o
anglo
resolve
a prova de
Conhecimentos
Específicos
da UNESP
julho de
2005
É trabalho pioneiro.
Prestação de serviços com tradição de confiabilidade.
Construtivo, procura colaborar com as Bancas Examinadoras em sua tarefa de
não cometer injustiças.
Didático, mais do que um simples gabarito, auxilia o estudante no processo
de aprendizagem, graças a seu formato: reprodução de cada questão, seguida
da resolução elaborada pelos professores do Anglo.
No final, um comentário sobre as disciplinas.
A Universidade Estadual Paulista — Unesp — tem unidades instaladas em
várias regiões do Estado de São Paulo, realizando exames, no mês de julho,
exclusivamente para os cursos das seguintes cidades: Assis, Bauru, Botucatu,
Dracena, Ilha Solteira, Itapeva, Jaboticabal, Ourinhos, Registro, Rosana,
Sorocaba e Tupã.
Seu vestibular, feito pela Fundação Vunesp, tem uma única fase, constituída
de provas com até 4 horas de duração, que se realizam em 3 dias consecutivos, valendo 100 pontos cada uma.
1º dia: Prova de Conhecimentos Gerais (peso 1), comum para todas as áreas,
com 84 testes de múltipla escolha divididos igualmente entre Matemática,
Física, Química, Biologia, Geografia, História e Língua Estrangeira (Inglês ou
Francês, conforme opção).
2º dia: Prova de Conhecimentos Específicos (peso 2), com 25 questões discursivas.
As disciplinas que compõem essa prova variam conforme a área pela qual o
candidato optou:
Área de Ciências Biológicas — Biologia (10 questões), Química (6 questões),
Física (5 questões) e Matemática (4 questões).
Área de Ciências Exatas — Matemática (10 questões), Física (9 questões) e
Química (6 questões).
Área de Humanidades — História (10 questões), Geografia (9 questões) e
Língua Portuguesa (6 questões).
3º dia: Prova de Língua Portuguesa (peso 2), comum para todas as áreas,
constando de 10 questões discursivas e uma redação dissertativa.
A nota final é a média ponderada das provas.
Observação: A Unesp utiliza a nota dos testes do ENEM, aplicando-a segundo
esta fórmula:
4 × CG + 1E
, em que CG é a nota da prova de Conhecimentos
5
Gerais e E é a nota do ENEM. O resultado só será levado em conta se favorecer
o candidato.
Código: 83571205
ÁREA DE CI ÊN CIAS B OL ÓG ICAS
I
▼
BI OLO GI A
Questão 1
Entre 1991 e 1993, realizou-se uma ousada experiência científica: 8 pesquisadores isolaram-se em uma estufa
de 17 000 m2, erguida no deserto do Arizona (EUA), na qual foram recriados vários ecossistemas naturais. Todo
o conjunto foi isolado do mundo exterior. O objetivo do projeto, batizado de Biosfera 2, em referência à biosfera original, era provar que esse ambiente poderia ser auto-suficiente, produzindo seu próprio ar, água
potável e alimento. A experiência começou a fracassar quando o evento climático El Niño provocou o bloqueio
parcial dos raios solares, causando um efeito cascata na cadeia produtiva da estufa.
a) Qual é a biosfera original que o Projeto Biosfera 2 tentou recriar? Em ecologia, o que significa o termo biosfera?
b) Explique por que a redução na incidência de raios solares interferiu na cadeia produtiva da estufa.
Resolução
▼
a) A biosfera original é a do planeta Terra. Biosfera é a reunião de todos os ecossistemas do planeta.
b) A redução da incidência dos raios solares diminuiu a taxa de fotossíntese das plantas, fazendo que a sua produtividade diminuísse, o que prejudicou toda a cadeia produtiva da estufa.
Questão 2
Desde fevereiro último, encontra-se em vigor o Tratado de Kyoto, um acordo pelo qual os 141 países signatários se comprometem a diminuir a emissão de gases poluentes na atmosfera e, indiretamente, deter o processo de aquecimento global.
a) Dentre os gases liberados na atmosfera, qual deles, em razão da quantidade liberada, mais contribui para
o aquecimento global? De que modo esse gás contribui para o aumento da temperatura média na Terra?
b) Cite duas possíveis conseqüências ambientais decorrentes do aquecimento global.
Resolução
▼
a) O gás carbônico. Acumulando-se na atmosfera, esse gás retém o calor gerado pela luz do Sol, provocando
o aquecimento global.
b) Derretimento de geleiras — com conseqüente elevação do nível dos oceanos — e alterações climáticas.
Questão 3
Ao longo dos meses de fevereiro e março de 2005, a doença de Chagas voltou a ser destaque nos meios de comunicação, agora em razão da forma inusitada pela qual foi adquirida: mais de 30 pessoas apresentaram a forma
aguda da doença, todas elas contaminadas depois de terem bebido caldo-de-cana (garapa) em quiosques do
litoral norte de Santa Catarina. Embora este novo surto da doença tenha merecido destaque nos noticiários, cerca
de 6 milhões de brasileiros possuem a doença de Chagas adquirida na sua forma convencional de contágio.
a) Normalmente, como se adquire a doença de Chagas? Explique o modo pelo qual o caldo-de-cana pode ter
sido o veículo do agente transmissor da doença.
b) Produtos obtidos desse caldo-de-cana, tais como melado e rapadura, poderiam veicular os agentes transmissores da doença? Justifique.
Resolução
a) Usualmente, fezes do barbeiro, contendo o protozoário Trypanosoma cruzi, infectam lesões provocadas
pela picada , ou mucosas (como, por exemplo, a do globo ocular). A cana poderia estar contaminada com
fezes dos barbeiros, ou esses insetos foram moídos junto com a cana.
b) Não. Para a obtenção de melado ou rapadura, o caldo-de-cana deve ser fervido para a evaporação da água;
a fervura prolongada mata o agente causador da doença.
UNESP/2005
2
ANGLO VESTIBULARES
▼
Questão 4
No Instituto Butantan, o veneno de serpentes é injetado em cavalos, dos quais será retirado certo volume de
sangue que será processado em laboratório para a produção de soro antiofídico.
a) Que elemento será produzido pelo organismo do cavalo e que irá se constituir na matéria-prima do soro
antiofídico? Esse elemento presente no sangue do cavalo é um carboidrato, lipídio, proteína ou ácido nucléico?
b) O soro antiofídico produzido a partir do sangue de um cavalo no qual foi injetado veneno de jararaca
(Bothrops jararaca) poderá proteger do veneno de qualquer outra espécie de serpente? Justifique.
Resolução
▼
a) O cavalo produzirá anticorpos, que constituirão a matéria-prima do soro antiofídico. Os anticorpos são proteínas.
b) Não. Os anticorpos são específicos contra um determinado antígeno (veneno).
Questão 5
Em 16.02.2005, o time do Santos estreou na Copa Libertadores da América, jogando contra a equipe do
Bolívar, da Bolívia. Segundo alguns comentaristas esportivos, embora o Bolívar não contasse com um grande
time, tinha a vantagem de jogar em La Paz. A expectativa dos comentaristas era com relação ao desempenho
físico dos jogadores do Santos.
a) Considerando o local do jogo, justifique por que seria de se esperar dos jogadores do Santos um desempenho físico inferior àquele que se teria caso o jogo fosse realizado no Estádio de Vila Belmiro, no litoral
paulista.
b) Suponha que os jogadores do Santos tivessem tido a oportunidade de chegar à La Paz dois meses antes do
jogo, lá permanecendo para treinamento. Se fosse realizado um exame comparativo para verificar o número de hemácias por mL de sangue antes do treinamento e logo após esse período, qual seria o resultado do exame? Justifique.
Resolução
a) Em locais de grande altitude, onde o ar é rarefeito, o número de hemácias dos atletas que vivem ao nível do
mar é insuficiente para transportar a quantidade adequada de oxigênio para o desempenho físico exigido.
▼
b) O exame após dois meses revelaria aumento significativo do número de hemácias. Ocorreu uma adaptação
individual — aumento da produção de glóbulos vermelhos — dos jogadores, em resposta à pouca disponibilidade do oxigênio nesses locais.
Questão 6
A professora desenhou no quadro-negro duas diferentes células: uma célula epitelial do intestino humano e
uma célula vegetal estomática.
a) Cite uma característica da célula epitelial do intestino que, representada no desenho, permitiria seu reconhecimento. Cite uma característica da célula estomática que, representada no desenho, permitiria seu reconhecimento.
b) Para cada uma das células, explique qual a relação existente entre a característica citada e a principal função
da célula no organismo.
Resolução
a) Célula epitelial do intestino delgado: microvilosidades na superfície apical, que é aquela voltada para a luz
intestinal. Célula estomática: reforço celulósico maior na parede celular voltada para o ostíolo.
b) Célula epitelial do intestino delgado: as microvilosidades aumentam a superfície de absorção de nutrientes.
Célula estomática: o reforço da parede permite que ocorra deformação desigual da célula, favorecendo a
abertura ou o fechamento do ostíolo.
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ANGLO VESTIBULARES
▼
Questão 7
Considere as informações seguintes:
I. Em relação aos cromossomos sexuais, as mulheres carregam o par XX e os homens, o par XY. Isso significa que,
em relação aos genes do cromossomo X, a mulher deveria ter muito mais genes trabalhando do que o homem.
Para evitar isso, a natureza criou um mecanismo de compensação: quando o embrião feminino está ainda no
início de seu desenvolvimento, um dos cromossomos do par XX é parcialmente inativado.
II. O daltonismo é uma característica determinada por gene recessivo localizado no cromossomo X. O alelo é
simbolizado por Xd, enquanto que o alelo para visão normal é simbolizado por XD. Pessoas daltônicas não
produzem determinados pigmentos que, nos cones da retina, serão sensíveis a alguns comprimentos de onda
da luz branca.
No heredograma, os quadrados representam homens e os círculos mulheres, símbolos cheios indicam indivíduos portadores de daltonismo.
a) Qual o genótipo do homem e da mulher daltônicos desse heredograma?
b) Considerando as informações I e II, como explicar o fato de a mulher ser daltônica? As filhas dessa mulher
também serão daltônicas?
Resolução
a) O genótipo do homem daltônico é XdY, e o da mulher daltônica é XDXd (já que é filha de um homem normal,
XDY).
b) Se, nas células que originarão a retina dessa mulher, o cromossomo X inativado for o portador do gene D (XD),
a maior parte das células da retina conterá, como cromossomo X ativo, aquele de constituição Xd (fazendo com
que essas células não “reconheçam” certas cores). Se essa mulher, com esse genótipo, casar-se com um homem
daltônico, poderá ter filhas daltônicas ao transmitir a elas seu cromossomo Xd. Se, por outro lado, ela se casar
▼
com um homem normal, suas filhas com genótipo XDXd poderão ser daltônicas se ocorrer com elas o mesmo
que sucedeu com a mãe.
Questão 8
No último verão, uma rede de televisão adotou o seguinte slogan para uma campanha de prevenção do câncer
de pele: Se você quer se dar bem com o sol, faça como o jacaré: saiba a hora de ir para a sombra.
a) Por que o sol, em determinadas horas do dia, pode aumentar o risco de desenvolver câncer de pele? No verão,
em que horários deve-se procurar a sombra?
b) É pelo mesmo motivo (proteção da pele contra o sol) que o jacaré procura a sombra? Justifique.
Resolução
a) Em determinadas horas do dia, a maior quantidade de radiação ultravioleta — causadora de danos no material
genético celular — aumenta o risco de câncer na pele. No verão, deve-se evitar a exposição à luz solar entre as
10 e as 16 horas, em horário normal.
b) Não. A espessa camada de queratina da epiderme do jacaré o protege da radiação solar. No entanto, sendo um animal pecilotermo e, portanto, incapaz de regular a temperatura corporal, busca a sombra, evitando o superaquecimento que o levaria à morte por desnaturação de suas proteínas.
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ANGLO VESTIBULARES
▼
Questão 9
Antes de viajar, os moradores tomaram providências para que a planta do vaso não murchasse por falta de
água: o vaso, com um orifício na base, foi colocado em um recipiente com água, como mostra a figura.
terra
água
Ao retornar da viagem, os moradores verificaram que, embora o recipiente ainda contivesse muita água, a
planta estava murcha. Na floricultura, foram informados pelo profissional que a planta havia entrado em estado
de seca fisiológica.
a) Considerando o ocorrido, o que é seca fisiológica? Explique por que a planta murchou.
b) Em solos pantanosos, as plantas encontram situação semelhante àquela representada no esquema. Que adaptação permite que, nesses solos, as plantas não murchem?
Resolução
▼
a) Seca fisiológica é um estado em que, embora o solo disponha de água, a planta não consegue absorvê-la, por
várias razões. No caso apresentado pela questão, o sistema radicular pode não ter sobrevivido à falta de oxigênio dissolvido na água a qual ocupou os espaços aéreos existentes entre as partículas da terra do vaso.
b) Das adaptações que permitem a sobrevivência de plantas que vivem em pântanos podemos citar:
• raízes respiratórias, a exemplo do que ocorre com árvores do manguezal.
• presença de tecidos especializados (aerênquimas) na retenção de oxigênio.
• absorção ativa de sais pelas células da raiz, o que ocasiona um aumento da absorção de água por osmose,
fenômeno que ocorre em plantas de manguezal.
• raízes adaptadas ao pequeno teor de oxigênio dissolvido na água (metabolismo anaeróbio).
Questão 10
Minha namorada toma pílula e fazemos amor sem camisinha. Só que dá o maior medo de ela engravidar. Num
ciclo regular de 28 dias, quais os dias em que não preciso ter receio?
