FERNANDA DE MELO LIMA HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS EM MATERIAL PARTICULADO ATMOSFÉRICO NA REGIÃO CENTRAL DE NITERÓI, RJ. IQ – UFF Dezembro – 2006 HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS EM MATERIAL PARTICULADO ATMOSFÉRICO NA REGIÃO CENTRAL DE NITERÓI, RJ. FERNANDA DE MELO LIMA Dissertação apresentada ao Curso de PósGraduação em Química da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre. Área de concentração Química Analítica Orientador: Prof. Dr. Annibal Duarte Pereira Netto NITERÓI, RJ – BRASIL 2006 ii FERNANDA DE MELO LIMA HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS EM MATERIAL PARTICULADO ATMOSFÉRICO NA REGIÃO CENTRAL DE NITERÓI, RJ. Dissertação apresentada ao Curso de Pósgraduação em Química da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre em Química, na Área de Concentração Química Analítica. Aprovado em dezembro de 2006. ___________________________________________________________ Prof. Dr. Annibal Duarte Pereira Netto – Orientador Departamento de Química Analítica – IQ – UFF ___________________________________________________________ Profª. Dra. Graciela Arbila de Klachquin Departamento de Físico-Química – IQ – UFRJ ___________________________________________________________ Prof. Dr. Emmanoel Vieira da Silva Filho Departamento de Geoquímica – IQ – UFF Niterói 2006 iii DEDICATÓRIA Aos meus pais, Doralice e José, e a minha irmã, Vanessa, por serem meus companheiros de viagem e me darem a honra de terem me escolhido para estarmos juntos nessa jornada. Ao meu amor, Clayton, pelo incentivo e compreensão nos momentos mais difíceis e principalmente pelo amor que existe entre nós. iv SUMÁRIO DEDICATÓRIA ................................................................................................. IV AGRADECIMENTOS...................................................................................... VIII RESUMO............................................................................................................ X ABSTRACT....................................................................................................... XI ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ..................................................................... XII ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................... XIV ÍNDICE DE TABELAS .................................................................................. XVII CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO .......................................................................... 1 CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................ 5 2.1. MATERIAL PARTICULADO ATMOSFÉRICO OU AEROSSÓIS ATMOSFÉRICOS ..... 5 2.1.1. Conceitos gerais............................................................................... 5 2.1.2. Composição química do MPA .......................................................... 6 2.1.3. Influência do MPA no meio ambiente ............................................... 7 2.1.4. Padrões de qualidade do ar ........................................................... 11 2.2. HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS (HPAS)........................ 13 v 2.2.1. Conceitos básicos .......................................................................... 14 2.2.2. Aspectos históricos......................................................................... 15 2.2.3. Formação, fontes e distribuição de HPAs no ambiente.................. 15 2.2.4. Propriedades físico-químicas dos HPAs ........................................ 21 2.2.5. Reatividade dos HPAs.................................................................... 23 2.2.6. Atividade biológica e risco à saúde ................................................ 27 2.3. AMOSTRAGEM DE MPA PARA DETERMINAÇÃO DE HPA............................ 30 2.4. TRATAMENTO DAS AMOSTRAS DE MPA .................................................. 34 2.4.1. Extração, limpeza e pré-concentração da amostra ........................ 34 2.5. TÉCNICAS ANALÍTICAS ........................................................................... 36 2.5.1. Métodos cromatográficos ............................................................... 36 CAPÍTULO 3. MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................... 38 3.1. MATERIAIS ........................................................................................... 38 3.2. MÉTODOS ............................................................................................ 39 3.2.1. Descrição da área de amostragem................................................. 39 3.2.2. Amostragem com AGV-PTS........................................................... 42 3.2.3. Extração dos filtros ......................................................................... 44 3.2.4. Estudo da separação do MPA em classes de substâncias ............ 45 3.2.5. Desenvolvimento da metodologia para análise cromatográfica ..... 45 3.2.6. Tratamento dos dados.................................................................... 45 vi CAPÍTULO 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................. 46 4.1. AVALIAÇÃO DE MATERIAL PARTICULADO ATMOSFÉRICO ........................... 46 4.2. DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO ANALÍTICO ........................................... 52 4.3. DETERMINAÇÃO DE HPAS EM MPA ........................................................... 64 4.3.1. AVALIAÇÃO DE HOMOGENEIDADE DO FILTRO PARA A DETERMINAÇÃO DE HPAS EM MPA............................................................................................... 64 4.3.2. Determinação de HPAs em MPA ........................................................... 66 CAPÍTULO 5. CONCLUSÕES GERAIS ........................................................ 75 CAPÍTULO 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................... 77 ANEXO A ......................................................................................................... 88 ANEXO B ......................................................................................................... 95 vii AGRADECIMENTOS Agradeço acima de tudo Aquele que me concedeu mais uma vez a oportunidade de aprendizado através da realização de provas necessárias para o meu amadurecimento intelectual e principalmente espiritual. Agradeço a Ti Senhor, os desafios que me propuseste e que me ajudaste a superar, hoje e sempre. Agradeço aos meus pais por me prepararem para a vida como muito amor e garra e por me ensinarem a nunca desistir dos meus sonhos. Agradeço a todos os meus amigos, principalmente aos “amigos-químicos” pela colaboração científica direta quando havia diversas dúvidas e pouquíssimo tempo (Daniel, Raquel e Soraya); pelo sorriso e otimismo que fizeram e fazem nossos dias sempre mais alegres (Álvaro, Gil, Eliene, Vanessa, Lúcia e João) e pelo abraço forte e palavras de incentivo nos momentos cruciais desta jornada (Kaiza, Cássia, Ana e Mônica). Não posso deixar de agradecer àquele que esteve junto comigo em todos os momentos deste trabalho. Ao meu orientador Annibal, obrigada. Obrigada por toda confiança e dedicação. Obrigada pelas críticas positivas e negativas, principalmente pelas negativas que me ajudaram a amadurecer como profissional e principalmente como pessoa. Deixo aqui registrado também o meu agradecimento a todas as pessoas que de alguma maneira contribuíram para a realização deste trabalho. viii Agradeço então a todos os professores do programa e em especial aos professores Jorge Luiz Fernandes de Oliveira (Departamento de Geografia, UFF) e William Zamboni de Mello (Departamento de Geoquímica, UFF). Por fim, agradeço a Capes pela bolsa concedida e a todos os funcionários do Curso de Pós-graduação em Química da Universidade Federal Fluminense. ix RESUMO Hidrocarbonetos Policíclicos aromáticos (HPAs) são poluentes de grande interesse ambiental. Estes compostos têm sido investigados por mais de 40 anos por estarem associados ao aumento da incidência de diversos tipos de câncer no homem. HPAs foram determinados em Material Particulado Atmosférico (MPA) coletado na região central de Niterói, município do Estado do Rio de Janeiro (Brasil). As amostras foram adquiridas através de um amostrador de grande volume para partículas totais em suspensão (AGV-PTS). Foram coletadas 24 amostras no período de junho de 2005 a Maio de 2006. O material particulado coletado em filtro foi extraído por meio de ultrasom utilizando diclorometano como solvente de extração. Os extratos foram posteriormente analisados por sistema de cromatografia a líquido de alta eficiência com detecção de Fluorescência (CLAE-FLUO). As concentrações diárias encontradas para os HPAs independentes variaram entre 0,001 e 0,387 ng/m3. As concentrações totais diária dos HPAs ficaram na faixa de 0,153 a 1,294 ng/m³, gerando uma concentração média anual de 0,671 ng/m³. As concentrações observadas neste estudo foram, em geral, baixas quando comparadas a outras cidades do Brasil provavelmente devido a área de coleta estar bem próxima ao mar e, portanto ter maior ventilação do que na maioria dos centros urbanos, o que permite uma grande dispersão dos poluentes atmosféricos. As relações entre as concentrações de alguns HPAs foram comparadas a outros estudos para identificação das suas possíveis fontes e estas comparações sugerem como principal fonte de HPAs no MPA as emissões por motores com catalisador. x ABSTRACT Polycyclic aromatic hydrocarbons (PAHs) are environmental pollutants of concern due to the pro-carcinogenic and mutagenic properties of many of them. They have been investigated in the environment in the last 40 years.In this work PAHs have been determined in total suspended particulate (TSP) samples from the City Center of Niterói, Rio de Janeiro State, Brazil. Samples of TSP were collected with a high volume sampler (Hi-Vol) between June of 2005 and May of 2006. TSP samples were extracted in ultrasonic bath using with dichloromethane. The extracts were analyzed by high performance liquid chromatography with fluorescence detection (HPLC-FLUO). The concentrations of individual PAHs varied between 0.001 and 0.387 ng/m3. Total PAH concentrations varied between 0.153 and 1.294 ng/m³, with an annual mean concentration of 0.671 ng/m³. No seasonal variation of any of those concentrations was observed. PAH concentrations were lower than those observed in other Brazilian cities probably due to the proximity of the seashore that may allow high dispersion of atmospheric pollutants. PAH ratios were compared to previous studies to source identification showing that fuel emission by vehicles with catalysts. xi ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas AGV-PTS – Amostrador de Grande Volume para Partículas Totais em suspensão. CETESB – Companhia de Tecnologia De Saneamento Ambiental CG-EM – Cromatografia a gás acoplada a espectrometria de massas CLAE – Cromatografia a Líquido de Alta Eficiência CLAE-FLUO – Cromatografia a Líquido de Alta Eficiência com detecção por Fluorescência CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente. CPOW – Coeficiente de partição octanol-água CPV – Calibrador Padrão de Vazão. CV – Coeficiente de Variação d. p. – Diâmetro aerodinâmico da partícula DP – Desvio Padrão EFSC – Extração por Fluido Super Crítico FEEMA – Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente. HI-VOL – High Volume Sampler xii HPAs – Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos IARC – International Agency for Research on Cancer IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IUPAC – International Union of Pure and Applied Chemistry LD – Limite de Detecção LQ – Limite de Quantificação MGA – Média Geométrica Anual MPA – Material Particulado Atmosférico. n – número de amostras. NHPAs – Derivados nitrados de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos NIST – National Institute of Standards and Technology OHPAs – Derivados oxigenados de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos OMS – Organização Mundial da Saúde. PI – Padrão Interno PTS – Partículas Totais em Suspensão PV - Pressão de Vapor QP – vazão média do amostrador corrigida para as condições padrão SPAs – Substâncias Policíclicas Aromáticas SRM – Standard Reference Material SW – Solubilidade em água US-EPA – United States Environmental Protection Agency VP – Volume total de amostrado em unidade padrão de volume WHO – World Health Organization xiii ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1. Representação esquemática dos mecanismos de formação do aerossol secundário. ................................................................................... 6 Figura 2. Esquema da distribuição granulométrica das partículas na atmosfera mostrando os três modos, as principais fontes e os principais processos envolvidos na remoção em cada modo..................................................... 10 Figura 3. Estrutura e nomenclatura usual de alguns HPAs. ............................. 14 Figura 4. Exemplo da nomenclatura IUPAC para HPAs. ................................. 14 Figura 5. Mecanismo de formação do B[a]P sob condições pirolíticas. .......... 16 Figura 6. Mecanismos de transporte e distribuição dos HPAs no ambiente. ... 18 Figura 7. Fontes de emissão de HPAs para a atmosfera . .............................. 21 Figura 8. Posições mais reativas e reações mais prováveis em HPAs lineares e angulares .............................................................................................. 24 Figura 9. Esquema de formação de 2-nitropireno e 2-nitrofluoranteno . .......... 26 Figura 10. Mecanismo de eliminação/ativação metabólica do B[a]P................ 28 Figura 11. Representação esquemática do B[a]P com diolepóxido na região baía e na região K. ................................................................................... 29 xiv Figura 12. Estrutura dos 16 HPAs prioritários pela U.S. Environmental Protection Agency. .................................................................................... 30 Figura 13. Diagrama esquemático de AGV-PTS sem aparadores adsorventes (I) e com aparadores adsorventes (II). ...................................................... 33 Figura 14. Esquema simplificado do amostrador AGV-PM 10. ........................ 34 Figura 15. Local de amostragem do MPA; Campus do Valonguinho, Centro de Niterói........................................................................................................ 39 Figura 16. Localização do município de Niterói................................................ 40 Figura 17. Crescimento da frota em Niterói de 1992 a 2005 . .......................... 42 Figura 18. Média da concentração de MPA (µg/m³) em Niterói no período de junho de 2004 a maio de 2005. Como referência são mostrados os padrões primário e secundário de qualidade do ar. .................................. 49 Figura 19. Comparação das médias geométrica de MPA (µg/m³) obtidas neste trabalho com aquelas obtidas em outras áreas do Estado do Rio de Janeiro. ..................................................................................................... 49 Figura 20. Médias de MPA (µg/m³) calculadas para os dias da semana. ........ 50 Figura 21. Relação da temperatura média diária com a concentração de MPA (µg/m³) para cada dia de coleta. ............................................................... 51 Figura 22. Relação da velocidade média diária dos ventos com a concentração de MPA (µg/m³) para cada dia de coleta................................................... 51 Figura 23. Relação da umidade relativa média diária com a concentração de MPA (µg/m³) para cada dia de coleta........................................................ 52 Figura 24. Cromatograma de solução de HPAs (50 µg /L) utilizando o Método I. .................................................................................................................. 55 Figura 25. Representação esquemática do método de determinação com e sem o uso da etapa de extração em fase sólida............................................... 59 xv Figura 26. Cromatograma de uma solução padrão utilizando o Método II ...... 63 Figura 27. Concentrações média, máxima e mínima obtidas durante o período de amostragem. ........................................................................................ 69 Figura 28. Médias mensais das concentrações dos HPAs em ng/m³. ............. 69 Figura 29. Médias das concentrações dos HPAs (ng/m³) para os diferentes dias da semana ................................................................................................ 70 Figura 30. AGV-PTS utilizado na etapa de amostragem.................................. 88 Figura 31. Registrador contínuo de vazão com carta gráfica. .......................... 90 Figura 32. Esquema do conjunto CPV-AGV para realização da calibração da vazão......................................................................................................... 91 xvi ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1. Principais classes de substâncias orgânicas encontradas nos aerossóis atmosféricos. .............................................................................. 8 Tabela 2. Padrões nacionais de qualidade do ar. ............................................ 12 Tabela 3. Critérios para episódios agudos de poluição do ar........................... 13 Tabela 4. Ocorrência de BaP no ambiente e na biota...................................... 20 Tabela 5. Propriedades físico-químicas de HPAs selecionados. ..................... 22 Tabela 6. Classificação de HPAs selecionados pela IARC (International Agency for Research on Câncer) e USEPA (US - Envrionmental Protection Agency). .................................................................................................... 31 Tabela 7. Equipamentos utilizados neste trabalho. .......................................... 