Clipping Nacional de Educação Quint-feira, 06 de Agosto de 2015 Capitare Assessoria de Imprensa SHN Qd2Edifício Executive Office Tower Sala 1326 Telefones: (61) 3547-3060 (61) 3522-6090 www.capitare.com.br O GLOBO 06/08/15 Tocando flauta Os funcionários de universidades batucavam ontem, protestando em frente ao MEC. O ministro Renato Janine Ribeiro, durante coletiva para os jornalistas, fez troça: "Prometo que na próxima vez contrato uma banda melhor". PANORAMA POLÍTICO O GLOBO 06/08/15 SOCIEDADE Matrículas de resultado Em cinco dos dez melhores colégios, 80% dos alunos ou mais saíram de outras unidades RAPHAEL KAPA A divulgação das notas por escola do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2014 deixou claro que muitas instituições com os melhores desempenhos não formaram os alunos que lhes garantiram um bom lugar no ranking. Em cinco das dez escolas com as médias mais altas do país, por exemplo, 80% ou mais dos estudantes só entraram na unidade no meio do ensino médio. E, em muitos casos, esses alunos foram matriculados na escola somente no terceiro ano, buscando se preparar para o Enem em estabelecimentos conhecidos pelo projeto pedagógico direcionado para a prova do Ministério da Educação (MEC). Entre as dez primeiras do Brasil, apenas uma escola, justamente a última nessa relação, conta com 80% ou mais dos alunos que cursaram todo o ensino médio em suas instalações . Segundo os dados do MEC, as escolas com os índices mais baixos de permanência, onde no máximo 20% dos alunos cursaram todo o ensino médio no mesmo local, ficaram com uma média de 525 pontos no Enem. É uma marca superior às médias das instituições com todos os outros níveis de "fidelidade". Além disso, é possível observar, entre os estabelecimentos mais bem colocados, colégios que têm o mesmo endereço físico de instituições em piores posições no ranking. Ou seja, são unidades escolares que se distinguem apenas pelo CNPJ e, principalmente, pelo rendimento de seus alunos. Mas que funcionam no mesmo prédio. —O ranqueamento de escolas pelo Enem se transformou numa grande disputa. Alguns colégios, de forma natural e justa, acabaram atraindo novos alunos pelas suas posições no ranking e isso fez com que muitos entrassem no meio do ensino médio, o que justifica este baixo índice de permanência em algumas instituições — afirma a especialista em avaliações educacionais Suzete Ramos, da UnB. — Porém, outros colégios viram uma oportunidade de prospectar novos alunos por meio desses rankings. Algumas turmas ou unidades aparecem na lista e acabam mostrando uma excelência de ensino que não se estende para todo o resto de sua rede. Enquanto no topo da listagem o número de escolas com 80% ou mais de alunos que vieram de outras instituições é alto, entre as cem melhores notas somente 15 instituições tiveram a maioria de seus estudantes vinda de outras escolas para terminar o ensino médio. Este ano é a primeira vez que os resultados da prova são divulgados antes do período de matrículas escolares. MESMO PRÉDIO E NOME, DUAS ESCOLAS Ao comentar os números do MEC que indicam as melhores notas nos colégios com o menor índice de permanência estudantil, o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, diz que parte do fenômeno é resultado da prática de muitas escolas que selecionam bons alunos na reta final. — É um pouco desse modelo de escolas que ou chamam para si alunos muito bons do 3º ano de outros colégios ou excluem os alunos que não estão bem. Por isso, melhora o resultado final, mas melhora só na foto, isso não é real — afirma Janine. Essa prospecção de alunos no meio do segmento, tradicional nos cursinhos pré-vestibulares, passou a ter uma nova característica com o surgimento do ranking. Algumas instituições começaram a dividir suas turmas se baseando no rendimento dos alunos, fazendo com que uma, a dos notáveis, atingisse uma alta posição no ranking e a outra não aparecesse nem entre os cem 06/08/15 primeiros. É o caso do Objetivo Integrado, primeiro lugar no ranking há seis anos. Localizado num prédio na Avenida Paulista, em São Paulo, o colégio ocupa um andar e conta com um sistema rígido e integral de ensino, em que os alunos que ingressam já são préselecionados pelo seu desempenho. Porém, no mesmo prédio e pertencendo ao mesmo grupo, fica o Colégio Objetivo, 608º lugar no levantamento. Apesar do mesmo endereço e da similaridade do nome, os gestores da instituições afirmam que a posição de uma escola não influencia no surgimento de novos estudantes para a outra. —O Objetivo Integrado surgiu devido apedidos de alunos nossos que iam competir em olimpíadas de conhecimento e ficavam muito tempo fora. Para isso, criamos um colégio separado com horário integral e mais intenso. Atualmente , não existe relação entre os dois. O resultado do Objetivo Integrado é fruto de professores, alunos e material bons —afirma Eduardo Figueiredo, coordenador pedagógico da instituição. No Ceará, que este ano contou com três escolas entre as dez melhores, também há casos de colégios que adotam essa prática. A Christus, que já tinha quatro unidades com ensino médio, criou uma exclusivamente para pré-vestibular e, em seu primeiro ano, surgiu em quarto lugar na lista. NOTAS AUMENTARAM EM TRÊS ÁREAS Ainda assim, para além da disputa pelos primeiros lugares no ranking, as notas no exame tiveram um aumento em três das quatro áreas de conhecimentos avaliadas. Em Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, a média passou de 508 para 528; em Ciências da Natureza e suas Tecnologias, foi de 492 para 507; já em Ciências Humanas e suas Tecnologias, a nota foi de 537 para 565. Em Matemática, porém, a média diminuiu de 544 para 511. Na prova de redação , que analisa competências de domínio da língua escrita, também houve uma queda na média, de 447 para 434. No entanto, essa área não pode ser comparável por questões metodológicas, segundo Chico Soares, presidente do Inep. Uma das razões , de acordo com ele, é que o tema da redação muda de um ano para outro. Outro dado observado pelo MEC mostra que as escolas de menor porte são justamente aquelas que tiveram as melhores notas. As consideradas "muito pequenas" conquistaram a média de 525 pontos contra 498 das de "grande porte". Os dados divulgados ontem se referem a 15.640 escolas que tiveram pelo menos dez alunos participantes do Enem 2014, com taxa de participação igual ou superior a 50% e que não zeraram nenhuma das provas. No Rio, o pódio ficou exclusivo para três unidades da rede de ensino Pensi, do grupo Eleva Educação. A unidade da Tijuca ficou em sétimo lugar no ranking nacional e com o primeiro lugar no estado, com 720,7 pontos na prova objetiva. O colégio é uma das instituições com baixo índice de permanência dos alunos. Porém, quando somadas todas as médias das unidades da rede e feita a média aritmética, o cenário muda. A rede atinge 628 pontos, o equivalente à 413ª posição no Brasil e à 78ª no Rio. — Temos muitas unidades pequenas em diferentes bairros. Em todas elas aceitamos alunos em todas as séries, e não fazemos qualquer política restritiva a alunos — afirma Fábio Oliveira, um dos diretores da escola. Sobre o fato de a unidade do Pensi que ficou em 7º lugar no ranking ter um alto índice de alunos vindos de outra escola, Oliveira explica que isso provavelmente acontece porque o 3º ano fica em prédio distinto das séries anteriores: — Os alunos fazem até o 2º ano em uma unidade e depois migram para esse prédio. Como cada endereço tem um código diferente, essa mudança acaba aparecendo no levantameno. 