Clipping Nacional
de
Educação
Quint-feira, 06 de Agosto de 2015
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O GLOBO
06/08/15
Tocando flauta
Os
funcionários
de
universidades batucavam ontem,
protestando em frente ao MEC. O
ministro Renato Janine Ribeiro,
durante coletiva para os
jornalistas, fez troça: "Prometo
que na próxima vez contrato uma
banda melhor".
PANORAMA POLÍTICO
O GLOBO
06/08/15
SOCIEDADE
Matrículas de resultado
Em cinco dos dez melhores
colégios, 80% dos alunos ou mais
saíram de outras unidades
RAPHAEL KAPA
A divulgação das notas por
escola do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem) de 2014
deixou claro que muitas
instituições com os melhores
desempenhos não formaram os
alunos que lhes garantiram um bom
lugar no ranking. Em cinco das dez
escolas com as médias mais altas
do país, por exemplo, 80% ou
mais dos estudantes só entraram na
unidade no meio do ensino médio.
E, em muitos casos, esses alunos
foram matriculados na escola
somente no terceiro ano, buscando
se preparar para o Enem em
estabelecimentos conhecidos pelo
projeto pedagógico direcionado
para a prova do Ministério da
Educação (MEC).
Entre as dez primeiras do
Brasil, apenas uma escola,
justamente a última nessa relação,
conta com 80% ou mais dos
alunos que cursaram todo o ensino
médio em suas instalações .
Segundo os dados do MEC, as
escolas com os índices mais baixos
de permanência, onde no máximo
20% dos alunos cursaram todo o
ensino médio no mesmo local,
ficaram com uma média de 525
pontos no Enem. É uma marca
superior às médias das instituições
com todos os outros níveis de
"fidelidade". Além disso, é
possível observar, entre os
estabelecimentos mais bem
colocados, colégios que têm o
mesmo endereço físico de
instituições em piores posições no
ranking.
Ou seja, são unidades escolares
que se distinguem apenas pelo
CNPJ e, principalmente, pelo
rendimento de seus alunos. Mas que
funcionam no mesmo prédio. —O
ranqueamento de escolas pelo
Enem se transformou numa grande
disputa. Alguns colégios, de forma
natural e justa, acabaram atraindo
novos alunos pelas suas posições
no ranking e isso fez com que
muitos entrassem no meio do
ensino médio, o que justifica este
baixo índice de permanência em
algumas instituições — afirma a
especialista em avaliações
educacionais Suzete Ramos, da
UnB. — Porém, outros colégios
viram uma oportunidade de
prospectar novos alunos por meio
desses rankings.
Algumas turmas ou unidades
aparecem na lista e acabam
mostrando uma excelência de
ensino que não se estende para todo
o resto de sua rede. Enquanto no
topo da listagem o número de
escolas com 80% ou mais de
alunos que vieram de outras
instituições é alto, entre as cem
melhores notas somente 15
instituições tiveram a maioria de
seus estudantes vinda de outras
escolas para terminar o ensino
médio. Este ano é a primeira vez
que os resultados da prova são
divulgados antes do período de
matrículas escolares.
MESMO PRÉDIO E NOME,
DUAS ESCOLAS
Ao comentar os números do
MEC que indicam as melhores
notas nos colégios com o menor
índice de permanência estudantil,
o ministro da Educação, Renato
Janine Ribeiro, diz que parte do
fenômeno é resultado da prática de
muitas escolas que selecionam
bons alunos na reta final. — É um
pouco desse modelo de escolas
que ou chamam para si alunos
muito bons do 3º ano de outros
colégios ou excluem os alunos que
não estão bem. Por isso, melhora
o resultado final, mas melhora só
na foto, isso não é real — afirma
Janine. Essa prospecção de alunos
no meio do segmento, tradicional
nos cursinhos pré-vestibulares,
passou a ter uma nova
característica com o surgimento do
ranking.
Algumas
instituições
começaram a dividir suas turmas
se baseando no rendimento dos
alunos, fazendo com que uma, a dos
notáveis, atingisse uma alta
posição no ranking e a outra não
aparecesse nem entre os cem
06/08/15
primeiros. É o caso do Objetivo
Integrado, primeiro lugar no
ranking há seis anos. Localizado
num prédio na Avenida Paulista,
em São Paulo, o colégio ocupa um
andar e conta com um sistema
rígido e integral de ensino, em que
os alunos que ingressam já são préselecionados
pelo
seu
desempenho. Porém, no mesmo
prédio e pertencendo ao mesmo
grupo, fica o Colégio Objetivo,
608º lugar no levantamento.
Apesar do mesmo endereço e da
similaridade do nome, os gestores
da instituições afirmam que a
posição de uma escola não
influencia no surgimento de novos
estudantes para a outra.
—O Objetivo Integrado surgiu
devido apedidos de alunos nossos
que iam competir em olimpíadas
de conhecimento e ficavam muito
tempo fora. Para isso, criamos um
colégio separado com horário
integral e mais intenso. Atualmente
, não existe relação entre os dois.
O resultado do Objetivo Integrado
é fruto de professores, alunos e
material bons —afirma Eduardo
Figueiredo,
coordenador
pedagógico da instituição. No
Ceará, que este ano contou com três
escolas entre as dez melhores,
também há casos de colégios que
adotam essa prática. A Christus,
que já tinha quatro unidades com
ensino médio, criou uma
exclusivamente para pré-vestibular
e, em seu primeiro ano, surgiu em
quarto lugar na lista.
NOTAS AUMENTARAM EM
TRÊS ÁREAS
Ainda assim, para além da
disputa pelos primeiros lugares no
ranking, as notas no exame tiveram
um aumento em três das quatro
áreas de conhecimentos avaliadas.
Em Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias, a média passou de
508 para 528; em Ciências da
Natureza e suas Tecnologias, foi
de 492 para 507; já em Ciências
Humanas e suas Tecnologias, a
nota foi de 537 para 565. Em
Matemática, porém, a média
diminuiu de 544 para 511. Na
prova de redação , que analisa
competências de domínio da língua
escrita, também houve uma queda
na média, de 447 para 434. No
entanto, essa área não pode ser
comparável por questões
metodológicas, segundo Chico
Soares, presidente do Inep.
Uma das razões , de acordo com
ele, é que o tema da redação muda
de um ano para outro. Outro dado
observado pelo MEC mostra que
as escolas de menor porte são
justamente aquelas que tiveram as
melhores notas. As consideradas
"muito pequenas" conquistaram a
média de 525 pontos contra 498
das de "grande porte". Os dados
divulgados ontem se referem a
15.640 escolas que tiveram pelo
menos dez alunos participantes do
Enem 2014, com taxa de
participação igual ou superior a
50% e que não zeraram nenhuma
das provas. No Rio, o pódio ficou
exclusivo para três unidades da
rede de ensino Pensi, do grupo
Eleva Educação.
A unidade da Tijuca ficou em
sétimo lugar no ranking nacional e
com o primeiro lugar no estado,
com 720,7 pontos na prova
objetiva. O colégio é uma das
instituições com baixo índice de
permanência dos alunos. Porém,
quando somadas todas as médias
das unidades da rede e feita a
média aritmética, o cenário muda.
A rede atinge 628 pontos, o
equivalente à 413ª posição no
Brasil e à 78ª no Rio. — Temos
muitas unidades pequenas em
diferentes bairros. Em todas elas
aceitamos alunos em todas as
séries, e não fazemos qualquer
política restritiva a alunos —
afirma Fábio Oliveira, um dos
diretores da escola.
Sobre o fato de a unidade do
Pensi que ficou em 7º lugar no
ranking ter um alto índice de alunos
vindos de outra escola, Oliveira
explica que isso provavelmente
acontece porque o 3º ano fica em
prédio distinto das séries
anteriores: — Os alunos fazem até
o 2º ano em uma unidade e depois
migram para esse prédio. Como
cada endereço tem um código
diferente, essa mudança acaba
aparecendo no levantameno.