(Pergunta enviada por um leitor para a coluna do Dr. Jairo Bouer no
Caderno FolhaTeen do jornal Folha de S.Paulo, 24.01.2005.)
a) Além da pílula e da camisinha, cite um outro método contraceptivo reconhecidamente eficaz. Explique como
esse método impede a gravidez.
b) Considerando um ciclo menstrual regular de 28 dias, qual o período em que seria menor a chance de uma
relação resultar em gravidez? Como determinar qual o período fértil da mulher?
Resolução
a) Poderia ser citado um dos seguintes métodos contraceptivos:
• diafragma: adapta-se ao colo uterino, impedindo a passagem dos espermatozóides da vagina para o interior
do útero. Esse método é mais eficaz se associado a geléias espermicidas.
• DIU (dispositivo intrauterino): impede a fixação do embrião no endométrio uterino (é, portanto, um método
abortivo).
b) Quanto mais distantes os dias em relação ao da ovulação (14º dia ± 3 dias), menor será a possibilidade de
gravidez. Considerando que a ovulação ocorra no 14º dia do ciclo, o período fértil inclui esse dia e, aproximadamente, os 3 que o antecedem e os 3 que o sucedem.
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▼
QUÍMICA
Questão 11
Uma amostra de 20,0mL de gás xenônio exerce uma pressão de 0,480atm à temperatura de –15ºC. Determine:
a) o volume que a amostra ocupa a 1,00atm e à temperatura de 298K;
b) a pressão que a amostra exerceria se fosse transferida para um frasco de 12,0mL, após atingido o equilíbrio térmico à temperatura de 20ºC.
Resolução
Xe(g)
a) V1 = 20,0mL
P1 = 0,480 atm
T1 = –15ºC = 258K
V2 = ?
P2 = 1,00 atm
T2 = 298K
P1V1 P2 V2
=
T1
T2
20 mL ⋅ 0, 48 atm 1, 0 atm ⋅ V2
=
258 K
298 K
V2 = 11,09mL
b) P3 = ?
V3 = 12,0mL
T3 = 20ºC = 293K
P1V1 P3 V3
=
T1
T3
▼
20 mL ⋅ 0, 48 atm P3 ⋅ 12mL
=
258 K
293K
P3 = 0,91 atm
Questão 12
Um composto orgânico destilado da madeira possui massa molar de 32,4 g ⋅ mol –1 e a composição: 37,5% de carbono, 12,6% de hidrogênio e 49,9% de oxigênio. Dadas as massas atômicas: C = 12,0u, H = 1,01u, O = 16,0u e os
números atômicos: C = 6, O = 8 e H = 1,
a) determine a fórmula molecular do composto orgânico e deduza o grupo funcional;
b) escreva a estrutura de pontos (estrutura de Lewis) do composto e dê o nome da figura geométrica em torno
do átomo de carbono.
Resolução
a) Cx
Hy
Oz
12x + 1y + 16z = 32,4
↓
↓
↓
37,5% 12,6% 49,9%
UNESP/2005
↓
100%
6
ANGLO VESTIBULARES
 32,4  100%
 12x  37,5%
x=
37,5 ⋅ 32, 4
∴ x =1
100 ⋅ 12
 32,4  100%
 1y  12,6%
y=
32, 4 ⋅ 12, 6
∴ y =4
100
 32,4  100%
 16z  49,9%
z=
32, 4 ⋅ 49, 9
∴ z=1
16 ⋅ 100
Cx 
Hy 
Oz 
CH4O
—
H
metanol função = álcool
—
H — C — OH
H
b)
H
H
H
C
O
C
H
O
H
tetraedro
H
▼
H
H
Questão 13
A pressão de vapor de uma substância é função das suas propriedades moleculares. Considerando que os isômeros geométricos cis-dibromoeteno e trans-dibromoeteno são líquidos à temperatura ambiente,
a) escreva as fórmulas estruturais destes compostos;
b) indique, com justificativa, qual líquido é mais volátil à temperatura ambiente.
Resolução
cis-dibromoeteno
H
b)
H
→
C—C
—
Br
≠0
molécula
polar
Br
—
—
C—C
→
µr
H
Br
—
H
Br
C—C
—
Br
H
Br
—
—
—
C—C
Br
H
—
—
—
H
trans-dibromoeteno
—
a)
Br
→
µr
H
→
=0
molécula
apolar
As interações intermoleculares no trans-dibromoeteno (molécula apolar) são mais fracas, logo ele será o
líquido mais volátil.
UNESP/2005
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ANGLO VESTIBULARES
▼
Questão 14
Uma célula galvânica é uma célula eletroquímica na qual uma reação química espontânea é usada para gerar corrente elétrica. Considerando a célula de Daniel que utiliza a reação redox:
Zn(s) + Cu2+(aq) → Zn2+(aq) + Cu(s)
a) indique as espécies carregadoras nos circuitos externo e interno, respectivamente;
b) escreva separadamente as semi-reações, e indique a semi-reação de oxidação e a de redução, respectivamente.
Resolução
a) e b)
e–
–
Zn
A–
Ânodo
Oxidação
Zn2+
Ponte Salina
C+
Cu2+
Zn2+
Zn(s) → Zn2+(aq) + 2e–
+
Cátodo
Redução
Cu
Cu2+
Cu2+(aq) + 2e– → Cu0
▼
No circuito externo, temos um fluxo de elétrons pelo fio metálico.
No circuito interno, um movimento de íons através da ponte salina.
Questão 15
O petróleo, a matéria-prima da indústria petroquímica, consiste principalmente de hidrocarbonetos, compostos contendo apenas carbono e hidrogênio na sua constituição molecular. Considerando os hidrocarbonetos I, II, III e IV,
I
II
III
IV
a) dê as fórmulas moleculares de cada composto;
b) rotule cada um dos compostos como alcano, alceno, alcino ou hidrocarboneto aromático.
Resolução
a) e b)
H
—
C—
C
C
—
—
—
—
—
—
—
CH3
CH3
—
—
H2C—
—
—
C
H2
—
CH
—
CH2
C
H2
I
C5H10
II
C5H6
III
C8H18
IV
C13H16
ciclo alcano
ciclo alcadieno
alcano
aromático
8
CH2
— —C —
— C—
C
H2C
C
H2
—
CH
—
H3C
—
CH
CH
—
HC
—
—
UNESP/2005
C
H2
—
—
—
CH2
CH3
—
H H
C—C
H2C — CH2
H2C
CH3
—
H2
C
—
—
—
H—
ANGLO VESTIBULARES
▼
Questão 16
Identifique todos os grupos funcionais presentes nos seguintes compostos:
a) vanilina, o composto responsável pelo sabor de baunilha;
—
OH
—
— OCH3
CHO
b) carvona, o composto responsável pelo sabor de hortelã.
—
CH3
—
—O
—
—
—
—
H3C
CH3
Resolução
a)
fenol
OH
—
éter
— O — CH3
—
Vanilina
O
b)
—
—
—
C
Aldeído
H
—
CH3
—O
—
Carvona
—
Cetona
H2 C
UNESP/2005
—
—
—
C
CH3
9
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▼
F ÍSICA
Questão 17
Em um teste de esforço e resistência em uma esteira, um homem, saindo do repouso, inicia a marcha aumentando a velocidade linearmente com o tempo, até atingir a velocidade de 5 km/h, após 12 minutos (fase I). Em
seguida, mantém a velocidade constante por mais 12 minutos (fase II) e depois a reduz para zero na mesma
taxa do início do teste (fase III). Pede-se:
a) o gráfico da velocidade em função do tempo, do início ao fim do teste.
b) a distância registrada pela esteira, em km, em cada fase da marcha.
Resolução
a)
v(km/h)
II
5
III
I
0
12
24
36
t(min)
b) A área abaixo da linha do gráfico corresponde à distância registrada pela esteira no trecho.
trecho I
5
12
A=
5 ⋅ 12
= 30
2
; dI = 30
km
⋅ min
h 60
dI = 0,5 km
trecho II
5
12
A = 5 ⋅ 12 = 60
; dII = 60
km
⋅ min
h 60
dII = 1 km
trecho III
▼
igual ao trecho I
; dIII = 0,5 km
Questão 18
Durante um jogo de futebol, uma bola atingiu acidentalmente a cabeça de um policial, em pé e imóvel, nas proximidades do campo. A bola, com massa de 400 g e velocidade de 8 m/s, bateu e voltou na mesma direção,
porém com velocidade de 7 m/s.
a) Qual foi o impulso da força exercida pela cabeça do policial na bola?
b) Pode-se afirmar que ocorreu transferência de momento linear (quantidade de movimento) da bola para o
policial durante o choque? Justifique.
UNESP/2005
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ANGLO VESTIBULARES
Resolução
a) Para a resolução desse item, será feita a hipótese de que a resultante das forças sobre a bola é a força que a
cabeça do policial nela aplica. Como não houve mudança de direção do movimento da bola, é possível dar um
tratamento escalar para o problema. Considerando-se a velocidade escalar após a interação da bola positiva:
→
I→
R = IF = Q’ – Q
→ = 0,4 ⋅ (7) – 0,4 ⋅ (– 8)
IF
m
I→
F = 6kg
s
b) Vamos considerar que, ao perguntar se houve “transferência de quantidade de movimento da bola para o
policial durante o choque?”, a Banca desejou saber se ocorreu variação da quantidade de movimento do
policial durante a colisão. Utilizando-se o teorema do impulso:
→
→
→
IR = Q’ – Q.
▼
Nota-se que, se o impulso da resultante das forças no policial for diferente de zero, haverá variação na sua
quantidade de movimento.
A partir das informações do enunciado, nada se pode concluir a respeito da resultante das forças aplicadas
sobre o policial. Portanto, é impossível afirmar que houve variação na sua quantidade de movimento.
Questão 19
Em uma aula sobre ótica, o professor explica aos seus
alunos o funcionamento básico de um microscópio
ótico composto, que pode ser representado por duas
lentes convergentes, a objetiva e a ocular. Quando o
objeto a ser visualizado é colocado próximo à objetiva, uma imagem ampliada II é formada entre a ocular e o foco da ocular, como esquematizado na figura. Esta imagem é, então, ampliada pela ocular, gerando a imagem III, vista pelo observador.
Sendo assim,
a) copie a figura em seu caderno de respostas e
complete-a com os raios de luz que mostrem a
formação da imagem III gerada pela ocular.
b) classifique como real ou virtual as imagens II e III.
Ocular
Objetiva
Objeto
II
Resolução
a)
Ocular
Objetiva
O
II
III
b) Para a objetiva, II é uma imagem de natureza real.
Para a ocular, III é uma imagem de natureza virtual.
UNESP/2005
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▼
Questão 20
Um motor a gasolina ou a álcool pode ser representado por uma máquina térmica que segue o ciclo:
P
3
p0
1
2
V0
V
1 → 2: expansão isobárica (admissão do combustível no cilindro à pressão atmosférica), representada no diagrama P × V;
2 → 3: compressão adiabática (fechamento da válvula de admissão e compressão do combustível), representada no diagrama P × V;
3 → 4: transformação isométrica (explosão, absorção de calor);
4 → 5: expansão adiabática (realização de trabalho pelo motor, giro do virabrequim);
5 → 2: transformação isométrica (exaustão, fornecimento de calor ao ambiente); e
2 → 1: compressão isobárica (expulsão de gases residuais, com válvula de exaustão aberta, à pressão atmosférica).
Pede-se:
a) represente o ciclo completo deste motor em um diagrama P × V.
b) reproduza a tabela ao lado no seu caderno de respostas e complete-a, atribuindo para cada um dos quatro processos o valor zero
ou os sinais positivo (+) ou negativo (–) às grandezas τ, Q e ∆U, que
são, respectivamente, o trabalho realizado pelo ou sobre o motor,
a quantidade de calor recebida ou fornecida pelo motor e a variação da energia interna do motor.
Processo
τ
Q
∆U
2→3
+
3→4
+
4→5
5→2
–
0
Resolução
a)
P
P
4
isométrica
adiabáticas
3
5
isométrica
p0
2
1
V0
b)
isobárica
V
Processo
τ
Q
∆U
2→3
–
0
+
3→4
0
+
+
4→5
+
0
–
5→2
0
–
–
2 → 3: compressão →
τ 0; adiabática → Q = 0.
τ = 0; aumento de temperatura → ∆U 0.
expansão → τ 0; adiabática → Q = 0; diminuição de temperatura → ∆U 0.
3 → 4: isométrica →
4 → 5:
5 → 2: fornecimento de calor ao meio ambiente Q 0; diminuição de temperatura → ∆U 0.
UNESP/2005
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▼
Questão 21
Um estudante tem que usar três resistores de mesma resistência R e uma lâmpada para montar um circuito e
ligá-lo aos terminais de uma fonte de tensão contínua de 20 V. Sabe-se que a lâmpada tem resistência de 5,0 Ω
e potência de 5,0 W. Para R = 10 Ω, pede-se:
a) as possíveis diferentes associações dos três resistores que o estudante pode escolher e as resistências equivalentes Req para cada caso.
b) a associação de resistores mais adequada para que, quando ligada em série com a lâmpada, esta não queime e se mantenha acesa com o brilho mais intenso.
Justifique.
Resolução
a) I – Os três em série:
10Ω
10Ω
⇔ Req = 30Ω
10Ω
II – Os três em paralelo:
10Ω
10Ω
⇔ Req = 10 Ω
3
10Ω
III – Dois em série, e o conjunto em paralelo com o terceiro resistor:
10Ω
10Ω
20Ω
⇔
⇔ Req = 20 Ω
3
10Ω
10Ω
IV – Dois em paralelo, e o conjunto em série com o terceiro resistor:
10Ω
10Ω
10Ω
⇔
5Ω
10Ω
⇔ Req = 15Ω
b) Para que a lâmpada funcione segundo as especificações, a ddp em seus terminais deve ser
UL = P ⋅ R
→ UL = 5 ⋅ 5 = 5 V ; e a intensidade de corrente deve ser i =
P
5
→ i = = 1A .