06/08/15 06/08/15 O GLOBO 06/08/15 SOCIEDADE Rio tem bom desempenho em Redação 06/08/15 O GLOBO 06/08/15 SOCIEDADE O GLOBO 06/08/15 SOCIEDADE O ESTADO DE S. PAULO 06/08/15 SÃO PAULO Os resultados por escola do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2014 mostraram mais uma vez o domínio dos colégios particulares paulistas entre os melhores do País. Das cem escolas com as maiores médias, 29 são de São Paulo - todas privadas e com predomínio de unidades com poucos alunos. As particulares do Estado tiveram melhora em relação a 2013, mas esse avanço foi menor do que o registrado em média pela rede privada do País. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC) que organiza o exame, divulgou ontem as informações. Os dados indicam a média de cada escola, levando em conta o desempenho dos alunos que fizeram o exame. Também há METRÓPOLE informações contextuais das escolas, como nível socioeconômico, porte e um novo indicador, de permanência, que mostra o porcentual de alunos que fizeram todo o ensino médio na mesma unidade. no fim do ensino médio. Na média, as escolas privadas de São Paulo tiveram um crescimento de 2,86 pontos entre 2013 e 2014, alcançando a média de 566,34. Na rede privada em todo o Brasil, esse incremento foi de 4,30 pontos - mas a média é menor, de 557,98. O conjunto das escolas privadas paulistas ficou na 5.ª posição entre todos os Estados, perdendo um lugar (para o Distrito Federal) em relação a 2013. As escolas privadas de Minas lideram. Entre as unidades de grande porte, a maior média pertence ao Colégio Móbile, em Moema, na zona sul da capital. A nota foi de 700,84 pontos. Entre as melhores escolas de São Paulo, 14 são colégios pequenos, com menos de 90 alunos O Colégio Objetivo Integrado, na região central da cidade, aparece em primeiro lugar, com média de 742,96 pontos. Só 42 alunos fizeram o exame. País. Apesar da boa posição das escolas paulistas, a Região Sudeste perdeu espaço na lista das melhores médias. No ano passado, eram 77 escolas da região entre as 100 melhores. Neste ano, são 70. Escolas das Regiões Centro-Oeste e Nordeste avançaram, sobretudo com colégios de poucos alunos. O Nordeste tem 20 escolas entre as melhores. Em 2014, eram 18. A região Centro-Oeste passou de três 06/08/15 para seis unidades. A maioria das escolas de outras regiões que passaram a figurar nas primeiras posições também tem poucos alunos - muitas são criadas como filiais e reúnem só estudantes de ponta. Uma unidade de aplicação da escola cearense Farias Brito, com 44 alunos, alcançou a segunda melhor nota do País (737,88). Com menos alunos, conseguem elevar a média e subir no ranking. No País, as primeiras posições são de escolas de nível socioeconômico alto ou muito alto, segundo os parâmetros do Inep exceto aquelas cujas informações estão incompletas. Para a diretora executiva do Movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, a divulgação dos resultados do Enem está cada vez mais abrangente. “Está evoluindo ano a ano, com novos recortes. Sempre parece que um assunto se sobressai.” Priscila ressalta, no entanto, que as notas não podem servir como “garantia” de boa qualidade. “Não há garantia de que o filho matriculado na escola com boa nota vai ter aquele resultado. Depende da turma em que ele está, dos professores. Há uma desigualdade muito grande até dentro das escolas”. Públicas. A média das públicas de São Paulo também cresceu em 2014, mas é 10,6% menor do que a das privadas. A rede pública, com escolas estaduais, federais e municipais, registrou 563,48 pontos. Assim como no País, as técnicas - que não são vinculadas à Secretaria Estadual da Educação - lideram o ranking. A melhor escola controlada pela secretaria estadual, a Professor Eduardo Velho Filho, em Bauru, está em 457.º lugar entre as públicas do País. O professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Ocimar Alavarse diz que é “inaceitável” a diferença. “Estamos no Estado mais rico da nação, e o desempenho das escolas está quase estagnado.” A pasta defendeu que a rede é inclusiva, e o resultado mostra avanço. 06/08/15 O ESTADO DE S. PAULO 06/08/15 METRÓPOLE O ESTADO DE S. PAULO 06/08/15 METRÓPOLE O ESTADO DE S. PAULO 06/08/15 METRÓPOLE O ESTADO DE S. PAULO 06/08/15 METRÓPOLE O ESTADO DE S. PAULO 06/08/15 METRÓPOLE 06/08/15 O ESTADO DE S. PAULO 06/08/15 METRÓPOLE 06/08/15 06/08/15 O ESTADO DE S. PAULO 06/08/15 METRÓPOLE 06/08/15 O ESTADO DE S. PAULO 06/08/15 METRÓPOLE O ESTADO DE S. PAULO 06/08/15 METRÓPOLE O ESTADO DE S. PAULO 06/08/15 METRÓPOLE O ESTADO DE S. PAULO 06/08/15 METRÓPOLE 27% das escolas pobres não teriam Fies ISABELA PALHARES, LUIZ FERNANDO TOLEDO, PAULO SALDAÑA E VICTOR VIEIRA O ESTADO DE S. PAULO Média dos alunos das unidades está abaixo da rede e não alcançou o mínimo necessário para conseguir Financiamento Estudantil As escolas públicas que atendem os estudantes mais pobres do País têm uma média 7% menor no Enem 2014 do que a nota geral das redes estatais. Essas unidades são as que têm nível socioeconômico considerado muito baixo ou baixo pelo governo. Das 770 escolas nessas condições, 27% não alcançaram média mínima para que os alunos tenham acesso ao Financiamento Estudantil (Fies). Com as novas regras do programa federal de financiamento, que passaram a valer neste ano, apenas estudantes que conseguirem média de 450 pontos no exame nas quatro áreas da prova poderão concorrer a uma das vagas do Fies. O programa é voltado para estudantes carentes e vindos de escolas públicas que não podem pagar as mensalidades em instituições particulares de ensino superior. Na lista das escolas públicas com alunos mais pobres, 210 não conseguiram superar a média de 450 pontos. A maioria (71%) ficou entre 450 e 500 pontos. Somente 13 escolas (2% desse grupo) superaram os 501 pontos. Se considerarmos a média da rede particular (557,98 pontos), nenhuma fica acima. Os números mostram que essas escolas registraram uma média de 458,92 na parte objetiva da prova. O resultado da rede pública foi de 490,99. A partir de informações de renda indireta - como bens materiais - e a escolaridade dos pais dos alunos que fizeram o Enem, o Inep chegou a sete níveis socioeconômicos que variam entre muito baixo e muito Alto. A nota mínima no Enem para o Fies foi adotada pelo governo com o objetivo de melhorar a qualidade dos alunos, mas o critério pode atingir os mais pobres. Várias pesquisas indicam de que o nível socioeconômico do aluno, e não só a escola, é um fator preponderante no sucesso escolar. Apoio. Para a diretora do Movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, a exigência de nota mínima pode elevar o desempenho desses estudantes. “É importante ter algo que puxe a nota