Universidade Federal de Ouro Preto Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas Área de concentração: Bioquímica Estrutural e Fisiológica Ação do antioxidante tempol na hipertensão em ratos com resistência à insulina induzida por frutose e alimentados com dieta rica em sal Waleska Claudia Dornas Amaral Ouro Preto 2013 Waleska Claudia Dornas Amaral Ação do antioxidante tempol na hipertensão em ratos com resistência à insulina induzida por frutose e alimentados com dieta rica em sal Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Ouro Preto, como parte integrante dos requisitos para a obtenção do titulo de Doutor em Ciências Biológicas, área de concentração: Bioquímica Estrutural e Fisiológica. Orientador Dr. Marcelo Eustáquio Silva Laboratório de Nutrição Experimental Ouro Preto NUPEB-UFOP 2013 A485a Amaral, Waleska Claudia Dornas. Ação do antioxidante tempol na hipertensão em ratos com resistência à insulina induzida por frutose e alimentados com dieta rica em sal [manuscrito] / Waleska Claudia Dornas Amaral. - 2014. 118f.: il. color.; tabs.; quadro. Orientador: Prof. Dr. Marcelo Eustáquio Silva. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Instituto de Ciências Exatas e Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas. Área de concentração: Bioquímica Estrutural e Fisiológica. 1. Frutose - Teses. 2. Resistência à insulina - Teses. 3. Reação de oxidaçãoreação - Teses. 4. Hipertensão - Teses. I. Silva, Marcelo Eustáquio. II. Universidade Federal de Ouro Preto. III. Título. CDU: 612.349.8 Catalogação: [email protected] iv Este trabalho foi realizado no Laboratório de Nutrição Experimental da Escola de Nutrição da Universidade Federal de Ouro Preto, com o auxílio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). v Dedicatória A todas as pessoas que ajudaram e que se dedicaram para a realização deste trabalho. vi Agradecimentos Ao meu orientador, Prof. Marcelo Eustáquio Silva, pela oportunidade e confiança. Ao colaborador na pesquisa, Prof. Wanderson Geraldo de Lima. Ao Prof. Rinaldo Cardoso dos Santos, pela ajuda constante. Aos colegas do laboratório que foram imprescindíveis em vários momentos da pesquisa. Ao Laboratório de Bioquímica Metabólica. Ao Laboratório Piloto de Análises Clínicas da Escola de Farmácia. À Profa. Andreia Carvalho Alzamora e Prof. Deoclécio Alves Chianca Júnior por gentilmente disponibilizarem aparelho para medida de pressão arterial durante o estudo. Ao técnico do Laboratório de Nutrição Experimental, Jair Pastor Mota. vii Resumo Dornas WC. Ação do antioxidante tempol na hipertensão em ratos com resistência à insulina induzida por frutose e alimentados com dieta rica em sal. [tese]. Ouro Preto: Universidade Federal de Ouro Preto, 2013. A frutose é um açúcar altamente lipogênico que tem efeitos metabólicos drásticos no fígado e está associado a muitos componentes da síndrome metabólica. No entanto, não se sabe se a hiperinsulinemia desencadeada por frutose dietética, que sensibiliza a pressão sanguínea para a ingestão de sal, causa ou não hipertensão sustentada e se o estresse oxidativo contribui para a regulação da pressão arterial em tais condições. Assim, nesse estudo foi inicialmente avaliado o efeito da dieta com elevado teor de sal em ratos alimentados com suplementação de frutose na água e, em sequência, foi testado se radical superóxido contribui para a elevação da pressão sanguínea nesse modelo. Glicemia e trigliceridemia de jejum foram maiores em ratos alimentados com frutose do que em ratos controle, enquanto que o fígado também diferiu nesses animais, produzindo esteatose. Ratos alimentados com frutose sob dieta rica em sal, reduziram sensibilidade à insulina desenvolvendo hiperinsulinemia, o que levou a aumento dos níveis de sódio sérico. Somado a isso, observouse peroxidação lipídica com diminuição do nível de defesas antioxidantes verificado pela menor atividade das enzimas superóxido dismutase, catalase e diminuição da razão glutationa reduzida/oxidada no fígado. Especificamente, tratamento com frutose não causou uma direta ação hipertensiva, enquanto sobrecarga de sal elevou significativamente pressão arterial sistólica. A magnitude da hipertensão foi associada ao consumo de sal. Porém, ratos tratados associadamente com alto teor de frutose e de sal, mesmo consumindo menos sal que o grupo tratado apenas com sal, apresentaram níveis pressóricos semelhantes de aumento de pressão, podendo-se atribuir um papel contributivo para a frutose na elevação da pressão arterial. Por outro lado, administração do antioxidante tempol, um mimético da superóxido dismutase que é a maior enzima envolvida na remoção do radical superóxido, preveniu o progressivo aumento da resposta pressórica encontrada para ratos alimentados com alto teor de frutose e sal relacionado à melhora de desordem metabólica. Dessa forma, pode-se considerar que o estresse oxidativo contribuiu para as alterações na pressão arterial sistêmica, indicando a participação do radical livre de oxigênio, superóxido, na manutenção da pressão sanguínea no modelo desenvolvido. Palavras-chave: Frutose, resistência à insulina, estresse oxidativo, hipertensão, tempol. viii Abstract Dornas WC. Antioxidant action of tempol on hypertension in rats with insulin resistance induced by fructose and fed high-salt diet. [thesis]. Ouro Preto: Universidade Federal de Ouro Preto, 2013. Fructose is a highly lipogenic sugar that has profound metabolic effects in the liver and is associated with many of the components of metabolic syndrome. However, it is not known whether hyperinsulinemia triggered by dietary fructose, which sensitizes the blood pressure to salt intake, causes sustained hypertension and if oxidative stress contributes to the regulation of arterial pressure in such conditions. So, the current study initially evaluated the effect of a high-salt and fructose-enriched diet in rats, and in sequence whether superoxide radicals contribute to increased blood pressure in this model. Fasting glycemia and triglyceridemia were higher in fructose-fed rats than in control rats, whereas the liver also differed in these animals, generating steatosis. Fructose-fed rats with high-salt diet had reduced insulin sensitivity triggering hyperinsulinemia, which led to increased levels of serum sodium. In addition, lipid peroxidation and decreased antioxidant defenses as verified by the lower activity of superoxide dismutase, catalase, and a lower ratio of reduced/oxidized glutathione in the liver. Specifically, the fructose treatment did not cause a direct hypertensive action, while salt overload significantly elevated systolic blood pressure. The magnitude of hypertension was associated with salt intake. Despite consuming less salt, rats treated with fructose and salt showed a pattern of blood pressure rise similar to those consuming a high-salt diet, which indicates that fructose contributes to the rise in blood pressure. Moreover, administration of the antioxidant tempol, a mimetic of superoxide dismutase, the most commonly involved enzyme in the removal of superoxide radicals, prevented a progressive increase in the hypertensive response in high-fructose and salt-fed rats, associated with the improvement of metabolic disorder. Thus, it is possible that oxidative stress contributed to changes in systemic blood pressure, indicating the involvement of the oxygen free radical, superoxide, in the maintenance of blood pressure in the model developed. Key words: Fructose, insulin resistance, oxidative stress, hypertension, tempol. ix Sumário Introdução ......................................................................................................................................... 1 1- REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................................... 3 1.1 1.1.1 Hipertensão ............................................................................................................... 5 1.1.2 Síndrome Metabólica ................................................................................................ 5 1.2 3- FRUTOSE............................................................................................................................. 6 1.2.1 Frutose na alimentação ............................................................................................. 6 1.2.2 Metabolismo da frutose ............................................................................................ 8 1.2.3 Frutose, lipogênese e resistência à insulina ........................................................... 11 1.2.4 Frutose e hiperuricemia .......................................................................................... 15 1.2.5 Frutose e hipertensão.............................................................................................. 18 1.2.6 Frutose e estresse oxidativo.................................................................................... 21 1.3 2- DOENÇAS CARDIOVASCULARES ........................................................................................ 3 SÓDIO ............................................................................................................................... 24 1.3.1 Sódio na alimentação .............................................................................................. 24 1.3.2 Fisiologia do sódio ................................................................................................... 26 1.3.3 Sódio e homeostase hídrica .................................................................................... 27 1.3.4 Sódio e hipertensão ................................................................................................. 29 1.3.5 Sódio e estresse oxidativo ....................................................................................... 31 OBJETIVOS................................................................................................................................ 34 2.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................................. 34 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................. 34 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................................... 35 3.1 ANIMAIS E TRATAMENTOS ............................................................................................. 35 3.1.1 Protocolo A: Avaliação e padronização do modelo experimental......................... 35 3.1.2 Protocolo B: Efeito do antioxidante tempol em animais alimentados com dieta rica em frutose e sal ................................................................................................................ 36 3.1.3 Dieta ......................................................................................................................... 37 3.1.4 Registro da pressão arterial e da frequência cardíaca por pletismografia ............ 37 3.1.5 Teste oral de tolerância à glicose ............................................................................ 38 3.2 ANÁLISES BIOQUÍMICAS.................................................................................................. 38 3.2.1 Determinação do hematócrito ................................................................................ 38 3.2.2 Contagem diferencial de leucócitos ........................................................................ 39 x 3.2.3 Atividade da paraoxonase-1 ................................................................................... 39 3.2.4 Concentração da insulina e leptina ......................................................................... 39 3.2.5 Determinação de sódio ........................................................................................... 40 3.2.6 Extração da gordura hepática ................................................................................. 40 3.2.7 Oxidação de lipídeos (peroxidação lipídica) pela dosagem das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico .............................................................................................. 40 4- 3.2.8 Atividade da superóxido dismutase........................................................................ 41 3.2.9 Atividade da catalase .............................................................................................. 42 3.2.10 Concentração de glutationa .................................................................................... 42 3.3 AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA ..................................................................................... 44 3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA ...................................................................................................... 44 RESULTADOS ............................................................................................................................ 45 4.1 CARACTERIZAÇÃO DO MODELO EXPERIMENTAL ........................................................... 45 4.1.1 Peso corporal, da gordura abdominal e dos órgãos, ingestão alimentar, indicadores de função hepática e parâmetros metabólicos .................................................. 45 4.1.2 Sódio sérico .............................................................................................................. 47 4.1.3 Células sanguíneas ................................................................................................... 48 4.1.4 Peroxidação lipídica e componentes dos sistemas antioxidantes ......................... 49 4.1.5 Histopatologia hepática .......................................................................................... 52 4.1.6 Pressão arterial sistólica e correlação com consumo de sal .................................. 54 4.2 AÇÃO DO ANTIOXIDANTE TEMPOL ................................................................................. 55 4.2.1 Ganho de peso, de gordura abdominal e ingestão alimentar ............................... 55 4.2.2 Hematócrito, proteínas e glicose plasmática ......................................................... 55 4.2.3 Perfil lipídico, índice aterogênico e atividade da paraoxonase-1 .......................... 56 4.2.4 Peso relativo do fígado e parâmetros de função hepática .................................... 57 4.2.5 Peso relativo dos rins e produtos de degradação metabólica ............................... 57 4.2.6 Resposta pressórica e relação com peroxidação lipídica ....................................... 58 4.2.7 Correlação entre pressão arterial média e parâmetros sanguíneos...................... 60 5- DISCUSSÃO ............................................................................................................................... 61 6- CONCLUSÕES ............................................................................................................................ 77 Referências Bibliográficas ............................................................................................................... 78 Anexos............................................................................................................................................ 102 xi Lista de Abreviaturas, Siglas e Símbolos A ADH hormônio antidiurético AGL ácido graxo livre ALT alanina aminotransferase ALP fosfatase alcalina AMP monofosfato de adenosina ANG I angiotensina I ANG II angiotensina II ANP peptídeo natriurético atrial ATP trifosfato de adenosina APO-B apolipoproteína B AST aspartato aminotransferase AVE acidente vascular encefálico B BH2 diidrobiopterina BH4 tetrahidrobiopterina C C controle CT controle + tempol CAT catalase CIS cisteína COX cicl ooxigenase D DAHL-SS rato Dahl sensível ao sal DAHL-SR rato Dahl resistente ao sal DAP doença arterial periférica DCV doença cardiovascular DCC doença cardíaca coronária DIC doença isquêmica do coração EF ECA enzima conversora da angiotensina ERO espécie reativa de oxigênio F frutose FS10 frutose e sal 10 semanas FS20 frutose e sal 20 semanas FS20T frutose e sal 20 semanas + tempol G GFR taxa de filtração glomerular GLUT5 transportador de frutose GPx glutationa peroxidase GSH glutationa reduzida GSSG glutationa oxidada H HAS hipertensão arterial sistêmica HbA1c hemoglobina glicosilada HDL lipoproteína de alta densidade HFCS xarope de milho rico em frutose H2O2 peróxido de hidrogênio xii HOMA modelo de avaliação da homeostase IJK L LDL lipoproteína de baixa densidade LDN lipogênese de novo MN MDA malonildialdeído mRNA RNA mensageiro NaCl cloreto de sódio NADPH nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato NAFLD doença hepática gordurosa não alcoólica Na+K+-ATPase bomba de sódio potássio NCEP/ATP III National Cholesterol Education Progran – NCEP Adult Treatment Panel III NO óxido nítrico NOS óxido nítrico sintase eNOS óxido nítrico sintase endotelial nNOS óxido nítrico sintase neuronal O (O2•−) ânion superóxido (OH•) radical hidroxil OMS Organização Mundial de Saúde (ONOO−) peroxinitrito oxLDL lipoproteína de baixa densidade oxidada P PA pressão arterial PAD pressão arterial diastólica PAM pressão arterial média PAS pressão arterial sistólica PAT-1 transportador de cloro PON1 paraoxonase-1 QR RI resistência à insulina S S sal SHR ratos espontaneamente hipertensos SM síndrome metabólica SNC sistema nervoso central SNS sistema nervoso simpático SOD superóxido dismutase SRA sistema renina-angiotensina SRAA sistema renina-angiotensina aldosterona T TBA ácido tiobarbitúrico TBARS substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico TEMPOL 4-hidroxi-2,2,6,6-tetrametil piperidina-1-oxil TG triacilglicerol TOTG teste oral de tolerância à glicose UV VLDL lipoproteína de muito baixa intensidade XWYZ WKY Wistar-Kyoto xiii Lista de Ilustrações Figura 1: Taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares e suas diferentes causas no Brasil, em 2007.............................................................................................................................................. 4 Figura 2: Formas isoméricas da frutose ............................................................................................. 8 Figura 3: Frutose e metabolismo da glicose nas células do fígado .................................................... 9 Figura 4: Efeitos do consumo crônico de frutose. ........................................................................... 11 Figura 5: Mecanismo proposto pelo qual frutose na dieta resulta em hipertensão ....................... 19 Figura 6: Formação de EROs a partir da redução de O2................................................................... 21 Figura 7: Função renal na homeostase de água e sal. ..................................................................... 28 Figura 8: Protocolo A........................................................................................................................ 36 Figura 9: Protocolo B ........................................................................................................................ 36 Figura 10: Teste oral de tolerância à glicose nos grupos experimentais ......................................... 47 Figura 11: Valores séricos de sódio para os grupos experimentais ................................................. 48 Figura 12: Concentrações das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) no coração, no fígado e no rim dos diferentes grupos experimentais ..................................................................... 49 Figura 13: Atividade da enzima superóxido dismutase no coração, no fígado e no rim dos diferentes grupos experimentais. .................................................................................................... 50 Figura 14: Atividade da enzima catalase no coração, no fígado e no rim dos diferentes grupos experimentais................................................................................................................................... 51 Figura 15: Concentração de glutationa total, reduzida, oxidada e relação de glutationa reduzida para oxidada no fígado dos diferentes grupos experimentais......................................................... 52 Figura 16: Fotomicrografia representativa da coloração hematoxilina e eosina (H&E) de seções hepáticas de ratos nos diferentes grupos experimentais ................................................................ 53 Figura 17: Correlação de Pearson entre valores de PAS final (mmHg) e consumo de sal (g/dia). .. 54 Figura 18: Comparação das mudanças ao longo dos tratamentos para pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD) e frequência cardíaca (FC) dos diferentes grupos experimentais................................................................................................................................... 59 Figura 19: Correlação de Pearson entre valores de PAS (mmHg), PAD (mmHg) final e substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) (nmoles/mL). ................................................................... 59 Figura 20: Esquema dos efeitos gerais induzidos pelo modelo dietético utilizado e pelo tratamento com tempol em ratos Fischer........................................................................................................... 76 xiv Quadros Quadro 1: Grupos de causas de óbito na população brasileira em 2007 .......................................... 4 Quadro 2: Critérios da NCEP/ATPIII ................................................................................................... 6 Quadro 3: Efeitos de diferentes rotas de administração de frutose em diferentes espécies por variados períodos ............................................................................................................................. 14 Quadro 4: Quantidades equivalentes entre sódio e sal .................................................................. 25 Tabelas Tabela 1: Composição das dietas dos grupos experimentais .......................................................... 37 Tabela 2: Características dos grupos experimentais ....................................................................... 46 Tabela 3: Contagem de leucócitos nos grupos experimentais ........................................................ 48 Tabela 4: Registro pressórico dos grupos experimentais ao longo do experimento ...................... 54 Tabela 5: Peso corporal, da gordura abdominal e ingestão alimentar nos grupos experimentais . 55 Tabela 6: Hematócrito, proteínas e glicose plasmática em animais experimentais ....................... 56 Tabela 7: Perfil lipídico, índice aterogênico e atividade da PON1 nos grupos experimentais ........ 56 Tabela 8: Peso relativo do fígado, atividade sérica de transaminases e fosfatase alcalina nos grupos experimentais....................................................................................................................... 57 Tabela 9: Peso relativo dos rins e produtos de degradação nos grupos experimentais ................. 58 Tabela 10: Correlação entre PAM final (mm/Hg) e parâmetros sanguíneos nos grupos experimentais................................................................................................................................... 60 xv Introdução Introdução A ocorrência generalizada de doenças crônicas como obesidade, diabetes, hipertensão e dislipidemia, juntas conhecidas como síndrome metabólica (SM), crescentemente causam morbidade e mortalidade em humanos (LAKKA et al., 2002; GANG et al., 2004; GIRMAN et al., 2004). Entretanto, frente à complexa interação entre susceptibilidade genética e fatores ambientais, o papel de cada um dos elementos envolvidos nessa enfermidade é, muitas vezes, pouco compreendido devido a aspectos éticos ou inerentes à própria doença e ao modo de investigação limitarem o estudo em seres humanos. Esse fato levou os pesquisadores a utilizarem modelos animais tornandoos extremamente úteis e vantajosos por fornecerem subsídios para a melhor compreensão das causas e da progressão da doença, além de testarem potenciais intervenções terapêuticas. Nesse sentido, uma grande variedade de modelos experimentais geram dados que são ferramentas importantes para a investigação das doenças cardiovasculares (DCVs). Uma mudança no padrão dietético de ratos foi utilizada no presente estudo, tentando mimetizar a dieta ocidental, uma vez que está bem estabelecido que o alto consumo de produtos alimentícios industrializados, ricos em açúcar e em sal e que promovem distúrbios à homeostase, potencializam a incidência de DCV. O aumento no consumo alimentar de frutose coincide com a crescente prevalência de obesidade e SM nas duas últimas décadas (JOHNSON et al., 2007) e dados observacionais e experimentais indicam uma associação entre maior consumo de sal nos dias atuais e elevação da pressão arterial (PA) (ELLIOTT & BROWN, 2006). Todavia, os mecanismos pelos quais decorrem todas essas alterações promovidas por diferentes fatores, permanecem parcialmente desconhecidos, o que evidencia a importância de maiores investigações. Pesquisa em roedores demonstra que o aumento da ingestão dietética de frutose estimula a absorção de sal no intestino delgado e nos túbulos renais, resultando em estado de sobrecarga de sal, ajustando-se, assim, em movimento a uma cascata de eventos que levam à hipertensão (SOLEIMANI & ALBORZI, 2011). Além disso, o excesso de ingestão de sódio e alterações na manipulação do mineral, conduzindo à sua retenção, 1 Introdução são conceitos fisiopatológicos básicos da hipertensão arterial. A insulina apresenta um efeito antinatriurético, estimulando a reabsorção renal de sódio. Esse efeito é claramente mantido, e, talvez aumentado, em indivíduos com resistência à insulina (RI), representando também um papel importante no desenvolvimento da hipertensão arterial (HORITA et al., 2011). Por outro lado, há evidências de que o tratamento com antioxidantes, como a vitamina E, melhora a RI em ratos alimentados com frutose (FAURE et al., 1997) e previne hipertensão (VASDEV et al., 2002). Acredita-se que dano oxidativo causado pela dieta é devido a defeito no mecanismo de defesa antioxidante e ao aumento da produção de radicais livres que desempenham um papel fundamental nas alterações cardiovasculares associadas à RI (DELBOSC et al., 2005). Alto conteúdo de sal na dieta de ratos obesos, por sua vez, foi associado a estresse oxidativo e à mudanças renais (DOBRIAN et al., 2003) com possibilidade de que a elevada produção de radical superóxido (O2•−) vascular origina-se, principalmente, a partir de uma maior atividade de nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato (NADPH)-oxidase. Desse modo, o interesse no papel do estresse oxidativo em uma variedade de doenças chama a atenção para substâncias que impedem a geração de espécies reativas de oxigênio (EROs). Tempol (4-hidroxi-2,2,6,6-tetrametilpiperidina-1-oxil), um membro da família nitróxido, tem sido estudado extensivamente em modelos animais de estresse oxidativo aumentado e os seus efeitos, sobre a função endotelial e hipertensão, costuma mostrar resultados diversos em função dos diferentes modelos usados (BANDAY et al., 2005; PRETI et al., 2005; DeRICHELIEU et al., 2005; PIRES et al., 2010). A química do tempol e seus efeitos sobre a regulação da PA foi revisada recentemente (WILCOX & PEARLMAN, 2008) e, assim, de acordo com todos esses dados, o estudo propõe que, com a retirada dos O2•−, através do uso de tempol, se avalie a hipótese de que estresse oxidativo é mediador da resposta hipertensiva em ratos com RI, alimentados com frutose e sal. 2 Revisão de Literatura 1- REVISÃO DE LITERATURA 1.1 DOENÇAS CARDIOVASCULARES O termo DCV é de natureza genérica e descreve um conjunto de enfermidades, muitas vezes, relacionadas entre si. Essas podem incluir a doença cardíaca coronária (DCC), afetando vasos sanguíneos que irrigam os músculos do coração, doença cerebrovascular, que afeta os vasos sanguíneos que irrigam o cérebro e doença arterial periférica (DAP), afetando vasos sanguíneos que irrigam os membros. Outras patologias também incluem doença cardíaca congênita, malformação da estrutura do coração, doença reumática do coração com danos ao músculo cardíaco e em válvulas por febre reumática, além de hipertensão por elevação crônica da PA maior do que 140 mmHg para pressão sistólica e 90 mmHg para pressão diastólica. A mortalidade por DCV aumenta progressivamente com a elevação da PA de forma linear, contínua e independente. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), dentre as mortes cujas causas foram registradas em 2008, as DCVs foram responsáveis por aproximadamente 17,3 milhões de mortes (48%), sendo que desses 7,3 milhões foram por doença isquêmica do coração (DIC) e 6,2 milhões por acidente vascular encefálico (AVE), seguida por doenças como câncer e outras doenças não transmissíveis (21%), doenças respiratórias (12%) e diabetes mellitus (3%) (WILLIAMS, 2010), ocorrendo na maioria em países de baixo e médio desenvolvimento econômico e mais da metade em indivíduos entre 45 e 69 anos. Para análise das tendências de mortalidade no Brasil, dados do Ministério da Saúde revelam que no Brasil, em 2007, as DCVs também foram responsáveis pelo maior número de casos de morte, o qual correspondeu a 29% do total de óbitos ocorridos e registrados (Figura e Quadro 1). Foram utilizadas, para cálculo das taxas, as informações de população do IBGE e as projeções disponibilizadas pelo Datasus. A elevação dessa incidência, principalmente nos países em desenvolvimento, se deve a fatores como o aumento da expectativa de vida, à diminuição ou controle de doenças infecto-parasitárias e ao aumento do poder socioeconômico, propiciando mudança no estilo de vida para pior 3 Revisão de Literatura em relação aos fatores patogênicos da doença (GUS et al., 2002). Aproximadamente 75% dos casos novos de DCV ocorridos nos países desenvolvidos, nas últimas décadas, poderiam ser explicados por dieta e atividade física inadequada, níveis lipídicos desfavoráveis, obesidade, elevação da PA e fumo, ressaltando, assim, a importância do reconhecimento de tais fatores para uma conduta individual mais adequada (KANNEL & WILSON, 1997). 31,10% 31,00% 25,10% 29 71 12,80% Doenças cardiovasculares AVE Outras causas DIC HAS Outras causas Figura 1: Taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares e suas diferentes causas no Brasil, em 2007. Adaptado de MALTA et al. (2009). AVE (acidente vascular encefálico); DIC (doença isquêmica do coração); HAS (hipertensão arterial sistêmica). Quadro 1: Grupos de causas de óbito na população brasileira em 2007 Causas de mortalidade Doenças do aparelho circulatório Neoplasias (tumores) Causas externas de morbidade e mortalidade Doenças do aparelho respiratório Sintomas, sinais e achados anormais clínicos e laboratoriais Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas Doenças do aparelho digestivo Doenças infecciosas e parasitárias Algumas afecções originadas no período perinatal Doenças do sistema nervoso Doenças do aparelho geniturinário Malformação congênita e deformidades Transtornos mentais e comportamentais Doenças do sangue dos órgãos hematopoiéticos Doenças do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo Doenças da pele e do tecido subcutâneo Gravidez, parto e puerpério Doenças do ouvido e da apófise mastóide Doenças do olho e anexos Total Masc 158435 83719 107146 55490 48596 26315 33250 27428 16059 9653 9136 5387 7728 2758 1200 1066 0 79 13 593458 % 26,7 14,1 18,1 9,4 8,2 4,4 5,6 4,6 2,7 1,6 1,5 0,9 1,3 0,5 0,2 0,2 0,0 0,0 0,0 100 Fem 144220 71998 20996 47331 36802 32543 18654 19051 12167 9503 8282 4906 2518 2734 2394 1397 1637 65 15 437213 % 33,0 16,5 4,8 10,8 8,4 7,4 4,3 4,4 2,8 2,2 1,9 1,1 0,6 0,6 0,5 0,3 0,4 0,0 0,0 100 Total 302682 155734 128255 102834 85469 58867 51910 46487 28328 19157 17419 10398 10249 5492 3595 2464 1637 144 28 1031149 % 29,4 15,1 12,4 10,0 8,3 5,7 5,0 4,5 2,7 1,9 1,7 1,0 1,0 0,5 0,3 0,2 0,2 0,1 0,0 100 Fonte: SIM/DASIS/SVS/Ministério da Saúde 4 Revisão de Literatura 1.1.1 Hipertensão Embora hipertensão seja reconhecida como o maior fator de risco para DCV (VASAN, et al. 2001), os mecanismos pelos quais a HAS contribui para o desenvolvimento da doença vascular são complexos e ainda pouco entendidos. Um aspecto fundamental da patogênese é que, habitualmente, existem cofatores aterogênicos interagindo, com efeito multiplicativo ao da eventual hipertensão arterial como a dislipidemia, a intolerância à glicose e a obesidade. Contudo, parece claro que a HAS desempenha papel central nesse processo, uma vez que a aterosclerose significativa, raramente, ocorre em segmentos do sistema circulatório com baixo regime pressórico, tais como artérias pulmonares ou veias, a despeito da sua exposição aos mesmos fatores circulantes aterogênicos. Portanto, o mecanismo pelo qual se desenvolve o processo hipertensivo é de ordem multifatorial e diretamente ligado a alterações metabólicas crônicas (GRUNDY et al., 2004). Entre hipertensos com SM, observa-se uma alta prevalência de lesões em órgãos-alvo com impacto prognóstico adverso. Estudos recentes indicam, dentre as lesões identificadas, elevada prevalência de hipertrofia de ventrículo esquerdo, disfunção diastólica, aterosclerose de carótida, alterações na distensibilidade aórtica, retinopatia hipertensiva e microalbuminúria, quando comparados portadores de hipertensão arterial associada à SM com hipertensos sem outras manisfestações características da síndrome (MULÈ et al., 2005). 1.1.2 Síndrome Metabólica Inicialmente descrita por Reaven (1988), a SM foi caracterizada por uma constelação de fatores de risco cardiovascular, incluindo dislipidemia aterogênica, intolerância à glicose, hipertensão e obesidade visceral, condições que estão intimamente associadas a RI. Aliás, há um consenso geral de que a RI/hiperinsulinemia são as características mais importantes da SM e, na verdade, por vezes a SM é referida como um estado de RI. Isso pode ser devido à associação da RI com outras manifestações da SM, especialmente com a hipertensão. Entretanto, embora existam muitas definições para a SM como a National Cholesterol Education Progran – NCEP Adult Treatment Panel III (NCEP/ATP III); International Diabetes Federation (IDF), Organização Mundial de Saúde (OMS) e outras, a definição da NCEP/ATP III é a mais amplamente usada, tanto na prática clínica como em estudos epidemiológicos. Trata-se de um guia com foco no risco cardiovascular, que não usa como critério obrigatório a evidência de anormalidades na insulina ou na glicemia. Apesar desse guia considerar a DCV 5 Revisão de Literatura como desfecho primário da SM, muitos dos portadores dessa síndrome apresentam RI, o que lhes confere um risco aumentado para o desenvolvimento da diabetes do tipo 2. Os critérios da NCEP/ATP III encontram-se no quadro 2. Quadro 2: Critérios da NCEP/ATPIII Parâmetro Glicose Colesterol-HDL Triacilglicerol Obesidade Hipertensão Número de alterações > 3 de: > 100 mg/dL ou em tratamento para hiperglicemia Homens: < 40 mg/dL ou em tratamento para HDL baixo Mulheres: < 50 mg/dL ou em tratamento para HDL baixo TG > 150 mg/dL Cintura > 102 cm para homens ou > 88 cm para mulheres PA >130 x 85 mmHg ou em tratamento medicamentoso para hipertensão Lipoproteína de alta densidade (HDL); Triacilglicerol (TG); Pressão Arterial (PA); National Cholesterol Education Progran – NCEP Adult Treatment Panel III (NCEP/ATPIII/2001). Vários estudos em animais e humanos sugerem que o consumo excessivo de frutose pode contribuir para o aumento da prevalência da SM e seus componentes, incluindo a hipertrigliceridemia, baixa concentração de lipoproteína de alta densidade (HDL), obesidade, hipertensão arterial, hiperglicemia e hiperuricemia (HWANG et al., 1987; BEZERRA et al., 2001; NAKAGAWA et al. 2006). Ao lado de modelos genéticos desenvolvidos para a pesquisa, como rato Zucker obeso (CARLSON et al., 2000), a SM é induzida por vários protocolos experimentais que incluem administração de sacarose e frutose na dieta. Ratos Wistar e Sprague-Dawley alimentados com alto teor de frutose por várias semanas apresentam aspectos característicos da SM, embora os resultados não sejam totalmente conclusivos. Investigações envolvendo intervenções de longo prazo e nas quais sejam empregadas quantidades de açúcares normalmente ingeridos são necessárias e podem preencher a lacuna de informações sobre o tema. 1.2 FRUTOSE 1.2.1 Frutose na alimentação Nos últimos anos, principalmente em países desenvolvidos, podemos considerar que a ingestão de sacarose e frutose vem aumentando, acentuadamente, em decorrência do maior consumo de produtos industrializados (BRAY et al., 2004). Enquanto por muito tempo o consumo humano de frutose era entre 16 a 20 gramas/dia, em grande parte pelo consumo de frutas frescas, a ocidentalização da alimentação resultou em aumento significativo na frutose 6 Revisão de Literatura adicionada à dieta que pode atingir 60 a 100 gramas/dia e até 150 gramas/dia, se somada a frutose proveniente da sacarose (PARK & YETLEY, 1993; BASCIANO et al., 2005). Com avanços nas tecnologias de isomerização, de separação e de cristalização na década de 1960, tornou-se possível a produção de frutose cristalina e de xarope de milho rico em frutose (HFCS) (HANOVER & WHITE, 1993). Em particular, a introdução de HFCS, na década de 1970, resultou em um consumo acelerado de adoçantes nos EUA, em parte devido ao HFCS ser mais facilmente solubilizado em alimentos processados (BRAY et al., 2004). Assim, a frutose foi incorporada em fórmulas envolvidas no preparo de frutas enlatadas, geleias, doces em pasta, bolos, pudins, tabletes, pó para bebidas, refrigerantes etc., uma vez que é 1,5 vezes mais doce do que a sacarose bem como seu custo vem sendo gradualmente reduzido ao longo dos anos como resultado da melhoria nos processos envolvidos na obtenção. No Brasil, embora a ingestão de frutose não esteja bem estabelecida, estima-se um consumo médio de aproximadamente 4 gramas/dia de frutose livre, originária de frutas, doces, hortaliças e outros vegetais. Já a quantidade de frutose advinda da sacarose é de aproximadamente 27,5 gramas/dia. Essa estimativa foi baseada em dados estatísticos de consumo de produtos alimentares fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, utilizando-se como fonte as pesquisas sobre orçamentos familiares. Estudos mostraram que a dieta do brasileiro vem sendo modificada com uma tendência para redução do consumo de leguminosas, hortaliças, frutas e aumento do consumo de açúcares simples e, consequentemente, de frutose, principalmente proveniente da sacarose (MONTEIRO et al., 2000). Analisando os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009, podemos notar aumento considerável no consumo de refrigerantes (400%), se comparado ao consumo na década de 70 (IBGE, 2010). A disponibilidade relativa dos macronutrientes evidencia excesso do teor de açúcar para as famílias das cinco regiões geográficas (variando de 13,9% das calorias totais na Região Norte a 17,4% na Região Sudeste). O limite máximo de 10% para a proporção de calorias provenientes de açúcares é amplamente ultrapassado em todas as regiões e classes de rendimentos. Cabe ressaltar que esse é um aspecto que comprova as tendências na alteração dos hábitos alimentares, observados atualmente no Brasil e no mundo, traduzidos pela frequente troca de alimentos naturais, mais saudáveis, por alimentos industrializados. 7 Revisão de Literatura 1.2.2 Metabolismo da frutose A frutose é um monossacarídeo (C6H12O6) composto por seis átomos de carbono unidos em ligações covalentes simples, apresentando grupamentos hidroxila, formados por hidrogênio e oxigênio e um grupamento carbonila, formado por ligação dupla entre o carbono e o oxigênio. A posição desse grupamento é que determinará, após a hidrólise do monossacarídeo, se ele dará origem à cetona ou ao aldeído. A frutose, contendo o grupamento carbonila no final da cadeia, quando hidrolisada, fornecerá cetona, e será denominada cetohexose. Em equilíbrio, a frutose pode ser encontrada na forma frutopiranose (70%) e frutofuranose (30%)(Figura 2). Figura 2: Formas isoméricas da frutose. PONTIS & FISCHER, 1963. Absorvida no jejuno e transportada para o interior do enterócito através do transportador específico GLUT5 (transportador de frutose), a ação da frutose não depende da estimulação pela insulina. Após a absorção, a frutose atinge a veia porta até o fígado, transportada pela GLUT2 (MAYES, 1993). No hepatócito, a frutose é rapidamente fosforilada no carbono 1, em uma reação mediada pela frutoquinase, ou no carbono 6, pela hexoquinase. A maior parte da frutose é fosforilada no carbono 1, pois a hexoquinase tem maior afinidade com a glicose (HALLFRISCH, 1990). A frutose-1 fosfato, a qual se acumula rapidamente no fígado é quebrada em duas trioses, diidroxiacetona e gliceraldeído-fosfato, 8 Revisão de Literatura em uma reação mediada pela aldolase B. Essas duas trioses poderão seguir três caminhos distintos, com finalidades diferentes: 1) participar da via glicolítica fornecendo piruvato, o qual é convertido para ácido láctico sob condições anaeróbicas ou entrar no ciclo do ácido cítrico como acetil coenzima A sob condições aeróbicas liberando energia; 2) a diidroxicetona fosfato pode ser reduzida para glicerol-3-fosfato, necessário para a síntese de triacilglicerol (TG), fosfolipídio e outros lipídios e, finalmente, 3) a diidroxicetona fosfato pode ser condensadas até formar a frutose-1,6-bifosfato pela aldolase e formar glicose ou glicogênio. Dessa forma, dará origem ao piruvato, ao lipídio e ao glicogênio (HALLFRISCH, 1990). Na figura 3, estão apresentadas as vias metabólicas da frutose e da glicose. Frutose Glicose Glicose-6-fosfato Frutoquinase Glicoquinase Glicose G-6-fosfatase Frutose-6-fosfato Frutose e metabolismo da glicose nas Fosfofrutoquinase Frutose-1-fosfato Frutose-1-6-bifosfato células do fígado. Adaptado de HAVEL, 2005.fosfato Gliceraldeido Dihidroxicetona fosfato Gliceraldeido-3-fosfato sfato Glicerol 3-P Acil-glicerol Lactato Acil-CoA VLDL ATP Citrato Piruvato Acetil-CoA Citrato CO2 + ATP Figura 3: Frutose e metabolismo da glicose nas células do fígado. Adaptado de HAVEL, 2005. O controle do metabolismo da glicose está relacionado a um derivado fosforilado da frutose. Trata-se da frutose-2,6-bifosfato que está presente em todos os tecidos dos mamíferos, exceto nos eritrócitos maduros, sendo o mais potente efetor da fosfofrutoquinase (VAN SCHAFTINGEN, 1988). A frutose-2,6-bifosfato desempenha papel 9 Revisão de Literatura importante na regulação da glicólise e, também, controla a gliconeogênese. O nível de frutose-2,6-bifosfato parece afetar a atividade de duas importantes enzimas regulatórias controlando o catabolismo e o anabolismo do carboidrato no fígado (fosfofrutoquinase e frutose-1,6-bifosfatase). Altos níveis de trifosfato de adenosina (ATP) e de citrato exercem inibição da fosfofrutoquinase, o que permite a regulação da reação de acordo com o estado energético da célula (TORNHEIM & LOWENSTEIN, 1976); portanto, monofosfato de adenosina (AMP) estimula a frutose-2,6-bifosfatase, a qual, então, forma frutose-6-fosfato, diminuindo o nível de frutose-2,6-disfosfato. Esse nível diminuído de frutose-2,6-bisfosfato estimula a frutose-1,6-bifosfatase, o qual favorece a conversão de frutose-1,6-bifosfato para frutose-6fosfato, um intermediário da gliconeogênese. Em contraste, aumento na frutose-2,6-bifosfato estimula a 6-fosfofrutoquinase, a qual converte frutose-6-fosfato para frutose-1,6-bifosfato, favorecendo a glicólise. Como o metabolismo da frutose não é afetado pelo passo regulador da glicólise, fosforilações da frutose podem levar à depleção de ATP e ao aumento na síntese de TG. A ingestão de frutose resulta em menores excursões da glicemia pós-prandial em comparação à glicose (GLINSMANN & BOWMAN, 1993). No entanto, quando quantidades maiores de frutose são consumidas (por exemplo, em sacarose e HFCS), frutose continua a entrar na via glicolítica e a produção de TG hepático é facilitada. A frutose pode fornecer átomos de carbono, tanto para o glicerol quanto para as porções acil de moléculas de acilglicerol (HALLFRISCH, 1990) e, assim, ao contrário do metabolismo da glicose, no qual a absorção da glicose é negativamente regulada pela enzima fosfofrutoquinase, concentrações elevadas de frutose podem servir como uma fonte relativamente desequilibrada de acetilCoA. De fato, os estudos em seres humanos mostraram que a ingestão de frutose resulta em maiores taxas de lipogênese de novo (LDN) (LÊ et al., 2009). Dessa forma, frutose é mais lipogênica do que a glicose, um efeito que pode ser exacerbado em doentes com hiperlipidemia existente (JEPPESEN et al., 1995), ou com RI ou diabetes do tipo 2 (ABRAHA et al., 1998). Além disso, a frutose não estimula a produção de insulina e leptina, que estão envolvidas na regulação da homeostase energética. Portanto, a diminuição nas respostas de insulina e a produção de leptina associadas ao consumo crônico de dietas ricas em frutose podem ter efeitos nocivos a longo prazo sobre a regulação da ingestão de energia. 10 Revisão de Literatura 1.2.3 Frutose, lipogênese e resistência à insulina Inicialmente, a frutose atraiu grande interesse como adoçante para pacientes com diabetes mellitus, devido ao seu baixo índice glicêmico (UUSITUPA, 1994). Todavia, resultados de vários estudos propõem que o consumo de frutose pode promover especificamente a deposição de lipídios no tecido adiposo (BRAY et al., 2004; VASANKARI & VASANKARI, 2006; STANHOPE & HAVEL, 2009), embora não aumente de forma aguda os níveis de glicose ou de insulina no sangue, em contraste com a glicose. Curiosamente, o perfil de TG plasmáticos são aumentados após o consumo de frutose com maior taxa de conversão da frutose em lipídios no fígado e na taxa de secreção e de remoção de TG (BAR-ON & STEIN, 1968). Isso sugere que a lipogênese pode ser o núcleo das alterações bioquímicas induzidas por frutose, apesar de evidências emergentes demonstrarem que a estimulação simultânea de vias fisiológicas alternativas também podem contribuir para os efeitos deletérios da frutose (Figura 4). Figura 4: Efeitos do consumo crônico de frutose. Distúrbios ocorrem em vários tecidos, incluindo o fígado, o tecido adiposo, o sistema gastrointestinal e o sistema nervoso central (SNC). GLP-1 (Peptídeo tipo I tipo glucagon); GLUT5 (Transportador de Frutose, tipo 5). 11 Revisão de Literatura O aumento na taxa de frutose induzindo LDN gera ácidos graxos, que podem, então, ser incorporados em TG ou em outras espécies lipídicas, e são associados ao aumento na síntese de lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL). Esse aumento das VLDL-TG desempenha importante papel na doença hepática gordurosa não alcoólica (NAFLD) (OUYANG et al., 2008). A administração a longo prazo de frutose para ratos resulta em macro-e microvesicular esteatose hepática, com aumento de aproximadamente 200% em TGs hepáticos e 90% na concentração de colesterol hepático (ACKERMAN et al., 2005). Entretanto, enquanto roedores tratados com frutose pode ser um modelo sustentável para estudar vários aspectos da NAFLD humana (ANSTEE & GOLDIN, 2006; KAWASAKI et al., 2009; CASTRO et al., 2011), a acumulação de gordura intra-hepática como consequência da ingestão de frutose também tem sido menos documentada em humanos. Assy et al. (2008) verificaram que pacientes que apresentam NAFLD sem fatores de riscos clássicos consomem mais refrigerantes e sucos adoçados que controles. Os dados demonstram correlação entre a gravidade da esteatose hepática e a quantidade de consumo de refrigerantes e, como esperado, os níveis de RI foram maiores em pacientes com NAFLD (ABDELMALEK et al., 2010). A retenção de lipídios nos hepatócitos é um pré-requisito para o desenvolvimento da NAFLD. No tecido adiposo a RI acentua a lipólise de TG e inibe a esterificação de ácidos graxos livres (AGLs), resultando em aumento dos níveis circulantes de AGL que são captados pelo fígado. Adicionalmente nos hepatócitos, a hiperinsulinemia aumenta a síntese de novo de ácidos graxos e inibe a sua β-oxidação. A consequência dessas ações ocasionadas pela insulina é o acúmulo de AGL dentro dos hepatócitos. Além disso, a síntese hepática de TG é guiada pelo aumento do conteúdo de AGL nos hepatócitos e favorecida pela suprarregulação, mediada pela insulina. A RI hepática facilita a liberação de EROs, bloqueia a secreção de TG dos hepatócitos pelo aumento da degradação intracelular de VLDL e apolipoproteina B-100 (Apo-B100) e bloqueia a exocitose de vesículas contendo VLDL (ANGULO, 2002; GRATTAGLIANO et al., 2008; PREISS & SATTAR, 2008). Dessa maneira é possível observar que a entrada e síntese de novo de AGL no fígado ultrapassam sua oxidação e secreção de TG, resultando em um efeito em cascata de acúmulo hepático de gordura, podendo explicar o papel chave da RI no desenvolvimento da esteatose hepática. Embora a frutose não aumente agudamente os níveis de insulina, a sua exposição crônica parece causar indiretamente hiperinsulinemia. Em ratos alimentados com 66% de frutose por 3 semanas, o mRNA do receptor de insulina e o números de receptores de 12 Revisão de Literatura insulina no músculo esquelético foram significativamente diminuídos em comparação aos ratos alimentados com uma dieta de ração padrão (CATENA et al., 2003). Em outro estudo, descobriu-se que, após 28 dias de alimentação com frutose, não houve alterações na concentração do receptor de insulina, mas a autofosforilação, um mecanismo necessário para a sua ação, foi reduzida para 72% no fígado (UENO et al., 2000). Existem numerosos trabalhos com roedores em que a frutose na dieta induz hiperlipidemia e é uma forma comum de reproduzir características da SM (RUTLEDGE & ADELI, 2007). Dessa forma, animal alimentado com frutose é um modelo experimental útil de RI e uma ferramenta para o estudo de vários aspectos da SM (Quadro 1) devido mimetizarem diversas respostas fisiológicas humanas. Ratos alimentados com dieta rica em frutose pode desenvolver hiperinsulinemia, hipertrigliceridemia, RI e hipertensão. Thorburn et al. (1989) usaram ratos alimentados com uma dieta contendo 35% de energia como frutose por 4 semanas e encontraram redução da sensibilidade à insulina associada à prejudicada ação da insulina hepática e disponibilidade de glicose. Blakely et al. (1981) mostraram aumentos nas concentrações de insulina e glicose de jejum em ratos que consumiram 15% da energia como frutose por 15 meses, apesar de não haver diferenças no peso corporal ou na ingestão de comida. Ao contrário de dietas ricas em gordura, dietas ricas em sacarose causam RI na ausência de aumento da gordura visceral, mas aumentam o conteúdo de TG no fígado e nos músculos, levando a um aumento de RI em ratos machos (PAGLIASSOTTI et al., 1996). Em contrapartida, estudos demonstram que fêmeas não desenvolvem hiperinsulinemia ou hipertensão com alimentação rica em sacarose e frutose exceto após ovariectomia, sugerindo que os hormônios sexuais femininos podem conferir uma proteção (HORTON et al., 1997; GALIPEAU et al., 2002). Porém, a ausência do efeito de hormônios sexuais isoladamente (animais ovariectomizados) não causa mudança significativa na PA, além de ovariectomia por si só também não afetar parâmetros metabólicos (GALIPEAU et al., 2002). Apesar de nos animais não existir dúvida de que a ingestão elevada de frutose causa RI, em humanos a evidência é menos clara. Um ensaio clínico conduzido em 12 mulheres demonstrou que uma dieta isocalórica com elevados teores de frutose resultou em redução na glicemia, insulinemia de jejum e leptina associado ao aumento na concentração sérica de TG quando comparada a uma dieta com teor elevado de glicose. O balanço controlado pelo sistema nervoso central (SNC) foi influenciado pela insulina e leptina e, assim, dieta rica em frutose representa um fator de risco potencial para o ganho de peso corporal (TEFF et al., 2004). 13 Revisão de Literatura Quadro 3: Efeitos de diferentes rotas de administração de frutose em diferentes espécies por variados períodos Método de administração Espécie Qde Tempo de estudo Camundongo 10% 3 semanas 2 meses Ratos 30% 4% 10% 20% 20% 10% 10% 8 semanas 14 semanas 8 semanas 5 semanas 10 semanas 2 e 5 semanas 20 semanas 30 dias 6-19 dias 18 semanas 60% 56,8% 60% 60% 60% 60% 65% 65% 66% 66% 60% 60% 15% 20% 8 semanas 6 semanas 10 semanas 30 dias 6 semanas 35 dias 2 semanas 4 semanas 4 semanas 8 semanas 2 semanas 20 a 28 dias 5 semanas 5 semanas Efeito Referência Bebida Cobaia Hipertensão, Hiperinsulinemia Hiperglicemia, Hiperinsulinemia, Hipertensão, Intolerância à glicose Hipertrigliceridemia Esteatose Hipertensão Hiperglicemia, Hipertrigliceridemia, Intolerância à glicose Hipertensão, Resistência à insulina Hipertrigliceridemia, Resistência à insulina, Hipertensão Resistência à insulina, Hipertrigliceridemia, Hipertensão Hipertrigliceridemia Hipertrigliceridemia Hipertrigliceridemia Hiperglicemia DAN et al., 2006 DeANGELIS et al., 2012 KANURI et al., 2011 VASDEV et al., 2002 JALAL et al., 2007 XU et al., 210 SUZUKI et al., 1997 ZHAO et al., 2009 DORNAS et al., 2012 MOTOYAMA et al., 2010 BAR-ON & STEIN, 1968 FÉLÉTOU et al., 2003 Comida Camundongo Rato Hamster Cachorro Humanos Intolerância à glicose, Dislipidemia, Hipertensão Hipertrigliceridemia, Resistência à insulina Hiperinsulinemia, Hipertrigliceridemia, Hiperuricemia Hiperglicemia, Resistência à insulina, Hipertrigliceridemia Hiperglicemia, Resistência à insulina, Hiperinsulinemia, Hipertrigliceridemia Intolerância à glicose, Dislipidemia, Resistência à insulina Hiperglicemia, Dislipidemia, Hipertensão Hiperinsulinemia, Hipertrigliceridemia Hiperinsulinemia, Hipertrigliceridemia, Hipertensão Hiperglicemia, Resistência à insulina, Hiperinsulinemia Hipertensão, Resistência à insulina, Hiperinsulinemia, Hipertrigliceridemia Hipertensão, Resistência à insulina, Hiperinsulinemia, Hipertrigliceridemia Hiperinsulinemia, Hiperglicemia Hipertrigliceridemia, Hiperuricemia 14 FARAH et al., 2006 FAURE et al., 1997 NAKAGAWA et al., 2006 NANDHINI et al., 2005 LIU et al., 2011 EL MESALLAMY et al., 2010 KIN et al., 2010 BUSSEROLLES et al., 2003b HWANG et al., 1987 D’ANGELO et al., 2005 TAGHIBIGLOU et al., 2000 MARTINEZ et al., 1994 HALLFRISCH et al., 1983 REISER et al., 1989 Revisão de Literatura Paralelamente, Shapiro et al. (2008) relataram aumento de leptina em ratos alimentados com frutose, o que implica que, apesar do aumento nos níveis de leptina há uma diminuição na capacidade de resposta à leptina ocasionando diminuição da saciedade. Essa observação mostra o potencial para aumento da ingestão de alimentos com a frutose. Além disso, a administração central da frutose pode causar aumento de apetite, bem como alterações significativas na função neuronal. Doses suprafisiológicas de frutose administradas diretamente no cérebro induzem aumento do consumo alimentar, enquanto que a glicose provoca diminuição na ingestão de alimentos (MILLER et al., 2002). Isso verificou-se estar associado com a indução diferencial de malonil-CoA entre os dois açúcares (CHA et al., 2008). Indivíduos obesos (SCHOLZ et al., 1996) e camundongos obesos induzidos por dieta (FREDERICH et al., 1995) demonstram resistência à leptina o que contribui para a deposição de lipídios no fígado (LEE et al., 2002) e no músculo esquelético (STEINBERG et al., 2002). Como o metabolismo de glicose mediado pela insulina tem demonstrado regular a liberação de leptina (MUELLER et al., 1998), esse fenômeno pode provavelmente ser atribuído a uma falta de resposta da insulina com o consumo de frutose. Notavelmente, 4 semanas de frutose na dieta induz hiperleptinemia em humanos associado a diminuição da sensibilidade à insulina, esteatose hepática e aumento na circulação de TG (LÊ et al., 2006). Ratos alimentados com frutose também exibem hiperleptinemia (MOORADIAN et al., 2000; ROGLANS et al., 2007; SHAPIRO et. al., 2008). 1.2.4 Frutose e hiperuricemia Estudos prévios intervencionais realizados (FOX & KELLEY, 1972; EMMERSON, 1974; MACDONALD et al., 1978; REISER et al., 1989) demonstraram que frutose experimentalmente tem a propriedade de induzir hiperuricemia. Essa relação foi repetidamente revisada e discutida por vários estudos, entre eles Gao et al. (2007), Choi et al., (2008) e Nguyen et al., (2009), que encontraram associação entre maior consumo de bebidas ricas em açúcar e aumento de ácido úrico sérico. Porém, Turner et al., (1979), Crapo & Kolterman, (1984), Osei & Bossetti, (1989), Sun et al. (2010) e Wang et al. (2012) não observaram que frutose tem influencia sobre concentrações séricas de ácido úrico. Em seres humanos e outros primatas, o ácido úrico é o produto final do metabolismo das purinas e é excretado como tal, mas outros mamíferos possuem a enzima uricase, que permite, ainda, oxidação do ácido úrico para a alantoina (substância muito mais solúvel). A consequência da ausência da enzima uricase em seres humanos é a ocorrência de gota, a qual está associada à hiperuricemia. 