FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS ESUDA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE PESSOAS CARMEM LUCIA VITORIANO DA SILVA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO RECIFE JANEIRO/2014 FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS ESUDA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE PESSOAS CARMEM LUCIA VITORIANO DA SILVA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Monografia desenvolvida pela aluna Carmem Lucia Vitoriano da Silva, orientada pela Profª. Msc. Laura Cândida Pedrosa Caldas e apresentada ao Curso de Especialização em Gestão de Pessoas da Faculdade de Ciências Humanas ESUDA, como requisito final para obtenção do grau de Especialista. RECIFE JANEIRO/2014 FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS ESUDA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE PESSOAS QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO CARMEM LUCIA VITORIANO DA SILVA Monografia submetida ao Corpo Docente do Curso de Especialização em Gestão de Pessoas da Faculdade de Ciências Humanas Esuda janeiro/2014. Banca Examinadora: ___________________________________________________________________________ Orientadora: Laura Cândida Pedrosa Caldas, Doutoranda e Mestre em Psicologia Clínica com ênfase nas Instituições, Especialista em Gestão de Equipes e Dinâmica de Grupo, Especialista em Aprendizagem organizacional, Coordenadora e Professora do Curso de Gestão de Pessoas da Faculdade de Ciências Humanas ESUDA. Examinador: Roberta de Moraes Guerra, Mestre em Administração pela Faculdade Boa Viagem. ".. Dedico esta monografia aos meus queridos pais. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por tudo que ele tem me concedido. E em especial a minha família, pelo apoio e compreensão. A minha orientadora, Professora Laura Cândida Pedrosa Caldas. "... “Que o teu trabalho seja perfeito para que, mesmo depois da tua morte, ele permaneça.” (Leonardo da Vinci) RESUMO A qualidade de vida no trabalho é um dos desafios para a administração contemporânea, pois ela afeta a vida dos trabalhadores e como consequência os resultados das organizações, com isso a QVT vem ganhando expressão cada vez mais intensa no ambiente empresarial brasileiro dentro das estratégias de gestão de pessoas. O estudo desta pesquisa visa contribuir para a análise e discussão das relações entre a qualidade de vida no trabalho, a satisfação e a saúde do trabalhador a partir de uma revisão bibliográfica, apresentando uma visão geral sobre os conceitos e os modelos teóricos sobre a QVT. Apresenta também, as influências que a prática da Qualidade de Vida exerce sobre os funcionários e quais são os principais fatores que os levam a automotivação, fazendo com que haja maior integração entre empregados e gestores; elevando assim um melhor clima organizacional e gerando um maior nível de satisfação no ambiente de trabalho. Assim, o desafio maior da QVT é o de aprofundar o reconhecimento da dimensão essencial do compromisso do ser humano com as organizações e gerar melhores condições de vida. Palavras-chave: Qualidade de vida no trabalho; Satisfação no trabalho e Saúde ocupacional. ABSTRACT The quality of work life (QWL) is one of the challenges for contemporary management, because it affects the lives of workers, and consequently the results of organizations. For this reason QWL becomes each day more relevant within the Brazilian business environment as regards the strategies of personnel management. This study aims to contribute to the analysis and discussion of relations between QWL and satisfaction and health of workers starting from a literature review, while presenting a general view on the theoretical concepts and models of QWL. It is also presented the influence that the practice of QWL exerts on workers, and the main factors that lead to self-motivation, so that there is more interaction between employees and managers. The overall result is a better organizational or corporate climate and the emergence of a higher level of satisfaction in the workplace, which can improve quantity and quality of production. Hence, the major challenge of QWL is to deepen the knowledge of the essential dimension of the commitment of the human being with organizations and to generate better quality of life. Key words: Quality of live at work; satisfaction at work; Occupational health. LISTA DE QUADROS Quadro 1: Facetas comuns da satisfação no trabalho .................................................. 22 Quadro 2: Definições evolutivas da QVT ................................................................... 39 Quadro 3: Modelo de Walton ..................................................................................... 40 Quadro 4: Origens da qualidade de vida no trabalho ................................................... 41 Quadro 5: Os principais fatores determinantes da QVT ............................................. 46 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Pirâmide da Teoria das Necessidades de Maslow ................................................. 19 Figura 2: Os Cinco Fatores de satisfação no trabalho numa abordagem multidimensional .. 23 Figura 3: Fatores que influenciam o projeto de cargo e a qualidade de vida no trabalho ..... 41 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CAT Comunicação de Acidente de Trabalho CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CHESF Companhia Hidro Elétrica do São Francisco DRT Delegacia Regional do Trabalho NR Norma Regulamentadora OHSAS Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho OMS Organização Mundial de Saúde PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais QVT Qualidade de v*ida no trabalho SESMT Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho SIPAT Semana Interna de Prevenção de Trabalho SUMÁRIO INTRODUÇÃO 14 CAPÍTULOS 1. SATISFAÇÃO DO INDÍVIDUO NO TRABALHO ............................................. 1.1 ALGUNS CONCEITOS DESATISFAÇÃO DO TRABALHO ......................... 16 16 1.2 A EVOLUÇÃO DAS RELAÇÕES DE TRABALHO ........................................ 16 1.3 PRIMEIROS ESTUDOS SOBRE A SATISFAÇÃO DO TRABALHO ........... 17 1.4 SATISFAÇÃO A PARTIR DAS NECESSIDADE HUMANAS – MASLOW 19 1.5 UMA PROPOSTA DE SATISFAÇÃO DE TRABALHO – McGregor ........... 20 1.6 SATISFAÇÃO A PARTIR DO ENRIQUECIMENTO DO CARGO – HERZBERG .............................................................................................................. 20 1.7 FATORES QUE DETERMINAM A SATISFAÇÃO DO TRABALHO ........... 21 1.8 A NATUREZA DA SATISFAÇÃO DO TRABALHO ...................................... 22 1.9 AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DO TRABALHO ...................................... 22 1.9.1 Índice descritivo do trabalho ................................................................... 22 1.10 VISÃO MULTIDISCIPLINAR E UNIDIMENSIONAL DA SATISFAÇÃO DO TRABALHO ...................................................................................................... 23 1.11 SATISFAÇÃO E DESEMPENHO NO TRABALHO ...................................... 24 1.12 SATISFAÇÃO NO TRABALHO E ROTATIVIDADE .................................. 24 1.13 INSATISFAÇÃO NO TRABALHO E AUSÊNCIA ........................................ 24 2. HIGIENE, SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO ...................................... 25 2.1 CONCEITO DE HIGIENE DO TRABALHO ............................................... 25 2.2 OBJETIVOS DA HIGIENE DO TRABALHO .............................................. 25 2.3 CONCEITO DE SAÚDE OCUPACIONAL .................................................. 26 2.4 CONCEITO DE SEGURANÇA DO TRABALHO ........................................ 26 2.5 RELAÇÃO ENTRE HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO ................ 27 2.6 PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS EM SAÚDE, SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO .............................................................................. 27 2.6.1 Médico do Trabalho ........................................................................... 27 2.6.2 Engenheiro de Segurança do Trabalho ................................................. 28 2.6.3 Técnico em Segurança do Trabalho ...................................................... 28 2.6.4 Enfermeiro do Trabalho ...................................................................... 28 2.6.5 Auxiliar de Enfermagem do Trabalho ....................................................... 28 2.7 COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES – CIPA ............ 29 2.8 PROGRAMAS OCUPACIONAIS ...................................................................... 30 2.8.1 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO ............ 30 2.8.2 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA .......................... 32 2.9 ACIDENTES DE TRABALHO ......................................................................... 34 2.10 OHSAS – SISTEMA DE GESTÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO ............................................................................................................. 36 2.11 SAÚDE E QAULIDADE DE VIDA ................................................................ 37 3. QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ........................................................... 37 3.1 ALGUNS CONCEITOS DE QVT ..................................................................... 37 3.2 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ..... 38 3.3 PRINCIPAIS ABORDAGENS DA QVT .......................................................... 40 3.3.1 Abordagem de Walton (1973) ................................................................... 40 3.3.2 Abordagem de Westley (1979) ................................................................. 40 3.3.3 Abordagem de Davis e Werther (1983) ................................................... 41 3.3.4 Abordagem de Huse e Cumming (1985) ................................................. 42 3.3.5 Abordagem de Nadler e Lawler (1983) .................................................... 42 3.4 ESCOLAS DE PENSAMENTO EM QUALIDADE DE VIDA ....................... 43 3.4.1 Escola Socioeconômica ............................................................................ 43 3.4.2 Escola Organizacional .............................................................................. 43 3.4.3 Escola Condição Humana no Trabalho .................................................... 44 3.5 CIÊNCIAS QUE CONTRIBUEM PARA O ESTUDO DA QVT ..................... 45 3.6 PINCIPAIS FATORES DETERMINANTES DA QVT .................................... 45 3.7 PROGRAMA DE QUALIDADE DE VIDA ..................................................... 46 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 49 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 51 ANEXOS ....................................................................................................................... 