TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS CAMILA VITORINO DOS SANTOS CORRELAÇÃO ENTRE EXPOSIÇÃO A PESTICIDA E O DESENVOLVIMENTO DA LEUCEMIA LINFOCÍTICA AGUDA INFANTIL (LLA) São Paulo – SP 2013 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS CAMILA VITORINO DOS SANTOS CORRELAÇÃO ENTRE EXPOSIÇÃO A PESTICIDA E O DESENVOLVIMENTO DA LEUCEMIA LINFOCÍTICA AGUDA INFANTIL (LLA) Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia, Campus São Paulo como um dos requisitos à obtenção do título de Licenciado em Ciências Biológicas Orientador: Profa. Ma. Renata Duarte de Souza Rodrigues São Paulo – SP 2013 BANCA DE AVALIAÇÃO ____________________________________________ Orientador Profa. Ma. Renata Duarte de Souza Rodrigues IFSP/CCT/BIO ____________________________________________ Membro Titular Externo Profa. Dra. Fernanda Alves Cangerana Pereira FATEC/GESTÃO AMBIENTAL ____________________________________________ Membro Titular Interno Prof. Me. Flávio krzyzanowski Junior IFSP/CCT/BIO ____________________________________________ Suplente Externo Profa. Dra. Maria Cristina Pires de Brum PMSP/ Ensino Fundamental II/Ciências ____________________________________________ Suplente Interno Prof. Dr. Marcos Emerson Junqueira IFSP/CCT/BIO São Paulo, 29 de maio de 2013. A minha mãe que me ensinou a sempre agir de maneira correta para conquistar qualquer objetivo, por ser minha base e transmitir força. Amo Você. AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, por estar presente em minha vida. À Profª Ma. Renata Duarte de Souza Rodrigues, pela orientação, conhecimentos transmitidos, aprendizado, comprometimento, incentivo, paciência e confiança depositada em mim, principalmente nos momentos mais difíceis durante o desenvolvimento deste trabalho. À Profª Drª Fernanda Alves Cangerana Pereira pela oportunidade de conhecer e realizar o trabalho nessa área de pesquisa, pela transmissão de sábios conhecimentos e por me incentivar e mostrar que sou capaz de aprender e prosseguir. Ao Profº Me. Flávio krzyzanowski Junior pela participação na banca, e pelos ensinamentos transmitidos e incentivos. Ao Profº Me. José Otávio Baldinato pelas informações, dicas, e suas sugestões enriquecedoras fundamentais para construção deste trabalho. A toda minha família, em especial a minha mãe Maria Vitorino, tia Maria José, irmã Beatriz e meus padrinhos pelo amor, apoio, incentivo, ajuda e principalmente a transmissão de pensamentos positivos e força durante todo o trajeto desta caminhada. Aos meus amigos Camila Henrique, Daiane Souza, Flávia Ribeiro, Jeferson Martins, Thayná Moura e Paloma Vieira que estiveram presentes nesse período, agradeço pelo apoio incondicional, força, incentivo, compreensão em todos os momentos, muito obrigado pela amizade dentro e fora do IF-SP. Em especial as minhas amigas Ana Claudia, Claudia Ribeiro e Elaine Cristina que mesmo distantes sempre me transmite força, carinho, atenção, ajuda, obrigado pelos anos de amizade e por estarem sempre presente em minha vida, amo vocês. A todos os professores do IF-SP e colegas de classe da turma Ciências Biológicas que contribuíram com minha carreira acadêmica, assim como, pelas horas de estudo, risadas, trabalhos, aprendizado e experiência vivenciada. RESUMO Atualmente, a Leucemia Linfocítica Aguda Infantil (LLA) configura-se como um problema de saúde pública mundial. É o câncer que ocorre com maior frequência em crianças e adolescentes menores de 15 anos, representando cerca de 30% das doenças malignas pediátricas. Estudos relatam a existência de fatores ambientais possivelmente relacionados com a etiologia da LLA, dentre os quais se encontra a exposição a pesticidas, que são produtos químicos destinados à prevenção, destruição ou controle de pragas. Deste modo, o presente estudo apresentou como objetivo investigar, através de revisão de literatura, a possível correlação entre a exposição aos pesticidas e o desenvolvimento da leucemia linfocítica aguda infantil (LLA). Mediante pesquisa nos bancos de dados Medline, Pubmed, Dedalus, BVS, Bibliomed, IARC/OMS no período de agosto