dos alunos, que eles tenham um grande desafio para atingir essa nota.” Ela acredita que unidades que não atingem nem a média do Fies devem ter apoio técnico e financeiro dos governos federal e estaduais. “Estas escolas, de certa forma, estão negando o acesso desses alunos ao ensino superior. E esse aluno, que é de nível socioeconômico baixo, não vai ser admitido em nenhuma instituição. Só pelo Fies.” 06/08/15 O ESTADO DE S. PAULO 06/08/15 METRÓPOLE O ESTADO DE S. PAULO 06/08/15 METRÓPOLE CORREIO BRAZILIENSE 06/08/15 CIDADES CRISE NO GDF » Auditoria aponta dívida de Agnelo Segundo estudo realizado por técnicos do Tribunal de Contas, o petista deixou um rombo de R$ 2,2 bilhões que não foram inscritos em restos a pagar. Aliados do ex-governador reclamam de politização do processo e cerceamento do direito de defesa » HELENA MADER Servidores protestam contra atraso de salários: folhas de Educação, Saúde e Previdência são 47% da dívida O Tribunal de Contas do Distrito Federal vai julgar as contas do último ano de gestão de Agnelo Queiroz (PT) em 16 de setembro, em meio a um clima desfavorável ao ex-governador. Auditoria realizada por técnicos do TCDF e divulgada ontem pela Corte apontou que Agnelo teria descumprido a Lei de Responsabilidade Fiscal. Segundo o documento, o petista ordenou despesas no ano passado sem deixar recursos em caixa para quitá-las. O levantamento indicou gastos de R$ 2,2 bilhões da competência de 2014 que não foram inscritos em restos a pagar. Aliados do ex-governador denunciam a politização do caso e reclamam da falta de direito de defesa. Na sessão de terça-feira, o relatório entrou na pauta de votações. O relator do caso, conselheiro Manoel de Andrade, defendeu a aprovação do texto na íntegra, mas os conselheiros Anilcéia Machado e Inácio Magalhães Filho votaram pela abertura de prazo para que a administração de Agnelo Queiroz possa rebater os pontos apresentados pelos auditores do tribunal. O relatório destaca que a realização de despesas sem a previsão de recursos para o devido pagamento pode onerar o orçamento do ano seguinte. Uma das principais reclamações do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) tem sido a falta de recursos por conta de dívidas herdadas do antecessor. “A prática mencionada tem o potencial de interferir no cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, além de impactar diretamente a fidedignidade das informações sobre a situação patrimonial, orçamentária e financeira do Distrito Federal”, argumentaram os auditores no levantamento. Rombo As despesas com folhas de pagamento das secretarias de Educação e de Saúde, somadas às do Instituto de Previdência dos Servidores do DF, responderam por 47% dos R$ 2,2 bilhões não inscritos em restos a pagar. A atual gestão alega que o rombo total nas contas chega a R$ 3,1 bilhões. Os técnicos de Rollemberg contam ainda R$ 900 milhões que teriam sido previstos no orçamento sem o correspondente em caixa. Segundo os técnicos do Tribunal de Contas, ao fim de 2013, a situação financeira do DF já era complicada, com deficit de quase R$ 350 milhões. “No entanto, o que se constatou foi que a situação, já ruim, restou agravada.” O Código Penal Brasileiro tipifica como crime a realização de gastos nos dois últimos quadrimestres do ano final de mandato, caso as despesas não possam ser pagas no mesmo exercício financeiro. A conta pode ficar para o exercício seguinte, desde que haja disponibilidade em caixa. A pena definida é de 1 a 4 anos de reclusão. Além disso, há danos políticos: em caso de reprovação das contas, a Lei da Ficha Limpa prevê inelegibilidade. Em dezembro do ano passado, Agnelo Queiroz assinou dezenas de 06/08/15 decretos para cancelar empenhos. “As tentativas tardias de conferir equilíbrio às contas públicas do DF nos últimos meses do exercício de 2014 não surtiram todos os efeitos desejados”, diz um trecho do levantamento. Defesa Pessoas próximas a Agnelo reclamam do trâmite do processo. Elas alegam que o Tribunal de Contas tentou aprovar o relatório da auditoria na sessão da última terça-feira, sem dar prazo de defesa ao ex-governador. O distrital Chico Vigilante (PT) diz que o TCDF politiza a análise das contas do governo passado. “O relator é o Paulo Tadeu, mas ele está de atestado. Passaram para as mãos do conselheiro Manoel de Andrade, que queria a todo custo votar sem garantir direito de defesa ao Agnelo. Felizmente, barraram esse absurdo e garantiram prazo de 15 dias para a defesa”, explica. “É vergonhosa a politização desse processo. As contas de (José Roberto) Arruda de 2009 ainda não tiveram nem parecer e querem fazer a discussão sobre as contas de 2014 dessa forma atropelada.” O advogado de Agnelo Queiroz, Paulo Guimarães, explicou que o ex-governador vai prestar os esclarecimentos necessários no prazo de 15 dias fixado pelo TCDF. “Ele vai se manifestar para que o tribunal possa discernir se isso que foi apontado está correto ou não. Não foi um achado definitivo”, explica Paulo. “Não houve qualquer irregularidade. Se algumas despesas não foram inscritas em restos a pagar, é preciso apontar o motivo. Fizeram somente um apanhado parcial por meio de editais publicados no Diário Oficial. É preciso ver os contratos, os processos e analisar minuciosamente. Boa parte das análises dos auditores foi feita por amostragem”, comenta o advogado. CORREIO BRAZILIENSE 06/08/15 CIDADES - EIXO CAPITAL Negócio de família A Secretaria de Educação alugou um imóvel situado na Quadra 25 do Paranoá, de propriedade da família de Renato Malcotti, denunciado na Operação Caixa de Pandora. Pelo contrato, feito sem licitação, o governo vai pagar R$ 174,5 mil para permanecer um ano no local, a partir de março de 2015. Malcotti foi denunciado como operador de um esquema de irregularidades justamente na Secretaria de Educação. CORREIO BRAZILIENSE 06/08/15 CIDADES EDUCAÇÃO » DF tem colégio entre os melhores Escola particular da capital ficou com a 29ª maior média no Enem de 2014, de acordo com lista divulgada pelo Inep. Entre as públicas, a mais bem colocada foi o Colégio Militar de Brasília DF (691,17), seguido pelo Olimpo de Águas Claras (689,97). As três escolas também ficaram nos primeiros lugares do ranking de notas da redação: o Olimpo, com 777,37; o Ideal, com 767,27; e o Olimpo de Águas Claras, com 754. » PALOMA SUERTEGARAY Beatriz estuda no Olimpo, que obteve a melhor colocação em Brasília: professores sempre prontos para ajudar Apenas um colégio do Distrito Federal ficou entre os 50 melhores do país, segundo as notas do Exame Nacional do Ensino Médio de 2014 (Enem) divulgadas ontem pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O mais bem colocado da capital foi o Olimpo, com a 29ª colocação geral do país. Os alunos do colégio alcançaram a média de 713,09 pontos, considerando as notas da prova objetiva e da redação. O Colégio Ideal ficou com a segunda maior nota entre as melhores escolas do Disciplina, exigência e acompanhamento próximo do desempenho dos alunos são os principais ingredientes das instituições que ocupam o topo do ranking. No caso da estudante do 3º ano do Colégio Olimpo Beatriz