55 14 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem a finalidade de analisar as consequências da gestão empresarial baseada na aplicação da qualidade de vida, tornando-se imprescindível uma política de valorização dos empregados que faça com que eles se sintam importantes no desempenho de seu papel e consequentemente se sintam mais motivados e satisfeitos em trabalhar na empresa. A qualidade de vida no trabalho (QVT) é uma ferramenta de primordial importância no dia-a-dia das empresas e das pessoas, está voltada para facilitar ou trazer satisfação e bemestar ao trabalhador na execução de sua tarefa. O objetivo geral é identificar a percepção dos empregados sobre qualidade de vida no trabalho. Os objetivos específicos definidos para esta pesquisa são: analisar a percepção de qualidade de vida no trabalho; identificar o grau de satisfação no trabalho e os impactos na qualidade de vida; descrever as ações de promoção de saúde e qualidade de vida no trabalho adotadas pelas empresas melhores avaliadas; e propor ações de melhorias no ambiente organizacional saudável. O problema da pesquisa, isto é, a questão norteadora deste trabalho é a seguinte: Como avaliar a qualidade de vida dos empregados dentro do ambiente de trabalho?. Para tentar responder essa pergunta, o argumento ou a hipótese deste trabalho se faz necessário as empresas promover programas de promoção de saúde e qualidade de vida no trabalho, com objetivo primordial de estimular costumes e estilos de vida voltados para o bem estar dos seus empregados. A pesquisa realizada justifica-se pelo fato de que a qualidade de vida no trabalho é essencial para qualquer organização que tenha por meta a satisfação dos seus funcionários, o desenvolvimento e a produtividade. O estudo em questão contribuirá para uma construção de trabalho mais humanizado, que resulte no bem estar organizacional e na modernização da gestão de pessoas. Este trabalho foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica, que trata-se de uma busca elaborada através de material já publicados como livros, revistas científicas, artigos e internet; também foi utilizada a pesquisa exploratória que visa proporcionar uma visão geral de um determinado fato com o objetivo de torná-lo explicito e podendo ser efetivada mediante levantamento bibliográfico. O método de abordagem é o dedutivo, no qual parte-se de leis ou teorias para os casos particulares, ou seja, realizam previsões acerca do acontecimento de fenômenos particulares. 15 O trabalho é composto por três capítulos, distribuídos da seguinte forma: no primeiro capítulo trata da higiene, saúde e segurança do trabalho, em que são estudados os principais conceitos, os objetivos, a relação entre higiene e segurança, os profissionais especializados da área de saúde e segurança, a CIPA, os principais programas ocupacionais, os acidentes de trabalho e a OHSAS cada um destes temas tem a finalidade de auxiliar no entendimento sobre o assunto abordado. O segundo capítulo apresenta a origem, a evolução, o conceito, as abordagens, as escolas de pensamento, as ciências que contribuíram para o estudo da QVT e os fatores determinantes da qualidade de vida no trabalho, enfatizando a contribuição de alguns pesquisadores, ao longo do século XX, para o estudo do assunto. Já o terceiro e último capítulo apresenta a evolução, o conceito, os primeiros estudos, a natureza, os fatores determinantes, os modelos teóricos sobre a satisfação no trabalho e as relações entre a satisfação no trabalho e saúde do trabalhador. Os achados da presente pesquisa demonstram a relevância da qualidade de vida no trabalho como instrumento de apoio à gestão de recursos humanos, na medida em que potencializa o estabelecimento de canais de diálogo entre empresa e empregados, permitindo, por conseguinte, ações organizacionais mais efetivas. Há que se ressaltar, todavia, a necessidade do desenvolvimento de modelos de qualidade de vida no trabalho mais aderentes às nossas especificidades culturais, econômicas e sociais. No mais, convém destacar a importância da complementação deste estudo, através da realização de pesquisa semelhante nas organizações, bem com traçar um quadro mais completo da realidade da qualidade de vida e da satisfação no trabalho. 16 1. SATISFAÇÃO DO INDÍVIDUO NO TRABALHO 1.1 ALGUNS CONCEITOS DE SATISFAÇÃO DO TRABALHO Para Robbins (2009) a satisfação do trabalho refere-se a um conjunto de sentimentos que um indivíduo nutre em relação ao seu trabalho. Uma pessoa que tem um alto nível de satisfação com seu trabalho apresentam atitudes positivas em relação a ele, enquanto aquela insatisfeita apresenta atitudes negativas. Segundo Locke (1976) a satisfação do trabalho é um estado emocional positivo ou de prazer, resultante de um trabalho ou de experiências de trabalho. Brief (1988) define a satisfação do trabalho como um estado emocional expresso através da avaliação afetiva e/ou cognitiva de uma experiência de trabalho, com algum grau de favorabilidade ou de desfavorabilidade. Segundo George e Jones (1999) diz que a satisfação do trabalho é um conjunto de sentimentos e crenças das pessoas sobre o seu atual trabalho. Os graus ou níveis de satisfação das pessoas sobre o seu trabalho, podem ir da satisfação extrema à insatisfação extrema. Além de terem atitudes sobre o seu trabalho como um todo, as pessoas podem também ter atitudes sobre os vários aspectos do seu trabalho – como o tipo de trabalho que fazem, os seus colegas, supervisores ou subordinados ou o pagamento. 1.2 A EVOLUÇÃO DAS RELAÇÕES DE TRABALHO No início do século XVIII houve uma grande mudança nos processos industriais. População mundial crescia aceleradamente, o mercado consumidor estimulava a produção em grande escala e induzia o aprimoramento tecnológico. A mão de obra torna-se abundante: parte, devido ao crescimento populacional; parte, proveniente do meio rural. A Inglaterra detinha a hegemonia tecnológica, uma vez que dominava o mercado consumidor e o transporte. As indústrias se modernizavam e sinalizavam uma mudança nos processos produtivos. O “acúmulo de capital” era palavra de ordem entre os donos de fábricas e comerciantes (TREVELYAN, 1967; HOBSBAW, 1981 apud RODRIGUES, 2011, p. 26). O trabalhador vivia em condições desumanas. As jornadas de trabalho chegavam a 18 horas diárias (MALTHUS, 1946 apud RODRIGUES, 2011, p. 26), onde as necessidades básicas não eram consideradas. 17 Após a Guerra Civil, 1868, os Estados Unidos viveram grandes mudanças. Na Europa, em particular na Inglaterra, vivia-se uma grande crise de desemprego. O que motivou milhares de trabalhadores a emigrarem para os Estados Unidos (REMOND, 1961; CORIAT, 1980 apud RODRIGUES, 2011, p. 28). Taylor (1987) aplica seus princípios à divisão do trabalho em tarefas simples e previamente definidas, a utilização da mão de obra não especializada passou a ser amplamente possível e viável. Assim a indústria assumiu o controle do processo produtivo e pôde aumentar substancialmente sua produtividade e produção, utilizando-se da mão de obra do trabalhador não especializado. A filosofia proposta era a racionalização da produção, trazendo a produtividade e a motivação econômica do trabalhador. 1.3 PRIMEIROS ESTUDOS SOBRE A SATISFAÇÃO DO TRABALHO Em 1920 surgiu as primeiras preocupações cientificas sobre a influência das condições físicas do local do trabalho na produtividade industrial. O primeiro experimento ocorreu entre 1924 a 1927, na Western Eletric Company que sempre manteve um alto nível de salários e boas condições de trabalho. Apesar destes fatores positivos, Segundo MOTA (1985 apud RODRIGUES, 2011, p. 36), “o homem era encarado como uma unidade isolada, cuja eficiência poderia ser estimada cientificamente”. Quanto aos resultados das pesquisas iniciais de Homans (1971 apud RODRIGUES, 2011 p. 36) na “Western Eletric” diz que: Os pesquisadores concluíram que o resultado negativo foi obtido não porque a relação não existisse, mas porque era impossível isolar essas de outras variáveis que entravam em qualquer determinação de eficiência produtiva, ... o resultado obtido comprovou a importância do fator psicológico. O resultado da pesquisa inquietou a direção da “Western Eletric” e com o objetivo de determinar que fatores tinham influência decisiva no aumento da produção a empresa contratou o suporte científico do Departamento de Pesquisa de Indústria da “Havard Graduate Scholl of business Administracion” da qual fazia parte Elton Mayo. Em abril 1927, MOTTEZ ( 1973, apud RODRIGUES, 2011 p. 37) teve início a “um novo experimento que tinha por objetivo o estudo dos efeitos da fadiga e da monotonia”. 18 Miller e Form (1972 apud RODRIGUES, 2011 p. 37) Apresentam as conclusões da pesquisa realizada por Mayo que são: 1) O trabalho é uma atividade grupal; 2) O mundo social do adulto é padronizado em relação à sua atividade no trabalho; 3) A necessidade de reconhecimento e segurança e o senso de pertencer a algo são mais importantes na determinação da moral do operário e da produtividade do que as condições físicas sob as quais ele trabalha; 4) Uma reclamação não é necessariamente o enunciado objetivo de fatos, comumente é um sintoma de distúrbio, relacionado com o status do trabalho do indivíduo; 5) O Trabalhador é uma pessoa cujas atitudes e eficiências são condicionadas pelas demandas sociais, tanto dentro como fora da fábrica; 6) Grupos informais dentro da fábrica exercem grande controle social sobre os hábitos no trabalho e atitudes do operário individual; 7) A mudança de uma sociedade estabelecida para outra em adaptação tende a desmembrar continuamente a organização social de uma fábrica ou indústria em geral; 8) A colaboração grupal não ocorre por acidente, mas ela deve ser planejada e desenvolvida. Se essa colaboração for alcançada, as relações no trabalho dentro da fábrica podem chegar a uma coesão que resiste aos efeitos do desmembramento de uma sociedade em adaptação. Mayo e seus colaboradores continuaram a pesquisa adotando a entrevista como uma nova estratégia. Com o intuito de fazer um levantamento das atitudes e pretensões dos trabalhadores, de 1923 a 1930, foram entrevistados 21.126 funcionários ( TREWATHAN & NEWPPORT, 1979 apud RODRIGUES, 2011 p. 38): [...] Os entrevistados desenvolveram uma técnica chamada entrevista não dirigida. Com pouca direção dos entrevistados, os empregados tinham permissão para falar livremente, sem temor de represálias para si, colegas ou supervisores. De fato, alguns entrevistados disseram que se sentiam melhor porque podiam falar a alguém que os escutava. Outros atribuíram melhorias em suas condições de trabalho às entrevistas. 19 Em 1932, por motivos econômicos e psicológicos provocados pela recessão, os experimentos tiveram que ser paralisados. Mas as contribuições de Mayo são de grande relevância para o estudo do comportamento humano e qualidade de vida do trabalhador. 1.4 SATISFAÇÃO A PARTIR DAS NECESSIDADES HUMANAS - MASLOW Abraham Maslow foi o “primeiro a relacionar as necessidades humanas num quadro teórico abrangente na sua teoria da motivação humana baseada numa hierarquia básicas” (LOPES, 1980 apud RODRIGUES, 2011 p. 40). A “hierarquia das necessidades” de Maslow é composta por cinco necessidades fundamentais que são: fisiológicas, segurança, amor, estima e autorrealização. À medida que um nível de necessidade é atendido, o próximo tornase dominante. Robbins (2002) define cada um dos níveis de necessidade da seguinte forma: 1) Fisiológicas: incluem fome, sede, abrigo sexo e outras necessidades corporais. 2) Segurança: inclui segurança e proteção contra danos físicos e emocionais. 3) Sociais: Incluem afeição, aceitação, amizade e sensação de pertencer a um grupo. 4) Estima: Inclui fatores internos de estima, como respeito próprio, realização e autonomia; e fatores externos de estima, como status, reconhecimento e atenção. 5) Auto-realização: a intenção de tornar-se tudo aquilo que a pessoa é capaz de ser; inclui crescimento, autodesenvolvimento e alcance do próprio potencial. Figura 1: Pirâmide da Teoria das Necessidades de Maslow. Fonte: Robbins, 2002. De acordo com Robbins (2002) a divisão da pirâmide em dois níveis é justificada pela diferença na natureza dos fatores de satisfação. As necessidades de nível baixo são satisfeitas a partir de fatores extrínsecos. Como exemplos de fatores extrínsecos nas organizações 20 podem-se citar remuneração, local de trabalho adequado e segurança no emprego; no geral, pode-se concluir que, quando as empresas pagam salários mais altos os seus empregados terão a maioria das suas necessidades básicas atendidas. Já as necessidades de nível alto, são satisfeitas a partir de fatores intrínsecos, que, de acordo com Bergamini (2008), refere-se à necessidade de auto-realização, que representa a busca de individualização, ou seja, o objetivo que visa atender a mais alta inspiração do ser humano, de ser ele mesmo, podendo usufruir toda a sua potencialidade, sem perder sua individualidade. O próprio Maslow defende que as necessidades dos níveis mais altos jamais conseguirão ser completamente satisfeitas, mantendo-se sempre como reduto de força motivacional. 