a novembro de 2012, buscou encontrar estudos publicados nos últimos 7 anos (2005-2011), que relacionassem exposições aos pesticidas e a LLA. Foram encontrados 70 trabalhos sobre o tema geral de leucemia e pesticidas. Destes, 59 foram selecionados, dos quais 9 discorriam sobre a etiologia da LLA; 15 sobre a incidência; 7 eram referentes a classificação e 17 descreviam os pesticidas, sua classificação e seus principais grupos químicos. Especificamente, 11 artigos relatavam uma associação positiva entre exposição a pesticidas e o risco aumentado para o desenvolvimento de LLA. De acordo com os resultados dos estudos epidemiológicos selecionados, a maioria foram do tipo casocontrole e conduzidos nos EUA. Esses estudos indicaram um aumento no risco para a LLA, com odds ratio (OR) a partir de 2, para pesticidas domésticos pertencentes a classe dos organofosforados e organoclorados. As fases críticas para a exposição foram durante a gestação e na primeira infância. A partir dos estudos bibliográficos, a exposição aos pesticidas foi associada positivamente com o risco para o desenvolvimento da doença, sendo classificada como um dos principais fatores ambientais relacionados à etiologia da LLA. Palavras-chave: leucemia infantil, pesticida, exposição ambiental. ABSTRACT The Children's Acute Lymphocytic Leukemia (ALL) is configured as a public health problem worldwide. It is cancer that occurs most frequently in children and adolescents younger than 15 years, representing about 30% of pediatric malignancies. Studies have reported the existence of environmental factors possibly related to the etiology of ALL, among which is the exposure to pesticides, chemicals that are intended to prevent, destroy or control pests. Thus, the present study aimed to investigate through literature review, the possible correlation between exposure to pesticides and the development of childhood acute lymphoblastic leukemia (ALL). By searching in the databases Medline, Pubmed, Dedalus, VHL, Bibliomed, IARC/ WHO in the period August to November 2012, sought to find studies published in the past 7 years (2005-2011), that correlated exposures to pesticides and LLA. We found 70 papers on the general theme of leukemia and pesticides. Of these, 59 were selected, of which 9 discoursed on the etiology of ALL; 15 on the incidence, 7 were related to classification and described the 17 pesticides, its classification and its main chemical groups. Specifically, 11 articles reported a positive association between exposure to pesticides and increased risk for the development of ALL. According to the results of epidemiological studies selected, most were case-control, and conducted in the USA. These studies have indicated an increased risk for ALL, with an odds ratio (OR) from 2 to household pesticides belonging to the class of organophosphates and organochlorines. Critical phases for the exhibition were during pregnancy and early childhood. From the bibliographical studies, exposure to pesticides was positively associated with the risk for developing the disease, classified as one of the main environmental factors related to the etiology of ALL. Keywords: childhood leukemia, pesticide, environmental exposure. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Processo de hematopoiese normal . .......................................................... 16 Figura 2: Alteração na formação dos leucócitos . ..................................................... 18 Figura 3: Estrutura química dos piretróides . ............................................................. 26 Figura 4: Estrutura química dos organosfosforados ................................................. 27 Figura 5: Estrutura química dos organoclorados. ...................................................... 28 Figura 6: Resultados encontrados e utilizados no estudo ........................................ 30 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Alterações genéticas em leucemia linfocítica de precursor B.................... 20 Tabela 2: Incidência de leucemia infantil . ................................................................. 