38 Tabela 8. Reagentes e solventes empregados neste trabalho......................... 39 Tabela 9. Concentrações de MPA (µg/m³) nas datas de coleta e dados meteorológicos correspondentes. ............................................................. 48 Tabela 10. Comprimentos de onda máximos de excitação e emissão (nm) encontrados na literatura e experimentalmente. ....................................... 53 Tabela 11. Gradiente de eluição do Método I................................................... 54 Tabela 12. Programa de detecção do Método I. .............................................. 54 xvii Tabela 13. Parâmetros analíticos do método cromatográfico (método I):. ....... 56 Tabela 14. Resultados preliminares da eficiência de três ensaios de recuperação utilizando EFS. ..................................................................... 57 Tabela 15. Concentração dos HPAs de interesse presentes no SRM 1649a e suas recuperações após limpeza utilizando cartucho de EFS de sílica. ... 58 Tabela 16. Recuperações obtidas a partir da retirada da etapa de limpeza utilizando o Método I de detecção............................................................. 60 Tabela 17. Programa de detecção do Método II .............................................. 61 Tabela 18. Parâmetros analíticos do método cromatográfico (método II):.Curvas de calibração, LD e LQ do Método II......................................................... 62 Tabela 19. Recuperações dos HPAs estudados obtidas no material certificado SRM 1649a, com o Método II.................................................................... 64 Tabela 20. Concentrações dos HPAs em cada parte do filtro (ng/g) na avaliação da homogeneidade da distribuição do MPA.............................. 65 Tabela 21. Concentrações encontradas para os HPAs em ng/m³.................... 68 Tabela 22. Media das concentrações (ng/m³) dos HPAs obtidas em Niterói em comparação com outras algumas áreas do Brasil. ................................... 73 Tabela 23. Fatores de emissão de fontes avaliados através das razões entre as concentrações de HPAs ........................................................................... 74 Tabela 24. Especificações de filtros para coleta de MPA pelo método AGV-PTS .................................................................................................................. 89 xviii CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO A atmosfera e os outros compartimentos ambientais têm sido afetados pelos seres humanos, consciente ou inconscientemente, possivelmente desde a origem de nossa espécie. No entanto, somente com o advento da Revolução Industrial na segunda metade do século XVIII, na Inglaterra, a intervenção do homem começou a gerar problemas mais significativos quando passou a ser usada tecnologia baseada na queima de grandes quantidades de carvão, lenha e, posteriormente, de óleos combustíveis. O uso intensivo dessa tecnologia acarretou na perda gradativa da qualidade do ar nos grandes centros urbanoindustriais, com reflexos nítidos na saúde de seus habitantes. No século XX, os centros urbanos tornaram-se maiores e mais populosos. Em decorrência disso, episódios críticos de poluição do ar tornaram-se freqüentes. Um desses casos ocorreu na Bélgica, no Vale do Rio Meuse, entre 1o e 5 de dezembro de 1930, quando uma espessa névoa cobriu essa zona industrial por cinco dias levando a morte de 60 pessoas. Os principais poluentes causadores do problema foram dióxido de enxofre e o material particulado atmosférico (MPA) (Villanueva, 2002). Em Londres, no ano de 1952, outro episódio grave levou à morte de 4000 pessoas. Suas causas foram as altas concentrações de fumaça e dióxido de enxofre na atmosfera e as condições meteorológicas desfavoráveis (inversão térmica, calmaria e neblina) (Villanueva, 2002). Muitos outros episódios caracterizados por elevados índices de poluição atmosférica têm sido registrados nos grandes centros urbanos do mundo (Cidade do México, Los Angeles, Detroit, São Paulo, Londres, Tóquio e Osaka) (Villanueva, 2002). Nestas cidades, que têm alta concentração populacional, 1 mesmo quando não são registrados episódios críticos, os níveis de qualidade do ar são tão ruins, que seus habitantes ficam permanentemente expostos a uma freqüência maior de doenças cardiorespiratórias. Este fato ocorre porque, apesar da presença de substâncias nocivas em baixas concentrações no ar, o risco depende também do tempo de exposição. Assim, mesmo a exposição a uma ou mais substâncias tóxicas em baixa concentração no ar, pode se tornar perigosa por seu efeito cumulativo no organismo. A poluição do ar pode provocar doenças respiratórias (asma, bronquite e enfisema pulmonar) e desconforto físico (irritação dos olhos, nariz e garganta, dor de cabeça, sensação de cansaço, tosse) além de agravar doenças cardiorespiratórias e contribuir para o desenvolvimento de câncer pulmonar. Os problemas de saúde relacionados à poluição atmosférica têm alto custo social, com gasto no tratamento de saúde, perda de horas de trabalho e redução da produtividade. As atividades agropecuárias também são afetadas com a diminuição da resistência de plantas, aumento de doenças e pragas e com o acúmulo de poluentes tóxicos nos animais e posterior transferência a outros animais, por meio da cadeia alimentar (Fischlowitz-Roberts, 2003). Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, três milhões de pessoas morrem anualmente devido aos efeitos da poluição atmosférica. Um estudo publicado na revista científica inglesa The Lancet, em 2000, concluiu que a poluição atmosférica na França, Áustria e Suíça foi responsável por mais de 40.000 mortes anuais, nesses três países. Cerca da metade dessas mortes se deve à poluição causada pelas emissões de veículos. Em virtude deste fato, as cidades do México e de São Paulo restringiram o tráfego de veículos em determinados dias da semana, com base no último dígito dos números das placas de maneira a evitar também o congestionamento do trânsito, que agrava ainda mais o problema da poluição (Fischlowitz-Roberts, 2003). No dia 8 de outubro deste ano, a OMS divulgou um relatório inédito com os novos padrões de qualidade do ar. Pelos novos índices estabelecidos pela OMS, a média diária recomendada para partículas inaláveis (PM10) foi reduzida a um terço: passou de 150 µg/m3 (microgramas por metro cúbico) para 50 µg/m3. Isso demonstra a importância cada vez mais crescente das medições desses índices, principalmente nos grandes centros urbanos. 2 No Brasil, assim como na grande maioria dos países em desenvolvimento, os índices de urbanização são altos. Em 2004, esse índice chegou a 90,5% para a Região Sudeste (Almanaque Abril, 2005). O crescimento populacional acelerado nas últimas décadas, em sua grande maioria desordenado, acarretou fortes pressões nas zonas urbanas. Tal fenômeno combinado com o processo de industrialização implicou, obviamente, em altíssimos índices de poluição atmosférica urbana, atingindo milhões de pessoas. Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) são uma das famílias de substâncias orgânicas presentes no MPA. Há interesse no estudo dos níveis de HPAs em MPA pois é bem conhecido que alguns são pro-carcinogênicos para seres humanos ou seja que, após penetrar no corpo humano por inalação, contacto dérmico ou ingestão, sofrem ativação no processo metabólico, levando à formação de substâncias carcinogênicas. A emissão por veículos automotores é considerada a principal fonte de HPAs atmosféricos em áreas metropolitanas. Estudos realizados nos EUA em 1990-1991 indicam que as fontes veiculares contribuem com 35% do total de HPAs emitidos (Khalili et al., 1995). No Brasil, o PROCONVE (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores) criado pelo CONAMA em 1986 visa a redução dos níveis de emissão de poluentes nos veículos automotores, além de incentivar o desenvolvimento tecnológico nacional, tanto na engenharia automotiva, como em métodos e equipamentos para a realização de ensaios e medições de poluentes. Este programa é considerado, mesmo a nível internacional, como um dos mais bem elaborados para o controle de emissão por fontes móveis. Em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, foi negociada e assinada por 175 países, além da União Européia, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. As principais atribuições desta convenção foram a criação de instrumentos e mecanismos para promover a gestão sustentável e demais condições que possibilitem alcançar a estabilização das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera em nível que não interfira perigosamente no sistema climático, visando protegê-lo para a atual geração e para as gerações futuras. Apesar desta convenção não tratar explicitamente da qualidade do ar nos 3 grandes centros urbanos, é evidente que a elaboração de propostas para o controle da emissão de gases causadores do efeito estufa também acarreta uma melhoria da composição da atmosfera. Os danos causados pela poluição atmosférica, principalmente o risco potencial de câncer e de outras doenças em seres humanos, expõem claramente os benefícios que a avaliação, o entendimento e o controle destas emissões podem trazer para a população como um todo. Há um movimento generalizado em todo o mundo visando à implementação de políticas públicas capazes de controlar e fiscalizar as emissões tóxicas lançadas na atmosfera. Neste contexto, este estudo visou colaborar a esta questão com a avaliação anual de 12 HPAs em MPA coletado na região central da Cidade de Niterói, RJ, uma cidade média do Brasil, onde a qualidade de vida é considerada uma das melhores do país. Neste escopo, os objetivos específicos deste estudo compreenderam: 1. Desenvolvimento e implementação de metodologia para a determinação de HPAs por Cromatografia a Líquido de Alta Eficiência (CLAE) com detecção por Fluorescência (CLAE-FLUO); 2. Implementação de metodologia para a coleta de MPA; 3. Determinação da concentração de HPAs em MPA coletado na Região Central de Niterói durante o período de um ano; 4. Avaliação da variação sazonal da concentração de HPAs em MPA. 5. Avaliação de possíveis fontes de HPAs através de comparação com índices encontrados na literatura. 4 CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1. Material Particulado Atmosférico ou aerossóis atmosféricos 2.1.1. Conceitos gerais Criado por Schumauss em 1920, o termo aerossol designa sistemas relativamente estáveis constituídos de finas partículas sólidas, líquidas ou heterogêneas suspensas em uma matriz gasosa. Tais suspensões possuem elevada área superficial específica e tamanhos inferiores a 100 µm e são freqüentemente designadas como aerocolóides, material particulado ou simplesmente partículas (Alves, 2005). Apontado como um dos principais vetores da poluição e da radioatividade atmosférica, o MPA participa de diversos fenômenos naturais que abrangem a formação de nuvens e de precipitação, o balanço radiativo da atmosfera, a visibilidade, as permutas entre o oceano e a troposfera e as eventuais modificações na camada de ozônio. Os aerossóis são classificados como primários ou secundários, de acordo com sua origem. São considerados aerossóis primários aqueles diretamente relacionados às suas fontes como, por exemplo: fumaças, ressuspensões de solos, emanações de atividades industriais e viárias, spray marinho, materiais biológicos vegetais (ceras cuticulares e fragmentos foliares) e partículas microbianas (bactérias, fungos, vírus, algas e esporos). Aerossóis secundários são produzidos por mecanismos de nucleação e condensação de produtos gasosos e podem ser divididos em três categorias principais: aerossóis de sulfato, aerossóis de nitrato e aerossóis orgânicos secundários (Alves, 2005). 5 A Figura 1 apresenta um esquema das fontes de emissão de aerossol primário e os mecanismos para a formação de aerossóis secundários. Figura 1. Representação esquemática dos mecanismos de formação do aerossol secundário. (Fonte: Alves, 2005). Os aerossóis têm grande influência na qualidade do ar, sobretudo por causa das partículas mais finas que podem contribuir para o agravamento de doenças pulmonares obstrutivas e que também representam superfícies de condensação de substâncias de potencial mutagênico ou carcinogênico como certos HPAs e outras substâncias químicas. 2.1.2. Composição química do MPA O MPA é constituído por uma mistura complexa que pode conter centenas de substâncias diferentes. Isto ocorre principalmente nas partículas mais finas que têm alta capacidade de absorção de poluentes gasosos secundários. 6 No entanto, as frações fina e grosseira do MPA apresentam diferenças marcantes quanto à composição química. Em geral, a fração grosseira é básica e a fração fina é ácida. A fração fina apresenta, além de carbono elementar, íons como SO4=, NO3-, NH4+ e H+, compostos de chumbo e de outros de metais (mercúrio, cádmio, vanádio, cromo etc) e substâncias orgânicas. A fração grosseira é constituída por vários tipos de partículas, como partículas ressuspensas do solo, cinzas, fuligem, pólen entre outros. Entretanto, as partículas predominantes são de origem mineral (sílica, alumínio, potássio, ferro, cálcio etc). Podem ainda ser encontrados nesta fração em quantidades substanciais carbonatos e substâncias orgânicas (Almeida, 1999). As principais famílias de substâncias orgânicas observadas em MPA podem ser vistas na Tabela 1. Apesar do conhecimento da composição molecular da matéria orgânica particulada ter aumentado significativamente, a complexidade da mistura é elevada e certas substâncias são consideradas como indicadoras, traçadoras ou marcadoras das várias possíveis fontes. Em áreas rurais ou florestais, a fração majoritária é constituída por substâncias oxigenadas e derivados terpênicos característicos de vegetação. Em atmosferas urbanas predominam substâncias de origem petrogênica e pirogênica, com destaque para hidrocarbonetos alifáticos, aromáticos e cíclicos (associados às emissões dos veículos motorizados), ácidos alífaticos de cadeia normal e ácidos dicarboxílicos alifáticos. 2.1.3. Influência do MPA no meio ambiente O tamanho das partículas dos aerossóis é um dos parâmetros mais importantes no estudo da poluição atmosférica, pois ele determina o comportamento do aerossol no que diz respeito ao transporte, tempo de residência na atmosfera, deposição no ambiente, espalhamento de luz (relacionado ao aquecimento global, visibilidade etc) e efeitos nocivos à saúde (Phalen, 1998, Wilson e Suh, 1997; Schwartz et al, 1996 e Spurny, 1996). Junge (1963) foi o autor do primeiro trabalho sobre a distribuição de aerossóis por classe de tamanhos, classificando-os em partículas de Aitken (0,001 a 0,1 µm), grosseiras (0,1 a1 µm) e gigantes (> 1µm). 7 O tamanho da partícula é considerado como o seu diâmetro aerodinâmico equivalente, ou seja, o diâmetro de uma esfera de densidade unitária (1g/cm³) que tenha a mesma velocidade terminal de sedimentação da partícula em estudo (Alves, 2005). Tabela 1. Principais classes de substâncias orgânicas encontradas nos aerossóis atmosféricos. (Fonte: Alves, 2005). Classe de compostos Alcanos Alcenos Alquil-alcanos Estrutura química / Exemplo n-C nH2n+2 n-CnH2n CH3 CH3 CH3 CH3 Estrutura química / Exemplo CH3(CH2 )nCHO CH3(CH 2)nCOCH3 Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos R R Alquilciclohexanos Ácidos carboxílicos alifáticos Ácidos oxocarboxílicos CH3 H3 C Classe de compostos Aldeídos Cetonas Alquilciclopentanos R=C 9H 19-C 23-H 47 R= C 9H 19-C 23-H47 CnH n+1COOH Ácidos dicarboxílicos alifáticos HOOC(CH 2)nCOOH CH3(CH2 )nCO(CH2) nCOOH Álcoois CH3(CH2) nOH R Alquilbenzenos Aza-arenos N COOH Ácidos aromáticos Nitro-compostos CHO(CH2)nCH2ONO2 O Cetonas cíclicas Quinonas O O S Compostos heterocíclicos com enxofre R N CH3 Hopanos CH3 CH3 CH3 CH3 R= H, CH3 -C6-H13 H3 C CH3 S H3C CH3 R CH3 Lactonas (CH2) 6H3 C O Esteróis O H3C Exemplo: R= H, Colesterol HO H3C CH3 Esteranos CH3 R= C2 H5 , H 3C R CH3 H3C R CH3 Diasteranos H3C CH3 CH3 R= H, CH3, C2H 5 Em 1973, Whitby iniciou a representação das distribuições das partículas por tamanho e introduziu os termos modo de nucleação (0,001 a 0,1 µm) e 8 modo de acumulação (0,1 a 1 µm) que incluem as partículas finas e o modo de sedimentação ou das partículas grosseiras (> 1 µm), na tentativa de relacionar o tamanho das partículas com seus processos de formação (Alves, 2005; Wilson, 1997). Atualmente, alguns autores consideram como partículas finas, aquelas compreendidas nos modos de nucleação e acumulação, com diâmetro aerodinâmico entre 0,002 e 2,5 µm. Estas partículas são compostas por material carbonáceo, metais, substâncias orgânicas e íons SO4=, NO3-, NH4+ e tendem a agrupar-se por aglomeração ou condensação, aumentando seu diâmetro aerodinâmico (Almeida, 1999). O modo de nucleação compõe-se de partículas geradas por processos que envolvem condensação de vapores ou a conversão gás-partícula. As partículas situadas nesta faixa estão sujeitas a uma difusão muito rápida e desordenada (movimento Browniano) e como são pequenas em comparação aos comprimentos de onda da luz visível, obedecem essencialmente às leis do espalhamento da luz por moléculas (Almeida, 1999). O modo de acumulação compõe-se de partículas formadas por processos de coagulação ou condensação das partículas da faixa de nucleação. As partículas situadas nessa faixa de tamanho são as principais responsáveis pela redução da visibilidade (Almeida, 1999). O modo de sedimentação inclui a fração grosseira produzida por processos de atrito mecânico como vento ou erosão. Essas partículas, por serem “grandes”, não estão sujeitas ao movimento Browniano, sendo mais suscetíveis à força gravitacional do que as partículas submicrométricas (Almeida,1999). 