Santana, 16 anos, a dedicação faz parte da busca por uma vaga no curso de medicina da Universidade de Brasília (UnB). Para alcançar a meta, tem aulas de manhã e revisa as matérias à tarde. “Faço muitos exercícios para ajudar a fixar o conteúdo”, conta. “Os professores são muito bons e estão sempre a postos para ajudar, o que me faz sentir mais bem preparada”, completa. Entre os estudantes da unidade de Águas Claras do colégio, a dedicação também é intensa. Cairo Lucas Oliveira Silva, 16, chega ao colégio Às 7h10 e fica por lá até as 22h. “Os professores me passam uma segurança muito grande de que estou sendo bem direcionado”, diz. Os alunos do Colégio Ideal não ficam para trás quando o assunto é se esforçar para conseguir uma boa nota no Enem. Brenda Kennedy, moradora de Taguatinga e estudante do 3º ano, pretende estudar engenharia elétrica na UnB e não economiza nas horas de estudo. Segundo a jovem, o suporte oferecido pelo corpo docente é um diferencial para ter um bom desempenho na prova. “Além de oferecer monitorias, a escola tem uma orientadora que nos ajuda a planificar os estudos”, descreve. De acordo com o diretor da instituição, Roberto Cavalcante, o clima de imersão dos alunos no processo de preparação para os exames de admissão na UnB serve como incentivo. “Eles respiram vestibular e Enem desde que entram na escola e ficam empolgados”, diz. Disciplina Entre as escolas públicas do DF, o Colégio Militar de Brasília ficou com a maior média, com 609,24 pontos, na 22ª colocação (veja o ranking). Em segundo lugar, vem o Colégio Militar Dom Pedro II, com nota 600,48. “Para alcançar a boa colocação, o colégio se norteia por três elementos: a disciplina com o comportamento do aluno, o planejamento de atividades entre professores e coordenadores e o sistema de condecorações para os alunos que tirarem as melhores 06/08/15 notas, como forma de incentivo”, explica o chefe de departamento de ensino da instituição, tenente Rubens Gontijo. Os últimos postos do ranking geral do DF também ficaram com escolas públicas: o CED 15 de Ceilândia (468,12), o CED123 de Samambaia (466,92), e o CED 416 de Santa Maria (461,88). No total, a tabela divulgada pelo Inep inclui 183 escolas do DF. Para o professore Remi Castioni, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (FE/ UnB), o perfil dos alunos no DF pode ajudar a explicar porque apenas uma escola local está entre as 50 melhores no Enem, critério para ingressos em instituições públicas de ensino superior. “Em Brasília, a oferta do ensino superior privado é proporcionalmente maior do que no resto do Brasil e há uma tendência que as pessoas migrem para essas escolas”, afirma. 06/08/15 06/08/15 CORREIO BRAZILIENSE 06/08/15 CIDADES EDUCAÇÃO » Novas escolas em destaque no Enem Instituições do Norte e do Centro-Oeste ganham espaço entre as melhores do exame: nas 20 primeiras colocadas, sete são dessas regiões. Nota em matemática foi a única a apresentar piora Goiás. O perfil, contudo, é similar. Apenas uma é pública e, das 14 que informaram dados de renda, 11 tiveram o indicador socioeconômico (Inse) no nível mais elevado. Na performance geral, das quatro áreas avaliadas nas provas objetivas, houve piora apenas em matemática. » Marcella Fernandes O ministro Renato Janine Ribeiro destacou o impacto das condições socioeconômicas nas notas Escolas fora do eixo Sudeste ganharam destaque entre aquelas com melhor desempenho na edição de 2014 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No grupo das 20 com as maiores médias — calculadas pelo Correio a partir de dados do Instituto de Pesquisas e Estudos Educacionais Anísio Teixeira (Inep) —, cinco são do Nordeste e duas do Centro-Oeste, sendo a primeira no estado de Os resultados divulgados pelo Inep incluem as médias das notas de 1.295.954 estudantes que finalizaram as cinco etapas da avaliação — linguagens, ciências humanas, ciências naturais, matemática e redação — em 15.640 escolas. Para entrar na lista, pelo menos 10 alunos da instituição precisavam ter feito o Enem e com taxa de participação igual ou superior a 50%. Neste ano, foi incluído o indicador de permanência na escola, que mostra o percentual de alunos que cursaram os três anos do ensino médio na mesma instituição, a fim de avaliar a participação do colégio na formação do indivíduo. Em nove instituições que aparecem entre as 20 melhores, menos de 20% dos estudantes cursaram todos os anos dessa etapa do ensino na mesma instituição. Tanto o Inep quanto o Ministério da Educação (MEC) destacaram a importância dos fatores socioeconômicos nas comparações. No grupo em que o Inse é muito alto, a média é de 611 pontos. Já no extremo oposto, o número cai para 429 pontos. “Esse talvez seja o indicador mais cruel. Pela simples loteria da condição social da criança e do adolescente, ela pode perder um terço da nota”, disse o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro. Ele lembrou que a atuação da pasta é limitada nesses casos. “Quanto aos fatores que dependem da escola (no aproveitamento do aluno), podemos interferir mediante políticas do MEC, das secretarias estaduais e municipais. Porém, há fatores que são externos”, completou. Na avaliação de especialistas, no entanto, esse não pode ser um entrave para a melhoria do ensino. “Isso não pode ser uma desculpa. Não é determinante que o aluno pobre vá aprender menos e o aluno rico vá aprender mais. Isso é entregar os pontos e desistir da gestão”, defende Priscila Cruz, diretora executiva do movimento Todos pela Educação. Para o professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Remi Castioni, o avanço do agronegócio no CentroOeste e investimentos de infraestrutura no Nordeste são fatores que explicam a ampliação de escolas fora do Sudeste no top 20. “É uma questão de renda das famílias. Você tem algumas capitais que se destacam no cenário nacional. Em Goiânia, você 06/08/15 concentra uma elite ligada ao agronegócio, por exemplo”, explica. Mudanças No desempenho geral, houve melhora em linguagens, ciências da natureza e ciências humanas. Já em matemática, foi registrada queda de 544 pontos para 511 pontos. Para Mozart Neves Ramos, diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, a forma como a disciplina é lecionada é ineficaz. “Historicamente, tem uma diferença radical entre a escola e o mundo em que vive esse jovem”, observa. A deficiência na qualificação de professores especializados também foi apontada como fator negativo. De acordo com Mozart, apenas 45% dos docentes do ensino médio da disciplina têm formação adequada. Para Eduardo Deschamps, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), os resultados devem servir como base para a elaboração de políticas específicas em cada unidade da Federação. “Um diretor bem preparado é aquele que pega os resultados da avaliação, chama sua equipe pedagógica, faz uma análise e tenta identificar que ações ele pode fazer com as secretarias de Estado para corrigir as deficiências que eventualmente foram identificadas naquela escola”, afirma. Classificação O Correio calculou o ranking das 20 escolas com melhor desempenho a partir da média das notas de redação, ciências humanas, ciências da natureza, linguagens e matemática, de acordo com dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A metodologia é a mesma usada pelo Ministério da Educação (MEC) para comparar o desempenho em categorias como indicadores socioeconômicos, porte da escola, formação docente e permanência do aluno na instituição. Fatores em jogo O indicador tem sete níveis e considera renda familiar, ocupação e escolaridade dos pais dos alunos. No nível mais elevado, os alunos possuem variados bens domésticos, como duas ou mais geladeiras, três ou mais carros e duas ou mais TVs por assinatura em casa. A renda familiar mensal é acima de 12 salários mínimos e os pais completaram a faculdade e podem ter concluído pósgraduação. No menor nível, a renda familiar é de até um salário mínimo e os pais nunca estudaram ou ingressaram, mas não completaram o ensino fundamental. 