21 Tabela 3: Fatores de risco associados à LLA ........................................................... 22 Tabela 4: Classificação dos agrotóxicos .................................................................. 24 Tabela 5: Classificação toxicológica dos agrotóxicos ............................................... 25 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 12 2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 15 2.1 CÂNCER ................................................................................................................ 15 2.2 LEUCEMIAS ........................................................................................................... 15 2.2.1 Hematopoiese ................................................................................................. 15 2.2.2 Classificação .................................................................................................. 18 2.2.3 Leucemia Linfocítica Aguda Infantil (LLA) ................................................... 19 2.2.4 Epidemiologia e Incidência da LLA .............................................................. 21 2.3 FATORES DE RISCO E LLA ....................................................................................... 22 2.3.1 Pesticidas........................................................................................................ 23 3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 28 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 30 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 37 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38 12 INTRODUÇÃO Atualmente, o câncer é considerado como um dos principais problemas de saúde pública mundiais, sendo responsável por cerca de 12% das causas de mortes a cada ano (GUERRA; GALLO; MENDONÇA, 2005). Os diferentes tipos de tumor podem ser classificados segundo sua origem em: sarcomas, quando derivados do tecido conectivo ou de células musculares; carcinomas, quando provenientes do tecido epitelial; e neoplasias hematopoiéticas e linfóides. As leucemias diferem dos demais cânceres por serem derivadas das células hematopoiéticas (ALBERTS et al., 2010). Sabe-se que as leucemias compreendem um grupo heterogêneo de doenças, apresentando-se de forma variável quanto ao tipo histológico, sexo, etnia, localização primária do tumor e idade (INCA, 2008; COUTO et al., 2010; INCA, 2012). A leucemia linfocítica aguda infantil (LLA) é o câncer que ocorre com maior frequência em crianças e adolescentes menores de 15 anos. É uma neoplasia que acomete o sistema hematopoiético, mais especificamente os leucócitos, resultando na proliferação clonal de células imaturas por diferenciação anormal, substituindo as células sanguíneas normais (COUTO et al., 2010). Nos países ocidentais, esta doença representa cerca de 80% dos casos de leucemia em crianças, tendo uma incidência anual de 30-40 casos por milhão (SOLDIN et al., 2009; BAILEY et al., 2010; TURNER; WIGLE; KREWSKI, 2010). A LLA ainda apresenta etiologia pouco conhecida, porém acredita-se que os fatores genéticos e ambientais desempenhem um papel importante no desenvolvimento da doença (BAILEY et al., 2010). Os primeiros sinais e sintomas da LLA estão relacionados à anemia, neutropenia e trompocitopenia ou presença de infiltração leucêmica extra-medular. Os principais locais detectados clinicamente são linfonodos, baço, fígado, sistema nervoso central (SNC) e pele (BRUNNING et al., 2001; FARIAS, 2010). Diversos estudos relatam a existência de fatores que possivelmente estão relacionados com a etiologia das leucemias na infância, tais como: fumaça do cigarro; consumo do álcool e drogas durante na gravidez; crianças portadoras de Síndrome de Down; Síndrome de Bloom; Anemia de Fanconi; infecções; alto peso 13 ao nascer, como por exemplo, superior a 4 kg; exposição à radiação ionizante; hidrocarbonetos e pesticidas, principalmente os de uso doméstico (SOLDIN et al., 2009; FERREIRA 2010; TURNER; WIGLE; KREWSKI, 2010). O termo agrotóxico, também conhecido popularmente