Revisão TAI – 1º.B. A revisão apenas orienta o estudo. Estudem pelos textos utilizados, todas notas de aula e slides anteriores! Psicometria Lida com variável contínua: traços e aspectos psicológicos O fenômeno humano não tem a precisão que pode ter um fenômeno físico ou biológico. O resultado de um teste psicológico é sempre uma estimativa. Está sujeito a limitações! Por isso os ‘níveis de confiança’ sempre devem ser indicados (fidedignidade). Teste psicológico Expressa-se por escores e percentis e o psicólogo deve saber interpretá-los. Exemplo: O que representa a diferença de desempenho entre os escores 45 e 50, não é o mesmo que entre os escores 90 e 95. Percentil Indica a posição relativa em relação ao grupo de referência. A posição do percentil indica que o nível do desempenho da pessoa está igual ou acima considerando a amostra. Exemplo: um percentil na posição 70º indica que a pessoa apresenta desempenho igual ou superior considerando a amostra que pertence. Fidedignidade Quão bom é o teste. O quanto ele é confiável. Um teste necessita estar relativamente livre de erros para ser útil. Podemos utilizar mais de um método para verificar a fidedignidade de um teste (estabilidade e a consistência). A análise da fidedignidade objetiva: Reconhecer e quantificar a margem de erro nos escores obtidos. Avaliar a significância estatística. Os dados obtidos na análise da fidedignidade na interpretação de um escore são usados para derivar os limites inferiores e superiores dos escores verdadeiros do sujeito. Teste-reteste (método de fidedignidade) Reaplicação do mesmo teste no mesmo sujeito ou grupo e em iguais condições de aplicação. Os retestados devem apresentar escores equivalentes: em momentos diferentes e com diferentes examinadores. O intervalo deve evitar: efeito de memória (se muito curto) possibilidade de mudanças (se muito longo) no sujeito ou no que se avalia (conhecimento acadêmico, por exemplo). Forma alternativa ou paralela (método de fidedignidade) Aplicação de duas ou mais formas do mesmo teste em ocasiões diferentes, separados por um certo intervalo de tempo, a um ou mais grupos de indivíduos. Útil para estimar erros de amostragem de tempo e de conteúdo em testes que requerem tanto estabilidade quanto consistência de resultados. Método das metades (método de fidedignidade) Aplicação de uma única forma do teste, em uma única sessão, com itens divididos na metade: metades mais comparáveis. Após, correlaciona-se os resultados encontrados na aplicação das duas metades. Tal correlação derivará o coeficiente de fidedignidade pelo método das metades Validade “O que um teste mede e com que eficácia ele faz” (Anastasi e Urbina, 1997, p.113). Validade Antes de um teste ser considerado apto à aplicação, deve ser validado. A validação de um teste é a verificação de que ele, efetivamente, mede aquilo a que se propõe e através de quais conceitos. Devemos compilar todas as informações disponíveis: teórica, conceitual, externa e interna. Validade Um teste pode ser fidedigno - estar relativamente livre de erros de mensuração – mas, não ser útil como base para as inferências que precisamos fazer. Ao determinar a validade de um teste, objetiva-se refinar e quantificar observações comportamentais para fins de inferências a respeito de indivíduos, grupos ou construtos psicológicos. Validade de constructo Verificação do quanto, de fato, o teste mede um conceito teórico ou traço. Exige o acúmulo gradativo de informações obtidas em diferentes fontes, como especialistas, literatura e correlação com outros testes. Correlação de subtestes ou de itens com o teste geral. Evidências de validade de conteúdo Conteúdo do teste e processos de resposta Conteúdo em outros contextos de avaliação Correlações Fidedignidade dos escores Relação entre escores de testes e critérios Ponto de vista dos testandos (cooperação) Valor preditivo ou diagnóstico O teste pode servir como um indicador de uma área relativamente ampla e significativa de comportamento. Deve ser demonstrada correspondência empírica entre os itens do teste e o comportamento que se pretende avaliar. Objetiva-se a verificação da habilidade necessária ao comportamento. Validade de critério Efetividade do teste como preditor presente ou futuro do comportamento. Validade concorrente: qualidade com que a escala pode descrever um critério presente. Validade preditiva: qualidade com que a escala pode predizer um critério futuro. Usuário de testes