06/08/15 JORNAL DE BRASÍLIA 06/08/15 POLÍTICA - ESPLANADA JORNAL DE BRASÍLIA 06/08/15 ENEM Nota 10 vem do Gama BRASIL JORNAL DE BRASÍLIA 06/08/15 BRASIL FOLHA DE SÃO PAULO 06/08/15 PODER Reprovação de Dilma cresce e supera a de Collor em 1992 71% consideram governo ruim ou péssimo, recorde da série do Datafolha Aumentou também o apoio à abertura de um processo de impeachment contra a presidente petista ALEXANDRE ARAGÃO DE SÃO PAULO Com 71% de reprovação, a presidente Dilma Rousseff (PT) superou as piores taxas registradas por Fernando Collor (1990-92) no cargo, às vésperas de sofrer um processo de impeachment, mostra pesquisa Datafolha feita entre terça e esta quarta-feira (5). Questionados se o Congresso deveria abrir um procedimento formal de afastamento, 66% dos entrevistados disseram que sim. No levantamento anterior, realizado em abril, eram 63%. Também aumentou a quantidade de pessoas que acham que ela será retirada do cargo, independentemente de suas opiniões sobre um eventual processo de impeachment. Em abril, 29% diziam que a presidente seria afastada do Planalto. Agora, 38% disseram achar que Dilma sofrerá um impeachment. No levantamento anterior, realizado na terceira semana de junho, 65% dos entrevistados viam o governo Dilma como ruim ou péssimo. Os números registrados pelo Datafolha na pesquisa desta semana são os piores desde que o instituto iniciou a série de pesquisas em âmbito nacional, em 1990, no governo Fernando Collor. O grupo dos que consideram a atuação da petista ótima ou boa variou para baixo, dentro da margem de erro de dois pontos percentuais. Em junho, 10% dos consultados pelo Datafolha mantinham essa opinião. Agora, são 8%. O atual senador pelo PTB-AL, investigado na Lava Jato, era até agora o recordista de impopularidade na série do Datafolha, com 9% de aprovação e 68% de reprovação na véspera de seu impeachment, em setembro de 1992. O cenário piorou para a presidente Dilma também no que diz respeito a um eventual pedido de impeachment. Dilma, dessa forma, passa a ser a presidente com a pior taxa de popularidade entre todos os eleitos diretamente desde a redemocratização. As pesquisas Datafolha do período do governo José Sarney (1985-1990) eram feitas em dez capitais. Incomparáveis, portanto, com as seguintes. Nesse universo, Sarney registrou 68% de reprovação em seu pior momento, em meio à superinflação. REGIÕES A reprovação à presidente Dilma Rousseff é homogênea em relação às regiões do país, com índices em patamares semelhantes em todas elas. Nos locais em que seu partido, o PT, costuma ter mais reprovação, a presidente registrou taxas levemente piores. A maior taxa de reprovação foi registrada na região Centro-Oeste, 77%. No Sudeste e no Sul, 73% dos entrevistados disseram que o governo é ruim ou péssimo. Mesmo no Nordeste, região do país onde o PT costuma ter melhor desempenho eleitoral, a aprovação de Dilma é baixa. Apenas 10% dos consultados pelo Datafolha afirmaram que o governo é ótimo ou bom. Outros 66% entendem que a administração é ruim ou péssima. As taxas apuradas pelo Datafolha em relação à questão do impeachment também são 06/08/15 consistentes independentemente da região do país. No Centro-Oeste, 74% acreditam que o Congresso deveria fazer tramitar um pedido de afastamento. Sul e Sudeste registram 65%. No Nordeste, o percentual é maior, porém dentro da margem de erro, com 67%. Também não há diferença relevante em relação a idade ou o sexo dos entrevistados. Os resultados tanto entre homens como entre mulheres repetem o percentual de reprovação geral, de 71%. Dilma tem reprovação levemente inferior entre pessoas com mais de 60 anos (68%). Os resultados das outras faixas etárias variam pouco, sempre dentro da margem de erro. O Datafolha entrevistou 3.358 pessoas com 16 anos ou mais em 201 municípios nas cinco regiões do país. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança do levantamento é de 95% –se fossem realizadas 100 pesquisas com a mesma metodologia, os resultados estariam dentro da margem de erro em 95 ocasiões. 06/08/15 06/08/15 Valor Econômico 06/08/15 BRASIL Pagar salário pode levar RS ao colapso, diz secretário Por Sérgio Ruck Bueno | De Porto Alegre O secretário da Fazenda do Rio Grande do Sul, Giovani Feltes, disse ontem que os serviços públicos do Estado podem entrar em colapso caso o Supremo Tribunal Federal (STF) determine o pagamento integral dos salários dos funcionários do Executivo, que foram parcelados em julho por conta da crise financeira do governo gaúcho. "Não poderíamos pagar absolutamente nada mais", afirmou o secretário. "Imagine faltar dinheiro para a gasolina dos serviços de segurança, para pagar fornecedores de alimentação das casas prisionais e da Fase [Fundação de Atendimento SócioEducativo], imagine não pagarmos mais recursos de custeio, como iluminação pública e fornecimento de água para escolas e prédios públicos", disse o secretário. No fim de julho, o Estado pagou até R$ 2,15 mil líquidos dos salários dos servidores. No dia 13 deste mês serão pagos até R$ 1 mil e o saldo restante será depositado até o dia 25. O governo estadual recorreu ao STF na tentativa de derrubar liminares do Tribunal de Justiça do Estado (TJ) que proibiam o parcelamento, mas o presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, negou o pedido e a ProcuradoriaGeral do Estado ingressou com um agravo regimental que começou a ser apreciado nesta semana. Lewandowski votou novamente contra o recurso e foi acompanhado pelos ministros Edson Fachin e Marco Aurélio, mas Teori Zavascki pediu vistas e suspendeu o julgamento. Ao mesmo tempo, a Federação Sindical dos Servidores Públicos do Estado (Fessergs) pediu que o STF decrete intervenção federal no Rio Grande do Sul por descumprimento das decisões do TJ e ontem à noite o governador José Ivo Sartori (PMDB) reuniuse com os ministros Zavascki, Roberto Barroso e Celso de Mello para expor a crise das finanças estaduais. Depois, em nota, Sartori pediu "tolerância e compreensão para vencermos os desafios". Ontem, Feltes disse que a decisão do STF será cumprida, mas também pediu "razoabilidade, sensibilidade e bom senso" aos ministros do Supremo tanto nos julgamentos do recurso do Estado quanto no