1.5 UMA PROPOSTA DE SATISFAÇÃO DE TRABALHO – McGregor O trabalho, com base na administração científica, atende as necessidades básicas do indivíduo, mas oferece “poucas oportunidades de satisfação das necessidades egoístas, principalmente para as pessoas situadas nos níveis inferiores da hierarquia” (McGregor, 1980 apud RODRIGUES, 2011 p. 42). McGregor entendia por necessidade egoísta aquelas que englobam a autoestima (Autorrespeito e confiança, autonomia, realização, competência e conhecimento) e a própria reputação (status, reconhecimento e aprovação). As teorias X e Y agrupam ideias relacionadas a individuo- trabalho e são apresentadas da seguinte forma: A Teoria X representa o controle existente sobre os recursos humanos da empresa. Segundo esta teoria, o ser humano, de modo geral, tem aversão ao trabalho e o evita sempre que possível, como tal, a grande parte dos empregados têm que ser coagidos, controlados e ameaçados de punição a fim de alcançar os objetivos da empresa. A Teoria Y oferece condições ao individuo para que as necessidades atendidas só fora do local de trabalho passem ser satisfeitas no mesmo. “ O principio fundamental derivado da Teoria Y é o da integração: criação de condições tais que permitam aos mebros da organização alcançar melhor os seus próprios objetivos, dirigindo os seus esforços para o sucesso da empresa” (McGregor, 1980 apud RODRIGUES, 2011 p. 44). 1.6 SATISFAÇÃO A PARTIR DO ENRIQUECIMENTO DO CARGO – HERZBERG A Teoria da motivação de Frederick Herberg foi formulada com base em um estudo empírico, realizado, inicialmente , com 200 engenheiros e contadores de nove indústrias de fabricação de metais, localizados em Pittsburgh. Seu objetivo era identificar os fatores que 21 causavam a satisfação e a insatisfação dos empregados no ambiente de trabalho. Para isso, questionou os entrevistados sobre o que os agradava e os desagradava nas empresas em que trabalhavam. Herzberg (1964) dividiu sua teoria em dois fatores que são: 1) Fatores higiênicos: Dizem respeito às condições físicas do ambiente de trabalho, salário, benefícios sociais, políticas da organização, clima organizacional, oportunidades de crescimento, etc. Segundo Herzberg, estes fatores são suficientes apenas para evitar que as pessoas fiquem desmotivadas. A ausência desmotiva, mas a presença não é elemento motivador. São chamados fatores insatisfacientes, também conhecidos como extrínsecos ou ambientais. 2) Fatores Motivacionais: Referem-se ao conteúdo do cargo, às tarefas e às atividades relacionadas com o cargo em si. Incluem liberdade de decidir como executar o trabalho, uso pleno de habilidades pessoais, responsabilidade total pelo trabalho, definição de metas e objetivos relacionados ao trabalho e auto-avaliação de desempenho. São chamados fatores satisfacientes. A presença produz motivação, enquanto a ausência não produz satisfação. Também chamados de intrínsecos. 1.7 FATORES QUE DETERMINAM A SATISFAÇÃO DO TRABALHO Segundo Robbins (2009) os fatores mais importantes que conduzem a satisfação do trabalho são: a) Trabalho mentalmente desafiador: os empregados tendem a preferir trabalhos que lhes deem oportunidades para usar suas habilidades e capacidades e ofereçam uma variedade de tarefas, liberdade e retorno de quão bem eles estão se saindo. b) Recompensas justas: Os empregados querem sistemas de pagamento e políticas de promoção que eles percebam como justos, sem ambiguidade e alinhados com suas expectativas. Quando o pagamento é justo com base na habilidade do individuo, o resultado provável é a satisfação. Os trabalhadores que percebem que as decisões de promoção são tomadas de uma maneira justa e imparcial são propensos a experimentar satisfação em seu trabalho. c) Condições de trabalho apoiadoras: os empregados se preocupam com seus ambientes de trabalho tanto por conforto pessoal quanto por facilitarem a realização de um bom trabalho. 22 d) Colegas que deem apoio: A maioria dos empregados, o trabalho preenche a necessidade de interação social. Ter colegas amigáveis e que deem apoio leva ao aumento da satisfação no trabalho. 1.8 A NATUREZA DA SATISFAÇÃO NO TRABALHO Segundo Spector (2006), a satisfação do trabalho é uma variável de atitude que mostra como as pessoas se sentem em relação ao trabalho que têm, seja no todo, seja em relação a algum de seus aspectos. Ainda de acordo com Spector (2006) existem duas abordagens para o estudo da satisfação do trabalho – a abordagem global e a abordagem de facetas. A abordagem global é a que considera a satisfação no trabalho como um sentimento único e global em relação ao trabalho e a abordagem em facetas uma pessoa apresenta diferentes níveis de satisfação em relação a várias facetas. O quadro a seguir apresenta as facetas mais comuns da satisfação no trabalho: Salário Supervisão Natureza do Trabalho Oportunidades de promoção Companheiros de Trabalho Comunicação Benefícios Condições de Trabalho Sgurança Quadro 1: Facetas comuns da satisfação no trabalho – Fonte: Spector (2006) 1.9 AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO NO TRABALHO De acordo com Spector (2006) a satisfação do trabalho é avaliada perguntando-se às pessoas como elas se sentem em relação ao seu trabalho, por meio de questionários ou entrevistas. A satisfação do trabalho geralmente é avaliada através de questionários, às vezes os funcionários são entrevistados sobre a sua satisfação e ainda podem ser encontrados em uns poucos casos em que a satisfação no trabalho seja avaliada solicitando a opinião dos supervisores ou observadores para calcular a satisfação de outra pessoa. 1.9.1 Índice Descritivo do Trabalho Para Spector (2006) de todas as escalas de satisfação no trabalho, o índice descritivo do trabalho tem sido a mais popular entre os pesquisadores e também a mais completa e validada. Esta escala avalia cinco facetas: 23 1. Trabalho; 2. Supervisão; 3. Salário; 4. Colegas de trabalho; 5. Oportunidade de promoção. O índice descritivo do trabalho é utilizado por pesquisadores organizacionais. A maior limitação dessa escala é que ela inclui somente cinco facetas. 1.10 VISÃO MULTIDIMENSIONAL E UNIDIMENSIONAL DA SATISFAÇÃO DO TRABALHO Existem divergências com relação a dimensionalidade da satisfação do trabalho, observando a visão multidimensional e a unidimensional. Os que defendem a primeira visão tratam a satisfação como um conjunto de reações especificas a vários componentes e trabalho como por exemplo chefia, colegas o trabalho, salários e promoções. Enquanto a segunda visão é tida como uma atitude geral, sem levar em consideração relevantes reações obtidas por aspectos específicos do trabalho. A crítica da visão unidimensional sobre a multidimensional é que “os aspectos particulares do trabalho são numerosos, podendo variar de situação para situação e, neste caso, dificultariam a elaboração do conceito” (Zanelli, Borges-Andrade e Bastos & Cols, 2004, p. 303). O trabalho Cliente Colegas Promoções Visão Multidimensional de satisfação no trabalho Salário Figura 2: Os Cinco Fatores de satisfação no trabalho numa abordagem multidimensional – Fonte: Zanelli, Borges-Andrade e Bastos & cols, 2004. 24 1.11 SATISFAÇÃO E DESEMPENHO NO TRABALHO Segundo Spector (2006, p. 344), a relação entre o desempenho e satisfação no trabalho está clara. Porém existem duas explicações opostas. A primeira é que a satisfação resulta em desempenho, ou seja, as pessoas que gostam do seu trabalho se empenharão mais e, consequentemente, terão um desempenho melhor. A segunda, conforme o autor, é que o desempenho deve resultar em satisfação, isto é, pessoas com bom desempenho tendem a se beneficiar, e os benefícios podem aumentar a satisfação. 1.12 SATISFAÇÃO NO TRABALHO E ROTATIVIDADE Para CRAMPTON; WAGNER (1994 Apud SPECTOR, 2006, p. 345), muitos estudos têm demonstrado que funcionários insatisfeitos apresentam maior probabilidade de demitir-se de seus empregos do que os satisfeitos. A maior parte dos estudos trabalha com previsões, avaliando a satisfação no trabalho de uma amostra de funcionários, e espera um período de meses ou anos para ver quem pede demissão. Dessa forma chega-se a conclusão que “insatisfação é um fator que leva os funcionários a desistir de seus empregos.” (SPECTOR, 2006). De acordo com Robbins (2006), A satisfação está negativamente relacionada com a rotatividade. Existem outros fatores que influenciam a rotatividade como as condições do mercado, as expectativas quanto a oportunidade no emprego e o tempo de casa. 1.13 INSATISFAÇÃO NO TRABALHO E AUSÊNCIA A ausência no trabalho é resultado da insatisfação do empregado com seu trabalho. As pessoas que não gostam de seus empregos têm maior probabilidade de se ausentar do trabalho do que as que gostam. (SPECTOR, 2006). A Ausência não apresenta forte relação com a satisfação no trabalho. “Uma possível razão para a pequena correlação entre satisfação e ausência é que a pessoa pode se ausentar por muitas razões.” E desse leque de razões, umas podem estar associadas à satisfação e outras não. (HOHLER; MATHEIEU, 1993 apud SPECTOR, 2006). A relação encontrada entre essas variáveis é negativa, porém moderada, de acordo com Robbins (2006). 25 A saúde e o bem-estar, segundo Spector (2006), merecem atenção quando relacionadas à satisfação no trabalho. Vários psicólogos organizacionais estudam a possibilidade de a insatisfação estar relacionada com a saúde e bem-estar dos empregados. Existem afirmações no sentido de que a satisfação no trabalho poderia ser um fator causador de doenças. 2. HIGIENE, SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO 2.1 CONCEITO DE HIGIENE DO TRABALHO Segundo Chiavenato (2008) a higiene do trabalho refere-se a um conjunto de normas e procedimentos que visa à proteção da integridade física e mental do trabalhador, o preservando-os dos riscos de saúde inerentes às tarefas do cargo e ao ambiente físico onde são executadas as suas atividades laborais. Para Toledo (1930), a higiene, a saúde ocupacional e segurança no trabalho são medidas de proteção das pessoas e dos bens da empresa. A higiene do trabalho tem caráter eminentemente preventivo, pois objetiva a saúde e o conforto do trabalhador, evitando que adoeça e se ausente provisória ou definitivamente do trabalho. Os principais objetivos são: a) Eliminação das causas das doenças profissionais; através da prevenção do reconhecimento e do controle dos agentes ambientais; b) Redução dos efeitos prejudiciais provocados pelo trabalho em pessoas doentes ou portadoras de defeitos físicos; c) Prevenção de agravamento de doenças e de lesões e d) Manutenção da saúde dos trabalhadores e aumento da produtividade por meio de controle do ambiente de trabalho. 2.2 OBJETIVOS DA HIGIENE DO TRABALHO De acordo Chiavenato (2008), A higiene do trabalho tem caráter preventivo, pois objetiva a saúde e o conforto do trabalhador, evitando que adoeça e se ausente provisória ou definitivamente do trabalho. Para o autor, os principais objetivos da higiene do trabalho são: Eliminação das causas das doenças profissionais; Redução dos efeitos prejudiciais provocados pelo trabalho em pessoas doentes ou portadoras de defeitos físicos; Prevenção de agravamento e doenças e de lesões; 26 Manutenção da saúde dos trabalhadores e aumento da produtividade por meio de controle ambiente de trabalho. Para Baptista (1974 apud Chiavenato, 2008. p. 349) os objetivos da higiene do trabalho poderão ser obtidos através: a) educação dos operários, chefes, gerentes e etc., indicando os perigos existentes e ensinando como evitá-los; b) constante estado de alerta contra os riscos existentes no ambiente de trabalho; e c) estudos e observações dos processos ou materiais a serem utilizados. A Higiene do trabalho envolve o estudo e controle da condições de trabalho, que são as variáveis da situação que influenciam o comportamento humano. 2.3 CONCEITO DE SÁUDE OCUPACIONAL Chiavenato (2005) define a saúde como um estado físico, mental e social de bemestar, enfatizando entre o corpo, mente e padrões sociais. O ambiente de trabalho em si pode provocar doenças, e com isso, a saúde do trabalhador, pode ser prejudicada não só pó doenças, como por acidentes ou estresse. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a principal finalidade dos Serviços de Saúde Ocupacional consiste na promoção de condições laborais que garantam o mais elevado grau de qualidade de vida no trabalho, protegendo a saúde dos trabalhadores, promovendo o bem-estar físico, mental e social, prevenindo e controlando os acidentes e as doenças através da redução das condições de risco. A saúde ocupacional não se limita apenas a cuidar das condições físicas do trabalhador, já que também trata da questão psicológica. Para os empregadores, a saúde ocupacional supõe um apoio ao aperfeiçoamento do funcionário e à conservação da sua capacidade de trabalho. 2.4 CONCEITO DE SEGURANÇA DO TRABALHO De acordo com Chiavenato (2008) a segurança no trabalho corresponde a um conjunto de medidas técnicas, educacionais, médicas e psicológicas utilizadas para prevenir acidentes, seja eliminando as condições inseguras do ambiente seja instruindo ou convencendo as pessoas da utilização de práticas preventivas. 27 2.5 RELAÇÃO ENTRE HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO Segundo LIMA, MONTEIRO, SOUZA, (2005), a relação entre higiene e segurança no trabalho é que a saúde e segurança dos empregados constituem uma das principais bases para a prevenção da força de trabalho adequada. Assim, higiene e segurança do trabalho constituem duas atividades intimamente relacionadas, no sentido de garantir condições pessoais e materiais de trabalho capazes de manter certo nível de saúde dos empregados. 2.6 PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS EM SÁUDE, SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHADOR De acordo com a Norma Regulamentadora (NR) nº 04, os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho deverão ser integrados por Médico do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Técnico de Segurança do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho e Auxiliar de Enfermagem do Trabalho. 2.6.1 Médico do trabalho: O médico deverá ser portador de certificado de conclusão de curso de especialização em Medicina do Trabalho, em nível de pós-graduação, ou portador de certificado de residência médica em área de concentração em saúde do trabalhador ou denominação equivalente, reconhecida pela Comissão Nacional de Residência Médica, do Ministério da Educação, ambos ministrados por universidade ou faculdade que mantenha curso de graduação em Medicina. Principais atribuições: a) Executar exames periódicos de todos os funcionários; b) Fazer tratamento de urgência em casos de acidentes de trabalho; b) Avaliar e participar juntamente com outros profissionais, da elaboração e execução de programas de proteção à saúde dos trabalhadores; c) Participar do planejamento e execução dos programas de treinamento das equipes de atendimento de emergências; d) Dos inquéritos sanitários, de atividades de prevenção de acidentes, dos programas de vacinação; e da inspeção das instalações destinadas ao bem-estar dos trabalhadores; e) Proceder aos exames médicos destinados à seleção ou orientação de candidatos a emprego em ocupações definidas. 28 2.6.2 Engenheiro de Segurança do Trabalho: Ser portador de certificado de conclusão de curso de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, em nível de pós-graduação. Principais Atribuições: a) Assessora as empresas no assunto de higiene e segurança examinando os locais e as condições de trabalho; b) Inspeciona e adapta os recursos técnicos e humanos; c) Realiza estudos sobre acidentes de trabalho e doenças profissionais, para determinar as causas desses acidentes e elaborar recomendações de segurança. 2.6.3 Técnico em Segurança do Trabalho: Ser portador de comprovação de Registro Profissional expedido pelo Ministério do Trabalho. Principais atribuições: a) Inspeciona locais, instalações e equipamentos da empresa; b) Estabelece normas e dispositivos de segurança; c) Inspeciona os postos de combate a incêndios; c) Investiga e registra acidentes e irregularidades ocorridas; d) Instrui os funcionários da empresa sobre normas de segurança; e) Participa de reuniões sobre segurança no trabalho. 2.6.4 Enfermeiro do trabalho: Ser portador de certificado de conclusão de curso de especialização em Enfermagem do Trabalho, em nível de pós-graduação, ministrado por universidade ou faculdade que mantenha curso de graduação em enfermagem. Principais atribuições; a) Estuda as condições de segurança da empresa, efetuando observações nos locais de trabalho; b) Elabora, executa e avalia programas de prevenções de acidentes e de doenças profissionais ou não-profissionais; c) Presta primeiros socorros no local de trabalho, em caso de acidente ou doença; d) Planeja e executa programas de educação sanitária. 2.6.5 Auxiliar de enfermagem do trabalho: Ser portador de certificado de conclusão de curso de qualificação de auxiliar de enfermagem do trabalho, ministrado por instituição especializada reconhecida e autorizada pelo Ministério da Educação. Principais atribuições: a) Desempenha tarefas similares às que realiza o enfermeiro, em geral, porém atuam em dependências de fábricas, indústrias ou outros estabelecimentos que justifiquem sua presença. 29 2.7 COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES – CIPA Segundo a Norma Regulamentadora (NR) nº 05, a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA - tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. É composta de representantes dos Empregados e do Empregador. A CIPA tem como principal atividade à prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, auxiliando o SESMT - Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. A diferença básica entre esses dois órgãos internos da empresa reside no fato de que o SESMT é composto exclusivamente por profissionais especialistas em segurança e saúde no trabalho, enquanto a CIPA é uma comissão partidária constituída por empregados normalmente leigos em prevenção de acidentes. A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes tem por atribuições : a) identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver; b) elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de problemas de segurança e saúde no trabalho; c) participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de prevenção necessárias, bem como da avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho; d) realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho visando a identificação de situações que venham a trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores; e) realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu plano de trabalho e discutir as situações de risco que foram identificadas; f) divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho; g) participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo empregador, para avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo de trabalho relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores; h) requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de máquina ou setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores; 30 i) colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e PPRA e de outros programas relacionados à segurança e saúde no trabalho; j) divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à segurança e saúde no trabalho; l) participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, da análise das causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de solução dos problemas identificados; m) requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões que tenham interferido na segurança e saúde dos trabalhadores; n) requisitar à empresa as cópias das CAT emitidas; o) promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho – SIPAT; p) participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de Prevenção da AIDS. 2.8 PROGRAMAS OCUPACIONAIS As organizações são obrigadas elaborarem programas ocupacionais que ajudarão na prevenção de acidentes e na prevenção de saúde do trabalhador, os principais programas são: 2.8.1 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO A norma regulamentadora nº 07, estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, com o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores. Segundo a Norma Regulamentadora (NR) nº 07, o PCMSO deverá ter caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza subclínica, além da constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores. As competências ao empregador são: a) garantir a elaboração e efetiva implementação do PCMSO, bem como zelar pela sua eficácia; b) custear sem ônus para o empregado todos os procedimentos relacionados ao PCMSO; c) indicar dentre os médicos dos serviços especializados em 31 Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT, da empresa, um coordenador responsável pela execução do PCMSO; d) inexistindo médico do trabalho na localidade, o empregador poderá contratar médico de outra especialidade para coordenar o PCMSO. O PCMSO deve conter no mínimo: a) identificação da empresa: razão social, CGC, endereço, ramo de atividade, grau de risco, nº de trabalhadores distribuídos por sexo, horário de trabalho e turnos. b) identificação dos riscos existentes. c) plano anual de indicação dos exames médicos, com programação das avaliações clínicas e complementares específicas para os riscos detectados, definindo-se explicitamente quais os trabalhadores ou grupos de trabalhadores serão submetidos a que exames e quando. Para a NR-07, o PCMSO deve incluir, entre outros, a realização obrigatória dos seguintes exames médicos: Admissional: Deverá ser realizado antes que o trabalhador assuma suas atividades; Periódico: Deverá ser para trabalhadores expostos a riscos ou situações de trabalho que impliquem no desencadeamento ou agravamento de doença ocupacional, ou ainda, para aqueles que sejam portadores de doenças crônicas, os exames deverão ser repetidos a cada ano ou intervalos menores, a critério do médico encarregado, ou se notificado pelo médico agente de inspeção do trabalho, ou ainda como resultado de negociações coletivas de trabalho e para os demais trabalhadores deve ser feito anualmente, quando menores de 18 anos e maiores de 45 anos e a cada 2 anos, para os trabalhadores entre 18 e 45 anos; De retorno ao trabalho: Deverá ser realizado obrigatoriamente no 1º dia de volta ao trabalho de trabalhador ausente por período igual ou superior a 30 dias por motivo de doença ou acidente, de natureza ocupacional ou não, ou parto; De mudança de função: Será obrigatoriamente realizado antes da data da mudança. Entende-se por mudança de função toda e qualquer alteração de atividade, posto de trabalho ou de setor que implique na exposição do trabalhador a risco diferente daquele a que se estava exposto antes da mudança; 32 Demissional: Deverá ser realizado até a data da homologação da dispensa ou até o desligamento definitivo do trabalhador, nas situações excluídas da obrigatoriedade de realização da homologação. O referido exame será dispensado sempre que houver sido realizado qualquer outro exame médico obrigatório em período inferior a 135 dias para as empresas de grau de risco 1 e 2 e inferior a 90 dias para as empresas de grau de risco 3 e 4. Esses prazos poderão ser ampliados em até mais 135 dias ou mais 90 dias, respectivamente, caso estabelecido em negociação coletiva, com assistência de profissional indicado de comum acordo entre as partes ou da área de segurança e saúde das DRT. Ainda de acordo, com a NR-07, para cada exame médico indicado, o médico emitirá o atestado de saúde ocupacional - ASO em duas vias, a 1ª via ficará arquivada no local de trabalho e a segunda via será obrigatoriamente entregue ao trabalhador, mediante recibo na 1ª via. Os dados obtidos nos exames médicos, incluindo avaliação clínica e exames complementares, as conclusões e as medidas aplicadas deverão ser registrados em prontuário clínico individual, que ficará sob a responsabilidade do médico coordenador do PCMSO, devendo ser mantidos por 20 anos após o desligamento do trabalhador. O PCMSO deverá obedecer a um planejamento em que estejam previstas ações de saúde a serem executadas durante o ano, devendo estas serem objeto de relatório anual. O relatório anual deverá descriminar, por setores da empresa, o nº e a natureza dos exames médicos, incluindo avaliações clínicas e exames complementares, estatísticas de resultados considerados anormais, assim como o planejamento para o próximo ano. O relatório anual deverá ser apresentado e discutido na CIPA, quando existente na empresa, sendo sua cópia anexada no livro de ata dessa comissão. O relatório, poderá ser armazenado na forma de arquivo informatizado, desde que este seja mantido de modo a propiciar o imediato acesso por parte do agente de inspeção no trabalho. As empresas desobrigadas à indicarem médico coordenador, ficam dispensadas de elaborar relatório anual. 