9 A Figura 2 mostra uma representação esquemática da distribuição granulométrica trimodal típica de partículas atmosféricas bem como as fontes principais de emissão de massa para cada moda e os principais processos que promovem a inserção e remoção de massa para cada moda. Figura 2. Esquema da distribuição granulométrica das partículas na atmosfera mostrando os três modos, as principais fontes e os principais processos envolvidos na remoção em cada modo (Fonte: Alves, 2005, a partir de Finlayson-Pitts e Pitts Jr., 1997). Partículas maiores que 100 µm não permanecem por muito tempo em suspensão e precipitam rapidamente. As partículas com diâmetro aerodinâmico entre 15 e 100 µm, quando inaladas, não ultrapassam as vias respiratórias superiores, sendo removidas ainda no nariz e garganta. Partículas com diâmetros compreendidos entre 0,002 e 10 µm apresentam maior importância para os aspectos físico-químicos da atmosfera e para a saúde humana. Estas partículas quando inaladas, podem chegar até o sistema respiratório inferior, 10 alcançando assim os alvéolos pulmonares. De maneira geral, a fração inalável das partículas atmosféricas (d < 2,5 µm) pode contribuir para o agravamento das doenças pulmonares obstrutivas e, ainda ser lançada para a corrente sanguínea ou sistema linfático. Foi sugerido que os efeitos adversos à saúde provenientes do MPA podem ser atribuídos à produção de agentes oxidantes intracelulares, que seriam a resposta inicial das coletas e agiriam como um fator estimulante (Arbex, 2001). 2.1.4. Padrões de qualidade do ar Em 1970, a Agência Nacional de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (US EPA) estabeleceu um grupo de poluentes prioritários, ou seja, aqueles que foram considerados como capazes de causar danos à saúde humana e ao seu bem estar. Dentre os principais poluentes atmosféricos identificados estava o material particulado inalável (d 10 µm ou PM10), que pode atingir as vias respiratórias inferiores. Em junho de 1997, foi estabelecido um novo padrão para partículas inaláveis, o PM2,5 (d 2,5 µm), considerando as partículas que podem penetrar mais profundamente no trato respiratório (Arbex, 2001). Até 1987, a medida de referência padrão para material particulado era o “Total Suspended Particulate (TSP)” ou partículas totais em suspensão (PTS) que continha partículas com até 100 µm. A relação entre as concentrações de PTS e PM10 varia de 0,5 a 0,6 (Arbex, 2001). Um padrão de qualidade do ar define legalmente o limite máximo para a concentração de um componente atmosférico que garanta a proteção da saúde e do bem estar da população. Esses padrões são baseados em estudos dos efeitos produzidos por poluentes específicos e são fixados em níveis que possam proporcionar uma margem de segurança adequada (CETESB, 2004). No Brasil, o Governo do Estado de São Paulo regulamentou em 1976, através do Decreto Estadual n° 8468, alguns padrões para a qualidade do ar. Em 28/06/1990, estes padrões foram adotados em âmbito nacional e transformados em resolução pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Resolução CONAMA n°03/90). Nessa resolução, são estabelecidos dois tipos 11 de padrões de qualidade do ar: os primários e os secundários (CETESB, 2006) (Tabela 2). Tabela 2. Padrões nacionais de qualidade do ar. Poluente Tempo de amostragem Padrão primário (µg/m3) Padrão secundário (µg/m3) Método de medição Partículas Totais em Suspensão 24 horas (1) MGA (2) 240 80 150 60 Amostrador de grandes volumes Dióxido de Enxofre 24 horas MAA (3) 365 80 100 40 Pararosanilina 1 hora (1) 40.000 35 ppm 40.000 35 ppm 8 horas (1) 10.000 9 ppm 10.000 9 ppm Ozônio 1 hora (1) 160 160 Quimiluminescência Fumaça 24 horas (1) MAA (3) 150 60 100 40 Refletância Partículas Inaláveis 24 horas (1) MAA (3) 150 50 150 50 Separação Inercial / Filtração Dióxido de Nitrogênio 1 hora (1) MAA (3) 320 100 190 100 Quimiluminescência Monóxido de Carbono Infravermelho não dispersivo (1) Não deve ser excedido mais que uma vez ao ano. (2) Média geométrica anual. (3) Média aritmética anual. Fonte: CONAMA ,2005. São padrões primários de qualidade do ar as concentrações de poluentes que, quando ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população exposta. 12 Podem ser entendidos como níveis máximos toleráveis de concentração de poluentes atmosféricos (CETESB, 2005) São padrões secundários de qualidade do ar as concentrações de poluentes atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem estar da população, assim com o mínimo dano à flora e à fauna, aos materiais e ao meio ambiente como um todo. Podem ser entendidos como níveis desejados de concentração de poluentes (CETESB, 2005) A resolução CONAMA n° 03/90 estabelece ainda os critérios para episódios agudos de poluição do ar conforme descrito na Tabela 3. Tabela 3. Critérios para episódios agudos de poluição do ar. Parâmetros Dióxido de Enxofre (µg/m3) 24 h Partículas Totais em Suspensão (PTS) (µg/m3) 24 h SO2 x PTS (µg/m3)(µg/m3) 24 h Monóxido de Carbono (ppm) 8h Ozônio (µg/m3) 1h Partículas Inaláveis (µg/m3) 24 h Fumaça (µg/m3) 24 h Dióxido de Nitrogênio (µg/m3) 1h Atenção Níveis Alerta Emergência 800 1.600 2.100 375 625 875 65.000 261.000 393.000 15 30 40 400* 800 1000 250 420 500 250 420 500 1.130 2.260 3.000 * O nível de atenção é declarado pela CETESB com base na legislação Estadual que é mais restritiva (200 µg/m3). Fonte: CONAMA, 2005. 2.2. Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs) 13 2.2.1. Conceitos básicos Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) são, por definição, substâncias formadas por pelo menos dois anéis aromáticos de 5 ou 6 átomos de carbono condensados, que podem estar arranjados de três maneiras: linear (e.g., naftaleno), angular (e.g., fenatreno) ou agrupada (e.g., pireno) (Figura 3). Figura 3. Estrutura e nomenclatura usual de alguns HPAs. Diversos sistemas de nomenclatura para HPAs foram usados no passado, mas o sistema IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry) é o mais utilizado atualmente. Nele, a maioria dos HPAs menores conserva seus nomes triviais (o que é histórico e não sistemático). Para espécies maiores, os nomes são provenientes de uma combinação dos nomes triviais somado a um sistema de nomenclatura que pode ser numérico, distinguindo os hidrogênios dos anéis, ou alfabético, distinguindo as faces dos anéis, como mostra a Figura 4. Figura 4. Exemplo da nomenclatura IUPAC para HPAs. 14 2.2.2. Aspectos históricos As primeiras evidências dos riscos dos HPAs para a Saúde Pública datam de 1922, quando foi verificado que extratos de fuligens eram carcinogênicos para animais. Em 1942, foi verificado que extratos orgânicos de partículas atmosféricas também produziam cânceres em animais (Finlayson Pitts e Pitts Jr.,1997; Lopes e de Andrade, 1996). Com o isolamento do benzo[a]pireno (B[a]P), a partir do carvão (1931) e dos resíduos de chaminés (1933) procurouse associar sua presença nesses resíduos com a incidência de casos de câncer de escroto nos limpadores de chaminés na Inglaterra; do que já se tinha notícia desde 1775 (Baird, 1995; Lopes e de Andrade, 1996). Em 1949, ou seja, 18 anos após seu isolamento, o B[a]P foi identificado em fuligem doméstica e posteriormente em MPA. Esta substância e outros HPAs foram caracterizados a partir de 1970 como agentes cancerígenos de distribuição mundial, presentes em ambientes respiráveis e como constituintes de aerossóis urbanos. Neste mesmo ano foi reconhecido que a atividade carcinogênica observada no MPA era oriunda não somente do B[a]P, mas também de outras substâncias orgânicas até então desconhecidas (Lopes e de Andrade, 1996). Hoje, já se sabe que a atividade carcinogênica total relativa ao MPA se deve à contribuição dos HPAs e seus derivados, principalmente dos derivados nitrados. 2.2.3. Formação, fontes e distribuição de HPAs no ambiente HPAs são formados, juntamente com outras substâncias policíclicas aromáticas (SPAs), sempre que materiais contendo carbono e hidrogênio são submetidos à temperaturas suficientemente altas para promover processos pirolíticos e de combustão incompleta. Se o material de partida contiver heteroátomos como oxigênio, nitrogênio e enxofre então, além dos HPAs, heteroaromáticos também podem ser formados (Zander, 1980). A formação de HPAs ocorre via radicais livres e envolve inúmeras reações como condensação, fechamento de anéis etc., que levam a estabilização das espécies altamente reativas formadas (Baird, 1995; Badger e Spotswood, 15 1960; Zander, 1980). Embora os mecanismos de formação por pirólise e combustão sejam complexos e variáveis, a Figura 5 esboça de maneira clara as principais etapas da formação pirolítica de benzo[a]pireno a partir do eteno ou de qualquer um dos outros intermediários presentes. CH2 CH2 CH2 CH 700°C CH2 CH2 2 n CH2 CH3 Etc... Figura 5. Mecanismo de formação do B[a]P sob condições pirolíticas. (Fonte: Lopes e de Andrade, 1996, a partir de Badger e Spotswood, 1960). Embora espécies pequenas como o metano possam conduzir a HPAs, a formação destas grandes moléculas é favorecida pela presença de radicais com maior peso molecular (Zander, 1980, Badger e Spotswood, 1960). As características dos HPAs formados tais como: número de anéis, presença de grupos ligados ao anel e arranjo espacial dos anéis dependem da temperatura envolvida no processo de formação, do tempo de reação e da matéria orgânica original. Processos lentos e a baixas temperaturas, como a formação de petróleo (~ 100 a 150°C) favorecem à formação de alquilderivados de HPAs. Em contrapartida, processos à temperaturas elevadas como o coqueamento do carvão (~ 2000°C) levam à quebra das cadeias alifáticas e favorecem à formação de HPAs não-alquilados. Em temperaturas intermediárias, como na queima de lenha (~ 400 a 800°C), pode ocorrer a formação de ambas as espécies (Blumer, 1976). A emissão de HPAs por fontes naturais é relativamente limitada, restringindo-se, praticamente à queima espontânea de florestas, emissões vulcânicas (Baek et al., 1991) e à degradação de matéria orgânica. Embora HPAs possam também ser sintetizados por certas bactérias, plantas e fungos, isso ocorre mais raramente (Eiroa et al., 2000). 16 Em áreas urbanas, entretanto, a origem de HPAs está principalmente associada a fontes antropogênicas (Lourenço, 2003). Ao contrário das fontes naturais, as fontes antropogênicas são inúmeras e podem ser divididas em fontes móveis (como a descarga de veículos automotores a gasolina e a diesel), fontes estacionárias (como queima de carvão, geração de energia elétrica), domésticas (como fumaça de tabaco, aquecimento residencial e preparo de alimento, especialmente churrascos e grelhados) e fontes superficiais (como queima de florestas e queimadas agrícolas) (Finlayson-Pitts e Pitts Jr, 1997). Dentre as fontes móveis destacam-se os motores de combustão interna, presentes em diversos tipos de veículos. As fontes estacionárias são subdivididas entre as utilizadas na geração de energia elétrica e calor e, aquelas ligadas à atividade industrial (e.g., produção de aço e ferro e fundição de alumínio) e de incineração (principalmente de rejeitos químicos) (Zander, 1980; Lopes e de Andrade, 1996). De maneira geral, após emissão por fontes naturais ou antropogênicas, os HPAs se distribuem entre a fase gasosa e o MPA na atmosfera. A maior parte dos HPAs presentes no MPA se concentra nas partículas de menor diâmetro aerodinâmico (Miguel e Friedlander, 1978), o que possibilita um longo tempo de residência na atmosfera e eficiência no processo de deposição na região alveolar dos pulmões. As concentrações de HPAs no MPA urbano mostram uma tendência sazonal com maiores concentrações no inverno, isso sendo atribuído à redução da volatilidade destas substâncias em menores temperaturas. Pode ocorrer também uma variação semanal; estudos estimam que a concentração total de HPAs atribuída à emissão de descargas de veículos nos dias de semana seja 80 a 90% maior do que nos finais de semana nas ruas de algumas cidades (CONCAWE, 1998). Alguns autores também observaram variação das concentrações de HPAs ao longo do dia, em função do tráfego (Nielsen, 1996). As concentrações de HPAs individuais no ar em áreas urbanas são, em geral, da ordem de dezenas a centenas de ng/m3 (Baird, 1995), podendo variar de até dez vezes dependendo das condições climáticas, ou mais especificamente, das estações do ano. 17 Uma vez introduzidos no ambiente, os HPAs podem contaminar todos os compartimentos ambientais (Figura 6) podendo ser encontrados em plantas terrestres e aquáticas, solos, sedimentos, corpos d’água e, particularmente, na atmosfera. Na água são transportados por sedimentos e pela matéria orgânica em suspensão enquanto que na atmosfera, são transportados por grandes distâncias em fase gasosa e/ou associados ao MPA (Pereira Netto, 1999). Para exemplificar essa contaminação generalizada, a Tabela 4 mostra dados de concentração de benzo[a]pireno em amostras de origem ambiental e alimentos de alguns locais do Brasil e no mundo. Figura 6. Mecanismos de transporte e distribuição dos HPAs no ambiente. No ambiente aquático, HPAs estão predominantemente associados aos sedimentos ou ao material orgânico em suspensão, com baixas concentrações na água (1.000 até 100.000 vezes menor que no sedimento), como um reflexo da baixa solubilidade em água e dos altos coeficientes de partição octanol/água dos HPAs (IPCS, 1998; CONCAWE, 1998). A principal fonte de HPAs antropogênicos no ambiente aquático são a lavagem da atmosfera pela chuva (deposição úmida), a deposição seca e a contribuição de águas de drenagem superficial de plantas industriais e estradas. Devido às taxas de degradação relativamente baixas, especialmente sob condições anaeróbicas e na ausência de luz, sedimentos são considerados 18 como um sumidouro para HPAs, podendo fornecer um registro histórico de poluição das fontes mencionadas (IPCS, 1998; CONCAWE, 1998). A poluição do ar é também principal fonte de contaminação dos solos. Em solo, são encontrados gradientes de concentração que normalmente refletem a distância à fonte de poluição. As amostras de solo também podem fornecer um registro histórico de poluição (IPCS, 1998; CONCAWE, 1998; Van Brumelen et al. 1996 a, b). A deposição seca e a úmida destacam-se entre os processos físicos de remoção de HPAs da atmosfera. Estes processos dependem principalmente das características físicas e do diâmetro aerodinâmico das partículas em suspensão. Como os HPAs estão preferencialmente associados a partículas submicrométricas (d.p. < 1 um), isto implica em maior tempo de residência na atmosfera (Miguel e Friedlander, 1978). A deposição úmida ocorre através da remoção de gases e/ou partículas atmosféricas pela chuva ou neve. A velocidade de deposição seca na atmosfera é controlada pelo tamanho da partícula e, como esperado, aumenta com o tamanho da partícula considerada. A deposição seca envolve a sedimentação e a impactação inercial induzida das partículas suspensas através dos ventos ou processos de difusão gasosa, na ausência de deposição úmida. Estudos demonstram que o processo de remoção de HPAs da atmosfera (por deposição seca ou úmida) está diretamente relacionado à temperatura (Lopes e de Andrade, 1996). HPAs têm sido detectados na atmosfera de zonas urbanas, suburbanas, florestais e mesmo nas áreas mais distantes do planeta (Antártica) (Caricchia et al., 1995) contudo, suas concentrações são maiores em áreas urbanas densamente povoadas e em zonas industriais (Van Brummelen et al., 1996 a, b). A atmosfera é sem dúvida, o principal meio onde HPAs são estudados no Brasil (Alonso et al.,1997; Azevedo et al., 1999 e 2002; Castanho e Artaxo, 2001; Dallorosa et al., 2004; Martinis, 2002; Pereira Netto et al., 2001 e 2002 a; Ré-Poppi e Santiago-Silva, 2005; Vasconcellos et al., 2003, Quiterio, 2004 a e 2006) e no mundo (Liu et al., 2001; Ohura et al. 2004; Sisovic et al., 2002; Barnabé e Poissant, 2003; Oda et al.,2001). Outras matrizes como água (Busetti et al., 2006), sedimentos (Quiroz et al., 2005; Venturini e Tommasi, 19 2004), poeira de rua (Page et al., 2004; Pereira Netto et al., 2002 b e 2004), óleos comestíveis e alguns alimentos (Barranco et al., 2003; Camargo e Toledo, 2002), fumaça de cigarro e de preparo de alguns alimentos (Ding, 2005; Chen, 2001 e 2003) e outros vem sendo cada vez mais estudadas objetivando uma melhor compreensão da ação prejudicial dessas substâncias. Tabela 4. Ocorrência de BaP no ambiente e na biota. OCORRÊNCIA CONCENTRAÇÃO Atmosfera (ng/m3) Base Italiana / Antártica 0 – 0,05 Caricchia et al., 1995 Campo dos Goytacazes – SP (Brasil) 0,19 – 10,13 Azevedo et al., 2002 Campo Grande – RJ (Brasil) Média: 0,26 Japão 0,013 – 3,88 Ohura et al., 2004 Niterói – RJ (Brasil) 0,28 – 0,54 Pereira Netto et al., 2002 a Porto Alegre – RS (Brasil) 0,012 - 10,99 Dallarosa et al., 2005 Rio de Janeiro – RJ (Brasil) 0,19 – 10,67 Azevedo et al., 1999 Rio de Janeiro -RJ 0,05 – 0,20 Quiteiro et al., 2006 São Paulo – SP (Brasil) 0 – 0,69 Vasconcellos et al., 2003 Água (ng/l) de torneira 2,5 - 9 Zander, 1980 de chuva 2,2 – 7,3 Zander, 1980 Sedimentos (µg/kg) Baía de Todos os Santos - BA 0 – 208 Venturini e Tommasi, 2004 Bodensee (Alemanha) Máx. 1600 Zander, 1980 Organismos aquáticos (µg/kg) Bacalhau e crustáceos (Groelândia) 16 -60 Alimentos (µg/kg) Chá-mate 0,07 Camargo e Toledo, 2002 Vários óleos comestíveis 0,5 - 136 Barranco et al., 2003 0 – 899 Chen e Chen, 2003 Fumaça originada do preparo de frango em óleo de girassol FONTE Ré-Poppi e Santiago-silva, 2005 Zander, 1980 Estudos realizados nos EUA entre 1990 e 1991 (Khalili,1995) indicaram que veículos automotores representam a principal fonte de contribuição total de 20 HPAs para o meio ambiente (Figura 7). Entretanto, as contribuições relativas das fontes de HPAs dependem também das características industriais e econômicas da área escolhida para o estudo (Khalili et al.,1995). Motores de veículos 6% 3% Produção de alumínio 11% 35% Queima de florestas Aquecimento residencial 12% Processamento industrial de coque 16% 17% Geração de energia elétrica Incineração Figura 7. Fontes de emissão de HPAs para a atmosfera (Fonte: Khalili et al.,1995). 