15 Revisão de Literatura Muitas investigações tanto in vivo quanto in vitro foram realizadas e, embora a designação precoce do ácido úrico como um antioxidante (AMES et al., 1981) estime que esse possa ser responsável por aproximadamente 60% da capacidade antioxidante do plasma (NIETO et al., 2000), o ácido úrico também é reconhecido por apresentar propriedades prooxidativas (SAUTIN et al., 2007) e pode ter numerosas funções biológicas deletérias. Por exemplo, o ácido úrico estimula a proliferação das células do músculo liso vascular e a liberação de substâncias quimiotáticas inflamatórias (RAO et al., 1991), induz quimiotaxia de monócitos (ZARE et al., 2006), inibe a proliferação e a migração de células endoteliais (KANG et al., 2005; KHOSLA et al., 2005) e causa estresse oxidativo nos adipócitos, indiretamente, através da ativação da NADPH-oxidase, diminuindo a concentração de óxido nítrico (NO) total (SAUTIN et al., 2007). Esse último estudo mostrou que EROs produzida pela NADPH-oxidase aumenta a peroxidação lipídica evidenciando a associação entre ácido úrico, estresse oxidativo e inflamação levando à SM. Isso apoia à ideia de que a hiperuricemia pode ser considerada um fator causal na progressão da SM, como mostrado por Choi & Ford (2007) e níveis elevados de ácido úrico são observados em uma variedade de estados de doença metabólicas (MASUO et al., 2003; NAKANISHI et al., 2003; MELLEN et al., 2006). Em ratos, frutose induz hiperuricemia ocasionando, também, vários aspectos da SM, o que inclui hipertrigliceridemia, hiperglicemia e hipertensão (NAKAGAWA et al., 2006; SÁNCHEZ-LOZADA et al., 2007). Além disso, ratos alimentados com frutose, tratados com o agente alopurinol (inibidor da xantina oxidase) exibem melhora na SM, já que se observa que o tratamento com drogas redutoras de ácido úrico reduz os níveis plasmáticos de insulina, melhora sensibilidade à insulina e diminui pressão sanguínea (NAKAGAWA et al., 2006; SÁNCHEZ-LOZADA et al., 2008). Adicionalmente, observou-se participação do ácido úrico como um biomarcador de fígado com gordura (MARCHESINI & BABINI, 2006; SARTORIO et al., 2007). Um estudo recente da população da China (LI et al., 2009) relatou que a taxa de prevalência da NAFLD foi significativamente maior em indivíduos com hiperuricemia do que naqueles sem hiperuricemia (24,75 vs 9,54%, P <0,001) e a prevalência elevou-se progressivamente com aumento nos níveis séricos de ácido úrico. Além disso, a análise de regressão múltipla mostrou que a hiperuricemia foi associada a um risco aumentado de NAFLD (LI et al., 2009). Existe também evidência experimental de que a hiperuricemia crônica pode ser capaz de causar hipertrigliceridemia e esteatose em ratos. Nesses estudos, a hiperuricemia foi induzida pela inibição da uricase (WEXLER, 1982) ou ácido oxônico (WEXLER & GREENBERG, 1977) e, após 4 semanas, os animais desenvolveram concentrações elevadas de TG no soro e 16 Revisão de Literatura esteatose. Entretanto, o mecanismo através do qual o ácido úrico pode ser capaz de induzir esteatose ainda é desconhecido. Considerando que doenças humanas, tais como obesidade, diabetes e DCVs são complexas e apresentam origens multifatoriais, estudos sugerem que o ácido úrico é um fator independente de risco para doença renal em humanos (HEINIG & JOHNSON, 2006). A fim de verificar a hipótese de que a frutose dietética provoca diretamente disfunção renal, ratos foram alimentados com 60% de frutose e desenvolveram hipertensão, hiperuricemia e hipertrigliceridemia além de problemas renais, incluindo hipertrofia, hipertensão glomerular e redução do fluxo glomerular (SÁNCHEZ-LOZADA et al., 2007). Um outro estudo (GERSCH et al., 2007) mostrou que uma dieta com 60% de frutose acelerou a doença renal em ratos com insuficiência renal crônica induzida cirurgicamente. Esse efeito pode ser mediado pela hiperuricemia ou por outros componentes da SM, incluindo inflamação ou hiperinsulinemia. Concentrações de ácido úrico são elevadas na grande maioria (89%) de adolescentes com hipertensão (FEIG & JOHNSON, 2003) e um estudo prospectivo relatou que a redução de concentrações de ácido úrico em pacientes com hiperuricemia e doença renal resulta em progressão renal significativamente mais lenta e uma redução significativa da pressão arterial sistólica (PAS) (SIU et al., 2006). Assim, mais estudos clínicos são necessários e descobertas sugerem que o ácido úrico pode contribuir para a epidemia da doença cardiorenal. Aproximadamente 25% a 50% dos indivíduos hipertensos são relatados apresentarem níveis elevados de ácido úrico (CANNON et al., 1966) e em animais, o efeito da concentração de ácido úrico é ainda mais pronunciado. Ratos que desenvolvem hiperuricemia desenvolvem hipertensão devido à inibição da síntese de óxido nítrico sintase (NOS) na mácula densa (MAZZALI et al., 2002). Ocorrem estímulo do sistema renina intra-renal e inibição da função endotelial ao diminuir biodisponibilidade do NO, o qual induz vasodilatação que é necessária para a insulina estimular a captação de glicose nos tecidos. Quando a secreção de NO é prejudicada, a captação de glicose é reduzida e mais insulina é segregada para compensar (HEINIG & JOHNSON, 2006). Perturbações na dilatação dependente do NO costumam acompanhar a hiperuricemia e a extensão está relacionada à magnitude da elevação do ácido úrico. Portanto, disfunção endotelial induzida por ácido úrico com diminuição da produção de NO pode participar no desenvolvimento da RI em ratos alimentados com frutose, e, a diminuição das concentrações de ácido úrico melhora função do endotélio (BUTLER et al., 2000; DOEHNER et al., 2002; FARQUHARSON et al., 2002). Assim, frutose e ácido úrico são susceptíveis de serem da maior importância no desenvolvimento do fenótipo da SM. 17 Revisão de Literatura 1.2.5 Frutose e hipertensão Semelhantemente a RI e à hiperlipidemia, muitos estudos demonstram que dieta com teor alto de frutose pode induzir hipertensão. Entretanto, embora inúmeras investigações com ratos alimentados com frutose são relacionadas a hipertensão (HWANG et al 1987; VASDEV et al., 2002; 2007; ZHAO et al., 2009; KIM et al., 2010), há também outros relatos em que não é observado aumento de PA nesse modelo (BRANDS et al., 1994; KOTCHEN et al., 1997; BEZERRA et al., 2001; D’ANGELO et al., 2005). Esse conflito tem sido atribuido a componentes dietéticos (ex: lipídios ou sódio) (SANTURÉ et al., 2002; NISHIMOTO et al., 2002; SHAPIRO et al., 2008), diferentes linhagens e idade dos animais (KOTCHEN et al., 1997) ou a diferentes técnicas usadas para medir PA (BRANDS et al., 1994; D’ANGELO et al., 2005). Há, portanto, incertezas considerando o mecanismo pelo qual o consumo de frutose pode produzir elevação da PA, mas numerosas possibilidades são propostas (Figura 5), incluindo, principalmente, atenuação do baroreflexo e aumento da atividade do SNS (DeANGELIS, 2012), elevação de catecolaminas circulantes (TRAN et al., 2009), elevação da atividade do sistema renina-angiotensina (SRA) (KOBAYASHI et al., 1993), reabsorção de sódio aumentada (BAUM, 1987), maior produção de ácido úrico (NAKAGAWA et al., 2006) e disfunção endotelial (TAKAGAWA et al., 2002). Somado a isso, existe evidência de que hiperinsulinemia, isoladamente, pode causar hipertensão, uma vez que administração de insulina causa aumento da pressão sanguínea em ratos (BRANDS et al., 1991; 1992). Tem-se observado que há associação entre RI e hipertensão em roedores bem como em humanos (REAVEN & CHANG, 1991; BRANDS et al., 1991; DeFRONZO, 1992; ABE et al., 1998) e intervenções que previnam RI também normalizam PA (REAVEN, 1991; VERMA et al., 1994; LEE et al., 1994; SUZUKI et al., 1997). Comparados a indivíduos com PA normal, pessoas com hipertensão são relativamente intolerantes à glicose (DeFRONZO, 1992), mas redução da PA em indivíduos hipertensos não significa necessariamente reduzir o grau de intolerância à glicose e hiperinsulinemia. Inibidor adrenérgico reduz PA mas não RI, como demonstrado por Hwang et al. (1987), em ratos alimentados com frutose. Portanto, se frutose induz elevação na atividade do SNS, então, essa mudança não é a causa da RI, da hiperinsulinemia e da hipertrigliceridemia. Suzuki et al. (1997) demonstraram que tratamento com pioglitazona em ratos com RI e hipertensos resultou em redução na glicemia, em normalização dos níveis de insulina e da concentração de TG e também em redução da PAS, indicando que RI é responsável pelo desenvolvimento de hipertensão em ratos com dieta rica em frutose. Cronicamente, insulina ativa o SNS e provoca aumento no tônus vascular periférico conduzindo a aumento na PA. A consequência é que essa ativação pode contribuir para a RI 18 Revisão de Literatura fazendo com que vasoconstrição provoque diminuição do fluxo sanguíneo e, portanto, reduza fornecimento de glicose aos tecidos (RATTIGAN et al., 1999). Sugere-se que, assim, há uma relação causal entre a RI/hiperinsulinemia e hipertensão no modelo de dieta rica em frutose, com o SNS potencialmente desempenhando um papel importante tanto no desenvolvimento da hipertensão como também na RI. Frutose ↓ Baroreflexo Estresse oxidativo Dislipidemia ↑ Ácido úrico REsis Resistência à insulina Hiperinsulinemia ↑ SRA ↑ SNS ↑ Retenção de Na + ↑ Vasoconstrição Disfunção endotelial Hipertensão Figura 5: Mecanismo proposto pelo qual frutose na dieta resulta em hipertensão. Sistema Nervoso Simpático (SNS); Sistema Renina Angiotensina (SRA). ABDULLA et al., 2011. A hipertensão arterial nesse modelo tem sido também associada intimamente à retenção de sódio. Os primeiros estudos que apresentaram diminuição da excreção urinária de cloreto de sódio (NaCl), durante infusão aguda de insulina (DeFRONZO et al., 1975; BAUM, 1987), levaram à hipótese de que a hiperinsulinemia poderia contribuir para a hipertensão arterial na SM. Durante a RI, o efeito vasodilatador da insulina pode estar inibido e, portanto, torna-se incapaz de compensar a diminuição da reabsorção de sódio no túbulo proximal, com predisposição à retenção de sódio (STENVINKEL et al., 1995). Administração aguda de insulina resulta em diminuição da excreção de sódio em animais (BAUM, 1987) e em humanos (ter MAATEN et al., 1999), com taxa de filtração glomerular (GFR) e fluxo sanguíneo renal 19 Revisão de Literatura inalterados. De acordo com o conceito de feedback de fluido renal, uma redução primária da capacidade de excreção renal ocasiona aumento compensatório na pressão sanguínea que serve para manter o equilíbrio de fluidos. As reduções na capacidade de excreção renal podem ocorrer devido a várias alterações funcionais ou patológicas intrínsecas ao rim ou a fatores neuro-humorais que influenciam a excreção renal. Assim, excreção de sódio pode ser mantida e alteração na GFR ou na reabsorção tubular podem ser mascaradas pela PA elevada. Entretanto, na hipertensão prolongada, com duração de meses ou anos, são observadas alterações patológicas nos capilares glomerulares resultando em reduções na taxa de GFR que necessitam de mais elevações da PA e inibição da reabsorção tubular para manter o equilíbrio de sódio (HALL et al., 1990). Catena e colaboradores (2003), por outro lado, demonstraram que o efeito antinatriurético da hiperinsulinemia pode ser determinado por um mecanismo que depende do número de receptores de insulina nos tecidos, e essa densidade é inversamente relacionada com a ingestão de sal na dieta. Assim, o efeito antinatriurético da insulina é significativamente diminuído pela dieta com elevado teor de sal, mas não em ratos alimentados com frutose, sugerindo que o mecanismo de feedback que normalmente limita reabsorção de sódio induzida pela insulina está ausente nesse modelo experimental. Portanto, a longo prazo, o elevado consumo de sal, juntamente com a alimentação rica em frutose, resultará em mecanismo prejudicado de controle para o equilíbrio de sódio, contribuindo para a hipertensão. Singh e colaboradores (2008) demonstraram que frutose aumenta a absorção de sódio no trato gastrointestinal e no rim, através do aumento da atividade de GLUT5 (Slc2a5), transportador de frutose, e PAT-1 (Slc26a6), um transportador de cloro. Ambos são expressos nas membranas apicais do intestino delgado e no túbulo proximal renal, estabelecendo uma ligação direta entre o aumento no consumo de frutose e maior absorção de sal no intestino e, assim, diminuindo a sua excreção pelos rins (SINGH et al., 2008; BARONE et al., 2009). Esse aumento pode contribuir para o desenvolvimento de hipertensão em ratos alimentados com frutose. Apesar de muito trabalho estar centrado em frutose induzir RI e doença cardiorrenal, nem todas as fontes de frutose podem causar o mesmo efeito. Frutas naturais também são ricas em antioxidantes que podem ter efeitos benéficos (VASDEV et al., 2002). Com efeito, Forman et al. (2009) relataram que a ingestão de frutose não se correlaciona com pressão sanguínea elevada na população em que muita ingestão da frutose foi a partir de fruta, contendo compostos como vitamina C, quercetina, resveratrol, que podem alterar os seus efeitos metabólicos. Por outro lado, quando o teor de frutose, a partir de frutas naturais, foi 20 Revisão de Literatura excluída Jalal e colaboradores (2010) encontraram uma forte associação da ingestão de frutose, advinda de sacarose ou de frutose adicionada a produtos industrializados, com aumento da PA. Por fim, estresse oxidativo pode ser considerado um fator patogênico importante no desenvolvimento da hipertensão (PARAVICINI & TOUYZ, 2006) com dano oxidativo em ratos alimentados com frutose (BUSSEROLLES et al., 2002a). Estudos apoiam que o aumento da inativação oxidativa de NO, por um excesso de O2•−, pode ser responsável pela diminuição da disponibilidade de NO e disfunção endotelial, o que contribui para a elevação da PA. Consequentemente, aumento da produção de O2•− em tecido vascular, mediado através de NADPH-oxidase está sendo estudado. Unger & Patil (2009) demonstraram, em ratos alimentados com frutose, que administração crônica de apocinina, um suposto inibidor da NADPH-oxidase, previne o desenvolvimento da disfunção endotelial e hipertensão pela inibição da produção exagerada de O2•−, aumentando a biodisponibilidade de NO. 1.2.6 Frutose e estresse oxidativo Os radicais livres são definidos como qualquer espécie química capaz de existência independente de conter um ou mais elétrons desemparelhados, sendo assim altamente reativos e capazes de atacar qualquer biomolécula (DEL MAESTRO, 1980). Condições que envolvem o aumento dos níveis de radicais livres podem ser referidas como estresse oxidativo, o qual ocorre durante os processos de oxidação biológica através da ação de enzimas da respiração celular acoplada à fosforilação oxidativa para a formação de ATP na mitocôndria. Há ainda outras fontes de radicais no organismo que podem ser enzimáticas ou não. Os principais sistemas enzimáticos que catalisam a redução univalente de O2 (Figura 6) são as ciclooxigenase (COX), lipoxigenase, xantina oxidase, aldeído oxigenase, flavina desidrogenase e peroxidase. Já as reações não enzimáticas incluem reações de autoxidação como as que ocorrem com catecolaminas, flavinas e ferridoxinas, além de reações catalisadas por ferro, cobre e radiação ionizante (YU, 1994). O2 e- O2•- e- H2O2 e- OH• e- •H2O + O2 Figura 6: Formação de EROs a partir da redução de O2. Oxigênio (O2) é reduzido a água (H2O) recebendo quatro elétrons de uma só vez pela citocromo oxidase gerando compostos intermediários altamente reativos. 21 Revisão de Literatura Na SM, estresse oxidativo está relacionado à hiperglicemia, à hiperinsulinemia, à hipertrigliceridemia e às defesas antioxidantes inadequadas. Como o estresse oxidativo, através de EROs é considerado a causa subjacente no desenvolvimento de RI e intolerância à glicose na diabetes tipo 2 (WRIGHT et al., 2006), não é surpreendente que alimentação rica em frutose aumente o estresse oxidativo (BUSSEROLLES et al., 2002a) e está associada à SM em roedores (MILLER & ADELI, 2008). Os efeitos prejudiciais da frutose são aumentados quando as defesas antioxidantes são diminuídas ou quando há maior produção de radicais livres (BUSSEROLLES et al., 2003a), enquanto que a suplementação de vitamina E melhora a sensibilidade à insulina em ratos alimentados com dieta rica em frutose (FAURE et al., 1997). O2•− é uma EROs relativamente abundante e é dismutada enzimaticamente pela superóxido dismutase (SOD) para peróxido de hidrogênio (H2O2), o qual pode ser metabolizado em água e oxigênio pela catalase (CAT) ou pela glutationa peroxidase (GPx) (FRIDOVICH, 1995). Das suas 3 isoformas, a SOD extracelular é a de maior importância em nível vascular. A sua produção e secreção ocorre na célula muscular lisa, ligando-se posteriormente aos glicosaminoglicanos da matriz extracelular, na superfície da célula endotelial, desempenhando, dessa forma, um papel essencial na regulação do estado redox no interstício vascular (FRIDOVICH, 1995). Nas células vasculares, a glutationa reduzida desempenha um papel na regulação do estado redox intracelular, provendo equivalentes redutores a várias vias bioquímicas (TOUYZ, 2003). Entre essas reações, é de se destacar aquela em que a GPx reduz o H2O2 e os peróxidos lipídicos a água e álcoois lipídicos, oxidando, para isso, a glutationa reduzida a dissulfido de glutationa (glutationa oxidada). A CAT é, igualmente, uma enzima intracelular antioxidante, que se encontra predominantemente nos peroxissomas, mas também, em alguma porcentagem, no citoplasma das células. Caracteristicamente, é muito ativa quando existem níveis elevados de estresse oxidativo dentro das células e, quando tal acontece, catalisa o H2O2 em água e oxigênio molecular, protegendo assim, os elementos intracelulares dos efeitos nocivos do H2O2 (CAI, 2005). Faure et al. (1999) demonstraram que ratos alimentados com alto conteúdo de frutose conduz à RI e em estresse oxidativo. Além disso, evidenciaram que tratamento com metformina, um sensibilizador da insulina, tem um efeito benéfico sobre alguns componentes do sistema de defesa antioxidante. Assim, vários estudos demonstram que dieta rica em frutose afeta negativamente equilíbrio entre a produção de radicais livres e de defesa antioxidante em ratos, o que conduz a aumento da susceptibilidade à peroxidação lipídica (BUSSEROLLES et al., 2002a, 2002b; 2003b). Com base nessas descobertas, foi sugerido que a taurina, um aminoácido que contém enxofre, é capaz de diminuir o estresse 22 Revisão de Literatura oxidativo e melhorar a sensibilidade à insulina em ratos alimentados com frutose (NANDHINI et al., 2005; EL MESALLAMY et al., 2010). Esse aminoácido é um derivado da cisteína (Cis), que é um precursor da glutationa reduzida (GSH) e está disponível em tecidos e células. Nos seres humanos, a deficiência de Cis pode levar ao estresse oxidativo plasmático (JONES et al., 2011), e, em roedores, insuficiência de aminoácidos de enxofre provoca estresse oxidativo no plasma e tecido (NKABYO et al., 2006). Desse modo, suplementação de bebidas adoçadas com frutose pode reduzir a ingestão dietética de aminoácidos de enxofre, sendo possível que a diminuição desse consumo contribua para o estresse oxidativo observado em ratos alimentados com frutose. Degeneração neuronal na RI induzida por produção excessiva de EROs, peroxidação lipídica, oxidação de proteína bem como diminuição da capacidade antioxidante no cérebro de ratos alimentados com frutose na água, sugeriu acumulação de H2O2, induzindo citotoxicidade no cérebro (YIN et al., 2013). O aumento na produção de EROs em ratos alimentados com dieta rica em frutose pode reduzir biodisponibilidade de NO, o que explica relaxamento vascular alterado. O excesso de O2•−, produzido na vasculatura de ratos com RI pode degradar NO e aumentar a geração de outras EROs que são responsáveis pela peroxidação de lipídios, ocasionando dano vascular dependente do endotélio (SHINOZAKI et al., 1999; 2003). Então, a consequência mais importante do aumento do estresse oxidativo sobre a função endotelial vascular é a diminuição da biodisponibilidade resultante da inativação de NO por O2•− (PACHER et al., 2007). Fisiologicamente, a NOS converte a Larginina em NO ocasionando relaxamento da musculatura lisa do vaso. Essa reação ocorre na presença de tetrahidrobiopterina (BH4) que se converte à diidrobiopterina (BH2) por meio da redução de O2 a H2O. Em condições patológicas, como na deficiência de substrato (L-arginina) ou de cofatores BH4, o O2 não é reduzido completamente a H2O. Tal redução incompleta gera O2•− e, na RI, pode ser um fator patogênico para a disfunção endotelial através da ação prejudicada da eNOS e aumento da degradação oxidativa de NO (SHINOZAKI et al., 2003). O exagero da produção de O2•− estimula o desacoplamento da enzima eNOS o que leva a contração do vaso. Tem sido também descrito que a geração exagerada de O 2•− pode aumentar devido à atividade da NADPH-oxidase, o que resulta em oxidação do BH4, comprometendo sua função como cofator. NADPH-oxidase está associada à maioria da geração de O2•− favorecendo a produção de EROs (ZALBA et al., 2001). Entretanto, a produção excessiva de EROs pode também estar ligada a processos patológicos associados à disfunção endotelial e remodelamento vascular, que são características da hipertensão. 23 Revisão de Literatura Dietas ricas em frutose, por sua vez, podem alterar o metabolismo celular com ativação do SRA (SHINOZAKI et al., 2004; ISHIBASHI, 2007). Angiotensina II (Ang II), além do seu papel fundamental no desenvolvimento da hipertensão, na medida em que provoca a retenção de sódio (via aldosterona), tem ainda capacidade de promover a inflamação e estresse oxidativo renal e vascular. Na verdade, evidência crescente sugere que a formação de EROs e a ativação das cascatas de oxidação-redução, mediadas pela NADPH-oxidase, estão envolvidas de forma crítica na hipertensão induzida pela Ang II (CERIELLO, 2008). Ang II atua através do receptor AT1, estimula a NADPH-oxidase, levando, consequentemente, à acumulação dos radicais livres O2•−, H2O2 e peroxinitrito (ONOO−)(TOUYZ et al., 2004). O tratamento de ratos alimentados com frutose com bloqueador de AT1 (losartan) normaliza a atividade da NADPH-oxidase, melhorando função endotelial e efetivamente prevenindo que Ang II resulte em resposta pressórica contrátil em ratos com RI (CANNIZZO et al., 2012). Descobriu-se então que a dieta rica em frutose aumenta estresse oxidativo caracterizado pela superprodução de EROs dependente da ativação de NADPH-oxidase, porém, esse aumento é diminuído por tempol e losartan, corroborando o papel da geração de O2•− em RI induzida pela frutose, o que sugere o envolvimento do SRA no estresse oxidativo. 1.3 SÓDIO 1.3.1 Sódio na alimentação Os termos sal e sódio são frequentemente utilizados como sinônimos, embora, numa base de concentração, o sal compreende 40% de sódio e 60% de cloro; 1 g de sódio é equivalente a 2,55 g de sal; 1 mmol de sódio é equivalente a 23 mg de sódio e 1 g de sal é equivalente a 17 mmol de sódio. O quadro 4 apresenta uma visão geral das diferentes unidades. A maior fonte de sódio na dieta é o sal (NaCl) e o seu alto consumo, atualmente, é utilizado como preditor de DCV. Embora a American Heart Association recomende um consumo de sódio de <2300 mg por dia (AHA, 2010), pesquisas mostram que a população mundial consome muito mais do que isso, ingerindo até 13 g de sal por dia, com um consumo diário médio de 8,7 g (CDC, 2011). Em países ocidentais seu consumo é ainda mais elevado não só pelo seu uso na preparação como na conservação de alimentos, sendo extremamente excessivo para as necessidades fisiológicas humanas. O processamento de alimentos, muitas vezes, envolve a adição de sódio por uma grande variedade de razões relacionadas ao sabor ou ao processamento. Por exemplo, grão de bico, milho e ervilha que têm, naturalmente, 24 Revisão de Literatura muito baixo teor de sódio, apresentam 10 a 100 vezes mais sódio pós-processamento (WHO, 2007). Apesar de existirem poucas pesquisas sobre a mudança de padrões alimentares no Brasil, o estudo de Barreto & Cyrillo em 2001 mostrou uma diminuição de 35% nos gastos domésticos com hortaliças e frutas no orçamento familiar. Situação inversa foi encontrada nos gastos com alimentos industrializados. Essa modificação não parece estar somente relacionada aos preços do mercado, mas também ao marketing e à própria dinâmica de vida, os quais exercem importante papel nas decisões de consumo. Uma alimentação mais pobre em frutas e hortaliças é baseada em alimentos industrializados, mais rica em sal, o que parece ser preditor de agravos à saúde. Assim, é nesse contexto que a relação sódio/potássio vem sendo utilizada como marcador da qualidade na alimentação, visto que uma dieta mais adequada em relação ao sódio e ao potássio pode estar relacionada ao maior consumo de frutas e hortaliças e ao menor consumo de alimentos industrializados, como os embutidos e enlatados. Kotchen & Kotchen em 1997 demonstram que essa relação é mais importante do que a medida de sódio e potássio isoladamente. Outro estudo realizado por Kaufman et al. (1996), na África, mostrou que essa relação estava associada à PAS e à pressão arterial diastólica (PAD) e que o aumento da prevalência da hipertensão estava relacionado tanto às mudanças econômicas quanto às dietéticas. As iniciativas voltadas à redução no consumo de sódio se destacam entre as ações de prevenção e de controle das doenças crônicas diretamente associadas à alimentação por uma relação positiva entre custo e efetividade. Entre as principais estratégias encontram-se a redução voluntária do conteúdo de sódio de alimentos processados e a realização de campanhas de mídia para a promoção de hábitos alimentares saudáveis, que, segundo estimativas da OMS, poderiam evitar 2,5 milhões de mortes e poupar bilhões de dólares aos sistemas de saúde no mundo (WHO, 2010). Quadro 4: Quantidades equivalentes entre sódio e sal Sódio (mg) 1200 2000 2400 4000 Sódio (mmol) 51 87 104 174 Sal (g) 3,0 5,0 6,0 10,0 MOHAN & CAMPBELL, 2009 25 Revisão de Literatura 1.3.2 Fisiologia do sódio No corpo de um homem pesando 70 kg há aproximadamente 3,5 mol de sódio. Metade do sódio está dentro dos fluidos corporais (90% extracelular e 10% intracelular) e o restante está presente no osso. O sódio é um elemento inorgânico e é um dos principais eletrólitos, responsável pela osmolaridade e volume do fluido extracelular além de fazer parte de diversas secreções do organismo, como a bile e os sucos pancreáticos. Seu equilíbrio no corpo está intimamente ligado ao equilíbrio da água. Juntamente com potássio e cloro, o sódio desempenha um papel na condução dos impulsos nervosos, excitação elétrica de células musculares (incluindo o músculo cardíaco) e em combinação com o bicarbonato, regula o pH corpóreo. Excesso ou deficiência pode ser a base de alterações no equilíbrio ácido-base (ÉVORA et al., 1999). Sódio e cloro são também vinculados ao transporte de muitas moléculas através das membranas celulares. Bomba de sódio (também designada bomba de sódio-potássio), Na+K+ATPase, desempenha um papel fundamental no equilíbrio da água, na condução nervosa e no transporte ativo. Para manter o potencial elétrico da célula, essa enzima precisa de uma baixa concentração de íons de sódio e de uma elevada concentração de íons de potássio dentro da célula. Fora das células existe uma alta concentração de sódio e uma baixa de potássio, pois existe difusão desses componentes através de canais iônicos existentes na membrana celular (KAPLAN, 2002). Para manter as concentrações ideais dos dois íons, a bomba de sódio libera sódio para fora da célula e potássio para dentro. Nota-se que esse transporte é realizado contra os gradientes de concentração desses dois íons, o que ocorre graças à energia liberada com a clivagem de ATP. Os impulsos dos nervos ao longo de células, o transporte ativo de nutrientes para os enterócitos e células musculares são todos dependentes da bomba Na +/K+ATPase (KAPLAN, 2002). Em bom estado de saúde, a absorção de sódio no intestino é > 97%, transportado para o rim, onde é filtrado e reabsorvido para a corrente sanguínea de forma a manter os níveis normais no sangue. A quantidade de sódio absorvida é proporcional à quantidade de sódio ingerida, e, por esse motivo, a excreção urinária (mais de 24 horas) é geralmente aceita como a estimativa mais confiável de ingestão de sódio (ELLIOTT & BROWN, 2006), já que sua excreção é realizada essencialmente através da urina (90 a 95%). O restante é eliminado pelas fezes e pelo suor, sendo a sua excreção não mais que 2% pelas fezes e cerca de 2% pela pele, durante a transpiração. Comunidades que vivem em climas tropicais mostram excreção mais diluída para evitar a perda de excesso de sódio (GLEIBERMAN, 2009). 26 Revisão de Literatura 1.3.3 Sódio e homeostase hídrica Dependendo da disponibilidade de água, o rim adulto saudável é capaz de excretar muito ou pouco de sódio e de fluido (GUYTON, 1991). O plasma pode ser influenciado por diversos mecanismos. Forças físicas, tais como pressão de perfusão e pressão coloidosmótica, mecanismos neurais e comportamentais, como a sede e a fome de sal, a taxa de filtração renal, bem como mecanismos endócrinos e hormonais, podem afetar a homeostase de Na+. Assim, hormônios circulantes como a Ang II, a aldosterona, o fator natriurético atrial (ANF), a atividade do nervo simpático renal têm uma influência importante sobre a relação pressãonatriurese (CAMPESE & KARUBIAN, 1991; McMANUS et al., 1995; CHIOLERO et al., 2001; ANTUNES-RODRIGUES et al., 2004; DIETZ, 2005; KOPKAN & CERVENKA, 2009). Embora haja indícios fortes de que o rim é a via final comum no padrão a longo prazo de alteração da pressão, a anormalidade inicial deste não pode ser intrínseca ao desenvolvimento da hipertensão. Aumento da pressão sanguínea na aurícula direita do coração provoca a secreção do ANF, que aumenta a excreção do sódio e, consequentemente, a perda de água na forma de urina. Isso resulta em redução da pressão sanguínea com o volume de sangue diminuindo devido à eliminação da água. O mecanismo funciona em sentido inverso, com uma diminuição no ANF diminuindo a perda de água e aumentando pressão sanguínea quando diminuição da PA é detectada dentro do átrio direito do coração (De BOLD, 1985). Outro mecanismo é o sistema renina angiotensina aldosterona (SRAA) que é um dos principais componentes de regulação homeostática. O sistema SRAA atua principalmente através da regulação de reabsorção renal de sódio e responde à diminuição da PA dentro das arteríolas aferentes do rim. A renina é uma enzima proteolítica liberada a partir de células especializadas do aparelho justaglomerular, em resposta à diminuição da PA, à atividade do SNS e as diminuições de NaCl no túbulo distal. Assim, a renina ativa o SRA por clivagem do angiotensinogênio, produzido pelo fígado, para produzir a angiotensina I (Ang I), que é ainda convertida em Ang II pela enzima conversora de angiotensina (ECA), principalmente dentro dos capilares dos pulmões. Em seguida, Ang II contrai os vasos sanguíneos, aumenta a secreção de hormônio antidiurético (ADH) e aldosterona, além de estimular o hipotálamo, ativando o reflexo da sede (ANTUNES-RODRIGUES et al., 2004; COOPER et al., 2007; BADER & GANTEN, 2008). Reduções significativas na PA também provocam um aumento da secreção do ADH com aumento da permeabilidade à água nas células dos ductos coletores renais, o que permite que mais água seja reabsorvida a partir da urina para o sangue. Assim, a liberação de 27 Revisão de Literatura ADH aumentando a reabsorção de água no interior do rim resultará em pequeno volume de urina concentrada a ser produzido. Adicionalmente, elevação da PA será causada por aumento no volume de sangue e diminuição da pressão osmótica do sangue (um efeito de diluição), com resultante aumento do volume de sangue agindo de forma a restabelecer a PA. ADH é considerado o regulador mais importante da osmolaridade do sangue (McMANUS et al., 1995; ANTUNES-RODRIGUES et al., 2004). Um aumento da osmolaridade do sangue, como maior concentração de sódio, provoca secreção de ADH a partir da pituitária posterior mediada por osmorreceptores. Isso resulta em ativação da reabsorção de água nos rins, diluindo, assim, o sangue e restaurando a osmolaridade normal (Figura 7). Excesso de água Déficit de água Barorreceptores Osmorreceptores ↑Osmolaridade plasmática ↓Pressão atrial ↑Pressão atrial Sede ↓Osmolaridade plasmática ↑ ANF VP ↓ Volume de urina ↑ Volume de urina Antidiurese Diurese 1 Excesso de sal Déficit de sal Angiotensina II ↑Volume plasmático 2 ↓Volume plasmático ↑ ANF Angiotensina I Angiotensinogênio 3 ↑ excreção de sal ↓ excreção de sal 4 Figura 7: Função renal na homeostase de água e sal. (1) Rim e resposta hipotalâmica para déficit de água; (2) Rim e resposta hipotalâmica para excesso de água; (3) Rim e resposta adrenal para excesso de sal e (4) Rim e resposta adrenal para déficit de sal. Adaptado de Despopoulos & Silbergafl, 1986. Fator natriurético atrial (ANF). 28 Revisão de Literatura A osmolaridade no sangue é, dessa forma, mantida através do controle exato da concentração de íons extracelulares e, concomitantemente, pelo equilíbrio de fluidos (McMANUS et al., 1995; ANTUNES-RODRIGUES et al., 2004). Sugere-se também que a excreção urinária de sódio e a pressão hidrostática intersticial renal estão sob a influência do NO (KONE & BAYLIS, 1997; MAJID et al., 2001), e qualquer defeito desse sistema pode resultar na geração de hipertensão (COWLEY et al., 1995; BARTON et al., 2000). Ocorre diminuição significativa de nitratos no plasma em pacientes hipertensos, embora metabólicos de NO, medidos no plasma ou urina, são apenas indicadores indiretos da produção de NO e suas alterações não refletem necessariamente a disfunção endotelial (BRAGULAT et al., 2001). 1.3.4 Sódio e hipertensão Existe hoje uma infinidade de estudos sobre comunidades subdesenvolvidas que, historicamente, têm um consumo muito baixo de sal (<1 g) e, predominantemente, apresentam PA baixa sem hipertensão relacionada à idade, como visto nos países ocidentais. Porém, a primeira implicação de que o sal pode ser um fator de aumento da PA foi relatada com Ambar & Beaujard (1904) evidenciando uma relação positiva entre alto teor de sal na alimentação e PA elevada. Já Kempner (1948) com o objetivo inicial de demonstrar a eficiência no controle da hipertensão arterial e das complicações cardiovasculares utilizando dieta com baixo teor proteico, em 500 pacientes acompanhados durante 4 anos, mudou os rumos da pesquisa quando os resultados iniciais demonstraram que a simples restrição de sal na dieta, por si só, era capaz de reduzir a PA. Estudos clínicos e experimentais demonstram uma correlação positiva entre o sal ingerido na dieta e valores de PA. Essa afirmativa tem como fundamento vários estudos que avaliaram indivíduos normotensos, hipertensos, animais de laboratório, bem como pequenas amostras e grandes populações (MASCIOLI et al., 1991; LAW et al., 1991; ELLIOTT et al., 1996; VASDEV et al., 2003; KATORI & MAHIMA, 2006; STRAZZULLO et al., 2009). Ensaios clínicos e em animais, por sua vez, mostram que reduzir a ingestão de sal diminui os níveis de PA em grupos normotensos e hipertensos e podem prevenir a hipertensão. Uma pesquisa envolvendo 3.000 indivíduos pré-hipertensos com idade entre 30-54, informou que a diminuição da ingestão de sal reduz o risco de DCV em até 35% (COOK et al., 2007). Os resultados confirmaram que os grupos restritos de sódio tinham menos probabilidade de sofrer DCV e uma redução de risco de morte por qualquer outra causa. Outro estudo de intervenção de longo prazo, avaliou PA e excreção urinária de sódio de 24 horas após redução 29 Revisão de Literatura da ingestão de sal (> 50%) em uma população rural em Portugal. Uma diminuição progressiva da pressão sanguínea foi observada quando comparada com o controle, além de correlações significativas entre queda da PA e diminuição da relação sódio urinário e creatinina (FORTE et al., 1989). Uma das maiores pesquisas sobre consumo de sal (Intersalt) envolveu um estudo controlado de 52 comunidades em 32 países ao redor do mundo, incluindo dados de mais de 10 mil adultos no total, todos com variáves nos níveis de ingestão de sal (0,5 g > 25 g/dia). A investigação mostrou uma relação positiva entre a ingestão de sal e PA e uma inversa relação para consumo de potássio e aumento da PA. Foi também estimado que um aumento de 6 g por dia de sal, durante 30 anos levaria a uma elevação em 9 mmHg na PA (STAMLER et al., 1996). Além desse estudo, uma meta-análise das bases Medline, Embase, Cochrane Hypertension Group Specialised Register, Cochrane Central Register of Controlled Trials e artigos relevantes envolvendo redução de consumo de sal e sua relação entre queda da PA em indivíduos normotensos e hipertensos foi realizada por He & Mac Gregor (2000). A análise constatou que sódio urinário estava significativamente associado à redução da PA. A diminuição do consumo de sal ocasionou redução de -75 mmol/24h de sódio urinário e essa queda resultou em mudança na PA (-4,18 mmHg para PAS e -2,06 mmHg para PAD) em 4 semanas. Essa intervenção para consumo menor de sal foi também relacionada a mudanças na atividade de renina no plasma, concentração de aldosterona e noradrenalina e nenhuma alteração nos níveis de lipídios. Levando em conta que a maioria dos estudos analisados envolveu uma média de 2 g/dia de redução da ingestão de sal e as recomendações atuais são para reduzi-lo por 5-7 g/dia, os autores argumentam que uma intervenção mais controlada e maior do que 2 g/dia provavelmente ocasionaria maior redução na pressão sanguínea, à semelhança das respostas dependentes da dose observada em estudos com animais. Portanto, vários estudos têm sido realizados e, quase todos apoiam o conceito de que o consumo de sal é um importante fator no aumento da PA da população. Entretanto, a resposta da PA diante de modificações no consumo de sódio não costuma ser homogênea na população. Existem indivíduos que apresentam “tendência” maior ou menor para queda ou elevação da PA frente a reduções ou suplementações de sal, fenômeno explicado como sensibilidade ao sal. Pacientes classificados como sensíveis ao sal mostram diminuição significativa da excreção urinária de nitratos no final do período de elevado teor de sal em contraste a hipertensos resistentes ao sal. Modelos animais de hipertensão humana, incluindo ratos Dahl sensíveis ao sal (DahlSS), Wistar-Kyoto (WKY) e ratos espontaneamente hipertensos (SHR) respondem à dieta com 30 Revisão de Literatura baixo e alto teor de sal com alterações da PA semelhante aos humanos sensíveis ao sal (OGIHARA et al., 2002). Porém, os mecanismos pelos quais os indivíduos normotensos ou hipertensos variam sua PA em diferentes graus, em resposta à restrição ou sobrecarga salina, ainda não são completamente conhecidos. Gordon & Mark (1984) encontraram função anormal dos barorreceptores em ratos Dahl-SS, mesmo antes dos animais se tornarem hipertensos. Esses autores preconizaram um mecanismo neurogênico alterado, que seria responsável pela hipertensão arterial nessa cepa de ratos. Mecanismos renais associados ao desenvolvimento de hipertensão arterial nos modelos Dahl-SS também foram identificados. Ratos Dahl-SS apresentam defeito na resposta vasodilatadora renal que normalmente acompanha a sobrecarga salina com diferença na vasculatura renal em relação à observada nos ratos Dahl resistente ao sal (Dahl-SR) (FINK et al., 1980). Rins de ratos Dahl-SS não têm capacidade de vasodilatar integralmente apresentando defeito na resposta vasodilatadora renal, que normalmente acompanha a sobrecarga salina, e não aumentando com dieta rica em sal. Dahl & Heine (1975) observaram que o transplante de um rim de rato Dahl-SR para um rato Dahl-SS previne o aparecimento de hipertensão arterial nesse último, quando submetido à sobrecarga salina, o que de fato sugere que o rim possa ser o órgão responsável pela sensibilidade ao sal. Em adição, cepas de ratos Dahl-SS e Dahl-SR têm sido intensamente estudadas por meio de técnicas de biologia molecular. Rapp et al. (1989) identificaram aumento na expressão do gene da renina nas cepas de ratos Dahl-SS, sugerindo que essa maior expressividade do gene poderia estar relacionada ao aumento da PA nesses animais quando expostos a sobrecarga salina. 1.3.5 Sódio e estresse oxidativo A literatura sugere que estresse oxidativo participa da patogênese da hipertensão com estudos relacionando modelos de hipertensão sensível ao sal e aumento do estresse oxidativo (MANNING et al., 2003; TIAN et al., 2007; BANDAY et al., 2007). Dieta rica em sal leva à geração de EROs e esse aumento do estresse oxidativo sistêmico pode contribuir para prejudicar função endotelial, diminuindo dilatação endotélio-dependente em ratos normotensos (LENDA et al., 2000). O2•− pode, então, inativar rapidamente NO, e essa reação ocorre numa taxa mais rápida do que a interação de O 2•− com a SOD, sugerindo uma interação preferencial entre O2•− e NO na parede vascular (HARRISON, 1997). Um mecanismo sugerido, assim, é que dieta rica em sal aumenta produção de O2•− interagindo com NO, formando ONOO−, o que reduz biodisponibilidade de NO (BRAGULAT et al., 2001) levando ao 31 Revisão de Literatura comprometimento funcional do órgão. Outra possibilidade para a disfunção endotelial é a diminuição na atividade da NOS (SATOH et al., 2005). Assim sendo, em hipertensos com sobrecarga de sal foi observado diminuição nos níveis plasmáticos e urinários de metabólitos de NO (FUJIWARA et al., 2000) com acumulação significativa de O2•− no rim alterando regulação normal da função renal, e contribuindo para o desenvolvimento da sensibilidade ao sal e hipertensão (CHEN et al., 1998). O estresse oxidativo na hipertensão foi demonstrado pelo aumento da produção de marcadores, como por exemplo, sobre a peroxidação lipídica com o produto isoprostano e malonildialdeído (MDA) (SCHNACKENBERG & WILCOX, 1999; BELTOWSKI et al., 2005), e por efeitos de diminuição da PA pelo uso de formas de células-permeáveis de SOD (LAURSEN et al., 1997) ou de seus miméticos (SCHNACKENBERG & WILCOX, 1999). O2•− age como um vasoconstritor e aumenta a reabsorção tubular de sódio (MAKINO et al., 2002) e NO exibe efeitos opostos ao O2•−, de forma que também está envolvido na regulação da função renal. Além disso, os efeitos do O2•− podem reduzir a expressão do sistema de defesa antioxidante (CHABRASHVILI et al., 2003; WELCH et al., 2005) com o aumento da produção de EROs e sua degradação reduzida podendo levar ao estresse oxidativo com ampla consequências fisiológicas e fisiopatológicas. O2•− é produzido em fagócitos ativados pela enzima NADPH-oxidase (BABIOR, 1999) que também tem sido implicada na sinalização de O2•− na vasculatura (RAJAGOPALAN et al., 1996), no córtex (CHABRASHVILI et al., 2002) e medula (ZOU et al., 2001) do rim. Ativação de NADPH-oxidase leva à geração de O2•− induzida por Ang II (RAJAGOPALAN et al., 1996) e está implicada na patogênese de vários modelos de hipertensão (GRIENDLING et al., 2000; CHABRASHVILI et al., 2002). Normalmente, durante uma dieta rica em sal, o SRA está suprimido. Como consequência dos baixos níveis circulantes de Ang II ocorre, nos vasos da circulação renal, aumento na expressão dos receptores para Ang II (up regulation) e maior reatividade local à Ang II (OIGMAN, 2000). Ou seja, quantidades pequenas de Ang II são capazes de promover expressiva vasoconstricção. Na verdade, quando medido diretamente em ratos com hipertensão sensível ao sal, o angiotensinogênio intrarenal se eleva, acompanhado por um aumento da expressão do receptor AT1 da Ang II. Kitiyakara et al. (2003) sugerem que o elevado teor de sal e Ang II regulam a expressão da NADPH-oxidase uma vez que a essa enzima foi atribuído um papel importante na geração de EROs nos tecidos vascular e cardíaco. Consequentemente, NADPH-oxidase pode desempenhar um papel crítico na produção de EROs no rim com disfunção endotelial em animais hipertensos sensíveis ao sal. Ocorre, dessa maneira, uma regulação positiva da NADPH-oxidase e aumento da 32 Revisão de Literatura produção de EROs, o que leva a uma disparidade entre os mecanismos oxidativos e antioxidantes nos tecidos, que estão envolvidos em muitos processos fisiopatológicos no organismo. Logo, nesse estudo considerou-se que ratos normotensos tratados com dieta rica em sal podem ter a produção basal de O2•− aumentada e essa alteração poderia contribuir para o desenvolvimento do estresse oxidativo, relacionado ao aumento da resistência vascular no modelo estudado e possível regulação da perfusão tecidual. O consumo de sal, portanto, induz mudanças na regulação da homeostase do sódio e do volume extracelular principalmente pelos rins (GUYTON et al., 1972) com o SRA desempenhando um papel-chave na regulação da função renal, no volume do fluido extracelular e na PA, além de induzir estresse oxidativo (particularmente formação de O2•−). O desequilíbrio dessas interações está ligado à fisiopatologia da hipertensão uma vez que a hemodinâmica renal na manutenção de sódio e no volume de fluido extracelular são reguladas por esses sistemas . À medida que a ativação de SRA, em particular o aumento de Ang II, pode induzir a geração de O2•−, sugerese, diante dessas questões, que as interações fisiológicas de SRA e O 2•− podem proporcionar uma regulação coordenada da função renal (KOPKAN & CERVENKA, 2009). 33 Objetivos 2- OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL O presente estudo teve como objetivo avaliar se dieta rica em sal pode induzir hipertensão em ratos com hiperinsulinemia, desencadeada por frutose dietética, com o estresse oxidativo contribuindo para a regulação da PA. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Padronizar o modelo de estudo com a dieta empregada para: avaliar mudanças corpóreas e anatomopatológicas de órgãos-alvo; averiguar padrão de consumo alimentar; investigar a existência de aspectos característicos da SM; examinar a presença de estresse oxidativo identificando dano celular e/ou alteração de defesas antioxidantes; verificar perfil de células sanguíneas e aspectos histológicos e funcionais hepáticos; verificar se a administração de frutose pode estimular aumento na reabsorção de sódio com a sobrecarga de sal; avaliar uma provável interação entre sal e frutose, potencialmente, interferindo na resposta pressórica. Examinar a ação do antioxidante tempol no modelo estudado para: avaliar desenvolvimento corpóreo; averiguar padrão de consumo alimentar; identificar dados relativos ao estado nutricional e à função hepática; investigar perfil lipídico, índice aterogênico e resposta enzimática da PON; determinar se ocorreu variação de produtos finais de degradação metabólica; avaliar se O2•− pode estar envolvido na resposta pressórica encontrada; observar uma possível relação entre PA, peroxidação lipídica e parâmetros sanguíneos avaliados. 34 Materiais e Métodos 3- MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 ANIMAIS E TRATAMENTOS Para realizar esse estudo foram utilizados ratos machos Fischer, em idade adulta, obtidos do Laboratório de Nutrição Experimental da Escola de Nutrição da Universidade Federal de Ouro Preto. Todos os procedimentos foram cuidadosamente realizados e aprovados pelo comitê de ética no uso de animais de laboratório da Universidade Federal de Ouro Preto (068/2011). Mantidos numa sala com temperatura e umidade controladas, num ciclo claro-escuro 12:12, os animais foram acondicionados individualmente em gaiolas do tipo galvanizadas de fundo aramado, com livre acesso à comida e à água. Para o início do experimento, grupos de 11 a 12 animais foram selecionados de modo que a média de peso corporal fosse semelhante e, a cada duas semanas, ganho de peso foi regularmente avaliado. Para calcular o consumo alimentar de cada animal foi medida a quantidade de dieta oferecida, não consumida e desperdiçada. Já a ingestão hídrica foi verificada através do volume de água presente no recipiente de fornecimento hídrico, subtraindo desse volume a quantidade restante vinte e quatro horas depois. Esses dados foram avaliados próximo ao término do experimento, sendo os valores apresentados referentes à média da mensuração de 10 dias. Após 20 semanas de tratamento, com jejum por 10 a 12 horas, animais foram anestesiados com isoflurano e eutanasiados por enxanguinação, através de um corte sobre o plexo braquial. Para análise coletaram-se sangue, órgãos (fígado, coração e rins) e gordura abdominal. Gordura e órgãos foram pesados logo após remoção e fígado, coração e rins foram estocados a -80oC para subsequentes análises. 3.1.1 Protocolo A: Avaliação e padronização do modelo experimental Os animais foram divididos inicialmente em três grupos: 1) grupo controle (C), que recebeu dieta padrão e água; 2) grupo com dieta rica em sal (S), que recebeu dieta padrão modificada com acréscimo de sal (8% NaCl) e água e 3) grupo com dieta rica em frutose (F), que recebeu dieta padrão e solução de frutose (20%) em vez de água. Após 10 semanas de tratamento, animais do grupo F foram subdivididos em 2 grupos: um que continuou a receber suplementação de frutose e outro que associou alto teor de frutose e de sal por mais 10 semanas (FS10), com a mesma concentração de frutose e de sal na dieta já descrita para os grupos F e S, respectivamente. Estenderam, assim, todos os grupos para 20 semanas de tratamento (Figura 8). 35 Materiais e Métodos Grupo controle (C ) Protocolo A Grupo com dieta rica em sal (S) Grupo com dieta rica em frutose (F) Grupo com dieta rica em frutose e sal (FS10) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 (semanas) Dieta Figura 8: Protocolo A. Ratos foram divididos em grupo controle (C), recebendo dieta padrão e água por 20 semanas; grupo com dieta rica em sal (S), recebendo dieta padrão modificada com 8% de NaCl e água por 20 semanas; grupo com dieta rica em frutose (F) , recebendo dieta padrão e solução de 20% de frutose como água por 20 semanas e grupo com dieta rica em frutose e sal (FS10), recebendo dieta padrão modificada com 8% de NaCl e solução de 20% de frutose como água por 10 semanas após tratamento prévio de dieta padrão e solução de 20% de frutose como água por 10 semanas. 3.1.2 Protocolo B: Efeito do antioxidante tempol em animais alimentados com dieta rica em frutose e sal Os animais foram divididos em dois grupos experimentais, um que recebeu dieta padrão (C) e outro que recebeu dieta padrão modificada com acréscimo de sal (8% NaCl) e solução de 20% de frutose em vez de água para beber (FS20). Da 13ª até a 20ª semana do estudo, metade dos animais de cada um desses grupos foi tratado, uma vez ao dia com veículo (água filtrada), ou com 10 mg/kg/dia de tempol (Sigma) em 2 mL/kg de peso por gavagem, compondo os grupos (CT) e (FS20T) (Figura 9). Grupo controle (C ) Protocolo B Grupo controle + tempol (C T) Administração de Tempol Grupo com dieta rica em frutose e sal (FS20) Administração de Tempol Grupo com dieta rica em frutose e sal + tempol (FS20T) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 (semanas) Dieta Figura 9: Protocolo B. Ratos foram divididos em grupo controle (C), recebendo dieta padrão e água por 20 semanas e da 13ª a 20ª semana foram tratados com gavagem, uma vez ao dia, com água; grupo controle e tempol (CT) recebendo dieta padrão e água por 20 semanas e da 13ª a 20ª semana foram tratados com gavagem, uma vez ao dia, com tempol (10 mg/kg de peso); grupo com dieta rica em frutose e sal (FS20), recebendo dieta padrão modificada com 8% de NaCl e solução de 20% de frutose como água por 20 semanas e da 13ª a 20ª semana foram tratados com gavagem, uma vez ao dia, com água; grupo com dieta rica em frutose sal e tempol (FS20T), recebendo dieta padrão modificada com 8% de NaCl e solução de 20% de frutose como água por 20 semanas e da 13ª a 20ª semana foram tratados com gavagem, uma vez ao dia, com tempol (10 mg/kg de peso). 36 Materiais e Métodos 3.1.3 Dieta No Laboratório de Nutrição Experimental (LABNEX) da Escola de Nutrição da Ufop, foram elaboradas duas rações, sendo a padrão confeccionada segundo a recomendação de Reeves e colaboradores (1993), modelo AIN-93M, e a modificada com acréscimo de 8% de NaCl. A composição das dietas semipurificadas referidas nos protocolos A e B está apresentada na tabela 1. Animais de grupos alimentados com acréscimo de sal e de frutose foram tratados com os respectivos constituintes, isoladamente e em combinação, de modo que distintos aportes energéticos foram oferecidos para os diferentes grupos estabelecidos ao longo do estudo. Tabela 1: Composição das dietas dos grupos experimentais Composição (g/Kg dieta) Ingredientes 3 3 C S F FS Amido de milho 622.5 542.5 622.5 542.5 Caseina 140.0 140.0 140.0 140.0 Sacarose 100.0 100.0 100.0 100.0 - 80.0 - 80.0 Celulose 50.0 50.0 50.0 50.0 Óleo de soja 40.0 40.0 40.0 40.0 1 35.0 35.0 35.0 35.0 2 10.0 10.0 10.0 10.0 2.5 2.5 2.5 2.5 3810 3490 3810 Sal Minerais Vitaminas Colina Energia (Kcal/Kg) 3490 1 (C) dieta controle; (S) dieta rica em sal; (F) dieta rica em frutose; (FS) dieta rica em frutose e sal. Mistura mineral para AIN-93M; 2Mistura vitamínica para AIN-93M; 3D-Frutose (Synth®Labsynth, São Paulo, Brasil) 3.1.4 Registro da pressão arterial e da frequência cardíaca por pletismografia Animais foram colocados em contenção em um tubo cilíndrico de acrílico, em que somente a cauda foi mantida exteriorizada, próxima a uma lâmpada aquecida para promover dilatação da artéria e facilitar a medida da PA. A aferição só foi registrada após um período de adaptação dos animais ao sistema de medida, com valores pressóricos registrados no início, na fase intermediária e no final do estudo. Um manguito de borracha foi adaptado à região proximal da cauda e ligado a um esfingmomanômetro para insuflar e desinsuflar automaticamente em intervalos fixos de tempo (segundos). Próximo ao manguito foi também 37 Materiais e Métodos acoplado um transdutor de pulso (sensor) que captava sinais a serem enviados e registrados em computador. No registro da pressão sanguínea por pletismografia de cauda, ocorrem a perda e o retorno dos sinais de pulso e de FC durante o processo de insuflação e desinsuflação do manguito, sendo considerado o valor da PA como o primeiro sinal de pulso de retorno desse processo. Já para análise da FC foram selecionados intervalos de 10 segundos entre os ciclos de insuflar e de desinsuflar. O sinal era captado por um amplificador de sinais e conectado a um conversor analógico digital. 3.1.5 Teste oral de tolerância à glicose Antes do final do experimento, 8 animais de cada grupo foram utilizados para a investigação da sensibilidade à insulina utilizando um teste oral de tolerância à glicose (TOTG). Para realização do teste, os animais permaneceram 12 horas em jejum antes de receberem uma solução de 2,5 g de glicose por kg de peso corporal, via gavagem, e a glicemia foi determinada nos tempos zero (antes da sobrecarga), 30, 60 e 120 minutos após a administração, utilizando-se glicosímetro automatizado e fitas para se medir glicemia. 3.2 ANÁLISES BIOQUÍMICAS Amostras sanguíneas dos animais foram coletadas em tubos de polipropileno com ou sem 15μL de anticoagulante para obtenção do plasma ou soro, respectivamente. Em seguida, o sangue foi centrifugado a 10.000 g por 15 minutos e guardados sob refrigeração (-4oC). Foram realizadas as seguintes dosagens bioquímicas utilizando-se kits comerciais: glicose, TG, colesterol total, colesterol-HDL, alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST), fosfatase alcalina (ALP), albumina, proteínas totais, ureia, creatinina e ácido úrico. Os princípios dos métodos e seus respectivos protocolos estão descritos no anexo 2 desse trabalho. 3.2.1 Determinação do hematócrito A determinação do hematócrito foi realizada por meio da técnica de microhematócrito, segundo Goldenfarb et al. (1971). Tubos capilares foram preenchidos, vedados em uma das extremidades e levados à centrífuga. Na centrifugação, os eritrócitos foram compactados na parte inferior do tubo e, para a leitura, foi utilizado como auxílio o cartão padrão. O resultado foi apresentado em porcentagem de células. 38 Materiais e Métodos 3.2.2 Contagem diferencial de leucócitos Para contagem diferencial de leucócitos, uma gota de sangue foi usada para preparar o esfregaço sanguíneo. A lâmina foi corada pelo corante Panotic Fast, o qual usa componentes da coloração de Romanowsky. Contagem de 100 leucócitos foi realizada e os resultados foram expressos como subtipos identificados para células polimorfonucleares (PMN), linfócitos ou monócitos. 3.2.3 Atividade da paraoxonase-1 A atividade enzimática da paraoxonase-1 (PON1) no soro foi determinada de acordo com Beltowski e colaboradores (2002). A avaliação da atividade paraoxonásica, usando paraoxon como substrato, teve como base a velocidade de hidrólise desse, com a liberação do para-nitrofenol por minuto. Inicialmente preparou-se uma solução contendo 9 mL de tampão glicina/NaOH 50 mM pH10,5, contendo CaCl2 0,9mM e 2 μL de paraoxon. Em um tubo de polipropileno adicionou-se 780 μL dessa solução e 20 μL de soro. A solução foi homogeneizada e a absorbância das amostras foi lida no espectrofotômetro em 412 nm, exatamente a cada minuto, por 3 minutos. O branco (tubo com 780 μL da solução preparada inicialmente e 20 μL de água) foi utilizado para zerar o aparelho. Para cálculo da enzima, 1 U da enzima PON1 é equivalente à hidrólise de 1 nmol de paroxon por minuto (usualmente a atividade dessa enzima é representada por 1 mL de soro). A atividade paraoxonásica da enzima foi calculada segundo a lei Lamber Beer. A absorbância utilizada nessa expressão é o delta (absorbância por minuto) obtido das absorbâncias lidas no 1º e 3º minutos, subtraindo a absorbância do terceiro minuto pela absorbância do primeiro minuto e dividindo por 2, uma vez que são 2 minutos entre as duas absorbâncias. 3.2.4 Concentração da insulina e leptina A concentração sérica dos hormônios insulina e leptina foi determinada pelo método de ELISA utilizando-se kits específicos descritos no anexo 2. A leitura foi realizada com auxílio de leitor de micro-placa. O índice de resistência à ação da insulina foi estimado através do cálculo do Homeostasis Model Assessment {HOMA-IR= [insulina em jejum (mol/L) x glicose plasmática em jejum (mmol/L)] / 22,5} de acordo com Matthews et al. (1985). 39 Materiais e Métodos 3.2.5 Determinação de sódio Sódio sérico foi determinado em fotômetro de chama, devidamente calibrado com solução padrão contendo 140 mEq/L de sódio, diluído em água destilada na proporção de 1:100. Cada amostra foi diluída igualmente a solução padrão, homogeneizada e aspirada no fotômetro de chama para a leitura da concentração do sódio e expressa em mmol/L. 3.2.6 Extração da gordura hepática A gordura hepática foi extraída usando uma mistura de clorofórmio e metanol (2:1, v/v), conforme descrito por Folch et al. (1957). Inicialmente, 400 mg de fígado foram homogeneizados com 8 mL da mistura clorofórmio-metanol (2:1v/v) e o homogenato vertido em tubos de vidro pré-lavados com éter de petróleo. Os tubos foram centrifugados a 1000 g por 10 minutos. O sobrenadante foi retirado e colocado em outro tubo de vidro previamente pesado e identificado. Foram acrescentados 2 mL da solução de NaCl 0,73% e nova centrifugação foi realizada e, em seguida, a fase superior foi desprezada. Posteriormente, a parede interna do tubo de vidro foi lavada com 3 mL da solução de Folch clorofórmio/metanol/água (3:48:47). A fase superior foi desprezada e os tubos com os extratos lipídicos foram secos em estufa semiaberta, a 40oC, para evaporação total do solvente. Após a evaporação, os tubos foram resfriados no dessecador e pesados novamente. A quantidade de gordura no fígado (mg) foi obtida, subtraindo-se o peso do tubo final (g) do peso do tubo inicial (g) multiplicado por 1000. 3.2.7 Oxidação de lipídeos (peroxidação lipídica) pela dosagem das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico Determinação da concentração de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) é fundamentada na capacidade do ácido tiobarbitúrico (TBA) se ligar a lipídios oxidados, conforme descrito por Buege & Aust (1978). Para a realização da dosagem, fragmentos de 100 mg do tecido foram homogeneizados com 1 mL de tampão fosfato, pH 7,4 e, em seguida, centrifugados por 10 minutos a 10000 g a 4oC. O sobrenadante foi retirado e usado como amostra biológica. Em um tubo foram adicionados 500 µL de homogeneizado, 250 µL de ácido tricloroacético (TCA) 28% p/v dissolvido em HCl 0,25N, 250 µL de TBA 1% dissolvido em ácido acético 1:1 e 125 µL de BHT 5 mM dissolvidos em etanol. Em seguida, o tubo foi levado ao 40 Materiais e Métodos vórtex e colocado em banho-maria a 95oC por 15 minutos. Após serem resfriados em banho de gelo, os tubos foram centrifugados por 10 minutos a 10000 g e o sobrenadante retirado foi lido no espectrofotômetro a 535 nm, zerado com água destilada. A concentração de TBARS foi determinada utilizando o coeficiente de extinção molar (ε = 1,56 x 105L x mol-1 x cm-1), segundo a lei de Lambert Beer. Essa concentração foi representada em nmoles/mL. 3.2.8 Atividade da superóxido dismutase Atividade da SOD foi medida nos tecidos de acordo com o método de Marklund & Marklund (1974) que se baseia na capacidade da SOD em inibir a autooxidação do pirogalol. Os reagentes de trabalho utilizados foram: KH2PO4, Na2HPO4, Pirogalol, MTT {brometo de (3-[4,5-dimetiltiazol-2H]-2,5-difeniltetrazolio) e DMSO (dimetilsulfóxido)}. Para a realização da dosagem, fragmentos de 100 mg do tecido foram homogeneizados com 1 mL de tampão fosfato (50 mM), pH 7,0, e em seguida, centrifugados por 10 minutos a 12000 g a 4oC. O sobrenadante foi retirado e usado como amostra biológica. A confecção das dosagens nas amostras usando placa de Elisa seguiu a sequência de adições de reagentes, conforme o quadro a seguir. Poço Branco Padrão Amostra Amostra Tampão 30 µL 144 µL 129 µL 99 µL MTT (1,25 mM) 6 µL 6 µL 6 µL Pirogalol (100µM) 15 µL 15 µL As amostras foram incubadas por 5 minutos em estufa à 37 oC. Logo após, 150 μL de DMSO foram adicionados às mesmas para parar a reação. As absorbâncias foram lidas no leitor de Elisa em um comprimento de onda de 570 nm. Considerando que uma unidade de SOD (U) é responsável pela oxidação de 50% do piragolol, e que a absorbância da amostra obtida em unidades de SOD, converteu-se a absorbância da amostra obtida em unidades de SOD. Para cálculo da atividade de SOD, subtrai-se o resultado obtido da amostra pelo valor encontrado do branco e, a seguir, divide-se esse valor pelo encontrado da subtração do padrão pelo branco. 41 Materiais e Métodos 3.2.9 Atividade da catalase A determinação da atividade da enzima CAT é baseada na sua capacidade de converter H2O2 em água e oxigênio molecular, conforme descrito por Aebi (1984). Para a preparação da amostra biológica 100 mg do tecido foram homogeneizados com 1 mL de tampão fosfato 0,1 M, pH 7,2 e, em seguida, centrifugados por 10 minutos a 4oC. O sobrenadante foi retirado e usado como amostra biológica. Em um tubo de polipropileno, adicionaram-se 50 µL de tampão fosfato pH 7,2; (0,1 mM) e 40 µL de água destilada. Em seguida, adicionaram-se 10 µL da amostra e 900 µL de H2O2 (10 mM) e homogeneizou-se a solução. O espectrofotômetro foi zerado com H2O2 (5 mM) em 240 nm e determinaram-se as absorbâncias das amostras exatamente a cada minuto, durante 2 minutos e 30 segundos. 1 U de CAT é equivalente à hidrólise de 1 µmol de H2O2 (ε = 39,4 L.mol-1.cm-1) por minuto. Usualmente, a atividade dessa enzima é representada em Unidade por mL de amostra. Calculou-se a atividade da CAT segundo a lei de Lambert Beer. A absorbância utilizada nessa expressão é o delta obtido da primeira e da última absorbância lida (absorbância final – absorbância inicial / 2). 3.2.10 Concentração de glutationa Glutationa total foi determinada enzimaticamente de acordo com Akerboon & Sies (1981). Esse ensaio utiliza um método cinético fundamentado na redução do 5,5’ ditio-bis-2ácido nitrobenzóico (DTNB). A glutation reduzida (GSH) presente na amostra reage com DTNB, produzindo 5-tio-2-ácido nitrobenzóico (TNB) e glutationa oxidada (GSSG). Para preparo dos reagentes de estoque foram usados: solução de ácido sulfosalicílico (SSA) 5%; tampão fosfato 5x (500 mM), contendo 5 mM EDTA; solução padrão estoque de glutationa (0,3 mg de glutationa reduzida em 0,1 mL de água destilada); solução de estoque de DTNB (8 mg de DTNB foram diluídos em 5,33 mL de dimetil sulfosalicílico (DMSO) resultando em uma solução com 1,5 mg/mL de concentração) e estoque de NADPH (solução de 40 mg/mL). A amostra biológica foi preparada com 100 mg do tecido homogeneizado em 1 mL de ácido de sulfosalicílico 5% (SSA) e, em seguida, centrifugada a 10000 g, por 10 minutos a 4oC. O sobrenadante foi retirado e usado como amostra biológica. 