2.8.2 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA A Norma Regulamentadora (NR) nº 09, estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, 33 reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. Para a NR-09, As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no âmbito de cada estabelecimento da empresa, sob a responsabilidade do empregador, com a participação dos trabalhadores, sendo sua abrangência e profundidade dependentes das características dos riscos e das necessidades de controle. O PPRA é parte integrante do conjunto mais amplo das iniciativas da empresa no campo da preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas demais NR, em especial com o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO. Segundo a NR-09, são consideram-se riscos ambientais os seguintes agentes: Agentes físicos: são as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações nãoionizantes, bem como o infra-som e o ultra-som; Agentes químicos: são as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismopela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. Agentes biológicos: são as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros. Conforme a NR-09, o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deverá conter, no mínimo, a seguinte estrutura: a) planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e cronograma; b) estratégia e metodologia de ação; c) forma do registro, manutenção e divulgação dos dados; e d) periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA. E deverá incluir as seguintes etapas: 1) antecipação e reconhecimentos dos riscos; 2) estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle; 3) avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores; 4)implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia; 5) monitoramento da exposição aos riscos; e 6) registro e divulgação dos dados. A elaboração, implementação, acompanhamento e avaliação do PPRA poderão ser feitas pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT ou por pessoa ou equipe de pessoas que, a critério do empregador. 34 Para o reconhecimento dos riscos ambientais, o PPRA, deverá conter os seguintes itens: a) a sua identificação; b) a determinação e localização das possíveis fontes geradoras; c) a identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos agentes no ambiente de trabalho; d) a identificação das funções e determinação do número de trabalhadores expostos; e) a caracterização das atividades e do tipo da exposição; f) a obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de possível comprometimento da saúde decorrente do trabalho; g) os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identificados, disponíveis na literatura técnica; h) a descrição das medidas de controle já existentes. A implantação e execução dos programas acima citados podem diminuir os riscos de acidentes e doenças ocupacionais dentro de uma organização. Muitas empresas já atentaram e começaram há investir nestes programas ocupacionais, não só pela obrigatoriedade de atender a legislação, mas porque já perceberam que seus trabalhadores estão saudáveis e motivados em seu ambiente de trabalho. 2.9 ACIDENTES DE TRABALHO A Organização Mundial da Saúde define acidente de trabalho como “um fato não premeditado do qual resultado dano considerado. Já Baptista (1974 apud Chiavenato, 2008. p. 354), considera o acidente de trabalho como um fato súbito, inesperado, imprevisto e não premeditado ou desejado; e ainda, como causador de dano considerável, embora não especifique se se trata de dano econômico ( prejuízo material) ou de dano físico às pessoas (sofrimento, invalidez ou morte). A Lei 8.213 de 24 de julho de 1991, no artigo 19, conceitua Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. A Segurança busca minimizar os acidentes do trabalho. Podendo conceituar acidente de trabalho como decorrente do trabalho, provocando, direta e indiretamente, lesão corporal, perturbação funcional ou doença que determine a morte, a perda total ou parcial permanente ou temporária da capacidade para o trabalho. A palavra acidente significa ato imprevisto e perfeitamente evitável na maioria dos casos. As estatísticas de acidente de trabalho, por lei, englobam também os acidentes de trajeto, ou seja, aqueles que ocorrem no trajeto do empregado de sua casa para a organização, e vice e versa. 35 Segundo Chiavenato (2008), os acidentes classificam em: 1) Acidentes sem afastamento: são aqueles em que, após o acidente, o empregado continua trabalhando. No caso se a lesão se agravar, necessitando afastamento, o acidente receberá nova designação, ou seja, será considerado acidente com afastamento,e o período de afastamento será iniciado no dia em que se constatou o agravamento da lesão 2) Acidentes com afastamento: É aquele que pode resultar da: a) Incapacidade temporária: é a perda total da capacidade para o trabalho durante o dia do acidente ou durante um período menor que um ano. b) Incapacidade permanente parcial: é a redução permanente e parcial da capacidade para o trabalho, ocorrida no mesmo dia, ou que se prolongue por período menor que um ano. A incapacidade permanente parcial é geralmente motivada por: perda de qualquer membro ou parte do mesmo, redução da função de qualquer membro ou parte do mesmo, perda da visão ou redução funcional de um olho, perda da audição ou redução funcional de um ouvido e quaisquer outras lesões orgânicas, perturbações funcionais ou psíquicas que resultem, na opinião do médico, em redução de menos de três quartos da capacidade de trabalho. c) Incapacidade total permanente: é a perda total, em caráter permanente, da capacidade de trabalho. A incapacidade total permanente é geralmente motivada por: perda da visão de ambos os olhos, perda da visão de um olho com redução, em mais da metade, da visão do outro, perda anatômica ou impotência funcional de mais de um membro em suas parte essenciais (mão ou pé), perda da visão de um olho, simultânea à perda anatômica ou impotência funcional de uma das mãos ou de um pé, perda da audição de ambos os ouvidos ou, ainda, redução, em mais da metade, de sua função e quaisquer outras lesões orgânicas, perturbações funcionais ou psíquicas,permanentes, que ocasionem, sob opinião do médica, a perda de três quartos ou mais da capacidade para o trabalho. 36 d) Morte: é o acidente de trabalho fatal que leva a óbito imediatamente após sua ocorrência ou que venha a ocorrer posteriormente, a qualquer momento, em ambiente hospitalar ou não. 2.10 OHSAS - SISTEMA DE GESTÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO OHSAS é uma sigla em inglês para Occupational Health and Safety Assessment Services, cuja melhor tradução é Série de Avaliação da Segurança e Saúde no Trabalho. A OHSAS 18001 é uma norma para os Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional voltadas para empresas que se preocupam com a preservação da integridade, segurança e saúde dos seus trabalhadores de forma responsável. A Occupational Health and Safety Assessments Series é uma norma que define requisitos do Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional, desenvolvida de forma a ser compatível com a norma ISO 9001 e a ISO 14001. As empresas que adotam esta norma comprovam que se preocupam com a saúde e a segurança de seus colaboradores, deixando claro para seus parceiros de negócios e autoridades locais que adotou um Sistemas de Gestão voltado para Saúde e Segurança no Trabalho. Através desta norma a empresa alcança um maior nível de produtividade, além de aumentar a motivação dos seus empregados e valorizar sua imagem no mercado. Podem se beneficiar da OHSAS todas as organizações que desejam construir suas filosofias em uma gestão ativa de saúde ocupacional e segurança, controlar riscos que podem afetar a saúde e segurança ocupacional de seus funcionários e que queiram documentar suas atividades e torná-las mensuráveis visando um processo de melhoria contínua. O padrão de Saúde Ocupacional e Segurança (OHSAS 18001) é um padrão internacional que estabelece requisitos relacionados à Gestão da Saúde Ocupacional e Segurança, através do qual é possível melhorar o conhecimento dos riscos existentes na organização, atuando no seu controle em situações normais e anômalas. Este padrão é aplicável a qualquer organização de diversos setores e atividades econômicas, orientando tais organizações sobre como promover a melhoria contínua do desempenho de Saúde Ocupacional e Segurança, através de: Redução de acidentes através da sistematização de todas as atividades relevantes de saúde e segurança ocupacional; Certeza legal devido à aderência a todos os requisitos estatutários aplicáveis; 37 Aumento da identificação e motivação do funcionário devido ao envolvimento nos processos de gestão de SSO; Melhoria da imagem e aumento da competitividade através de performance de SSO documentada e sustentada; Fortalecer a imagem da empresa e a participação no mercado; Aumento da competitividade; Satisfazer os critérios dos investidores e melhorar o acesso ao capital; Maior controle dos riscos com acidentes ambientais. 2.11 SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA A relação conceitual de saúde com a qualidade de vida apresenta peculiaridades relativas a fatores sociais, econômicos, culturais e políticos que refletem no contexto da qualidade de vida no trabalho, considerando que, qualidade de vida implica criar, manter e melhorar o ambiente de trabalho, seja em condições físicas, relativas à higiene e segurança, seja em suas condições psicológicas e sociais (CHIAVENATO, 2008). 3. QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO 3.1 ALGUNS CONCEITOS DE QVT Fernandes (1996, p. 45) conceitua QVT como “a gestão dinâmica e contingencial de fatores físicos, tecnológicos e sociopsicológicos que afetam a cultura e renovam o Clima Organizacional, refletindo-se no bem-estar do trabalhador e na produtividade das Empresas”. Segundo França (1997, p. 80), “A qualidade de vida no trabalho (QVT) é o conjunto das ações de uma empresa que envolvem a implantação das melhorias e inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente de trabalho. A construção da qualidade de vida ocorre a partir do momento em que se olha a empresa e as pessoas como um todo, o que chamamos de enfoque biopsicossocial. O posicionamento biopsicossocial representa o fator diferencial para a realização de diagnóstico, campanhas, criação de serviços e implantação de projetos voltados para a preservação e desenvolvimento das pessoas durante o trabalho na empresa”. De acordo Albuquerque e França (1998) “a Qualidade de Vida no Trabalho é um conjunto de ações de uma empresa que envolve diagnóstico e implantação de melhorias e 38 inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais dentro e fora do ambiente de trabalho, visando propiciar condições plenas de desenvolvimento humano”. Com base nos posicionamentos dos autores pesquisados percebe-se que as condições que melhorariam a Qualidade de Vida no Trabalho são abordadas de forma a contemplar, os seguintes aspectos: salário adequado e satisfatório; segurança e saúde no trabalho (condições físicas de trabalho que reduzam ao mínimo o risco de doenças ocupacionais e acidentes do trabalho); desenvolvimento das capacidades humanas; autonomia no trabalho; múltiplas habilidades; informação e perspectivas de crescimento profissional; crescimento profissional com espaço para o desenvolvimento das potencialidades do trabalhador; integração