2.2.4. Propriedades físico-químicas dos HPAs As propriedades químicas e físico-químicas do HPAs são, em grande parte, determinadas por seus sistemas de elétrons conjugados, que variam com o número e arranjo de anéis e, portanto, com suas massas moleculares (Zander, 1980; CONCAWE, 1998). Os valores de algumas constantes físicoquímicas relevantes para a compreensão do comportamento destas substâncias no ambiente são apresentados na Tabela 5, juntamente com as abreviaturas utilizadas para os HPAs neste trabalho. Da Tabela 5 pode-se observar que HPAs são sólidos à temperatura ambiente, possuem altos pontos de ebulição e fusão e baixa solubilidade em água, exceto o naftaleno, que é relativamente solúvel (32 mg/L). A pressão de vapor é a principal propriedade físico-química responsável pela distribuição dos HPAs no ambiente devido a sua ampla faixa de variação (da ordem de 107), pois indica que certos HPAs são sólidos de baixa volatilidade (benzo[ghi]perileno, dibenzo[a,h]antraceno) enquanto outros têm alta volatilidade (antraceno, naftaleno). 21 Os altos valores dos coeficientes de partição octanol-água (Kow) expressam a grande afinidade por fases orgânicas e lipofílicas. Isto indica que HPAs são facilmente adsorvidos pelo MPA e que em ambientes aquáticos tendem a concentrar-se em sedimentos ou associarem-se à matéria orgânica em suspensão. Implica ainda que podem ser absorvidos pelos tecidos biológicos, como por exemplo, a pele. Tabela 5. Propriedades físico-químicas de HPAs selecionados. Abreviaturas PM (u.m.a.) PF (°C) PE (°C) PV à 25°C (Pa) Sw à 25°C (mg/L) CPow (Log Kow) Naftaleno N 128,17 81 217,9 10,4 3,17.104 3,4 Acenafileno Ac 152,2 92-93 265280 8,9. 10-1 - 4,07 Acenafteno Ace 154,21 95 278279 2,9. 10-1 3,93.103 3,92 Fluoreno Fl 166,22 115116 295 8,0. 10-2 1,98.10³ 4,18 Fenantreno Fe 178,23 100,5 340 1,6. 10-2 1,29.103 4,6 Antraceno A 178,23 216,4 342 8,0. 10-4 73 4,5 Fluo 202,26 108,8 375 1,2. 10-3 260 5,22 Pi 202,26 150,4 393 6,0. 10-4 135 5,18 B[a]A 228,29 157167 435 2,8. 10-5 14 5,61 Cri 228,29 253,8 441448 8,4. 10-5 2 5,91 Benzo[b] fluoranteno B[b]Fluo 252,32 167168 481 5,0. 10-7 442 5,8 Benzo[k] fluoranteno B[k]Fluo 252,32 215,7 480 1,3. 10-7 0,76 6,84 Benzo[a] pireno B[a]P 252,32 178,1 496 7,3. 10-7 3,8 6,5 Benzo[e] pireno B[e]P 252,32 178,7 493 7,4. 10-7 5,07 (23°C) 6,44 Indeno[1,2,3 -cd]pireno Ind 276,34 163,6 536 1,3. 10-8 (20° C) 62 6,58 Dibenzo[a,h] antraceno DiB[ah]A 278,35 266,6 524 1,3. 10-8 (20° C) 0,5 (27°C) 6,5 Benzo[g,h,i] perileno B[ghi]P 276,34 278,3 545 1,4. 10-8 0,26 7,1 HPA Fluoranteno Pireno Benzo[a] antraceno Criseno 22 PM = Peso molecular; PF = Ponto de fusão; PE = Ponto de ebulição; PV = Pressão de vapor; Sw = Solubilidade em água e CPow = Coeficiente de partição ocranol-água (Fonte: CONCAWE, 1998). Pode-se observar também que tanto a pressão de vapor quanto a constante de Henry, diminuem com o aumento do peso molecular. Como conseqüência destas propriedades, na atmosfera, HPAs podem ser encontrados tanto em fase gasosa quanto adsorvidos no MPA. A concentração de cada HPA em ambas as fases é função de sua volatilidade e de sua afinidade pelas superfícies das partículas atmosféricas. Como decorrência, observa-se que HPAs com 5 ou mais anéis tendem a concentrar-se no MPA enquanto HPAs com 2 e 3 anéis predominam na fase gasosa. HPAs de 3 a 4 anéis que tem pressões de vapor intermediárias, estão distribuídos em ambas as fases. 2.2.5. Reatividade dos HPAs A estabilidade química dos HPAs está relacionada ao arranjo estrutural de suas moléculas. HPAs com maior número de anéis por átomos de carbono (ex.: pireno – 4 anéis/16 átomos de carbono) são denominados pericondensados e são menos reativos quimicamente que HPAs de tamanho similar com menor número de anéis por átomos de carbono (ex.: criseno 4 anéis/18 átomos de carbono), denominados cata-condensados. O aumento do peso molecular aumenta a estabilidade dos HPAs pericondensados e reduz a dos HPAs cata-condensados. De maneira geral, as estruturas lineares são ainda menos estáveis que as agrupadas (pericondensadas) que por sua vez são menos estáveis que as angulares (catacondensadas); estas últimas predominam se houver tempo suficiente para que o equilíbrio (termodinâmico) do sistema seja alcançado (CONCAWE, 1998; Blumer, 1976). As posições em que ocorrem as reações são determinadas pela estabilidade das espécies intermediárias, ou seja, as espécies energeticamente mais favoráveis. As posições mais reativas são, portanto as duplas adjacentes 23 às posições onde os anéis são fundidos. Por exemplo, as reações em HPAs lineares, como antraceno, ocorrem nas posições 9 e 10 (denominada de região L). Moléculas angulares, como o fenantreno, reagem preferencialmente nas posições 9 e 10 (denominada região K). As posições 1 e 4, no pireno, e 1, 3, 4, 5 e 6 no benzo[a]pireno são mais favoráveis à reações, sendo a posição 6 mais reativa que as demais. A Figura 8 mostra as posições e os tipos de reações mais suscetíveis em HPAs angulares e lineares (Lopes e de Andrade, 1996). Figura 8. Posições mais reativas e reações mais prováveis em HPAs lineares e angulares (Fonte: Lopes e de Andrade, 1996). HPAs são substâncias relativamente inertes mas sofrem algumas reações que dependem principalmente de suas estruturas e das espécies com os quais interagem. Genericamente, as reações mais comuns que participam podem ser classificadas como de substituição nucleofílica (um átomo de hidrogênio é substituido por um átomo de outro elemento ou grupo) e adição nucleofílica (uma ligação dupla é desfeita). Como as reações de adição destroem a 24 aromaticidade do sistema conjugado, diminuindo a estabilidade da molécula, elas são muitas vezes, seguidas por reações de eliminação, que regeneram o sistema aromático e dão origem a um produto final de substituição. Os produtos destas reações podem, subseqüentemente, sofrer novas transformações, inclusive abertura de anéis e dar origem a substâncias mais complexas. É importante salientar que a presença de substituintes doadores ou aceptores de elétrons nos anéis pode aumentar ou diminuir, respectivamente, a velocidade das reações (Pereira Netto, 1999; Lopes e de Andrade, 1996). Os HPAs atmosféricos estão principalmente adsorvidos na fração fina do MPA, o que aumenta a superfície de contato e facilita reações com substâncias em fase gasosa como O3, SOx, NOx e radicais OH presentes na atmosfera; também podem sofrer oxidação (química) e alterações fotoquímicas (Schurath, 1997; Nielsen et al., 1983; Baek et al., 1991; Finlayson-Pitts e Pitts Jr, 1997; Blumer, 1976; Fasnacht e Blough, 2003). As reações atmosféricas dão origem a substâncias policíclicas aromáticas (SPAs) de maior polaridade que os HPAs originais como nitro-HPAs (NHPAs), cetonas, quinonas, lactonas (OHPAs) etc. A formação de NHPAs na atmosfera é ilustrado na Figura 9 com a formação de 2-nitropireno e do 2-nitro-fluoranteno a partir do pireno e do fluoranteno, respectivamente. No meio ambiente, muitos dos HPAs de 3 ou mais anéis e heteroaromáticos são fotooxidados pois absorvem radiação na região do UV (acima de 300nm e presente na radiação solar). Essas reações são de particular interesse porque o destino dos HPAs, assim como sua remoção do ambiente é determinado em parte por seu comportamento fotoquímico (Fasnacht e Blough, 2003; Finlayson-Pitts e Pitts Jr, 1997). A formação de endoperóxidos é a reação mais comum sofrida pelos HPAs em solução. É importante notar que quinonas podem também ser produtos de fotooxidação desde que o endoperóxido correspondente não possa ser formado devido a impedimento estérico. A presença de quinonas e de cetonas em MPA foi observada. Entretanto, acredita-se a fotooxidação de HPAs em estado adsorvido não ocorra via endoperóxidos. Uma vez que HPAs estão principalmente associados ao MPA, estudos sobre processos oxidativos em estado adsorvido são de grande importância para o estudo do decaimento destas substâncias no ambiente (Zander, 1980; Xavier e Moreira, 2005). 25 OH H H OH PIRENO NO2 OH H NO2 (I) H NO2 H2 O 2-NITROPIRENO H OH H OH FLUORANTENO NO2 NO 2 H NO2 OH (II) H H 2O 2-NITROFLUORANTENO Figura 9. Esquema de formação de 2-nitropireno e 2-nitrofluoranteno segundo James N. Pitts Jr.(Fonte: Vasconcellos et al., 1998). Estudos realizados em laboratório indicam que o tempo de meia-vida dos HPAs na atmosfera pode variar de minutos ou horas a dias (Lopes e de Andrade, 1996). HPAs também reagem com o ozônio formando diversos produtos. Durante o dia, os HPAs atmosféricos podem sofrer reações de fotólise ou reações com o radical OH e durante a noite com o radical NO3 e com N2O5 para gerar os seus derivados nitrados (NHPAs). A reação com O3 pode ocorrer em ambos os períodos. Estas reações representam os processos químicos mais importantes para remoção dos HPAs da atmosfera (Arey et al., 1989). Os produtos destas reações são, em alguns casos, mais tóxicos que os HPAs de origem. 26 2.2.6. Atividade biológica e risco à saúde Como dito anteriormente, alguns HPAs e seus derivados representam grande risco à saúde dos seres humanos. Este risco está relacionado à capacidade que alguns HPAs têm de reagir com o DNA que pode levar a câncer de vários órgãos como pulmão, bexiga e possivelmente mama (Zander, 1980; Pereira Netto et al., 2000; Blumer, 1976; Baird, 1995; Finlayson-Pitts e Pitts Jr., 1997; Ding et al., 2005; Perera, 1997). Vale ressaltar que os HPAs não são agentes carcinogênicos diretos e que a formação das substâncias carcinogênicas depende de ativação metabólica no organismo (Baird, 1995; Pereira Netto et al., 2000; Perera,1997). O esclarecimento a respeito das vias metabólicas assim como das atividades mutagênicas e carcinogênicas de HPAs continuam a ser alvo de investigações devido à crescente presença destas substâncias no ambiente. Uma representação simplificada do metabolismo de ativação do benzo[a]pireno no organismo humano é mostrada na Figura 10 (Lopes e de Andrade, 1996; Pereira Netto et al., 2000; Formenton-Catai et al., 2005). A estrutura do HPA é um importante indicador de seu comportamento mutagênico e carcinogênico. A presença de uma “região de baía” na molécula lhe confere um alto grau de reatividade bioquímica. Essa região é identificada por uma ramificação na seqüência de átomos de carbono no sistema aromático (Baird, 1995). A primeira transformação química que ocorre após a entrada do HPA no organismo é a formação de um anel epóxido sobre uma ligação (C=C) do HPA (a). A reação com uma molécula de água produz dois grupos hidroxila sobre os carbonos adjacentes formando compostos poli-hidroxilados (b). A outra ligação dupla que ainda existe no anel que contém os grupos (-OH) sofre nova epoxidação, produzindo assim a verdadeira espécie carcinogênica (c). Esta molécula pode formar um cátion estável por adição de H+, capaz de unir-se ao DNA, induzindo assim mutações e câncer (d) (Baird, 1995; Pereira Netto et al., 2000; Perera, 1997; Lopes e de Andrade, 1995). 27 Região de baía MO = MONOXIGENASE EH = EPÓXIDO-HIDROLASE G = GUANINA (DNA) Benzo[a]pireno MO (a) (c) OH O HO EH EH HO (b) OH G HO OH (d) N N O HN CH3 N NH HO HO OH Figura 10. Mecanismo de eliminação/ativação metabólica do B[a]P. (Fontes: Lopes e de Andrade, 1996; Pereira Netto et al., 2000; Formenton-Catai et al., 2005). As reações metabólicas de formação de epóxido e adição de H2O são parte do mecanismo de eliminação do HPA tornando-o polar e hidrofílico, através da formação dos intermediários polihidroxilados que permitem posterior 28 eliminação por via urinária. Para o B[a]P e outros HPAs que contêm região de baía, os derivados polihidroxilados podem reagir com a guanina do DNA formando um aduto e induzir a célula a erros de reparação que podem levar à posterior tumoração (Lopes e de Andrade, 1995; Baird, 1997). A reatividade dos metabólitos em que o diolepóxido está na região de baía é comparativamente maior do que a dos metabólitos em que o diolepóxido está na região K, provavelmente como resultado do acesso mais fácil aos orbitais π (Figura 11) (Pereira Netto et al., 2000). Região de baía O 2 OH 1 3 4 OH 5 6 O (±)-trans-3,4-dihidroxi-anti-1,2-epoxi-1,2,3,4tetrahidrobenzeno (a) antraceno (BADE) Região K Benzo (a) antraceno-5,6-epóxido Figura 11. Representação esquemática do B[a]P com diolepóxido na região baía e na região K. (Fonte: Pereira Netto et al., 2000). É importante realçar que há um conjunto de fatores responsáveis pela absorção dessas substâncias tais como, o material que contém os HPAs, a estrutura de cada HPA, a susceptibilidade individual a estas substâncias que dependem de predisposição genética, etnia, idade, gênero e ainda estado nutricional, para a mesma dose de exposição (Perera, 1997). Seres humanos e outros animais encontram-se expostos aos HPAs por diferentes vias, das quais destacam-se a inalação de ar poluído e a ingestão de alimentos e água contaminada. No caso específico de seres humanos, vale ressaltar outros importantes modos de exposição como o hábito (ou vício) de fumar, a inalação (passiva) de fumaça de cigarros e a exposição ocupacional em atividades e processos que envolvem a produção de matérias–primas que contenham estas substâncias (ex.: fundições, produção de alumínio, pavimentação de vias etc) (IPCS, 1998) ou o simples manuseio das mesmas 29 como fuligens, alcatrão e óleos principalmente os que estiverem sujeitos a processos térmicos, como óleos lubrificantes usados ou de óleos de pirólise (IARC,1987). Segundo a International Agency for Research on Câncer (IARC), pelo menos 12 HPAs são considerados provavelmente carcinogênicos (2A) ou possivelmente carcinogênicos (2B). A USEPA sugere o monitoramento de 16 HPAs que são encontrados na maioria das amostras ambientais. A estrutura desses 16 HPAs são mostradas na Figura 12. A Tabela 6 mostra a classificação pela IARC e pela USEPA para HPAs selecionados. Naftaleno Fenantreno Benzo[a]Antraceno Benzo[a]Pireno Acenafteno Acenaftileno Fuoreno Antraceno Fluoranteno Pireno Criseno Indeno[1,2,3-cd]Pireno Benzo[b]Fluoranteno Dibenzo[a,h]Antraceno Benzo[k]Fluoranteno Benzo[g,h,i]Perileno Figura 12. Estrutura dos 16 HPAs prioritários pela U.S. Environmental Protection Agency. 2.3. Amostragem de MPA para determinação de HPA Existem alguns estudos disponíveis relatando protocolos de amostragem para HPAs. Fox (1989) revisou a literatura publicada sobre o monitoramento da poluição do ar entre 1987 e 1988 e Clement et al. (1995) para análise de ambientes (solo, água e ar) entre 1993/1994. Leinster e Evans (1986) e Davis et al. (1987) concentraram-se nos métodos de amostragens para determinação 30 posterior de HPAs. Todas as quatro revisões fornecem listas extensivas de referência e todos reconhecem as dificuldades associadas à medida de concentrações de HPAs em amostras ambientais. Tabela 6. Classificação de HPAs selecionados pela IARC (International Agency for Research on Câncer) e USEPA (US - Envrionmental Protection Agency). HPA Classificação IARC Classificação USEPA Acenafteno - P Acenaftileno - P Antraceno 3 P Benzo(a)antraceno 2A P Benzo(a)pireno 2A P Benzo(e)pireno 3 - Benzo(b)fluoranteno 2B P Benzo(j)fluoranteno 2B - Benzo(k)fluorantheno 2B P Benzo[g,h,i]perileno 3 P Criseno 3 P Diabenzo(a,h)antraceno 2A P Dibenzo(a,e)pireno 2B - Dibenzo(a,h)pireno 2B - Dibenzo(a,i)pireno 2B - Dibenzo(a,l)pireno 2B - Fenantreno 3 P Fluoranteno 3 P Fluoreno 3 P Indeno (1,2,3-c,d) pireno 2B P Naftaleno 2B P Pireno 3 P 2 A= provavelmente cancerígeno para humanos 2 B= possivelmente cancerígeno para humanos 3 = não classificado como cancerígeno para humanos Classificação pela USEPA: P = prioritário 31 Não existe, atualmente, nenhum procedimento padrão para amostragem de HPAs mas existem procedimentos recomendados para a coleta de MPA, de substâncias semivoláteis ou voláteis em fase gasosa e de gases emitidos por motores e outras fontes. Estes métodos podem ser usados para associar o determinados HPAs ao MPA (IPCS, 1998; CONCAWE, 1998). Há diversos equipamentos e técnicas para a amostragem de MPA como filtração, precipitação eletrostática, precipitação térmica e impactação. Muitos dos aspectos relativos a estas técnicas foram revistos e discutidos por Lopes e de Andrade (1996). De acordo com a USEPA (2006), dentre as várias técnicas disponíveis, a filtração tem-se mostrado como a mais adequada à coleta rotineira de MPA. O equipamento denominado amostrador de grandes volumes (AGV), conhecido internacionalmente por HI-VOL (abreviatura do termo em inglês High Volume Sampler) é usulamente aceito como ferramenta mais adequada para o monitoramento da poluição do ar por MPA, sendo, portanto o equipamento mais empregado para este fim. Tal fato se justifica em função do AGV possuir características de interesse como portatibilidade, fácil manuseio e manutenção, baixo custo, além de fornecer boa precisão nos resultados de amostragem (Almeida, 1999). Para a coleta de MPA no sistema AGV, filtros de material inerte (como fibra de vidro ou quartzo, Teflon®) são usados (Lopes e de Andrade, 1996; CONCAWE, 1998; Energética). Um sistema contendo um sólido poroso (aparador adsorvente) pode ser usado para a retenção dos componentes na fase vapor (Figura 13). Muitos adsorventes têm sido descritos na literatura; os mais comuns são Tenax®, resina XAD-2, espuma de poliuretano (PUF) etc (Lopes e de Andrade, 1996; CONCAWE, 1998). Um tipo particular de amostrador é o AGV-PM10 com cabeça de separação (inlet) Andersen. (Figura 14), que retém sobre o filtro as partículas com diâmetro aerodinâmico menor que 10 µm (PM10), diferentemente dos outros AGVs mencionados anteriormente que coletam partículas até ~ 100 µm (PTS). Além do AGV podem ser utilizados outros sistemas de amostragem como o denuder que se baseia na difusão da fase vapor e particulada através de tubos de vidro cilíndricos com as paredes internas revestidas com um sólido 32 adsorvente (os mesmos adsorventes utilizados no AGV) ou líquido de alto ponto de ebulição. Neste amostrador as moléculas da fase vapor são adsorvidas nas paredes internas enquanto que o material particulado é recolhido no filtro localizado no final do tubo. (I) (II) Figura 13. Diagrama esquemático de AGV-PTS sem aparadores adsorventes (I) e com aparadores adsorventes (II), (Fonte: Lopes e de Andrade, 1996). Outro método utilizado na coleta de MPA é o Impactador em Cascata, usado quando o objetivo é uma coleta seletiva com respeito ao tamanho de partículas. Neste sistema, as partículas são coletadas em pelo menos dois estágios de coleta, arranjados em série, nos quais as partículas colidem. Sua desvantagem está relacionada ao maior tempo de amostragem quando comparado aos métodos acima, devido à baixa velocidade do fluxo de ar. Os principais problemas inerentes à amostragem com filtros são: • A volatilização do HPA coletado sobre o filtro pela passagem contínua de ar sobre a superfície do filtro (blow-off); 33 • Adsorção de HPAs da fase vapor sobre as partículas já capturadas sobre o filtro; • A degradação química dos HPAs já coletados sobre o filtro. Após amostragem, os HPAs coletados sobre filtro de Teflon ou adsorvidos em espuma de poliuretano devem ser acondicionados em recipientes fechados, à temperatura ambiente e ao abrigo da luz. Figura 14. Esquema simplificado do amostrador AGV-PM 10. Há ainda outros sistemas para coleta do MPA como, por exemplo, o Precipitador Eletrostático e o Amostrador de Andersen (um tipo especial de amostrador em cascata) (Lopes e de Andrade, 1996). 