42 Materiais e Métodos Os reagentes utilizados foram: solução de enzima diluída (diluir 15,2 μL de glutationa redutase (100 unidades/mL) em 250 μL de tampão fosfato 1x); solução de NADPH de trabalho (da solução de estoque de NADPH preparada são retirados 30 μL para 7,5 mL de tampão fosfato 1x); mistura de trabalho (8 mL de tampão 1x, 228 μL da solução de enzimas diluída e 228 μL de DNPH solução de estoque); solução padrão de glutationa – preparar para a curva padrão (diluir 10 μL de solução estoque de glutationa padrão com 2 mL de ácido SSA 5%). Para a confecção da curva padrão e das dosagens nas amostras utilizou-se placa de Elisa seguindo a sequência de adições de reagentes, conforme mostradas nos quadros a seguir. CURVA PADRÃO: Poço [GSH] µM Solução de (µM) SSA 5% (µL) GSH nmoles de GSH em 10 µL de amostra 1 2 3 4 5 50 25 12,5 6,25 3,125 50 25 (tubo 1) 25 (tubo 2) 25 (tubo 3) 25 (tubo 4) - 25 25 25 25 0,5 0,25 0,125 0,062 0,0312 DOSAGEM: Poço Branco Curva padrão Amostra Volume da amostra SSA 5% Mistura de trabalho NADPH (final) - 10 µL 150 µL 50 µL 10 µL - 150 µL 50 µL 10 µL - 150 µL 50 µL As amostras foram então incubadas, por 5 minutos à temperatura ambiente e, em seguida, adicionou-se NADPH às mesmas com o cronômetro sendo disparado. As absorbâncias foram lidas, durante 5 minutos a cada minuto, no leitor de Elisa a 412 nm. As absorbâncias de diluições seriadas de uma solução padrão de glutationa reduzida foram determinadas e GSSG, já presente na amostra, foi reduzida a GSH pela presença de GR e NADPH (chamado de método enzimático), medido após derivação da glutationa total com acréscimo de 2-vinilpiridina (2-VP). Após análise de regressão linear, foi determinada a equação da reta [Concentração = a* (delta das absorbâncias) + b]. Essa equação foi utilizada para determinar a concentração em nmoles de glutationa total em 10 μl de amostra, e esse 43 Materiais e Métodos valor extrapolado para 1 mL de amostra. Índice de estresse oxidativo foi calculado pela razão GSH/GSSG. 3.3 AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA Fígado foi removido e um lóbulo foi imediatamente fixado em 10% de formol tamponado. Após fixação, o material foi desidratado em concentrações crescentes de álcool (70, 80, 90 e 100%), diafanizados em xilol e embebidos e incluídos em parafina. Os blocos de parafina foram submetidos à microtomia com obtenção de cortes histológicos de 4 micrômetros de espessura e montados em lâminas de microscopia. Os cortes foram desparafinizados em duas trocas de xilol, hidratados em concentrações decrescentes de álcool (100, 90, 80 e 70%) e, então, lavados em água corrente. Em seguida, foram corados pela técnica histológica de rotina da Hematoxilina & Eosina e levados à estufa a 56% para secagem e serem montados com lamínula e Entellan. Análises foram realizadas usando método semi-quantitativo, como previamente descrito por Brunt et al. (1999). Degenerações foram determinadas de acordo com a porcentagem de gordura contida em hepatócitos. Grau de vesículas esteatóticas foi dividido em 10 grades em que foram dados os valores de 0-4 graus de acordo com a presença de esteatose envolvida no hepatócito da biópsia (0, nenhum; 1, 10%; 2, 10 a 33%; 3, 33 a 66% e 4, >66%). As imagens foram visualizadas pela objetiva de 40x e digitalizadas através de microcâmera no Laboratório Multiusuários do Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Ouro Preto. 3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA Os resultados foram expressos em média ± desvio padrão e com apoio instrumental do programa de análise estatística GraphPad Prism 5. Para avaliar a normalidade dos dados utilizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov. A significância de qualquer diferença em proporções ou medianas foi testada pelo teste de Kruskal-Wallis e em médias pela ANOVA one way, seguido por teste de Dunns ou Tukey, respectivamente. As correlações entre diferentes variáveis foram realizadas pelo coeficiente de Pearson. Um p-valor ≤ 0,05 foi considerado estatisticamente significativo. 44 Resultados 4- RESULTADOS 4.1 4.1.1 CARACTERIZAÇÃO DO MODELO EXPERIMENTAL Peso corporal, da gordura abdominal e dos órgãos, ingestão alimentar, indicadores de função hepática e parâmetros metabólicos Para realização do estudo, inicialmente, os animais foram selecionados de forma que os diferentes grupos apresentassem o mesmo peso corporal. Os animais foram pesados ao longo do experimento e não se observou diferença no peso corporal com o uso da frutose na dieta (451,2 ± 29,5g em C versus 448,2 ± 36,9g em F). Em contraste, tratamento com dieta rica em sal mostrou menor ganho de peso, apresentando o grupo FS10 menor desenvolvimento ponderal (-10%) em relação aos animais dos grupos C e F. Da mesma forma observou-se menor gordura abdominal para animais alimentados com alto conteúdo de sal. Para os órgãos coração e rim, sal resultou em maior peso relativo desses para S e FS em relação aos grupos sem sobrecarga de sal ao passo que o peso relativo do fígado foi maior para os animais em uso de frutose na dieta, comparando-se aos ratos C e S (Tabela 2). Consumo alimentar foi significativamente diferente entre todos os tratamentos. Em relação ao grupo C, animais do grupo S, que receberam dieta com menor densidade energética, obtiveram maior consumo de ração, e, inversamente, suplementação de frutose conduziu para menor consumo devido seu conteúdo energético prover calorias extras nesses grupos (F e FS10). Adicionalmente, ingestão de líquido foi aumentada (4,5 vezes) quando acréscimo de sal foi incorporado à dieta padrão, comparada aos grupos C e F, estimulando a sede devido ao aumento na osmolaridade plasmática sistêmica. Dessa forma, ingerir mais frutose, devido ao sal na ração, fez FS10 consumir menos calorias da ração do que outros grupos, enquanto que o acréscimo de sal ao tratamento com suplementação de frutose, quando combinados, resultou em maior consumo de frutose para animais FS10. Calculando, grupo FS10 ingeriu 3,5 vezes mais frutose do que grupo F (Tabela 2). As determinações bioquímicas da concentração de albumina e atividade das transaminases AST e ALT, além de ALP, constituem marcadores importantes da função hepática. Observou-se que os animais do grupo FS10 diminuíram significativamente (-25%) os níveis séricos de albumina em relação aos grupos C e S. Além disso, dados apresentados mostraram que atividade de ALP foi aumentada para FS10 em relação aos animais C bem 45 Resultados como ALT para o grupo F, enquanto AST não apresentou mudança com os tratamentos (Tabela 2). Resultados demonstraram que tratamento com frutose produziu hiperglicemia (animais do grupo F e FS), com grupo FS10 aumentando, significativamente, níveis de insulina sérica em relação aos grupos C e S. RI, indicada pelo maior valor de HOMA, foi também maior para o grupo FS10 em relação aos outros grupos. Concentrações de leptina no grupo F foram maiores do que as dos outros grupos. Ratos FS10 desenvolveram hipertriacilgliceridemia como mostrado por elevação nos níveis de TG (1,5 vezes maior do que o C) com maior conteúdo de gordura hepática para os grupos F e FS10, comparadamente aos animais dos grupos C e S. Concentração de ácido úrico sérico aumentou 25% em ratos do grupo F em relação ao grupo C (Tabela 2). Tabela 2: Características dos grupos experimentais Parâmetros Peso corporal inicial (g) Peso corporal final (g) Gordura abdominal (g) Peso relativo coração (mg/g) Peso relativo fígado (mg/g) Peso relativo rim (mg/g) Consumo de ração (g/dia) Ingestão de líquido (ml/dia) Albumina (g/dL) AST (U/L) ALT (U/L) ALP (U/L) Glicose plasmática (mmol/L) Insulina (μmoles/L) HOMA (índice) Leptina (ng/mL) Triacilglicerol (mmol/L) Gordura hepática (mg/g de fígado) Ácido úrico (mg/dL) C 295 ± 21,5 a 451,2 ± 29,5 a 14,3 ± 2,3 b 2,4 ± 0,1 27,8 ± 3,0b b 5,1 ± 0,2 b 17,9 ± 0,8 c 12,0 ± 2,1 a 2,8 ± 0,2 56,8 ± 17,3 b 16,0 ± 5,4 b 50,7 ± 11,2 b 8,0 ± 0,9 b 20,9 ± 13,1 b 7,6 ± 5,4 b 6,76 ± 2,5 b 1,42 ± 0,3 b 53,3 ± 6,0 b 1,37 ± 0,28 Tratamentos S F 295,1 ± 23,1 295,1 ± 22,2 ab a 428,2 ± 28,2 448,2 ± 36,9 b a 10,4 ± 1,5 14,2 ± 2,7 a b 2,5 ± 0,2 2,3 ± 0,1 b a 27,4 ± 2,6 30,6 ± 2,4 a b 5,6 ± 0,3 5,2 ± 0,2 a c 19,9 ± 1,8 15,9 ± 1,1 a c 54,0 ± 7,4 9,2 ± 1,4 a ab 2,8 ± 0,3 2,5 ± 0,5 56,8 ± 16,3 58,3 ± 17,3 ab a 25,2 ± 11,2 28,7 ± 11,6 ab ab 60,0 ± 11,2 59,6 ± 16,3 b a 8,7 ± 1,1 11,9 ± 1,8 b b 27,7 ± 14,2 34,0 ± 19,4 b b 11,0 ± 7,0 17,4 ± 11,1 b a 4,50 ± 1,2 10,1 ± 3,3 ab ab 1,67 ± 0,5 2,07 ± 0,6 b a 42,5 ± 4,4 73,4 ± 17,3 b a 1,29 ± 0,25 1,72 ± 0,26 FS10 294,4 ± 28,5 b 412 ± 17,2 b 10,8 ± 2,0 a 2,6 ± 0,1 a 31,0 ± 2,1 a 5,8 ± 0,2 d 12,5 ± 1,6 b 32,7 ± 5,2 b 2,1 ± 0,4 57,1 ± 16,0 ab 24,8 ± 7,2 a 70,7 ± 13,1 a 12,7 ± 1,6 a 45,1 ± 25,8 a 23,2 ± 16,4 b 5,8 ± 2,4 a 2,22 ± 0,6 a 72,6 ± 12,6 ab 1,57 ± 0,37 Valores apresentados como média e desvio padrão foram obtidos dos grupos C (dieta controle e água por 20 semanas); S (dieta rica em sal e água por 20 semanas); F (dieta controle + solução de frutose 20% em água por 20 semanas) e FS10 (dieta rica em sal e solução de frutose 20% em água por 10 semanas após tratamento prévio por um período de 10 semanas com F). Diferentes letras dentro da mesma linha indicam diferença significativa em p<0,05 por ANOVA one way seguido pelo teste de Tukey. Aspartato Aminotransferase (AST); Alanina Aminotransferase (ALT); Fosfatase Alcalina (ALP) e Modelo de avaliação da homeostase (HOMA). 46 Resultados Sensibilidade à insulina Para o TOTG realizado para avaliar sensibilidade à insulina, observou-se que a concentração de glicose basal não foi diferente entre os grupos experimentais (variando de 96,2 ± 14,1 mg/dL para 105,1 ± 10,8 mg/dL). Porém, ao longo do teste, em comparação aos outros grupos, o grupo F apresentou maior valor de glicemia após 30 minutos do teste, alcançando 180,1 ± 12,5 mg/dL. Em sequência, aos 120 minutos, grupos tratados com frutose e sal, isoladamente e em combinação, não foram capazes de retornarem glicemia para valores semelhantes aos apresentados no tempo zero. Esse dado indica que, tanto o sal quanto a frutose podem ter respostas atenuadas para utilização da glicose, caracterizando uma menor ação da insulina do que o grupo controle (Figura 10). Figura 10: Teste oral de tolerância à glicose nos grupos experimentais. Valores são expressos como média ± desvio padrão de 8 animais/grupo. C (dieta controle e água por 20 semanas); S (8% dieta enriquecida com sal e água por 20 semanas); F (dieta controle + solução de frutose 20% em vez de água por 20 semanas) e FS10 (8% dieta enriquecida com sal e solução de frutose 20% em vez de água por 10 semanas após prévio tratamento por um período de 10 semanas com F). Diferentes letras indicam diferença significativa em p<0,05 por ANOVA one way seguido pelo teste de Tukey. 4.1.2 Sódio sérico A concentração sérica de sódio nos diferentes grupos foi avaliada e notou-se que o nível de sódio no soro foi significativamente menor no grupo S (127,6 ± 4,5 mmol/L) do que nos tratamentos para os grupos C, F e FS10, respectivamente (142,9 ± 5,3 mmol/L; 140,8 ± 8,1 mmol/L e 135,8 ± 4,5 mmol/L). Entretanto, embora dieta rica em sal possa levar a uma 47 Resultados alteração na excreção de sódio para equilíbrio da osmolaridade sanguínea, pôde-se constatar que a associação de frutose e sal conduziu para mudança desse padrão resultando em aumento da concentração sérica de sódio em relação ao tratamento com sal isoladamente (Figura 11). 160 a a Sódio serico (mmol/L) 150 a 140 b 130 120 110 C S F FS10 Figura 11: Valores séricos de sódio para os grupos experimentais. C (dieta controle e água por 20 semanas); S (8% dieta enriquecida com sal e água por 20 semanas); F (dieta controle + solução de frutose 20% em vez de água por 20 semanas) e FS10 (8% dieta enriquecida com sal e solução de frutose 20% em vez de água por 10 semanas após prévio tratamento por um período de 10 semanas com F). Valores são apresentados em média ± desvio padrão. Diferentes letras indicam diferença significativa em p<0,05 por ANOVA one way seguido pelo teste de Tukey. 4.1.3 Células sanguíneas Contagem diferencial de leucócitos no sangue dos ratos, sob o tratamento de frutose, mostrou diminuição significativa no perfil de linfócitos em relação ao grupo controle, mas manteve-se sem alteração a porcentagem de células PMNs. Em contrapartida, o perfil de monócitos foi aumentado significativamente em ratos tratados com frutose na dieta, quando comparados aos animais do grupo C (Tabela 3). Tabela 3: Contagem de leucócitos nos grupos experimentais Células PMN (%) Linfócitos (%) Monócitos (%) C 11 (5-15) 42 (19-58) 47 (27-61) S 13 (0-28) 47 (8-62) 39 (16-80) F 8 (1-27) * 14 (4-33) ** 74 (36-85) FS10 17 (7-23) *** 11 (7-20) * 72 (60-83) Dados são apresentados em mediana e, entre parênteses, valores indicam menores e maiores porcentagens de células contadas para os grupos C (dieta controle e água por 20 semanas); S (8% dieta enriquecida com sal e água por 20 semanas); F (dieta controle + solução de frutose 20% em vez de água por 20 semanas) e FS10 (8% dieta enriquecida com sal e solução de frutose 20% em vez de água por 10 semanas após prévio tratamento por um período de 10 semanas com F). *p<0.05; **p<0.01; ***p<0.001 versus C pelo teste de Kruskall Wallis seguido pelo teste de Dunns. Células Polimorfonucleares (PMN). 48 Resultados 4.1.4 Peroxidação lipídica e componentes dos sistemas antioxidantes A peroxidação lipídica tecidual, que reflete dano celular, foi avaliada por TBARS para os órgãos coração, fígado e rim. Os níveis de TBARS no fígado demonstraram, para ratos tratados com frutose e sal, maior média do que no grupo controle, o qual reflete que os tratamentos promoveram estresse oxidativo hepático. Como consequência do processo de lipoperoxidação, mudanças na permeabilidade seletiva das membranas alterando os fluxos iônico e de outras substâncias resultam na perda da seletividade para entrada e/ou saída de nutrientes e de substâncias tóxicas à célula com comprometimento dos componentes da matriz extracelular. Os outros órgãos analisados, coração e rim, se mostraram menos sensíveis ao estresse oxidativo, podendo esses serem mais protegidos ao ataque das EROs, uma vez que não foi observada nenhuma mudança com os tratamentos (Figura 12). Fígado Coração 15 10 a a a S F FS10 b nmol/mL nmol/mL 8 10 5 6 4 2 0 0 C S F FS10 C Rim nmol/mL 15 10 5 0 C S F FS10 Figura 12: Concentrações das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) no coração, no fígado e no rim dos diferentes grupos experimentais. C (dieta controle e água por 20 semanas); S (8% dieta enriquecida com sal e água por 20 semanas); F (dieta controle + solução de frutose 20% em vez de água por 20 semanas) e FS10 (8% dieta enriquecida com sal e solução de frutose 20% em vez de água por 10 semanas após prévio tratamento por um período de 10 semanas com F). Valores são apresentados em média ± desvio padrão. Diferentes letras indicam diferença significativa em p<0,05 por ANOVA one way seguido pelo teste de Tukey. 49 Resultados Entre as principais enzimas responsáveis pela defesa antioxidante do organismo destacam-se a SOD e a CAT, que constituem a primeira defesa endógena de neutralização das EROs. A atividade da SOD apresentou-se significativamente diminuída no coração dos grupos tratados com frutose e sal isoladamente em relação ao grupo C, porém, elevada para o grupo FS10. Já no fígado, foi observada uma diminuição significativa da atividade de SOD apenas para o grupo FS10, comparadamente aos animais do grupo controle. No rim, foi encontrado aumento significativo da atividade de SOD para os diferentes tratamentos em relação aos animais controles (Figura 13). A atividade da CAT no coração e no fígado foi acentuadamente diminuída para o grupo FS10 em relação aos grupos F e C, respectivamente. No rim não se observou diferença significativa entre os grupos para atividade de CAT. Os resultados estão apresentados na figura 14. Fígado Coração 1.0 c a b c 0.5 ab b C S F FS10 a a a S F FS10 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 C S F a ab 2.5 taxa de inibição (%) taxa de inibição (%) 1.5 0.0 FS10 Rim taxa de inibição (%) 2.5 2.0 b 1.5 1.0 0.5 0.0 C Figura 13: Atividade da enzima superóxido dismutase no coração, no fígado e no rim dos diferentes grupos experimentais. C (dieta controle e água por 20 semanas); S (8% dieta enriquecida com sal e água por 20 semanas); F (dieta controle + solução de fruto se 20% em vez de água por 20 semanas) e FS10 (8% dieta enriquecida com sal e solução de frutose 20% em vez de água por 10 semanas após prévio tratamento por um período de 10 semanas com F). Valores são apresentados em média ± desvio padrão. Diferentes letras indicam diferença significativa em p<0,05 por ANOVA one way seguido pelo teste de Tukey. 50 Resultados Fígado Coração 200 200 a b a 150 ab ab 150 ab b U/mL U/mL b 100 100 50 50 0 0 C S F C FS10 S F FS10 Rim 50 (U/mL) 40 30 20 10 0 C S F FS10 Figura 14: Atividade da enzima catalase no coração, no fígado e no rim dos diferentes grupos experimentais. C (dieta controle e água por 20 semanas); S (8% dieta enriquecida com sal e água por 20 semanas); F (dieta controle + solução de frutose 20% em ve z de água por 20 semanas) e FS10 (8% dieta enriquecida com sal e solução de frutose 20% em vez de água por 10 semanas após prévio tratamento por um período de 10 semanas com F). Valores são apresentados em média ± desvio padrão. Diferentes letras indicam diferença significativa em p<0,05 por ANOVA one way seguido pelo teste de Tukey. Como a atividade da GPx é regulada pela peroxidação lipídica, a fim de buscar o controle e a redução na taxa de lipoperoxidação, ocorre aumento na sua atividade com velocidade de oxidação de GSH por H2O2, catalisada por GPx. Nesse estudo, avaliou-se o status da glutationa e observou-se que, comparados ao grupo controle, níveis hepáticos de glutationa total e GSH foram diminuídos significativamente no grupo FS10, embora nenhuma mudança significativa tenha sido observada nos níveis de GSSG, como mostrado na figura 15. O índice de estresse oxidativo foi calculado pela razão GSH/GSSG, a qual foi demonstrada ser menor em ratos FS10 do que nos outros três grupos, razão essa que sugere que EROs foram geradas em quantidades acima dos valores basais. 51 Resultados Glutationa total GSH 2.0 2.0 a a 1.5 a b 1.0 nmol/mL nmol/mL 1.5 0.5 a a a b 1.0 0.5 0.0 0.0 C S F C FS10 GSSG S F FS10 GSH/GSSG 0.15 20 nmol/mL a 15 0.10 a a 10 b 0.05 5 0.00 0 C S F FS10 C S F FS10 Figura 15: Concentração de glutationa total, reduzida, oxidada e relação de glutationa reduzida para oxidada no fígado dos diferentes grupos experimentais. C (dieta controle e água por 20 semanas); S (8% dieta enriquecida com sal e água por 20 semanas); F (dieta controle + solução de frutose 20% em vez de água por 20 semanas) e FS10 (8% dieta enriquecida com sal e solução de frutose em vez de água por 10 semanas após prévio tratamento por um período de 10 semanas com F). Valores são apresentados em média ± desvio padrão. Diferentes letras indicam diferença significativa em p<0,05 por ANOVA one way seguido pelo teste de Tukey. GSH (Glutationa reduzida); GSSG (Glutationa oxidada). 4.1.5 Histopatologia hepática Fotomicrografias hepáticas coradas com H&E são mostradas na figura 16 (A, B, C e D) e os resultados dos escores das variáveis histológicas são apresentados na figura 16 (E). Ausência ou suave esteatose hepática ocorreram em ratos do grupo controle. Em ratos tratados apenas com dieta rica em sal, predominantemente, não houve esteatose, mas vasos hiperêmicos foram observados. Como esperado, frutose ocasionou acumulação de lipídios em hepatócitos, evidenciados nos grupos F e FS10. Deposição de gordura no grupo F foi classificada como macrovesicular, enquanto fígado de ratos do grupo FS10 mostrou, principalmente, vesículas esteatóticas microvesiculares, com menor grau de acumulação do que em ratos F. Um maior escore para esteatose foi encontrado no fígado de ratos F quando comparado ao grupo C (p < 0,05). 52 Resultados * Figura 16: (A-D) Fotomicrografia representativa da coloração hematoxilina e eosina (H&E) de seções hepáticas de ratos nos diferentes grupos experimentais. Anormalidades nos hepatócitos não foram observadas no grupo C (A); Vasos hiperêmicos (cabeça de seta) e parênquima com aparência normal no grupo S (B); Aspecto de esteatose macrovesicular no grupo F (C). Note hepatócitos com núcleos deslocados para a periferia da célula (seta branca); Aspecto de esteatose microvesicular no grupo FS10 (D). Note células com vacúolos citoplasmáticos sem delocamento de núcleo (seta preta) magnificação ×440. Grau de esteatose hepática de ratos nos diferentes grupos experimentais (E). Valores (n = 8-11). Grupos C (dieta controle e água por 20 semanas); S (8% dieta enriquecida com sal e água por 20 semanas); F (dieta controle + solução de frutose 20% em vez de água por 20 semanas) e FS10 (8% dieta enriquecida com sal e solução de frutose 20% em vez de água por 10 semanas após prévio tratamento por um período de 10 semanas com F). *p<0,05 pelo teste de Kruskall Wallis seguido pelo teste de Dunns. 53 Resultados 4.1.6 Pressão arterial sistólica e correlação com consumo de sal Os valores médios da PAS ± desvio padrão, apresentados ao longo do tempo do estudo, demonstraram que dieta rica em sal aumentou significativamente PAS (30mmHg) em relação ao grupo controle no final do período experimental. Para o tratamento com frutose, não foi observado modificação pressórica, apesar de leve tendência para aumento de PAS. A mudança não foi suficientemente sustentada até o final do estudo, não alterando significativamente os valores pressóricos. Acrescentando sal à dieta do grupo suplementado com frutose, notou-se aumento da PAS com FS10 mostrando níveis pressóricos no final do estudo superior ao do grupo C (Tabela 4). Adicionalmente, foi avaliada associação entre consumo de sal e PAS (r=0,44; p<0,003). Quanto maior o consumo de sal maior PAS foi observada. Ressalta-se que animais do grupo FS10 consumiram menos sal em relação ao grupo S (além de menor tempo de tratamento, menor quantidade foi ingerida em g/dia, uma vez que F na água ocasionou menor consumo de dieta sólida) (Figura 17). Tabela 4: Registro pressórico dos grupos experimentais ao longo do experimento Semana 0 9 18 C b 127,0 ± 6,1 b 124,2 ± 12,6 b 125,8 ± 12,1 Pressão Arterial Sistólica (mmHg) S F ab ab 136,1 ± 30,7 142,3 ± 19,9 a ab 155,7 ± 20,9 136,8 ± 17,0 FS10 a 150,3 ± 18,7 Valores apresentados como média e desvio padrão foram obtidos dos grupos C (dieta controle e água por 20 semanas); S (dieta rica em sal e água por 20 semanas); F (dieta controle + solução de frutose 20% em água por 20 semanas) e FS10 (dieta rica em sal e solução de frutose 20% em água por 10 semanas após tratamento prévio por um período de 10 semanas com F). Diferentes letras dentro da mesma linha indicam diferença significativa em p<0,05 por ANOVA one way seguido pelo teste de Tukey. PAS (mmHg) 200 150 100 r = 0.44 p < 0.003 50 0 0 2 4 6 Consumo de sal (g/dia) Figura 17: Correlação de Pearson entre valores de PAS final (mmHg) e consumo de sal (g/dia). 54 Resultados 4.2 4.2.1 AÇÃO DO ANTIOXIDANTE TEMPOL Ganho de peso, de gordura abdominal e ingestão alimentar Os dados demonstram que a combinação de sal e de frutose na dieta por 20 semanas não ocasionou alteração no ganho de peso e de gordura abdominal nos animais no protocolo B. Para os valores médios de ingestão de alimentos, observou-se que o fato da frutose, em água, fornecer calorias extras para além das fornecidas pela dieta controle, resultou como previsto em menor consumo de ração para os grupos FS20 e FS20T em relação aos grupos C e CT. Como constatado no protocolo A, grupos tratados com dieta rica em sal aumentaram a ingestão de líquido em comparação às dietas dos grupos que consumiram uma quantidade normal de sal. Portanto, apesar dessa diferença no consumo de alimentos, não houve diferença no ganho de peso corpóreo final e na gordura abdominal. Além do mais, tratamento com tempol não ocasionou mudanças corporais e alteração no consumo alimentar desses animais, independentemente do tipo de dieta (Tabela 5). Tabela 5: Peso corporal, da gordura abdominal e ingestão alimentar nos grupos experimentais Parâmetros Peso corporal inicial (g) Peso corporal final (g) Peso de gordura abdominal (g) Consumo de ração (g/dia) Ingestão de líquido (ml/dia) Tratamentos CT FS20 296,4 ± 26,8 297,0 ± 25,1 394,1 ± 24,1 395,8 ± 28,2 12,8 ± 1,3 12,0 ± 2,2 a b 14,9 ± 0,9 10,2 ± 1,8 b a 15,2 ± 1,1 40,6 ± 4,7 C 296,7 ± 18,2 386,4 ± 23,3 11,4 ± 2,3 a 14,4 ± 0,9 b 16,2 ± 1,8 FS20T 299,1 ± 27,3 400,9 ± 28,5 11,9 ± 1,8 b 9,8 ± 1,1 a 40,7 ± 6,9 Valores apresentados como média e desvio padrão foram obtidos dos grupos C (dieta controle e água por 20 semanas); C + T (dieta controle e água + tempol da 13ª a 20ª semana de tratamento); FS20 (dieta rica em sal + solução de frutose 20% em água por 20 semanas) e FS20 + T (dieta rica em sal e solução de frutose 20% em água por 10 semanas + tempol da 13ª a 20ª semana de tratamento). Diferentes letras dentro da mesma linha indicam diferença significativa em p<0,05 por ANOVA one way seguido pelo teste de Tukey. 4.2.2 Hematócrito, proteínas e glicose plasmática Dosagem de hematócrito sugeriu hemoconcentração nos grupos FS20 e FS20T em relação ao grupo C. Em relação às proteínas totais e à albumina, não se observou variação entre os diferentes grupos estudados, ao passo que concentração de glicose foi significativamente aumentada para os animais do grupo FS20, quando comparados aos grupos C e CT. Entretanto, nenhuma dessas variáveis foi alterada com tempol, embora média do grupo FS20T reduziu em 12% glicemia, atenuando glicose plasmática do grupo FS20 (Tabela 6). 55 Resultados Tabela 6: Hematócrito, proteínas e glicose plasmática em animais experimentais Parâmetros Hematócrito (%) Proteína total (g/dL) Albumina (g/dL) Glicose (mmol/L) C b 26,7 ± 9,3 8,5 ± 1,3 3,3 ± 0,3 bc 7,5 ± 0,8 Tratamentos CT FS20 ab a 31,0 ± 6,5 37,1 ± 8,3 8,3 ± 1,4 9,0 ± 0,8 3,3 ± ,0,2 3,6 ± 0,2 c a 6,7 ± 0,6 9,9 ± 2,1 FS20T a 38,5 ± 4,0 9,0 ± 1,1 3,4 ± 0,1 ab 8,8 ± 2,1 Valores apresentados como média e desvio padrão foram obtidos dos grupos C (dieta controle e água por 20 semanas); C + T (dieta controle e água + tempol da 13ª a 20ª semana de tratamento); FS20 (dieta rica em sal + solução de frutose 20% em água por 20 semanas) e FS20 + T (dieta rica em sal e solução de frutose 20% em água por 10 semanas + tempol da 13ª a 20ª semana de tratamento). Diferentes letras dentro da mesma linha indicam diferença significativa em p<0,05 por ANOVA one way seguido pelo teste de Tukey. 4.2.3 Perfil lipídico, índice aterogênico e atividade da paraoxonase-1 Trigliceridemia foi elevada em ratos FS20 comparando-se a animais do grupo C, mas, tratamento com tempol reduziu esse aumento em 25%. Colesterol total e colesterol-HDL apresentaram menores concentrações em ratos FS20 do que nos grupos C e CT. Tratamento com tempol, novamente, restabeleceu os valores embora não igualando a mesma concentração observada no grupo C. O índice aterogênico do grupo FS20 foi aumentado em 55% quando comparado aos animais do grupo C enquanto que tempol reduziu acentuadamente esse aumento. Já a atividade sérica da PON1 sobre o substrato paraoxon apresentou-se 8% menor no grupo FS20 do que o observado no grupo controle, e interessantemente, tempol aumentou 1,4 vezes a atividade de PON1 dos ratos tratados com frutose e sal, alcançando níveis maiores do que o mostrado pelos animais controle (Tabela 7). Tabela 7: Perfil lipídico, índice aterogênico e atividade da PON1 nos grupos experimentais Parâmetros Triacilglicerol (mmol/L) Colesterol total (mmol/L) Colesterol-HDL (mmol/L) Índice aterogênico PON1 paraoxon (U/mL) C b 1,8 ± 0,7 b 2,8 ± 0,2 a 2,1 ± 0,2 b 0,3 ± 0,1 b 190,2 ± 19,8 Tratamentos CT FS20 b a 1,8 ± 0,2 3,1 ± 0,8 a d 3,2 ± 0,1 1,7 ± 0,2 a c 2,2 ± 0,3 1,1 ± 0,1 ab a 0,4 ± 0,1 0,5 ± 0,1 ab b 203,5 ± 52,4 173,9 ± 41,4 FS20T b 2,3 ± 0,5 c 2,1 ± 0,4 b 1,6 ± 0,3 b 0,3 ± 0,1 a 246,0 ± 49,0 Valores apresentados como média e desvio padrão foram obtidos dos grupos C (dieta controle e água por 20 semanas); C + T (dieta controle e água + tempol da 13ª a 20ª semana de tratamento); FS20 (dieta rica em sal + solução de frutose 20% em água por 20 semanas) e FS20 + T (dieta rica em sal e solução de frutose 20% em água por 10 semanas + tempol da 13ª a 20ª semana de tratamento). O índice aterogênico foi calculado: colesterol total – colesterol-HDL/colesterol-HDL. Diferentes letras dentro da mesma linha indicam diferença significativa em p<0,05 por ANOVA one way seguido pelo teste de Tukey. Paraoxonase 1 (PON1). 56 Resultados 4.2.4 Peso relativo do fígado e parâmetros de função hepática Em relação aos animais do grupo controle, verificou-se que peso relativo do fígado foi significativamente maior dos animais tratados com a dieta FS e com o uso de tempol. Ratos FS20 mostraram aumento na atividade de AST, ALT e ALP quando comparadas ao grupo C, mas, tempol reverteu valor de ALT e ALP, melhorando função hepática, já que elevações desses valores demonstram algum nível de comprometimento hepático. Curiosamente, o tratamento com tempol aumentou atividade de ALP em animais recebendo dieta controle (Tabela 8). Tabela 8: Peso relativo do fígado, atividade sérica de transaminases e fosfatase alcalina nos grupos experimentais Parâmetros Peso relativo fígado (mg/g) AST (U/L) ALT (U/L) ALP (U/L) Tratamentos C b 25,1 ± 1,5 b 43,6 ± 12,7 b 19,2 ± 5,0 b 67,4 ± 10,4 CT a 28,8 ± 3,6 ab 49,1 ± 17,5 ab 21,6 ± 8,9 a 80,0 ± 8,7 FS20 a 30,8 ± 1,3 a 59,3 ± 11,9 a 28,9 ± 8,9 a 85,8 ± 11,6 FS20T a 31,3 ± 2,6 ab 50,6 ± 13,6 b 18,0 ± 6,8 b 66,8 ± 11,4 Valores apresentados como média e desvio padrão foram obtidos dos grupos C (dieta controle e água por 20 semanas); C + T (dieta controle e água + tempol da 13ª a 20ª semana de tratamento); FS20 (dieta rica em sal + solução de frutose 20% em água por 20 semanas) e FS20 + T (dieta rica em sal e solução de frutose 20% em água por 10 semanas + tempol da 13ª a 20ª semana de tratamento). Diferentes letras dentro da mesma linha indicam diferença significativa em p<0,05 por ANOVA one way seguido pelo teste de Tukey. Aspartato Aminotransferase (ASP); Alanina Aminotransferase (ALT); Fosfatase Alcalina (ALP). 4.2.5 Peso relativo dos rins e produtos de degradação metabólica Evidenciou-se aumento significativo do peso relativo dos rins para o grupo FS20 em relação ao grupo CT. Níveis séricos de ureia, de creatinina e de ácido úrico foram acentuadamente maiores em ratos FS20 do que em ratos C. Contudo, tempol mostrou efeitos benéficos, prevenindo aumento de ácido úrico e de ureia em ratos FS20. No caso da ureia, é válido salientar que esse é um dos principais catabólitos dos aminoácidos produzidos no fígado. Já a creatinina, produzida pela utilização da fosfocreatina muscular, quando no momento da atividade muscular ocorre defosforilação das moléculas de fosfocreatina para a obtenção de energia, sofre ciclização não enzimática e transforma-se em creatinina. De maneira semelhante à ureia, a creatinina, em situações de normalidade do funcionamento muscular é constantemente produzida e lançada ao sangue, sofrendo filtração renal (Tabela 9). 57 Resultados Tabela 9: Peso relativo dos rins e produtos de degradação nos grupos experimentais Parâmetros Peso relativo rim (mg/g) Ureia (mg/dL) Creatinina (mg/dL) Ácido úrico (mg/dL) Tratamentos C ab 5,4 ± 0,3 b 36,9 ± 3,7 b 0,9 ± 0,1 b 1,5 ± 0,4 CT b 5,2 ± 0,8 b 35,2 ± 3,3 ab 1,0 ± 0,2 b 1,4 ± 0,6 FS20 a 5,9 ± 0,3 a 43,9 ± 2,6 a 1,3 ± 0,3 a 2,3 ± 0,8 FS20T ab 5,8 ± 0,4 b 38,2 ± 7,3 ab 1,0 ± 0,2 b 1,6 ± 0,4 Valores apresentados como média e desvio padrão foram obtidos dos grupos C (dieta controle e água por 20 semanas); C + T (dieta controle e água + tempol da 13ª a 20ª semana de tratamento); FS20 (dieta rica em sal + solução de frutose 20% em água por 20 semanas) e FS20 + T (dieta rica em sal e solução de frutose 20% em água por 10 semanas + tempol da 13ª a 20ª semana de tratamento). Diferentes letras dentro da mesma linha indicam diferença significativa em p<0,05 por ANOVA one way seguido pelo teste de Tukey. 4.2.6 Resposta pressórica e relação com peroxidação lipídica Para testar se O2•− contribui ou não para alteração pressórica encontrada no modelo estudado, avaliaram-se PAS e PAD ao longo do estudo e sua relação com peroxidação lipídica. A figura 18 mostra resultados semelhantes de valores pressóricos e de FC para os diferentes grupos antes do início do estudo. Porém, na fase intermediária da pesquisa, foram encontrados maiores valores de PAS e PAD para os animais do grupo FS20 comparados aos dos ratos C. Esse aumento pressórico se manteve até o final do estudo para o grupo FS20; todavia, adição de tempol ao tratamento reduziu significativamente PAS (175,2 ± 26,9 mmHg em FS20 vs. 146,8 ± 19,3 mmHg em FS20T). Para valores de PAD, ao final do estudo, FS20T não foi diferente dos animais do grupo FS20, mas apresentou valores semelhantes aos apresentados pelos grupos C e CT. Para FC não se observou variação com FS bem como, após adição de tempol, para os grupos C e FS20. Adicionalmente, foi encontrada uma relação direta, utilizando o coeficiente de correlação linear de Pearson, entre valores de PAS e PAD final com peroxidação lipídica no fígado, medida através de TBARS (Figura 19). Quando plotados os dados de resposta pressórica versus TBARS mostraram uma correlação positiva (r=0,578; p<0.0001 para PAS e r=0,58; p<0,0001 para PAD), indicando que quanto maior a PAS e PAD, mais elevados são os valores de TBARS no fígado. 58 Resultados Figura 18: Comparação das mudanças ao longo dos tratamentos para pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD) e frequência cardíaca (FC) dos diferentes grupos experimentais. C (dieta controle e água por 20 semanas); CT (dieta controle e água + tempol da 13 a 20ª semana de tratamento); FS20 (dieta rica em sal + solução de frutose 20% em água por 20 semanas) e FS20T (dieta rica em sal e solução de frutose 20% em água por 10 semanas + tempol da 13ª a 20ª semana de tratamento).Valores são # apresentados em média ± desvio padrão. *p<0,05; **p<0,01 vs C e CT; p<0,05 vs grupo FS20. 200 PAD final (mmHg) PAS final (mmHg) 250 200 150 100 r = 0,578 p < 0,0001 50 150 100 r = 0,58 p < 0,0001 50 0 0 0 2 4 0 6 5 10 15 20 25 TBARS (nmoles/mL) TBARS (nmoles/mL) Figura 19: Correlação de Pearson entre valores de PAS (mmHg), PAD (mmHg) final e substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) (nmoles/mL). 59 Resultados 4.2.7 Correlação entre pressão arterial média e parâmetros sanguíneos Nesse estudo foi realizado análise de correlação entre valores de pressão arterial média (PAM) aferida ao final do estudo e parâmetros estudados para os grupos experimentais. Os resultados apresentados mostram que mudanças na PAM foram associadas positivamente e significativamente a alterações nos níveis de glicose (r=0,411; p<0,01), de triacilglicerol (r=0,38; p<0,01), de proteína total (r=0,367; p<0,02), de albumina (r=0,372; p<0,002), de ALT (r =0,431; p<0,006), de ácido úrico (r=0,514; p<0,001), de ureia (r=0,504; p<0,0008) e de creatinina (r=0,476; p<0,002). As correlações entre PAM e colesterol total (r=-0,439; p<0,003) e colesterol-HDL (r=-0,401; p<0,009) foram negativas. Essas relações negativas são achados que apontam para o observado na literatura. Rato transporta TG predominantemente pelo colesterol-HDL, e, a dislipidemia encontrada no estudo para o tratamento com FS diminui acentuadamente colesterol total e HDL, enquanto PAM aumentou correspondentemente. Correlações entre PAM e PON1, AST e ALP não foram observadas (Tabela 10). Tabela 10: Correlação entre PAM final (mm/Hg) e parâmetros sanguíneos nos grupos experimentais Variável Glicose (mmol/L) Triacilglicerol (mmol/L) Colesterol total (mmol/L) Colesterol-HDL (mmol/L) PON1 (U/mL) Proteína total (g/dL) Albumina (g/dL) AST (U/L) ALT (U/L) ALP (U/L) Ácido úrico (mg/dL) Ureia (mg/dL) Creatinina (mg/dL) r 0,411 0,380 –0,439 –0,401 –0,373 0,367 0,372 0,270 0,431 0,245 0,514 0,504 0,476 p 0,01 0,01 0,003 0,009 0,227 0,023 0,002 0,086 0,006 0,136 0,001 0,0008 0,002 Pressão arterial média (PAM); Lipoproteína de alta densidade (HDL); Paraoxonase-1 (PON1); Aspartato Aminotransferase (AST); Alanina Aminotransferase (ALT); Fosfatase Alcalina (ALP). 60 Discussão 5- DISCUSSÃO Muitos modelos experimentais indicam que o estresse oxidativo está envolvido na patogênese da hipertensão arterial com aumento na produção de O2•− (DOBRIAN et al., 2001; ZALBA et al., 2001; KAWADA et al., 2002; MENG et al., 2003; HATTORI et al., 2005; PATTERSON et al., 2005; KOJSOVÁ et al., 2006; OHASHI et al., 2009). Os resultados encontrados no presente estudo demonstram que ratos com RI, devido à suplementação crônica de frutose, aumentam estresse oxidativo e PA quando mantidos sob uma dieta rica em sal, e tratamento com tempol reverte hipertensão. Assim, embora o mecanismo do efeito protetor do tempol não tenha sido determinado, os dados sugerem que SOD pode inibir o desenvolvimento de hipertensão no modelo usado, com efeitos benéficos sobre desordem metabólica encontrada. Para melhor compreender o papel de cada elemento envolvido na fisiopatologia da SM, pesquisadores utilizam modelos experimentais que podem determinar de maneira controlada o papel da RI e da hipertensão. A insulina tem sido reconhecida por desempenhar importante papel na ativação do SNS. Esse efeito pode ser mediado por um mecanismo barorreflexo (ANDERSON et al. 1991) ou através de um efeito direto da insulina sobre a liberação de noradrenalina a partir de terminações nervosas simpáticas (BHAGAT et al., 1981). Por outro lado, há evidências de que o aumento da atividade simpática resulte em RI devido ativação α1-adrenérgica causar redução no fluxo sanguíneo e, então, ocorrer diminuição no fornecimento de glicose para o músculo esquelético (RATTIGAN et al., 1999). O resultado é estimulação contínua do SNS devido à hiperinsulinemia compensatória em resposta a RI. Nesse estudo, alto consumo de frutose dietética contribuiu para o desenvolvimento e para a progressão da RI nos animais experimentais, ocasionando hipertrigliceridemia, intolerância à glicose, hiperuricemia e estado pró-inflamatório, tal como indicado em estudos prévios com ratos (THORBURN et al., 1989; LEE et al., 1994; KELLEY et al., 2004 e KANNAPPAN et al., 2006). Os mecanismos de desenvolvimento de RI indicam que o desenvolvimento de resistência à ação da insulina celular subtende o hiperinsulinismo observado nos ratos do grupo FS, estando esse fator associado a um perfil lipídico aterogênico. Estudos realizados por Ouyang et al. (2008) associam a hiperuricemia à esteatose hepática, com aumento do consumo de frutose, dados consistentes com o fato da elevação 61 Discussão de ácido úrico ter um papel participativo na esteatose hepática no metabolismo da frutose. Como a frutose pode acelerar o metabolismo das purinas, o aumento da concentração de ácido úrico no soro para os animais do grupo F corrobora com o quadro de esteatose macrovesicular observada nesse grupo, onde NAFLD é a característica mais representativa do fígado na SM. O excesso de frutose é um componente lipogênico, o qual promove o desenvolvimento de um perfil aterogênico lipídico. Assim, para refletir sobre as condições alimentares modernas, o modelo experimental usado baseou-se na administração de uma dieta indutora de RI com alto teor de frutose que se assemelha ao chamado 'fast food', que é muito popular hoje em dia. Este tipo de dieta constitui tipicamente em estilo de vida ocidentalizado, que inclui o consumo de alimentos processados que são ricos tanto em açúcar quanto em sal. Nesse contexto, frutose tem sido largamente utilizada em estudos metabólicos, embora não haja dados relativos a anormalidades do fígado associados a regimes com sobrecarga de sal dietético associado. A RI parece ser uma síndrome que está relacionada a agrupamento de desordens metabólicas (DeFRONZO, 1992) sendo o termo lipotoxicidade utilizado para se referir à condição que envolve a acumulação de TG em tecidos sensíveis à insulina, com comprometimento de sua ação. Aumento da entrega do TG para os tecidos interfere na utilização da glicose resultando em hiperglicemia, como mostrado nos resultados obtidos, em que acumulação de TG nos animais pode ter contribuído para a insensibilidade à insulina observada. O grau de RI mostrou-se mais elevado em ratos FS, como indicado por um maior HOMA. Comparado ao índice HOMA, com base em medições de glicose e insulina basal, o TOTG proporciona uma aproximação razoável da sensibilidade à insulina levando em consideração tanto a sensibilidade à insulina no estado basal e após a ingestão de uma carga de glicose. O grau de RI foi maior nos ratos alimentados com frutose e com sal, tal como demonstrado pelos valores elevados de HOMA, bem como apresentaram menor tolerância à glicose após o teste de glicose oral em relação ao grupo C. Outro fator encontrado em animais alimentados com teor elevado de frutose é que estes exibem estresse hepático como resultado da carga do metabolismo de frutose. Frutose induz dislipidemia, baixo grau de inflamação hepática e ativação de vias sensíveis ao estresse, com evidência para lipotoxicidade como demonstrado por Kannapan et al., (2006) e aumento do fígado em função dos depósitos de gordura (ROSS et al., 2009). Dessa forma, geralmente o fígado pode ser considerado o local mais comum de agressão tóxica por receber cerca de 80% do 62 Discussão suprimento sanguíneo, através da veia porta, além de possuir enzimas com capacidade de biotransformação de várias substâncias endógenas e exógenas para eliminação. Conforme Fox & Campbell (2000), ALT e AST podem ser consideradas nos exames de bioquímica sanguínea e sua elevação em conjunto pode indicar lesão hepática significativa. Evidenciou-se em grupos tratados com frutose, aumento da atividade das ALT e ALP, indicando alteração da função hepática que reflete dano hepatocelular. A AST ou transaminase glutâmicooxalacética (TGO) não é uma enzima específica para o fígado, pois pode originar-se tanto em músculos como no tecido hepático. Já o citoplasma do hepatócito é rico em ALT, sendo que um insulto à membrana hepatocelular resulta em aumento da ALT sérica e é, muitas vezes, considerada um marcador de esteatose (ANGULO, 2002). Ainda em relação à doença hepática, aumento da atividade da ALP é o resultado de maior síntese dessa enzima pelas células que revestem os canalículos biliares, geralmente em resposta à colestase. Os maiores aumentos de ácido graxo estão associados a desordens colestáticas difusas ou focais. Notouse, desse modo, com o tratamento empregado, dano hepático e, adicionalmente, concentrações de albumina foram reduzidas em ratos FS10, provavelmente devido à menor capacidade de síntese proteica hepática, como observado recentemente por Shinn & Moon, (2010). O consumo prolongado de dietas ricas em frutose pode levar ao aumento da ingestão calórica e à contribuição para o ganho de peso e de gordura corporal com consequente obesidade. Todavia, ingestão dietética de frutose não resultou em aumento de peso em animais do estudo, o que possibilitou questionar a relação entre as alterações metabólicas e o desenvolvimento da hipertensão sem as influências da confusão de obesidade ou predisposições genéticas no modelo utilizado. Embora a ausência de ganho de peso corporal foi relatada em vários estudos usando ratos (FAURE et al., 1997; BEZERRA et al., 2001; D’ANGELO et al., 2005; VASDEV et al., 2007; JALAL et al., 2007; SHAPIRO et al., 2008), há alguns poucos relatos de ganho de peso em roedores (EL MESALLAMY et al., 2010; KIM et al., 2010). Consumo de bebidas adoçadas com frutose está ligado ao alto consumo de energia. Estudos em ratos (SHAPIRO et al., 2008) e humanos (LÊ et al., 2006) mostram que a ingestão crônica de frutose está correlacionada ao aumento nos níveis de leptina no plasma, e alguns estudos mostraram que esse aumento precede a obesidade (MOORADIAN et al., 2000; ROGLANS et al., 2007). O hormônio leptina tem um papel fundamental no equilíbrio energético e na regulação do peso corporal, ativando núcleos do hipotálamo para reduzir a 63 Discussão ingestão de alimentos, o que resulta em aumento do gasto de energia (FRIEDMAN & HALAAS, 1998). Tal resposta reduzida ou sua falta aos efeitos metabólicos da leptina é descrita como resistência à leptina e é característico de seres humanos e roedores obesos (WIDDOWSON et al., 1997; HEYMSFIELD et al., 1999). Curiosamente, essa resistência à leptina pode ser sugerida no estudo, na ausência de qualquer variação no aumento de peso corporal, nos animais sob alimentação rica em frutose (grupo F), comparadamente aos ratos controle. A presença de resistência à leptina poderia, potencialmente, vir a ser um mecanismo importante para a indução de obesidade apenas no grupo F, sem associação de sal à dieta. Resultados demonstraram que ratos do grupo FS10 consumiram mais frutose do que ratos F, mas apresentaram menor grau de desenvolvimento de peso devido dieta rica em sal, como em outros estudos, mostrarem atenuação do ganho de peso em ratos (VASDEV et al., 2003; HASEGAWA et al., 2006; CHO et al., 2007). Adicionalmente, Prada et al. (2000) encontraram maior ganho de peso e de gordura na carcaça de ratos tratados com baixo teor de sal na dieta do que conteúdo normal ou alto, do desmame até a fase adulta, com possibilidade de que o gasto de energia diminui durante a restrição de sal a longo prazo. Isso leva a sugerir que o contrário, alto consumo de sal, possa ocasionar maior consumo de energia. Apesar do presente estudo não ter avaliado os mecanismos envolvidos nessa variação encontrada para o peso, é possível, também, que a diminuição modesta (não significativa) de leptina no grupo S tenha algum significado nesse menor ganho ponderal ao longo do estudo, uma vez que leptina circula em níveis proporcionais à gordura corporal e é um sinal aferente chave ligando nível de adiposidade corporal e estado nutricional. Por outro lado, a ingestão de bebidas adoçadas com frutose está associada à diminuição da ingestão de alimentos sólidos e proteína. Jurgens et al. (2005) mostraram que a ingestão de alimento sólido por ratos alimentados com frutose na água foi diminuída, mas o consumo de energia total era o mesmo do que dos animais controles. No presente estudo, os dados são consistentes com essas informações prévias que mostraram que o consumo de líquido adoçado com frutose está relacionado à diminuição do consumo de ração levando, talvez, à menor ingestão de alguns nutrientes, dentre estes os aminoácidos sulfurados. Deficiência de metionina, um aminoácido essencial, tem sido implicada na doença alcoólica do fígado e cirrose hepática (KIRSCH et al., 2006), secundária ao seu importante papel como um precursor da GSH. No entanto, o papel potencial da metionina na patogênese da esteatose hepática não parece ter sido previamente estudada. Estudos usando bebida 64 Discussão adoçada com frutose e estudos com esteatose usam produtos de peroxidação lipídica como marcadores de estresse oxidativo e poucas pesquisas têm avaliado os sistemas antioxidantes enzimáticos. Kunde et al. (2011) demonstraram que a diminuição da ingestão de aminoácidos sulfurados, como ocorre nos modelos usados para estudar frutose-induzindo esteatose, não é uma causa de estresse oxidativo hepático no modelo e não fornece uma explicação para a acumulação de lipídios através do uso da frutose. Estudos prévios (WU et al., 2000; EBENEZER et al., 2009) relatam que a insulina plasmática é de 5 a 10 vezes superior em ratos Zucker obesos, um modelo animal que desenvolve hipertensão moderada. Utilizando telemetria, método que facilita avaliação precisa da PA por não se confundir ao estresse da medida ou limitar o tempo de amostragem na aferição (CARLSON et al., 2000), há indicação de que, anormalidades metabólicas encontradas no presente estudo e em outros são leves em comparação aos efeitos observados no rato Zucker obeso, uma vez que esse animal apresenta aumento significativo na PA basal. Logo, é possível que a RI mais grave pode causar hipertensão. Por outro lado, cães alimentados com uma dieta rica em gordura desenvolvem hipertensão somente à medida que ganham peso corporal, mas, no modelo de estudo, não houve tal ganho, nem o peso corporal se correlacionou com PA. Isso sugere que os mecanismos envolvidos no desenvolvimento da RI e hipertensão na pesquisa apresentada são provavelmente diferentes dos modelos de obesidade. Na verdade, sabe-se que os indivíduos obesos apresentam deficiência geral da sensibilidade à insulina provocada por diminuição da densidade de seus receptores nas membranas celulares dos tecidos alvo, e, apenas uma minoria desses indivíduos mostram um defeito em pós-receptores específicos para a captação estimulada por insulina de glicose, semelhante ao defeito encontrado em pacientes com hipertensão essencial (MARTINEZ et al., 1994). Em sequência, a RI/hiperinsulinemia em ratos alimentados com frutose prejudica a função endotelial e pode ou não contribuir para a elevação da PA. Em adição aos seus efeitos sobre o metabolismo da glicose, a insulina tem mostrado induzir vasodilatação na vasculatura do músculo esquelético em diabéticos sensíveis à insulina, mas não em indivíduos com RI (BARON et al., 1993). O NO derivado do endotélio tem sido apontado como o mediador possível do efeito vasodilatador da insulina no músculo esquelético (STEINBERG et al., 1994). Sugere-se que esse efeito vascular desempenhe um papel fundamental na diminuição da disponibilidade da glicose pela ação da insulina (BARON et al., 1993), já que o sistema 65 Discussão vascular é importante para o fornecimento de nutrientes e de hormônios aos tecidos e, então, qualquer deterioração na capacidade de resposta vascular poderia contribuir para a RI. A disfunção vascular devido a uma dieta rica em frutose é observada em rato (TAKAGAWA et al., 2002) e reconhece-se que a disfunção vascular na SM está associada à aumentada sensibilidade de vasoconstrição (SHINOZAKI et al., 2004) e de produção de O2•− vascular (DELBOSC et al., 2005). Além disso, ingestão de frutose crônica em ratos ocasiona deficiente relaxamento endotélio-dependente (SHINOZAKI et al., 1999; 2000), com evidências de que a insulina modula a expressão da enzima eNOS e estimula a vasodilatação causada pela produção de NO (SCHERRER et al., 1994). Porém, em estados de RI, os efeitos sobre eNOS são abolidos, resultando em deficiente relaxamento endotélio-dependente (KUBOKI et al., 2000). Assim, é possível que essa ação vascular da insulina possa contribuir para exacerbar o desenvolvimento de RI observada no estudo. Embora resistência hormonal desperte grande atenção, tanto na pesquisa clínica, quanto na básica, em função de sua associação com a doença cardiovascular (DeFRONZO, 1992), os mecanismos que ligam a sensibilidade à insulina à hipertensão arterial e ao desenvolvimento e à progressão de desordens associadas, ainda não são completamente conhecidos, apesar dos progressos alcançados. Nenhuma evidência definitiva mostra que a RI e o hiperinsulinismo causem aumento de PA, embora também não existam dados suficientes que mostrem que a RI não é uma consequência secundária da hipertensão. Entretanto, a adição de clonidina (agonista adrenérgico utilizado como antihipertensivo) a água potável, em ratos alimentados com frutose, impede o desenvolvimento de hipertensão, mas não da RI, da hiperinsulinemia e da hipertrigliceridemia (HWANG et al., 1987). No presente estudo, observou-se que uma dieta rica em frutose não produz isoladamente alteração na PAS, apesar da PA aferida por pletismografia de cauda em vários estudos ser significativamente maior em ratos tratados com frutose do que em animais controles (STORLIEN et al., 1993; NAGAI et al., 2002; SÁNCHEZ-LOZADA et al., 2007; 2008). Uma explicação para a dissociação aparente entre a RI e a PA pode ser aqui relatada quanto ao grau de disfunção metabólica em ratos F que não foi suficiente para se obter um efeito sobre a PA. Entretanto, um problema potencial que tem sido demonstrado com os estudos em ratos relatando hipertensão é que a PA é medida, normalmente com a técnica, não invasiva, de pletismografia de cauda. Dado que dietas com alto teor de açúcar estimulam o SNS, uma possível consequência da dieta poderia ser uma leitura hipertensiva, 66 Discussão especialmente uma vez que as medições são realizadas em condições diferentes daquelas em que o rato permanece a maior parte do tempo e, assim, ter-se-ia o estresse inerente da mudança da condição adaptada. Uma possível sugestão para esses resultados, aparentemente contraditórios, é que a alta ingestão de açúcares simples produz somente um modesto aumento na atividade do SNS. Esse aumento da atividade simpática não é suficiente para elevar a PA cronicamente, mas pode aumentar labilidade da PA, eis que qualquer estresse conduziria a um aumento agudo da FC e da PA (D’ANGELO et al., 2005). Resultados desse estudo indicam que uma dieta com alto teor de frutose embora eleve modestamente PA (não significativamente), não causa hipertensão. Assim, a alimentação com dieta rica em frutose pode prejudicar a disponibilidade de glicose mediada pela insulina e aumentar a labilidade, mas não parece causar diretamente hipertensão. No entanto, o potencial de outros fatores tais como a linhagem do rato e o tipo de tratamento para explicar as diferentes respostas a dietas devem ser exploradas. Dobrian et al. (2003) observaram que sobrecarga de sal em ratos obesos induzidos por dieta rica em gordura acelera o desenvolvimento, mas, não aumenta a gravidade da hipertensão. Paralelamente, Rocchini et al. (1989) relataram que adolescentes obesos que apresentavam PA elevada eram sensíveis ao sal e hiperinsulinêmicos em relação ao grupo controle. Contudo, redução no peso desses indivíduos diminuíram concentrações plasmáticas de insulina e eliminaram sensibilidade ao sal. Embora outros fatores, como aldosterona e ativação simpática, possam ter influenciado o efeito do consumo do sal sobre pressão sanguínea nesses indivíduos, esses resultados indicam que mudanças na concentração de insulina correlacionam significativamente a sensibilidade ao sal. No presente estudo, os dados sugerem que a resposta da PA à hiperinsulinemia em ratos FS10 pôde ser dependente da retenção de sódio. A hipótese de que RI e hiperinsulinemia estão ligadas à elevação da PA é sugerida pelos resultados desse estudo, uma vez que ratos FS10 apresentaram elevação significativa da PAS similar ao grupo S, mesmo consumindo menos sal; animais do grupo FS10 receberam 10 semanas a menos de tratamento com sobrecarga de sal em relação ao grupo S, além da frutose associada ao sal ter conduzido a uma menor ingestão de ração e, consequentemente, menor consumo diário de sal na dieta. Comparadamente, observou-se que a pressão para o grupo S não foi suficientemente diferente do grupo C na fase intermediária do estudo (protocolo A), o que indica que apenas 10 semanas de tratamento 67 Discussão com sal para o grupo FS10 é sugestivo de não aumentar significativamente PAS em relação ao grupo controle se não houvesse o efeito adicional da frutose. Pesquisas anteriores sugerem que indivíduos sensíveis ao sal, normotensos e hipertensos, são hiperinsulinêmicos e apresentam RI em comparação a indivíduos resistentes ao sal (SHARMA et al., 1993; ZAVARONI et al., 1995; FUENMAYOR et al., 1998) e sensibilidade ao sal se relaciona a reabsorção tubular de sódio com a insulina estimulando retenção de sódio como mostrado por Facchini et al. (1999). No presente estudo, a excreção urinária de sódio pode ter diminuído no grupo FS, sugerido pela maior concentração de sódio sérico de FS10 do que o encontrado no grupo S. Nesse sentido, pressão natriurese normalmente atua para estabilizar PA, sendo que anormalidades na hemodinâmica renal ou na reabsorção tubular podem alterar o ponto de ajuste em que a PA e a excreção de sódio são controladas. O mecanismo da natriurese tem sido postulado como sendo um componente principal de um sistema de realimentação para regulação a longo prazo da PA e do volume do fluido corporal. Sob a maioria das condições, esse mecanismo atua para estabilizar a PA bem como os volumes dos fluidos corporais (GUYTON et al., 1972). Por exemplo, a formação excessiva de hormônios antinatriuréticos ou doenças que reduzem a capacidade de excreção renal podem deslocar a curva de natriurese da pressão a maiores valores pressóricos e tendem a causar retenção de sódio e aumento do volume de fluido extracelular, se a ingestão permanecer constante. Acúmulo de líquido continuaria até que a PA aumentasse o suficiente para restaurar excreção renal ao normal através de natriurese e no estado de equilíbrio, a excreção renal seria mantida igual ao consumo, mas à custa de hipertensão. Deve-se reconhecer, no entanto, que outros mecanismos como regulação anormal de receptores de insulina renais por sal podem ter contribuído para a diminuição natriurética em FS10, incluindo mudanças no SRA, nos peptídeos natriuréticos atriais (ANP), na produção de NO e na hemodinâmica intra-renal. Ang II ou aldosterona regulam a reabsorção de sódio e alto consumo de sal exacerba hipertensão (HALL et al., 1990). Contudo, embora indivíduos com rins normais possam ser capazes de excretar aumentados conteúdos de sódio sem alterar PA, é evidente que indivíduos que desenvolvem hipertensão essencial têm um relativo defeito na sua habilidade para excretarem sódio (GUYTON et al., 1972). Ratos do grupo S beberam mais liquido para diluir a ingestão de NaCl juntamente com alguma atenuação da natriurese, resultando em expansão do volume plasmático e aumento da PA. Com isso, elevação da pressão sanguínea em resposta ao aumento do consumo de sódio na dieta é 68 Discussão considerada um fator de contribuição importante na patogênese da hipertensão, em particular em seres humanos ou em animais com predisposição para sensibilidade ao sal, mas, retenção de sódio pode ter indicado alteração da função renal com capacidade excretória de sódio renal diminuída, produzindo aumentada reabsorção de sódio tubular para ratos do grupo FS10. Além do mais, maior filtração glomerular determinada pela sobrecarga salina poderia ser responsável pelo aumento da massa renal, acompanhando de aumento da creatinina e ureia sérica como observado no estudo e por Kodama et al. (1997) em ratos Dahl-SS submetidos à sobrecarga de sal por 19 semanas, indicando injúria renal atribuída ao sal. Adicionalmente, uma grande quantidade de estudos experimentais e clínicos tem enfatizado a função crucial do sódio na regulação da pressão sanguínea e nas implicações de um balanço anormal no desenvolvimento da hipertensão em modelos experimentais. Por exemplo, as perturbações que elevam a PA, sem prejudicarem a capacidade de excreção renal, também tendem a aumentar a excreção de sódio e à de água por meio da natriurese e diurese reduzindo, assim, o volume de fluido extracelular e retornando para a pressão sanguínea normal. Hipertensão causada pelo aumento do débito cardíaco ou da resistência periférica total não pode ser sustentada se natriurese é inalterada porque excreção de sódio permaneceria acima da ingestão de sódio até que a PA retornasse ao normal. Da mesma forma, reduções na PA tendem a diminuir a excreção de sódio e a aumentar o volume de líquido extracelular até que a PA retorne ao normal. Um aspecto importante do presente sistema de equilíbrio é que existem muitos sistemas neuro-humorais que atuam para amplificar a sua eficácia. Por exemplo, aumento na pressão sanguínea não só tende a elevar a excreção renal diretamente através de efeitos hidroeletrolíticos sobre o rim, mas também inibem a formação de Ang II e aldosterona, o que eleva ainda mais a excreção renal e diminui o volume do fluido extracelular, promovendo mais rápida recuperação da PA (HALL et al., 1986). Diferenças na escolha do modelo animal, níveis de açúcar e de sal utilizados, assim como desenho experimental tornam difícil a comparação entre os resultados desse estudo com os outros relatados. Embora concentração elevada de sal dietético (8% de NaCl) provoque hipertensão em ratos (VASDEV et al., 2003), avaliando associação entre frutose e sal, Vasdev et al. (2007) sugeriram que tratamento de frutose propicia um ambiente que permite que sal na dieta comprometa integridade da membrana celular produzindo mudança 69 Discussão vascular e sustentada hipertensão. Demonstrou-se que altos níveis de sódio intracelular aumentam o cálcio livre citosólico e contratilidade em células vasculares do músculo liso (MATLIB, 1991). Consequentemente, altos níveis de cálcio intracelular também podem aumentar o estresse oxidativo (GORDEEVA et al., 2003) modificando lipídios e proteínas, componentes das membranas que comprometem a sua integridade (GRIENDLING et al., 2000). Além do mais, aumento no catabolismo da frutose pode resultar em depleção de energia nas células, tornando-as mais susceptíveis à peroxidação (GIARDINO et al., 1994). Aumento da lipoperoxidação hepática em ratos FS pode estar associado à elevação da glicose na circulação, o que aumenta a produção de radicais livres a partir de auto- oxidação de glicose e de glicação das proteínas. Em ratos, ao contrário de seres humanos e coelhos, o TG e o colesterol no plasma são transportados