social e senso comunitário dentro das organizações; respeito à individualidade de cada trabalhador; tratamento justo; e espaço de vida no trabalho e fora dele. 3.2 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO - QVT Em1950, em Londres, Eric Trist e colaboradores (RODRIGUES, 2011, p. 76), “desenvolveram uma série de estudos que deram origem a uma abordagem sociotécnica em relação à organização do trabalho, tendo como base a satisfação do trabalhador no trabalho em relação e em relação a ele”. Esse modelo que agrupa o trinômio individuo/trabalho/organização que recebeu a denominação de Qualidade de Vida no Trabalho – QVT. No mesmo período, Louis Davis e colaboradores realizavam, nos Estados Unidos, pesquisas para modificar as “linhas de montagens” no intuito de tornar a vida dos operários mais agradável e satisfatória (HUSE & CUMMINGS, 1985 apud RODRIGUES, 2011, p. 77 ), em 1960, intensifica-se o conceito de Qualidade de Vida no Trabalho – QVT. Nos Estados Unidos, este período, é marcado por alguns fatos siginificativos. Dentre os mais importantes podemos citar: a criação da “National Comission on Productivity” que teve como função analisar as causas da baixa produtividade n função as indústrias norteamericanas, a criação pelo congresso do “National Center for Productivity and Quality of Working Life” que tinha como função realizar estudos e servir de laboratório, sobre a produtividade e a qualidade de vida do trabalhador nas atividades de produção e a criação de grupos de estudo da Qualidade de Vida no Trabalho. (HUSE & CUMMINGS, 1985 apud RODRIGUES, 2011, p. 77 ). No início dos anos de 1970, com a “crise energética” e alta da inflação que acometeram as grandes potências do Ocidente e nos Estados Unidos aconteceu uma desaceleração e mudança nos rumos da QVT. Em 1979, teve início a uma nova fase no 39 desenvolvimento das abordagens sobre a QVT, desta vez liderada pelo Japão que fez os norteamericanos repensar seus modelos organizacionais e gerenciais. Em 1982, Ouchi, com sua Teoria Z afirma que “o Japão conseguiu manter uma ética de trabalho, ao passo que os americanos se tornaram moles, preguiçosos e se julgavam com direito à boa vida sem ganhála” (Ouchi apud RODRIGUES, 2011, p. 78 ). Segundo Peters e Waterman (1983 apud RODRIGUES, 2011, p. 79) os oito atributos que devem ser seguidos pelas empresas para ser ter base em um programa de produtividade organizacional e uma melhor qualidade de vida no trabalho são: “ uma firme disposição para agir; Maior aproximação do cliente; Autonomia e iniciativa dos trabalhadores; Produtividade através dos trabalhadores; Orientação por valores-filosofia organizacional; Limitar-se ao conhecido; Formas de trabalho simples e em pequenos grupos; e Política administrativa flexível”. Nadler e Lawler (1983 apud RODRIGUES, 2011, p. 81) oferecem uma interessante e abrangente visão da evolução do conceito de Qualidade de Vida no Trabalho, apresentada no quadro a seguir: PERÍODO 1959/1972 FOCO PRINCIPAL Variável DEFINIÇÃO A QVT foi tratada como reação individual ao trabalho ou às consequências pessoais de experiência do trabalho 1969/1975 Abordagem A QVT dava ênfase ao indivíduo antes de dar ênfase aos resultados organizacionais, mas ao mesmo tempo era vista como um elo dos projetos cooperativos do trabalho gerencial. 1972/1975 Método A QVT foi meio para engrandecimento do ambiente de trabalho e a execução de maior produtividade e satisfação. 1975/1980 Movimento A QVT, como movimento, visa a utilização dos termos “ gerenciamento participativo” e “ democracia Industrial” como bastante frequência, invocador como ideias do movimento. 1979/1983 Tudo A QVT é vista como um conceito global e com uma forma de enfrentar os problemas de qualidade e produtividade. Previsão futura Nada A globalização da definição trará como consequência inevitável a descrença de alguns setores sobre o termo QVT. E para estes testes QVT nada representará. Quadro 2: Definições evolutivas da QVT na visão de Nadler e Lawler - Fonte: Nadler e Lawler, 1983 40 3.3 PRINCIPAIS ABORDAGENS DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO 3.3.1 A abordagem de Walton (1973) Para Walton (1973 apud RODRIGUES, 2011, p. 81), a expressão qualidade de vida tem sido usada com crescente frequência para descrever certos valores ambientais e humanos, negligenciados pelas sociedades industriais em favor do avanço tecnológico, da produtividade e do crescimento econômico. Walton contribui ainda com alguns questionamentos que serviram de diretrizes para seus oito critérios de QVT, onde essas oito categorias conceituais são propostas, no intuito de fornecer uma estrutura para analisar as características da qualidade de vida no trabalho. São elas: compensação adequada e justa; condições de segurança e saúde do trabalho; oportunidade imediata para a utilização e desenvolvimento da capacidade humana; oportunidade futura para crescimento contínuo e segurança; integração social na organização de trabalho; o constitucionalismo na organização do trabalho; o trabalho e o espaço total da vida; e a relevância social da vida do trabalho, apresentada no quadro a seguir: Fatores de QVT 1 - Compensação justa e adequada Dimensões • Salário adequado ao trabalhador. • Eqüidade ou compatibilidade interna. • Eqüidade e compatibilidade externa. 2 - Condições de segurança e saúde no trabalho • Jornada de trabalho. • Ambiente físico (seguro e saudável). 3 - Utilização e desenvolvimento de capacidades • Autonomia. • Significado da tarefa. • Identidade da tarefa. • Variedade de habilidades. • Retroação e retroinformação. 4 - Oportunidades de crescimento contínuo e segurança • Possibilidade de carreira. • Crescimento profissional. • Segurança do emprego. 5 - Integração social na organização • Igualdade de oportunidades. • Relacionamentos interpessoais e grupais. • Senso comunitário. 6 - Garantias constitucionais • Respeito às leis e direitos trabalhista. • Privacidade pessoal. • Liberdade de expressão. • Normas e rotinas claras da organização. 7 - Trabalho e espaço total de vida • Papel balanceado do trabalho na vida pessoal 8 - Relevância social da vida no trabalho • Imagem da empresa. • Responsabilidade social pelos produtos/serviços. Quadro 3: Modelo de Walton - Fonte: adaptado de CHIAVENATO (1999, p. 393). 3.3.2 A abordagem de Westley (1979) William Westley (1979 apud RODRIGUES, 2011, p. 85) classifica e analisa quatro problemas que afetam diretamente e tornam-se obstáculos à QVT: o político, o econômico, o 41 psicológico e o sociológico. Os problemas políticos trariam como consequências a insegurança, o econômico a injustiça; o psicológico a alienação e o sociológico a anomia, apresentada no quadro a seguir: NARTUEZA DO PROBLEMA Econômico (1850) SINTOMA DO PROBLEMA INDICADORES PROPOSTAS Injustiça AÇÃO PARA SOLUCIONAR O PROBLEMA União dos trabalhadores - Insatisfação - Greves Político (18501950) Insegurança Posições Políticas - Insatisfação - Greves Psicológico (1950) Alienação Agentes de mundanças - Cooperação - Divisão dos lucros - Participações das decisões - Trabalho Autossupervisionado - Conselho de Trabalhadores - Participação nas decisões - Enriquecimento das tarefas - Desinteresses - Absenteísmo e “Turnover” Sociológico Anomia Autodesenvolvimento - Ausência de signicação do trabalho - Absenteísmo e “Turnover” Quadro 4: Origens da qualidade de vida no trabalho – Fonte: Westley, 1979: 12 - Métodos Sociotécnicos aplicados aos grupos 3.3.3 A abordagem de Davis e Werther (1983) Davis e Werther (1983 apud RODRIGUES, 2011, p. 87) veem a QVT como “afetada por muitos fatores: supervisão, condições de trabalho, pagamento, benefícios e projetos do cargo. Porém, é de natureza do cargo que envolve mais intimamente o trabalhador” (p. 71). Com isso, não se pode afirmar que toda a “insatisfação do empregado seja resolvida pela formulação de cargos”. O Projeto de cargos é visto por Davis e Werther em três níveis: organizacional, ambiental e comportamental. Conforme apresentada na figura a seguir: Figura 3: Fatores que influenciam o projeto de cargo e a qualidade de vida no trabalho FATORES AMBINETAIS Sociais Tecnológicos Culturais Econômicos Governamentais QVT ^ ^ ! ! ! ! ! ! FATORES ORGANIZACIONAIS Propósito Objetivos Organização Departamentos Cargos Fonte: Davis e Werther, 1983: 72. FATORES COMPORTAMENTAIS Necessidades de recursos humanos Motivação Satisfação 42 3.3.4 A abordagem de Huse e Cumming (1985) Huse e Cumming (1985 apud RODRIGUES, 2011, p. 90) diz que a QVT pode ser definida como uma forma de pensamento envolvendo pessoas, trabalho e organização, onde se destacam dois aspectos distintos: 1) A preocupação com o bem estar do trabalhador e com a eficácia organizacional. 2) A participação dos trabalhadores nas decisões e problemas do trabalho (Huse & Cumming, 1985: 202). Huse e Cumming torna a definição do programa de QVT diferente das outras abordagens tradicionais. A operacionalização deste conceito é explicitada através de quatro programas ou aspectos que são: a participação do trabalhador nos problemas e soluções organizacionais; o projeto de cargo; inovação nos sistema de recompensa e melhora no ambiente de trabalho. 3.3.5 A abordagem de Nadler e Lawler (1983) Nadler e Lawler (1983 apud RODRIGUES, 2011, p. 90) identificaram os fatores que preveem o sucesso dos projetos de QVT. São eles: a) Percepção das necessidades; b) O foco do problema que é destacado na organização; c) Estrutura para identificação e solução do problema, teoria/modelo de projeto de treinamento e participantes; d) Compensações projetadas tanto para os processos quanto para os resultados; e) Sistemas múltiplos afetados; f) Envolvimento amplo da organização. Para que um programa de QVT seja bem sucedido existem três necessidades básicas: 1) Desenvolvimento do projeto em níveis diferentes; 2) Mudanças nos sistemas de gerenciamento e disposições organizacionais; 3) Mudanças no comportamento do gerenciamento superior. Nadler e Lawler afirmam que as organizações têm dado crescente atenção “às práticas de qualidade de vida de gerenciamento e ao impacto que estes fatores têm sobre os 43 indivíduos” e que a QVT focaliza fatores positivos que têm grande potencial para o engrandecimento do desempenho organizacional. 3.4 ESCOLAS DE PENSAMENTO EM QUALIDADE DE VIDA As definições de QVT variam desde os cuidados estabelecidos pela legislação médica e a segurança do trabalho, até atividades de cunho voluntário que envolvem empregados e empregadores em áreas como o lazer, a motivação, entre outras. A maioria discute as condições do trabalho, do bem-estar do indivíduo e de grupos. (LIMONGI-FRANÇA, 2003). Para Limongi-França (2003, p. 22) “a base da discussão sobre o conceito de qualidade de vida encerra escolhas de bem-estar e percepção do que pode ser feito para atender às expectativas criadas tanto por gestores como por usuários de ações de qualidade de vida na empresa”. A autora propõe agrupar as dimensões sobre o tema QVT em Escolas do Pensamento. As Escolas do Pensamento propostas são: Socioeconômica, Organizacional e Condição Humana no Trabalho (2003, p. 22-28). 3.4.1 Escola Socioeconômica Essa escola trouxe contribuições que hoje são encontradas nos dilemas enfrentados: a globalização, o individualismo e as posições políticas de esquerda e direita que parecem não ter mais sentido. Estes desafios, associados ao desenvolvimento sustentável e à preocupação com as gerações futuras, interferem na organização sociopolítica do planeta e consequentemente das empresas e seus funcionários. Os princípios básicos que regem esta nova realidade são o desenvolvimento da cidadania, a responsabilidade e projetos sociais, a igualdade com liberdade, a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. O processo de globalização e de introdução de novas tecnologias repercute diretamente nas relações de trabalho e nas expectativas das pessoas com relação à QVT (LIMONGI-FRANÇA, 2003) 3.4.2 Escola Organizacional Esta escola é composta por um extenso conjunto de contribuições sob uma perspectiva organizacional referente à competência, estratégia, cultura e talento. Deste conjunto podemse destacar seguintes características: a expansão dos processos de qualidade e produtividade 44 para o de qualidade pessoal; as políticas de gestão de pessoas, com valorização e capacitação; o marketing através da comunicação interna, o tempo livre como possibilidade de desenvolvimento cultural e de hábitos de lazer, e o desafio como fator de motivação e comprometimento. 