pedido de intervenção. De acordo com Feltes, os vencimentos de julho do funcionalismo gaúcho foram parcelados por "impossibilidade material" e a crise deve ser ainda mais aguda neste mês. Em palestra na Federação das Associações Comerciais do Estado (Federasul), o secretário voltou a afirmar que o Estado deve fechar o ano com um déficit financeiro de R$ 5,4 bilhões e admitiu que o governo pode enviar nos próximos dias à Assembleia Legislativa uma proposta para aumentar as alíquotas do ICMS, assim como para elevar o limite de saques dos depósitos judiciais não tributários de 85% para 95%. Os depósitos judiciais tributários já são usados integralmente pelo Estado. O plano de ampliar de 17% para 18% a alíquota básica do ICMS e de 25% para 30% a incidente sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações não agrada aos empresários. "Registramos o nosso alerta condenando a tentativa de propor aumento de carga tributária", disse o presidente da Federasul, Ricardo Russowsky. Segundo ele, o Estado precisa de soluções "estruturais" como concessões em infraestrutura, "gestão responsável", venda de imóveis e estatais "que não cumprem com sua finalidade" e criação de um fundo para cobrir as despesas crescentes com servidores aposentados. Valor Econômico 06/08/15 EMPRESAS Uniasselvi deve ficar com fundos Por Vinícius Pinheiro e Vanessa Adachi | De São Paulo Os fundos Carlyle e Vinci Partners entraram em negociações exclusivas para a aquisição da Uniasselvi, instituição de ensino a distância controlada pela Kroton. A negociação agora está no fim do processo de auditoria e negociação de contratos e caminha para ser fechada por cerca de R$ 1 bilhão, conforme apurou o Valor. A proposta conjunta das duas gestoras que investem em participações em empresas (private equity) foi considerada mais atrativa que a do Grupo Cruzeiro do Sul. Se o preço for confirmado, a Uniasselvi será avaliada em pouco menos de dez vezes o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda), uma medida de geração de caixa. Procurados, os fundos e a Kroton não comentaram o assunto. A desvalorização recente das ações da Kroton chegou a levantar no mercado dúvidas sobre a continuidade das negociações ou sobre mudança do parâmetro de preço. A avaliação dos fundos, porém, é que o perfil da Uniasselvi, que não é dependente de programas do governo como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), torna a companhia menos ligada às oscilações da Kroton na bolsa. Desde o fim de junho, os papéis da companhia acumulam queda de 22,6%. A compra da Uniasselvi, se concretizada, representará o segundo grande investimento do Carlyle no mercado brasileiro neste ano. Em abril, a gestora americana fechou a compra de uma participação de 8% do capital da Rede D'Or, maior grupo de hospitais do país, por R$ 1,75 bilhão. A gestora está capitalizada após fechar a captação de um fundo local de R$ 700 milhões e também conta com recursos de investidores no exterior. Caso o negócio com os fundos não saia, a proposta do Grupo Cruzeiro do Sul ganharia força, apesar da maior complexidade. A empresa de educação, que desde 2012 tem a gestora britânica Actis como sócia, propôs a combinação de seus ativos com os da Uniasselvi, com a criação de uma nova empresa listada em bolsa. Ou seja, todos os acionistas da Kroton passariam a ser acionistas também dessa nova companhia, depois de uma cisão das ações. O valor da proposta depende, portanto, da relação de troca das ações das duas companhias na negociação. Com a desvalorização recente dos papéis da Kroton na bolsa, essa conta ficaria mais fácil de fechar. A aquisição da Uniasselvi ampliaria a participação de alunos em ensino a distância, um dos segmentos que mais cresce na área de educação, de 30% para aproximadamente 50% do total na Cruzeiro do Sul. A venda da Uniasselvi faz parte das exigências feitas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para aprovar a fusão da Kroton com a Anhanguera Educacional. O órgão aprovou o negócio com restrições em maio do ano passado. Valor Econômico 06/08/15 EMPRESAS Investidores estão de olho em escolas do ensino médio Por Beth Koike | De São Paulo A lista dos melhores colégios no Enem que, normalmente atrai o interesse de alunos e pais, agora também está no radar dos investidores. Não à toa. O mercado de escolas de ensino fundamental e médio é considerado o próximo boom do setor da educação. E, ao contrário do que ocorreu na consolidação do ensino superior, que priorizou a quantidade de alunos, a qualidade do ensino do colégio tem sido um item relevante nas análises de aquisição. A nota do Enem também é hoje o balizador para a entrada em universidade federais, obtenção do Fies e do ProUni. No ranking dos 20 melhores colégios, elaborado pelo Valor que considerou a média das quatro provas do Enem (matemática, português, ciências humanas e naturais) - cinco deles são do Grupo Eleva, holding de escolas que tem entre seus investidores os empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Claudio Haddad. Formado há apenas dois anos, o Eleva é formado pelos colégios Pensi e Elite, no Rio de Janeiro, e Coleguium, em Minas Gerais, cujas aquisições totalizaram R$ 100 milhões. O interesse do Eleva agora são os colégios no Norte e no Nordeste, onde as universidades usam o Enem para selecionar seus alunos. Em Fortaleza, Ari de Sá, Christus e Farias Brito estão, novamente, entre os melhores colégios do país. A lista é encabeçada pelo Objetivo que, frequentemente, é assediado por investidores. Mas os critérios usados pelo Objetivo são questionados pelo setor pois o grupo reúne em uma única unidade seus melhores alunos. Outra gigante que está de olho no ensino básico é a Kroton. Ela divulga no fim do mês seus projetos nesta área, mas já adiantou que priorizará aquisições de colégios com marcas fortes. A Kroton chega capitalizada, uma vez que está prestes a vender a Uniasselvi por cerca de R$ 1 bilhão. O setor tem outros grupos em processo de consolidação. Entre eles, merecem destaque a Abril Educação que é dona dos colégios pH, no Rio de Janeiro; Motivo, em Recife, Sigma, em Brasília, e Máxi, em Cuiabá. Há ainda a Eduinvest, com os colégios Anhembi-Morumbi e Anchieta, em São Paulo, e o Grupo SEB que conta com cerca de 50 escolas. 