predominantemente pelo colesterol-HDL (BELTOWSKI et al., 2002). HDL tem sido atribuído a um independente preditor negativo para o desenvolvimento de eventos cardiovasculares devido à sua capacidade para promover o efluxo de colesterol celular a partir de células periféricas e entregá-lo para o fígado para excreção, um processo conhecido como transporte reverso de colesterol (MERTENS & HOLVOET, 2001). Além disso, HDL também atrai atenção especial devido ao seu potencial antioxidante. Nesse estudo, observou-se diminuição acentuada de HDL para o grupo FS20. Somado a isso, PON-1, uma enzima antioxidante sérica presente no colesterol-HDL que combate a peroxidação lipídica de LDL, teve sua atividade diminuída. Segundo Rosenblat et al. (2006), PON-1 protege contra aterosclerose por sua habilidade em reduzir formação de célula espumosa via redução de estresse oxidativo e estimulação de macrófagos. Pode-se, assim, sugerir que as LDL oxidadas venham a prejudicar a função endotelial, estimulando a resposta inflamatória de monócitos/macrófagos, ativando a migração e a proliferação de células do músculo liso vascular, induzindo uma resposta imune, tal como mostrado pelo aumento do perfil de monócitos em animais tratados com frutose nesse estudo (Tabela 3). Por conseguinte, inativação de PON1 em ratos FS pode reduzir a capacidade de HDL para inibir a modificação de LDL, e também diminui a capacidade de HDL para inibir as interações endoteliais monocíticas. Ambas as condições parecem ser importantes na resposta inflamatória nas células das paredes arteriais, como demonstrado pela mudança no perfil de linfócitos em relação ao grupo C, uma vez que esse é um achado comum durante a resposta inflamatória sistêmica. Estudos clínicos e em animais sugerem que a baixa contagem de linfócitos tem um 70 Discussão suposto papel na inflamação crônica (NÚÑEZ et al., 2011). Mostrou-se também que baixa atividade de PON1 está relacionada no modelo estudado à diminuição dos níveis de HDL contribuindo para o fato de que PON1 esteja envolvida na preservação da HDL (DORNAS et al., 2012). Já que PON1 exerce um efeito protetor contra o estresse oxidativo, é possível encontrar uma associação entre essa enzima e insuficiência hepática. Assim, atividade de PON1 diminuiu enquanto a peroxidação lipídica aumentou em ratos FS, o que confirma que essa enzima pode estar envolvida na defesa contra a produção de radicais livres no fígado. Ratos tratados com frutose exibem estresse oxidativo, disfunção endotelial e hipertensão (TAKAGAWA et al., 2002; NANDHINI et al., 2005; EL MESALLAMY et al., 2010) e o tratamento com inibidor de NADPH-oxidase foi mostrado reduzir PA (UNGER & PATIL, 2009). Peroxidação lipídica hepática significativamente aumentou para o grupo FS, que se manifestou pelo aumento dos níveis de TBARS, o qual é bem relatado em ratos alimentados com frutose (LEVI & WERMAN, 1998; BUSSEROLLES et al., 2003b; KELLEY et al., 2004). O desenvolvimento de estresse oxidativo está relacionado a RI, e notou-se um possível desequilíbrio entre o estado pró-e antioxidante em animais do estudo. Uma diminuição de antioxidantes enzimáticos foi mostrada no fígado e no coração de ratos tratados com frutose e sal, uma vez que a exposição prolongada à condição dietética imposta reduziu a atividade de enzimas antioxidantes. Inativação de CuZn-SOD por glicação de resíduos de lisina específicos foi avaliada por ODA et al. (1994) e EROS podem também reduzir a atividade das enzimas antioxidantes CAT e GPx (DATTA et al., 2000). Essa diminuição é sugestiva de reduzida capacidade potencial de eliminação de radicais livres em ratos com RI participando, desse modo, na vulnerabilidade tecidual ao estresse oxidativo. A diminuição da atividade de GSH-Px ou CAT pode resultar em aumento na produção de radicais hidroxil (OH•) (GUTTERIDGE, 1994). Os OH• podem danificar as membranas das células em que a função coordenada de enzimas e receptores que eles contêm é perdida. Como GSH é o cofator de GSH-Px, é importante notar que concentração de GSH foi diminuída no fígado dos ratos FS10 em comparação aos outros grupos. Em particular, o tratamento de frutose e de sal associados diminuíram substancialmente GSH/GSSG. Apesar da importância biológica da GSH/GSSG ser muito debatida, isso confirma que o tratamento empregado aumenta estresse oxidativo devido à oxidação de GSH ocorrer durante o processo de redução do H2O2 (JOHNSON et al., 2012). A queda no nível de glutationa é frequentemente observada em pacientes com diabetes e agravada quando existem complicações associadas 71 Discussão (THORNALLEY et al., 1996). Sua redução em ratos FS10 pode ter prejudicado a proteção das membranas celulares contra os danos por radicais livres, o que também contribui para diminuição da sensibilidade à insulina. O conteúdo de glutationa reduzida em eritrócitos de indivíduos diabéticos mostra correlação negativa com o controle metabólico da diabetes, avaliada pelos níveis de hemoglobina glicosilada (HbA1) (PAOLISSO & GIARGLIANO, 1996), sugerindo um papel importante na atividade da insulina. Por outro lado, a glutationa poderia favorecer a transcrição do receptor da insulina. De fato, o nível GSH das células aumenta a atividade de alguns fatores de transcrição, tais como Sp1, que está envolvido na transcrição do receptor de insulina (ARAKI et al., 1991). Mecanismos regulatórios de feedback de enzimas antioxidantes previnem a sua restauração para um nível normal, protegendo a célula contra efeitos de EROs. CAT previne dano pela rápida conversão de H2O2 à água (TOUYZ, 2004). De fato, há possíveis vias pelo qual metabolismo celular nesse modelo pode ter sido alterado, que por sua vez pode ter acelerado o estresse oxidativo em ratos do grupo FS; uma vez que o aumento do estresse oxidativo pode ser devido à geração de EROs e/ou à diminuição da proteção de antioxidantes não enzimáticos ou enzimáticos (HALLIWELL, 1996). A produção de radicais livres e H2O2 resultantes da atividade de SOD pode ter gerado radicais OH• através de reação de Fenton, e então EROs pode reduzir a atividade das enzimas antioxidantes (DATTA et al., 2000). Observou-se redução de CAT em fígado e coração de ratos tratados com frutose e sal e, portanto, uma diminuição dessa atividade é sugestiva de menor capacidade de eliminação de EROs. No entanto, no rim observou-se aumento da atividade de SOD, o qual pode ter ocorrido em resposta ao aumento da geração de O2•−, já que atividade aumentada de enzimas antioxidantes é relatada como um mecanismo adaptativo para proteger as células contra a toxicidade dos radicais livres (EREJUWA et al., 2011). Uma vez que SOD converte O2•− a H2O2, maior atividade da SOD pode levar ao turnover de H2O2, e, em caso de aumento da geração de H2O2, a CAT pode ser incapaz de eliminar, suficientemente, os níveis elevados de H2O2. CAT é relatada ser altamente susceptível ao aumento de O2•− (KONO & FRIDOVICH, 1982) e pode, assim, tornar-se inibida. Dessa forma, a ocorrência da atividade dessas enzimas antioxidantes descoordenadamente nos rins de ratos com RI pode implicar que esses animais podem não estar protegidos contra o estresse oxidativo. Vários ensaios têm sido realizados para determinar se o tratamento com antioxidantes pode ou não reduzir PA, embora os resultados sejam conflitantes (KIM et al., 72 Discussão 2002; VASDEV et al., 2002; WARD et al., 2007). Como O2•− atua tanto no meio extracelular e intracelular, onde pode ter efeitos prejudiciais, incluindo peroxidação lipídica, agregação de proteínas e destruição do DNA (MAXWELL, 1995), investigações prévias com mecanismos que elevam o potencial de proteção contribuem para a destoxificação do organismo ao eliminar O2•− e reduzir inflamação e aterosclerose (HENSON & JOHNSTON, 1987). SOD desempenha um papel fundamental em mecanismos de defesa antioxidante, particularmente em estados hiperglicêmicos ou de RI. Normalmente, a SOD abundante e outros antioxidantes no corpo reagem com O2•− mantendo-os a níveis muito baixos. Sempre que a produção de O 2•− é aumentada ou há uma deficiência nos sistemas antioxidantes, a repartição de NO pela O2•− também aumenta; no rim, reabsorção de sódio elevada contribui para a progressão da hipertensão em ratos alimentados com sobrecarga de sal. Atividade de SOD foi diminuída no fígado de ratos FS10 e correlação negativa entre a sua atividade e a glicose no sangue em ratos tratados com um mimético de SOD deve ser estabelecida. Dessa forma, a administração de enzimas antioxidantes, como a SOD, pode prevenir ou tratar dano cardiovascular (BAKER et al., 1985; JOLLY et al., 1999), embora os benefícios potenciais da administração sistêmica de SOD sejam limitadas, porque essa não pode permear membranas biológicas e é, portanto, incapaz de remover O2•− produzido intracelularmente. SOD nativa tem limitada permeabilidade de membrana e provou ser decepcionante na prevenção de efeitos adversos de O2•− ou na redução da PA. Assim, agentes alternativos com atividade semelhante à SOD são investigados. Miméticos da SOD melhoram função vascular em alguns estudos, mas não significativamente em todos os casos (SCHNACKENBERG et al., 1998; ROBERTS et al., 2009; ROSÓN et al., 2010). Alguns miméticos da SOD, tais como CuZn-SOD, são dependentes de metais e podem se tornar ineficazes no meio intracelular devido à dissociação do metalligante. Consequentemente, são preferidos compostos com atividade de SOD que tenham baixo peso molecular, estabilidade biológica, nenhuma toxicidade e permeabilidade da membrana para utilização in vivo. Mitchell et al. (1990) demonstraram que tempol tem um peso molecular baixo, é independente de metal e é permeável à membrana celular. Tempol não age como um mimético da CAT, não altera concentração de H2O2 e não liga a NO (SAMUNI et al., 1991), sendo então específico para O2•−. No presente estudo, foi observado que a administração de tempol pode ter inibido o aumento da geração O 2•−, o que pode ter aumentado a biodisponibilidade do NO, impedindo o desenvolvimento de disfunção 73 Discussão endotelial. Essas observações podem apoiar a ideia de que a produção de O 2•− desempenha um papel crítico no desenvolvimento da disfunção endotelial, resultando em hipertensão. Tempol aumenta a biodisponibilidade de NO mantendo a regulação da pressão sanguínea normal (WILCOX & WELCH, 1999). Permeável à membrana, tempol demonstra atenuar a hipertensão (WILCOX & PEARLMAN, 2008). Durante a hipertensão arterial, o efeito vasodilatador endógeno de NO é prevenido devido à sua interação com EROs, especificamente O 2•−, que transforma NO em peroxinitrito e diminui a sua biodisponibilidade, o que resulta em aumento da resistência vascular (WILCOX & WELCH, 1999). Portanto, pode-se especular que tempol exerceu seus efeitos benéficos restaurando os níveis de NO podendo atuar no controle direto do tônus vascular. Schnackenberg & Wilcox (2001) relataram que tempol restaura prejudicada dilatação mediada por NO de arteríolas aferentes renais em coelhos diabéticos. Limitação de disponibilidade de NO pode atenuar o seu efeito sobre o tônus vascular renal e transporte de Na+ (ORTIZ & GARVIN, 2002). Há evidências de que o NO e O 2•− têm ações antagônicas que controlam o transporte de NaCl na alça de Henle e mácula densa, (ORTIZ & GARVIN, 2002) o que sugere que O2•− poderia promover vasoconstrição renal através do aumento do feedback tubuloglomerular, já que há uma interação específica entre O2•− e NO (KOMERS et al., 2000; REN et al., 2002). Assim, o balanço de NO/O2•−, que é um regulador chave da função endotelial e níveis de O2•−, sendo elevado em muitas formas de DCV, pode ter se acumulado no rim (indiretamente observado pelo aumento da atividade de SOD na figura 13) e ter alterado a regulação normal da função renal, contribuindo para o desenvolvimento da hipertensão nos animais S e FS (KOPKAN & CERVENKA, 2009). Resumidamente, níveis aumentados de O2•− pela associação de frutose e sal na dieta podem aumentar significativamente a PA, tal qual observado nos animais FS20. Nesse estudo, hipotetizou-se que diminuir níveis de O2•− teria potenciais implicações no modelo estudado, uma vez que vários estudos mostram que baixos níveis de SOD estão presentes na RI e na hipertensão em humanos e animais experimentais (BUCZYNSKI et al. 1993; YELINOVA et al. 1999; NANDHINI et al., 2005). De fato, tempol reduziu PA em ratos FS20 em acordo com observações de outros pesquisadores. PAS e PAD foram aumentadas, significativamente, em ratos FS20, em comparação com os ratos C, e a principal conclusão é que a hipertensão causada pelo aparecimento de um provável ineficiente sistema antioxidante funcionando é bloqueado pela administração crônica de tempol. Os valores pressóricos finais, atenuados 74 Discussão pelo tratamento com tempol, foram associados à variação glicêmica, ao perfil lipídico aterogênico e à hiperuricemia. Além disso, o desenvolvimento de RI foi marcado por uma menor resposta antioxidante por PON1 e administração de tempol, marcadamente, restaurou sua ação. A figura 20 resume os efeitos da administração dietética crônica da suplementação de frutose associada à sobrecarga de sal e pelo tratamento com tempol. Em contraste, apesar de às vezes ser mencionada, a relação entre o estresse oxidativo e a ação da insulina tem sido negligenciada. À luz dos resultados encontrados, podemos traçar um paralelo entre capacidade antioxidante e mecanismo de ação sobre a hipertensão em ratos RI alimentados com frutose sob dieta rica em sal. Alterações observadas na defesa anti-radicalar por tempol em ratos FS20 podem influenciar a atividade de insulina e melhorar concentrações sérica de parâmetros lipídicos e de diferentes proteínas. Já em 1997, Faure & colaboradores demonstravam melhoria na sensibilidade à insulina em ratos alimentados com alto teor de frutose com o uso de vitamina E, ao passo que, níveis de TBARS significativamente aumentados no fígado em ratos FS do estudo demonstraram associação positiva com PAS e PAD. Isso indica uma relação entre estresse oxidativo e aumento de PA, resultando em hipertensão e anomalidades metabólicas. Adicionalmente, o fígado pode ser o alvo e o contribuinte para alterações sistêmicas com uma condição resultante de um aumento descontrolado de radicais livres de oxigênio ou disfunção do sistema antioxidante. Nesse sentido, os resultados confirmam que RI pode promover danos teciduais com sobrecarga de sal conduzindo à retenção de sódio, hipertensão e ao maior estresse oxidativo. A geração e a ação de substâncias oxidantes e antioxidantes dependem do sistema de óxidoredução, o que demonstra que o desequilíbrio entre a produção de espécies reativas e a capacidade de o organismo lidar com esses compostos reativos pode prevenir ou não os efeitos adversos advindos dessas alterações. Tempol e outros eliminadores de O2•− reduzem significativamente PA em diferentes modelos de hipertensão, como no presente estudo, impedindo a progressão da elevação da PA. Contudo, estudos adicionais são necessários para explorarem a participação de EROs nas DCVs, uma vez que inúmeros mecanismos estão envolvidos com imensa variação em relação aos modelos e protocolos de pesquisas utilizados. 75 Discussão Rato macho Fischer Dieta rica em frutose Dieta rica em sal ↑ consumo de frutose na água FÍGADO COM ESTEATOSE Βeta-oxidação ↑Trigliceridemia Peroxidação lipídica ↓GSH, GSH/GSSG, SOD, CATALASE ↑atividade NADPHoxidase RI/Hiperinsulinemia RIM ↑ Ang II ↑ingestão de água ↑reabsorção e retenção de Na+ Expansão do volume plasmático com retenção hídrica ↑SOD Gordura CORAÇÃO ↑Estresse oxidativo ↑ O 2• − ↓ atividade SOD e CATALASE Tempol Melhora do perfil lipídico e da glicemia, ↑ atividade da PON1, ↓do ácido úrico, da ureia sérica e da atividade de ALP e ALT ↑PA ↓PA Figura 20: Esquema dos efeitos gerais induzidos pelo modelo dietético utilizado e pelo tratamento com tempol em ratos Fischer. Inicialmente, frutose na água é potencialmente disponibilizada pelo consumo associado de sal e metabolizada aumentando a oxidação de lipídios que é, por si só, um potente produtor de EROs. Frutose conduz à hipertrigliceridemia e à esteatose, resultando em RI, hiperinsulinemia, peroxidação lipídica com aumento do estresse oxidativo estimulado, principalmente pela maior atividade de NADPH-oxidase produzindo O2•−. Dieta rica em sal também aumenta atividade de NADPH-oxidase por Ang II. Hiperinsulinemia ocasiona retenção de sódio potencializando estresse oxidativo quando frutose e sal estão associados na dieta. Consequentemente, há diminuição das defesas antioxidantes, com menor concentração de GSH hepática, diminuição da atividade de SOD e CAT no fígado e no coração e aumento da atividade de SOD no rim. Por outro lado, dieta rica em sal aumenta volume extracelular e eleva PA. Por fim, administração de tempol, um eliminador de O2•−, diminui PA, melhora perfil lipídico e dano hepático, aumenta atividade de PON1 e reduz ácido úrico, ureia associando-se à melhora da resposta pressórica. Angiotensina II (Ang II); Fosfatase alcalina (ALP); Alanina aminotransferase (ALT); Catalase (CAT); Espécies reativas de oxigênio (EROs); Glutationa reduzida/oxidada (GSH/GSSG); Nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato (NADPH); Ânion superóxido (O2•−); Pressão arterial (PA); Paraoxonase 1 (PON1); Resistência à insulina (RI); Superóxido dismutase (SOD); Triacilglicerol (TG). 76 Conclusões 6- CONCLUSÕES Em conclusão, esse estudo fornece evidências de que modelo experimental de hipertensão com ratos tratados com alto teor de frutose associado à sobrecarga de sal na dieta exibe RI/hiperinsulinemia resultando em retenção de sal. Isso foi consistente com dados da literatura que discutem o papel chave da insulina na regulação do metabolismo do sódio e na pressão sanguínea. Coletivamente os dados também indicam aumento do estresse oxidativo na desordem metabólica encontrada em combinação à elevação da PA, enquanto tempol administrado cronicamente exerce efeito antihipertensivo, demonstrando, assim, participação crucial de radicais O2•− na patogênese do estresse oxidativo com alteração dos valores pressóricos nos animais do estudo. O modelo usado recapitula muitos dos efeitos bioquímicos e fisiológicos que marcam tendências dietéticas atuais. A implicação é que a exposição contínua a esses refinados, dietas de baixa qualidade, tem o potencial de resultar em efeitos adversos para a saúde que podem, em parte, explicar o aumento exponencial dos fatores de risco para as DCVs. Os resultados também denotam a importância de uma dieta nutricionalmente equilibrada e confirmam a associação do estresse oxidativo nos vários fatores envolvidos no desenvolvimento da RI com a presença de hipertensão. Assim, o estudo oferece um paradigma nutricional em que aspectos estudados podem ser úteis e cuidadosamente explorados para iniciativas de reduzirem tanto a quantidade de sal quanto de frutose (provinda de sacarose ou de bebidas adoçadas com HFCS) como atualmente está sendo vastamente consumida. Uma compreensão mais completa de como essa dieta empregada afeta os mecanismos que causam insulto cardiovascular pode auxiliar na prevenção de doenças com novas estratégias terapêuticas para combaterem a progressão dessas condições. 77 Referências Bibliográficas Referências Bibliográficas Abdelmalek, M.F.; Suzuki, A.; Guy, C.; Unalp-Arida, A.; Colvin, R.; Johnson, R.J.; Diehl, A.M. Nonalcoholic Steatohepatitis Clinical Research Network. Increased fructose consumption is associated with fibrosis severity in patients with nonalcoholic fatty liver disease. Hepatology. 51:1961-71, 2010. Abdulla, M.H.; Sattar, M.A.; Johns, E.J. 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Hypertension. 37: 547-553, 2001. 101 Anexos Anexos Anexo 1: Contribuição científica Artigos publicados Dornas WC, Silva ME. Animal models for the study of arterial hypertension. Journal of Biosciences. 36(4):731–737, 2011. Dornas WC, Lima, WG, dos Santos RC, de Souza MO, Silva M, Diniz MF, Silva ME, Salt overload in fructose-fed insulin-resistant rats decreases paraoxonase-1 activity. Nutrition & Metabolism. 9:63, 2012. Dornas WC, Lima, WG, dos Santos RC, Guerra JF, de Souza MO, Silva M, Silva LS, Diniz MF, Silva ME. High dietary salt decreases antioxidant defenses in the liver of fructose-fed insulin-resistant rats. Journal of Nutritional Biochemistry. 24:2016– 2022, 2013. Artigo aceito Dornas WC, Lima, Silva M, Tavares R, Lima, WG, dos Santos RC, Pedrosa ML, Silva ME. Efficacy of the superoxide dismutase mimetic tempol in animal hypertension models: a meta-analysis. Journal of Hypertension. 102 Anexos Anexo 2: Protocolos de dosagens bioquímicas Kits Labtest Ácido úrico – referência 73 Albumina – referência 19 Colesterol-HDL – referência 13 Colesterol total – referência 76 Creatinina – referência 96 Fosfatase alcalina – referência 79 Glicose – referência 85 Proteínas totais – referência 99 Transaminase oxalacética (AST) – referência 52 Transaminase pirúvica (ALT) – referência 53 Triglicérides (Triacilglicerol) – referência 87 Ureia – referência 27 Crystal Chem Downers Grove IL e Rat Leptin ELISA Kit, Linco Research Insulina - Catálogo #90060 Leptina - Catálogo #90040 103 Review Animal models for the study of arterial hypertension WALESKA C DORNAS1and MARCELO E SILVA2,* 1 Research in Biological Sciences - NUPEB, 2Department of Foods, School of Nutrition, Ouro Preto University, Minas Gerais, Brazil *Corresponding author (Fax, +55-31-35591828; Email, [email protected]) Hypertension is one of the leading causes of disability or death due to stroke, heart attack and kidney failure. Because the etiology of essential hypertension is not known and may be multifactorial, the use of experimental animal models has provided valuable information regarding many aspects of the disease, which include etiology, pathophysiology, complications and treatment. The models of hypertension are various, and in this review, we provide a brief overview of the most widely used animal models, their features and their importance. [Dornas WC and Silva ME 2011 Animal models for the study of arterial hypertension. J. Biosci. 36 731–737] DOI 10.1007/s12038-011-9097-y 1. Introduction Owing to the high occurrence of hypertension and problems originating from this disease over the years, a series of experimental models have been developed (Doggrell and Brown 1998). The use of relevant models to mimic human cardiovascular disease may offer useful information by allowing an understanding of the cause and progression of the disease status as well as potential therapeutic interventions (Badyal et al. 2003). However, an effective study of particular cardiovascular alterations emerging in the course of the developmental process requires the use of adequate animal models. Accordingly, it should be mentioned that each one of the studied models involves a different role in the development of the disease (Fazan et al. 2001). 2. 2.1 Genetic hypertension Spontaneously hypertensive rat Spontaneously hypertensive rats (SHRs) were originally inbred from Wistar rats and their Wistar–Kyoto (WKY) Keywords. inbred non-hypertensive controls (Okamoto and Aoki 1963). These rats develop hypertension at about 4–6 weeks of age without physiological, pharmacological or surgical intervention (Zicha and Kunes 1999); however, environmental factors affect the development of hypertension, and the importance of this model has been attributed to the similarity of its pathophysiology with essential hypertension in humans (Trippodo and Frohlic 1981). In vivo studies have shown that in the early stages of hypertension, SHRs have an increased cardiac output with normal total peripheral resistance. As the SHR progresses into the established hypertension state, the cardiac output returns to normal values and the hypertrophied blood vessels produce an increase in the total peripheral resistance (Smith and Hutchins 1979). With the advance of hypertension, the SHR progressively develops (between 6 and 24 months of age) structural alterations in the heart, which are associated with progressive cardiac hypertrophy (Engelmann et al. 1987). As this is not a strictly inbred strain, individual variations in the genetic background of both SHR and particularly of their control strain may significantly influence the resulting end-organ changes, what can be seen in figure 1. Blood pressure; cardiovascular disease; experimental models; hypertension Abbreviations used: ANG II, angiotensin II; BHR, borderline hypertensive rat; CBF, cerebral blood flow; DOCA, 11-desoxycorticosterone acetate; DR, Dahl salt-resistant rat; DS, Dahl salt-sensitive rat; EDCF, endothelium-derived constricting factor; EDRF, endothelium-derived relaxing factor; HR, heart rate; LV, left ventricle; MAP, mean arterial pressure; PRA, plasma rennin activity ; RAAS, rennin–angiotensin–aldosterone system; ROS, reactive oxygen species; RSNA, renal sympathetic nerve activity; SAD, sinoaortic baroreceptors ; SHR, spontaneously hypertensive rat; SHRSP, stroke-prone spontaneously hypertensive rat; SOD, superoxide dismutase ; WKY, Wistar–Kyoto http://www.ias.ac.in/jbiosci J. Biosci. 36(4), September 2011, 731–737, * Indian Academy of Sciences 731 732 Waleska C Dornas and Marcelo E Silva SHRSP SHR TGR(mREN2)27 BHR DS Salt-diet Hypertension Impaired endothelium Decreased CBF Ischaemia Cerebral and myocardial lesions Vascular remodelling Hypertrophy Vascular resistance EDRF EDCF Metabolic syndrome Proteinuria clearance Renal damage Glomerulosclerosis Tubulointersticial fibrosis Cardiac failure Risk factor for sudden death Figure 1. End-organ damage as affected by different experimental genetic models of hypertension: Cerebral blood flow (CBF); endothelium-derived relaxing factor (EDRF) and endothelium-derived constricting factor (EDCF). Stroke-prone spontaneously hypertensive rats (SHRSP), bred from SHR developed with even higher levels of BP and a strong tendency to die from stroke, are extreme examples of cerebrovascular lesions developing spontaneously in animal models (Okamoto et al. 1974). It is the most utilized animal model of spontaneous stroke and is regarded as a unique animal model in which prevention of stroke can be studied experimentally as the incidence of spontaneous occurrence of stroke lesions in these models reach 80% in males and 60% in females, with extensive cerebral arteriosclerosis (Yamori 1989). Because of the high mortality rate of stroke in humans, and of the similarity of stroke in SHRSP to that observed in human essential hypertension, this model has been applied to studies of stroke in human beings (Yamori et al. 1976). Hypertrophy leads to increased vascular resistance (figure 1) and wall sheer rates. As blood vessels become less functionally responsive and more extensively filled with atherosclerotic plaques, there is a risk for complications such as cerebral hemorrhage, thrombosis, nephrosclerosis and myocardial lesions in SHRs and especially cerebral lesions in SHRSPs (Henning et al. 2010). Therefore, these models can be used to study not only the pathogenesis and therapy but also prophylaxis in essential hypertension and its complications. 2.2 Dahl salt-sensitive rats Another model is the Dahl salt-sensitive rat (DS), originally derived by Dahl from the Sprague–Dawley stock on the basis of developing hypertension with a high NaCl diet. When fed normal salt diet, these rats become hypertensive, indicating that this is a genetic model of hypertension with the feature of salt sensitivity. On the basis of these considerations, Dahl et al. (1962) selected from endocrossings of Sprague–Dawley rats and, on the basis of pressure levels associated with a diet high in salt (8% NaCl), J. Biosci. 36(4), September 2011 two strains of animals: the Dahl salt-sensitive rats (DS) and the Dahl salt-resistant ones (DR). The DS animals develop a systemic arterial hypertension after ingesting a high-salt diet, while the DR animals can maintain BP within normal limits even with the same diet. The mechanisms of genetic salt-sensitive hypertension of the Dahl strain rats are not yet fully known. In addition, DS rats are possibly insulin resistant even before hypertension is fully established, and salt-sensitive models of hypertension manifest a decrease in afferent arteriolar resistance and a rise in glomerular pressure in response to an increase in BP (Campese 1994). This could indicate that insulin resistance and hypertension may be inherited as separate traits that develop in a parallel but independent manner (Channa et al. 2004). Dahl salt-hypertensive rats are prone to hypertensive nephropathy (figure 1). Hypertensive glomerular lesions were conventionally characterized by mesangial proliferation, matrix accumulation and glomerulosclerosis, in addition to endothelial dysfunction (Nagase et al. 2006). 2.3 Transgenic hypertension models Transgenic hypertension models can be generated by overexpression of a specific gene. This is an excellent model to study the role of a specific gene in the pathogenesis of hypertension. A representative of this type of hypertension is the TGR(mREN2)27 transgenic rat developed by Mullins et al. (1990), which suppresses endogenous renal renin (Bader et al. 1992). TGR develops fulminant hypertension (200 to 260 mmHg mean systolic BP) beginning at the 5th week of age, exhibits more myocyte hypertrophy and, only to a small extent, hyperplasia, and more endothelial dysfunction than age- and BP-matched SHR (Mullins et al. 1990). Structural lesions of the nephron in TGR are moderate in both sexes at an age of 4 months, except for an overall increase in wall thickness of the larger arterioles and arteries Animal models in hypertension (Bachmann et al. 1992). Although the model is not representative of human hypertension, it does allow in vivo analysis of the consequences of severe, monogenetic activation of the Ras and allows identification of the types of hypertensive damage that can be expected from an activated Ras (figure 1). 2.4 Borderline hypertensive rat Investigations using the borderline hypertensive rat (BHR) have demonstrated the important role genetic factors can play in mediating both the behavioural and cardiovascular responses to environmental stressors. BHR is a genetic model of environmentally induced hypertension and it is the first filial offspring of the SHR and the normotensive WKY rat, possessing genetic information from both parents (Sanders and Lawler 1992). The mechanisms by which environmental stress produces hypertension in BHR have not been identified. However, the sympathetic nervous system has been implicated. Increases in plasma norepinephrine concentration during acute environmental stress have been observed in BHR, and changes in vascular reactivity induced by stress may contribute to the differential hemodynamic adaptations to stress observed in WKY rats and BHR (Fuchs et al. 1998). BHR are characterized by a high plasma concentration of vasopressin, exogenous vasopressin-induced hyperpressor action and cardiac hypertrophy (figure 1). 3. 3.1 Renal hypertension Renovascular hypertension Since 1934, when Goldblatt and his coworkers induced an elevation of BP by partial constriction of the renal artery of dog, many renal-induced models of hypertension have been successfully established. Goldblatt’s technique consists of constricting one or both renal arteries by use of a small adjustable silver clamp (Goldblatt et al. 1934). Generally, renal-induced experimental hypertension includes twokidney one-clip hypertension (2K1C; constriction of one renal artery while the contralateral kidney is left intact), onekidney one-clip hypertension (1K1C; one renal artery is constricted and the contralateral kidney is removed), and two-kidney two-clip hypertension (2K2C; constriction of aorta or both renal arteries). As the clip is not severe enough to cause ischaemia in the 2K1C Goldblatt model, hypertension is induced by unilateral stenosis of the renal artery. However, the reduced renal perfusion pressure stimulates increased renin synthesis and angiotensin II (ANG II), via its direct vascular effects, acutely increases total peripheral resis- 733 tance and raises BP and also has actions on almost every organ system (Guyton 1991). Constricting the renal artery of the remaining kidney in uninephrectomized rats produces 1K1C Goldblatt hypertension. This hypertensive model has been generally considered to be sodium-fluid volume-dependent, and is an ideal model for studying the role of volume expansion in the development of hypertension; owing to the absence of the other normal kidney, no compensatory increase in sodium and water excretion can occur, and hence, fluid volume is retained (Liard et al. 1974). When of the aorta or both renal arteries are constricted, there is severe renal ischaemia caused by renal clipping, occasioning the activation of renin-angiotensin and the sympathetic nervous system and the elevation of serum vasopressin, leading to increased BP (Suzuki et al. 1987). The 2K2C, with a high incidence of spontaneous stroke, can be used as SHRSP independent of a genetic deficiency. The lesioned small artery or arteriole with thrombotic occlusion is the main cause of cerebral infarction in 2K2C, and this may be similar to lacunar infarction in the human brain (Zeng et al. 1998). 3.2 Renoprival hypertension Significant reduction of nephron mass by subtotal nephrectomy in experimental animals or by various diseases in humans triggers a chain of events that lead to glomerulosclerosis, tubulointerstitial injury, proteinuria and progression to end-stage renal disease (Quiroz et al. 2008). Unilateral nephrectomy causes neither hypertension nor cardiovascular lesions. However, hypertension caused by renal arterial stenosis, exacerbated by high amounts of protein and salt in the diet and/or by high volumes of water consumed, as well as removal or not of the adrenal gland, can affect the severity of renoprival hypertension. Removal of one kidney and approximately two-thirds of the other is followed by a slow increase in BP. In these animals, intravascular volume increases and the resulting hypertension may have the same pathogenesis as renoprival hypertension (Ledingham and Pelling 1970). Since a bilateral nephrectomy leads to hypertension with vascular lesions, especially if the animal’s life is prolonged after the complete removal of the kidneys (Ferrario et al. 2009). 4. 4.1 Endocrine hypertension Salt and mineralocorticoids Mineralocorticoids cause retention of sodium and water in the body until escape diuresis occurs due to increased pressure on the kidneys and suppression of renin secretion. The renal effects of this model are similar to hyperaldosterJ. Biosci. 36(4), September 2011 734 Waleska C Dornas and Marcelo E Silva onism in humans. 11-desoxycorticosterone acetate (DOCA) and a high-salt diet cause increase of BP within 3 weeks in isolated perfused cortical collecting ducts, and can cause a 30-fold increase in sodium absorption (Garwitz and Jones 1982). Moreover, there is a reduced plasma rennin activity (PRA), which is expected in a model of volume-dependent hypertension, and oxidative stress also may be involved in DOCA salt hypertension by the increase of superoxide formation (Ortiz and Garvin 2001). DOCA salt models progress quickly to severe hypertension and hypertrophy and are therefore not suited for long-term studies in chronic, stable disease; there should be minimal mortality due to the procedures alone. Thereby, the major limitations of the DOCA salt model are: (1) the pharmacological (large) doses of drug required, (2) the requirement for surgical reduction of renal mass and (3) the ingestion of a large amount of NaCl required. Moreover, it is not a very realistic model for many human hypertensive patients (Doggrell and Brown 1998). Chronic social stress in a modern world represents an important risk factor for the development of cardiovascular disease. Its deleterious effects depend on the critical period of exposure, duration and type, as all these factors may alter functions of the basic autoregulatory stress response components in the hypothalamic–pituitary–adrenal axis, sympathoadrenal medullar system, rennin–angiotensin– aldosterone system (RAAS) and sympathetic nervous system (Zimmerman and Frohlich 1990; McCarty and Gold 1996; Esch et al. 2002). Different types of stress have been applied, such as emotional stimuli, psychosocial stress, immobilization stress, food deprivation and electric stimuli, air jet noise, flashing lights, cold, and interaction of members of a social group as they compete for food and water (Henry 1975; Friedman and Dahl 1975; Papanek et al. 1991; Henry et al. 1993; Tucker and Hunt 1993; Bechtold et al. 2009). 4.2 Evidence suggests that the central nervous system participates in the genesis of hypertension. Neurogenic hypertension can be defined as a permanent increase in BP resulting from a primarily neural change. Denervation of sinoaortic baroreceptors (SAD) is the neurogenic model of hypertension most often used. The details of these control mechanisms have been studied by observing steady state changes in mean arterial pressure (MAP), heart rate (HR) and renal sympathetic nerve activity (RSNA) at various times after complete disruption of these reflexes (DiBona and Jones 2001), and in association with other models to obtain a global analysis of the baroreceptor-sympathetic reflex (table 1). Psychosocial and environment-induced hypertension It has been reported that elevation of BP resulting from repeated exposure to stressful situations may lead to a state of persistent hypertension (Smith and Hutchins 1979). Several mechanisms such as the resetting of the baroreceptor reflexes and structural autoregulation in the peripheral vasculature may operate to sustain BP at a high level once it is raised, but these account less convincingly for the initial elevation. However, if psychosocial factors are involved in the development of hypertension, they are likely to be linked with the early, triggering stages of the pathophysiological sequence (Steptoe 1986). 5. Neurogenic hypertension Table 1. Association of baroreceptor denervation and other models of experimental hypertension Baroreceptor denervation and angiotensin-II-induced hypertension Sustained decrease in RSNA during angiotensin II infusion is baroreflex mediated (Barrett et al. 2005). Sinoaortic denervation and administration L-NAME Baroreflexes play an important role in the long-term control of BP, and one mediator of this control is nitric oxide (Ramchandra et al. 2003). Sinoaortic denervation in chronic one-kidney, one-clip hypertensive Central and peripheral components of the baroreflex are acting efficiently at higher BP when the aortic nerve is maximally stimulated or the activity is abolished, suggesting that baroreceptor resetting may not be complete in chronic hypertension (Trindade et al. 2009). Sinoaortic denervation and stress in BHR Baroreflex resetting prevents a fall in BP when cardiac output is reduced during stress (Hatton et al. 1997). Sinoaortic denervation with unilateral nephrectomy and administered NaCl Vasopressin and neurogenic stimuli work together in some manner to elevate vascular resistance in salt-induced hypertension (Ryuzaki et al. 1991). Sinoaortic denervation and administered NaCl Baroreceptor reflex is required to prevent chronic salt-induced increases in arterial pressure (Osborn and Provo 1992). J. Biosci. 36(4), September 2011 Animal models in hypertension In rats, SAD leads to marked and sustained increase in BP, and the increase of BP in rat is not accompanied by as marked a tachycardia as that observed in dog (Krieger 1964). Thus, an increase in MAP stimulates baroreceptors and causes a reciprocal reduction in sympathetic outflow to resistance vessels and the heart so as to restore MAP to the normal level and, therefore, cause neurogenic hypertension (Thrasher 2002). 6. Hypertension by chronic inhibition of nitric oxide Nitric oxide (NO) plays an important role in regulating systemic vascular resistance by exerting a tonic vasodilator effect (Török 2008). Chronic oral administration of an inhibitor of NO synthase, L-NAME, promoted a persistent hypertension associated with renal injury, characterized by glomerulosclerosis, glomerular ischaemia and interstitial infiltration in the kidney (Baylis et al. 1992; Ribeiro et al. 1992). This hypertension is associated with intense peripheral vasoconstriction and the consequent increase in peripheral vascular resistance. As for the cardiac output, some evidence seems to indicate a reduction even during chronic inhibition of NO synthase. A likely sympatho-excitatory action of central origin has also been proposed by Biancardi et al. (2007), who showed that vasoconstriction in response to L-NAME by the sympathetic tone plays an important role in the initiation and maintenance of hypertension. In relation to cardiac abnormalities, the level of hypertrophy in this model is relatively minor as compared with other models with similar BP levels. L-NAME-induced pressure overload is associated with a distinct pattern of left ventricle (LV) remodelling characterized by a decrease in LV chamber size relative to wall thickness in the absence of an increase in LV mass (Bartunek et al. 2000). 7. Hypertension induced by ANG II ANG II is known to play an important role in the physiological regulation of vascular tone and BP and in pathological conditions such as hypertension and heart failure, although the mechanisms by which ANG II chronically exerts its effects remain unclear. ANG II, the final mediator of the RAS, plays a pivotal physiological role in cardiovascular homeostasis. It is a potent vasoconstrictor of the peripheral vasculature and induces growth of smooth muscle cells of blood vessels and in the heart (Itoh et al. 1993). This ANG II infusion rate does not cause immediate increases in systemic BP but it rather leads to a slowly developing hypertension over a period of 6–10 days. ANGII-induced hypertension produces a presumably baroreflexmediated sympathoinhibition corresponding to the increased 735 BP, but with the added challenge of increased dietary salt, the sympathetic nervous system does not respond to the increase in pressure with the appropriate inhibition (McBryde et al. 2007). 8. Dietetically induced hypertension It is known that long-term exposure to a special diet (high salt, fat or sugar) results in dietary hypertension in some animals or humans (Navarro-Cid et al. 1995; Kang et al. 2004; Giani et al. 2009). High-salt intake is able to decrease both plasma levels and urinary excretion of nitrates (Fujiwara et al. 2000) and increased superoxide production in both vasculature and kidney blockade by superoxide dismutase (SOD)-enhanced endothelium-dependent relaxation Roberts et al. (2000) demonstrated the presence of oxidative stress and inactivation of NO in rats maintained on the high-fat or high-sugar diet, which may contribute to the development of hypertension by enhanced generation of reactive oxygen species (ROS). The reduction in NO availability in the high-fat and high-sugar diet-fed animals was associated with marked salt sensitivity, as evidenced by a significant rise in BP on the high-salt diet (Roberts et al. 2003). Dietary intake of fats and carbohydrate, particularly the intake of simple sugars and the resultant effects of plasma insulin, adipokine and lipid concentrations, may affect cardiomyocyte size and function, especially with chronic hypertension (Sharma et al. 2007). High fructose consumption by animals produces a model of the metabolic syndrome with hypertension, hyperlipidaemia and insulin resistance, and this greatly accelerates progression of chronic kidney disease (Gersch et al. 2007). 9. Concluding remarks Animal models can lead to understanding of the interactions of the principal regulatory factors in critical developmental periods of hypertension. Many of these models were developed by using etiologic factors responsible for human hypertension, although the cardiovascular response can be more easily obtained in animals than in human studies. Thus, limitations are found for a direct and simplified application of these results, which suggests that there is no evidence to support that any experimental model of hypertension exactly mimics all the symptoms of the human disease. Furthermore, many researches have shown that variables such as duration of exposure to causal factors and dose, differences in animal species, gender as well as age of the animal at the beginning of exposure, and the technique for BP monitoring greatly differ amongst the studies and may interfere with the results. J. Biosci. 36(4), September 2011 736 Waleska C Dornas and Marcelo E Silva In this sense we suggest that the various models should be increasingly investigated, providing subsidies for new findings in the pathogenesis of hypertension, with a rational discussion about the advantages and disadvantages of each experimental model in order to allow the best choice for the study in question. Acknowledgements We are grateful to Dr Rinaldo Cardoso dos Santos for his critical reading of the manuscript. References Bachmann S, Peters J, Engler E, Ganten D and Mullins J 1992 Transgenic rats carrying the mouse renin gene: morphological characterization of a low-renin hypertension model. Kidney Int. 41 24–36 Bader M, Zhao Y, Sander M, Lee MA, Bachmann J, Böhm M, Djavidani B, Peters J, Mullins JJ and Ganten D 1992 Role of tissue renin in the pathophysiology of hypertension in TGR (mREN2)27 rats. 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Nutrition & Metabolism 2012, 9:63 http://www.nutritionandmetabolism.com/content/9/1/63 BRIEF COMMUNICATION Open Access Salt overload in fructose-fed insulin-resistant rats decreases paraoxonase-1 activity Waleska Cláudia Dornas1, Wanderson Geraldo de Lima1,2, Rinaldo Cardoso dos Santos3, Melina Oliveira de Souza1, Maísa Silva1, Mirla Fiuza Diniz2 and Marcelo Eustáquio Silva1,3* Abstract Paraoxonase 1 (PON1) is a HDL-associated esterase/lactonase and its activity is inversely related to the risk of cardiovascular diseases. The aim of the present study was to evaluate the effect of a high-salt diet on serum PON1 activity in fructose-fed insulin-resistant rats. Adult male Fischer rats were initially divided into two groups. Control (CON), which received a normal salt diet and drinking water throughout the study; high fructose (HF), which received a normal salt diet and 20% fructose supplemented drinking water. After 10 weeks, half of the animals from HF group were randomly switched to a high-salt diet and 20% fructose supplemented drinking water (HFS) for more 10 weeks. Serum PON1 activity was determined by synthetic substrate phenyl acetate. HFS rats showed markedly decreased PON1 activity (HFS rats, 44.3 ± 14.4 g/dL versus CON rats, 64.4 ± 13.3 g/dL, P < 0.05) as compared to controls. In parallel, the level of oxidative stress, as indicated by thiobarbituric acid reactive substances (TBARS), was increased in HFS rats by 1.2-fold in the liver in relation to controls and was negatively correlated with PON activity. Differential leukocyte counts in blood showed a significant change in lymphocytes and monocytes profile. In conclusion, these results show that PON1 activity is decreased in fructose-fed insulin-resistant rats on a high-salt diet, which may be associated with increased oxidative stress, leading to inflammation. Keywords: Fructose-fed rats, High-salt diet, Paraoxonase, Atherosclerosis Findings Diabetes is a long-term disorder affecting the inner walls of arteries and is characterized by endothelial dysfunction and oxidative modification of low density lipoprotein (LDL) which may induce atherosclerosis [1]. In contrast, it is supposed that LDL particles can be protected from free radical-induced oxidation by an HDL linked enzyme, paraoxonase 1 (PON1). Although the precise mechanism of PON1 effect is not yet completely known, it may possess antiatherogenic and anti-inflammatory properties, resulting from its ability to destroy modified phospholipids and to prevent accumulation of oxidized lipids in lipoproteins [2-5]. In diabetes experimental models, it has been reported that PON1 enzymatic activity is decreased [6,7] * Correspondence: [email protected] 1 Research in Biological Sciences - NUPEB, Federal University of Ouro Preto, Minas Gerais, Brazil 3 Department of Foods, School of Nutrition, University of Ouro Preto, Minas Gerais, Brazil Full list of author information is available at the end of the article and reduced PON1 activity was suggested to play a role in the severity of coronary atherosclerosis [2]. Nonetheless, oxidative stress pathways have also been proposed to act in this process, with increased reactive oxygen species (ROS) production and/or impaired antioxidant defense, which may in turn lead to excessive peroxidation of polyunsaturated fatty acids contained in LDL particles. Our laboratory has recently reported that a hypercholesterolemic diet in rats cause a significant reduction of PON1 activity, associated with increased oxidative stress [8]. Once rats fed a high dose of fructose are considered a nutritional model for insulin resistance [9-11], the present study investigated the effects of a high-salt diet in fructose-fed insulin-resistant rats on PON1 and its influence in serum and oxidative parameters. In addition the influence of the diets on the inflammatory cells profile was also assessed. Twenty-nine Fisher male rats, weighing about 300 g, obtained from the School of Nutrition of the Federal University of Ouro Preto, were housed in a temperature © 2012 Dornas et al.; licensee BioMed Central Ltd. This is an Open Access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License (http://creativecommons.org/licenses/by/2.0), which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited. Dornas et al. Nutrition & Metabolism 2012, 9:63 http://www.nutritionandmetabolism.com/content/9/1/63 and humidity controlled room with a 12:12-h light/dark cycle (lights on at 06.00 AM). Animals were initially divided into two groups. The control group (CON) received the standard AIN93 diet [12] and the high fructose-fed group (HF) was given supplemented fructose as a 20% solution instead of pure water ad libitum to induce insulin resistance. After 10 weeks, HF animals were divided into 2 groups: those that continued to receive only 20% fructose in water and those switched to the high fructose regimen + 8% NaCl in the standard AIN93 diet (HFS). After 20 weeks fasting rats were anesthetized and sacrificed. The experiments were approved by the institutional Ethics Committee with protocol number 068/2011 and were performed in accordance with the principles of the Brazilian College of Animal Experimentation [13]. To determine the levels of serum components, blood samples were collected in test tubes and centrifuged. Serum total protein, albumin, total cholesterol, HDLcholesterol and triglyceride were assayed with colorimetric or enzymatic methods using commercially available kits Labtest (Lagoa Santa, MG, Brazil) # 99, 19, 76, 13 and 87, respectively. The atherogenic index was calculated as follows: total cholesterol - HDL cholesterol/ HDL cholesterol. PON activity was measured by a spectrophotometric assay using phenyl acetate as substrate as described by Beltowski et al. [14]. The enzymatic activity was calculated assuming the molar extinction coefficient of phenylacetate to be 1310 L . mol-1 . cm-1. The results were expressed in units per milliliter, where 1 U of arylesterase hydrolyzes 1 mmol of phenylacetate per minute. Basal lipid peroxidation status was measured in the liver by TBARS assay [15]. A drop of blood was used to prepare blood smears, which were stained with Panotic Fast which use essential components dyes of Romanowsky [16]. Counts of 100 leukocytes were performed and the results were expressed as subtypes identified in polymorphonuclear (PMN), lymphocyte or monocyte cells. The normality of the sample distribution for each continuous parameter was tested with the KolmogorovSmirnov test. The significance of any differences in proportions or medians was tested with Kruskal-Wallis test, and in means analysis of variance (ANOVA) was used, followed by Dunns and Tukey test, respectively. Pearson’s correlation coefficients were used to test the correlation among variables. A p-value of less than 0.05 was considered statistically significant. A high-salt diet in fructose-fed insulin-resistant rats significantly decreased serum levels of total protein, albumin, total cholesterol and HDL-cholesterol after 20 wk of treatment in relation the control group as demonstrated in Table 1. Fructose-fed rats showed significantly Page 2 of 5 Table 1 Serum total protein, albumin, triglyceride, total cholesterol, HDL-cholesterol, atherogenic index and PON1 activity of experimental rats after 20 weeks of treatment Number of rats/group CON HF 9 10 a Total protein (g/dL) 7,0 ± 2,0 Albumin (g/dL) 2,8 ± 0,2a Triglyceride (mg/dL) Total cholesterol (mg/dL) 10 a 4,9 ± 1,5b 6,3 ± 1,8 2,6 ± 0,3a b 98,0 ± 13,3a a Atherogenic index 0,39 ± 0,12b 197,1 ± 55,9a 183,5 ± 58,7 97,9 ± 20,9a 66,4 ± 10,6 2,1 ± 0,2b a 126,1 ± 30,8 HDL-cholesterol (mg/dL) PON1 (g/dL) HFS 69,3 ± 9,0b a 43,6 ± 12,17b 65,8 ± 9,4 0,47 ± 0,11b a 64,45 ± 13,36 0,65 ± 0,26a a 65,44 ± 17,29 44,3 ± 14,43b Values (mean ± SD) were obtained from groups CON (AIN diet and water for 20 weeks); HF (AIN diet + 20% fructose solution in water for 20 weeks) and HFS (8% NaCl in AIN93 diet + 20% fructose solution in water for 10 weeks after previous treatment for a period of 10 weeks with HF). Different superscript letters within the same row indicate significant difference at P < 0.05 by one-way ANOVA followed by Tukey’s test. High-density lipoprotein (HDL); paraoxonase1 activity (PON1). higher triglyceride concentrations in both HF and HFS groups (P < 0.05) as compared to control rats. The atherogenic index of each experimental group was also calculated and increased 66% in HFS rats as compared to controls. PON1 activity markedly fell to 68% in those animals, as compared to control and HF rats (P < 0.05 and P < 0.01, respectively) (Table 1). Increased oxidative stress was noted in the liver obtained from HFS rats, since TBARS levels were raised by 1.2 times (P < 0.05) as compared to controls (Figure 1A). When data from all experimental groups were analyzed together, the effects of all treatments on serum PON1 activity were positively correlated with total protein (r = 0.7728, P < 0.001) (Figure 1B), albumin (r = 0.8142, P < 0.001) (Figure 1C), total cholesterol (r = 0.6228, P < 0.001) (Figure 1D) and HDL-cholesterol (r = 0.6145, P < 0.001) (Figure 1E). In addition, a negative correlation was found between serum PON1 activity and liver TBARS levels (r = − 0.6262, P < 0.01) (Figure 1F). Differential leukocyte counts in the total blood smear in insulin-resistant rats treated or not with the high-salt diet showed a significant decrease in the lymphocyte profile in relation to the control group, but the percentage of polymorphonuclear cells (PMNs) remained unchanged. Salt treatment caused a significant increase in the monocyte profile in HF and HFS rats as compared to the CON rats (Table 2). In this study we observed a decrease in serum PON1 activity in insulin-resistant rats on a high-salt diet and an association among PON1, oxidative stress and inflammation, which can occur during the development of atherosclerosis. HDL is the most powerful independent negative predictor of cardiovascular events. The protective effects of Dornas et al. Nutrition & Metabolism 2012, 9:63 http://www.nutritionandmetabolism.com/content/9/1/63 (A) (B) 2.0 (C) 100 100 b b 1.0 0.5 80 60 40 r = 0.7728 P < 0.001 PON1 (g/dL) 1.5 PON1 (g/dL) a 20 80 60 40 H FS H F C O 0 5 10 0 1.5 15 Total protein (g/dL) (E) 80 60 40 r = 0.6228 P < 0.001 20 PON1 (g/dL) PON1 (g/dL) 100 0 50 100 150 100 100 80 80 60 40 r = 0.6145 P < 0.001 20 0 total-cholesterol (mg/dL) 2.5 3.0 3.5 (F) 0 0 2.0 Albumin (mg/dL) 20 40 60 80 HDL-cholesterol (mg/dL) 100 PON1 (g/dL) (D) r = 0.8142 P < 0.001 20 0 0.0 N TBARS (nmol/mg ptn) Page 3 of 5 60 40 r = - 0.6262 P < 0.01 20 0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 TBARS (nmol/mg protein) Figure 1 (A) Liver TBARS levels; scatter plots illustrating the association between (B) PON1 and total protein and (C) albumin and (D) Total cholesterol and (E) HDL-cholesterol and (F) TBARS in experimental groups. Control (dark filled circle); high-fructose (dark filled triangle) and high-fructose + salt (dark filled square) rats. High-density lipoprotein (HDL); paraoxonase1 activity (PON1). HDL have been first attributed to its capacity to promote cellular cholesterol efflux from peripheral cells and deliver it to the liver for excretion, a process known as reverse cholesterol transport [1]. Furthermore HDL has also attracted particular attention because of its antioxidative potential. Interestingly this work sustains the relationship between low paraoxonase activity and diseases with low antioxidant defense and excessive lipid peroxidation since paraoxonase may act protectively in atherogenesis by hydrolyzing some products of lipid peroxidation and consequently by limiting LDL oxidation and foam cell formation [17]. In our model, serum albumin and protein levels are reduced probably due to protein synthesis disruption in Table 2 Polymorphonuclear cells, lymphocytes and monocytes count of experimental rats after 20 weeks of treatment CON PMN cells (%) HF HFS 5-15 3-27 7-23 Lymphocytes (%) 19-58 4-33** 7-20*** Monocytes (%) 27-76 36-85** 40-83* Values were obtained from groups CON (AIN diet and water for 20 weeks); HF (AIN diet + 20% fructose solution in water for 20 weeks), and HFS (8% high salt in AIN93 diet + 20% fructose solution in water for 10 weeks after previous treatment for a period of 10 weeks with HF). Kruskall Wallis test followed by Dunns test. Values indicate lowest and highest percentage of cells counted respectively. *P < 0.05; **P < 0.01; ***P < 0.001. Polymorphonuclear (PMN) cells. the liver as observed by Shinn and Moon [18]. The damaged hepatocytes are potent sources of reactive oxygen intermediates and oxidative stress is important in many types of liver injury. Lipid peroxidation, which was found increased in this study, could change the properties of biological membranes, resulting in severe cell damage and play a significant role in the mechanisms related to the alterations observed by us, as it has been previously documented [19]. In rats, unlike in humans and rabbits, plasma triglycerides and cholesterol are transported predominantly by HDL [14] and fructose per se, after having reached the liver, may contribute to the increase in serum triglyceride as demonstrated in this study and by others authors [9,20,21]. We showed that low PON1 activity is associated with decreased HDL levels and this contributes to the hypothesis that PON1 is involved in the preservation of HDL. Since PON1 exerts a protective effect against oxidative stress, it is logical to find an association between this enzyme and liver impairment. PON1 activity decreased while lipid peroxidation increased in HFS rats, suggesting that PON1 activity may be involved in the defense against free radical production in liver organelles. Moreover, the atherogenic index of these animals indicated them to be more susceptible to the development of atherosclerosis. However the results of this study showed that PON1 activity towards synthetic Dornas et al. Nutrition & Metabolism 2012, 9:63 http://www.nutritionandmetabolism.com/content/9/1/63 substrates reflects its relationship to oxidative stress by means of the marker used but this hypothesis needs support by means of further investigation. A previous study has shown that PON1 protects against atherosclerosis, by its ability to reduce macrophage foam cell formation, via reducing oxidative stress and stimulation of cholesterol efflux from macrophages [22]. The present study proposes that oxidatively modified LDL impair endothelial function, stimulate inflammatory response of monocytes/macrophages, activate migration and proliferation of vascular smooth muscle cells and induce immune response, as indicated by the increase of monocytes in HF and HFS groups. Therefore, inactivation of PON1 in HFS rats could reduce the ability of HDL to inhibit LDL modification and also decrease the ability of HDL to inhibit monocyticendothelial interactions. Both conditions appear to be important in the inflammatory response in arterial wall cells, as demonstrated by the change in lymphocyte profile in relation to the control group, since this is a common finding during the systemic inflammatory response. In addition, clinical and animal studies suggest that low lymphocyte count plays a putative role in chronic inflammation [23]. Our dietetic model was chosen due its relevance to human nutrition because it mimics a common Western diet, with high consumption of sugar drinks and salty foods and this study is the first one to show an association between paraoxonase status and salt overload in insulin-resistant rats. This supports the relationship between low PON1 activity and diseases with low antioxidant defense and excessive lipid peroxidation. Paraoxonase may perform protectively in atherogenesis by hydrolyzing some products of lipid peroxidation and consequently by limiting LDL oxidation and foam cell formation [24]. This allows us to hypothesize that paraoxonase activity may lead to failure in the protection of LDL oxidation in insulin-resistant subjects on a high-salt diet. Thus the lack of prevention of LDL oxidation by HDL could be explained by the quantitative alteration of HDL, since PON1 generally seems to contribute to the antioxidant properties of HDL. In conclusion, the present study indicates that a highsalt diet in fructose-fed rats leads to lowered serum PON1 activity, with deleterious effects on the antioxidant defense system. Furthermore, we suggest that a change in blood cells profile would reflect the oxidative stress detected. These findings we believe to be relevant in the field of human nutrition. Abbreviations HDL: High-density lipoprotein; LDL: Low-density lipoprotein; PMNs: Polymorphonuclear; PON: Paraoxonase1; ROS: Reactive oxygen species; TBARS: Thiobarbituric acid reactive substances. Page 4 of 5 Competing interests The authors declare that they have no competing interests. Author details Research in Biological Sciences - NUPEB, Federal University of Ouro Preto, Minas Gerais, Brazil. 