Capítulo I Introdução I - Introdução Os fluidos de perfuração, também conhecidos como lamas de perfuração, são importantes auxiliares da perfuração de poços de petróleo. O fluido é bombeado pelo tubo que desce com a broca, voltando à superfície com os cascalhos produzidos durante a perfuração. Este fluido precisa ter características muito especiais para que atinja várias finalidades. Estas finalidades e características principais dos fluidos de perfuração são (Corrêa, 2003): • Lubrificar a broca e a haste de perfuração; • Ter uma viscosidade adequada para arrastar os cascalhos formados no fundo do poço para a superfície; • Apresentar uma tensão superficial e densidade suficientes para manter em suspensão os cascalhos contidos na lama durante as paralisações da perfuração; • Ter um peso suficiente para manter a pressão hidrostática da lama equivalente à pressão das formações atravessadas, evitando a ocorrência de erupções durante o avanço da perfuração; • Ser estável termicamente, não alterando as suas características com o aumento da temperatura do fundo do poço, à medida em que a perfuração prossegue; • Não penetrar, com o seu líquido filtrado (o líquido que a lama perde entre o poço e as formações), nas formações que estejam sendo perfuradas. Os fluidos de perfuração podem ser classificados em três tipos principais: fluido a base de água (constituído de até 90% de água e de argilas e aditivos poliméricos), fluido a base de óleo mineral (que contém argila, emulsificantes e outros aditivos) e fluido sintético que pode ser a base de ésteres, éteres ou poli(alfaolefinas) (Bleler, Leuterman e Stark, 1993; Buke e Veil, 1995). Os aditivos são as substâncias responsáveis pela melhoria das características do fluido, sendo necessário obter uma composição de equilíbrio entre os aditivos, de tal modo que não haja favorecimento de uma propriedade em detrimento de outra. A preocupação com o meio ambiente tem levado os orgãos governamentais de vários países a legislar sobre a utilização de produtos tóxicos com a consequente necessidade do desenvolvimento de fluidos de composição ecologicamente aceitável. A geometria do poço e as características da rocha a ser perfurada determinam o tipo de fluido a ser empregado, sempre tentando conciliar o bom desempenho com um baixo custo e uma baixa toxicidade. Os fluidos a base de água são os mais utilizados na perfuração de poços verticais e horizontais, enquanto os fluidos de base orgânica sintética, como os fluidos a base de ésteres, são utilizados na perfuração de trechos onde ocorre ganho de ângulo (Figura I.1), pelo fato destes fluidos apresentarem alto grau de lubricidade. Entretanto, para superar os problemas ambientais, a composição destes fluidos vem sendo modificada. O ideal seria que o fluido a base de água pudesse ser utilizado em todas as situações. A adição das substâncias adequadas, no momento adequado, resultaria num fluido único, o Fluido Universal, que poderia ser utilizado tanto na perfuração de poços horizontais quanto na perfuração de trechos onde ocorre ganho de ângulo. O problema passa a ser, então, o do desenvolvimento de substâncias capazes de dar ao fluido de base aquosa as características necessárias. Como foi dito, nos trechos com modificação de ângulo da perfuração há o requisito imprescendível de que o fluido tenha alto poder lubrificante. Uma sugestão plausível seria a modificação da composição dos fluidos a base de água, adicionando aditivos capazes de melhorarem a capacidade de lubrificação do fluido. Inclinação Afastamento Figura I.1 – Diferentes geometrias de poços A escolha do aditivo remete ao estudo de aspectos moleculares que favorecem as interações entre as moléculas de uma substância e a superfície a ser lubrificada e ao estudo dos fenômenos físico-químicos envolvidos neste processo de lubrificação. As moléculas da substância lubrificante devem interagir fortemente com a superfície para que não sejam arrancadas da mesma com a força de atrito causada pelo movimento da outra superfície que se move sobre ela, ou mesmo pela resistência causada pelas moléculas do meio ao deslizar sobre as moléculas do lubrificante. Por outro lado, as moléculas do lubrificante devem interagir fracamente entre si e com as demais substâncias do meio para que ocorra o fenômeno de escorregamento molecular. Estes fenômenos permitem que ocorra o processo de lubrificação. Conseqüentemente, estas moléculas devem possuir uma parte polar, de tal forma a interagir fortemente com as moléculas da superfície a ser lubrificada (no caso da superfície ser constituída por metal ou rocha), e uma outra parte apolar que só é capaz de fazer interações fracas, do tipo van der Waals, portanto não colocando resistência ao seu próprio deslocamento. As interações fortes envolvem os processos de adsorção e de dessorção das moléculas na superfície. A adsorção pode ser física, devido à atração eletrostática ou entre dipolos, existente entre as moléculas do lubrificante e a superfície; e também pode ser química. A pesquisa de substâncias com a estrutura adequada a este desempenho é uma etapa importante. A literatura relata o desenvolvimento dos lubrificantes ao longo do tempo, ressaltando a utilização de monoésteres, diésteres e ésteres derivados de álcoois neopentílicos entre outros, como lubrificantes em meio não-aquoso (Randles, 1999). Estes últimos são muito utilizados como aditivos lubrificantes em aviação. Um aspecto importante a ser considerado é o tipo de superfície a ser lubrificada. Durante a perfuração de um poço de petróleo, a broca perfura formações rochosas, logo o fluido deve ser capaz de lubrificar tanto a broca quanto as formações rochosas (folhelhos, arenito e calcáreo). Não sendo a água um bom lubrificante, a presença de substâncias lubrificantes é condição indispensável. No processo de lubrificação é importante que ocorra a adsorção das moléculas do aditivo lubrificante à superfície a ser lubrificada, para que estas não sejam arrancadas pelo movimento do fluido. A adsorção produz calor de adsorção que pode ser medido em um reator calorimétrico. Esta dissertação vai se deter no estudo das famílias de ésteres de ácidos graxos e dibásicos com poli(glicol etilênico) e poli(glicol etilênico) monometoxilado e de ésteres derivados de ácidos graxos e álcoois neopentílicos como aditivos lubrificantes. Tais ésteres foram sintetizados e testados como aditivos lubrificantes. O desempenho destes aditivos como lubrificantes em potencial em meio aquoso e em formulações de fluidos em meio aquoso foi avaliado no sistema metal-metal. Medidas de calor de adsorção foram realizadas para os sistemas rocha-aditivo e metal-aditivo em meio aquoso. Capítulo II Objetivo O objetivo geral da tese é o desenvolvimento de aditivos com propriedades lubrificantes para fluidos de perfuração a base de água. Primeiramente, foram sintetizados, purificados e caracterizados vários ésteres derivados de ácidos carboxílicos e dicarboxílicos de cadeia linear contendo de 6 a 18 átomos de carbono (saturada e insaturada) e de álcoois polidroxilados ou de polímeros do etileno glicol e do etileno glicol monometoxilado. A segunda etapa foi a determinação do coeficiente de atrito para identificar as estruturas com maior potencial de utilização como aditivo lubrificante. Buscou-se também determinar o calor de adsorção destes aditivos em alguns adsorventes (argila, aço e óxido de ferro) e correlacioná-lo com o coeficiente de atrito medido entre metais. Finalmente, os melhores lubrificantes encontrados foram empregados na formulação de um fluido. Além da propriedade lubrificante, foram determinadas as demais propriedades do fluido formulado (inibidor de folhelho, viscosidade e redutor de filtrado) necessárias ao desempenho de suas diversas funções. Capítulo III Revisão Bibliográfica III – Revisão Bibliográfica Este capítulo se inicia apresentando brevemente as etapas de perfuração de poços de petróleo, seguindo-se discussão mais detalhada sobre a lubrificação (ítens III.2 e III.3) quanto aos aspectos teóricos, os fatores de influência sobre a lubrificação, os principais aditivos lubrificantes conhecidos e, finalmente, a importância da adesão química e física dos lubrificantes à superfície a ser lubrificada. Deve-se ressaltar a importância da solubilidade dos aditivos lubrificantes na água. Esperar-se-ia que as substâncias devessem ser solúveis em água, mas também capazes de interagir com a superfície metálica de tal modo a não serem facilmente arrancadas pela força do movimento e pela força de interação com a água. A maior parte da literatura sobre lubrificantes se concentra no estudo de meios oleosos, portanto, a grande dificuldade é discutí-la em sistemas aquosos, como é o caso de fluidos de perfuração de base aquosa. III.1- A perfuração de poços de petróleo A perfuração de um poço de petróleo, em terra ou em mar (offshore), é um trabalho contínuo e que só se conclui ao ser atingida a profundidade final programada pelos estudos geológicos (Corrêa, 2003). Para a perfuração é montada uma estrutura metálica, torre ou mastro, de 30 a 40 metros de altura, utilizando-se equipamentos auxiliares, tais como: bombas de lama (fluido), colunas de tubos e comandos, tanques de lama, de diesel, de cimento, etc., e outros (Figura III.1). Figura III.1 – Esquema do sistema de circulação durante a perfuração de um poço de petróleo (Corrêa, 2003) A torre ou mastro tem a finalidade de sustentar a tubulação vertical, em cuja extremidade é colocada uma broca. Esta irá perfurar as formações, através da raspagem ou do trituramento do fundo do poço, e para isto, são empregadas lâminas ou dentes, que podem ser de diversos materiais, como por exemplo, aço ou de pastilhas de tungstênio. Além disto, as brocas possuem canais dentro de sua estrutura – terminando estes condutos em peças de tungstênio, especialmente manufaturadas, chamadas de jatos – para conduzir o fluido de perfuração. Este fluido que é bombeado dos tanques de lama até o fundo do poço incidirá sobre este fundo com enorme impacto que auxiliará a perfuração e arrastará os cascalhos para a superfície mantendo o fundo limpo (Figura III.2). Figura III.2 - Brocas de perfuração (Corrêa, 2003) A fim de se evitar a entrada de fluidos nas formações, o que pode causar desmoronamentos, e para trazer o material perfurado (cascalho) do fundo do poço para a superfície, são utilizados fluidos especiais de perfuração cuja composição tem sido objeto de estudos e adaptações constantes de acordo com o local a ser perfurado. A maior parte dos fluidos de perfuração utilizados na perfuração de trechos onde ocorre ganho de ângulo são a base de óleo mineral e poli(alfaolefinas). Entretanto, estes fluidos são pouco biodegradáveis causando sérios problemas ao meio ambiente. A substituição destes fluidos por fluidos a base de água é uma alternativa que tem sido buscada. No entanto, a capacidade lubrificante dos fluidos a base de água não tem sido suficiente para serem utilizados na perfuração de trechos onde ocorre ganho de ângulo. Assim, surge a necessidade de desenvolver aditivos para os fluidos a base de água com as propriedades lubrificantes do fluido base-óleo. III.1.1 - Superfícies a serem lubrificadas O impacto das brocas contra a superfície rochosa durante a perfuração é de tal ordem que as brocas têm que ser confeccionadas de materiais bem resistentes., como o aço, o diamante e o tungstênio. Além disso, durante a perfuração de poços de petróleo freqüentemente encontram-se argilas laminadas ou naturalmente estratificadas que são chamadas de folhelhos, arenitos e calcáreos. Estas são portanto os principais tipos de superfícies envolvidas no processo de perfuração que irão necessitar de lubricidade. Durante a perfuração de um poço de petróleo, a broca gira desgastando as formações rochosas, ou seja, a superfície da broca se move em relação a superfície das formações rochosas gerando assim uma força contrária a este movimento, chamada de força de atrito. Após esta etapa, há a descida dos tubos metálicos de revestimento e cimentação e, inicia-se novamente a primeira etapa da perfuração. Portanto, ocorre atrito entre o metal da broca e também das hastes tanto com a rocha quanto com as paredes metálicas do revestimento. Para diminuir a resultante da força de atrito, utilizam-se aditivos com propriedades lubrificantes que são adicionados aos fluidos de perfuração de base aquosa. Estes aditivos formam um filme sobre a superfície, diminuindo assim a força de atrito gerada no processo. III.1.1.1- Superfície da broca Em 1952 Wilson investigou o efeito de dois fatores significativos em uma amostra de aço submetida a atrito: estrutura e composição. A composição (0,41% de carbono) e a estrutura (homogênea) da amostra estudada se mantiveram constantes após o material ser submetido ao atrito. Observou-se que aumentando a quantidade de carga aplicada, o coeficiente de atrito manteve-se constante até um certo valor de carga, e que acima deste valor houve uma queda brusca do coeficiente para, em seguida, manter-se constante novamente. Wilson interpretou o fenômeno como sendo devido ao fato de que no ar o ferro forma uma camada fina de magnetita (Fe3O4) próxima do metal e que no topo do metal forma uma camada mais densa de óxido férrico (Fe2O3), e que esta mudança brusca no coeficiente de atrito corresponderia a uma penetração no óxido férrico (Bowden, 1964). Na fricção de duas amostras de diamante pode ocorrer adesão das duas superfícies. Quando aplicam-se cargas baixas, não ocorre danos às superfícies do diamante, pois este se deforma elasticamente. Esta deformação diminui quando as superfícies estão protegidas por substâncias que interagem fortemente com a superfície diminuindo a resistência. Quando se aplicam cargas mais altas, a superfície do diamante racha e o coeficiente de atrito aumenta rapidamente. Este aumento não é devido à maior energia relativa à nova superfície, nem à perda de histerese, mas sim ao aumento da pressão exercida sobre as superfícies das amostras de diamante. III.1.1.2- Superfície rochosa Durante a perfuração de poços de petróleo freqüentemente encontram-se folhelhos, arenitos e calcáreos. Os folhelhos são argilas que contem minerais. Estas argilas são chamadas de argilominerais. Quimicamente são silicatos de alumínio hidratados, contendo, também, outros elementos como magnésio, ferro, cálcio, sódio, potássio, etc (Grim, 1968). Um argilomineral muito estudado é a montmorilonita (bentonita), devido ao fato desta ser uma esmectita que tem como característica a capacidade de adsorver substâncias entre suas camadas o que leva a um expressivo aumento do espaçamento basal (ou inchamento). Este comportamento é responsável, em parte, pelos problemas de instabilidade de poços. A montmorilonita é uma esmectita dioctaédrica com uma camada tetraédrica entre elas. Na folha tetraédrica, o silício pode ser substituído por cátions trivalentes como o Al+3 e o Fe+3, enquanto na folha octaédrica, o alumínio pode ser substituído por cátions divalentes como o Mg+2 e o Fe+2. A estrutura deste argilomineral está representada na Figura III.3. Figura III.3 - Representação da Montmorilonita (Bentonita) (Grim, 1968) III.1.1.3- A influência da área específica do sólido O contato entre dois sólidos é influenciado diretamente pela área específica do sólido. Quanto maior for a área específica do sólido, maior será o contato com o outro sólido. Esta área pode ser ativada e para que ocorra um maior contato, as superfícies devem estar necessariamente isentas de moléculas de impurezas (Bowden, 1964). A ativação da área específica de um sólido é feita pela adição de moléculas que se ligam quimicamente aos sítios ativos do sólido, aumentando a força destes sítios ativos. O aumento desta força favorece a aderência dos filmes lubrificantes, melhorando assim o deslizamento entre as duas superfícies. Um composto comumente utilizado com esta finalidade é o ditiodialquilfosfato de zinco (Lin, 2004). Esta ativação da área também pode ser feita através da remoção dos íons presentes na superfície, causando assim um déficit de cargas que anteriormente estavam balanceadas. Isto aumenta a força de adesão dos sítios, aumentando assim a aderência dos filmes lubrificantes. A limpeza da superfície do sólido é outro fator de extrema relevância. A presença de impurezas entre as superfícies diminui a área específica dos dois sólidos, dificultando assim a aderência dos aditivos lubrificantes (Bowden, 1964). III.2- Lubrificação Todos os trabalhos que discutem os conceitos envolvidos no processo de lubrificação se concentram no estudo da lubrificação de duas superfícies metálicas em meio oleoso, como a graxa, e não discutem a lubrificação em meio aquoso. No deslocamento de duas peças entre si ocorre atrito, mesmo que as superfícies dessas peças estejam bem polidas, pois elas sempre apresentam pequenas saliências ou reentrâncias. O atrito causa vários problemas: aumento da temperatura, desgaste das superfícies, corrosão, liberação de partículas e, conseqüentemente, formação de sujeiras. Para evitar estes problemas usam-se os lubrificantes: isto é, substâncias capazes de reduzir o atrito e formar uma superfície que conduz calor, protege a máquina da ferrugem e aumenta a vida útil das peças. III.2.1 - Atrito Sempre que uma superfície se move em relação a uma outra superfície, há uma força contrária a esse movimento. Esta força chama-se atrito (A), ou resistência ao movimento (Figura III.4). Figura III.4 - Representação da força de atrito (Carreteiro e Moura, 1987) De acordo com o tipo de contato entre as superfícies em movimento pode-se distinguir: a) Atrito Sólido: quando há contato de duas superfícies sólidas entre si. O atrito sólido pode ser subdividido em dois grupos: • Atrito de deslizamento: quando uma superfície se desloca diretamente em contato com a outra. • Atrito de rolamento: quando o deslocamento se dá através de rotação de corpos cilíndricos ou esféricos colocados entre as superfícies em movimento. Como a área de contato é menor, o atrito também é menor. b) Atrito Fluido: quando existir uma camada fluida (líquida ou gasosa) separando as superfícies em movimento. O fluido que forma esta camada chama-se lubrificante. Como foi dito, as superfícies sólidas, mesmo as mais polidas, apresentam asperezas e irregularidades. O modo como as superfícies interagem resulta em dois mecanismos de atrito: cisalhamento e adesão. O cisalhamento ocorre quando picos de duas superfícies entram em contato lateral entre si e, o atrito se desenvolve pela resistência oferecida pelo sólido à ruptura desses picos. Há duas situações diversas de acordo com a dureza relativa das duas superfícies. Se ambas têm durezas semelhantes, haverá ruptura de ambos os picos em contato, mas se uma das superfícies é menos dura, os picos da superfície dura agirão como uma ferramenta de corte. Estas duas situações podem ser observadas na Figura III.5. Figura III.5 – Cisalhamento (Carreteiro e Moura, 1987) A adesão ocorre quando as superfícies em contato apresentam áreas relativamente planas em vez de picos, o atrito se desenvolve pela soldagem a frio dessas microáreas planas entre si (Carreteiro e Moura, 1987). A adesão é a maior responsável pela resistência ao movimento. Este mecanismo pode ser observado na Figura III.6. Figura III.6 – Adesão (Carreteiro e Moura, 1987) Coulomb, em 1781, publicou os resultados de suas experiências, que abordaram, de modo completo, o problema do atrito entre superfícies secas e limpas. De seus estudos, derivam as seguintes leis gerais do atrito: a) A força limite de atrito é proporcional à resultante das solicitações normais entre as superfícies de contato. A (Fa) ~ N b) A força limite de atrito independe da área de contato. c) A força limite de atrito independe da velocidade relativa das superfícies em contato. Considerando que a força limite de atrito estático e cinético é proporcional às solicitações normais entre as superfícies, chamamos de coeficiente de atrito ao próprio coeficiente de proporcionalidade, µ. Fa = µN ⇒ µ = Fa/N ⇒ tg φ = µ onde φ é o ângulo de atrito, ou seja, o ângulo da resultante das solicitações com a força normal à superfície de contato, na eminência de movimento (Figura III.7). onde A = Fa Figura III.7 - Representação do ângulo de atrito (Carreteiro e Moura, 1987) d) O atrito estático é normalmente maior do que o atrito cinético. e) O atrito em superfícies lubrificadas é menor