A Interface Humano - Computador Aula 08 – Análise de Tarefas: Cenários Giliane Bernardi - [email protected] http://nte.ufsm.br Relembrando... • Entre as propostas (modelos e técnicas) de especificação de requisitos, podem ser destacadas: • Análise de Usuários • Perfil de usuário; • Personas; • Análise das Tarefas (na perspectiva do usuário) • Cenários e Casos de Uso; • Análise Hierárquica de Tarefas; • GOMS; Introdução • A descrição de tarefas de negócios pode ser utilizada durante todo o desenvolvimento, desde as primeiras atividades de requisitos até prototipação, avaliação e testes; • Usadas para descrever tanto tarefas existentes como as desejadas pelo novo produto ou serviço; Cenários • Um cenário é, basicamente, uma história sobre pessoas realizando uma atividade; • É uma narrativa, textual ou pictórica, rica em detalhes contextuais, de uma situação de uso da aplicação, envolvendo usuários, processos e dados reais e potenciais; Cenários • Um cenário possui um enredo, que inclui sequências de ações e eventos; • O que os usuários fazem, o que acontece com eles, que mudanças ocorrem no ambiente,...; • Os cenários descrevem o comportamento e as experiências dos atores; • Cada ator possui objetivos que dirigem as tarefas que ele realiza; Cenários • Em geral, cada cenário apresenta um ator principal e um objetivo principal; • Cada cenário costuma ter: • um título – que descreve brevemente a situação; • os atores que participam do cenário; • uma breve descrição da situação inicial em que os atores se encontram; • referências a outros cenários que permitam aos atores atingir os mesmos objetivos de maneiras diferentes; Cenários • Elementos característicos: • Ambiente ou contexto: detalhes da situação que motivam ou explicam os objetivos, ações e reações dos atores no cenário; • Atores: pessoas interagindo com o computador ou outros elementos do ambientes.; características pessoais relevantes; • Objetivos: motivam as ações realizadas pelos atores; • Planejamento: atividade mental para transformar um objetivo em um conjunto de ações; • Ações: comportamento observável; • Eventos: ações externas ou reações produzidas pelo computador; • Avaliação: atividade para interpretar a situação; Cenários • Na atividade de análise são utilizados cenários de análise (cenários de problemas); • Narrativas sobre o domínio da atividade do usuário, tal como ele existe antes da introdução da tecnologia. Cenários - Exemplo Cadastro de projetos finais com coorientador externo não cadastrado Atores: Joana Marinho (secretária), Fernando Couto (aluno) Na primeira semana de aula, Joana Marinho, secretária do curso de Engenharia Ambiental, precisa cadastrar entre vinte e trinta projetos finais dos alunos no período atual. Um projeto final é um trabalho individual de um aluno sob orientação de um ou dois professores. Cada aluno preenche um formulário impresso e o entrega na secretaria. Em vez de cadastrar os projetos finais à medida que são entregues, Joana prefere juntar vários para cadastrá-los de uma vez, pois acha que assim perde menos tempo. Joana confere o formulário verificando se o aluno definiu seu(s) orientador(es) e o título e formato de entrega do trabalho, para então cadastrar os dados no sistema. No caso do aluno Fernando Couto, após informar o título do trabalho e o orientador principal, Joana descobre que o seu coorientador não está cadastrado no sistema, pois se trata de um professor de outra instituição. Ela interrompe o cadastramento, pega o e-mail de Fernando da sua ficha cadastral (impressa) e lhe envia uma mensagem solicitando os dados de seu coorientador externo: nome, CPF e e-mail para contato. No dia seguinte, Joana recebe a mensagem de resposta de Fernando com os dados solicitados. Ela então reinicia o cadastro do projeto final de Fernando, sem poder aproveitar o que havia feito na véspera. Ao terminar o cadastro, Joana entra no seu sistema de correio eletrônico e envia uma mensagem para todos os envolvidos (alunos e co (orientadores)), para que eles confirmem os dados cadastrados e confirmem sua participação