granulometria que passe na peneira 150µm. É recomendado também que a resistência da argamassa de enxofre seja superior a 34,5MPa, 2hs após a moldagem. 17 Apesar das grandes vantagens de se utilizar o enxofre fundido para o nivelamento de corpo-de-prova seu uso deve ser controlado, pois a fusão do enxofre acarreta a liberação de gás sulfídrico, quando contaminado com materiais como parafina e óleos. A combinação deste gás com a água e o oxigênio forma o ácido sulfúrico material altamente prejudicial a saúde humana (BARBOSA et al, 2009). A Figura 2.5 mostra o processo de capeamento da superfície com enxofre e a Figura 2.6 mostra como a superfície fica após ser capeada. Figura 2.5 – Capeamento de corpo-de-prova com enxofre fundido. 18 Figura 2.6 – Superfície do corpo-de-prova após ser capeada com enxofre. 2.4.1.2 Sistema de capeamento não colado O sistema não colado caracteriza-se pela utilização de um material como almofada para as bases do corpo-de-prova, podendo este material estar confinado ou não (BARBOSA et al, 2009). O material mais utilizado para isso é o elastômero tipo neoprene. Ruduit (2006) afirma que a utilização de neoprene com reforço metálico nos ensaios de compressão axial apresenta resultados similares aos obtidos com capeamento de enxofre. Entretanto, aquele também afirma que esse tipo de capeamento nem sempre é utilizado, devido ao alto valor dos elastômeros e o cuidado que se deve ter para conservá-lo. A figura 2.7 apresenta o ensaio de compressão axial utilizando o neoprene para o nivelamento das bases do corpo-de-prova. 19 Figura 2.7 – Ensaio de compressão axial utilizando neoprene. Na Tabela 2.1 são apresentadas algumas características da borracha de neoprene e suas faixas de resistências recomendada. Tabela 2.1 – Características da borracha de neoprene. FONTE: (BARBOSA et al, 2009) Resiência à Compressão do corpo-de-prova (Mpa) Dureza Shore A Teste de Qualidade Número Máximo de Reuso 10 a 40 17 a 50 28 a 50 50 a 80 Acima de 80 50 60 70 70 - Não Não Não Necessário Não Permitido 100 100 100 50 - 2.4.1.3 Sistema de desgaste mecânico O nivelamento dos topos dos corpos-de-prova através do processo de desgaste mecânico consiste na remoção de uma fina camada nas extremidades da peça, por meio de lâminas diamantadas, como em uma retificadora. O método de desgaste das superfícies do corpo-de-prova é teoricamente o que fornece os resultados mais confiáveis, uma vez que o corpo-de-prova entra em contato diretamente com os pratos da prensa, sem a interferência de nenhum outro material, como o enxofre ou neoprene. 20 No entanto, este procedimento é pouco utilizado, por produzir uma grande quantidade de pó devido ao desgaste da peça, e elevado ruído, além da máquina para a execução deste procedimento apresentar um elevado custo, o que dificulta a difusão desta técnica. É relevante ressaltar que a retificação implica na aplicação de uma prétensão ao concreto, o que pode diminuir sua resistência final, principalmente nas primeiras idades da amostra (PEDROZO et al, 2004). A figura 2.8 apresenta o processo de desgaste das superfícies, já a figura 2.9 apresenta a superfície nivelada. Figura 2.8 – Processo de desgaste da superfície do corpo-de-prova. 21 Figura 2.9 – Superfície do corpo-de-prova após ser retificado. 