U
5
O circuito a ser montado é o seguinte:
5Ω
Req
1A
1A
5V
15V
Conclui-se que a associação dos três resistores de resistência
R = 10 Ω deve ter Req = 15 Ω.
20 V
Portanto a associação de resistores mais adequada é:
10Ω
10Ω
UNESP/2005
10Ω
13
ANGLO VESTIBULARES
▼
MATEM ÁT ICA
Questão 22
A massa m de um gás no interior de um reservatório, após a abertura de uma pequena válvula de escape, varia
com o tempo t de acordo com a expressão m = 80 – 5t 2, sendo m em kg e t em horas.
a) Encontre a taxa de variação média de m em relação a t, considerando o período de 1 a 3 horas após a abertura da válvula.
b) Determine o valor do tempo tal que a massa do gás atinja 50% do seu valor inicial.
Resolução
Consideramos t = 0 no instante em que a válvula é aberta.
a) Com m(t) = 80 – 5 t2, temos
m(1) = 80 – 5 ⋅ 12 = 75 e
m(3) = 80 – 5 ⋅ 32 = 35.
A taxa de variação média é dada por
m(3) – m(1) 35 – 75
=
= – 20
3–1
2
Resposta: – 20 kg/h
b) De m(t) =
1
m(0) e t 0, temos:
2
1
⋅ 80
2
5 t2 = 40
80 – 5 t 2 =
t2 = 8
∴
t=2 2
▼
Resposta: 2 2 horas
Questão 23
Sérgio convida duas jovens, Vera e Luiza, para um passeio no final de semana. Sabe-se que a probabilidade de
Vera aceitar o convite é 0,7, de Luiza aceitar é 0,4 e que a probabilidade de qualquer uma delas aceitar ou não
o convite independe da resposta da outra. Nessas condições,
a) determine a probabilidade de apenas Vera ou apenas Luiza aceitarem o convite;
b) determine a probabilidade de Vera ou Luiza aceitarem o convite.
Resolução
Do enunciado, temos:
––
V = 0,7
∴ V = 0,3
–
∴ L = 0,6
L = 0,4
–
––
a) V e L ou V e L
P = 0,7 ⋅ 0,6 + 0,3 ⋅ 0,4 = 0,54
Resposta: 0,54
––
–
b)
V
L
↑
↑
P = 1 – 0,3 ⋅ 0,6 = 0,82
Resposta: 0,82
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14
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▼
Questão 24
Um retângulo de medidas 3 cm e 4 cm faz uma rotação completa
em torno de seu lado maior, conforme a ilustração.
Adotando π = 3,14,
4
a) encontre a área total da figura gerada;
b) encontre o volume da figura gerada.
3
Resolução
Do enunciado temos a figura, cotada em cm, que representa o cilindro circular reto gerado pela rotação:
4
3
3
a) A área S pedida, em cm2, é tal que:
S = 2 ⋅ π ⋅ 32 + 2 ⋅ π ⋅ 3 ⋅ 4 ∴ S = 42π
Adotando π = 3,14, temos que S = 42 ⋅ 3,14, ou seja, S = 131,88.
Resposta: 131,88 cm2
b) O volume V pedido, em cm3, é tal que:
V = π ⋅ 32 ⋅ 4 ∴ V = 36 π
Adotando π = 3,14, temos que V = 36 ⋅ 3,14, ou seja, V = 113,04.
▼
Resposta: 113,04 cm3
Questão 25
Uma estátua de 2 metros de altura e um poste de 5 metros de altura estão localizados numa ladeira de inclinação igual a 45º, como mostra a figura. A distância da base do poste à base da estátua é 4 metros, e o poste
tem uma lâmpada acesa na extremidade superior.
Z
Y
2m
Sombra
5m
4m
X
Adotando
45º
2 = 1, 41 e sabendo que tanto o poste quanto a estátua estão na vertical, calcule
a) o comprimento aproximado da sombra da estátua projetada sobre a ladeira;
b) a área do triângulo XYZ indicado na figura.
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15
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Resolução
Do enunciado temos a figura, cotada em m:
P
Z
α
Y
2
Sombra
Q
5
4
X
45º
45º
chão horizontal
a) Os triângulos PYQ e ZYX são semelhantes. Logo:
QY PQ
QY
PQ
QY
2
8
=
∴
=
∴
= ∴ QY =
YX ZX
QY + QX ZX
QY + 4 5
3
Assim, a medida aproximada da sombra é igual a 2,67 m.
Resposta: 2,67 m
b) Do item anterior, sabemos que QY =
8
.
3
Como XY = QX + QY, temos que XY = 4 +
8
20
, ou seja, XY =
.
3
3
A área S pedida, em m2, é tal que:
S=
1
1
20
2
25 2
⋅ ZX ⋅ XY ⋅ sen 45° ∴ S = ⋅ 5 ⋅
⋅
∴ S=
2
2
3
2
3
Adotando
2 = 1, 41, temos que S =
25 ⋅ 1, 41
, ou seja, S = 11,75.
3
Resposta: 11,75 m2
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16
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CO MENTÁRI OS
Biologia
A prova trouxe questões bem formuladas — algumas delas contextualizadas —, abrangendo a maioria dos
tópicos da Biologia vistos no Ensino Médio. Destaque-se, apenas, a ausência de perguntas sobre grupos animais e
vegetais.
Química
Foi uma boa prova, que abordou diversos assuntos da programação, apesar do número reduzido de questões. Temos certeza de que selecionará os candidatos mais bem preparados.
Física
Enunciados claros e precisos (com exceção da questão 18). Apesar do pequeno número de questões, a prova
mostrou-se adequada.
Matemática
Mesmo com apenas quatro questões, a Banca examinadora conseguiu abordar tópicos importantes do programa.
Parabéns à Banca.
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17
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ÁREA DE CI ÊN CIAS E AT AS
X
▼
MATEM ÁT ICA
Questão 1
Uma pessoa resolve caminhar todos os finais de tarde. No 1º dia de caminhada, ela percorre uma distância de x
metros. No 2º dia, ela caminha o dobro do que caminhou no 1º dia; no 3º dia, caminha o triplo do que caminhou
no 1º dia, e assim por diante. Considerando o período do 1º ao 25º dia, ininterruptos, ela caminhou um total de
243750 metros.
a) Encontre a distância x percorrida no 1º dia.
b) Verifique quanto ela terá percorrido no 30º dia.
Resolução
Do enunciado, temos a PA: (x, 2x, 3x, …)
a) a1 = x, a25 = 25x e S25 = 243 750
(a1 + a25 ) 25
( x + 25x) 25
∴
= 243750
2
2
∴ x = 750 (metros)
S25 =
Resposta: 750 metros
b) No 30º- dia, ela terá percorrido:
a30 = 30x ∴ a30 = 30(750) = 22 500 (metros)
▼
Resposta: 22 500 metros
Questão 2
Uma parede de 350 cm de altura e 500 cm de comprimento será revestida de azulejos quadrados iguais. Desprezando-se a necessidade de deixar espaço entre os azulejos e supondo-se que não haverá perdas provenientes do corte deles,
a) determine o número de azulejos de 20 cm de lado necessários para revestir a parede;
b) encontre a maior dimensão de cada peça de azulejo para que não haja necessidade de cortar nenhum deles.
Resolução
a) A área da parede é 350 ⋅ 500 = 175 000 cm2, e a área de cada azulejo é 202 = 400 cm2.
175000
= 437,5 .
400
Resposta: 437,5 (supondo que não haja perdas, nem sobras).
O número de azulejos necessários é dado por
b) Sendo d (inteiro e positivo) a medida, em cm, do lado de cada azulejo, podemos concluir que d é um divisor comum de 500 e 350. Como d deve ser o maior possível, devemos ter d = mdc (500, 350).
Como 500 = 22 ⋅ 53 e 350 = 2 ⋅ 52 ⋅ 7, temos d = 2 ⋅ 52 = 50.
▼
Resposta: 50 cm.
Questão 3
A temperatura T de um forno, após o mesmo ser desligado, varia com o tempo t, de acordo com a expressão
T = 1 000 – 15t2, no qual T é dado em graus Celsius e t, em minutos, até atingir a temperatura ambiente.
a) Obtenha a taxa de variação média de T, considerando o período entre 3 e 5 minutos após o desligamento do
forno.
b) Verifique o valor do tempo em que a temperatura atinge 50% de seu valor inicial.
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18
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Resolução
Consideremos t = 0 no instante em que o forno foi desligado.
a) Com T(t) = 1000 – 15t2, temos:
T(3) = 1000 – 15 ⋅ 32 = 865
T(5) = 1000 – 15 ⋅ 52 = 625
Nesse intervalo, a taxa de variação média é dada por:
T(5) – T(3) 625 – 865
=
= – 120
5–3
2
Resposta: – 120ºC/min
b) Com t 0 e T( t ) =
1
T(0) , temos:
2
1000 – 15t2 = 500
15t2 = 500
t2 =
▼
Resposta:
100
3
∴
t=
10 3
3
10 3
min
3
Questão 4
Dado o sistema de equações em R × R:
 (4x)y = 16

 4x4y = 64
(1)
(2)
a) Encontre o conjunto verdade.
b) Faça o quociente da equação (2) pela equação (1) e resolva a equação resultante para encontrar uma solução numérica para y, supondo x ≠ 1.
Resolução
 x y
( 4 ) = 16
a) De 
, temos:
4 x ⋅ 4 y = 64
 xy
4 = 42

4 x + y = 43
∴
 xy = 2

 x + y = 3
Logo, (x, y) = (1, 2) ou (x, y) = (2, 1).
Resposta: {(1, 2), (2, 1)}
b) Do quociente da equação (2) pela equação (1), temos:
4x ⋅ 4y
x y
(4 )
=
64
16
4x + y – xy = 41
x + y – xy = 1
y(1 – x) = 1 – x
Com x ≠ 1, temos y = 1.
Resposta: y = 1
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19
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▼
Questão 5
Um industrial produziu 1000 peças de um produto manufaturado ao custo unitário de 200 reais. Vendeu 200 dessas peças com um lucro de 30%. O industrial deseja obter um lucro de 40% com a venda das 1000 peças produzidas. Nestas condições,
a) determine quanto lucrou o industrial, em reais, com a venda das 200 peças;
b) encontre o preço que deve ser vendida cada uma das 800 peças restantes para que o industrial obtenha o
lucro desejado.
Resolução
a) O custo das 200 peças é dado por 200 ⋅ 200 = 40.000 (reais).
O lucro é de 30% de 40.000 = 12.000 (reais).
Resposta: 12.000 reais
b) O custo das 1.000 peças é 200.000 reais. O lucro desejado é, no total, de 40% de 200.000 = 80.000 reais.
Como já foram vendidas 200 peças, com lucro de 12.000 reais, as 800 peças restantes devem ser vendidas
com lucro de 80.000 – 12.000 = 68.000 reais.
68.000
= 85 reais .
Portanto, cada uma das 800 peças deve ser vendida com um lucro de
800
Logo, cada uma dessas 800 peças deve ser vendida por 285 reais.
▼
Resposta: 285 reais
Questão 6
A turma de uma sala de n alunos resolve formar uma comissão de três pessoas para tratar de um assunto delicado
com um professor.
a) Explicite, em termos de n, o número de comissões possíveis de serem formadas com estes alunos.
b) Determine o número de comissões possíveis, se o professor exigir a participação na comissão de um determinado aluno da sala, por esse ser o representante da classe.
Resolução
a) Cn,3 =
n!
n(n – 1)(n – 2)
=
3!(n – 3)!
6
Resposta:
n(n – 1)(n – 2)
6
b) Escolhido um determinado aluno, restam n – 1 alunos para se escolherem dois deles.
Assim: Cn – 1, 2 =
▼
Resposta:
(n – 1)!
(n – 1)(n – 2)
=
2!(n – 3)!
2
(n – 1)(n – 2)
2
Questão 7
Um capital de R$ 1.000,00 é aplicado durante 4 meses.
a) Encontre o rendimento da aplicação, no período, considerando a taxa de juros simples de 10% ao mês.
b) Determine o rendimento da aplicação, no período, considerando a taxa de juros compostos de 10% ao mês.
Resolução
a) A juros simples de 10% ao mês, temos ao final de 4 meses um rendimento de 40% de R$ 1000,00.
Rendimento = 1000 ⋅ (0,4) = 400 (reais)
Resposta: R$ 400,00
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20
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b) A juros compostos, o montante ao final de 4 meses é:
M = 1000 ⋅ (1,1)4 = 1464,10 (reais)
Assim, o rendimento é de R$ 464,10.
▼
Resposta: R$ 464,10
Questão 8
Considere dois canos, A e B, de PVC, cada um com 10 metros de comprimento, A possuindo r = 5cm de raio, e B,
R = 15cm. O cano A é colocado no interior de B de forma que os centros coincidam, conforme a figura, e o espaço
entre ambos é preenchido com concreto.
B
10 m
r
A
(fora de escala)
R
Considerando π = 3,14,
a) calcule a área de uma das superfícies de concreto expostas, em cm2, quando um corte perpendicular ao comprimento do cano for feito;
b) encontre o volume de concreto, em m3, para preencher toda a extensão de 10 metros entre os dois canos.