no projeto Adaptado de Barbosa e Silva (2010) Cenários • Alguns pontos que podem ser considerados problemáticos: • A necessidade de transcrição para o sistema de dados preenchidos pelo aluno em um formulário impresso; • A falta de integração do sistema com as informações dos alunos (o e-mail do Fernando deve ser buscado em uma ficha impressa); • A incapacidade de enviar uma mensagem através do sistema para as pessoas envolvidas no cadastro de um projeto final (Joana precisa acessar seu sistema de correio eletrônico para enviar uma mensagem para orientador, coorientador e aluno); Cenários • Cenários podem incluir exceções; • Que eventos importantes acontecem raramente? • Identificar situações em que o produto pode se tornar problemático; • Diferença entre cenários e casos de uso: cenários tratam da descrição de um ator realizando ações específicas; • Em um caso de uso podem ser descritos vários caminhos (cenário principal e alternativos); • Um cenário descreve apenas um dos caminhos descritos em um caso de uso; Cenários • Um problema evidenciado na construção de cenários é sua elaboração, muitas vezes, incompleta ou ambígua; • Proposta: Questionamento Sistemático; • Segmentar o cenário em proposições e investigar mais profundamente cada proposição a partir de um conjunto geral de perguntas; • As respostas podem gerar novas proposições, repetindo o ciclo até que o conjunto de proposições seja considerado completo; Cenários • Questionamento Sistemático • Os tipos gerais de perguntas sugeridos são: • por quê? • Como? • O que é? • X pode ser feito da forma Y? • X faz parte de Y? • Associado a cada questão existe um conteúdo esperado das respostas; Cenários • Questões para refinamento de cenários (Barbosa e Silva, 2010) Cenários • Para enriquecer mais as informações do cenário, o designer pode responder também perguntas mais específicas, relacionadas com os elementos de um cenário; • Fonte: (Silveira, 2004 e Aureliano, 2007 apud Barbosa e Silva, 2010). Cenários • Com cenários bem elaborados, os designers têm melhores condições de investigar quais atividades dos usuários poderiam ser executadas de forma mais eficiente; • O que se pode modificar nos processos e como um sistema computacional interativo pode apoiar melhor estas atividades; Cenários • Para assegurar cenários representativos, alguns tópicos devem ser considerados no conjunto de cenários: • Ciclo de vida do processo: um processo em ampla escala deve ser decomposto em diversos passos, e cada passo pode ser representado por um cenário diferente; • Segmentos de público: os cenários devem examinar os diferentes tipos de usuário e suas experiências, objetivos e habilidades, padrões de uso, etc.; Cenários • Tópicos (cont.:) • Funções do produto: um produto pode ter diferentes funcionalidades, que apoiam tarefas diferentes e não relacionadas. O conjunto de cenários deve cobrir a gama de funcionalidades que o produto apoie; • Variantes de uma classe de situações de tarefa: uma simples tarefa (ou objetivo) pode ser realizada de diferentes formas. O conjunto de cenários deve examinar cada uma destas variações (um cenário para cada); Cenários • A elaboração de cenários pode consumir bastante tempo; • Não é necessário criar cenários para todas as tarefas e situações que os usuários podem enfrentar; • Elaborar cenários para as tarefas principais – para as tarefas secundárias à medida quer o tempo permitir; • Cenários de uso diário: envolvem as principais ações que os usuários vão realizar e, com maior frequência; Cenários • Em geral, a maioria dos usuários possui poucos cenários de uso diário; • Os novos usuários precisam dominar estes cenários rapidamente; • Para isto, as instruções devem ser claras e didáticas, embutidas no próprio sistema de forma contextualizada; • À medida que os usuários se tornarem experientes vão requerer atalhos e possibilidades de customização para que a interação se torne adequada às suas preferências e estilo individual; Cenários • Algumas tarefas são realizadas periodicamente, mas com pouca frequência; • Elas também requerem