ENEM EM FASCÍCULOS - 2012 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS CARO ALUNO, Este material didático, elaborado pelos professores da Organização Educacional Farias Brito, e estruturado em 16 fascículos, segundo as Matrizes de Referência do Novo Enem, segue o seu principal eixo norteador, que é aproximar os conteúdos teóricos de sua aplicação em nosso cotidiano. Aqui você encontrará uma breve revisão teórica dos principais Objetos de Conhecimento trabalhados nesse novo exame em cada Área do Conhecimento, além da interação com outros importantes recursos pedagógicos, como a apresentação de questões comentadas e de diferentes tipos de exercícios, que serão resolvidos pela equipe de professores da Organização Educacional Farias Brito e disponibilizados na FBTV. Tudo isso é parte integrante de um projeto maior, pensado para apoiar e garantir o seu ingresso na Universidade. Com a evolução dos processos seletivos, mais do que nunca, faz-se necessário ir muito além da aquisição de informações. É preciso apropriar-se delas, saber com clareza quando, como e para que finalidade elas servirão e reconhecê-las nas mais simples situações do nosso dia a dia, ou seja, transformá-las em conhecimento. Para apoiar esse processo, as Competências e Habilidades referentes a essas Áreas do Conhecimento também foram consideradas na construção de cada fascículo e serão apresentadas de forma integrada, no material, de maneira a facilitar o seu estudo. Neste primeiro fascículo trabalharemos com a área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, buscando abordar diferentes assuntos que tratam do aspecto humano do homem, relacionados às Constituições brasileiras, às conferências e principais acordos ambientais e à filosofia moral. Venha aprender conosco! INTRODUÇÃO Estamos de volta a mais uma jornada em busca da sua aprovação no Enem. Por meio de dados estatísticos, verificamos, nestes últimos anos, especialmente depois que passou a vigorar o Novo Enem em 2009, a grande quantidade de questões que se referem à história do Brasil, algumas das quais diretamente relacionadas aos seus projetos constitucionais. Dessa forma, resolvemos neste primeiro fascículo desenvolver uma breve análise das sete constituições brasileiras (alguns consideram oito, tomando por base a Emenda Constitucional de 1969), abordando também o contexto histórico em que foram geradas, o que nos possibilitará um verdadeiro passeio pela história do Brasil. Poderemos, neste processo, aplicar várias habilidades da Matriz de Referência do Novo Enem da Área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, tais como a H12, que propõe análise do papel da justiça como instituição na organização das sociedades, a H22, que propõe análise das lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas, a H24, que propõe relação entre cidadania e democracia na organização das sociedades, a H25, que propõe identificação de estratégias que promovam formas de inclusão social, entre outras. Estamos prontos? OBJETO DO CONHECIMENTO As Constituições do Brasil: um passeio pela História Você já deve ter se perguntado: “por que o Brasil teve tantas constituições? Foi uma questão de incompetência dos que elaboraram os primeiros projetos? Por que os EUA tiveram ao longo de sua história apenas uma única constituição?” Talvez algumas dessas perguntas tenham ficado sem respostas, mas vamos tentar elucidá-las ao longo desse trabalho. Primeiro observamos que, ao contrário do Brasil, desde a sua independência, obtida em 1776, os EUA já nascem fundamentados no modelo republicano confirmado na Constituição de 1787, em que a opção pelo federalismo permitia aos estados resolver as questões de ordem específica, respeitando as particularidades de um país, assim como o nosso, de dimensões continentais e, óbvio, de características culturais bem distintas. Mas veja que mesmo lá alguns pontos geraram divergências que resultaram em conflitos, como, por exemplo, a questão da manutenção ou abolição dos escravos, que resultou na Guerra de Secessão, no século seguinte. Não obstante a isso, a história norte-americana não passou por sérios abalos na sua estrutura política, ao contrário do Brasil, que alternava períodos democráticos com períodos autoritários. A estabilidade política nos EUA foi fator determinante para a manutenção de um projeto constitucional durante tantos anos. 1 Fascículo Enem em fascículos 2012 A independência do Brasil assumiu características específicas, na medida em que era comandada pela aristocracia rural, que temia mudanças radicais que viessem a comprometer os seus privilégios e buscou todos os meios de manter a mesma estrutura agrária e exportadora, uma marca do período colonial. Aliás, esteve à frente da independência do Brasil D. Pedro I, filho de D. João VI, rei de Portugal, ou seja, nos separamos politicamente de Portugal mas quem comandava o país era o herdeiro legítimo do trono português. No contexto do pós-independência surgia o primeiro projeto constitucional, em 1823, denominado de Constituição da Mandioca, elaborado em uma Assembleia Constituinte controlada pela aristocracia rural brasileira, que procurou assegurar sua hegemonia ao estabelecer o voto censitário com critério fixado na posse das terras (alqueires de mandioca) e dividido em dois graus. Portanto, havia o eleitor de paróquia (com exigência mínima de 150 alqueires de mandioca) e o eleitor de província (com exigência mínima de 250 alqueires de mandioca). O anteprojeto ainda tinha um caráter liberal e lusofobista (com restrições políticas específicas aos elementos portugueses) que, na prática, limitaria os poderes do Imperador. O projeto foi rejeitado por D. Pedro I, que ordenou a dissolução da Assembleia, o que resultou no episódio da Noite da Agonia. Mas a nação independente não poderia ficar sem uma constituição. D. Pedro I estabelece e nomeia alguns dos integrantes para a formação do Conselho de Estado, órgão encarregado de elaborar a nova constituição, que acabou outorgada pelo Imperador em 1824. Essa constituição foi a que mais tempo durou, cerca de 67 anos, e que tinha ambiguidades e características específicas. Em linhas gerais, o projeto pode ser sintetizado no Art. 3º, que estabelece que “o seu governo é monárquico hereditário, constitucional e representativo”. A ambiguidade fica pelo caráter liberal, pois a existência de um projeto constitucional com a divisão dos poderes e a realização de eleições regulares eram características liberais (não confundir liberalismo com democracia). Vale salientar que, assim como no primeiro projeto (Constituição da Mandioca), o voto era censitário e indireto, ainda que o critério fosse alterado, passando a exigência a ser feita em dinheiro. Para ser eleitor de primeiro grau era necessário renda de 100 mil réis; para ser eleitor de segundo grau, a exigência aumentava para 200 mil réis; para ser Deputado era necessária a comprovação de 400 mil réis de renda e, finalmente, para Senador a renda deveria ser de 800 mil réis para compor a lista da qual o Imperador indicaria o escolhido em caráter vitalício. Aos poucos perceberemos o seu verdadeiro objetivo, que era reforçar o poder do Imperador, a quem cabia, além da chefia dos Poderes Executivo e Moderador, outras atribuições, como a de indicar os senadores que exerceriam mandato vitalício, bem como o direito de nomear os juízes dos tribunais. Destaque especial merece a criação do Poder Moderador, inspirado nas ideias de Benjamim Constant e de competência exclusiva do Imperador, que em princípio deveria ter um caráter conciliador, como especifica o Art. 98: “O Poder Moderador é a chave de toda a organização política, e é delegado privativamente ao Imperador. (...) para que incessantemente vele sobre a manutenção da Independência, equilíbrio, e harmonia dos demais poderes políticos (...) dissolvendo a Câmara dos Deputados nos casos em que o exigir a salvação do Estado”. 2 Percebe-se, de fato, que era concedido ao Imperador poderes praticamente ilimitados, já que ele não precisaria prestar contas de seus atos a nenhum outro órgão ou instância, como estabelece o Art. 99: “A pessoa do Imperador é inviolável e sagrada, não estando sujeita a responsabilidade alguma”. No mais, podemos destacar o caráter unitário e o caráter confessional, isto é, a existência de uma religião oficial no Império Brasileiro, do que podemos concluir que havia submissão da Igreja ao Estado, manifesta em dois mecanismos básicos, que eram o padroado (direito de nomeação e responsabilidades de pagamento dos sacerdotes) e o beneplácito (que era o direito à censura dos documentos da Igreja). Ainda que não fossem proibidas as práticas religiosas além da religião católica apostólica romana, havia determinadas restrições quanto à realização de cultos, como se verifica no Art. 5º: “A religião católica apostólica romana continuará a ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão permitidas com seu culto doméstico ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo.” O próximo projeto constitucional resulta do contexto da Proclamação da República no Brasil e, ao contrário da primeira, esta foi promulgada. Em 1891 havia um conjunto de forças que, embora convergissem para o modelo republicano, divergiam sobre a forma a ser implantada, especialmente os militares, que desejavam um estado unitário, e os civis, destacadamente os fazendeiros do oeste paulista, desejosos de um modelo que lhes concedesse maior autonomia (federalista). As classes médias urbanas também ansiavam que o novo regime cumprisse a função evidenciada em seu nome, isto é, república (coisa do povo), ampliando as possibilidades de participação efetiva na política. De fato, esse projeto foi inspirado no modelo norte-americano, tendo à frente o intelectual baiano Rui Barbosa. Dessa forma, o Brasil passou se chamar República Federalista dos Estados Unidos do Brasil, como definia o Art. 1º: “A Nação brasileira adota como forma de Governo, sob o regime representativo, a República Federativa, proclamada a 15 de novembro de 1889, e constitui-se, por união perpétua e indissolúvel das suas antigas Províncias, em Estados Unidos do Brasil.” A Constituição acabou com as principais instituições monárquicas, como o Poder Moderador, o voto censitário, o senado vitalício e o Conselho de Estado. A clássica tripartição do poder foi estabelecida com a formação de um legislativo bicameral eletivo (duas Câmaras eleitas por voto direto – Câmara dos Deputados e o Senado Federal), o estabelecimento de um Estado laico (separação entre a Igreja e o Estado), a transformação das antigas províncias em estados, a grande naturalização, entre outros aspectos. Destaque todo especial merece a questão do voto, tendo gerado em muitos propagandistas da república enorme frustração. O voto seria então universal e aberto (ou descoberto), sendo permitido apenas aos homens maiores de 21 anos e que fossem alfabetizados, estando excluídos as mulheres, os religiosos de ordens monásticas, companhias, congregações ou comunidades de qualquer denominação sujeitas a voto de obediência, regra ou estatuto que importe a renúncia da liberdade individual, as praças de pré, excetuados os alunos das escolas militares de ensino superior, e os mendigos, como estabelece o Art. 70. Percebe-se dessa maneira que a grande maioria da população seria impedida de votar e, como o voto é o signo mais visível em uma democracia, estava definitivamente comprometida a questão da cidadania nesse projeto. Ciências Humanas e suas Tecnologias Enem em fascículos 2012 Em 1934, em meio à polarização ideológica que marcou o período entre guerras, surge mais uma Constituição no Brasil, que, ainda que durasse pouco tempo, apenas 3 (três) anos, promoveu algumas importantes alterações no quadro político e social do País. Esse projeto foi resultado da necessidade de regulamentação do processo político iniciado em 1930, quando Vargas chegou ao poder. Passados dois anos, sobreveio forte questionamento dos paulistas, que ensejaram uma revolução, ainda que o termo possa ser questionado, denominada por eles de Constitucionalista de 1932, a qual foi derrotada por Vargas. Porém, um dos seus objetivos acabou sendo alcançado após a lei eleitoral, que introduzia novidades como o voto secreto e extensivo às mulheres e a determinação da realização de eleições em que caberia aos parlamentares eleitos a tarefa de elaborar uma nova Constituição para o País. Desse