do que em superfícies secas. III.2.2 - Desgaste Muito embora o objetivo imediato da lubrificação seja reduzir o atrito, podemos considerar que sua finalidade última seja diminuir o desgaste. Alguns tipos de desgaste ocorridos, por exemplo, nos rolamentos são: abrasão, que é proveniente de partículas de material abrasivo (areia ou pó) contido no óleo lubrificante; desalojamento, que consiste na remoção de metal de um ponto e deposição em outro; corrosão, proveniente de contaminantes ácidos; endentação, consequência de penetração de corpo estranho duro (cavacos metálicos, impurezas); fricção (fretting), que se caracteriza por endentações polidas provenientes de corrosão por vibração; erosão, que são endentações causadas pela repetição de choques com pesadas sobrecargas; fragmentação, produzida por instalação defeituosa; esfoliação ou escamação, causada pela fadiga por se submeter o metal a repetidos esforços além de sua capacidade limite; esfriamento, ocasionado pela passagem contínua de fracas correntes elétricas; cavitação, devido ao colapso das bolhas em um fluido. As leis de desgaste são: a) A quantidade de desgaste D é diretamente proporcional à carga P. b) A quantidade de desgaste D é diretamente proporcional à distância deslizante, d. c) A quantidade de desgaste D é inversamente proporcional à dureza da superfície, H. Estas leis podem ser representadas genericamente pela expressão: D ~ Pd/H ou, D = K x Pd/H Onde K é uma constante característica do sistema de deslizamento. III.2.3 - Tipos de Lubrificação A formação de uma camada de fluido ou filme de fluido pode ser obtida de três maneiras (Carreteiro e Moura, 1987): a) Lubrificação Hidrostática: se as superfícies estiverem imóveis, o fluido é pressurizado no espaço entre elas, separando-as pela ação da pressão. b) Lubrificação Hidrodinâmica: quando o filme de fluido se desenvolve entre as superfícies em virtude do próprio movimento relativo entre as superfícies. Neste tipo de lubrificação observa-se o atrito fluido, onde a espessura de lubrificante é superior à altura da aspereza superficial (uma película de lubrificante separa completamente as superfícies metálicas). A lubrificação hidrodinâmica é aquela na qual a viscosidade é o fator mais importante. Não há, teoricamente, o desgaste das peças, uma vez que as superfícies lubrificadas nunca entram em contato. Entretanto, na prática, nunca temos lubrificação totalmente hidrodinâmica. A lubrificação de superfícies planas e a lubrificação de um mancal são exemplos deste tipo de lubrificação. c) Lubrificação Limítrofe: o filme formado é tênue, ou seja, é fino e delgado. Neste tipo de lubrificação observa-se o atrito limite. A lubrificação limítrofe, comumente chamada de lubrificação de extrema pressão (EP), ocorre quando a temperatura e a pressão de carga são muito elevadas. Os lubrificantes utilizados neste tipo de lubrificação contém substâncias em cujas estruturas estão presentes átomos de oxigênio, enxofre, cloro, fósforo ou chumbo. Estes elementos possuem elétrons não-ligantes em suas camadas de valência que atraem fortemente os elementos constituintes das superfícies a serem lubrificadas, formando ligações covalentes. A lubrificação de engrenagens hipoidais, onde têm-se elevadas cargas e velocidades de deslizamentos (com altas temperaturas de atrito envolvidas), como, também, a lubrificação do sistema broca de perfuração-parede são exemplos de lubrificação limítrofe. III.2.4 - Mecanismos de lubrificação O lubrificante reduz a fricção. Vamos tomar como exemplo o processamento de polímeros estudado por Rabello (2000). Durante a mistura e o processamento de polímeros, o lubrificante reveste a superfície das partículas do polímero e, quando este começa a amolecer, o lubrificante, já derretido, penetra no polímero. Esta taxa de penetração depende de sua solubilidade no polímero fundido, que é função da estrutura de sua molécula e de sua polaridade em relação ao polímero. Dependendo do sistema polímero-lubrificante, a solubilidade pode variar de totalmente solúvel até insolúvel. No primeiro caso, ocorre o efeito de plastificação, o que não é interessante devido às pequenas quantidades utilizadas, que pode dificultar o fluxo devido à retenção no interior do polímero (o uso de grandes quantidades afeta as propriedades mecânicas). Uma interação menos forte entre as moléculas do aditivo e as longas moléculas do polímero cria um efeito muito bom de escorregamento molecular. Esta é a função de um lubrificante interno, que atua reduzindo o atrito entre as moléculas e melhorando o fluxo. Quanto menor a força de interação entre o polímero e o lubrificante, mais móveis (incompatíveis) serão as moléculas deste. Durante o cisalhamento que ocorre no processamento as moléculas do lubrificante podem migrar, se depositando nas paredes da máquina. Forma-se então um filme desmoldante entre o equipamento e a massa polimérica, possibilitando o escorregamento do polímero. Este é o caso dos lubrificantes externos, que reduzem o atrito em nível macroscópico entre o polímero e o metal da máquina. Estes mecanismos de lubrificação podem ser observados na Figura III.8. Durante a perfuração de poços de petróleo, o mecanismo de lubrificação observado é a lubrificação externa nas superfícies metálicas da broca e da haste de perfuração e nas superfícies das formações rochosas. As moléculas do lubrificante podem entrar nas entre-camadas da formação rochosa fechando a sua entrada e, consequentemente impedindo a entrada das moléculas de água que fazem com que a rocha inche e desmorone. Lubrificante Polímero Plastificação Lubrificação interna Superfície da máquina Lubrificação externa Efeito desmoldante Figura III.8 - Representação esquemática dos diversos tipos de interação entre as moléculas de lubrificantes e o polímero (Riedel, 1993) É essencial considerar que a atuação de uma substância como lubrificante depende do tipo de superfície na qual está sendo aplicada, por sua vez, a ação lubrificante é determinada pela estrutura química do lubrificante, especificamente pelo grupo polar e pelo comprimento do grupo hidrocarboneto (apolar). III.3- Lubrificantes Os lubrificantes podem ser líquidos (óleos), pastosos (graxas) ou sólidos (grafita, parafina, etc.) (Carreteiro e Moura, 1987). Na categoria de óleos, distinguimos: • Óleos Graxos Os óleos orgânicos, tanto vegetais como animais, foram os primeiros lubrificantes a serem utilizados. Foram substituídos pelos óleos minerais, que além de serem mais baratos, não sofrem hidrólise nem se tornam ácidos ou corrosivos pelo uso. No entanto, ainda hoje se emprega o óleo de mamona em algumas situações. • Óleos Minerais Os óleos minerais são importantes para o emprego em lubrificação. Os óleos minerais são obtidos do petróleo e, conseqüentemente, suas propriedades relacionam-se à natureza do óleo cru que lhes deu origem e ao processo de refinação empregado. Ou seja, estes óleos podem ser classificados em: parafínicos (alcanos) e naftênicos (cicloalcanos), enquanto que, os óleos aromáticos não são adequados para fins de lubrificação. • Óleos Compostos Os óleos compostos são óleos minerais contendo de 1% a 25% de óleos graxos. Exemplos deste tipo de óleo são o óleo de banha (lard oil) e o ácido oleico. • Óleos Sintéticos Os óleos sintéticos são óleos obtidos por síntese química. Os principais óleos sintéticos em uso atualmente podem ser classificados em cinco grupos (Carreteiro e Moura, 1987): ésteres de ácidos dibásicos, ésteres de organofosfatos, ésteres de silicatos, silicones e compostos de ésteres de poliglicóis. As substâncias lubrificantes, além da lubricidade (propriedade lubrificante), devem apresentar uma série de outras propriedades como (Rudnick, 2006): estabilidade térmica, estabilidade oxidativa, estabilidade hidrolítica, biodegradabilidade, ecotoxicidade, viscosidade adequada e, ainda, serem de fácil manipulação e que possam ser reutilizados. Os óleos são excelentes lubrificantes, entretanto são pouco biodegradáveis. Por isto, a necessidade de se utilizar os agentes lubrificantes e anti-desgaste e o desenvolvimento dos lubrificantes a base de ésteres. III.3.1 – Agentes lubrificantes Uma técnica empregada para proteger superfícies metálicas é a da aplicação de substâncias que se adsorvam fortemente à superfície metálica de uma máquina por exemplo, funcionando como ativadores desta superfície e em seguida, o seu recobrimento com os lubrificantes propriamente ditos. Estas substâncias são chamadas de agentes lubrificantes. Os agentes lubrificantes mais conhecidos e que têm sido usados, há várias décadas, são os dialquilditiofosfatos de zinco (Zhou, 2000). Os grupos polares se ligam e aderem à superfície (filme químico), enquanto a cadeia hidrocarbônica permite uma baixa interação com o lubrificante líquido. Apesar de excelentes agentes lubrificantes, os dialquilditiofosfatos de zinco contém o elemento fósforo. Devido a este fato, especificações industriais recentes têm imposto limitações à quantidade máxima de fósforo que pode ser usada em aditivos lubrificantes. Como consequência, inúmeras pesquisas sobre futuros substitutos para estes compostos tem sido realizadas buscando-se produtos com desempenho equivalente ou até mesmo superior aos do dialquilditiofosfatos de zinco. III.3.2 – Agentes anti-desgaste Os agentes anti-desgaste são substâncias que aderem às superfícies em movimento e são capazes de diminuir o desgaste ocorrido nas mesmas. Cao e colaboradores (2000) investigaram as propriedades anti-desgaste e anti-atrito de ácidos graxos sulfurizados em óleo de canola. Os ácidos octadecanóico e docosanóico sulfurizados usados como aditivos no óleo de canola melhoraram as propriedades em condição de pressão extrema e reduziram o coeficiente de atrito do óleo de canola; tiveram melhor efeito como anti-desgaste e pressão extrema do que o ácido octadecanóico não sulfurizado. A diferença de comportamento entre eles é atribuído aos diferentes mecanismos de ação. No caso do ácido octadecanóico há a formação de um filme através da adsorção das suas moléculas na superfície do aço, enquanto no caso dos dois ácidos sulfurizados, há a formação de um filme através da reação química do elemento enxofre com a superfície do aço durante o atrito. Estes filmes foram analisados por microcopia eletrônica de varredura. III.3.3 – Lubrificantes a base de ésteres III.3.3.1 - Ésteres de ácidos dibásicos e de álcoois poliméricos Os polímeros são constituídos de moléculas caracterizadas pela repetição múltipla de grupos de átomos ligados uns aos outros. Os polímeros são utilizados como aditivos lubrificantes em fluidos de perfuração, devido à presença de grupos polares repetidos e às suas propriedades, como, estabilidade, peso molecular alto, etc (Caenn, 1996). Entretanto, a necessidade de se desenvolver aditivos que tivessem a capacidade lubrificante dos óleos, que fosse de fácil manipulação e, ainda, biodegradável levou ao estudo e síntese de diferentes ésteres. Ésteres derivados de ácidos dicarboxílicos foram investigados por Zhang (1999). Os ésteres derivados de ácidos dicarboxílicos e polímeros, como o hexanodiato de poli(propileno 1,2-glicol), possuem excelente estabilidade térmica. A adição de 0,51,5% deste éster na parafina líquida é suficiente para reduzir o diâmetro da cicatriz do desgaste produzido numa superfície de aço por outra superfície de aço como, também, para reduzir o coeficiente de atrito. III.3.3.2- Ésteres derivados de ácidos graxos e álcoois neopentílicos Os ésteres dos álcoois neopentílicos possuem boa estabilidade térmica, podendo ser utilizados como lubrificantes em sistemas à altas temperaturas. O comprimento da cadeia acila e o grau alto de substituição do álcool polihidroxilado contribuem para esta boa estabilidade térmica. O comportamento térmico destas moléculas foi determinado através da técnica de TGA-DTA por Eychenne e colaboradores (1998). Estes ésteres são derivados dos álcoois neopentilglicol (2,2 dimetil-1,3-propanodiol), trimetilolpropano (2-etil-2-hidroximetil-1,3-propanodiol) e pentaeritritol (tetra(hidroximetil) metano). Estes ésteres ainda apresentam duas propriedades relevantes que são a alta biodegradabilidade e a baixa toxicidade. Estudos de Zeman (1995) mostraram que estes compostos têm maior estabilidade térmica e oxidativa que fluidos de origem vegetal. A maior estabilidade térmica destes ésteres está relacionada à ausência do hidrogênio na posição beta ao oxigênio na estrutura do álcool. Este fato faz com que se necessite de maior energia para quebrar a ligação CO, formar os radicais livres e em seguida formar a olefina. Este mecanismo está descrito na figura III.9. R R H C C R H O O C R" R R H C C. R H O R R" + O H C R C O. C + R" C OH R Figura III.9 – Mecanismo de decomposição térmica de ésteres derivados de ácidos graxos e álcoois neopentílicos (Randles, 1999) A estabilidade aumenta com o aumento do número de hidroxilas de acordo com a seguinte ordem: NPG < TMP < diPE < PE (Randles, 1999). O efeito dos ésteres derivados do pentaeritritol quando ocorre a lubrificação limite depende dos grupos hidroxilas presentes. Hironaka (1975) mostrou que o éster parcialmente substituído tem um calor de adsorção maior em óxido férrico e melhores propriedades anti-desgaste do que o éster totalmente substituído. Os grupos hidroxilas dos ésteres parcialmente substituídos também aumentam sua viscosidade mas diminuem sua estabilidade térmica (Sakurai, 1976). Ésteres de álcoois como o trimetilolpropano (TMP), o pentaeritritol (PER) e o hidroxipivalato de neopentilglicol (HPNPG) são aplicados como lubrificantes de alto desempenho, por apresentarem alta estabilidade térmica-oxidativa, alto ponto de fulgor, alta viscosidade, alto ponto de escoamento e baixa volatilidade (Eychenne, 1996). Estas propriedades são de extrema relevância para o melhor desempenho dos lubrificantes empregados em várias situações. A presença de ramificações nas cadeias alquílicas destes ésteres e a diminuição do comprimento desta cadeia diminuem a viscosidade, o ponto de fulgor e o ponto de escoamento (Nutiu, 1990). Comparando-se estes ésteres totalmente substituídos, ou seja, sem hidroxilas livres, constata-se que o aumento do comprimento da cadeia do ácido aumentou a viscosidade mas também que esta viscosidade aumentou na ordem: PER>TMP>HPNPG. Analisando agora os ésteres misturados, ou seja, álcoois esterificados com ácidos de diferentes comprimentos de cadeia, observa-se que os ésteres que contém maior porcentagem do ácido erúcico (C22:1), o ácido de maior comprimento de cadeia, apresentam maior viscosidade, comprovando que o comprimento da cadeia do ácido influencia na viscosidade (Eychenne, 1998). III.3.4 – Adsorção Os filmes lubrificantes são formados em uma superfície através do processo de adsorção. Esta adsorção pode ser física ou química, ou seja, as moléculas do lubrificante podem adsorver fisicamente ou quimicamente à uma superfície. III.3.4.1 - Adsorção Física Se colocássemos ácidos graxos sobre um metal, primeiramente a aderência seria muito rápida, resultante de uma atividade superficial do metal. Os ácidos graxos são compostos químicos capazes de se adsorver à superfície metálica, são solúveis em óleo e têm capacidade de interagir com a água. Em contato com a superfície metálica, a molécula polar orienta-se perpendicularmente à superfície, formando uma camada espessa ou filme, que pode, ou não, estar bastante aderida, e cuja atuação se assemelha a de um amortecedor, reduzindo o contato metal-metal, porém não capaz de evitá-lo. As moléculas adsorvidas ficam tão estáticas, que a primeira camada do filme parece estar no estado sólido. A habilidade dessas moléculas de se adsorverem fisicamente à superfície pode variar de acordo com a sua constituição molecular. As moléculas polares orientam-se sobre a superfície pela força de adesão, tais como a do hexadecanol, possuindo uma moderada resistência de filme, chamada oleosidade, conforme mostra a Figura III.10. As moléculas apolares, tais como a do hexadecano, benzeno, possuem péssima resistência de filme, sempre resultando em um alto coeficiente de atrito (Carreteiro e Moura, 1987). Figura III.10 - Adsorção do Hexadecanol em metal não-reativo (Carreteiro e Moura, 1987) Na lubrificação limítrofe, o filme é formado para reduzir o contato metal-metal. Filmes que promovam baixo coeficiente de atrito µ possuem uma tensão cisalhante Sf bem menor do que a tensão cisalhante do metal Sm, como mostra a Figura III.11. Figura III.11 - Conceito de atrito limite (Carreteiro e Moura, 1987) em que F = força para cisalhar a área na qual o filme é rompido e P = carga. Esta carga está diretamente relacionada com a dureza do material, representada pela tendência máxima que o material pode suportar nas condições de penetração nos testes de dureza Vickers. Este valor de dureza deve estar na escala de 1500-2000 para ser considerado um bom material a ser utilizado como anti-desgaste (Somorjai, 1994). Quando o coeficiente de atrito é muito alto é porque o contato metálico ocorreu sem filme lubrificante. O valor do atrito pode ser reduzido reduzindo-se a dureza dos materiais ou pela colocação de um filme adequado (Carreteiro e Moura, 1987). III.3.4.2 - Adsorção Química Freqüentemente a adsorção do agente ou do lubrificante à uma superfície parece ser física e se altera para química quando em altas temperaturas. A adsorção química é caracterizada por uma irreversibilidade, pois o filme lubrificante resulta de moderada reação química do aditivo com o metal. Um exemplo típico é o do ácido octadecanóico (ácido esteárico) reagindo com o óxido de ferro na presença de água. Forma-se um filme sobre a superfície que ainda, assim, é fino em relação às rugosidades normais de uma superfície, conforme mostra a Figura III.12 (Carreteiro e Moura, 1987). O calor inicialmente produzido quando o ácido esteárico é adsorvido é chamado de calor de adsorção. Figura III.12 - Adsorção química do ácido octadecanóico em óxido de ferro (Carreteiro e Moura, 1987) III.3.4.2.1 – Medidas de calor de adsorção O calor de adsorção pode ser medido através de um microcalorímetro de fluxo, mas apresenta algumas dificuldades, pois este calor de adsorção engloba também o calor de adsorção das moléculas de água ao óxido de ferro. A água sendo, também, uma molécula polar compete com as moléculas do ácido esteárico pelos sítios ativos do óxido de ferro (Jones, 1985). Uma possível solução para se realizar medidas de calor de adsorção é a utilização de solventes apolares como o heptano no preparo das soluções (Husbands, 1971). Este problema de competição entre água e aditivos lubrificantes pela superfície polar também pode ocorrer quando do emprego de fluidos de perfuração de base aquosa. Ambos, aditivos lubrificantes e água, competem pela superfície a ser lubrificada. Capítulo IV Materiais e Métodos IV.1- Materiais Os reagentes empregados nas sínteses de ésteres, os ésteres comerciais empregados nos ensaios de lubricidade, e os materiais empregados nos ensaios de adsorção e nas formulações estão agrupados em tabelas, apresentadas a seguir. IV.1.1- Reagentes empregados nas sínteses Os ácidos, álcoois, catalisador e solventes empregados na síntese dos ésteres a serem ensaiados como lubrificantes estão listados na Tabela IV.2 . Estes reagentes foram empregados conforme recebidos. Na Tabela IV.1 estão relacionados os ésteres comerciais empregados como lubrificantes. Tabela IV.1 – Tabela de ésteres comerciais e outros empregados como lubrificantes. Éster Nome IUPAC (nome comercial) Abreviação Fornecedor do nome Diestearato de Octadecanoato de poli(glicol DEP 4000 Oxiteno PEG4000 etilênico) 4000 Diestearato de Octadecanoato de poli(glicol DEP 6000 Oxiteno PEG6000 etilênico) 6000 Diestearato de Octadecanoato de poli(glicol DEP 8000 Oxiteno PEG8000 etilênico) 8000 Dioleato de Di-oleato de Poli(glicol DIOLPEG 400 Dhaytan PEG400 etilênico) 400 Óleo parafínico OParaf. PETROBRAS* Ésteres metílicos OSoj PETROBRAS* de óleo de soja * Gentilmente cedido pela PETROBRAS. Tabela IV.2 – Reagentes utilizados nas sínteses. Material Nome IUPAC (nome comercial) Abreviação Fornecedor do nome Ácido Adípico Ácido hexanodióico AD Vetec Ácido Esteárico Ácido octadecanóico C18:0 Vetec Ácido Láurico Ácido dodecanóico C12 Vetec (97%) Ácido Octanóico Ácido octanóico C8 Vetec Ácido Oléico Ácido octadecen-9-óico C18:1 Synth (PA) Ácido Palmítico Ácido hexadecanóico C16 Vetec (PA) Ácido para- Ácido