Resolução
a) A área S pedida, em cm2, é a área de uma coroa circular de raios 15 cm e 5 cm. Logo,
S = π ⋅ 152 – π ⋅ 52 ∴ S = 200π
Adotando π = 3,14, temos que S = 200 ⋅ 3,14, ou seja, S = 628.
Resposta: 628 cm2
b) O volume V de concreto, em cm3, para preencher toda a extensão de 10 m = 1 000 cm entre os dois canos é
tal que:
V = 628 ⋅ 1 000 ∴ V = 628 000
▼
Como 1 cm3 = 10 – 6 m3, temos que o volume pedido é igual a 628 000 ⋅ 10 – 6 m3, ou seja, 0,628 m3.
Resposta: 0,628 m3
Questão 9
Considere um prisma hexagonal regular, sendo a altura igual a 5 cm e a área lateral igual a 60 cm2.
a) Encontre o comprimento de cada um de seus lados.
b) Calcule o volume do prisma.
Resolução
a) Sendo l, em cm, a medida de cada aresta da base do prisma hexagonal regular, do enunciado, temos:
6 ⋅ l ⋅ 5 = 60 ∴ l = 2
Resposta: as arestas da base medem 2 cm cada e as arestas laterais medem 5 cm cada.
b) O volume pedido V, em cm3, é tal que:
V=6⋅
22 3
⋅ 5 ∴ V = 30 3
4
Resposta: 30 3 cm3
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21
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▼
Questão 10
Dada a equação cos ( 4 x ) =
–1
,
2
a) verifique se o ângulo x pertencente ao 1º quadrante, tal que sen ( x ) =
3
satisfaz a equação acima;
2
b) encontre as soluções da equação dada, em toda a reta.
Resolução
a) Se x pertence ao 1º quadrante e senx =
π
3
, então x = + h2π , h ∈ Z.
3
2
Assim:
 4π

4π
1
cos 4 x = cos 
+ h ⋅ 8π  = cos
=–
3
3
2


Resposta: satisfaz.
b) cos 4 x = –
1
2
4x = ±
π hπ
2π
+ h ⋅ 2π ∴ x = ± +
,h ∈ Z
3
6
2
Resposta: x = ±
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π
6
+
hπ
,h ∈ Z
2
22
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▼
F ÍSICA
Questão 11
Em um determinado instante, um carro que corre a 100km/h em uma estrada horizontal e plana começa a diminuir sua velocidade, com o módulo da aceleração constante. Percorrido 1km, a redução da velocidade é interrompida ao mesmo tempo em que o carro é detectado por um radar fotográfico. O radar mostra que o carro está na
velocidade limite permitida de 80km/h. Assim, pede-se:
a) o módulo da aceleração, em m/s2, durante o intervalo de tempo em que a velocidade do carro diminuiu de
100km/h para 80 km/h.
b) a velocidade detectada pelo radar para um segundo carro que segue o primeiro com velocidade de aproximação de 40km/h, considerando-se que o primeiro carro mantém a velocidade de 80km/h.
Resolução
a) Admitindo-se que o carro se move a favor da orientação da trajetória, e aplicando-se a equação de Torricelli:
v2 = v 20 + 2 ⋅ a ⋅ ∆s
802 = 1002 + 2 ⋅ a ⋅ 1
a = – 1800
km
h2
Efetuando-se as devidas transformações de unidades:
a = – 1800
(1000 m)
2
(3600 s)
= –
5 m
36 s2
∴
|a| =
5 m
36 s2
b) A velocidade relativa de aproximação pode ser assim calculada:
vrel = v2º – v1º
Como os dois carros se movem no mesmo sentido, e, portanto, a favor da orientação da trajetória:
▼
40 = v2º – 80
∴
v2º = 120
km
h
Questão 12
Uma partícula, de volume V e de massa m, está em queda em um meio líquido. Considerando-se desprezíveis os
efeitos de viscosidade do líquido no movimento da partícula,
a) represente o diagrama de forças que atuam sobre a partícula nessa situação.
b) determine o módulo da aceleração da partícula em função da densidade da partícula, ρP, da densidade do
líquido, ρL, e da aceleração gravitacional, g.
Resolução
a) Desprezando-se os efeitos de viscosidade do líquido, as forças aplicadas na partícula são:
→
E
onde:
→
E: empuxo aplicado pelo líquido
→
→
P: peso aplicado pela Terra
P
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23
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b) Pelo princípio fundamental da dinâmica:
R=m⋅γ
|P – E| = m ⋅ γ
Como:  P = m ⋅ g = ρP ⋅ V ⋅ g

 E = ρL ⋅ V ⋅ g

 m = ρP ⋅ V
|ρP ⋅ V ⋅ g – ρL ⋅ V ⋅ g | = ρP ⋅ V ⋅ γ
Portanto:
▼
γ=
|ρP – ρL |
ρP
⋅g
Questão 13
Um elástico de massa desprezível, inicialmente estendido, mas não alongado, está preso a uma parede por
uma de suas extremidades e tem a outra ponta sendo enrolada em um eixo cilíndrico de raio R = 2 mm, mantido sempre à mesma distância da parede. A deformação do elástico permanece dentro do regime linear, com
constante elástica 100 N/m, e não há deslizamento entre o eixo e o elástico. Após uma volta completa do eixo,
a partir da posição inicial, calcule:
(Considere π = 3)
a) o módulo da força exercida pelo elástico na parede.
b) a energia de rotação, em joules, a ser adquirida pelo eixo quando é posto a girar devido exclusivamente à
ação da força do elástico sobre ele, admitindo que toda a energia potencial elástica armazenada será transferida para a rotação.
Resolução
a) A situação descrita pode ser representada da seguinte forma:
K = 100 N/m
R = 2 mm = 2 ⋅ 10–3 m
Sendo constante a distância entre o eixo do cilindro e a parede, quando o eixo realizar uma volta completa,
o elástico será estendido de:
x = 2π ⋅ R
x = 12 ⋅ 10– 3 m
Como K = 100 N/m, a força exercida pelo elástico na parede será:
F = Kx
F = 100 ⋅ 12 ⋅ 10– 3 ⇒ F = 1,2 N
b) Considerando-se que a energia potencial elástica armazenada no elástico será transformada em energia
cinética de rotação do eixo:
εc = εp
εc = 1 K ⋅ x 2
2
εc = 1 ⋅ 100 ⋅ (12 ⋅ 10 – 3 )2 ⇒ εc = 7, 2 ⋅ 10 – 3 J
2
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24
ANGLO VESTIBULARES
▼
Questão 14
A figura mostra uma lâmina bimetálica, de comprimento L0 na temperatura T0, que deve tocar o contato C
quando aquecida. A lâmina é feita dos metais I e II, cujas variações relativas do comprimento ∆L/L0 em função
da variação de temperatura ∆T = T – T0 encontram-se no gráfico.
Lâmina Bimetálica, em T = T0
C
∆L/L0(⋅ 10– 6)
700
II
600
500
400
I
300
200
100
0
0
5
10
15
20
25
30
35 ∆T(ºC)
Determine:
a) o coeficiente de dilatação linear dos metais I e II.
b) qual dos metais deve ser utilizado na parte superior da lâmina para que o dispositivo funcione como desejado. Justifique sua resposta.
Resolução
a) O coeficiente de dilatação linear é definido por:
∆L
∆
α=
L0
∆T
Portanto, do gráfico dado tem-se:
• Metal I: αI =
300 ⋅ 10 – 6
⇒ αI = 10 – 5°C – 1
30
• Metal II: αII =
600 ⋅ 10 – 6
⇒ αII = 2 ⋅ 10 – 5°C – 1
30
b) Desenhando-se a configuração final desejada, tem-se:
C
Do desenho percebe-se que a parte superior da lâmina deve ficar com comprimento final maior que a
parte inferior para um mesmo aumento de temperatura.
A parte superior da lâmina deve, portanto, ter maior coeficiente de dilatação linear — ou seja, deve-se
utilizar o metal II.
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25
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▼
Questão 15
Um feixe de luz monocromática, de comprimento de onda λ = 600 nm no vácuo, incide sobre um material
transparente de índice de refração n = 1,5, homogêneo e oticamente inativo. Sendo c = 3,0 × 108 m/s a velocidade da luz no vácuo, pede-se:
a) a velocidade e o comprimento de onda do feixe de luz enquanto atravessa o material.
b) a freqüência de onda do feixe de luz no vácuo e dentro do material.
Resolução
a) Na definição de índice de refração absoluto de um meio,
c
, tem-se:
nM =
vM
1,5 =
3 ⋅ 108
⇒ vM = 2 ⋅ 108 m/s
vM
Na refração, a freqüência da onda permanece constante. Como v = λ ⋅ f, segue:
nM =
∴
λV ⋅ f
600nm
⇒ 1,5 =
λM ⋅ f
λM
λM = 400 nm
b) Para a radiação no vácuo:
c = λV ⋅ f
3 ⋅ 108 = 600 ⋅ 10–9 ⋅ f
f = 5 ⋅ 1014 Hz
▼
Esse é o valor da freqüência da radiação tanto no vácuo, quanto no interior do material.
Questão 16
O princípio físico fundamental para entender o forno de microondas baseia-se no conceito de ressonância. Na
parte superior da parede, numa das laterais do forno, encontra-se o magnetron, que é a fonte de microondas
e que determina a freqüência dessas ondas eletromagnéticas. Por sua vez, as dimensões do forno são adequadas para que se formem ondas estacionárias no seu interior. Os antinodos formados por estas ondas estacionárias podem ser visualizados por manchas mais escuras em um papel foto-sensível (como os de aparelhos
de fax) deixado no forno durante período breve de funcionamento.
a) Quais grandezas físicas variam periodicamente dando origem às microondas?
b) Calcule a velocidade das microondas de um forno, sabendo que a distância entre o centro de duas manchas
no papel de fax foi da ordem de 6 cm, e que a freqüência, indicada pelo fabricante, é 2,45 GHz.
Resolução
a) As microondas constituem um exemplo de ondas de natureza eletromagnética. Assim
sendo, as grandezas
→
)
e
o campo de indução
físicas que variam
periodicamente
e
dão
origem
às
microondas
são
o
campo
elétrico
(E
→
magnético (B).
b) A distância entre dois antinodos consecutivos (indicados pelas manchas escuras no papel) corresponde à
metade do comprimento de onda das ondas que deram origem à onda estacionária.
Logo:
λ
= 6 cm
⇒ λ = 12 ⋅ 10 – 2 m
2
Na equação fundamental da ondulatória:
v=λ⋅f
v = 12 ⋅ 10 – 2 ⋅ 2,45 ⋅ 109
v = 29,4 ⋅ 107
v = 2,94 ⋅108 m/s
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26
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▼
Questão 17
Em um modelo atômico simples, proposto por Bohr em 1913, um núcleo contendo prótons e nêutrons é rodeado
por elétrons que giram em órbitas circulares de raio rn, onde a força de atração elétrica do núcleo positivo sobre
cada elétron segue a lei de Coulomb. Utilizando esse modelo para o caso do átomo de hidrogênio (um único
elétron girando em torno de um núcleo que contém um próton),
a) determine a direção, o sentido e a expressão para o módulo da força elétrica, atuando sobre o elétron, em
função da carga e do elétron, do raio rn e da constante eletrostática no vácuo K.
b) determine a expressão para a velocidade v da órbita do elétron em função da carga e e da massa me do
elétron, do raio rn e da constante eletrostática no vácuo K.
Resolução
→
a) A intensidade da força F com que o próton atrai o elétron por ser determinada a partir da Lei de Coulomb:
F=
K ⋅ | qpróton | ⋅ | qelétron |
rn2
Como |qpróton| = |qelétron| = e, temos
F=
K⋅e⋅e
rn2
∴ F=
K ⋅ e2
rn2
→
• A direção de F é a da reta que passa pelo próton e pelo elétron.
• O sentido é do elétron para o próton (atração).
→
b) Segundo o modelo de Bohr, o elétron realiza um MCU ao redor do próton. Dessa forma, a força F será a resultante centrípeta:
Re = F
me ⋅
v2 K ⋅ e2
=
rn
rn2
▼
∴ v=e
K
me ⋅ rn
Questão 18
A figura mostra um experimento com dois fios suspensos, de raios e massas desprezíveis, extensos, paralelos
e flexíveis, no instante em que começam a ser percorridos por correntes de mesma intensidade i = 1 A, contudo em sentidos opostos. O ponto A encontra-se à mesma distância, d = 10 cm, dos dois fios.
i
A
i
a) Determine o módulo, a direção e o sentido do campo magnético no ponto A, para a situação representada na
figura. Considere µar = 4π × 10 – 7 T ⋅ m/A.
b) Devido à ação das forças magnéticas entre os fios, a distância d se alterou. Ela aumentou ou diminuiu?
Justifique.
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27
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Resolução
→
→
a) Usando a regra da mão direita e chamando de B1 e B2 os vetores campo de indução magnética devidos às
correntes i1 e i2, respectivamente, temos:
→
d
i1 = i
→
As intensidades de B1 e B2 são iguais, logo:
→
B1
d
A
BA = 2 ⋅
i2 = i
→
BA =
B2
µ0 ⋅ i
2π d
2 ⋅ 4 π ⋅ 10 –7 ⋅ 1
2 π ⋅ 10 –1
→
BA = 4 ⋅ 10–6 T ⊗ BA
→
→
→
b) O campo de indução magnética B1, atuante em i2, aplica a força F12, e o campo de indução magnética B2,
atuante em i1, aplica a força F21.
Aplicando a regra da mão direita 2, temos:
i1
→
F21
→
B2
i2
→
B1
→
F12
▼
A partir da figura acima, concluímos que a distância d aumentou.