projeto vamos nos ater a algumas novidades. Destaque para o caráter corporativista que se manifesta na escolha dos deputados classistas provenientes das classes regulamentadas em um sindicato subordinado ao Ministério do Trabalho. O título IV, que trata da Ordem Econômica e Social, está em acordo com o modelo populista que se manifestava principalmente com a introdução de leis trabalhistas e sua regulamentação, como preceitua o Art. 121: “A lei promoverá o amparo da produção e estabelecerá as condições do trabalho, na cidade e nos campos, tendo em vista a proteção social do trabalhador e os interesses econômicos do País”. A defesa dos interesses e das riquezas nacionais se expressam no Art. 119: “O aproveitamento industrial das minas e das jazidas minerais, bem como das águas e da energia hidráulica, ainda que de propriedade privada, depende de autorização ou concessão federal, na forma da lei.” Também chama a atenção nesse projeto a extinção do cargo de vice-presidente e o estabelecimento do ensino primário, obrigatório e gratuito como atribuição do Estado. Finalmente, constatamos que os votos secreto e feminino também foram confirmados. Três anos após a promulgação da Constituição de 1934, que proibia a reeleição, Vargas, disposto a permanecer no poder e usando como pretexto a defesa da nação do suposto plano Cohen, decretou estado de sítio com anuência do Congresso e inaugurou o Estado Novo, só que desta vez respaldado em uma Constituição. Na mesma data que anunciava o golpe, Vargas também divulga o projeto constitucional que nortearia os próximos anos da república no Brasil, sendo esta coordenada pelo jurista Francisco Campos e outorgada pelo Presidente Vargas em 10 de novembro de 1937. A hipertrofia do Poder Executivo seguia uma tendência mundial, especialmente na Europa, sob o domínio de regimes fascistas. A inspiração tomada do modelo semifascista polonês valeu ao projeto constitucional brasileiro o apelido de “polaca”. Merecem destaque especial a regulamentação dos símbolos nacionais – Art. 2°: “A bandeira, o hino, o escudo e as armas nacionais são de uso obrigatório em todo o País. Não haverá outras bandeiras, hinos, escudos e armas. A lei regulará o uso dos símbolos nacionais”. Em cerimônia pública, Vargas determinou a queima das bandeiras dos estados e estabeleceu a primazia da bandeira nacional. Na prática, esse ritual era uma maneira de referendar o caráter unitário que o país assumiria a partir daquele momento. O mandato presidencial, conforme o artigo 80, deveria durar seis anos, embora o artigo 187 previsse a promoção de um plebiscito legitimador, que nunca foi feito. Ao presidente também caberia prerrogativas especiais, como o direito à censura prévia, direito de nomear interventores para os estados e até de legislar pelos decretos-lei, principalmente durante o estado de emergência. O projeto ainda reconhecia e determinava as condições a que a pena de morte seria imputada. Finalmente, como preceituava o Art. 139: “A greve e o lockout [paralisação de empresários] são declarados recursos antissociais, nocivos ao trabalho e ao capital e incompatíveis com os superiores interesses da produção nacional.” Com a deposição de Vargas em 1945, tornava-se necessária uma mudança constitucional capaz de dotar o Brasil daquilo que era a nova tendência mundial após a Segunda Guerra, especialmente no Ocidente, que era a redemocratização. O novo projeto constitucional do Brasil, datado de setembro de 1946, cumpriu em parte a sua missão de promover a redemocratização do Brasil, sendo importante instrumento de normalização das relações políticas institucionais e da democracia representativa, especialmente por restaurar as eleições diretas em todos os níveis, garantir a liberdade de expressão e associação, inclusive do direito de greve (exceto para os casos previstos por leis específicas). Redemocratização em parte porque foi fechado e decretado ilegalidade do PCB, que teve os mandatos de seus representantes cassados (resultado da forte influência dos EUA no contexto da Guerra Fria), o uso frequente da censura, a intervenção nos sindicatos e a limitação do direito de greve são posturas antidemocráticas. Por fim, o mandato presidencial foi fixado em 5 anos, sem direito à reeleição. A sucessão de crises na república liberal entre 1946 e 1964 (suicídio de Vargas, tentativa de impedimento da posse de JK, a renúncia de Jânio e as propostas de reformas de base de Jango) levaram ao colapso do populismo e à implantação do regime militar que vigorou no Brasil por 21 anos. Mais uma vez uma ruptura e a implantação de um novo regime exigia modificações jurídico-político-institucionais, o que resultou em mais uma Constituição, desta feita em 1967. Trinta anos após o Estado Novo surgia mais uma Constituição autoritária no País. A “Revolução de 1964”, como era chamada pelos seus idealizadores, implantou medidas legais para institucionalizar o regime, denominadas de Atos Institucionais, que se notabilizavam pelo reforço do Poder Executivo federal destruindo o equilíbrio entre os poderes constituídos. Por esses atos os elementos de oposição ao regime no Congresso foram progressivamente expurgados. Com regras estabelecidas pelo AI-4, o Congresso foi convocado para aprovar o novo projeto constitucional, que de fato não foi elaborado pelos parlamentares, veio praticamente pronto sob encomenda da alta cúpula militar. Sem a presença dos indesejáveis parlamentares opositores, o projeto foi aprovado praticamente sem alterações, sendo considerado oficialmente promulgada, mas na verdade foi semioutorgada. Durante todo o período em que os militares estiveram no poder foram editados, além dos 17 Atos Institucionais, cerca de 130 Atos Complementares e quase mil leis excepcionais. Na prática, podemos concluir que a função da Carta era de legitimar as determinações contidas nos Atos Institucionais que atuavam no sentido de promover a centralização do poder, de estabelecer o controle da cultura mediante censura, no controle da estrutura político-partidária, sindicatos e associações de classe e dar legitimidade à repressão política. A Emenda Constitucional nº 1, de 1969, outorgada pela Junta Militar, incorpora nas suas Disposições Transitórias os dispositivos do Ato Institucional nº 5 (AI-5), de 1968, permitindo que o presidente, entre outras coisas, feche o Congresso, casse mandatos e suspenda direitos políticos. Dá aos governos militares completa liberdade de legislar em matéria política, eleitoral, econômica e tributária. Na prática, o Executivo substitui o Legislativo e o Judiciário. Ciências Humanas e suas Tecnologias 3 Enem em fascículos 2012 No período da aberturas políticas, várias outras emendas preparam o restabelecimento de liberdades e instituições democráticas.1 Com o fim do regime militar em 1985 o Brasil entraria em uma nova fase. Democracia e cidadania eram os principais temas do momento. E você sabe, mudou o regime, mudou o modelo, sinal de uma nova Constituição. Mesmo diante do contexto conturbado da gestão de Sarney, mergulhado em denúncias de corrupção e perdido em meio à inflação descontrolada, havia certa esperança de que esse novo projeto constitucional fosse enfim capaz de dar a estabilidade política e garantir avanços concretos nas áreas social e econômica de que o país necessitava. Vale lembrar que sobre Sarney pesava forte desconfiança por ter, durante anos, militado pela Arena e pelo PDS, partidos que deram sustentação ao regime militar. A ideia da formação de uma Assembleia Constituinte eleita com a finalidade exclusiva de elaboração do projeto não vingou. Convocadas as eleições gerais de 1986, os Deputados e Senadores eleitos foram transformados em Assembleia Nacional Constituinte, tiveram a missão de elaborar o novo projeto constitucional que deveria seguir os indicativos da Emenda de Maio de 1985, que ampliava, pelo menos na teoria, o exercício da cidadania e da liberdade de expressão (direito de voto aos analfabetos, eleições diretas para presidente e legalização de todos os partidos políticos). Diversas tendências políticas compuseram aquela Assembleia, mas de fato esta foi dominada pelo grupo do Centrão no qual se destacava o PMDB, que obteve expressiva votação em virtude do sucesso inicial do plano cruzado em 1986. Surgiram, nesse contexto, denúncias da realização de Lobbies de empresários, latifundiários e de outros grupos poderosos sobre os parlamentares, que pretendiam, pela pressão exercida, que determinadas emendas que lhes beneficiassem fossem incorporadas ao texto da Constituição. Enfim, em meio a esse emaranhado de interesses, foi promulgada em outubro de 1988, após um ano e meio de debates, tendo como relator Ulysses Guimarães, deputado ícone da campanha Diretas Já, a Constituição Cidadã, apelido pela qual ficaria conhecida. Mesmo que muitos questionamentos possam ser feitos sobre a sua eficácia e aplicabilidade, temos nela, especialmente no que se refere aos direitos sociais, a mais ampla, sem esquecer que com a garantia do direito ao voto, de liberdade de expressão e associação, consolidava-se definitivamente o regime democrático instituído em 1985. Desse projeto podemos destacar a ampliação da legislação trabalhista, a permissão do voto em caráter facultativo aos jovens maiores de 16 anos e menores e 18 anos, bem como aos analfabetos, a instituição do habeas data que permite livre acesso a documentos de órgãos públicos que se refiram à sua pessoa, a instituição do racismo como crime inafiançável e imprescritível, além de legislações específicas sobre a proteção ao índio e ao meio ambiente. O texto ainda previa uma revisão constitucional após 5 anos, que incluía um plebiscito, realizado em 1993, em que a maioria da população optou pela manutenção da forma republicana e do sistema presidencialista. Foi de fato um grande passeio pela história do Brasil, esperamos que você tenha aproveitado bastante. Fique atento às dicas extras no nosso site e na FBTV. Até o próximo fascículo. http://amigonerd.net/trabalho/28029-historia-da-constituicao-brasileira 1 4 QUESTÃO COMENTADA C-3 Compreendendo as Habilidades H-12 H-14 – Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades. – Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situações ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas. PRÉDIO DO CONGRESSO NACIONAL As cúpulas ao lado das torres representam o Senado e a Câmara dos Deputados. http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e4 /Congresso_do_Brasil.jpg • Uma das funções das Constituições é definir o papel legal de cada poder instituído. Promulgada em 1988, a Constituição Cidadã, como passou então a ser reconhecida, estabeleceu a forma republicana, o sistema presidencialista, de caráter federalista e representativo. Observa-se, portanto, uma tripartição do poder em que os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário são independentes e equivalentes, devendo fiscalizar um ao outro. Sendo assim, no Brasil o Poder Executivo federal fica a cargo do Presidente da República. Já o Poder Legislativo, na mesma esfera, é composto por duas câmaras distintas – Câmara dos Deputados e Senado Federal – que têm representatividades diferentes. Sobre esse tema, assinale a opção correta. a) No Brasil, como vigora o sistema presidencialista, o Presidente da República é o chefe de Estado e o Presidente da Câmara é o chefe de governo, com os deputados federais representando as unidades da federação em um total de 513 representantes. b) No Brasil, o Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República. Os deputados federais representam a população dos estados e são eleitos proporcionalmente em um total de 513. Já os senadores representam os estados da federação, na condição de 3 por estado, em um total de 81. c) No Brasil, o Presidente responde pela chefia do Poder Executivo e os estados autônomos são representados pelos deputados federais. O estado democrático foi de tal forma assegurado que tanto o Poder Legislativo quanto o Poder Judiciário são compostos a partir do voto direto, secreto e popular. d) O Poder Executivo se subordina ao Legislativo, já que este representa efetivamente a vontade popular. Os deputados representam os estados num total de 513 representantes e o Senado representa a população dos estados em um total de 81 representantes. e) A função do Poder Legislativo limita-se à elaboração das leis, não sendo responsável pela fiscalização do Poder