22 3 3.1 MATERIAIS E MÉTODOS Característica dos materiais e equipamentos Neste estudo foi utilizado o cimento Porthand CP II Z 32 RS devido este ser o mais comercializado na cidade de Fortaleza/CE. Os agregados utilizados foram a areia de rio lavada e a rocha calcária britada. As características de ambos os materiais estão apresentados nas tabelas 3.1 e no gráfico 3.1, onde é apresentada a distribuição granulométrica dos agregados. Tabela 3.1 – Característica física dos agregados Característica Areia Brita D.M.C (mm) Módulo de Finura Massa Específica (Kg/dm³) 4,8 2,43 2,55 25 7,43 2,6 100 90 80 70 60 50 40 30 Areia Brita 20 10 0 Gráfico 3.1 – Distribuição granulométrica dos agregados Para a realização dos nivelamentos das bases dos corpos-de-prova foram usados enxofre e borrachas de neoprene de dimensões de 10 cm de diâmetro e dureza de 70 SH, como é apresentado na Tabela 2.1. Os equipamentos utilizados neste trabalho foram um prensa hidráulicaelétrica com capacidade de carga de 100kN apresentada na Figura 3.1 e uma retifica com serra diamantada apresentada na Figura 3.2. 23 Figura 3.1 – Prensa hidráulica-elétrica com 100kN de capacidade de carga. Figura 3.2 – Retífica com lâmina diamantada. 3.2 Método Para a realização deste estudo comparativo foram moldados corpos-de- prova de concreto com três grupos de resistências (20MPa, 30MPa e 40MPa), para a realização da análise da influência do tipo de nivelamento de corpo-de-prova em diversas faixas de resistência. 24 Para a produção do concreto, usou-se o método do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) para a determinação dos traços a serem utilizados. A Tabela 3.2 apresenta os traços unitários adotados para cada grupo de concreto. Tabela 3.2 – Traços unitários adotados em massa Grupo 20 MPa 30 MPa 40 MPa Cimento 1 1 1 Traço em massa Areia Brita 2,93 3,04 2,03 2,31 1,15 1,59 a/c 0,63 0,48 0,33 Para cada grupo de resistência de concreto foram moldados 60 corpos-deprova cilíndricos com dimensões (10x20)cm, gerando um total de 180 amostras analisadas e utilizando o método do adensamento manual em duas camadas e a cura, durante os 28 dias de idade dos concretos, em tanque com água, como recomenda a NBR 5738 (ABNT, 2008). A figura 3.3 apresenta uma família de corpos-de-prova. Figura 3.3 – Família de corpos-de-prova de concreto com 20 MPa. Posteriormente, para cada família de concreto foi realizado ensaio destrutivo de compressão uniaxial de acordo com a NBR 5739 (ABNT, 2007), utilizando em cada família um total de 20 corpos-de-prova com suas superfícies niveladas com enxofre fundido, 20 corpos-de-prova tendo suas superfícies niveladas com borrachas de neoprene e outros 20 corpos-de-prova tendo suas superfícies 25 retificadas, todos os ensaios foram realizados em corpos-de-prova com 28 dias de idade. Após os ensaios, foram realizadas análises estatísticas para que fosse possível avaliar o quanto cada método influenciou nos resultados dos ensaios. 26 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Na tabela 4.1 é apresentada a resistência média (fcm), o desvio padrão (S.d.), coeficiente de variação (C.V.) e a resistência característica estimada (fckest.) para cada grupo de concreto. Tabela 4.1 – Dados de análise das amostras 20 MPa Técnica de nivelamento Enxofre Retífica Neoprene fcm S.d. C.V 30 MPa fck est fcm S.d. C.V 40 MPa fck est fcm S.d. C.V fck est 24,20 1,08 0,045 22,41 34,18 1,18 0,034 32,24 40,76 0,76 0,019 39,51 22,23 1,18 0,053 20,28 31,58 1,26 0,040 29,49 41,72 1,19 0,029 39,75 22,72 1,23 0,054 20,69 32,21 1,27 0,039 30,11 43,42 0,89 0,020 41,95 A resistência característica estimada é determinada de acordo com a expressão 4.1. = − 1,65. (4.1) A equação 4.1 foi retirada da NBR 12655 (ABNT, 2006), que orienta quanto à aceitação ou não do concreto de acordo com as resistências obtidas nas amostras e suas dispersões. 