adelino colombo revela a história, o presente e o futuro da rede que leva seu nome BENS&SERVIÇOS Fecomércio-RS Entrevista Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul – Número 79 / NOVEMbrO 2011 geomarketing O que é e por que adotar varejo As particularidades do comércio no interior do Estado legislação AS DIFICULDADES IMPOSTAS PELO EXCESSO DE NORMAS Rua Alberto Bins, 665 – 11º andar – Centro CEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – Brasil Fone: (51) 3284.2184 – Fax: (51) 3286.5677 www.fecomercio-rs.org.br – [email protected] www.revista.fecomercio-rs.org.br EXPEDIENTE Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul Presidente: Zildo De Marchi Vice-presidentes: Luiz Carlos Bohn, Ronaldo Netto Sielichow, Levino Luiz Crestani, Luiz Antônio Baptistella, Jorge Ludwig Wagner, Antônio Trevisan, André Luiz Roncatto, Arno Gleisner, Cezar Augusto Gehm, Flávio José Gomes, Francisco José Franceschi, Itamar Tadeu Barboza da Silva, Ivanir Antônio Gasparin, Joel Vieira Dadda, Leonardo Ely Schreiner, Leonides Freddi, Luiz Caldas Milano, Moacyr Schukster, Nelson Lídio Nunes, Olmar João Pletsch, Olmiro Lautert Walendorff, Julio Ricardo Andriguetto Mottin, Alécio Lângaro Ughini, Ibrahim Muhd Ahmad Mahmud, Renzo Antonioli, João Oscar Aurélio, Maria Cecília Pozza, Manuel Suarez Cacheiro, Joarez Miguel Venço, Ivo José Zaffari, João Francisco Micelli Vieira Diretores: Adair Umberto Mussoi, Ary Costa de Souza, Carlos Cezar Schneider, Celso Canísio Müller, Cladir Olimpio Bono, Darci Alves Pereira, Edson Luis da Cunha, Edison Elyr dos Santos, Élvio Renato Ranzi, Francisco Squeff Nora, Gabriel de Oliveira Souto Jr., Gerson Nunes Lopes, Gerson Jacques Müller, Hélio Berneira, Henrique José Gerhardt, Isabel Cristina Vidal Ineu, Jaime Gründler Sobrinho, Jamel Younes, Joel Carlos Köbe, Jorge Salvador, José Nivaldo da Rosa, Jovino Antônio Demari, Liones Oliveira Bitencourt, Luís Alberto Ribeiro de Castro, Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Henrique Hartmann, Marco Aurélio Ferreira, Marcos André Mallmann, Marice Fronchetti Guidugli, Milton Gomes Ribeiro, Paulo Roberto Kopschina, Paulo Renato Beck, Rogério Fonseca, Rui Antônio dos Santos, Sérgio José Abreu Neves, Sueli Lurdes Morandini Marini, Tien Fu Liu, Túlio Luis Barbosa de Souza, Walter Seewald, Zalmir Francisco Fava. Diretores Suplentes: Airton Floriani, Alexandre Carvalho Acosta, André Luis Kaercher Piccoli, Antonio Clóvis Kappaun, Arlindo Marcos Barizon, Carmen Zoleike Flores Inácio, Clobes Zucolotto, Daniel Miguelito de Lima, Dinah Knack, Eduardo Vilela Neves, Eider Vieira Silveira, Ernesto Alberto Kochhann, Everton Barth dos Santos, Francisco Amaral, Gilberto José Cremonese, Gilmar Tadeu Bazanella, Hildo Luiz Cossio, Janaína Kalata das Neves, Jair Luiz Guadagnin, Jarbas Luff Knorr, João Antonio Harb Gobbo, Jorge Alfredo Dockhorn, José Joaquim Godinho Cordenonsi, José Vilásio Figueiredo, José Vagner Martins Nunes, Juares dos Santos Martins, Jurema Pesente e Silva, Ladir Nicheli, Luiz Alberto Rigo, Luiz Carlos Brum, Marcus Luis Rocha Farias, Miguel Francisco Cieslik, Paulo Ganzer, Ramão Duarte de Souza Pereira, Régis Luiz Feldmann, Ricardo Pedro Klein, Romeu Maurício Benetti, Silvio Henrique Frohlich, Susana Gladys Coward Fogliatto, Valdir Appelt Conselho Fiscal Titulares: Rudolfo José Müssnich, Erselino Achylles Zottis, Fábio Norberto Emmel Suplentes: Luiz Roque Schwertner, Nelson Keiber Faleiro, Gilda Lúcia Zandoná Delegados Representantes CNC: Titulares: Zildo De Marchi, Moacyr Schukster Suplentes: Luiz Carlos Bohn e Ivo José Zaffari Conselho Editorial: Júlio Ricardo Andriguetto Mottin, Luiz Carlos Bohn e Zildo De Marchi Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Camila Barth, Caroline Santos, Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, Fernanda Romagnoli, Graciele Garcia, Liziane de Castro, Simone Barañano e Sinara Oliveira sumário agenda palavra do presidente notícias & negócios opinião guia de gestão entrevista varejo legislação saiba mais geomarketing planejamento personalidade sesc senac Coordenação Editorial: Simone Barañano contabilidade PRODUÇÃO E EXECUÇÃO: Temática Publicações Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) visão tributária CHEFE DE Reportagem: Luísa Kalil Reportagem: Francine Desoux, Luísa Kalil, Luís Henrique Vieira, Patrícia Campello glossário e Rafael Tourinho Raymundo Colaboração: Caroline Corso, Edgar Vasques, Igor Grossmann Roza, Marcos Morita, Paulo Gerhardt e Priscilla Buais Impressão: Pallotti Edição de Arte: Silvio Ribeiro Revisão: Flávio Dotti Cesa Tiragem: 25,5 mil exemplares É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte. Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo. Esta revista é impressa com papéis com a certificação FSC (Forest Stewardship Council), que garante o manejo social, ambiental e economicamente adequado da matéria-prima florestal. visão trabalhista mais & menos negócios 06 07 08 13 14 18 24 26 32 34 36 39 40 42 44 46 47 48 49 50 & BENS SERVIÇOS Legislação 26 Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 um país de leis desencontradas O excesso de normas tributárias e a dificuldade de colocá-las em prática atrasam o cotidiano do empresário brasileiro. Saiba por quê o mestre do varejo mostra porque a empresa que leva seu sobrenome é mais do que um exemplo de sucesso entrevista 18 Adelino Colombo fala sobre sua trajetória empresarial e sucesso em todas as regiões Saiba mais sobre as semelhanças e particularidades varejo 24 diferencia com relação aos grandes centros geomarketing 34 do comércio no interior do Estado, e em que ele se mapa de negócios compreender as demandas do seu público-alvo e a abrangência do seu negócio 05 Conheça uma nova ferramenta para melhor A G E N D A novembro / DEZembro De 9 a 13/11 11/11 20/11 Aldeia Sesc Capilé e Imembuy Os eventos acontecem nas cidades de São Leopoldo e Santa Maria. Mais informações: www.sesc-rs.com.br/artesesc Feira de Profissões de Nova Bréscia O Senac Lajeado participa da Feira de Profissões, na cidade de Nova Bréscia, por meio de um estande para divulgação dos cursos técnicos Etapa Santa Maria do Circuito Sesc de Minimaratona Na data, será realizada etapa do Circuito Sesc de Minimaratona, em Santa Maria. Mais informações: www.sesc-rs.com.br/minimaratona 10/11 de 12 a 22/11 Oficina de Sorvetes Senac Santa Cruz do Sul realiza Oficina de Sorvetes, com duração de quatro horas circuito sesc palco giratório Evento traz ao Estado turnê do espetáculo Evangelho segundo São Mateus, nas cidades de São Leopoldo (12), Santa Rosa (14), Uruguaiana (16), Alegrete (17), Santa Maria (19) e Camaquã (22). Mais informações: www.sesc-rs.com.br/artesesc João Alves/Divulgação Sesc/RS Workshop Gratuito O Senac 24 Horas promove a segunda edição de Workshops Gratuitos e abertos à comunidade, no Shopping Lindóia, em Porto Alegre. Telefone para contato: (51) 3366-0520 17/11 12 e 13/11 Olimpíada Comerciária Sesc 06 Nos dois dias, ocorre a final estadual da 31ª Olimpíada Comerciária Sesc, em Porto Alegre. Mais informações: www.sesc-rs.com.br/ olimpiadacomerciaria Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 mostra casa de saúde sesc Uruguaiana recebe até 28 de novembro o projeto que estimula cuidados preventivos de saúde De 19 a 26/11 Vestibular de verão Dias em que a unidade móvel do Senac-RS faz a campanha para divulgação do vestibular de verão, no Parque Farroupilha, em Porto Alegre De 20 a 24/11 Convenção do programa Maturidade Ativa No período, a cidade de Torres sediará a 8ª Convenção Estadual dos Clubes Sesc Maturidade Ativa De 27/09 a 28/11 Palestra sobre mercado de trabalho Na capital gaúcha, a Faculdade de Tecnologia Senac-RS promove o ciclo de palestra sobre inserção no mercado de trabalho. Telefone para contato: (51) 3022-1044 Até 30/11 Concurso Sesc de Fotografias 2011 A data é o último dia para as inscrições no Concurso Sesc de Fotografias 2011, que, nesta edição, aborda A Primavera no RS. Mais informações: www.sesc-rs.com.br/ concursodefotografia 07/12 Unidade Sesc de Saúde Preventiva Lançamento da Unidade Sesc de Saúde Preventiva na cidade de São Marcos. Mais informações: www.sesc-rs.com.br/saudesesc Divulgação/ Fecomércio-RS Palavra do Presidente Zildo De Marchi Presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac Na luta, sempre Enfrentamos diariamente as disparidades entre o que a lei impõe e a realidade vivida pelo empresário de pequeno e médio portes. Sabemos das deficiências dos sistemas tributário e legislativo no país, e que uma reforma precisa ser feita O Sistema Fecomércio-RS tem como forte característica a defesa das demandas e interesses dos setores que representa. Hoje acompanhamos 53 projetos de lei que tramitam na Assembleia Legislativa. Esses projetos representam nossa esperança de que os anseios da classe empreendedora serão atendidos e postos em prática da forma como merece ser vista: com respeito, com atenção e, acima de tudo, com o compromisso e o desejo de buscarmos o que é melhor para todos. Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 A legislação brasileira agrega uma série de normas que precisam ser cumpridas para que o empresário não seja classificado como irregular. Para não entrarmos em conflito com as mesmas, corremos para cumprir prazos, pagar tributos e quitar nossas dívidas. Contudo, o retorno que observamos dificilmente é o esperado. Temos a preocupação de estarmos atualizados com nossas obrigações, mas ao olharmos a infraestrutura ao nosso entorno, certos de que há falhas em investimentos nesse setor, facilmente nos desmotivamos. urgentemente. Mas não podemos nos render ao desânimo. Não podemos deixar que essas dificuldades abalem nossa vontade de lutar, muito menos que atrapalhem a nossa união. 07 Administrar uma empresa envolve inúmeros critérios. Sob a responsabilidade do empreendedor – e no caso de uma empresa com mais sócios, de todos eles – estão o treinamento e o desenvolvimento da equipe, a manutenção da estrutura profissional, o acompanhamento do setor e da concorrência e, na maioria dos casos, o mais desgastante: a burocracia. Í C I A S Edgar Vasques N O T 08 Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 margarit ralev/Stock.xchng Mulheres optam por investir no varejo Há quem pense que existe uma relação entre o gênero e a área escolhida para empreender. Uma ideia um tanto machista e que não se confirma nas pesquisas. Segundo estudo da Global Entrepreneurship Monitor, 60% dos novos negócios do Brasil estão ligados a senso de oportunidade. Entretanto, não dá para negar que a preferência por parte das mulheres pende para determinadas áreas. Entre elas, destaca-se o comércio varejista. Conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), esse é o caso de 33% dos entrevistados. Elas ainda apostam no setor de alimentação e na indústria de transformação. Tudo a ver com vocação e talento, nada mais! Sancionado aumento do aviso prévio Novas regras do aviso prévio são sancionadas pela presidente Dilma Rousseff. A lei aumenta de 30 para 90 dias o tempo de concessão do aviso nas demissões sem justa causa. Além do direito aos 30 dias já previstos em lei, o trabalhador terá direito ao acréscimo de três dias a cada ano de serviço. O teto máximo é de 90 dias. O prazo aumenta proporcionalmente ao tempo de serviço prestado na mesma empresa. Em caso de demissão voluntária, o empregador deve trabalhar pelo mesmo período ou ressarcir a empresa pelo tempo devido. Porém, a empresa pode optar por liberar o empregado, sem ônus. & & N E G Ó C I O S Abertas as inscrições para o vestibular das Faculdades Senac de Porto Alegre, Pelotas e Passo Fundo. Ao todo, serão oferecidas mais de mil vagas para 11 opções de cursos superiores. Na capital, os candidatos poderão escolher entre os cursos Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Marketing, Hotelaria, Gestão Financeira, Gestão de Recursos Humanos, Redes de Computadores, Design em Moda e Multimídia, além do bacharelado em Administração e o tecnólogo em Comércio Exterior. Em Pelotas, as oportunidades abrangem os cursos superiores de Tecnologia em Marketing; Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Redes de Computadores e Processos Gerenciais. A Faculdade de Tecnologia Senac Passo Fundo disponibilizará 50 vagas para o Curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. A prova única de redação ocorre no dia 27 de novembro, sendo os aprovados divulgados no dia 28, a partir das 14h. Informações adicionais sobre o processo seletivo podem ser encontradas no site www.senacrs.com.br/vestibular ou diretamente nas faculdades. Divulgação Senac-RS Dada a largada para o vestibular de verão do Senac-RS O Sesc-RS só tem a comemorar. As 33 Academias Sesc receberam a certificação corporativa ISO 9001:2008, após auditorias realizadas pelo organismo certificador Bureau Veritas Certification. O reconhecimento endossa a excelência dos serviços prestados pelos respectivos locais, os quais oferecem aos comerciários atividades de ginástica e musculação com a orientação técnica de profissionais qualificados e modernos equipamentos. Ainda foram mantidos os certificados das quatro unidades OdontoSesc, das Agências de Turismo, do Hotel Sesc Campestre (hospedagem, restaurante e centro de eventos), da Odontologia de Santana do Livramento e das Escolas Sesc de Educação Infantil. Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 Reconhecimento à excelência das Academias Sesc O Natal representa uma das melhores datas do calendário promocional do varejo. Os empresários estão de olho nos lucros e ao, mesmo tempo, em medidas para prevenir as perdas, principalmente os furtos de mercadoria. Isso porque o fluxo de compradores no interior das lojas aumenta. Segundo a Provar, as grandes redes investem cerca de 30% do lucro em recursos tecnológicos para proteger o seu patrimônio. Uma ação importante para minimizar o problema, quando estudos revelam que as perdas no setor varejista brasileiro alcançaram, em média, 1,75% da receita operacional anual das empresas em 2010. Entre os principais motivos estão os furtos internos – aqueles cujo autor é o próprio funcionário do estabelecimento –, com 20,1% do total de registros. Os furtos externos alcançam 20,4%. Os produtos mais furtados são roupas (7,3%), aparelho de barbear (5,5%) e protetor solar (5,5%). 