2.4. Tratamento das amostras de MPA 2.4.1. Extração, limpeza e pré-concentração da amostra 34 Após a coleta do MPA sobre filtros, estes precisam ser extraídos por solventes orgânicos, uma vez que o MPA constitui uma mistura complexa que inclui, além dos HPAs, outras Substâncias Policíclicas Aromáticas (SPAs) de polaridades diferentes, hidrocarbonetos alifáticos, metais e outras espécies químicas. A extração do MPA envolve geralmente o uso de solventes de polaridade intermediária e baixo ponto de ebulição como acetonitrila e diclorometano e pode ser realizada em aparelho de Soxhlet ou em banho de ultrasom seguido de filtração ou decantação. Técnicas de extração por fluidos supercríticos (EFSC) (Langenfeld et al., 1995) e extração por microondas tem sido também utilizadas (Scheepers et al., 1994; Song et al., 2002). Todas as técnicas apresentam vantagens e desvantagens relativas. Assim, apesar da EFSC e a extração por microondas serem as técnicas que geram resíduos menos tóxicos e problemáticos para o ambiente, pois empregam menores quantidades de solvente, seu custo relativo ainda é um fator limitante que faz com que as outras duas técnicas sejam as mais empregadas até hoje. A extração em Soxhlet ou em banho de ultrasom exibe, de modo geral, alta recuperação ( 90%) (Escrivã et al., 1994; Stephens et al., 1994). Entretanto, a extração por sonicação apresenta algumas vantagens como a rapidez no processamento da amostra, reprodutibilidade da técnica, possibilidade de utilização de grande quantidade de amostra, fácil manuseio e a possibilidade de aplicação em diferentes matrizes ambientais (Escrivã et al., 1994; Cvacka et al., 1998). Após a extração, o extrato pode passar por um processo de préconcentração e limpeza que podem ser realizados através de evaporador rotatório, quando o volume do extrato é grande. O pré-tratamento de uma amostra em um procedimento analítico é, na grande maioria dos casos, a etapa mais custosa, onde se dispensa mais tempo e que demanda maiores habilidades do analista. Para a limpeza do extrato podem ser usadas várias técnicas como extração líquido-líquido, extração em fase sólida (EFS), cromatografia em camada fina (CCF), cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) preparativa ou cromatografia líquida em coluna (CL). Estas técnicas visam, além da pré35 concentração, a separação de componentes da amostra que possam interferir ou atrapalhar as determinações e/ou identificações dos compostos de interesse. O uso de cartuchos descartáveis de EFS de diferentes materiais como ODS, SiO2 etc, é uma boa alternativa para a etapa de limpeza, pois apresenta vantagens como baixo consumo de tempo, fácil operação e pequenos volumes de solventes (Librando et al., 1994; Kootstra et al., 1995; Barranco et al., 2003). Padrão interno (PI) normalmente é utilizado quando o número de etapas pelas quais a amostra vai passar é grande. O seu uso pode compensar vários tipos de erros aleatórios e sistemáticos. Então, se os sinais do analito e do PI respondem proporcionalmente às flutuações aleatórias da metodologia analítica, as razões entre esses sinais é independente dessas flutuações (Skoog et al., 2002). 2.5. Técnicas analíticas 2.5.1. Métodos cromatográficos As técnicas mais eficientes para o monitoramento de HPAs são a cromatografia a líquido com detecção por fluorescência (CLAE/FLUO) e cromatografia a gas acoplada a espectrometria de massas (CG/MS). Entretanto, o CLAE/FLUO apresenta algumas vantagens gerais em relação a CG/MS como, por exemplo, a possibilidade de determinação de compostos termolábeis, uma vez que as análises em CLAE podem ser feitas à temperatura ambiente. Outra vantagem é a grande variedade de fases estacionárias que podem ser utilizadas, em fase normal ou reversa, o que permite uma maior seletividade, capaz de resolver até mesmo isômeros, os quais são dificilmente resolvidos por CG. Ainda pode ser considerada uma técnica quantitativa mais precisa do que o CGAR no que diz respeito a maior precisão no volume de injeção devido ao uso de válvulas com loop de volume fixo ao invés de seringas de injeção, normalmente utilizadas em CGAR (Rodríguez e Sans, 2000). A detecção dos HPAs, separados por CLAE pode ser feita por absorção no Ultravioleta (UV) e ou emissão de fluorescência. O detector UV tem menor 36 sensibilidade e menor seletividade que o detector FLUO e, portanto é raramente usado para a determinação de HPAs. Na maioria das vezes a determinação dos HPAs com detecção por fluorescência é feita utilizando os comprimentos máximo de excitação e emissão de cada HPA. Mas a determinação de HPAs em matrizes complexas nem sempre é uma tarefa fácil de ser realizada, pois muitas vezes não é possível uma boa resolução cromatográfica. Uma maneira de resolver este tipo de problema é utilizar janelas de detecção, onde a detecção é feita em vários comprimentos de onda (excitação e emissão) diferentes que permite um ganho de seletividade, podendo assim eliminar possíveis interferentes. O uso de colunas em fase reversa são muito empregadas na separação cromatográfica de HPAs. Estas colunas são constituídas de cadeias de hidrocarbonetos, com 2, 8 ou 18 átomos de carbono, quimicamente ligadas à sílica. A fase ligada C18 (Octadecil) é a mais amplamente utilizada em CLAE e esta pode ser do tipo polimérica ou monomérica, sendo esta última a que apresenta mais alto grau de reprodutibilidade (Dorsey et al.,1994). Comparações entre colunas para determinação de HPAs foram realizadas (Wise et al., 1993). 37 CAPÍTULO 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Materiais Os equipamentos e reagentes empregados na execução deste trabalho estão descritos nas Tabelas 7 e 8 respectivamente: Tabela 7. Equipamentos utilizados neste trabalho. EQUIPAMENTO Agitador de tubos FABRICANTE Phoenix, modelo AP 56 Amostrador de Grande Volume (AGV) para Energética Qualidade do Ar, Rio de Partículas totais em suspensão (PTS) Janeiro, Brasil Balança Analítica (0,01 mg) AND, Japão, GR series, modelo GR202 Banho de Ultrasom Unique, modelo USC - 1800 Centrífuga Excelsa II, Fanem, modelo 206 BL Coluna octadecílica para CLAE MERCK (Lichrospher - 5 µm; 250 x 3mm) Pré-coluna octadecílica para CLAE (2,1 Vydac µm; 1 cm) Sistema de cromatografia à Líquido de Alta Agilent 1100 series Eficiência com detecção de Fluorescência Estufa Icamo Evaporador Rotativo à vácuo (MSM 120) MS Mistura Equipamentos para Laboratório 38 Tabela 8. Reagentes e solventes empregados neste trabalho. REAGENTE FABRICANTE ESPECIFICAÇÕES Acetonitrila Tedia Grau HPLC / Spectro Cartuchos de EFS Agilent Technologies 500 mg; 3mL Diclorometano Tedia Grau Absolv Filtro de fibra de vidro Pall Corporation 20,3 x 25,4 cm; 1um Álcool metílico Tedia Grau HPLC/Spectro n-Hexano 85% Tedia Grau HPLC/Espectro Nitrogênio White Martins Alta pureza (> 99,9%) 3.2. Métodos 3.2.1. Descrição da área de amostragem As coletas de MPA foram realizadas no Campus do Valonguinho (Figura 15) da Universidade Federal Fluminense (UFF), localizado no Centro da cidade de Niterói, município do Estado do Rio de Janeiro (Figura 16). Figura 15. Local de amostragem do MPA; Campus do Valonguinho, Centro de Niterói. 39 O equipamento de amostragem foi instalado a uma altura de aproximadamente 5 metros em relação ao nível da rua e do mar. Este local está situado à cerca de 200 m da beira do mar e, portanto, é influenciado por emissões marinhas. Em frente ao local há um sistema de tráfego composto por 11 pistas de rolagem, influenciado por veículos leves e pesados (como caminhões e ônibus), movidos à gasolina que contém até 25% de álcool hidratado, gás natural, óleo diesel e álcool hidratado. Figura 16. Localização do município de Niterói. O município de Niterói tem um clima quente e semi-úmido, em função de sua localização geográfica. Situa-se no litoral, na faixa intertropical, estando sob a influência do anticiclone do Atlântico Sul (que alimenta a massa Tropical Atlântica) e da massa Polar Atlântica. A temperatura média anual apresenta-se em torno de 23,1°C. As médias mensais oscilam entre 19.6°C (julho) e 26,5°C 40 (fevereiro). A pluviosidade media anual é de 1.207mm. As chuvas concentramse no verão, atingindo o máximo em março (149,4mm), ao passo que o inverno é a estação da estiagem, sendo agosto o mês mais seco (50,1 mm). Niterói possui, de acordo com o Censo Demográfico de 2005, 474.046 habitantes, sendo o quinto município mais populoso do Estado do Rio de Janeiro (IBGE, 2006). A economia de Niterói está centrada, predominantemente, no Setor Terciário ou de Serviços, considerando que as atividades industriais vêm perdendo posição há muitas décadas. Informações do IBGE (2002) indicam que o setor agropecuário praticamente não participa mais da formação do PIB em Niterói, que já é considerado há alguns anos um município com população totalmente urbanizada. O setor industrial contribuiu neste mesmo ano com cerca de 18% contra 65% do setor de serviços. O Centro de Niterói limita-se com os bairros vizinhos de São Lourenço, Ponta D' Areia, Fátima, Morro do Estado, Ingá, São Domingos e Icaraí, sendo banhado pelas águas da Baía de Guanabara. A atividade comercial no centro de Niterói contribui para o aumento do fluxo da população flutuante. A esta população soma-se o grande número de pessoas procedentes do próprio município e de municípios vizinhos que circulam pelo Centro, em direção ao Rio de Janeiro, através de veículos próprios, barcas, aerobarcos e ônibus, já que esta área é sede do Terminal Rodoviário João Goulart e da Rodoviária de Niterói Roberto Silveira. A frota de veículos em Niterói exibiu uma taxa média de crescimento anual de 6,1 % ao ano entre 1992 e 2005 (Figura 17), comparativamente menor que a de grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro e São Paulo. 41 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1993 1992 N° de carros 200000 180000 160000 140000 120000 100000 80000 60000 40000 20000 0 Ano Figura 17. Crescimento do número de veículos em Niterói de 1992 a 2005 (Fonte: DETRAN, 2005). 3.2.2. Amostragem com AGV-PTS Um Amostrador de Grandes Volumes AGV-PTS (Energética Indústria e Comércio LTDA) foi usado na coleta de MPA. A operação e calibração do equipamento seguiram os procedimentos recomendados pelo fabricante e pela norma da ABNT-NBR 9547/97.(ABNT, 2005). Informações sobre a operação deste equipamento encontram-se no Anexo A. As coletas foram realizadas com vazão de 1,1 – 1,7 m³/min, com periodicidade média quinzenal, no período compreendido entre 11/06/2005 a 08/06/2006. As coletas tiveram duração de 24 horas cada. Foram usados filtros de fibra de vidro com dimensões de 20,3 x 25,4 cm e poro de 1 µm fornecidos pela Pall Corporation, EUA. Antes das coletas, todos os filtros foram inspecionados visualmente de maneira a se rejeitar os que se apresentassem fora de especificação das normas da ABNT (Tabela 24 - Anexo A). 42 A massa de MPA coletado foi obtida por pesagem em balança analítica com precisão de 0,1 mg antes e depois da amostragem sob condições constantes de temperatura e umidade. Logo após o término da coleta, os filtros eram levados ao laboratório, estabilizados por pelo menos 2 horas, pesados, dobrados ao meio na direção da largura, embalados em papel alumínio e guardados em pastas plásticas que eram mantidas em freezer (T ~ – 8°C). O volume de ar amostrado, corrigido para condições padrão (25°C, 760 mm Hg), foi determinado a partir da vazão medida pelo AGV e do tempo de amostragem. A correção da concentração de PTS, para as condições padrão é uma exigência da norma CONAMA (CONAMA, 1990). A concentração das partículas totais em suspensão no ar ambiente foi calculada dividindo-se a massa de partículas coletada pelo volume de ar amostrado e é expressa em µg/m³ como mostra a Equação 1: PTS = Ml x106 Vp (Equação 1) onde: PTS = concentração de partículas totais em suspensão, µg/m³; Vp = volume total de amostrado em unidade padrão de volume, m³; 106 = fator de conversão de µg/g. Ml = é a diferença entre o peso final do filtro (após coleta) e o peso inicial do filtro (antes da coleta), obtidos em balança com precisão de 0,1 mg. Vp é dado pela Equação 2: Vp = Q*p xt (Equação 2) onde: Vp = volume total de ar amostrado em unidade padrão de volume, m³; Qp* = vazão média do amostrador (m³/min) corrigida para as condições padrão; t = tempo de amostragem. 43 A metodologia para a determinação de Qp* e Vp está apresentada no Anexo A. Foram usados dados meteorológicos (velocidade dos ventos, umidade relativa e temperaturas médias diárias) obtidos na Estação Meteorológica, localizada no Campus da Praia Vermelha, Boa Viagem, Niterói, gerenciada pelo Prof. Dr. Jorge Luiz Fernandes de Oliveira do Departamento de Geografia da UFF. 3.2.3. Extração dos filtros A extração do MPA coletado nos filtros foi realizada por sonicação, utilizando-se diclorometano como solvente de extração. Para a extração das amostras, ¼ do papel de filtro foi utilizado em cada caso. Esta porção do filtro era cortada em duas partes iguais e em seguida, em tiras finas que eram colocadas em dois tubos de centrífuga de modo que cada tubo contivesse aproximadamente a mesma quantidade de filtro. Após adição de 5,0 mL de diclorometano a cada um dos tubos, eles eram tampados com papel alumínio, submetidos à sonicação em banho de ultra som por 20 minutos e centrifugados. Os sobrenadantes eram transferidos para balão de vidro de 125 mL. Este procedimento era repetido por mais quatro vezes, dando origem a um volume total de extração de cerca de 50,0 mL. Neste extrato, eram adicionados 100 µL de solução do padrão interno (2,2’binaftaleno) 100 µg/L e 3,0 mL de acetonitrila para a troca de solvente. O extrato era concentrado em evaporador roatatório até um volume final de cerca de 1,0 mL na temperatura da ordem de 30°C. O extrato concentrado era filtrado em filtro de Millipore (25 mm; 0,25 µm), recolhido, avolumado para 2,5 mL e homogeneizado em vortex. Para análise posterior, parte deste extrato era guardado na geladeira em vial de 2 mL. Para avaliação de recuperação, o material certificado SRM 1649a (material particulado certificado para HPAs, NIST – EUA) foi usado. 44 3.2.4. Estudo da separação do MPA em classes de substâncias Foram realizados alguns testes para avaliar o aumento de seletividade do método com a utilização de uma etapa de limpeza com cartuchos de extração em fase sólida. Cartuchos de Sílica (500 mg; 3 mL) e um sistema de vácuo próprio para cartuchos de EFS (J T Baker, USA) foram utilizados. Diferentes sistemas e composições de solventes foram estudados. 3.2.5. Desenvolvimento da metodologia para análise cromatográfica Para a identificação e quantificação dos HPAs estudados foi empregado um cromatógrafo à líquido de alta eficiência (Agilent 1100, EUA) com detector de fluorescência (Agilent 1100 series). O equipamento empregado é dotado de injetor automático, bomba quaternária e forno para coluna. Uma coluna octadecilsílica (Lichrospher PAH, 5 µm; 250 x 3mm) (MERCK) e pré-coluna octadecilsílica (2,1 µm; 1 cm) (Vydac) foram utilizadas. Os comprimentos de onda de excitação ( exc) e de emissão ( em) dos HPAs estudados foram avaliados em soluções individuais, com a finalidade de obter os comprimentos de onda máximos, que permitem maior sensibilidade e seletividade. Um método com detecção em quatro janelas de excitação e emissão foi avaliado e usado no decorrer do trabalho. 3.2.6. Tratamento dos dados Os dados foram tratados estatisticamente através de uma planilha elaborada no Microsoft Office Excel 2003. 45 CAPÍTULO 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Avaliação de Material Particulado Atmosférico Os volumes totais de ar amostrado (Vp), as massas de MPA (g), as concentrações calculadas de MPA (µg/m³) e os dados meteorológicos para cada dia de coleta são apresentados na Tabela 9. Não foi possível obter os dados meteorológicos entre fevereiro e abril de 2006 devido a problemas na estação meteorológica. Os valores de MPA podem ser observados na Figura 18 em comparação com o padrão primário (240 µg/m³) e o padrão secundário (150 µg/m³) adotados pelo CONAMA (1990). Nesta figura, é possível observar que nenhuma das amostras ultrapassou o padrão primário ou o padrão secundário de qualidade do ar para coleta de 24 horas. Como foi dito anteriormente, o padrão primário foi adotado para proteger a Saúde Pública (saúde da população), enquanto o padrão secundário considera o bem-estar público, incluindo vegetação, animais e materiais. O maior valor de MPA registrado durante as coletas ocorreu no dia 22 de dezembro de 2005, quando a concentração de MPA ficou cerca de 1 % abaixo do padrão secundário de qualidade do ar. A média geométrica anual (MGA) foi calculada apesar das amostras não terem sido coletadas em intervalos de 6 dias, como recomenda o CONAMA. A MGA obtida (87 µg/m3) indicou que o padrão primário (80 µg/m³) foi ultrapassado em cerca de 9 % enquanto o padrão secundário (60 µg/m³) foi ultrapassado em 31 %. As chuvas ocorridas nos dias de coleta 25/11/05, 24/01/06 e 23/05/06 como mostra a Tabela 9, ocorreram apenas no período noturno. 