p-tolueno sulfônico p-TSA Vetec (PA) Ácido Sebácico Ácido decanodióico SEB Riedel-deHaën Neopentilglicol 2,2 dimetil-1,3-propanodiol NPG Pentaeritritol Tetra(hidroximetil) metano PER Aldrich (97%) Polietilenoglicol 400 Poli(glicol etlilênico) 400 PEG 400 Isofar Polietilenoglicol 1500 Poli(glicol etlilênico) 1500 PEG 1500 Isofar Polietilenoglicol 4000 Poli(glicol etlilênico) 4000 PEG 4000 Isofar Polietilenoglicol 6000 Poli(glicol etilênico) 6000 PEG 6000 Isofar Polietilenoglicol mono Poli(glicol etilênico) mono MPEG 350 Oxiteno metoxilado 350 metoxilado 350 Polietilenoglicol mono Poli(glicol etilênico) mono MPEG 550 Oxiteno metoxilado 550 metoxilado 550 Tolueno Tolueno TOL Vetec (99,5%) Trimetilolpropano 2-etil-2-hidroximetil-1,3- TMP Aldrich (97%) toluenossulfônico propanodiol Aldrich (97%) IV.1.2- Materiais empregados nos ensaios de adsorção Na Tabela IV.3 estão relacionadas a argila, os aços e os óxidos de ferro empregados nos ensaios de adsorção, como também as respectivas áreas específicas determinadas por adsorção de nitrogênio, conforme descrito no item IV.2.6.1. Tabela IV.3 - Características das argilas, aços e óxidos de ferro empregados. Material Cor Procedência Área Específica (m2/g) Argila Marrom BENTONORTE 84 Aço 1 - Cavalo Aço 0,03 Aço 2 - Cavalo Aço 0,29 Óxido de Amarelo Vetec 47 Vermelho Isofar 10 ferro 1 Óxido de ferro 2 IV.1.3- Compostos empregados nas formulações Na Tabela IV.4 estão relacionados os compostos empregados nas formulações. Tabela IV.4 – Lista de compostos empregados nas formulações com as respectivas procedências. Compostos Procedência Argila Branca BENTONORTE KCl VETEC Goma de xantana PETROBRAS* NaOH VETEC Hidroxi-propil-amido PETROBRAS* Baritina PETROBRAS* * Gentilmente cedido pela PETROBRAS, sem dar o nome do fabricante. IV.2- Métodos IV.2.1- Introdução As reações de esterificação são reações reversíveis que podem ser catalisadas por ácidos ou por bases. Na ausência de catalisador, o equilíbrio é atingido somente após o refluxo por vários dias. Entretanto, se um catalisador como, por exemplo, o ácido sulfúrico concentrado for adicionado à mistura reacional, o equilíbrio, em torno de 66%, é atingido em poucas horas. Ao se utilizar quantidades equimoleculares de álcool e ácido, são obtidos apenas dois terços da massa estequiométrica de éster que se esperaria obter. Como o ponto de equilíbrio controla a quantidade de éster que se forma, o uso de excesso de um dos reagentes faz com que o equilíbrio seja deslocado a favor da formação do produto, aumentando assim o rendimento, com base no reagente limitante. O critério para a escolha do reagente a ser adicionado em excesso deve levar em consideração a disponibilidade e o custo, que inclui a facilidade nas operações de separação e purificação. Outra estratégia empregada para se deslocar o equilíbrio da reação e aumentar o seu rendimento é a retirada do produto do meio reacional à medida em que este se forma. Na síntese de ésteres ocorre também a formação de água, que pode ser retirada do meio reacional por destilação azeotrópica com o solvente empregado na reação, alcançando-se assim rendimentos maiores do que o de equilíbrio (> 66%) (Vogel, 1971; Vogel, 1989). Neste trabalho, as proporções entre os reagentes foram variadas conforme a síntese em questão. O catalisador escolhido foi o ácido p-tolueno sulfônico, muito empregado em esterificações, em substituição ao ácido sulfúrico, o qual pode levar a oxidações indesejáveis de reagentes e produtos. Os procedimentos e condições experimentais são detalhados mais adiante. Os ésteres que foram sintetizados podem ser agrupados em três séries de ésteres, conforme a natureza do álcool que lhe deu origem, a saber ésteres derivados de poli(glicol etilênico), de monoéster de poli(glicol etilênico) e de álcoois neopentílicos, que se encontram listadas nas tabelas IV.5, IV.6 e IV.7, respectivamente. Tabela IV.5 – Relação de ésteres derivados de poli(glicol etilênico) sintetizados neste trabalho. Éster Abreviação do nome Adipato de Poli(glicol etilênico) 400 ADPEG 400 Sebacato de Poli(glicol etilênico) 400 SEBPEG 400 Di-oleato de Poli(glicol etilênico) 1500 DIOLPEG 1500 Di-oleato de Poli(glicol etilênico) 4000 DIOLPEG 4000 Di-oleato de Poli(glicol etilênico) 6000 DIOLPEG 6000 Di-oleato de Poli(glicol etilênico) 8000 DIOLPEG 8000 Tabela IV.6 – Relação de ésteres derivados de monoéter de poli(glicol etilênico) sintetizados neste trabalho. Éster Abreviação do nome Adipato de monoéter de Poli(glicol etilênico) 350 ADMPEG 350 Sebacato de monoéter de Poli(glicol etilênico) 350 SEBMPEG 350 Adipato de monoéter de Poli(glicol etilênico) 550 ADMPEG 550 Sebacato de monoéter de Poli(glicol etilênico) 550 SEBMPEG 550 Tabela IV.7 – Relação de ésteres derivados de álcoois neopentílicos sintetizados neste trabalho. Éster Abreviação do nome Octanoato de neopentil glicol C8NPG Laurato de neopentil glicol C12NPG Palmitato de neopentil glicol C16NPG Estearato de neopentil glicol C18NPG Laurato de trimetilolpropano C12TMP Palmitato de trimetilolpropano C16TMP Estearato de trimetilolpropano C18TMP Oleato de trimetilolpropano OleTMP Laurato de pentaeritritol C12PER Palmitato de pentaeritritol C16PER Estearato de pentaeritritol C18PER No caso da síntese de ésteres derivados de álcoois neopentílicos é possível a formação de mais de um produto. No caso de ésteres de neopentilglicol (NPG), que é um álcool di-hidroxilado, podem se formar monoésteres e diésteres; no caso do trimetilolpropano (TMP), que é tri-hidroxilado, podem se formar mono-, di- e triésteres e no caso de pentaeritritol (PER), um álcool tetra-hidroxilado, podem se formar mono-, di-, tri- e tetra-ésteres. Para favorecer a formação de ésteres com menor grau de substituição, foram experimentadas proporções variadas entre os reagentes para um mesmo par ácido e álcool. As estruturas de reagentes e produtos da esterificação de álcoois neopentílicos são mostradas na Figura IV.1, e as dos ésteres de PEG, nas Figuras IV.2 e IV.3. (a) O RCOOH + OH HO Ácido graxo Catalisador R NPG O OH + H2 O Mono-éster de ácidograxo (b) O HO RCOOH OH + OH Catalisador R HO Ácido graxo + H2O O OH TMP Mono-éster de ácido graxo (c) O OH RCOOH + OH HO OH Ácido graxo PER Catalisador R OH OH + H2O O OH Mono-éster de ácido graxo Figura IV.1 - Reações e estruturas dos ésteres de (a) trimetilolpropano (TMP), (b) neopentilglicol (NPG) e (c) pentaeritritol (PER) em que R = C7, C11, C15 ou C17 (saturado ou insaturado) HOOC−(CH2)n−COOH + HO[CH2CH2O]xR Diácido PEG ou MPEG Catalisador R [OCH2CH2]x−OOC(CH2)nCOO−[CH2CH2O]xR + 2H2O Figura IV.2 - Reação e estrutura do éster de diácidos e PEG ou MPEG, em que n = 4 para o ácido adípico; n = 8 para o ácido sebácico; R = H para PEG; R = CH3 para MPEG; e x depende do peso molecular dos PEGs ou MPEGs HOOC − C17H33 + HO[CH2CH2O]xR Ácido oleico PEG Catalisador C17H33−COO−CH2CH2[OCH2CH2]x-1−OOCC17H33 + 2H2O Figura IV.3 - Reação e estrutura do éster de ácido oleico e PEG em que x varia com o peso molecular do PEG e R=H O mono-oleato de glicerila utilizado nos ensaios de lubricidade foi gentilmente cedido por Sandra Regina Albinante. Os procedimentos empregados nas sínteses e na caracterização dos produtos são descritos a seguir. IV.2.2 - Procedimento geral para a síntese dos ésteres Num balão de fundo redondo, foram adicionados o álcool, o ácido, o ácido paratoluenossulfônico na proporção de 2% p/p em relação ao ácido (exceto quando especificado diferentemente) e tolueno para solubilizar os reagentes. O sistema ficou em refluxo, com agitação magnética, por tempo variado conforme a síntese, utilizando Dean-Stark para a destilação azeotrópica da água produzida na reação. Nas sínteses dos ésteres derivados de ácido oleico e poli(glicol etilênico) foi necessário manter uma atmosfera de nitrogênio para evitar a oxidação do ácido oleico. A reação foi interrompida após o recolhimento de toda a água possível de ser produzida a partir dos cálculos estequiométricos. As proporções entre reagentes empregadas nas várias sínteses estão resumidas nas Tabelas IV.8 e IV.9 e são discutidas a seguir. IV.2.2.1 - Síntese de ésteres derivados de PEG e de diácidos Foram sintetizados os ésteres de ácido adípico e de ácido sebácico com poli(glicol etilênico) (PEG) de peso molecular 400. A escolha da proporção entre PEG e diácidos levou em consideração a bifuncionalidade de cada um destes reagentes e a probabilidade de se formar em oligômeros, reação que seria favorecida pela proporção equimolecular. Por outro lado, tendo-se como objetivo a formação de diésteres dos ácidos e querendo-se evitar a formação de monoésteres empregou-se excesso de PEG (vide Tabela IV.8). IV.2.2.2 - Síntese de ésteres derivados de MPEG e diácidos Foram sintetizados os ésteres derivados de ácido adípico e ácido sebácico com poli(glicol etilênico) mono-metoxilado (MPEG). O MPEG só possui uma hidroxila por molécula para ser esterificada, levando à formação de ésteres monoméricos dos diácidos, isto é, não há como ocorrer o encadeamento de moléculas de ésteres que resultaria na formação de oligômeros. Para favorecer à formação de diésteres dos diácidos ao invés da formação de monoésteres que deixaria uma carboxila livre, foi empregado excesso de MPEG (Tabela IV.8). Foram empregados MPEG’s de pesos moleculares iguais a 350 e 550. IV.2.2.3- Síntese de ésteres derivados de PEG e ácido oleico Foram sintetizados os oleatos de PEG de pesos moleculares entre 1500 e 6000 (Tabela IV.8). A proporção escolhida de 2:1 de ácido para PEG levou em consideração a bifuncionalidade do PEG e a monofuncionalidade do ácido, de modo a se ter a proporção de 1:1 em moles dos grupos funcionais reativos: carboxila e hidroxila, portanto, mantendo a estequiometria entre os reagentes (Tabela IV.8). Tabela IV.8 - Condições experimentais da preparação de ésteres de PEG e MPEG. Reagentes Ácido Álcool Proporções Tempo de Ácido:álcool refluxo (em moles) Adípico PEG 400 1:3 24h Sebácico PEG 400 1:3 30h Oleico PEG 1500 2:1 24h Oleico PEG 4000 2:1 30h Oleico PEG 6000 2:1 30h Oleico PEG 8000 2:1 30h Adípico MPEG 350 1:2,5 30h Sebácico MPEG 350 1:3 30h Adípico MPEG 550 1:2,5 30h Sebácico MPEG 550 1:2,5 30h IV.2.2.4- Síntese de ésteres derivados do neopentilglicol Foram sintetizados os ésteres derivados do neopentilglicol e dos ácidos octanóico, láurico, palmítico e esteárico. Nas sínteses com neopentilglicol, os reagentes foram empregados em proporções que variaram conforme o objetivo: formação de monoéster ou de diéster. A proporção 1:1 em moles entre álcool e ácido favorece a preparação de mono-éster levando em consideração a bifuncionalidade do álcool. Uma outra tentativa de favorecer a formação do monoderivado foi a alteração da concentração do catalisador de 2% para 1%. A menor concentração diminui a velocidade da reação, e favorece, assim, a formação do mono-éster (Tabela IV.9). Tendo em vista a bifuncionalidade do álcool, a proporção 1:1 em moles já considera um excesso de álcool, mas também foram experimentadas as proporções molares de 1:2 e 1:3 de ácido para álcool. IV.2.2.5 - Síntese de ésteres derivados de trimetilolpropano Foram sintetizados os ésteres derivados de trimetilolpropano (TMP) e dos ácidos láurico, palmítico, esteárico e oleico. Estas reações foram realizadas em diferentes proporções molares álcool:ácido de forma a favorecer a formação do monoéster. Estas condições reacionais estão resumidas na Tabela IV.9. IV.2.2.6 - Síntese de ésteres derivados de pentaeritritol Foram sintetizados os ésteres derivados de pentaeritritol e dos ácidos láurico, palmítico e esteárico. Como para os demais ésteres, mais de uma reação de ácido láurico com pentaeritritol foi realizada, variando-se a relação álcool:ácido (Tabela IV.9) como feito para o TMP, na tentativa de se favorecer a formação de monoésteres. No entanto, o pentaeritritol é insolúvel em tolueno mesmo a quente e o meio reacional fica heterogêneo dificultando a interação e reação com o ácido que está solúvel no tolueno. Essa insolubilidade do pentaeritritol no meio reacional leva a formação inicial de monoéster que por sua vez é preferencialmente esterificado resultanto na formação de di-, tri- e tetraésteres, independentemente do excesso de álcool adicionado. Na tentativa de melhorar a solubilidade de pentaeritritol em tolueno, um solvente mais polar (éter isopropílico) foi adicionado para aumentar a polaridade do meio. Essa modificação não foi suficiente para aumentar o teor de monoderivados. A otimização das condições das esterificação dos álcoois neopentílicos foi desenvolvida em paralelo e sua descrição foi apresentada em trabalhos de iniciação científica (Mesquita, R. F., 2005; Ventura, D., 2006) e projeto final de curso (Yaakoub M. C., 2006). Tabela IV.9 - Condições experimentais empregadas na preparação de ésteres de álcoois neopentílicos com ácidos graxos. Ácido Álcool Ácido:álcool Catalisador Tempo (em moles) % (h) em massa Octanóico Neopentilglicol 1:3 1 6 Octanóico Neopentilglicol 2,1:1 3 6 Láurico Neopentilglicol 1,1:1 3 6 Láurico Neopentilglicol 1:1 2 6 Láurico Neopentilglicol 1:1 1,5 6 Láurico Neopentilglicol 1:1 1 6 Láurico Neopentilglicol 1:2 2 6 Láurico Neopentilglicol 1:3 1 6 Palmítico Neopentilglicol 1:1 1,2 6 Esteárico Neopentilglicol 1:1,5 1,1 6 Láurico Trimetilolpropano 1:1 2 5 Láurico Trimetilolpropano 1:3 1 5 Láurico Trimetilolpropano 1:5 1 5 Palmítico Trimetilolpropano 1:1 2 5 Esteárico Trimetilolpropano 1:1,5 2 5 Oleico Trimetilolpropano 1:1 2 6 Oleico Trimetilolpropano 1:2 2 6 Oleico Trimetilolpropano 1:4 2 6 Oleico Trimetilolpropano 1:1,6(a) 1 5 Láurico Pentaeritritol 1:1(b) 2 16 Láurico Pentaeritritol 1:2(c) 2 16 Láurico Pentaeritritol (d) 2 16 Palmítico Pentaeritritol 1:1 2 16 Palmítico Pentaeritritol 1:2(e) 3 16 Esteárico Pentaeritritol 1:1 2 16 Pentaeritritol 1:2(e) 1:2 3 16 Esteárico (a) solvente dioxano; (b) e (c) solvente tolueno; (d) solvente tolueno/éter isopropílico; (e) solvente acetona IV.2.3 - Separação dos produtos De um modo geral as misturas reacionais foram transferidas para funis de separação, aonde foram lavadas com água para retirar o excesso do álcool, com solução de carbonato de sódio a 5% para eliminar o ácido graxo que não reagiu e, em seguida, com água. As fases orgânicas foram secas com sulfato de magnésio anidro, filtradas e submetidas à destilação à pressão reduzida para a remoção do solvente. No caso da síntese dos ésteres derivados de pentaeritritol, restou sempre uma grande quantidade de álcool. Como o pentaeritritol é insolúvel no tolueno, ao final das reações, este formava uma segunda fase que era separada por filtração. A pureza das frações de produtos foi acompanhada por espectrometria no infravermelho (IV) e cromatografia por exclusão por tamanho (GPC), indicando se era necessária a realização de um número maior de lavagens ou recristalizações com solventes, para eliminar reagentes residuais. No caso da síntese dos ésteres de pentaeritritol, os produtos foram recristalizados com etanol, fornecendo mais de uma fração de produto. IV.2.4 - Caracterização e pureza dos produtos Os produtos foram caracterizados por espectrometria infravermelho, por ressonância magnética nuclear de 13 na região do C (quantitativo) e 1H e por cromatografia por exclusão por tamanho (GPC). Alguns ésteres ainda foram submetidos à dosagem de hidroxilas, pelo método ASTM 1974 (item IV.2.4.d). IV.2.4.a - Espectrometria no Infravermelho Os espectros no infravermelho (IV) foram obtidos em espectrômetro de Infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), de fabricação Nicolet, modelo 740, com detector DTGS KBr e Beamspliter KBr. Foram empregadas as técnicas convencionais de preparação de pastilhas em KBr para os sólidos e de preparação de filme para os líquidos. Os espectros foram adquiridos na região de 4000 a 400 cm-1 com resolução de 4 cm-1 e 32 varreduras por amostra. Foram obtidos os espectros no IV tanto dos reagentes quanto dos produtos. IV.2.4.b - Ressonância Magnética Nuclear de 1H e 13C Os espectros de ressonância magnética nuclear (RMN) de 1H, de 13 C e de 13 C quantitativo foram obtidos em espectrômetro Bruker, modelo Avance DPX-200 de 4,7 Tesla, nas freqüências de 50 a 200 MHz. As amostras foram dissolvidas em clorofórmio deuterado ou água deuterada. Os espectros de RMN de 13 C quantitativo foram obtidos na frequência de 50,3 MHz, sendo o intervalo entre os pulsos igual a 10 sec e o número de acumulações igual a 5000. As amostras foram dissolvidas em clorofórmio deuterado. IV.2.4.c - Cromatografia por Exclusão por Tamanho (GPC) A cromatografia por exclusão por tamanho é um processo de separação seletiva dos solutos presentes na amostra em função da diferença de pesos moleculares, não existindo neste processo qualquer tipo de interação molecular entre o soluto e a fase estacionária. A fase estacionária é constituída por uma matriz inerte com poros de diâmetros bem definidos. Na coluna os componentes da amostra são separados pelos diferentes tempos de permanência nas colunas, ou seja, as moléculas maiores (maiores volumes) vão permanecer menos tempo na coluna e sairão primeiro, enquanto as moléculas menores (menores volumes) vão permanecer mais tempo na coluna e sairão depois. Esta técnica pode ser utilizada para caracterizar substâncias, quando os ésteres são conhecidos, como no caso dos produtos de sínteses. Os produtos foram analisados por cromatografia por exclusão por tamanho (GPC) empregando aparelho Waters e colocando-se em série 3 colunas de poliestireno (polidivinilbenzeno) de porosidades 50, 100 e 500 Ǻ, de tal modo a cobrir a faixa de separação de substâncias de peso molecular entre 400 e 9000 Da. O solvente empregado foi tetrahidrofurano grau HPLC. Os tempos de eluição assinalados nos cromatogramas dos produtos foram relacionados aos tempos de eluição dos padrões de poliestireno (PS) usados na confecção da curva de calibração. Para que o comportamento das substâncias nas colunas possa ser correlacionado ao seu peso molecular é preciso considerar o volume hidrodinâmico que elas ocupam nas condições empregadas de temperatura e solvente. Este volume hidrodinâmico varia entre substâncias de estruturas diferentes e de mesmo peso molecular. Torna-se necessário, quando se comparam substâncias diferentes do PS, uma correção dos pesos moleculares obtidos por GPC. Foram traçados gráficos de variação das massas moleculares esperadas em função das massas moleculares encontradas, para verificar se a resposta era linear para uma mesma família de compostos. IV.2.4.d - Teor de Hidroxilas A determinação do teor de hidroxilas (ASTM 1974) consistiu em fazer reagir as hidroxilas alcoólicas com os grupos isocianato (NCO) do diisocianato de tolueno (TDI) em excesso, dosando-se o TDI que não reagiu com excesso de dibutilamina, para em seguida, titular o excesso desta amina com solução de ácido clorídrico. Esta determinação foi efetuada nos produtos de esterificação do ácido oleico com diferentes PEG, quando ainda não se dispunha do equipamento de GPC em funcionamento. Procedimento: Foram pesadas 2,0 g da amostra em Erlenmeyer de 125 ml com boca esmerilhada; neste foi adicionada certa massa previamente estimada de diisocianato de tolueno (TDI) e 20 ml de tolueno. A mistura foi agitada por 30 minutos em uma placa de agitação magnética, tomando-se o cuidado em manter o Erlenmeyer fechado, de modo a minimizar contaminações com a umidade do ar e perdas por volatilização. Foram adicionados 25,00 ml de solução titulada de dibutilamina em tolueno (0,1624 mol/L) e a mistura foi agitada por 20 minutos para reagir dibutilamina com excesso de NCO do TDI. Nesta etapa tomou-se o cuidado de pipetar sempre a mesma quantidade, usando-se a mesma pipeta para cada frasco e para a titulação em branco. Ao final da agitação, foram adicionados 100 ml de isopropanol e 4 gotas de solução do indicador azul de bromofenol (1,0 g em 100 mL de tetrahidrofurano). Após homogeneização, o excesso de dibutilamina foi titulado com ácido clorídrico 0,1 N (padronizado frente ao padrão primário tetraborato de sódio), mantendo-se a agitação até o final da virada do indicador (cor azul passando a verde-amarelo persistente no mínimo por 15s). O volume de ácido clorídrico 0,1 N consumido na titulação (V2) foi descontado do volume de ácido clorídrico obtido no ensaio em branco (V1). O ensaio em branco foi feito em paralelo, da mesma forma, excluindo-se somente a amostra e o TDI. O índice de hidroxilas (IOH) é expresso em massa equivalente de KOH e calculado pela expressão: IOH = nOH MMKOH/1000 (meq-g) em que nOH se refere ao número de moles de OH que reagiram com TDI e MMKOH é a massa molecular do KOH. O número de mols de OH (nOH) é obtido considerando-se que: nNCOexc.