09 Stockxpert Olho nos lucros e nas perdas N O T Divulgação Senac-RS Projeto que tramita na Câmara dos Deputados deve regulamentar a implantação de freeshops em 12 cidades gaúchas. Se aprovada, a lei entra em vigor no segundo semestre de 2012, permitindo a criação de lojas no regime especial aduaneiro destinado a atividades situadas nas respectivas áreas fronteiriças. Antes de ser sancionada pela Presidência da República, a proposta ainda precisa passar pela Comissão de Finanças e Tributação, Comissão de Constituição e Justiça e Senado. Iniciadas as obras da unidade Sesc Chuí O extremo Sul do Estado contará com uma Unidade Operacional do Sesc. Já se iniciaram as obras da sede do Chuí, município localizado na fronteira com o Uruguai, com conclusão prevista para junho de 2012. A nova instalação da entidade compreenderá as salas de aula para a Escola de Educação Infantil – o Sesquinho, com capacidade para atender cerca de 100 crianças em turno integral, além de ginásio de esportes, quadra esportiva de grama sintética, consultório odontológico e espaço multimídia. Também será oferecido aos comerciários e comunidade em geral o acesso a serviços de turismo social. Segundo o vice-presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, “os serviços disponibilizados pela entidade, todos voltados ao bem-estar da população, contribuirão com a mudança de vida da comunidade do Chuí”. Divulgação Sesc-RS Lei prevê criação de freeshops no país & Í C I A S Sistema Fecomércio-RS amplia atendimento em Três Passos No dia 24 de outubro, o Sistema Fecomércio-RS inaugurou as novas instalações da Escola de Educação Profissional Senac Três Passos e o Balcão de Atendimento Sesc. O espaço, localizado na rua Dom João Becker, n° 310, oferece cursos profissionalizantes e ações de cultura, esporte e lazer. O objetivo é ampliar a infraestrutura voltada à capacitação e ao entretenimento dos trabalhadores da cidade e da Região. Informações sobre as atividades desenvolvidas podem ser obtidas pelo telefone (55) 3522-9202. 10 Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 Ginástica laboral pode aumentar a produtividade e evitar afastamentos por doença Um estudo realizado pela Universidade de Brasília (UnB) sobre as principais doenças que causam afastamento do trabalho no Brasil apontou que, em 2008, 4% dos 32,5 milhões de profissionais brasileiros receberam auxílio-doença do Ministério da Previdência Social com atestado médico por mais de 15 dias consecutivos. Isso custou R$ 669 milhões aos cofres públicos. Os três principais motivos dos afastamentos foram lesões, como fraturas de pernas, punhos e braços, doenças oesteomusculares (dores na coluna) e doenças mentais, a exemplo de depressão. Para evitar o afastamento de colaboradores, muitas empresas têm recorrido à ginástica laboral, por ser uma atividade rápida, simples e que pode ser realizada em um período curto de tempo, trazendo grandes resultados. Além dos benefícios físicos, atividades em grupo ajudam a integrar funcionários e manter o bom relacionamento entre as equipes. Fabiana Maurano Pinelli, fisioterapeuta do Hospital San Paolo, explica que “o objetivo principal de incluir uma atividade física no expediente é articular o corpo, mudá-lo de posição por alguns instantes. A pessoa que exerce movimentos repetidos por um longo tempo, sem pausa, tem mais chances de desenvolver uma doença, como a tendinite, que nada mais é do que a inflamação dos tendões”. N E G Ó C I O S sanja gjenero/Stock.xchng Mobilização contra a criação da CSS A Fecomércio-RS alerta sua base representativa, 580 mil empresas do Estado, para que fiquem atentas quanto à possibilidade de criação da Contribuição Social da Saúde (CSS), que poderá substituir a antiga CPMF. A nova alíquota só não entrou em vigor porque a sua base de cálculo não foi incluída no projeto de lei complementar que regulamenta a Emenda nº 29, relativa aos recursos a serem investidos em saúde pública pelos estados, municípios e União, recentemente endossada pela Câmara dos Deputados. Entretanto, a CSS permanece prevista no substitutivo aprovado anteriormente pelos respectivos parlamentares, cujo texto seguirá agora para o Senado. Assim, para que a contribuição passe a ser cobrada, basta o Poder Executivo apresentar um outro projeto. “Com uma carga tributária entre as maiores do mundo, o que o país necessita nesse momento são ajustes em sua eficiência que permitam que o já elevado nível de tributos cobrados da sociedade seja gasto com maior eficiência”, alerta o presidente da Fecomércio-RS, Zildo De Marchi. Sobe valor mínimo de pagamento da fatura Mudanças no cartão de crédito. A partir do mês de dezembro, sobe de 15% para 20% o valor mínimo de pagamento da fatura. Trata-se de uma mudança do plano de medidas macroprudenciais do Banco Central para amenizar as taxas de endividamento das consumidores, bem como o alargamento dos prazos de algumas linhas de financiamento de crédito pessoal, consignado e de veículos. três perguntas Símbolo de Porto Alegre e também do Rio Grande do Sul, o Mercado Público é um dos mais importantes centros de comércio da capital. Entre as bancas de artesanato, especiarias, restaurantes e bares, uma das lojas que compõem o Mercado é sinônimo de tradição. É a Banca 40. Famosa pela salada de frutas com nata e sorvete, a banca foi fundada em 1927 por Manoel Maria Martins e hoje está sob a gerência de João Carlos Bonnel Júnior. Ele conta quais são os atributos que agregam diferencial à banca. Lúcia Simon Júnior Há muita tradição envolvida. Diariamente, passam milhares de pessoas por aqui, e hoje é um local que está se modernizando. Tudo está informatizado. Aqui na banca alteramos as comandas de papel por cartão eletrônico, isso facilita tanto o dia a dia do consumidor quanto o do empresário. A que fatores a Banca 40 atribui seu sucesso? Júnior Qualidade do produto e simplicidade. Uma salada de frutas é algo simples e saboroso. Muitos clientes atravessam gerações vindo à banca para conhecer ou apresentar a salada. É o avô que traz o neto, que por sua vez trará seu filho quando crescer, e assim vai. É muito bacana acompanhar isso, estar se relacionando diariamente. De que forma a Banca se adaptou às mudanças do mercado e de público, já que assistiu a gerações diferentes passarem por ali? Júnior Em função do cliente, é inadmissível você contar ainda hoje com uma máquina antiga de papel, por exemplo. Antigamente, havia menos controle do fluxo de clientes na loja. Hoje, se estamos lotados, faz-se uma fila de espera, e o serviço fica mais organizado e eficiente. Manteremos sempre a qualidade do produto, isso não pode mudar, mas a logística do atendimento deve se aperfeiçoar. Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 Quais as características de um negócio localizado em um mercado público? 11 & Opinião divulgação/ informamídia Marcos Morita Especialista em estratégias empresariais “Em suma, Jobs conseguia reunir em uma só pessoa os três personagens conflitantes: o empreendedor, o gerente e o técnico.” centralizadora, controla as pessoas e fatos para poder seguir adiante com suas ideias. O gerente: com personalidade pragmática, planeja, organiza e coloca ordem no caos deixado pelo empreendedor. O gerente é aquele que cria fileiras bem arrumadas de objetos. O empreendedor, por sua vez, é aquele que cria os objetos que o gerente arruma em fileiras. O gerente constrói uma casa e vive nela para sempre. O empreendedor constrói uma casa e, tão logo esteja pronta, começa a planejar a próxima. O técnico: individualista, conjuga o verbo fazer com perfeição. Tem como lema o “faça você mesmo”, sempre uma coisa de cada vez. Prefere executar em vez de pensar. Para o técnico, empreendedor e gerente são sempre fontes de problemas. O primeiro, por interrompêlo com ideias mirabolantes, e o segundo por querer colocá-lo dentro de um sistema, como uma peça de engrenagem. Em suma, Jobs conseguia reunir em uma só pessoa os três personagens conflitantes, os quais soube utilizar em maior ou menor grau durante toda sua carreira, ligando os pontos como ninguém. Cabe ao seu sucessor a difícil missão de liderar, motivar e integrar empreendedores, gerentes e técnicos, fazendo com que a soma de suas habilidades ao menos se aproxime da genialidade de Steve. O sucesso da estratégia só o tempo poderá dizer. 13 A morte prematura de Steve Jobs, o gênio da Apple, lançou ao mundo algumas dúvidas. Porém, as recentes desconfianças que pairam sobre os mais assíduos consumidores da empresa podem ser esquecidas pelo menos pelos próximos quatro anos. Segundo o jornal Daily Mail, Jobs deixou planos para os novos iPod, iPhone, iPad e Macbooks. Perguntas como “Será que a Apple conseguirá manter-se inovadora e encantadora aos olhos de seus clientes, sem seu principal protagonista?” ou “Conseguirá a Apple segurar seus melhores talentos?” são inevitáveis para a empresa de maior valor de mercado do mundo. Para respondê-las, trago as ideias centrais de um livro intitulado O mito do empreendedor, o qual apresenta alguns conceitos que podem ilustrar a situação da empresa de Cupertino. Conforme o autor, as pessoas têm dentro de si três grandes personagens: o empreendedor, o gerente e o técnico, com características bastante diferentes entre si, sendo que haverá sempre um perfil que se sobreporá aos demais. Vejamos. O empreendedor: irrequieto, sonhador, criativo e visionário. Tem por natureza viver sempre no futuro, enxergando oportunidades em locais em que ninguém as vê, transformando possibilidades em probabilidades e caos em harmonia. Em geral, com personalidade forte e Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 S teve Jobs: as características de um líder G uia de Gestão A era da informação multiplicada Para vencer a concorrência cada vez mais acirrada, empresários de diferentes setores procuram a melhor maneira de se diferenciar. Um passo, no entanto, tornou-se comum a todos: saber trabalhar a informação globalizada D 14 urante algum tempo, muitos empresários administravam seus negócios na base do feeling. Era uma questão de confiar, ou não, em determinada escolha. Hoje, a concorrência cada vez mais acirrada e as diferentes plataformas de comunicação e gestão fazem com que não sobre tempo para o “achômetro”. É necessário estar atento para não se deixar levar pelo excesso de informação. Para enfrentar os reflexos da globalização, os empreendedores viram-se diante da necessidade de agregar diferenciais para continuarem se destacando em meio a novos negócios. Com a revolução digital, a troca de informações – e também o acesso às mesmas – foi amplificada ao ponto de não exis- Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 tirem mais fronteiras. Por meio da internet, surgiram novas ferramentas que facilitaram o dia a dia tanto do empresário quanto dos consumidores. Cuidado com a imagem Se antes as empresas estavam preocupadas em fidelizar seus clientes, hoje esta preocupação continua, mas o retorno do público se dá de diferentes maneiras. Seja no comércio ou no setor de serviços, os empreendimentos nunca estiveram tão expostos. A publicidade boca a boca mantém seu valor, mas ela também acontece por meio de comentários via blogs, sites e redes sociais, como Twitter e Facebook. Para seguir em frente, é preciso estar alerta para a amplitude do acesso às informações. Vantajosa ou não, esta é a realidade em que o mercado e a sociedade estão inseridos atualmente. De acordo com o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), Rodrigo Leandro de Moura, a globalização da informação faz com que os empresários aprendam mais rapidamente, e de forma mais precisa, sobre a qualidade dos produtos, preços e público – e não apenas de seu próprio negócio, mas também das concorrentes. “Por um lado isso é bom, pois gera competitividade, mesmo em uma área que não conte com tantos empreendimentos.” E para o consumidor também é bom porque exige do empresário, muitas ve- Moura. E alerta: “As empresas que souberem mais rapidamente como fornecer a informação conseguem aumentar, em uma etapa seguinte, o seu poder de mercado. Elas saem na frente de outras empresas que estão competindo pelos mesmos nichos de mercado”. Pouca verba, muito potencial A realidade das empresas de pequeno e médio portes geralmente abarca uma verba mais reduzida que empreendimentos maiores. Ainda assim, graças ao progresso tecnológico, trabalhar a informação tornou-se uma tarefa mais fácil e sem custo, aproximando pequenos e grandes. “Uma pequena ou micro empresa, que em fase inicial não detenha tantos recursos, tem que olhar para o mercado e ver o que a concorrência está fazendo, e então buscar alguma diferenciação”, explica Rodrigo Leandro de Moura. “Pode ser que ela não consiga implementar um sistema de e-commerce pelo site, mas ela pode fazer algum tipo de promoção via Twitter ou Facebook, e, ao trabalhar com margem de qualidade do produto, se diferenciar aos poucos”, acrescenta. Dessa forma, explica Moura, é possível analisar em que dimensões o negócio pode melhorar, e a baixo custo. Contudo, é necessário ter em mente que o primeiro passo do planejamento é saber em qual público-alvo a empresa está interessa- Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 15 zes, uma redução de custo ou mesmo que se ofereça um melhor produto”, explica. Na visão de Moura, uma vez que o consumidor tem em mãos mais ferramentas para avaliar e comparar, tanto preço quanto produto, isso muda as estratégias de marketing, vendas e mesmo o gerenciamento das empresas, pois a necessidade de acompanhar tendências ganha força. O pesquisador afirma ainda que, além de páginas tradicionais como sites, é bom recorrer ao uso de redes sociais como Facebook e Twitter, pois utilizar esses meios a seu favor gera novas possibilidades de fazer promoções ou divulgar informações. “Em vez de esconder a informação para o consumidor, eles podem facilitá-la”, diz G uia de Gestão da, e então trabalhar o tipo de informação que possa ser mais facilmente divulgada, e sem grandes despesas. Uma vez que os consumidores estão mais atentos e mais bem informados, é hora de o empresário também estar atualizado com os diferentes meios de comunicação existentes hoje. “É muito mais vantajoso ele se antecipar e fornecer isso ao consumidor, porque ele verá que a empresa está realmente querendo fornecer um produto de boa qualidade, e, com isso, o empresário atrairá muito mais consumidores, em vez de esperar que o cliente vá atrás e fique chateado, e isso acaba gerando uma imagem negativa para a empresa”, salienta Moura. Atualização constante Divulgação Multisom Para a vice-presidente da Multisom, Aline Novelletto, a globalização