46 É possível notar pela Figura 18 que as maiores concentrações de MPA ocorreram no verão, diferentemente do que ocorre em muitos outros países da Europa, por exemplo; onde as estações do ano são bem definidas o que possibilita uma grande variação entre as temperaturas médias das mesmas. Os resultados obtidos indicam que de modo geral a qualidade do ar de Niterói é satisfatória quando os padrões primários e secundários diários são considerados, pois as concentrações diárias de MPA estão em níveis aceitáveis. Entretanto as médias anuais indicam que a exposição prolongada a esses níveis pode ser prejudicial para a população que poderia levar a problemas respiratórios ou alérgicos, principalmente no inverno. A média geométrica anual obtida neste trabalho (87 µg/m3) foi também comparada às médias obtidas em outras regiões do Estado do Rio de Janeiro:. Cinelândia (Centro do Rio de Janeiro):133 µg/m³ (Quiterio et al., 2004 b), em alguns subúrbios do Rio de Janeiro (Bonsucesso: 221,5 µg/m³; Copacabana: 81,4 µg/m³; Inhaúma: 138 µg/m³ e Méier: 75 µg/m³) (Daumas et al., 2004), municípios da Baixada Fluminense (Queimados: 113 µg/m³; Japeri: 59,1 µg/m³; Mesquita: 242 µg/m³; Belford Roxo: 144 µg/m³; Nova Iguaçu: 184 µg/m³; Magé: 55 µg/m³ e São João de Miriti: 149 µg/m³), Distrito Industrial de Santa Cruz: 87 µg/m³ (Quiterio et al., 2004 a, 2005) e na Região do Médio Paraíba (Morada da Colina: 42 µg/m³ ; Volta Grande: 50 µg/m³; Jardim Paraíba: 57 µg/m³ e Barra Mansa: 66 µg/m³) (Loyola, 2006) (Figura 19). De modo geral, as concentrações médias geométricas anuais de MPA em Niterói foram menores que as medidas em áreas urbanas brasileiras densamente povoadas, provavelmente por Niterói ser um local com menor densidade populacional e melhor ventilação devido à proximidade com o mar. As maiores concentrações de MPA foram observadas nos dias úteis (Figura 20) provavelmente devido ao maior número de veículos transitarem nestes dias na região estudada, inclusive no Campus do Valonguinho, onde foi instalado o AGV-PTS, quando comparado aos finais de semana. As condições meteorológicas, assim como a topografia da região influenciam a concentração do MPA e consequentemente a concentração dos HPAs presente neles. 47 Tabela 9. Concentrações de MPA ( g/m³) nas datas de coleta e dados meteorológicos correspondentes. Data de início da coleta (8:00 h) 11 de junho de 2005 26 de junho de 2005 12 de julho de 2005 26 de julho de 2005 10 de agosto de 2005 25 de agosto de 2005 9 de setembro de 2005 24 de setembro de 2005 9 de outubro de 2005 26 de outubro de 2005 9 de novembro de 2005 25 de novembro de 2005 8 de dezembro de 2005 22 de dezembro de 2005 7 de janeiro de 2006 24 de janeiro de 2006 6 de fevereiro de 2006 21 de fevereiro de 2006 8 de março de 2006 27 de março de 2006 7 de abril de 2006 24 de abril de 2006 9 de maio de 2006 23 de maio de 2006 ni = não informado Dia da Semana Sábado Domingo terça-feira terça-feira quarta-feira quinta-feira sexta-feira Sábado Domingo quarta-feira quarta-feira sexta-feira quinta-feira quinta-feira Sábado terça-feira segunda-feira terça-feira quarta-feira segunda-feira sexta-feira segunda-feira terça-feira terça-feira MPA (µ µg/m³) 65,0 70,8 98,9 66,5 105 69,2 74,2 69,6 85,6 146 66,3 132 65,4 148 90,0 138 128 124 77,9 55,7 73,0 104 73,5 69,9 Volume (Vp) Massa de Temperatura (m³) MPA (g) média (°C) 2605 0,1694 23,3 2797 0,1980 21,1 2854 0,2824 20,0 2845 0,1891 19,9 2580 0,2710 22,7 2809 0,1943 20,3 2805 0,2081 20,5 2772 0,1929 20,9 2615 0,2238 24,2 2310 0,3368 26,3 2718 0,1801 21,0 2404 0,3165 24,4 2710 0,1772 20,9 2367 0,3500 25,0 2489 0,2240 24,3 2216 0,3063 26,5 2052 0,2616 30,0 2334 0,2884 25,0 2282 0,1778 26,0 2500 0,1392 23,0 2300 0,1678 25,5 2657 0,1761 25,0 2396 0,2774 22,4 2739 0,1915 21,4 Velocidade do Umidade vento (m/s) relativa (%) 3,1 73,0 2,7 81,0 1,7 79,9 1,5 70,5 3,1 65,8 3,4 83,4 4,7 84,0 2,8 75,7 3,3 77,1 2,7 74,8 1,5 70,7 3,5 84,3 1,2 77,2 2,0 83,8 2,4 83,0 2,2 77,6 ni ni ni ni ni ni ni ni ni ni 4,8 76,8 2,1 78,1 0,7 83,6 Chuva não não não não não não não não não não não sim não não não sim não não não não não não não sim 48 0 Padrão secundário Padrão primário Volta Grande São João de Miriti Santa Cruz Queimados Nova Iguaçu NITERÓI (este trabalho) Morada da Colina Mesqita Méier Magé Jardim Paraíba Japeri Inhaúma Copacabana Cinelândia Bonsucesso Padrão secundário (anual) Padrão primário (anual) Padrão primário (24h) Padrão secundário (24h) Média geométrica anual 9 de maio de 2006 23 de maio de 2006 24 de abril de 2006 27 de março de 2006 7 de abril de 2006 8 de março de 2006 6 de fevereiro de 2006 21 de fevereiro de 2006 7 de janeiro de 2006 24 de janeiro de 2006 22 de dezembro de 2005 25 de novembro de 2005 8 de dezembro de 2005 9 de novembro de 2005 9 de outubro de 2005 26 de outubro de 2005 24 de setembro de 2005 25 de agosto de 2005 9 de setembro de 2005 10 de agosto de 2005 12 de julho de 2005 26 de julho de 2005 26 de junho de 2005 11 de junho de 2005 0 Belford Roxo Barra Mansa PTS (µ g/m³) Concnetração ( µ g/m³) MG24 = 87 µ g/m³ 250 200 150 100 50 Figura 18. Média da concentração de MPA (µg/m³) em Niterói no período de junho de 2004 a maio de 2005. Como referência são mostrados os padrões primário e secundário de qualidade do ar. 250 200 150 100 50 Figura 19. Comparação das médias geométrica de MPA (µg/m³) obtidas neste trabalho com aquelas obtidas em outras áreas do Estado do Rio de Janeiro. 49 Média das concentrações de PTS PTS (mg/m³) 100,00 75,00 50,00 25,00 sábado sexta-feira quinta-feira quarta-feira terça-feira segunda-feira domingo 0,00 Dias da semana Figura 20. Médias de MPA (µg/m³) calculadas para os dias da semana. A influência conjunta de fatores meteorológicos como, velocidade e direção do vento; temperatura, radiação, precipitação, umidade relativa, entre outros, demonstram a dificuldade em se fazer conjecturas a respeito da influência de um ou outro parâmetro com a concentração de poluentes no ar. A avaliação do comportamento de partículas atmosféricas e/ou de substâncias associadas a elas, em relação às condições meteorológicas e climáticas, pode ser feita estudando-se as correlações entre estas variáveis. A relação de fatores climáticos com as concentrações de MPA ao longo do ano tem sido abordada (Loyola, 2006), sendo a temperatura e a precipitação os parâmetros mais estudados. A variação das concentrações de MPA (µg/m³) em função dos parâmetros meteorológicos é apresentada nas Figuras 21 a 23. Os coeficientes de correlação (r) entre estes parâmetros e o MPA (µg/m³) foram de 0,656 (temperatura), 0,143 (velocidade dos ventos) e 0,102 (umidade relativa) e demonstram que a concentração de MPA foi mais influenciada pela temperatura, sendo pouco influenciada pelos outros parâmetros meteorológicos ou que estas influências não são exclusivas a um único parâmetro. Um ligeiro aumento de MPA com a temperatura pode ser observado diferentemente do 50 8 de dezembro de 2005 32,0 30,0 28,0 26,0 24,0 22,0 20,0 18,0 Velocidade dos ventos 160,0 140,0 120,0 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 5,0 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 Temperatura média (°C) 23 de maio de 2006 9 de maio de 2006 24 de abril de 2006 7 de abril de 2006 27 de março de 2006 8 de março de 2006 21 de fevereiro de 2006 6 de fevereiro de 2006 24 de janeiro de 2006 7 de janeiro de 2006 22 de dezembro de 2005 160,0 140,0 120,0 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 Velocidade dos ventos (m/s) 24 de janeiro de 2006 7 de janeiro de 2006 22 de dezembro de 2005 8 de dezembro de 2005 25 de novembro de 2005 9 de novembro de 2005 26 de outubro de 2005 9 de outubro de 2005 PTS 25 de novembro de 2005 9 de novembro de 2005 26 de outubro de 2005 9 de outubro de 2005 24 de setembro de 2005 9 de setembro de 2005 25 de agosto de 2005 10 de agosto de 2005 26 de julho de 2005 12 de julho de 2005 26 de junho de 2005 11 de junho de 2005 PTS (µg/m³) PTS 24 de setembro de 2005 9 de setembro de 2005 25 de agosto de 2005 10 de agosto de 2005 26 de julho de 2005 12 de julho de 2005 26 de junho de 2005 11 de junho de 2005 PTS (µg/m³) que ocorre em zonas temperadas e frias onde o aumento do MPA está relacionado ao uso de sistemas de calefação. Esta pequena dependência do MPA com os parâmetros meteorológicos pode estar associada à menor flutuação dos mesmos durante o período de amostragem quando comparada à alta variação do MPA (CV= 31,9%). Temperatura média Figura 21. Relação da temperatura média diária com a concentração de MPA (µg/m³) para cada dia de coleta. Figura 22. Relação da velocidade média diária dos ventos com a concentração de MPA (µg/m³) para cada dia de coleta. 51 Umidade relativa 90,0 85,0 80,0 75,0 70,0 24 de janeiro de 2006 60,0 7 de janeiro de 2006 22 de dezembro de 2005 8 de dezembro de 2005 25 de novembro de 2005 9 de novembro de 2005 26 de outubro de 2005 9 de outubro de 2005 24 de setembro de 2005 9 de setembro de 2005 25 de agosto de 2005 10 de agosto de 2005 26 de julho de 2005 12 de julho de 2005 26 de junho de 2005 65,0 Umidade relativa (%) 160,0 140,0 120,0 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 11 de junho de 2005 PTS (µg/m³) PTS Figura 23. Relação da umidade relativa média diária com a concentração de MPA (µg/m³) para cada dia de coleta. 4.2. Desenvolvimento do Método Analítico 4.2.1. Desenvolvimento de método cromatográfico para HPAs Na primeira etapa do trabalho, os comprimentos de onda de emissão máxima (λem) dos HPAs estudados foram avaliados através dos espectros de emissão obtidos nos comprimentos de onda de excitação máximos de cada uma destas substâncias. Os resultados obtidos apresentaram boa concordância com os descritos na literatura (JOSEPH, Varian) (Tabela 10). Gradientes de eluição foram avaliados, com o objetivo de se obter a maior resolução possível de todos os HPAs (Tabela 11). A temperatura da coluna foi mantida em 25oC, o volume injetado foi sempre de 20 µL e a vazão foi mantida em 1,0 mL/min. Considerando-se os tempos de retenção de cada um dos HPAs estudados e os comprimentos de onda máximos de excitação e de emissão, que permitem a detecção de cada um deles com a maior sensibilidade possível, foi criado um programa de detecção onde, na medida do possível, todos os HPAs eram 52 excitados e detectados nos respectivos comprimentos de onda máximos de excitação e de emissão. Nesta etapa também foi considerado o ganho de sinal de modo a aumentar as áreas dos sinais dos HPAs, caso a área de sinal nas amostras fosse mais baixa (Tabela 12). Este método de separação e detecção foi denominado Método I. Tabela 10. Comprimentos de onda máximos de excitação e emissão (nm) encontrados na literatura e experimentalmente. HPA Excitação (nm) Emissão (nm) Literatura Literatura Experimental N 224 330 332 Ace 234 320 336 FL 224 320 316/320 Fe 252 370 364/368 A 252 402 396 Fluo 252 402 452 Pi 238 398 388 B[a]A 238 398 396/400 Cri 238 398 380 B[e]P Na na 392/396 B[b]Fluo 268 398 440 B[k]Fluo 268 398 432 B[a]P 268 398 412 DiB[ah]P 234 420 404 B[ghi]P 234 420 420 Ind 300 466 480 na = não avaliado. 53 Tabela 11. Gradiente de eluição do Método I. Tempo Acetonitrila Água (min) (%) (%) 10,5 50 50 20 75 25 28 75 25 30 90 10 40 90 10 42 50 50 Tabela 12. Programa de detecção do Método I. Tempo (min) (exc) (em) HPAs detectados Ganho 0 224 400 - 10 6 224 332 N 12 12 230 320 Ace + FL 12 16 252 364 Fe 12 17,9 252 400 A 12 19,3 238 420 Fluo + Pi 12 24,5 260 380 B[a]A + Cri + PI 12 30,2 238 398 B[e]P + B[b]Fluo+ B[k]Fluo + B[a]P 12 35,8 292 410 DiB[a]A + B[ghi]P 13 40 30 500 Ind 14 Um cromatograma de padrão 50 µg/L obtido pelo Método I é mostrado na Figura 24. 54 DiB[a]A Ind Bghi]P B[e]P B[b]P PI B[a]A Cri Pi Fluo Fe FL B[k]P B[a]P A Ace N Figura 24. Cromatograma de solução de HPAs (50 µg /L) utilizando o Método I. Curvas analíticas na faixa de 5 a 100 µg/L foram avaliadas para cada um dos HPAs de interesse para se avaliar os parâmetros analíticos do método cromatográfico (método I): coeficiente angular, coeficiente linear, coeficiente de correlação (R2), limite de detecção (LD) e limite de quantificação (LQ). Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 13. Os valores do LD e do LQ foram determinados a partir das equações 3 e 4 respectivamente (Miller e Miller, 1989). LD = 3 xDP a (Equação 3) LQ = 10 xDP a (Equação 4) Os desvios padrão (DP) das médias das áreas do ponto de menor concentração da curva de analítica (isto é, 5 µg/L) foram considerados nestes cálculos e “a” representa os coeficientes angulares de cada curva analítica. A Tabela 13 mostra que a sensibilidade do Método I é alta, com ótimos coeficientes de correlação entre áreas e concentrações, indicando excelente linearidade. Os limites de detecção e de quantificação também se mostraram adequados para a determinação de todos os HPAs nas amostras de MPA. A próxima etapa do trabalho foi então avaliar o método, frente ao estudo de amostras reais contendo HPAs. 55 Tabela 13. Parâmetros analíticos do método cromatográfico (método I):. Coeficiente Coeficiente Coeficiente de LD LQ angular (b) linear (a) correlação (R²) (µg/L) (µg/L) N 9,30E-03 2,06E-03 1,000 0,456 1,519 Ace 2,58E-02 -4,11E-03 1,000 0,176 0,586 FL 4,47E-03 -1,59E-03 1,000 0,647 2,158 Fe 1,24E-02 3,44E-04 1,000 0,246 0,821 Ace 3,71E-02 2,05E-01 0,996 0,156 0,519 Fluo 2,08E-03 1,17E-03 1,000 0,178 0,593 Pi 4,17E-03 -5,49E-03 1,000 0,348 1,161 B[a]A 2,95E-03 -4,48E-04 1,000 0,447 1,491 Cri 1,21E-02 -1,10E-02 1,000 0,109 0,363 B[e]P 2,33E-03 -1,29E-03 1,000 0,588 1,960 B[b]Fluo 1,43E-03 -1,35E-03 1,000 0,330 1,100 B[k]Fluo 1,12E-02 3,81E-03 1,000 0,238 0,793 B[a]P 3,07E-03 -2,88E-03 1,000 0,358 1,194 DiB[ah]P 2,05E-02 -1,24E-02 1,000 0,203 0,677 B[ghi]P 5,10E-03 -1,08E-02 0,999 0,368 1,225 Ind 5,38E-03 -9,46E-03 1,000 0,364 1,213 HPAs 4.2.2. Avaliação dos usos de cartuchos de extração em fase sólida Devido às características do sistema de detecção empregado, foi considerado no início deste trabalho que haveria necessidade de limpeza dos extratos de MPA, em função da presença de outras substâncias aromáticas (de maior polaridade) nestes extratos, de modo a assegurar a seletividade do método. Assim, foi considerada e estudada a limpeza dos extratos por EFS que tem sido usada por diversos autores com esta finalidade. Ademais, a interferência de outras substâncias fluorescentes no extrato foi observada assim que foram realizados testes preliminares de extração de HPAs em amostras de MPA coletadas exclusivamente com esta finalidade. 56 O processo de limpeza e condicionamento dos cartuchos de Sílica (500 mg; 3 mL) foi realizado em três etapas: 1. Adição de 10, 0 mL de diclorometano; 2. Adição de 10, 0 mL de pentano/diclorometano (80:20); 3. Adição de 10,0 mL de pentano (condicionamento). Experimentos para avaliar os volumes de solventes e suas composições na eluição de frações de HPAs foram realizados. Foram usadas alíquotas de 100 µL de solução contendo 4 HPAs de pesos moleculares diferentes (naftaleno – PM = 128,2 Da; fluoranteno – PM = 202,3 Da; benzo[a]pireno – PM = 252,3 e benzo[ghi]perileno – PM = 276,3 Da), que poderiam caracterizar o conjunto de HPAs de interesse e nas concentrações de 100 µg/L. As frações foram recolhidas como indicado abaixo: Fração 1: volume eluído ao ligar o vácuo Fração 2: 1,5 mL de pentano Fração 3: 3,0 mL de pentano/diclorometano (80:20) Fração 4: 3,0 mL de pentano/diclorometano (80:20) Fração 5: 2,0 mL de diclorometano As médias das massas dos HPAs em cada fração e seus desvios padrão são apresentados na Tabela 14, juntamente com as recuperações obtidas para cada HPA, considerando-se as somas das massas medidas nestas frações. Tabela 14. Resultados preliminares da eficiência de três ensaios de recuperação utilizando EFS. Frações 1 2 3 4 5 Média Média DP Média DP Média Média Recuperação (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) N 0,00 89,50 2,52 5,12 0,97 0,00 0,00 94,63 Fluo 0,00 40,04 3,92 46,30 10,97 0,00 0,00 86,34 B[a]P 0,00 0,00 0,00 71,20 4,73 0,00 0,00 71,20 B[ghi]P 0,00 0,00 0,00 83,57 7,01 0,00 0,00 83,57 HPAs *Para as frações 1, 4 e 5 os desvios não foram apresentados por serem nulos. 57 Pode-se observar que os HPAs investigados eram eluídos exclusivamente nas 2ª e 3ª frações, o que era um indício de que outros HPAs poderiam ter o mesmo comportamento. A Tabela 14 apresenta também as porcentagens das recuperações de cada HPA em cada uma das frações analisadas. Estas recuperações pareceram promissoras, embora em certos casos altos desvios padrão fossem observados. Na etapa seguinte do trabalho foi decidido aplicar este método e avaliar a recuperação de um conjunto maior de HPAs certificados no material de referência SRM 1649 a (NIST, EUA). As concentrações dos HPAs estudados e os desvios padrão determinados no material de referência com o sistema de solventes e o cartucho de EFS avaliado anteriormente são mostrados na Tabela 15. Tabela 15. Concentração dos HPAs de interesse presentes no SRM 1649a e suas recuperações após limpeza utilizando cartucho de EFS de sílica. Concentração Recuperações [µg/g] médias (%) Fe 4,14 ± 0,37 73,0 12,8 A 0,432 ± 0,82 50,3 9,3 Fluo 6,45 ± 0,18 74,7 13,3 Pi 5,29 ± 0,25 59,7 10,7 B[a]A 2,208 ± 0,073 61,3 11,2 Cri 3,049 ± 0,060 84,7 15,3 B[b]Fluo 6,45 ± 0,64 63,3 11,2 B[k]Fluo 1,913 ± 0,031 56,7 10,7 B[e]P 3,09 ± 0,19 59,7 10,7 B[a]P 2,509 ± 0,087 50,0 9,2 B[ghi]P 4,01 ± 0,91 68,3 12,2 Ind 3,18 ± 0,72 39,0 7,2 DiB[aj]A 0,310 ± 0,034 na na DiB[ac]A 0,2 ± 0,025 na na DiB[ah]A 0,288 ± 0,023 na na HPA Desvios padrão na = não avaliado. 