Executivo, o que cabe ao Poder Judiciário. No Brasil, o Congresso Nacional é composto por 513 deputados federais, com mandatos de 4 anos, e por 81 senadores, com mandatos de 8 anos. Ciências Humanas e suas Tecnologias Enem em fascículos 2012 “Ora, dizei-se: não é isto uma farsa? Não é isto um verdadeiro absolutismo, no estado em que se acham as eleições no nosso país? (...) O poder moderador pode chamar a quem quiser para organizar ministérios; esta pessoa faz a eleição porque há de fazê-la; esta eleição faz a maioria. Eis, aí está o sistema representativo do nosso país!” Comentário No que se refere à divisão do poder no Brasil, verificamos que no caso do Poder Executivo temos na esfera federal o Presidente da República, os Governadores nos estados e os Prefeitos nos municípios. Como o Brasil é uma república federalista e presidencialista, o Presidente da República responde tanto pela chefia de Estado (o mais alto representante público de um Estado-Nação) como pela chefia de Governo (controla o Poder Executivo), embora aos estados seja assegurado constitucionalmente sua autonomia (federalismo). Note que no parlamentarismo a chefia de governo fica a cargo do 1º Ministro, indicado a partir da maioria do parlamento. Ao Poder Legislativo cabe, em primeiro plano, a elaboração das leis que a nível federal é atribuição do Congresso Nacional, formado pelos 513 Deputados Federais e pelos 81 Senadores, que também têm função de fiscalizar o Poder Executivo. Nos estados cabe aos deputados estaduais e nos municípios aos vereadores realizar tais funções. De acordo com a legislação em vigor, os deputados federais são eleitos por estados. Cada estado tem uma representação proporcional à sua população, definida por lei complementar, porém com o número mínimo de oito e máximo de setenta deputados por estado. No entanto, perceba que no Senado todas as 26 unidades da Federação e o Distrito Federal possuem a mesma representatividade, com três senadores cada, renovados a cada 4 anos intercaladamente na proporção 1/3 e 2/3 e com mandatos de 8 anos. Importante atribuição para o equilíbrio entre os poderes tem o Judiciário (Superior Tribunal Federal, Conselho Nacional de Justiça, Superior Tribunal de Justiça, Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais e, nos Estados, os Tribunais de Justiça e Juízes de Direito). Sua função geral é zelar pelo cumprimento das leis e que a sua interpretação seja uniforme. Vale lembrar ainda que no Brasil existem os segmentos específicos da justiça, como por exemplo, a Justiça Eleitoral, a Justiça do Trabalho e a Justiça Militar. Nabuco de Araújo, discurso ao Senado (17/07/1868), citado no Manifesto Republicano de 1870. A primeira e única Constituição brasileira do Império foi a de 1824. Após dissolver a Assembleia Constituinte, em 12 de novembro de 1823, D. Pedro I nomeou um Conselho de Estado composto por dez membros, o qual redigiu a Constituição, incorporando inúmeros artigos do anteprojeto do grupo conservador da Constituinte. A Constituição foi outorgada pelo Imperador em 25 de março de 1824. Estabelecia-se, assim, um sistema político calcado em diversas restrições ao pleno exercício do voto. A estruturação político-jurídica do Estado brasileiro foi fundamentada na Carta Constitucional de 1824. Tomando por base os trechos acima apresentados e seus conhecimentos a esse respeito, assinale a opção correta. a) A Constituição de 1824, promulgada após amplos debates na Assembleia Constituinte, estabeleceu a extinção do Poder Legislativo, eliminando de seu texto o caráter representativo, sendo suas funções substituídas pelo Poder Moderador. b) Amparado juridicamente pela Constituição de 1824, o Imperador possuía poderes discricionários observados no uso do Poder Moderador, em que Ele podia dissolver a Assembleia, indicar ministros e nomear senadores vitalícios. c) O uso do Poder Moderador previsto na Constituição de 1824, embora concedesse amplos poderes ao Imperador, era submetido à análise do Judiciário, a quem cabia a prerrogativa final sobre as decisões políticas. d) No que se refere ao exercício do voto, a Constituição de 1824, embora não tenha permitido à grande maioria da população o direito ao voto por seu caráter censitário, favoreceu igualmente membros da aristocracia brasileira, não repercutindo por parte deste segmento críticas ao processo eleitoral durante todo o período monárquico. e) A estruturação jurídica prevista na Constituição de 1824, embora estabelecesse a novidade da tetrapartição do poder, era harmoniosa, pois cabia ao Imperador no uso dos atributos do Poder Moderador e ao Conselho de Estado garantir o equilíbrio entre os poderes, como previsto no Art. 98. Resposta correta: b EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO C-3 H-12 H-14 Compreendendo as Habilidades – Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades. – Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situações ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas. 01. A Constituição Imperial de 1824 estabelece que o governo é monárquico, hereditário, constitucional e representativo (Artigo 3º) e que a pessoa do Imperador é inviolável e sagrada, não estando sujeita a responsabilidade alguma (Artigo 99). “Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a organização política, e é delegado privativamente ao Imperador. (...) para que incessantemente vele sobre a manutenção da Independência, equilíbrio, e harmonia dos demais poderes políticos (...) dissolvendo a Câmara dos Deputados nos casos em que o exigir a salvação do Estado.” Constituição de 1824. C-5 H-24 Compreendendo a Habilidade – Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades. 02. “Democracia é a vontade da lei, que é plural e igual para todos, e não a do príncipe, que é impessoal e desigual para os favorecimentos e privilégios.” Ulysses Guimarães. A análise das Constituições brasileiras nos permitem entender um pouco do contexto em que foram elaboradas. Ciências Humanas e suas Tecnologias 5 Enem em fascículos 2012 Como o voto é o signo mais visível da cidadania, marque a opção que traz corretamente o dispositivo constitucional e o contexto em que foi gerado. a) A Constituição de 1824, única da fase monárquica, que trazia como novidade o Poder Moderador e o voto direto, não sofreu qualquer influência das ideias liberais europeias e refletia as aspirações absolutistas de D. Pedro I, que chegou a proibir o voto das mulheres, analfabetos e padres. b) A Constituição de 1891 foi responsável por acabar com os resquícios do governo monárquico, como o Poder Moderador e o Senado Vitalício, permitindo ainda que a maior parte da população exercesse sua cidadania por meio do voto secreto para o executivo e legislativo, facilitando o trabalho dos “coronéis”. c) Resultado da Revolução de 1930 e do avanço do populismo, a Constituição de 1934 consolida o voto secreto e extensivo às mulheres e tinha um acentuado conteúdo social com a regulamentação da legislação trabalhista e com a educação básica, que passou a figurar como obrigação do Estado. d) A Constituição de 1937 foi promulgada em meio a um clima de repúdio aos governos fascistas europeus que ganhavam força às vésperas da Segunda Guerra. Desprovida de ideais centralizadores e nacionalistas, abriu caminho para o golpe que destituiu Getúlio em 1945. e) A Constituição de 1967, ainda que seja frequentemente relacionada à legitimação do regime instaurado pelos militares em 1964, preservou a questão da cidadania através do voto, já que manteve o Congresso sempre aberto e com a realização de eleições diretas para os cargos do Executivo e do Legislativo. DE OLHO NO ENEM O POVO SE MANIFESTA No dia 23 de outubro de 2005, os eleitores brasileiros compareceram às urnas para votar no referendo sobre o desarmamento. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, foi a maior consulta popular do mundo: cerca de 125 milhões de pessoas opinaram sobre a comercialização de armas de fogo no país, referendando ou não, isto é, aprovando ou rejeitando, o Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826 de 22/12/03). Mas o que é um referendo? Bem, a democracia brasileira é basicamente representativa, ou seja, os cidadãos elegem representantes para fazer e executar as leis. Entretanto, nossa Constituição estabelece alguns instrumentos característicos da democracia direta. O referendo é um deles. Trata-se de uma forma de consulta ao cidadão sobre um tema de importância efetivamente grande. Ele ocorre quando o povo é chamado a manifestar-se sobre uma lei após ela ter sido elaborada e aprovada pelos órgãos competentes do Governo nacional. O referendo está previsto no artigo 14 da Constituição brasileira, promulgada em 1988. SOBERANIA POPULAR Na verdade, esse artigo prevê que a soberania popular – ou seja, o poder supremo, que pertence à população como um todo – será exercida pelo sufrágio universal – isto é, por um processo de escolha em que todos os cidadãos têm direito ao voto, a partir dos 16 anos de idade – e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos. 6 Isso pode acontecer mediante: a) referendo; b) plebiscito; c) iniciativa popular. Pois bem, já vimos o que significa o referendo, vejamos agora as outras duas formas de manifestação. Assim como o referendo, o plebiscito também é uma consulta direta ao cidadão, em que ele se manifesta sobre um assunto de extrema importância, porém, antes que uma lei sobre o tema seja estabelecida. Historicamente, já foram realizados dois plebiscitos no Brasil. O primeiro foi realizado em 6 de janeiro de 1963, com o objetivo de ouvir os eleitores sobre a continuidade ou o fim do sistema parlamentarista de governo, instituído dois anos antes, depois que Jânio Quadros renunciou à presidência da República. SOLUÇÃO DE UM IMPASSE Na ocasião, os militares se opuseram à posse do vice-presidente João Goulart (Jango), a quem consideravam radical e esquerdista. Para evitar que se descumprisse a Constituição então em vigor, a qual, como a de hoje, determinava a posse do vice-presidente, em caso de renúncia ou qualquer tipo de impedimento do titular, optou-se por uma forma de conciliação: João Goulart assumia a presidência, mas tinha seus poderes diminuídos, pois no sistema parlamentar quem governa é o primeiro-ministro. O parlamentarismo, contudo, foi rejeitado pelo povo brasileiro no plebiscito de 1963, Jango conquistou seus plenos poderes, mas acabou deposto pelos militares, em 31 de março do ano seguinte, num golpe de Estado. Evidentemente, os golpes de Estado são uma violência, uma medida de força, que desrespeita a vontade do povo, a soberania popular e a democracia. Eles instalam regimes autoritários ou ditatoriais e o Brasil viveu um regime como esse entre 1964 e 1985. O segundo plebiscito aqui acontecido, em 21 de abril de 1993, foi realizado novamente para o povo se manifestar sobre o sistema de governo (presidencialismo ou parlamentarismo) e ainda para decidir se o país deveria continuar sob o regime republicano ou optar pela restauração da monarquia. Desnecessário dizer qual foi o resultado desse último plebiscito, não é? LEIS PROPOSTAS PELO CIDADÃO Já a iniciativa popular é o direito que os cidadãos brasileiros têm de apresentarem projetos de lei para serem votados e eventualmente aprovados pelo Congresso Nacional. Para os cidadãos apresentarem um projeto de lei é necessário a assinatura de 1% dos eleitores do país (cerca de 1,2 milhão), distribuídos em pelo menos cinco Estados brasileiros. Pode parecer um número muito alto, mas não é impossível obtê-lo. Um exemplo de projeto de iniciativa popular que deu certo aconteceu em tempo recorde e dizia respeito à compra de votos de eleitores (corrupção eleitoral). O projeto foi apresentado ao Congresso em 10 de agosto de 1999 e foi aprovado em 21 e 23 de setembro, respectivamente, pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Cinco dias depois foi estabelecida a Lei 9.840, que prevê punição ao “candidato que doar, oferecer, prometer, ou entregar ao eleitor, com o fim de obter o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição”. A pena prevista é a cassação do mandato do eleito, além de multa. Antonio Carlos Olivieri, escritor, jornalista e diretor da Página 3 Pedagogia & Comunicação. [email protected]. Disponível em: http://educacao.uol.com.br. Acesso em: 05/07/2012 Ciências Humanas e suas Tecnologias Enem em fascículos 2012 INTRODUÇÃO Dando continuidade aos