Profissionais da educação Orientador Vocacional Profissionais de saúde Funcionários de Recursos Humanos Teste psicológico: usar ou não? Informações que a testagem oferece são necessárias para o caso? Como serão usadas essas informações? Essas informações já estão disponíveis em outras fontes? Há outras ferramentas que podem ser usadas? Quais vantagens e desvantagens? Vantagens Eficiência Objetividade Cuidados necessários Variáveis relacionadas à apresentação do teste. Variáveis relacionadas ao formato do teste. Variáveis relacionadas à linguagem. Cuidados necessários Preparação antecipada dos examinadores: Evitar urgências Preparar o material Estar familiarizado com os procedimentos de testagem Preparação do ambiente Sala sem ruídos, com ventilação, iluminação Cadeiras e espaço de trabalho adequados Impedir interrupções (aviso na porta) Rapport e orientação do testando Despertar interesse, obter cooperação e encorajar respostas adequadas Não "premiar" o examinando Com crianças pequenas: testar de forma lúdica Com crianças maiores: estimular competitividade Com adultos: destacar a importância da avaliação para o interesse do testando Em ambiente institucional: tentar contornar desconfiança, insegurança, medo. Ansiedade Sentimentos e reações fisiológicas (tensão e batimentos cardíacos elevados) Expectativa de fracasso Alteração da atenção Ansiedade pode se minimizada com: • Rapport • Desmistificação • Reassegurar e encorajar Cuidados necessários: sigilo Se o conteúdo do teste vem a público, perde-se a sua capacidade de medida, pois os escores passam a ser facilmente falseados. Não há um novo teste a cada situação de testagem. Dessa maneira, os testes devem ser resguardados para manter a sua capacidade de medir. Cuidados necessários: sigilo Devolutiva adequada das informações: psicodiagnóstico e não sobre testes. Conhecimento adequado sobre o que o teste pode revelar. Sigilo do conteúdo dos testes, a fim de não invalidá-los. Laudo: indicar informações necessárias para auxiliar outros profissionais e futuras intervenções sem expor o paciente/cliente. Inteligência Termo usado com ampla diversidade de significados. Inteligência não é habilidade única, mas um composto de várias funções. É uma combinação de várias habilidades (que tendem a aumentar com o amadurecimento) necessárias para a sobrevivência e para o avanço em uma determinada cultura. Análise fatorial Conceito de inteligência apoiado na psicometria. “...baseia-se nas diferenças individuais reveladas por uma centena de testes criados para avaliar as capacidades cognitivas. O propósito da análise fatorial é identificar subgrupos de testes que avaliam uma mesma capacidade cognitiva.” (p. 68) Análise fatorial “...se dois testes requerem uma mesma capacidade cognitiva, então pessoas que tiverem esta capacidade desenvolvida tenderão apresentar escores mais altos nos dois testes simultaneamente. Ao contrário, pessoas com menor desenvolvimento tenderão apresentar escores baixos nos dois testes simultaneamente.” (p. 68) Dados históricos Teoria Bifatorial (ou Dois fatores), Spearman (1927) Fator “g": todas as habilidades humanas têm um fator comum; geral. Fator "e": todas as habilidades humanas têm um fator específico. Embora em cada habilidade os dois fatores estejam presentes, nem sempre desempenham o mesmo papel; em algumas habilidades o fator “g" predomina; em outras, o fator "e". Teoria Bifatorial Fator “g": hipótese de “energia mental” subjacente e constante a todas as operações psíquicas. Intraindividualmente constante e interindividualmente variável. Fator "e": próprios de cada habilidade em particular. Intra e interindividualmente variável. Diferenças provenientes do fator “g": explica por que uma pessoa é relativamente mais inteligente do que outra. Diferenças provenientes do fator "e": explica as desigualdades existentes nas populações de normais, de deficientes ou de superdotados. Segunda metade do século XX A concepção polarizada evoluiu para um modelo integrado e hierárquico. Dois fatores gerais: fluida - Gf e cristalizada - Gc Gf - Inteligência fluida: Associada a componentes não-verbais, pouco dependentes de conhecimentos adquiridos e da influência de aspectos culturais. Operações mentais utilizadas frente a uma tarefa relativamente nova, as quais não podem ser executadas automaticamente. Determinada pelos aspectos biológicos (genéticos) estando, conseqüentemente, pouco relacionada aos aspectos culturais. GF - Inteligência fluida