06/08/15 FOLHA DE SÃO PAULO 06/08/15 Giz A Secretaria de Educação nega que a pasta não tenha feito inaugurações neste ano –como reclamou Alckmin. Diz que já foram abertas 23 escolas e 24 creches. PAINEL FOLHA DE SÃO PAULO 06/08/15 COTIDIANO Abismo entre escolas ricas e pobres recua Enem de 2014 mostra piora na média dos colégios com alunos mais ricos e melhora naqueles com os de baixa renda Especialistas, porém, recomendam cautela na análise da posição das escolas nesse tipo de avaliação nacional DE SÃO PAULO DE BRASÍLIA A distância entre o desempenho das escolas ricas do país em relação aos colégios com público de baixa renda caiu no Enem do ano passado. Mas ainda há um abismo. Os dados do exame foram divulgados pelo Ministério da Educação nesta quarta (5). Para calcular a média dos colégios, a Folha considerou as quatro provas objetivas ""linguagem, matemática, ciências humanas e da natureza. Pelo segundo ano, o governo divulgou também um indicador socioeconômico de cada instituição. Distribuído em sete níveis, ele é apurado com base em questionário respondido pelos alunos e que considera itens como escolaridade dos pais, posse de bens e renda familiar. Em 2014, a média das notas de escolas classificadas no nível socioeconômico "muito alto" ficou 133 pontos superior à das escolas no estrato "muito baixo". No Enem anterior, a diferença era maior – de 160 pontos. Isso aconteceu porque a média das escolas no nível alto caiu (de 599 para 587) ao mesmo tempo em que a dos colégios do nível baixo melhorou (de 439 para 454). Para o governo federal, o contexto social dos estudantes é o fator que mais influencia o desempenho escolar. "Pela simples loteria da condição social da criança e do adolescente, ela pode perder um terço da nota", disse o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro. Especialistas recomendam cautela na avaliação da posição das escolas no Enem. Dizem que avanços não significam melhora das redes de ensino, o que só é obtido com provas que apuram a qualidade da educação oferecida. Os últimos dados do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), por exemplo, apontam que o ensino médio não tem melhorado. Para quem procura um colégio ou quer saber se a matrícula está valendo a pena, as informações da avaliação são preciosas –mas sem perder de vista que o Enem não oferece um diagnóstico completo. Assim como a direção, pais e alunos são tão importantes para entender uma escola quanto as tabelas do Enem. A diretora executiva da ONG Todos Pela Educação, Priscila Cruz, defende a necessidade de uma boa gestão escolar para melhorar as chances de acesso à universidade dos estudantes com baixas condições sociais. "Uma boa política educacional tem mecanismos para neutralizar os obstáculos. Ter os melhores professores, ter equipamentos na escola que compensem a falta de livros ou de acesso à leitura que os alunos tenham em casa." RANKING O ranking nacional é liderado pelo Objetivo Integrado, colégio particular da capital paulista no topo do exame pelo sexto ano consecutivo. 06/08/15 Em último ficou a escola estadual Doutor Augusto Monteiro, na zona rural de Rio Branco (AC). A chuva no segundo dia de prova, que afastou estudantes, foi apontada pelo governo do Acre como motivo do desempenho. Ao todo, 15.640 escolas compõem o ranking, feito dentre um total de 26.255 em todo o país. Só foram divulgadas as notas de instituições com mais de dez alunos no 3º ano do ensino médio e onde mais da metade desses estudantes fez a prova. O MEC destacou avanços na média dos alunos nas provas objetivas ""houve queda apenas em matemática. Se em 2013 a pontuação média de alunos de escolas públicas e privadas nessa área foi de 544 pontos, no ano passado, o índice atingido foi de 511. O maior salto, em contrapartida, foi verificado em ciências humanas: de 537 pontos para 565 –28 pontos de diferença. (ADRIANO QUEIROZ, ANDRÉ MONTEIRO, FÁBIO TAKAHASHI, FLÁVIA FOREQUE, LAURA LEWER E THIAGO AMÂNCIO) FOLHA DE SÃO PAULO 06/08/15 COTIDIANO Escolas com alunos 'importados' ficam no topo do Enem Em metade dos dez colégios líderes de ranking, maioria dos alunos fez 1º ou 2º ano do ensino médio em outras unidades "indicador de permanência na escola", mostra a proporção de alunos que participaram do ensino médio completo em cada unidade. Indicador relativiza até que ponto escola vai bem por formar alunos ou por atraí-los na reta final do ensino médio A informação ajuda a relativizar até que ponto uma escola vai bem no Enem porque dá boa formação aos alunos ao longo dos anos ou porque atrai bons alunos, formados em outros colégios, na reta final do ensino médio. FLÁVIA FOREQUE DE BRASÍLIA VENCESLAU BORLINA FILHO DE CAMPINAS LAURA LEWER DE SÃO PAULO THIAGO AMÂNCIO DE SÃO PAULO Das cem escolas com maiores notas no Enem 2014, em 15 a maioria dos alunos fez aulas do 1º ou 2º ano do ensino médio em outro colégio. A tendência é ainda mais acentuada entre as dez primeiras do ranking. Em metade delas, predominam alunos "importados" na reta final –menos de 20% deles cursaram todos os anos do ensino médio na mesma unidade. Essa análise é possível a partir de um novo dado divulgado pelo Inep (órgão do Ministério da Educação). Chamado de A estratégia de colégios de formar unidades de elite, com alunos de alto desempenho, às vezes só nos anos finais, para despontar entre os melhores foi motivo de críticas ao ranking em anos anteriores. Para educadores, esse mecanismo distorce a realidade, já que tais escolas não estão acessíveis para todos. As unidades, por outro lado, argumentam que formar turmas com esse perfil pode ter impacto positivo no ensino. "Tem muita escola que tem cinco turmas no 1º ano e três no 3º ano. Há um processo de exclusão. São escolas tão pequenas que quase não têm vagas", pondera Chico Soares, presidente do Inep. Do total de 15.640 escolas que tiveram as médias no Enem 2014 divulgadas neste ano, 3% têm alunos recém-chegados, onde menos de 20% cursaram todos os anos do ensino médio na mesma unidade. Entre as 10% melhores, esse percentual sobe para 5,4% – e segue crescendo conforme mais se aproxima do topo do ranking. OLÍMPICOS O colégio Objetivo Integrado aparece no topo do ranking com melhor pontuação em provas objetivas do Enem pelo sexto ano seguido. "Os meninos que procuram nossa escola já são meninos olímpicos, que gostam de estudar", diz a diretora Maria Luiza Guimarães. A escola tem um indicador de permanência entre 60% e 80% – ou seja, a maioria dos seus alunos permanece na unidade ao longo do ensino médio. Provas que simulam a do Enem são regulares. Já a segunda no ranking, Farias Brito, do Ceará, tinha ao menos 80% dos alunos vindos de outras três unidades da instituição. O presidente do colégio, Tales de Sá Cavalcante, nega que a transferência seja estratégia para 06/08/15 melhorar no ranking. Ele afirma que a unidade tem grupos de estudos específicos para grandes vestibulares, como ITA, USP e Unicamp, e que isso atrai estudantes de outras unidades. O Colégio Olimpo, de Goiânia, terceiro no ranking, atribui a baixa taxa de permanência escolar em 2014, inferior a 20%, ao fato de a escola ter aberto uma unidade de ensino integral. "Com a criação do pedagógico voltado para os vestibulares, alunos que já estavam no Olimpo passaram para a nova unidade", afirma Rodrigo Bernardelli, diretor da escola goiana. O colégio carioca Ponto de Ensino, sétimo no ranking e com baixa taxa de permanência, diz ser comum alunos entrarem no terceiro ano para ir melhor no vestibular. "A nossa escola é inclusiva e aceita alunos em qualquer ano", diz Marcio Cohen, diretor da escola. FOLHA DE SÃO PAULO 06/08/15 COTIDIANO Colégios técnicos puxam melhora de públicos no topo DE SÃO PAULO DE BRASÍLIA A presença de escolas públicas entre as melhores médias do Brasil no Enem avançou novamente em 2014, embora ainda seja minoritária. A elite das escolas públicas é formada por uma maioria de colégios federais, que geralmente têm cursos técnicos ou são ligados a universidades