3.4.3 Escola Condição Humana no Trabalho Esta escola mostra que a pessoa é um ente biopsicossocial, que tem potencialidades biológicas, psicológicas e sociais e que estes fatores “são fundamentais para a explicação da saúde e da doença da sociedade moderna” (LIMONGI-FRANÇA, 2003, p. 26). A Visão biopsicossocial está assim fundamentada: Dimensão biológica: refere-se às características físicas que o indivíduo herda ou adquire ao nascer e também durante toda vida. Inclui metabolismo, resistência e vulnerabilidade de seus órgãos e sistemas; Dimensão psicológica: “refere-se aos processos afetivos, emocionais e de raciocínio, conscientes ou inconscientes, que formam a personalidade de cada pessoa e seu modo de perceber e de posicionar-se diante das demais pessoas e das circunstâncias que vivencia”, Dimensão social: “revela os valores socioeconômicos, a cultura e as crenças, o papel da família e as outras formas de organizações sociais, no trabalho e fora dele, os sistemas de representação e a organização da comunidade a que cada pessoa pertence e da qual participa. O meio ambiente e a localização geográfica também formam a dimensão social Lemongi-França (2003) considera que a ideia de criar as Escolas de Pensamento em QVT, as quais integraram e localizaram as demandas de qualidade de vida dentro das empresas, podem vir a ser um avanço importante em direção à consolidação de uma nova competência gerencial identificada em QVT. 45 3.5 CIÊNCIAS QUE CONTRIBUIRAM PARA O ESTUDO DA QVT Albuquerque e Limongi-França (1998) observaram que a QVT pode ser entendida de várias maneiras, dependendo do foco abordado. Neste aspecto multidisciplinar, estes estudiosos identificaram diversas ciências que contribuíram para o estudo da QVT, tais como: Saúde: Esta ciência tem buscado preservar a integridade física, mental e social do homem e não apenas atuar sobre o controle de doenças, gerando avanços biomédicos e maior expectativa de vida. Ecologia: Vê o homem como parte integrante e responsável pela preservação do ecossistema dos seres vivos e dos insumos da natureza. Ergonomia: Estuda as condições de trabalho ligadas as pessoas. Fundamentase na medicina, na psicologia, na motocidade e na tecnologia industrial. Psicologia: Demonstra a influência das atitudes internas e perspectivas de vida de cada pessoa em seu trabalho e a importância das necessidades individuais para seu envolvimento com o trabalho. Sociologia: Resgata a dimensão simbólica do que é compartilhado e construído socialmente, demonstrando suas implicações nos diversos contextos culturais e antropológicos da empresa. Economia: Enfatiza a consciência de que os bens são finitos e que a distribuição de bens, recursos e serviços devem envolver de forma equilibrada a responsabilidade e os direitos da sociedade. Administração: procura aumentar a capacidade de mobilizar recursos para atingir resultados, em ambiente cada vez mais complexo, mutável e competitivo. Engenharia - Engloba formas de produção voltadas para a flexibilização da manufatura, armazenamento de materiais, uso da tecnologia, organização do trabalho e controle de processos. 3.6 PRINCIPAIS FATORES DETERMINANTES DA QVT Para Chiavenato (2008) a preocupação da sociedade com a qualidade de vida das pessoas deslocou-se há pouco tempo para a situação de trabalho, como parte integrante e de um ambiente heterogêneo. A QVT assimila duas posições antagônicas: a primeira, a 46 reivindicação dos empregados quanto ao bem estar e a satisfação no trabalho; e, a segunda, o interesse das organizações quanto a seus efeitos potenciadores sobre a produtividade e qualidade. Segundo Chiavenato (2008) o desempenho do cargo e o clima organizacional representam fatores importantes na determinação da QVT. Se a qualidade for pobre, conduzirá à alienação do empregado e à insatisfação, à má vontade, ao declínio da produtividade, a comportamentos contraproducentes (como absenteísmo, rotatividade, roubo, sabotagem, militância sindical etc.). Se a qualidade for boa, conduzirá a um clima de confiança e respeito mútuo, no qual o individuo tenderá a aumentar suas contribuições e a elevar suas oportunidades de êxito psicológico e a administração tenderá a reduzir mecanismos rígidos de controle social. Os fatores determinantes devem estar conciliados uns com os outros para que tanto os empregados quanto a organização tenham suas necessidades e objetivos atendidos, conforme apresentada no quadro a seguir: Ordem 1º Denominação do Fator Competência Gerencial Variáveis determinantes Apoio Socioemocional; Orientação técnica; Igualdade de tratamento; Gerenciamento pelo exemplo. 2º Identificação com a empresa Identidade com a tarefa; Identificação com a empresa; Imagem da empresa. 3º Preocupação assistencial com os funcionários Assistência aos funcionários; Assistência familiar. 4º Oportunidade efetiva de paticipação Criatividade; Expressão pessoal; Repercussão de idéias dadas; 5º Visão Humanista da empresa Educação/conscientização; Orientação para pessoas; Responsabilidade comunitária. 6º Equidade salarial Salários com equidade interna; Salários com equidade externa. Quadro 5: Os principais fatores determinantes da QVT - Fonte: CHIAVENATO (2008) 3.7 EMPRESAS PREMIADAS PELA EXCELÊNCIA DE SEUS PROGRAMAS DE QUALIDADE DE VIDA A Associação Brasileira de Qualidade de Vida promove anualmente o Prêmio Nacional de Qualidade de Vida. Este prêmio tem por objetivo estimular o desenvolvimento e a implantação de Programas de Qualidade de Vida nas instituições, premiando organizações que realizam ações inovadoras neste âmbito de atuação, e que tenham êxito na melhoria da qualidade de vida de seus empregados. Visando estimular a participação de empresas de 47 diversos portes e setores, o prêmio é diferenciado em três categorias distintas que são: o prêmio para o programa global, prêmio para micro e pequena empresa e prêmio para ações especificas. Os programas de qualidade de vida são avaliados através de 11 critérios, tais como: liderança e constância de propósitos, visão de futuro, valorização das pessoas, orientação por processos e informações, geração de valor, cultura da inovação e desenvolvimento de parcerias entre outros. A seguir as empresas vencedoras do Prêmio Nacional de Qualidade de Vida promovida pela Associação Brasileira de Qualidade de Vida: a) Caixa Seguros Para cuidar bem dos seus mais de 800 empregados, o Grupo CAIXA SEGUROS investe pesado na qualidade de vida. Desde 2007, conta com um dos melhores programas de promoção da saúde física e mental do mercado segurador brasileiro: O Viva Bem. Através do Programa Viva Bem, a empresa estimula a prática de exercícios físicos, a melhoria dos hábitos alimentares e o abandono ao tabagismo dentro do corpo funcional. Além disso, oferece consultas gratuitas de nutricionistas, faz parceria com os Vigilantes do Peso e estimula os funcionários a participarem do Clube da Corrida. Os funcionários também são convidados diariamente a fazer sessões gratuitas de ginástica laboral e massoterapia, durante o expediente, como forma de reduzir o stress no trabalho. A saúde mental dos seus colaboradores, aliás, é um ponto extremamente valorizado pela empresa, que oferece atendimento psicológico gratuito, mediante marcação. Também está disponível, 24 horas por dia, um serviço 0800 para crises emocionais, desabafos ou assessoramento jurídico. O público feminino também recebe um cuidado especial. Por meio do Programa Viva Bem, as gestantes recebem toda a assistência médica necessária durante o pré-natal. O Grupo CAIXA SEGUROS incentiva os empregados a desenvolver seu lado artístico e a participar de cursos e atividades que valorizem outros talentos, como o canto, a dança, a pintura e a fotografia. b) CHESF A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF) mantém desde 2000 um Plano Corporativo de Saúde e Qualidade de Vida, que abrange aspectos físicos, sociais, financeiros, psicológicos e mentais de seus empregados. Tem como missão sensibilizar os 48 empregados, promovendo a conscientização para a autogestão da saúde. Um dos desafios é criar e manter programas de acordo com as necessidades da equipe. Assim, entre as abordagens do programa estão ações voltadas para hábitos alimentares, práticas culturais, esportes, álcool e drogas. Entre os destaques do programa está o Monitoramento Biopsicossocial de um grupo de funcionários responsáveis pela manutenção das linhas. Este trabalho é muito bem aceito pelo grupo, que alega se sentir valorizado pela empresa. c) ELEKTRO – Eletricidade e Serviços O programa de qualidade de vida “Estar Bem”, da Elektro, se destaca por ações exclusivas e diferenciadas. A companhia, por exemplo, é a única em seu segmento a contar com um Programa de Biomecânica, no qual fisioterapeutas acompanham os eletricistas em seus postos trabalho, a fim de orientá-los sobre a postura corporal adequada durante o exercício das funções. d) SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo O Programa “Viver Feliz” coleciona uma série de resultados que comprovam os ganhos em saúde e bem-estar dos trabalhadores da Sabesp. A melhoria geral da qualidade de vida dos profissionais é atestada na redução do tempo e da quantidade de afastamentos; na queda dos registros de doenças ocupacionais, resultado de iniciativas com foco preventivo; e na melhoria do clima organizacional, diminuição do stress e condições de trabalho mais seguras. E) Victory Consulting Com atuação no gerenciamento de benefícios corporativos na área da Saúde, a Victory Consulting possui seu programa de qualidade de vida estruturado em sete pilares: Físico, Mental, Social, Espiritual, Cultural, Profissional e Financeiro, definidos a partir de estudos que mostram a qualidade de vida como o resultado da harmonia entre as diversas esferas que compõem o ser humano e que estão interligadas entre si. Diante disso, concluir-se que os programas de promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida estão se tornando indispensáveis e devem integrar a cultura das empresas. 49 CONSIDERAÇÕES FINAIS A Qualidade de Vida no Trabalho – QVT é um tema amplo que deve ser compreendido de forma sistêmica. A preocupação não deve estar somente no ambiente físico de trabalho, mas também no ambiente psicológico da organização. As necessidades dos trabalhadores evoluem com o tempo, exigindo das empresas novas respostas às suas necessidades. Atualmente, algumas necessidades, como as relativas à flexibilidade nos horários, à flexibilidade nos benefícios ou nas carreiras, demonstram o quanto às empresas precisam se organizar e repensar a sua forma de atuação diante deste novo contexto. É pertinente a observação feita por Albuquerque e França (1998), que consideram que a sociedade vive novos paradigmas de modos de vida dentro e fora da empresa, gerando novos valores e demandas de QVT, pois também está claro que aquilo que tem prevalecido no mundo organizacional é um bombardeio de estratégias inadequadas de implantação do conceito qualidade de vida no trabalho, geralmente oportunistas e imediatistas, e não passam de mais um modismo frequentemente experimentado, vendo que onde nem sempre o público interno é considerado a parte mais importante da empresa, especialmente na implantação dos programas. Dessa postura decorre o gerenciamento improvisado com ações, medida sem base quantificável, com consequências diretas não só sobre o desempenho da organização, mas também no nível de satisfação dos trabalhadores. No trabalho, a insatisfação e a desmotivação são desastrosas tanto para as organizações quanto para o empregado A Qualidade de Vida no Trabalho – QVT busca humanizar as relações de trabalho, no sentido de conciliar os interesses dos trabalhadores e da organização. Muito mais do que uma linha de pesquisa, traduz-se na maneira como as pessoas vivenciam o seu dia-a-dia no trabalho. Embora, as mudanças e quebras de paradigmas sejam difíceis, são extremamente necessárias para que a produtividade humana em seu ambiente de trabalho não seja afetada. Nesta era da informação e do conhecimento, torna-se essencial investir no ser humano e gerar seu bem-estar, pois é ele o maior recurso de uma empresa. Investir na saúde, na qualidade de vida, e no bem-estar das pessoas não representa prejuízo para a empresa, ao contrário, o aumento de produtividade implica em um aumento da satisfação dos funcionários, promovendo baixos índices de absenteísmos e rotatividade. 