58 As recuperações obtidas nos testes foram consideradas inadequadas para determinação quantitativa do conjunto de HPAs, embora em alguns casos, como por exemplo no caso do criseno, fossem suficientemente altas (84,7%). Além disto, as precisões das recuperações também foram baixas. Outro problema observado ocorreu com o dibenzo[a,h]antraceno, que não pôde ser resolvido de seus isômeros nas condições cromatográficas usadas. Os resultados acima impulsionaram na direção do desenvolvimento de outro método de quantificação cromatográfica que fosse, além de sensível, seletivo e robusto o suficiente para impedir os efeitos da matriz de MPA. Com o objetivo de aumentar a recuperação do método, optou-se por avaliar a recuperação obtida sem a etapa de extração em fase sólida pois, intuitivamente é de se esperar que a recuperação de um método aumente se houver um menor número de etapas, pois estas estão sujeitas a diferentes tipos de perdas. Ademais deve ser considerado que são retiradas uma etapa de transferência através do cartucho de EFS e outra de evaporação. As etapas da metodologia empregada até então e aquela usada na continuação do trabalho podem ser vistas no esquema abaixo: Extração em Banho de Ultrasom Evaporação em Evaporador Rotativo (Concentração) Extração em Fase Sólida (EFS) (Limpeza) Extração em Banho de Ultrasom Evaporação em Evaporador Rotativo (Concentração) Filtração Evaporação em Evaporador Rotativo (Concentração) Filtração Figura 25. Representação esquemática do método de determinação com e sem o uso da etapa de extração em fase sólida. 59 Os resultados obtidos a partir da exclusão da etapa de EFS são apresentados na Tabela 16. Em geral, estes resultados foram melhores do que os obtidos quando foi realizada a limpeza dos extratos de SRM. Entretanto, apesar do Método I apresentar recuperações razoáveis e melhores, sem a etapa de limpeza, a presença da matriz do MPA interferiria na seletividade do método e quantificação dos HPAs. Esforços foram realizados na tentativa de diminuir os efeitos da matriz sobre os analitos de interesse, mas não houve êxito. Tabela 16. Recuperações obtidas a partir da retirada da etapa de limpeza utilizando o Método I de detecção. HPA Média (%) n=3 Desvio Padrão Fe 67,7 9,5 A 60,3 7,5 Fluo 68,3 9,7 Pi 74,7 7,1 B[a]A 105,3 4,2 Cri 90,0 7,0 B[e]P 61,7 8,4 B[b]Fluo 111,3 5,0 B[k]Fluo 65,0 2,0 B[a]P 58,7 3,1 B[ghi]P 103,7 7,6 Ind 58,4 6,7 4.2.3. Desenvolvimento de método cromatográfico II para HPAs A vantagem do Método II em relação ao Método I está basicamente relacionada à seletividade e especificidade. No Método II, os HPAs são detectados em quatro janelas (A, B, C e D), que também podem ser programadas no tempo, de maneira que se pode escolher aquela em que o 60 sinal de cada HPA é mais intenso e/ou mais resolvido, pois nem todos os HPAs emitem fluorescência nas mesmas condições. As demais condições cromatográficas (gradiente de solventes), volumes injetados e temperatura foram mantidas inalteradas em relação ao Método I. O programa de detecção do Método II é mostrado na Tabela 17. Tabela 17. Programa de detecção do Método II. Comprimentos de onda em nm Comprimentos de onda (nm) Tempo (min) Ex. Em. Em. Em. Em. A B C D 0 224 332 336 400 432 12 233 332 320 340 336 HPAs (Janelas) Ganho N (A,B,C,D) 13 Ace (B,D), FL (A,B,C) 13 Fe (A,C,D), 15 252 364 452 404 392 A (A,B,C,D), 13 Fluo (B) Pi (A,B,C,D), 20 238 398 392 388 400 B[a]A (A, B, C, D), Cri (A,B,C,D), 13 PI (A,B,C,D) B[e]P (A,B,C,D), 29 268 440 444 398 432 B[b]Fluo (A,B,C,D), 13 B[k]Fluo (A,B,C,D) 34,8 268 412 416 428 432 37,2 234 400 404 408 420 40,6 300 480 484 500 466 B[a]P (A,B,C,D) DiB[ah]A (A,B,C,D), B[ghi]P (D) Ind(A,B,C,D) 13 13 13 Os parâmetros das curvas analíticas construídas a partir do Método II são mostrados na Tabela 18. 61 Para a construção das curvas analíticas foram selecionadas as janelas onde a intensidade de sinal para cada HPA era a maior e deste modo, obtevese uma única curva para cada HPA. Os demais comprimentos de onda foram mantidos no método para avaliação de interferências, caso necessário. A Tabela 18 mostra que a sensibilidade do Método II também é alta, com ótimos coeficientes de correlação entre áreas e concentrações. Os limites de detecção e de quantificação também se mostraram adequados para a determinação de todos os HPAs nas amostras de MPA. Tabela 18. Parâmetros analíticos do método cromatográfico (método II):.Curvas de calibração, LD e LQ do Método II. HPAs Janela Fe Coeficiente Coeficiente R² LD LQ (µg/L) (µg/L) angular linear A 2,07E-03 8,46E-04 1,000 0,084 0,280 A B 2,20E-03 7,51E-04 1,000 0,016 0,054 Fluo B 4,09E-04 1,77E-04 1,000 0,308 1,026 Pi C 1,22E-03 7,95E-04 0,999 0,093 0,028 B[a]A C 6,52E-04 3,72E-05 1,000 0,487 0,146 Cri B 5,57E-04 -7,78E-04 0,999 0,074 0,248 B[e]P C 3,43E-04 -6,12E-04 1,000 0,127 0,423 B[b]Fluo C 2,91E-04 -3,80E-04 0,999 0,260 0,866 B[k]Fluo D 2,38E-03 2,20E-03 1,000 0,085 0,285 B[a]P D 3,51E-03 2,32E-03 1,000 0,144 0,480 B[ghi]P D 5,27E-04 -8,14E-04 1,000 0,273 0,910 Ind B 3,46E-04 -9,44E-05 1,000 0,126 0,420 Um cromatograma de padrão 50 µg/L obtido pelo Método II é mostrado na Figura 26. A próxima etapa do trabalho foi a avaliação das recuperações de HPAs do material certificado SRM 1649a utilizando o método cromatográfico II (Tabela 19). De um modo geral, o método apresentou recuperações boas para os HPAs estudado, maiores que 80%, exceto no caso do benzo[a]pireno. Em 62 termos de desvios padrão os valores de recuperação observados foram iguais Ind DiB[a]A B[a]P B[e]P B[b]P B[a]A Cri Ind DiB[a]A B[k]P B[e]P B[b]P B[a]A Cri DiB[a]A Ind DiB[a]A Bghi]P Ind B[k]P B[e]P B[b]P B[a]A Cri B[a]A Cri B[a]P B[k]P B[e]P B[b]P Fe D A PI Pi Pi Fe C B[a]P A PI Pi A Fluo B B[a]P PI A Pi Fe A B[k]P PI ou melhores que no método I. Figura 26. Cromatograma em 4 janelas (A, B, C e D) de uma solução padrão utilizando o Método II Com base nestes resultados, as amostras de MPA foram processadas sem a etapa de limpeza e os extratos foram analisados pelo método cromatográfico II, para a determinação de HPAs. 63 Tabela 19. Recuperações dos HPAs estudados obtidas no material certificado SRM 1649a, com o Método II. HPA Fe A Fluo Pi B[a]A Cri B[e]P B[b]Fluo B[k]Fluo B[a]P B[ghi]P Ind Média (%) Desvio Padrão N=4 (%) 88,7 8,36 98,8 7,32 83,8 9,19 94,5 8,77 105,0 8,41 84,0 5,14 92,8 5,57 96,5 11,8 85,3 7,75 64,0 4,94 88,5 8,40 93,5 10,4 4.3. Determinação de HPAs em MPA 4.3.1. Avaliação de Homogeneidade do filtro para a determinação de HPAs em MPA Para a extração de HPAs, apenas ¼ de cada filtro coletado foi utilizado, como descrito no Capítulo 3. A homogeneidade da distribuição de HPAs no MPA depositado no filtro foi avaliada através da extração de três partes correspondentes à ¼ do filtro da amostra coletada em 11 de junho de 2005 (Tabela 20). Os resultados fornecem também uma estimativa da dispersão dos dados obtidos em cada filtro coletado, pois se a distribuição do MPA no filtro for considerada homogênea, a diferença de resultados entre as partes de um mesmo filtro seria devida apenas à flutuação analítica dos resultados. 64 Estes resultados por sua vez, podem ser considerados como os obtidos nos estudos de recuperação. Como os desvios padrão da Tabela 20 são comparáveis aos da Tabela 19, pode-se admitir que o filtro é suficientemente homogêneo para o procedimento que adotamos. De qualquer forma, considerando-se as concentrações dos HPAs, a forma de coleta e a possibilidade de perdas durante o processamento das amostras, os resultados obtidos na Tabela 20 podem ser considerados suficientemente precisos para as determinações de interesse. Tabela 20. Concentrações dos HPAs em cada parte do filtro (ng/g) na avaliação da homogeneidade da distribuição do MPA. Coeficiente de Partes do filtro 1ª 2ª 3ª Média variação (%) Massa (g) 0,88975 0,90540 0,89795 0,89770 0,9 Fe 779,8 753,2 739,8 757,6 2,7 A 74,20 66,74 80,74 73,9 9,5 Fluo 67,1 63,5 78,9 69,8 11,5 Pi 136,2 134,5 170,6 147,1 13,8 B[a]A 930,2 908,1 906,3 914,8 1,5 Cri 121,0 114,6 137,9 124,5 9,7 B[e]P 216,4 213,0 227,6 219,0 3,5 B[b]Fluo 355,6 362,5 373,9 364,0 2,5 B[k]Fluo 123,3 126,1 147,0 9,8 B[a]P 171,5 159,5 179,4 132,1 170 B[ghi]P 520,5 510,8 535,9 522 2,4 Ind 275,3 260,9 295,7 277 6,3 5,9 Considerou-se que a variação da concentração do MPA sobre o filtro era relativamente pequena e que os outros filtros apresentariam o mesmo comportamento frente a este teste, sendo assim, o trabalho prosseguiu no intuito de determinar as concentrações de HPAs presente em cada filtro coletado. 65 4.3.2. Determinação de HPAs em MPA As concentrações dos HPAs selecionados (ng/m³) em MPA na atmosfera de Niterói entre 11 de junho de 2005 e 23 de maio de 2006 estão apresentadas na Tabela 21. HPAs com baixos pesos moleculares como naftaleno (128,2 Da), acenafteno (154,2 Da), acenaftileno (152,2 Da) e fluoreno (166,2 Da) não foram considerados neste estudo por se tratarem de HPAs com altas pressões de vapor e se concentrarem predominantemente em fase gasosa. Como pode ser observado na Tabela 21, as concentrações diárias dos HPAs individuais variaram entre 0,001 e 0,357 ng/m3. Os HPAs predominantes nas amostras estudadas e as correspondentes faixas de concentrações são: fenantreno (0,004 a 0,357 ng/m3), benzo[a]antraceno (0,009 a 0,243 ng/m3), benzo[b]fluoranteno (0,01 a 0,206 ng/m3) e benzo[g,h,i]perileno (0,018 a 0,205 ng/m3). Estes resultados são de interesse, pois pelo menos 2 destes HPAs são considerados possível (benzo[a]antraceno) ou provável carcinogênico (benzo[b]fluoranteno) pelo IARC. Entretanto como as concentrações são baixas, pode-se admitir que o risco associado ao MPA coletado nesta região é relativamente baixo. As concentrações de todos os HPAs variaram amplamente no decorrer do ano, chegando a uma diferença de aproximadamente 81 vezes entre o maior e o menor valor, no caso do fenantreno. Os outros HPAs mantiveram as variações entre máximas e mínimas concentrações em torno de 20 a 30 vezes. As concentrações médias anuais dos diferentes HPAs variaram entre 0,011 e 0,098 ng/m³. Uma comparação das concentrações médias, máximas e mínimas dos HPAs pode ser visualizada na Figura 27. Para avaliar alguma tendência ao longo do ano, as médias mensais de concentrações foram calculadas. Aparentemente não há nenhuma tendência que possa ser observada para os diferentes HPAs considerando-se os diferentes meses (Figura 28). As médias para os dias da semana mostraram que a maioria dos HPAs apresenta maiores concentrações no meio da semana como já havia sido 66 observado para o MPA (Figura 29). Este fato certamente está relacionado à maior emissão veicular na área de estudo. As concentrações totais dos HPAs variaram entre 0,141 a 1,235 ng/m³ e foram usadas para a comparação com resultados prévios da literatura. A comparação dos resultados aqui apresentados com os de outros trabalhos deve ser realizada de forma cautelosa devido a diversos fatores que incluem: a) o conjunto de HPAs estudados; b) as técnicas de amostragem; c) os períodos e duração de coletas. Entretanto, esta comparação é capaz de dar uma perspectiva mais ampla aos resultados obtidos. Os únicos dados de HPAs em MPA publicados para o município de Niterói são os de Pereira Netto (2002a). Os resultados obtidos neste trabalho são bastante inferiores àqueles resultados. Quatro fatores certamente contribuíram para este fato: a) aquelas coletas foram realizadas em período diurno quando, dadas as características da área de estudo (centro da Cidade), certamente há maior tráfego de veículos; b) o equipamento de coleta usado naquele trabalho não tinha as características da norma ABNT (ABNT, 2006) e, portanto, outras frações mais leves ou mais pesadas de material particulado podem ter sido coletadas; c) o conjunto de HPAs estudados era diferente do estudado nesta dissertação; d) as características da frota veicular de Niterói variou entre a data daquelas coletas (1998) e o período deste estudo (2005/2006). Estes resultados indicam que a concentração de HPAs no ponto de amostragem é comparável aos valores obtidos em áreas arborizadas da Cidade do Rio de Janeiro como a Quinta da Boa Vista e a Floresta da Tijuca (Azevedo et al., 1999). 67 Tabela 21. Concentrações encontradas para os HPAs em ng/m³. Data de início da coleta 11 de junho de 2005 26 de junho de 2005 12 de julho de 2005 26 de julho de 2005 10 de agosto de 2005 25 de agosto de 2005 9 de setembro de 2005 24 de setembro de 2005 9 de outubro de 2005 26 de outubro de 2005 9 de novembro de 2005 25 de novembro de 2005 8 de dezembro de 2005 22 de dezembro de 2005 7 de janeiro de 2006 24 de janeiro de 2006 6 de fevereiro de 2006 21 de fevereiro de 2006 8 de março de 2006 27 de março de 2006 7 de abril de 2006 24 de abril de 2006 9 de maio de 2006 23 de maio de 2006 Média Massa de Volume de MPA (g) ar (m³) 0,1690 0,1980 0,2820 0,1890 0,2710 0,1940 0,2080 0,1930 0,2240 0,3370 0,1800 0,3160 0,1770 0,3500 0,2240 0,3060 0,2620 0,2880 0,1780 0,1390 0,1680 0,1760 0,2770 0,1910 0,2290 2605 2797 2854 2845 2580 2809 2805 2772 2615 2310 2718 2404 2710 2367 2489 2216 2052 2334 2282 2500 2300 2657 2396 2739 2548,0 Concentração dos HPAs analisados (ng/m³) Fe 0,182 0,016 0,174 0,012 0,106 0,006 0,084 0,031 0,046 0,19 0,153 0,049 0,326 0,161 0,01 0,269 0,03 0,029 0,035 0,016 0,056 0,004 0,357 0,016 0,098 A 0,018 0,017 0,026 0,014 0,021 0,002 0,008 0,005 0,001 0,01 0,002 0,001 0,008 0,024 0,002 0,021 0,019 0,016 0,009 0,005 0,012 0,003 0,008 0,003 0,011 Fluo 0,017 0,029 0,074 0,027 0,067 0,012 0,024 0,015 0,01 0,043 0,018 0,006 0,035 0,057 0,018 0,047 0,081 0,046 0,027 0,012 0,025 0,007 0,038 0,021 0,032 Pi 0,035 0,051 0,096 0,045 0,091 0,015 0,039 0,019 0,011 0,049 0,013 0,011 0,033 0,076 0,009 0,059 0,09 0,076 0,061 0,021 0,046 0,012 0,046 0,032 0,043 B[a]A 0,219 0,11 0,212 0,116 0,185 0,018 0,087 0,023 0,009 0,07 0,019 0,042 0,042 0,243 0,065 0,193 0,182 0,113 0,15 0,035 0,089 0,019 0,089 0,023 0,098 Cri 0,03 0,025 0,074 0,023 0,044 0,012 0,024 0,016 0,037 0,027 0,043 0,007 0,103 0,055 0,011 0,04 0,068 0,037 0,021 0,016 0,012 0,008 0,033 0,015 0,033 B[e]P B[b]Fluo 0,053 0,087 0,054 0,077 0,059 0,147 0,045 0,06 0,08 0,178 0,014 0,02 0,047 0,117 0,018 0,032 0,031 0,065 0,03 0,044 0,038 0,134 0,005 0,01 0,045 0,131 0,075 0,13 0,016 0,048 0,127 0,091 0,099 0,206 0,058 0,099 0,046 0,125 0,022 0,027 0,063 0,124 0,011 0,02 0,063 0,124 0,025 0,022 0,047 0,088 B[k]Fluo 0,032 0,022 0,045 0,022 0,048 0,005 0,019 0,009 0,011 0,017 0,014 0,002 0,038 0,038 0,012 0,032 0,056 0,027 0,018 0,008 0,023 0,006 0,033 0,01 0,023 B[a]P B[ghi]P Ind 0,041 0,125 0,067 0,031 0,104 0,013 0,043 0,203 0,083 0,029 0,095 0,006 0,046 0,184 0,078 0,011 0,038 0,004 0,021 0,103 0,028 0,015 0,056 0,006 0,009 0,034 0,012 0,024 0,07 0,015 0,012 0,067 0,019 0,006 0,018 0,006 0,042 0,15 0,056 0,039 0,151 0,025 0,013 0,056 0,015 0,041 0,128 0,037 0,06 0,205 0,083 0,04 0,096 0,037 0,018 0,066 0,021 0,008 0,051 0,005 0,028 0,094 0,033 0,009 0,037 0,004 0,034 0,113 0,035 0,003 0,063 0,007 0,026 0,096 0,029 Total (ng/m³) 0,905 0,548 1,235 0,496 1,128 0,157 0,601 0,245 0,276 0,588 0,532 0,164 1,008 1,075 0,274 1,086 1,18 0,673 0,595 0,225 0,605 0,141 0,972 0,241 0,623 68 Mínima Média 0,4 0,3 0,2 0,1 Ind B[ghi]P B[a]P B[k]Fluo B[b]Fluo B[e]P Cri B[a]A Pi Fluo A 0 Fe Concentrações dos HPAs (ng/m³) Máxima Figura 27. Concentrações média, máxima e mínima obtidas durante o período de amostragem. Fe B[ghi]P 0,300 B[a]A B[b]Fluo Médias das concentrações mensais (ng/m³) 0,250 Cri B[e]P Pi 0,200 Fluo B[k]Fluo 0,150 B[a]P Ind 0,100 A 0,050 0,000 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 Figura 28. Médias mensais das concentrações dos HPAs em ng/m³. 69 Concentração (ng/m³) 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 DO M SE IN G GO UN TE D A Q RÇ U AR A TA Q U IN T SE A SÁ X T BA A DO 0 Fe A Fluo Pi B[a]A Cri B[e]P B[b]Fluo B[k]Fluo B[a]P B[ghi]P Ind Total Figura 29. Médias das concentrações dos HPAs (ng/m³) para os diferentes dias da semana As concentrações dos HPAs estudados foram comparadas com as médias obtidas em outras áreas do Brasil e de modo geral também são menores do que aquelas concentrações (Tabela 22). Vasconcellos et al. (2003; 1998) avaliou recentemente a concentração de HPAs em algumas áreas importantes de São Paulo como Água Funda (Área florestal sujeita a emissões industriais), Cidade Universitária (Área urbana sujeita a vários tipos de fontes), Cotia (Área florestal) e ainda em 1998, a região da Amazônia. As concentrações obtidas por Vasconcellos et al. (2003) foram, respectivamente, cerca de 5, 6, 3 e 4 vezes maiores do que as obtidas neste trabalho. Entretanto deve ser considerado que São Paulo é, reconhecidamente, uma cidade com problemas de poluição atmosférica. Outro aspecto que deve ser considerado na comparação com alguns destes estudos é não terem sido conduzidos por longos períodos, quando é bem conhecido o fato que HPAs e MPA podem variar ao longo do tempo. Outro implicador é o fato da amostragem ter sido realizada próxima ao litoral o que favorece a circulação do ar e também, dependendo do momento a deposição de material inorgânico. Há de se considerar também que áreas de tráfego 70 intenso como as cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo apresentem uma concentração superior a de outras áreas como Niterói (região litorânea), Cotia e Amazônia (Áreas florestais). De acordo com a literatura, HPAs estão preferencialmente associados a partículas com diâmetro aerodinâmico entre 0,05 e 0,26 µm. Outros estudos indicam que 95% dos HPAs estão associados a partículas menores que 10 µm (Lopes e de Andrade, 1996). Certamente a distribuição de partículas afeta os resultados as concentrações de HPAs em MPA, sendo mais um complicador na comparação de resultados entre trabalhos. Quiterio et al. (2006) quantificou 16 HPAs em amostras de PM10 (d 