nossos estudos na área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, nessa seção trataremos das principais conferências sobre os acordos ambientais, desde Estocolmo 72 até a Rio+20. Por outro lado, os países em desenvolvimento argumentavam que se encontravam assolados pela miséria, com graves problemas de moradia, saneamento básico, atacados por doenças infecciosas e que necessitavam desenvolver-se economicamente, e rapidamente. A política do “crescimento zero” propunha o controle da natalidade e o congelamento do crescimento econômico como única solução para evitar que o aumento dos impactos ambientais levasse a uma tragédia ecológica mundial. Essa era uma péssima solução para os países em desenvolvimento, os que mais necessitavam de crescimento econômico para promover as melhorias da qualidade de vida da população. OBJETO DO CONHECIMENTO Conferências e principais acordos ambientais No início da década de 1970, as principais correntes de pensamento sobre as causas da degradação ambiental culpavam a busca incessante do crescimento econômico e a “explosão demográfica” pelo aumento da exploração dos recursos naturais, pela poluição e pelo desmatamento. Em 1971 foi publicado um estudo chamado Limites do crescimento, realizado por um grupo de cientistas de vários países, que se reuniam com a intenção de estudar os problemas mundiais e ficou conhecido como Clube de Roma. Esse estudo analisou cinco variáveis: tecnologia, população, nutrição, recursos naturais e meio ambiente, concluindo que o planeta entraria em colapso até o ano 2000 caso fossem mantidas as tendências de produção e consumo vigentes. Para evitar o colapso, sugeriam a redução tanto do crescimento populacional quanto do crescimento econômico, política que ficou conhecida como “crescimento zero”. A Declaração de Estocolmo, documento elaborado no final do encontro, composto por uma lista de 26 princípios, estipulou ações para que os países buscassem resolver os conflitos inerentes entre as práticas de preservação ambiental e o crescimento econômico. Ficou estabelecido o respeito à soberania das nações, isto é, a liberdade de os países em desenvolvimento buscarem o crescimento econômico e a justiça social explorando de forma sustentável seus recursos naturais. Outras decisões importantes desse encontro foram a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e a instituição do dia 5 de junho, data do seu início, como Dia Internacional do Meio Ambiente. ESTOCOLMO – 72 Estocolmo 72 Estocolmo 1972 A Conferência contou com representantes de 113 países, 250 organizações não governamentais e dos organismos da ONU. A Conferência produziu a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, uma declaração de princípios de comportamento e responsabilidade que deveriam governar as decisões concernentes a questões ambientais. Essa Conferência foi marcada pelo confronto entre as perspectivas dos países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento. Os países desenvolvidos estavam preocupados com os efeitos da devastação ambiental sobre a Terra, propondo um programa internacional voltado para a conservação dos recursos naturais e genéticos do planeta, pregando que medidas preventivas teriam que ser encontradas imediatamente, para que se evitasse um grande desastre. O desenvolvimento sustenvável Em 1983, a Assembleia Geral da ONU indicou a então primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, para presidir uma comissão encarregada de estudar o tema ambiental. Em 1987 foi publicada pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU um estudo denominado Nosso futuro comum, mais conhecido como Relatório Brundtland. Esse estudo, que defendia o desenvolvimento para todos, buscava um equilíbrio entre as posições antagônicas surgidas na Estocolmo-72 e criou a noção de desenvolvimento sustentável, aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades. Ciências Humanas e suas Tecnologias 7 Enem em fascículos 2012 Já as sociedades sustentáveis estariam baseadas em igualdade econômica, justiça social, preservação da diversidade cultural, da autodeterminação dos povos e da integridade ecológica. Isso obrigaria pessoas e países a mudanças, não apenas econômicas, mas sociais, morais e éticas. Protocolo de Montreal O Protocolo de Montreal sobre substâncias que empobrecem a camada de ozônio é um tratado internacional em que os países signatários se comprometem a substituir as substâncias que se demonstrou estarem reagindo com o ozônio (O3) na parte superior da estratosfera (conhecida como ozonosfera). O tratado esteve aberto para adesões a partir de 16 de setembro de 1987 e entrou em vigor em 1º de janeiro de 1989. Ele teve adesão de 150 países e foi revisado em 1990, 1992, 1995, 1997 e 1999. Devido à essa grande adesão mundial, Kofi Annan disse sobre ele: “Talvez seja o mais bem-sucedido acordo internacional de todos os tempos…” Rio-92 A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Cúpula da Terra, Rio-92 ou Eco-92, foi realizada em 1992 no Rio de Janeiro e reuniu representantes de 178 países, além de milhares de membros de organizações não governamentais (ONGs), numa conferência paralela. Esse encontro, que na fase preparatória teve como subsídio o Relatório Brundtland, definiu uma série de resoluções, visando alterar o atual modelo consumista de desenvolvimento para outro, ecologicamente mais sustentável. A Convenção sobre Biodiversidade e a Convenção sobre Mudanças Climáticas têm como agente financiador um organismo denominado Fundo Global para o Meio Ambiente – GEF (do inglês, Global Environment Facility). Criado em 1990, o GEF é dirigido pelo Banco Mundial e recebe apoio técnico e científico dos Programas das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e para o Meio Ambiente (Pnuma). A Convenção sobre Biodiversidade traçou uma série de medidas para a preservação da vida no planeta. Em vigor desde 1993, essa convenção tenta frear a destruição da fauna e da flora, concentradas principalmente nas florestas tropicais, as mais ricas em biodiversidade. Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Trata-se de uma carta contendo 27 princípios que visa estabelecer um novo estilo de vida, um novo tipo de presença do homem na Terra, através da proteção dos recursos naturais e da busca do desenvolvimento sustentável e de melhores condições de vida para todos os povos. A Convenção sobre Mudanças Climáticas, em vigor desde 1994, estabeleceu várias medidas para diminuir a emissão de poluentes pelas indústrias, automóveis e outras fontes poluidoras, com o objetivo de atenuar o agravamento do efeito estufa, o avanço da desertificação etc. Nessa convenção, foi assinado o Protocolo de Kyoto (Japão, 1997), visando à redução da emissão de poluentes na atmosfera. A Declaração de Princípios Relativos às Florestas é uma série de indicações sobre manejo, uso sustentável e outras práticas voltadas à preservação desses biomas. Agenda 21 é um ambicioso programa para a implantação de um modelo de desenvolvimento sustentável em todo o mundo durante o século XXI. Esse objetivo, entretanto, requer volumosos recursos e os países desenvolvidos comprometeram-se em canalizar 0,7% de seus PIBs para essa finalidade. Com o objetivo básico de fiscalizar a aplicação da Agenda 21, foi criada a Comissão de Desenvolvimento Sustentável. O órgão, sediado em Nova York e vinculado à ONU, agrega 53 países-membros, entre os quais o Brasil. Muitos países, contudo, não estão cumprindo o compromisso, com raras exceções, como os países nórdicos. Protocolo de Kyoto O que é o Protocolo de Kyoto O objetivo fundamental era tentar minimizar os impactos ambientais do planeta, garantindo, assim, o futuro das próximas gerações. Na busca do desenvolvimento sustentável, foram elaboradas duas convenções, uma sobre biodiversidade, outra sobre mudanças climáticas; uma declaração de princípios relativos às florestas e um plano de ação. 8 O Protocolo de Kyoto foi lei por pelo menos 55 países, que assinado em 1997 por 180 respondam por 55% das emissões do anexo 1. países membros da Convenção-Quadro das Nações Até agora, 126 países já Unidas sobre Mudança Climática ratificaram o acordo, 34 reunidos no Japão. deles membros do anexo 1, Ele divide o mundo em com 61,6% da emissões. países industrializados ( o Os EUA, que respondem chamado anexo 1) e países sozinhos por 36% das em desenvolvimento (não anexo 1) emissões de dióxido de e prevê que os primeiros devem carbono do anexo 1, desistiram do cortar em 5,2% suas emissões de gases de efeito estufa em relação aos protocolo em março de 2001. níveis de 1990, entre 2008 e 2012. ENTRADA EM VIGOR: O Protocolo de Kyoto deve passar a vigorar em Para entrar em vigor, o fevereiro do ano que vem, após protocolo precisava ser ajustes finais no texto a serem feitos ratificado, ou seja, em dezembro, em Buenos Aires. confirmado domesticamente como GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL • PARATODOS Ciências Humanas e suas Tecnologias Enem em fascículos 2012 O Protocolo de Kyoto é um instrumento internacional, ratificado em 15 de março de 1998, que visa reduzir as emissões de gases poluentes. Estes, são responsáveis pelo efeito estufa e o aquecimento global. O Protocolo de Kyoto entrou oficialmente em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005, após ter sido discutido e negociado em 1997, na cidade de Kyoto (Japão). No documento, há um cronograma em que os países são obrigados a reduzir, em 5,2%, a emissão de gases poluentes, entre os anos de 2008 e 2012 (primeira fase do acordo). Os gases citados no acordo são: dióxido de carbono, gás metano, óxido nitroso, hidrocarbonetos fluorados, hidrocarbonetos perfluorados e hexafluoreto de enxofre. Estes últimos três são eliminados principalmente por indústrias. A emissão desses poluentes deve ocorrer em vários setores econômicos e ambientais. Os países devem colaborar entre si para atingirem as metas. O protocolo sugere ações comuns, como, por exemplo: – aumento no uso de fontes de energias limpas (biocombustíveis, energia eólica, biomassa e solar); – proteção de florestas e outras áreas verdes; – otimização de sistemas de energia e transporte, visando o consumo racional; – diminuição das emissões de metano, presentes em sistemas de depósito de lixo orgânico; – definição de regras para a emissão dos créditos de carbono (certificados emitidos quando há a redução da emissão de gases poluentes). Os especialistas em clima e meio ambiente esperam que o sucesso do Protocolo de Kyoto possa diminuir a temperatura global entre 1,5 e 5,8 ºC até o final do século XXI. Dessa forma, o ser humano poderá evitar as catástrofes climáticas de alta intensidade que estão previstas para o futuro. Rio+10 A Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio + 10, foi realizada em Johanesburgo, África do Sul, entre os dias 26 de agosto e 4 de setembro de 2002, reunindo delegações de 191 países. O principal objetivo do encontro foi realizar um balanço dos resultados práticos obtidos depois da Rio-92. Nesse encontro foram discutidos basicamente quatro temas, escolhidos como mais importantes para a busca do desenvolvimento sustentável: • • • • erradicação da pobreza; mudanças no padrão de produção e consumo; utilização sustentável dos recursos naturais; possibilidades de se compatibilizar os efeitos da globalização com a busca do desenvolvimento sustentável. Desde o início das discussões ficou acordado entre os participantes que na ocasião não seriam discutidos os temas das duas Convenções assinadas na Rio-92 (Biodiversidade e Mudanças Climáticas), mas sim os mecanismos que possibilitassem ampliar sua implantação na prática. Essa intenção ficou descrita na documentação final do encontro: Plano de Implementação da Agenda 21, no qual se propõem alterações no padrão de produção e consumo, com utilização racional dos recursos naturais e busca de modelos sustentáveis que utilizem menor quantidade de energia e produzam menos resíduos. Porém, o Plano de Implementação da Agenda 21 acabou se restringindo a um conjunto de diretrizes que cada país signatário pode ou não realizar na prática. Como não há nenhum órgão internacional de controle, os acordos realizados nas conferências da ONU constituem o concenso mínimo atingido sobre os temas abordados, conquistado após as nações presentes apresentarem suas posições. Rio+20 A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, foi realizada de 13 a 