instruções claras, embutidas no sistema, mas geralmente podem ignorar atalhos, pois raramente seriam aprendidos pelos usuários; Cenários • Recordando os objetivos do designer: “Este é o meu (designer) entendimento de quem você (usuário) é, do que aprendi que você quer ou precisa fazer, de que maneira prefere fazer, e por quê” • Complementar os cenários com perguntas e associar cada pergunta à resposta encontrada e descrita no cenário; Cenários • Exemplo – perguntas exploradas nos cenários Conjunto de perguntas para o cenário do exemplo 1. Quem pode/deve cadastrar os dados dos projetos finais no sistema? 2. Quando são cadastrados os projetos finais? 3. Quem fornece os dados dos projetos finais? 4. Quais dados dos projetos finais devem ser cadastrados? 5. Quantos projetos são cadastrados a cada período? 6. Quem pode orientar um trabalho final? 7. Que dados são necessários para cadastrar um coorientador externo? 8. Como são obtidos os dados de um coorientador externo? 9. De quem depende a conclusão do cadastramento do projeto final? 10. Que informações os responsáveis precisam para confirmarem o cadastro? 11. Como um envolvido efetua a confirmação do cadastro? 12. Em que pontos a interação pode ser mais eficiente? 13. Como entrar em contato com um aluno? 14. Quem precisa ser notificado da conclusão do cadastro? Cenários Cadastro de projetos finais com coorientador externo não cadastrado Atores: Joana Marinho (secretária), Fernando Couto (aluno) Na primeira semana de aula, Joana Marinho[2], secretária do curso de Engenharia Ambiental, precisa cadastrar entre vinte e trinta projetos finais dos alunos no período atual[5]. Um projeto final é um trabalho individual de um aluno sob orientação de um ou dois professores[6]. Cada aluno preenche um formulário impresso e o entrega na secretaria[3]. Em vez de cadastrar os projetos finais à medida que são entregues, Joana prefere juntar vários para cadastrá-los de uma vez, pois acha que assim perde menos tempo[2]. Joana confere o formulário verificando se o aluno definiu seu(s) orientador(es) e o título e formato de entrega do trabalho[4], para então cadastrar os dados no sistema[1]. No caso do aluno Fernando Couto, após informar o título do trabalho e o orientador principal, Joana descobre que o seu coorientador não está cadastrado no sistema, pois se trata de um professor de outra instituição[6]. Ela interrompe o cadastramento, pega o email de Fernando da sua ficha cadastral (impressa) [13] e lhe envia uma mensagem [8] solicitando os dados de seu coorientador externo: nome, CPF e e-mail para contato [7]. No dia seguinte, Joana recebe a mensagem de resposta de Fernando com os dados solicitados. Ela então reinicia o cadastro do projeto final de Fernando, sem poder aproveitar o que havia feito na véspera [12]. Ao terminar o cadastro, Joana entra no seu sistema de correio eletrônico e envia uma mensagem para todos os envolvidos (alunos e (co)orientadores) [14], para que eles confirmem os dados cadastrados e confirmem sua participação no projeto [9]. Adaptado de Barbosa e Silva (2010) Cenários • Normalmente, nem todas as perguntas são exploradas em todos os cenários; • Assim como no questionamento sistemático, pensar na forma de perguntas tem como objetivo descobrir lacunas no cenário; • Exemplo – pergunta 10; Cenários - Tarefa • Considerando o cenário para a pizzaria online: • construa o(s) cenário(s) que descreve(m) como um usuário pode realizar pedidos de pizza atualmente; • Construa o cenário que descreve como um atendente registra o pedido, desde o início do mesmo até seu fechamento; • Observação: considere que a pizzaria ainda não possui um sistema informatizado; • Data de Entrega: 28/09/2011 (postar no Moodle) Referências Bibliográficas • Barbosa, S. D. J.; Silva, B. S. Interação Humano-Computador. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. • Cybis, W.; Betiol A. H.; faust, R. Ergonomia e Usabilidade – Conhecimentos, Métodos e Aplicações. São Paulo: Novatec, 2010. • Preece, J.; Rogers, Y.; Sharp, H. Design de Interação. Porto Alegre: Bookman, 2005.