2Department of Biological Sciences, Institute of Exact and Biological Sciences, Federal University of Ouro Preto, Minas Gerais, Brazil. 3 Department of Foods, School of Nutrition, University of Ouro Preto, Minas Gerais, Brazil. 1 Author’s contributions WCD and MES participated in the design of the study, interpretation of data and edited the manuscript. WCD, MOS, MS, MFD collected the data. RCS made substantial contributions in revising it critically for intellectual content. WGL contributed to the discussion of data and statistical analysis. MES coordinated the study. All authors read and approved the final version of the manuscript. Received: 29 March 2012 Accepted: 27 June 2012 Published: 27 June 2012 References 1. Mertens A, Holvoet P: Oxidized LDL and HDL: antagonists in atherogenesis. FASEB J 2001, 15:2073–2084. 2. 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Nutrition & Metabolism 2012 9:63. Submit your next manuscript to BioMed Central and take full advantage of: • Convenient online submission • Thorough peer review • No space constraints or color figure charges • Immediate publication on acceptance • Inclusion in PubMed, CAS, Scopus and Google Scholar • Research which is freely available for redistribution Submit your manuscript at www.biomedcentral.com/submit Available online at www.sciencedirect.com ScienceDirect Journal of Nutritional Biochemistry xx (2013) xxx – xxx High dietary salt decreases antioxidant defenses in the liver of fructose-fed insulin-resistant rats Waleska Claudia Dornas a , Wanderson Geraldo de Lima a, b , Rinaldo Cardoso dos Santos c , Joyce Ferreira da Costa Guerra a , Melina Oliveira de Souza a , Maísa Silva a , Lorena Souza e Silva a , Mirla Fiuza Diniz b , Marcelo Eustáquio Silva a, c,⁎ b a Research in Biological Sciences - NUPEB, Federal University of Ouro Preto, Minas Gerais, Brazil Department of Biological Sciences, Institute of Exact and Biological Sciences, Federal University of Ouro Preto, Minas Gerais, Brazil c Department of Foods, School of Nutrition, Federal University of Ouro Preto, Minas Gerais, Brazil Received 23 November 2012; received in revised form 25 April 2013; accepted 14 June 2013 Abstract In this study we investigated the hypothesis that a high-salt diet to hyperinsulinemic rats might impair antioxidant defense owing to its involvement in the activation of sodium reabsorption to lead to higher oxidative stress. Rats were fed a standard (CON), a high-salt (HS), or a high-fructose (HF) diet for 10 weeks after which, 50% of the animals belonging to the HF group were switched to a regimen of high-fructose and high-salt diet (HFS) for 10 more weeks, while the other groups were fed with their respective diets. Animals were then euthanized and their blood and liver were examined. Fasting plasma glucose was found to be significantly higher (approximately 50%) in fructose-fed rats than in the control and HS rats, whereas fat liver also differed in these animals, producing steatosis. Feeding fructose-fed rats with the high-salt diet triggered hyperinsulinemia and lowered insulin sensitivity, which led to increased levels of serum sodium compared to the HS group. This resulted in membrane perturbation, which in the presence of steatosis potentially enhanced hepatic lipid peroxidation, thereby decreasing the level of antioxidant defenses, as shown by GSH/GSSG ratio (HFS rats, 7.098±2.1 versus CON rats, 13.2±6.1) and superoxide dismutase (HFS rats, 2.1±0.05 versus CON rats, 2.3±0.1%), and catalase (HFS rats, 526.6±88.6 versus CON rats, 745.8±228.7 U/mg ptn) activities. Our results indicate that consumption of a salt-rich diet by insulin-resistant rats may lead to regulation of sodium reabsorption, worsening hepatic lipid peroxidation associated with impaired antioxidant defenses. © 2013 Elsevier Inc. All rights reserved. Keywords: high-salt diet; fructose-fed rats; oxidative stress; steatosis; antioxidant defenses 1. Introduction Increasing evidence suggests the involvement of oxidative stress in insulin resistance [1] and has generated high interest in the role of free radicals in the maintenance of adequate levels of antioxidant defenses [2,3]. In type 2 diabetes, a significant inverse correlation exists between hepatic fat load and the antioxidant defense system [4], which may prevent generation of an adequate compensatory response for restoration of cellular redox balance [5]. In particular, Abbreviations: AST, Aspartate aminotransferase; ALT, Alanine aminotransferase; CAT, Catalase; GFR, Glomerular filtration rate; GSH, Reduced glutathione; GSSG, Oxidized glutathione; GPx, Glutathione peroxidase (GPx); HOMA, Homeostasis model assessment; ROS, Reactive oxygen species; O− 2, Superoxide anions; SOD, Superoxide dismutase; TBARS, Thiobarbituric acid reactive substances. ⁎ Corresponding author. Research in Biological Sciences - NUPEB, Federal University of Ouro Preto, Minas Gerais, Brazil. E-mail addresses: [email protected] (W.C. Dornas); [email protected] (M.E. Silva). 0955-2863/$ - see front matter © 2013 Elsevier Inc. All rights reserved. http://dx.doi.org/10.1016/j.jnutbio.2013.06.006 changes have been demonstrated in some components of the free radical defense system in different models [6–8]. We observed that the expression of genes encoding the antioxidant enzymes glutathione peroxidase (GPx), gamma-glutamylcysteine synthetase and superoxide dismutase (SOD) decreased in the liver tissue of streptozotocin-induced diabetic rats because of increased oxidative stress [9] associated with overproduction of reactive oxygen species (ROS)[10]. Under normal conditions, almost all of the produced superoxide anions (O2−) are converted to hydrogen peroxide (H2O2) by the action of SOD, which is further detoxified to water by catalase (CAT) or GPx [11]. However hyperglycemia induce the overproduction of O2− [12] and dramatic change in the oxidant/antioxidant balance has been postulated to play a role in the pathogenesis of diabetes. Increasing the sugar intake has been reported to result in dyslipidemia, as indicated by elevated levels of serum triglycerides, cholesterol, and low-density lipoproteins [13,14].These underlying metabolic disturbances appear to induce insulin resistance commonly observed in high-fructose fed human and animal models [15] when fructose consumption causes progressive liver disease stimulated 2 W.C. Dornas et al. / Journal of Nutritional Biochemistry xx (2013) xxx–xxx lipogenesis [16]. Furthermore, despite recent advances in elucidating the pathogenesis of related conditions, studies have shown that presence of insulin resistance and compensatory hyperinsulinemia would lead to sodium retention [17]. Therefore in the present study we examined whether a high-salt diet could impair antioxidant defenses in the liver of fructose-fed rats due activation of enhanced renal sodium reabsorption potentiating oxidative stress. 2. Materials and methods 2.1. Animal and diets Forty-five male 12-week-old Fischer rats, weighing approximately 300 g, were individually housed in a temperature-and humidity-controlled room under a 12 h light/dark regimen. Initially, the rats were randomly assigned to three experimental groups (n=10–12) as follows: the control group (CON), fed with the AIN93M diet [18] and water; the high-salt group (HS), fed with the AIN93M diet plus 8% w/w NaCl and water; and the high-fructose group (HF), fed with the AIN93M diet and a 20% w/v fructose solution as drinking water. After 10 weeks of treatment, the animals belonging to the HF group were further divided into 2 groups: rats that continued to be fed on the fructose solution (HF) and rats that were switched to a high-fructose + high-salt regimen (HFS) for 10 more weeks. Details of the experimental diets are given in Table 1. Food and water were provided ad libitum and their intake was measured. At the end of the experimental period, the rats were fasted for 12 hours, anesthetized with isoflurane and euthanized by total blood collection from the brachial plexus. The blood was centrifuged at 1500g for 15 min. One liver lobule from each animal was separated for histological analysis and the rest was frozen at −80°C until further analysis. All the procedures were approved by the Ethical Committee for Animal Care and Use of the Federal University of Ouro Preto. 2.2. Biochemical determinations Serum aspartate aminotransferase (AST), alanine aminotransferase (ALT) activities and plasma glucose concentration were determined using commercial kits from Labtest Diagnostica SA (Lagoa Santa, MG, Brazil) # 108, 109 and 84, respectively, by following the manufacturer’s instructions. ELISA was utilized to quantify plasma insulin and leptin levels using commercial kits from Ultra Sensitive Rat Insulin ELISA, Crystal Chem Downers Grove, IL, USA, and Rat Leptin ELISA Kit, Linco Research, USA, (Catalog #90060 and #90040, respectively). The homeostasis model assessment (HOMA), described by Matthews et al. [19] as a measure of insulin resistance, was calculated using the formula [insulin (μmol/ml)×glucose (mM/L)/22.5]. Hepatic fat was extracted using a chloroform-methanol mixture (2:1, v/v) according to the method of Folch et al. [20] and the total lipids were quantified gravimetrically by evaporating the solvents in the extract. Sodium concentrations were measured by flame photometry (Olidef model C-71 apparatus; São Paulo, Brazil). 2.3. Antioxidant defenses and oxidative stress Liver SOD activity was measured by the method of Marklund and Marklund [21]. One unit of SOD activity was defined as the amount of enzyme that inhibited the rate of autoxidation of pyrogallol by 50%, which was determined at 570 nm. Catalase activity was measured according to Aebi [22] and was expressed in units per milligram of protein using the extinction coefficient of 0.0394 L/mmol/L/cm. The rate of H2O2 decomposition was followed by monitoring absorption at 240 nm in 50 mM phosphate buffer, pH 7.0, containing 5 mM H2O2. Tissue protein content was determined according to the method developed by Lowry et al. [23] using bovine serum albumin as the standard. The total glutathione (GSH + GSSG) was measured after precipitation of Table 1 Diets composition Ingredient Starch Casein Sucrose Salt Cellulose Fat 1 Minerals 2 Vitamins Choline Energy content (kcal/kg) 1 Composition (g/kg diet) CON HS HF3 HFS3 622.5 140.0 100.0 50.0 40.0 35.0 10.0 2.5 3810 542.5 140.0 100.0 80.0 50.0 40.0 35.0 10.0 2.5 3490 622.5 140.0 100.0 50.0 40.0 35.0 10.0 2.5 3810 542.5 140.0 100.0 80.0 50.0 40.0 35.0 10.0 2.5 3490 Mineral mixture for AIN93M; 2Vitamin mixture for AIN93M; 3D-Fructose (SynthLabsynth, São Paulo, Brazil). proteins with an equal volume of 4% sulfosalicylic acid using the enzymatic method previously described [24]. Oxidized glutathione (GSSG) was determined after derivatization of total GSH with 2-vinylpiridine. Oxidative stress index was calculated from the GSH/GSSG ratio and by lipid peroxidation status through of levels of thiobarbituric acid reactive substances (TBARS) as described by Buege and Aust [25]. 2.4. Liver histology After removal from each animal, the livers were immediately fixed in 10% buffered formaldehyde, embedded in paraffin, cut (4-μm thickness) and mounted on glass slides. The sections were deparaffinized in xylene, stained with hematoxylin and eosin (H&E) using the standard technique and then examined. Histological examination of the slides was performed by using concentrated light microscope equipped with photographic digital camera (DM5000; Leica) with software Qwin Plus. Scoring of the slides was performed using a semi-quantitative method reported by Brunt et al. [26]. Fat degeneration was graded according to the percentage of fat-containing hepatocytes. Grade of vesicular steatosis according to the original system involved 10 grades, whereas in this system, steatosis was graded from 0–4 based on the percentage of hepatocytes involved in the biopsy (0, none; 1, 10%; 2, 10–33%; 3, 33–66% and 4, N66%). 2.5. Statistical analysis Normality of the sample distribution for each continuous parameter was tested with the Kolmogorov–Smirnov test. The significance of any differences in proportions of medians was tested with Kruskal–Wallis test and in means by one-way analysis of variance (ANOVA), followed by Dunns and Tukey tests, respectively. Correlation analysis was used to measure the degree to which 2 variables were related. Significance for all measures was defined when Pb.05. GraphPad Prism version 5.00 for Windows (San Diego, CA, USA) was used for statistical analyses. 3. Results Notably, the mean food intake was significantly different amongst different dietary groups. In relation to the control group, high dietary NaCl resulted in a lower caloric value leading to higher food intake in HS rats (Pb.01). On the other hand, fructose supplementation led to lower food intake (Pb.001) due to its energy content (Fig. 1A). Mean values for liquid intake were significantly higher in the high-salt groups (Pb.001) than in the CON and HF groups (Fig. 1B). Higher fructose intake lowered the energetic demand for solid food (Pb.001) in HFS rats than in other groups (Fig. 1C). The high-salt diet led to increased liquid intake, thus compelling HS and HFS rats to drink approximately 4.0 and 3.0 times the liquid volumes consumed by the CON animals, respectively, resulting in the corresponding differences in the liquid calorie intake of HFS rats drinking the fructose solution (Pb.001) in relation to HF rats (Fig. 1D). There were no significant differences in the total energy intake (Fig. 1E). Moreover, plasma leptin concentrations in HF rats was higher (Pb.01) compared to that in other groups (Fig. 1F). The average final body weight was lower in HFS rats than in HF and CON rats (Pb.05). Relative liver weights were higher (Pb.05) in fructose-fed rats (HF and HFS) and a corresponding increase was observed in the liver lipid content and plasma glucose in fructose-fed rats in relation to CON (Pb.05) and HS (Pb.001). The highest insulin concentration was found in HFS rats (Pb.05) and HOMA analysis revealed that this group had significantly higher values than the controls animals (Pb.01), thereby indicating that the combination of dietary fructose with NaCl in HFS rats impaired insulin response. For determination of whether the dietary treatment induced liver injury, serum AST and ALT activities were examined, and ALT but not AST in the HF group were found to be significantly higher than that of the control group (Pb.05). Augmented natriuretic response to a high-salt diet significantly decreased serum sodium in HS rats compared to that in other groups (Pb.05) and particularly HFS showed a substantial increase in relation to the HS group (Table 2). Photomicrographs of hepatic specimens stained with H&E are shown in Fig. 2A–D, and the scores of histological variables are presented as medians in Fig. 2E. Mild or no hepatic steatosis occurred in CON rats (Fig. 2A). HS rats did not show predominant occurrence of steatosis, but hyperemic vessels were observed in the parenchyma W.C. Dornas et al. / Journal of Nutritional Biochemistry xx (2013) xxx–xxx B b c 20 d 15 10 5 0 CON HS HF a 60 b 40 20 c c CON HS HF 30 20 b 10 0 CON HS HF a a a b 60 40 20 CON HS HF HFS F 20 90 a Leptin (ng/mL) Total energy intake/day (kcal) a 80 HFS E 40 100 0 0 HFS D Energy intake from liquid/day (kcal) C 80 Energy intake from food/day (kcal) a 25 Liquid intake/day (mL) Food intake/day (g) A 3 80 70 60 50 HFS 15 b 10 b b 5 0 CON HS HF HFS CON HS HF HFS Fig. 1. Food, fluid, caloric intake and serum leptin of experimental rats. Symbols represent the animals in scatter plots to each group. Different letters indicate significant differences at Pb.05 by one-way ANOVA followed by Tukey’s test. Control diet (CON); high-salt diet (HS); high-fructose diet (HF); high-fructose and salt (HFS) diet for 10 weeks after previous treatment for a period of 10 weeks with HF. cells (Fig. 2B). As expected, the high fructose treatment caused hepatic lipid accumulation, which was evident in both HF and HFS rats (Fig. 2C and 2D) with no signs of necroinflammation. Fat deposition in the HF group was classified as macrovesicular, while livers of HFS rats showed mainly a microvesicular pattern with lesser grade of lipid accumulation in relation to HF rats. A statistically significant higher steatosis score (Pb.05) was seen in livers from HF compared to CON animals (Fig. 2E). Compared with the control group, the hepatic levels of total glutathione and GSH were significantly lower in the HFS group (Pb.01), although no significant difference was observed in the GSSG levels (Fig. 3). The GSH/GSSG ratio was calculated to determine whether oxidative stress had been augmented and was found to be lower in HFS rats than in control rats (Pb.01). Assessment of lipid peroxidation showed damage in hepatocytes, as verified through TBARS content of HFS in relation to CON animals (Pb.05). Furthermore, a progressive functional deficiency in antioxidant defenses was also evidenced in the HFS group, with a significant decrease in SOD and CAT activities, (Pb.05; Pb.001, respectively) in relation to the CON group. Additionally, a negative correlation was found between TBARS Table 2 Characteristics of experimental rats Variable Treatments CON HS HF HFS Initial body weight, g 295.0±21.5 295.1±23.1 295.1±22.2 294.4±28.5 Final body weight, g 451.2±29.5a 428.2±28.2ab 448.2±36.9a 412.0±17.2b Absolute weight liver, g 12.6±1.8ab 11.7±1.5b 13.7±1.9a 13.0±1.3ab Relative liver weight, mg/g 27.8±3.0b 27.0± 2.3b 30.6±2.4a 31.6±1.3a Total fat liver, mg/g 53.3±6.0b 42.5±4.4b 73.4±17.3a 72.6±12.6a Plasma glucose, mmol/L 8.0±0.9b 8.7±1.1b 11,9±1.8a 12.7±1.6a Plasma insulin, μmol/ml 20.9±13.1b 27.7±14.2b 34.0±19.4b 45.1±25.8a HOMA-IR, score 7.6±5.4b 11.0±7.0b 17.4±11.1b 23.2±16.4a Serum AST, U/L 56.8±17.3 56.8±16.3 58.3±17.3 57.1±16.0 Serum ALT, U/L 16.0±5.4b 25.2±11.2ab 28.7±11.6a 24.8±7.2ab a b a Serum sodium, mmol/L 142.9±5.3 127.6±4.5 140.8±8.1 135.8±4.5a Values are expressed as means±S.D. Different letters within the same row indicate significant differences at Pb.05 by one-way ANOVA followed by Tukey’s test. and GSH/GSGG ratio (r=−0.40, Pb.01), SOD (r=−0.56, Pb.0005) and CAT activities (r=−0.50, Pb.002) (Table 3). 4. Discussion The present study suggested that the osmotic load caused by augmenting dietary NaCl increased plasma osmolality, stimulated thirst, and enhanced liquid intake, as observed by Manesh et al. [27]. Studies in both rats [28] and humans [29] have reported that chronic fructose ingestion is associated with increase in plasma leptin levels and leptin resistance, which alters the information that is relayed to the central nervous system on energy intake and body fat stores for regulation of food intake and energy homeostasis [30]. Roglans et al. [31] reported that this increase precedes obesity, suggesting that the liver is a key organ in the development of metabolic derangements induced by fructose consumption. Nevertheless, in our study this increase of leptin levels only in HF rats occurred in the absence of augmented body weight: HF and control rats had the same body weight, although leptin potently activates cellular fuel consumption by stimulating fatty acid oxidation and reducing lipogenesis [32]. On the other hand, while fructose is more soluble, sweeter, and less glucogenic than glucose or sucrose and has been recommended as a replacement for these sugars in the diets of diabetic and obese people, it is lipogenic and usually causes greater elevation in triglyceride levels [3]. Significant differences due to fructose dietinduced development of fatty liver were observed in our experiments, as well as in other studies [33,34]. Fructose treatment-induced increased fatty liver and consequent hepatomegaly was found in HF and HFS animals. Fructose-fed rats served as a model for diet-induced insulin resistance, suggesting that pathophysiological mechanisms and lipid retention in hepatocytes (hepatic steatosis) was an important early sign in the development of a metabolic abnormalities spectrum. Our model was thus proved appropriate because it reproduced histologically detectable steatosis resulting primarily from the deposition of fat in hepatocytes of fructose-fed rats. However, our results demonstrated that HFS rats consumed more fructose than HF rats did, but displayed lower degree of steatosis 4 W.C. Dornas et al. / Journal of Nutritional Biochemistry xx (2013) xxx–xxx Fig. 2. (A-D) Representative photomicrographs H&E staining of liver sections of experimental rats. Hepatocytes abnormalities were not observed in the CON group (A); note hyperemic vessels (arrowhead) and normal parenchyma appearance in the HS group (B); aspect of macrovesicular steatosis in the HF group (C). Note hepatocytes with a large negative image in the cytoplasm with nucleus displaced into the periphery of the cell, large fat globule in most cases (white arrow); aspect of microvesicular steatosis in the HFS group (D). Note cells with small cytoplasmic vacuoles without displaced nucleus (black arrow) magnification ×440. Grade of liver steatosis of rats in experimental groups (E). Values (medianne, n=8–11) (*Pb.05 vs. control rats). development. This may indicate that the high-salt diet model, as in other studies, attenuated gain in body weight [35,36], which can lead to lower accumulation of fat in hepatocytes, as supported by our data. Determination of liver function parameters also revealed liver dysfunction due to fructose-feeding and hepatic damage in fructose-fed rats. Fructose feeding was found to significantly enhance serum ALT activity, indicating considerable hepatocellular injury in HF rats. ALT has been routinely measured and is considered a surrogate marker of liver fat accumulation [37]. Injury to the hepatocyte leads to disruption of the plasma membrane and leakage of the enzyme to the extracellular fluid. Thus it can be detected at abnormal levels in the serum and this condition may be a cause of hepatocyte death. Rats are an excellent animal model to study the effects of fructose intake because their fructose metabolism closely re- sembles that of humans [38] and studies have shown that fructose induces hyperglycemia and hyperinsulinemia [39,40]. The results demonstrated that fructose administration produces insulin resistance in HFS rats consistently with previous studies carried out using different techniques to assess insulin resistance [40,41]. Insulin resistance in fructose-fed rats has been attributed to a low level of insulin-stimulated glucose oxidation due to modifications in the post-receptor cascade of insulin action [42]. Thus elevated plasma insulin concentrations enhance the synthesis of very-lowdensity lipoprotein, and this may induce increase in fatty liver as observed by us in HF and HFS rats with decreased in response of HFS rats to glucose utilization, featuring a lower insulin action as indicated by higher HOMA values. In contrast, Nishimoto et al. [43] used fructose-fed insulin-resistant rats with a low or high-sodium diet and found no significant differences in plasma glucose or W.C. Dornas et al. / Journal of Nutritional Biochemistry xx (2013) xxx–xxx Total Gluthatione a a 1.5 GSSG b 1.0 0.5 0.15 a a 1.5 nmol/mL nmol/mL a GSH 2.0 nmol/mL 2.0 a b 1.0 0.10 0.05 0.5 0.0 0.00 0.0 CON HS HF HFS CON HS HF HFS CON GSH/GSSG HF HFS 0.4 U/mg de ptn a 15 a a 10 b 5 0 CON HS HF 0.3 a ab a ab b b 0.2 0.1 0.0 HFS CON SOD activity 2.5 HS TBARS 20 HS HF HFS Catalase activity ab 1000 b 2.0 U/mg protein % inhibition 5 1.5 1.0 0.5 a a 800 a b 600 400 200 0 0.0 CON HS HF HFS CON HS HF HFS Fig. 3. Antioxidant defenses and oxidative stress in the liver of experimental rats. Different letters indicate significant differences at Pb.05 by one-way ANOVA followed by Tukey’s test. insulin among their groups, although they used a lower dosage for both salt and fructose than in our study. This discrepancy among studies may be better explained by the fact that diet-induced modifications in metabolic and hormonal profile are probably dependent on the duration of diet treatment, on the amount of carbohydrate and salt in the diet besides interactions with other nutrients [44–46]. Our model was based on the administration of a high-fructose diet inducing insulin resistance that resembles the so-called ‘fast food’ that is highly popular nowadays. This type of diet constitutes an important, typically westernized lifestyle, which includes consumption of processed foods that are high in salt and sugar. Fructose has been broadly used in metabolic studies, although there is no data concerning liver abnormalities associated with ‘high-salt’ regimens. In this study, the high-salt diet led to greater urinary excretion of sodium, but hyperinsulinemia showed in HFS rats has influence on sodium retention as demonstrated by higher serum sodium concentrations in HFS when compared with the HS group. This antina- Table 3 Regression analyses between TBARS (U/mg ptn) and antioxidant defenses of experimental rats Variable r P Glutathione total, nmol/ml GSH, nmol/ml GSSG, nmol/ml GSH/GSSG, ratio SOD, % inhibition Catalase, U/mg ptn −0.21 −0.22 0.18 −0.40 −0.56 −0.50 .1815 .1540 .2558 .0194 .0005 .0024 triuretic effect may be opposed by a concomitant decrease in proximal tubular sodium reabsorption [47] or an increase in glomerular filtration rate (GFR) [48]. Chronic hyperinsulinaemia increases GFR in normal dogs [48], but not in obese insulin-resistant dogs [49] which suggest that insulin could increase GFR, and thus the filtered sodium load, only in insulin-sensitive subjects. Insulin has been known to enhance sodium reabsorption in the proximal tubule and stimulates not only sodium but also volume absorption in the rabbit proximal convoluted tubule. Thus, from these stimulatory effects, it is clear that insulin acts on proximal tubules to reabsorb sodium filtered from the glomeruli and yet, important regulatory mechanisms exist subsequently in the Henle’s loop, distal tubule and connecting tubule [17]. Besides, Vasdev et al. [50] showed that intracellular sodium levels increase cytosolic free calcium, which can increase oxidative stress and this condition changes the membrane components compromising its integrity [51] because increased ROS generation has been shown to induce cell membrane lipid peroxidation [52]. Therefore, it has been suggested that lipid accumulation in the liver makes hepatocytes more sensitive to oxidative stress [53], which in this study, potentially activated lipid peroxidation, as demonstrated by increased TBARS in HFS rats. The observed steatosis could have affected lipid composition and fluidity of mitochondrial membranes, which increased oxidative stress in the liver. In addition, changes in liver glutathione redox status were monitored in this work by recording the GSH/GSSG ratio, because severe oxidative stress may deplete cellular GSH, and glutathione play an important function in detoxification of free radicals [54]. Glutathione is the major intracellular non-protein antioxidant, and GPx converts H2O2 to H2O by oxidizing glutathione to glutathione disulfide [2]. We observed a decrease in liver GSH levels in HFS rats as well as in the GSH/ 6 W.C. Dornas et al. / Journal of Nutritional Biochemistry xx (2013) xxx–xxx GSSG ratio, which could be a consequence of adaptation of the fatty liver, as suggested by the negative correlation of TBARS with GSH/GSSG ratio. It may represent a consequence of the higher pro-oxidant status developed in HFS rats, which is likely responsible for the high consumption of cellular and circulating antioxidants. Moreover, decreased SOD and CAT activities were observed in HFS rats that could participate in hepatic vulnerability to oxidative stress. Decreased feedback regulatory mechanisms involving these antioxidant enzymes, prevents the restoration to normal enzyme level. Thus, the susceptibility of the tissue to oxidative stress was dependent on the alteration in lipid composition and tissue damage. SOD play a key role in cell protection against the deleterious effects of O2−, and catalase prevents damage by rapidly converting H2O2 to water [55]. There are possible pathways by which cellular metabolism in this model may be altered, which in turn may accelerate oxidative stress. The increased oxidative stress could be due to production of oxygen free radicals [3] and H2O2 resulting from SOD activity, which can generate hydroxyl radicals through the Fenton reaction, and thus, ROS can themselves reduce the activity of antioxidant enzymes such as CAT and GPx [56]. Consequently, a lowering of these activities is suggestive of reduced scavenging potential in the insulin-resistant rats on high-salt diet. Another possibility is that accumulation of advanced glycation products resulted in the production of free radicals [57]. Therefore the high-salt diet might be regarded as an instigator that reduces antioxidant defenses, worsening insulin sensibility in the early stage of experimental diabetes in rats; however, further research is needed to define the interdependencies/interactions among fructose, salt and oxidative stress more clearly. In conclusion, the high-salt diet reduced hepatic antioxidant defenses in the fructose-fed rats, providing evidence to support the idea that increased oxidative stress is involved in membrane perturbation through important regulatory mechanisms. Thus, our findings suggest that hyperinsulinemia play a role in sodium retention and it is therefore possible that the deleterious effects of salt overload on insulin- resistant subjects may be attributed, in part, to the development of a substantial pro-oxidant condition that impairs antioxidant defenses. Acknowledgments The authors would like to thank LAPAC (Pilot Laboratory of Clinical Analysis, School of Pharmacy, Federal University of Ouro Preto) for technical assistance. References [1] Evans JL, Goldfine ID, Maddux BA, Grodsky GM. Are oxidative stress activated signaling pathways mediators of insulin resistance and beta cell dysfunction? Diabetes 2003;52:1–8. [2] Sies H. Strategies of antioxidant defense. Eur J Biochem 1993;215:213–9. [3] Mayne ST. Antioxidant nutrients and chronic disease: use of biomarkers of exposure and oxidative stress status in epidemiologic research. J Nutr 2003;133: 933–40. [4] Loguercio C, De Girolamo V, De Sio I, Turccillo C, Ascione A, Baldi F, et al. Nonalcoholic fatty liver disease in an area of southern Italy: main clinical, histological, and pathophysiological aspects. J Hepatol 2001;35:568–74. [5] Evans JL, Goldfine ID, Maddux BA, Grodsky GM. Oxidative stress and stressactivated signaling pathways: a unifying hypothesis of type 2 diabetes. 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[Somente para uso diagnóstico in vitro.] Metodologia . Enzimático-Trinder. Princípio . O ácido úrico é determinado de acordo com as seguintes Reagentes reações: 1. Uricase Ácido Úrico + O2 + H2O Alantoína + CO2 + H2O2 Peroxidase 2H2O2 + DHBS + 4-aminoantipirina Antipirilquinonimina + 4H2O O ácido úrico é oxidado pela uricase à alantoina e peróxido de hidrogênio. O peróxido de hidrogênio, na presença da peroxidase, reage com o DHBS e a 4-aminoantipirina, formando o cromogênio antipirilquinonimina. A intensidade da cor vermelha formada é diretamente proporcional à concentração do ácido úrico na amostra. 1 - Reagente 1 - Armazenar entre 2 - 8 ºC. Contém tampão 80 mmol/L pH 7,0, 4-aminoantipirina 0,82 mmol/L, peroxidase ≥16000 U/L, azida sódica 0,8 mmol/L e octil fenol polioxietanol 1 g/L. 2. 2 - Reagente 2 - Armazenar entre 2 - 8 ºC. Contém tampão 80 mmol/L pH 7,0, DHBS 10 mmol/L, uricase ≥500 U/L, octil fenol polioxietanol 1 g/L e azida sódica 0,8 mmol/L. 3. - Padrão - Armazenar entre 2 - 8 ºC. Contém ácido úrico 6,0 mg/dL. Armazenar bem vedado para evitar evaporação. Características do sistema . A dosagem de ácido úrico utilizando a reação de Trinder caracteriza-se por ser um método direto, facilmente automatizável, que tem a especificidade da uricase. Muitos produtos utilizam o fenol como reagente de acoplamento. Entretanto, a baixa sensibilidade do fenol e a incompatibilidade de pH ótimo entre a uricase de origem animal e a peroxidase criam sérios obstáculos à confiabilidade do método. Os reagentes não abertos, quando armazenados nas condições indicadas, são estáveis até a data de expiração impressa no rótulo. Durante o manuseio, os reagentes estão sujeitos à contaminação de natureza química e microbiana que podem provocar redução da estabilidade. A Labtest, com o sistema Liquiform, supera estas dificuldades substituindo o fenol pelo ácido 3,5-dicloro-2-hidroxibenzeno sulfonato (DHBS), que é 4 vezes mais sensível, permitindo uma relação adequada entre amostra e reagentes, possibilitando obter uma sensibilidade ótima em relação à baixa concentração do analito. Ao mesmo tempo a utilização da uricase de origem vegetal possibilita trabalhar em pH onde se obtém excelente atividade das enzimas envolvidas no processo. Não utilizar o Reagente quando sua absorbância medida contra água em 520 nm for igual ou maior que 0,300 ou quando mostrar-se turvo ou com sinais de contaminação. A determinação do ácido úrico é direta utilizando apenas 0,02 mL de amostra. As substâncias utilizadas na reação se encontram distribuídas adequadamente em dois reagentes para conferir maior estabilidade na forma líquida original e manutenção das condições ótimas da reação, permitindo a utilização direta dos reagentes em sistemas automáticos, facilitando a eliminação da ação de interferentes. A metodologia monoreagente pode ser aplicada utilizando um Reagente de Trabalho estável 90 dias entre 2 e 8 ºC, obtendo-se desempenho adequado mesmo em situações de baixas demandas do teste. O sistema permite ainda preparar o volume de Reagente de Trabalho necessário para uma medição da concentração do ácido úrico. A linearidade do método é de 20 mg/dL, o que diminui a necessidade de efetuar diluições em um número significativo de amostras. 01 Português - Ref.: 73 Precauções e cuidados especiais Os cuidados habituais de segurança devem ser aplicados na manipulação do reagente. Os reagentes contêm azida sódica que é tóxica. Deve-se tomar cuidado para evitar a ingestão e no caso de contato com os olhos, deve-se lavar imediatamente com grande quantidade de água e procurar auxílio médico. A azida pode formar compostos altamente explosivos com tubulações de chumbo e cobre. Portanto, utilizar grande volume de água para descartar os reagentes. Cuidados com o tempo de reação, temperatura de trabalho e pipetagens são extremamente importantes para obtenção de resultados corretos. Os reagentes devem ser manuseados seguindo as boas práticas de laboratório que indicam evitar ingestão e contato com pele, mucosas e olhos. Os reagentes não abertos, quando armazenados nas condições indicadas, são estáveis até a data de expiração impressa no rótulo. Durante o manuseio, os reagentes estão sujeitos à contaminações de natureza química e microbiana que podem provocar redução da estabilidade. Material necessário e não fornecido 1. Banho-maria ou incubador mantido à temperatura constante (37 °C). 2. Fotômetro capaz de medir com exatidão a absorbância entre 490 e 540 nm. 3. Pipetas para medir amostras e reagentes. 4. Cronômetro. Influências pré-analíticas . O ácido úrico está aumentado nas 24 horas que sucedem à ingestão aguda de álcool. As concentrações séricas mostram grandes variações no dia a dia e variações sazonais no mesmo indivíduo. O ácido úrico sérico se eleva com o stress, estados de jejum prolongado e aumento do peso corporal. Níveis elevados de ascorbato (vitamina C) produzem interferências negativas por competição com o cromogênio na reação da peroxidase. Se houver suspeita da presença de ácido ascórbico, deixar o soro em repouso durante 90 minutos antes de iniciar a dosagem para não obter resultados falsamente diminuídos. Amostra Usar soro, urina e líquidos (amniótico e sinovial). O analito é estável 3 dias entre 2 - 8 ºC e 6 meses a 10 ºC negativos. Deve ser criado um Procedimento Operacional Padrão (POP) que estabeleça procedimentos adequados para colheita, preparação e armazenamento da amostra. Enfatizamos que os erros devidos à amostra podem ser muito maiores que os erros ocorridos durante o procedimento analítico. Branco da amostra . Este procedimento é aplicável quando houver ação positiva de interferentes. Misturar 1 mL de NaCl 150 mmol/L (0,85%) com 0,02 mL da amostra. Medir a absorbância em 520 nm, acertando o zero com água destilada ou deionizada. Subtrair a absorbância assim obtida da absorbância do teste e calcular a concentração. Este sistema de correção é aplicável apenas nos casos em que a amostra produz interferência fotométrica. Preparo do reagente de trabalho . O conjunto de um frasco do Reagente 1 e um frasco de Reagente 2 permite preparar o Reagente de Trabalho. Transferir o conteúdo de um frasco do Reagente 2 para um frasco do Reagente 1 e homogeneizar suavemente. Anotar a data de expiração. Estável 5 dias entre 15 - 25 °C e 90 dias entre 2 - 8 °C quando não houver contaminação química ou microbiana. Identificar o frasco do Reagente de Trabalho para evitar confusão com outros frascos do Reagente 1. Para preservar seu desempenho o reagente deve permanecer fora da geladeira somente o tempo necessário para se obter o volume a ser utilizado. Evitar exposição à luz solar direta. Opcionalmente pode-se preparar menor volume do Reagente de Trabalho utilizando a proporção de 4 volumes do Reagente 1 para 1 (um) volume do Reagente 2. O Reagente de Trabalho contém tampão 80 mmol/L pH 7,0, 4-aminoantipirina 0,7 mmol/L, DHBS 2,0 mmol/L, peroxidase 13300 U/L, uricase 100 U/L, azida sódica 0,8 mmol/L e octil fenol polioxietanol 1 g/L. Procedimento Ver OBSERVAÇÕES 1 e 2. Como nenhum teste conhecido pode assegurar que amostras de sangue não transmitem infecções, todas elas devem ser consideradas como potencialmente infectantes. Portanto, ao manuseá-las, deve-se seguir as normas estabelecidas para biossegurança. Urina . Homogeneizar a urina, separar 10 mL, acertar o pH entre 7,0 e 9,0 com NaOH 5% e aquecer 10 minutos a 56 °C para dissolver os cristais de urato e ácido úrico. Diluir a urina 1:10 (0,1 mL de urina + 0,9 mL de água destilada). Multiplicar o resultado obtido por 10. Para descartar os reagentes e o material biológico sugerimos aplicar as normas locais, estaduais ou federais de proteção ambiental. Tomar 3 tubos de ensaio e proceder como a seguir: Interferências A utilização de plasma fornece resultados falsamente diminuídos. Valores de bilirrubina até 19 mg/dL, hemoglobina até 90 mg/dL e triglicérides até 1800 mg/dL não produzem interferências significativas. Valores de hemoglobina entre 90 e 180 mg/dL produzem resultados falsamente elevados que podem ser minimizados utilizando o branco da amostra. Para avaliar a concentração aproximada da hemoglobina em uma amostra hemolisada pode-se proceder do seguinte modo: diluir 0,05 mL da amostra em 2,0 mL de NaCl 150 mmol/L (0,85%) e medir a absorbância em 405 ou 415 nm acertando o zero com água deionizada ou destilada. Hemoglobina (mg/dL) ≅ Absorbância405 x 601 Hemoglobina (mg/dL) ≅ Absorbância415 x 467 02 Português - Ref.: 73 Amostra Padrão (N° 3) Reagente de Trabalho Branco Teste 0,02 mL 1,0 mL 1,0 mL Padrão 0,02 mL 1,0 mL Misturar e incubar em banho-maria a 37 °C durante 10 minutos. O nível da água no banho deve ser superior ao nível do reagente nos tubos de ensaio. Determinar as absorbâncias do teste e padrão em 520 nm ou filtro verde (490-540) acertando o zero com o branco. A cor é estável 15 minutos. O procedimento sugerido para a medição é adequado para fotômetros cujo volume mínimo de solução para leitura é igual ou menor que 1,0 mL. Deve ser feita uma verificação da necessidade de ajuste do volume para o fotômetro utilizado. Os volumes de amostra e reagente podem ser modificados proporcionalmente sem prejuízo para o desempenho do teste e o procedimento de cálculo se mantém inalterado. Em caso de redução dos volumes é fundamental que se observe o volume mínimo necessário para a leitura fotométrica. Volumes da amostra menores que 0,01 mL são críticos em aplicações manuais e devem ser usados com cautela porque aumentam a imprecisão da medição. Cálculos Linearidade Absorbância do Teste Ácido Úrico (mg/dL) = x6 Absorbância do Padrão Exemplo O resultado da medição é linear até 20 mg/dL. Quando for obtido um valor igual ou maior que 20 mg/dL, diluir a amostra com NaCl 150 mmol/L (0,85%), realizar nova medição e multiplicar o resultado pelo fator de diluição. Urina . Diluir a amostra (com pH entre 7,0 e 9,0 e aquecida 10 minutos a 56 ºC) 1:20 ou 1:40 com água destilada ou deionizada e repetir a medição. Multiplicar o resultado obtido por 20 (vinte) ou 40 (quarenta). Absorbância do Teste = 0,175 Absorbância do Padrão = 0,138 0,175 Ácido Úrico (mg/dL) = x 6 = 7,6 Diluir a amostra de tal modo que o valor encontrado se situe entre 5 e 10 mg/dL. 0,138 Devido a grande reprodutibilidade que pode ser obtida com a metodologia, pode-se utilizar o método do fator. 6 Fator de Calibração = Absorbância do Padrão Ácido Úrico (mg/dL) = Absorbância do Teste x Fator Exemplo Controle interno da qualidade . O laboratório deve manter um programa de controle interno da qualidade que defina claramente os regulamentos aplicáveis, objetivos, procedimentos, critérios para especificações da qualidade e limites de tolerância, ações corretivas e registro das atividades. Materiais de controle devem ser utilizados para avaliar a imprecisão e desvios da calibração. Sugere-se que as especificações para o coeficiente de variação e o erro total sejam baseadas nos componentes da variação biológica (VB)9,10. 6 Fator = Sugerimos a verificação da linearidade metodológica e fotométrica, no mínimo semestralmente, utilizando amostra com valores até 20 mg/dL. = 43,5 Sugere-se utilizar as preparações estabilizadas da linha Qualitrol - Labtest para controle interno da qualidade em ensaios de química clínica. 0,138 Ácido Úrico (mg/dL) = 0,175 x 43,5 = 7,6 Intervalo de referência . Os intervalos devem ser usados apenas mg/dL x volume urinário (mL) Urina (mg / 24 horas) = 100 Calibração Rastreabilidade do sistema O padrão é rastreável ao Standard Reference Material (SRM) 913 do National Institute of Standards and Technology (NIST). Calibrações manuais Obter o fator de calibração ao usar novo lote de reagentes ou quando o controle interno da qualidade indicar. Sistemas automáticos Branco de reagentes: água ou solução de cloreto de sódio 150 mmol/L (0,85%); Padrões: usar calibradores protéicos. As concentrações de ácido úrico nos calibradores da linha Calibra - Labtest são rastreáveis ao SRM 913 do NIST. Intervalo de calibrações Calibração de 2 ou 3 pontos ao mudar de lote; Calibração de 2 ou 3 pontos quando o controle interno da qualidade indicar. como orientação. Recomenda-se que cada laboratório estabeleça, seus próprios intervalos de referência na população atendida. Soro (mg/dL) Crianças11 Adultos Homem Mulher Homem Mulher 1,5 a 6,0 0,5 a 5,0 2,5 a 7,0 1,5 a 6,0 Urina: 250 a 750 mg/24 horas Conversão: Unidades Convencionais (mg/dL) x 59,5 = Unidades SI (µmol/L). 12 Características do desempenho Exatidão . Em duas amostras com concentrações de ácido úrico iguais a 6,2 e 8,0 mg/dL foram adicionadas quantidades diferentes do analito obtendo-se recuperações entre 96 e 98%. O erro sistemático proporcional médio obtido em um valor de 6,0 mg/dL foi igual a 0,2 mg/dL ou 3,0%. Especificidade . O método proposto foi comparado com um método similar utilizando 40 amostras com valores situados entre 2,4 e 11,0 mg/dL. A comparação resultou na equação da regressão: y = 1,030x - 0,137 e um coeficiente de correlação (r) igual a 0,996. 03 Português - Ref.: 73 O erro sistemático total (constante e proporcional) verificado no nível de decisão (6,0 mg/dL) foi igual a 0,043 mg/dL ou 0,7%. Como as amostras foram selecionadas aleatoriamente em pacientes de ambulatório e pacientes hospitalizados, pode-se inferir que o método tem uma especificidade metodológica adequada. Repetitividade - imprecisão intra-ensaio Amostra 1 Amostra 2 N 20 20 Média 6,6 8,4 DP 0,09 0,07 CV (%) 1,3 0,8 Reprodutibilidade - imprecisão total Amostra 1 Amostra 2 N 20 20 Média 6,6 8,5 DP 0,13 0,12 CV (%) 2,0 1,4 2. O laboratório clínico tem como objetivo fornecer resultados exatos e precisos. A utilização de água de qualidade inadequada é uma causa potencial de erros analíticos. A água utilizada no laboratório deve ter a qualidade adequada a cada aplicação. Assim, para preparar reagentes, usar nas medições e para uso no enxágüe final da vidraria, deve ter resistividade ≥1 megaohm.cm ou condutividade ≤1 microsiemens/cm e concentração de silicatos <0,1 mg/L. Quando a coluna deionizadora está com sua capacidade saturada ocorre produção de água alcalina com liberação de vários íons, silicatos e substâncias com grande poder de oxidação ou redução que deterioram os reagentes em poucos dias ou mesmo horas, alterando os resultados de modo imprevisível. Assim, é fundamental estabelecer um programa de controle da qualidade da água. 3. Para uma revisão das fontes fisiopatológicas e medicamentosas de interferência nos resultados e na metodologia sugere-se consultar: <www.fxol.org/>. Referências Sensibilidade metodológica . Uma amostra não contendo ácido úrico foi utilizada para calcular o limite de detecção do ensaio tendo sido encontrado um valor igual a 0,071 mg/dL, equivalente à média de 20 ensaios mais dois desvios padrão. Utilizando-se a absorbância do padrão como parâmetro verificou-se que o limite de detecção fotométrica é 0,034 mg/dL, correspondendo a uma absorbância igual a 0,001. Efeitos da diluição da matriz . Duas amostras com valores iguais a 13,7 e 15,2 mg/dL foram utilizadas para avaliar a resposta do sistema nas diluições da matriz com NaCl 150 mmol/L (0,85%). Usando fatores de diluição que variaram de 2 a 8 foram encontradas recuperações entre 91 e 103%. Significado clínico . Numerosas doenças, condições fisiológicas, alterações bioquímicas, fatores sociais e ambientais estão associados a elevações na concentração do urato plasmático. Entre as etiologias da hiperuricemia estão: insuficiência renal, cetoacidose, excesso de lactato, uso de diuréticos e em todas as patologias em que a destruição de nucleoproteínas está aumentada. O aumento de urato está positivamente relacionado à hiperlipidemia, obesidade, aterosclerose, diabetes mellitus e hipertensão, embora os mecanismos destas alterações ainda não sejam bem compreendidos. A gota, manifestação clínica da hiperuricemia, é classificada como primária, secundária ou idiopática. É importante lembrar que a gota secundária é uma complicação pouco comum quando relacionada à frequência da hiperuricemia. É importante mencionar que a colchicina, utilizada nos casos de gota aguda, não modifica os valores do ácido úrico. São pouco freqüentes as causas da hipouricemia ocorrendo na síndrome de Fanconi, doença de Wilson, acromegalia, anemia perniciosa e doenças malignas como linfoma de Hodgkin e carcinoma broncogênico. Observações 1. A limpeza e secagem adequadas do material utilizado são fatores fundamentais para a estabilidade dos reagentes e obtenção de resultados corretos. 04 Português - Ref.: 73 1. Duncan PH, Gochman N, Cooper T, Smith E, Sayze D. Clin Chem 1982;28:284-290. 2. Elin RJ, Johnson E, Chesler R. Clin Chem 1982;28:2089. 3. Inmetro - Boas Práticas de Laboratório Clínico e Listas de Verificação para Avaliação, Qualitymark ed., Rio de Janeiro, 1997. 4. Kabasakalian P, Kalliney S, Westcott A. Clin Chem 1973; 19:522. 5. Kageyama N. Clin Chim Acta 1971;31:421. 6. Tonks DB. Quality Control in Clinical Laboratories, Warner-Chilcott Laboratories, Diagnostic Reagents Division, Scarborough, Canada, 1972. 7. Trivedi RC, Rebar L, Berta E, Stong L. Clin Chem 1978; 24:1908. 8. Westgard JO, Barry PL, Hunt MR, Groth T. Clin Chem 1981;27:493501. 9. Sociedad Española de Bioquímica Clínica y Patología Molecular, B a s e d e D a t o s d e Va r i a c i ó n B i o l ó g i c a . D i s p o n í v e l em:<http://www.seqc.es/ar ticle/ar ticleview/330/1/170> (acesso em 04/2006). 10. Basques JC. Especificações da Qualidade Analítica. Labtest Diagnóstica 2005. 11.Ferraz MHC, Delgado RB. Valores de Referência para Exames Laboratoriais. In: Leão E, Corrêa EJ, Viana MB, Mota JAC (Ed). Pediatria Ambulatorial. 3a. edição Belo Horizonte: Coopmed, 1988: 837-848. 12. Labtest: Dados de arquivo. Apresentação Produto Referência Conteúdo 1 73-4/30 Ácido Úrico Liquiform 2 1 73-2/100 2 4 x 24 mL 4 x 6 mL 1 x 5 mL 2 x 80 mL 2 x 20 mL 1 x 5 mL Estão disponíveis aplicações para sistemas automáticos e semiautomáticos. O número de testes em aplicações automáticas depende dos parâmetros de programação. Informações ao consumidor [Termos e Condições de Garantia] A Labtest Diagnóstica garante o desempenho deste produto dentro das especificações até a data de expiração indicada nos rótulos desde que os cuidados de utilização e armazenamento indicados nos rótulos e nestas instruções sejam seguidos corretamente. Labtest Diagnóstica S.A. CNPJ: 16.516.296 / 0001 - 38 Av. Paulo Ferreira da Costa, 600 - Vista Alegre - CEP 33400-000 Lagoa Santa . Minas Gerais Brasil - www.labtest.com.br Serviço de Apoio ao Cliente e-mail: [email protected] Revisão: Novembro, 2004 Ref.: 170309 05 Português - Ref.: 73 0800 031 34 11 (Ligação Gratuita) Copyright by Labtest Diagnóstica S.A. Reprodução sob prévia autorização Símbolos utilizados com produtos diagnósticos in vitro Símbolos usados con productos diagnósticos in vitro Symbols used with ivd devices Conteúdo suficiente para < n > testes Contenido suficiente para < n > tests Contains sufficient for < n > tests Risco biológico Riesgo biológico Biological risk Data limite de utilização (aaaa-mm-dd ou mm/aaaa) Estable hasta (aaaa-mm-dd o mm/aaaa) Use by (yyyy-mm-dd or mm/yyyy) Marca CE Marcado CE CE Mark Material Calibrador Material Calibrador Calibrator Material Tóxico Tóxico Poison Material Calibrador Material Calibrador Calibrator Material Reagente Reactivo Reagent Limite de temperatura (conservar a) Temperatura limite (conservar a) Temperature limitation (store at) Fabricado por Elaborado por Manufactured by Representante Autorizado na Comunidade Europeia Representante autorizado en la Comunidad Europea Authorized Representative in the European Community Número do lote Denominación de lote Batch code Consultar instruções de uso Consultar instrucciones de uso Consult instructions for use Controle Control Control Número do catálogo Número de catálogo Catalog Number Controle negativo Control negativo Negative control Adições ou alterações significativas Cambios o suplementos significativos Significant additions or changes Controle positivo Control positivo Positive control Produto diagnóstico in vitro Dispositivo de diagnóstico in vitro In vitro diagnostic device Controle Control Control Liofilizado Liofilizado Lyophilized Corrosivo Corrosivo Corrosive Ref.: 170309 06 Português - Ref.: 73 Instruções de Uso ALBUMINA Cat. 19 ANVISA 10009010025 FINALIDADE Sistema para a determinação da albumina em amostras de soro por reação de ponto final. Somente para uso diagnóstico in vitro. PRINCÍPIO A albumina tem a propriedade de se ligar à uma grande variedade de ânions orgânicos e moléculas complexas de corantes. O sistema de medição se baseia no desvio do pico de absortividade máxima de um corante complexo (verde de bromocresol) quando este se liga à albumina. A cor formada é medida colorimetricamente entre 620 e 640 nm, sendo proporcional à quantidade de albumina na amostra até a concentração de 6,0 g/dL. CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA Os métodos mais comumente utilizados para a dosagem da albumina se baseiam na ligação com corantes. Esta ligação que promove um desvio do pico de absortividade do corante, permite que a cor resultante possa ser medida colorimetricamente na presença de excesso do corante. A alta afinidade de ligação da albumina permite que todas as suas moléculas presentes na amostra participem da reação. O sistema contém um detergente não iônico que reduz a absorbância do branco, previne o aparecimento de turvação e aumenta a linearidade. Vários corantes como o metilorange, HABA, verde de bromocresol (VBC) e púrpura de bromocresol (PBC) têm sido utilizados na dosagem da albumina sérica, mas o VBC é o reagente mais utilizado tendo inclusive sido recomendado pela 3 AACC . Este também tem sido o método de escolha dos laboratórios, pois foi utilizado por 60% dos participantes do programa de proficiência do Colégio Americano de Patologistas no ano de 2002. O verde de bromocresol possui especificidade para a albumina e não sofre interferência de valores elevados da bilirrubina e hemoglobina, permitindo também que a interferência de valores elevados dos triglicérides possa ser corrigida utilizando o branco da amostra. O método tem excelente correlação com o fracionamento eletroforético em acetato de celulose e é facilmente aplicável à maioria dos analisadores semi-automáticos e automáticos capazes de medir uma reação de ponto final entre 625 e 640 nm. METODOLOGIA Verde de Bromocresol. REAGENTES 1. Reagente de Cor - Armazenar entre 2 - 8 ºC. Contém tampão 60 mmol/L, pH 3,8; verde de bromocresol 300 mmol/L e Brij 35 ³ 6,0 mmol/L. 2. Padrão 3,8 g/dL - Armazenar entre 2 - 8 ºC. Contém 3,8 g/dL de albumina bovina e azida sódica 0,1%. Armazenar bem vedado para evitar evaporação. Os reagentes não abertos, quando armazenados nas condições indicadas, são estáveis até a data de expiração impressa no rótulo. Durante o manuseio, os reagentes estão sujeitos a contaminações de natureza química e microbiana que podem provocar redução da estabilidade. PRECAUÇÕES E CUIDADOS ESPECIAIS Os cuidados habituais de segurança devem ser aplicados na manipulação do reagente. O padrão contém azida sódica que é tóxica. Deve-se tomar cuidado para evitar a ingestão e no caso de contato com os olhos, deve-se lavar imediatamente com grande quantidade de água e procurar auxílio médico. A azida pode formar compostos altamente explosivos com tubulações de chumbo e cobre. Portanto, utilizar grandes volumes de água para descartar o reagente. Um forte indício de deterioração é indicado por uma absorbância maior que 0,300 quando o Reagente de Cor é medido em 630 nm contra água. MATERIAIS NECESSÁRIOS E NÃO FORNECIDOS Fotômetro capaz de medir, com exatidão, a absorbância entre 600 e 640 nm. Pipetas para medir amostras e reagentes. Cronômetro. AMOSTRA Usar soro. A albumina é estável no soro 3 dias entre 2 - 8 ºC e 7 dias a 10 ºC negativos. Não usar plasma. Deve ser criado um Procedimento Operacional Padrão (POP) que estabeleça procedimentos adequados para colheita, preparação e armazenamento da amostra. Enfatizamos que os erros devidos à amostra podem ser muito maiores que os erros ocorridos durante o procedimento analítico. Como nenhum teste conhecido pode assegurar que amostras de sangue não transmitem infecções, todas elas devem ser consideradas como potencialmente infectantes. Portanto, ao manuseá-las deve-se seguir as normas estabelecidas para biossegurança. Para descartar os reagentes e o material biológico sugerimos aplicar as normas locais, estaduais ou federais de proteção ambiental. INTERFERÊNCIAS Valores de bilirrubina até 38 mg/dL, hemoglobina até 180 mg/dL e triglicérides até 250 mg/dL não produzem interferências significativas. Valores de triglicérides maiores que 250 mg/dL produzem interferências positivas que podem ser minimizadas utilizando o branco de amostra. Para avaliar a concentração aproximada da hemoglobina em uma amostra hemolisada, pode-se proceder do seguinte modo: Diluir 0,05 mL da amostra em 2,0 mL de NaCl 150 mmol/L (0,85%) e medir a absorbância em 405 ou 415 nm acertando o zero com água deionizada ou destilada. Hemoglobina (mg/dL) @ Absorbância405 X 601 Hemoglobina (mg/dL) @ Absorbância415 X 467 Minimização da Ação de Interferentes Branco da amostra: Misturar 1,0 mL de NaCl 150 mmol/L (0,85%) com 0,01 mL da amostra. Medir a absorbância em 630 nm, acertando o zero com água deionizada ou destilada. Subtrair a absorbância assim obtida da absorbância do teste e calcular a concentração. Este sistema de correção é aplicável apenas aos casos em que a amostra produz interferência fotométrica. Exemplo: Influências Pré- Analíticas Em pacientes com depressão e pessoas obesas, o valor de albumina tende a ser mais baixo. O uso de torniquete por mais de 3 minutos provoca o aumento do valor da albumina. Plasmas obtidos com heparina de lítio e oxalato de potássio combinado com fluoreto de sódio fornecem resultados falsamente diminuídos. Albumina (g/dL) = 0,242 x 12,6 = 3,0 Branco Teste Padrão 1,0 mL 1,0 mL 1,0 mL Amostra ---- 0,01 mL ---- Padrão (nº 2) ---- ---- 0,01 mL Misturar e após 2 minutos, no máximo 10 minutos, determinar as absorbâncias do teste e padrão em 630 nm ou filtro vermelho (600 a 640) acertando o zero com o branco. O procedimento sugerido para a medição é adequado para fotômetros cujo volume mínimo de solução para leitura é igual ou menor que 1,0 mL. Deve ser feita uma verificação da necessidade de ajuste do volume para o fotômetro utilizado. Os volumes de amostra e reagente podem ser modificados proporcionalmente sem prejuízo para o desempenho do teste e o procedimento de cálculo se mantém inalterado. Em caso de redução dos volumes é fundamental que se observe o volume mínimo necessário para a leitura fotométrica. Volumes da amostra menores que 0,01 mL são críticos em aplicações manuais e devem ser usados com cautela porque aumentam a imprecisão da medição. CÁLCULOS Absorbância do teste Albumina (g/dL) = x 3,8 Absorbância do padrão Exemplo: CALIBRAÇÃO O padrão é rastreável ao Certified Reference Material CRM (BCR) 470 do Institute for Reference Materials and Measurements/International Federation of Clinical Chemistry (IRMM/IFCC). Calibrações Manuais Obter semanalmente o fator de calibração. Sistemas Automáticos Branco de reagentes: água ou solução de NaCl 150 mmol/L (0,85%); Padrões: usar calibradores protéicos. As concentrações de albumina nos calibradores da linha Calibra da Labtest são rastreáveis ao CRM (BCR) 470 do IRMM/IFCC. " " Intervalo de calibrações Deve-se recalibrar o sistema nas seguintes situações: Calibração de 2 ou 3 pontos ao mudar de lote; Calibração de 2 ou 3 pontos quando o controle interno da qualidade indicar. " " LINEARIDADE O resultado da medição é linear até 6,0 g/dL. Para valores maiores, diluir a amostra com NaCl 150 mmol/L (0,85%), realizar nova medição e multiplicar o resultado obtido pelo fator de diluição. Diluir a amostra de tal modo que o valor encontrado se situe entre 3,0 e 4,5 g/dL. Sugerimos a verificação da linearidade metodológica e fotométrica, no mínimo semestralmente, utilizando amostras com valores até 6,0 g/dL. CONTROLE INTERNO DA QUALIDADE O laboratório deve manter um programa de controle interno da qualidade que defina claramente os regulamentos aplicáveis, objetivos, procedimentos, critérios para especificações da qualidade e limites de tolerância, ações corretivas e registro das atividades. Materiais de controle devem ser utilizados para avaliar a imprecisão e desvios da calibração. Sugere-se que as especificações para o coeficiente de variação e o erro total sejam baseadas nos componentes da variação biológica 5, 6,7 (VB) . Sugere-se utilizar as preparações estabilizadas da linha Qualitol da Labtest para controle interno da qualidade em ensaios de química clínica. Absorbância do teste = 0,242 Absorbância do padrão = 0,302 0,242 Albumina (g/dL) = = 12,6 0,302 " PROCEDIMENTO Tomar 3 tubos de ensaio e proceder como a seguir: Reagente de Cor (nº 1) 3,8 Fator = x 3,8= 3,0 0,302 Devido a grande reprodutibilidade que pode ser obtida com a metodologia, pode-se utilizar o método do fator. 