contribuiu para que o mundo encurtasse distâncias e estreitasse relações comerciais entre países e empresas. “Através da internet temos acesso a qualquer informação em qualquer lugar do mundo. Utilizamos a rede em todas as áreas da 16 Aline: “É importante estar atualizado com as novas tecnologias do mundo” Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 empresa, mas principalmente em ações da área comercial.” Nesse caso, Aline se refere às vendas pelo site, conhecimento de produtos e treinamentos por meio do site de fornecedores, relacionamento e mesmo o monitoramento do preço da concorrência, algo que antigamente a empresa realizava de forma pessoal. “O amplo acesso facilitou muito na tomada de decisão de um empresário. Fica muito mais fácil acertar quando se tem informação rápida e de fácil acesso como nos dias de hoje”, ressalta. De acordo com Aline, é importante estar atualizado com as novas tecnologias do mundo, as quais mudam de forma cada vez mais rápida. “Seguir as tendências é crucial para qualquer área de uma empresa, pois além de servir como direção, faz com que a mesma esteja sempre preparada para competir com sua concorrência e aproveitar as oportunidades que o mercado oferece”, explica. No caso da Multisom, rede especializada em produtos tecnológicos, não estar atento às mudanças pode implicar sérios prejuízos. “Tanto financeiros, caso erremos na compra de um produto, quanto na imagem, caso não tenhamos um site de vendas online”, comenta Aline. A empresa, que começou suas atividades em 1989, acompanhou de perto as transformações da indústria fonográfica. Para superar obstáculos, uma iniciativa foi a ampliação do mix de produtos. “Hoje nosso diferencial é ser especialista na venda de instrumentos musicais, áudio e vídeo, fotografia, telefonia, games e informática, além de CDs e DVDs. O sucesso da expansão da linha de produtos foi um somatório de neces- sidade, oportunidade e atualização às tendências do mercado”, conta Aline. Uma informação, múltiplos resultados Para o gerente de marketing da Datelli, Jackson Steffen, os empresários antes contavam com os tradicionais canais de mídia, como TV, rádio e jornal, e hoje passaram a dividir sua verba em canais multimídias, como smartphones, blogs e redes sociais. “O desenvolvimento do produto acompanha as principais tendências”, explica Steffen, lembrando que, no caso da Datelli, isso é feito por meio de pesquisas de mercado. Ele explica que a empresa não prioriza um único meio de informação, mas que as lojas devem conversar a mesma tendência, com o mesmo objetivo e público. “A informação sai do local e é distribuída por diferentes meios, cada um com seu modo de efetuar essa comunicação, mas todos eles são trabalhados”, explica o gerente. A marca, referência em sapatos femininos e masculinos, passou a observar uma necessidade diferente no que diz respeito às demandas dos homens. A mudança foi trabalhar com linhas mais jovens, a pedidos de clientes que representavam uma faixa etária com a qual a Datelli não costumava trabalhar. “Foi um perfil de cliente que agregamos”, explica Steffen. O gerente reconhece que, hoje, há mais formas de escutar o cliente, algo que há pouco tempo acontecia apenas diretamente na loja. “Hoje o consumidor interage com mais canais”, afirma. Por isso, diz Steffen, “quanto mais um empreendimento conseguir processar essas informações, melhor poderá adequar seu produto ou serviço”. Adelino Colombo FOTOS: divulgação lojas/colombo E N T R E V I S T A O mestre do varejo À frente de uma das maiores redes varejistas do país, Adelino Colombo é um homem atento. Por acompanhar as diversas transformações do mercado nas últimas décadas, o empresário explica por que a adaptação é crucial para a continuidade de um negócio Colombo Sempre tive o sonho de ser vendedor e posso dizer que comecei como empreendedor aos 17 anos, quando fui trabalhar em um armazém na cidade de Farroupilha. Acho que me saí bem, pois quando o patrão abriu uma filial, me colocou de gerente! Alguns anos depois ofereceu a mim e a outros dois trabalhadores o controle do armazém. Em seguida, com a ajuda da minha família, comprei a minha parte, o Armazém Colombo. O começo da história da Colombo remonta ao comércio feito de porta em porta. Como o senhor avalia as transformações do varejo desde a fundação da rede? Colombo Hoje está tudo muito diferente, e a comunicação é um dos principais fatores que influenciaram essas transformações. Nos dias atuais, a informação chega até os consumidores de forma muito rápida e por diversos canais. O varejo teve de se adaptar e crescer junto com essas mudanças. Com a Colombo não foi diferente. Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 19 Conte um pouco sobre os seus primeiros passos como empreendedor. Entrevista E de que forma a empresa trabalhou essas adaptações? Colombo A Colombo trabalha constantemente no fortalecimento dos diversos canais de venda da empresa. Temos o foco na consolidação e expansão dos nossos multicanais de comercialização. Para atender a todas as exigências dos consumidores e a todos os tipos de públicos, a Colombo mantém lojas multicanais: de rua, de shoppings, standard, Premium, na web, e temos um projeto inédito na Universidade de Caxias do Sul, a Colombo Tech. Seguindo nossa estratégia de diversificar ainda mais os canais de venda, passamos ao comércio via celular, adaptamos nosso site para que os clientes possam acessá-lo de qualquer terminal móvel. Na sua opinião, qual a diferença entre o consumidor dos primeiros anos da Colombo e o atual? 20 Colombo Na época em que iniciei meu negócio, o produto mais acessível era o fogão a gás. A geladeira era o eletrodoméstico mais caro e nem todas as famílias podiam comprar. Atualmente, o cenário é bem diferente: o brasileiro tem mais condições de compra e diversas facilidades para aquisição. Veja, por exemplo, o crescimento do poder de compra das classes C e D, a disseminação de produtos de alta tecnologia e a expansão das vendas pela internet. Isso sem falar na concorrência. O consumidor nunca Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 teve tanta oferta como atualmente. Na rua Doutor Flores em Porto Alegre, para dar um exemplo, se não me cuido, entro na loja do concorrente. Que fatores contribuem, hoje, para o fortalecimento de uma marca? Colombo Em um segmento altamente competitivo, é fundamental planejamento eficiente, ambiente atraente para os clientes e atendimento diferenciado de acordo com as necessidades de cada um deles. É essencial conhecer bem o cliente, ter uma ótima equipe de vendas e apresentar estratégia de multicanais para que o acesso à nossa marca seja cada vez mais amplo. Após celebrar seus 50 anos de existência, no ano de 2009, a Colombo iniciou, em 2010, um novo ciclo de crescimento. A empresa revisou seu posicionamento e, com investimento em pesquisa junto aos clientes, introduzimos o slogan Você Pode. Você Merece. Esse posicionamento traduz a estratégia de agregar valor ao cliente, viabilizando sonhos e soluções que o estimulem a comprar aquilo que melhor pode preencher suas expectativas, gerando, assim, muito mais do que uma venda, mas uma grande experiência de compra. Em 51 anos de atuação, que períodos foram determinantes para o crescimento da Colombo? Colombo Foram muitos, mas acredito que a chegada da transmissão de televisão no Rio Grande do Sul, logo depois da abertura da minha primeira loja, foi a primeira mudança na rotina da Lojas Colombo. Aproveitamos a qualidade do sinal que chegava na Serra para demonstrar a novidade em frente a nossa loja, depois emprestávamos os aparelhos para as famílias que poderiam adquirí-los e, nessa sequência, criamos o primeiro consórcio para a venda de televisores. A partir do crescimento das vendas de televisores e outros eletrodomésticos, a Colombo começou a expandir, abrindo a primeira filial em 1965, na cidade vizinha de Caxias do Sul. Depois o crescimento se deu para municípios da região, como Flores da Cunha, São Marcos, Vacaria, Veranópolis, Bento Gonçalves. Na década de 1970, o Brasil viveu uma época de euforia, com grandes investimentos em obras públicas e crescimento da indústria. Havia falta de produtos pela grande demanda, e as vendas da Colombo cresceram muito. Foi a nossa década de ouro, e capitalizamos a nossa empresa. Nos anos 1980 já estávamos presentes nas principais cidades do interior do Rio Grande do Sul. Preparamos o ingresso em Porto Alegre, instalando lojas em cidades próximas à capital gaúcha. Em setembro de 1983, abrimos nossa primeira loja em Porto Alegre. Também nos anos 80, chegamos a Santa Catarina e ao Paraná, expandindo nossas filiais nesses dois estados. O passo seguinte, no final dos anos 1990, início de 2000, foi a presença da Colombo nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Começamos “Sempre priorizei trabalhar com uma margem operacional fixa, sem rebaixar preços, selecionando a clientela e sendo muito cuidadoso na concessão de crédito e na cobrança.” Que fases pelas quais a empresa passou foram marcantes e que culminaram em mudanças de estratégias? Colombo Crescer sem ter suporte financeiro, com limitação de crédito, sem patrimônio para garantir crédito, vendendo os produtos em parcelas, resultou numa tarefa difícil. Então, uma das saídas foi a busca por mercados em cidades vizinhas, que me levaram a abrir novas unidades em cidades do Rio Grande do Sul e, inclusive, em Santa Catarina e Paraná. Até que cheguei a Porto Alegre, o que parecia ser o maior desafio. Hoje estamos em cinco estados, com filiais também em São Paulo e Minas Gerais. Como surgiu a necessidade de fazer uma loja sob o conceito Premium? Colombo Inovar sempre fez parte do DNA da Colombo. Precisamos apresentar novidades constantes aos nossos clientes, atrair novos públicos para nossas lojas. Na trajetória da Colombo, sempre buscamos esses objetivos. Com as lojas no formato Premium, nos diferenciamos no mercado, oferecemos sempre os lançamentos da indústria, focamos em produtos de alta tecnologia e proporcionamos aos clientes espaços diferenciados, onde todos os produtos podem ser experimentados. Com as Lojas Colombo Premium levamos nossa marca a grandes shopping centers do Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 21 pelo interior de São Paulo, e depois o Sul de Minas Gerais. Entrevista Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. oportuno, a entrega rápida e a assistência técnica eficiente. Há novos planos de expansão no conceito Premium ou no modelo tradicional de loja? Em quais aspectos a economia brasileira ainda precisa melhorar? Colombo A empresa continuará a sua expansão e está pronta para novos desafios. Avaliamos constantemente oportunidades em novos mercados. Colombo Ainda deve crescer na geração de empregos e no aprimoramento da utilização dos tributos, melhorando a qualidade de vida dos brasileiros. Mas, acima de tudo, acredito no nosso país, ainda que esteja sujeito a apresentar altos e baixos na economia. Investimos com confiança, pois queremos crescer e continuar fazendo investimentos na certeza de que estamos no caminho para o desenvolvimento. Qual o segredo para a longevidade de um empreendimento? Colombo Sempre priorizei trabalhar com uma margem operacional fixa, sem rebaixar preços, selecionando a clientela e sendo muito cuidadoso na concessão de crédito e na cobrança. Além disso, nunca desisti e optei, mesmo com dificuldades, por partir para o “ataque”, como costumo dizer. Pelo menos nos meus primeiros anos joguei mais no ataque do que na defesa. E foi assim, avançando instintivamente, que consegui atravessar crises econômicas e chegar a 325 lojas nesses 50 anos. Hoje, no Brasil, o que é imprescindível a um bom empreendedor para manter o negócio no mercado? 22 Colombo O fundamento mais importante do comércio é atender bem. E isso não quer dizer só ser gentil, simpático e sorridente. Embora comece com um sorriso, o bom atendimento compõe-se de um conjunto de ações que abrange também a informação fidedigna, o preço justo, o financiamento Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 Como as empresas devem se preparar diante da ameaça da escassez de profissionais qualificados? Colombo Devemos investir na qualificação, no treinamento constante do nosso quadro de pessoal. Precisamos valorizar e reter nossos talentos. Desde a fundação até os dias atuais, a empresa investe no desenvolvimento e na valorização dos colaboradores por meio de programas direcionados à realidade de seu próprio negócio e do quadro funcional. A companhia se baseia em três pilares para gerir seus recursos humanos: carreira, remuneração competitiva e clima organizacional, visando ao desenvolvimento sustentável do capital intelectual e, dessa forma, assegurando o presente e o futuro da companhia. Nesse sentido, o que a Colombo vem realizando para capacitar sua equipe de colaboradores? Colombo Agora, por exemplo, acabamos de lançar uma grande campanha interna de atendimento. Este programa – Eu faço a diferença – vai atingir todos os 6 mil colaboradores da Colombo, sem exceção, e está baseado em três pilares básicos: atenção, confiança e relacionamento com nossos clientes. Em um cenário econômico cada vez mais globalizado e competitivo, quais os passos mais importantes para quem deseja empreender? Colombo Muito trabalho, dedicação, zelo e seriedade na condução do negócio, além da constante atualização e inovação. A boa prestação de serviços é imprescindível, pois hoje o cliente não compra pelo preço, mas sim pelo atendimento que recebe. Como o senhor vê o crescimento significativo do comércio eletrônico no Brasil e no mundo? Pode impactar de alguma forma nos negócios de lojas físicas? Colombo O crescimento é positivo. Para a Colombo, as empresas ancoradas na virtualidade não abalaram a economia tradicional, mas deixaram um saldo tecnológico em sua infraestrutura. Hoje temos uma grande equipe que atua especificamente nessa área. A nossa loja web se tornou a maior em faturamento, superando qualquer uma outra unidade física. Como a Colombo trata a questão da sustentabilidade? “A boa prestação de serviços é imprescindível, pois hoje o cliente não compra pelo preço, mas sim pelo atendimento que recebe.” Priorizamos parcerias com fornecedores que oferecem aparelhos com diferenciais de consumo para reduzir o impacto ambiental, como refrigeradores e televisores que economizam energia, além de lava-louças e lava-roupas que economizam água e energia. De que forma o senhor avalia o impacto de grandes eventos, como a Copa de 2014, para o desenvolvimento do comércio de uma cidade? Colombo Historicamente a Copa do Mundo tem repercussão positiva no setor varejista brasileiro, mesmo sendo realizada em outros países. Agora, com o acontecimento no Brasil, o impacto deve ser ainda maior. Na Colombo, por exemplo, a Copa de 2010 teve como consequência a venda de televisores acima de todas as nossas expectativas, levando a empresa a experimentar um crescimento muito acima do mercado. Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 23 Colombo A sustentabilidade é palavra de ordem na empresa, tanto com a adoção de medidas internas de uso adequado de recursos materiais e naturais quanto os que se refletem na vida dos clientes e do planeta. O engajamento da Colombo na preservação do meio ambiente se dá desde a adoção de praças e incentivo ao plantio de árvores até a decisão de trabalhar com produtos que reduzem consideravelmente o consumo de água e energia. V arejo Sucesso em todas as regiões As particularidades de cidades do interior do Estado se refletem tanto no ritmo de vida quanto no comércio local. No entanto, o segredo para o sucesso de um negócio está muito mais atrelado à postura empreendedora que aos limites do município O 24 compromisso com o empreendedorismo é um traço marcante da população gaúcha. No Rio Grande do Sul, a paisagem dos bons negócios se espalha por todo o Estado. Tanto na capital quanto no interior, o engajamento profissional é uma referência, e cada região tem o seu destaque. Municípios da Serra são fortes na vitivinicultura, enquanto a fronteira com a Argentina e o Uruguai, mais ao Sul, é conhecida pela produção de saborosos tipos de carne, ingrediente fundamental para o churrasco, o prato preferido e o mais típico dos gaúchos. Apesar de igual potencial para o sucesso, não se pode negar que a realidade de grandes centros, como Porto Alegre, e cidades menores é diferente. Municípios do interior em geral carregam um ritmo de vida menos acelerado e, por isso, o próprio comércio de bens e serviços apresenta peculiaridades que fazem parte deste estilo de vida. No entanto, as oportunidades de empreen- Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 der estão em todos os lugares. É o olhar do empresário que faz a diferença. Semelhanças e peculiaridades Segundo o professor Verner Luís Antoni, da Universidade de Passo Fundo (UPF), tanto empresas do interior quanto da capital devem tomar suas decisões e elaborar estratégias “com base no comportamento de compra e na forma que os consumidores tomam suas decisões, desde o momento que decidem ir às compras até a escolha de marcas de produtos e pontos de venda”. Antoni diz ainda que algumas pesquisas indicam que certas tendências estaduais e nacionais se repetem no interior, a exemplo da ascensão do consumo da classe C. “O processo de aprendizagem do consumidor do interior é muito parecido com o da capital, pois hoje se desloca mais para cidades de maior porte, onde encontra grandes lojas e shoppings, se utiliza das redes sociais para discutir a oferta, e grandes marcas de varejo e serviços estão se estabelecendo em cidades do interior de maior porte. Isso tudo muda sua forma de decidir e fazer suas escolhas”, destaca o professor. Contudo, o mercado do interior reserva suas peculiaridades. “Se for para destacar, sempre considerando as particularidades de cada mercado, podemos dizer que o consumidor do interior gosta de um atendimento mais individualizado, mais que personalizado. É uma relação pessoalizada, com uma forte empatia entre os colaboradores da empresa e o consumidor, mesmo quando o modelo é de autoatendimento”, explica Antoni, também proprietário da Anthony Gestão Estratégica de Marketing Ltda. Atualmente, mesmo em pequenas cidades é possível observar a presença de grandes redes varejistas. Algumas delas também estão representadas na capital, mas muitas se solidificam no comércio interiorano. Neste caso, explica Importante referência no Estado, a cidade portuária de Rio Grande é sede de um empreendimento que desde 2004 conquista o coração de Porto Alegre. É o restaurante Marco’s, especializado em frutos do mar. Inaugurado em 1985 pelo empresário Marco Antônio Costa, o restaurante que leva o nome desse gaúcho é sinônimo de tradição em Rio Grande. “O interior do Estado é meu negócio. Rio Grande é um polo pesqueiro e o motivo de fazer um negócio é por ter a matéria-prima na minha porta. Muito pouca gente investe no segmento de peixes por ter medo, porque é difícil. Mas no interior é mais fácil crescer, pois a concorrência é menor que nos grandes centros”, explica o empresário. lúcia simon para momentos de viagem. “Por isso, pratico preços menores em Rio Grande. A exigência no interior é que o empreendimento seja mais tradicional, enquanto em Porto Alegre se cobra muito em termos de finalização do produto e acessibilidade ao local, por exemplo. A exigência é muito maior porque a própria concorrência faz com que o cliente tenha essa postura, pois ele tem mais opções a comparar”, diferencia Costa. Marco Antônio Costa ampliou o sucesso de Rio Grande para Porto Alegre Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 25 Do porto ao paralelo No entanto, há uma ressalva: apesar da concorrência menos acirrada, o trabalho, o envolvimento e a dedicação não são menores. Ou seja, para dar certo, a fórmula é a mesma em qualquer cidade: compromisso com o negócio. Costa chegou a Porto Alegre através do convite de um sócio que conhecia o sucesso de seu restaurante em Rio Grande, premiado inúmeras vezes. “Ele achou que eu poderia repetir este sucesso aqui.” Com isso, foi realizada uma pesquisa de mercado, em especial para saber a melhor localização para o restaurante, em função da segurança dos clientes. O resultado hoje é, além da sede em Rio Grande, a presença de três filiais na capital, uma em Gramado e mais duas unidades em construção, com inauguração prevista para o final deste ano e no início de 2012. Quem vive no interior sabe que o custo de vida é mais baixo que nos grandes centros, e um hábito comum entre moradores de cidades menores é guardar as economias Lúcia Simon o professor, o sucesso da administração dessas empresas pode estar atrelado à compreensão do seguinte pensamento: marcas globais observando as particularidades locais. L E G I S L A Ç Ã O Texto: Francine Desoux Um país de leis desencontradas Todos os empresários, independentemente da área de atuação, sabem: seguir todas as determinações legais é uma tarefa quase impossível. As causas para tanta dificuldade vão do excesso à incongruência e 27 E xperimente perguntar a um empresário qual a sua maior dificuldade administrativa. Nove entre dez respostas devem mencionar a legislação. Seja em âmbito tributário, trabalhista ou específico a cada área de atuação, as leis brasileiras são apontadas como um contraditório e confuso emaranhado de normas. Em março, a revista The Economist – uma das principais referências em política internacional, economia e negócios – classificou o sistema de leis trabalhistas do país como arcaico, engessado, caro e complicado. Em 2009, segundo a publicação norte-americana, 2,1 milhões de brasileiros processaram seus empregadores em causas trabalhistas; o resultado raramente foi a favor das empresas. Quanto aos tributos, um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) demonstra que cada CNPJ verde-amarelo cumpre 3.507 normas tributárias. O resultado é negativo para toda a população, inclusive para os governos, já que com tanta desordem a ineficiência ocorre em todos os níveis. “O empresário, além de arcar com a alta carga tributária, o não retorno dos valores pagos em impostos e a necessidade de investimentos privados naquilo que deveria ser fornecido de forma pública, ainda precisa sustentar uma gigantesca estrutura para tentar minimamente entender o que tantas leis definem”, lamenta Nelson Lídio Nunes, vice-presidente de Relações Parlamentares da Fecomércio-RS. O levantamento do IBPT – Quantidade de Normas editadas no Brasil: 23 anos da Constituição Federal de 1988 – apontou que as empresas gastam, no país, cerca de R$ 43 bilhões por ano para manter funcionários, sistemas e equipamentos para gerir toda a burocracia tributária. Estudos apontam que 27% das Micro e Pequenas Empresas Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 inconstitucionalidade das normas L egislação (MPEs) morrem nos primeiros dois anos de vida, e uma das principais causas é a dificuldade burocrática. Aliás, burocracia não é novidade no Brasil. O problema é tão antigo que ainda durante o governo de João Figueiredo (1979-1985) foi criado o Ministério da Desburocratização; com algumas conquistas, como a criação do juizado de pequenas causas e a facilitação de trâmites para microempresas, em cinco anos o ministério foi fechado. Mais de duas décadas depois, é justamente a complexidade dos trâmites que torna a máquina nacional ineficiente. A correção de tantos problemas passa pela simplificação de todo o sistema legal. “Muitas empresas não agem de acordo com a lei por completo desconhecimento ou falta de entendimento de tudo que está determinado”, afirma Nunes. As reformas trabalhista, tributária e, inclusive, política são a solução mais apontada; no entanto, outras meLúcia Simon didas menos complexas poderiam colocar o país nos trilhos. Segundo Fernando Steinbruch, diretor do IBPT, quando se fala em reforma tributária, é importante ter o enfoque de quem está falando sobre o assunto. Na visão de um governador ou prefeito, a reforma é muito bem-vinda desde que não percam sua arrecadação. Também na visão da União é importante desde que não afete a sua participação na arrecadação. “A pergunta é: precisamos de uma reforma que só se preocupa com a repartição da receita tributária? A sociedade almeja, sim, a redução da carga tributária, que representa 35,13% do PIB.” É impossível deixar de mencionar também a questão de quem faz as leis brasileiras. De acordo com Steinbruch, esse é um problema que encontraremos em todos os legislativos do país. “A sociedade elege pessoas que não têm o preparo e o conhecimento necessário para formulação de leis.” Assim, além de conviver com normas já promulgadas, os brasileiros enfrentam a perspectiva de continuidade da elaboração de uma legislação ineficiente e malpensada. Um leão por dia “A CLT é extremamente detalhista e engessa as partes. Precisamos de uma lei enxuta, com garantias mínimas.” Flávio Obino Filho 28 Consultor trabalhista da Fecomércio-RS Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 Atualmente, a Fecomércio-RS, por meio de sua Assessoria Parlamentar (Aspar), acompanha 53 projetos de lei em discussão na Assembleia Legislativa gaúcha; desse total, 28 afetam a longevidade das empresas. Para o vice-presidente de Relações Parlamentares, a maioria dos PLs trata sobre assuntos que, de fato, são pouco importantes. Em contrapartida, temas de suma importância são protelados, sempre com objetivos políticos. “A criação de leis só segue os interesses políticos. Muitos projetos em discussão na Assembleia ou no Congresso Nacional mostram claramente que foram elaborados em gabinete. Esses legisladores não saem de suas salas para conhecer a realidade das empresas.” O resultado são leis totalmente inaplicáveis, que não condizem com a realidade de mercado. Nesse sentido, uma consulta às partes envolvidas antes da elaboração das leis seria uma alternativa eficaz. A questão da inconstitucionalidade é outro ponto bastante claro na legislação do país. A Constituição Federal (CF) é a carta magna do Brasil, e nenhuma outra determinação pode contrariar o que consta ali; contudo, municípios e estados legislam sobre temas que não competem a eles, muitas vezes, opondo-se ao que diz a CF. Nelson Nunes destaca que a Fecomércio-RS está permanentemente preocupada com os PLs. “Surgem projetos de leis que não avaliam sua repercussão real, por isso, orientamos os legisladores sobre as dificuldades de implantação, sobre a repercussão financeira.” Um dos exemplos é a questão dos estacionamentos. Um dos projetos em debate determina que as empresas são responsáveis pelos automóveis dos clientes em seus estacionamentos, porém não podem cobrar nenhum tipo de taxa. “A empresa terá que arcar sozinha com a manutenção de toda a estrutura para garantir a segurança do automóvel do cliente.” Outra discrepância se refere à cassação da inscrição estadual das empresas que comprarem produtos pirateados. “Mesmo com nota, o fornecedor pode vender produto pirateado. A empresa cassada não tem direito à defesa, é julgamento sumário. Somos radicalmente contra a entrada de produtos ilegais no país, mas Caroline Corso tramitam no Congresso; em outubro a Confederação Nacional do Comércio (CNC) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio (CNTC) entregaram um substitutivo ao senador Sarney, como presidente do Senado. “A própria definição desses dois projetos estabelece que comerciário é o trabalhador que trabalha em uma empresa comercial. Se ele é um gerente, uma faxineira, um marceneiro, todos eles, para efeito dessa lei, serão considerados comerciários, mas sem que tenham identidade nas funções”, afirma Flávio Obino Filho, consultor trabalhista da Fecomércio-RS. Segundo Obino, quando se regulamenta uma profissão, se regulamentam condições de um grupo de empregados que tem os mesmos tipos de atribuições que justifiquem tratamento diferenciado. “Logo de saída esses PLs já apresentam problemas.” A cada espirro, uma lei O Brasil sofre com excesso de leis, em muitos casos engessadas e exageradamente específicas, que utilizam linguagem rebuscada ou são mal redigidas, com erros ortográficos, gerando dúvidas de interpretação. Essas leis malpensadas emperram o processo produtivo e afetam a eficiência econômica nacional. Há ainda a questão das obrigatoriedades que não possuem condições de ser cumpridas e que, em muitos casos, vêm sem aviso, atingindo diretamente o orçamento dos empreendimentos. Sem falar na divergência entre leis municipais, estaduais e federais. O estudo do IBPT mencionado anteriormente aponta que desde a promulgação da CF, em 1988, mais de 4,35 milhões de normas foram editadas; isso representa 776 normas por dia útil. Desse total, 13,02% – 566.847 normas – permanecem em vigor atualmente. Em âmbito tributário, foram editadas 275.094 regras (49 normas tributárias por dia útil). Nesses 23 anos de Constituição Federal, de acordo com o IBPT, as 15 reformas tributárias ocorridas só vieram para aumentar a burocracia. “Atualmente 20.082 normas tributárias estão em vigor, além de tais reformas terem resultado na criação de inúmeros tributos, como CPMF, Cofins, Cide, CIP, CSLL, PIS Importação, Cofins Importação e ISS Importação.” Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 29 é preciso analisar se houve má-fé ou se o comerciante foi vítima.” Muitos PLs entram na questão de operação das empresas, dificultando e encarecendo o processo, como o ponto eletrônico. Segundo Nelson Nunes, a obrigatoriedade de contar com o equipamento não vai eliminar a situação de pagar ou não hora extra. “Mau patrão continuará não pagando e empresário correto seguirá agindo de tal forma.” O caso do ponto eletrônico coloca em evidência o problema de aplicação das determinações legais. O prazo para instalação do equipamento foi estendido em diversos momentos por questões de mercado: com a obrigatoriedade, a indústria não conseguiu suprir a demanda. Neste caso, como ficam as empresas “fora da lei”? Outro exemplo, o emissor integrado de TEF-ECF é uma exigência a fim de garantir a eficácia do fisco. Por outro lado, são os estabelecimentos que devem arcar com a aquisição (ou adaptação) do equipamento. A regulamentação da profissão de comerciário é outro tema bastante pertinente para a Fecomércio-RS. Dois PLs L egislação Para materializar esses números, o advogado tributarista mineiro Vinicios Leoncio iniciou, em 1992, um projeto inusitado e ainda em execução: um livro gigante com toda a legislação brasileira. “Meu objetivo é consolidar a legislação tributária brasileira em todos os níveis – federal, estadual e municipal. Gostaria de dar uma visibilidade ao volume desta legislação.” A previsão de término é para dezembro deste ano. Com formato de 2,40m x 1,20m, o livro já tem 43.205 páginas. “Se fizesse em tamanho normal teria em torno de 1,2 milhão de páginas, seriam inúmeros volumes. Fazer em tamanho gigante garante uma visualização mais abrangente.” A publicação está em um galpão em Belo Horizonte, em fase de finalização. Depois de pronto, irá para uma fazenda ao lado de Ouro Preto, quando será de acesso público. Divulgação/IBPT “O sistema tributário brasileiro precisa de uma simplificação para se tornar mais prático e mais eficiente.” Fernando Steinbruch 30 Diretor do IBPT Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 Washington Alves/Divulgação Com livro gigante, o advogado Vinicios Leoncio demonstra os excessos da legislação brasileira “O Brasil tem 5.565 códigos tributários municipais. Isso é um absurdo! Com apenas um se resolveria a questão.” Segundo Leoncio, para lidar com tantas informações, muitas vezes contrárias, convive-se com a insegurança. “O maior peso tributário brasileiro não é nem tanto a carga, mas sim o tributo oculto, cujo fato gerador é a incerteza jurídica. Depois de longos anos trabalhando, o empresário acorda um dia e descobre que deve milhões de reais em impostos porque simplesmente houve um reposicionamento em relação a determinado tributo.” Para o advogado, a carga tributária brasileira está em consonância com o mundo. Porém, torna-se exagerada na medida em que além das taxas oficiais é preciso honrar outras. “É o resultado dessa bagunça legislativa.” Na opinião de Fernando Steinbruch, o sistema tributário brasileiro precisa de uma simplificação para se tornar mais prático e eficiente. “Não se justifica que um único imposto, no caso, o ICMS; tenha 27 legislações diferentes. Isso causa uma grande dificuldade para as empresas que vendem para diferentes estados. Deveríamos ter legislação única e com alíquotas comuns.” Além do pagamento dos tributos e da necessidade de manter uma cara estrutura fiscal dentro das empresas, os empreendimentos precisam atender a outras exigências do fisco, as chamadas obrigações acessórias, ou seja, a burocracia fiscal – guias e formulários que devem ser enviados ao fisco com determinada frequência. Atualmente existem 97 obrigações acessórias em vigor no país. Segundo o IBPT, esses custos representam em média 1,5% do faturamento das empresas. Ultrapassada Em 1943, o então presidente da República Getúlio Vargas anunciou a Consolidação das Leis do Trabalho; a CLT representou na época a unificação de todas as normas que falavam sobre o universo trabalhista. Beirando os 70 anos, a CLT ainda representa a carta máxima, o que não é necessariamente bom. Com quase mil artigos, o “código” é engessado, específico demais e ultrapassado, ao falar de ço. A mudança legislativa de um único artigo e um parágrafo da CLT gerou 24 perguntas ao advogado, por parte de empresários. “Isso demonstra como uma lei mal redigida e mal discutida gera insegurança jurídica, discussão judicial e intranquilidade quanto aos reais efeitos. Essa questão é emblemática.” Entre os dispositivos ultrapassados da CLT, Obino ressalta o modelo de horário. A regra geral define a jornada de trabalho com 8 horas diárias; um entrave, na medida em que existem hoje novas formas de trabalho, inclusive o domiciliar, que não se encaixa nesse tipo de controle horário. “Por exemplo, existem as jornadas de 12h x 36h em hospitais, serviços de vigilância e portaria que chamamos de extralegais, pois pelo texto da lei nem esse tipo de jornada poderia existir.” Outra questão superada é o tratamento privilegiado à mulher, previsto na CLT, que determina que antes de fazer hora extra ela deve ter intervalo de 15 minutos. “Isso não se justifica mais e parece até preconceituoso.” A fim de adaptar a CLT à realidade atual, sindicatos patronais e laborais têm se apoiado nas negociações coletivas. E os limites dessas negociações representam as maiores discussões no momento. Um dispositivo da CLT diz que a convenção coletiva sempre se sobreporá ao acordo coletivo e nenhum dos dois pode ser contrário ao que está estabelecido em lei. “A partir daí defendemos que exista hoje algo que chamamos de poder normativo negocial, ou seja, o poder das entidades para editar leis.” Conforme Obino, uma reforma trabalhista e sindical ampla é o que deveria se perseguir. “Precisamos de uma lei enxuta, com ga- Divulgação/Fecomércio-RS “A criação de leis só segue os interesses políticos. Os legisladores não saem de suas salas para conhecer a realidade das empresas.” Nelson Lídio Nunes Vice-presidente de Relações Parlamentares da Fecomércio-RS rantias mínimas; os dispositivos do artigo 7º da CF constituiriam essa lei básica de proteção”. Além disso, haveria uma lei de sustento da atividade sindical para fortalecer os sindicatos laborais; a partir daí tudo seria ajustado através de negociação entre os sindicatos laborais e o patronal e entre os laborais e as empresas. Enquanto não há reforma, o advogado ressalta a necessidade de informação. “O acompanhamento legislativo é importantíssimo, conhecer os absurdos e as normas que podem ajudar, assim como ter uma efetiva participação no sentido de fazer valer sua condição de empregador para buscar resultados nas alterações legislativas de compatibilização com a atividade.” É preciso acompanhar, saber o que está sendo feito, e quando se identificar algo que pode ajudar, atuar com competência e articulação. Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 31 uma realidade que, em raros casos, se aplica à administração moderna. Conforme Flávio Obino Filho, consultor trabalhista da Fecomércio-RS, a base de toda regulamentação da área está na CLT. “Com mil artigos nem a empresa mais séria, que tenha como objetivo cumprir toda a CLT, assessorada pelos melhores advogados, conseguirá passar nessa gincana.” Além da CLT, existem as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego, ainda mais extensas que a CLT. E em matéria trabalhista, só quem pode legislar é o Congresso Nacional. Segundo Obino, quanto a leis inconstitucionais, a Fecomércio-RS tem trabalhado em relação a três tipos: o primeiro deles se refere ao horário do comércio. Algumas câmaras municipais têm buscado limitar o funcionamento do comércio, porém o Tribunal de Justiça manifestouse em Porto Alegre, afirmando que o município não tem competência para legislar sobre esse assunto. “Essa é uma das normas sabidamente inconstitucionais, mas que ainda assim os municípios editaram por um tempo.” Outra é aquela que obriga os supermercados a contratarem empacotadores. As ações de municípios foram declaradas inconstitucionais em função de serem matéria própria da legislação trabalhista e, consequentemente, da esfera federal, não podendo o município legislar sobre isso. A lei do café da manhã é um terceiro exemplo. Em Porto Alegre, foi sancionada uma regra que obrigava as empresas comerciais a fornecer café da manhã a todos os seus empregados. “Com uma intervenção do Sindilojas se conseguiu derrubar a norma.” Recentemente foi aprovado o aviso prévio proporcional ao tempo de servi- S aiba mais Meios de pagamento Brasileiro se rende ao cartão de crédito Pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) revelou que 72,4% da população dispõem de algum tipo do chamado dinheiro de plástico. Os consumidores do topo da pirâmide detêm o maior número, com 88%. Desenvolvido pelo Instituto Datafolha, o estudo mostrou que o respectivo meio eletrônico de pagamento corresponde a 54% do faturamento dos estabelecimentos comerciais. Foram ouvidos consumidores e lojistas de 11 capitais brasileiras, registrando a opinião de aproximadamente 4 mil pessoas. Números da pesquisa No geral, as classes A e B são o grupo de maior posse de cartões, com 88% de adesão A classe C possui 68%, e as classes D e E, 34% Quando avaliados por faixa etária, destacam-se os consumidores dos grupos de 25 a 34 anos (79%) e de 35 a 44 anos (76%). No entanto, os crescimentos mais expressivos de 2009 a 2011 ocorreram nos extremos etários: 60 anos ou mais (de 52% para 68%) e de 18 a 24 anos (de 65% para 71%) No mesmo período, a posse de meios eletrônicos de pagamento também registrou maior crescimento entre as pessoas de escolaridade média (de 70% para 78%) e do sexo masculino (de 68% para 74%) Nas regiões pesquisadas, Brasília é a capital com maior índice de posse de cartões (85%), inclusive quando observadas as modalidades de débito e de crédito separadamente Os itens que os consumidores mais adquirem com o cartão encontram-se nos grupos: roupas, calçados e joias, bens duráveis para a casa e estadias em hotéis e pousadas, com 68% cada em relação aos que adquirem com meios não eletrônicos de pagamento Sustentabilidade imagina só! Balanço da reciclagem de plástico pós-consumo Hospedagem em vagões Divulgação Hotelaria sob trilhos. Esta foi a ideia do casal holandês Frank e Irma Appel, que transformou um trem em meio de hospedagem. O Controversy Tram Hotel, nome inspirado em um álbum do cantor americano Prince, disponibiliza suítes temáticas, bar e banheira de hidromassagem. A dupla restaurou o maquinário antigo que transportava pessoas para a Alemanha, transformando os vagões em quartos com os nomes França, Itália e Inglaterra – todos com características que remetem aos respectivos países. No ano passado, o Brasil reciclou cerca de 20% dos plásticos pósconsumo. O reaproveitamento do material gerou um faturamento de R$ 195 milhões para as 738 recicladoras brasileiras, as quais geraram 18,3 mil empregos diretos. O levantamento do Plastivida Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos ainda informou que o Sudeste foi quem mais reciclou material do gênero (60%), seguido das regiões Sul (26%), Nordeste (11%), Centro-Oeste (2%) e Norte (1%). negócios Empresários mais confiantes 32 Nada menos que 42% dos empresários brasileiros planejam aumentar os preços de vendas nos próximos 12 meses. A intenção foi apontada na mais recente pesquisa International Business Report (IBR) 2011, da Grant Thornton. O percentual representa um aumento de 13% quando comparado ao mesmo período de 2010. O resultado está bem acima da média global, de 27%. No Brasil, 78% dos empreendedores têm a expectativa de aumentar a receita e 66% acreditam na melhoria da lucratividade das empresas. A pesquisa ocorreu junto a 11 mil empresas, em 39 economias mundiais. Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 em tempo O que a história tem a contar literatura Versões digitais encantam público mirim Perpetuar informações consiste em uma prática estratégica. Qual empresa não tem o que contar? São os fatos que conferem tradição e revelam o que um determinado negócio apresenta como diferencial competitivo. É a sua história que ajuda a fortalecer a imagem. Tal prerrogativa se aplica em qualquer segmento da atividade econômica. O tema foi discutido no 1º Congresso Brasileiro de Negócios de Moda. Segundo o especialista Vladimir Sibylla, que, por mais de dez anos esteve à frente do cargo de gerente de marketing e do departamento de memória empresarial da Osklen, a memória no ambiente corporativo é uma ferramenta de negócio com o propósito de perpetuar e fixar entre os colaboradores a ideia da marca, tornando ela firme e transmissível. “Os ativos de conhecimento são a grande riqueza das empresas.”, afirmou. O público mirim tem fomentado os negócios do mercado editorial. Em 2010, a literatura voltada para tal nicho etário foi responsável por 15% do faturamento das livrarias. Na onda das inovações tecnológicas, a turma também busca soluções virtuais. Segundo levantamento da Callis Editora em parceria com a MDC Online, 70% dos leitores gostariam de encontrar livros infantis em versões digitais, sendo que 47% desejam ler as obras em tablets e celular, 30,2% em computadores e 18,8% em lousas digitais. Turismo Turistas estrangeiros que visitam o Brasil estão optando por campings e albergues. A preferência foi revelada por estudo do Ministério do Turismo. A participação desse segmento aumentou de 1,4% para 4,3%, no período de 2004 a 2010. Apesar do incremento dos meios de hospedagens menos tradicionais, hotéis, pousadas e flats ainda são escolhidos por 52,9% dos entrevistados. mercado Por que ser consultor? Mais informações na edição 74 da B&S Muitos profissionais abrem mão dos benefícios da CLT e migram para a área de consultoria, desenvolvendo um trabalho mais independente. A pergunta é: o que motiva a decisão? Conforme pesquisa realizada pelo Portal Consultores (www.consultores.com.br) em parceria com Bernardo Leite Consultoria, a “maior liberdade e autonomia” justifica a escolha de 36,5% dos entrevistados. Já o argumento “crescimento profissional” foi a opção de 28,7%, seguido pela “possibilidade de maior