22 de junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro. A Rio+20 foi assim conhecida porque marcou os vinte anos de realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) e contribuiu para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. O objetivo da Conferência foi a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes. • Principais temas que foram debatidos: – Balanço do que foi feito nos últimos 20 anos em relação ao meio ambiente; – A importância e os processos da Economia Verde; – Ações para garantir o desenvolvimento sustentável do planeta; – Maneiras de eliminar a pobreza; – A governança internacional no campo do desenvolvimento sustentável. Resultados da Rio+20 Infelizmente o resultado da Rio+20 não foi o esperado. Os impasses, principalmente entre os interesses dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, acabaram por frustrar as expectativas para o desenvolvimento sustentável do planeta. O documento final apresenta várias intenções e joga para os próximos anos a definição de medidas práticas para garantir a proteção do meio ambiente. Muitos analistas disseram que a crise econômica mundial, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, prejudicou as negociações e tomadas de decisões práticas. Ciências Humanas e suas Tecnologias 9 Enem em fascículos 2012 Comentário QUESTÃO COMENTADA Compreendendo as Habilidades – Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história. – Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem. C-3 C-6 H-15 H-26 LIXÃO DA MURIBECA HÁ QUASE 25 ANOS ELE ESTÁ LÁ, [...] O RECIFE DESPEJA 1.900 TONELADAS DE DEJETOS NO LUGAR O aumento dos problemas associados a resíduos sólidos é ocasionado, em geral, pelos seguintes fatores: Processo de urbanização: a migração do campo para as cidades ocasiona a concentração populacional em centros urbanos, contribuindo para o agravamento dos problemas com resíduos devido ao aumento da sua produção e à falta de locais adequados para sua disposição; Aumento populacional e o consequente aumento da produção de resíduos; Industrialização: os processos industriais geram produtos em velocidade cada vez maior, contribuindo para o aumento da produção de resíduos, seja durante o processo de fabricação, seja pelo estímulo ao consumo; Periculosidade dos novos resíduos; Estilo da produção em massa e do descartável. Resposta correta: c EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO C-3 H-14 H-27 C-6 Foto: Juliana Leitão. Disponível em: <www.pernambuco.com/.../novela.shtml> Acesso em: 08/03/2010. A análise mais ampla sobre a problemática em foco nos leva a afirmar: I. Para ser resolvida a problemática dos resíduos sólidos nas grandes cidades do mundo é preciso apenas uma política ambiental voltada para a reciclagem do lixo e da criação de aterros sanitários, ao lado de uma política social que crie cooperativas para empregar os catadores; II. A sociedade de consumo, tal como está estruturada hoje, é insustentável para a natureza e tem ao lado do consumismo desenfreado (com a produção crescente dos supérfluos e dos descartáveis) a geração de um exército de excluídos que sobrevivem dos restos que as camadas sociais de maior poder aquisitivo jogam fora; III. A globalização tem aumentado o abismo social entre ricos e pobres; o mercado cada vez mais competitivo gera o desemprego, o consumismo e a impossibilidade de inserção dos miseráveis. A imagem de degradação humana, embora seja da região metropolitana do Recife, é comum a todas as grandes cidades do terceiro mundo; IV. A problemática ambiental de dilapidação da natureza, bem com as graves questões sociais, tais como a fome, o desemprego, a mortalidade infantil etc., têm relação direta com o nosso modelo de civilização. Não há como resolver a crise ambiental e social do planeta sem que haja mudanças profundas na forma de pensar e de agir da sociedade global. Estão corretas apenas as proposições: a) II e III b) I e IV c) II, III e IV d) III e IV e) I, II e IV 10 Compreendendo as Habilidades – Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situações ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas. – Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e/ou geográficos. 03. Considere o texto a seguir. O conceito de desenvolvimento sustentável tem ocupado uma posição central nas discussões sobre os modelos de desenvolvimento da sociedade mundial contemporânea, particularmente depois da publicação do relatório da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, “Nosso Futuro Comum”, em 1987 (conhecido como Relatório “Brundtland”). As bases consensuais do desenvolvimento sustentável referem-se ao ideal de harmonizar o desenvolvimento econômico com a proteção ambiental e considera que “O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades.” Assinale a alternativa que representa os princípios do desenvolvimento sustentável apresentados pelo Relatório Brundtland e que podem ser adotados como estratégia pelos países do mundo, inclusive pelo Brasil. a) Adotar tecnologias criadas em países desenvolvidos, onde a preservação ambiental e a distribuição da riqueza estão adequadas aos padrões sustentáveis. b) Investir no modelo de crescimento econômico quantitativo, tendo a renda como condição fundamental de desenvolvimento. c) Dar prioridade às políticas sociais de redução da pobreza, de aumento de oferta de empregos, de conservação da biodiversidade e de geração de novas oportunidades e atitudes. d) Promover maior liberalização da economia, pois o mercado é o melhor mecanismo de otimização do uso dos recursos, particularmente os relacionados com o ambiente. Ciências Humanas e suas Tecnologias Enem em fascículos 2012 C-6 H-26 Compreendendo as Habilidades – Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem. H-27 – Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e/ou geográficos. 04. “É importante esclarecer que a preocupação com questões ambientais no âmbito internacional voltou-se primeiramente àquelas relativas às regiões de interesse comum de alguns países, ou conjunto deles, como as águas internacionais, a Antártida, o espaço aéreo, regiões costeiras e recursos aquíferos e pesqueiros [...] Contudo, com o advento da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em 1972 e a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1992, as regras internacionais sobre a proteção do meio ambiente se multiplicaram e tornaram-se cada vez mais abrangentes, voltadas para um tratamento global dos problemas ambientais.” Feldmann, Fabio, in: Entendendo o meio ambiente, volume I, SMA-SP. O século XX assinalou o despertar da questão ambiental, como algo considerado essencial para o futuro do planeta. No seu interior, alguns aspectos de alcance global foram mais marcantes que outros. Assinale qual das afirmativas abaixo é incorreta. a) Um dos marcos do ambientalismo no século XX foi a identificação dos países mais pobres como as áreas onde a chamada degradação ambiental é mais grave, em função da enorme emissão de gases poluentes e do uso excessivo de matérias-primas naturais. b) A questão das mudanças climáticas teve como alvo o combate à poluição atmosférica, buscando evitar a concentração dos gases do efeito estufa na atmosfera, que estariam contribuindo para a elevação da temperatura média no planeta. c) O risco de destruição da camada de ozônio, ameaçada pela liberação de gases produzidos pelo ser humano na atmosfera, estaria pondo em perigo a vida na terra, pois essa camada funciona como um filtro da radiação solar nociva. d) A defesa da manutenção da diversidade biológica, a busca de meios de utilização sustentável de seus componentes e a repartição justa dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos têm sido causas essenciais do ambientalismo. e) Os protestos contra a retirada irracional das coberturas vegetais e a mobilização em defesa de espécies animais e vegetais ameaçadas de extinção (as baleias, o urso panda, a Amazônia, por exemplo), são marcas bem evidentes do ambientalismo. DE OLHO NO ENEM A DIVISÃO COLONIAL DA ÁFRICA Em 1880 Ceuta em 1914 Tunis Melíla Tripoli Tunísia Marrocos Rio de Ouro EGITO Argélia África Ocidental Francesa SENEGAL Gâmbia Guiné Port. GÂMBIA Bamaco Lagos COSTA DO OURO GABÃO GUINÉ PORTUGUESA SERRA LEOA OCEANO ATLÂNTICO SULTANATO DE ZANZIBAR OCEANO ÍNDICO ANGOLA MOÇAMBIQUE Possessões britânicas Possessões francesas MADAGASCAR Possessões espanholas Possessões portuguesas UNIÃO TRANSVAAL Possessões turcas SUL-AFRICANA ESTADO LIVRE Repúblicas bôeres DE ORANGE Independentes Colônia do Cabo Serra Leoa Libéria Costa do Ouro Togo Nigéria do Norte Camarões Rio Muni Cabinda Oceano Atlântico Líbia Darfur Egito (Ocupação Britânica) Sudão Anglo-egípcio (Condomínio) Congo Belga Eritreia Somália Britânica Somália Francesa Império da Etiópia África Somália Oriental Italiana Britânica Oceano África Índico Oriental Alemã Niassalândia Angola Rodésia Territórios Britânicos do Norte Territórios Franceses Sudoeste Moçambique Territórios Espanhoís Africano Madagascar Bechuanalândia Walvis Territórios Portugueses Bay Territórios Belgas União Suazilândia Territórios Alemães Sul-africana (Protetorado Britânico) Territórios Italianos Basutolândia Fonte: Atlas Geográfico Creditos: Aldenir Barbosa/João Lima A DESCOLONIZAÇÃO DA ÁFRICA Durante a expansão marítima e comercial, a África era fornecedora de mão de obra; a exploração dos recursos minerais iniciou-se apenas no final do século XIX, com o Congresso de Berlim (1884-1885). Nesse congresso, quinze nações europeias organizaram a partilha do continente africano, surgindo as fronteiras artificiais, quase sempre retas. Os objetivos eram as explorações de recursos minerais, por meio de colônias, e o afastamento da população nativa das funções administrativas dessas colônias. O grande erro desse congresso foi o desrespeito aos territórios tribais, ou seja, na hora de dividir o continente, as metrópoles europeias não consideravam antagonismos existentes entre as tribos, juntando as rivais em um mesmo território colonial. Aqui está uma das matrizes fundamentais dos conflitos africanos atuais. Ciências Humanas e suas Tecnologias 11 Enem em fascículos 2012 INTRODUÇÃO “Até então os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo. Cabe, agora, transformá-lo”. Karl Marx (filósofo alemão) “Conhece-te a ti mesmo!” Esta frase estava escrita na entrada do santuário dedicado ao deus Apolo, na cidade de Delfos. É uma mensagem significativa que serviu de base para a iniciação da atitude filosófica no mundo grego. O homem, sendo um ser biopsíquico e social destinado à felicidade, ainda que viva num mundo de solidão e individualismo, precisa compreender as fronteiras que delimitam o seu espaço e o do “outro”, em outras palavras, precisa interiorizar o conceito de ética. Nunca o conhecimento e a educação foram tão importantes para a preservação do planeta. É evidente que para melhorar a qualidade de vida e crescer, tanto material quanto moral e espiritualmente, temos que responder aos desafios que estão colocados nesse princípio de milênio. E é nesse sentido que a Filosofia e a Sociologia tornam-se componentes essenciais e permanentes, devendo estar presentes em todos os níveis e modalidades do processo educativo. Por seu caráter humanista, holístico, interdisciplinar e participativo, elas podem contribuir na renovação do processo educativo, trazendo permanente avaliação crítica, adequação dos conteúdos à realidade local e o envolvimento dos indivíduos em ações concretas de transformação da realidade. A valorização da Filosofia e da Sociologia no meio educacional objetiva sensibilizar os indivíduos para a importância do nosso patrimônio histórico e ecológico, possibilitando o acesso à aprendizagem por meio da vivência e do contato direto com a natureza. Procura-se estimular a mudança de atitudes e hábitos por meio da compreensão dos limites e potencialidades de cada um, bem como pelo desenvolvimento da consciência ética, que possibilita às pessoas entender e respeitar a si próprias e ao planeta como coexistentes e interdependentes. OBJETO DO CONHECIMENTO Filosofia Moral: Ética e Moral Existe alguma confusão entre o Conceito de Moral e o Conceito de Ética. A etimologia desses termos ajuda a distingui-los, sendo que Ética vem do grego “ethos”, que significa modo de ser, e Moral tem sua origem no latim, que vem de “mores”, significando costumes. Esta confusão pode ser resolvida com o estudo em paralelo dos dois temas, sendo que Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano. É a “ciência dos costumes”. A Moral tem caráter normativo e obrigatório. Já a Ética é o “conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, assim, o bem-estar social”, ou seja, Ética é a forma que o homem deve se comportar no seu meio social. 