= ndibutilamina= (V1 – V2)0,1N/1000; nOH = nNCOcalc. - nNCOexc IV.2.5 - Determinação do Coeficiente de Atrito ou Ensaio de Lubricidade Determinações preliminares de coeficiente de atrito foram realizadas com alguns dos produtos obtidos. Estas determinações foram importantes para indicar quais os tipos de estrutura que apresentaram um melhor desempenho, e assim orientar quanto à necessidade de se modificar a estrutura de alguns ésteres. O coeficiente de atrito foi determinado em soluções aquosas a 2% dos produtos, em soluções aquosas de misturas destes produtos e em fluidos a base de água contendo estes produtos, empregando o equipamento Lubricity Tester, fabricado pela Fann Instrument Company, modelo 212 EP (Figura IV.4). A carga aplicada foi de 150 N. Entre cada uma das medidas, o aparelho foi calibrado com água até que reproduzisse o coeficiente de atrito desta, que é de 0,34. Figura IV.4 – Lubricity Tester IV.2.6 - Determinação do calor de adsorção (Variação de Entalpia) Os calores de adsorção de substâncias às superfícies em estudo foram determinados empregando-se o Reator Calorimétrico Automático de Laboratório (RC1) fabricado pela Mettler Toledo, modelo AP01 (Figura IV.5). O RC1 usa um recipiente com uma dupla jaqueta como reator, onde a temperatura Tj do revestimento e a temperatura Tr do reator podem ser medidas com exatidão. Isto permite o calor fluir através da parede do reator e este calor pode ser então calculado. As medidas calorimétricas são determinadas conhecendo-se o coeficiente de transferência de calor total da parede do reator, a área de mudança de calor e a diferença entre as temperaturas da jaqueta e do reator, conforme mostra a equação a seguir: Qf = U . A . (Tr – Tj) Onde: Sigla Definição Unidade Qf Fluxo de calor através da parede do reator J/s = W U Coeficiente da tranferência de calor total da parede do reator W/(m2.K) A Área de mudança de calor (área molhada) m2 Tr Temperatura do reator °C Tj Temperatura da jaqueta °C A diferença entre as temperaturas (Tr - Tj) é a força motriz para que ocorra a transferência de calor através da parede do reator. O fluxo de calor Qf é proporcional a esta diferença da temperatura. O fator de proporcionalidade U.A é determinado pela calibração calorimétrica. Figura IV.5 – Reator Calorimétrico de Laboratório (RC1) O gráfico fornecido pelo RC1 é mostrado na Figura IV.6. As variações dos parâmetros calorimétricos com o tempo são monitorados pelo programa do RC1. Cada curva representa um parâmetro: a variação da temperatura do reator (Tr) em relação ao tempo (1º eixo y), as temperaturas do revestimento (jaqueta) e do reator, respectivamente (2º eixo y), a massa adicionada de uma substância no reator (3º eixo y), e o fluxo de calor gerado no reator (4º eixo y). As medidas calorimétricas são determinadas conhecendo-se, além destes parâmetros, o coeficiente de transferência de calor total da parede do reator e a área de mudança de calor. Estas medidas são calculadas pelo programa do RC1 após a seleção da área da curva feita pelo operador como mostrado no gráfico a seguir (números 1 e 2). Figura IV.6 – Curvas calorimétricas fornecidas pelo programa do RC1 IV.2.6.1 - Determinação de Área Específica da argila, aços e óxidos de ferro utilizados nos ensaios de adsorção A determinação da área superficial foi realizada em um ASAP 2000 da Micromeritics Instruments Corp., usando-se nitrogênio ultra puro como adsorvente. A amostra foi tratada para a retirada de umidade e de qualquer material volátil presente no material em um sistema a vácuo e temperatura de 100ºC. As respectivas áreas específicas estão listadas na tabela IV.3. IV.2.6.2 - Determinação do calor de adsorção em argila Para os experimentos de determinação do calor de adsorção foi necessário efetuar experimentos prévios de otimização das condições reacionais, e que são descritos separadamente do procedimento finalmente empregado. Otimização do procedimento Em um reator calorimétrico de 2L, adicionou-se 800g de água, que foi aquecida até 30ºC, seguindo-se a adição de 10g de argila. Após 10 minutos, tempo necessário para dispersar a argila e estabilizar a temperatura (tempo otimizado), adicionou-se 400g da solução a 2% p/v do aditivo em água. Nesta análise utilizou-se o agitador hélice. Analisando os resultados e observando os experimentos, concluiu-se que este agitador não fornecia um vórtex suficiente para manter a argila em suspensão (velocidade de agitação pequena). Observou-se, também, que esta ordem de adição não era eficiente, pois ao se adicionar a solução do aditivo na argila dispersa em água, a argila se aglomerava, ou seja, a ordem de adição e o tipo de agitador eram de extrema importância para a montagem do experimento. Outro fator analisado foi a concentração do aditivo em solução aquosa. Aumentou-se a concentração do aditivo de 2 para 5% (p/v). Entretanto, os valores do calor de adsorção variaram apenas na segunda casa decimal. Logo, optou-se por trabalhar na menor concentração (2%) a fim de gastar menos produto. Estes experimentos preliminares levaram à modificação da ordem de adição e a troca de agitador. O procedimento que foi empregado está descrito a seguir. Procedimento Em um reator calorimétrico de 2L provido de um agitador âncora, adicionou-se 800g de água que foi aquecida até 30ºC, sendo esta a temperatura de condução dos experimentos de adsorção. Após a estabilização da temperatura em 30ºC, adicionou-se 400g da solução contendo 2% p/v do aditivo. Adicionou-se por último 10g de argila. A leitura da entalpia foi feita após 20 minutos. Após o término do experimento, dois valores de entalpia são observados: o primeiro é o calor de diluição da solução aquosa que contem o aditivo (Qdil) e o segundo é o calor de adsorção do aditivo na argila (Qads). A análise em branco foi feita da mesma forma, sem o aditivo, com o objetivo de medir o calor gerado na dispersão da argila em água (Qarg). O calor de adsorção final foi calculado através da equação a seguir: Calor de adsorção final = calor lido com aditivo (Qads) - calor de dispersão da argila em água (Qarg) IV.2.6.3 - Determinação do calor de adsorção em aço inox Preparação do aço inoxidável O aço inoxidável foi adquirido da empresa Cavalo Aço, em duas bateladas, na forma de um cilindro maciço com diâmetro de 4’’ e comprimento de 200 mm. Cada cilíndro de aço (aço 1 e aço 2) foi cortado em tiras finas na oficina mecânica do Instituto de Química; a limalha resultante foi peneirada (malha 80 mesh), caracterizada quanto à área superficial (Tabela IV.3) e posteriormente utilizada nos ensaios de adsorção. Procedimento Em um reator calorimétrico de 2L provido de um agitador âncora, adicionou-se 1200g de solução contendo 2% p/v do aditivo que foi aquecido até 30ºC, sendo esta a temperatura do experimento de adsorção. Após a estabilização da temperatura, adicionou-se 20g do aço inox previamente caracterizado. A leitura da entalpia foi feita após 20 minutos. A análise em branco foi feita da mesma forma, retirando-se apenas a etapa de adição da solução aquosa que contem o aditivo, com o objetivo de se medir o calor gerado na adsorção da água ao aço (Qaço). O calor de adsorção final foi calculado através da seguinte equação: Calor de adsorção final = calor lido com aditivo (Qads) - calor gerado na adsorção da água no aço (Qaço) IV.2.6.4 - Determinação do calor de adsorção em óxido férrico De forma similar ao procedimento para a determinação do calor de adsorção em argila, foi necessário executar experimentos prévios que permitissem propor o procedimento mais adequado para o presente estudo. Otimização do procedimento Em um reator calorimétrico de 2L provido de um agitador âncora, adicionou-se 800g de água que foi aquecida até 30ºC, sendo esta a temperatura de condução dos experimentos de adsorção. Após a estabilização da temperatura em 30ºC, adicionou-se 400g da solução contendo 2% p/v do aditivo. Adicionou-se por último 20g do óxido férrico (1 ou 2) previamente caracterizado. A leitura da entalpia foi feita após 20 minutos. Analisando os resultados e observando os experimentos, concluiu-se que os calores de adsorção medidos eram valores pequenos e, optou-se por modificar o experimento. O procedimento que foi empregado está descrito a seguir. Procedimento Em um reator calorimétrico de 2L, adicionou-se 1000g de solução contendo 2% p/v do aditivo, que foi aquecida até 30ºC, sendo esta a temperatura do experimento de adsorção. Em seguida, adicionou-se 20g de óxido férrico (2) previamente caracterizado. A leitura da entalpia foi feita após 20 minutos. IV.2.7 - Análise de Carbono Total O objetivo da análise de carbono total foi a determinação da massa de aditivo adsorvida nas superfícies do óxido de ferro e do aço. O material a ser analisado é queimado em um reator e, dependendo dos constituintes deste material, pode produzir CO2, H2O e NO2 (o NO2 é reduzido a N2), que são separados em uma coluna cromatográfica e posteriormente quantificados no Detector de Condutividade Térmica (DCT). O equipamento utilizado é o AS 2000 Liquid Autosampler for FlashEA 1112 Elementar Analyzer. A metodologia empregada por este equipamento é a combustão direta de uma certa quantidade de amostra com determinações de carbono, hidrogênio e nitrogênio por radiação na região do infravermelho. As curvas de adsorção dos aditivos em aço e em óxido de ferro foram construídas a partir da determinação do teor de carbono orgânico presente no sistema aditivo-adsorvente. Esta análise foi realizada posteriormente à etapa de adsorção. Para os estudos de determinação de carbono total foram misturadas 30g de solução aquosa do aditivo nas concentrações de 0,5, 2, 5 e 10% (p/v), em um erlenmeyer de 125 mL com 0,5g de óxido férrico. Estas suspensões foram submetidas à agitação constante, em banho-maria à 30ºC, por 2, 5, 15, 30 e 45 minutos. Após estes tempos, as suspensões foram centrifugadas a 2300 rpm por 10 minutos, separando-se o sobrenadante. O material sólido foi seco em estufa a 100ºC por 16 h e, em seguida guardado em frasco fechado, protegido da umidade externa para a determinação de carbono total. Para as determinações de carbono total utilizando o aço como adsorvente foi empregado o mesmo procedimento, exceto que a concentração do aditivo na solução aquosa foi de 2% (p/v). Foram feitas também soluções do aditivo em hexano. IV.2.8 - Formulação de Fluidos Os fluidos foram preparados a partir de uma formulação fornecida pelo CENPES para um fluido a base de água e que está descrita na tabela IV.10. Os melhores aditivos foram adicionados na concentração de 2% p/v e a concentração de KCl foi de 3% p/v. Tabela IV.10 – Formulação do fluido de base aquosa. Componente Unidade Quantidade KCl % p/v 3 NaOH g 0,5 Goma xantana g 2 Hidroxi-propil-amido g 2,5 Baritina g 28 Aditivo lubrificante % p/v 2 H2O mL 350 Estes aditivos têm várias funções que normalmente compõe a formulação: A goma xantana (XC) é um polissacarídeo aniônico de cadeia ramificada e alto peso molecular muito utilizada em fluidos de perfuração como viscosificante, na concentração de 0,5% p/v. O hidróxido de sódio (NaOH) é adicionado na quantidade necessária para tornar o meio básico. Na faixa de pH de 9,5 a 10,0 há ionização dos grupamentos carboxilas presentes na XC, tornando essas moléculas mais planares, devido às repulsões eletrostáticas desses grupamentos carregados negativamente. Com isso, a viscosidade é aumentada, fornecendo a reologia desejada em um fluido de perfuração. O hidroxi-propil-amido é um polissacarídeo não-iônico modificado quimicamente, utilizado na formulação de fluidos de perfuração como agente redutor de filtrado (DARLEY, 1988). Os fluidos formulados foram submetidos aos ensaios de rolamento, reologia e filtração à baixa temperatura e baixa pressão (BTBP). Estes ensaios estão descritos a seguir. IV.2.8.1 - Ensaio de Rolamento Em células Baroid contendo 50g da argila 1 peneirada (malha 4-8, abertura 23,62-4,76mm), adicionaram-se 350mL de fluido cuja composição foi dada na tabela V.10. As células foram devidamente fechadas e transferidas para o forno-rotatório Fann à 150ºF (66ºC) por 16 h. Após este tempo, as mesmas foram resfriadas e abertas, sendo seu conteúdo vertido sobre peneira (malha 30, abertura 0,12mm). O material foi gentilmente lavado com água, transferido para placa de petri e seco em estufa à 100ºC por 16 horas. Pesou-se o material seco e, em seguida, o mesmo foi peneirado (malha 4, abertura 4,76mm), pesando-se por fim o material retido na peneira. O ensaio em branco foi feito rolando-se apenas 50g de argila e 350mL de água à 150ºF por 16 h, sem adição de fluido. O material foi seco, peneirado e pesado, conforme descrito acima. A porcentagem de argila recuperada foi calculada dividindo-se o valor da massa recuperada pelo valor inicial de argila segundo a equação a seguir: %R = mf/mi * 100 Onde: mf = massa de argila seca peneirada mi = massa de argila inicial (50g) IV.2.8.2 - Ensaio de Reologia O objetivo do ensaio de reologia é estudar o comportamento deformacional (“strain”), como também, as propriedades de elasticidade, viscosidade e plasticidade de um fluido, quando este é submetido a tensões (“stress”). As propriedades reológicas (viscosidade plástica, limite de escoamento, gel inicial e gel final) dos sistemas preparados foram medidas em um viscosímetro rotativo de cilindros coaxiais Fann modelo 35-A (Figura IV.7). O procedimento consistiu em se transferir 350 mL do fluido (Tabela IV.10) para um copo de alumínio do viscosímetro até a marca de referência. O copo foi então suspenso a uma altura determinada por um traço de referência, de modo que a superfície do fluido encobrisse este traço. Com o copo fixo nesta posição, ligou-se o motor a 600 rpm, fazendo-se a leitura logo após a estabilização do ponteiro registrador. Essa leitura de viscosidade é chamada L600. Em seguida, diminuiu-se a rotação para 300 rpm, lendo-se então a viscosidade L300. Da mesma forma foram realizadas as leituras L200, L100, L6 e L3. A leitura do gel inicial foi obtida desligando-se a rotação em 600 rpm e esperando-se por 10 segundos. Ao final desse tempo, a rotação foi religada em 3 rpm e o valor do gel inicial foi registrado como a máxima deflexão produzida pelo ponteiro registrador. Da mesma forma, foi obtido o valor de gel final, sendo que neste caso o tempo para religar a rotação foi de 10 minutos (Santos, 1992). Figura IV.7 – Viscosímetro Os parâmetros reológicos avaliados nestes ensaios, assim como suas unidades, encontram-se descritos na tabela IV.11. Tabela IV.11 - Propriedades Reológicas obtidas em Viscosímetro Fann. Propriedade Descrição Unidade Viscosidade Aparente (VA) L600/2 CP Viscosidade Plástica (VP) L600 – L300 CP Gel Inicial (GI) 10 s Lbf/100ft2 Gel final (GF) 10 min Lbf/100 ft2 Limite de escoamento (LE) L300 - VP Lbf/100 ft2 IV.2.8.3 - Ensaio de Filtração à Baixa Temperatura e Baixa Pressão (BTBP) Os volumes de filtrado dos sistemas preparados foram avaliados por filtração a baixa temperatura e baixa pressão. O ensaio utilizou um filtro prensa FANN de série 387 (Figura IV.8). O objetivo do ensaio de filtração é medir o volume de filtrado obtido após a filtração do fluido. O menor volume de filtrado significa que o desempenho deste fluido é melhor, pois menor volume de fluido poderá penetrar nas formações rochosas. Diz-se que o fluido é bom redutor de filtração. O ensaio consistiu em se verter na célula, aproximadamente, 350 mL de fluido formulado como descrito na tabela IV.10, até cerca de 1 cm da borda superior da mesma. Colocou-se uma proveta graduada, limpa e seca, sob o tubo de saída da célula. Fechou-se a válvula de escape e ajustou-se o regulador de pressão até obter-se 100 psi. Após 30 minutos de filtração, mediu-se o volume de filtrado contido na proveta. Figura IV.8 – Filtro prensa Capítulo V Resultados e Discussão V.1– Introdução Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos nas sínteses dos aditivos, quanto à caracterização e pureza destes aditivos. A seguir são apresentados e discutidos os resultados das medidas de coeficiente de atrito, das medidas de calor de adsorção nos adsorventes: argila, aço e óxido férrico e dos ensaios de adsorção com determinação de carbono total dos sistemas éster-aço e éster-óxido férrico realizados com os aditivos sintetizados. Por último, são apresentados os resultados dos ensaios com os fluidos de base aquosa formulados com os ésteres que apresentaram os melhores desempenhos no ensaio de lubricidade. V.2- Ésteres sintetizados e respectivas caracterizações Os ésteres sintetizados já foram descritos na literatura, porém não são ésteres comerciais; estão listados nas Tabelas IV.5, IV.6 e IV.7. Estes ésteres foram caracterizados por espectrometria na região do infravermelho (IV), ressonância magnética nuclear (RMN) de 1H e de 13 C (quantitativo) (Silverstein et al, 2000) e cromatografia por exclusão por tamanho (GPC). Os espectros de RMN de 1H e de 13C (quantitativo) de alguns ésteres foram simulados utilizando-se o programa ACDLabs. Este programa prevê o deslocamento químico dos sinais de hidrogênio ou carbono através da fórmula estrutural da substância. A cromatografia por exclusão por tamanho fornece o tempo de retenção relativo dos componentes da amostra de acordo com seus pesos moleculares médios (PM), e também estes valores de PM. No entanto, os PM’s obtidos não correspondem a realidade por estarem sendo comparados com o comportamento de poliestireno. Como são produtos de sínteses conhecidas é possível se fazer uma correlação entre o valor obtido e o verdadeiro. A comparação entre os pesos moleculares calculados e aqueles obtidos por GPC estão apresentados no anexo, Figuras IX.12 e IX.13. A caracterização destes ésteres é apresentada a seguir, dividindo-se os ésteres nas quatro séries, a saber: dos ésteres derivados de PEG e diácidos, dos ésteres derivados de MPEG e diácidos, dos ésteres derivados de PEG e ácido oleico e dos ésteres derivados de álcoois neopentílicos. V.2.1- Ésteres derivados de PEG 400 e diácidos Foram preparados o adipato de PEG 400 e o sebacato de PEG 400, discutidos a seguir. Adipato de PEG 400 O espectro do adipato de PEG 400 é mostrado na Figura V.1 e seus principais números de onda estão ressaltadas na Tabela V.1. Este espectro apresentou as bandas típicas do grupo éster, assim como, as bandas características de OH atribuídas ao PEG 400 que não reagiu. 1641 55 737 698 1958 60 30 1109 20 15 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 Wavenumbers (cm-1) Figura V.1 – Espectro no Infravermelho do Adipato de PEG 400 Tabela V.1 – Principais números de onda no Infravermelho do Adipato de PEG 400 401 2871 1732 25 952 1456 35 1351 1294 1250 40 3349 %Transmittance 45 886 846 1419 551 520 50 500 Legenda Número de Onda (cm-1) Grupo Modo Vibracional A 3349 OH Deformação axial B 2871 CH2 Deformação axial C 1732 C=O Deformação axial D 1641 H2O Deformação angular E 1456 CH2 Deformação angular F 1351 OH Deformação angular no plano G H 1250 1109 C-O-C Deformação axial (C=O)-O assimétrica (C=O)-O Deformação axial C-O-C Deformação axial simétrica A presença de PEG livre é explicada pelo fato deste álcool ter sido adicionado em excesso para favorecer a formação de diésteres dos ácidos e evitar a formação de monoésteres que deixaria uma carboxila livre. O excesso de PEG também diminui a probabilidade de formação de oligômeros que é favorecida pela bifuncionalidade dos reagentes. Tentou-se purificar o adipato de PEG 400, fazendo-se a extração do PEG com água, porém o éster também foi solúvel em água na concentração estudada. O espectro de RMN de 13 C do Adipato de PEG 400, mostrado na Figura V.2, apresentou 8 tipos de carbono. Os carbonos assinalados seguem a numeração dos átomos adotada conforme ilustrado na Figura V.3. 3 69.68 2 4 1.0 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 6 71.82 68.59 63.89 60.47 5 176.33 0.2 0.1 7 8 33.45 1 23.75 0.3 0.0 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 Figura V.2 – Espectro de RMN de 13C do Adipato de PEG 400 O HO* 8 O n O 7 7 1 5 O 2 8 4 O 3 n -1 O Figura V.3 – Estrutura do Adipato de PEG 400 Os deslocamentos químicos dos diferentes carbonos presentes na molécula estão apresentados na Tabela V.2. 