3,8 Fator de Calibração = Absorbância do padrão Albumina (g/dL) = Absorbância do teste x Fator INTERVALO DE REFERÊNCIA Os intervalos devem ser usados apenas como orientação. Recomenda-se que cada laboratório estabeleça, na população atendida, seus próprios intervalos de referência. 8 Crianças e Adolescentes (g/dL) 1 a 30 dias 2,6 a 4,3 31 a 182 dias 2,8 a 4,6 183 a 365 dias 2,8 a 4,8 1 a 18 anos 2,9 a 4,7 Adultos: 3,5 a 5,5 g/dL Conversão: Unidades Convencionais (g/dL) x 144,9 = Unidades SI (µmol/L) 6 CARACTERÍSTICAS DO DESEMPENHO Exatidão Em duas amostras com concentrações de albumina iguais a 2,7 e 4,2 g/dL foram adicionadas quantidades diferentes do analito, obtendo-se recuperações entre 97 e 103%. O erro sistemático proporcional médio obtido em um valor de 3,5 g/dL foi igual a 0,04 g/dL ou 1,1%. Especificidade O método proposto foi comparado com um método similar utilizando 80 amostras com valores situados entre 2,5 e 5,3 g/dL. A comparação resultou na equação da regressão: y = 0,09 + 0,98x e um coeficiente de correlação (r) igual a 0,994. O erro sistemático total (constante e proporcional) verificado no nível de decisão (3,5 g/dL) foi igual a 0,02 g/dL ou 0,6%. Como as amostras foram selecionadas aleatoriamente em pacientes de ambulatório e pacientes hospitalizados, pode-se inferir que o método tem uma especificidade metodológica adequada. Repetitividade - Imprecisão intra-ensaio N MÉDIA DP CV% Amostra 1 20 3,5 0,03 0,9 Amostra 2 20 5,2 0,06 1,2 Reprodutibilidade - Imprecisão total N MÉDIA DP CV% Amostra 1 20 3,4 0,07 2,0 Amostra 2 20 5,1 0,06 1,2 Sensibilidade metodológica Uma amostra protéica não contendo albumina foi utilizada para calcular o limite de detecção do ensaio tendo sido encontrado um valor igual a 0,015 g/dL, equivalente a média de 20 ensaios mais dois desvios padrão. Utilizando-se a absorbância do padrão como parâmetro, verificou-se que o limite de detecção fotométrica é de 0,013 g/dL, correspondendo a uma absorbância igual a 0,001. Efeitos da diluição da matriz Duas amostras com valores iguais a 6,3 e 6,7 g/dL foram utilizadas para avaliar a resposta do sistema nas diluições da matriz com NaCl 150 mmol/L (0,85%). Usando fatores de diluição que variaram de 2 a 8 foram encontradas recuperações entre 95 e 103%. SIGNIFICADO CLÍNICO A albumina é a proteína mais importante do plasma humano, representando 40 a 60% do total de proteína. Os níveis plasmáticos de albumina, devido à sua relação com o aporte de proteína e à produção no fígado, são freqüentemente usados como parâmetro para avaliação do estado nutricional e função hepática. Diminuições da albumina ocorrem na cirrose e outras doenças hepáticas incluindo o alcoolismo crônico, na gravidez associado ao uso de contraceptivos orais, em muitas doenças crônicas incluindo neoplasias, síndrome nefrótica, enteropatias com perda protéica (doença de Chron, colite ulcerativa), doenças inflamatórias como as doenças autoimunes, imobilização prolongada, falência cardíaca e outros estados catabólicos crônicos. A elevação da albumina sérica é encontrada somente na desidratação. OBSERVAÇÕES 1. A limpeza e secagem adequadas do material utilizado são fatores fundamentais para a estabilidade dos reagentes e obtenção de resultados corretos. 2. A água utilizada no laboratório deve ter a qualidade adequada a cada aplicação. Assim, para preparar reagentes e usar nas medições, deve ter resistividade ³1 megaohm ou condutividade £1 microsiemens e concentração de silicatos <0,1 mg/L (água tipo II). Para o enxágüe da vidraria a água pode ser do tipo III, com resistividade ³0,1 megaohms ou condutividade £10 microsiemens. No enxágüe final utilizar água tipo II. Quando a coluna deionizadora está com sua capacidade saturada ocorre a produção de água alcalina com liberação de vários íons, silicatos e substâncias com grande poder de oxidação ou redução, que deterioram os reagentes em poucos dias ou mesmo horas alterando os resultados de modo imprevisível. Assim, é fundamental estabelecer um programa de controle da qualidade da água. 3. Para uma revisão das fontes medicamentosas de interferência nos resultados e na metodologia sugere-se consultar: <www.fxol.org/>. REFERÊNCIAS 1. Bartholomew RJ, Delaney AM. Proc Austral Assoc Clin Biochem 1966;1:214. 2. Basques JCA, Cabral GL, Cruz RS. Com II Congr Bras Anal Clin. Janeiro, 1972. 3. Tonks DB. Quality Control in Clinical Laboratories, WamerChilcott Laboratories, Diagnostic Reagents Division, Scarborough, Canada, 1972. 4. Peters T, Biamont GT, Doumas BT. Albumin in serum. Em Faulkner WR. Meites S, eds. Selected methods of clinical chemistry, volume 9, Washington: AACC Press, 1982:319. 5. Westgard JO, Groth T. Clin Chem 1981;27:493-501. 6. Sociedad Española de Bioquímica Clínica y Patología Molecular, Base de Datos de Variación Biológica. Disponívelem:<http://www.seqc.es/article/articleview/330/1 /170> (acesso em 04/2006). 7. Basques JC. Especificações da Qualidade Analítica. Labtest Diagnóstica 2005. 8. Soldin SJ, Brugnara C, Wong EC: Pediatric Reference Ranges, 5a. edição, Washington: AACC Press, 2005:5-6. 9. Labtest: Dados de Arquivo. APRESENTAÇÃO Catálogo Reagente de Cor Padrão 19-100 19-250 1 x 100 mL 1 x 1 mL 1 x 250 mL 1 x 1 mL Estão disponíveis aplicações para sistemas automáticos. O número de testes em aplicações automáticas depende dos parâmetros de programação. INFORMAÇÕES AO CONSUMIDOR Termos e Condições de Garantia A Labtest Diagnóstica garante o desempenho deste produto dentro das especificações até a data de expiração indicada nos rótulos, desde que os cuidados de utilização e armazenamento indicados nos rótulos e nestas instruções sejam seguidos corretamente. Serviço de Apoio ao Cliente Telefone 0800-31-3411 - Ligação Gratuita e-mail: [email protected] Labtest Diagnóstica S.A. CNPJ: 16.516.296 / 0001 - 38 Av. Paulo Ferreira da Costa, 600 - Vista Alegre Lagoa Santa - Minas Gerais - Brasil - 33400-000 www.labtest.com.br Revisão: Dezembro, 2005. Ref.: 181206 Copyright by Labtest Diagnóstica S.A. Reprodução sob prévia autorização Instruções de Uso COLESTEROL HDL Cat.13 ANVISA 10009010026 FINALIDADE Sistema para precipitação seletiva das lipoproteínas de baixa e muito baixa densidade (LDL e VLDL) e determinação do Colesterol HDL no sobrenadante, com reação de ponto final. Somente para uso diagnóstico in vitro. PRINCÍPIO As lipoproteínas de muita baixa densidade (VLDL) e as lipoproteínas de baixa densidade (LDL) são quantitativamente precipitadas e após centrifugação, o colesterol ligado às lipoproteínas de alta densidade (Colesterol HDL) é determinado no sobrenadante. CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA Na seleção de um sistema para dosar o Colesterol HDL, a Labtest optou pelo ácido fosfotúngstico e cloreto de magnésio que, precipitando seletiva e quantitativamente as VLDL e LDL permitem a obtenção de resultados comparáveis ao do método de referência. Após centrifugação o Colesterol HDL é determinado no sobrenadante utilizando o sistema enzimático Colesterol Liquiform - Labtest (Cat. 76). O sistema de medida colorimétrica é facilmente adaptável à maioria dos analisadores automáticos capazes de medir uma reação de ponto final em 500 nm. METODOLOGIA Labtest REAGENTES 1. Precipitante - Armazenar entre 2 - 8 °C. Contém ácido fosfotúngstico 1,5 mmol/L e cloreto de magnésio 54 mmol/L. 2. Padrão 20 mg/dL - Armazenar entre 2 - 8 °C. Contém Colesterol 0,52 mmol/L. Armazenar bem vedado para evitar evaporação. Os reagentes não abertos, quando armazenados nas condições indicadas, são estáveis até a data de expiração impressa no rótulo. Durante o manuseio, os reagentes estão sujeitos à contaminações de natureza química e microbiana que podem provocar redução da estabilidade. PRECAUÇÕES E CUIDADOS ESPECIAIS Não utilizar o Reagente 1 - Colesterol Liquiform - Labtest (Cat.76) quando sua absorbância medida contra a água em 500 nm for igual ou maior que 0,300, ou quando mostrar-se turvo ou com sinais de contaminação. Os cuidados habituais de segurança devem ser aplicados na manipulação do reagente. MATERIAL NECESSÁRIO E NÃO FORNECIDO Banho-maria mantido à temperatura constante (37 °C). Fotômetro capaz de medir, com exatidão, a absorbância entre 490 e 540 nm. Pipetas para medir amostras e reagente. Cronômetro. Centrífuga com capacidade superior a 3500 rpm. Reagente para determinação de colesterol. INFLUÊNCIAS PRÉ-ANALÍTICAS As concentrações do colesterol HDL medidas em um mesmo indivíduo e em diferentes ocasiões podem flutuar consideravelmente devido as variações biológicas e também às variações do método analítico. As concentrações no sangue são fortemente influenciadas por fatores tais como dieta recente, ingestão de álcool, variações do peso corporal, atividades físicas e hábito de fumar. Os hormônios e outras medicações também produzem variações na concentração do colesterol HDL. Considera-se que a variação biológica está em torno de 7,5%. Assim, em uma série de repetições da dosagem em um mesmo indivíduo, dois terços dos resultados estarão entre ±7,5% do valor médio. Portanto, a variação biológica se constitui no fator mais importante da variabilidade total do colesterol HDL. Os efeitos da variação biológica podem ser controlados até certo ponto através da padronização das condições de preparo do paciente e da colheita da amostra, mas o colesterol HDL não pode ser estimado com confiança através de um ensaio de uma única amostra. Várias amostras devem ser obtidas e a média dos resultados pode ser considerada como a concentração usual do colesterol HDL ou, mais exatamente, pode ser considerada a faixa usual de resultados para o indivíduo. AMOSTRA Deve ser criado um Procedimento Operacional Padrão (POP) que estabeleça procedimentos adequados para colheita, preparação e armazenamento da amostra. Enfatizamos que os erros devidos à amostra podem ser muito maiores que os erros ocorridos durante o procedimento analítico. Usar soro. O analito é estável 3 dias entre 2 - 8 °C. Obter a amostra após jejum de pelo menos 12 horas. Não utilizar amostras fortemente hemolisadas. Como nenhum teste conhecido pode assegurar que amostras de sangue não transmitem infecções, todas elas devem ser consideradas como potencialmente infectantes. Portanto, ao manuseá-las, deve-se seguir as normas estabelecidas para biossegurança. Para descartar os reagentes e o material biológico sugerimos aplicar as normas locais, estaduais ou federais de proteção ambiental. INTERFERÊNCIAS Valores de bilirrubina até 5 mg/dL, hemoglobina até 180 mg/dL e triglicérides até 750 mg/dL não produzem interferências significativas. Valores de bilirrubina acima de 5 mg/dL produzem resultados falsamente diminuídos. Valores de triglicérides acima de 750 mg/dL produzem resultados falsamente elevados. Para avaliar a concentração aproximada da hemoglobina em uma amostra hemolisada pode-se proceder do seguinte modo: diluir 0,05 mL da amostra em 2,0 mL de NaCl 150 mmol/L (0,85%) e medir a absorbância em 405 ou 415 nm acertando o zero com água deionizada ou destilada. Hemoglobina(mg/dL) @ Absorbância405 x 601 Hemoglobina(mg/dL) @ Absorbância415 x 467 LIMITAÇÕES DO MÉTODO Manter sempre a relação Amostra/Precipitante igual a 1:1. Após a centrifugação, remover o sobrenadante límpido dentro de 15 minutos para evitar resultados falsamente elevados. Amostras lipêmicas e ocasionalmente amostras não lipêmicas podem apresentar o sobrenadante turvo. Neste caso diluir a amostra 1:2 com NaCI 150 mmol/L e repetir a precipitação. Multiplicar o resultado final por 2. Caso o sobrenadante permaneça ainda turvo a amostra não pode ser utilizada para determinar o colesterol HDL. Algumas amostras, principalmente lipêmicas, podem apresentar o sobrenadante límpido com uma camada na sua superfície que não deve ser pipetado, para evitar resultados falsamente elevados. CÁLCULOS Devido a diluição 1:2 aplicada às amostras durante o procedimento de precipitação das VLDL e LDL, o valor do Padrão para cálculo dos resultados deve ser corrigido para 40 mg/dL. Absorbância do Teste Colesterol HDL (mg/dL) = x 40 Absorbância do Padrão Exemplo Absorbância do Teste = 0,290 Absorbância do Padrão = 0,320 0,290 Colesterol HDL (mg/dL) = x 40 = 36 0,320 PROCEDIMENTO Ver limitações do método. Devido a grande reprodutibilidade que pode ser obtida com a metodologia, pode-se utilizar o método do fator. Precipitação das VLDL e LDL Em um tubo 12 x 75 colocar: Fator de Calibração = Soro Precipitante 40 Absorbância do Padrão 0,25 mL 0,25 mL Colesterol HDL(mg/dL) = Absorbância do Teste x Fator Agitar vigorosamente durante 30 segundos. A agitação sugerida é fundamental para obtenção de resultados consistentes. Centrifugar a 3500 rpm por pelo menos 15 minutos para obter um sobrenadante límpido. Pipetar o sobrenadante límpido imediatamente após a centrifugação, tomando o cuidado para não ressuspender o precipitado, a fim de evitar resultados falsamente elevados. Colorimetria Ver observações 1, 2 e 3. Utilizar com o Reagente 1 - Colesterol Liquiform - Labtest (Cat. 76). Tomar 3 tubos de ensaio e proceder como a seguir: Padrão Branco Teste Sobrenadante ---- 0,1 mL ---- Padrão (nº2) ---- ---- 0,1 mL Reagente 1 1,0 mL 1,0 mL 1,0 mL o Misturar e colocar no banho-maria a 37 C durante 10 minutos. O nível da água no banho deve ser superior ao nível do reagente nos tubos de ensaio. Determinar as absorbâncias do teste e padrão em 500 nm ou filtro verde (490 a 540) acertando o zero com o branco. A cor é estável por 60 minutos. O procedimento sugerido para a medição é adequado para fotômetros cujo volume mínimo de solução para leitura é igual ou menor que 1,0 mL. Deve ser feita uma verificação da necessidade de ajuste do volume para o fotômetro utilizado. Os volumes de amostra e reagente podem ser modificados proporcionalmente sem prejuízo para o desempenho do teste e o procedimento de cálculos se mantém inalterado. Em caso de redução dos volumes é fundamental que se observe o volume mínimo necessário para a leitura fotométrica. Volumes da amostra menores que 0,01 mL são críticos em aplicações manuais e devem ser usados com cautela porque aumentam a imprecisão da medição. Exemplo 40 Fator = = 125 0,320 Colesterol HDL (mg/dL) = 0,290 x 125 = 36 RASTREABILIDADE DO SISTEMA A calibração do sistema é rastreável ao Standard Reference Material (SRM) 911 do National Instituite of Standards and Technology (NIST). LINEARIDADE O resultado da medição é linear até 200 mg/dL. Quando for obtido um valor igual ou maior que 200 mg/dL, diluir a amostra 1:2 com NaCl 150 mmol/L (0,85%), realizar nova medição e multiplicar o resultado pelo fator de diluição. CONTROLE INTERNO DA QUALIDADE O laboratório deve manter um programa de controle interno da qualidade que defina claramente os objetivos, procedimentos, normas, critérios para limites de tolerância, ações corretivas e registro das atividades. Ao mesmo tempo deve-se manter um sistema definido para monitorizar a variabilidade analítica que ocorre em todo o sistema de medição. Portanto, o uso de controles para avaliar a imprecisão e desvios de calibração deve ser prática rotineira no laboratório clínico. Sugere-se usar um controle com um valor situado na faixa de referência ou no nível de decisão e outro controle com um valor em outra faixa de significância clínica. Deve-se criar uma meta de estado de controle para que o erro de bias seja £ ± 5,0%, e o erro total seja £ 13% e monitorar continuamente o estado de controle através 8 do sistema de regras de controle . Sugere-se utilizar as preparações estabilizadas da Linha Qualitrol - Labtest, para controle interno da qualidade em ensaios de química clínica. VALORES DESEJÁVEIS OU RECOMENDADOS Estes valores devem ser usados apenas como orientação. Recomenda-se que cada laboratório estabeleça, na população atendida, sua própria faixa de valores de referência. Os valores desejáveis ou recomendados substituem os valores de referência e são determinados a partir de dados epidemiológicos, calculados estatisticamente, que relacionam os níveis do colesterol com a prevalência de doença coronaria isquêmica (DCI). Classificação ATP III de Colesterol Total, LDL e HDL (mg/dL): 10 Crianças e Adolescentes Colesterol Total Idade: 2 a 19 anos: Desejável: < 170 mg/dL Limítrofe: 170 a 199 mg/dL Elevado: ³ 200 mg/dL Colesterol LDL Idade: 2 a 19 anos: Desejável: <110 mg/dL Limítrofe: 110 a 129 mg/dL Elevado: ³ 130 mg/dL Colesterol HDL Idade: < 10 anos: Desejável: ³ 40 mg/dL 10 a 19 anos: Desejável: ³ 35 mg/dL 11 Adultos Colesterol Total Desejável: < 200 Limiar elevado: 200-239 Elevado: ³ 240 Repetitividade - Imprecisão intra-ensaio N MÉDIA DP CV(%) Amostra 1 20 40 0,60 1,5 Amostra 2 20 59 0,49 0,8 Reprodutibilidade - Imprecisão total N MÉDIA DP CV(%) Amostra 1 20 40 0,83 2,0 Amostra 2 20 58 0,99 1,7 Sensibilidade metodológica Uma amostra protéica não contendo colesterol HDL foi utilizada para calcular o limite de detecção do ensaio tendo sido encontrado um valor igual a 0,40 mg/dL, equivalente à média de 20 ensaios mais dois desvios padrão. Utilizando-se a absorbância do padrão como parâmetro, o limite de detecção fotométrica é 0,12 mg/dL, correspondendo a uma absorbância igual a 0,001. Efeitos da diluição da matriz Uma amostra com valor igual a 92 mg/dL foi utilizada para avaliar a resposta do sistema nas diluições da matriz com NaCl 150 mmol/L (0,85%). Usando fatores de diluição que variaram de 1,2 a 2,0 encontraram-se recuperações entre 93 e 103%. SIGNIFICADO CLÍNICO Não há dúvida de que o colesterol é um fator de risco para DCI e que ele marcha - junto com o fumo, hipertensão e intolerância à glicose - como um dos quatro grandes fatores de DCI. Estudos prospectivos e retrospectivos não deixam dúvidas da existência de uma interrelação curvilinear entre os níveis de colesterol sérico, mais especificamente LDL e VLDL, e a incidência de DCI. Colesterol LDL Ótimo: < 100 Limiar ótimo: 100-129 Limiar elevado: 130-159 Elevado: 160-189 Muito elevado: ³ 190 Em 1977 ficou demonstrado que o Colesterol HDL tem um efeito protetor contra a DCI. Os estudos de Framinghan revelaram que os níveis do Colesterol HDL são inversamente proporcionais à prevalência de DCI. Colesterol HDL Baixo: < 40 Elevado (desejável): ³ 60 9 CARACTERÍSTICAS DO DESEMPENHO Exatidão Em duas amostras com concentrações de colesterol HDL iguais a 28 e 54 mg/dL foram adicionadas quantidades diferentes do analito, obtendo-se recuperações entre 95 e 100%. O erro sistemático proporcional médio obtido em um valor de 60 mg/dL foi igual a 1,2 mg/dL ou 2,0%. Especificidade O método proposto foi comparado com um método similar utilizando 80 amostras com valores situados entre 7 e 86 mg/dL. A comparação resultou na equação da regressão: y = 1,337 + 0,932x e um coeficiente de correlação (r) igual a 0,993. O erro sistemático total (constante e proporcional) verificado no nível de decisão (60 mg/dL) foi igual a 2,74 mg/dL ou 4,5%. Como as amostras foram selecionadas aleatoriamente em pacientes de ambulatório e pacientes hospitalizados, pode-se inferir que o método tem uma especificidade metodológica adequada. Está bem estabelecido que níveis elevados de Colesterol LDL estão associados com risco aumentado de DCI. Também não há dúvida de que tanto o Colesterol Total e as frações LDL e VLDL podem ser diminuídas com dieta ou medicamento. A redução de 1% no valor do Colesterol Total diminui a prevalência de DCI em aproximadamente 2%. As concentrações do Colesterol Total e do Colesterol HDL dependem de metabolismos distintos e não se deve fazer qualquer tentativa de buscar correlação entre seus níveis de concentração. COMO CALCULAR A CONCENTRAÇÃO DO COLESTEROL VLDL E LDL A concentração do Colesterol VLDL e LDL pode ser calculada utilizando a equação de Friedewald, que é exata para amostras cujas concentrações de triglicérides não ultrapassem 400 mg/dL e não pertençam a pacientes portadores de lipoproteinemia do Tipo III. Equação de Friedewald Colesterol VLDL = Triglicérides / 5 Colesterol LDL = Colesterol Total - (HDL + VLDL) OBSERVAÇÕES 1. A limpeza e secagem adequadas do material utilizado são fatores fundamentais para a estabilidade dos reagentes e obtenção de resultados corretos. APRESENTAÇÃO Catálogo Precipitante Padrão 2. A água utilizada no laboratório deve ter a qualidade adequada a cada aplicação. Assim, para preparar reagentes e usar nas medições deve ter resistividade ³ 1 megaohm ou condutividade £ 1 microsiemens e concentração de silicatos < 0,1 mg/L (água tipo II). Para o enxágüe da vidraria a água pode ser do tipo III, com resistividade ³ 0,1 megaohms ou condutividade £ 10 microsiemens. No enxágüe final utilizar água tipo II. Quando a coluna deionizadora está com sua capacidade saturada ocorre a produção de água alcalina com liberação de vários íons, silicatos e substâncias com grande poder de oxidação ou redução, que deterioram os reagentes em poucos dias ou mesmo horas alterando os resultados de modo imprevisível. Assim, é fundamental estabelecer um programa de controle da qualidade da água. 3. Para uma revisão das fontes medicamentosas de interferência nos resultados e na metodologia sugere-se consultar <www.fxol.org/>. 13-25 1 x 25 mL 1 x 5 mL INFORMAÇÕES AO CONSUMIDOR Termos e condições de garantia A Labtest Diagnóstica garante o desempenho deste produto dentro das especificações até a data de expiração indicada nos rótulos desde que os cuidados de utilização e armazenamento indicados nos rótulos e nestas instruções sejam seguidos corretamente. Serviço de apoio ao cliente Telefone: 0800 31-3411 (Ligação gratuita) e-mail: [email protected] Labtest Diagnóstica S.A. CNPJ: 16.516.296/0001-38 Av. Paulo Ferreira da Costa, 600 - Vista Alegre Lagoa Santa - Minas Gerais - Brasil - 33400-000 www.labtest.com.br REFERÊNCIAS 1. III Diretrizes Brasileiras sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol 2001;77(suppl III):1-48. 2. Tonks DB. Quality Control in Clinical Laboratories, WarnerChilcott Laboratories, Diagnostic Reagents Division, Scarborough, Canada, 1972. 3. Virella MFL, Stone P, Ellis S, Colwell G. Clin Chem 1977; 23:882-884. 4. Warnick RG, Naguyent T, Albers AA. Clin Chem 1985; 2:217222. 5. Warnick RJ. Handbook of lipoprotein testing. Washington: AACC Press, 1997. 6. Warnick RG, Wood PD. Clin Chem 1995; 41: 1427-33. 7. NCEP - Detection, evaluation and treatment of high blood cholesterol in adults (Adult Treatment Panel III). NIH Publication 02-5215, Bethesda, MD, 2002. 8. Westgard JO, Barry PL, Hunt MR, Growth T.1981;27:493501. 9. Labtest. Dados de Arquivo. 10. Leite PF, Martinez TLR, Halpern A, Cendoroglo MS, Novazzi JP, Fonseca FAH, Dias JCA. Risco cardiovascular: fatores metabólicos e nutricionais: diagnóstico e tratamento. São Paulo: Loyola, 1994. p.56. 11. Executive Summary of the Third report of the National Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment Panel III). JAMA 2001;285:2486-97. Revisão: Abril, 2004. Ref.: 300606 Copyright by Labtest Diagnóstica S.A. Reprodução sob prévia autorização Instruções de Uso COLESTEROL Liquiform O sistema é facilmente aplicável em analisadores automáticos e semi-automáticos capazes de medir uma reação de ponto final em 500 nm e pode ser usado para medição do colesterol HDL após precipitação seletiva das LDL e VLDL. Cat. 76 ANVISA 10009010068 METODOLOGIA Enzimático-Trinder. FINALIDADE Sistema enzimático para a determinação do colesterol total em amostras de soro, por reação de ponto final. Somente para uso diagnóstico in vitro. REAGENTES 1. Reagente 1 - Armazenar entre 2 - 8°C. Contém tampão 50 mmol/L, pH 7,0; fenol 24 mmol/L; colato de sódio 500 mmol/L; azida sódica 15 mmol/L; 4-aminoantipirina 500 mmol/L; colesterol esterase ³250 U/L, colesterol oxidase ³250 U/L e peroxidase ³1000 U/L . PRINCÍPIO O colesterol total é determinado de acordo com as seguintes reações: Colesterol Ésteres do colesterol Colesterol + Ácidos graxos Esterase Colesterol Colesterol + O2 Colest-4-en-ona + H2O2 Oxidase Peroxidase 2 H2O2 + Fenol + 4-Aminoantipirina Antipirilquinonimina + 4 H2O Os ésteres de colesterol são hidrolisados pela colesterol esterase a colesterol livre e ácidos graxos. O colesterol livre é oxidado pela colesterol oxidase a colest-4-en-ona e peróxido de hidrogênio. Na presença de peroxidase e peróxido de hidrogênio, o fenol e a 4-aminoantipirina são oxidados formando a antipirilquinonimina que tem absortividade máxima em 500 nm. A intensidade da cor vermelha formada na reação final é diretamente proporcional à concentração do colesterol na amostra. CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA Os valores elevados do colesterol, principalmente o colesterol ligado às lipoproteínas de baixa densidade, são um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento da doença arterial coronariana. O National Cholesterol 6 Education Program (NCEP) recomenda que os sistemas de medição do colesterol apresentem características de desempenho capazes de atingir os requisitos de exatidão e precisão necessários para que os resultados tenham utilidade médica. Os dados de exatidão, repetitividade e reprodutibilidade obtidos com o sistema Colesterol Liquiform demonstram que o método é capaz de fornecer resultados que superam as exigências do NCEP, fazendo com que possa ser considerado como bastante seguro para a medição confiável do colesterol total nos níveis de decisão mais importantes. Adicionalmente, a comparação entre as imprecisões encontradas na repetitividade e na reprodutibilidade demonstra que o sistema de medição é bastante robusto nas regiões de concentrações significativas para uso clínico, indicando um desempenho estável no dia a dia. O sistema é composto de um único reagente pronto para uso, com estabilidade que garante desempenho consistente em sua forma líquida original e manutenção das condições ótimas da reação. Colesterol Liquiform possui um sistema clarificador de alta eficiência que elimina as interferências positivas produzidas por valores de triglicérides até 2600 mg/dL. Para preservar o desempenho, o reagente deve permanecer fora da geladeira somente o tempo necessário para se obter o volume a ser utilizado. Evitar exposição à luz solar direta. 2. Padrão - 200 mg/dL - Armazenar entre 2 - 30°C. Contém azida sódica 15 mmol/L. Após o manuseio sugere-se armazenar bem vedado para evitar evaporação. Os reagentes não abertos, quando armazenados nas condições indicadas, são estáveis até a data de expiração impressa no rótulo. Durante o manuseio, os reagentes estão sujeitos à contaminações de natureza química e microbiana que podem provocar redução da estabilidade. PRECAUÇÕES E CUIDADOS ESPECIAIS Não utilizar o Reagente 1 quando sua absorbância, medida contra a água em 500 nm, for igual ou maior que 0,300 ou quando mostrar-se turvo ou com sinais de contaminação. Os cuidados habituais de segurança devem ser aplicados na manipulação do reagente. O Reagente 1 e o Padrão contém azida sódica que é toxica. Deve-se tomar cuidado para evitar a ingestão e no caso de contato com os olhos deve-se lavar imediatamente com grande quantidade de água e procurar auxílio médico. A azida pode formar compostos altamente explosivos com tubulações de chumbo e cobre. Portanto, utilizar grandes volumes de água para descartar o reagente. Os reagentes não abertos, quando armazenados nas condições indicadas, são estáveis até a data de expiração impressa no rótulo. Durante o manuseio, os reagentes estão sujeitos à contaminações de natureza química e microbiana que podem provocar redução da estabilidade. MATERIAL NECESSÁRIO E NÃO FORNECIDO Banho-maria mantido à temperatura constante (37°C). Fotômetro capaz de medir, com exatidão, a absorbância entre 490 e 510 nm. Pipetas para medir amostras e reagente. Cronômetro. INFLUÊNCIAS PRÉ-ANALÍTICAS A postura durante a colheita da amostra deve ser padronizada porque pode ter efeitos significativos nos resultados. Se as amostras são obtidas com o paciente na posição sentada, deve-se padronizar para que o indivíduo esteja sentado durante 15 minutos e não mais que 30 minutos. Um garroteamento maior que 1 minuto produz hemoconcentração, o que pode aumentar os valores do colesterol em 5,0% após 2 minutos e 10,0 a 15,0% após 5 minutos. Portanto, é muito importante obter a amostra de sangue após liberar o torniquete devendo-se padronizar todo o procedimento da colheita. A variação biológica do colesterol, decorrente da variação também biológica das lipoproteínas transportadoras do colesterol, é observada quando a dosagem do colesterol é repetida em um mesmo laboratório no espaço mínimo de uma semana. Ela ocorre independentemente do erro analítico e pode variar entre 1,7 e 11,6% com uma média de 6,1% devido, principalmente, à variação biológica da LDL que é a principal lipoproteína transportadora de colesterol. PROCEDIMENTO Ver observações 1, 2 e 3. Níveis elevados de ascorbato (vitamina C) produzem interferências negativas por competição com o cromogênio na reação da peroxidase. Se houver suspeita da presença de ácido ascórbico deixar o soro em repouso durante 90 minutos antes de iniciar a dosagem para minimizar a ação do interferente. Reagente 1 AMOSTRA Deve ser criado um Procedimento Operacional Padrão (POP) que estabeleça procedimentos adequados para colheita, preparação e armazenamento da amostra. Enfatizamos que os erros devidos à amostra podem ser muito maiores que os erros ocorridos durante o procedimento analítico. De modo geral, a amostra de sangue pode ser obtida com ou sem jejum, mas é altamente recomendável que todos os ensaios dos lípides sanguíneos, incluindo o colesterol, sejam realizados em amostras colhidas em jejum. As vantagens da utilização de amostras colhidas em jejum são decorrentes da padronização da colheita, pois permitem a realização da determinação de outros lípides que requerem o jejum e minimizam a interferência da lipemia pós prandial que está freqüentemente presente em amostras obtidas sem o jejum. Tomar 3 tubos de ensaio e proceder como a seguir: Padrão Branco Teste Amostra -- 0,01 mL -- Padrão (N° 2) -- -- 0,01 mL 1,0 mL 1,0 mL 1,0 mL Misturar e incubar em banho-maria a 37°C durante 10 minutos. O nível de água no banho deve ser superior ao nível de reagentes nos tubos de ensaio. Determinar as absorbâncias do teste e padrão em 500 nm ou filtro verde (490 a 510), acertando o zero com o branco. A cor é estável por 60 minutos. O procedimento sugerido para a medição é adequado para fotômetros cujo volume mínimo de solução para leitura é igual ou menor que 1,0 mL. Deve ser feita uma verificação da necessidade de ajuste do volume para o fotômetro utilizado. Os volumes de amostra e reagente podem ser modificados proporcionalmente sem prejuízo para o desempenho do teste e o procedimento de cálculo se mantém inalterado. Em caso de redução dos volumes é fundamental que se observe o volume mínimo necessário para a leitura fotométrica. Volumes da amostra menores que 0,01 mL são críticos em aplicações manuais e devem ser usados com cautela porque aumentam a imprecisão da medição. CÁLCULOS Usar soro. Anticoagulantes como citrato, oxalato ou EDTA produzem resultados falsamente diminuídos. O analito é 6 estável 7 dias entre 2 - 8°C e 6 meses a 20°C negativos . Homogeneizar bem as amostras lipêmicas antes de iniciar a dosagem. Não utilizar amostras fortemente hemolisadas. Absorbância do Teste Colesterol (mg/dL) = x 200 Absorbância do Padrão Exemplo: Como o volume de amostra é pequeno, deve-se pipetar com cuidado para minimizar a imprecisão do sistema de medição. Absorbância do Teste = 0,290 Absorbância do Padrão = 0,345 Como nenhum teste conhecido pode assegurar que amostras de sangue não transmitem infecções, todas elas devem ser consideradas como potencialmente infectantes. Portanto, ao manuseá-las, deve-se seguir as normas estabelecidas para biossegurança. Colesterol (mg/dL) = Para descartar os reagentes e o material biológico, sugerimos aplicar as normas locais, estaduais ou federais de proteção ambiental. 0,290 x 200 = 168 0,345 Devido a grande reprodutibilidade que pode ser obtida com a metodologia, pode-se utilizar o método do fator. 200 Fator de Calibração = Absorbância do Padrão INTERFERÊNCIAS Valores de bilirrubina até 5 mg/dL, hemoglobina até 180 mg/dL e triglicérides até 2600 mg/dL não produzem interferências significativas. Valores de bilirrubina entre 5 e 38 mg/dL produzem resultados falsamente diminuídos proporcionais à concentração da bilirrubina. Colesterol (mg/dL) = Absorbância do Teste x Fator Para avaliar a concentração aproximada da hemoglobina em uma amostra hemolisada pode-se proceder do seguinte modo: Diluir 0,05 mL da amostra em 2,0 mL de NaCl 150 mmol/L (0,85%) e medir a absorbância em 405 ou 415 nm acertando o zero com água deionizada ou destilada. Colesterol (mg/dL) = 0,290 x 580 = 168 Hemoglobina(mg/dL) @ Absorbância4 0 x5 601 Hemoglobina(mg/dL) @ Absorbância4 1 x5 467 Exemplo: 200 Fator = = 580 0,345 CALIBRAÇÃO Rastreabilidade do Sistema O padrão é rastreável ao Standard Reference Material (SRM) 911 do National Institute of Standards and Technology (NIST). Calibrações manuais Obter o fator de calibração ao usar novo lote de reagentes ou quando o controle interno da qualidade indicar. " Sistemas automáticos Branco de reagentes: água deionizada ou destilada, ou solução de cloreto de sódio 150 mmol/L (0,85%); Padrões: usar calibradores protéicos. As concentrações de Colesterol nos calibradores da linha Calibra Labtest são rastreáveis ao SRM 1951 do NIST. " " Intervalo de calibrações Deve-se recalibrar o sistema nas seguintes situações: Calibração de 2 ou 3 pontos ao mudar de lote; Calibração de 2 ou 3 pontos quando o controle interno da qualidade indicar. " " LINEARIDADE O resultado da medição é linear até 500 mg/dL. Quando for obtido um valor igual ou maior que 500 mg/dL, diluir a amostra com NaCl 150 mmol/L (0,85%), realizar nova medição e multiplicar o resultado pelo fator de diluição. Diluir a amostra de tal modo que o valor encontrado se situe entre 150 e 300 mg/dL. Sugerimos a verificação da linearidade metodológica e fotométrica, no mínimo semestralmente, utilizando amostras com valores até 500 mg/dL. CONTROLE INTERNO DA QUALIDADE O laboratório deve manter um programa de controle interno da qualidade que defina claramente os objetivos, procedimentos, normas, critérios para limites de tolerância, ações corretivas e registro das atividades. Ao mesmo tempo deve-se manter um sistema definido para monitorar a variabilidade analítica que ocorre em todo o sistema de medição. Portanto, o uso de controles para avaliar a imprecisão e desvios de calibração deve ser prática rotineira no laboratório clínico. Sugere-se usar um controle com um valor situado na faixa de referência ou no nível de decisão e outro controle com um valor em outra faixa de significância clínica. Deve-se criar uma meta de estado de controle6,9 para que o erro de bias seja £ 3,0%, o coeficiente de variação seja £ 3,0% e o erro total seja £ 8,9%. Sugere-se realizar a monitoração contínua do estado de controle através do sistema de sistema de regras de controle8. 10 Crianças e Adolescentes Colesterol Idade: 2 a 19 anos: Desejável: <170 mg/dL Limítrofe: 170 a 199 mg/dL Elevado: 200 mg/dL Colesterol HDL Idade: <10 anos: 10 a 19 anos: Colesterol LDL Idade: 2 a 19 anos: Desejável: 40 mg/dL Desejável: 35 mg/dL Desejável: <110 mg/dL Limítrofe: 110 a 129 mg/dL Elevado: 130 mg/dL Conversão: Unidades Convencionais (mg/dL) x 0,026 = Unidades SI (mmol/L). 9 CARACTERÍSTICAS DO DESEMPENHO Exatidão Em duas amostras com concentrações de colesterol iguais a 146 e 245 mg/dL foram adicionadas quantidades diferentes do analito, obtendo-se recuperações entre 94 e 110%. O erro sistemático proporcional médio obtido em um valor de 200 mg/dL foi igual a 4,0 mg/dL ou 2,0%. Especificidade O método proposto foi comparado com um método similar utilizando 60 amostras com valores situados entre 96 e 495 mg/dL. A comparação resultou na equação da regressão: y = 6,92 + 0,96x e um coeficiente de correlação (r) igual a 0,996. O erro sistemático total (constante e proporcional) verificado no nível de decisão (200 mg/dL) foi igual a 1,08 mg/dL ou 0,54%. Como as amostras foram selecionadas aleatoriamente em pacientes de ambulatório e pacientes hospitalizados, pode-se inferir que o método tem uma especificidade metodológica adequada. Repetitividade - Imprecisão intra-ensaio N MÉDIA DP CV(%) Amostra 1 10 175 2,69 1,5 Sugere-se utilizar os produtos da linha Qualitrol da Labtest, para controle interno da qualidade em ensaios de química clínica. Amostra 2 10 255 3,08 1,2 Amostra 3 10 357 4,23 1,2 VALORES RECOMENDÁVEIS OU DESEJADOS Os valores abaixo substituem os valores de referência e foram determinados a partir de dados epidemiológicos tratados estatisticamente, que relacionam os níveis do colesterol com a prevalência de doença coronariana isquêmica (DCI). Reprodutibilidade - Imprecisão total DP CV(%) Classificação ATP III de LDL, Colesterol Total e HDL (mg/dL): N MÉDIA Amostra 1 10 173 4,23 2,4 Amostra 2 10 253 5,77 2,2 Amostra 3 10 353 8,46 2,1 11 Adultos Colesterol Total Desejável: < 200 Limiar elevado: 200-239 Elevado: ³ 240 Colesterol HDL Baixo: < 40 Elevado (desejável): ³ 60 Colesterol LDL Òtimo: <100 Limiar ótimo: 100-129 Limiar elevado: 130-159 Elevado: 160-189 Muito elevado: ³ 190 Sensibilidade metodológica Uma amostra protéica não contendo colesterol foi utilizada para calcular o limite de detecção do ensaio tendo sido encontrado um valor igual a 1,04 mg/dL, equivalente a média de 20 ensaios mais dois desvios padrão. Utilizando-se a absorbância do padrão como parâmetro verificou-se que o limite de detecção fotométrica é de 0,06 mg/dL, correspondendo a uma absorbância igual a 0,0001. Efeitos da diluição da matriz Duas amostras com valores iguais a 330 e 400 mg/dL foram utilizadas para avaliar a resposta do sistema nas diluições da matriz com NaCl 150 mmol/L (0,85%). Usando fatores de diluição que variaram de 2 a 8 encontraram-se recuperações entre 99 e 113%. SIGNIFICADO CLÍNICO O grande dilema da aterosclerose é que ela é um processo silente. Está ativa em todos os indivíduos e permanece sem qualquer manifestação por décadas e, subitamente se manifesta através de dor torácica, infarto agudo do miocárdio ou morte súbita. Estudos populacionais longitudinais como os de Tecumset, Albany, Framinghan, Evans, Chicago, Oslo entre outros, e também dados epidemiológicos e estudos experimentais em animais, demonstraram uma correlação positiva entre os níveis do colesterol, mais especificamente do colesterol LDL e o risco de doença arterial coronariana (DAC). Ao mesmo tempo foi evidenciado que os níveis de colesterol HDL são inversamente proporcionais ao risco de DAC. Valores aumentados de colesterol são encontrados na nefrose, hipotireoidismo, doenças colestáticas do fígado e nas hiperlipoproteínemias dos tipos IIa, IIb e III. Níveis diminuídos são encontrados no hipertireoidismo, doenças consumptivas e desnutrição crônica. Além do nível do colesterol sérico, a hipertensão e o fumo constituem fatores de risco de aterosclerose e DAC. 6. Rifai N, Warnick GR, Dominiczak MH. Handbook of lipoprotein testing. AACC Press: Washington, 1997:75-97. 7. Tonks DB. Quality Control in Clinical Laboratories, WarnerChilcott Laboratories, Diagnostics Reagents Division, Scarborough, Canada, 1972. 8. Westgard JO, Barry PL, Hunt MR, Groth T. Clin Chem 1981;27:493-501. 9. Labtest: Dados de arquivo. 10. Leite PF, Martinez TLR, Halpern A, Cendoroglo MS, Novazzi JP, Fonseca FAH, Dias JCA. Risco cardiovascular: fatores metabólicos e nutricionais: diagnóstico e tratamento. São Paulo: Loyola, 1994. P.56. 11. Executive Summary of the Third report of the National Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panel on Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment Panel III). JAMA 2001;285:2486-97. APRESENTAÇÃO OBSERVAÇÕES 1. A limpeza e secagem adequadas do material utilizado são fatores fundamentais para a estabilidade dos reagentes e obtenção de resultados corretos. Catálogo Reagente 1 Padrão 76-2/100 76-2/250 2 x 100 mL 1 x 5 mL 2 x 250 mL 1 x 5 mL 2. A água utilizada no laboratório deve ter a qualidade adequada a cada aplicação. Assim, para preparar reagentes e usar nas medições, deve ter resistividade ³ 1 megaohm ou condutividade £ 1 microsiemens e concentração de silicatos < 0,1 mg/L (água tipo II). Para o enxágüe da vidraria a água pode ser do tipo III, com resistividade ³ 0,1 megaohms ou condutividade £ 10 microsiemens. No enxágüe final utilizar água tipo II. Quando a coluna deionizadora está com sua capacidade saturada ocorre a produção de água alcalina com liberação de vários íons, silicatos e substâncias com grande poder de oxidação ou redução que deterioram os reagentes em poucos dias ou mesmo horas, alterando os resultados de modo imprevisível. Assim, é fundamental estabelecer um programa de controle da qualidade da água. O número de testes em aplicações automáticas depende dos parâmetros de programação. 3. Para uma revisão das fontes fisiopatológicas e medicamentosas de interferência nos resultados e na metodologia sugere-se consultar Young DS. Effects of Drugs on Clinical Laboratory Tests, 3ª edição, Washington: AACC Press, 1990. Estão disponíveis aplicações para sistemas automáticos. REFERÊNCIAS 1. Alain CA, Poon LS, Cahn CSG, Richmond W, Fu PC. Clin Chem 1974;20:470. INFORMAÇÕES AO CONSUMIDOR Termos e Condições de Garantia A Labtest Diagnóstica garante o desempenho deste produto dentro das especificações até a data de expiração indicada nos rótulos desde que os cuidados de utilização e armazenamento indicados nos rótulos e nestas instruções sejam seguidos corretamente. Serviço de Apoio ao Cliente Telefone 0800-31-3411 - Ligação Gratuita e-mail: [email protected] Labtest Diagnóstica S.A. CNPJ: 16.516.296 / 0001 - 38 Av. Paulo Ferreira da Costa, 600 - Vista Alegre Lagoa Santa - Minas Gerais - Brasil - 33400-000 www.labtest.com.br 2. Bergmeyer HU. Methods of Enzymatic Analysis, 3ª edição, Verlag Chemie:Weinhein, 1984;8:141-8. 3. Bull Org Mond Santé. 1970;43:891. 4. Fredrickson DS, Levy RJ, Lee RS. New Engl J Med 1967; 276:24, 94, 148, 215, 276. 5. Good NE, Winger GD, Winter W, Connoly TN, Izawa S, Singh RMM. Biochemistry 1966;5:467. Revisão: Abril, 2006 Ref.: 190606 Copyright by Labtest Diagnóstica S.A. Reprodução sob prévia autorização Instruções de Uso PRECAUÇÕES E CUIDADOS ESPECIAIS Os cuidados habituais de segurança devem ser aplicados na manipulação dos reagentes, os quais não devem ser pipetados com a boca. CREATININA K Cat 96 ANVISA 10009010058 FINALIDADE Sistema para a determinação da creatinina em soro, plasma, urina e líquido amniótico por cinética de dois pontos. Somente para uso diagnóstico in vitro. PRINCÍPIO A creatinina reage com o picrato alcalino formando um complexo de cor vermelha. A quantidade da cor formada é proporcional à concentração de creatinina na amostra. Creatinina + Picrato alcalino Picrato de Creatinina CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA A metodologia é bastante simples e facilmente aplicável em aparelhos automáticos e semi-automáticos capazes de medir uma reação em modo cinético de 2 pontos em um tempo total de 90 segundos. A interferência das proteínas plasmáticas, que ocorre na reação de Jaffé, introduz um erro constante na medição o qual é minimizado pela utilização de um índice de 1 2, 9, correção (0,25 mg/dL) . Os estudos realizados demonstraram que é possível eliminar 5 também as interferências causadas pela bilirrubina e lipemia . Os procedimentos propostos utilizam a adição do ferricianeto de potássio que oxida a bilirrubina e a desproteinização que elimina a interferência da lipemia equivalente a uma concentração de triglicérides de 1800 mg/dL. O Picrato Alcalino mantém o desempenho analítico quando armazenado tampado e refrigerado durante 15 dias, permitindo o preparo de um volume maior de Reagente de Trabalho de acordo com a rotina do laboratório. O desenvolvimento do método foi direcionado para automação não sendo recomendada a utilização em técnicas manuais, a não ser que o laboratório disponha de facilidades para realizar medições em cubetas termostatizadas utilizando pequenos intervalos de tempo. METODOLOGIA Labtest. REAGENTES 1. NaOH - Armazenar entre 15 - 30 °C. Contém hidróxido de sódio 200 mmol/L. Reagente corrosivo. 2. Ácido Pícrico - Armazenar entre 15 - 30 °C. Contém ácido pícrico 22,2 mmol/L. 3. Padrão 4,0 mg/dL - Armazenar entre 2 - 30 °C. Contém creatinina 4,0 mg/dL. Após o manuseio sugere-se armazenar bem vedado para evitar evaporação. 4. Ferricianeto - Armazenar entre 15 - 30 °C. Contém ferricianeto de potássio 11 mmol/L. Não refrigerar. Os reagentes não abertos, quando armazenados nas condições indicadas, são estáveis até a data de expiração impressa no rótulo. Durante o manuseio, os reagentes estão sujeitos a contaminações de natureza química e microbiana que podem provocar redução da estabilidade. O NaOH (N° 1) é corrosivo e pode produzir irritação, queimaduras na pele e olhos e ulcerações quando ingerido. No caso de ingestão oferecer grande quantidade de água com suco de limão ou vinagre. Não provocar vômitos. Procurar auxílio médico. Quando houver contato com os olhos, deve-se lavar imediatamente com grande quantidade de água e procurar auxílio médico. Caso ocorra ingestão do Ácido Pícrico (N° 2), oferecer 4 copos de água e, se o indivíduo estiver consciente, provocar vômitos e procurar auxílio médico. Um forte indício de deterioração dos reagentes é indicado quando o Picrato Alcalino, medido em 510 nm contra a água, apresentar uma absorbância maior que 0,200. MATERIAIS NECESSÁRIOS E NÃO FORNECIDOS Fotômetro com cubeta termostatizada capaz de medir absorbância em modo cinético. Analisador automático capaz de processar 1 ou 2 reagentes (para aplicações automáticas). Pipetas para medir amostras e reagentes. Cronômetro (para medições manuais). AMOSTRA Deve ser criado um Procedimento Operacional Padrão (POP) que estabeleça procedimentos adequados para colheita, preparação e armazenamento da amostra. Enfatizamos que os erros devidos à amostra podem ser muito maiores que os erros ocorridos durante o procedimento analítico. Soro ou plasma (heparina, EDTA, fluoreto, oxalato e citrato). O analito é estável 7 dias entre 2 - 8 °C. O anticoagulante Glistab Labtest (Cat. 29) permite a colheita de uma só amostra de sangue para as dosagens de creatinina, glicose e uréia. Urina de 24 horas e líquido amniótico devem ser centrifugados. A amostra de urina não deve receber preservativos ou conservantes e deve ser refrigerada durante o período da colheita e depois de recebida no laboratório. Como nenhum teste conhecido pode assegurar que amostras de material biológico humano não transmitem infecções, todas elas devem ser consideradas como potencialmente infectantes. Portanto, ao manuseá-las, devem-se seguir as normas estabelecidas para biossegurança. Para descartar os reagentes e o material biológico sugerimos aplicar as normas locais, estaduais ou federais de proteção ambiental. INTERFERÊNCIAS As proteínas presentes na amostra produzem uma interferência positiva introduzindo um erro sistemático constante. Este erro pode ser minimizado aplicando um índice de correção. Como a urina não contém proteínas que podem produzir interferências, o índice de correção não é aplicado no cálculo da concentração em amostras de urina. Ver a aplicação do índice de correção no item Cálculos. A determinação da creatinina na urina pode ser afetada por ação de grandes quantidades de substâncias redutoras presentes nos casos de cetoacidose. A fervura da amostra de urina por um minuto elimina parcialmente a interferência dessas substâncias. Concentrações de bilirrubina maiores que 5 mg/dL interferem negativamente na reação. Concentrações de hemoglobina até 180 mg/dL e triglicérides até 900 mg/dL não interferem na reação. O controle da temperatura é absolutamente indispensável para a reprodutibilidade dos resultados. Como o tempo de reação é muito pequeno, é necessário utilizar um equipamento com cubeta termostatizada a 37 °C. Para avaliar a concentração aproximada de hemoglobina em uma amostra, proceder do seguinte modo: diluir 0,05 mL da amostra em 2,0 mL de NaCl 150 mmol/L (0,85%) e medir a absorbância em 405 ou 415 nm, acertando o zero com água deionizada ou destilada. É fundamental que as operações com amostras e padrões sejam realizadas sempre de modo idêntico, mantendo-se constante, ao máximo possível, o intervalo de tempo entre a mistura da amostra ou Padrão com o reagente e o início da medição fotométrica. Hemoglobina (mg/dL) @ Absorbância4 0 x5 601 Caso os volumes propostos não atendam às necessidades do instrumento para realizar a leitura fotométrica, aumentar proporcionalmente os volumes de Picrato Alcalino e amostra ou Padrão. Hemoglobina (mg/dL) @ Absorbância4 1 x5 467 Eliminação da ação de interferentes Nas amostras em que a concentração de bilirrubina está entre 5 e 19 mg/dL, a interferência pode ser eliminada através do seguinte procedimento: adicionar 0,05 mL de Ferricianeto (N° 4) a 0,5 mL da amostra. Misturar e aguardar 5 minutos. Determinar a creatinina, multiplicar o resultado obtido por 1,1 e aplicar o índice de correção. Quando a concentração de bilirrubina for maior que 19 mg/dL e menor que 38 mg/dL, diluir a amostra 1:2 com NaCl 150 mmol/L (0,85%). Adicionar 0,05 mL de Ferricianeto (N° 4) a 0,5 mL da amostra diluida. Misturar e aguardar 5 minutos. Determinar a creatinina, multiplicar o resultado por 2,2 e aplicar o índice de correção. Para concentrações de triglicérides entre 900 mg/dL e 1800 mg/dL a interferência da lipemia pode ser eliminada através do procedimento com desproteinização. Quando a concentração de triglicérides for maior que 1800 mg/dL e menor que 3500 mg/dL, diluir a amostra 1:2 com NaCl 150 mmol/L (0,85%), seguir o procedimento com desproteinização para determinar a creatinina e multiplicar o resultado por 2. Não aplicar o índice de correção quando utilizar o procedimento com desproteinização. Procedimento direto Ajustar o fotômetro a zero em 510 nm (490 a 520 nm) com água. Adicionar 0,10 mL de Padrão ou amostra a 1,0 mL do Picrato Alcalino. Misturar e aspirar imediatamente para a cubeta. Disparar o cronômetro e medir as absorbâncias aos 30 e 90 segundos. Procedimento com desproteinização Misturar 0,2 mL de soro a 0,4 mL de Ácido Pícrico (N° 2), agitar e centrifugar durante 10 minutos. Acertar o zero do fotômetro em 510 nm (490 a 520 nm) com água. Em outro tubo pipetar 0,8 mL de NaOH (N° 1) e adicionar 0,3 mL do sobrenadante límpido. Misturar e aspirar imediatamente para a cubeta. Disparar o cronômetro e medir as absorbâncias aos 30 e 90 segundos. O Padrão deve ser ensaiado utilizando o procedimento direto. Não aplicar o índice de correção. CÁLCULOS DA do Teste ou Padrão = A9 0segundos - A3 0segundos DA do Teste Creatinina (não corrigida) = x 4 mg/dL DA do Padrão Uma diluição da amostra, maior que 1:2, não é aconselhável porque, em amostras com baixas concentrações da creatinina, obtêm-se resultados com erros significativos devido ao aumento da imprecisão analítica. Exemplo PREPARO DO PICRATO ALCALINO Misturar 4 volumes de NaOH (N° 1) com 1 volume de Ácido Pícrico (N° 2). Estável 15 dias entre 2 - 8 °C em frasco plástico bem vedado. Um forte indício de deterioração é indicado por uma absorbância maior que 0,200 quando o Picrato Alcalino é medido em 510 nm contra a água. Creatinina (não corrigida) = A3 0Teste = 0,118 A9 0Teste = 0,130 A3 0Padrão = 0,092 A9 0Padrão = 0,139 0,130 - 0,118 x 4 mg/dL = 1,02 mg/dL 0,139 - 0,092 Aplicaçãodoíndicedecorreção Creatinina(corrigida)=Creatinina(nãocorrigida)-Índicedecorreção(0,25mg/dL) O CO2 atmosférico altera significativamente a estabilidade do NaOH (N° 1) e do Picrato Alcalino, quando os reagentes são mantidos em recipientes abertos. A modificação da estabilidade é influenciada pelo tempo de exposição e condições ambientais. Sugerimos manter na bandeja do analisador somente o volume suficiente para a realização de uma corrida analítica ou usar as informações do controle da qualidade como indicador da necessidade de realizar nova calibração. PROCEDIMENTO Para a dosagem na urina diluir a amostra 1:25 (0,2 mL de urina + 4,8 mL de água destilada ou deionizada). Multiplicar o resultado obtido por 25. Exemplo Creatinina (corrigida) = 1,02 mg/dL - 0,25 mg/dL = 0,77 mg/dL A interferência das proteínas plasmáticas, que ocorre na 2 reação de Jaffé , introduz um erro constante na medição o qual é minimizado pela utilização do índice de correção (0,25 mg/dL). A utilização do índice de correção em medições automáticas é apresentada nas aplicações dos produtos Labtest para sistemas automáticos. Creatinina Urinária Exemplo Creatininaurinária CreatininaUrinária(mg/24h)= xVolumedeurina(mL/24h) 100 Creatinina na urina (mg/dL) = 105 Creatinina (corrigida) no soro (mg/dL) = 0,95 Volume de 24 horas = 1520 Volume minuto = 1520/1440 = 1,055 mg/kg peso = mg/24 horas dividido pelo peso corporal 105 Como as amostras de urina não contêm proteínas em concentrações capazes de introduzir erros constantes nas medições, não é necessário aplicar o índice de correção. CALIBRAÇÃO Rastreabilidade do Sistema A concentração de creatinina no Padrão (N° 3) e nos calibradores da linha Calibra é rastreável ao Standard Reference Material (SRM) 914 do National Institute of Standards and Technology (NIST). Calibrações manuais Obter novo fator de calibração ao usar novo lote de reagentes ou quando o controle da qualidade indicar. " Sistemas automáticos Branco de reagentes: água ou solução de cloreto de sódio 150 mmol/L (0,85%); Padrão: usar calibradores da linha Calibra; " " Intervalos de calibração Calibração do branco ao usar novos frascos de reagentes; Calibração de 3 pontos ao mudar de lote; Calibração de 3 pontos quando o controle da qualidade indicar. " " " DEPURAÇÃO DA CREATININA ENDÓGENA Instruir o paciente para que faça corretamente a colheita da 4 urina de 24 horas . Dosar a creatinina no soro e na urina utilizando as metodologias propostas. O soro pode ser obtido em qualquer momento durante o período de colheita da urina. Aplicar os resultados obtidos na equação abaixo: U Depuração = x VM (mL/minuto) S U: creatinina na urina (mg/dL) S: creatinina (corrigida) no soro (mg/dL) VM: volume minuto (volume urinário de 24 horas, em mL, dividido por 1440). OBS.: A depuração deverá ser corrigida para a superfície corporal do paciente, que é obtida através do nomograma correlacionando peso e altura, ou usando a equação abaixo: A= P 0 4, 2 5 xH 0 7, 2 5 x 0,007184 2 A = superfície corporal (m ) P = peso (kg) H = altura (cm) Multiplicar o valor da depuração por 1,73 e dividir pela superfície corporal do paciente. Depuração (mL/minuto) = x 1,055 = 116 0,95 Peso = 60 Kg 2 Superfície corporal = 1,66 m Altura = 165 cm 116 x 1,73 Depuração corrigida = = 121 mL/minuto/1,73 m 2 1,66 LINEARIDADE A reação é linear entre 0,2 mg/dL e 12 mg/dL. Para valores maiores diluir a amostra com NaCl 150 mmol/L (0,85%) e repetir a determinação. Multiplicar o resultado obtido pelo fator de diluição e aplicar o índice de correção. Diluir a amostra de tal modo que o valor encontrado se situe entre 2,0 e 6,0 mg/dL. CONTROLE INTERNO DA QUALIDADE O laboratório deve manter um programa de controle interno da qualidade que defina claramente os regulamentos aplicáveis, objetivos, procedimentos, critérios para especificações da qualidade e limites de tolerância, ações corretivas e registro das atividades. Materiais de controle devem ser utilizados para avaliar a imprecisão e desvios da calibração. Sugere-se que as especificações para o coeficiente de variação e o erro total sejam baseadas nos componentes da variação biológica 8 1, 011, (VB) . Sugere-se utilizar as preparações estabilizadas da linha Qualitrol - Labtest para controle interno da qualidade em ensaios de química clínica. VALORES DE REFERÊNCIA Estes valores devem ser usados apenas como orientação. Recomenda-se que cada laboratório estabeleça na população atendida sua própria faixa de valores de referência. Soro/Plasma (mg/dL) Recém- nascidos < 1 meses 1 - 12 meses 1 - 3 anos 4 - 7 anos 8 - 10 anos 11 - 12 anos 13 - 17 anos Adulto 0,5 - 1,2 0,4 - 0,7 £ 0,7 £ 0,7 £ 0,8 £ 0,9 £ 1,0 £ 1,2 £ 1,3 Conversão mg/dL para Unidades SI: mmol/L = mg/dL x 88,4. Urina (mg/kg/24 h) 2 - 3 anos > 3 anos Homem Mulher 6 - 22 12 - 30 21 - 26 16 - 22 2 A determinação da creatinina plasmática é um teste de função renal mais seguro do que a uréia. Nas doenças renais a creatinina se eleva mais vagarosamente do que a uréia e se reduz mais vagarosamente com a hemodiálise. Depuração de Creatinina (mL/minuto/1,73 m ) 70 - 140 Crianças Homens Mulheres 97 - 137 88 - 128 1 0 CARACTERÍSTICAS DO DESEMPENHO Exatidão Em duas amostras com concentrações de creatinina iguais a 2,7 mg/dL e 8,7 mg/dL foram adicionadas quantidades diferentes do analito, obtendo-se recuperações entre 97 e 100%. O erro sistemático proporcional médio estimado no nível de decisão (1,6 mg/dL) é igual a 0,0232 mg/dL ou 1,45%. Especificidade O método proposto foi comparado com um método enzimático (rastreável ao método definitivo) utilizando 20 amostras de soro com valores situados entre 0,52 e 11,0 mg/dL. A comparação resultou na equação da regressão y = 1,007x + 0,028 e um coeficiente de correlação (r) igual a 0,998. O erro sistemático total (constante e proporcional) estimado no nível de decisão (1,6 mg/dL) é igual a 0,0354 mg/dL ou 2,2%. Como as amostras foram selecionadas aleatoriamente em pacientes de ambulatório e pacientes hospitalizados, pode-se inferir que o método tem uma especificidade metodológica adequada. Repetitividade - Imprecisão intra-ensaio N MÉDIA DP CV(%) Amostra 1 20 0,66 0,013 1,97 Amostra 2 20 2,04 0,016 0,78 Amostra 3 20 7,49 0,144 1,92 CV(%) Reprodutibilidade - Imprecisão total N MÉDIA DP Amostra 1 20 0,66 0,027 4,10 Amostra 2 20 2,04 0,038 1,86 Amostra 3 20 7,49 0,273 3,64 Sensibilidade metodológica Uma amostra não contendo creatinina foi utilizada para calcular o limite de detecção do ensaio tendo sido encontrado um valor igual a 0,14 mg/dL, equivalente à média de 20 ensaios mais dois desvios padrão. Utilizando-se a absorbância do padrão como parâmetro verificou-se que o limite de detecção fotométrica foi 0,12 mg/dL, correspondendo a uma diferença de absorbância igual a 0,001. Fatores extras renais como insuficiência cardíaca congestiva, choque e obstrução mecânica do trato urinário provocam elevação da creatinina plasmática. OBSERVAÇÕES 1. A limpeza e secagem adequadas do material utilizado são fatores fundamentais para a estabilidade dos reagentes e obtenção de resultados corretos. 2. A água utilizada no laboratório deve ter a qualidade adequada a cada aplicação. Assim, para preparar reagentes e usar nas medições deve ter resistividade ³1 megaohm ou condutividade £1 microsiemens e concentração de silicatos <0,1 mg/L (água tipo II). Para o enxágüe da vidraria a água pode ser do tipo III com resistividade ³0,1 megaohms ou condutividade £10 microsiemens. No enxágüe final utilizar água tipo II. Quando a coluna deionizadora está com sua capacidade saturada ocorre a produção de água alcalina com liberação de vários íons, silicatos e substâncias com grande poder de oxidação ou redução que deterioram os reagentes em poucos dias ou mesmo horas, alterando os resultados de modo imprevisível. Assim, é fundamental estabelecer um programa de controle da qualidade da água. 3. Para uma revisão das fontes fisiopatológicas e medicamentosas de interferência nos resultados e na metodologia sugere-se consultar: www.fxol.org/ REFERÊNCIAS 1. Cook JGH. Clin Chimica Acta 1971;32:485-6. 2. Heinegard D, Tiderström G. Clin Chim Acta 1973;43:305-10. 3. Henry RJ, Cannon DC, Winkelman JW. Clinical Chemistry, Principles and Technics, 2nd ed, New York, Harper & Row,1974. 4. Infotec Labtest, Ano II N° 2. 5. Knapp ML, Mayne PD. Clin Chim Acta 1987;168:239-46. 6. O'Leary N, Pembroke A, Duggan PF. Clinical Chemistry 1992;38:1749-51. 7. Tonks DB. Quality Control in Clinical Laboratories. WarnerChilcott Laboratories, Diagnostic Reagents Division, Scarborough, Canada, 1972. 8. Westgard JO, Barry PL, Hunt MR,Groth T. Clin Chem 1981; 27:493-501. Efeitos da diluição da matriz Duas amostras com valores iguais a 8,6 e 10,0 mg/dL foram utilizadas para avaliar a resposta do sistema nas diluições da matriz com NaCl 150 mmol/L (0,85%). Utilizando fatores de diluição que variaram de 2 a 5 foram encontradas recuperações entre 96,2 e 105%. 9. Yatzidis H. Clin Chem 1974,20:1131-34. SIGNIFICADO CLÍNICO A constância na formação e excreção da creatinina faz dela um marcador muito útil de função renal, principalmente da filtração glomerular, em virtude da sua relativa independência de fatores como dieta, grau de hidratação e metabolismo protéico. 11. Basques JC. Especificações da Qualidade Analítica. Labtest Diagnóstica 2005. 10. Sociedad Española de Bioquímica Clínica y Patología Molecular, Base de Datos de Variación Biológica. Disponível em:<http://www.seqc.es/article/articleview/ 330/1/170> (acesso em 04/2006). 