12 A Moral sempre existiu, pois todo ser humano possui a consciência Moral que o leva a distinguir o bem do mal no contexto em que vive, surgindo realmente quando o homem passou a fazer parte de agrupamentos, isto é, surgiu nas sociedades primitivas, nas primeiras tribos. A Ética teria surgido com Sócrates, pois se exige maior grau de cultura. Ela investiga e explica as normas morais, pois leva o homem a agir não só por tradição, educação ou hábito, mas principalmente por convicção e inteligência. Ou seja, enquanto a Ética é teórica e reflexiva, a Moral é eminentemente prática. Uma completa a outra. Em nome da amizade, deve-se guardar silêncio diante do ato de um traidor? O comportamento é o resultado de normas já estabelecidas, não sendo, então, uma decisão natural, pois todo comportamento sofrerá um julgamento. E a diferença prática entre Moral e Ética é que esta é o juiz das morais, assim Ética é uma espécie de legislação do comportamento Moral das pessoas. Ainda podemos dizer que a ética é um conjunto de regras, princípios ou maneiras de pensar que guiam, ou chamam para si a autoridade de guiar, as ações de um grupo em particular, ou, também, o estudo da argumentação sobre como nós devemos agir. Também a simples existência da moral não significa a presença explícita de uma ética, entendida como filosofia moral, pois é preciso uma reflexão que discuta, problematize e interprete o significado dos valores morais. Podemos dizer, a partir dos textos de Platão e Aristóteles, que, no Ocidente, a ética ou filosofia moral inicia-se com Sócrates. Para Sócrates, o conceito de ética iria além do senso comum da sua época, o corpo seria a prisão da alma, que é imutável e eterna. Existiria um “bem em si” próprios da sabedoria da alma e que podem ser rememorados pelo aprendizado. Esta bondade absoluta do homem tem relação a uma ética anterior à experiência, pertencente à alma e que o corpo para reconhecê-la terá que ser purificado. Aristóteles subordina sua ética à política, acreditando que na monarquia e na aristocracia se encontraria a alta virtude, já que esta é um privilégio de poucos indivíduos. Também diz que na prática ética, nós somos o que fazemos, ou seja, o homem é moldado à medida em que faz escolhas éticas e sofre as influências dessas escolhas. O Mundo Essencialista é o mundo da contemplação, ideia compartilhada pelo filósofo grego antigo Aristóteles. No pensamento filosófico dos antigos, os seres humanos aspiram ao bem e à felicidade, que só podem ser alcançados pela conduta virtuosa. Para a ética essencialista, o homem era visto como um ser livre, sempre em busca da perfeição. Esta, por sua vez, seria equivalente aos valores morais que estariam inscritos na essência do homem. Dessa forma – para ser ético –, o homem deveria entrar em contato com a própria essência, a fim de alcançar a perfeição. A ética era uma maneira de educar o sujeito moral (seu caráter) no intuito de propiciar a harmonia entre este e os valores coletivos, sendo ambos virtuosos. Com o cristianismo romano, através de S. Tomás de Aquino e Santo Agostinho, incorpora-se a ideia de que a virtude se define a partir da relação com Deus e não com a cidade ou com os outros. Deus nesse momento é considerado o único mediador entre os indivíduos. As duas principais virtudes são a fé e a caridade. Ciências Humanas e suas Tecnologias Enem em fascículos 2012 Através deste cristianismo, se afirma na ética o livre-arbítrio, sendo que o primeiro impulso da liberdade dirige-se para o mal (pecado). O homem passa a ser fraco, pecador, dividido entre o bem e o mal. O auxílio para a melhor conduta é a lei divina. A ideia do dever surge nesse momento. Com isso, a ética passa a estabelecer três tipos de conduta: a moral ou ética (baseada no dever), a imoral ou antiética e a indiferente à moral. As profundas transformações que o mundo sofre a partir do século XVII com as revoluções religiosas, por meio de Lutero; científica, com Copérnico e filosófica, com Descartes, oprimem um novo pensamento na era Moderna, caracterizada pelo Racionalismo Cartesiano – agora a razão é o caminho para a verdade, e para chegar a ela é preciso um discernimento, um método. Em oposição à fé surge agora o poder exclusivo da razão de discernir, distinguir e comparar. Este é um marco na história da humanidade, que a partir daí acolhe um novo caminho para se chegar ao saber: o saber científico, que baseia-se num método, e o saber sem método é mítico ou empírico. A ética moderna traz à tona o conceito de que os seres humanos devem ser tratados sempre como fim da ação e nunca como meio para alcançar seus interesses. Essa ideia foi contundentemente defendida por Immannuel Kant. Ele afirmava que: “não existe bondade natural. Por natureza somos egoístas, ambiciosos, destrutivos, agressivos, cruéis, ávidos de prazeres que nunca nos saciam e pelos quais matamos, mentimos, roubamos”. De acordo com esse pensamento, para nos tornarmos seres morais era necessário nos submetermos ao dever. Essa ideia é herdada da Idade Média na qual os cristãos difundiram a ideologia de que o homem era incapaz de realizar o bem por si próprio. Por isso, ele deve obedecer aos princípios divinos, cristalizando assim a ideia de dever. Kant afirma que se nos deixarmos levar por nossos impulsos, apetites, desejos e paixões não teremos autonomia ética, pois a Natureza nos conduz pelos interesses de tal modo que usamos as pessoas e as coisas como instrumentos para o que desejamos. Não podemos ser escravos do desejo. No século XIX, Friedrich Hegel traz uma nova perspectiva complementar e não abordada pelos filósofos da Modernidade. Ele apresenta a perspectiva Homem – Cultura e História, sendo que a ética deve ser determinada pelas relações sociais. Como sujeitos históricos culturais, nossa vontade subjetiva deve ser submetida à vontade social, das instituições da sociedade. Desta forma a vida ética deve ser “determinada pela harmonia entre vontade subjetiva individual e a vontade objetiva cultural”. Através desse exercício, interiorizamos os valores culturais de tal maneira que passamos a praticá-los instintivamente, ou seja, sem pensar. Se isso não ocorrer é porque esses valores devem estar incompatíveis com a nossa realidade e por isso devem ser modificados. Nesta situação podem ocorrer crises internas entre os valores vigentes e a transgressão deles. Já na atualidade, o conceito de ética se fundiu nestas duas correntes de pensamento: A ética praxista, em cuja visão o homem tem a capacidade de julgar, ele não é totalmente determinado pelas leis da natureza, nem possui uma consciência totalmente livre. O homem tem uma corresponsabilidade frente às suas ações. A ética pragmática, com raízes na apropriação de coisas e espaços, na propriedade, tem como desafio a alteridade (misericórdia, responsabilização, solidariedade), para transformar o Ter, o Saber e o Poder em recursos éticos para a solidariedade, contribuindo para a igualdade entre os homens: “distribuição equitativa dos bens materiais, culturais e espirituais”. O homem é visto como sujeito histórico-social e, como tal, sua ação não pode mais ser analisada fora da coletividade. Por isso, a ética ganha novamente um dimensionamento político: uma ação eticamente boa é politicamente boa, e contribui para o aumento da justiça, distribuição igualitária do poder entre os homens. Na ética pragmática o homem é politicamente ético – “todos os aspectos da condição humana têm alguma relação com a política” –, há uma corresponsabilidade em prol de uma finalidade social: a igualdade e a justiça entre os homens. Na Contemporaneidade, Nietzsche atribui a origem dos valores éticos, não à razão, mas à emoção. Para ele, o homem forte é aquele que não reprime seus impulsos e desejos, que não se submete à moral demagógica e repressora. E para coroar essa mudança radical de conceitos, surge Freud com a descoberta do inconsciente, instância psíquica que controla o homem, burlando sua consciência para trazer à tona a sexualidade represada e que o neurotiza. Porém, Freud em momento algum afirma dever o homem viver de acordo com suas paixões, apenas buscar equilibrar e conciliar o id com o superego, ou seja, o ser humano deve tentar equilibrar a paixão e a razão. Hoje, em uma era em que cada vez mais se fala de globalização, da qual somos todos funcionários e insumos de produção, o conhecimento de nossa cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento de outras culturas. Entretanto, essa tarefa antropológica não é suficiente para o homem comum superar a crise da ética atual, conhecendo o outro e suas necessidades para se chegar à sua convivência harmônica. Ao contrário, ser feliz hoje é dominar progresso técnico e científico, ser feliz é ter. Não há mais espaço para uma ética voltada para uma comunidade. Hoje se aposta no individualismo, no consumo, na rapidez de produção. No momento histórico em que vivemos existe um problema ético-político grave. Forças de dominação têm se consolidado nas estruturas sociais e econômicas, mas através da crítica e no esclarecimento da sociedade seria possível desvelar a dissimulação ideológica que existe nos vários discursos da cultura humana. Sabendo disso, essas mesmas forças têm procurado controlar a mídia. Em lugar da felicidade pura e simples há a obrigação do dever e a ética fundamenta-se em seguir normas. Trata-se da “Ética da Obediência”, que impede o homem de pensar e descobrir uma nova maneira de se ver, e assim encontrar uma saída em relação ao conformismo de massa que está na origem da banalidade do mal, do mecanismo infernal em que estão ausentes o pensamento e a liberdade do agir. Enfim, Ética e Moral são os maiores valores do homem livre. O homem, com seu livre-arbítrio, vai formando seu meio ambiente ou o destruindo, ou ele apoia a natureza e suas criaturas ou ele subjuga tudo que pode dominar, e assim ele mesmo se forma no bem ou no mal neste planeta. Ciências Humanas e suas Tecnologias 13 Enem em fascículos 2012 QUESTÃO COMENTADA Compreendendo as Habilidades – Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades. – Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas. • C-5 C-6 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO H-23 H-30 A lei moral seria objetiva, contendo uma condição válida para a vontade de qualquer ser racional. Essa lei, chamada por Kant “imperativo categórico”, formula-se nos seguintes termos: “age de tal maneira que o motivo que te levou a agir possa ser convertido em lei universal*”. Esta seria estabelecida somente pela razão, o que leva a conceber a liberdade como postulado necessário da vida moral. C-3 H-15 Compreendendo a Habilidade – Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história. 