06/08/15
06/08/15
O GLOBO
06/08/15
SOCIEDADE
Rio tem bom desempenho em Redação
06/08/15
O GLOBO
06/08/15
SOCIEDADE
O GLOBO
06/08/15
SOCIEDADE
O ESTADO DE S. PAULO 06/08/15
SÃO PAULO Os resultados por escola do
Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) de 2014 mostraram mais
uma vez o domínio dos colégios
particulares paulistas entre os
melhores do País. Das cem
escolas com as maiores médias, 29
são de São Paulo - todas privadas
e com predomínio de unidades
com poucos alunos. As
particulares do Estado tiveram
melhora em relação a 2013, mas
esse avanço foi menor do que o
registrado em média pela rede
privada do País.
O Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais (Inep),
órgão do Ministério da Educação
(MEC) que organiza o exame,
divulgou ontem as informações. Os
dados indicam a média de cada
escola, levando em conta o
desempenho dos alunos que
fizeram o exame. Também há
METRÓPOLE
informações contextuais das
escolas,
como
nível
socioeconômico, porte e um novo
indicador, de permanência, que
mostra o porcentual de alunos que
fizeram todo o ensino médio na
mesma unidade.
no fim do ensino médio.
Na média, as escolas privadas
de São Paulo tiveram um
crescimento de 2,86 pontos entre
2013 e 2014, alcançando a média
de 566,34. Na rede privada em
todo o Brasil, esse incremento foi
de 4,30 pontos - mas a média é
menor, de 557,98. O conjunto das
escolas privadas paulistas ficou na
5.ª posição entre todos os Estados,
perdendo um lugar (para o Distrito
Federal) em relação a 2013. As
escolas privadas de Minas
lideram.
Entre as unidades de grande
porte, a maior média pertence ao
Colégio Móbile, em Moema, na
zona sul da capital. A nota foi de
700,84 pontos.
Entre as melhores escolas de
São Paulo, 14 são colégios
pequenos, com menos de 90 alunos
O Colégio Objetivo Integrado,
na região central da cidade,
aparece em primeiro lugar, com
média de 742,96 pontos. Só 42
alunos fizeram o exame.
País. Apesar da boa posição
das escolas paulistas, a Região
Sudeste perdeu espaço na lista das
melhores médias. No ano passado,
eram 77 escolas da região entre as
100 melhores. Neste ano, são 70.
Escolas das Regiões Centro-Oeste
e Nordeste avançaram, sobretudo
com colégios de poucos alunos. O
Nordeste tem 20 escolas entre as
melhores. Em 2014, eram 18. A
região Centro-Oeste passou de três
06/08/15
para seis unidades.
A maioria das escolas de outras
regiões que passaram a figurar nas
primeiras posições também tem
poucos alunos - muitas são criadas
como filiais e reúnem só estudantes
de ponta. Uma unidade de
aplicação da escola cearense
Farias Brito, com 44 alunos,
alcançou a segunda melhor nota do
País (737,88).
Com menos alunos, conseguem
elevar a média e subir no ranking.
No País, as primeiras posições são
de
escolas
de
nível
socioeconômico alto ou muito alto,
segundo os parâmetros do Inep exceto aquelas cujas informações
estão incompletas.
Para a diretora executiva do
Movimento Todos pela Educação,
Priscila Cruz, a divulgação dos
resultados do Enem está cada vez
mais abrangente. “Está evoluindo
ano a ano, com novos recortes.
Sempre parece que um assunto se
sobressai.”
Priscila ressalta, no entanto, que
as notas não podem servir como
“garantia” de boa qualidade. “Não
há garantia de que o filho
matriculado na escola com boa
nota vai ter aquele resultado.
Depende da turma em que ele está,
dos professores. Há uma
desigualdade muito grande até
dentro das escolas”.
Públicas. A média das públicas
de São Paulo também cresceu em
2014, mas é 10,6% menor do que
a das privadas. A rede pública,
com escolas estaduais, federais e
municipais, registrou 563,48
pontos. Assim como no País, as
técnicas - que não são vinculadas
à Secretaria Estadual da Educação
- lideram o ranking. A melhor
escola controlada pela secretaria
estadual, a Professor Eduardo
Velho Filho, em Bauru, está em
457.º lugar entre as públicas do
País.
O professor da Faculdade de
Educação da Universidade de São
Paulo (USP) Ocimar Alavarse diz
que é “inaceitável” a diferença.
“Estamos no Estado mais rico da
nação, e o desempenho das escolas
está quase estagnado.” A pasta
defendeu que a rede é inclusiva, e
o resultado mostra avanço.
06/08/15
O ESTADO DE S. PAULO 06/08/15
METRÓPOLE
O ESTADO DE S. PAULO 06/08/15
METRÓPOLE
O ESTADO DE S. PAULO 06/08/15
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METRÓPOLE
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METRÓPOLE
27% das escolas pobres não teriam Fies
ISABELA PALHARES, LUIZ
FERNANDO TOLEDO, PAULO
SALDAÑA E VICTOR VIEIRA O ESTADO DE S. PAULO
Média dos alunos das
unidades está abaixo da rede e
não alcançou o mínimo
necessário para conseguir
Financiamento Estudantil
As escolas públicas que
atendem os estudantes mais pobres
do País têm uma média 7% menor
no Enem 2014 do que a nota geral
das redes estatais. Essas unidades
são as que têm nível
socioeconômico considerado
muito baixo ou baixo pelo
governo. Das 770 escolas nessas
condições, 27% não alcançaram
média mínima para que os alunos
tenham acesso ao Financiamento
Estudantil (Fies).
Com as novas regras do
programa
federal
de
financiamento, que passaram a
valer neste ano, apenas estudantes
que conseguirem média de 450
pontos no exame nas quatro áreas
da prova poderão concorrer a uma
das vagas do Fies. O programa é
voltado para estudantes carentes e
vindos de escolas públicas que não
podem pagar as mensalidades em
instituições particulares de ensino
superior.
Na lista das escolas públicas
com alunos mais pobres, 210 não
conseguiram superar a média de
450 pontos. A maioria (71%) ficou
entre 450 e 500 pontos. Somente
13 escolas (2% desse grupo)
superaram os 501 pontos. Se
considerarmos a média da rede
particular (557,98 pontos),
nenhuma fica acima.
Os números mostram que essas
escolas registraram uma média de
458,92 na parte objetiva da prova.
O resultado da rede pública foi de
490,99.
A partir de informações de
renda indireta - como bens
materiais - e a escolaridade dos
pais dos alunos que fizeram o
Enem, o Inep chegou a sete níveis
socioeconômicos que variam entre
muito baixo e muito Alto. A nota
mínima no Enem para o Fies foi
adotada pelo governo com o
objetivo de melhorar a qualidade
dos alunos, mas o critério pode
atingir os mais pobres. Várias
pesquisas indicam de que o nível
socioeconômico do aluno, e não só
a escola, é um fator preponderante
no sucesso escolar.
Apoio. Para a diretora do
Movimento Todos pela Educação,
Priscila Cruz, a exigência de nota
mínima pode elevar o desempenho
desses estudantes. “É importante
ter algo que puxe a nota dos alunos,
que eles tenham um grande desafio
para atingir essa nota.” Ela
acredita que unidades que não
atingem nem a média do Fies
devem ter apoio técnico e
financeiro dos governos federal e
estaduais.
“Estas escolas, de certa forma,
estão negando o acesso desses
alunos ao ensino superior. E esse
aluno, que é de nível
socioeconômico baixo, não vai ser
admitido em nenhuma instituição.
Só pelo Fies.”