Questão 19
Instituído pela Organização das Nações Unidas, 2005 é o Ano Mundial da Física, em que se comemora o centenário
dos trabalhos revolucionários publicados por Albert Einstein, o mais importante cientista do século XX (segundo a
revista norte-americana Time). Na teoria da relatividade especial de Einstein, objetos que se movem com velocidade
v em relação a um referencial inercial têm o tempo dilatado por um fator γ, para um observador em repouso nesse
referencial. A tabela mostra valores de γ para diversos módulos da velocidade v, representados em múltiplos da
velocidade da luz, c (ou 3 × 108 m/s).
UNESP/2005
v
γ
0,000 c
0,100 c
0,200 c
0,400 c
0,600 c
0,800 c
0,900 c
0,998 c
0,999 c
c
1,000
1,005
1,021
1,091
1,250
1,667
2,294
15,82
22,37
∞
28
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Segundo este modelo, pede-se:
a) qual a velocidade, em m/s, que deve ser atingida pelo objeto para que a dilatação do tempo seja de apenas
0,5%? Comente como este resultado explica por que as pessoas não percebem os efeitos da dilatação do
tempo no seu dia-a-dia.
b) Se para o objeto passaram-se 10 minutos, quantos minutos se passaram para um observador no referencial
inercial que vê o objeto se movimentando à velocidade de 0,600c?
Resolução
a) Para a dilatação do tempo de 0,5%, intervalo de ∆t’ medido pelo observador em repouso é determinado por:
∆t’ = ∆t +
0,5
⋅ ∆t
100
∆t’ = 1,005 ⋅ ∆t,
sendo ∆t o intervalo de tempo medido no referencial em movimento.
Como, de acordo com o enunciado, ∆t’ = γ ⋅ ∆t, temos γ = 1,005, que corresponde a uma velocidade igual
a 0,1 ⋅ c ≈ 30.000 km/s. Ou seja, para uma dilatação de apenas 0,5%, a velocidade do corpo é muito superior
às velocidades envolvidas no dia-a-dia, em que o efeito de dilatação do tempo não é perceptível.
b) Da tabela, uma velocidade de 0,600c corresponde a γ = 1,25. Dessa forma, temos:
∆t’ = γ ⋅ ∆t = 1,25 ⋅ 10
∴ ∆t’ = 12,5 minutos.
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▼
QUÍMICA
Questão 20
No modelo cinético dos gases ideais, a pressão é o resultado da força exercida nas paredes do recipiente pelo choque das moléculas. As moléculas são consideradas como pontos infinitesimalmente pequenos.
a) Explique a lei de Dalton das pressões parciais em termos do modelo cinético dos gases.
b) Usando o modelo cinético, explique por que a pressão de um gás é diretamente proporcional à temperatura.
Resolução
…
…
…
…
…
…
a) A pressão total de uma mistura de n gases G1, G2, …, Gn será dada por P = P1 + P2 + … + Pn,
onde: P = pressão total
P1 = pressão parcial do gás G1
P2 = pressão parcial do gás G2
Pn = pressão parcial do gás Gn
Para cada um dos n gases, vale:
Pn = xn ⋅ P, onde xn = fração molar de n na mistura gasosa.
Num gás, as moléculas estão bastante afastadas umas das outras (comparando-se essas distâncias às
dimensões das moléculas) e, portanto, podem ser consideradas como pontos infinitesimalmente pequenos.
Além disso, elas estão em movimento contínuo e desordenado (movimento caótico), que provoca colisões
tanto de umas com as outras quanto delas com as paredes do recipiente que as contém. A pressão de um
gás é o resultado macroscópico dessas inúmeras colisões.
Portanto, a pressão parcial de um gás numa mistura gasosa será uma fração (molar) da pressão total da
mistura.
b) A temperatura de um gás é uma medida (é o resultado) do grau de agitação de suas moléculas. Podemos
dizer que a energia cinética média (εc) de um gás é diretamente proporcional à sua temperatura absoluta:
εc = k ⋅ T
Mas:
εc =
(massa) (velocidade)2
2
para cada molécula
▼
Portanto aumento na temperatura significa aumento na velocidade (de translação inclusive) das moléculas
do gás. Com o aumento da velocidade, aumentará também a quantidade de colisões das moléculas do gás
com as paredes do recipiente, o que causará aumento na pressão medida desse gás.
Questão 21
A ação capilar, a elevação de líquidos em tubos estreitos, ocorre quando existem
atrações entre as moléculas do líquido e a superfície interior do tubo. O menisco de
um líquido é a superfície curvada que se forma em um tubo estreito. Para a água em
um tubo capilar de vidro, o menisco é curvado para cima nas bordas, forma côncava,
enquanto que para o mercúrio as bordas do menisco possuem uma forma convexa.
Levando em consideração as informações do texto e da figura,
Água
Mercúrio
a) descreva as forças envolvidas na formação de meniscos;
b) explique, com justificativas, a diferença na forma dos meniscos da água e do mercúrio quando em tubos de
vidro estreitos.
UNESP/2005
30
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Resolução
▼
a) A formação de meniscos se dá por forças intermoleculares entre o líquido do interior do tubo e o material
que compõe esse tubo.
b) Entre a água e o tubo de vidro ocorrem pontes de hidrogênio, pela alta polaridade dos silicatos que compõem o vidro.
Para o caso do mercúrio, as interações entre os íons metálicos e seu “mar de elétrons” (ligação metálica) superam em muito as interações do metal com o vidro. Nesse caso, há a tendência de esse metal líquido retrair-se e
tentar expor a menor área de contato possível, aproximando-se da forma esférica.
Questão 22
Considere o seguinte mecanismo proposto em duas etapas:
Etapa 1: ICl + H2 → HI + HCl
Etapa 2: HI + ICl → HCl + I2
a) Escreva a reação química global.
b) Identifique os intermediários da reação.
Resolução
a) Somando-se as equações referentes às etapas 1 e 2, tem-se:
Etapa 1
ICl + H2 → HI + HCl
Etapa 2
HI + ICl → HCl + I2
Equação
Global
2 ICl + H2 → 2 HCl + I2
▼
b) O intermediário de uma reação é a espécie que é produzida em uma etapa e consumida na outra.
Logo, temos o HI como intermediário.
Questão 23
Os íons permanganato, MnO4– , reagem com o ácido oxálico, H2C2O4, em solução ácida, produzindo íons manganês (II) e dióxido de carbono. Considerando as informações fornecidas, escreva
a) as equações das semi-reações de oxidação e de redução;
b) a equação balanceada da reação total.
Resolução
a) • Semi-reação de redução:
MnO–4 + 8H+ + 5e– → Mn2+ + 4H2O
+7
+2
• Semi-reação de oxidação:
H2C2O4 → 2CO2 + 2H+ + 2e–
+3
+4
b) A equação balanceada da reação global pode ser obtida somando-se as semi-reações. Para igualar o número de
elétrons perdidos ao número de elétrons recebidos, multiplica-se a semi-reação de redução por 2 e a semi-reação
de oxidação por 5.
2 MnO4– + 6 H+ + 5 H2C2O4 → 2 Mn2+ + 8 H2O + 10 CO2
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31
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▼
Questão 24
Dois isômeros estruturais são produzidos quando brometo de hidrogênio reage com 2-penteno.
a) Dê o nome e as fórmulas estruturais dos dois isômeros.
b) Qual é o nome dado a este tipo de reação? Se fosse 2-buteno no lugar de 2-penteno, o número de isômeros seria
o mesmo? Justifique.
Resolução
a) Os isômeros planos formados são:
H3C — CH — CH2 — CH2 — CH3
H3C — CH2 — CH — CH2 — CH3
—
—
e
Br
Br
2-bromopentano
3-bromopentano
b) Esse tipo de reação é classificado como reação de adição.
A reação do brometo de hidrogênio com o 2-buteno pode ser representada pela equação
—
—
—
—
H
—
H
H
—
H
Br
H
H3C — C — C — CH3 + HBr → H3C — C — C — CH3
—
2-bromobutano
Se considerarmos somente a isomeria plana, ocorre a formação de um só isômero, pois a adição do átomo
de bromo aos carbonos da dupla, sempre ocorre no carbono 2.
Porém, se considerarmos que o 2-bromobutano apresenta 1 carbono quiral em sua estrutura:
—
H
—
H3C — C* — CH2 — CH3
Br
existem 2 isômeros espaciais ópticos:
um dextrógiro (d) e outro levógiro (l).
▼
A mistura eqüimolecular dos isômeros d e l forma uma mistura racêmica, que é opticamente inativa.
Questão 25
Se às soluções de aminoácidos forem adicionados ácidos ou bases fortes, forma-se o ácido ou a base conjugada correspondente. Assim, os aminoácidos servem de tampões, isto é, mantêm relativamente constante o pH de suas soluções. Utilizando o aminoácido alanina [CH3 — CH(NH2) — COOH],
a) escreva a fórmula estrutural desse composto e indique os grupos funcionais;
b) mostre as formas iônicas predominantes da alanina quando em solução de um ácido forte e quando em solução
de uma base forte.
Resolução
a) A fórmula estrutural plana desse composto pode ser representada por
O
—
—
—
H
NH2
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—
—
H3C — C — C
OH
32
ANGLO VESTIBULARES
Ele apresenta dois grupos funcionais:
— NH2
—
—
O
amina
—C
ácido carboxílico
—
OH
b) Em solução aquosa de um ácido forte, ocorre a protonação do grupo — NH2, e a forma iônica predominante é:
—
H
—
H3C — C — COOH
(aq)
NH+3
Em uma solução aquosa de uma base forte, os átomos de hidrogênio do grupo carboxílico se ionizam e reagem com os grupos hidróxido (OH – ) provenientes da base.
A forma iônica predominante é:
O
—
—
—
H
NH2
UNESP/2005
—
—
H3C — C — C
(aq)
O–
33
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CO MENTÁRI OS
Matemática
Uma prova com questão simples e tradicionais.
Física
Boa prova. O grau de dificuldade e o tempo para a resolução da questão foram adequados. Certamente a
Banca selecionará os melhores candidatos.
Química
Foi uma boa prova, que abordou diversos assuntos da programação, apesar do número reduzido de questões.
Temos certeza de que selecionará os candidatos mais bem preparados.
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ÁREA DE HU MAN IDA DE S
▼
HI STÓ RIA
Questão 1
(…) a ciência do amo consiste no emprego que ele faz dos seus escravos; ele é senhor, não tanto porque possui escravos, mas porque deles se serve. Esta ciência do amo nada tem, aliás, de muito grande ou elevada; ela
se reduz a saber mandar o que o escravo deve saber fazer. Também todos a que ela podem se furtar deixam
os seus cuidados a um mordomo, e vão-se entregar à Política ou à Filosofia.
(Aristóteles, Política II.)
a) De acordo com o texto, qual a relação que existe entre escravidão e Política na cidade grega?
b) Além da escravidão, indique e explique um outro aspecto que diferencie a democracia grega da contemporânea.
Resolução
a) Na cidade grega, o modo de produção escravista permitiu que os cidadãos fossem desobrigados do trabalho,
para entregar-se à Política e à Filosofia.
▼
b) A democracia contemporânea, diferentemente da grega, é representativa, indireta e permite a participação das
mulheres e dos estrangeiros. Sendo menos discriminatória, possibilita um exercício mais amplo da cidadania.
Questão 2
A atual administração norte-americana realiza uma série de ações no Oriente Médio tendo como objetivo
declarado levar a democracia e a liberdade para os povos da região. Seus maiores adversários têm sido os fundamentalistas islâmicos, que acusam os ocidentais de reeditarem as Cruzadas.
a) O que foram as Cruzadas?
b) O que os fundamentalistas islâmicos pretendem dizer hoje quando afirmam que os ocidentais estão reeditando as Cruzadas?
Resolução
a) As Cruzadas foram expedições militares que configuraram um movimento de expansão da Europa feudal
para o Oriente, motivadas pela reconquista da Terra Santa cristã (Jerusalém).
▼
b) Atualmente, o fundamentalismo islâmico busca identificar, no intervencionismo dos Estados Unidos no Oriente
Médio, uma motivação religiosa. Dessa forma, pretende mobilizar todos os muçulmanos contra os invasores
norte-americanos.
Questão 3
A longa crise da economia e da sociedade européias durante os séculos XIV e XV marcou as dificuldades e os
limites do modo de produção feudal no último período da Idade Média. Qual foi o resultado político final das
convulsões continentais dessa época? No curso do século XVI, o Estado absolutista emergiu no Ocidente.
(Perry Anderson, Linhagens do Estado Absolutista.)
a) Identifique duas manifestações da crise do século XIV.
b) Aponte duas características do Estado absolutista.
Resolução
a) A crise européia do século XIV foi marcada pela guerra (dos Cem Anos, entre Inglaterra e França), pela
epidemia (a “peste negra”), pela fome (fruto de significativa mudança climática) e pela desaceleração do
comércio europeu.
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▼
b) Entre as características do Estado absolutista, poderiam ser citadas: concentração do poder nas mãos do rei,
identificado com o Estado; preservação de privilégios para uma aristocracia mantida em cargos administrativos; adoção da política econômica mercantilista; legitimação do Estado pela teoria do direito divino.
Questão 4
O Grande Medo nasceu do medo do bandido, que por sua vez é explicado pelas circunstâncias econômicas,
sociais e políticas da França em 1789.
No antigo regime, a mendicância era uma das chagas dos campos; a partir de 1788, o desemprego e a carestia dos
víveres a agravaram. As inumeráveis agitações provocadas pela penúria aumentaram a desordem. A crise política
também ajudava com sua presença, porque superexcitando os ânimos ela fez o povo francês tornar-se turbulento.