05. ANGELI SR. RUSGA E DR. RABUJO QUER SABER? QUE SE DANE EU QUERO QUE ESSE POVO ESTE PAÍS NOJENTO! EXPLODA! ISSO! (*) lei universal: aquela que pode ser aplicada a todos os seres humanos. MENORES CARENTES, GENTE FAMINTA, IDOSOS ABANDONADOS... NÃO ESTOU NEM AÍ! Adaptado de: Os pensadores, Kant I, Vida e obra, com consultoria de Marilena de Souza Chauí. São Paulo: Abril Cultural, 1980. POR MIM JOGARIA TODOS NUMA VALA COMUM! A partir do fragmento acima, avalie os três comentários a seguir. I. Todo ser humano livre, fazendo uso exclusivo de sua racionalidade, pode avaliar se a sua conduta pode ser seguida por todos os outros (e, portanto, é ética) ou não; II. Respirar sem moderação, ou seja, consumir o máximo de oxigênio que for possível para respirar, é uma conduta antiética, pois não pode ser estendida a todos os seres humanos; III. Fazer uso irrestrito da água potável, algo que provavelmente seria considerado ético no século XVIII, em que Kant viveu, hoje seria considerado imoral, segundo a definição kantiana. Comentário Resposta correta: e 14 NÃO FALEI?! MEU TERAPEUTA QUE ENSINOU! A tira acima, do cartunista Angeli, quando aplicada à conjuntura presente no início do século XXI, permite-nos entender que ela faz menção: a) à manutenção dos valores de nosso passado histórico recente, preservados no mundo globalizado do neoliberalismo e voltados para o esforço de superar as desigualdades econômicas e sociais. b) ao respeito das elites para com os direitos dos grupos sociais excluídos, envolvendo a preocupação com as questões ambientais, ainda que em prejuízo dos interesses políticos e econômicos dos Estados. c) ao predomínio dos valores neoliberais, embasados na lógica da lucratividade e da competição exacerbada, levando ao abandono de preceitos éticos e do sentimento de solidariedade. d) ao menosprezo das elites econômicas pela problemática social, colocando em segundo plano as políticas inclusivas propostas pelos teóricos do neoliberalismo e encampadas pelos Estados capitalistas. e) à preservação dos valores éticos defendidos pela ideologia socialista, ainda válidos neste início do século XXI, apesar da derrocada do socialismo real na URSS, na China e em outros países. Podem ser considerados corretos: a) apenas I. b) apenas II. c) apenas III. d) apenas I e II. e) apenas I e III. A afirmação I faz uma reprodução explicativa do texto por meio de uma linguagem mais longa do fragmento: o exercício da razão incondicionada (ou seja, livre) é suficiente para que qualquer ser humano julgue o que é um comportamento ético. Só é ético o comportamento que pode ser universalizado. A afirmação II é incorreta, visto que não há qualquer impedimento para que todos os seres humanos respirem de modo desmedido ou mesmo exagerado. O ar respirável ainda pode ser considerado um recurso abundante. O mesmo não pode ser dito a respeito da água. No século XVIII, ela poderia ser considerada abundante, mas hoje temos plena noção de sua escassez. Se o consumo irrefreado desse recurso for universal, a sobrevivência da espécie será posta em risco. Hoje essa é uma conduta imoral, portanto. ASSIM! SOLTE A RAIVA! UFA! REALMENTE DESESTRESSOU! ME SINTO BEM MAIS LEVE AGORA! C-4 H-20 Compreendendo a Habilidade – Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho. 06. Quino é um dos cartunistas sul-americanos de grande repercussão no cenário mundial, principalmente pelas tiras de jornal e histórias em quadrinhos da famosa personagem Mafalda. O cartunista argentino expressou a opinião dele em relação aos rumos da educação e valores da atualidade através do cartum. Ciências Humanas e suas Tecnologias Enem em fascículos 2012 Observe esta sequência de quadrinhos do cartunista argentino: Em conformidade com a tirinha do argentino Quino, relacionando-a com a ética, a história do pensamento ético e a moral na sociedade contemporânea, julgue os itens a seguir e marque o que estiver correto. a) A ética tem a sua base conceitual na palavra moral. Apesar de ética e moral significarem hábitos e costumes, no sentido de normas comportamentais que se tornaram habituais, a ética engloba uma reflexão crítica acerca dos alicerces de um sistema de costumes de uma pessoa, grupo ou sociedade. b) Os códigos de ética contribuem para orientar o comportamento de pessoas, grupos e organizações e devem refletir tanto os valores passados como os vigentes das sociedades humanas. c) Ética designa o conjunto dos princípios, normas, imperativos ou ideias morais de uma época ou de uma sociedade determinadas. d) Os códigos não deixam dúvidas quanto às questões que envolvem interesses particulares, as quais podem ser priorizadas em detrimento daquelas de interesse público. e) No cartum, o autor demonstra sua desilusão com o rumo deste século no que diz respeito a valores e educação, no entanto defende que o estudo da ética e da virtude não são mais essenciais para se viver na sociedade capitalista contemporânea. DE OLHO NO ENEM É impossível falar de ética hoje sem falar de ética aplicada. O conceito “Ética Aplicada” surgiu nos anos 60 do século XX, por analogia com outras disciplinas, como a física aplicada, a sociologia aplicada, etc., e pretendeu, sobretudo, dar uma resposta às incertezas relativas ao futuro das próximas gerações humanas provocadas pelo desenvolvimento tecnocientífico. Os desastres ecológicos, a manipulação genética, a energia nuclear etc., criaram preocupações relativamente à perversão das características únicas e essenciais do homem e relativamente aos efeitos remotos, cumulativos e irreversíveis da intervenção tecnológica sobre a natureza. Além disso, depois da queda do muro de Berlim (1989), acelera-se o fenômeno da globalização, com os novos problemas econômicos, políticos, sociais e culturais. Mudou a natureza do capital: apareceram os fluxos financeiros inter nacionais, com as multinacionais. Mudou a natureza do trabalho – antes, os fatores de produção eram três: o Trabalho, o Capital e a Terra; – hoje, a produção tornou-se mais intensiva no conhecimento. O saber constitui um fator de diferenciação no trabalho. O que vale é o trabalho qualificado e criativo. Mudou o papel do Estado. Com a globalização, o Estado tem de saber conciliar o nacional e o internacional e criar condições estruturais de competitividade em escala global. A moral tradicional (normativa), fundada na consciência individual, revela-se totalmente incapaz de responder aos problemas de um novo mundo e de uma nova sociedade. É preciso uma moral que parta dum conceito de responsabilidade solidária. Vivemos num “novo mundo”: a aldeia global. Nessa aldeia global o que mais conta é a informação e o conhecimento. Vivemos numa “nova sociedade”: a sociedade do conhecimento. O conhecimento exige capacidade de organizar a informação. E isso exige capacidade de dar à informação um valor, traçar-lhe um sentido e uma finalidade. É preciso uma ética que, sem abandonar as convicções, seja capaz de responder às seguintes questões: Para que serve a informação? Qual o sentido de tanta informação? Como poderemos utilizar a informação? Quais são os nossos deveres para com as novas gerações? O paradigma ético tradicional baseava-se numa concepção do mundo que dominou a cultura tradicional. As ciências da vida (homem, animal, vegetal e, até, mineral) tiveram um progresso vertiginoso sem terem em conta as ciências do homem (antropologia, sociologia, filosofia). Esse progresso transformou-se numa perigosa ameaça à própria sobrevivência do homem e da natureza. É preciso criar uma ética que conjugue o saber científico com o saber antropológico e cultural, que se harmonize com a globalização e a sociedade do conhecimento. A ética aplicada procura harmonizar-se com um mundo da complementaridade, supondo uma razão comunicativa e solidária. Parte da realidade (é indutiva) e serve-se de princípios para avaliar as consequências das ideias que orientam a intervenção na realidade. Tais princípios resumem-se em quatro: 1º – Princípio da autonomia (PA): “Não faças a outrem (pessoa ou grupo) aquilo que ele não faria a si mesmo, e faz-lhe aquilo que te prometeste a fazer-lhe de acordo com ele.” 2º – Princípio da não maleficência: “Na ignorância das reais consequências da nossa ação devemos ser cautelosos, de modo a que se não cause a terceiros maleficências que podem ser evitadas”. 3º – Princípio da beneficência: “Faz aos outros o que é bom para eles”. 4º – Princípio da justiça: “Os iguais devem ser tratados de igual forma e os diferentes de forma diferente”. A ética aplicada apela ao diálogo: a gravidade dos problemas da tecnociência (imprevisibilidade das consequências da capacidade da técnica científica) tornou as questões da aplicação da técnica científica em questões de cidadania. Três exigências orientam a ética aplicada: 1º – exige-se que a opinião pública manifeste sua posição; 2º – exige-se que os interesses particulares de cada grupo social se subordinem aos interesses coletivos; 3º – exige-se que os objetivos econômicos, sociais, culturais e políticos sejam articulados entre si e com o princípio de um progresso orientado pelo respeito da solidariedade antropocósmica. Ciências Humanas e suas Tecnologias 15 Enem em fascículos 2012 É correto afirmar que a ação dos padeiros, durante a greve de 1934, expressava: a) reivindicações históricas do movimento operário desde o início do século, que, até a data da greve acima mencionada, foram completamente desconsideradas pelo Estado brasileiro. b) o s e u i n t e r e s s e e m a s s e g u r a r o s d i r e i t o s recém-adquiridos pelos trabalhadores urbanos brasileiros, por meio da legislação social promulgada pelo governo Vargas no início dos anos 30. c) a importância assumida pelo trabalho infantil nos serviços urbanos na década de 30, especialmente quando trabalhavam acompanhados de seus pais, como era o caso nas padarias. d) a emergência dos comunistas como liderança do movimento sindical, implementando a tática de greves reivindicativas de direitos sociais, caracterizando, simultaneamente, a perda de importância dos anarquistas e dos socialistas. e) a predominância dos trabalhadores do setor de comércio, em detrimento dos trabalhadores fabris, na organização e ativação das lutas sindicais dos anos 30 e de sua permanência até os anos 50. EXERCÍCIOS PROPOSTOS C-5 H-22 Compreendendo a Habilidade – Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas. 01. (Enceja/2005 – adaptada) CONSTITUIÇÃO DE 1937 DOS DIREITOS SOCIAIS Art. 139 – A greve e o lockout [paralisação de empresários] são declarados recursos antissociais, nocivos ao trabalho e ao capital e incompatíveis com os superiores interesses da produção nacional. CONSTITUIÇÃO DE 1988 DOS DIREITOS SOCIAIS Art. 9º – É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre os interesses que devam por meio dele defender. Com base nas citações extraídas das Constituições de 1937 e 1988, é possível afirmar que o direito de greve: a) ajudou a desenvolver a indústria nacional depois de 1937, durante a ditadura de Getúlio Vargas. b) é uma conquista social recente, concedida pela ditadura militar dos anos 60 e confirmada durante o processo de redemocratização que se seguiu. c) foi proibido durante a ditadura de Getúlio Vargas e reconquistado em 1988, dentro de um contexto de abertura democrática. d) foi concedido em 1937 a apenas algumas categorias profissionais, estendendo-se a todas elas somente em 1988. e) é pouco utilizado atualmente, dadas as boas relações existentes entre patrões e empregados. C-3 H-15 Compreendendo as Habilidades – Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história. H-22 C-5 – Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas. 02. (PUC-RJ) “Durante a greve dos padeiros em 1934 [no Rio de Janeiro], um memorial levado ao Ministro do Trabalho pelos representantes da União dos Empregados em Padarias reivindicava a aplicação das seguintes convenções: 1º – Assinatura de contratos coletivos de trabalho para a mais exata observância da lei de 8 horas de trabalho (...); 2º – Concessão de férias dentro do corrente ano (...); 6º – Observância rigorosa da lei sobre o trabalho dos menores; (...)” Correio da Manhã, 04/09/34, p.5. 16 C-5 H-22 H-25 Compreendendo as Habilidades – Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas. – Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social. 03. A estrutura tradicional da família brasileira vem sendo bastante alterada nas últimas décadas. E, dentre as transformações ocorridas, uma das mais importantes diz respeito ao papel da mulher, quer em casa, quer no mercado de trabalho. Em diversas situações, é ela hoje quem exerce um papel destacado na estrutura, orientação e sustento do grupo familiar. Refere-se à história das mulheres no período republicano brasileiro (1889-2010): a) Observamos o fim das formas de opressão e de dominação masculina atualmente, na medida que percebemos a participação do homem na divisão de tarefas domésticas e na criação dos filhos. b) O crescimento da autonomia feminina teve como ponto de partida a entrada da mulher no mercado de trabalho, desde o início da fase republicana, quando também tiveram o direito de voto assegurado pela Constituição de 1891. c) Apesar da participação política ter sido garantida há décadas, ainda não há uma perceptível participação numérica das mulheres em cargos políticos de comando, sendo praticamente inexpressiva nas democracias ocidentais. d) A conquista do direito ao voto, na década de 1930, foi seguida da ampliação de sua participação socioeconômica nos anos 1980, reconhecidas no projeto constitucional de 1988. e) No Brasil, o voto feminino só foi reconhecido, no sistema federal, após a revolução de 1964, com a aprovação do Código Eleitoral de 1962 e regulamentado nos seus termos na Constituição de 1967. Ciências Humanas e suas Tecnologias Enem em fascículos 2012 C-4 H-17 Fazendo-se uma análise dos dados apresentados e dos interesses que envolvem a questão, pode-se afirmar que: a) a existência de um grande patrimônio genético ainda pouco conhecido garantirá ao Brasil uma posição econômica hegemônica entre as nações no século XXI. b) a biodiversidade brasileira só poderá ser mantida a partir de políticas que impeçam a exploração dos recursos florestais brasileiros, especialmente na Amazônia. c) a garantia de que a biodiversidade brasileira e mundial poderá ser explorada de forma racional depende do cumprimento do Protocolo de Kyoto, assinado em 1997. d) a riqueza de nossa biodiversidade eleva a importância do Brasil no cenário mundial, no que se refere às questões ambientais e, também, nos aspectos econômicos. e) o atraso da pesquisa científica, no Brasil, demonstra a necessidade de gerenciamento da biodiversidade existente por parte de países mais desenvolvidos. Compreendendo as Habilidades – Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção. H-18 – Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações socioespaciais. 