06/08/15
O ESTADO DE S. PAULO 06/08/15
METRÓPOLE
O ESTADO DE S. PAULO 06/08/15
METRÓPOLE
CORREIO BRAZILIENSE
06/08/15
CIDADES
CRISE NO GDF »
Auditoria aponta dívida de Agnelo
Segundo estudo realizado por
técnicos do Tribunal de Contas,
o petista deixou um rombo de R$
2,2 bilhões que não foram
inscritos em restos a pagar.
Aliados do ex-governador
reclamam de politização do
processo e cerceamento do direito
de defesa
» HELENA MADER
Servidores protestam contra
atraso de salários: folhas de
Educação, Saúde e Previdência
são 47% da dívida
O Tribunal de Contas do
Distrito Federal vai julgar as
contas do último ano de gestão de
Agnelo Queiroz (PT) em 16 de
setembro, em meio a um clima
desfavorável ao ex-governador.
Auditoria realizada por técnicos
do TCDF e divulgada ontem pela
Corte apontou que Agnelo teria
descumprido
a
Lei
de
Responsabilidade Fiscal. Segundo
o documento, o petista ordenou
despesas no ano passado sem
deixar recursos em caixa para
quitá-las. O levantamento indicou
gastos de R$ 2,2 bilhões da
competência de 2014 que não
foram inscritos em restos a pagar.
Aliados do ex-governador
denunciam a politização do caso e
reclamam da falta de direito de
defesa.
Na sessão de terça-feira, o
relatório entrou na pauta de
votações. O relator do caso,
conselheiro Manoel de Andrade,
defendeu a aprovação do texto na
íntegra, mas os conselheiros
Anilcéia Machado e Inácio
Magalhães Filho votaram pela
abertura de prazo para que a
administração de Agnelo Queiroz
possa rebater os pontos
apresentados pelos auditores do
tribunal.
O relatório destaca que a
realização de despesas sem a
previsão de recursos para o devido
pagamento pode onerar o
orçamento do ano seguinte. Uma
das principais reclamações do
governador Rodrigo Rollemberg
(PSB) tem sido a falta de recursos
por conta de dívidas herdadas do
antecessor. “A prática mencionada
tem o potencial de interferir no
cumprimento da Lei de
Responsabilidade Fiscal, além de
impactar
diretamente
a
fidedignidade das informações
sobre a situação patrimonial,
orçamentária e financeira do
Distrito Federal”, argumentaram os
auditores no levantamento.
Rombo
As despesas com folhas de
pagamento das secretarias de
Educação e de Saúde, somadas às
do Instituto de Previdência dos
Servidores do DF, responderam
por 47% dos R$ 2,2 bilhões não
inscritos em restos a pagar. A atual
gestão alega que o rombo total nas
contas chega a R$ 3,1 bilhões. Os
técnicos de Rollemberg contam
ainda R$ 900 milhões que teriam
sido previstos no orçamento sem
o correspondente em caixa.
Segundo os técnicos do Tribunal
de Contas, ao fim de 2013, a
situação financeira do DF já era
complicada, com deficit de quase
R$ 350 milhões. “No entanto, o que
se constatou foi que a situação, já
ruim, restou agravada.”
O Código Penal Brasileiro
tipifica como crime a realização
de gastos nos dois últimos
quadrimestres do ano final de
mandato, caso as despesas não
possam ser pagas no mesmo
exercício financeiro. A conta pode
ficar para o exercício seguinte,
desde que haja disponibilidade em
caixa. A pena definida é de 1 a 4
anos de reclusão. Além disso, há
danos políticos: em caso de
reprovação das contas, a Lei da
Ficha
Limpa
prevê
inelegibilidade.
Em dezembro do ano passado,
Agnelo Queiroz assinou dezenas de
06/08/15
decretos para cancelar empenhos.
“As tentativas tardias de conferir
equilíbrio às contas públicas do
DF nos últimos meses do exercício
de 2014 não surtiram todos os
efeitos desejados”, diz um trecho
do levantamento.
Defesa
Pessoas próximas a Agnelo
reclamam do trâmite do processo.
Elas alegam que o Tribunal de
Contas tentou aprovar o relatório
da auditoria na sessão da última
terça-feira, sem dar prazo de
defesa ao ex-governador. O
distrital Chico Vigilante (PT) diz
que o TCDF politiza a análise das
contas do governo passado. “O
relator é o Paulo Tadeu, mas ele
está de atestado. Passaram para as
mãos do conselheiro Manoel de
Andrade, que queria a todo custo
votar sem garantir direito de
defesa ao Agnelo. Felizmente,
barraram esse absurdo e
garantiram prazo de 15 dias para
a defesa”, explica. “É vergonhosa
a politização desse processo. As
contas de (José Roberto) Arruda
de 2009 ainda não tiveram nem
parecer e querem fazer a discussão
sobre as contas de 2014 dessa
forma atropelada.”
O advogado de Agnelo Queiroz,
Paulo Guimarães, explicou que o
ex-governador vai prestar os
esclarecimentos necessários no
prazo de 15 dias fixado pelo
TCDF. “Ele vai se manifestar para
que o tribunal possa discernir se
isso que foi apontado está correto
ou não. Não foi um achado
definitivo”, explica Paulo. “Não
houve qualquer irregularidade. Se
algumas despesas não foram
inscritas em restos a pagar, é
preciso apontar o motivo. Fizeram
somente um apanhado parcial por
meio de editais publicados no
Diário Oficial. É preciso ver os
contratos, os processos e analisar
minuciosamente. Boa parte das
análises dos auditores foi feita por
amostragem”, comenta o
advogado.
CORREIO BRAZILIENSE
06/08/15
CIDADES - EIXO CAPITAL
Negócio de família
A Secretaria de Educação
alugou um imóvel situado na
Quadra 25 do Paranoá, de
propriedade da família de Renato
Malcotti, denunciado na Operação
Caixa de Pandora. Pelo contrato,
feito sem licitação, o governo vai
pagar R$ 174,5 mil para
permanecer um ano no local, a
partir de março de 2015. Malcotti
foi denunciado como operador de
um esquema de irregularidades
justamente na Secretaria de
Educação.
CORREIO BRAZILIENSE
06/08/15
CIDADES
EDUCAÇÃO »
DF tem colégio entre os melhores
Escola particular da capital
ficou com a 29ª maior média no
Enem de 2014, de acordo com
lista divulgada pelo Inep. Entre
as públicas, a mais bem colocada
foi o Colégio Militar de Brasília
DF (691,17), seguido pelo Olimpo
de Águas Claras (689,97). As três
escolas também ficaram nos
primeiros lugares do ranking de
notas da redação: o Olimpo, com
777,37; o Ideal, com 767,27; e o
Olimpo de Águas Claras, com 754.
» PALOMA SUERTEGARAY
Beatriz estuda no Olimpo, que
obteve a melhor colocação em
Brasília: professores sempre
prontos para ajudar
Apenas um colégio do Distrito
Federal ficou entre os 50 melhores
do país, segundo as notas do
Exame Nacional do Ensino Médio
de 2014 (Enem) divulgadas ontem
pelo Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep). O mais bem
colocado da capital foi o Olimpo,
com a 29ª colocação geral do país.
Os alunos do colégio alcançaram
a média de 713,09 pontos,
considerando as notas da prova
objetiva e da redação. O Colégio
Ideal ficou com a segunda maior
nota entre as melhores escolas do
Disciplina, exigência e
acompanhamento próximo do
desempenho dos alunos são os
principais ingredientes das
instituições que ocupam o topo do
ranking. No caso da estudante do
3º ano do Colégio Olimpo Beatriz
Santana, 16 anos, a dedicação faz
parte da busca por uma vaga no
curso
de
medicina
da
Universidade de Brasília (UnB).
Para alcançar a meta, tem aulas de
manhã e revisa as matérias à tarde.
“Faço muitos exercícios para
ajudar a fixar o conteúdo”, conta.