4.1 Grupo de 20 MPa Com base nos valores apresentados na Tabela 4.1, pode ser observado que para o grupo de 20 MPa as resistências características estimadas são superiores a resistência característica do grupo. Assim, para todos os tipos de nivelamento de topo de corpo-de-prova, nenhum concreto é rejeitado, como orienta a NBR 12655 (NBR, 2006) e é apresentado na expressão 4.2. ≥ O gráfico 4.1 apresenta a curva normal das amostras de 20 MPa. (4.2) 27 Concreto de 20 MPa 0,40 0,35 0,30 0,25 Enxofre 0,20 Retífica 0,15 Neoprene 0,10 0,05 0,00 Gráfico 4.1 4. – Curva normal para o grupo de 20 MPa. De acordo com o gráfico 4.1 4 pode ser concluído que a amostra capeada com enxofre apresenta uma menor dispersão dos seus resultados. Já na amostra em que foi utilizado neoprene foi observada uma maior variação destes. Já em relação ao desempenho de cada técnica de nivelamento no ensaio de compressão, o nivelamento com enxofre foi o que se demonstrou mais eficiente, pois obteve a maior resistência média e a menor variação nos seus seus resultados. Isso confirma o que foi encontrado trado por Barbosa et al, (2009), e já mencionado anteriormente. Em relação àss médias das resistências obtidas no grupo de 20 MPa foi realizado um teste de variância para que se fosse possível verificar se as amostras apresentam diferença entre elas. elas. Assim, após a verificação da diferença entre as médias através de um teste ANOVA, para um nível de significância de 5%, pode ser afirmado que existe variação entre as amostras. O teste ANOVA é apresentado no anexo B, e seus resultados estão apresentados na Tabela 4.2. Tabela 4.2 – Teste ANOVA para o grupo de 20 MPa FONTE Entre grupos SQ 41,95 GDL 2 Dentro dos grupos (residual) 77,2 57 119,1 59 Total MQ F cal 20,97267 15,48811 F tab 3,21 1,354114 Para determinar se há diferença estatística entre as médias foi feito também um Teste de Duncan. Este é apresentado no anexo B. 28 Com base nos resultados encontrados naquele teste pode ser afirmado que as médias das resistências encontradas são estatisticamente diferentes, ou seja, o tipo de técnica de nivelamento influi diretamente nos resultados do ensaio de compressão axial para concretos com resistência de 20 MPa. 4.2 Grupo de 30 MPa No grupo de 30 MPa apresentado na Tabela 4.1, pode-se observar que as resistências características estimadas dos concretos capeados com enxofre e neoprene apresentaram valores superior a resistência característica do grupo, assim este concreto não é rejeitado de acordo com a expressão (4.2). Entretanto, as amostras niveladas através da retífica apresentaram uma resistência característica estimada inferior à resistência característica do grupo. Assim, de acordo com a NBR 12655 (NBR, 2006) este concreto deveria ser rejeitado. O gráfico 4.2 apresenta a curva normal das amostras de 30 MPa. Gráfico 4.2 – Curva normal para o grupo de 30 MPa. De acordo com o gráfico 4.2 pode ser concluído que a amostra capeada com enxofre apresenta uma menor dispersão dos seus resultados. Entretanto, as dispersões nos resultados das amostras de corpos-de-prova niveladas com neoprene e retífica apresentaram valores muito próximos, como é observado no gráfico 4.2. Em relação às resistências médias obtidas com cada técnica, pode ser constatado que o nivelamento com enxofre manteve-se como o melhor método. Pois 29 permaneceu apresentando a maior média e a menor dispersão em seus resultados. Esta afirmativa é comprovada por Barbosa et al (2009), entretanto é contestada por Bezerra (2007), ao afirma que o neoprene apresenta o melhor desempenho para concretos com resistência em torno de 30 MPa. Para a verificação da variação entre os grupos foi feito teste de