04. ”(...) Se antes a natureza podia criar o medo, hoje é o medo que cria uma natureza mediática e falsa, uma parte da natureza sendo apresentada como se fosse o todo.” SANTOS, Milton. 1992. “ N e s t e s a p ro x i m a d a m e n t e d u z e n t o s a n o s d e industrialização do planeta, a produtividade de bens materiais e seu consumo se deu de forma bastante acelerada. Como esse processo de industrialização desrespeitou a dinâmica dos elementos componentes da natureza, ocorreu uma considerável degradação do meio ambiente.” C-6 H-26 H-27 MENDONÇA, Francisco – Geografia e Meio Ambiente. C-6 Compreendendo as Habilidades – Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem. – Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e/ou geográficos. Essa degradação se deve: I. ao desenvolvimento da ideologia do consumismo pós-anos 50; II. à explosão demográfica, no contexto socioecônomico-político do século XVII; III. à transformação crescente dos minérios para atender às necessidades do homem; IV. ao avanço acelerado da sociedade urbana e industrial. 06. A Amazônia e seus habitantes vêm sendo expostos ao modelo de desenvolvimento preconizado pela sociedade ocidental, que é o responsável, segundo a maioria dos críticos, pela crise ecológica que hoje é reconhecidamente uma questão de sobrevivência para a humanidade. “E foi exatamente no seio dessa população que emergiu uma voz [Chico Mendes (1944-1988)] que revolucionou o debate sobre o modelo de desenvolvimento e juntou duas questões, isto é, ecologia e justiça social”. Com relação às afirmativas anteriores, pode-se dizer que estão corretas: a) as afirmativas II, III e IV. b) as afirmativas I, II e III. c) as afirmativas I, III e IV. d) as afirmativas I e II. e) todas as afirmativas. Assinale a proposta de modelo de desenvolvimento alternativo para a Amazônia, inspirada pelo movimento social liderado pelo seringueiro Chico Mendes. a) Área de Proteção Ambiental: área em geral extensa e com ocupação humana, possuindo elementos abióticos, bióticos e culturais importantes, tendo como objetivos proteger a biodiversidade, disciplinar a ocupação e garantir a sustentabilidade no uso dos recursos naturais. b) Reserva Extrativista: área usada por populações tradicionais, cuja base econômica é o extrativismo, complementado por agricultura de subsistência e criação de pequenos animais, tendo como objetivo básico proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, bem como o uso sustentável dos recursos naturais. c) Floresta Nacional: extensa área pública coberta por florestas com o predomínio de espécies nativas, tendo por objetivo usos diversificados e sustentáveis de seus recursos, como a pesquisa científica, que serve para o desenvolvimento de métodos e técnicas de manejo e exploração sustentável. d) Reserva Biológica: área destinada à preservação integral da biota e outros elementos naturais, sem a interferência humana e mudanças ambientais, à exceção de medidas de recuperação de ecossistemas alterados ou ações de manejo, voltadas para a preservação do equilíbrio ecológico. e) Parque Nacional: área pública que tem por objetivo a preservação dos ecossistemas brasileiros de grande relevância ecológica e beleza paisagística, utilizados para a pesquisa científica, a educação e o conhecimento da natureza, a recreação em ambientes naturais e o turismo ecológico. H-26 H-27 Compreendendo as Habilidades – Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem. – Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e/ou geográficos. 05. Acerca da importância da biodiversidade brasileira, o Secretário do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético do Ministério do Meio Ambiente afirmou: ”Os números da biodiversidade brasileira impressionam. Dentro dos países megadiversos, o Brasil ocupa o primeiro lugar, fruto de sua extensão territorial e posição geográfica. Estima-se que o país possua entre 15% e 20% do total de espécies de seres vivos da Terra. Apesar do gigantismo, pouco se conhece sobre a biodiversidade brasileira, pois apenas 10% das espécies conhecidas foram catalogadas.” Revista Galileu, dezembro de 2002. GONÇALVES, C. W. P. Amazônia, Amazônias. São Paulo: Contexto, 2001, p. 171. Ciências Humanas e suas Tecnologias 17 Enem em fascículos 2012 C-6 H-26 Compreendendo as Habilidades – Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem. H-27 – Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e/ou geográficos. 07. O Financial Times, de Londres, notificou que a “Young & Rubicam”, uma das maiores agências de publicidade do mundo, divulgou a lista das dez griffes mais reconhecidas por 45.444 jovens e adultos de dezenove países. São elas: “Coca-Cola”, “Disney”, “Nike”, “BMW”, “Porsche”, “Mercedes-Bens”, “Adidas”, “Rolls-Royce”, “Calvin Klein” e “Rolex”. Na chamada “sociedade de consumo”, não basta só consumir o necessário, mas, se possível, também o supérfluo, comportamento que acabou por conferir às relações do homem com o ambiente um caráter extremamente agressivo. A ONU, ao contrário, tem incentivado um desenvolvimento sustentável, ou seja, estratégias econômicas destinadas a promover o crescimento da riqueza social por meio de modelos capazes de evitar a degradação ambiental e a exaustão dos recursos naturais. Observe as práticas apresentados a seguir. C-2 Compreendendo as Habilidades – Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações. H-27 – Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio C-6 físico, levando em consideração aspectos históricos e/ou geográficos. 08. Monstrengo enviado para punir o povo de Tebas por ter afrontado os deuses, a Esfinge tinha cabeça e seios de mulher, corpo e patas de leoa, e asas de águia. Instalada às portas da cidade, ela exigia que seus m e l h o re s j o v e n s a e n f re n t a s s e m . To d o s e r a m impiedosamente trucidados porque não conseguiam re spo nde r a o en igm a qu e el a lh es p ro pun ha. Desgraça que só terminou quando apareceu um esperto rapaz, vindo de Corinto e chamado Édipo. Ele matou a charada, provocando o suicídio da fera. O resto da lenda é bem conhecido. Pois bem, o “desenvolvimento sustentável” também é um enigma à espera do seu Édipo [....]. VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento Sustentável: o desafio do século XXI. 3. ed. Rio de Janeiro: Garamond, 2008, p. 3. O desenvolvimento sustentável se define de forma enigmática por constituir-se enquanto o desafio do século XXI. Nesta perspectiva, pode-se afirmar: a) A privatização da água proposta pelo Banco Mundial é uma medida de uso e apropriação racional da natureza com vistas à sustentabilidade socioeconômica e ambiental. b) Os conflitos socioambientais evidenciam as contradições da relação estabelecida entre a sociedade e a natureza no modelo de desenvolvimento capitalista. c) O Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), proposto pelo governo federal, tem como projeto estruturante a criação de reservas e parques nacionais para a promoção do desenvolvimento sustentável na Amazônia. d) A regulação da biodiversidade pela Organização das Nações Unidas (ONU), enquanto patrimônio da humanidade, vem garantindo o cumprimento legal da política ambiental brasileira. e) A conservação natural dos ecossistemas terrestres para a reprodução social da vida torna evidente o desenvolvimento sustentável no capitalismo. PRÁTICAS DE RELACIONAMENTO DA SOCIEDADE COM A NATUREZA I. Redução do consumo de descartáveis; II. Desmatamento e destruição de espécies; III. Reutilização e reciclagem de materiais; IV. Agricultura biológica ou orgânica; V. Assoreamento de rios; VI. Produção de lixo nuclear; VII. Utilização de agrotóxicos; VIII. Pesca predatória; IX. Monoculturas prolongadas; X. Lançamento de partículas químicas nos rios; XI. Manutenção da cobertura vegetal; XII. Lançamento da CFCs na estratosfera; XIII. Utilização de energia alternativa: solar, biomassa etc.; XIV. Degradação e erosão dos solos; XV. Exploração racional e limitada dos recursos naturais; XVI. Utilização de práticas conservacionistas na exploração das florestas. H-7 C-5 H-23 H-24 Compreendendo as Habilidades – Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades. – Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades. 09. COELHO & TERRA. O Espaço Natural e Socioeconômico. Moderna, 2001. [adapt.] Tomando como base os itens e seus conhecimentos, assinale a alternativa que contempla somente práticas consideradas ecologicamente corretas. a) I, II, III, V, VI, XII, XIII e XV. b) I, III, IV, XI, XIII, XV e XVI. c) II, IV, VI, VIII, X, XII e XVI. d) III, IV, VI, VIII, X, XI e XII. e) I, III, IV, V, XII, XIV e XV. 18 Ciências Humanas e suas Tecnologias Disponível em:<http://etica-bioetica.zip.net>. Acesso em: 30 ago. 2010. Enem em fascículos 2012 A charge anterior representa um grupo de cidadãos pensando e agindo de modo diferenciado, frente a uma decisão, cujo caminho exige um percurso ético. A vida social requer regras e tradições. Há renovações políticas, desacordos, transgressões, mas a ética deve alimentar a convivência e a construção de valores que transcendam a desigualdade entre as pessoas. Nessa perspectiva, a conquista da cidadania é: a) fundamental para criar condições de convivência social equilibrada e incentivar movimentos de solidariedade. b) generalizada nas sociedades democráticas modernas, mas tem os limites impostos pela economia capitalista, predominante no mundo contemporâneo. c) marcada pela luta política, tendo como base as ideias da modernidade, que rompem com os ideais do mundo greco-romano. d) indispensável para o crescimento das liberdades sociais que existiram, de forma ampla, nas sociedades do século XX. e) ligada ao fim dos governos autoritários, embora suas propostas tenham se afirmado apenas com a globalização da economia. C-5 H-23 H-24 d) Às aulas de esgrima, ministradas em academias especializadas nas grandes metrópoles. e) Aos extensos campeonatos de futebol, que reúnem públicos de diversas classes sociais. GABARITOS EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 01 02 03 04 05 06 b c c a c a EXERCÍCIOS PROPOSTOS 01 02 03 04 05 c b d c d 06 07 08 09 10 b b b a e ANOTAÇÕES Compreendendo as Habilidades – Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades. – Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades. 10. A imagem retrata uma luta de gladiadores na Roma antiga. Considerando seus conhecimentos sobre a política que ficou conhecida como “pão e circo”, a que esse tipo de espetáculo poderia ser comparado nos dias de hoje? a) Aos grandes prêmios de Fórmula 1, cujas arquibancadas são tomadas por um público elitizado. b) Às apresentações gratuitas de música clássica, que atraem espectadores populares. c) Às mostras de filmes europeus realizadas nas capitais brasileiras, tendo estudantes universitários como público. Expediente Diretor-Superintendente: Tales de Sá Cavalcante Diretora Pedagógica: Hilda Prisco Diretora Controller: Dayse Tavares Supervisão Pedagógica: Marcelo Pena Gerente do FBEscolas: Fernanda Denardin Gerente Gráfico: Andréa Menescal Coordenador Gráfico: Sebastião Pereira Projeto Gráfico: Joel Rodrigues e Franklin Biovanni Editoração Eletrônica: Antônio Nailton Ilustrações: João Lima Revisão: Tony Sales OSG.: 61554/12 Ciências Humanas e suas Tecnologias 19