50 É importante ressaltar que a QVT não pode ser confundida com a distribuição de benefícios. As organizações que proporcionam, aos seus empregados, facilidades tais como horários flexíveis, assistência médica e educacional, além de atividades culturais e de lazer, extensivas as suas famílias, e realizam atividades que envolvem e beneficiam a comunidade em que vivem, indicam uma maior sensibilidade em relação a eles. No entanto, é preciso ir mais além, muito mais pode ser feito. Torna-se imprescindível que a QVT não seja planejada e implementada a partir de uma visão fragmentada, levando em consideração apenas o ambiente interno da organização, com ênfase na tarefa desempenhada pelo indivíduo e nas condições físicas do trabalho, mas que leve em conta, sobretudo, o ambiente externo, ou seja, o contexto familiar, social, político e econômico em que o indivíduo, como ser total, está inserido, influenciando e sendo influenciado. É necessário, então, diminuir a distância entre o discurso e a prática, para que a QVT não seja apenas mais um modismo, mas que faça parte de um plano organizacional estratégico e não venha a desaparecer diante da primeira dificuldade a ser enfrentada. Além disso, é preciso favorecer o desenvolvimento de um perfil humano condizente com os padrões do paradigma emergente, que consiste em construir os alicerces para uma organização inteligente e inovadora. Conclui-se que a qualidade de vida somada a satisfação do individuo é uma ferramnta diferencial para as organizações. 51 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, L. G., FRANÇA, A. C. L. Estratégias de Recursos Humanos e Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho: O Stress e a Expansão do Conceito de Qualidade Total. V. 33, n. 2, pág. 40-51. Abril / junho. São Paulo: Revista de Administração USP, 1998. Associação Brasileira de Qualidade de Vida - ABQV Disponível em <http://www.abqv.com.br/imprensa/Content.aspx?id=261> Acesso em: 22/10/2013. BAPTISTA, Hilton (1974). Higiene e segurança do trabalho. Rio de Janeiro: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, Departamento Nacional, Divisão de Ensino e Treinamento, p.15. BERGAMINI C. W. Motivação. São Paulo, Atlas, 2ª ed. 1989. Brasil. Lei de Planos de Benefícios da Previdência Privada – Lei 8.213 de 24 de julho de 1991. Capitulo II, Seção IV, art. 19. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm>. Acesso em: 13/10/2013 Brasil. Portaria que aprova as Normas Regulamentadoras – Portaria nº 3.214 de 08 de junho de 1978, NR nº 04 Disponível em <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D36A2800001388128376306AD/NR04%20(atualizada).pdf>. Acesso em: 13/10/2013. Brasil. Portaria que aprova as Normas Regulamentadoras – Portaria nº 3.214 de 08 de junho de 1978, NR nº 05 Disponível em <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D311909DC0131678641482340/nr_05.pdf>. Acesso em: 13/10/2013. Brasil. Portaria que aprova as Normas Regulamentadoras – Portaria nº 3.214 de 08 de junho de 1978, NR nº 07 Disponível em <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D308E21660130E0819FC102ED/nr_07.pdf>. Acesso em: 13/10/2013. 52 Brasil. Portaria que aprova as Normas Regulamentadoras – Portaria nº 3.214 de 08 de junho de 1978, NR nº 09 Disponível em <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEF1CA0393B27/nr_09_at.pdf >. Acesso em: 13/10/2013. BRIEF, A. P. (1998). Attitudes in and Around Organizations, Thousand Oaks, CA: Sage. CAÑETE, I. Desafio da empresa moderna: a ginástica laboralcomo um caminho. 2. ed. São Paulo: Ícone, 2001. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 14ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 2005. CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos: o capital humano das organizações. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2008. CRAMPTON, S. M., & WAGNER, J. A. (1994). Perceptpercept inflation in microorganizational research: An investigation of prevalence and effect. Journal of Applied Psychology, 79, 67-76. DAVIS, Keith E Newstrom, John W. Comportamento humano no trabalho: uma abordagem organizacional. São Paulo: Pioneira TL, 1992. DAVIS, Keith &WERTHER, William B. (1983). Administração de pessoal e recursos humanos. São Paulo: McGraw-Hill. FERNANDES, E. C. Qualidade de Vida no Trabalho: como medir para melhorar. Salvador: Casa da Qualidade, 1996. FIGUEIREDO F.; MONT´ALVÃO C. Ginástica laboral e Ergonomia. Rio de Janeiro: Sprint, 2005. 53 FRANÇA, A. C. Limongi. Qualidade de Vida no Trabalho: conceitos, abordagens, inovações e desafios nas empresas, Revista Brasileira de Medicina Psicossomática. Rio de Janeiro, vol. 1, nº 2, p.80, abr./maio./jun. GEORGE, J.M., E Jones, G.R. (1999). Understanding and managing organizational behaviour (2nd ed.), Reading, MA: Addison-Wesley. HUSE, Edgar F. & CUMMING, Thomas G. (1985). Organization delelopment and change. 3. Ed. São Paulo: Ed. Minn. LIMA, D. G. Ginástica laboral: metodologia de implantação de programas com abordagem ergonômica. Jundiaí: Fontoura, 2004. LIMA, H. L. M; MONTEIRO, L. F. M. SOUZA, M. J. de: A importância da saúde e segurança no trabalho nos processos logísticos. SP: Bauru, 2005. LIMONGI-FRANÇA, Ana Cristina. Qualidade de Vida no Trabalho: conceitos e práticas nas empresas sociedade pós-industrial / São Paulo: Atlas, 2003. LOCKE, E. A., (1976). The Nature and Causes of Job Satisfaction, In M.D. Dunnette. (Ed.), Handbook of Industrial and Organizational Psychology, Chicago: Rand McNally. NAHAS, M. V.; FONSECA, S. A. Estilo de vida e hábitos dos trabalhadores da indústria catarinense. Florianópolis: SESI, 2004. NADLER, David A. & LAWLER, Edward E. (1983). “Quality of Work Life: Perpectives and directions”. Organization Dynamics. 11, p. 20-30, winter. Occupational Health and Safety Assesment Series – OHSAS Disponível em <http://www.ohsas.org/> Acesso em: 17/11/2013. OLIVEIRA, J. R. G. A prática da ginástica laboral. 3. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2006. 54 ROBBINS, Stephen Paul, Fundamentos do comportamento organizacional, 8ª Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. RODRIGUES, Marcus Vinícius. Qualidade de Vida no Trabalho: evolução e análise no nível gerencial. 13ª. Ed – Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. SPECTOR, Paul E. Psicologia nas organizações. 2ª Ed.São Paulo: Saraiva, 2006. TOLEDO, Flávio. Administração de pessoal: Desenvolvimento de recursos humanos. 8.ed. São Paulo.: Atlas, 1992. WALTON, Richard E. (1973). “Quality of Working Life: What is it? Sloan Management, 15(1), p. 11-21. WESTLEY, William A. (1979). Problems and Solutions in the quality of Working Life”. Human Relations, 32 (2), p. 11-123. ZANELLI. J.C.; BORGES-ANDRADE, J. & BASTOS, A.V.B. Psicologia organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2004. 55 ANEXOS ANEXO A - FIGURA 1: PIRÂMIDE DA TEORIA DAS NECESSIDADES DE MASLOW Fonte: Robbins, 2002. ANEXO B – FIGURA 2: OS CINCO FATORES DE SATISFAÇÃO NO TRABALHO NUMA ABORDAGEM MULTIDIMENSIONAL O trabalho Cliente Promoções Visão Multidimensional de satisfação no trabalho Colegas Fonte: Zanelli, Borges-Andrade e Bastos & cols, 2004. Salário ANEXO C – FIGURA 3: FATORES QUE INFLUENCIAM O PROJETO DE CARGO E A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO FATORES AMBINETAIS Sociais Tecnológicos Culturais Econômicos Governamentais QVT FATORES COMPORTAMENTAIS Necessidades de recursos humanos Motivação Satisfação ^ ^ ! ! ! ! ! ! FATORES ORGANIZACIONAIS Propósito Objetivos Organização Departamentos Cargos Fonte: Davis e Werther, 1983: 72. ANEXO D - QUADRO 1: FACETAS COMUNS DA SATISFAÇÃO NO TRABALHO Salário Supervisão Natureza do Trabalho Oportunidades de promoção Companheiros de Trabalho Comunicação Benefícios Condições de Trabalho Sgurança Fonte: Spector (2006) ANEXO E - QUADRO 2: DEFINIÇÕES EVOLUTIVAS DA QVT NA VISÃO DE NADLER E LAWLER PERÍODO 1959/1972 FOCO PRINCIPAL Variável 1969/1975 Abordagem 1972/1975 Método 1975/1980 Movimento 1979/1983 Tudo Previsão futura Nada DEFINIÇÃO A QVT foi tratada como reação individual ao trabalho ou às consequências pessoais de experiência do trabalho A QVT dava ênfase ao indivíduo antes de dar ênfase aos resultados organizacionais, mas ao mesmo tempo era vista como um elo dos projetos cooperativos do trabalho gerencial. A QVT foi meio para engrandecimento do ambiente de trabalho e a execução de maior produtividade e satisfação. A QVT, como movimento, visa a utilização dos termos “ gerenciamento participativo” e “ democracia Industrial” como bastante frequência, invocador como ideias do movimento. A QVT é vista como um conceito global e com uma forma de enfrentar os problemas de qualidade e produtividade. A globalização da definição trará como consequência inevitável a descrença de alguns setores sobre o termo QVT. E para estes testes QVT nada representará. Fonte: Nadler e Lawler, 1983 ANEXO F - QUADRO 3: : MODELO DE WALTON Fatores de QVT 1 - Compensação justa e adequada 2 - Condições de segurança e saúde no trabalho 3 - Utilização e desenvolvimento de capacidades 4 - Oportunidades de crescimento contínuo e segurança 5 - Integração social na organização 6 - Garantias constitucionais 7 - Trabalho e espaço total de vida 8 - Relevância social da vida no trabalho Fonte: adaptado de CHIAVENATO (1999, p. 393). Dimensões • Salário adequado ao trabalhador. • Eqüidade ou compatibilidade interna. • Eqüidade e compatibilidade externa. • Jornada de trabalho. • Ambiente físico (seguro e saudável). • Autonomia. • Significado da tarefa. • Identidade da tarefa. • Variedade de habilidades. • Retroação e retroinformação. • Possibilidade de carreira. • Crescimento profissional. • Segurança do emprego. • Igualdade de oportunidades. • Relacionamentos interpessoais e grupais. • Senso comunitário. • Respeito às leis e direitos trabalhista. • Privacidade pessoal. • Liberdade de expressão. • Normas e rotinas claras da organização. • Papel balanceado do trabalho na vida pessoal • Imagem da empresa. • Responsabilidade social pelos produtos/serviços. ANEXO G - QUADRO 4: : ORIGENS DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO NARTUEZA DO PROBLEMA Econômico (1850) SINTOMA DO PROBLEMA INDICADORES PROPOSTAS Injustiça AÇÃO PARA SOLUCIONAR O PROBLEMA União dos trabalhadores - Insatisfação - Greves Político (18501950) Insegurança Posições Políticas - Insatisfação - Greves Psicológico (1950) Alienação Agentes de mundanças Sociológico Anomia Autodesenvolvimento - Desinteresses - Absenteísmo e “Turnover” - Ausência de signicação do trabalho - Absenteísmo e “Turnover” - Cooperação - Divisão dos lucros - Participações das decisões - Trabalho Autossupervisionado - Conselho de Trabalhadores - Participação nas decisões - Enriquecimento das tarefas - Métodos Sociotécnicos aplicados aos grupos Fonte: Westley, 1979: 12 ANEXO H - QUADRO 5: OS PRINCIPAIS FATORES DETERMINANTES DA QVT Ordem 1º Denominação do Fator Competência Gerencial 2º Identificação com a empresa 3º Preocupação assistencial com os funcionários 4º Oportunidade efetiva de paticipação 5º Visão Humanista da empresa 6º Equidade salarial Fonte: CHIAVENATO (2008) Variáveis determinantes Apoio Socioemocional; Orientação técnica; Igualdade de tratamento; Gerenciamento pelo exemplo. Identidade com a tarefa; Identificação com a empresa; Imagem da empresa. Assistência aos funcionários; Assistência familiar. Criatividade; Expressão pessoal; Repercussão de idéias dadas; Educação/conscientização; Orientação para pessoas; Responsabilidade comunitária. Salários com equidade interna; Salários com equidade externa.