como pesticida, venenos, defensivos e remédios, são utilizados para produtos químicos ou mistura de substâncias destinadas à prevenção ou destruição direta e indireta ou controle de quaisquer pragas prejudiciais na produção, elaboração, armazenagem, transporte ou comercialização de alimentos (FERREIRA, 2010; INCA, 2010). Esses produtos são amplamente utilizados na agricultura, na pecuária, no tratamento de madeira, no armazenamento de grãos e sementes, na produção de flores, no combate a piolhos e outros parasitas no homem e como agentes de controle de vetores nos programas de saúde pública (BRASIL, 1997; INCA, 2010). Os efeitos nocivos dos pesticidas ao meio ambiente e a saúde humana, variam de acordo com sua composição, assim como sua toxicidade. Muitos podem se acumular no ar, água e solo permanecendo por um longo período e causando intoxicações agudas, subagudas e crônicas em humanos. Desse modo, o uso dessas substâncias deve ser corretamente orientado pelos órgãos nacionais e internacionais, respeitando a legislação vigente e a saúde de todos os consumidores (DAMS, 2006; INCA, 2010). De acordo com estudos recentes, há uma possível correlação entre exposições aos pesticidas e o desenvolvimento da LLA (RUDANT; CLAVEL; RIVARD, 2009; RULL et al., 2009; WARD et al., 2009; WIGLE; TURNER; KREWSKI, 2009; BAILEY et al., 2010; TURNER; WIGLE; KREWSKI, 2010; VINSON et al., 2011). Esses estudos indicam que as exposições podem ser um fator de risco elevado para as crianças, pois estas são mais vulneráveis que os adultos, principalmente no período da gestação e na primeira infância. A vulnerabilidade e os tipos de exposições das crianças às substâncias químicas são decorrentes de suas características fisiológicas. Estas ingerem maior quantidade de água, alimentos e ar do que o adulto e, desta forma, tem maior probabilidade de absorver os pesticidas presentes no ar, solo, água e alimentos (MELLO-DA-SILVA; FRUCHTENGARTEN, 2005). O Brasil está no ranking dos dez principais países consumidores de agrotóxicos (INCA, 2010). Segundo Sistema Nacional de Informações TóxicoFarmacológicas (SINITOX) vinculada à Fundação Oswaldo cruz (FIOCRUZ), no país 14 foram registrados, no primeiro trimestre de 2010, um total de 90.064 casos de intoxicação humana por agente tóxico, sendo 5.463 casos de agrotóxico de uso agrícola, o equivalente a 5,29% e 2.213 casos de uso doméstico com 2,14% (FIOCRUZ, 2010). Com relação aos tipos de intoxicações, no Brasil as agudas são mais frequentes, sendo a maioria dos casos por inseticidas (73% de organofosforados, piretróides e carbamatos), raticidas (15,3%) e herbicidas (9,7%) (OGA, 2003). Assim, percebe-se a relevância do tema para a saúde pública e justifica-se a importância da realização de mais estudos como o presente, que objetiva investigar, através de revisão de literatura, a relação entre a exposição aos pesticidas e o desenvolvimento da leucemia linfocítica aguda infantil (LLA), bem como definir o grau e a natureza dessa associação. 15 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 CÂNCER A palavra câncer vem do grego karkínos, que quer dizer caranguejo e foi utilizada pela primeira vez por Hipócrates, o pai da medicina que viveu entre 460 e 337 a.C (INCA, 2010). Atualmente, os termos câncer ou neoplasia são atribuídos a um conjunto de doenças que apresentam como principais características: a elevada atividade celular proliferativa que desobedece aos limites normais da divisão celular; e a capacidade de invasão e colonização de regiões normalmente formadas por outras células, processo denominado metástase (PINHO, 2005; ALBERTS et al., 2010). 2.2 LEUCEMIAS As leucemias são caracterizadas como doenças malignas dos glóbulos brancos do sangue, os chamados leucócitos, os quais apresentam um descontrole nos mecanismos fisiológicos de proliferação e maturação celular, decorrentes de uma ou mais mutações. Em geral, possuem origem desconhecida e têm como principal característica o acúmulo de células jovens anormais na medula óssea, os blastos, que substituem as células sanguíneas normais (FERREIRA, 2010; ALBERTS et al., 2010). Porém, para compreender como ocorre esse processo proliferativo anormal, torna-se necessário definir primeiramente o processo fisiológico, conhecido como hematopoeise. 