variância, ANOVA, que está apresentado no anexo C. Os resultados obtidos com este teste de variância são apresentados na Tabela 4.3. Tabela 4.3 – Teste ANOVA para o grupo de 30 MPa FONTE Entre grupos SQ 73,58 GDL 2 Dentro dos grupos (residual) 87,1 57 160,7 59 Total MQ F cal 36,79177 24,06452 F tab 3,21 1,52888 Com base nos resultados encontrados no teste ANOVA é comprovado que existe variação entre os grupos, entretanto não é possível determinar se essa variação é influenciada pelo tipo de capeamento. Para se fazer esta verificação foi feito um teste de Duncan, apresentado no anexo C, e constatou-se que o tipo de nivelamento influi diretamente nos resultados do ensaio de resistência à compressão axial, ou seja, os valores encontrados se apresentam estatisticamente diferentes. 4.3 Grupo de 40 MPa Já para o grupo de 40 MPa foi observado que as amostras niveladas com enxofre e retífica apresentaram valores de resistência estimada inferior à resistência característica do grupo. Assim, como orienta a NBR 12655 (ABNT, 2006) o concreto que originou essas amostras deveria ser rejeitado. Entretanto, quando as amostras do mesmo concreto foram niveladas com neoprene, a resistência característica estimada apresentou valor superior à resistência característica do grupo, sendo assim, este concreto não deveria ser rejeitado. O gráfico 4.3 apresenta a curva normal das amostras de 40 MPa. 30 Gráfico 4.3 – Curva normal para o grupo de 40 MPa. No gráfico 4.3 pode ser observado que as amostras capeadas com enxofre apresentam uma menor dispersão dos seus resultados, bem próxima da dispersão das amostras niveladas com neoprene. Já as amostras niveladas através da retifica apresentaram a maior dispersão em seus resultados. Os resultados encontrados para este grupo, em que o neoprene apresentou-se como a melhor técnica de nivelamento para corpo-de-prova de concretos com resistências superiores a 40 MPa, é compartilhada com outros autores, como Bezerra (2007) e Pedrozo et al (2004). Estes últimos autores afirmam que para concreto de alto desempenho não é possível fazer seu nivelamento com enxofre, ou seja, à medida que a resistência é aumentada menor é a indicação do uso do enxofre, o que foi constatado nesse estudo. Em relação às médias das resistências obtidas no grupo de 40 MPa foi realizado também um teste de variância para que se fosse possível verificar se há variação entre as amostras. O teste ANOVA para o grupo de 40 MPa é apresentado no anexo D, e seus resultados são mostrados na Tabela 4.4. Tabela 4.4 – Teste ANOVA para o grupo de 40 MPa FONTE Entre grupos SQ 72,58 GDL 2 Dentro dos grupos (residual) 52,8 57 125,4 59 Total MQ F cal 36,29067 39,15369 0,926877 F tab 3,21 31 Com base no teste ANOVA pode-se afirmar que existe variação entre as amostras do grupo de 40 MPa. Entretanto, foi feito também um Teste de Duncan para se comprovar o nível de variação. Assim, de acordo com esse teste é constatado que para o grupo de 40 MPa o tipo de nivelamento também influi diretamente nos resultados do ensaio de compressão axial. 4.4 Resultados gerais O gráfico 4.4 e 4.5 apresenta uma distribuição geral dos resultados obtidos neste estudo. Desvio-padrão (MPa) 1,3 1,2 1,1 enxofre 1 retífica neoprene 0,9 0,8 0,7 20 30 40 fck fc (MPa) Gráfico 4.4 – Desvio-padrão dos grupos 42 40 38 36 34 32 30 28 26 24 22 20 enxofre retífica neoprene 20 30 40 fck Gráfico 4.5 – Resistências médias dos grupos 32 Com base nos gráficos 4.4 e 4.5 pode ser observado o desempenho geral do de cada técnica de nivelamento de base de corpo-de-prova. A variação nos resultados dos ensaios realizados com