6 *O 2 OH Tabela V.2 – Deslocamentos químicos (ppm) do Adipato de PEG 400 Carbono Deslocamento Químico (ppm) 1 176,33 2 71,82* 3 69,68 e 69,56* 4 68,59* 5 63,89* 6 60,47* 7 33,45 8 23,75 * Carbonos referentes ao PEG. O espectro de RMN 13 C de adipato de PEG mostrou um sinal a 176,33 ppm referente ao carbono da carbonila, comprovando assim a formação do éster. A ausência de sinal em 174,28 ppm referente ao C da carbonila de ácidos indica a ausência do ácido adípico (pelo menos acima de 5% que é o limite de sensibilidade da espectrometria por RMN). Os sinais na faixa de 72 a 60 ppm são referentes aos carbonos da cadeia do polímero. O metileno (CH2) desta cadeia apresentou um desdobramento em 69,68 e 69,56 ppm. Os sinais em 33,45 e 23,75 ppm são referentes aos carbonos α e β da cadeia do adipato. Esta análise comprovou a formação do diéster do diácido, porém não podemos afirmar que não reste PEG 400 livre, pois os sinais típicos da cadeia de PEG podem tanto ser relativos ao PEG na molécula do éster quanto ao PEG que está livre. Então, analisou-se o espectro de RM1H de adipato de PEG. Observou-se que a integração do sinal referente ao hidrogênio do metileno (CH2) da cadeia do PEG apresentava-se duas vezes maior do que o esperado para a molécula de diéster, confirmando, assim, a presença de PEG livre. O cromatograma obtido por cromatografia por exclusão por tamanho (GPC) do adipato de PEG 400 é mostrado na Figura V.4. Figura V.4 – Cromatograma por GPC do Adipato de PEG 400 O cromatograma mostrou o pico largo com peso molecular médio de 1357 e teor de 32% atribuído ao diéster. Este pico contém um ombro em 1940 e teor de 13%, provavelmente devido à formação de oligômeros. Os demais picos compreendendo a faixa entre 24 e 28 minutos com teor de 55% são referentes ao PEG 400 livre. O PEG 400 apresenta uma série de picos mostrando a distribuição de pesos moleculares que o compõe, sendo que o peso molecular de 400 é um peso molecular médio que, na presente condição experimental, é registrado como 484. Os produtos derivados de PEG também apresentam tal distribuição, justificando a largura dos picos. O cromatograma do PEG 400 está em anexo (Figura IX.2). Portanto, a amostra é uma mistura de diésteres (45%) e PEG 400 livre (55%). Sebacato de PEG 400 O espectro de RMN de 13 C do sebacato de PEG 400 apresentou 9 tipos de carbono, conforme mostra a Figura V.5. Os carbonos assinalados no espectro seguem a numeração dos átomos adotada conforme ilustrado na Figura V.6. 3 70.47 2 4 1.0 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 56 173.68 0.2 0.1 34.08 28.98 24.77 1 7 89 61.56 72.61 70.19 0.3 0.0 250 200 150 100 Figura V.5 – Espectro de RMN de 13C do Sebacato de PEG 400 50 0 O 8 HO* O n O 7 8 7 1 O 8 9 9 8 4 5 2 O 3 *O n-1 O Figura V.6 – Estrutura do Sebacato de PEG 400 Os deslocamentos químicos dos diferentes carbonos presentes na molécula estão apresentados na Tabela V.3. Tabela V.3 – Deslocamentos químicos (ppm) do Sebacato de PEG 400 Carbono Deslocamento Químico (ppm) 1 173,68 2 72,61* 3 70,47 e 70,19* 4 69,12* 5 63,29* 6 61,56* 7 34,08 8 28,99 9 24,78 * Carbonos referentes ao PEG. O espectro de RMN 13 C de sebacato de PEG mostrou um sinal com deslocamento químico em 173,68 ppm referente ao carbono da carbonila, comprovando assim a formação do éster. A ausência de sinal de carbonila em 174,50 ppm mostrou a ausência de ácido sebácico. Os sinais na faixa de 73 a 61 ppm são referentes aos carbonos da cadeia do poli(glicol etilênico) (PEG). O metileno (CH2) (C3) desta cadeia 6 2 OH apresentou um desdobramento em 70,47 e 70,18 ppm. Os sinais na faixa de 34,08 a 24,78 são referentes aos carbonos da cadeia do sebacato. Esta análise comprovou a formação do diéster do diácido, entretanto não podemos afirmar que não há PEG 400 livre, pois os sinais característicos da cadeia do polímero podem ser da molécula de éster como, também, do PEG livre. Então, analisou-se o seu espectro de 1H. Observouse que a integração do sinal referente ao hidrogênio do metileno (CH2) da cadeia do PEG estava maior do que o esperado, confirmando assim a presença de PEG livre. O cromatograma obtido por cromatografia por exclusão por tamanho (GPC) do sebacato de PEG 400 é mostrado na Figura V.7. Na análise deste cromatograma cabem as mesmas observações feitas para a análise do cromatograma de adipato de PEG. Figura V.7 – Cromatograma por GPC do Sebacato de PEG 400 O cromatograma mostrou o pico com peso molecular de 1522 e teor de 33% referente ao diácido substituído nas duas extremidades pelo PEG. O pico com peso molecular de 2372 e teor de 17% se refere a formação de um dímero do diéster. Este pico contém um ombro com peso molecular de 3062 e teor de 11%. Provavelmente, houve a formação de oligômeros. Os demais picos entre 24 e 28 minutos com teor de 39% são referentes ao PEG 400 livre. Portanto, a amostra é uma mistura de 61% de ésteres (sebacato de PEG e oligômeros) e 39% de PEG 400 livre. Comparando novamente os pesos moleculares observados nos cromatogramas dos ésteres derivados de diácidos e PEG 400 com os pesos moleculares verdadeiros, observou-se uma boa correlação entre os pesos moleculares (anexo Figura IX.12). V.2.2 - Ésteres derivados de diácidos e MPEGs 350 e 550 A diferença entre a molécula de MPEG e a molécula de PEG é que a primeira está metoxilada em uma das hidroxilas, ou seja, possui apenas uma hidroxila por molécula para ser esterificada. A troca do PEG pelo MPEG teve como objetivo a preparação de ésteres monoméricos dos diácidos a fim de impedir o encadeamento de moléculas de ésteres que resultaria na formação de oligômeros. Foram preparados o sebacato de MPEG 350, sebacato de MPEG 550, adipato de MPEG 350 e adipato de MPEG 550. Os três primeiros ésteres são discutidos a seguir. Sebacato de MPEG 350 O espectro no infravermelho do sebacato de MPEG 350 encontra-se na Figura V.8, enquanto na Tabela V.4, encontram-se assinaladas os principais números de onda. 55 734 1640 60 523 467 697 682 1958 1605 65 992 3512 1324 853 40 950 35 25 1042 1456 30 1350 1298 1250 1197 %Transmittance 45 1420 50 1109 15 1735 2925 2869 20 10 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 Wavenumbers (cm-1) Figura V.8 – Espectro no Infravermelho do Sebacato de MPEG 350 Tabela V.4 – Principais números de onda no Infravermelho do Sebacato de MPEG 350 Legenda Número de Onda (cm-1) Grupo Modo Vibracional A 3512 OH Deformação axial B 2925 e 2869 CH3/CH2 Deformação axial C 1735 C=O Deformação axial D 1456 CH3/CH2 Deformação angular 500 E 1350 OH Deformação angular no plano F 1250 C-O-C Deformação axial assimétrica G 1109 (C=O)-O Deformação axial C-O-C Deformação axial simétrica O espectro no IV de sebacato de MPEG 350 evidenciou a presença de grupamentos hidrocarbônicos de grupo éster e a ausência de bandas características do ácido sebácico, mas evidenciou a presença de bandas características de OH do MPEG 350. A presença de MPEG 350 livre é explicado devido ao emprego de excesso de MPEG 350. O excesso de MPEG foi empregado para favorecer a formação de diésteres dos diácidos ao invés da formação de monoésteres que deixaria uma carboxila livre. Na tentativa de purificá-lo, lavou-se o produto com água, entretanto tanto o MPEG quanto o éster são solúveis em água na concentração estudada. O cromatograma obtido por cromatografia por exclusão por tamanho (GPC) do sebacato de MPEG 350 é mostrado na Figura V.9. Figura V.9 – Cromatograma por GPC do Sebacato de MPEG 350 O cromatograma mostrou o pico com peso molecular de 1093 e teor de 75% referente ao diéster. O pico com peso molecular em 1853 e teor de 10% não foi identificado. Os demais picos entre 25 e 29 minutos com teor de 15% são referentes ao MPEG 350 livre. Portanto, este éster é principalmente constituído de diéster de MPEG com teor de álcool livre bem menor que os ésteres preparados a partir de PEG. Sebacato de MPEG 550 O cromatograma obtido por cromatografia por exclusão por tamanho (GPC) do sebacato de MPEG 550 é mostrado na Figura V.10. Figura V.10 – Cromatograma por GPC do Sebacato de MPEG 550 O cromatograma mostrou um pico com peso molecular de 1775 e teor de 95% referente ao diéster, ou seja, o ácido sebácico substituído nas duas extremidades pelo MPEG 550. O ombro com peso molecular em torno de 806 e teor de 4,5% se refere ao monoéster. O pico em 27,3 minutos e teor de 0,5% se refere ao ácido sebácico. Logo, o cromatograma da figura V.10 comprovou a formação do diéster, com a presença do monoéster e do ácido sebácico em pequenas proporções e com a ausência de MPEG livre. Os cromatogramas do ácido sebácico e do MPEG 550 estão em anexo (Figuras IX.3 e IX.4). Adipato de MPEG 350 O espectro de RMN de 13 C do adipato de MPEG 350 apresentou 10 tipos de carbono, conforme mostra a Figura V.11. Os carbonos assinalados no espectro seguem a numeração dos átomos adotada conforme ilustrado na Figura V.12. 3 70.46 24 5 1.0 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 7 0.4 0.1 8 10 24.75 58.89 9 34.05 72.55 173.66 0.2 63.26 6 1 71.83 69.09 0.3 0.0 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 Figura V.11 – Espectro de RMN de 13C do Adipato de MPEG 350 O 7 HO O 2 10 4 4 n *O 9 9 1 10 5 O 6 O Figura V.12 – Estrutura do Adipato de MPEG 350 O O 3 8 OCH3 Os deslocamentos químicos dos diferentes carbonos presentes na molécula estão apresentados na Tabela V.5. Tabela V.5 – Deslocamentos químicos (ppm) do Adipato de MPEG 350 Carbono Deslocamento Químico (ppm) 1 173,66 2 72,56* 3 71,83* 4 70,46 e 70,15* 5 69,09* 6 63,26* 7 61,52* 8 58,89* 9 34,06 10 24,75 * Carbonos referentes ao MPEG. O espectro de RMN 13 C de adipato de MPEG 350 mostrou o sinal com deslocamento químico de 173,66 ppm referente ao carbono da carbonila do éster, comprovando assim mais uma vez a formação do éster e ausência do ácido. Os sinais na faixa de 73 a 59 ppm são referentes aos carbonos da cadeia do polímero. O metileno (CH2) (C4) desta cadeia apresentou um desdobramento em 70,46 e 70,15 ppm. O sinal do grupo metóxi (O-CH3) foi registrado em 58,89 ppm, dentro da faixa de deslocamento químico esperado para este grupo (40-60 ppm). Os sinais em 34,06 e 24,75 são referentes aos carbonos da cadeia do adipato, ressaltando que o sinal em 28,96 é referente a alguma impureza. Esta análise comprovou a formação do diéster do diácido, entretanto não podemos afirmar que não há MPEG 350 livre, nem teor de ácido inferior a 5%. O cromatograma obtido por cromatografia por exclusão por tamanho (GPC) do adipato de MPEG 350 é mostrado na Figura V.13. Figura V.13 – Cromatograma por GPC do Adipato de MPEG 350 O cromatograma mostrou um pico largo com tempo de retenção de 21 a 26 minutos, peso molecular em 1045 e teor de 66% que foi atribuído ao diéster. Os picos com tempos de retenção entre 25 e 28 minutos com teor de 34% se referem ao MPEG 350 livre. Comparando os pesos moleculares observados nos cromatogramas dos ésteres derivados de diácidos e MPEGs com os pesos moleculares verdadeiros, observou-se uma boa correlação entre os pesos moleculares (anexo, Figura IX.12). V.2.3 - Ésteres derivados de PEG e ácido oleico Dentre os ésteres desta série de oleatos de PEG de diferentes pesos moleculares, somente o dioleato de PEG 1500 foi sintetizado neste trabalho. Os demais ésteres desta série são produtos comerciais. Dioleato de PEG 1500 O espectro no infravermelho do dioleato de PEG 1500 encontra-se na Figura V.14 e os principais números de onda encontram-se listadas na Tabela V.6. 80 722 532 75 1655 70 1413 65 20 15 947 1114 2922 2882 1147 25 842 30 1061 1467 1736 35 1242 1235 40 1359 1344 45 1280 50 %T 2741 2694 3003 55 3464 60 10 3500 3000 2500 2000 1500 Wavenumbers (cm-1) Figura V.14 – Espectro no Infravermelho do dioleato de PEG 1500 Tabela V.6 – Bandas de Absorção no Infravermelho do Dioleato de PEG 1500 Legenda Número de Onda (cm-1) Grupo Modo Vibracional A 3464 OH Deformação axial B 3003 C-H Deformação axial 2922 e 2882 CH3/CH2 Deformação axial C 1736 C=O Deformação axial D 1655 C=C Deformação axial 1000 500 E 1467 CH3/CH2 Deformação angular 1413 C-H (cis) Deformação angular assimétrica no plano F 1280 C-O-C Deformação axial assimétrica (C=O)-O G 1147 (C=O)-OR Deformação axial H 1114 C-O-C Deformação axial I 947 - Deformação típica de PEG J 722* C-H (cis) Deformação angular assimétrica fora do plano * Deformação típica do ácido oleico. O espectro no IV do dioleato de PEG 1500 evidenciou a presença dos grupamentos hidrocarbônicos da cadeia ácida e da cadeia do poli(glicol etilênico) e a presença dos grupos éster e éter. Este espectro não apresentou banda de absorção de carbonila de ácido, entretanto apresentou uma banda fraca característica de deformação axial de OH. Nesta síntese os reagentes foram misturados na proporção de 1:1 em moles de grupos funcionais reativos; isto é, carboxila e hidroxila. A intenção foi evitar o excesso de PEG que, como já foi discutido, é difícil de ser eliminado. Deve ser considerado que os derivados de poli(glicol etilênico) de maior peso molecular reagem com maior dificuldade. O espectro de RMN de 13 C do dioleato de PEG 1500 apresentou 17 tipos de carbono, conforme mostra a Figura V.15. Os carbonos assinalados seguem a numeração dos átomos adotada conforme ilustrado na Figura V.16. 4 70.56 3 5 1.0 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 10-13 0.4 14 0.3 0.0 63.36 61.64 34.21 31.90 29.70 29.52 29.31 29.12 27.22 24.90 22.68 16 17 14.12 89 6 72.68 69.21 0.1 130.01 129.76 0.2 2 173.84 15 1 7 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 Figura V.15 – Espectro de RMN de 13C do Dioleato de PEG 1500 O 2 14 11 9 17 12 2 10 14 13 13 13 4 5 15 8 1 O 10 12 16 Figura V.16 – Estrutura do Dioleato de PEG 1500 6 O 3 4 n *O O R 7 n = 32 R = C17 O Os deslocamentos químicos dos diferentes carbonos presentes na molécula estão apresentados na Tabela V.7. Tabela V.7 – Deslocamentos químicos (ppm) do Dioleato de PEG 1500 Carbono Deslocamento Químico (ppm) 1 173,84 2 130,01 e 129,76 3 72,69 4 70,56 5 69,21 6 63,36 7 61,64 8 34,21 9 31,90 10 29,70 11 29,52 12 29,31 13 29,12 14 27,22 15 24,90 16 22,68 17 14,12 O espectro de RMN de 13 C de dioleato de PEG 1500 apresentou sinal com deslocamento químico em 173,84 ppm referente ao carbono da carbonila do éster, comprovando assim a sua formação. A ausência de sinal em 180,58 ppm mostrou a ausência de ácido oleico, com a ressalva de que a sensibilidade da espectrometria no RMN é limitada a teores maiores que 5%. Os sinais em 130,01 e 129,76 ppm são referentes aos carbonos insaturados da cadeia de oleato. Os sinais de 72,69 a 61,64 ppm são referentes a cadeia do PEG 1500 e os sinais de 34,21 a 14,12 ppm são referentes a cadeia hidrocarbônica do oleato. A análise quantitativa do espectro de RMN de 1H mostrou que a relação entre os sinais de H do PEG e os sinais de H do ácido correspondem a relação molar de 1:2,6 de PEG para ácido. A relação molar esperada para a molécula de diéster de PEG é de 1:2 (PEG:ácido) e a relação esperada para a molécula de monoéster é de 1:1. Conclui-se que a relação encontrada significa que há um excesso de ácido oleico. Se todo o PEG estiver envolvido na formação do diéster, o excesso de sinais de ácido corresponde a 6,4% de ácido oleico livre. Se, entretanto, tiver ocorrido também a formação de monoéster, o teor de ácido oleico livre será menor. Um teor menor estaria mais de acordo com a ausência de sinal de carbonila de ácido como observado no espectro de RMN13C. O espectro de RMN de 1H do dioleato de PEG 1500 está em anexo (Figura IX.1). O cromatograma obtido por cromatografia por exclusão por tamanho (GPC) do dioleato de PEG 1500 é mostrado na Figura V.17. Figura V.17 – Cromatograma por GPC do Dioleato de PEG 1500 O cromatograma mostrou um pico largo com peso molecular médio de 2972 (teor de 74%) atribuído a mistura de monoéster e diéster devido a sua largura e à pequena diferença entre os pesos moleculares destes ésteres. Os picos com pesos moleculares de 6192 (teor de 15%) e 8239 (teor de 5%) não foram identificados. É possível que seja contaminação da coluna. O pico com peso molecular de 492 e teor de 3% se refere ao ácido oleico, e está de acordo com o cromatograma de ácido oleico (Figura IX.9). Não há registro de PEG livre, mas não se pode afirmar que não está presente coincidindo com o tempo de eluição do éster. Oleatos de PEG 400 e 4000 Os cromatogramas dos dioleatos de PEG 400 e 4000 estão em anexo (Figuras IX.5 e IX.6). Estes dioleatos comerciais, segundo a análise por GPC, são compostos de diéster de PEG contendo até 3% de ácido oleico. O ensaio de teor de hidroxilas foi utilizado para caracterizar os dioleatos de PEG e estão listados na tabela V.8. Tabela V.8 – Teores de hidroxila dos ésteres derivados de PEG e ácido oleico Éster Teor de Hidroxila (meq de KOH/g) Dioleato de PEG 400 10,08 Dioleato de PEG 1500 22,59 Dioleato de PEG 4000 10,26 De acordo com as análises de GPC e RMN o teor de OH em dioleato de PEG 400 e PEG 4000 é consequência da presença de ácido oleico (2-3%), enquanto o teor de OH no dioleato de PEG 1500 é consequência da presença de monoéster além de 3% de ácido oleico. V.2.4 – Ésteres derivados de álcoois neopentílicos Na síntese dos ésteres de álcoois neopentílicos podem se formar ésteres parcialmente substituídos resultando numa mistura de ésteres. Os respectivos espectros no IV são muito semelhantes, exceto nos casos dos ésteres totalmente substituídos que se diferenciam pela ausência de bandas de absorção características de álcool. As absorções no IV referentes às carbonilas nos di, tri e tetraésteres nem sempre ocorrem em comprimentos de onda diferentes, portanto, não se pode concluir por esta técnica quanto à formação de ésteres parciais. A técnica de RMN de 13 C foi sensível às diferenças de deslocamento químico entre estas carbonilas sendo que a análise quantitativa permitiu detectar ésteres com teor acima de 3%. A cromatografia por exclusão por tamanho também se mostrou bastante apropriada à separação destes ésteres e permitiu determinar seus percentuais relativos. V.2.4.1 – Ésteres derivados do neopentilglicol (NPG) Foram preparados laurato, estearato e palmitato de neopentil glicol. A caracterização do laurato de NPG é discutida a seguir. O estearato e o palmitato de NPG formam produtos sólidos insolúveis em água e não foram usados nos ensaios de desempenho. Por isto suas caracterizações foram omitidas. Laurato de NPG O espectro de RMN de 13C quantitativo do laurato de neopentilglicol apresentou 14 tipos de carbono, conforme mostra a Figura V.18. Os átomos de carbono assinalados seguem a numeração dos átomos adotada conforme ilustrado nas Figuras V.19 e V.20 e os deslocamentos químicos dos principais carbonos presentes na molécula estão apresentados na Tabela V.9. 10 29.67 9 11 1.0 12 0.9 13 14 31.98 29.40 22.76 21.57 14.18 8 0.8 0.7 4 0.6 5 1 0.4 0.2 71.82 174.73 173.88 36.51 2 0.3 34.43 69.29 68.32 0.5 25.13 7 36 0.1 0.0 200 150 100 50 0 Figura V.18 – Espectro de RMN de 13C quantitativo do laurato de neopentilglicol O O 4 4 (CH 2 ) 9 2 7-14 O O (CH 2 ) 9 2 7-14 Figura V.19 – Estrutura do Laurato de Neopentilglicol di-substituído O (C H 2 ) 9 7-14 1 O 3 5 OH Figura V.20 – Estrutura do Laurato de Neopentilglicol mono-substituído Tabela V.9 – Deslocamentos químicos (ppm) do Laurato de Neopentilglicol mostrado na Figura V.11 Carbono Deslocamento Químico (ppm) 1 174,73 2 173,88 3 71,82 4 69,29 5 69,10 6 68,32 7-14 36,51-14,18 O espectro de laurato de neopentilglicol mostrou dois sinais referentes aos carbonos das carbonilas dos ésteres mono e dissubstituído, logo através da ressonância magnética nuclear de 13 C quantitativo pôde-se caracterizar e quantificar as misturas de ésteres. O sinal em 174,73 ppm refere-se ao carbono da carbonila do éster monossubstituído e o sinal em 173,88 ppm refere-se ao carbono da carbonila do éster dissubstituído. Os grupos metileno (CH2) vizinhos ao oxigênio do éster dissubstituído (C4) apresentaram sinal em 69,29 ppm, diferente do éster monossubstituído, que apresentou sinal em 71,82 ppm referente ao carbono do grupo metileno vizinho ao oxigênio da carboxila (C3) e sinal em 68,32 ppm referente ao carbono do grupo metileno vizinho ao oxigênio da hidroxila (C6). O sinal em 69,10 ppm refere-se ao reagente NPG. Os sinais de 36,51 a 14,18 ppm são referentes aos carbonos da cadeia ácida de ambos os ésteres, mas também ao CH3 da cadeia do NPG. Pela integração dos sinais referentes aos carbonos das carbonilas dos ésteres mono e dissubstituídos pode-se calcular os teores de cada éster. A integração do sinal referente ao carbono da carbonila do éster dissubstituído deve ser divida pelo número de carbonilas da molécula, tendo sido encontrado 67% de monolaurato de NPG e 33% de dilaurato de NPG. O cromatograma obtido por cromatografia por exclusão por tamanho (GPC) do laurato de neopentilglicol é mostrado na Figura V.21. Figura V.21 – Cromatograma por GPC do Laurato de Neopentilglicol O cromatograma mostrou um pico com peso molecular de 790 e teor de 36% referente ao dilaurato de NPG e outro pico com teor de 57% referente ao monolaurato de NPG. O pico em 27,29 minutos se refere ao NPG que não reagiu (4%) e o pico em 28,34 minutos se refere ao ácido láurico (3%). Comparando os resultados fornecidos por GPC e por RMN13C, observa-se uma boa concordância como mostra o gráfico da Figura V.32. Na tentativa de sintetizar um éster com maior teor de monolaurato de NPG, aumentou-se a proporção de álcool em relação ao ácido (1:2 e 1:3) e diminuiu-se a concentração do catalisador (de 2% para 1%). A menor concentração de catalisador acarreta a diminuição da velocidade da reação favorecendo a formação do éster monosubstituído. O espectro de RMN de 13 C quantitativo do éster cuja proporção de álcool em relação ao ácido foi de 1:3 apresentou 14 tipos de carbono, conforme mostra a Figura V.22. Os carbonos assinalados seguem a numeração dos átomos adotada conforme ilustrado nas Figuras V.19 e V.20 e os deslocamentos químicos dos principais carbonos presentes na molécula estão apresentados na Tabela V.10. 