“Os professores são muito bons e
estão sempre a postos para ajudar,
o que me faz sentir mais bem
preparada”, completa. Entre os
estudantes da unidade de Águas
Claras do colégio, a dedicação
também é intensa. Cairo Lucas
Oliveira Silva, 16, chega ao
colégio Às 7h10 e fica por lá até
as 22h. “Os professores me passam
uma segurança muito grande de que
estou sendo bem direcionado”, diz.
Os alunos do Colégio Ideal não
ficam para trás quando o assunto é
se esforçar para conseguir uma boa
nota no Enem. Brenda Kennedy,
moradora de Taguatinga e
estudante do 3º ano, pretende
estudar engenharia elétrica na UnB
e não economiza nas horas de
estudo. Segundo a jovem, o suporte
oferecido pelo corpo docente é um
diferencial para ter um bom
desempenho na prova. “Além de
oferecer monitorias, a escola tem
uma orientadora que nos ajuda a
planificar os estudos”, descreve.
De acordo com o diretor da
instituição, Roberto Cavalcante, o
clima de imersão dos alunos no
processo de preparação para os
exames de admissão na UnB serve
como incentivo. “Eles respiram
vestibular e Enem desde que
entram na escola e ficam
empolgados”, diz.
Disciplina
Entre as escolas públicas do
DF, o Colégio Militar de Brasília
ficou com a maior média, com
609,24 pontos, na 22ª colocação
(veja o ranking). Em segundo
lugar, vem o Colégio Militar Dom
Pedro II, com nota 600,48. “Para
alcançar a boa colocação, o
colégio se norteia por três
elementos: a disciplina com o
comportamento do aluno, o
planejamento de atividades entre
professores e coordenadores e o
sistema de condecorações para os
alunos que tirarem as melhores
06/08/15
notas, como forma de incentivo”,
explica o chefe de departamento de
ensino da instituição, tenente
Rubens Gontijo.
Os últimos postos do ranking
geral do DF também ficaram com
escolas públicas: o CED 15 de
Ceilândia (468,12), o CED123 de
Samambaia (466,92), e o CED 416
de Santa Maria (461,88). No total,
a tabela divulgada pelo Inep inclui
183 escolas do DF. Para o
professore Remi Castioni, da
Faculdade de Educação da
Universidade de Brasília (FE/
UnB), o perfil dos alunos no DF
pode ajudar a explicar porque
apenas uma escola local está entre
as 50 melhores no Enem, critério
para ingressos em instituições
públicas de ensino superior. “Em
Brasília, a oferta do ensino
superior
privado
é
proporcionalmente maior do que
no resto do Brasil e há uma
tendência que as pessoas migrem
para essas escolas”, afirma.
06/08/15
06/08/15
CORREIO BRAZILIENSE
06/08/15
CIDADES
EDUCAÇÃO »
Novas escolas em destaque no Enem
Instituições do Norte e do
Centro-Oeste ganham espaço entre
as melhores do exame: nas 20
primeiras colocadas, sete são
dessas regiões. Nota em
matemática foi a única a apresentar
piora
Goiás. O perfil, contudo, é similar.
Apenas uma é pública e, das 14
que informaram dados de renda, 11
tiveram
o
indicador
socioeconômico (Inse) no nível
mais elevado. Na performance
geral, das quatro áreas avaliadas
nas provas objetivas, houve piora
apenas em matemática.
» Marcella Fernandes
O ministro Renato Janine
Ribeiro destacou o impacto das
condições socioeconômicas nas
notas
Escolas fora do eixo Sudeste
ganharam destaque entre aquelas
com melhor desempenho na edição
de 2014 do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem). No grupo
das 20 com as maiores médias —
calculadas pelo Correio a partir
de dados do Instituto de Pesquisas
e Estudos Educacionais Anísio
Teixeira (Inep) —, cinco são do
Nordeste e duas do Centro-Oeste,
sendo a primeira no estado de
Os resultados divulgados pelo
Inep incluem as médias das notas
de 1.295.954 estudantes que
finalizaram as cinco etapas da
avaliação — linguagens, ciências
humanas, ciências naturais,
matemática e redação — em
15.640 escolas. Para entrar na lista,
pelo menos 10 alunos da
instituição precisavam ter feito o
Enem e com taxa de participação
igual ou superior a 50%. Neste
ano, foi incluído o indicador de
permanência na escola, que mostra
o percentual de alunos que
cursaram os três anos do ensino
médio na mesma instituição, a fim
de avaliar a participação do
colégio na formação do indivíduo.
Em nove instituições que aparecem
entre as 20 melhores, menos de
20% dos estudantes cursaram
todos os anos dessa etapa do
ensino na mesma instituição.
Tanto o Inep quanto o
Ministério da Educação (MEC)
destacaram a importância dos
fatores socioeconômicos nas
comparações. No grupo em que o
Inse é muito alto, a média é de 611
pontos. Já no extremo oposto, o
número cai para 429 pontos. “Esse
talvez seja o indicador mais cruel.
Pela simples loteria da condição
social da criança e do adolescente,
ela pode perder um terço da nota”,
disse o ministro da Educação,
Renato Janine Ribeiro. Ele
lembrou que a atuação da pasta é
limitada nesses casos. “Quanto aos
fatores que dependem da escola
(no aproveitamento do aluno),
podemos interferir mediante
políticas do MEC, das secretarias
estaduais e municipais. Porém, há
fatores que são externos”,
completou.
Na avaliação de especialistas,
no entanto, esse não pode ser um
entrave para a melhoria do ensino.
“Isso não pode ser uma desculpa.
Não é determinante que o aluno
pobre vá aprender menos e o aluno
rico vá aprender mais. Isso é
entregar os pontos e desistir da
gestão”, defende Priscila Cruz,
diretora executiva do movimento
Todos pela Educação. Para o
professor da Faculdade de
Educação da Universidade de
Brasília (UnB) Remi Castioni, o
avanço do agronegócio no CentroOeste e investimentos de
infraestrutura no Nordeste são
fatores que explicam a ampliação
de escolas fora do Sudeste no top
20. “É uma questão de renda das
famílias. Você tem algumas capitais
que se destacam no cenário
nacional. Em Goiânia, você
06/08/15
concentra uma elite ligada ao
agronegócio, por exemplo”,
explica.
Mudanças
No desempenho geral, houve
melhora em linguagens, ciências da
natureza e ciências humanas. Já em
matemática, foi registrada queda de
544 pontos para 511 pontos. Para
Mozart Neves Ramos, diretor de
Articulação e Inovação do Instituto
Ayrton Senna, a forma como a
disciplina é lecionada é ineficaz.
“Historicamente, tem uma
diferença radical entre a escola e
o mundo em que vive esse jovem”,
observa. A deficiência na
qualificação de professores
especializados também foi
apontada como fator negativo. De
acordo com Mozart, apenas 45%
dos docentes do ensino médio da
disciplina têm formação adequada.
Para Eduardo Deschamps,
presidente do Conselho Nacional
de Secretários de Educação
(Consed), os resultados devem
servir como base para a
elaboração
de
políticas
específicas em cada unidade da
Federação. “Um diretor bem
preparado é aquele que pega os
resultados da avaliação, chama sua
equipe pedagógica, faz uma análise
e tenta identificar que ações ele
pode fazer com as secretarias de
Estado para corrigir as
deficiências que eventualmente
foram identificadas naquela
escola”, afirma.
Classificação
O Correio calculou o ranking
das 20 escolas com melhor
desempenho a partir da média das
notas de redação, ciências
humanas, ciências da natureza,
linguagens e matemática, de acordo
com dados fornecidos pelo
Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep). A metodologia é a
mesma usada pelo Ministério da
Educação (MEC) para comparar o
desempenho em categorias como
indicadores socioeconômicos,
porte da escola, formação docente
e permanência do aluno na
instituição.