12. Soldin SJ, Brugnara C, Wong EC: Pediatric Reference Intervals, 5.ed. Washington: AACC Press, 2005. P.3-4. 13. Ferraz MHC, Delgado RB. Valores de Referência para Exames Laboratoriais. In: Leão E, Corrêa EJ, Viana MB, Mota JAC (Ed). Pediatria Ambulatorial. 3.ed. Belo Horizonte: Coopmed, 1988. p.837-848 14. Labtest: Dados de Arquivo. APRESENTAÇÃO Catálogo NaOH Ácido Pícrico Padrão Ferriacianeto 96-300 1 x 240 mL 1 x 60 mL 1 x 5 mL 1 x 5 mL Estão disponíveis aplicações para sistemas automáticos. O número de testes em aplicações automáticas depende dos parâmetros de programação. Algumas apresentações podem ser disponibilizadas somente mediante consulta. INFORMAÇÕES AO CONSUMIDOR Termos e Condições de Garantia A Labtest Diagnóstica garante o desempenho deste produto dentro das especificações até a data de expiração indicada nos rótulos, desde que os cuidados de utilização e armazenamento indicados nos rótulos e nestas instruções sejam seguidos corretamente. Serviço de Apoio ao Cliente Telefone 0800-31-3411 - Ligação Gratuita E-mail: [email protected] Labtest Diagnóstica S.A. CNPJ: 16.516.296/0001-38 Av. Paulo Ferreira da Costa, 600 - Vista Alegre Lagoa Santa - Minas Gerais - Brasil - 33400-000 www.labtest.com.br Revisão: Junho, 2005. Ref.: 200706 Copyright by Labtest Diagnóstica S.A. Reprodução sob prévia autorização Instruções de Uso FOSFATASE ALCALINA Liquiform Cat. 79 ANVISA 10009010050 FINALIDADE Sistema para determinação em modo cinético da Fosfatase Alcalina no soro. Somente para uso diagnóstico in vitro. PRINCÍPIO A fosfatase alcalina (FALC) do soro, em pH alcalino, hidrolisa o p-nitrofenilfosfato liberando p-nitrofenol e fosfato inorgânico, segundo a reação seguinte: FALC p-Nitrofenilfosfato + H2O p-Nitrofenol + fosfato A quantidade produzida de p-nitrofenol que tem elevada absorbância em 405 nm é diretamente proporcional à atividade enzimática da fosfatase alcalina na amostra. CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA O substrato p-nitrofenilfosfato foi selecionado porque é prontamente hidrolisado pela fosfatase alcalina. O produto da hidrólise possui elevada absortividade molar, permitindo utilizar pequeno volume de amostra e curto tempo de reação porque utiliza um tampão transfosforilante que aumenta a velocidade do sistema. O sistema se baseia no método de referência da AACC que otimiza todas as condições da reação, incluindo temperatura, pH, concentração dos reagentes e volume fracional da amostra. Este método, com pequenas modificações, está sendo considerado por várias organizações nacionais e internacionais interessadas em estabelecer um método de referência para a fosfatase alcalina. As substâncias utilizadas na reação se encontram distribuídas adequadamente em dois reagentes para conferir maior estabilidade na forma líquida original e manutenção das condições ótimas da reação, permitindo a utilização direta dos reagentes em sistemas automáticos. A metodologia monoreagente pode ser aplicada utilizando um Reagente de Trabalho estável por 30 dias sob refrigeração obtendo-se desempenho adequado mesmo em situações de baixas demandas do teste. O sistema permite ainda preparar o volume de Reagente de Trabalho necessário para apenas uma medição da atividade enzimática da fosfatase alcalina. 2. Reagente 2 - Armazenar entre 2 - 8°C. Contém p-Nitrofenilfosfato ³ 60 mmol/L, fenol ³ 50 mmol/L. Os reagentes não abertos, quando armazenados nas condições indicadas, são estáveis até a data de expiração impressa no rótulo. Durante o manuseio os reagentes estão sujeitos a contaminações de natureza química e microbiana que podem provocar redução da estabilidade. RASTREABILIDADE DO SISTEMA A absortividade molar do p-nitrofenol, produto da reação, é utilizada como sistema de referência para a calibração do ensaio. PRECAUÇÕES E CUIDADOS ESPECIAIS Os cuidados habituais de segurança devem ser aplicados na manipulação do reagente. O Reagente 1 contém azida sódica, que é tóxica. Deve-se tomar cuidado para evitar a ingestão e no caso de contato com os olhos deve-se lavar imediatamente com grande quantidade de água e procurar auxílio médico. A azida pode formar compostos altamente explosivos com tubulações de chumbo e cobre. Portanto, utilizar grandes volumes de água para descartar o reagente. Não utilizar o Reagente de Trabalho quando sua absorbância, medida contra a água em 405 nm, for igual ou maior que 1.2 ou quando mostrar-se turvo ou com sinais de contaminação. MATERIAIS NECESSÁRIOS E NÃO FORNECIDOS Fotômetro com cubeta termostatizada capaz de medir com exatidão a absorbância em 405 nm. Pipetas para medir amostras e reagentes. Cronômetro. AMOSTRA Deve ser criado um Procedimento Operacional Padrão (POP) que estabeleça procedimentos adequados para colheita, preparação e armazenamento da amostra. Enfatizamos que os erros devidos à amostra podem ser muito maiores que os erros ocorridos durante o procedimento analítico. A amostra de sangue deve ser obtida após jejum de no mínimo 8 horas. Soro ou plasma (heparina). A amostra é estável por 7 dias entre 2 - 8°C. Quando a amostra é armazenada na temperatura ambiente obtém-se resultados falsamente elevados. Como nenhum teste conhecido pode assegurar que amostras de sangue não transmitem infecções, todas elas devem ser consideradas como potencialmente infectantes. Portanto, ao manuseá-las, deve-se seguir as normas estabelecidas para biossegurança. O sistema é simples e utiliza medidas em modo cinético contínuo, podendo ser facilmente aplicado em analisadores automáticos e semi-automáticos capazes de medir absorbância em 405 nm. Para descartar os reagentes e o material biológico sugerimos aplicar as normas locais, estaduais ou federais de proteção ambiental. METODOLOGIA Bowers e Mc Comb modificado. INTERFERÊNCIAS Citrato, fluoreto ,oxalato e EDTA são inibidores da atividade da fosfatase alcalina porque formam complexos com o magnésio. REAGENTES: 1. Reagente 1 - Armazenar entre 2 - 8°C. Contém tampão pH 10.4, HEDTA 2.0 mmol/L, sulfato de zinco 1.2 mmol/L, acetato de magnésio 2.5 mmol/L, azida sódica 8 mmol/L. Valores de Bilirrubina até 32 mg/dL não interferem na reação. Amostras ligeiramente hemolisadas, com hemoglobina até 30 mg/dL, podem ser toleradas, mas hemólises mais acentuadas não devem ser aceitas porque produzem resultados falsamente diminuídos. Valores de Triglicérides acima de 1800 mg/dL produzem resultados falsamente elevados. Para avaliar a concentração aproximada da hemoglobina em uma amostra hemolisada pode-se proceder do seguinte modo: Diluir 0.05 mL da amostra em 2.0 mL de NaCl 150 mmol/L (0.85%) e medir a absorbância em 405 ou 415 nm acertando o zero com água deionizada ou destilada. Hemoglobina(mg/dL) @ Absorbância405 x 601 Hemoglobina(mg/dL) @ Absorbância415 x 467 PREPARO DO REAGENTE DE TRABALHO O conjunto de um frasco do Reagente 1 e um frasco do Reagente 2 permite preparar o Reagente de Trabalho. Transferir o conteúdo de um frasco do Reagente 2 para um frasco do Reagente 1 e homogeneizar por inversão. Anotar a data de expiração. Estável 5 dias entre 15 - 25°C e 30 dias entre 2 - 8°C quando não houver contaminação química ou bacteriana. Identificar o frasco do Reagente de Trabalho, para evitar confusão com outros frascos do Reagente 1. Para preservar o desempenho, o Reagente de Trabalho deve permanecer fora da geladeira somente o tempo necessário para se obter o volume a ser utilizado. Evitar exposição à luz solar direta. Opcionalmente pode-se preparar menor volume do Reagente de Trabalho utilizando a proporção de 4 (quatro) volumes do Reagente 1 e 1 (um) volume do Reagente 2. Ex.: Para preparar 1 mL do Reagente de Trabalho misturar 0.8 mL do Reagente 1 com 0.2 mL do Reagente 2. O Reagente de Trabalho contém tampão pH 10.4, sulfato de zinco 1.0 mmol/L, fenol ³10 mmol/L, HEDTA 1.6 mmol/L, acetato de magnésio 2.0 mmol/L, p-nitrofenil fosfato ³12 mmol/L, azida sódica 6.4 mmol/L. PROCEDIMENTO Condições da reação: comprimento de onda 405 nm; cubeta termostatizada a 37 ± 0.2°C, com 10 mm de espessura de solução, banda de passagem de 8 nm ou menos e luz espúria menor que 0.1%. 1. Em um tubo rotulado Teste pipetar 1.0 mL do Reagente de Trabalho. 2. Adicionar 0.02 mL da amostra, homogeneizar e transferir imediatamente para a cubeta termostatizada a 37 ± 0.2°C. Esperar 1 minuto. 3. Fazer a leitura da absorbância inicial (A1) disparando simultaneamente o cronômetro. Repetir a leitura após 2 minutos (A2). Para avaliar a linearidade da reação verificar se as absorbâncias medidas em intervalos de 1 minuto são comparáveis. Calcular o (DA/minuto) subtraindo A1 de A2 e dividindo por 2. CÁLCULOS Ver linearidade. A2 - A1 DATeste = 2 Atividade da Fosfatase Alcalina = DATeste x 2764 O fator 2764 foi calculado para as condições acima propostas. Recalcular o fator quando for efetuada qualquer modificação em um dos parâmetros utilizados para calculá-lo. Ver método para cálculo do fator. Exemplo: A1 Teste = 0.610 A2 Teste = 0.660 0.660 - 0.610 DA/minuto = = 0.025 2 Fosfatase Alcalina (U/L) a 37°C = 0.025 x 2764 = 69 Método para cálculo do fator VT x 1000 Fator = e x VA x d VT = volume total do ensaio (1.02 mL) VA = volume da amostra (0.02 mL) 1000 = conversão de U/mL para U/L d = espessura da solução (1 cm) e = absortividade milimolar do p-nitrofenol em 405 nm (18.45) Exemplo: 1.02 x 1000 Fator = = 2764 18.45 x 0.02 x 1 LINEARIDADE A reação é linear até 1500 U/L. Para valores maiores diluir a amostra 1:10 com NaCl 150 mmol/L (0.1 mL de soro + 0.9 mL de NaCl 150 mmol/L), repetir a determinação e multiplicar o resultado obtido por 10. Sugerimos a verificação da linearidade metodológica e fotométrica no mínimo semestralmente utilizando amostras com atividades até 1500 U/L. CONTROLE INTERNO DA QUALIDADE O laboratório deve manter um programa de controle interno da qualidade que defina claramente os objetivos, procedimentos, normas, critérios para limites de tolerância, ações corretivas e registro das atividades. Ao mesmo tempo deve-se manter um sistema definido para monitorizar a variabilidade analítica que ocorre em todo o sistema de medição. Portanto, o uso de controles para avaliar a imprecisão e inexatidão das determinações deve ser prática rotineira no laboratório clínico. Sugere-se usar um controle com um valor situado na faixa de referência ou no nível de decisão e outro controle com um valor em outra faixa de significância clínica. Deve-se criar uma meta de estado de controle para que a variação máxima encontrada seja de 10% ou então utilizar o sistema de regras múltiplas de Westgard5 para verificar a estabilidade do sistema de medição. Sugere-se utilizar as preparações estabilizadas Qualitrol 1 e Qualitrol 2 da Labtest para controle interno da qualidade em ensaios de química clínica. VALORES DE REFERÊNCIA Estes valores podem ser usados apenas como orientação. Recomenda-se que cada laboratório estabeleça a sua própria faixa de valores de referência da população atendida. 37 ºC Adultos (U/L) 27 - 100 Crianças* (U/L) 75 - 390 *(incluindo adolescentes até 16 anos) Conversão de U/L para Unidades SI: mkat/L = U/L x 0.0167 TEMPERATURA A tabela abaixo permite converter a atividade medida em uma determinada temperatura para o valor que seria obtido na medição realizada em outras temperaturas. Temperatura de trabalho 25 ºC 30 ºC 37 ºC Fatores de correção da temperatura 25 ºC ---0.69 0.48 30 ºC 1.45 ---0.70 37 ºC 2.08 1.43 ---- Exemplo: a atividade enzimática obtida em 37°C deve ser multiplicada por 0.70 para se obter a atividade em 30°C ou por 0.48 para se obter a atividade em 25°C. 6 CARACTERÍSTICAS DO DESEMPENHO Exatidão Em 2 amostras com concentrações de Fosfatase Alcalina iguais a 59 e 200 U/L foram adicionadas quantidades diferentes do analito, obtendo-se recuperação entre 94 e 102%. Especificidade O método proposto foi comparado com método similar utilizando 40 amostras de soro com valores situados entre 47 e 707 U/L. A avaliação estatística dos resultados resultou na equação da regressão y = 1.091x - 10.926 e um coeficiente de correlação (r) igual a 0.999. O erro sistemático total (constante e proporcional) verificado no nível de decisão (100 U/L) foi igual a 2 U/L ou 2.0%. Como as amostras foram selecionadas aleatoriamente em pacientes de ambulatório e pacientes hospitalizados, pode-se inferir que o método tem uma especificidade metodológica adequada. Repetitividade - Imprecisão intra-ensaio N MÉDIA DP CV (%) Amostra 1 10 92 1.1 1.2 Amostra 2 10 174 1.6 0.9 Amostra 3 10 451 2.4 0.5 Reprodutibilidade - Imprecisão total N MÉDIA DP CV (%) Amostra 1 10 89 2.0 2.2 Amostra 2 10 175 2.8 1.6 Amostra 3 10 447 6.3 1.4 Sensibilidade metodológica Uma amostra protéica não contendo fosfatase alcalina foi utilizada para calcular o limite de detecção do ensaio tendo sido encontrado um valor igual a 2.4 U/L, equivalente à média de 20 ensaios mais dois desvios padrão. Efeitos da diluição da matriz: Uma amostra com valor igual a 850 U/L foi utilizada para avaliar a resposta do sistema nas diluições da matriz com NaCl 150 mmol/L. Usando fatores de diluição que variaram de 2 a 8 encontrou-se recuperações entre 101 e 104%. SIGNIFICADO CLÍNICO A fosfatase alcalina é produzida por muitos tecidos, principalmente por ossos, fígado, intestino e placenta, e é excretada pela bile. A dosagem sérica desta enzima é particularmente útil na investigação das doenças hepatobiliares e ósseas. Níveis elevados de fosfatase alcalina ocorrem em pacientes com doenças ósseas caracterizadas por um aumento da atividade osteoblástica, como a osteite deformante, raquitismo, osteomalácia, hiperparatireoidismo, metástase óssea, sarcoma osteogênico e doença de Paget. Níveis elevados de fosfatase alcalina ocorrem também em pacientes com doenças obstrutivas das vias biliares, metástases hepáticas, doenças granulomatosas e na cirrose hepática. Nas doenças hepatocelulares como a hepatite aguda viral, em geral ocorre um ligeiro aumento da enzima . Níveis diminuídos da fosfatase alcalina são encontrados na desnutrição crônica, na hipofosfatasemia e ocasionalmente no hipotireoidismo e anemia perniciosa. OBSERVAÇÕES 1. A limpeza e secagem adequadas do material utilizado são fatores fundamentais para a estabilidade dos reagentes e obtenção de resultados corretos. 2. A água utilizada no laboratório deve ter a qualidade adequada a cada aplicação. Assim, para preparar reagentes e usar nas medições deve ter resistividade ³1 megaohm ou condutividade £1 microsiemens e concentração de silicatos <0.1 mg/L (água tipo II). Para o enxágüe da vidraria a água pode ser do tipo III, com resistividade ³0.1 megaohms ou condutividade £10 microsiemens. No enxágüe final utilizar água tipo II. Quando a coluna deionizadora está com sua capacidade saturada ocorre a produção de água alcalina com liberação de vários íons, silicatos e substâncias com grande poder de oxidação ou redução que deterioram os reagentes em poucos dias ou mesmo horas, alterando os resultados de modo imprevisível. Assim, é fundamental estabelecer um programa de controle da qualidade da água. 3. Como ocorre em toda medição da atividade enzimática, a rigorosa observação do tempo e da temperatura de incubação é de grande importância para a qualidade dos resultados obtidos. 4. Para uma revisão das fontes fisiopatológicas e medicamentosas de interferência nos resultados e na metodologia sugere-se consultar Young DS. Effects of Drugs on Clinical Laboratory Tests, 3ª edição, Washington: AACC Press, 1990. REFERÊNCIAS 1. IFCC Methods for the measurement of catalytic concentration of enzymes-Part 5, IFCC method for Alkaline Phosphatase. J Clin Chem Clin Biochem 1983;21:731-47. 2. McComb RB, Bowers GN, Upretti A. Clin Chem 1981;27:135-41. 3. Tietz NW, Burtis CA, Ducan P et al. Clin Chem 1983;29: 751761. 4. Tonks DB Quality Control in Clinical Laboratories, WarnerChilcott Laboratories, Diagnostic Reagents Division, Scarborough, Canada, 1972. 5. Westgard JO, Barry PL, Hunt MR, Groth T. Clin Chem 1981;27:493-501. 6. Labtest: Dados de Arquivo. APRESENTAÇÃO Catálogo Reagente 1 Reagente 2 79-4/30 4 x 24 mL 4 x 6 mL Estão disponíveis as aplicações para sistemas automáticos. O número de testes em aplicações automáticas depende dos parâmetros de programação. INFORMAÇÕES AO CONSUMIDOR Termos e Condições de Garantia A Labtest Diagnóstica garante o desempenho deste produto dentro das especificações até a data de expiração indicada nos rótulos desde que os cuidados de utilização e armazenamento indicados nos rótulos e nestas instruções sejam seguidos corretamente. Serviço de Apoio ao Cliente Telefone: 0800 31-3411 (Ligação gratuita) e-mail: [email protected] Labtest Diagnóstica S.A. CNPJ: 16.516.296/0001-38 Av. Paulo Ferreira da Costa, 600 - Vista Alegre Lagoa Santa - Minas Gerais - Brasil - 33400-000 Telefone (31) 3681-9288 Fax (31) 3681-9344 www.labtest.com.br Revisão: Outubro, 2001 Ref.: 230306 Copyright by Labtest Diagnóstica S.A. Reprodução sob prévia autorização Instruções de Uso DIAGNÓSTICA GLICOSE HK Liquiform Cat. 85 ANVISA 10009010052 FINALIDADE Sistema enzimático para determinação da Glicose por fotometria ultravioleta de ponto final, em amostras de sangue, urina, líquor e líquidos ascítico, pleural e sinovial. Somente para uso diagnóstico in vitro PRINCÍPIO A adenosina trifosfato promove a fosforilação da glicose em uma reação catalisada pela hexoquinase (HK), de acordo com a seguinte reação: HK Glicose + ATP Glicose-6-fosfato + ADP A glicose-6-fosfato produzida na reação anterior é oxidada a 6-fosfogluconato na presença da nicotinamida adenina dinucleótide (NAD), em reação catalisada especificamente pela glicose-6-fosfato desidrogenase (G-6-PDH). Ocorre a produção de um mol de NADH para cada mol de glicose-6fosfato que é oxidado. A absorbância resultante, medida em 340 nm, é diretamente proporcional à concentração da glicose na amostra. G-6-PDH Glicose-6-fosfato + NAD 6-Fosfogluconato + NADH CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA A hexoquinase é uma enzima que catalisa a transferência do fosfato do ATP não somente para a glicose, mas também para a D-frutose, D-manose, D-glucosamina e 2-deoxi-D-glicose. Como a G-6-PDH tem elevada especificidade para a glicose-6fosfato, outras hexoses ou ésteres de pentose que são fosforilados não participam da reação. Assim, o ensaio é extremamente específico para a glicose. A especificidade da reação proporcionada pela G-6-PDH possibilita a determinação da glicose urinária com um grau elevado de exatidão, o que não é conseguido quando se empregam sistemas utilizando outras enzimas como reagentes. Os dados da repetitividade e da reprodutibilidade demonstram de modo inequívoco que o sistema Glicose HK Liquiform possui uma robustez extremamente desejável e valiosa para um sistema analítico. As substâncias utilizadas na reação se encontram distribuídas adequadamente em dois reagentes, para conferir maior estabilidade na forma líquida original e manutenção das condições ótimas da reação, permitindo a utilização direta dos reagentes em sistemas automáticos. A metodologia monoreagente pode ser aplicada utilizando um Reagente de Trabalho estável 60 dias sob refrigeração, obtendo-se desempenho adequado mesmo em situações de baixas demandas do teste. O sistema permite ainda preparar o volume do Reagente de Trabalho necessário para uma medição da atividade enzimática da glicose. O sistema é facilmente aplicável a analisadores automáticos e semi-automáticos, capazes de medir com exatidão a absorbância em 340 nm. METODOLOGIA Bondar e Mead modificado. REAGENTES 1. Reagente 1 - Armazenar entre 2 - 8 °C. Contém tampão 90 mmol/L pH 7,4, ATP 4,1 mmol/L, NAD 3,3 mmol/L, cloreto de magnésio 10 mmol/L e azida sódica 7 mmol/L. 2. Reagente 2 - Armazenar entre 2 - 8 °C. Contém Hexoquinase ³ 4100 U/L; G-6-PDH ³ 12500 U/L e azida sódica 15 mmol/L. 3. Padrão 100 mg/dL - Armazenar entre 2 - 30 °C. Após o manuseio armazenar bem vedado para evitar evaporação. O estabilizador do padrão pode precipitar-se em baixas temperaturas, o que não interfere em seu desempenho. Os reagentes não abertos, quando armazenados nas condições indicadas, são estáveis até a data de expiração impressa no rótulo. Durante o manuseio os reagentes estão sujeitos à contaminações de natureza química e microbiana que podem provocar redução da estabilidade. RASTREABILIDADE DO SISTEMA A calibração do sistema é rastreável ao Standard Reference Material 917a do National Institute of Standards and Technology. PRECAUÇÕES E CUIDADOS ESPECIAIS Os cuidados habituais de segurança devem ser aplicados na manipulação do reagente. Os reagentes de Glicose HK Liquiform contêm azida sódica, que é toxica. Deve-se tomar cuidado para evitar a ingestão e no caso de contato com os olhos, deve-se lavar imediatamente com grande quantidade de água e procurar auxílio médico. A azida pode formar compostos altamente explosivos com tubulações de chumbo e cobre. Portanto, utilizar grandes volumes de água para descartar o reagente. Os reagentes não abertos, quando armazenados nas condições indicadas, são estáveis até a data de expiração impressa no rótulo. Durante o manuseio os reagentes estão sujeitos à contaminações de natureza química e microbiana que podem provocar redução da estabilidade. Não utilizar o Reagente de Trabalho quando a sua absorbância medida a 340 nm contra a água for maior que 0,350. MATERIAIS NECESSÁRIOS E NÃO FORNECIDOS Banho-maria mantido à temperatura constante (37 °C). Fotômetro capaz de medir com exatidão a absorbância em 340 nm. Pipetas para medir amostras e reagentes. Cronômetro. INFLUÊNCIAS PRÉ-ANALÍTICAS Nas 24 horas que se sucedem à ingestão aguda de álcool, ocorre significativa redução da glicemia. As reduções podem também ser significativas nos indivíduos submetidos a jejum prolongado ou em obesos tratados com dietas com baixo valor calórico. Pacientes diabéticos em uso continuado de clorpropamida (Diabinese) podem desenvolver hipoglicemias importantes que são muito difíceis de corrigir AMOSTRA Usar plasma, soro ou urina tomando as precauções a seguir. A amostra de sangue deve ser obtida após jejum de no mínimo 8 horas ou de acordo com recomendação médica. Pagina: 1 DIAGNÓSTICA Realizar a colheita do sangue utilizando um anticoagulante contendo um inibidor da glicólise. O uso do anticoagulante Glistab (Labtest Cat.29) permite a colheita de uma só amostra para as dosagens de creatinina, glicose e uréia. As amostras de sangue não contendo antiglicolítico devem ser centrifugadas imediatamente após a colheita e o plasma ou soro, separados das células ou coágulo. Nas amostras de sangue tratadas com antiglicolítico, a concentração da glicose permanece estável até 8 horas. No plasma, soro e outros líquidos separados das células, a glicose permanece estável 3 dias entre 2 - 8 °C se não ocorrer 6 contaminação microbiana . Se houver suspeita da presença de ácido ascórbico, deixar o plasma ou soro em repouso durante 90 minutos antes de iniciar a dosagem para não obter resultados falsamente diminuídos. Em outros líquidos biológicos (líquor e líquidos ascítico, pleural e sinovial), adicionar anticoagulante contendo antiglicolítico na mesma proporção usada para a amostra de sangue e centrifugar antes da dosagem. As amostras de urina devem ser armazenadas entre 2 - 8 °C para evitar interferências por contaminação microbiana. Como nenhum teste conhecido pode assegurar que amostras de material biológico humano não transmitem infecções, todas elas devem ser consideradas como potencialmente infectantes. Portanto, ao manuseá-las deve-se seguir as normas estabelecidas para biossegurança. Para descartar os reagentes e o material biológico sugerimos aplicar as normas locais, estaduais ou federais de proteção ambiental. INTERFERÊNCIAS Valores de Bilirrubina até 16 mg/dL, Hemoglobina até 100 mg/dL e Triglicérides até 350 mg/dL não produzem interferências significativas. Valores de Bilirrubina até 32 mg/dL, Hemoglobina até 160 mg/dL e Triglicérides até 1800 mg/dL produzem interferências positivas que podem ser minimizadas utilizando o branco da amostra. Para avaliar a concentração aproximada da hemoglobina em uma amostra hemolisada pode-se proceder do seguinte modo: Diluir 0,05 mL da amostra em 2,0 mL de NaCl 150 mmol/L (0,85%) e medir a absorbância em 405 ou 415 nm, acertando o zero com água deionizada ou destilada. Hemoglobina (mg/dL) @ Absorbância405 x 601 Hemoglobina (mg/dL) @ Absorbância415 x 467 Opcionalmente pode-se preparar menor volume do Reagente de Trabalho utilizando-se da proporção de 4 (quatro) volumes do Reagente 1 para 1 (um) volume do Reagente 2. Ex.: Para preparar 1,0 mL do Reagente de Trabalho, misturar 0,8 mL do R1 com 0,2 mL do R2. O Reagente de Trabalho contém tampão 72 mmol/L pH 7,4, ATP 3,3 mmol/L, NAD 2,6 mmol/L, Hexoquinase ³ 820 U/L, G-6-PDH ³ 2500 U/L, cloreto de magnésio 8,0 mmol/L, azida sódica 9 mmol/L. PROCEDIMENTO Tomar 3 tubos de ensaio e proceder como a seguir: Branco Teste Amostra ---- 0,01 mL ---- Padrão ---- ---- 0,01 mL 1,0 mL 1,0 mL 1,0 mL Reagente de Trabalho Padrão Misturar e incubar em banho maria a 37 ºC durante 5 minutos. O nível da água no banho deve ser superior ao nível dos reagentes nos tubos de ensaio. Determinar as absorbâncias do teste e padrão em 340 nm, acertando o zero com o branco. A absorbância é estável 60 minutos. O procedimento sugerido para a medição é adequado para fotômetros cujo volume mínimo de solução para leitura é igual ou menor que 1,0 mL. Deve ser feita uma verificação da necessidade de ajuste do volume para o fotômetro utilizado. Os volumes de amostra e reagente podem ser modificados proporcionalmente sem prejuízo para o desempenho do teste, e o procedimento de cálculos se mantém inalterado. Em caso de redução dos volumes é fundamental que se observe o volume mínimo necessário para a leitura fotométrica. Volumes da amostra menores que 0,01 mL são críticos em aplicações manuais e devem ser usados com cautela porque aumentam a imprecisão da medição. CÁLCULOS Ver linearidade. Absorbância doTeste Glicose (mg/dL) = x 100 Absorbância do Padrão Exemplo: ATeste = 0,322 A Padrão = 0,357 0,322 Branco da amostra: este procedimento é aplicável quando houver ação positiva de interferentes. Misturar 1,0 mL de NaCl 150 mmol/L (0,85%) com 0,01 mL da amostra. Medir a absorbância em 340 nm acertando o zero com água deionizada ou destilada. Subtrair a absorbância assim obtida da absorbância do teste e calcular a concentração. Glicose (mg/dL) = PREPARO DO REAGENTE DE TRABALHO O conjunto de um frasco do Reagente 1 e um frasco do Reagente 2 permite preparar o Reagente de Trabalho. Transferir o conteúdo de um frasco de Reagente 2 para um frasco de Reagente 1 e homogeneizar por inversão. Anotar a data de expiração. Estável 5 dias entre 15 - 25 °C e 60 dias entre 2 - 8°C quando não houver contaminação química ou bacteriana. Identificar o frasco do Reagente de Trabalho para evitar confusão com outros frascos do Reagente 1. Para preservar seu desempenho o reagente deve permanecer fora da geladeira somente o tempo necessário para se obter o volume a ser utilizado. Evitar exposição à luz solar direta. Fator de calibração = x 100 = 90 0,357 Devido à grande reprodutibilidade que pode ser obtida com a metodologia, o método do fator pode ser empregado 100 Absorbância do Padrão Glicose (mg/dL) = Absorbância do Teste x Fator Exemplo: 100 Fator = = 280 0,357 Glicose (mg/dL) = 0,322 x 280 = 90 Pagina: 2 DIAGNÓSTICA Plasma (jejum de 8 horas): mg/dL x volume (mL) 70 a 99 mg/dL Glicemia de jejum normal 100 a 125 mg/dL Glicemia de jejum alterada CALIBRAÇÃO O padrão é rastreável ao Standard Reference Material (SRM) 917a do National Institute of Standards and Technology (NIST). ³ a 126 mg/dL Provável Diabetes Mellitus: O diagnóstico de diabetes deve ser confirmado em nova amostra colhida em dia subseqüente. Calibrações manuais Obter o fator de calibração ao usar novo lote de reagentes ou quando o controle interno da qualidade indicar. Líquor: 2/3 da glicemia quando a medição é realizada em amostras colhidas simultaneamente. Urina: menor que 20 mg/dL ou até 250 mg/24 horas urina (mg/24 horas) = 100 " Sistemas automáticos Branco de reagentes: água ou solução de cloreto de sódio 150 mmol/L (0,85%); Padrões: usar calibradores protéicos. As concentrações de Glicose no Calibra 1 e Calibra 2 são rastreáveis ao SRM 965 do NIST. " " " Intervalo de calibrações Deve-se recalibrar o sistema nas seguintes situações: Calibração do branco ao usar novo frasco de reagente; Calibração de 2 ou 3 pontos ao mudar de lote; Calibração de 2 ou 3 pontos quando o controle interno da qualidade indicar. " " " LINEARIDADE A reação é linear até 700 mg/dL. Para valores maiores, diluir a amostra com NaCl 150 mmol/L (0,85%), realizar nova determinação e multiplicar o resultado obtido pelo fator de diluição. Diluir a amostra de tal modo que o valor encontrado se situe entre 80 e 200 mg/dL. Sugerimos a verificação da linearidade metodológica e fotométrica, no mínimo semestralmente, utilizando amostras com valores até 700 mg/dL. CONTROLE INTERNO DA QUALIDADE O laboratório deve manter um programa de controle interno da qualidade que defina claramente os objetivos, procedimentos, normas, critérios para limites de tolerância, ações corretivas e registro das atividades. Ao mesmo tempo deve manter um sistema definido para monitorizar a variabilidade analítica que ocorre em todo o sistema de medição. Portanto, o uso de controles para avaliar a imprecisão e inexatidão das determinações deve ser prática rotineira no laboratório clínico. Sugere-se usar um controle com um valor situado na faixa de referência ou no nível de decisão e outro controle com um valor em outra faixa de significância clínica. Deve-se criar uma meta de estado de controle para que a variação máxima encontrada seja de 5% ou então utilizar o sistema de regras múltiplas de 7 Westgard para verificar a estabilidade do sistema de medição. Sugere-se utilizar as preparações estabilizadas Qualitrol 1 e Qualitrol 2 da Labtest para controle interno da qualidade em ensaios de química clínica. VALORES DESEJÁVEIS OU RECOMENDADOS Os valores abaixo substituem os valores de referência. Estes valores foram determinados pela American Diabetes Association (ADA) a partir de dados epidemiológicos tratados estatisticamente e relacionam os níveis de glicose com o risco de desenvolver diabetes mellitus (Diabetes Care 2004; 27 (SUPPL 1): S5-S10 ou http://care.diabetesjournals.org/cgi/content/full/27/suppl_1/s5). Conversão: Unidades Convencionais (mg/dL) x 0,0556 = Unidades SI (mmol/L). 8 CARACTERÍSTICAS DO DESEMPENHO Exatidão Em duas amostras com concentrações de glicose iguais a 118 e 320 mg/dL foram adicionadas quantidades diferentes do analito, obtendo-se uma recuperação entre 96 e 108%. O erro sistemático proporcional médio obtido em um valor de 120 mg/dL foi igual a 2,4 mg/dL ou 2,0%. Especificidade O método proposto foi comparado com um método similar utilizando 40 amostras com valores situados entre 25 e 590 mg/dL. A comparação resultou na equação da regressão y = 0,995x + 1,01 e um coeficiente de correlação (r) igual a 0,999. O erro sistemático total (constante e proporcional) verificado no nível de decisão (120 mg/dL) foi igual a 0,41 mg/dL ou 0,34%. Como as amostras foram selecionadas aleatoriamente em pacientes de ambulatório e pacientes hospitalizados, pode-se inferir que o método tem uma especificidade metodológica adequada. Repetitividade - Imprecisão intra-ensaio MÉDIA DP CV% 10 86 1,08 1,25 10 165 1,62 0,98 10 302 3,78 1,25 N Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Reprodutibilidade Imprecisão total N MÉDIA DP CV% Amostra 1 10 88 2,52 2,90 Amostra 2 10 169 3,78 2,20 Amostra 3 10 300 5,04 1,70 Sensibilidade metodológica Uma amostra protéica não contendo glicose foi utilizada para calcular o limite de detecção do ensaio tendo sido encontrado um valor igual a 2,9 mg/dL, equivalente à média de 20 ensaios mais dois desvios padrão. Utilizando-se a absorbância do padrão como parâmetro verificou-se que o limite de detecção fotométrica é de 0,0277 mg/dL, correspondendo a uma absorbância igual a 0,0001. Efeitos da diluição da matriz Três amostras com valores iguais a 500, 700 e 1000 mg/dL foram utilizadas para avaliar a resposta do sistema nas diluições da matriz com NaCl 150 mmol/L (0,85%). Usando fatores de diluição que variaram de 2 a 8, encontrou-se uma recuperação entre 95 e 103%. Pagina: 3 DIAGNÓSTICA SIGNIFICADO CLÍNICO Valores elevados de glicose ocorrem nos vários tipos de diabetes primários, nos estados de intolerância à glicose e no diabetes secundário a várias doenças (hipertireoidismo, hiperpituitarismo, hiperadrenocorticismo, etc.). Para uma revisão dos critérios diagnósticos e classificação do diabetes mellitus consultar Diabetes Care 2004; 27 (SUPPL 1): S5-S10 ou: http://care.diabetesjournals.org/cgi/content/full/27/suppl_1/s5). Valores diminuídos de glicose ocorrem nas hipoglicemias que podem ser devidas a várias causas. Quando a ocorrência de sintomas de hipoglicemia é relacionada à alimentação, duas formas de hipoglicemia podem ser definidas: hipoglicemia do jejum e pós-prandial. As causas mais comuns de hipoglicemia do jejum são: hiperinsulinismo endógeno (insulinoma e sulfonilurea), hiperinsulinismo exógeno (factício), tumores extrapancreáticos, síndrome auto imune ( formação expontânea de anticorpos para receptores da insulina), insuficiência supra-renal e ou hipofisária, doença hepática grave e alcoolismo. A hipoglicemia pós-prandial, dependendo da história clínica e da resposta ao teste oral de tolerância à glicose, é classificada em hipoglicemia alimentar, do diabético tipo II, do paciente com intolerância à glicose, funcional ou reativa. Para uma revisão dos critérios diagnósticos e classificação do diabetes mellitus consultar Diabetes Care 2004; 27 (SUPPL 1): S5-S10 ou: http://care.diabetesjournals.org/cgi/content/full/27/suppl_1/s5). A redução da concentração de glicose nos líquidos corporais encontra-se usualmente relacionada a processos inflamatórios ou infecciosos. A determinação da concentração de glicose no líquor representa um dos parâmetros para a distinção entre meningite bacteriana e virótica tendo, porém, sensibilidade inferior à avaliação da celularidade no mesmo material. OBSERVAÇÕES 1. A limpeza e secagem adequadas do material utilizado são fatores fundamentais para a estabilidade dos reagentes e obtenção de resultados corretos. 2. A água utilizada no laboratório deve ter a qualidade adequada a cada aplicação. Assim, para preparar reagentes e usar nas medições deve ter resistividade ³ 1 megaohm ou condutividade £ 1 microsiemens e concentração de silicatos < 0,1 mg/L (água tipo II). Para o enxágüe da vidraria a água pode ser do tipo III com resistividade ³ 0,1 megaohms ou condutividade £ 10 microsiemens. No enxágüe final utilizar água tipo II. Quando a coluna deionizadora está com sua capacidade saturada ocorre a produção de água alcalina com liberação de vários íons, silicatos e substâncias com grande poder de oxidação ou redução que deterioram os reagentes em poucos dias ou mesmo horas, alterando os resultados de modo imprevisível. Assim, é fundamental estabelecer um programa de controle da qualidade da água. REFERÊNCIAS 1. Bergmeyer HU. Methods of Enzimatic Analisys, 3ed, vol 6, Deerfield Beach: Verlag Chemie,1984;163-172. 2. Bjorkem I, Blomstrand R, Falk O, and Ohman G. Clin Chim Acta 1976;72:353-62. 3. Bondar RJL, Mead D. Clin Chem 1974;20:586-90. 4. Inmetro - Boas Práticas de Laboratório Clínico e Listas de Verificação para Avaliação, Qualitymark eds, Rio de Janeiro, 1997. 5. Kaplan LA, Pesce AJ.: Methods in Clinical Chemistry, St. Louis: The C.V. Mosby Co., 1987;105-11. 6. Tietz NW. Fundamentals of Clinical Chemistry, Philadelphia: W.B. Saunders Co, 1970;155. 7. Westgard JO, Barry PL, Hunt MR, Groth T. Clin Chem 1981;27:493-501. 8. Labtest : Dados de Arquivo. APRESENTAÇÃO Catálogo Nº de testes Volume/teste Reagente 1 Reagente 2 Padrão 85-4/50 200 1,0 mL 4 x 40 mL 4 x 10 mL 1 x 5 mL O número de testes em aplicações automáticas depende dos parâmetros de programação. INFORMAÇÕES AO CONSUMIDOR Termos e Condições de Garantia A Labtest Diagnóstica garante o desempenho deste produto dentro das especificações até a data de expiração indicada nos rótulos, desde que os cuidados de utilização e armazenamento indicados nos rótulos e nestas instruções sejam seguidos corretamente. SERVIÇO DE APOIO AO CLIENTE Telefone 0800-31-3411 - Ligação Gratuita e-mail: [email protected] Estão disponíveis as aplicações para sistemas automáticos. Labtest Diagnóstica S.A. CGC: 16.516.296 / 0001 - 38 Av. Paulo Ferreira da Costa, 600 - Vista Alegre Lagoa Santa - Minas Gerais - Brasil - 33400-000 Telefone (31) 3681-9288 Fax (31) 3681-9344 www.labtest.com.br 3. Para uma revisão das fontes fisiopatológicas e medicamentosas de interferência nos resultados e na metodologia sugere-se consultar Young DS Effects of Drugs on Clinical Laboratory Tests, 3ª edição, Washington: AACC Press, 1990. Revisão: Outubro, 2001 Ref.: 150604 Copyright by Labtest Diagnóstica S.A. Reprodução sob prévia autorização Pagina: 4 Instruções de Uso PROTEÍNAS TOTAIS Cat. 99 ANVISA 10009010080 FINALIDADE Sistema para a determinação colorimétrica das Proteínas Totais em amostras de sangue e líquidos pleural, sinovial e ascítico por reação de ponto final. Somente para uso diagnóstico in vitro. PRINCÍPIO +2 Os íons cobre (Cu ) em meio alcalino (Reagente de Biureto) reagem com as ligações peptídicas das proteínas séricas formando cor púrpura, que tem absorbância máxima em 545 nm, proporcional à concentração das proteínas na amostra. CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA O sistema Proteínas Totais da Labtest é um método direto e rápido que tem elevada sensibilidade, associada com a especificidade da reação de biureto que é uma das reações mais simples e exatas para determinação das proteínas em líquidos biológicos. O reagente possui excelente estabilidade e resposta semelhante para todas as proteínas do soro. Concentrações moderadas de bilirrubina e hemoglobina presentes na amostra não provocam erros significativos. As concentrações de triglicérides maiores que 500 mg/dL produzem interferências positivas que podem ser minimizadas utilizando branco de amostra ou aplicando fotometria de leitura bicromática com filtro primário em 545 nm e filtro secundário em 700 nm. O sistema é facilmente aplicável em analisadores semiautomáticos e automáticos capazes de medir com exatidão a absorbância entre 530 e 550 nm. METODOLOGIA Biureto. REAGENTES 1. Reagente Biureto - Armazenar entre 15 - 30 °C. Reagente pronto para uso. Contém hidróxido de sódio 600 mmol/L, sulfato de cobre 12 mmol/L, estabilizador e antioxidante. Manusear com cuidado. Reagente corrosivo. Não pipetar com a boca. 2. Padrão 4,0 g/dL - Armazenar entre 15 - 30 °C. Armazenar bem vedado para evitar evaporação Contém albumina bovina 4 g/dL e azida sódica 14,6 mmol/L. Os reagentes não abertos, quando armazenados nas condições indicadas, são estáveis até a data de expiração impressa no rótulo. Durante o manuseio, os reagentes estão sujeitos à contaminações de natureza química e microbiana que podem provocar redução da estabilidade. PRECAUÇÕES E CUIDADOS ESPECIAIS Os cuidados habituais de segurança devem ser aplicados na manipulação dos reagentes que não devem ser pipetados com a boca. O Reagente Biureto contém hidróxido de sódio que é corrosivo e pode produzir queimaduras. No caso de contato com os olhos deve-se lavar imediatamente com grande quantidade de água e procurar auxílio médico. Em caso de ingestão oferecer grande quantidade de água com suco de limão ou vinagre. Não provocar vômitos. Procurar auxílio médico. Devem-se utilizar os equipamentos de proteção adequados para manipular reagentes corrosivos. O Padrão contém azida sódica, que é tóxica. Deve-se tomar cuidado para evitar a ingestão e, no caso de contato com os olhos, deve-se lavar imediatamente com grande quantidade de água e procurar auxílio médico. A azida pode formar compostos altamente explosivos com tubulações de chumbo e cobre. Utilizar grandes volumes de água para descartar o reagente. Os reagentes não abertos, quando armazenados nas condições indicadas e manuseados de acordo com as boas práticas de laboratório, são estáveis até a data de expiração impressa no rótulo. Durante o manuseio, os reagentes estão sujeitos à contaminações de natureza química e microbiana que podem provocar redução da estabilidade. MATERIAIS NECESSÁRIOS E NÃO FORNECIDOS Fotômetro capaz de medir, com exatidão, a absorbância entre 530 e 550 nm e opcionalmente entre 700 e 800 nm. Analisador automático capaz de processar 1 reagente (para aplicações automáticas). Pipetas para medir amostras e reagentes (aplicações manuais). Cronômetro (para aplicações manuais). INFLUÊNCIAS PRÉ-ANALÍTICAS Em amostras colhidas durante a manhã, as concentrações das proteínas são 3% maiores que em amostras colhidas no período da tarde. A mudança da posição em pé para a posição deitada, provoca uma passagem de líquido do espaço extravascular para os espaços intravasculares, que pode reduzir as concentrações relativas das proteínas e dos analitos ligados às proteínas em até 10%. No período de gestação, devido ao aumento do líquido intravascular, a proteína total diminui significativamente podendo apresentar reduções de até 14%. Quando o torniquete é mantido por mais de 3 minutos durante a colheita da amostra, ocorre um aumento de até 5% no valor da proteína total no sangue. Exercícios físicos aumentam as concentrações das proteínas. Soros fortemente hemolisados ou contendo expansores de plasma (Dextran, PVP e Hemacel) nas amostras leva a obtenção de resultados falsamente elevados. AMOSTRA Deve ser criado um Procedimento Operacional Padrão (POP) que estabeleça procedimentos adequados para colheita, preparação e armazenamento da amostra. Enfatizamos que os erros devidos à amostra podem ser muito maiores que os erros ocorridos durante o procedimento analítico. Usar soro e líquidos (pleural, sinovial e ascítico). As proteínas são estáveis 3 dias entre 2 - 8 °C e 7 dias a 10 °C negativos. A metodologia não é adequada para a dosagem das proteínas na urina ou no líquor. Para estas amostras deve ser utilizada a 5 6 metodologia proposta por Meulemans e Pennock , ou utilizar o produto Sensiprot Labtest, (Cat. 36). Como nenhum teste conhecido pode assegurar que amostras de sangue não transmitem infecções, todas elas devem ser consideradas como potencialmente infectantes. Portanto, ao manuseá-las devem-se seguir as normas estabelecidas para biossegurança. Para descartar os reagentes e o material biológico sugerimos aplicar as normas locais, estaduais ou federais de proteção ambiental. INTERFERÊNCIAS As concentrações de bilirrubina até 32 mg/dL, hemoglobina até 130 mg/dL e triglicérides até 500 mg/dL não produzem interferências significativas. Exemplo: Absorbância do teste = 0,405 Absorbância do padrão = 0,238 Concentrações de triglicérides entre 500 mg/dL e 1100 mg/dL produzem interferências positivas que podem ser minimizadas utilizando o Branco da Amostra ou fotometria de leitura bicromática com filtro primário em 545 nm e filtro secundário em 700 nm. Proteínas Totais = Concentrações de hemoglobina maiores que 130 mg/dL produzem interferências positivas que não podem ser minimizadas utilizando o Branco da Amostra. Para avaliar a concentração aproximada da hemoglobina em uma amostra hemolisada pode-se proceder do seguinte modo: Diluir 0,05 mL da amostra em 2,0 mL de NaCl 150 mmol/L (0,85%) e medir a absorbância em 405 ou 415 nm acertando o zero com água deionizada ou destilada. 0,405 x 4 g/dL = 6,80 g/dL 0,238 Devido a grande reprodutibilidade que pode ser obtida com a metodologia, pode-se utilizar o método do fator para calcular as concentrações das amostras com absorbância dentro do intervalo de linearidade. 4 g/dL Fator de calibração = Absorbância do padrão Proteínas Totais = Absorbância do teste x Fator (g/dL) Exemplo: 4 g/dL Fator = = 16,80 g/dL 0,238 Hemoglobina (mg/dL) @ Absorbância405 x 601 Hemoglobina (mg/dL) @ Absorbância415 x 467 Proteínas Totais = 0,405 x 16,80 g/dL = 6,80 g/dL Minimização da Ação de Interferentes Branco da Amostra: Misturar 1,0 mL de NaCl 150 mmol/L (0,85%) com 0,02 mL da amostra. Medir a absorbância em 545 nm, acertando o zero com água destilada ou deionizada. Subtrair a absorbância assim obtida da absorbância do teste e calcular a concentração. Este sistema de correção só pode ser aplicado nos casos em que a amostra produz uma interferência fotométrica como ocorre nas amostras lipêmicas ou com concentração de bilirrubina maior que 32 mg/dL. PROCEDIMENTO Tomar 3 tubos de ensaio e proceder como a seguir: Amostra Padrão (n° 2) Água destilada Ou deionizada Reagente Biureto BRANCO TESTE PADRÃO --- 0,02 mL --- --- --- 0,02 mL 0,02 mL --- --- 1,0 mL 1,0 mL 1,0 mL Misturar e incubar a 37 °C durante 10 minutos. Determinar as absorbâncias do teste e padrão em 545 nm (530 a 550), acertando o zero com o branco. A cor é estável durante 1 hora. O procedimento sugerido para a medição é adequado para fotômetros cujo volume mínimo de solução para leitura é igual ou menor que 1,0 mL. Deve ser feita uma verificação da necessidade de ajuste do volume para o fotômetro utilizado. Os volumes de amostra e reagente podem ser modificados proporcionalmente sem prejuízo para o desempenho do teste. O procedimento de cálculo se mantém inalterado. Em caso de redução dos volumes é fundamental que se observe o volume mínimo necessário para a leitura fotométrica. Volumes da amostra menores que 0,01 mL são críticos em aplicações manuais e devem ser usados com cautela porque aumentam a imprecisão da medição. CÁLCULOS Ver linearidade. Absorbância do teste Proteínas Totais = x (4 g/dL) Absorbância do padrão CALIBRAÇÃO A concentração de proteínas no Padrão (No. 2) e nos calibradores da serie Calibra é rastreável ao Standard Reference Material (SRM) 927 do National Institute of Standards and Technology (NIST). Calibrações manuais Obter o fator de calibração ao usar novo lote de reagentes ou quando o controle interno da qualidade indicar. " Sistemas automáticos Branco de reagentes: água ou solução de cloreto de sódio 150 mmol/L (0,85%); Usar os calibradores da linha Calibra Labtest. Intervalo de calibrações Calibração de 2 ou 3 pontos ao mudar de lote; Calibração de 2 ou 3 pontos quando o controle interno da qualidade indicar. " " " " " LINEARIDADE O resultado da medição é linear entre 1,0 e 14,0 g/dL. Para valores maiores diluir a amostra com NaCI 150 mmol/L (0,85%) e repetir a medição. Multiplicar o resultado obtido pelo fator de diluição. Diluir a amostra de tal modo que o valor encontrado se situe entre 4,0 e 8,0 g/dL. Sugerimos a verificação da linearidade metodológica e fotométrica, no mínimo semestralmente, utilizando amostras com valores até 14,0 g/dL. CONTROLE INTERNO DA QUALIDADE O laboratório deve manter um programa de controle interno da qualidade que defina claramente os regulamentos aplicáveis, objetivos, procedimentos, critérios para especificações da qualidade e limites de tolerância, ações corretivas e registro das atividades. Ao mesmo tempo deve manter um sistema definido para monitorar a variabilidade analítica que ocorre em todo o sistema de medição. Portanto, o uso de controles para avaliar a imprecisão e inexatidão das determinações deve ser prática rotineira no laboratório clínico. Sugere-se usar um controle com um valor situado na faixa de referência ou no nível de decisão e outro controle com um valor em outro nível de significância clínica. Deve-se criar uma meta de estado de controle para que o coeficiente de variação máximo seja £ 2,0% com um erro total em relação ao valor real £ 5,2 % ou 7 então utilizar um sistema de regras de controle para verificar a estabilidade do sistema de medição. Especificações de erro máximo baseadas na Variação Biológica: Imprecisão (CV%) £ 2,0%; Bias: £ ± 1,8%; Erro total: £ 5,2%. Sugere-se utilizar as preparações estabilizadas da linha Qualitrol Labtest para controle interno da qualidade em ensaios de química clínica. VALORES DE REFERÊNCIA Estes valores devem ser usados apenas como orientação. Recomenda-se que cada laboratório estabeleça, na população atendida, sua própria faixa de valores de referência. Soro: 6,0 a 8,0 g/dL. Conversão: Unidades Convencionais (g/dL) x 10 = Unidades SI (g/L). 8 CARACTERÍSTICAS DO DESEMPENHO Exatidão Em duas amostras com concentração de Proteína igual a 6,3 g/dL foram adicionadas quantidades diferentes do analito, obtendo-se recuperações entre 99,4 e 99,6%. O erro sistemático proporcional médio obtido em um valor de 6,0 g/dL é igual a 0,03 g/dL ou 0,5%. Estudos de comparação de métodos O método Proteínas Totais Labtest foi comparado com outro método utilizando tecnologia similar, sendo obtidos os seguintes resultados: Método Comparativo 20 20 2,53 a 12,45 2,68 a 12,35 7,72 7,77 Número de amostras Intervalo de concentração (g/dL) Média das estimativas (g/dL) Equação da regressão Proteínas Totais Labtest Método Labtest = 0,965xComparativo + 0,315 g/dL Coeficiente de correlação 0,999 Erro sistemático médio (g/dL) 0,05 O erro sistemático médio é igual a 1,75% no nível de decisão 6,0 g/dL e 0,44% no nível de decisão 8,0 g/dL. Os erros são menores que o erro sistemático analítico da especificação baseada na variação biológica que é ± 1,8%. Confirma-se a hipótese nula de que as diferenças entre o método Proteínas Totais Labtest e o método comparativo não se desviam em mais que o desvio provocado pelas imprecisões inerentes, caracterizando a identidade ou relação funcional entre os métodos. O erro total (erro aleatório + erro sistemático) estimado em um nível de decisão igual a 6,0 g/dL, é igual a 0,11 g/dL ou 3,55%. O método Labtest é substancialmente equivalente ao método comparativo. O coeficiente de correlação (0,999) confirma a força da relação entre os métodos. Repetitividade - Imprecisão intra-ensaio N MÉDIA DP (g/dL) CV% Amostra 1 20 4,68 0,03 0,64 Amostra 2 20 6,40 0,04 0,63 Amostra 3 20 8,20 0,05 0,61 Reprodutibilidade - Imprecisão total N MÉDIA DP (g/dL) CV% Amostra 1 20 4,68 0,05 1,07 Amostra 2 20 6,40 0,07 1,09 Amostra 3 20 8,20 0,06 0,73 Sensibilidade Metodológica Utilizando-se a absorbância do padrão como parâmetro, o limite de detecção fotométrica é 0,0168 g/dL, correspondendo a uma absorbância igual a 0,001. Efeitos da Diluição da Matriz Duas amostras com valores iguais a 12,3 e 15,1 g/dL foram utilizadas para avaliar a resposta do sistema nas diluições da matriz com NaCl 150 mmol/L. Usando um fator de diluição igual a 2, foram encontradas recuperações entre 100,5% e 101,3%. Os erros sistemáticos encontrados são significativamente menores que o bias analítico da especificação baseada nos componentes da variação biológica. SIGNIFICADO CLÍNICO A dosagem isolada da proteína total tem pouco valor, porque a alteração em uma das frações pode ser compensada por alteração oposta de outra fração, como ocorre nas doenças crônicas em que há diminuição de albumina com aumento de gamaglobulina. Ocorrência similar pode ser observada em respostas de fase aguda, tais como infecções ou traumas, ocasião em que muitas proteínas plasmáticas produzidas no fígado aumentam sua concentração, enquanto a albumina se reduz, mantendo a concentração protéica total praticamente inalterada. As proteínas estão aumentadas em algumas neoplasias, especialmente em mieloma múltiplo; na macroglobulinemia; doenças autoimunes, como artrite reumatóide e lupus eritematoso sistêmico; doenças granulomatosas como a sarcoidose, leishmaniose visceral; endocardite bacteriana sub-aguda e linfogranuloma; em alguns casos de doença hepática crônica, como hepatite autoimune e na desidratação. As proteínas estão diminuídas na gravidez; hiperhidratação, desnutrição grave, cirrose e outras doenças hepáticas, incluindo alcoolismo crônico; imobilização prolongada; insuficiência cardíaca; nefrose e insuficiência renal; hipertireoidismo; deficiência de cálcio e vitamina D e na síndrome de má absorção. A dosagem de proteína no líquido sinovial tem sensibilidade de 52% e especificidade de 56% nas doenças inflamatórias. A determinação da concentração de proteínas no líquido pleural é de pouco valor, exceto quando combinada com outros parâmetros que permitam fazer a diferença entre exsudato e transudato. Em 15 a 20% dos indivíduos com hepatopatias acompanhadas de ascite, a concentração de proteína no líquido ascítico é superior a 2,5 g/dL. Nos pacientes com ascite de etiologia neoplásica, as concentrações de proteínas são menores que 2,5 g/dL. OBSERVAÇÕES 1. A limpeza e secagem adequadas do material utilizado são fatores fundamentais para a estabilidade dos reagentes e obtenção de resultados corretos. 2. A água utilizada no laboratório deve ter a qualidade adequada a cada aplicação. Assim, para usar nas medições, deve ter resistividade ³ 1 megaohm ou condutividade £ 1 microsiemens e concentração de silicatos < 0,1 mg/L (água tipo II). Para o enxágüe da vidraria a água pode ser do tipo III, com resistividade ³ 0,1 megaohms ou condutividade £ 10 microsiemens. No enxágüe final utilizar água tipo II. Quando a coluna deionizadora está com sua capacidade saturada ocorre a produção de água alcalina com liberação de vários íons, silicatos e substâncias com grande poder de oxidação ou redução que deterioram os reagentes em poucos dias ou mesmo horas, alterando os resultados de modo imprevisível. Assim, é fundamental estabelecer um programa de controle da qualidade da água. Labtest Diagnóstica S.A. CNPJ: 16.516.296/0001-38 Av. Paulo Ferreira da Costa, 600 Lagoa Santa - Minas Gerais - Brasil - 33400-000 Telefone (31) 3681-9288 Fax (31) 3681-9344 www.labtest.com.br 3. Para uma revisão das fontes fisiopatológicas e medicamentosas de interferência nos resultados e na metodologia sugere-se consultar: www.fxol.org/ REFERÊNCIAS 1. Burtis CA, Ashwood ER. Tietz Textbook of Clinical C h e m i s t r y, 2 a . E d i ç ã o , W B S a u n d e r s Company:Philadelphia, 1986, 695-700. 2. Faulkner WR, Meites S. Selected Methods for the S m a l l C l i n i c a l C h e m i s t r y L a b o r a t o r y, AACC:Washington,1982;9:317-320. 3. Henry RJ, Cannon DC, Winkelman JW. Clinical Chemistry, Principles and Technics, 2a. Edição. Harper & Row:New York, 1974,405-435. 4. Inmetro - Boas Praticas de Laboratório Clínico e Listas de Verificação para Avaliação, Qualitymark eds:Rio de Janeiro, 1997. 5. Meulemans O. Clin Chim Acta 1960;5:757. 6. Pennock CA., Passant LP, Bolton FG. J Clin Path 1968;21:518. 7. Westgard JO, Barry PL, Hunt MR, Groth T. Clin Chem 1981;27:493-501. 8. Labtest: Dados de Arquivo. APRESENTAÇÃO Catálogo Reagente Biureto Padrão 99-100 99-250 1 x 100 mL 1 x 3 mL 1 x 250 mL 1 x 3 mL O número de testes em aplicações automáticas depende dos parâmetros de programação. INFORMAÇÕES AO CONSUMIDOR Termos e Condições de Garantia A Labtest Diagnóstica garante o desempenho deste produto dentro das especificações até a data de expiração indicada nos rótulos desde que os cuidados de utilização e armazenamento indicados nos rótulos e nestas instruções sejam seguidos corretamente. Serviço de Apoio ao Cliente Telefone: 0800 31-3411 (Ligação gratuita) e-mail: [email protected] Estão disponíveis aplicações para sistemas automáticos. Revisão: Agosto, 2005. Ref.: 180805 Copyright by Labtest Diagnóstica S.A. Reprodução sob prévia autorização Instruções de Uso TRANSAMINASE OXALACÉTICA Cat. 52 ANVISA 10009010031 FINALIDADE Sistema para medida da atividade da Transaminase Oxalacética (TGO) em amostra de sangue por método cinético de tempo fixo e medição de ponto final. Somente para uso diagnóstico in vitro. PRINCÍPIO A transaminase oxalacética promove a transferência de grupamentos amina de a-aminoácidos para a-cetoácidos. TGO L-Aspartato + a-cetoglutarato Glutamato + Oxalacetato O oxalacetato formado é medido através da formação de hidrazona, a qual tem intensa cor em meio alcalino. CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA O sistema Transaminase Oxalacética Labtest contém todos os reagentes necessários a uma segura determinação, utilizando um processo em 4 etapas e permitindo que a fotometria seja realizada em qualquer fotômetro que tenha filtros com emissão entre 490 a 540 nm. Os reagentes são rigorosamente padronizados e estabilizados visando à manutenção de rígidas e ótimas condições para a ação enzimática. O hidróxido de sódio é preparado e titulado em condições de rigoroso controle, o que elimina a presença de carbonato e assegura uma ação correta do reagente. METODOLOGIA Reitman e Frankel. REAGENTES 1. TGO Substrato - Armazenar entre 2 - 8 ºC. Contém tampão 67 mmol/L, pH 7,4; ácido a-cetoglutárico 2,0 mmol/L, ácido L-aspártico 99 mmol/L e azida sódica 15,4 mmol/L. 2. Reagente de Cor - Armazenar entre 2 - 8 ºC. Não congelar. Contém 2,4-dinitrofenilhidrazina 1,0 mmol/L e ácido clorídrico 1,0 mol/L. 3. NaOH - Estoque - Armazenar entre 15 - 25 ºC. Contém hidróxido de sódio 1,25 mol/L. Reagente corrosivo. 4. Padrão - Armazenar entre 2 - 8 ºC. Contém piruvato de sódio 2 mmol/L. Após o manuseio sugere-se armazenar bem vedado para evitar evaporação. Os reagentes não abertos, quando armazenados nas condições indicadas, são estáveis até a data de expiração impressa no rótulo. Durante o manuseio, os reagentes estão sujeitos à contaminações de natureza química e microbiana que podem provocar redução da estabilidade. PRECAUÇÕES E CUIDADOS ESPECIAIS Os cuidados habituais de segurança devem ser aplicados na manipulação de reagentes. O NaOH - Estoque contém hidróxido de sódio que é corrosivo e pode produzir queimaduras. O TGO Substrato contém azida sódica que é tóxica. Deve-se tomar cuidado para evitar a ingestão e, no caso de contato com os olhos, deve-se lavar imediatamente com grande quantidade de água e procurar auxílio médico. A azida pode formar compostos altamente explosivos com tubulações de chumbo e cobre. Utilizar grandes volumes de água para descartar o reagente. Como ocorre com toda reação enzimática, a rigorosa observação do tempo e da temperatura de incubação é de grande importância para a qualidade dos resultados obtidos. A diferença de 1 minuto no tempo de incubação desta dosagem introduz um erro de 3,3% nos resultados. MATERIAL NECESSÁRIO E NÃO FORNECIDO Banho-maria mantido à temperatura constante (37 ºC) Fotômetro capaz de medir, com exatidão, a absorbância entre 490 e 540 nm. Pipetas para medir amostras e reagentes. Cronômetro. INFLUÊNCIAS PRÉ-ANALÍTICAS Amostras hemolisadas produzem interferência positiva devido à elevada concentração de TGO nas hemácias. O alcoolismo crônico aumenta a atividade da TGO de 18 a 100%. AMOSTRA Deve ser criado um Procedimento Operacional Padrão (POP) que estabeleça procedimentos adequados para colheita, preparação e armazenamento da amostra. Enfatizamos que os erros devidos à amostra podem ser muito maiores que os erros ocorridos durante o procedimento analítico. Usar soro ou plasma (EDTA, heparina) e líquor. A atividade enzimática é estável 4 dias entre 2 - 8 ºC e 2 semanas a 10 ºC negativos. Como nenhum teste conhecido pode assegurar que amostras de sangue não transmitem infecções, todas elas devem ser consideradas como potencialmente infectantes. Portanto, ao manuseá-las devem-se seguir as normas estabelecidas para biossegurança. Para descartar os reagentes e o material biológico sugerimos aplicar as normas locais, estaduais ou federais de proteção ambiental. INTERFERÊNCIAS Valores de Bilirrubina até 5 mg/dL e Triglicérides até 170 mg/dL não produzem interferências significativas. Amostras hemolisadas produzem interferência positiva devido à elevada concentração de TGO nas hemácias. Valores de Triglicérides entre 170 e 900 mg/dL produzem interferência positiva que pode ser minimizada utilizando o Branco de Amostra. Minimização da Ação de Interferentes Branco de Amostra: Misturar 3,0 mL de NaCl 150 mmol/L (0,85%) com 0,05 mL da amostra. Medir a absorbância em 505 nm ou filtro verde (490 a 540), acertando o zero com água destilada ou deionizada. Subtrair a absorbância assim obtida da absorbância do teste e obter a atividade da transaminase oxalacética utilizando a curva de calibração. Este sistema de correção é aplicável apenas nos casos em que a amostra produz interferência fotométrica. PREPARO DO REAGENTE Ver observações 1 e 2. NaOH de Uso NaOH de Uso: Transferir quantitativamente o conteúdo do frasco nº 3 (160 mL) para um balão volumétrico ou proveta, completar para 500 mL com água destilada ou deionizada livre de CO2 e homogeneizar. Estável 12 meses em recipiente de plástico entre 15 - 25 ºC. A água utilizada deve ter resistividade ³1 megaohm ou condutividade £1 microsiemens e concentração de silicatos < 0,1 mg/L. CURVA DE CALIBRAÇÃO Como o sistema de medida Reitman-Frankel (Unidades/mL) não segue a lei de Beer, é impossível utilizar o método do fator para cálculo, sendo necessária a preparação de curva de calibração. Tomar 5 tubos de ensaio e proceder como a seguir: Tubo nº 1 2 3 4 5 mL mL mL mL mL Padrão (nº 4) --- 0,1 0,2 0,3 0,4 TGO Substrato (nº 1) 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 Água destilada ou deionizada 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 Reagente de Cor (nº 2) 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 Misturar e deixar a temperatura ambiente durante 20 minutos. NaOH de Uso 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0 Misturar e deixar a temperatura ambiente durante 5 minutos. Determinar as absorbâncias ou T% em 505 nm ou filtro verde (490 a 540), acertando o zero com água destilada ou deionizada. A cor é estável por 60 minutos. TRAÇADO DA CURVA DE CALIBRAÇÃO Traçar a curva de calibração correlacionando as leituras obtidas com os valores em Unidades/mL expressos na tabela abaixo, utilizando papel linear (para absorbâncias) ou monolog (para T%). Tubo nº TGO (Unidade/mL) 1 2 3 Zero 24 61 4 5 114 190 PROCEDIMENTO Ver observação 3. Tomar 1 tubo de ensaio e proceder como a seguir: Teste TGO Substrato (nº 1) 0,25 mL Incubar em banho-maria a 37 ºC durante 2 minutos. O nível da água no banho deve ser superior ao nível dos reagentes nos tubos de ensaio. Amostra 0,05 mL Misturar e incubar em banho-maria a 37 ºC exatamente 60 minutos. Reagente de Cor (nº 2) 0,25 mL Misturar e deixar a temperatura ambiente 20 minutos. 