(…)
Quando a colheita começou, o conflito entre o Terceiro Estado e a aristocracia, sustentada pelo poder real, e
que em diversas províncias já tinha dado às revoltas da fome um caráter social, transformou-se de repente em
guerra civil.
(George Lefebvre, O grande medo de 1789.)
a) Identifique o contexto em que o evento conhecido como Grande Medo ocorreu.
b) Em agosto de 1789, foram abolidos os direitos feudais da nobreza e aprovada a declaração de direitos dos
homens e cidadãos. Relacione essas medidas ao Grande Medo.
Resolução
a) O Grande Medo ocorreu em 1789, no início da Revolução Francesa, em decorrência das graves crises que
assolavam o campo e empobreciam ainda mais a população camponesa.
▼
b) A Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, além de abolir a servidão, eliminou a sociedade estamental, estruturada sobre os privilégios do clero e da nobreza. Tais medidas colaboraram para amenizar as
tensões sociais no campo, que, todavia, só arrefeceram de fato no período jacobino (1793), na Convenção
da Montanha, quando foram distribuídas terras para os camponeses.
Questão 5
I. Em 1914, 85% das terras do planeta eram áreas coloniais. O dado é impressionante e nos revela de que
maneira a Europa tornou-se “senhora do mundo”. Tal número é reflexo de um novo movimento imperialista ocorrido principalmente a partir dos anos 1870. (…) Importa destacar que naquele momento [década de
1870] formulou-se um emaranhado de explicações culturais, humanitárias e filosóficas para explicar a necessidade do imperialismo.
(Adhemar Marques e outros, História contemporânea através de textos.)
II. Ainda em 1939, a Grã-Bretanha tinha comércio “internações” comparável ao dos Estados Unidos, e uma força
industrial tão desenvolvida quanto a da Alemanha. (…) a guerra fria e os conflitos do Oriente Médio continuavam a onerar o orçamento, ao passo que a Alemanha e o Japão, e até a Itália, concorrentes industriais,
podiam se reconstruir sem ter que suportar esses fardos. (…) Na África do Norte [francesa], por exemplo, a
ajuda financeira metropolitana direta quadruplicou, de 1948 a 1951, e, no mesmo período, 15% dos investimentos franceses foram para as colônias, proporção que alcançou 20% em 1955.
(Marc Ferro, História das colonizações — Das conquistas às independências – Séculos XIII a XX.)
a) Como as nações européias justificavam a ocupação e a neocolonização da África a partir do século XIX?
b) No fragmento II, identifique o problema vivido pela França e pela Grã-Bretanha em relação aos seus espaços
neocoloniais na África.
Resolução
a) O neocolonialismo foi justificado pelo argumento da superioridade racial e do “fardo do homem branco”,
segundo o qual as nações européias teriam a obrigação de levar a civilização aos povos da África, considerados “atrasados”.
b) De acordo com o fragmento II, a França e a Grã-Bretanha passaram a ter gastos elevados com a manutenção
de seus impérios coloniais, ao mesmo tempo que precisavam obter recursos para sustentar a mobilização
militar típica da Guerra Fria. Dessa forma, seus orçamentos se desequilibravam.
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▼
Questão 6
A julgar pelas palavras de um dos primeiros governadores, ao fim das duas primeiras décadas do século XVIII,
a chuvosa e fria região central da terra mineira “evaporava tumultos”, “exalava motins”, “tocava desaforos”,
quando não “vomitava insolências”. (...) poder-se-ia inferir que o cenário dominante nas Minas era de um permanente confronto dos novos habitantes — desejosos de enriquecer rapidamente e, portanto, tentando fugir
da ação limitadora (e arrecadadora) do Estado (...) Bem ao espírito da época, o quinto era um ‘direito real’
praticamente incontestado. (...) Se, por um lado, a legitimidade do direito ao quinto sobre o ouro nunca foi
formalmente questionada pelos moradores das Minas, por outro, as formas de sua aferição e o controle da
arrecadação sempre foram objeto das mais acres polêmicas.
(João Pinto Furtado, O Manto de Penélope — História, mito e
memória da Inconfidência Mineira de 1788-9.)
a) Cite dois métodos utilizados em Minas Gerais para a arrecadação do quinto durante o século XVIII.
b) Identifique e caracterize uma rebelião ocorrida em Minas Gerais na primeira metade do século XVIII.
Resolução
a) Em Minas Gerais, durante o século XVIII, foram utilizados dois métodos para a cobrança do quinto.
Inicialmente, o minerador declarava à Intendência a quantidade de ouro que havia extraído e sobre ela
pagava o quinto. O sistema era falho e sujeito a todo tipo de fraude e sonegação, por ser declaratório e
pela deficiência da fiscalização.
Com a entrada em funcionamento das Casas de Fundição (1725) e com a proibição da circulação de ouro
em pó, a cobrança ficou mais eficiente. As Casas fundiam o ouro, em barras, e já descontavam o quinto.
Usando uma expressão atual: o imposto era recolhido na fonte.
A “quintagem” do ouro nas Casas de Fundição reduziu a sonegação, mas não a eliminou. Basta ver que em
1789 — época da Inconfidência Mineira — o total de quintos em atraso chegava a 596 arrobas, o que
equivalia ao total de quintos arrecadados nos dez anos anteriores. Por isso foi decretada a derrama, a qual,
devemos lembrar, não era um método usual de recolhimento do quinto, mas sim de cobrança dos atrasados.
▼
b) A Revolta de Vila Rica, chefiada por Felipe dos Santos, em 1720, ocorreu um ano depois da criação das Casas
de Fundição e foi um claro protesto dos mineradores contra a nova forma de cobrança do quinto.
Em tempo: as Casas de Fundição foram criadas, por lei, em 1719, mas somente começaram a funcionar em
1725.
Questão 7
Bloqueio Continental: 1806-1807
Campo Imperial de Berlim, 21 de novembro de 1806
NAPOLEÃO, Imperador dos Franceses, Rei da Itália etc (...) Considerando,
1ª- Que a Inglaterra não admite o direito da gente universalmente observado por todos os povos civilizados;
2ª- Que esta considera inimigo todo indivíduo que pertence a um Estado inimigo e, por conseguinte, faz prisioneiros de guerra não somente as equipagens dos navios armados para a guerra mas ainda as equipagens das naves de comércio e até mesmo os negociantes que viajam para os seus negócios; (...)
Por conseguinte, temos decretado e decretamos o que se segue:
Artigo 1º- As Ilhas Britânicas são declaradas em estado de bloqueio.
Artigo 2º- Qualquer comércio e qualquer correspondência com as Ilhas Britânicas ficam interditados (...)
(...)
Artigo 7º- Nenhuma embarcação vinda diretamente da Inglaterra ou das colônias inglesas, ou lá tendo estado,
desde a publicação do presente decreto, será recebida em porto algum.
(Gazette Nationale ou le Moniteur Universel, 5 décembre 1806, em Kátia M. de Queirós Mattoso,
Textos e documentos para o estudo da história contemporânea (1789-1963).)
a) Em qual conjuntura esse decreto foi publicado?
b) Identifique e explique a principal decorrência do decreto francês nas relações entre Portugal e Brasil.
UNESP/2005
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Resolução
a) O decreto foi publicado durante o Império de Napoleão (1806) e constituiu-se numa mudança estratégica
na luta contra a Inglaterra: sendo esta imbatível nos enfrentamentos militares marítimos, Napoleão utilizou-se da ação econômica para tentar derrotá-la.
▼
b) A principal conseqüência foi a transmigração da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro, gerando, portanto, a troca de papéis entre a colônia e a metrópole. Decorreu daí a abertura dos portos e o fim do monopólio. Como Portugal era um aliado natural da Inglaterra, D. João optou pelo desrespeito ao bloqueio continental. Cumprindo a ameaça de Napoleão Bonaparte, as tropas francesas invadiram o território português. Porém, antes que elas chegassem a Lisboa, a Corte em fuga iniciou sua viagem para o Brasil.
Questão 8
Terras devolutas são aquelas que pertencem ao Estado porque nunca pertenceram, legitimamente, a um proprietário
privado. Essa categoria surgiu após a aprovação da Lei de Terras, de 1850, que determinou que toda aquisição de terra
só poderia ser realizada por meio da compra, vetando assim a aquisição por meio da posse. Com isso, as terras que não
pertenciam a nenhum proprietário particular foram “devolvidas” ao Estado — daí o termo “devoluta”. Por isso não cabe
ao Estado provar que uma determinada gleba é devoluta: cabe a quem afirma ser seu proprietário o ônus de prová-lo.
Como essas terras não estavam delimitadas, pois eram do Estado por exclusão, muitas acabaram sendo griladas.
(Folha de S.Paulo, 15.04.2003.)
a) No período colonial brasileiro, como se dava o acesso à terra?
b) Explique o fato de a Lei de Terras ter sido assinada no mesmo ano da lei que pôs fim ao tráfico de escravos
para o Brasil.
Resolução
a) No período colonial, o acesso à propriedade da terra só era possível por meio das concessões da Coroa
lusitana. Nesse critério, incluíam-se tanto as sesmarias, distribuídas desde o século XVI, como as propriedades
mineradoras, reconhecidas a partir da descoberta de jazidas nos termos do Regimento das Minas de 1702.
▼
b) A Lei de Terras de 1850 foi estabelecida poucos dias após a promulgação da Lei Euzébio de Queirós, que
impunha a repressão ao tráfico negreiro. A intenção do governo, manipulado pelos latifundiários, era impedir
o acesso de negros forros, trabalhadores livres e imigrantes pobres à propriedade das terras.
Questão 9
Datas
1821-1830
1831-1840
1841-1850
1851-1860
1861-1870
1871-1880
1881-1890
1891-1900
1901-1910
1911-1913
1914-1918
1919-1923
1924-1928
BRASIL: PRINCIPAIS PRODUTOS DE EXPORTAÇÃO (1821-1929).
PARTICIPAÇÃO (EM %) NA RECEITA DAS EXPORTAÇÕES
Couros
Café
Açúcar
Algodão
Borracha
e Peles
18,4
30,1
20,6
0,1
13,6
43,8
24,0
10,8
0,3
7,9
41,4
26,7
7,5
0,4
8,5
48,8
21,2
6,2
2,3
7,2
45,5
12,3
18,3
3,1
6,0
56,6
11,8
9,5
5,5
5,6
61,5
9,9
4,2
8,0
3,2
64,5
6,0
2,7
15,0
2,4
52,7
1,9
2,1
25,7
4,2
61,7
0,3
2,1
20,0
4,2
47,4
3,9
1,4
12,0
7,5
58,8
4,7
3,4
3,0
5,3
72,5
0,4
1,9
2,8
4,5
Outros
17,2
13,2
15,5
14,3
14,8
11,0
13,2
9,4
13,4
11,7
27,8
24,8
17,9
(H. Schlittler Silva, Tendências e características gerais do comércio exterior no século XIX. A. Villanova Vilela e
W. Suzigan, Política do governo e crescimento da economia brasileira 1889-1945, em Paul Singer, O Brasil no
contexto do Capitalismo Internacional, em Boris Fausto (direção), História Geral da Civilização Brasileira.)
UNESP/2005
38
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a) Em que momento a borracha brasileira passa a ser mais fortemente exportada? Por que houve esse crescimento acentuado?
b) A partir da década de 1910, o Brasil deixou de dominar o mercado mundial de borracha. Por que isso ocorreu?
Resolução
a) O crescimento da exportação de borracha começou em meados do século XIX e se acentuou a partir da década
de 1881-1890. O aumento das exportações foi resultado da expansão da demanda na Europa Ocidental e nos
Estados Unidos, pois, com a Segunda Revolução Industrial e com a descoberta do processo de vulcanização, a
indústria de artefatos de borracha teve notável crescimento.
▼
b) O Brasil não suportou a ocorrência de dois fatores simultâneos e interligados: a queda do preço da borracha
no mercado internacional e a concorrência da produção do Sudeste Asiático, onde havia seringais cultivados, reduzindo substancialmente o custo da produção.
Questão 10
Fui vencido pela reação e assim deixo o governo. Nestes sete meses, cumpri meu dever. Tenho-o cumprido dia e
noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções nem rancores. Mas baldaram-se os meus esforços para conduzir esta nação pelo caminho de sua verdadeira libertação política e econômica, a única que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social a que tem direito seu generoso Povo. Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando nesse sonho a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições
de grupos ou indivíduos, inclusive do exterior. Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantaram-se contra
mim e me intrigam ou inflamam, até com a desculpa da colaboração. Se permanecesse, não manteria a confiança
e a tranqüilidade, ora quebradas, indispensáveis ao exercício de minha autoridade. Creio mesmo que não manteria a própria paz pública. (...)
Retorno agora ao meu trabalho de advogado e professor. Trabalharemos todos: há muitas formas de servir nossa
Pátria.
Brasília, 25 de agosto de 1961.
Jânio da Silva Quadros
(Ivan Alves Filho, Brasil, 500 anos em documentos.)
a) Caracterize, em termos econômicos, o governo Jânio Quadros.
b) Relacione o evento apresentado pelo documento com a institucionalização do parlamentarismo no Brasil.
Resolução
a) Jânio Quadros assumiu a presidência em meio a grave crise econômica e sem um projeto de desenvolvimento
para o país. Seu governo procurou enfrentar os dois problemas mais urgentes, ou seja, a inflação e a dívida
externa, com congelamento de salários, drásticas restrições aos créditos, além da malfadada política eqüidistante
no que tangia às relações comerciais externas. Nessa linha, o Brasil buscaria expandir o comércio não só com
os tradicionais parceiros capitalistas, como também com os países do bloco socialista.