Fatores em jogo
O indicador tem sete níveis e
considera renda familiar,
ocupação e escolaridade dos pais
dos alunos. No nível mais elevado,
os alunos possuem variados bens
domésticos, como duas ou mais
geladeiras, três ou mais carros e
duas ou mais TVs por assinatura
em casa. A renda familiar mensal
é acima de 12 salários mínimos e
os pais completaram a faculdade
e podem ter concluído pósgraduação. No menor nível, a renda
familiar é de até um salário mínimo
e os pais nunca estudaram ou
ingressaram, mas não completaram
o ensino fundamental.
06/08/15
JORNAL DE BRASÍLIA
06/08/15
POLÍTICA - ESPLANADA
JORNAL DE BRASÍLIA
06/08/15
ENEM
Nota 10 vem do Gama
BRASIL
JORNAL DE BRASÍLIA
06/08/15
BRASIL
FOLHA DE SÃO PAULO
06/08/15
PODER
Reprovação de Dilma cresce e
supera a de Collor em 1992
71% consideram governo ruim
ou péssimo, recorde da série do
Datafolha
Aumentou também o apoio à
abertura de um processo de
impeachment contra a presidente
petista
ALEXANDRE ARAGÃO
DE SÃO PAULO
Com 71% de reprovação, a
presidente Dilma Rousseff (PT)
superou as piores taxas registradas
por Fernando Collor (1990-92) no
cargo, às vésperas de sofrer um
processo de impeachment, mostra
pesquisa Datafolha feita entre terça
e esta quarta-feira (5).
Questionados se o Congresso
deveria abrir um procedimento
formal de afastamento, 66% dos
entrevistados disseram que sim. No
levantamento anterior, realizado
em abril, eram 63%.
Também aumentou a quantidade
de pessoas que acham que ela será
retirada
do
cargo,
independentemente de suas
opiniões sobre um eventual
processo de impeachment. Em
abril, 29% diziam que a presidente
seria afastada do Planalto. Agora,
38% disseram achar que Dilma
sofrerá um impeachment.
No levantamento anterior,
realizado na terceira semana de
junho, 65% dos entrevistados viam
o governo Dilma como ruim ou
péssimo.
Os números registrados pelo
Datafolha na pesquisa desta
semana são os piores desde que o
instituto iniciou a série de
pesquisas em âmbito nacional, em
1990, no governo Fernando
Collor.
O grupo dos que consideram a
atuação da petista ótima ou boa
variou para baixo, dentro da
margem de erro de dois pontos
percentuais. Em junho, 10% dos
consultados pelo Datafolha
mantinham essa opinião. Agora,
são 8%.
O atual senador pelo PTB-AL,
investigado na Lava Jato, era até
agora
o
recordista
de
impopularidade na série do
Datafolha, com 9% de aprovação
e 68% de reprovação na véspera
de seu impeachment, em setembro
de 1992.
O cenário piorou para a
presidente Dilma também no que
diz respeito a um eventual pedido
de impeachment.
Dilma, dessa forma, passa a ser
a presidente com a pior taxa de
popularidade entre todos os eleitos
diretamente
desde
a
redemocratização.
As pesquisas Datafolha do
período do governo José Sarney
(1985-1990) eram feitas em dez
capitais. Incomparáveis, portanto,
com as seguintes. Nesse universo,
Sarney registrou 68% de
reprovação em seu pior momento,
em meio à superinflação.
REGIÕES
A reprovação à presidente
Dilma Rousseff é homogênea em
relação às regiões do país, com
índices em patamares semelhantes
em todas elas.
Nos locais em que seu partido,
o PT, costuma ter mais
reprovação, a presidente registrou
taxas levemente piores. A maior
taxa de reprovação foi registrada
na região Centro-Oeste, 77%. No
Sudeste e no Sul, 73% dos
entrevistados disseram que o
governo é ruim ou péssimo.
Mesmo no Nordeste, região do
país onde o PT costuma ter melhor
desempenho eleitoral, a aprovação
de Dilma é baixa. Apenas 10% dos
consultados pelo Datafolha
afirmaram que o governo é ótimo
ou bom. Outros 66% entendem que
a administração é ruim ou péssima.
As taxas apuradas pelo
Datafolha em relação à questão do
impeachment também são
06/08/15
consistentes independentemente da
região do país.
No Centro-Oeste, 74%
acreditam que o Congresso
deveria fazer tramitar um pedido
de afastamento. Sul e Sudeste
registram 65%. No Nordeste, o
percentual é maior, porém dentro
da margem de erro, com 67%.
Também não há diferença
relevante em relação a idade ou o
sexo dos entrevistados. Os
resultados tanto entre homens como
entre mulheres repetem o
percentual de reprovação geral, de
71%.
Dilma tem reprovação
levemente inferior entre pessoas
com mais de 60 anos (68%). Os
resultados das outras faixas etárias
variam pouco, sempre dentro da
margem de erro.
O Datafolha entrevistou 3.358
pessoas com 16 anos ou mais em
201 municípios nas cinco regiões
do país.
A margem de erro da pesquisa
é de dois pontos percentuais para
mais ou para menos.
O nível de confiança do
levantamento é de 95% –se fossem
realizadas 100 pesquisas com a
mesma metodologia, os resultados
estariam dentro da margem de erro
em 95 ocasiões.
06/08/15
06/08/15
Valor Econômico
06/08/15
BRASIL
Pagar salário pode levar RS
ao colapso, diz secretário
Por Sérgio Ruck Bueno | De
Porto Alegre
O secretário da Fazenda do Rio
Grande do Sul, Giovani Feltes,
disse ontem que os serviços
públicos do Estado podem entrar
em colapso caso o Supremo
Tribunal Federal (STF) determine
o pagamento integral dos salários
dos funcionários do Executivo, que
foram parcelados em julho por
conta da crise financeira do
governo gaúcho. "Não poderíamos
pagar absolutamente nada mais",
afirmou o secretário.
"Imagine faltar dinheiro para a
gasolina dos serviços de
segurança,
para
pagar
fornecedores de alimentação das
casas prisionais e da Fase
[Fundação de Atendimento SócioEducativo], imagine não pagarmos
mais recursos de custeio, como
iluminação pública e fornecimento
de água para escolas e prédios
públicos", disse o secretário. No
fim de julho, o Estado pagou até
R$ 2,15 mil líquidos dos salários
dos servidores. No dia 13 deste
mês serão pagos até R$ 1 mil e o
saldo restante será depositado até
o dia 25.
O governo estadual recorreu ao
STF na tentativa de derrubar
liminares do Tribunal de Justiça
do Estado (TJ) que proibiam o
parcelamento, mas o presidente do
Supremo, Ricardo Lewandowski,
negou o pedido e a ProcuradoriaGeral do Estado ingressou com um
agravo regimental que começou a
ser apreciado nesta semana.
Lewandowski votou novamente
contra o recurso e foi acompanhado
pelos ministros Edson Fachin e
Marco Aurélio, mas Teori
Zavascki pediu vistas e suspendeu
o julgamento.
Ao mesmo tempo, a Federação
Sindical dos Servidores Públicos
do Estado (Fessergs) pediu que o
STF decrete intervenção federal no
Rio Grande do Sul por
descumprimento das decisões do
TJ e ontem à noite o governador
José Ivo Sartori (PMDB) reuniuse com os ministros Zavascki,
Roberto Barroso e Celso de Mello
para expor a crise das finanças
estaduais. Depois, em nota, Sartori
pediu "tolerância e compreensão
para vencermos os desafios".
Ontem, Feltes disse que a
decisão do STF será cumprida,
mas também pediu "razoabilidade,
sensibilidade e bom senso" aos
ministros do Supremo tanto nos
julgamentos do recurso do Estado
quanto no pedido de intervenção.
De acordo com Feltes, os
vencimentos de julho do
funcionalismo gaúcho foram
parcelados por "impossibilidade
material" e a crise deve ser ainda
mais aguda neste mês.