enxofre se mantém a mais baixa em todos os grupos, e sua resistência característica estimada se mantém maior para os grupos de 20MPa e 30MPa, essa maior resistência nesses dois grupos pode se dar pela resistência que o enxofre apresenta nas suas 2 primeiras horas, tempo que se dá para a realização dos ensaios. A NBR NM 77 (ABNT, 1996) orienta que o enxofre tenha resistência igual a 34,5 MPa nas suas 2hs iniciais. Já para o nivelamento realizado com o auxílio de borracha de neoprene confinada, esta não apresenta resultados satisfatórios para os grupos de resistências características estimadas baixas. Entretanto para o grupo com a maior resistência característica estimada é observado que a borracha de neoprene confinada apresenta desempenho satisfatório. Estes desempenhos encontrados com o uso do neoprene pode ter sido dado pelo uso de uma borracha com dureza de 70 SH, o que de acordo com os dados da tabela 2.1, borrachas com esta dureza é recomendada para corpos-de-prova com resistência entre 28 e 80MPa, sendo mais indicada para concretos com resistências elevadas. O uso da técnica de nivelamento das bases dos corpos-de-prova por sua vez, não se apresentou satisfatória em nenhum grupo. Este fato pode se dar devido a pré tensão que é aplicada ao corpo-de-prova ao se realizar o desgaste dos seus topos, como afirma PEDROZO (2004). O uso desta técnica pode se apresentar satisfatória para concretos de alto desempenho, quando não se tem borrachas de neoprene com dureza compatível com suas resistências, e nem a resistência do enxofre se apresenta satisfatória para esses concretos. 33 5 CONCLUSÕES Com base nos resultados obtidos e analisados pode ser concluído que: a) Para concreto com resistência característica de 20 MPa o tipo de nivelamento influencia significativamente no resultado do ensaio de compressão axial. Foi observado que o nivelamento do topo do corpo-de-prova com enxofre é o mais indicado para concreto com resistência de 20 MPa, pois este tipo de nivelamento apresentou uma menor dispersão nos seus resultados, além de ter apresentado uma maior resistência média. b) Para concreto com resistência característica de 30 MPa o tipo de nivelamento influencia diretamente no ensaio de compressão axial. Com base nos resultados obtidos foi identificado que os corpos-de-prova tendo o enxofre como método de nivelamento é o mais indicado, pois este apresentou maior resistência média e menor dispersão nos seus resultados. c) Já para o concreto com resistência característica de 40 MPa método de nivelamento utilizando borracha de neoprene se apresentou como mais satisfatório, pois este levou a aceitação do concreto de acordo com a NBR 12655 (ABNT, 2006), fato que não foi comprovado com as demais técnicas de nivelamento. Entretanto, o capeamento com enxofre se manteve como o método que apresentou os resultados menos dispersos, ou seja, apresentou os menores desvios padrões. 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5738: Concreto – Procedimento para Moldagem e Cura de Corpos-de-prova. Rio de Janeiro, 2008. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739: Concreto – Ensaio de Compressão de Corpos-de-prova Cilíndricos. Rio de Janeiro, 2007. 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COMITÊ MESRCOSUL DE NORMALIZAÇÃO. NM 77: Concreto – Preparação das Bases dos Corpos-de-prova e Testemunhos Cilíndricos para Ensaio de Compressão. 1996. LARSON, R. e FARBER, B. Estatística Aplicada. 