9 12 13 21.55 29.65 10 1.0 0.9 3 6 1 34.41 36.48 0.5 0.4 7 69.30 68.31 0.6 14 14.15 5 25.11 0.7 31.96 4 22.74 11 8 0.8 2 174.67 0.3 0.1 71.68 173.85 0.2 0.0 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 Figura V.22 – Espectro de RMN de 13C quantitativo do laurato de neopentilglicol (proporção álcool:ácido = 1:3) Tabela V.10 – Deslocamentos químicos (ppm) do laurato de neopentilglicol referente à Figura V.22 Carbono Deslocamento Químico (ppm) 1 174,67 2 173,85 3 71,68 4 69,30 5 69,09 6 68,31 7-14 36,48-14,15 O espectro analisado mostrou dois sinais referentes aos carbonos das carbonilas dos ésteres mono e dissubstituído, respectivamente, em 174,67 ppm e 173,85 ppm. Os grupos metileno (CH2) vizinhos ao oxigênio do éster dissubstituído apresentaram um sinal em 69,30 ppm, diferente do éster monossubstituído, que apresentou um sinal em 71,68 ppm referente ao carbono do grupo metileno em CH2 C=O e um sinal em 68,31 ppm referente ao carbono do grupo metileno em CH2OH. O sinal em 69,09 ppm referese ao reagente NPG. Os sinais entre 36,48 a 14,15 ppm são referentes aos carbonos da cadeia ácida de ambos os ésteres e ao CH3 de NPG. Através da integração das áreas dos sinais referentes aos carbonos das carbonilas dos ésteres mono e dissubstituídos obtevese os teores de cada éster, sendo o teor de monolaurato de NPG igual a 88% e o teor de dilaurato de NPG igual a 12%. Concluiu-se então que o emprego de excesso de álcool e a diminuição do teor de catalisador favoreceram a formação do éster mono-substituído. Analisando o cromatograma obtido por cromatografia por exclusão por tamanho (GPC) do laurato de NPG (Figura V.23), preparado na proporção álcool:ácido = 1:3, observa-se um pico em 24,6 min com teor de 87,9% referente ao monolaurato de NPG e, um pico em 25,8 min. com teor de 12,1% referente ao dilaurato de NPG, comprovando assim a preparação de mistura de ésteres de C12NPG com predominância de monolaurato de NPG. Comparando novamente os resultados fornecidos por GPC e por RMN13C, observa-se uma boa correlação entre os resultados (Figura V.32). Figura V.23 – Cromatograma por GPC do Laurato de Neopentilglicol (proporção álcool:ácido: 1:3) V.2.4.2 - Ésteres derivados do trimetilolpropano (TMP) Foram preparados os ésteres laurato, oleato, estearato e palmitato de TMP. As caracterizações dos dois primeiros ésteres são apresentadas a seguir. O estearato e o palmitato de TMP são produtos sólidos insolúveis em água e não foram usados nos ensaios de desempenho, e por isto suas caracterizações foram omitidas. Oleato de TMP O espectro de RMN de 13 C quantitativo do oleato de trimetilolpropano (TMP) apresentou 14 tipos de carbono, conforme mostra a Figura V.24. Os deslocamentos químicos encontrados foram atribuídos aos carbonos, conforme mostrado nas figuras V.25 e V.26 e Tabela V.11. 67.13 47 1.0 0.9 14-15 13 17 29.37 0.8 0.7 0.6 18 0.2 0.1 42.89 14.16 20 42.57 175.00 174.26 1 64.12 65.71 63.75 62.41 0.3 9 8 130.09 129.76 0.4 19 7.41 3 34.38 0.5 31.95 27.27 22.74 11 0.0 200 150 Figura V.24 – Espectro de RMN de Trimetilolpropano 100 13 50 0 C quantitativo do Oleato de O HO 7 3 3 5 O 2 20 7 HO Figura V.25 – Estrutura do Oleato de Trimetilolpropano monossubstituído O HO 6 3 3 4 2 oO 2 O 20 4 Figura V.26 – Estrutura do Oleato de Trimetilolpropano dissubstituído Tabela V.11 – Deslocamentos químicos (ppm) do Oleato de Trimetilolpropano Carbono Deslocamento Químico (ppm) 1 175,00 2 174,25 3 130,09 e 129,88 4 67,13 5 65,71 6 64,12 7 63,75 8 62,41 9 e 10 42,90 e 42,57 11-19 34,39-14,17 20 7,41 O espectro de RMN13C de oleato de TMP mostrou dois sinais referentes aos carbonos das carbonilas dos ésteres mono e dissubstituído, respectivamente em 175,00 ppm e em 174,25 ppm. Não foi detectado o sinal referente ao carbono da carbonila do éster trissubstituído. Os grupos metilenos (CH2) vizinhos ao oxigênio da carboxila do éster dissubstituído (C4) apresentaram um sinal em 67,13 ppm, diferente do éster monossubstituído (C5), que apresentou um sinal em 65,71 ppm. O grupo metileno vizinho ao oxigênio da hidroxila do éster dissubstituído (C6) apresentou um sinal em 64,12 ppm, enquanto os do éster monossubstituído (C7) apareceram em 63,75 ppm. Os sinais em 42,90 ppm e em 42,57 ppm são referentes aos carbonos quaternários de ambos os ésteres. O sinal em 62,41 ppm refere-se ao reagente TMP. Os sinais de 34,39 a 14,17 ppm são referentes aos carbonos da cadeia ácida de ambos os ésteres. Através das integrais dos sinais referentes aos carbonos das carbonilas dos ésteres mono e dissubstituídos obteve-se os teores de cada éster, sendo o teor de mono-oleato de TMP igual a 73% e o teor de di-oleato de TMP igual a 27%. A técnica de ressonância magnética nuclear de 13 C quantitativo não detecta sinais de carbonila inferiores a 5%, mas mostrou deslocamentos químicos diferentes para os carbonos ligados ao oxigênio do grupo éster (C-O) em ésteres com diferentes graus de substituição. Logo, houve a necessidade de utilizar uma técnica complementar a esta. A técnica de cromatografia por exclusão por tamanho complementou estas informações e, os resultados desta técnica estão descritos a seguir. O cromatograma obtido por cromatografia por exclusão por tamanho (GPC) do oleato de trimetilolpropano (TMP) é mostrado na Figura V.27. Figura V.27 – Cromatograma por GPC do Oleato de TMP O cromatograma mostrou um pico com teor de 1% referente ao trioleato de TMP. O segundo pico com teor de 30% se refere ao dioleato de TMP e, o terceiro pico com teor de 67% se refere ao mono-oleato de TMP. Obteve-se uma boa correlação entre esta técnica e o RMN de 13C quantitativo, que mostrou o teor de dioleato de TMP igual a 27% e de mono-oleato igual a 73%, considerando que o RMN não detecta valores inferiores a 5%. Laurato de TMP O cromatograma obtido por cromatografia por exclusão por tamanho (GPC) do laurato de trimetilolpropano (TMP) é mostrado na Figura V.28. Figura V.28 – Cromatograma por GPC do Laurato de TMP O cromatograma de lautaro de TMP mostrou um pico com peso molecular de 1059 e teor de 2% referente ao trilaurato de TMP. O segundo pico com peso molecular de 869 e teor de 58% se refere ao dilaurato de TMP e, o terceiro pico com peso molecular de 479 e teor de 40% se refere ao monolaurato de TMP. O pico com tempo de retenção de 27,21 minutos se refere ao TMP que não reagiu. Esta técnica foi de fundamental importância pois, o RMN não conseguiu detectar a carbonila do éster trissubstituído, já que esta técnica não detecta sinais de carbonilas inferiores a 5%. V.2.4.3 - Ésteres derivados do pentaeritritol (PER) Foram preparados laurato, palmitato e estearato de pentaeritritol. Para a síntese destes produtos, acetona foi empregada como solvente para que houvesse a formação simultânea de acetal, com exceção da síntese do estearato de PER(L) que foi dirigida à preparação do tetra éster. A caracterização do estearato de PER(L) é discutida a seguir. Estearato de pentaeritritol(L) O espectro de RMN de 13 C quantitativo do estearato de pentaeritritol(L) apresentou 14 tipos de carbono, conforme mostra a Figura V.29. Os deslocamentos químicos foram atribuídos aos carbonos conforme mostrado na Figura V.30 e na Tabela V.12. 1.0 0.9 0.8 0.7 6-11 0.5 29.82 5 0.6 0.4 12 173.37 2 3 0.1 41.93 62.28 0.2 13 4 14 14.22 1 34.22 32.05 29.48 29.27 22.80 0.3 0.0 180 170 160 150 140 130 120 110 100 Figura V.29 – Espectro de RMN de pentaeritritol(L) 90 13 80 70 60 50 40 30 20 C quantitativo do estearato de 10 CH3 O O 1 1 O 2 2 O 3 O 2 2 O 1 O 1 O CH3 4 - 14 H3C CH3 Figura V.30 – Estrutura do estearato de pentaeritritol tetrassubstituído(L) Tabela V.12 – Deslocamentos químicos (ppm) do Estearato de pentaeritritol tetrassubstituído(L) Carbono Deslocamento Químico (ppm) 1 173,37 2 62,28 3 41,94 4-14 34,22-14,22 O espectro do estearato de pentaeritritol(L) mostrou apenas um sinal referente ao carbono de carbonila em 173,37 ppm. Este dado só permite concluir que provavelmente só há um tipo de substituição dentro dos limites de sensibilidade da técnica. Ao analisar o restante do espectro, observou-se apenas um sinal para o grupo metileno (CH2) em 62,28 ppm, concluindo-se que o estearato de pentaeritritol estava tetrassubstituído. Os sinais de 34,22 a 14,22 ppm são referentes aos carbonos do estearato da cadeia do éster. O cromatograma obtido por cromatografia por exclusão por tamanho (GPC) do estearato de pentaeritritol(L) apresentou um pico principal, conforme mostra a Figura V.31. Figura V.31 – Cromatograma por GPC do Estearato de Pentaeritritol (L) O cromatograma mostrou um pico com peso molecular de 2046 e teor de 96%, que se refere ao estearato de PER tetrassubstituído. O ombro de peso molecular igual a 1686 e teor de 4% foi atribuído ao estearato de PER trissubstituído, que não pode ser detectado pelo RMN de 13C quantitativo. O estearato de PER(1S) foi preparado em acetona e o produto foi recristalizado em etanol gerando as frações A e B que se diferenciaram pela composição em ésteres, conforme observado nos respectivos cromatogramas (anexo). O cromatograma do estearato de PER(1S)A mostrou os picos de peso molecular 2142, 1769 e 1342 com os respectivos teores de 61%, 27% e 12 %, atribuídos aos ésteres tetrassubstituído, trissubstituído e dissubstituído, respectivamente. Analisando o cromatograma do estearato de PER(1S)B observou-se que não há o pico referente ao éster tetrassubstituído, e sim um pico com peso molecular de 1857 e teor de 5% referente ao éster trissubstituído, um pico com peso molecular de 1654 e teor de 62% referente ao éster di-subtituído e um pico com peso molecular de 1241 e teor de 29% referente ao éster monossubstituído. Este produto contém 4% de ácido esteárico que não reagiu. V.2.5- Correlação entre os resultados quantitativos por GPC e RMN de 13 C dos ésteres graxos dos álcoois NPG, TMP e PER A cromatografia por exclusão por tamanho confirmou os resultados obtidos por IV e RMN. A boa correlação entre as técnicas de RMN13C e GPC para os ésteres derivados de NPG, PER e TMP pode ser observada no gráfico da figura V.32. Não são conhecidos trabalhos na literatura relacionando estas duas técnicas, tendo estes resultados sido apresentados na 29a Reunião Anual da SBQ, 2006. Uma vez caracterizados, estes ésteres foram submetidos aos ensaios de medidas de coeficiente de atrito que são discutidos a seguir. 13 Teor de ésteres (RMN de C) (%) 100 80 NPG TMP PER 60 40 20 0 0 20 40 60 80 100 T eor de éstere s (G P C ) (% ) Figura V.32 – Correlação entre os resultados quantitativos por GPC e RMN dos ésteres graxos dos álcoois NPG, TMP e PER 13 C V.3- Determinação do Coeficiente de Atrito (µ µ) A água é um lubrificante com pouca eficiência (µ=0,34 + 0,01) como lubrificante, logo há necessidade de se desenvolver aditivos que diminuam este coeficiente de atrito e venham a ser utilizados nas formulações de fluidos de perfuração de base aquosa (Caenn, 1996). Os polímeros de etileno glicol têm sido bastante utilizados como aditivos lubrificantes em fluidos de perfuração de base aquosa, entretanto, há a necessidade de se encontrar lubrificantes mais eficazes. As medidas de coeficiente de atrito das soluções aquosas a 2% de poli(glicol etilênico) (PEG) de diferentes pesos moleculares e poli(glicol etlilênico) mono metoxilado 550 (MPEG 550) determinadas neste trabalho estão apresentadas na Tabela V.13. Tabela V.13 – Coeficientes de atrito de soluções aquosas a 2% de PEG de diferentes pesos moleculares e de MPEG 550 PEG Coeficiente de atrito PEG 400 0,33 + 0,01 PEG 1500 0,32 + 0,01 PEG 2000 0,32 + 0,01 PEG 4000 0,32 + 0,01 PEG 6000 0,32 + 0,01 PEG 8000 0,32 + 0,01 MPEG 550 0,33 + 0,01 Analisando os resultados de coeficiente de atrito das soluções aquosas destes polímeros verifica-se que o coeficiente de atrito da água pura não foi alterado. Apesar destes polímeros apresentarem estruturas polares e poderem interagir com a superfície metálica, não tem em sua estrutura cadeia apolar que possa conferir à molécula a capacidade de escorregamento molecular, ou seja, a propriedade de lubricidade. A presença das cadeias apolares na estrutura da molécula também afasta as moléculas de água da proximidade da superfície metálica. Outro fato relevante é que o aumento do peso molecular do polímero, ou seja, o aumento do número de monômeros de etilenoglicol (aumento do grau de polimerização), não influenciou o coeficiente de atrito. Este fato pode ser explicado recordando que a propriedade lubrificante é conferida pela cadeia apolar de certo comprimento, como já foi dito, e não pela cadeia polar. A presença de um grupamento metila em uma das pontas da cadeia polimérica, como exemplificado por MPEG 550, também não alterou o coeficiente de atrito da água. A partir destes resultados, foram sintetizados e caracterizados ésteres compreendendo três diferentes séries e que foram descritos nos itens anteriores. Enfatizando, estes produtos apresentam uma característica em comum que é o grupamento éster. Os compostos derivados de PEG e MPEG ainda têm em comum os grupos éteres, sendo que os derivados de PEG ainda apresentam um terceiro grupo polar que é a hidroxila terminal. Apesar de todas as substâncias apresentarem o grupo éster, o modo como estes estão distribuídos na molécula diverge bastante resultando em produtos com arranjos espaciais diversos. A cadeia apolar se diferenciou de dois modos: cadeias de 4 ou 8 átomos de C ligados nas duas extremidades à cadeia do álcool por grupos ésteres e cadeias de 12 e 18 átomos de C ligadas somente em uma das extremidades à cadeia do álcool. Dentre os compostos derivados de álcoois neopentílicos ainda se assinala uma outra diferença que é quanto ao número de hidroxilas livres versus o número de grupos ésteres, levando a diferentes arranjos estruturais e diferentes possibilidades de interação com a superficie polar. Visando facilitar a discussão, analisaremos cada série separadamente e, ao final, faremos uma discussão comparativa. V.3.1 - Ésteres derivados de diácidos e PEG e de diácidos e MPEG As medidas de coeficiente de atrito das soluções aquosas a 2% dos ésteres derivados de diácidos e PEG e de diácidos e MPEG estão descritas na Tabela V.14. Tabela V.14 – Coeficientes de atrito de soluções aquosas a 2% de ésteres derivados de diácidos e PEG e de diácidos e MPEG Éster Pureza Coeficiente de atrito (%) Número de átomos de C na parte ácida Adipato de PEG 400 71,0(a) 0,31 + 0,01 6 Sebacato de PEG 400 32,8(b) 0,22 + 0,01 10 Adipato de MPEG 350 73,85(b) 0,23 + 0,01 6 Adipato de MPEG 550 31,1(b) 0,20 + 0,01 6 Sebacato de MPEG 550 99,3(b) 0,11 + 0,01 10 (a) determinada por RMN (b) determinada por GPC Analisando primeiramente os resultados de coeficiente de atrito (CA) dos ésteres derivados de diácidos e PEG observa-se que a hidrofobização do PEG, ou seja, a presença de cadeia apolar fez decrescer o coeficiente de atrito da água. No caso do sebacato, este decréscimo foi de 40% e no caso do adipato, este decréscimo foi inferior ao esperado. O valor alto de coeficiente de atrito do adipato de PEG foi atribuído a presença de PEG livre no produto que como vimos não altera o coeficiente de atrito da água. Portanto, o valor de 2% de aditivo não compreendeu somente o adipato. Pode-se raciocinar similarmente para o sebacato que também contém certo teor de PEG. Analisando os valores de CA encontrados para os ésteres derivados de diácidos e MPEG, em solução aquosa, observou-se que tanto o adipato quanto o sebacato diminuíram o coeficiente de atrito da água, sendo que o sebacato de MPEG 550 com 99,3% de pureza foi o mais efetivo. Este resultado é explicado pelo fato do sebacato possuir quatro átomos de carbono a mais na cadeia ácida que o adipato, o que lhe confere maior capacidade lubrificante. V.3.2 - Ésteres derivados de ácido oleico e PEG e ésteres comerciais derivados de ácido esteárico e PEG Os valores de coeficiente de atrito determinados em água contendo 2% dos ésteres de ácido oleico ou esteárico e PEG de diferentes pesos moleculares estão apresentadas na Tabela V.15. Os ésteres derivados de ácido oleico e PEG são solúveis em água na concentração de 2%, entretanto os ésteres derivados de ácido esteárico e PEG são parcialmente solúveis na mesma concentração, sendo solúveis na concentração de 1%. Tabela V.15 – Coeficientes de atrito de soluções aquosas a 2% de ésteres derivados de ácido oleico e PEG e de suspensões aquosas de ácido esteárico e PEG de diferentes pesos moleculares Éster Pureza* Coeficiente de atrito (%) Número de carbonos da parte ácida Dioleato de PEG 400 97,4 0,16 + 0,01 36 Dioleato de PEG 1500 74,5 0,15 + 0,01 36 Dioleato de PEG 4000 96,3 0,15 + 0,01 36 Dioleato de PEG 6000 n.d. 0,15 + 0,01 36 Dioleato de PEG 8000 n.d. 0,13 + 0,01 36 Diestearato de PEG 2000 n.d. 0,14 + 0,01 36 Diestearato de PEG 4000 n.d. 0,14 + 0,01 36 Diestearato de PEG 6000 n.d. 0,13 + 0,01 36 Diestearato de PEG 8000 n.d. 0,13 + 0,01 36 * determinada por GPC Analisando-se as medidas de coeficiente de atrito listadas da tabela V.14 observa-se, primeiramente, que o aumento da cadeia do PEG, praticamente não influenciou no coeficiente de atrito das soluções ou suspensões aquosas destes ésteres, nota-se, apenas, que há uma ligeira tendência à diminuição do coeficiente de atrito. Deve-se ressaltar que a massa de 2% de aditivo equivale a percentuais em moles decrescentes a medida em que a massa molecular do PEG aumenta, isto equivale a dizer que a contribuição molar da parte hidrocarbônica decresce enquanto a da parte polar aumenta. A presença da insaturação também não influenciou nestas medidas. É interessante comparar-se o valor de coeficiente de atrito da solução de dioleato de PEG 400 (CA= 0,16) com o da solução de sebacato de MPEG 550 (CA= 0,11), ambos com pureza maior que 90% e derivados de PEG’s de pesos moleculares bem próximos. O menor valor de coeficiente de atrito para a solução aquosa contendo o sebacato pode estar relacionado à diferença de arranjo estrutural entre estas duas moléculas. Estas diferenças podem ser responsáveis por diferentes modos de recobrimento da superfície metálica, que seria mais eficiente no caso do diácido. V.3.3 - Ésteres derivados de álcoois neopentílicos Os ésteres derivados dos álcoois neopentílicos podem ser divididos em grupos conforme o tipo de álcool: são estes, o neopentilglicol, o trimetilolpropano e o pentaeritritol. As medidas de coeficiente de atrito dos derivados destes álcoois são discutidas a seguir. V.3.3.1 – Ésteres derivados do neopentilglicol As medidas de coeficiente de atrito das suspensões aquosas a 2% dos ésteres derivados do neopentilglicol (NPG) estão apresentadas na Tabela V.16. Estes ésteres são insolúveis em água na concentração de 2% formando uma camada oleosa. Na verdade, a solubilidade destes ésteres em água é menor que 0,5%. Tabela V.16 – Coeficientes de atrito em água contendo 2% de ésteres derivados do neopentilglicol Éster (Código da reação) Composição Coeficiente de atrito (Di:Mono) C8NPG(1S) 17:83 0,12 + 0,01 C8NPG(2S) 90:10 0,11 + 0,01 C12NPG(6S) 12:88 0,080 + 0,002 C12NPG(4S) 36:57* 0,15 + 0,01 C12NPG(L) 99,6:0,4 0,10 + 0,01 * 4% de NPG e 3% de ácido láurico Analisando-se os valores de CA para os ésteres de octanoato, observa-se que o grau de substituição do octanoato de NPG não influenciou o valor do coeficiente de atrito, apesar de um conter 90% do diéster e o outro conter 83% de monoéster. Este efeito também foi observado para o laurato de NPG, exceto no caso da mistura de 36% do monolaurato e 57% do dilaurato de NPG. Esta mistura apresentou um pior desempenho, que pode estar relacionado à presença de 4% de NPG e 3% de ácido láurico. Aqui, como observado para os PEG´s, também pode ter ocorrido o aumento do coeficiente de atrito por conta da presença de outras substâncias. O coeficiente de atrito de solução aquosa a 2% de NPG foi de 0,34 + 0,01, e, daí pode se concluir que apesar do NPG não afetar a capacidade lubrificante da água, pode resultar na diminuição do efeito do aditivo. Este valor de CA de NPG também demonstra a necessidade de presença da cadeia hidrocarbônica para garantir uma ação lubrificante. Tendo em vista que estes ésteres não são solúveis em água na proporção de 2%, foram feitas determinações nas concentrações de 1% e 0,5% de C12NPG (Tabela V.17). Não houve alteração dos resultados, portanto, pode-se concluir que menores quantidades são suficientes para a formação de um filme que recubra a superfície metálica. Este resultado também reforça a observação de que determinadas substâncias podem interferir negativamente na ação lubrificante. Tabela V.17 – Coeficientes de atrito de suspensões aquosas do C12NPG(6S) em diferentes proporções Concentração da solução aquosa Coeficiente de atrito 0,5 0,080 + 0,002 1 0,080 + 0,002 Os coeficientes de atrito do palmitato de NPG e do estearato de NPG não foram medidos, pois ambos são sólidos insolúveis em água a 2% que não se dispersam, diferentemente do laurato de NPG. A solubilidade em água de ambos é menor que 0,01%. V.3.3.2 – Ésteres derivados do trimetilolpropano As medidas de coeficiente de atrito das suspensões aquosas a 2% dos ésteres derivados do trimetilolpropano (TMP) estão apresentadas na Tabela V.18. Estes ésteres são insolúveis em água na concentração de 2% formando uma camada oleosa. Tabela V.18 – Coeficientes de atrito de suspensões aquosas a 2% de ésteres derivados do trimetilolpropano Éster (Código da reação) Composição(a) Coeficiente de atrito Tri:Di:Mono C12TMP(b) 2:35:59* 0,12 + 0,01 C12TMP(1S) 2:40:58 0,14 + 0,02 Oleato de TMP(b) Oleato de TMP(1S) 13:7:80 1:30:67** 0,12 + 0,01 0,16 + 0,01 (a) determinada por GPC; (b) preparado por Yaakoub, M. C (2006). * 3% de ácido láurico e 1% de TMP; ** 2% de TMP Analisando os resultados de coeficiente de atrito de oleatos e lauratos de TMP com diferentes graus de substituição, verifica-se que os valores são bem próximos e que não é possível se atribuir os pequenos aumentos de CA à maior ou à menor proporção do éster mono-substituído, ou quanto a presença de tri-éster. A relevância da presença da cadeia hidrocarbônica é novamente comprovada quando comparamos estes resultados com o resultado de coeficiente de atrito da solução aquosa a 2% do álcool trimetilolpropano (0,34 + 0,01). Aqui, também, os resultados de CA comparados à composição dos ésteres indicam que um pequeno percentual de ácido abaixa o coeficiente de atrito enquanto um pequeno percentual do álcool o faz aumentar. Os coeficientes de atrito do palmitato de TMP e do estearato de TMP não foram medidos, pois ambos são sólidos insolúveis em água a 2% e que não se dispersam. A solubilidade em água de ambos é menor que 1%. V.3.3.3 – Ésteres derivados do pentaeritritol As medidas de coeficiente de atrito das suspensões aquosas a 2% dos ésteres derivados do pentaeritritol (PER) estão apresentadas na Tabela V.19. Conforme descrito no ítem IV.2.2.6, os ésteres derivados de PER, exceção feita ao produto com o código (L), foram preparados na presença de acetona para formarem o acetal de tal modo a proteger duas das hidroxilas do pentaeritritol. Este acetal seria em seguida hidrolisado para que resultassem ésteres parcialmente substituídos. Esta hidrólise só foi efetuada no caso de laurato de pentaeritritol , os demais foram empregados como obtidos na síntese. Apesar destes ésteres serem sólidos insolúveis em água a 2% e que não se dispersam na água, observou-se a formação de um filme recobrindo a superfície metálica. Foi possível obter diferentes valores de coeficiente de atrito, conforme a composição do éster. Tabela V.19 – Coeficientes de atrito de suspensões aquosas a 2% de ésteres derivados do pentaeritritol Éster Composição Coeficiente de atrito (Tetra:Tri:Di:Mono) C12PER 47: 21: 15: 9,4* 0,23 + 0,01 C12PERH 39: 23: 18: 6** 0,13 + 0,01 C16PER 55: 30: 12: 2 0,08 + 0,01 C18PER (L) 100: 0: 0: 0 0,280 + 0,002 C18PER(1S)A 61: 27: 12:0 0,190 + 0,002 C18PER(1S)B 0:5: 62: 29*** 0,090 + 0,002 * 8,6% de ácido láurico ; ** 14% de ácido láurico; *** 4% de ácido esteárico Laurato de pentaeritritol Foram analisadas duas amostras de laurato de pentaeritritol: uma resultante da síntese e a outra resultante da sua hidrólise parcial. A fração hidrolisada quando dispersada em água (2%) apresentou um menor coeficiente de atrito. Observa-se que a composição em ésteres deste produto variou pouco após a hidrólise, ocorreu apenas uma pequena redução do percentual de tetra éster e de mono éster, enquanto o teor de ácido láurico aumentou. Sabe-se que ácidos são fortes adsorventes em superficies metálicas e, talvez, a diferença encontrada entre os valores de coeficiente de atrito das suspensões aquosas dessas duas frações possa ser atribuída ao maior percentual de ácido láurico na fração hidrolisada. Palmitato de PER O palmitato de PER apresentou em água um valor supreendentemente baixo, em quatro deteminações diferentes, que motivou as demais preparações na presença de acetona. No entanto, após dez meses de estocagem, este valor não mais se reproduziu. Pode-se supor que haveria inicialmente a presença de cetona residual que auxiliaria na dispersão do produto em água, conforme observado, e que evaporou com o tempo. Estearato de PER O estearato de PER(L) foi preparado em tolueno, enquanto o estearato de PER(1S) foi preparado em acetona. O produto desta síntese foi recristalizado em etanol gerando as frações A e B que se distinguem pela composição em ésteres conforme mostrado na tabela V.18. Analisando os valores de coeficiente de atrito para o estearato de PER com graus de substituição diferentes, observa-se que à medida que a concentração do éster tetrasubstituído diminuiu, o coeficiente de atrito diminuiu, aumentando assim a lubricidade. Apesar da presença da cadeia hidrocarbônica ser necessária para aumentar a lubricidade, é também necessário que haja pelo menos uma hidroxila livre para adsorver a molécula do aditivo à superfície metálica, de tal modo a manter um filme de lubrificante recobrindo esta superfície e que resista ao movimento do fluido. O valor obtido para o produto contendo maior teor do diester é um bom valor e aqui também deve haver a influência do modo de preparação. V.3.4 - Ésteres derivados de glicerila A ótima ação lubrificante de ésteres graxos derivados do glicerol é bem conhecida de longa data, pois os primeiros lubrificantes empregados em máquinas eram a base destes glicerídeos. Decidiu-se medir o coeficiente de atrito de uma solução aquosa a 2% da mistura de 53% mono- e 36% dioleato de glicerila. Obteve-se o valor de 0,110 + 0,002, concluindo-se que este aditivo tem a mesma capacidade de diminuir o coeficiente de atrito da água que os demais ésteres estudados. V.3.5 - Coeficiente de atrito de misturas de aditivos Finalmente, foram determinados os coeficientes de atrito de suspensões aquosas de misturas de ésteres, de óleos parafínicos e de soja transmetilada. As medidas de coeficiente de atrito destas suspensões, e suas respectivas composições, são apresentadas na Tabela V.20. Tabela V.20 – Coeficientes de atrito determinadas em água contendo misturas de ésteres e de óleos em concentrações variadas Mistura Coeficiente de atrito C8NPG(1S) 1% + C12NPG(6S) 1% 0,12 + 0,01 C12TMP(3S)1% + OleTMP(1S)1% 0,11 + 0,01 DIOLPEG 8000 1% + DEP 8000 1% 0,09 + 0,01 Óleo parafínico 2% 0,15 + 0,01 Óleo parafínico 1% 0,15 + 0,01 Óleo de soja transmetilado 2% 0,11 + 0,01 Óleo de soja transmetilado 1% 0,11 + 0,01 Analisando o resultado da mistura de ésteres de NPG observa-se que não houve uma sinergia entre os ésteres que acarretasse em uma diminuição expressiva do coeficiente de atrito da água, já que a solução aquosa a 2% do C12NPG(6S) teve um efeito melhor (0,08) que o efeito observado para a mistura. Analisando o resultado da mistura de C12TMP(3S) com OleTMP(1S) observase que houve uma sinergia entre os ésteres que acarretou em uma diminuição razoável do coeficiente de atrito da água. A mistura de ésteres derivados de PEG apresentou o melhor resultado de coeficiente de atrito quando comparado com os resultados das demais misturas de ésteres e quando comparado com os resultados de coeficiente de atrito da solução aquosa a 2% do DIOLPEG 8000 e da suspensão aquosa do DEP 8000 separadamente. Os óleos parafínicos são óleos minerais obtidos do petróleo. São compostos por alcanos de cadeias hidrocarbônicas de comprimentos variados. O coeficiente de atrito da suspensão do óleo parafínico (0,15) em água foi maior que o coeficiente dos ésteres sintetizados de melhor desempenho (0,11 - 0,08). Isto porque a estrutura molecular dos óleos parafínicos compreende apenas cadeias hidrocarbônicas de diferentes comprimentos, não havendo a presença de um grupo polar que adsorva a molécula à superfície metálica. Ou seja, apesar de possuir muitas cadeias hidrocarbônicas capazes de “escorregar” entre elas, não possui a parte polar que é responsável pela adsorção na superfície metálica. À medida em que o fluido (suspensão aquosa do aditivo) se move entre as partes metálicas, ele é arrastado e substituído por moléculas de água que aumentam o coeficiente de atrito. O resultado de CA medido é um resultado médio. As suspensões aquosas de óleo de soja transmetilado apresentaram CA melhor (0,11) que a solução aquosa do óleo parafínico (0,15). O óleo de soja transmetilado é uma mistura de ésteres metílicos de ácidos graxos de comprimentos de cadeia variados, logo, possui tanto a cadeia hidrocarbônica quanto a cadeia polar. Este resultado é comparável com aqueles obtidos para as soluções ou suspensões dos ésteres sintetizados. Este pode ser um resultado esperado considerando que os grupos polares são os mesmos, isto é, grupos ésteres. V.3.3.6- Avaliação das medidas de coeficiente de atrito As medidas de coeficiente de atrito das soluções ou suspensões aquosas dos aditivos são influenciadas pela estrutura molecular destes aditivos. Comprovou-se que a presença da cadeia apolar na molécula do aditivo diminui o coeficiente atrito, aumentando assim a lubricidade. O aumento desta cadeia de quatro para oito átomos de carbono também diminui o coeficiente de atrito, entretanto este efeito não foi observado para cadeias maiores. A presença de insaturação na cadeia apolar não influenciou no coeficiente de atrito. Por último, a presença de determinadas substâncias nestes aditivos pode influenciar negativamente, ou seja, pode aumentar o coeficiente de atrito da água. Não se observou uma resposta consistente em relação ao papel da solubilidade do aditivo em água, tendo em vista que tanto os aditivos solúveis a 2% quanto os insolúveis foram capazes de reduzir o coeficiente de atrito da água para um mesmo patamar, ressaltando que a forma de dispersão em água foi um fator importante para os aditivos insolúveis. Não se observou diferença de comportamento de lubricidade dentre os compostos da série de diésteres de PEG e ésteres de MPEG quanto à presença da hidroxila terminal, como, também, só se pode afirmar que a contribuição dada pelos grupos éteres foi a de tornar os aditivos mais solúveis em água. No caso dos derivados de NPG nada se pode afirmar quanto à importância da presença de hidroxilas. Pode-se, então, concluir que todos os ésteres estudados foram capazes de diminuir o coeficiente de atrito da água, sendo mais expressivos os seguintes ésteres: sebacato de MPEG 550, octanoato de NPG, monolaurato de NPG, palmitato de PER, estearato de PER e oleato de glicerol. V.4- Determinação do Calor de adsorção (Variação de Entalpia) O ensaio de adsorção fornece o calor gerado durante a adsorção de um aditivo em um adsorvente. Adicionou-se a solução aquosa do aditivo em água e posteriormente adicionou-se o adsorvente (no caso da argila). É um equilíbrio termodinâmico entre o calor de adsorção e o calor gerado durante a solvatação das moléculas do aditivo pelas moléculas da água (calor de diluição). Ou seja, a água compete com as moléculas do aditivo pelos sítios ativos do adsorvente. Logo, o calor medido é o calor gerado pela adsorção tanto das moléculas do aditivo quanto das moléculas da água na superfície em estudo. Descontar o calor gerado durante o ensaio de adsorção de somente água não é o mais correto porque ignora a competição. As medidas de calor de adsorção foram realizadas com o objetivo de se buscar uma correlação entre calor de adsorção e coeficiente de atrito. Esperar-se-ia que o coeficiente de atrito diminuísse com o aumento do calor de adsorção. Isto é, esperava-se poder correlacionar a capacidade lubrificante diretamente com a intensidade da adsorção à superfície a ser lubrificada (Zhou, 2000). As superfícies estudadas como adsorventes foram a argila, o aço inox e o óxido de ferro III. V.4.1- Determinação do Calor de adsorção em argila Foram determinados os calores de adsorção em argila dos PEG’s 400, 1500, 4000 e 6000, e dos DIOLPEG’s 400, 1500, 4000, 6000 e 8000. Inicialmente, determinou-se o valor do calor de dispersão da argila em água que foi de 0,0500 + 0,0004 kJ. A curva calorimétrica do PEG 400 apresentou dois picos, conforme mostra o gráfico da Figura V.33. O primeiro pico (1) foi relativo à adição da solução aquosa de PEG à água que já estava no reator, portanto, correspondeu ao calor de diluição do aditivo; o segundo pico (2) foi relativo à etapa de adição da argila, portanto, correspondeu ao calor de adsorção do sistema água:aditivo à argila. Figura V.33 - Curva calorimétrica do PEG 400 Este calor é chamado de calor de adsorção, ou de Variação de Entalpia (H), já que não há variação de pressão (P = 0). Este valor e os dos demais PEGs estão apresentados na tabela V.20. Os demais PEGs apresentaram comportamentos semelhantes. Os experimentos com os dioleatos de PEG foram conduzidos do mesmo modo. A curva calorimétrica do Dioleato de PEG 400 apresentou dois picos, conforme mostra o gráfico da Figura V.34. Figura V.34- Curva calorimétrica do Dioleato de PEG 400 O pico 1 (cor violeta) se refere ao calor liberado durante a adição da solução 2% do dioleato de PEG 400 à água contida no reator, ou seja, o calor de diluição do dioleato de PEG 400. O pico 2 (cor violeta) se refere ao calor liberado durante a adsorção do dioleato de PEG 400 na argila, ou seja, à variação de entalpia do dioleato de PEG 400. Este valor está apresentado na Tabela V.21 juntamente com os resultados das medidas realizadas com os demais dioleatos de PEG. Tabela V.21- Variações de Entalpia de soluções aquosas a 2% dos aditivos em argila Aditivo HF (kJ) H (kJ/g) H (kJ/mol) x 100 PEG 400 0,20 + 0,05 10,00 40,00 PEG 1500 0,23 + 0,02 11,50 172,50 PEG 4000 0,19 + 0,04 9,50 380,00 PEG 6000 0,15 + 0,002 7,50 450,00 DIOLPEG 400 0,190 + 0,002 9,50 88,25 DIOLPEG 1500 0,320 + 0,002 16,00 324,63 DIOLPEG 4000 0,25 + 0,01 12,50 566,12 DIOLPEG 6000 0,210 + 0,002 10,50 685,54 DIOLPEG 8000 0,200 + 0,002 10,00 852,89 Os valores de HF (tabela V.20) são os calores de adsorção após descontar o calor de dispersão da argila em água (Qarg) dos calores de adsorção lidos para cada aditivo (Qads), isto é: HF = Qads - Qarg (Equação 1) Estes valores são muito próximos quando se comparam as famílias dos PEG’s e dos DIOLPEG’s, e se aproximam ainda mais quando se considera o erro de cada medida. Os valores obtidos foram divididos pela massa do respectivo aditivo, obtendose H em kJ/g. Analisando estes valores na tabela V20, observa-se que a medida que o peso molecular do polímero - hidrofobizado ou não hidrofobizado- cresceu, o calor de adsorção por unidade de massa diminuiu. A exceção ficou por conta do PEG 1500 e do DIOLPEG 1500. Poder-se-ia atribuir esta discrepância, no caso do DIOLPEG 1500, à presença de impurezas, mas esta não seria a explicação para o PEG 1500. Portanto, este pode ser um resultado inerente ao tamanho da cadeia molecular polimérica. Explica-se o comportamento dos aditivos de maior peso molecular pelo fato de moléculas maiores (maior número de monômeros) entrarem com mais dificuldade nas entrecamadas da argila. A quarta coluna mostra os calores de adsorção por mol de aditivo. Analisando estes valores observa-se que quando há a hidrofobização do PEG, há um aumento no calor de adsorção molar. Este aumento pode ser atribuído a contribuição do grupo éster à adsorção da molécula à superfície da argila. Quando analisamos os calores por mol, observa-se que os valores de calor de adsorção aumentam à medida que o peso molecular aumenta, tanto no caso do PEG quanto no do DIOLPEG. Este aumento não é linear, nota-se um grande efeito ao se passar do PEG de peso molecular 400 para 1500, que vai diminuindo de intensidade a medida que a cadeia molecular vai crescendo. As variações de entalpia de soluções aquosas a 2% dos PEG mono metoxilados de diferentes pesos moleculares (MPEG) e do Oleato de MPEG 750 em argila estão listadas na Tabela V.22. Tabela V.22 - Variações de Entalpia de soluções aquosas a 2% do MPEG de diferentes pesos moleculares e do Oleato de MPEG 750 em argila Aditivo HF (kJ) H (kJ/g) x 100* H (kJ/mol) MPEG 460 0,19 9,50 43,70 MPEG 750 0,26 13,00 97,5 MPEG 2000 0,20 10,00 200,00 MPEG 5000 0,23 11,50 575,00 Oleato de MPEG 750 0,25 12,50 126,81 * - H sem descontar a massa da cadeia ácida dos ésteres Os valores de HF registrados na tabela V.21 são os calores de adsorção após se descontar o valor do calor de dispersão da argila em água (equação 1). Estes valores apresentam-se muito próximos. Os valores de H/g de aditivo mostram que a medida em que o peso molecular do polímero mono metoxilado aumentou acima de 750, o calor de adsorção tendeu a diminuir, mas, novamente, mostrando uma diferença de comportamento quando o peso molecular do PEG passa de 400 para 750. A quarta coluna mostra os calores de adsorção por mol de aditivo. Analisando estes valores observa-se que os valores de calor de adsorção/ mol aumentam à medida que o peso molecular do MPEG aumenta. A hidrofobização do MPEG750 resultou num aumento no calor de adsorção/mol. Este aumento pode ser atribuído à contribuição do grupo éster na adsorção da molécula à superfície da argila. V.4.2- Determinação do Calor de adsorção em aço inox Foram determinados os calores de adsorção em aço inox dos aditivos: PEG 400, PEG 6000, DIOLPEG 4000, DIOLPEG 6000 e DEP 2000. As medidas de variação de entalpia de soluções aquosas a 2% dos aditivos em aço estão apresentadas na Tabela V.23 (O DEP 2000 tem 1% de solubilidade em água). Os valores de entalpia HF correspondem aos valores obtidos pela equação 1. O valor da adsorção de água em aço foi de 0,115 kJ. Tabela V.23 - Variações de Entalpia de soluções aquosas a 2% dos aditivos em aço Aditivo H (kJ) HF (kJ) PEG 400 0,132 0,017 PEG 6000 0,122 0,007 DIOLPEG 4000 0,055 -0,060 DIOLPEG 6000 -0,086 -0,201 DEP 2000 0,133 0,018 Analisando os valores de calor de adsorção das soluções aquosas observa-se que estes foram inferiores aos valores obtidos nas determinações com argila, enquanto que o valor do calor de adsorção da água em aço foi bem maior que o valor do calor de adsorção à argila. Ao realizar o experimento contendo apenas água e aço (ensaio em branco) obteve-se um valor igual a 0,115 kJ, que ao ser descontado dos valores de calor de adsorção lidos com aditivo resultou em valores ainda menores (próximos de zero), passando de processos endotérmicos para exotérmicos. Praticamente não houve adsorção, o que, certamente, foi uma conseqüência da pequena área específica do aço utilizado (0,0338 + 0,0042 m2/g). Uma