remuneração” (20%) e “dificuldade para conseguir emprego” (6%). Participaram do estudo 539 pessoas de diferentes regiões do Brasil. consumo Estudo mapeia consumidor moderno A pesquisa Desvendando o consumidor moderno, desenvolvida pela Shopper Experience, traçou o perfil dos clientes que circulam pelo varejo e agregaram as mudanças conjunturais ocorridas nas últimas décadas. Ele é mais conectado, ciente de seus direitos e ligado às tendências globais. Ainda valoriza a excelência do atendimento e o atributo custo/benefício. Temas como comércio justo e consumo sustentável passaram a ser uma preocupação e integraram o seu discurso. A análise considerou uma amostragem de 600 pessoas, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. O que pensam A internet está presente na vida de 85% dos consumidores modernos No que tange aos direitos, 53% afirmam que estão atentos à qualidade e credibilidade dos produtos 41% fazem valer os direitos de trocar produtos com defeitos 39% exigem um bom atendimento Apesar da predominância das classes A e B, observou-se a representatividade das classes C e D Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 33 Stock.xchng Campings e albergues conquistam espaço no mercado G eomarketing Mapa de negócios O mapeamento de informações demográficas ajuda a compreender o público-alvo e a abrangência do serviço de uma empresa. O geomarketing auxilia ainda a conhecer o poder de compra do cliente e a identificar se há demanda para o perfil do negócio na região escolhida E 34 ntender quem é e como se comporta o público é um ponto importante para o sucesso de um negócio. A partir de informações sobre os hábitos do consumidor, é possível elaborar estratégias de vendas e adequar a empresa à realidade de determinado local. Para isso, o geomarketing pode ser um importante aliado. Essa técnica de análise de mercado consiste na visualização de dados por meio de mapas de localidades. Quando dispostos de maneira gráfica, os números relativos à quantidade de habitantes de uma região, por exemplo, podem ser entendidos mais facilmente. Os mapas também ajudam a compreender dinâmicas do comércio, uma vez que possibilitam visualizar a proximidade Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 Texto: Rafael Tourinho Raymundo de lojas concorrentes ou obstáculos geográficos que impeçam o acesso ao ponto de venda. Longa data Há registros do procedimento que remetem ao início do século passado. Nos Estados Unidos, pontos de enchente eram demarcados em mapas das cidades, o que determinava o cálculo para o valor de um imóvel. Atualmente, recorre-se a mapas digitais, capazes de agregar informações de bases de dados, bem como coordenadas obtidas por aparelhos de geolocalização. Visualizações de geomarketing são geralmente elaboradas com base em informações cartográficas (geografia de uma região), demográficas (dados sobre a população) e transacionais (dados sobre empresas). Informações geodemográficas são facilmente obtidas a partir de levantamentos censitários. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fornece dados sobre sexo, idade, escolaridade e renda da população, entre outros aspectos. Isso auxilia na projeção do poder de consumo e do perfil do cliente de uma região específica. Além disso, informações sobre a atuação de outros estabelecimentos comerciais na localidade também podem ser relevantes, pois compõem o panorama daquele mercado. No entanto, não há órgãos oficiais que divulguem dados referentes a empresas, até mesmo porque nem todas as companhias possuem sistemas organizados para armazenar es- lúcia simon Por que adotar Para conhecer melhor O geomarketing é indicado para situações em que o lucro da empresa esteja diretamente relacionado ao território onde ela está instalada. É o caso, por exemplo, de estabelecimentos de pequeno porte que atendam um bairro específico. A técnica também é utilizada por organizações maiores, que realizam estudos e determinam os melhores pontos para instalar franquias de uma mesma rede. Com base nos dados demográficos e transacionais de uma região, é possível identificar não só onde a população está concentrada, mas também se há carência de algum serviço naquela localidade. As informações sobre renda e faixa etária dos habitantes dão, ainda, indícios do perfil dos consumidores. A partir daí, pode-se inferir o poder de compra dos futuros clientes, ou se existe demanda para o negócio a ser implementado no território. Outra função dos mapas é verificar se a empresa terá disputa direta ou não de concorrentes. Ao relacionar espaços comerciais às ruas e logradouros de uma área, torna-se mais fácil visualizar a divisão territorial entre os estabelecimentos. Inaugurar uma papelaria em frente a uma escola pode ser um bom negócio, pois os estudantes que transitarem por ali provavelmente irão recorrer à loja para a compra de material. Já duas papelarias de mesmo porte e muito próximas dividiriam o público, o que poderia resultar em um faturamento mais baixo para ambos os comércios. Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 35 sas informações. Por isso, a saída mais encontrada para a obtenção de informações transacionais é a elaboração de um levantamento próprio, focado nas necessidades e interesses do negócio no qual se pretende investir. O geomarketing auxilia na estratégia escolhida pela empresa. Geralmente, negócios de pequeno porte atingem uma área menor de clientela, porém sem tanta concorrência. Serviços semelhantes concentrados numa mesma região, por sua vez, demandam investimento na diferenciação. Restaurantes e lojas de vestuário são exemplos de serviços que costumam dividir o mesmo ambiente, seja em shoppings ou em zonas comerciais. A escolha por um estabelecimento em detrimento de outro vai ao encontro do gosto pessoal e do poder aquisitivo dos consumidores. Conhecer o público-alvo, portanto, é uma etapa fundamental, justamente para saber como conquistar e fidelizar o cliente. Entender a realidade da região também é importante para melhorar serviços já existentes. Com uma noção mais detalhada de quem é o público atendido e qual a real área de atuação do negócio, o comerciante pode atender às necessidades de seus clientes de forma mais personalizada. No mais, o investimento em divulgação pode tornar-se mais direcionado, otimizando recursos financeiros. P lanejamento O que fazer para o final de ano? Criatividade é fator importante na hora da realização de confraternizações de fim de ano nas empresas. Envolver a equipe é essencial. Confira algumas dicas sobre como planejar com antecedência e qual o formato mais adequado de celebração Q 36 uando o fim de ano se aproxima, frequentemente a ideia de realizar alguma forma de confraternização é trocada entre amigos ou familiares. Nas empresas, isso não é diferente. No ambiente corporativo, no entanto, são muitas as alternativas na hora de escolher o que fazer para comemorar o final de ano entre a equipe. Nesses momentos, é preciso levantar os prós e contras de cada possibilidade de celebração. Tradicionalmente é o amigo-secreto – realizado às vesperas do Natal – que figura entre as primeiras sugestões. Porém, nem todas as empresas consideram essa opção a mais adequada, Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 visto que alguns integrantes da equipe podem não saber exatamente o que comprar para agradar a um colega com quem não têm intimidade. Outra solução desponta como um evento especial: a empresa pode oferecer, em local próprio ou locado, um coquetel ou churrasco, com direito a sorteios ou entregas de cestas de Natal. O entrave para as companhias, neste caso, é a falta de orçamento para esses fins ou de criatividade para envolver suas equipes. Peculiaridades à parte, a definição dos empreendimentos geralmente é por algo que proporcione o envolvimento do maior número possível de funcionários. Para alcançar este resultado, um dos pontos mais importantes é a data escolhida. Essa é a opinião de Antonio Carlos Gabiatto, assistente de atendimento da Up Time Comunicação, agência de Porto Alegre especializada em realização de confraternizações de grande porte para empresas. Segundo Gabiatto, as datas ideais – e também as mais procuradas – são no final de novembro e no início de dezembro, pois geralmente coincidem com a proximidade das férias da maioria dos funcionários. “O número de convidados é mais positivo”, revela Gabiatto. Se a confraternização é realiza- lúcia simon Planejamento Para programar um evento de fim de ano, é essencial haver planejamento, sempre considerando a relação custo/ benefício. Quanto maior a companhia, maior provavelmente seja a dificuldade. Em alguns casos, é aconselhável contratar uma empresa especializada para planejar e realizar as comemorações. “Quando isso acontece, a empresa leva em conta apenas o orçamento, e nos planejamos com base no mesmo, e também no número de convidados”, diz Antonio Carlos Gabiatto. O orçamento, porém, depende de diversos fatores. “É muito relativo. Está relacionado ao número de pessoas, ao que a empresa está disposta a oferecer e a inúmeras outras variáveis”, relatou o assistente de atendimento. A Poker, empresa de Montenegro que confecciona artigos esportivos, opta por montar um comitê responsável pelo planejamento da festa. Nesse núcleo são verificados os orçamentos de todas as ações desejadas, desde os menores detalhes até o cardápio de jantar. A gerente de Recursos Humanos da Poker, Cibele Gomes Salazar, conta que é feita uma pesquisa entre os colaboradores da empresa para descobrir quais são as preferências de cada um. “O evento é feito para eles”, afirma Cibele. Após a consulta, são feitos ajustes para não fugir do orçamento preestabelecido. A forma encontrada pela Poker para motivar a participação de suas equipes é por meio da entrega de teasers (termo utilizado no mercado publicitário para peças que provocam reações no público), responsáveis por gerar expectativas, além de convites e Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 37 da em datas mais próximas ao Natal, o número de presenças tende a diminuir, pois o dia pode coincidir com os demais eventos típicos do período. Outra dica para garantir a presença de todos é não restringir as confraternizações somente à equipe de colaboradores, mas também convidar parentes ou amigos, de forma que as pessoas sintam-se mais à vontade nesses eventos. P lanejamento DICAS Confira algumas sugestões sobre como planejar a confraternização da sua empresa Empresas de pequeno e médio portes Escolher data antes do início das férias e de outras datas importantes. Horário acessível a todos Amigo-secreto entre todos ou separado nos departamentos que tiverem interesse Receber opiniões de funcionários Se o orçamento permitir, convidar amigos e parentes Jantares Sorteio de brindes Empresas de grande porte Escolher data antes do início das férias e de outras datas importantes. Horário acessível a todos Amigo-secreto nos departamentos que tiverem interesse Contratar empresa especializada na realização de eventos do tipo Convidar amigos e parentes dos colaboradores, além de parceiros da empresa Festas temáticas Festas a fantasia De acordo com a Up Time Comunicação, a demanda das grandes empresas por festas mais elaboradas é cada vez Divulgação/ Poker do próprio envolvimento dos gestores para movimentar cada área da empresa. “Criamos um clima para envolver cada colaborador individualmente”, comenta Cibele. O resultado é a participação integral da equipe nas confraternizações. Amigos-secretos ocorrem dependendo da demanda de cada departamento da empresa e, se for o caso, é realizado internamente. Para o final deste ano, a companhia gaúcha planeja comemorar 25 anos de atuação no mercado. A escolha foi por um jantar seguido de festa em um clube de Montenegro. A expectativa é de que participem, no mínimo, 160 pessoas, já que parceiros e familiares dos funcionários também foram convidados. “A comemoração desses 25 anos diferenciará a festa deste ano. Não só pelo fato de estarmos celebrando uma data especial, mas também o resultado do trabalho realizado por todos durante o período”, garante a gerente de Recursos Humanos da Poker. 38 Empresa de Montenegro organiza comitê para planejar a confraternização de final de ano Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 maior. A procura significativa por comemorações temáticas também acontece pelo interesse em promover mais inovação e criatividade. “Há diversas ações que podem ser realizadas em festas. Mas, atualmente, os convidados sempre esperam alguma novidade no evento. Além de inovar na realização da festa em si, a empresa deve buscar surpreender nas ações com os convidados para que a participação seja alta”, ressalta Gabiatto, lembrando que as festas à fantasia estão em alta. Razões é que não faltam para promover uma confraternização de final de ano no trabalho. Basta apenas ter criatividade e incentivar os colaboradores. “A principal vantagem de fazer uma festa é a proximidade entre funcionários, chefes e também familiares, e ver o resultado final no rosto dos convidados”, destaca Gabiatto. A grandeza Mathias cramer/arquivo P ersonalidade de um homem simples Jorge Gerdau Johannpeter é mais que um líder. O presidente do Grupo de Gestão e Competitividade da Presidência da República é importante referência em diferentes setores do universo empresarial. Saiba mais sobre os valores presentes em sua história m líder nato. Esta é uma maneira simples de descrever Jorge Gerdau Johannpeter. Isso porque o presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau e do Grupo de Gestão e Competitividade da Presidência da República lidera com a humildade e a grandeza de poucos. Não é à toa que é considerado um dos brasileiros mais influentes em diversos setores. Nascido em 1936, o bisneto do fundador do Grupo Gerdau reflete o exemplo de empreendedorismo que circula no sangue da família. Na empresa, referência mundial em aço, atuou como diretor-presidente entre 1983 e 2006, já fazendo parte do Conselho de Administração desde 1973. Além disso, Jorge Gerdau Johannpeter é membro do Comitê Executivo do International Iron and Steel Institute (IISI), do Conselho de Administração e Comitê de Recursos Humanos da Petrobras, e do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Governo Federal do Brasil. O empresário também carrega em sua essência um critério muito importante para empreendedores que querem chegar longe: valores. Quando a equipe de uma empresa – e isso envolve tanto a diretoria quanto colaboradores – se identifica com os valores da mesma, inclusive porque exerce os mesmos em casa, as chances de longevidade para o negócio são mais garantidas. O nome de Jorge Gerdau Johannpeter também está relacionado a outras iniciativas, como o Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP) e a Junior Achievement Brasil, em que atuou como presidente do Conselho Consultivo. Em recente evento realizado em Porto Alegre, o empresário, mais conhecido simplesmente como Jorge Gerdau, defendeu o trabalho na cultura do marketing por parte de empresas, governos e do terceiro setor. Na opinião dele, ainda existe uma falha na maneira como a sociedade analisa o valor do marketing, e é necessário que empresários saibam satisfazer as partes que compõem uma empresa: clientes, investidores, colaboradores, vizinhos, comunidade (também chamados de stakeholders), para estar sempre entre a preferência de seu público. Jorge Gerdau Johannpeter também é um homem de família. Pai de cinco filhos, é casado com Maria Elena Johannpeter, fundadora da ONG Parceiros Voluntários. No trabalho, ele perpetua os valores passados pelo pai, Curt Johannpeter: integridade, seriedade e ética. Há também muita sabedoria entre os laços de família. Para investir em um negócio, o empresário não hesita em estudar todas as peças que compõem o outro lado, de forma a aprender por meio do conhecimento de outras pessoas. Para ele, quando o trabalho é sinônimo de prazer, a atividade torna-se leve. Um empresário simples, porém grande. Muito grande. Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 39 U S esc Investimento com força na educação O Sesc Cachoeirinha, mais recente Unidade Operacional do Sesc no Estado, amplia acesso à educação no município e oferece diferentes serviços para a melhoria da qualidade de vida dos comerciários da região R eferência na região metropolitana e conhecida como “Cidade do leite” por muitos anos, Cachoeirinha tem no comércio uma de suas principais fontes de renda. Localizado a apenas 17 km de Porto Alegre, o município emancipa- do de Gravataí em 1966 conta hoje com mais de 120 mil habitantes e um PIB per capita de R$ 10.421. No dia 17 de outubro, Cachoeirinha celebrou uma nova conquista. O Sistema Fecomércio-RS inaugurou 40 Unidade Operacional conta com cinco salas para o Sesquinho Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 mais uma Unidade Operacional do Sesc. Localizada entre as esquinas da avenida João Pessoa com a rua Teodorino Porto, na Vila Eunice Velha, a unidade oferece múltiplos serviços aos comerciários do município, além de garantir a amplitude do acesso a cultura e educação. Com uma área total de 831m², a nova unidade conta com cinco salas para a Escola de Educação Infantil, o Sesquinho, que atenderá cerca de 100 crianças em turno integral, de forma plenamente gratuita. O Sesquinho conta com espaço coberto para descanso, refeitório e praça aberta de recreação que atenderão exclusivamente as crianças. Além disso, o Sesc Cachoeirinha tem ainda consultório para atendimentos odontológicos, sala com biblioteca, jogos e espaço multimídia. Projetos de Turismo Social, bem como ações de lazer, cultura e saúde também fazem parte do cronograma da unidade. fotos: João Alves/Divulgação Sesc-RS Autoridades estiveram reunidas durante cerimônia de abertura Símbolo de progresso Na solenidade de abertura, estiveram presentes diversas autoridades, como o presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, Zildo De Marchi, que destacou a preocupação do projeto com a sustentabilidade ambiental. “Fizemos o que foi possível para preservar ao máximo o meio ambiente, através do aproveitamento de recursos naturais. Além de ventilação natural com ambientes mais arejados, haverá economia de água, pois boa parte da chuva será aproveitada. Outro desta- que é a área de recreação, que possui piso ecológico produzido com borracha reciclada de pneus e brinquedos em madeira plástica feitos de material reciclado”, ressaltou De Marchi. Além dele, compareceram ao evento o presidente da Câmara de Vereadores de Cachoeirinha, Maurício Medeiros; o diretor regional do Sesc-RS, Everton Dalla Vecchia; o diretor do Sindicato dos Comerciários de Canoas, base Cachoeirinha, Luiz Nunes Lean- Novas oportunidades Com a nova Unidade Operacional, os comerciários do município de Cachoeirinha poderão contar com uma série de serviços, além de desfrutar de projetos e ações tradicionalmente realizadas pelo Sesc em todo o Rio Grande do Sul. Confira! Área total de 831m² Escola de Educação Infantil, Sesquinho, com capacidade de atendimento gratuito para 100 crianças Praça aberta de recreação e refeitório exclusivos para alunos do Sesquinho Consultório para atendimento odontológico Sala com biblioteca, jogos, e espaço multimídia Projetos de turismo social Ações de lazer, cultura e saúde, como Hora do conto e Cine Sesc Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 41 Até o momento, sete pessoas compõem a equipe de colaboradores da unidade, sob a coordenação da gerente Roberta Machado. Para o início de 2012, a equipe deve crescer com o time que estará à frente do Sesquinho. O início das aulas na nova unidade está previsto para 23 de fevereiro e as inscrições ficam abertas até 25 de novembro. Ações como a Hora do conto e Cine Sesc, que leva a projeção de filmes nacionais para crianças de escolas municipais, devem entrar no calendário da escola. dro; secretários municipais e o prefeito de Tramandaí, Anderson Hoffmeister. Para Gilso Nunes, vice-prefeito de Cachoeirinha, o investimento do Sistema Fecomércio-RS no município é motivo de orgulho. “Ficamos muito honrados e agradecidos por termos sido brindados com esta unidade do Sesc em Cachoeirinha. Nossa cidade vem progredindo muito, mas a demanda para educação infantil ainda é alta. Com o Sesquinho, certamente as crianças estarão muito bem atendidas e nosso município crescerá ainda mais. Agradecemos ao Sistema Fecomércio-RS e ao Sesc, que muito têm feito pelo social no nosso Estado.” O presidente do Sindilojas local, Adival Rossato, também ressaltou a contribuição da Fecomércio para a melhoria da qualidade de vida de todos. “A dignidade é essencial a qualquer pessoa. Todos merecem o respeito, independentemente da sua classe social, e o Sesc Cachoeirinha vem contribuir para que mais pessoas sejam incluídas na sociedade,” concluiu Rossato. S enac Ensino de primeiro mundo Com a participação de três alunas, o Senac-RS marcou presença pela primeira vez no WorldSkills, a maior competição de educação profissional do mundo, realizada em Londres, na Inglaterra N o dia 5 de outubro teve início uma nova experiência para o Senac-RS: pela primeira vez a entidade participou da WorldSkills Competition, em Londres, Inglaterra. O torneio, conhecido como a maior competição de educação profissional e tecnológica do mundo, reuniu, em sua 41ª edição, 51 países e mil competidores que disputaram em 46 ocupações de educação profissional. O Brasil foi representado por 28 estudantes de cursos técnicos e de apren- dizagem industrial e comercial, sendo 23 do Senai. O Senac competiu em quatro áreas de formação profissional: Restaurant Service (Serviço de Restaurante), Cooking (Cozinheiro), Hairdressing (Cabeleireiro) e Caring (Cuidador/técnico de Enfermagem) – as últimas duas categorias representadas pela entidade gaúcha. Para José Paulo da Rosa, diretor regional do SenacRS, investir em projetos como o WorldSkills eleva a importância da educação profissional para o país. “Em um evento 42 Jéssica Amaral, Renata Machado e Daniela Mello representaram o Senac-RS na competição Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 como esse, percebemos como a educação é importante para países como Inglaterra, Alemanha e França. Milhares de alunos visitam o WorldSkills e conhecem as diferentes ocupações profissionais. A presença do Senac aqui nos permite ter contato com as melhores referências mundiais, de modo a contribuir para o desenvolvimento das pessoas e da sociedade com educação profissional de qualidade.” A divulgação dos vencedores ocorreu no dia 9 de outubro. Mais de 6 mil pessoas estiveram presentes na cerimônia de encerramento da competição. O Brasil conquistou a segunda posição na 41ª WorldSkills, atrás apenas da Coreia do Sul. A delegação verde-amarela deixou Londres com 11 medalhas (todas para alunos do Senai); seis de ouro, três de prata e duas de bronze. O grupo também ganhou dez certificados de excelência. O Senac foi representado pelas competidoras Daniela Mello, como cabeleireira, Hemilton dos Santos, pelo curso Destaque profissional A participação em uma competição internacional marcou a trajetória acadêmica de Daniela Mello, Jéssica Amaral e Renata Machado. As jovens colheram em Londres o resultado da dedicação dentro e fora da sala de aula. Antes de colocar os pés em solo inglês, as estudantes percorreram um longo caminho por aqui. O primeiro passo aconteceu com a presença nas Olimpíadas do Conhecimento, organizadas pelo Senai. Para Jéssica, a sensação de representar o Rio Grande do Sul foi muito agradável. “Representei diversas meninas e meninos Segundo Daniela, sua participação na WorldSkills foi muito significativa. “Conseguimos representar muito bem a profissão de cabeleireiro. Em especial, o treinamento ajudou muito no aperfeiçoamento de práticas de sala de aula, no dia a dia e em referências internacionais.” Sobre o futuro, a jovem cabeleireira pretende participar do treinamento do próximo competidor. “E continuar como docente para transmitir todos os conhecimentos adquiridos.” Jéssica e Renata também ressaltaram a presença no torneio. “Foi muito especial porque somos as pioneiras desse projeto e temos certeza de que tanto os nossos erros como, principalmente, os acertos servirão de exemplo para as próximas competidoras ou competidores que irão nos suceder. Acreditamos que foi uma grande oportunidade de conhecer pessoas, culturas, lugares, e levamos dessa experiência um bom aprendizado e grandes amigos. Além disso, acreditamos que a competição vai agregar muito ao nosso currículo, abrindo portas no mercado de trabalho.” Além de colher os frutos da participação, a dupla promete se aprimorar ainda mais para enfrentar os desafios do mercado de trabalho. Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 Fernanda Romagnoli/Divulgação Senac-RS estudantes do curso de Técnico em Enfermagem. Foi uma grande responsabilidade e um grande orgulho.” A disputa nacional trouxe bons resultados para as estudantes; Daniela conquistou o primeiro lugar na categoria Cabeleireiro e a dupla Jéssica e Renata, a segunda posição em Técnico em Enfermagem. Contudo, a etapa seguinte guardava um novo desafio antes da final internacional, desta vez em casa: entre abril e maio deste ano, as meninas passaram por mais um teste que envolvia só os melhores do Brasil. “Recebemos treinamento com uma expert do Reino Unido, que mostrou as técnicas mais utilizadas internacionalmente. Além disso, tivemos acompanhamento psicológico e até aulas de teatro”, lembrou Daniela. Com o destaque na etapa entre os melhores brasileiros, as estudantes começaram a se preparar para a disputa internacional. “Na hora em que foi anunciado o resultado, pensei primeiramente na carreira e nas muitas oportunidades que surgiriam. E também, com certeza, na família e nos meus treinadores, pois todos estavam confiantes, não queria desapontar ninguém”, explica Daniela. Dedicadas, as três já estão colocando em prática suas metas pós-competição. 43 Serviços de Restaurante, Jéssica Amaral e Renata Machado, na ocupação de cuidador, e Laysa de Menezes, como cozinheira. Além das concorrentes, a equipe gaúcha presente no evento foi composta pelo diretor regional do Senac-RS, José Paulo da Rosa; o gerente do Núcleo de Educação, Roberto Berte; a diretora do Senac Canoas, Lianamar Rosa; a coordenadora da Olimpíada, Ursula Silva; e a jornalista Fernanda Romagnoli. O SenacRS foi representado ainda por dois experts, Ana Loureiro (categoria Cozinheiro) e Bayard Neto (categoria Cabeleireiro), e o intérprete Marcus Monteiro. C ontabilidade Pequenas aderem ao padrão Empresas gaúchas têm conseguido se adaptar às novas normas de contabilidade. Se, por um lado, a capacitação tem gerado custos; por outro, a simplicidade e maior número de informações no padrão internacional podem oportunizar melhorias de gestão A 44 s pequenas e médias empresas brasileiras estão tendo de se adaptar às normas internacionais de contabilidade há quase um ano. A adaptação ao IFRS (International Financial Reporting Standards) é parte da Resolução 1.255/10 do Conselho Federal de Contabilidade, que instituiu o padrão de conversão de dados contábeis às normas internacionais. Essas regras facilitam o entendimento dos balanços por parte de investidores estrangeiros. No início da implantação, muitos resistiram por conta do aumento da burocracia e do uso de novas informações, que antes eram totalmente desnecessárias. No caso dos empreendimentos pequenos, essa resistência foi até maior, visto que a maioria dessas empresas tem pouca ou nenhuma relação comercial internacional. Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 Texto: Luís Henrique Vieira Panorama Nacional O Brasil era um dos poucos excluídos do padrão que já foi adotado em mais de cem países, segundo a consultoria contábil PricewaterhouseCoopers. Agora, no entanto, grande parte das pequenas e médias empresas, que compreendem mais de 90% do mercado empreendedor, aderiram ao novo formato de balanço. As companhias com esse status são cerca de 6 milhões no país. No Rio Grande do Sul, a adaptação tem sido satisfatória. De acordo com Luiz Carlos Bohn, vice-presidente da Fecomércio-RS, no caso das pequenas e médias empresas os resultados têm sido positivos, apesar de eventuais dificuldades. “Todos os profissionais têm tentado se preparar. A adequação das pequenas empresas é um pouco mais complexa, mas elas já estão se adaptando”, afirma Bohn. Para garantir a transição, um processo de reciclagem do conhecimento dos profissionais de contabilidade e de treinamento foi utilizado. Esse processo foi realizado pelo Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Estado do Rio Grande do Sul (Sescon-RS). O ponto considerado mais prejudicial aos menores empreendedores é a adição de custo com esse investimento em capacitação. “Aumenta os gastos de capacitação e a complexidade da própria qualidade. Não sei se representou custo para as empresas, mas para os profissionais, sim. Para as maiores há um grande custo-benefício, mas para as O caso das limitadas Segundo estudo da Sispro e da Global Consultoria, as empresas com responsabilidade limitada, conhecidas pela nomenclatura Ltda., são as que apresentam mais dificuldade de adaptação ao IFRS. O motivo apontado pelo estudo é a “falta de cultura organizacional que existe nas sociedades anônimas (S.A.)”