2º Edição, Pearson Prentice Hall, 2007. MEHTA, P. K. e MONTEIRO, P. J. M. Concreto: Estrutura, Propriedade e Materiais. Ed. PINI Ltda, 2008. NEVILLE, A. M. Propriedades do Concreto. Ed. PINI Ltda, 1997. PEDROZO, P. M, SILVEIRA, J. L. e MARSZALECK, C. Estudo Comparativo de Diferentes Métodos de Preparação de Topo de Corpo-de-Prova de Concreto de Alta Resistência para Ensaio à Compressão Axial. Da Vinci, Curitiba, v. 1, n. 1, páginas 73-82, 2004. RUDUIT, F. R. Resistência à Compressão de Amostra de Concreto: Comparação de Resultado entre a Preparação de Topos com Capeamento de Enxofre Derretido e Retificação. 2006. Trabalho de Diplomação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 36 ANEXOS Anexo A – Resultados Gerais. Anexo B – Teste de variância e teste de Duncan para o grupo de 20 MPa. Anexo C – Teste de variância e teste de Duncan para o grupo de 30 MPa. Anexo D – Teste de variância e teste de Duncan para o grupo de 40 MPa. 37 ANEXO A – Resultados Gerais 38 20 MPa 30 MPa 40 MPa ENXOFRE RETIFICA NEOPRENE ENXOFRE RETIFICA NEOPRENE ENXOFRE RETIFICA NEOPRENE 24,8 25,1 25,9 25,9 22,4 24,1 23,9 24,6 23,8 23,4 23,0 22,4 24,8 25,2 25,5 24,6 22,7 24,2 24,3 23,3 21,5 24,8 21,3 21,6 23,7 21,1 22,2 21,4 20,8 23,3 21,7 24,3 21,3 21,0 22,4 21,3 22,1 22,3 22,5 23,9 24,4 21,3 22,8 22,5 22,2 21,3 24,1 24,8 21,1 21,3 22,5 24,3 22,1 22,1 23,7 22,9 23,2 24,6 21,9 21,4 32,3 33,9 34,4 35,3 34,2 35,6 32,9 35,8 35,1 35,3 34,7 35,3 33,1 32,9 33,5 32,6 32,4 33,9 34,8 35,6 31,5 31,7 32,4 29,4 33,2 32,1 30,8 33,6 30,6 33,2 30,7 30,1 30,5 29,4 31,2 32,3 32,0 33,5 31,3 32,1 32,1 30,7 34,0 32,3 32,1 29,9 33,6 32,7 31,1 32,9 30,7 34,8 31,3 31,5 33,3 30,5 32,5 32,9 33,1 32,1 41,2 39,8 38,9 42,3 40,9 41,3 40,5 41,2 39,7 40,8 41,3 40,6 39,9 41,2 40,8 41,0 40,9 41,5 40,3 41,1 41,2 42,3 39,9 40,9 43,7 41,4 42,8 40,9 41,3 41,9 42,1 43,1 40,6 41,4 42,3 41,6 40,9 44,3 39,5 42,3 41,2 44,5 43,9 44,1 44,8 43,1 42,9 43,2 43,9 41,8 42,8 44,1 43,6 42,9 43,8 44,2 43,1 42,8 44,2 43,5 39 ANEXO B – Teste de variância para o grupo de 20 MPa 40 nj Retífica Neoprene Enxofre 21,5 24,4 24,8 24,8 21,3 25,1 21,3 22,8 25,9 21,6 22,5 25,9 23,7 22,2 22,4 21,1 21,3 24,1 22,2 24,1 23,9 21,4 24,8 24,6 20,8 21,1 23,8 23,3 21,3 23,4 21,7 22,5 23,0 24,3 24,3 22,4 21,3 22,1 24,8 21,0 22,1 25,2 22,4 23,7 25,5 21,3 22,9 24,6 22,1 23,2 22,7 22,3 24,6 24,2 22,5 21,9 24,3 23,9 21,4 23,3 20,0 20,0 20,0 ∑x 444,5 454,5 483,9 ∑x² 9905,5 22,2 1,18 10356,2 22,7 1,23 11730,2 24,2 1,08 media s.d Onde nj é o número de amostras, ∑x é o somatório dos resultados de cada amostra, ∑x² é o somatório dos quadrados das amostras. 1. Termo de correlação (C): != "∑x%2 ni onde ni é o número total de amostras. 2. Soma quadrática em torno da média (SQTOTAL) ) = ∑xi2 − C onde ∑xi² é o somatório das três amostras. 41 3. Soma quadrática devido à regressão (SQ entre) ) = "∑x%2 /nj 4. Soma quadrática residual (SQ dentro) )- = ) − ) 5. Grau de liberdade total (GL total) ./ = ∑ni − 1 6. Grau de liberdade entre as amostras (GL entre) ./ = −1 onde k é o número de variáveis. 7. Grau de liberdade da amostra (GL dentro) ./ = ./ − ./ 8. Média quadrática (QM entre) )0 = ) ./ )0 = ) ./ 1 23 = )0 )0 9. Média quadrática (QM dentre) 10. Valor calculado do teste Com base nas equações apresentadas acima e determinando um nível de significância de 5% obtivemos os seguintes resultados: C SQt SQe SQr GLt Gle GLd QMe QMd 31872,62 119,20 41,96 77,24 59,00 2,00 57,00 20,98 1,36 42 Interpolando os valores apresentados na tabela 7 do livro Estatística Aplicada de Larson e Ron página 429 (2007), determina-se que o valor crítico do teste é igual a 3,21. O Fcal obtido foi igual a 15,48. Como o Fcal foi maior do que o valor critico, pode-se concluir que as médias são estatisticamente diferentes. Para a verificação da diferença entre médias é realizado o teste de Duncan: 1. S.d. residual . - .