e fazem seleção de alunos. Entre os 10% dos colégios mais bem colocados no exame, 9,4% eram públicos. Desses, dois terços são federais e um terço, estaduais –boa parte com cursos técnicos. No Enem 2013, eram 7,3% escolas públicas entre as melhores no exame –no primeiro avanço em quatro anos. Essa participação passou a cair em 2009, quando houve a ampliação do Enem, que passou a funcionar, na prática, como um vestibular para selecionar calouros das universidades federais. Apesar do novo avanço, a escola pública com melhor média aparece só na 22ª posição do ranking: Instituto Federal do Espírito Santo, em Vitória, colégio técnico que seleciona seus alunos. No último Enem, o público com maior nota –colégio de aplicação da UFV (Universidade Federal de Viçosa-MG)– aparecia na 12ª posição. Nos resultados de 2012, a mesma escola figurava em 7º, mas em 2014 ela aparece em 32º. Especialistas veem com cautela os resultados das escolas no Enem. Eles ponderam que avanços no ranking não significam necessariamente melhora das redes de ensino, o que só é obtido com provas que apuram a qualidade da educação, como a Prova Brasil. FOLHA DE SÃO PAULO 06/08/15 COTIDIANO Pelo 3º ano, SP perde vantagem sobre a rede pública do país Distância entre a rede estadual paulista em relação ao ensino nos outros Estados vem caindo desde 2012 Procurada, gestão Alckmin (PSDB) não comentou desempenho no Enem 2014 até a conclusão desta edição DE SÃO PAULO A nota média das escolas estaduais de São Paulo no Enem cresceu no ano passado. A distância entre a rede pública paulista em relação ao ensino nos outros Estados do país, porém, caiu pelo terceiro ano consecutivo. Em 2014, a nota média das escolas paulistas foi de 506 pontos, enquanto o conjunto de escolas públicas estaduais das outras unidades da federação teve nota 489 –uma diferença de 21 pontos. No Enem anterior, essa distância havia sido de 22 pontos, e, na edição de 2012 da mesma prova, era de 26. Para calcular as médias, a Folha considerou as notas das escolas nas quatro provas objetivas do Enem –linguagem, matemática, ciências humanas e da natureza. Só foram incluídas no cálculo as notas divulgadas em cada ano pelo Ministério da Educação. Escolas pequenas ou com baixa participação no exame não tiveram as médias divulgadas pela pasta. Procurada, a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) não comentou o desempenho da rede paulista no Enem de 2014 até a conclusão desta edição. ELITE A participação das escolas públicas e privadas de São Paulo na elite do Enem voltou a crescer no ano passado. No conjunto de 10% dos colégios de todo o país mais bem colocados no exame, 34% eram paulistas. Na edição anterior, eram 32%. A maior parte dos colégios paulistas nesse grupo de elite é da rede particular. As escolas estaduais representam apenas 7% do grupo, e todas são escolas técnicas, que selecionam seus alunos. AVANÇO Em debate promovido pelo Instituto Unibanco na semana passada, representantes de secretarias estaduais de educação defenderam que o ensino médio depende de melhorias nas séries anteriores para avançar. Segundo tabulação da ONG Todos pela Educação, apenas 10% dos alunos se formam no ensino médio com o conhecimento adequado em matemática, patamar com poucas variações desde 2005. Ghisleine Trigo, coordenadora na secretaria paulista, afirmou no evento que 20% dos alunos que chegam ao ensino médio já estão acima da idade ideal para esta etapa de ensino –15 anos. São alunos que reprovaram no ensino fundamental ou largaram temporariamente os estudos. Pesquisas na área mostram que estudantes com esse perfil tendem a ter notas mais baixas. "Você não resolve essa defasagem aqui no ensino médio. Tem de ser no fundamental, deixando a escola mais atraente", afirmou Trigo. Os Estados, responsáveis pelo ensino médio público no país, concentram 85% das matrículas 06/08/15 nessa etapa. As séries anteriores, do fundamental, estão sob responsabilidade tanto dos Estados quanto dos municípios. Debatedores afirmaram também que a qualidade do ensino médio depende de outros fatores, como a necessidade de uma nova organização –a atual é considerada muito fragmentada pelas matérias obrigatórias. O pesquisador da USP Reynaldo Fernandes lembrou que os resultados do ensino fundamental já melhoram desde ao menos 2005, o que ainda não refletiu na qualidade dos alunos mais velhos que chegam ao ensino médio. Para Fernandes, ex-presidente do Inep (instituto do MEC responsável pelo Enem), as explicações dadas pelos gestores são insuficientes para explicar por que o ensino médio não melhora. "Os problemas tratados aqui são de hoje, ontem e anteontem, não são novos." FOLHA DE SÃO PAULO 06/08/15 COTIDIANO FOCO 'Vestibulinho' e violência separam a melhor e a pior escola de SP LAURA LEWER THIAGO AMÂNCIO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, Um total de 33 km, distância que na cidade de São Paulo representa duas horas dentro de um ônibus, separa as escolas estaduais com a melhor e a pior média do Enem do ano passado na capital. A melhor delas fica no bairro de Pinheiros, área nobre da zona oeste. Além de muros pichados, a escola estadual Professor Antônio Alves Cruz tem 360 alunos e recebeu nota média de 525,5 pontos no exame de 2014. Na prática, ele foi o "melhor" colégio público da capital, numa lista que exclui as escolas técnicas, federais e ligadas a universidades. "O ensino é bom, a estrutura é boa e há pouco tempo fizeram uma reforma", diz a aluna Júlia Rodrigues, 15. Na escola, os alunos estudam em período integral, das 7h às 16h, com uma pausa para almoço e dois intervalos. Todos estão no ensino médio e, desde o primeiro ano, se preparam para o vestibular. "No ano passado, o pessoal foi bem porque tinham professores o ano todo, mas esse ano não vai ser a mesma coisa", diz a aluna do terceiro ano Júlia Falzoni, 17, numa referência à greve dos docentes, a maior da história no Estado. Além das disciplinas fixas, a escola oferece as eletivas, que são pensadas pelos professores para tornar o ensino mais específico. Um aluno que quer cursar arquitetura pode, por exemplo, se matricular em uma eletiva de desenho geométrico. Os alunos também fazem um PV (projeto de vida), que traça caminho de ensino coerente às suas áreas de interesse. Na PA (preparação acadêmica), professores passam noções de estudo e treinamento para provas, como o Enem. Já no extremo sul, no Jardim Varginha, fica a Escola Estadual Professor Sergio Murillo Raduan. Com grades nas portas e janelas, o colégio obteve a menor média no Enem paulistano, com 466,3 pontos. A escola é alvo de ao menos um assalto por ano, dizem alunos e professores. Em 2014, 28 computadores foram roubados durante as férias e agora não há nenhuma máquina para os estudantes. Apesar dos assaltos, professores e alunos afirmam não existir problemas de violência dentro da escola. Para uma professora do ensino médio que não quis se identificar, os resultados do Enem são explicados pelo contexto social da região, uma das mais pobres da cidade. "Temos alunos com pais presos. Como uma criança dessas vai conseguir estudar?", completa a professora.