10 µm), coletadas em uma área de tráfego veicular intenso e atividade industrial, na zona metropolitana do Rio de Janeiro. As coletas foram de 24 horas no período de março a agosto de 2005, gerando um total de 22 amostras. Os resultados obtidos neste trabalho são comparáveis àqueles resultados, tendo em vista diferenças como o diâmetro das partículas de MP, o período de amostragem e certamente os locais de coleta. Estes resultados certamente estão de acordo com o esperado para Niterói que é considerada uma cidade de elevada qualidade de vida e atmosférica. De qualquer forma e de maneira geral, a região de Niterói, assim como toda a região Sudeste exibe baixa variação nos fatores meteorológicos em comparação a outros locais do Brasil e outros países. Provavelmente por esta razão, MPA e os HPAs não apresentaram variação sazonal. As concentrações totais de HPAs e de MPA não apresentaram correlação (r = 0,106) e o mesmo ocorreu entre as concentrações totais de HPAs e a temperatura (r = 0,023). Estes resultados indicam mais uma vez que não há variação sazonal das concentrações de HPAs associados ao MPA, causada pela temperatura nesta região. Muitos autores vêm estabelecendo relações entre as concentrações de alguns HPAs presente no MPA de maneira a elucidar as principais fontes de emissão dos mesmos (Khalili et al., 1995). Novamente, estes dados devem ser comparados com muita cautela, uma vez que, como já foi dito, as técnicas de amostragens estão sujeitas a fatores meteorológicos e a fotodegradação. Outro fator importante é o tempo de 71 amostragem, que pode ser decisivo na razão entre alguns HPAs uma vez que os mesmos apresentam tempos de meia-vida, às vezes, bem diferentes como é o caso do B[a]P (t ½= 1,9 h) e B[ghi]P (t ½= 4,2 h) (Martinis et al., 2002). Há também diferenças nas composições de combustíveis que afetam o emitido. A Tabela 23 expõe algumas das principais relações encontradas na literatura como indicativo da fonte emissora para os HPAs, como veículos movidos à diesel, veículos movidos à gasolina, veículos com e sem catalisador, produtos da queima de óleo, poeira de estrada e fumaças industriais. Deve-se ter em vista que estes índices foram calculados baseados nos combustíveis de outros países, os quais podem ter composições diferentes dos combustíveis do Brasil. Para avaliação de fontes, resultados médios anuais de concentrações dos HPAs individuais foram considerados. Os índices obtidos encontram-se na Tabela 23. De acordo com esta tabela, há um indicativo de que as principais fontes das emissões de HPAs para a região central de Niterói possam ser automóveis com motores providos de catalisador o que também explicaria as baixas concentrações encontradas neste trabalho. Como já mencionado anteriormente, as fontes móveis são uma das principais fontes de HPAs em áreas urbanas e contribuem para a poluição do ar nos grandes centros urbanos. Atualmente, a frota brasileira é altamente diversificada com veículos leves e pesados movidos a álcool, gasolina contendo até 25% de álcool ou óleo diesel, gerando complexos problemas de poluição. O uso de catalisadores tem reduzido as concentrações de poluentes atmosféricos e, neste aspecto representam boa alternativa para o controle de poluição. 72 Tabela 22. Media das concentrações (ng/m³) dos HPAs obtidas em Niterói em comparação com algumas áreas do Brasil. Área Autor Período Partículas Extração Niterói, RJ, Brasil Bonsucesso, RJ, Brasil Este Quiterio et al., estudo 2006 Jun 2005 a Mar 2005 a Mai 2006 Ago 2005 MPA PM10 Ultrasom Ultrasom CLAE / CG / EM FLUO 0,098 0,386 0,011 0,302 0,031 0,005 0,043 0,194 0,098 0,123 0,033 0,258 0,047 na 0,088 0,097 0,023 0,157 0,026 0,106 0,096 0,184 0,029 0,207 Detecção Fe A Fluo Pi B[a]A Cri B[e]P B[b]Fluo B[k]Fluo B[a]P B[ghi]P Ind 0,052 Média na = não avaliado; id = identificado; nid = não idntificado; * = criseno+ trifenileno 0,184 Água Funda, SP, Brasil Cidade Universitária, SP, Brasil Cotia, SP, Brasil Vasconcellos et al., 2003 Niterói, RJ, Brasil Pereira Netto, 2002 Inverno de 2000 verão de 1999 Inverno de 1999 Campus da Fundação Oswaldo cruz, RJ, Brasil Pereira Netto, 2001 Florsta da Quinta da Boa Vista, Tijuca, RJ, Brasil RJ, Brasil Azevedo et al., 1999 Jan e Fev 1999 Jan 1997 Set 1997 MPA Soxhlet MPA Ultrasom MPA Ultrasom MPA Ultrasom MPA Ultrasom CG / EM CG / EM CG / EM CG / EM CG / EM 0,054 0,031 na 0,180 0,260 0,430 0,250 0,300 na 0,170 0,330 0,440 0,023 0,024 na 0,079 0,400 0,400 0,330 0,400 na 0,280 0,430 0,490 0,010 0,007 na 0,110 0,130 0,290 0,230 0,380 na 0,130 0,150 0,215 0,270 0,030 0,300 0,380 0,130 0,240 0,340 1,330 0,210 0,330 0,990 0,860 0,320 0,030 0,490 0,540 0,300 0,590 0,490 0,890 0,220 0,400 1,060 0,620 1,060 0,140 1,340 1,570 1,710 2,720 1,660 4,010 0,670 1,230 2,780 1,750 0,21 na 0,36 0,33 Id 0,03* nid 0,085 na 0,15 0,18 0,073 0,759* ni 0,31 1,54 0,19 0,18 0,49 ,876 0,516 0,226 0,245 0,286 0,165 0,451 0,496 1,720 0,263 0,489 73 Tabela 23. Fatores de emissão de fontes avaliados através das razões entre as concentrações de HPAs . Razões entre Este HPAs estudo (diesel) CHPA HPA B[ghi]P B[a]P Veículos Veículos (gasolina) 0,30; 0,75 0,78; - 0,88. Carros com Carros sem Queima Combustão Poeira de Fumaças catalisador. Catalisador de óleo da madeira industriais 0,72. - 0,60; 0,51; 0,73. 0,41; 0,73. estrada 0,820,87. - 1,2-2,2; 3,71 1,16; 3,69; - 2,5-3,3; 3,05. 1,72. <0,5; 0,4. 0,8. 0,91; 1,13,5. 0,02-0,06. 1,1. 0,38- B[a]A (B[a]A + Cri) 0,75 0,64; 0,92; - 0,22-0,55. 0,58. 0,32. 0,43. 0,38. - - - - 0,17. 0,62. - 0,23-0,89; 0,50. 0,37. 0,46; B[a]P (B[a]P + Cri) 0,44 0,73; 0,38- - 0,33; 0,49; 0,44. - 0,65. Fluo (Fluo + Pi) 0,42 Pi B[a]P 1,66 B[a]A B[a]P 3,79 B[ghi]p Ind Cri B[e]P 0,600,70. 17,3; - 0,47; 0,40; 0,41; 0,14. 0,420,52. 0,21-0,26. - 0,71; 4,7. 1,3; 4,7. - 0,71. - - 1,0. 0,5 0,5. - - 1,96; 1,0. - - 3,3 1,1 3,5 - - - 0,8 - - 0,7 1,6 2,5 - - - 2,4 - - 1,0. Fonte: Dados compilados de Quitério et al.(2006) e Martinis (2002). 74 CAPÍTULO 5. CONCLUSÕES GERAIS Neste trabalho foram determinadas as concentrações de material particulado atmosférico (MPA) e de 12 HPAs associados ao MPA na Região Central de Niterói, RJ, ao longo de 1 ano. As concentrações de MPA mantiveram-se dentro de níveis aceitáveis e preconizados pelo CONAMA, indicando que problemas de saúde ocasionados este poluente devem ter importância limitada. Entretanto, a redução desses níveis ainda é necessária de maneira a proporcionar um maior bem-estar para a população e a diminuir os gastos com a conservação de materiais em geral. As concentrações de HPAs ficaram muito abaixo dos valores observados em outras áreas urbanas brasileiras, mesmo quando áreas com vegetação foram consideradas. A dispersão dos produtos de emissão pode estar relacionada a estas baixas concentrações. As concentrações de HPAs e de MPA medidas indicam que, mesmo no Centro da Cidade, a qualidade do ar de Niterói é elevada, o que está de acordo com a qualidade de vida e ambiental preconizadas para esta cidade. Também não foi observada variação sazonal de MPA e de HPAs e fraca correlação foi observada entre estas concentrações e dados meteorológicos. Estes resultados estão de acordo com o esperado para áreas tropicais, onde principalmente a temperatura parece não afetar os níveis de HPAs. O monitoramento é um elemento essencial para a gestão da qualidade do ar, porém são necessários também o levantamento das fontes emissoras, o controle das fontes móveis e fixas e o planejamento de metas e medidas. A partir do exposto pode-se sugerir algumas medidas de monitoramento para melhor avaliar o comportamento de HPAs na atmosfera nesta região: • Estudo da influência do tempo de amostragem na concentração de HPAs; 75 • O monitoramento sistemático de maior número de parâmetros meteorológicos e a avaliação de sua influência na concentração do MPA e HPAs. • A diminuição do intervalo de tempo entre uma coleta e outra, para assim ter médias mais representativas por mês e, portanto por ano. • Avaliação de HPAs em fase gasosa. • Avaliação da variação da concentração do MPA sobre os filtros guardados em refrigerador. 76 CAPÍTULO 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMANAQUE ABRIL. Disponível em: Brasil 2005: regiões brasileiras – Sudeste. Disponível em: < http://guiadoestudante.abril.com.br/aberto/pub/no_75344.shtml> Acesso em 10 junho 2005. ALMEIDA, Ivo Torres de. 1999. A poluição atmosférica por material particulado na mineração a céu aberto. 1999. 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Casinhola de abrigo (I) Motor-aspirador (VI) Regulador de tensão (II) Porta filtro (III-a) e Filtro (III-b) Registrador contínuo de vazão (VII) e carta gráfica (VIII) Programador de tempo (IV) e horâmetro (V) Figura 30. AGV-PTS utilizado na etapa de amostragem. A casinhola de abrigo (I) tem como principal objetivo prover proteção para o amostrador e demais dispositivos auxiliares. Ela permite ainda que a entrada de ar de todas as direções e ao mesmo tempo evita a “deposição por impacto direto” das partículas sobre o filtro. O regulador de tensão (II) tem como função básica aumentar a vida útil do motor-aspirador e de suas escovas, bem como manter a coleta dentro da faixa de vazão de amostragem recomendada pelas normas vigentes. 88 As dimensões do porta-filtro (III-a), localizado no topo do amostrador, são cerca de 25 cm x 30 cm e do filtro são 20,3 cm x 25,4 cm e os filtros (III-b) utilizados são geralmente de fibra de vidro ou outro material relativamente inerte. De maneira geral, os filtros de fibra de vidro são os que apresentam o maior número de requisitos necessários para um programa de amostragem de MPA, com uma eficiência de coleta de no mínimo 99% para partículas com diâmetro aerodinâmico superior ou igual a 0,3 um, baixa resistência ao fluxo de ar e caráter higroscópico. As especificações necessárias do filtro para a amostragem pelo método AGV-PTS de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), 1997, são apresentadas na Tabela 24. Tabela 24. Especificações de filtros para coleta de MPA pelo método AGV-PTS Dimensões Área de exposição nominal 20,3 cm ± 0,2 cm x 25,4 cm ± 0,2 cm 406,5 cm² Material Fibra de vidro ou outro relativamente inerte Eficiência de 99% no mínimo, conforme teste do Ftalato de dioctil - coleta (FDO) para partículas com 3 Perda de carga recomendada de diâmetro (ASTM 2986) Entre 5,6 kPa a 7,2 kPa (42mmHg a 54 mmHg) a uma vazão de 1,5 m³/min em condições-padrão através da área de exposição nominal. pH 6 a 10 Integridade Perda de massa de, no máximo, 2,4 mg. Furos Nenhum 500g no mínimo, para uma tira de filtro de 20 mm de Tensão de ruptura largura, cortada na direção mais fraca. (ASTM-D 828). nenhuma rachadura ou ou separação de material após Fragilidade uma dobra simples na direção do maior comprimento. O programador de tempo (IV) funciona como um relógio que permite ligar e desligar automaticamente em horários pré-determinados, em ciclos diários ou semanais. A principal função do horâmetro (V) é medir com precisão o tempo de amostragem, mas ele também é útil na determinação do tempo acumulado de 89 uso do motor e das escovas, facilitando a realização de um programa de manutenção preventiva do motor e das escovas. No método AGV-PTS, devidamente instalado no local de medição, o ar é succionado pelo motor-aspirador (VI) através de um filtro, instalado dentro da casinhola de abrigo, durante um período de amostragem de 24 horas (nominais). A vazão imprimida pelo aparelho, dentro da faixa de 1,1 m3/min a 1,7 m3/min (faixa de vazão exigida pela norma da ABNT), bem como a geometria da entrada da casinhola favorecem a coleta de partículas de até 2550 µm (diâmetro aerodinâmico). Conforme mencionado anteriormente, o AGV-PTS não é dotado de controlador. Portanto, quando em operação, a vazão pode variar com as flutuações na tensão de linha, das mudanças na direção e velocidade dos ventos e da perda de carga através do filtro. A vazão é monitorada indiretamente por um transdutor de pressão, ou registrador contínuo de vazão (VII). No transdutor, a pressão movimenta um fole que, por sua vez, movimenta uma pena sobre uma carta gráfica (VIII) (Figura 31). Assim, quanto maior a vazão, maior será a pressão, e quanto maior for esta, maior será a deflexão da pena sobre a carta. Tem-se assim, uma ligação entre a vazão e a deflexão da pena. A correlação entre a vazão e a deflexão (que varia de 0 a 10 na carta gráfica) da pena no registrador, normalmente na forma de uma reta, é obtida por meio de um calibrador padrão de vazão (CPV). Figura 31. Registrador contínuo de vazão com carta gráfica. 90 Calibração da vazão A calibração é realizada através do Calibrador Padrão de Vazão (CPV) que consiste em: uma unidade (copo) com orifício, que se conecta a entrada do AGV por um placa adaptadora, um manômetro de coluna d’água com 0 a 400 mm na escala, uma mangueira de látex que se conecta ao manômetro e ao copo e um conjunto de 5 placas perfuradas ( de 5, 7, 10, 13 e 18 furos) capazes de variar o fluxo de através do amostrador. Um esquema do AGV-PTS com o CPV instalado é mostrado na Figura 32. Figura 32. Esquema do conjunto CPV-AGV para realização da calibração da vazão. Tanto a calibração do AGV-PTS como o monitoramento da vazão operacional são feitos em unidade de vazão volumétrica padrão (Qp), que é a vazão de ar corrigida para vazão volumétrica padrão equivalente em condições-padrão de temperatura e pressa (25 °C ou 298 K e 760 mmHg). A unidade mais usada é o m³/min padrão. Para a apresentação oficial de medidas de PTS, são exigidos volumes padrão (derivados de vazões volumétricas padrão) no cálculo da concentração mássica de PTS (ug/m³ padrão). A vazão volumétrica real (Qa) (obtida a partir das temperatura e 91 pressão reais) pode ser convertida na vazão volumétrica padrão (Qp) como se segue (Equação 5): Qp = Qa Pa Pp Tp Ta (Equação 5) onde: Qp = vazão volumétrica padrão, m³-padrão/min; Qa = vazão volumétrica real, m³-real/min; Pp = pressão barométrica padrão EPA, 760 mmHg; Pa = pressão barométrica ambiente, mmHg; Tp = temperatura padrão, 298 K; Ta = temperatura ambiente, K (°C + 273 K). Algumas considerações importantes com relação à calibração: 1. A escala da carta gráfica fornecida pela ENERGÉTICA® vai de 0 a 10 (adimensionais) e, dentro desta faixa, deve estar a faixa de trabalho do AGV-PTS, de 1,1 a 1,7 m³/min. O CPV é previamente calibrado dentro de uma faixa de 0,9 a 1,9 m³, sendo assim adequado para a calibração do AGV-PTS. 2. Resulta da calibração da vazão do AGV-PTS uma reta de correlação entre as pressões diferenciais no manômetro (dHc) e as deflexões (D) da pena obtidas para cada uma das cinco placas perfuradas. 3. A concentração do ar ambiente é calculada dividindo-se a massa de partículas coletadas no filtro pelo volume de ar amostrado, corrigido para as condições padrão, e então expressada em ug/m³-padrão. Portanto, o resultado da calibração deve fornecer a vazão (Qp) nas condições-padrão. 4. Por norma, a calibração deve ser realizada no mesmo local e posição em que se farão as amostragens. 5. Se a temperatura ambiente e pressão barométrica no local de amostragem não variarem mais que ± 15°C e ± 40mmHg, respectivamente, durante a estação (ou ano), podem ser utilizados nos cálculos, as médias sazonais, semestrais ou mesmo anuais de temperatura e pressão. De maneira geral, após a obtenção dos valores de dHc e D durante o procedimento de calibração, o valor da vazão (Qp) é calculado em condições 92 padrão para cada uma das cinco placas, a partir dos coeficientes angular (a1) e linear (b1) da curva de calibração do CPV (fornecido pela ENERGÉTICA®) através da Equação 6: 1 a1 Qp = dH c p2 pp Tp T2 − b1 (Equação 6) onde: D = deflexão obtida da leitura na carta para cada placa; P2 = pressão barométrica média durante a calibração, mmHg; T2 = temperatura ambiente média durante a calibração, K; PP = 760 mmHg; TP = 298 K; a2 = coeficientes angular da curva de calibração do CPV; b2 = coeficientes linear da curva de calibração do amostrador. Em seguida, deve-se corrigir, para cada placa, o valor da deflexão da pena pela Equação 7: D* = D p2 pp Tp T2 (Equação 7) onde: D = deflexão da pena obtidos na calibração a T e P ambientes; D* = deflexão da pena corrigida para T e P padrões. A curva de calibração do AGV-PTS é então dada pela Equação 8: D p2 pp Tp T2 = a 2Qp + b 2 (Equação 8) 93 onde: a2 = coeficiente angular da curva de calibração do AGV-PTS; b2 = coeficiente linear da curva de calibração do AGV-PTS. Os coeficientes a2 e b2, assim como o valor do coeficiente de correlação (r2), foram obtidos por regressão linear através de uma planilha feita no software Excel. 94 ANEXO B RELATÓRIO DA AMOSTRAGEM (11/06/2005) LOCAL: Valonguinho/Niterói ! " "# $" DA CALIBRAÇÃO: Inclinação da reta (a2) = 1,4334 Coeficiente de correlação (r2) = 0,9999 Intercepto da reta (b2) = 0,2993 D(limpo)= 5,7 Qp(limpo)= 1,4568 m3/min ANOTAÇÕES DE CAMPO: P3 = Pp= 760 mmHg 760 mmHg Início da amostragem: Término da amostragem: T3= Tp= 23,3 °C 25 °C 296,3 K 298 K 08:00 (11/06/05) 08:00 (12/06/05) DA CARTA GRÁFICA: PERÍODO (1h) 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00 00:00 01:00 02:00 03:00 04:00 05:00 06:00 07:00 DEFLEXÃO 8 7,8 7,7 7,6 7,6 7,6 7,7 7,8 7,9 7,9 7,8 7,7 7,7 7,8 7,9 7,8 7,8 8 7,8 7,9 7,8 7,7 7,8 8 Qpi (m3/min) 1,84 1,81 1,80 1,78 1,78 1,78 1,80 1,81 1,82 1,82 1,81 1,80 1,80 1,81 1,82 1,81 1,81 1,84 1,81 1,82 1,81 1,80 1,81 1,84 Vpi (m3) 110,1 108,6 107,8 107,0 107,0 107,0 107,8 108,6 109,3 109,3 108,6 107,8 107,8 108,6 109,3 108,6 108,6 110,1 108,6 109,3 108,6 107,8 108,6 110,1 CÁLCULOS NO LABORATÓRIO: Tempo decorrido de amostragem (t)= Vazão média (Qp)= Volume total de ar amostrado (Vp)= Peso inicial do filtro (Mi)= Peso final do filtro (Mf)= Peso líquio do MPA-PTS (Ml)= [onde Ml=Mf-Mi] Concentração de PTS no ar (PTS)= [onde PTS=(Ml)*(10^6)/Vpi] 3,4146 g 3,584 g 0,1694 g 1440 min 1,81 m3/min 2604,7 m3 65,0 ug/m3 OBSERVAÇÕES: Previsão: Sol e nebulosidade variável, sem previsão de chuva. Não choveu! 95