As alterações orgânicas (como lesões cerebrais ou problemas decorrentes da má nutrição) influenciam mais a inteligência fluida do que a cristalizada. A capacidade fluida opera em tarefas que exigem: formação e reconhecimento de conceitos identificação de relações complexas compreensão de implicações realização de inferências GC - Inteligência cristalizada Capacidades exigidas na solução de problemas complexos cotidianos, conhecidas como “inteligência social”. Desenvolvida a partir de experiências culturais e educacionais, mas não é sinônimo de desempenho escolar. Provavelmente por estar relacionada às experiências culturais, a inteligência cristalizada tende a evoluir com o aumento da idade. Gf e Gc Desenvolvida por Cattell (1941) Aprimorada por Horn (1991) Teoria dos Três Níveis ou Camadas (Carroll,1993) Teoria ou modelo de inteligência em estrutura hierárquica: Camada III, relativa a uma única capacidade geral. Camada II, de capacidades amplas ou gerais. Camada I, formada por capacidades específicas. Teoria C-H-C, McGrew e Flanagan (1998) Integração das teorias Gf-Gc e dos Três Níveis: Teoria - CHC Visão multidimensional da inteligência que estabelece áreas amplas do funcionamento cognitivo (dominâncias): linguagem, raciocínio, memória, percepção visual, recepção auditiva, produção de idéias, velocidade cognitiva, conhecimento e rendimento acadêmico. As dez áreas amplas da cognição utilizadas na teoria C-H-C (apresentadas no slide anterior) organizam-se no segundo nível na Teoria das 3 camadas. A camada I consta aproximadamente de 70 fatores específicos subdividindo os dez amplos. Teoria C-H-C, McGrew e Flanagan (1998) Considerando as áreas amplas do funcionamento cognitivo, a Teoria C-H-C consta dos seguintes aspectos (dez fatores): 1. 2. 3. 4. 5. Inteligência Fluida (Gf) Inteligência cristalizada (Gc) Conhecimento quantitativo (Gq) Leitura e escrita (Grw) Memória de curto-prazo (Gsm) 1. Processamento visual (Gv) 2. Processamento Auditivo (Ga) 3. Capacidade de armazenamento e recuperação da memória de longo prazo (Glr) 4. Velocidade de processamento (Gs) 5. Rapidez de decisão (Gt) Inteligência Fluida (Gf) Capacidade ligada às operações mentais de raciocínio em situações novas minimamente dependente de conhecimentos adquiridos. Capacidade de resolver problemas novos, relacionar idéias, induzir conceitos abstratos, compreender implicações, extrapolação e reorganização de informações (os testes psicométricos do fator g geralmente avaliam a inteligência fluida tais como Raven, a maioria dos testes da BPR-5, Colúmbia, R1, INV, etc...). Inteligência Cristalizada (Gc) Extensão e profundidade dos conhecimentos adquiridos de uma determinada cultura e a aplicação efetiva deste conhecimento. Capacidade de raciocínio adquirida pelo investimento da capacidade geral em experiências de aprendizagem. Primariamente baseada na linguagem. Está associado ao conhecimento declarativo (conhecimento de fatos, idéias, conceitos) e ao conhecimento de procedimentos (raciocinar com procedimentos aprendidos previamente para transformar o conhecimento). Conhecimento quantitativo (Gq) Estoque de conhecimentos declarativos e de procedimentos quantitativos. Capacidade de usar informação quantitativa e manipular símbolos numéricos. Leitura e escrita (Grw) Conhecimento adquirido em competências básicas da compreensão de textos e expressão escrita. Inclui desde habilidades elementares como decodificação em leitura e ortografia até habilidades mais complexas como a compreensão de textos e a composição de histórias. Memória de curto prazo (Gsm) Capacidade associada à manutenção de informações na consciência por um curto espaço de tempo para poder recuperá-las logo em seguida. Processamento visual (Gv) Capacidade de gerar, perceber, armazenar, analisar, e transformar imagens visuais, isto é, os processos cognitivos específicos de processamento mental de imagens (geração, transformação, armazenamento e recuperação). Processamento auditivo (Ga) Capacidade associada à percepção, análise e síntese de padrões sonoros. Capacidade discriminativa de padrões sonoros (incluindo a linguagem oral) particularmente quando apresentados em contextos mais complexos como, por exemplo, a percepção de nuances em estruturas musicais complexas. Capacidade e Armazenamento e Recuperação da Memória de Longo Prazo (Glr) Extensão e fluência que itens de informação ou conceitos são recuperados da memória de longo prazo por associação. Está