outra amostra de aço de maior área específica foi utilizada nos ensaios de adsorção mas, ainda assim , os valores obtidos foram muito pequenos. Optou-se, então, por utilizar o óxido férrico, com área específica de 9,8000 m2/g (tabela IV.3). Esta tem sido a opção encontrada por muitos pesquisadores para fazer medidas de calor de adsorção simulando a adsorção em aço. O óxido férrico se justifica pois a adsorção no aço é feita pelos átomos de ferro que estão na superfície do mesmo (Wilson,1952). A adsorção de um substrato ao óxido férrico ocorre do mesmo modo: entre os átomos de ferro livres da superfície do óxido e os grupamentos polares dos aditivos. V.4.3- Determinação do Calor de adsorção em óxido férrico Nestes experimentos, o óxido de ferro foi adicionado à solução aquosa do aditivo contida no reator, não havendo a primeira etapa de adição da solução aquosa do aditivo em água. Por isto, há apenas um evento como pode ser observado na figura V.36. Ainda, assim, ocorre a competição das moléculas do aditivo com as da água pela superfície, mas o valor registrado é o valor resultante desta competição. A curva calorimétrica do DIOLPEG 4000 apresentou 1 pico, conforme mostra o gráfico da Figura V.35. Este pico (cor violeta) se refere ao calor gerado durante a adsorção do DIOLPEG 4000 no óxido férrico e, o valor deste calor foi igual a 0,42 kJ. Figura V.35 – Curva calorimétrica do DIOLPEG 4000 Apesar de terem sido obtidos valores de calor de adsorção em óxido férrico bem mais altos que aqueles obtidos em aço, tivemos problemas para limpar o reator. O óxido de ferro grudou nas paredes do reator e, mesmo lavando-o com água quente ou com ácido fosfórico, sob agitação forte, restos de óxido permaneceram aderidos afetando o experimento seguinte. Isto acarretava uma crescente diminuição da área do reator utilizada para a troca de calor, portanto, tirando a confiabilidade dos resultados obtidos. Além deste problema de limpeza do reator, o tempo envolvido em cada análise foi muito grande, cerca de 4 - 5 horas. Este problema experimental impossibilitou a execução de um maior número de análises. Uma opção para medir a entalpia de adsorção seria utilizar um microcalorímetro. O microcalorímetro é um equipamento mais sensível e a massa de solução utilizada é bem menor que a utilizada no reator calorimétrico de 2 L. Uma outra maneira de se obter informações sobre a adsorção das substâncias orgânicas sobre superfícies inorgânicas seria pela análise termogravimétrica. Nesta análise, a matéria orgânica adsorvida é degradada pelo aquecimento enquanto a matéria inorganica permanece, as perdas de massa são quantificadas. Mas, novamente, nos deparamos com um problema experimental. O óxido férrico reage com a platina das panelinhas do analisador, impossibilitando sua utilização e, portanto, impedindo o uso desta técnica. Utilizou-se, então, para a determinação do teor de composto orgânico adsorvido, um analisador de carbono, hidrogênio e nitrogênio (CHN), respeitando as mesmas proporções utilizadas no reator calorimétrico (RC1). Esta análise, chamada de análise de carbono total, quantifica a massa de um aditivo adsorvida em determinado adsorvente através da determinação quantitativa de carbono, hidrogênio e nitrogênio (neste caso, não há nitrogênio). Esta análise é descrita a seguir. V.5 - Análise de Carbono Total Foi determinado o comportamento de adsorção de soluções em hexano de mono e dilaurato de NPG pela análise de teor de carbono (CHN). O tempo de adsorção foi de 15 minutos a temperatura de 30ºC e o adsorvente utilizado foi o óxido de ferro. O gráfico da Figura V.36 mostrou comportamento semelhante para dilaurato de NPG (M:D = 0:100) e mistura de mono e dilaurato de NPG (M:D = 57:36). O coeficiente de atrito destes dois produtos foi de 0,10 e 0,15, respectivamente. Não foi possível correlacionar estes resultados. 20 18 16 14 %C 12 10 M:D = 0:100 M:D = 57:36 8 6 4 2 0 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 g de aditivo /g de óxido de ferro Figura V.36 – Teor de carbono das adsorções obtidas com as soluções de dilaurato de NPG (M:D = 0:100) e da mistura de mono e dilaurato de NPG (M:D = 57:36) em óxido de ferro As análises feitas utilizando o aço inox como adsorvente foram omitidas pois os valores dos teores de carbono obtidos foram pequenos. Isto porque a área específica do aço é muito pequena. V.6 – Formulação de Fluidos Os aditivos escolhidos para serem usados nas formulações foram aqueles que apresentaram os valores mais baixos de coeficiente de atrito. Foram os seguintes: sebacato de MPEG 550, monolaurato de NPG (6S), palmitato de PER e diestearato de PEG 6000 (DEP 6000). O sebacato de MPEG 550 é solúvel em água a 2%. O DEP 6000 é solúvel em água a 1%. Os demais são insolúveis em água, ressaltando que o monolaurato de NPG(6S) é um óleo. A formulação consistiu em misturar 350 mL de solução aquosa a 2% p/v do aditivo e os demais componentes da formulação conforme mostrado na tabela IV.10 e em seguida envelhecer o fluido formulado por 16 horas a 65,55ºC. A mistura assim tratada foi submetida a vários ensaios físico-químicos importantes para caracterizar seu desempenho como fluido de perfuração. Os resultados destes ensaios estão descritos a seguir. V.6.1 – Ensaio de Rolamento Após o envelhecimento do fluido formulado (16 h à 65,55ºC) foram determinados os percentuais de massas recuperadas: isto é, o percentual de massa de argila cujos tamanhos de partícula está na malha 30 e na malha 8. As massas de argila dos fluidos recuperadas nas malhas 30 e 8 estão apresentadas nos gráficos das Figuras V.37 e V.38. Massa recuperada (%) Inibição de folhelho Malha 30 102 97 92 87 82 Sebacato de Laurato de Palmitato de Diestearato MPEG 550 NPG (6S) PER de PEG 6000 Aditivos (2%) Figura V.37- Massas de argila dos fluidos recuperadas na malha 30 Branco Massa recuperada (%) Inibição de folhelho Malha 8 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Sebacato de MPEG 550 Laurato de NPG (6S) Palmitato de Diestearato PER de PEG 6000 Branco Aditivos (2%) Figura V.38- Massas recuperadas de argila dos fluidos na malha 8 Analisando os resultados observa-se que os aditivos utilizados aumentaram a massa recuperada de argila, tanto na malha 30 quanto na malha 8, quando a comparamos com o ensaio em branco. A massa de argila recuperada se refere à massa de argila que não foi incorporada ao fluido, ou seja, reflete a capacidade de inibição da entrada de fluido no folhelho. É importante ressaltar que o maior efeito foi observado com o palmitato de PER e o diestearato de PEG 6000, enquanto que o fluido formulado com o laurato de NPG apresentou um comportamento comparável ao do fluido do ensaio em branco. V.6.2 – Ensaio de Reologia As propriedades reológicas dos fluidos estão apresentadas nos gráficos das Figuras V.39, V.40, V.41 e V.42. 16 GI (Lbf/100ft2) 14 Faixa desejável 12 10 8 6 4 2 0 Sebacato de MPEG 550 Laurato de NPG (6S) Palmitato de Diestearato PER de PEG 6000 Branco Aditivos (2%) Figura V.39 – Valores de Gel Inicial dos fluidos Analisando os valores de gel inicial dos fluidos formulados observa-se que o laurato de NPG (5S) possui um valor abaixo do ensaio em branco e da faixa de valor de gel inicial desejável (10-15 Lbf/100ft2). A faixa de valor desejável para cada parâmetro investigado é estabelecido pelas normas do American Petroleum Institute (API). O parâmetro gel inicial avalia o comportamento deformacional do fluido logo após um alto cisalhamento. Logo, este aditivo não seria um bom aditivo a ser utilizado na formulação de fluidos de base aquosa. Os melhores efeitos foram observados com o Palmitato de PER e com o Diestearato de PEG 6000. GF (Lbf/100ft2) 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Faixa desejável Sebacato de Laurato de Palmitato de Diestearato MPEG 550 NPG (6S) PER de PEG 6000 Branco Aditivos (2%) Figura V.40 – Valores de Gel Final dos fluidos O Gel final é um parâmetro reológico que avalia o comportamento deformacional do fluido após um certo tempo (10 minutos) em alto cisalhamento. Analisando os valores desta propriedade nos fluidos formulados observa-se que apenas o Palmitato de PER e o Diestearato de PEG 6000 apresentaram valores dentro da faixa de gel final desejável (15-20 Lbf/100ft2). O sebacato de MPEG apresentou valor acima do apresentando pelo ensaio em branco, mas abaixo do valor desejável de 15-20 Lbf/100ft2. 35 30 VA (CP) 25 Faixa desejável 20 15 10 5 0 Sebacato de Laurato de Palmitato de Diestearato MPEG 550 NPG (6S) PER de PEG 6000 Branco Aditivos (2%) Figura V.41 – Valores de Viscosidade Aparente dos fluidos (VA) formulados com diferentes aditivos Analisando os valores de viscosidade aparente observa-se que todas as formulações, exceto aquela contendo o laurato de NPG (6S), apresentaram valores melhores que os do ensaio em branco sendo que o palmitato de PER e o diestearato apresentaram faixa de viscosidade aparente acima do desejável (15-25 CP). VP (CP) 20 18 Valor desejável 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Sebacato de Laurato de Palmitato de Diestearato MPEG 550 NPG (6S) PER de PEG 6000 Branco Aditivos (2%) Figura V.42 – Valores de Viscosidade Plástica dos fluidos A Viscosidade Plástica é um parâmetro reológico que avalia o comportamento deformacional do fluido em faixa de cisalhamento intermediária. Analisando os valores desta propriedade nos fluidos observa-se que todos os fluidos, exceto aquele contendo o laurato de NPG (6S), apresentaram valores superiores ao do ensaio em branco, entretanto nenhum dos fluidos assim formulados alcançou a faixa de viscosidade plástica desejável (20-30 CP). Contudo, os aditivos investigados, com exceção do laurato de NPG (5S), podem ser utilizados como agentes viscosificantes. V.6.3 – Ensaio de Filtração à Baixa Temperatura e Baixa Pressão (BTBP) Os volumes de filtrado dos fluidos estão apresentados no gráfico da Figura V.43. Volume de filtrado (mL) 5 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 Valor desejável Sebacato de Laurato de Palmitato de Diestearato MPEG 550 NPG (6S) PER de PEG 6000 Branco Aditivos (2%) Figura V.43 – Volumes de Filtrado dos fluidos Analisando os volumes de filtrado dos fluidos observa-se que todos os volumes foram menores que o do ensaio em branco e bem inferiores a faixa de volume de filtrado desejável (até 5-10 mL). Os aditivos que atuaram como melhores redutores de filtrado foram o palmitato de PER e o diestearato de PEG 6000. Estes resultados significam que os aditivos sendo desenvolvidos como lubrificantes, não interferiram negativamente nas preparações dos fluidos já otimizados com outros aditivos, podendo até serem empregados como auxiliares para melhorar algumas propriedades. V.6.4 – Ensaio de Lubricidade Os coeficientes de atrito dos fluidos estão apresentados no gráfico da Figura V.44. Coeficiente de Atrito 0,3 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0 Sebacato de MPEG 550 Laurato de NPG (6S) Palmitato de Diestearato PER de PEG 6000 Branco Aditivos (2%) Figura V.44 – Coeficientes de atrito dos fluidos Analisando os coeficientes de atrito dos fluidos formulados com os aditivos lubrificantes observa-se que todos estes fluidos apresentaram menor coeficiente de atrito do que o fluido sem o aditivo, exceto o palmitato de PER, que apresentou um coeficiente de atrito igual ao do branco (0,26). O maior efeito foi observado pelo laurato de NPG (6S) que apresentou um coeficiente de atrito igual a 0,15 valor praticamente igual ao que tem sido obtido com os fluidos padrões de base aquosa. O valor do coeficiente de atrito deste fluido padrão que nos foi informado pelo setor de fluidos de perfuração do CENPES é de 0,16. Estes aditivos, com exceção do monolaurato de NPG, são substâncias sólidas insolúveis em água. Este fator pode ter influenciado o desempenho da formulação no ensaio de lubricidade. Dentre estes aditivos estão dois sólidos e dois líquidos, sendo que dentre os dois sólidos, um foi solúvel em água e o outro não foi, como, também, um dos líquidos não foi.solúvel em água. O melhor valor foi obtido com o líquido insolúvel, seguido do sólido solúvel. Isto nos leva a deduzir que a solubilidade não é fator determinante da capacidade lubrificante do aditivo na formulação, mas que a forma líquida pode ser um fator importante para o bom desempenho do aditivo na formulação. O sebacato de MPEG 550 apresentou um comportamento médio sem deteriorar as propriedades do fluido formulado. Recomenda-se que esta estrutura de diácido seja explorada, como, por exemplo, preparar e ensaiar ésteres derivados de ácidos de 12 a 14 átomos de carbono e de MPEG´s de cadeia mais longa. Capítulo VI Conclusões As conclusões obtidas deste trabalho foram as seguintes: 1- Mostrou-se que há uma boa concordância entre a determinação quantitativa da composição dos produtos efetuada por ressonância magnética nuclear de 13C e a efetuada por cromatografia por exclusão por tamanho. 2- Todos os ésteres sintetizados foram aditivos lubrificantes efetivos em sistemas aquosos, sendo mais expressivos os seguintes ésteres: sebacato de MPEG 550, octanoato de NPG, monolaurato de NPG, palmitato de PER, estearato de PER e mono-oleato de glicerila. 3- O aumento do número de grupos éteres não foi um fator determinante na melhoria da capacidade lubrificante do aditivo em água como foi a introdução de um grupamento éster. 4- O aumento da cadeia hidrocarbônica de quatro para oito átomos de carbono na estrutura do diácido diminuiu o coeficiente de atrito, entretanto este efeito não foi observado para cadeias maiores que 12 átomos nos demais aditivos. 5- A presença de insaturação na cadeia hidrocarbônica do aditivo não influenciou o coeficiente de atrito. 6- A pureza dos ésteres estudados é essencial, pois a presença de PEG’s e NPG nestes aditivos pode influenciar negativamente, ou seja, pode aumentar o coeficiente de atrito da água. 7- Em relação a solubilidade dos aditivos em água, não se obteve uma resposta consistente já que foram encontrados tanto aditivos solúveis quanto insolúveis capazes de reduzir o coeficiente de atrito da água para um mesmo patamar, ressaltando que a capacidade de se dispersar em água foi um fator importante para os aditivos insolúveis. 8- O bom desempenho como lubrificante, nas condições experimentais ensaiadas, pode estar relacionada com a capacidade da molécula do lubrificante de formar um filme recobrindo a superfície a ser lubrificada, tanto por aderência via interações polares quanto por uma deposição por não ter afinidade com o meio aquoso. 9- Devido às diferenças de solubilidade em água apresentadas pelos aditivos investigados e às grandes diferenças entre as suas estruturas introduzindo outros fatores de influência não abordados neste trabalho, não foi possível estabelecer uma estrutura preponderantemente favorável a melhoria da lubricidade. No entanto é possível sugerir que a estrutura de um diácido de MPEG tem potencial como um aditivo lubrificante. 10- Os experimentos de determinação do calor de adsorção no aço e no óxido de ferro mostraram a dificuldade desta determinação na presença de água devido a grande afinidade desta por aquelas superfícies resultando numa razoável competição com as moléculas do aditivo. 11- Todos os aditivos utilizados nas formulações dos fluidos podem ser usados como inibidores de folhelho e como redutores de filtrado, ressaltando que o maior efeito nos dois experimentos foi observado com o palmitato de PER e o diestearato de PEG 6000. 12- Em relação as propriedades reológicas, todos os aditidos investigados, com exceção do laurato de NPG (6S), podem ser utilizados como agentes viscosificantes. 13- Os aditivos desenvolvidos como lubrificantes não interferiram negativamente nas preparações dos fluidos já otimizados com outros aditivos, podendo até serem empregados como auxiliares para melhorar algumas propriedades ou mesmo substitutos destes aditivos. 14- Em relação a propriedade de lubricidade, todos os aditvos, com exceção do palmitato de PER, apresentaram menor coeficiente de atrito do que o fluido sem o aditivo. O maior efeito foi observado pelo laurato de NPG (6S) que apresentou um coeficiente de atrito igual a 0,15 valor praticamente igual ao que tem sido obtido com os fluidos padrões de base aquosa (0,16). Capítulo VII Sugestão de trabalhos futuros Os resultados apresentados neste trabalho demonstram que os aditivos desenvolvidos foram capazes de lubrificar a superfície metálica do aparelho utilizado em meio aquoso, sendo que alguns ésteres sintetizados foram mais efetivos que outros. Sendo assim sugerem-se como trabalhos futuros: • Preparar e ensaiar ésteres derivados de diácidos de 12 a 14 átomos de carbono e de MPEG´s de cadeia mais longa; • Avaliar a capacidade lubrificante de outras funções orgânicas, como os álcoois, as amidas e as aminas; • Medir o coeficiente de atrito de soluções aquosas dos aditivos em rocha e posteriormente tentar correlacionar estas medidas com as medidas de calor de adsorção feitas em argila; • Avaliar a possibilidade de se empregar o microcalorímetro de fluxo como instrumento para medir o calor de adsorção de soluções aquosas dos aditivos em óxido de ferro; • Empregar a análise de carbono total para determinar a massa adsorvida dos demais aditivos sintetizados em óxido de ferro e, posteriormente, desenvolver um modelo de isoterma que descreva o processo de adsorção observado; • Otimizar as quantidades empregadas dos demais aditivos nas formulações tendo em vista que todos os ésteres investigados tiveram desempenhos excelentes nas formulações. Capítulo VIII Referências Bibliográficas BLELER, R., LEUTERMAN, A., STARK, C., Drilling Fluids: Making Peace with the Environment, JPT, vol. 45 (1), p. 6-10, 1993. BUKE, C., VEIL, J., Synthetic-based drilling fluids have many environmental pluses, Oil &Gas Journal, vol. 93 (48), p. 59-64, 1995. BOWDEN, F. P. & TABOR, D., The friction and lubrication of solids, Part II, Oxford University Press, 1964. CAENN, R.; CHILLINGAR, G. V., Drilling fluids: State of the art, Journal of Petroleum Science and Engineering, vol. 14, p. 221-230, 1996. CAO, Y., YU, L. & LIU, W., Study of the tribological behavior of sulfurized fatty acids as additives in rapeseed oil, Wear, vol. 244, p. 126-131, 2000. CARRETEIRO, R. P. & MOURA, C. R. S., Lubrificantes e lubrificação, 2ª Edição, Editora Técnica Ltda., Rio de Janeiro, 1987. CHILINGARIAN, G. V. & VORABUTR, P., Drilling and drilling fluids, Developments in Petroleum Science 11, Elsevier Science Publishing Company, 1981. CORRÊA, O. L. 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Capítulo IX Anexos 3.63 1.0 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.89 0.86 0.83 1.28 1.25 2.35 2.31 2.27 2.01 1.98 0.1 4.23 4.21 4.18 5.33 5.30 0.2 0.0 8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 Figura IX.1 - Espectro de RMN de 1H do Dioleato de PEG 1500 Figura IX.2 – Cromatograma por GPC do PEG 400 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 Figura IX.3 – Cromatograma por GPC do Ácido Sebácico Figura IX.4 – Cromatograma por GPC do MPEG 550 Figura IX.5 – Cromatograma por GPC do Dioleato de PEG 400 Figura IX.6 – Cromatograma por GPCdo Dioleato de PEG 4000 70 1655 60 863 991 1420 30 25 20 951 1044 35 1460 1349 1378 1297 1322 1283 1249 1175 40 3007 %Transmittance 45 724 3512 3458 55 50 578 561 518 65 1736 2925 2855 10 1116 15 5 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 Wavenumbers (cm-1) Figura IX.7 - Espectro de IV do Dioleato de PEG 400 1734 55 1146 35 2883 30 1114 25 20 4000 1061 40 843 951 45 1238 1347 50 1467 1360 1343 1280 %Transmittance 403 1413 3260 2697 60 3461 65 1965 722 70 3500 3000 2500 2000 Wavenumbers (cm-1) Figura IX.8 - Espectro de IV do Dioleato de PEG 4000 1500 1000 500 Figura IX.9 – Cromatograma por GPC do Ácido oleico Figura IX.10 – Cromatograma por GPC do Estearato de PER (1S)A Figura IX.11 – Cromatograma por GPC do Estearato de PER (1S)B Ésteres de PEG e diácidos Ésteres de MPEG e diácidos 1800 Peso Molecular observado 1700 1600 1500 1400 1300 1200 1100 1000 900 800 700 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 Peso Molecular calculado Figura IX.12 – Correlação entre os pesos moleculares calculados e os observados por GPC de ésteres derivados de diácidos e PEG e de MPEGs Ésteres graxos de NPG • Ésteres graxos de TMP Figura IX.13 – Correlação entre os pesos moleculares calculados e os observados por GPC dos ésteres graxos dos álcoois NPG e TMP