Os resultados colhidos conduziram ao fracasso tanto no plano interno como no externo.
b) A repentina renúncia de Jânio, após sete meses de desastrosa gestão, provocou uma grave crise político-militar,
detonada pelo manifesto dos ministros militares, ligados às forças conservadoras golpistas, visando impedir
a posse do vice-presidente João Goulart. Diante da reação dos setores legalistas, militares e civis, a proposta
do sistema parlamentarista apresentou-se como alternativa conciliatória. Aprovada rapidamente pelo
Congresso Nacional, a emenda parlamentarista viabilizou a posse de Jango em 7 de setembro de 1961.
UNESP/2005
39
ANGLO VESTIBULARES
▼
GE OGR AF IA
Questão 11
O clima é um importante recurso natural. A sua compreensão pode auxiliar no melhor desempenho das atividades agrícolas, facilitar o transporte de mercadorias, simplificar a circulação de pessoas, preservar a saúde e
o conforto humanos etc. No entanto, compreendê-lo adequadamente requer o estudo dos seus elementos e
fatores.
a) Quais são os principais elementos do clima? Quais são os principais fatores?
b) Descreva um dos fatores do clima, enfatizando o papel por ele exercido.
Resolução
a) Os principais elementos climáticos são: temperatura atmosférica, umidade do ar, precipitações, ventos e
pressão atmosférica. Os principais fatores climáticos são: altitude, latitude, maritimidade, continentalidade,
correntes marítimas e massas de ar.
▼
b) As massas de ar apresentam fundamental importância para a explicação da dinâmica climática. São porções
da atmosfera que carregam características próprias de suas áreas de origem. Podem ser quentes e úmidas,
quentes e secas, frias e úmidas, e frias e secas. À medida que se deslocam, perdem as suas características iniciais e vão se dissipando.
Questão 12
A energia é imprescindível ao homem e às suas atividades econômicas. Existem dois tipos de fontes energéticas
primárias.
a) Quais são esses dois tipos? Exemplifique-os.
b) Por que a busca de fontes alternativas de energia está sendo estimulada? Cite dois exemplos.
Resolução
a) Os dois tipos de fontes de energia primária são as renováveis e as não-renováveis. Como exemplo do primeiro
grupo, pode-se citar: hidráulica, eólica e biomassa; das não-renováveis, temos petróleo, gás natural e carvão
mineral.
▼
b) A busca de fontes alternativas está associada, entre outros fatores, ao desejo de muitos países de diminuírem
a participação relativa dos combustíveis fósseis nas suas matrizes energéticas. Isso é reflexo, entre outros aspectos,
de problemas ambientais gerados pela larga utilização dessas fontes energéticas, e do quadro de instabilidade
política em boa parte dos países fornecedores de petróleo, cujas conseqüências se fazem sentir especialmente
no processo de elevação do preço desse produto no mercado internacional. Como exemplos de fontes alternativas
que têm sido desenvolvidas com esses objetivos, destacam-se: biomassa (álcool e biodiesel), energia hidráulica
para produção de eletricidade, solar e eólica.
Questão 13
Os países subdesenvolvidos passam por um processo de industrialização sustentado pela tecnologia e pelo capital dos países desenvolvidos. Esse processo, que teve início após a Segunda Guerra Mundial, embora tardio e
dependente, não ocorre de modo homogêneo ao redor do globo. Os dois modelos econômicos adotados perduram até os dias de hoje.
a) Quais são esses dois modelos? Quais são os principais países que os representam?
b) Descreva as principais características de um desses dois modelos.
UNESP/2005
40
ANGLO VESTIBULARES
Resolução
▼
a) Os dois modelos de industrialização adotados por países subdesenvolvidos são: o de substituição das
importações e o das plataformas de exportações.
O primeiro ocorreu em alguns países latino-americanos, como Brasil, Argentina, México e Chile; o segundo
foi adotado por países denominados de Tigres Asiáticos, como Taiwan, Cingapura e Córeia do Sul.
b) Os países que adotaram as plataformas de exportações desenvolveram suas indústrias após a década de
1970, atraindo para isso investimento de empresas transnacionais, interessadas na mão-de-obra barata,
abundante e produtiva. Suas produções voltaram-se quase exclusivamente para o mercado externo, o que
explica a denominação dada a eles.
Já os países denominados substituidores das importações desenvolveram seus parques industriais após a
Segunda Guerra Mundial, fundamentados na conjugação de duas forças: de um lado, a expansão das transnacionais, que participaram com capital e tecnologia em países selecionados, e, de outro, o fortalecimento
de Estados, que se ficaram mais estruturados, criaram uma tecnoburocracia e passaram a controlar certos
setores da produção, voltada predominantemente para o mercado interno.
Questão 14
Tem sido rápido e intenso o crescimento populacional mundial, fato que preocupa os especialistas que estudam
as relações entre recursos naturais, desenvolvimento econômico, crescimento vegetativo e expectativa de vida.
a) O que é crescimento vegetativo? O que é expectativa de vida?
b) Por que em alguns países subdesenvolvidos (México, Chile, Brasil e Argentina, por exemplo) as taxas de
crescimento demográfico baixaram a partir da segunda metade do século passado?
Resolução
▼
a) Crescimento vegetativo é o produto da subtração da taxa de natalidade pela taxa de mortalidade.
Expectativa de vida é a média da idade da população que morreu no ano anterior.
b) Os países subdesenvolvidos que se industrializaram após a Segunda Guerra Mundial, como México, Chile, Brasil e
Argentina, por exemplo, passaram por rápido processo de urbanização, o que contribuiu de forma substancial para
a redução das taxas de natalidade e, conseqüentemente, para a queda do crescimento vegetativo ou demográfico.
Questão 15
A distribuição geográfica da população mundial não ocorre de maneira uniforme. Muitas vezes, sobre um
mesmo continente, são encontrados verdadeiros “formigueiros humanos” (áreas muito populosas e povoadas)
e, também, áreas anecúmenas (quase sem população). A esse propósito, responda.
a) Quais são os três países mais populosos do nosso planeta? Qual é o país mais povoado da Terra?
b) O que é população absoluta? O que é população relativa?
Resolução
▼
a) Por populoso entendemos os lugares (países, estados, cidades…) que possuem um elevado contingente populacional,
portanto os países mais populosos são China, Índia e Estados Unidos. Já o resultado da divisão do total de habitantes pela área do lugar determina o quanto um país é povoado. Esse fator determina que países com reduzida
superfície, denominados micronações, sejam muito povoados — caso de Mônaco, com mais de 16.000hab./km2.
b) População absoluta corresponde ao total de habitantes de um determinado espaço geográfico, enquanto
população relativa (ou densidade demográfica) corresponde ao número de habitantes por km2.
Questão 16
O atual território brasileiro é fruto de um longo processo de ocupação humana, composto de várias etapas,
envolvendo conflitos territoriais, forte miscigenação e tratados diplomáticos. Da etapa da colonização portuguesa, durante a vigência do capitalismo comercial (séculos XVI a XVIII), a economia e a sociedade brasileiras
guardam traços profundos e persistentes na produção do espaço e na exploração dos recursos naturais.
a) Quais traços podem ser detectados, ainda hoje, no país?
b) Que características a etapa conhecida como frentes pioneiras possuía?
UNESP/2005
41
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Resolução
a) Entre outros traços da etapa da colonização portuguesa perceptíveis ainda hoje no país, podem ser citados:
a produção do espaço caracterizada por profundas desigualdades — a exemplo do modelo agrário concentrador de terras, fortemente dependente dos mercados externos e sustentador das desigualdades — e
a exploração predatória e insustentável dos recursos naturais — a exemplo da exploração das florestas tropicais, por meio de derrubadas generalizadas, e de recursos minerais, na forma de garimpos.
▼
b) As frentes pioneiras tiveram seu auge na segunda metade do século XX e se constituíram no deslocamento de
população do Centro-Sul em direção ao Centro-Oeste do país, em busca de terras mais baratas. Esse processo
caracterizou-se pela exploração predatória dos recursos naturais, marcada pelas extensas queimadas; pela
formação de novos núcleos populacionais; pela abertura de estradas; pela introdução de fazendas pecuaristas e, mais tarde, agrícolas; pelos conflitos sociais pela posse da terra.
Questão 17
O tratamento que certas publicações dão às questões urbanas brasileiras quase sempre provoca dúvidas. Somente leitores atentos conseguem compreender, por exemplo, processos distintos, embora interligados, como
os da urbanização e do crescimento urbano. A propósito desse assunto, responda.
a) O que são áreas metropolitanas e o que significa metropolização?
b) Quais são, em ordem populacional decrescente, as cinco maiores áreas metropolitanas do Brasil?
Resolução
a) O conceito de áreas metropolitanas envolve o processo de conurbação, ou seja, a união física do espaço
urbano de dois ou mais municípios contíguos, sem que ocorra alteração na autonomia político-administrativa de cada um deles. A formação dessas aglomerações urbanas gera numerosos problemas, entre eles
os freqüentes congestionamentos no tráfego de veículos.
O conceito de metropolização, por sua vez, está relacionado ao aumento expressivo do número de habitantes de uma grande cidade, a qual, geralmente, exerce o papel de importante pólo econômico e de serviços numa determinada região.
▼
b) As cinco maiores áreas metropolitanas do Brasil são, segundo o censo do IBGE de 2000, a grande São Paulo
(17,8 milhões de habitantes), a grande Rio de Janeiro (10,8 milhões), a grande Belo Horizonte (4,8 milhões),
a grande Porto Alegre (3,6 milhões) e a grande Recife (3,3 milhões de habitantes).
Questão 18
No Brasil, a posse da terra constitui-se num grande problema agrário, envolvendo grileiros, posseiros e estrutura fundiária.
a) O que são grileiros? O que são posseiros?
b) Em linhas gerais, como está organizada a estrutura fundiária nacional?
Resolução
a) Grileiro é a denominação dada ao indivíduo que se apropria de terras alheias através de falsas escrituras de
propriedade.
Já posseiro é a designação daquele elemento que ocupa terras devolutas ou abandonadas e delas usufrui,
passando a cultivá-las.
b) De forma geral, a estrutura fundiária nacional é caracterizada pelos extremos. Constata-se uma grande concentração de terras nas mãos de poucos proprietários, em oposição a um grande número de trabalhadores
que nem sempre têm à sua disposição o meio de produção mínimo e necessário para realizar suas atividades. Essa situação potencializa os conflitos fundiários e as mortes no campo.
UNESP/2005
42
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▼
Questão 19
A figura mostra a distribuição do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no Brasil, por unidade da federação,
no ano de 2000. Observe-a e responda.
IDH — 2000
menos de 0,650
de 0,673 a 0,699
de 0,702 a 0,729
de 0,749 a 0,786
de 0,802 a 0,809
de 0,814 a 0,844
(Graça M. L. Ferreira. 2003.)
a) Quais são as duas unidades federativas com os melhores IDHs? Quais são as duas unidades federativas com
os piores IDHs?
b) O que o IDH mede? Quais são os seus três principais componentes?
Resolução
a) As duas unidades federativas com os melhores IDHs do Brasil correspondem a SP e ao DF. Já as duas com os
piores IDHs são MA e AL.
b) O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mede as condições socioeconômicas de um lugar. Para se
chegar a um número final desse índice, três componentes são levados em consideração: educação, expectativa de vida e renda.
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POR TUGU ÊS
INSTRUÇÃO: Leia o texto seguinte e responda às questões de números 20 a 22.
A enxada
“Não sei adonde que Piano aprendeu tanto preceito” — pensava dona Alice. E ninguém podia tirar sua
razão. Supriano era feio, sujo, maltrapilho, mas delicado e prestimoso como ele só. Naquele dia, por exemplo,
chegou ao sítio de Seu Joaquim Faleiro, marido de dona Alice, beirando aí as sete horas, no momento em que
a mulher mais os filhos estavam sapecando um capado matado indagorinha.
— Com sua licença, dona Alice. — E Piano sapecou o bicho, abriu, separou a barrigada, tirou as peças de
carne, o toucinho e, na hora do almoço, já estava tudo prontinho na salga. Aí Seu Joaquim chegou da roça
para o almoço e enconvidou Piano para comer, mas ele enjeitou.
Estava em jejum desde o dia anterior, porém mentiu que havia almoçado. Com o cheiro do decomer seu
estômago roncava e ele salivava pelos cantos da casa, mas não aceitou a bóia. É que Piano carecia de uma
enxada e queria que Seu Joaquim lhe emprestasse. Na sua lógica, achava que se aceitasse a comida Seu
Joaquim julgava bem pago o serviço da arrumação do capado e não ia emprestar-lhe a enxada. Não aceitando o almoço, o sitiante naturalmente ficaria sem jeito de lhe negar o empréstimo da ferramenta.
Depois do almoço (o café ele não dispensou) desembuchou:
— Seu Joaquim, num vê que eu estou lá com a roça no pique de planta e não tem enxada. Será que mecê
tem alguma aí pra me emprestar?
O pedido não foi formulado assim de um só jato não. Piano roncou, guspiu de esguicho, falou uns “quer
dizer”, “num vê que”, coçou-se na cabeça e na bunda, consertou o pigarro. Seu Joaquim permaneceu silencioso e de cara fechada o tanto de se rezar uma ave-maria, e Piano completou:
— A gente não quer de graça. É só colher a roça, a gente paga...
O sitiante meteu o indicador entre as gengivas e as bochechas, limpou os detritos de farinha e arroz, lambeu aquilo e por fim guspinhou pra riba de um cachorro que dormia debaixo da mesa.