2,5 mL Misturar e esperar 5 minutos. Determinar as absorbâncias ou T% em 505 nm ou filtro verde (490 a 540), acertando o zero com água destilada ou deionizada. A cor é estável 60 minutos. Obter o valor de TGO usando a curva de calibração (ver Desempenho do Sistema). O procedimento sugerido para a medição é adequado para fotômetros cujo volume mínimo de solução para leitura é igual ou menor que 3,0 mL. Deve ser feita uma verificação da necessidade de ajuste do volume para o fotômetro utilizado. Os volumes de amostra e reagente podem ser modificados proporcionalmente sem prejuízo para o desempenho do teste e o procedimento de cálculo se mantém inalterado. Em caso de redução dos volumes é fundamental que se observe o volume mínimo necessário para a leitura fotométrica. Volumes da amostra menores que 0,01 mL são críticos em aplicações manuais e devem ser usados com cautela porque aumentam a imprecisão da medição. DESEMPENHO DO SISTEMA Quando for obtido um valor igual ou maior que 190 Unidades/mL, diluir a amostra com NaCl 150 mmol/L (0,85%), realizar nova medição e multiplicar o resultado obtido pelo fator de diluição. Diluir a amostra de tal modo que o valor encontrado se situe entre 50 e 150 Unidades/mL. Sugerimos a verificação do desempenho do sistema no mínimo semestralmente, utilizando amostras com valores até 190 Unidades/mL. CONTROLE INTERNO DA QUALIDADE O laboratório deve manter um programa de controle interno da qualidade que defina claramente os objetivos, procedimentos, normas, critérios para limites de tolerância, ações corretivas e registro das atividades. Ao mesmo tempo deve manter um sistema definido para monitorar a variabilidade analítica que ocorre em todo o sistema de medição. Portanto, o uso de controles para avaliar a imprecisão e inexatidão das determinações deve ser prática rotineira do laboratório clínico. Sugere-se usar um controle com um valor situado na faixa de referência ou no nível de decisão e outro controle com um valor em outra faixa de significância clínica. Deve-se criar uma meta de estado de controle para que a variação máxima encontrada seja de 10% ou então utilizar o sistema de regras múltiplas de 7 Westgard para avaliação do estado de controle. Sugere-se utilizar as preparações estabilizadas da linha Qualitrol da Labtest para controle interno da qualidade em ensaios de química clínica. VALORES DE REFERÊNCIA Estes valores devem ser usados apenas como orientação. Recomenda-se que cada laboratório estabeleça, na população atendida, sua própria faixa de valores de referência. Soro: 4 a 36 Unidades/mL UI = Unidades/mL x 0,482 8 CARACTERÍSTICAS DO DESEMPENHO Exatidão Em duas amostras com concentrações de transaminase oxalacética iguais a 22 e 129 Unidades/mL foram adicionadas quantidades diferentes da enzima obtendo-se recuperações entre 104 e 108%. O erro sistemático proporcional médio obtido em um valor de 60 Unidades/mL foi igual a 3,6 Unidades/mL ou 6,0%. Especificidade O método proposto foi comparado com um método similar utilizando 80 amostras com valores situados entre 11 e 174 Unidades/mL. A comparação resultou na equação da regressão: y = 0,895x - 6,818 e um coeficiente de correlação (r) igual a 0,99. O erro sistemático total (constante e proporcional) verificado no nível de decisão (60 Unidades/mL) foi igual a 13 Unidades/mL ou 22%. Como as amostras foram selecionadas aleatoriamente em pacientes de ambulatório e pacientes hospitalizados, pode-se inferir que o método tem uma especificidade metodológica adequada. Repetitividade - Imprecisão intra-ensaio N MÉDIA DP CV% Amostra 1 20 19 1,53 7,9 Amostra 2 20 61 2,66 4,4 Reprodutibilidade Imprecisão total N MÉDIA DP CV% Amostra 1 20 20 2,86 14,7 Amostra 2 20 59 3,85 6,53 Sensibilidade metodológica Uma amostra protéica não contendo transaminase oxalacética foi utilizada para calcular o limite de detecção do ensaio tendo sido encontrado um valor igual a 5,0 Unidades/mL, equivalente à média de 20 ensaios mais dois desvios padrão. Efeitos da diluição da matriz Duas amostras com valores iguais a 149 e 165 Unidades/mL foram utilizadas para avaliar a resposta do sistema nas diluições da matriz com NaCl 150 mmol/L (0,85%). Usando fatores de diluição que variaram de 2 a 8 foram encontradas recuperações entre 88 e 100%. SIGNIFICADO CLÍNICO Elevações das transaminases ocorrem na hepatite (viral e tóxica), na mononucleose, cirrose, colestase, carcinoma hepático primário ou metatástico, pancreatite, traumatismo extenso e no choque prolongado. Nas hepatopatias agudas, geralmente, o valor da transaminase pirúvica (ALT) excede o da oxalacética (AST). A transaminase oxalacética quase sempre está elevada após o infarto agudo do miocárdio, fato incomum para a pirúvica. A transaminase oxalacética começa a elevar-se 6 a 12 horas após o infarto para alcançar o pico máximo entre 24 a 48 horas, normalizando-se pelo 5º ou 6º dia. Deve-se ressaltar que a sensibilidade e especificidade da dosagem de AST no diagnóstico do infarto agudo do miocárdio são baixas, tornando a determinação desta enzima a menos indicada para este diagnóstico. A uremia encontra-se associada à queda da AST. Elevações significativas da atividade da AST no líquor têm sido observadas em pacientes com acidentes cerebrovasculares. Se o nível sérico da enzima encontra-se também elevado, trata-se provavelmente de dano maciço ao parênquima cerebral. Neoplasias envolvendo o cérebro e a medula espinhal são acompanhadas de vários graus de elevação na atividade da AST no líquor. Nos indivíduos com meningite bacteriana observam-se, usualmente, valores dentro da faixa de referência. Várias drogas comumente usadas encontram-se relacionadas ao aumento da AST: isoniazida, fenotiazinas, eritromicina, progesterona, esteróides, opiáceos, indometacina, halotano e metildopa. OBSERVAÇÕES 1. A limpeza e secagem adequadas do material utilizado são fatores fundamentais para a estabilidade dos reagentes e obtenção de resultados corretos. 2. A água utilizada no laboratório deve ter a qualidade adequada a cada aplicação. Assim, para preparar reagentes e usar nas medições, deve ter resistividade ³1 megaohm ou condutividade £1 microsiemens e concentração de silicatos <0,1 mg/L (água tipo II). Para o enxágüe da vidraria a água pode ser do tipo III, com resistividade ³0,1 megaohms ou condutividade £10 microsiemens. No enxágüe final utilizar água tipo II. Quando a coluna deionizadora está com sua capacidade saturada ocorre a produção de água alcalina com liberação de vários íons, silicatos e substâncias com grande poder de oxidação ou redução que deterioram os reagentes em poucos dias ou mesmo horas, alterando os resultados de modo imprevisível. Assim, é fundamental estabelecer um programa de controle da qualidade da água. 3. Para uma revisão das fontes medicamentosas de interferência nos resultados e na metodologia, sugere-se consultar Young, DS. Effects of Drugs on Clinical Laboratory a Tests, 3 edição, Washington: AACC Press, 1990. REFERÊNCIAS 1. Karmen A. J Clin Invest 1955;34:131. 2. Reitman S, Frankel S. Am J Clin Path 1957;28:56. 3. Tietz NW. Fundamentals of Clinical Chemistry, W.B. Saunders Co, 1970. 4. Tonks DB. Quality Control in Clinical Laboratories, WarnerChilcott Laboratories, Diagnostic Reagents Division, Scarborough, Canada, 1972. 5. Varley H. Practical Clinical Biochemistry, Willian Heinemann Medical Book Ltd. 1967. 6. Wroblewski F, Cabaud P. Am J Clin Path 1957;27:235. 7. Westgard JO, Barry PL, Hunt MR, Growth T.1981;27:493501. 8. Labtest: Dados de arquivo. APRESENTAÇÃO Catálogo Nº de testes Volume/Teste TGO Substrato Reagente de Cor NaOH - Estoque Padrão 52-200 200 3,0 mL 1 x 50 mL 1 x 50 mL 1 x 160 mL 1 x 4 mL INFORMAÇÕES AO CONSUMIDOR Termos e Condições de Garantia A Labtest Diagnóstica garante o desempenho deste produto dentro das especificações até a data de expiração indicada nos rótulos, desde que os cuidados de utilização e armazenamento indicados nos rótulos e nestas instruções sejam seguidos corretamente. Serviço de Apoio ao Cliente Telefone: 0800 31-3411 (Ligação gratuita) e-mail: [email protected] Labtest Diagnóstica S.A. CNPJ: 16.516.296/0001-38 Av. Paulo Ferreira da Costa, 600 Lagoa Santa - Minas Gerais - Brasil - 33400-000 Telefone (31) 3681-9288 Fax (31) 3681-9344 www.labtest.com.br Revisão: Outubro, 2004 Ref.: 181104 Copyright by Labtest Diagnóstica S.A. Reprodução sob prévia autorização Instruções de Uso TRANSAMINASE PIRÚVICA Cat. 53 ANVISA 10009010027 FINALIDADE Sistema para medida da atividade da Transaminase Pirúvica (TGP) em amostra de sangue por método cinético de tempo fixo e medição de ponto final. Somente para uso diagnóstico in vitro. PRINCÍPIO A transaminase pirúvica promove a transferência de grupamentos amina de a-aminoácidos para a-cetoácidos. TGP L- Alanina + a-cetoglutarato Glutamato + Piruvato O piruvato formado é medido através da formação de hidrazona, a qual tem intensa cor em meio alcalino. CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA O sistema Transaminase Pirúvica Labtest contém todos os reagentes necessários a uma segura determinação, utilizando um processo em 4 etapas e permitindo que a fotometria seja realizada em qualquer fotômetro que tenha filtros com emissão entre 490 a 540 nm. Os reagentes são rigorosamente padronizados e estabilizados visando à manutenção de rígidas e ótimas condições para a ação enzimática. O hidróxido de sódio é preparado e titulado em condições de rigoroso controle, o que elimina a presença de carbonato e assegura uma ação correta do reagente. METODOLOGIA Reitman e Frankel. REAGENTES 1. TGP Substrato - Armazenar entre 2 - 8 °C. Contém tampão 67 mmol/L, pH 7,4; ácido a-cetoglutárico 2,0 mmol/L; L-alanina 100 mmol/L e azida sódica 15,4 mmol/L. 2. Reagente de Cor - Armazenar entre 2 - 8 °C. Não congelar. Contém 2,4-dinitrofenilhidrazina 1,0 mmol/L e ácido clorídrico 1,0 mol/L. 3. NaOH - Estoque - Armazenar entre 15 - 25 °C. Contém hidróxido de sódio 1,25 mol/L. Reagente corrosivo. 4. Padrão - Armazenar entre 2 - 8 °C. Contém piruvato de sódio 2 mmol/L. Após o manuseio sugere-se armazenar bem vedado para evitar evaporação. Os reagentes não abertos, quando armazenados nas condições indicadas, são estáveis até a data de expiração impressa no rótulo. Durante o manuseio, os reagentes estão sujeitos à contaminações de natureza química e microbiana que podem provocar redução da estabilidade. PRECAUÇÕES E CUIDADOS ESPECIAIS Os cuidados habituais de segurança devem ser aplicados na manipulação de reagentes. O NaOH - Estoque contém hidróxido de sódio que é corrosivo e pode produzir queimaduras. O TGP Substrato contém azida sódica que é tóxica. Deve-se tomar cuidado para evitar a ingestão e, no caso de contato com os olhos, deve-se lavar imediatamente com grande quantidade de água e procurar auxílio médico. A azida pode formar compostos altamente explosivos com tubulações de chumbo e cobre. Utilizar grandes volumes de água para descartar o reagente. Como ocorre com toda reação enzimática, a rigorosa observação do tempo e da temperatura de incubação é de grande importância para a qualidade dos resultados obtidos. A diferença de 1 minuto no tempo de incubação desta dosagem introduz um erro de 3,3% nos resultados. MATERIAL NECESSÁRIO E NÃO FORNECIDO Banho-maria mantido à temperatura constante (37 °C) Fotômetro capaz de medir, com exatidão, absorbância entre 490 e 540 nm. Pipetas para medir amostras e reagentes. Cronômetro. INFLUÊNCIAS PRÉ-ANALÍTICAS Exercícios em excesso (alta atividade) diminuem a atividade da ALT. Em pessoas do sexo feminino de todas as idades, a atividade da ALT é mais baixa que em indivíduos do sexo masculino. Esteróides anabólicos, andrógenos, cloranfenicol, clorotiazida, uso prolongado de aspirina, gentamicina, entre outros, podem provocar um aumento da atividade da TGP. AMOSTRA Deve ser criado um Procedimento Operacional Padrão (POP) que estabeleça procedimentos adequados para colheita, preparação e armazenamento da amostra. Enfatizamos que os erros devidos à amostra podem ser muito maiores que os erros ocorridos durante o procedimento analítico. Usar soro ou plasma (EDTA, heparina) e líquor. A atividade enzimática é estável 4 dias entre 2 - 8 °C e 2 semanas a 10 °C negativos. Como nenhum teste conhecido pode assegurar que amostras de sangue não transmitem infecções, todas elas devem ser consideradas como potencialmente infectantes. Portanto, ao manuseá-las devem-se seguir as normas estabelecidas para biossegurança. Para descartar os reagentes e o material biológico sugerimos aplicar as normas locais, estaduais ou federais de proteção ambiental. INTERFERÊNCIAS Valores de Bilirrubina até 5 mg/dL, Hemoglobina até 90 mg/dL e Triglicérides até 250 mg/dL não produzem interferências significativas. Valores de Hemoglobina até 180 mg/dL e Triglicérides entre 250 e 750 mg/dL produzem resultados falsamente elevados que podem ser corrigidos utilizando o branco de amostra. Valores de Bilirrubina acima de 5 mg/dL e Triglicérides acima de 750 mg/dL produzem resultados falsamente elevados. Neste caso o branco de amostra não é aplicável. Para avaliar a concentração aproximada da hemoglobina em uma amostra hemolisada pode-se proceder do seguinte modo: Diluir 0,05 mL da amostra em 2,0 mL de NaCl 150 mmol/L (0,85%) e medir a absorbância em 405 ou 415 nm acertando o zero com água deionizada ou destilada. Hemoglobina (mg/dL) @ Absorbância405 x 601 Hemoglobina (mg/dL) @ Absorbância415 x 467 PROCEDIMENTO Ver observação 3. Tomar 1 tubo de ensaio e proceder como a seguir: Teste TGP Substrato (nº 1) Minimização da Ação de Interferentes Branco de Amostra: Misturar 3,0 mL de NaCl 150 mmol/L (0,85%) com 0,05 mL da amostra. Medir a absorbância em 505 nm, acertando o zero com água deionizada ou destilada. Subtrair a absorbância assim obtida da absorbância do teste e obter a atividade da transaminase pirúvica utilizando a curva de calibração. Este sistema de correção é aplicável apenas nos casos em que a amostra produz interferência fotométrica. Incubar em banho-maria a 37 °C durante 2 minutos. O nível da água no banho deve ser superior ao nível dos reagentes nos tubos de ensaio. Amostra A água utilizada deve ter resistividade ³1 megaohm ou condutividade £1 microsiemens e concentração de silicatos 0,1 mg/L. CURVA DE CALIBRAÇÃO Como o sistema de medida Reitman-Frankel (Unidades/mL) não segue a lei de Beer, é impossível utilizar o método do fator para cálculo, sendo necessária a preparação de curva de calibração. Tomar 5 tubos de ensaio e proceder como a seguir: 1 2 3 4 5 mL mL mL mL mL Padrão (nº 4) --- 0,1 0,2 0,3 0,4 TGP Substrato (nº 1) 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 Água destilada ou deionizada 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 Reagente de Cor (nº 2) 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 Misturar e deixar a temperatura ambiente durante 20 minutos. NaOH de Uso TRAÇADO DA CURVA DE CALIBRAÇÃO Traçar a curva de calibração correlacionando as leituras obtidas com os valores em Unidades/mL expressos na tabela abaixo, utilizando papel linear (para absorbâncias) ou monolog (para T%). TGP (Unidades/mL) NaOH de Uso 2,5 mL Misturar e esperar 5 minutos. Determinar as absorbâncias ou T% em 505 nm ou filtro verde (490 a 540), acertando o zero com água destilada ou deionizada. A cor é estável 60 minutos. Obter o valor de TGP usando a curva de calibração (ver Desempenho do Sistema). O procedimento sugerido para a medição é adequado para fotômetros cujo volume mínimo de solução para leitura é igual ou menor que 3,0 mL. Deve ser feita uma verificação da necessidade de ajuste do volume para o fotômetro utilizado. Os volumes de amostra e reagente podem ser modificados proporcionalmente sem prejuízo para o desempenho do teste e o procedimento de cálculo se mantém inalterado. Em caso de redução dos volumes é fundamental que se observe o volume mínimo necessário para a leitura fotométrica. Volumes da amostra menores que 0,01 mL são críticos em aplicações manuais e devem ser usados com cautela porque aumentam a imprecisão da medição. DESEMPENHO DO SISTEMA Quando for obtido um valor igual ou maior que 150 Unidades/mL, diluir a amostra com NaCl 150 mmol/L (0,85%), realizar nova medição e multiplicar o resultado pelo fator de diluição. Diluir a amostra de tal modo que o valor encontrado se situe entre 50 e 120 Unidades/mL. Sugerimos a verificação do desempenho do sistema, no mínimo semestralmente, utilizando amostras com valores até 150 Unidades/mL. 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0 Misturar e deixar a temperatura ambiente durante 5 minutos. Determinar as absorbâncias ou T% em 505 nm ou filtro verde (490 a 540), acertando o zero com água destilada ou deionizada. A cor é estável 60 minutos. Tubo nº 0,25 mL Misturar e deixar a temperatura ambiente durante 20 minutos. NaOH de Uso: Transferir quantitativamente o conteúdo do frasco nº 3 (160 mL) para um balão volumétrico ou proveta, completar para 500 mL com água destilada ou deionizada livre de CO2 e homogeneizar. Estável 12 meses em recipiente de plástico entre 15 - 25 °C. Tubo nº 0,05 mL Misturar e incubar em banho-maria a 37 °C por exatamente 30 minutos. Reagente de Cor (nº 2) PREPARO DO REAGENTE Ver observações 1 e 2. 0,25 mL 2 3 4 5 Zero 28 1 57 97 150 CONTROLE INTERNO DA QUALIDADE O laboratório deve manter um programa de controle interno da qualidade que defina claramente os objetivos, procedimentos, normas, critérios para limites de tolerância, ações corretivas e registro das atividades. Ao mesmo tempo deve manter um sistema definido para monitorar a variabilidade analítica que ocorre em todo o sistema de medição. Portanto, o uso de controles para avaliar a imprecisão e inexatidão das determinações deve ser prática rotineira do laboratório clínico. Sugere-se usar um controle com um valor situado na faixa de referência ou no nível de decisão e outro controle com um valor em outra faixa de significância clínica. Deve-se criar uma meta de estado de controle para que a variação máxima encontrada seja de 10% ou então utilizar o sistema de regras múltiplas de 7 Westgard para avaliação do estado de controle. Sugere-se utilizar as preparações estabilizadas da linha Qualitrol da Labtest para controle interno da qualidade em ensaios de química clínica. VALORES DE REFERÊNCIA Estes valores devem ser usados apenas como orientação. Recomenda-se que cada laboratório estabeleça, na população atendida, sua própria faixa de valores de referência. Soro: 4 a 32 Unidades/mL. UI = Unidades/mL x 0,482 8 CARACTERÍSTICAS DO DESEMPENHO Exatidão Em duas amostras com concentrações de transaminase pirúvica iguais a 9 e 75 Unidades/mL foram adicionadas quantidades diferentes da enzima obtendo-se recuperações entre 94 e 104%. O erro sistemático proporcional médio obtido em um valor de 60 Unidades/mL foi igual a 1,8 unidades/mL ou 3,0%. Especificidade O método proposto foi comparado com um método similar utilizando 80 amostras com valores situados entre 2 e 140 Unidades/mL. A comparação resultou na equação da regressão: y = 0,817x - 0,241 e um coeficiente de correlação (r) igual a 0,99. O erro sistemático total (constante e proporcional) verificado no nível de decisão (60 Unidades/mL) foi igual a 11 Unidades/mL ou 18%. Como as amostras foram selecionadas aleatoriamente em pacientes de ambulatório e pacientes hospitalizados, pode-se inferir que o método tem uma especificidade metodológica adequada. Repetitividade - Imprecisão intra-ensaio No infarto agudo do miocárdio, os valores de ALT encontramse dentro da faixa de referência ou ligeiramente aumentados. Elevações da ALT também são relatadas na polimiosite, dermatomiosite e rabdomiólise. OBSERVAÇÕES 1. A limpeza e secagem adequadas do material utilizado são fatores fundamentais para a estabilidade dos reagentes e obtenção de resultados corretos. 2. A água utilizada no laboratório deve ter a qualidade adequada a cada aplicação. Assim, para preparar reagentes e usar nas medições, deve ter resistividade ³1 megaohm ou condutividade £1 microsiemens e concentração de silicatos <0,1 mg/L (água tipo II). Para o enxágüe da vidraria a água pode ser do tipo III, com resistividade ³0,1 megaohms ou condutividade £10 microsiemens. No enxágüe final utilizar água tipo II. Quando a coluna deionizadora está com sua capacidade saturada ocorre a produção de água alcalina com liberação de vários íons, silicatos e substâncias com grande poder de oxidação ou redução que deterioram os reagentes em poucos dias ou mesmo horas, alterando os resultados de modo imprevisível. Assim, é fundamental estabelecer um programa de controle da qualidade da água. 3. Para uma revisão das fontes fisiopatológicas e medicamentosas de interferência nos resultados e na metodologia sugere-se consultar Young, DS. Effects of Drugs on Clinical Laboratory Tests, 3ª edição, Washington: AACC Press, 1990. REFERÊNCIAS 1. Karmen A. J Clin Invest 1955;34:131. 2. Reitman S, Frankel S. Am J Clin Path 1957;28:56. N MÉDIA DP CV% Amostra 1 20 21 0,91 4,3 Amostra 2 20 43 1,24 2,9 4. Tonks DB. Quality Control in Clinical Laboratories, WarnerChilcott Laboratories, Diagnostic Reagents Division, Scarborough, Canada, 1972. 5. Varley H. Practical Clinical Biochemistry, Willian Heinemann Medical Book Ltd. 1967. Reprodutibilidade - Imprecisão total N MÉDIA DP CV% Amostra 1 20 22 1,42 6,5 Amostra 2 20 42 2,20 5,3 Sensibilidade metodológica Uma amostra protéica não contendo transaminase pirúvica foi utilizada para calcular o limite de detecção do ensaio tendo sido encontrado um valor igual a 3,0 Unidades/mL, equivalente à média de 20 ensaios mais dois desvios padrão. Efeitos da diluição da matriz Duas amostras com valores iguais a 112 e 154 Unidades/mL foram utilizadas para avaliar a resposta do sistema nas diluições da matriz com NaCl 150 mmol/L (0,85%). Usando fatores de diluição que variaram de 2 a 4 foram encontradas recuperações entre 91 e 100%. SIGNIFICADO CLÍNICO Elevações das transaminases ocorrem na hepatite (viral e tóxica), na mononucleose, cirrose, colestase, carcinoma hepático primário ou metastático, pancreatite, traumatismo extenso e no choque prolongado. Valores de ALT são iguais ou superiores aos de AST na maioria dos pacientes com hepatite viral, icterícia pós-hepática ou colestase intra-hepática. Nos casos de cirrose hepática, hepatite alcóolica ou carcinoma metastático, os valores de ALT são inferiores aos de AST. 3. Tietz NW. Fundamentals of Clinical Chemistry, W.B. Saunders Co, 1970. 6. Wroblewski F, Cabaud P. Am J Clin Path 1957;27:235. 7. Westgard JO, Barry PL, Hunt MR, Growth T.1981;27:493501. 8. Labtest: Dados de arquivo. APRESENTAÇÃO Catálogo 53-200 Nº de testes Volume/Teste 200 3,0 mL TGP Substrato Reagente de Cor NaOH - Estoque Padrão 1 x 50 mL 1 x 50 mL 1 x 160 mL 1 x 4 mL INFORMAÇÕES AO CONSUMIDOR Termos e Condições de Garantia A Labtest Diagnóstica garante o desempenho deste produto dentro das especificações até a data de expiração indicada nos rótulos, desde que os cuidados de utilização e armazenamento indicados nos rótulos e nestas instruções sejam seguidos corretamente. Serviço de Apoio ao Cliente Telefone: 0800 31-3411 (Ligação gratuita) e-mail: [email protected] Labtest Diagnóstica S.A. CNPJ: 16.516.296/0001-38 Av. Paulo Ferreira da Costa, 600 Lagoa Santa - Minas Gerais - Brasil - 33400-000 Telefone (31) 3681-9288 Fax (31) 3681-9344 www.labtest.com.br Revisão: Outubro, 2004 Ref.: 181104 Copyright by Labtest Diagnóstica S.A. Reprodução sob prévia autorização Instruções de Uso TRIGLICÉRIDES Liquiform METODOLOGIA 6 Enzimático-Trinder . Cat. 87 ANVISA 10009010070 REAGENTES 1. Reagente 1 - Armazenar entre 2 - 8 °C. Contém tampão 50 mmol/L, pH 6,9; acetato de magnésio 4 mmol/L; 4-clorofenol 5 mmol/L; 4-aminoantipirina 300 mmol/L; ATP 1,0 mmol/L; lipase da lipoproteína ³1400 U/L; glicerolquinase ³1000 U/L; glicerolfosfato oxidase ³1500 U/L; peroxidase ³900 U/L e azida sódica 7 mmol/L. FINALIDADE Sistema enzimático para determinação dos triglicérides por reação de ponto final em amostras de soro ou plasma (EDTA). Somente para uso diagnóstico in vitro. 1-5 PRINCÍPIO Os triglicérides são determinados de acordo com as seguintes reações: Para preservar o desempenho, o reagente deve permanecer fora da geladeira somente o tempo necessário para se obter o volume a ser utilizado. Evitar exposição à luz solar direta. O reagente tem uma tonalidade rósea. Lipase da Triglicérides Glicerol + Ácidos Graxos Lipoproteína Glicerolquinase Glicerol + ATP Glicerol-3-Fosfato + ADP Mg +2 Glicerol-3-Fosfato Glicerol-3-Fosfato + O2 Dihidroxiacetona + H2O2 Oxidase Peroxidase 2 H2O2 + 4-Aminoantipirina + 4-Clorofenol Quinoneimina+ 4 H2O A lipase da lipoproteína promove a hidrólise dos triglicérides liberando glicerol, que é convertido, pela ação da glicerolquinase, em glicerol-3-fosfato. Este é oxidado a dihidroxiacetona e peróxido de hidrogênio na presença da glicerolfosfato oxidase. Em seguida, ocorre uma reação de acoplamento entre peróxido de hidrogênio, 4-aminoantipirina e 4-clorofenol, catalisada pela peroxidase, produzindo uma quinoneimina que tem máximo de absorbância em 505 nm. A intensidade da cor vermelha formada é diretamente proporcional à concentração dos triglicérides na amostra. CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA Triglicérides Liquiform utiliza metodologia colorimétrica enzimática que confere boa reprodutibilidade e grande especificidade ao sistema. O reagente é disponibilizado sob a forma líquida, facilitando assim sua aplicação e eliminando a possibilidade de se introduzir erros durante as preparações de reagentes. A necessidade de se repetir o teste em amostras de valores elevados é minimizada pela grande linearidade do sistema que se estende até 1100 mg/dL. Os dados de repetitividade e reprodutibilidade obtidos com o sistema Triglicérides Liquiform demonstram que o método é capaz de fornecer resultados que superam as metas de desempenho para as medidas dos triglicérides estabelecidas pelo National Cholesterol Education Program (NCEP). A comparação entre as imprecisões encontradas na repetitividade e na reprodutibilidade demonstra que o sistema de medição é bastante robusto nas regiões de concentrações significativas para uso clínico, indicando que tem um desempenho muito estável no dia a dia. O sistema é facilmente aplicável a analisadores automáticos e semi-automáticos capazes de medir com exatidão a absorbância em 505 nm. 2. Padrão - Armazenar entre 2-30 °C. Contém triglicérides 200 mg/dL e azida sódica 7 mmol/L. Após o manuseio armazenar bem vedado para evitar evaporação. Os reagentes não abertos, quando armazenados nas condições indicadas, são estáveis até a data de expiração impressa no rótulo. Durante o manuseio, os reagentes estão sujeitos a contaminações de natureza química e microbiana que podem provocar redução do tempo de estabilidade. PRECAUÇÕES E CUIDADOS ESPECIAIS Para preservar o desempenho, os reagentes devem permanecer fora da geladeira somente o tempo necessário para se obter o volume a ser utilizado. Evitar exposição à luz solar direta. Não utilizar o Reagente 1 quando sua absorbância medida contra água em 505 nm for igual ou maior que 0,300 ou quando mostrar-se turvo ou com sinais de contaminação. O reagente tem uma tonalidade rósea. Os cuidados habituais de segurança devem ser aplicados na manipulação dos reagentes. Os reagentes contêm azida sódica que é tóxica. Deve-se tomar cuidado para evitar a ingestão e no caso de contato com os olhos deve-se lavar imediatamente com grande quantidade de água e procurar auxílio médico. A azida pode formar compostos altamente explosivos com tubulações de chumbo e cobre. Utilizar grandes volumes de água para descartar os reagentes. MATERIAL NECESSÁRIO E NÃO FORNECIDO Banho-maria mantido à temperatura constante (37 °C). Fotômetro capaz de medir com exatidão a absorbância entre 490 e 520 nm. Pipetas para medir amostras e reagentes. Cronômetro. 5, 7, 8 INFLUÊNCIAS PRÉ-ANALÍTICAS Como a concentração de triglicérides é influenciada por hábitos dietéticos recentes, como consumo de álcool e por variações do peso corporal e exercício físico, os valores dos triglicérides em um mesmo indivíduo são bastante variáveis. Os dados obtidos dentro de um mês, usando um método com CV analítico de 3,0%, mostraram que a variação biológica pode ser maior que 90% da variação intra-individual total. Mesmo nos estados de jejum, ocorre considerável variação biológica, podendo mostrar diferenças de 21% em medições repetidas no mesmo indivíduo. Portanto, ao comparar resultados repetidos de triglicérides com intervalos de semanas ou meses deve-se considerar o efeito da variação biológica. Na ausência de jejum a concentração plasmática dos triglicérides modifica-se consideravelmente no mesmo indivíduo apresentando diferenças de até 1000%. Amostras colhidas com heparina podem fornecer resultados falsamente diminuídos. Obter a amostra com o paciente assentado. O torniquete não deve ser mantido por tempo maior que um minuto. Liberar o torniquete antes de aspirar o sangue. A contaminação do material utilizado ou da amostra com glicerol fornece valores falsamente elevados. Assim, os resultados obtidos em pacientes recebendo alimentação parenteral devem ser interpretados com cautela porque esta alimentação contém elevados teores de glicerol. Níveis elevados de ácido ascórbico (vitamina C) produzem interferências negativas por competição com o cromogênio na reação da peroxidase. Se houver suspeita da presença de ácido ascórbico, deixar o soro em repouso durante 90 minutos antes de iniciar a dosagem para evitar resultados de triglicérides falsamente diminuídos. Este procedimento minimiza os valores de ácido ascórbico, podendo não ser eficiente caso a concentração deste esteja elevada na amostra. AMOSTRA Deve ser criado um Procedimento Operacional Padrão (POP) que estabeleça procedimentos adequados para colheita, preparação e armazenamento da amostra. Enfatizamos que os erros devidos à amostra podem ser muito maiores que os erros ocorridos durante o procedimento analítico. A amostra de sangue deve ser obtida após jejum de 12-14 horas. Deve-se enfatizar ao paciente a necessidade do jejum no tempo recomendado. A falta de padronização nas colheitas das amostras para a dosagem dos triglicérides tem gerado enormes conflitos entre pacientes, médicos clínicos e os laboratórios, porque, em muitos casos, não se toma o cuidado de enfatizar aos pacientes a necessidade do jejum de 12-14 horas antes da colheita da amostra. Usar soro ou plasma com EDTA. O analito é estável por dois dias entre 2-8 °C. O armazenamento prolongado da amostra não é recomendado. Os triglicérides podem ser hidrolisados, liberando glicerol, o que leva à obtenção de resultados falsamente diminuídos quando o ensaio utiliza branco para eliminar a interferência do glicerol livre. A heparina promove a ativação in vivo ou in vitro da lipase da lipoproteína, fazendo com que a concentração dos triglicérides se reduza gradativamente em amostras contendo heparina. Este fenômeno ocorre também em amostras de soro obtidas em pacientes recebendo doses terapêuticas de heparina. Estas orientações para obtenção e conservação da amostra 9 estão padronizadas segundo as recomendações do NCEP . Para avaliar a concentração aproximada da hemoglobina em uma amostra hemolisada pode-se proceder do seguinte modo: Diluir 0,05 mL da amostra em 2,0 mL de NaCl 150 mmol/L (0,85%) e medir a absorbância em 405 ou 415 nm, acertando o zero com água deionizada ou destilada. Hemoglobina (mg/dL) @ Absorbância405 x 601 Hemoglobina (mg/dL) @ Absorbância415 x 467 PROCEDIMENTO Tomar 3 tubos de ensaio e proceder como a seguir: Branco Teste Amostra ---- 0,01 mL ---- Padrão ---- ---- 0,01 mL 1,0 mL 1,0 mL 1,0 mL Reagente 1 Misturar e incubar em banho-maria a 37 °C durante 10 minutos. O nível da água no banho deve ser superior ao nível dos reagentes nos tubos de ensaio. Determinar as absorbâncias do teste e padrão em 505 nm ou filtro verde (490 a 520), acertando o zero com o branco. A cor é estável 60 minutos. O procedimento sugerido para a medição é adequado para fotômetros cujo volume mínimo de solução para leitura é igual ou menor que 1,0 mL. Deve ser feita uma verificação da necessidade de ajuste do volume para o fotômetro utilizado. Os volumes de amostra e reagente podem ser modificados proporcionalmente, sem prejuízo para o desempenho do teste, mantendo-se inalterado o procedimento de cálculo. Em caso de redução dos volumes, é fundamental que se observe o volume mínimo necessário para a leitura fotométrica. Volumes de amostra menores que 0,01 mL são críticos em aplicações manuais e devem ser usados com cautela porque aumentam a imprecisão da medição. CÁLCULOS Ver linearidade. Absorbância do Teste Triglicérides (mg/dL) = x 200 Absorbância do Padrão Exemplo: Absorbância do Teste = 0,174 Absorbância do Padrão = 0,202 0,174 Triglicérides (mg/dL) = x 200 = 172 0,202 Devido a grande reprodutibilidade que pode ser obtida com a metodologia, pode-se utilizar o método do fator. 200 Como nenhum teste conhecido pode assegurar que amostras de sangue não transmitem infecções, todas elas devem ser consideradas como potencialmente infectantes. Portanto, ao manuseá-las, devem-se seguir as normas estabelecidas para biossegurança. Fator de Calibração = Para descartar os reagentes e o material biológico, sugerimos aplicar as normas locais, estaduais ou federais de proteção ambiental. Fator = INTERFERÊNCIAS Valores de bilirrubina até 10 mg/dL e hemoglobina até 200 mg/dL não produzem interferências significativas. Valores de bilirrubina maiores que 10 mg/dL produzem resultados falsamente diminuídos. Padrão Absorbância do Padrão Triglicérides (mg/dL) = Absorbância do Teste x Fator Exemplo: 200 = 990 0,202 Triglicérides (mg/dL) = 0,174 x 990 = 172 CALIBRAÇÃO O padrão é rastreável ao Standard Reference Material (SRM) 1951 do National Institute of Standards and Technology (NIST). Calibrações manuais Obter o fator de calibração ao usar novo lote de reagentes ou quando o controle interno da qualidade indicar. Sistemas automáticos Branco de reagentes: água ou solução de cloreto de sódio 150 mmol/L (0,85%); Padrão: usar calibradores protéicos. As concentrações de triglicérides na linha Calibra são rastreáveis ao SRM 1951do NIST. " " " Intervalo de calibrações Deve-se recalibrar o sistema nas seguintes situações: Calibração do branco ao usar novo frasco de reagente; Calibração de 2 ou 3 pontos ao mudar de lote; Calibração de 2 ou 3 pontos quando o controle interno da qualidade indicar. " " " LINEARIDADE O resultado da medição é linear até 1100 mg/dL. Para valores maiores, diluir a amostra com NaCl 150 mmol/L (0,85%), realizar nova medição e multiplicar o resultado obtido pelo fator de diluição. Diluir a amostra de tal modo que o valor encontrado se situe entre 100 e 250 mg/dL. Sugerimos a verificação da linearidade metodológica e fotométrica, no mínimo semestralmente, utilizando amostras com valores até 1100 mg/dL. CONTROLE INTERNO DA QUALIDADE O laboratório deve manter um programa de controle interno da qualidade que defina claramente os objetivos, procedimentos, normas, critérios para limites de tolerância, ações corretivas e registro das atividades. Ao mesmo tempo deve-se manter um sistema definido para monitorar a variabilidade analítica que ocorre em todo o sistema de medição. Portanto, o uso de controles para avaliar a imprecisão e desvios de calibração deve ser prática rotineira no laboratório clínico. Sugere-se usar um controle com um valor situado na faixa de referência ou no nível de decisão e outro controle com um valor em outra faixa de significância clínica. Deve-se criar uma meta de estado de controle para que o erro de bias seja £ ± 5,0%, o coeficiente de variação seja £ ± 5,0% e o erro total £ ± 15,0%, conforme 9 estabelecido pelo NCEP . Sugere-se realizar a monitorização contínua do estado de controle através do sistema de regras de controle. Sugere-se utilizar as preparações estabilizadas da linha Qualitrol da Labtest para controle interno da qualidade em ensaios de química clínica. VALORES DESEJÁVEIS OU RECOMENDADOS São valores que substituem os valores de referência. Foram determinados a partir de dados epidemiológicos tratados estatisticamente e estabelecem a concentração de triglicérides como fator de risco independente para doença 11 coronariana isquêmica . Triglicérides (mg/dL) Desejável Limiar Alto Elevado Muito Elevado <150 150 - 199 200 - 499 >500 Valores desejáveis ou recomendados pediátricos 12 Triglicérides (mg/dL) Desejável Elevado < 10 anos 10 a 19 anos £100 >100 £130 >130 Conversão: Unidades Convencionais (mg/dL) x 0,0113 = Unidades SI (mmol/L). 13 CARACTERÍSTICAS DO DESEMPENHO Exatidão A recuperação foi obtida utilizando diluições de amostras com valores elevados de triglicérides. As recuperações variaram entre 100 e 102%.O erro sistemático proporcional médio obtido em um valor de 200 mg/dL é igual a 4 mg/dL ou 2%. Especificidade O método proposto foi comparado com um método similar utilizando 40 amostras com valores situados entre 38 e 652 mg/dL medidas em duplicata. A comparação resultou na equação da regressão: y = 1,035x -1,4 e um coeficiente de correlação (r) igual a 0,998. O erro sistemático total (constante e proporcional) verificado no nível de decisão (200 mg/dL) é igual a 7,0 mg/dL ou 3,5%. O erro total no mesmo nível de decisão é 5,0%. Como as amostras foram selecionadas aleatoriamente em pacientes de ambulatório e pacientes hospitalizados, pode-se inferir que o método tem uma especificidade metodológica adequada e atende aos 9 requisitos especificados pelo NCEP . Repetitividade - Imprecisão intra-ensaio N MÉDIA DP Amostra 1 80 151 1,59 CV(%) 1,06 Amostra 2 80 197 2,59 1,31 Amostra 3 80 412 4,30 1,04 DP CV(%) Reprodutibilidade - Imprecisão total N MÉDIA Amostra 1 80 151 2,89 1,92 Amostra 2 80 197 3,80 1,93 Amostra 3 80 412 6,58 1,60 Sensibilidade metodológica Uma amostra protéica não contendo triglicérides foi utilizada para calcular o limite de detecção do ensaio tendo sido encontrado um valor igual a 1,72 mg/dL, equivalente à média de 20 ensaios mais dois desvios padrão. Utilizando-se a absorbância do padrão como parâmetro, verificou-se que o limite de detecção fotométrica é de 0,99 mg/dL, correspondendo a uma absorbância igual a 0,001. Efeitos da diluição da matriz Duas amostras com valores iguais a 977 e 1051 mg/dL foram utilizadas para avaliar a resposta do sistema nas diluições da matriz com NaCl 150 mmol/L (0,85%). Usando fatores de diluição que variaram de 2 a 8 foram encontradas recuperações entre 100 e 102%. SIGNIFICADO CLÍNICO Recentes meta-análises de estudos prospectivos indicam que os triglicérides elevados são também um fator de risco independente para doença coronariana isquêmica (DCI). Fatores que contribuem para valores elevados de triglicérides na população em geral incluem obesidade e sobrepeso, inatividade física, tabagismo, consumo excessivo de álcool e dietas com elevado conteúdo de carboidratos. Os achados de que valores triglicérides elevados representam um fator de risco independente para DCI sugerem que algumas lipoproteínas ricas em triglicérides sejam aterogênicas, principalmente as VLDL parcialmente degradadas, comumente chamadas lipoproteínas remanescentes. Na prática clínica, o colesterol VLDL (Triglicérides ¸ 5) é a mais simples medida das lipoproteínas aterogênicas remanescentes. Assim, o colesterol VLDL pode ser também um alvo da terapêutica para redução do colesterol. O Adult Treatment Panel (ATP) III proposto pelo NCEP identifica a soma dos valores de colesterol LDL+VLDL [Colesterol não HDL (colesterol total - colesterol HDL)] como alvo secundário da terapêutica em pessoas com triglicérides elevados (³200 mg/dL). A meta para o colesterol não HDL, em pessoas com valores elevados de triglicérides, pode ser estabelecida como sendo o valor do colesterol LDL mais 30 mg/dL (VLDL), com base na premissa de que valores de colesterol VLDL 11 menores que 30 mg/dL são considerados desejáveis . São causas de elevação dos triglicérides as várias doenças de lípides chamadas hiperlipidemias ou hiperlipoproteinemias. Nestas, sejam de causa primária ou secundária, ocorre elevação dos triglicérides nos tipos I, IIb, III, IV e V. 3. Para uma revisão das fontes fisiopatológicas e medicamentosas de interferência nos resultados e na metodologia sugere-se consultar: Young, DS. Effects of Drugs on Clinical Laboratory Tests, 3ª edição, Washington: AACC Press, 1990. REFERÊNCIAS 1. Bucolo G, David H. Clin Chem 1973;19:475. 2. Fossati P, Prencipe L. Clin Chem 1982;28:2077. 3. Mc Gowan MW, Artiss JD, Strandbergh DR, Zak B. Clin Chem 1983;29:538. 4. Nagele V, Hagele EO, Sauer G, Wiedeman E, Lehmann P, Wahlefeld AW, Gruber W J Clin Chem Clin Biochem 1984;22:165. 5. Stein EA, Myers Gl. Clin Chem 1995;41:1421-26. 6. Trinder P. Ann Clin Biochem 1969;6:24. 7. Narayanan S. Indian J Clin Biochem 1996;11:12-16. 8. Rifai N, Warnick GR, Dominiczak MH. Handbook of lipoprotein testing., Washington:AACC Press, 1997:75-97. 9. NCEP - Recommendations on Lipoprotein Measurement. NIH Publication 95-3044, Bethesda, MD, 1995. 10. Westgard JO, Barry PL, Hunt MR, Groth T. Clin Chem 1981;27:493-501. 11. Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults. JAMA 2001;285:2486-97. As hiperlipidemias ocorrem secundariamente no diabetes, pancreatite, doença do armazenamento de glicogênio, síndrome nefrótica, insuficiência renal crônica, hipotireoidismo, gravidez e mieloma múltiplo. 12. Leite PF, Martinez TLR, Halpeen A, Cendoroglo MS, Novazzi JP, Fonseca FAH, Dias JCA. Risco cardiovascular: fatores metabólicos e nutricionais: diagnóstico e tratamento. São Paulo: Loyola, 1994.p.56. Várias mulheres em uso de estrógenos ou contraceptivos orais apresentam aumento nas concentrações de triglicérides. A hipertrigliceridemia também encontra-se associada ao uso de bloqueadores beta-adrenérgicos, corticosteróides, diuréticos tiazídicos e retinóides. 13. Labtest: Dados de arquivo. APRESENTAÇÃO Catálogo Reagente 1 OBSERVAÇÕES 1. A limpeza e secagem adequadas do material utilizado são fatores fundamentais para a estabilidade dos reagentes e obtenção de resultados corretos. 2. A água utilizada no laboratório deve ter a qualidade adequada a cada aplicação. Assim, para preparar reagentes e usar nas medições, deve ter resistividade ³1 megaohm ou condutividade £1 microsiemens e concentração de silicatos <0,1 mg/L (água tipo II). Para o enxágüe da vidraria a água pode ser do tipo III, com resistividade ³0,1 megaohms ou condutividade £10 microsiemens. No enxágüe final utilizar água tipo II. Quando a coluna deionizadora está com sua capacidade saturada ocorre a produção de água alcalina com liberação de vários íons, silicatos e substâncias com grande poder de oxidação ou redução que deterioram os reagentes em poucos dias ou mesmo horas, alterando os resultados de modo imprevisível. Assim, é fundamental estabelecer um programa de controle da qualidade da água. Revisão: Novembro, 2004. Ref.: 200606 Padrão 87-1/100 87-2/100 87-2/250 87-2/500 1 x 100 mL 2 x 100 mL 2 x 250 mL 2 x 500 mL 1 x 5 mL 1 x 5 mL 1 x 5 mL 1 x 5 mL INFORMAÇÕES AO CONSUMIDOR Termos e Condições de Garantia A Labtest Diagnóstica garante o desempenho deste produto dentro das especificações até a data de expiração indicada nos rótulos, desde que os cuidados de utilização e armazenamento indicados nos rótulos e nestas instruções sejam seguidos corretamente. Serviço de Apoio ao Cliente Telefone: 0800 31-3411 (Ligação gratuita) e-mail: [email protected] Labtest Diagnóstica S.A. CNPJ: 16.516.296/0001-38 Av. Paulo Ferreira da Costa, 600 - Vista Alegre Lagoa Santa - Minas Gerais - Brasil - 33400-000 www.labtest.com.br Copyright by Labtest Diagnóstica S.A. Reprodução sob prévia autorização DIAGNÓSTICA URÉIA CE Cat. 27 ANVISA 10009010011 FINALIDADE Sistema enzimático-colorimétrico para a determinação da uréia em amostras de sangue e urina, por reação de ponto final. Somente para uso diagnóstico in vitro. PRINCÍPIO A uréia é hidrolisada pela urease à íons amônio e CO2. Os íons amônio reagem em pH alcalino com salicilato e hipoclorito de sódio, sob a ação catalisadora do nitroprussiato de sódio para formar azul de indofenol. A intensidade da cor formada é proporcional à quantidade de uréia na amostra. CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA O sistema Uréia CE Labtest enzimático-colorimétrico utiliza concentrações otimizadas de reagentes, principalmente a urease, permitindo operar com cinética de ordem zero até uma concentração de 300 mg/dL. Consegue-se obter uma faixa dinâmica bastante extensa, reduzindo-se acentuadamente a repetição de testes em valores elevados. O método utiliza a técnica manual e é facilmente aplicável em analisadores semi-automáticos e automáticos capazes de pipetar dois reagentes e medir com exatidão a absorbância entre 580 e 620 nm. Por todas estas razões, a Uréia CE Labtest é o método de escolha quando se deseja utilizar uma metodologia enzimática-colorimétrica para a determinação da uréia. METODOLOGIA Urease-Labtest. REAGENTES 1. Urease - Armazenar entre 2 - 8 oC. Contém tampão fosfato 10 mmol/L e urease ³ 268 KU/L. 2. Tampão - Estoque - Armazenar entre 2 - 8 ºC. Contém tampão fosfato 100 mmol/L, pH 6,9; salicilato de sódio 312 mmol/L e nitroprussiato de sódio 16,8 mmol/L. 3. Oxidante - Estoque - Armazenar entre 2 - 8 ºC. Contém hidróxido de sódio 2,8 mol/L e hipoclorito de sódio 121 mmol/L. 4. Padrão 70 mg/dL - Armazenar entre 2 - 8 ºC. Contém azida sódica 7,7 mmol/L. Armazenar bem vedado para evitar evaporação. Os reagentes não abertos, quando armazenados nas condições indicadas, são estáveis até a data de expiração impressa no rótulo. Durante o manuseio, os reagentes estão sujeitos à contaminações de natureza química e microbiana que podem provocar redução da estabilidade. PRECAUÇÕES E CUIDADOS ESPECIAIS Não armazenar os reagentes nas proximidades de soluções de amônia. Instruções de Uso Como o volume da amostra é pequeno, deve-se pipetar diretamente no fundo do tubo de ensaio realizando uma medição cuidadosa para minimizar problemas de imprecisão. Contaminação da água, vidraria e ambiente com amônia pode produzir resultados falsamente elevados. Deve-se evitar fumar próximo ao local das dosagens. Os cuidados habituais de segurança devem ser aplicados na manipulação de reagentes. O padrão de uréia contém azida sódica que é toxica. Deve-se tomar cuidado para evitar a ingestão e no caso de contato com os olhos, deve-se lavar imediatamente com grande quantidade de água e procurar auxílio médico. A azida pode formar compostos altamente explosivos com tubulações de chumbo e cobre. Portanto, utilizar grandes volumes de água para descartar o reagente. Os reagentes não abertos, quando armazenados nas condições indicadas, são estáveis até a data de expiração impressa no rótulo. Durante o manuseio, os reagentes estão sujeitos à contaminações de natureza química e microbiana que podem provocar redução da estabilidade. MATERIAL NECESSÁRIO E NÃO FORNECIDO Banho-maria mantido à temperatura constante (37 °C). Fotômetro capaz de medir com exatidão a absorbância entre 580 e 620 nm. Pipetas para medir amostras e reagentes. Cronômetro. INFLUÊNCIAS PRÉ-ANALÍTICAS Os níveis de uréia no soro ou plasma aumentam consideravelmente após exercícios físicos e com a idade. Em mulheres grávidas, os níveis de uréia no soro e na urina diminuem consideravelmente. A alimentação aumenta os níveis de uréia no soro ou plasma, principalmente em mulheres. Para controle terapêutico, é aconselhável colher a amostra sempre no mesmo horário devido a variações circadianas da uréia. AMOSTRA Deve ser criado um procedimento Operacional Padrão (POP) que estabeleça procedimentos adequados para colheita, preparação e armazenamento da amostra. Enfatizamos que os erros devidos à amostra podem ser muito maiores que os erros ocorridos durante o procedimento analítico. Usar soro ou plasma (fluoreto, oxalato, heparina, EDTA) e urina. Não usar anticoagulantes contendo amônia. A concentração de fluoreto na amostra não deve ser maior que 3 mg/mL pois o fluoreto em altas concentrações é inibidor da urease. O uso de anticoagulante Glistab da Labtest (Cat.29) permite a colheita de uma só amostra para as dosagens de uréia, glicose e creatinina. A uréia é estável no soro ou plasma por 12 horas entre 15 - 25 ºC e vários dias entre 2 - 8 ºC. Não utilizar amostras com sinais de contaminação microbiana. A urina de 24 horas deve ser colhida em frasco contendo 2,0 mL de HCI 50% e centrifugada antes de usar. Não utilizar formol como preservativo para a urina. Pagina: 1 DIAGNÓSTICA Como nenhum teste conhecido pode assegurar que amostras de sangue não transmitem infecções, todas elas devem ser consideradas como potencialmente infectantes. Portanto, ao manuseá-las deve-se seguir as normas estabelecidas para biossegurança. Para descartar os reagentes e o material biológico sugerimos aplicar as normas locais, estaduais ou federais de proteção ambiental. INTERFERÊNCIAS Valores de Bilirrubina até 32 mg/dL, Hemoglobina até 80 mg/dL e Triglicérides até 900 mg/dL não produzem interferências significativas. Misturar e incubar a 37 ºC durante 5 minutos. Determinar as absorbâncias do teste e padrão em 600 nm (580 a 620), acertando o zero com o branco. A cor é estável 2 horas. O procedimento sugerido para a medição é adequado para fotômetros cujo volume mínimo de solução para leitura é igual ou menor que 2,0 mL. Deve ser feita uma verificação da necessidade de ajuste do volume para o fotômetro utilizado. Os volumes de amostra e reagente podem ser modificados proporcionalmente sem prejuízo para o desempenho do teste e o procedimento de cálculo se mantém inalterado. Em caso de redução dos volumes é fundamental que se observe o volume mínimo necessário para a leitura fotométrica. Valores de Hemoglobina maiores que 80 mg/dL e Triglicérides maiores que 900 mg/dL produzem interferências positivas que não podem ser minimizadas com o uso do branco da amostra. CÁLCULOS Ver Linearidade. Para avaliar a concentração aproximada da hemoglobina em uma amostra hemolisada pode-se proceder do seguinte modo: Diluir 0,05 mL da amostra em 2,0 mL de NaCl 150 mmol/L (0,85%) e medir a absorbância em 405 ou 415 nm acertando o zero com água deionizada ou destilada. mg/dL = Absorbância do teste Hemoglobina(mg/dL) @ Absorbância405 x 601 Hemoglobina(mg/dL) @ Absorbância415 x 467 x 70 Absorbância do padrão Exemplo: Absorbância do teste = 0,269 Absorbância do padrão = 0,610 0,269 Uréia (mg/dL) = PREPARO DE REAGENTES Ver observações 1 e 2. x 70 = 31 0,610 Tampão de Uso: Adicionar o conteúdo do frasco nº 2 (100 mL) a 400 mL de água destilada ou deionizada e misturar. Estável 12 meses em frasco âmbar entre 2 - 8 ºC. Oxidante de Uso: Adicionar o conteúdo do frasco nº 3 (25 mL) a 475 mL de água destilada ou deionizada e misturar. Estável 12 meses em frasco plástico entre 2 - 8 ºC. A água deve ter uma resistividade ³ 1 megaohm ou uma condutividade £ 1 microsiemens e concentração de silicatos < 0,1 mg/L. Devido a grande reprodutibilidade que pode ser obtida com a metodologia pode-se utilizar o método do fator. 70 Fator de calibração = Absorbância do padrão mg/dL = Absorbância do teste x Fator Exemplo: 70 Fator = = 114,8 0,610 Urease Tamponada: Adicionar 1,0 mL de Urease (nº 1) a 20 mL do Tampão de Uso. Estável 21 dias em frasco de vidro âmbar entre 2 - 8 ºC. Uréia (mg/dL) = 0,269 x 114,8 = 31 Não armazenar os reagentes nas proximidades de soluções de amônia. Urina (mg/24 horas) = PROCEDIMENTO Ver Precauções e Cuidados Especiais. Para a dosagem de uréia na urina, diluir a amostra 1:50 (0,1 mL de urina + 4,9 mL de água destilada ou deionizada). Multiplicar o resultado obtido por 50. Tomar 3 tubos de ensaio e proceder como a seguir: BRANCO TESTE Amostra --- 0,01 mL --- Padrão (nº 4) --- --- 0,01 mL 1,0 mL 1,0 mL 1,0 mL Urease Tamponada PADRÃO Misturar e incubar a 37 ºC durante 5 minutos. Oxidante de Uso BRANCO TESTE PADRÃO 1,0 mL 1,0 mL 1,0 mL mg/dL x volume de 24 horas (mL) 100 CALIBRAÇÃO O padrão é rastreável ao Standard Reference Material (SRM) 912a do National Institute of Standards and Technology (NIST). Calibrações Manuais " Obter semanalmente o fator de calibração. Sistemas Automáticos " Branco de reagentes: água ou solução de NaCl 150 mmol/L (0,85%); " Padrões: usar calibradores protéicos. As concentrações de " Uréia no Calibra 1 e Calibra 2 da Labtest são rastreáveis ao SRM 912a do NIST. Intervalo de calibrações Deve-se recalibrar o sistema nas seguintes situações: Calibração de 2 ou 3 pontos ao mudar de lote; Calibração de 2 ou 3 pontos quando o controle interno da qualidade indicar. " " Pagina: 2 DIAGNÓSTICA LINEARIDADE O resultado da medição é linear até 300 mg/dL. Quando a absorbância do teste for maior que 1,0, diluir o produto corado e o branco 1:5 com água destilada ou deionizada, fazer nova leitura e multiplicar o resultado obtido por 5. Se após a diluição for obtido um valor igual ou maior que 300 mg/dL, diluir a amostra com NaCl 150 mmol/L (0,85 %), realizar nova medição e multiplicar o resultado obtido pelo fator de diluição. Diluir a amostra de tal modo que o valor encontrado se situe entre 50 e 100 mg/dL. CONTROLE INTERNO DA QUALIDADE O laboratório deve manter um programa de controle interno da qualidade que defina claramente os objetivos, procedimentos, normas, critérios para limites de tolerância, ações corretivas e registro das atividades. Ao mesmo tempo deve-se manter um sistema definido para monitorar a variabilidade analítica que ocorre em todo o sistema de medição. Portanto, o uso de controles para avaliar a imprecisão e inexatidão das determinações deve ser prática rotineira do laboratório clínico. Sugere-se usar um controle com um valor situado na faixa de referência ou no nível de decisão e outro controle com um valor em outra faixa de significância clínica. Deve-se criar uma meta de estado de controle para que a variação máxima encontrada seja de 5% ou então utilizar o sistema de regras múltiplas de 5 Westgard para avaliação do estado de controle. Sugere-se utilizar as preparações estabilizadas Qualitrol 1 e Qualitrol 2 da Labtest para controle interno da qualidade em ensaios de química clínica. VALORES DE REFERÊNCIA Estes valores devem ser usados apenas como orientação. Recomenda-se que cada laboratório estabeleça sua própria faixa de valores de referência na população atendida. Soro ou plasma: 15 a 40 mg/dL. Urina: 26 a 43 g/24 horas. Conversão: Unidades Convencionais (mg/dL) x 0,166 = Unidades SI (mmol/L). 6 CARACTERÍSTICAS DO DESEMPENHO Exatidão Em duas amostras com concentrações de uréia iguais a 20 e 50 mg/dL foram adicionadas quantidades diferentes do analito obtendo-se recuperações entre 97 e 100%. O erro sistemático proporcional médio obtido em um valor de 60 mg/dL foi igual a 0,9 mg/dL ou 1,5%. Especificidade O método proposto foi comparado com um método similar utilizando 40 amostras com valores situados entre 17 e 116 mg/dL. A comparação resultou na equação da regressão: y = 1,147 + 0,973x e um coeficiente de correlação (r) igual a 0,998. O erro sistemático total (constante e proporcional) verificado no nível de decisão (60 mg/dL) foi igual a 0,47 mg/dL ou 0,78%. Como as amostras foram selecionadas aleatoriamente em pacientes de ambulatório e pacientes hospitalizados, pode-se inferir que o método tem uma especificidade metodológica adequada. Repetitividade - Imprecisão intra-ensaio N MÉDIA DP CV% Amostra 1 20 24 0,12 0,5 Amostra 2 20 60 0,48 0,8 Reprodutibilidade - Imprecisão total N MÉDIA DP CV% Amostra 1 20 24 0,30 1,3 Amostra 2 20 60 0,57 0,9 Sensibilidade metodológica Uma amostra protéica não contendo uréia foi utilizada para calcular o limite de detecção do ensaio tendo sido encontrado um valor igual a 2,03 mg/dL, equivalente à média de 20 ensaios mais dois desvios padrão. Utilizando-se a absorbância do padrão como parâmetro, verificou-se que o limite de detecção fotométrica é de 0,11 mg/dL, correspondendo a uma absorbância igual a 0,001. Efeitos da diluição da matriz Duas amostras com valores iguais a 74 e 264 mg/dL foram utilizadas para avaliar a resposta do sistema nas diluições da matriz com NaCl 150 mmol/L (0,85%). Usando fatores de diluição que variaram de 2 a 16 foram encontradas recuperações entre 99 e 108%. SIGNIFICADO CLÍNICO Fisiologicamente a uréia se eleva devido à dieta hiperprotéica ou com a idade, particularmente após 40 anos. Sua diminuição ocorre na gravidez normal e nos indivíduos em dietas com baixo valor protéico e alto teor glicídico. Elevações da uréia ocorrem também por catabolismo elevado (febre, septicemia) e hemorragias internas, principalmente do trato gastrointestinal. As elevações da uréia por defeito de excreção se devem à causas pré-renais (insuficiência cardíaca congestiva), causas renais (nefrites, pielonefrites e insuficiência renal aguda ou crônica). A uréia começa a se elevar no sangue quando a velocidade de filtração glomerular é menor que 10 mL/minuto. As causas pós-renais são obstruções no trato urinário (cálculos, carcinomas ou pólipos). Diminuições da uréia não têm expressão clínica e são encontradas na soroterapia com carboidratos devido a problemas de diluição, redução do catabolismo protéico e aumento da diurese. A dosagem sérica de creatinina é considerada mais específica para a avaliação da função glomerular, mas pode ser menos sensível em algumas doenças renais precoces. A disfunção renal é melhor avaliada através das dosagens de uréia e creatinina associadas. OBSERVAÇÕES 1. A limpeza e secagem adequadas do material utilizado são fatores fundamentais para a estabilidade dos reagentes e obtenção de resultados corretos. 2. A água utilizada no laboratório deve ter a qualidade adequada a cada aplicação. Assim, para preparar reagentes e usar nas medições, deve ter resistividade ³1 megaohm ou condutividade £1 microsiemens e concentração de silicatos <0,1 mg/L (água tipo II). Para o enxágüe da vidraria a água pode ser do tipo III, com resistividade ³0,1 megaohms ou condutividade £10 microsiemens. No enxágüe final utilizar água tipo II. Quando a coluna deionizadora está com sua capacidade saturada ocorre a produção de água alcalina com liberação de vários íons, silicatos e substâncias com grande poder de oxidação ou redução, que deterioram os reagentes em poucos dias ou mesmo horas alterando os resultados de modo imprevisível. Assim, é fundamental estabelecer um programa de controle da qualidade da água. Pagina: 3 DIAGNÓSTICA 3. Para uma revisão das fontes fisiopatológicas e medicamentosas de interferência nos resultados e na metodologia sugere-se consultar Young DS. Effects of Drugs on Clinical Laboratory Tests. 3ª edição, Washington DC: AACC Press, 1990. REFERÊNCIAS 1. Bergmeyer HU. Methods of Enzymatic Analisis, Volume 9, pag 449-453, VCH Publishers, Florida, 1985. 2. Bollet WT, Bushman CJ, Tidwell PT. Anal Chem 1961;33:592-594. 3. Tonks DB. Quality Control in Clinical Laboratories. Diagnostic Reagents Division, Ontario, 1970. 4. Weatherburn MW. Anal Chem 1967;39:971-974. 5. Westgard JO, Barry PL, Hunt MR Clin Chem 1981;27:493501. INFORMAÇÕES AO CONSUMIDOR Termos e Condições de Garantia A Labtest Diagnóstica garante o desempenho deste produto dentro das especificações até a data de expiração indicada nos rótulos, desde que os cuidados de utilização e armazenamento indicados nos rótulos e nestas instruções sejam seguidos corretamente. Serviço de Apoio ao Cliente Telefone 0800-31-3411 - Ligação Gratuita e-mail: [email protected] Estão disponíveis aplicações para sistemas automáticos. Labtest Diagnóstica S.A. CGC: 16.516.296 / 0001 - 38 Av. Paulo Ferreira da Costa, 600 - Vista Alegre Lagoa Santa - Minas Gerais - Brasil - 33400-000 Telefone (31) 3681-9288 Fax (31) 3681-9344 www.labtest.com.br 6. Labtest: Dados de Arquivo. APRESENTAÇÃO Catálogo Nº de testes* Volume/teste Urease Tampão - Estoque Oxidante - Estoque Padrão 27-500 500 2,0 mL 1 x 25 mL 1 x 100 mL 1 x 25 mL 1 x 3 mL *O número de testes em aplicações automáticas depende dos parâmetros de programação. Revisão: Agosto, 1999 Ref.: 260104 Copyright by Labtest Diagnóstica S.A. Reprodução sob prévia autorização Pagina: 4