ligada ao processo de armazenamento e recuperação posterior por associação. Capacidade de recuperar os itens de informação da base de conhecimentos por meio de associações. Este fator agrupa os testes psicométricos criados de avaliação da criatividade sendo muitas vezes chamado de domínio da produção de idéias. Velocidade de processamento (Gs) Capacidade de manter a atenção e realizar rapidamente tarefas simples automatizadas em situações que pressionam o foco da atenção. Está geralmente ligado a situações em que há um intervalo fixo definido para que a pessoa execute o maior número possível de tarefas simples e repetitivas (sustentabilidade). Rapidez de decisão (Gt) Rapidez em reagir ou tomar decisões envolvendo processamentos mais complexos. Refere-se à reação rápida a um problema envolvendo processamento e decisão (imediaticidade). Teoria C-H-C (relação com os 3 níveis) Acima dos fatores amplos existe o fator g representando existência de uma associação geral entre todas as capacidades cognitivas. O movimento do nível mais alto da hierarquia (fator g) ao nível mais baixo (fatores específicos) indica o progressivo aumento da especialização das capacidades cognitivas. Instrumentos de medida atuais Escassez de instrumentos psicométricos que avaliam a Inteligência a partir deste novo referencial teórico de natureza multidimensional. Inteligência emocional: a interação cognição-emoção Peter Salovey, John Mayer e David Caruso (1990) Inteligência emocional como capacidade cognitiva. Depende da definição de inteligência, emoção e sua interação. ____________________________ Daniel Goleman (1995): divulgação para o grande público. Bastante criticado pelo meio acadêmico. Inteligência emocional: a interação cognição-emoção Capacidade de adaptar-se ao meio. Áreas especializadas da cognição favorecem essa adaptação. Emoção: caráter funcional e adaptativo Fenômeno psicofisiológico. Organizam comportamento de modo eficiente na adaptação ao ambiente: ‘expressão facial, tonalidade da voz, tônus muscular,do sistema nervoso autônomo e do sistema endócrino’. Alteram o foco de atenção. Ativam lembranças. “As emoções são um conjunto organizado de reações programadas evolutivamente no cérebro para enfrentar situações-problema que ameaçam a sobrevivência do organismo.” (p.72) “Diferentes tipos emoções estão associados a diferentes temas ou enredos padrão ligados à sobrevivência. As reações disparadas pelas emoções são condizentes com o enfrentamento destas situações específicas. Por exemplo nos deprimimos quando perdemos ou pensamos que perdemos algo importante e valioso, ao contrário sentimos prazer e felicidade quando ganhamos algo que favoreça nossa sobrevivência.” O processamento inicial da emoção ocorre em estruturas cerebrais, de modo automático e inconsciente. Há uma avaliação sensível às mudanças ambientais ligadas aos temas fundamentais da sobrevivência. Se algo for percebido esta unidade dispara o pacote de reações emocionais. A partir daí tomamos consciência de que algo importante ocorreu e então os processos cognitivos superiores entram em ação. Com eles procuramos entender melhor a situação e moldar a resposta. (p. 72) Elo entre inteligência e emoção Inteligência pode ser definida como uma capacidade geral de adaptação. As emoções estão envolvidas na adaptação a um conjunto de situações fundamentais ligadas à sobrevivência do organismo. Textos BANDEIRA, D. R, ALVES, I. C. B., GIACOMEL, A. E. et al. Matrizes progressivas coloridas de Raven - escala especial: normas para Porto Alegre, RS. Psicologia em Estudo V.9 N.3 Maringá Set./Dez. 2004, p.479-486. DANTAS, M. O uso privativo dos testes psicológicos. Tecitura, Brasília, DF, 1.2, 21 08 2007. FACHEL, J M G; CAMEY, S., Avaliação psicométrica: qualidade das medidas e o entendimento dos dados In: CUNHA, J. A. e cols., Psicodiagnóstico-V. 5ª. Ed. Porto Alegre. Artes Médicas do Sul. 2000. Capítulo 14. PASQUALI, Luiz. Validade dos testes psicológicos: será possível reencontrar o caminho?. Psic.: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 23, n. spe, 2007. PRIMI, R. Inteligência: avanços nos modelos teóricos e nos instrumentos de medida. Avaliação Psicológica. V.2, N. 1, Porto Alegre, Jun. 2003, p.67-77. SCHELINI, P. W. Teoria das inteligências fluida e cristalizada: início e evolução. Estudos de Psicologia (Natal), V.11, N. 3, Natal, Set./Dez. 2006. URBINA, S., Fundamentos da Testagem Psicológica. Porto Alegre. Artmed. 2007. Capítulos 2 e 3.