— É procê mesmo, que mal pergunte? — interrogou depois de alguns minutos de meditação, os olhos
vagos para o rumo onde estava deitado o cachorro.
Piano trocou de pernas, gaguejou, teve vontade de não dizer, mas acabou por informar que era pra plantar a roça de Seu Elpídio Chaveiro.
— Aí que o carro pega — disse Joaquim enérgico. — Pra você eu te dou de tudo; praquele miserável num
dou nadinha dessa vida. Vou pinchá resto de comida no mato, é coisa sem serventia pra mim, mas se esse
Elpídio falar para mim: “Ô Joaquim, me dá isso” — eu num dou de jeito nenhum!
(...)
Joaquim Faleiro era sitiante pobre, dono de uma nesguinha de vertente boa. Vivia de fazer sua rocinha,
que ele mesmo, a mulher e dois cunhados iam tocando. Vendiam um pouco de mantimento, engordavam uns
capadinhos, criavam umas vinte e poucas reses e fabricavam algumas cargas de rapadura na engenhoca de
trás da casa, mode vender no comércio. O resto Deus dava determinação. O diabo, porém, era aquele tal de
capitão Elpídio Chaveiro, nas terras de quem estava o sitiante imprensado assim como jabuticaba na forquilha.
Por derradeiro arranjou Elpídio encrenca com o açude que abastecia de água a morada de Joaquim, que estava
no ponto de acender vela em cabeceira de defunto. Essa tenda é que desdeixava Seu Joaquim emprestar a
enxada a Piano...
▼
(Bernardo Élis, Veranico de Janeiro. 1ª- edição: 1966.)
Questão 20
A mistura de variedades lingüísticas pode trazer um sabor muito especial, principalmente a textos de natureza
regionalista, como o de Bernardo Élis, onde convivem um discurso culto e vocábulos de uma variedade
não-padrão, tanto na fala das personagens quanto por parte do enunciador. Tendo em vista essa possibilidade,
a) explicite, com exemplos, a mistura da norma padrão com a variedade popular, na fala de Piano;
b) selecione dois verbos, entre os vários utilizados pelo enunciador, que sejam mais comuns na variedade popular.
UNESP/2005
44
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Resolução
A fala de Piano, introduzida no segundo travessão, apresenta marcas da variedade popular, como a forma
de tratamento “mecê” em lugar de “você”, o uso de “num” em lugar de “não” e de “pra” em lugar de “para”.
Há, na mesma fala, também a presença de formas da norma padrão, como “estou” em lugar da forma popular
“tô” e, no trecho “me emprestou”, o pronome oblíquo “me” funcionando como complemento do verbo
“emprestar”, quando a variante popular elegeria “pra mim” ou “pra eu”.
b)
O narrador, por meio da estratégia do discurso indireto livre, utiliza determinados termos típicos da fala das
personagens, misturando sua voz à delas. Isso se verifica, por exemplo, no emprego de “enconvidou”,
“enjeitou”, “guspiu”, “sapecando”, “carecia”, “desembuchou”, “guspinhou”, etc.
▼
a)
Questão 21
O pedido de empréstimo da enxada, feito por Piano a Seu Joaquim Faleiro, está expresso em uma fala formulada de forma direta e iniciada no segundo travessão. Sendo fiel à exposição do enunciador,
a) transcreva a passagem pela qual se fica sabendo que Piano não disse a frase da maneira direta e objetiva
como está transcrita no texto;
b) esclareça se foi a maneira de Piano fazer o pedido que levou Seu Joaquim a lhe negar o empréstimo da enxada.
Resolução
Entre outras passagens indicadoras de que Piano não disse a frase de maneira indireta e objetiva, pode-se
citar o trecho: “O pedido não foi formulado assim de um jato só não. Piano roncou, guspiu de guincho, falou
uns ‘quer dizer’, ‘num vê que’, coçou-se na cabeça e na bunda, consertou o pigarro”. Percebem-se aí as hesitações
da personagem, sua inquietação, seu constrangimento em fazer o pedido. As informações fornecidas pelo narrador apontam aspectos do comportamento da personagem que sua fala não revela, como a gestualidade, por
exemplo. Desse modo, os “rodeios” de Piano se evidenciam mais em sua movimentação corporal do que na fala
transcrita no segundo travessão, embora nesta conste o uso da forma interrogativa: a pergunta indireta é compatível com a idéia de que a personagem faz “rodeios” ao falar.
b)
O sujeito manifesta, pelo modo de dizer, um modo de ser. Isso significa que, ao se dirigir a Seu Joaquim,
Piano não apenas transmite um conteúdo, mas também fornece pistas a respeito de si mesmo: pela maneira
como faz o pedido, ele constrói a imagem de um sujeito hesitante, inquieto, preocupado, tenso. Essa imagem
pode ser apreendida por meio de alguns traços do enunciado. Por exemplo, ao fazer o pedido de maneira indireta, sob a forma interrogativa, em “num vê que eu estou lá com a roça no pique de planta e não tem enxada”,
Piano revela hesitação. Isso desperta a desconfiança de Seu Joaquim, como se percebe no seguinte trecho: “É
procê mesmo, que mal pergunte?” Piano, diante da pergunta, novamente titubeou, negando que o empréstimo
fosse para ele mesmo. Ao dizer que era para “plantar a roça de Seu Elpídio Chaveiro”, obteve a negativa do
pedido de empréstimo. Seu modo de dizer, assim, é que levou Seu Joaquim a não lhe emprestar a enxada: se o
pedido fosse feito de modo seguro, não teria levantado as suspeitas que, confirmando-se, impediram Piano de
ter o que desejava.
▼
a)
Questão 22
No fragmento — … fabricavam algumas cargas de rapadura na engenhoca de trás da casa, mode vender no
comércio,
a) identifique o tipo de relação sintática que o termo mode estabelece, no contexto, ao introduzir uma oração
reduzida de infinitivo;
b) reescreva o trecho, substituindo o termo destacado por um conectivo mais próximo da norma padrão da
língua.
Resolução
a)
O termo “mode” estabelece uma relação de finalidade com a oração “fabricavam algumas cargas de
rapadura na engenhoca de trás da casa”.
b)
“(...) fabricavam algumas cargas de rapadura na engenhoca de trás da casa, para que / a fim de que
fossem vendidas no comércio (...)”
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INSTRUÇÃO: Leia o texto seguinte e responda às questões de números 23 a 25.
Ubirajara
Uma estrela brilhante listrava o céu, como uma lágrima de fogo, e Ubirajara pensou que era o rasto de Araci,
a filha da luz.
A juriti arrulhou docemente na mata e Ubirajara lembrou-se da voz maviosa da virgem do sol.
(...)
Seu passo o guiava sem querer para as bandas do grande rio, onde devia ficar a taba dos tocantins.
É assim que os coqueiros, imóveis na praia, inclinam para o nascente seu verde cocar.
Ubirajara ouviu o rumor de um passo ligeiro através da mata; de longe conheceu Jandira que o procurava.
A doce virgem achara à porta da cabana o rasto do guerreiro e o seguira através da floresta.
— Que mau sonho aflige Ubirajara, o senhor da lança e o maior dos guerreiros, chefe da grande nação
araguaia, para que ele se afaste de sua taba e esqueça a noiva que o espera?
— A tristeza entrou no coração de Ubirajara, que não sabe mais dizer-te palavras de alegria, linda virgem.
— A tristeza é amarga; quando entra no coração do guerreiro, o enche de fel. Mas Jandira fará como sua irmã,
a abelha, ela fabricará em seus lábios os favos mais doces para seu guerreiro; suas palavras serão os fios de mel
que ela derramará na alma do esposo.
— Filha de Majé, doce virgem, ainda não chegou o dia em que Ubirajara escolha uma esposa; nem ele sabe
ainda qual o seio que Tupã destinou para gerar o primeiro filho do grande chefe dos araguaias.
O lábio de Jandira emudeceu; mas o peito soluçou.
(...)
Ela sabia que os guerreiros amam a flor da formosura, como a folhagem da árvore; e que a tristeza murcha a
graça da mais linda virgem.
▼
(José de Alencar, Ubirajara. 1ª edição: 1874.)
Questão 23
Diversamente do que acontece em A enxada, em que o enunciador mistura a norma padrão com uma variedade
popular, Ubirajara apresenta uma linguagem culta, mesmo ao focalizar a fala de indígenas, como Ubirajara e
Jandira. Relendo o texto,
a) comente como o emprego de pronomes pessoais serve para ilustrar a opção pela norma padrão, na fala das
personagens;
b) identifique, na última fala de Jandira, dois exemplos do uso mais formal ou artificial de um dos tempos verbais
ali ocorrentes.
Resolução
Jandira utiliza duas vezes o pronome oblíquo “o” como objeto direto (“noiva que o espera” e “o enche
de fel”), quando na variante popular seria mais usual o emprego do pronome reto.
Além disso, tanto Jandira quanto Ubirajara empregam pronomes de terceira pessoa para se referirem a si
mesmos e aos seus interlocutores (exceto na primeira fala de Ubirajara, em que se dirige a Jandira utilizando a
segunda pessoa). Esse sofisticado recurso de evitar a primeira e a segunda pessoa é característico da variante
lingüística formal, pois costuma aparecer não em diálogos espontâneos, e sim em contextos em que se valoriza
uma maior elaboração da linguagem.
b)
O uso das formas verbais no futuro do presente: “fará”, “fabricará”, “serão” e “derramará”.
O mais comum, na variante popular, seria formar o futuro com o verbo ir, como auxiliar, acompanhado
de um verbo principal no infinitivo:
• vai fazer
• vai fabricar
• vão ser
• vai derramar
▼
a)
Questão 24
No trecho transcrito de Ubirajara, o ambiente retratado é o pano de fundo que permite relacionar a obra a
uma importante característica do romance indianista, que o inscreve de modo marcante no Romantismo.
a) Identifique essa característica, atendo-se explicitamente ao cenário em que se movem as personagens.
b) Explique como as comparações existentes no trecho servem para confirmar essa característica.
UNESP/2005
46
ANGLO VESTIBULARES
▼
Resolução
a)
A característica é a idealização da natureza americana, procedimento comum no Romantismo. Os elementos naturais que compõem a paisagem são conduzidos positivamente, como em: “a juriti arrulhou
docemente” e “os guerreiros amam a flor da formosura, como a folhagem da árvore”.
b)
As comparações estabelecem paralelo entre a nobreza das ações das personagens e o cenário natural
idealizado. Dessa maneira, a natureza expressa os valores desenvolvidos na ação romanesca. No texto apresentado, o desejo de Ubirajara de voltar à sua pátria é comparado aos “coqueiros [que], imóveis na praia,
inclinam para o nascente seu verde cocar”. A intenção da heroína em alegrar o seu amado também encontra
relação no cenário natural perfeito: assim como a abelha, Jandira “fabricará em seus lábios os favos mais
doces para seu guerreiro; suas palavras serão os fios de mel que ela derramará na alma do esposo”.
Questão 25
O diálogo travado entre Jandira e Ubirajara deixa evidentes diferentes interpretações das personagens, quanto a uma eventual união conjugal entre elas. Ao empregar as palavras noiva e esposo, Jandira parece considerar definida a sua união com o chefe dos araguaias. Com base nessas considerações,
a) explique como Ubirajara revela frustrar essa intenção explícita da índia, quanto à união entre ambos;
b) aponte um advérbio, repetido duas vezes na última fala de Ubirajara, que confirma essa quebra de expectativa de Jandira e ratifica a indecisão do guerreiro.
Resolução
a)
Em sua fala, Ubirajara revela que espera a decisão de Tupã para escolher uma esposa: “… doce virgem,
ainda não chegou o dia em que Ubirajara escolha uma esposa; nem ele sabe ainda qual o seio que Tupã
destinou para gerar o primeiro filho do grande chefe dos araguaias”.
b)
O advérbio que quebra a expectativa e a ansiedade de Jandira, assim como reforça a indecisão do guerreiro, é “ainda”, cujo emprego pressupõe que a ação pode ocorrer depois do tempo previsto.
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CO MENTÁRI OS
História
História do Brasil
A prova apresentou questões bem elaboradas sobre temas pertinentes, havendo boa distribuição de assuntos
da programação de História do Brasil.
Além disso, o grau de exigência foi compatível com o perfil de alunos da área de Humanidades.
História Geral
A prova teve enunciados claros e está adequada à seleção de candidatos egressos do Ensino Médio.
Geografia
Prova relativamente simples e tradicional, explorando conceitos básicos da Geografia. Destaquem-se o pouco
uso de mapas e a ausência absoluta de textos, tabelas e gráficos, freqüentes na moderna análise geográfica.
Português
Formuladas com precisão e clareza, as questões de Gramática pressupõem o entendimento do texto para serem
respondidas, numa demonstração de que as ocorrências gramaticais contribuem para a construção do sentido.
A questões de Interpretação de Texto cobram não apenas a apreensão de sentido, mas também manobras discursivas acionadas para gerar significado.
As questões de Literatura baseiam-se em um trecho transcrito do romance Ubirajara, de José de Alencar. Ao
se concentrar nas características do movimento literário ao qual a obra pertence (Romantismo) e na análise do
texto propriamente dito, a Banca procura avaliar a aptidão do candidato para depreender os recursos expressivos
empregados no livro, elementos que contribuem para seu entendimento e que são extremamente relevantes no
estudo da literatura. A questão 24 refere-se à relação entre personagens e cenário e a 25, às expressões que
explicitam seu estado de espírito e suas intenções.
Em resumo, as questões formam uma rede de assuntos interdependentes cuja organização só pode ser percebida,
de fato, por quem apreendeu o sentido global do texto.
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Capa_UNESP-CE_04.07.05