Em palestra na Federação das
Associações Comerciais do
Estado (Federasul), o secretário
voltou a afirmar que o Estado deve
fechar o ano com um déficit
financeiro de R$ 5,4 bilhões e
admitiu que o governo pode enviar
nos próximos dias à Assembleia
Legislativa uma proposta para
aumentar as alíquotas do ICMS,
assim como para elevar o limite
de saques dos depósitos judiciais
não tributários de 85% para 95%.
Os depósitos judiciais tributários
já são usados integralmente pelo
Estado.
O plano de ampliar de 17%
para 18% a alíquota básica do
ICMS e de 25% para 30% a
incidente sobre combustíveis,
energia
elétrica
e
telecomunicações não agrada aos
empresários. "Registramos o
nosso alerta condenando a
tentativa de propor aumento de
carga tributária", disse o
presidente da Federasul, Ricardo
Russowsky. Segundo ele, o Estado
precisa de soluções "estruturais"
como concessões em infraestrutura,
"gestão responsável", venda de
imóveis e estatais "que não
cumprem com sua finalidade" e
criação de um fundo para cobrir
as despesas crescentes com
servidores aposentados.
Valor Econômico
06/08/15
EMPRESAS
Uniasselvi deve ficar com fundos
Por Vinícius Pinheiro e Vanessa
Adachi | De São Paulo
Os fundos Carlyle e Vinci
Partners entraram em negociações
exclusivas para a aquisição da
Uniasselvi, instituição de ensino a
distância controlada pela Kroton.
A negociação agora está no fim do
processo de auditoria e
negociação de contratos e caminha
para ser fechada por cerca de R$
1 bilhão, conforme apurou o Valor.
A proposta conjunta das duas
gestoras que investem em
participações em empresas
(private equity) foi considerada
mais atrativa que a do Grupo
Cruzeiro do Sul. Se o preço for
confirmado, a Uniasselvi será
avaliada em pouco menos de dez
vezes o lucro antes de juros,
impostos, amortização e
depreciação (Ebitda), uma medida
de geração de caixa. Procurados,
os fundos e a Kroton não
comentaram o assunto.
A desvalorização recente das
ações da Kroton chegou a levantar
no mercado dúvidas sobre a
continuidade das negociações ou
sobre mudança do parâmetro de
preço. A avaliação dos fundos,
porém, é que o perfil da
Uniasselvi, que não é dependente
de programas do governo como o
Fundo de Financiamento Estudantil
(Fies), torna a companhia menos
ligada às oscilações da Kroton na
bolsa. Desde o fim de junho, os
papéis da companhia acumulam
queda de 22,6%.
A compra da Uniasselvi, se
concretizada, representará o
segundo grande investimento do
Carlyle no mercado brasileiro
neste ano. Em abril, a gestora
americana fechou a compra de uma
participação de 8% do capital da
Rede D'Or, maior grupo de
hospitais do país, por R$ 1,75
bilhão. A gestora está capitalizada
após fechar a captação de um fundo
local de R$ 700 milhões e também
conta com recursos de investidores
no exterior.
Caso o negócio com os fundos
não saia, a proposta do Grupo
Cruzeiro do Sul ganharia força,
apesar da maior complexidade. A
empresa de educação, que desde
2012 tem a gestora britânica Actis
como sócia, propôs a combinação
de seus ativos com os da
Uniasselvi, com a criação de uma
nova empresa listada em bolsa. Ou
seja, todos os acionistas da Kroton
passariam a ser acionistas também
dessa nova companhia, depois de
uma cisão das ações.
O valor da proposta depende,
portanto, da relação de troca das
ações das duas companhias na
negociação. Com a desvalorização
recente dos papéis da Kroton na
bolsa, essa conta ficaria mais fácil
de fechar. A aquisição da
Uniasselvi
ampliaria
a
participação de alunos em ensino
a distância, um dos segmentos que
mais cresce na área de educação,
de 30% para aproximadamente
50% do total na Cruzeiro do Sul.
A venda da Uniasselvi faz parte
das exigências feitas pelo
Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade) para
aprovar a fusão da Kroton com a
Anhanguera Educacional. O órgão
aprovou o negócio com restrições
em maio do ano passado.
Valor Econômico
06/08/15
EMPRESAS
Investidores estão de olho
em escolas do ensino médio
Por Beth Koike | De São Paulo
A lista dos melhores colégios
no Enem que, normalmente atrai o
interesse de alunos e pais, agora
também está no radar dos
investidores. Não à toa. O
mercado de escolas de ensino
fundamental e médio é
considerado o próximo boom do
setor da educação. E, ao contrário
do que ocorreu na consolidação do
ensino superior, que priorizou a
quantidade de alunos, a qualidade
do ensino do colégio tem sido um
item relevante nas análises de
aquisição.
A nota do Enem também é hoje
o balizador para a entrada em
universidade federais, obtenção do
Fies e do ProUni.
No ranking dos 20 melhores
colégios, elaborado pelo Valor que considerou a média das quatro
provas do Enem (matemática,
português, ciências humanas e
naturais) - cinco deles são do
Grupo Eleva, holding de escolas
que tem entre seus investidores os
empresários Jorge Paulo Lemann,
Marcel Telles e Claudio Haddad.
Formado há apenas dois anos, o
Eleva é formado pelos colégios
Pensi e Elite, no Rio de Janeiro, e
Coleguium, em Minas Gerais,
cujas aquisições totalizaram R$
100 milhões.
O interesse do Eleva agora são
os colégios no Norte e no Nordeste,
onde as universidades usam o
Enem para selecionar seus alunos.
Em Fortaleza, Ari de Sá, Christus
e Farias Brito estão, novamente,
entre os melhores colégios do país.
A lista é encabeçada pelo
Objetivo que, frequentemente, é
assediado por investidores. Mas
os critérios usados pelo Objetivo
são questionados pelo setor pois
o grupo reúne em uma única
unidade seus melhores alunos.
Outra gigante que está de olho
no ensino básico é a Kroton. Ela
divulga no fim do mês seus
projetos nesta área, mas já adiantou
que priorizará aquisições de
colégios com marcas fortes. A
Kroton chega capitalizada, uma vez
que está prestes a vender a
Uniasselvi por cerca de R$ 1
bilhão.
O setor tem outros grupos em
processo de consolidação. Entre
eles, merecem destaque a Abril
Educação que é dona dos colégios
pH, no Rio de Janeiro; Motivo, em
Recife, Sigma, em Brasília, e
Máxi, em Cuiabá. Há ainda a
Eduinvest, com os colégios
Anhembi-Morumbi e Anchieta, em
São Paulo, e o Grupo SEB que
conta com cerca de 50 escolas.
06/08/15
FOLHA DE SÃO PAULO
06/08/15
Giz A Secretaria de Educação
nega que a pasta não tenha feito
inaugurações neste ano –como
reclamou Alckmin. Diz que já
foram abertas 23 escolas e 24
creches.
PAINEL
FOLHA DE SÃO PAULO
06/08/15
COTIDIANO
Abismo entre escolas ricas e pobres recua
Enem de 2014 mostra piora na
média dos colégios com alunos
mais ricos e melhora naqueles com
os de baixa renda
Especialistas,
porém,
recomendam cautela na análise da
posição das escolas nesse tipo de
avaliação nacional
DE SÃO PAULO
DE BRASÍLIA
A distância entre o desempenho
das escolas ricas do país em
relação aos colégios com público
de baixa renda caiu no Enem do
ano passado. Mas ainda há um
abismo.
Os dados do exame foram
divulgados pelo Ministério da
Educação nesta quarta (5).
Para calcular a média dos
colégios, a Folha considerou as
quatro
provas
objetivas
""linguagem, matemática, ciências
humanas e da natureza.