= 40) 456 O limite máximo é igual a três vezes o S.d residual para que não haja diferença entre as médias. (Calcular o desvio-padrão das média) S.d res= 0,15 (Lime de decisão) Ld= 0,45 [22,2 - 22,7] = [22,2 - 24,2] = [22,7 - 24,2] = 0,5 2,0 1,5 "=> diferem estatisticamente "=> diferem estatisticamente "=> diferem estatisticamente Assim, como todas as diferenças entre as médias é maior em módulo do que o limite de decisão, então é constatado que o tipo de nivelamento influi no resultado do ensaio. 43 ANEXO C - Teste de variância para o grupo de 30 MPa 44 nj ∑x ∑x² media s.d Retífica Neoprene Enxofre 31,5 32,1 32,3 31,7 30,7 33,9 32,4 34,0 34,4 29,4 32,3 35,3 33,2 32,1 34,2 32,1 29,9 35,6 30,8 33,6 32,9 33,6 32,7 35,8 30,6 31,1 35,1 33,2 32,9 35,3 30,7 30,7 34,7 30,1 34,8 35,3 30,5 31,3 33,1 29,4 31,5 32,9 31,2 33,3 33,5 32,3 30,5 32,6 32,0 32,5 32,4 33,5 32,9 33,9 31,3 33,1 34,8 32,1 32,1 35,6 20,0 20,0 20,0 631,6 644,1 683,6 19976,3 20773,8 23389,7 31,6 32,2 34,2 1,26 1,27 1,18 Com bases nos dados da tabela acima e com auxilio das expressões apresentadas no anexo b foi obtido os seguintes resultados: C SQt SQe SQr GLt Gle GLd QMe QMd 63978,98 160,73 73,58 87,15 59,00 2,00 57,00 36,79 1,53 Adotando-se o nível de significância de 5% também é obtido o valor critico do teste igual a 3,21. E o valor de Fcal foi igual a 24,06. Da mesma forma do grupo de 45 concreto com 20 MPa, o grupo de 30 MPa apresentam valores de resistências médias estatisticamente diferente. 2. S.d. residual . - .= 40) 456 O limite máximo é igual a três vezes o S.d residual para que não haja diferença entre as médias. (Calcular o desvio-padrão das média) Sdres= 0,16 (Lime de decisão) Ld= 0,48 [31,6 - 32,2] = [31,6 - 34,2] = [32,2 - 34,2] = 0,6 2,5985 1,9735 "=> diferem estatisticamente "=> diferem estatisticamente "=> diferem estatisticamente Assim, como todas as diferenças entre as médias é maior em módulo do que o limite de decisão, então é constatado que o tipo de nivelamento influi no resultado do ensaio. 46 ANEXO D - Teste de variância para o grupo de 40 MPa 47 nj ∑x ∑x² media s.d Retífica Neoprene Enxofre 41,2 41,2 41,2 42,3 44,5 39,8 39,9 43,9 38,9 40,9 44,1 42,3 43,7 44,8 40,9 41,4 43,1 41,3 42,8 42,9 40,5 40,9 43,2 41,2 41,3 43,9 39,7 41,9 41,8 40,8 42,1 42,8 41,3 43,1 44,1 40,6 40,6 43,6 39,9 41,4 42,9 41,2 42,3 43,8 40,8 41,6 44,2 41,0 40,9 43,1 40,9 44,3 42,8 41,5 39,5 44,2 40,3 42,3 43,5 41,1 20,0 20,0 20,0 834,4 868,4 815,2 34838,2 37720,9 33238,4 41,7 43,4 40,8 1,19 0,89 0,76 Com bases nos dados da tabela acima e com auxilio das expressões apresentadas no anexo b foi obtido os seguintes resultados: C SQt SQe SQr GLt Gle GLd QMe QMd 105672,07 125,41 72,58 52,83 59,00 2,00 57,00 36,29 0,93 Adotando-se o nível de significância de 5% também é obtido o valor critico do teste igual a 3,21. E o valor de Fcal foi igual a 39,15. Da mesma forma dos grupos de 48 concreto com 20 MPa e 30 MPa, o grupo de 40 MPa apresentam valores de resistências médias estatisticamente diferente. 3. S.d. residual . - .= 40) 456 O limite máximo é igual a três vezes o S.d residual para que não haja diferença entre as médias. (Calcular o desvio-padrão das média) S.dres= 0,12 (Lime de decisão) Ld= 0,37 [41,7 - 43,4] = [41,7 - 40,8] = [43,4 - 40,7] = 1,7 1,0 2,7 "=> diferem estatisticamente "=> diferem estatisticamente "=> diferem estatisticamente Assim, como todas as diferenças entre as médias é maior em módulo do que o limite de decisão, então é constatado que o tipo de nivelamento influi no resultado do ensaio.