. As equipes das sociedades limitadas estão recebendo esse tipo de demanda pela primeira vez e o número de dúvidas dos profissionais dessas companhias é muito maior na hora de produzir os balanços. Apesar desse aumento de custos, que é passageiro, o uso de mais infor- muito baixo no Rio Grande do Sul, segundo a Fecomércio-RS. De acordo com o Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (CRC-RS), o período de 2005 a 2011 foi de orientação. Passado esse processo chamado de “contínuo”, o Conselho deve iniciar o processo de fiscalização. Nas empresas de pequeno e médio portes, a contabilidade deve adicionar alguns demonstrativos a mais em seus balanços. como, por exemplo, fluxo de caixa e origem de aplicações. Apesar dessas novas exigências e dificuldades, há uma flexibilidade para a elaboração dos balanços. Em geral, as empresas estão aproveitando para melhorar sua gestão. “Não existe muita rigidez. A contabilidade está ficando mais eficiente”, aponta Luiz Carlos Bohn. Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 lúcia simon mações proporcionados pelo IFRS pode melhorar a gestão das organizações. Com mais informações, pode ficar mais claro para os gestores onde exatamente cortar ou o que são realmente ativos dessas empresas. Muitos especialistas ressaltam que o mercado não pode mais ser compreendido por emoções, e sim pelas informações. “As pequenas podem usar como uma fonte de melhor informação. O balanço espelhará mais a realidade das empresas”, diz Bohn. O risco para empresas que não conseguiram se moldar ao novo processo atualmente é de não ter aceitação de instituições financeiras na hora de pedir um empréstimo. O percentual de empresas que apresentaram grandes dificuldades, no entanto, até agora foi 45 pequenas, não tanto”, explica o vicepresidente da Fecomércio-RS. Lúcia Simon Visão Tributária Rafael Pandolfo Consultor tributário da Fecomércio-RS “A colaboração normativa dos estados para o atual quadro de insegurança jurídica é gritante.” 1 46 Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 o de abril: dia do Protocolo ICMS 21 O Protocolo ICMS 21 não poderia ter escolhido melhor data para sua publicação: 1º de abril de 2011. Nesse dia, alguns estados resolveram alterar, discretamente, a Constituição Federal. Explico. O artigo 155, §2º, VII da CF/88, ao regulamentar a partilha do ICMS nas operações interestaduais, elegeu como critério diferenciador a condição do adquirente. Assim, nas operações que destinam mercadorias aos consumidores que são contribuintes do ICMS, o estado de origem tem direito à exigência da alíquota interestadual (7% ou 12%, conforme o caso), ao passo que o estado destinatário faz jus à diferença entre a alíquota interna (17%) e à alíquota interestadual aplicada à hipótese (7% ou 12%, conforme o caso). Nas operações interestaduais com mercadorias a consumidores que não são contribuintes do ICMS, o imposto é integralmente (17%) devido ao estado de origem. O Protocolo ICMS 21, no entanto, resolveu colocar em xeque o pacto federativo e criou uma terceira hipótese, não prevista constitucionalmente, qual seja: vendas realizadas aos consumidores finais, não contribuintes do ICMS, através da internet. Pelo Protocolo, o ICMS, que seria integralmente devido ao estado de origem, será partilhado com o estado de destino, nos mesmos moldes das operações que têm como destinatários contribuintes do imposto estadual. O devaneio normativo não alcança limites, atingindo, inclusive, a esfera de competência tributária de todos os estados que não aderiram ao Protocolo (RS, PR, SC, SP, RJ, MG e AM). Esses estados não signatários do Protocolo poderão exigir o ICMS na sua integralidade, quando forem os estados de origem nas operações interestaduais, pois é o que determina a Constituição. Assim, o contribuinte poderá ser compelido ao recolhimento desse adicional inconstitucional de ICMS, criado pelo Protocolo e cobrado pelo estado de destino (5% ou 10% conforme o caso). Como se observa, a colaboração normativa dos estados para o atual quadro de insegurança jurídica é gritante. Caberá ao Judiciário corrigir mais essa violação. G lossário Menos etapas, mais fiscalização A substituição tributária (ST) tem por objetivo resumir as etapas de fiscalização por parte do Estado, o que também facilita o dia a dia do empresário. Entenda o que é, como funciona e qual o valor desta alíquota no Rio Grande do Sul compra de mercadorias envolve uma série de cuidados por parte de todos os sujeitos de uma cadeia produtiva: indústria, atacado e varejistas. Com relação ao ICMS, o mesmo será devido em cada uma das etapas (vendas) dessa cadeia de produção até a venda ao consumidor final. A substituição tributária, por sua vez, é um regime de arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Isto é, seu objetivo é facilitar a fiscalização na arrecadação do imposto, e não aumentar ou diminuir a carga tributária. o fabricante substitui o atacadista e o varejista na obrigação de pagamento do ICMS. Assim, o imposto é pago em uma única etapa de circulação de mercadoria – a primeira – realizada pela indústria. As vendas futuras, feitas pelos atacadistas e varejistas, não estão sujeitas ao pagamento do ICMS. O resultado desse regime é a simplificação da arrecadação e a facilidade de fiscalização, uma vez que o pagamento do imposto será centralizado numa única etapa da cadeia produtiva e a fiscalização do pagamento também ficará reduzida às vendas feitas pelos fabricantes. Facilidade Venda presumida Como consta no nome, o termo substituição implica na substituição de alguém no pagamento do imposto. Na substituição tributária “para frente”, Para viabilizar a substituição tributária (ST) é necessário que Estado crie o que se conhece por “base de cálculo presumida”, ou ainda, “margem de valor agregada (MVA) presumida”. Ou seja, uma vez que o ICMS-ST incide sobre vendas futuras, que ainda não ocorreram (feitas pelo lojista, por exemplo), e o pagamento do ICMS-ST ocorre antes dessa venda, é necessário que o Estado estabeleça um valor presumido dessas transações comerciais. São as chamadas MVAs presumidas que resultam de pesquisas e estudos feitos pelo Estado para se obter a média das margens de valor agregado no preço de uma mercadoria que sai da indústria e chega no consumidor final. Assim, se uma garrafa de 1 litro custa R$ 1,00 na indústria, mas chega ao consumidor final por R$ 1,50, significa dizer que a MVA desse produto é 50%. No entanto, os contribuintes devem estar constantemente revisando essas margens a fim de evitar o aumento da carga tributária. Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 47 A Lúcia Simon Visão Trabalhista Flávio Obino Filho Advogado trabalhista-sindical da Fecomércio-RS “A grande novidade é a instituição da contribuição para o custeio da negociação coletiva.” 48 Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 C ontribuição negocial A CNC (Confederação Nacional do Comércio) e a CNTC (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio), no mês de outubro, apresentaram ao Senado Federal proposta conjunta de substitutivo aos projetos de lei (Paim e Simon) de regulamentação da profissão de comerciário que tramitam desde 2003. O leitor, em seu primeiro impulso, deve ter pensado que, quando da editoração, trocaram o título do artigo. Não. O título é esse mesmo. O substitutivo apresentado não regulamenta a profissão de comerciário, não cria novas condições específicas de trabalho (jornada, horário, dias de descanso, data-base e piso), mas dispõe a respeito da atual contribuição assistencial, passando a denominá-la de “contribuição para o custeio da negociação coletiva”. À época em que examinamos o Projeto Sim, afirmamos que ele partia do movimento sindical para defesa de seus próprios interesses. A regulamentação funcionava como mera cortina de fumaça para justificar a apresentação de um projeto de interesse dos sindicatos de comerciários e não propriamente dos comerciários. O substitutivo agora encaminhado escancara ainda mais essa realidade. A novidade é que na versão da CNTC/CNC também são atendidos interesses das entidades sindicais patronais do comércio. O primeiro ponto positivo a ser destacado é de que o Projeto Paim de regulamentação da profissão de comerciário, conforme contido na própria justificação, foi apresentado a partir de iniciativa da CNTC, tendo sido o mesmo aprovado em congresso da própria confederação. Assim, essa guinada da CNTC, no mínimo, enfraquece a tramitação do projeto que incorpora regras flagrantemente inconstitucionais e prejudiciais à atividade econômica comercial. Deixando de lado aspectos redacionais contidos no substitutivo das confederações – a redação é sofrível –, apontamos como único ponto preocupante, sob a óptica empresarial, a regra que condiciona a compensação de horário a ajuste coletivo com a participação do sindicato, desautorizando os acordos individuais de compensação horária, consagrados há mais de meio século no art. 59 da CLT. A grande novidade é a instituição da contribuição para o custeio da negociação coletiva. A empresarial será estabelecida pela Assembleia Geral, abrangendo associados ou não, e será proporcional ao número de empregados de cada empresa, sepultando a discussão hoje existente sobre a obrigação dos não filiados de pagamento da contribuição assistencial. A novidade contida na proposta é o rateio da contribuição que é hoje destinada integralmente ao sindicato. Pela sugestão da CNC e CNTC, federações e confederação ficarão, respectivamente, com 15% e 5% da arrecadação. & Menos Só no segundo trimestre de 2011, foram criados 215 milhões Ariel da Silva Parreira/Stock.xchng de domínios na internet, em todo o mundo, apontou relatório da VeriSign Inc. País amarrado Em 2010 a fé moveu 6,6 milhões de brasileiros até outros estados, 3,6% dos 186 milhões de viagens domésticas registradas. Os dados são do Ministério do Turismo (MTur). Consumo sustentável em alta 73% dos brasileiros estão dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis, aponta levantamento da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB). Relatório anual do Banco Mundial aponta que o Brasil ocupa o 126º lugar no ranking sobre a facilidade de fazer negócios em 183 países. Jovens no mundo Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), 43% dos 7 bilhões de habitantes do planeta têm menos de 25 anos. Está na moda Até o final de 2011, o setor de vestuário infantil deve movimentar R$ 16,17 bilhões, Bartek Szewczyk/Stock.xchng Mais endereços virtuais Números do turismo religioso Venda porta a porta No país, a venda de livros porta a porta aumentou 21,66%, entre 2007 e 2010, segundo a Associação Brasileira de Difusão de Livros (ABDL). Salto no faturamento Mercado de soluções O setor do franchising estima encerrar o ano com faturamento de Estudos do IDC preveem que o mercado mundial de TI vai fazer girar cifras na ordem de R$ 86 bilhões, montante 15% maior do que o atingido em 2010, mensura a Associação Brasileira de Franchising (ABF). Criançada na web 51% das crianças brasileiras entre 5 e 9 anos utilizam computador e 27% acessam internet, conforme levantamento conduzido pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic). US$ 1 trilhão em 2011, um crescimento de 7,5% na comparação com 2010. Gabriella Fabbri/Stock.xchng Mais Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 49 conforme pesquisa do Ibope Inteligência. Paulo Gerhardt/Divulgação Negócios Paulo Gerhardt Mestre em Management e Marketing Estratégico “Quanto mais o vendedor fala e apresenta argumentos, maior é a reação do cliente em forma de objeções.” 50 Bens & Serviços / Novembro 2011 / Edição 79 O vendedor de desejos O desejo é um tipo de atitude mental. Os desejos podem ser atitudes mentais proposicionais ou acusativas. Quando se apresenta como atitude proposicional, trata-se de um desejo de que certo estado de coisas se dê no mundo. Quando se mostra como uma atitude acusativa, significa o desejo de certa coisa ou objeto. No processo da venda, o vendedor busca transformar a necessidade de compra do cliente no desejo de adquirir um produto ou serviço específico. Como transformar a necessidade do cliente em um desejo de compra específica? Isso ocorre quando o cliente percebe o valor que um produto ou serviço determinado pode lhe proporcionar. Sabendo disso, os vendedores buscam criar valor abordando os aspectos positivos de seus produtos ou serviços. Abusam dos argumentos de venda, benefícios e diferenciais em relação à concorrência. Passam a maior parte do tempo tentando criar valor falando do produto e se esquecem de entender a necessidade do cliente, o seu real motivo de compra. Quanto mais o vendedor fala e apresenta argumentos, maior é a reação do cliente em forma de objeções. Trava-se um duelo: o vendedor procurando apresentar o maior número de benefícios e o cliente tentando resistir a todos eles, deprecian- do o produto para reduzir o preço. Além do tempo perdido, existe natural desgaste da relação vendedor-cliente. Mais grave é que nessa negociação não está sendo questionado o real problema, e sim, a solução. A saída para esse impasse é mudar a forma de criar valor: em vez de basear-se na solução, passar a falar do problema. Fazer perguntas e deixar o cliente expor suas dificuldades, causas e consequências; deixá-lo perceber o quanto isso afeta sua vida ou sua empresa. Ao identificar o tamanho real do problema, o cliente começa a dar valor à solução. A partir dessa percepção, ele passa a desejar uma alternativa eficaz. Nesse momento, é importante que o vendedor questione o cliente sobre qual é o seu desejo de solução. É necessário deixar o cliente dizer o que quer e o que pretende ganhar com a decisão a ser tomada. Desse modo, o vendedor agirá como o gênio da lâmpada e atenderá ao desejo de seu cliente. O vendedor passará então a vender desejos em vez de vender produtos ou serviços, o que certamente resultará em vendas mais eficazes e clientes mais satisfeitos. Esse é um desafio para o vendedor do futuro: deixar de ser um vendedor de produtos para se tornar um vendedor de desejos!