Pelo segundo ano, o governo
divulgou também um indicador
socioeconômico de cada
instituição. Distribuído em sete
níveis, ele é apurado com base em
questionário respondido pelos
alunos e que considera itens como
escolaridade dos pais, posse de
bens e renda familiar.
Em 2014, a média das notas de
escolas classificadas no nível
socioeconômico "muito alto" ficou
133 pontos superior à das escolas
no estrato "muito baixo". No Enem
anterior, a diferença era maior –
de 160 pontos.
Isso aconteceu porque a média
das escolas no nível alto caiu (de
599 para 587) ao mesmo tempo em
que a dos colégios do nível baixo
melhorou (de 439 para 454).
Para o governo federal, o
contexto social dos estudantes é o
fator que mais influencia o
desempenho escolar.
"Pela simples loteria da
condição social da criança e do
adolescente, ela pode perder um
terço da nota", disse o ministro da
Educação, Renato Janine Ribeiro.
Especialistas recomendam
cautela na avaliação da posição
das escolas no Enem. Dizem que
avanços não significam melhora
das redes de ensino, o que só é
obtido com provas que apuram a
qualidade da educação oferecida.
Os últimos dados do Saeb
(Sistema de Avaliação da
Educação Básica), por exemplo,
apontam que o ensino médio não
tem melhorado.
Para quem procura um colégio
ou quer saber se a matrícula está
valendo a pena, as informações da
avaliação são preciosas –mas sem
perder de vista que o Enem não
oferece um diagnóstico completo.
Assim como a direção, pais e
alunos são tão importantes para
entender uma escola quanto as
tabelas do Enem.
A diretora executiva da ONG
Todos Pela Educação, Priscila
Cruz, defende a necessidade de
uma boa gestão escolar para
melhorar as chances de acesso à
universidade dos estudantes com
baixas condições sociais.
"Uma boa política educacional
tem mecanismos para neutralizar os
obstáculos. Ter os melhores
professores, ter equipamentos na
escola que compensem a falta de
livros ou de acesso à leitura que
os alunos tenham em casa."
RANKING
O ranking nacional é liderado
pelo Objetivo Integrado, colégio
particular da capital paulista no
topo do exame pelo sexto ano
consecutivo.
06/08/15
Em último ficou a escola
estadual Doutor Augusto Monteiro,
na zona rural de Rio Branco (AC).
A chuva no segundo dia de prova,
que afastou estudantes, foi
apontada pelo governo do Acre
como motivo do desempenho.
Ao todo, 15.640 escolas
compõem o ranking, feito dentre
um total de 26.255 em todo o país.
Só foram divulgadas as notas de
instituições com mais de dez
alunos no 3º ano do ensino médio
e onde mais da metade desses
estudantes fez a prova.
O MEC destacou avanços na
média dos alunos nas provas
objetivas ""houve queda apenas
em matemática. Se em 2013 a
pontuação média de alunos de
escolas públicas e privadas nessa
área foi de 544 pontos, no ano
passado, o índice atingido foi de
511.
O
maior
salto,
em
contrapartida, foi verificado em
ciências humanas: de 537 pontos
para 565 –28 pontos de diferença.
(ADRIANO QUEIROZ, ANDRÉ
MONTEIRO,
FÁBIO
TAKAHASHI,
FLÁVIA
FOREQUE, LAURA LEWER E
THIAGO AMÂNCIO)
FOLHA DE SÃO PAULO
06/08/15
COTIDIANO
Escolas com alunos 'importados'
ficam no topo do Enem
Em metade dos dez colégios
líderes de ranking, maioria dos
alunos fez 1º ou 2º ano do ensino
médio em outras unidades
"indicador de permanência na
escola", mostra a proporção de
alunos que participaram do ensino
médio completo em cada unidade.
Indicador relativiza até que
ponto escola vai bem por formar
alunos ou por atraí-los na reta final
do ensino médio
A informação ajuda a relativizar
até que ponto uma escola vai bem
no Enem porque dá boa formação
aos alunos ao longo dos anos ou
porque atrai bons alunos, formados
em outros colégios, na reta final
do ensino médio.
FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA
VENCESLAU BORLINA
FILHO
DE CAMPINAS
LAURA LEWER
DE SÃO PAULO
THIAGO AMÂNCIO
DE SÃO PAULO
Das cem escolas com maiores
notas no Enem 2014, em 15 a
maioria dos alunos fez aulas do 1º
ou 2º ano do ensino médio em
outro colégio.
A tendência é ainda mais
acentuada entre as dez primeiras
do ranking. Em metade delas,
predominam alunos "importados"
na reta final –menos de 20% deles
cursaram todos os anos do ensino
médio na mesma unidade.
Essa análise é possível a partir
de um novo dado divulgado pelo
Inep (órgão do Ministério da
Educação).
Chamado
de
A estratégia de colégios de
formar unidades de elite, com
alunos de alto desempenho, às
vezes só nos anos finais, para
despontar entre os melhores foi
motivo de críticas ao ranking em
anos anteriores.
Para
educadores,
esse
mecanismo distorce a realidade, já
que tais escolas não estão
acessíveis para todos. As unidades,
por outro lado, argumentam que
formar turmas com esse perfil pode
ter impacto positivo no ensino.
"Tem muita escola que tem
cinco turmas no 1º ano e três no 3º
ano. Há um processo de exclusão.
São escolas tão pequenas que
quase não têm vagas", pondera
Chico Soares, presidente do Inep.
Do total de 15.640 escolas que
tiveram as médias no Enem 2014
divulgadas neste ano, 3% têm
alunos recém-chegados, onde
menos de 20% cursaram todos os
anos do ensino médio na mesma
unidade. Entre as 10% melhores,
esse percentual sobe para 5,4% –
e segue crescendo conforme mais
se aproxima do topo do ranking.
OLÍMPICOS
O colégio Objetivo Integrado
aparece no topo do ranking com
melhor pontuação em provas
objetivas do Enem pelo sexto ano
seguido.
"Os meninos que procuram
nossa escola já são meninos
olímpicos, que gostam de estudar",
diz a diretora Maria Luiza
Guimarães.
A escola tem um indicador de
permanência entre 60% e 80% –
ou seja, a maioria dos seus alunos
permanece na unidade ao longo do
ensino médio. Provas que simulam
a do Enem são regulares.
Já a segunda no ranking, Farias
Brito, do Ceará, tinha ao menos
80% dos alunos vindos de outras
três unidades da instituição. O
presidente do colégio, Tales de Sá
Cavalcante, nega que a
transferência seja estratégia para
06/08/15
melhorar no ranking.
Ele afirma que a unidade tem
grupos de estudos específicos para
grandes vestibulares, como ITA,
USP e Unicamp, e que isso atrai
estudantes de outras unidades.
O Colégio Olimpo, de Goiânia,
terceiro no ranking, atribui a baixa
taxa de permanência escolar em
2014, inferior a 20%, ao fato de a
escola ter aberto uma unidade de
ensino integral.
"Com a criação do pedagógico
voltado para os vestibulares,
alunos que já estavam no Olimpo
passaram para a nova unidade",
afirma Rodrigo Bernardelli, diretor
da escola goiana.
O colégio carioca Ponto de
Ensino, sétimo no ranking e com
baixa taxa de permanência, diz ser
comum alunos entrarem no terceiro
ano para ir melhor no vestibular.
"A nossa escola é inclusiva e
aceita alunos em qualquer ano", diz
Marcio Cohen, diretor da escola.
FOLHA DE SÃO PAULO
06/08/15
COTIDIANO
Colégios técnicos puxam
melhora de públicos no topo
DE SÃO PAULO DE
BRASÍLIA
A presença de escolas públicas
entre as melhores médias do
Brasil no Enem avançou
novamente em 2014, embora ainda
seja minoritária.
A elite das escolas públicas é
formada por uma maioria de
colégios federais, que geralmente
têm cursos técnicos ou são ligados
a universidades e fazem seleção
de alunos.
Entre os 10% dos colégios
mais bem colocados no exame,
9,4% eram públicos. Desses, dois
terços são federais e um terço,
estaduais –boa parte com cursos
técnicos.
No Enem 2013, eram 7,3%
escolas públicas entre as melhores
no exame –no primeiro avanço em
quatro anos.
Essa participação passou a cair
em 2009, quando houve a
ampliação do Enem, que passou a
funcionar, na prática, como um
vestibular para selecionar calouros
das universidades federais.
Apesar do novo avanço, a
escola pública com melhor média
aparece só na 22ª posição do
ranking: Instituto Federal do
Espírito Santo, em Vitória, colégio
técnico que seleciona seus alunos.
No último Enem, o público com
maior nota –colégio de aplicação
da UFV (Universidade Federal de
Viçosa-MG)– aparecia na 12ª
posição. Nos resultados de 2012,
a mesma escola figurava em 7º,
mas em 2014 ela aparece em 32º.
Especialistas veem com cautela
os resultados das escolas no Enem.
Eles ponderam que avanços no
ranking
não
significam
necessariamente melhora das redes
de ensino, o que só é obtido com
provas que apuram a qualidade da
educação, como a Prova Brasil.
FOLHA DE SÃO PAULO
06/08/15
COTIDIANO
Pelo 3º ano, SP perde vantagem
sobre a rede pública do país
Distância entre a rede estadual
paulista em relação ao ensino nos
outros Estados vem caindo desde
2012
Procurada, gestão Alckmin
(PSDB) não comentou desempenho
no Enem 2014 até a conclusão
desta edição
DE SÃO PAULO
A nota média das escolas
estaduais de São Paulo no Enem
cresceu no ano passado. A
distância entre a rede pública
paulista em relação ao ensino nos
outros Estados do país, porém,
caiu pelo terceiro ano consecutivo.
Em 2014, a nota média das
escolas paulistas foi de 506
pontos, enquanto o conjunto de
escolas públicas estaduais das
outras unidades da federação teve
nota 489 –uma diferença de 21
pontos.
No Enem anterior, essa
distância havia sido de 22 pontos,
e, na edição de 2012 da mesma
prova, era de 26.
Para calcular as médias, a
Folha considerou as notas das
escolas nas quatro provas
objetivas do Enem –linguagem,
matemática, ciências humanas e da
natureza.
Só foram incluídas no cálculo
as notas divulgadas em cada ano
pelo Ministério da Educação.
Escolas pequenas ou com baixa
participação no exame não tiveram
as médias divulgadas pela pasta.
Procurada, a gestão Geraldo
Alckmin (PSDB) não comentou o
desempenho da rede paulista no
Enem de 2014 até a conclusão
desta edição.
ELITE
A participação das escolas
públicas e privadas de São Paulo
na elite do Enem voltou a crescer
no ano passado.
No conjunto de 10% dos
colégios de todo o país mais bem
colocados no exame, 34% eram
paulistas. Na edição anterior, eram
32%.
A maior parte dos colégios
paulistas nesse grupo de elite é da
rede particular. As escolas
estaduais representam apenas 7%
do grupo, e todas são escolas
técnicas, que selecionam seus
alunos.
AVANÇO
Em debate promovido pelo
Instituto Unibanco na semana
passada, representantes de
secretarias estaduais de educação
defenderam que o ensino médio
depende de melhorias nas séries
anteriores para avançar.
Segundo tabulação da ONG
Todos pela Educação, apenas 10%
dos alunos se formam no ensino
médio com o conhecimento
adequado em matemática, patamar
com poucas variações desde 2005.
Ghisleine Trigo, coordenadora
na secretaria paulista, afirmou no
evento que 20% dos alunos que
chegam ao ensino médio já estão
acima da idade ideal para esta
etapa de ensino –15 anos.
São alunos que reprovaram no
ensino fundamental ou largaram
temporariamente os estudos.
Pesquisas na área mostram que
estudantes com esse perfil tendem
a ter notas mais baixas.
"Você não resolve essa
defasagem aqui no ensino médio.
Tem de ser no fundamental,
deixando a escola mais atraente",
afirmou Trigo.
Os Estados, responsáveis pelo
ensino médio público no país,
concentram 85% das matrículas
06/08/15
nessa etapa. As séries anteriores,
do fundamental, estão sob
responsabilidade tanto dos Estados
quanto dos municípios.
Debatedores afirmaram também
que a qualidade do ensino médio
depende de outros fatores, como a
necessidade de uma nova
organização –a atual é considerada
muito fragmentada pelas matérias
obrigatórias.
O pesquisador da USP
Reynaldo Fernandes lembrou que
os resultados do ensino
fundamental já melhoram desde ao
menos 2005, o que ainda não
refletiu na qualidade dos alunos
mais velhos que chegam ao ensino
médio.
Para Fernandes, ex-presidente
do Inep (instituto do MEC
responsável pelo Enem), as
explicações dadas pelos gestores
são insuficientes para explicar por
que o ensino médio não melhora.
"Os problemas tratados aqui
são de hoje, ontem e anteontem, não
são novos."
FOLHA DE SÃO PAULO
06/08/15
COTIDIANO
FOCO
'Vestibulinho' e violência separam
a melhor e a pior escola de SP
LAURA LEWER
THIAGO AMÂNCIO
COLABORAÇÃO PARA A
FOLHA,
Um total de 33 km, distância que
na cidade de São Paulo representa
duas horas dentro de um ônibus,
separa as escolas estaduais com a
melhor e a pior média do Enem
do ano passado na capital.
A melhor delas fica no bairro
de Pinheiros, área nobre da zona
oeste. Além de muros pichados, a
escola estadual Professor Antônio
Alves Cruz tem 360 alunos e
recebeu nota média de 525,5
pontos no exame de 2014.
Na prática, ele foi o "melhor"
colégio público da capital, numa
lista que exclui as escolas
técnicas, federais e ligadas a
universidades.
"O ensino é bom, a estrutura é
boa e há pouco tempo fizeram uma
reforma", diz a aluna Júlia
Rodrigues, 15.
Na escola, os alunos estudam
em período integral, das 7h às 16h,
com uma pausa para almoço e dois
intervalos. Todos estão no ensino
médio e, desde o primeiro ano, se
preparam para o vestibular.
"No ano passado, o pessoal foi
bem porque tinham professores o
ano todo, mas esse ano não vai ser
a mesma coisa", diz a aluna do
terceiro ano Júlia Falzoni, 17,
numa referência à greve dos
docentes, a maior da história no
Estado.
Além das disciplinas fixas, a
escola oferece as eletivas, que são
pensadas pelos professores para
tornar o ensino mais específico.
Um aluno que quer cursar
arquitetura pode, por exemplo, se
matricular em uma eletiva de
desenho geométrico.
Os alunos também fazem um PV
(projeto de vida), que traça
caminho de ensino coerente às suas
áreas de interesse. Na PA
(preparação
acadêmica),
professores passam noções de
estudo e treinamento para provas,
como o Enem.
Já no extremo sul, no Jardim
Varginha, fica a Escola Estadual
Professor Sergio Murillo Raduan.
Com grades nas portas e janelas,
o colégio obteve a menor média
no Enem paulistano, com 466,3
pontos.
A escola é alvo de ao menos um
assalto por ano, dizem alunos e
professores. Em 2014, 28
computadores foram roubados
durante as férias e agora não há
nenhuma máquina para os
estudantes.
Apesar
dos
assaltos,
professores e alunos afirmam não
existir problemas de violência
dentro da escola. Para uma
professora do ensino médio que
não quis se identificar, os
resultados do Enem são explicados
pelo contexto social da região, uma
das mais pobres da cidade.
"Temos alunos com pais presos.
Como uma criança dessas vai
conseguir estudar?", completa a
professora.
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