2.2.1 Hematopoiese A hematopoeise também denominada hematopoese e hemopoese, é um processo contínuo responsável pela formação, desenvolvimento e maturação das células sanguíneas (leucócitos, eritrócitos e plaquetas), encontradas na medula óssea vermelha, conforme apresenta a Figura 1 (CARVALHO, 2008; PERINI; SILLA; ANDRADE, 2008; FERREIRA, 2010). 16 Figura 1: Processo de hematopoiese normal- Fonte Adaptado: HITZLER, J. K; ZIPURSKY, A., 2005. p.14. O sistema hematopoiético inicia-se com um precursor celular comum indiferenciado conhecido como célula-tronco hematopoiética (CTH) pluripotente ou HSCs (Hematopoietic Stem Cells) ou unidade formadora de colônias (UFC), a qual possui como características a capacidade de auto-renovação e de diferenciação em células progenitoras multipotentes com linhagens específicas, responsáveis pela manutenção e proteção do organismo (CARVALHO, 2008; PERINI; SILLA; ANDRADE, 2008). Em um processo de hematopoiese normal é necessário que a célula-tronco hematopoiética pluripotente seja estimulada por uma proteína-sinal específica ou por células que produzem essas proteínas. Estas proteínas são conhecidas como citocinas e fatores de crescimento, ambos secretados pelas células presentes no estroma da medula óssea e responsáveis por regular a proliferação, diferenciação e 17 a apoptose de células imaturas, assim como a atividade funcional de células maduras (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2008; ALBERTS et al., 2010; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2011). Em seguida, aparecem as células progenitoras multipotentes que apresentam grande capacidade mitótica e são responsáveis pelas características morfológicas das linhagens específicas das células sanguíneas maduras (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2011). Existem dois tipos principais de células progenitoras multipotentes, as mielóides e as linfóides. As primeiras originam principalmente as células precursoras das linhagens mielóide, eritróide, megacariócito e monócito; enquanto as segundas originam as células precursoras dos linfócitos (CARVALHO, 2008; PERINI; SILLA; ANDRADE, 2008; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2011). Além das citocinas e dos fatores de crescimento citados acima, as células hematopoiéticas também precisam ser estimuladas por sinais extracelulares conhecidos como mitógenos. Estes não estimulam apenas a proliferação, mas também atuam na diferenciação, migração e sobrevivência celular, bem como, na resposta imune, aumentando substancialmente a produção de novos tipos celulares individuais (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2008; CARVALHO, 2008; PERINI; SILLA; ANDRADE, 2008; ALBERTS et al., 2010). Assim, interações anormais que ocorram durante a hematopoese e no controle de proliferação, diferenciação e maturação das células podem ocasionar as leucemias (DREYFUSS; OLIVEIRA, 2008). Nessa condição patológica, o organismo torna-se incapaz de reparar uma mutação. A célula alterada, chamada blasto, começa a multiplicar-se desordenadamente, provocando uma proliferação celular inadequada e com ausência de apoptose, resultando no processo de mostrado na Figura 2 (SOLDIN et al., 2009; FERREIRA, 2010). Uma vez formadas, as células leucêmicas chegam ao sangue e podem facilmente infiltrar-se nos órgãos linfoides periféricos (ALBERTS et al., 2010). 18 Figura 2: Alteração na formação dos leucócitos resultando em células indiferenciadas. Fonte: Adaptada de: JUNQUEIRA, L. C; J. CARNEIRO, 2011. p. 238. 2.2.2 Classificação As leucemias são classificadas nos seguintes grupos de acordo com o tipo celular envolvido e o grau de maturação celular em: Leucemia Linfóide ou Mielóide Aguda (LLA ou LMA) e Leucemia Linfóide ou Mielóide Crônica (LLC ou LMC). As primeiras apresentam células indiferenciadas e as segundas, células diferenciadas, respectivamente (MINASI, 2009; FERREIRA, 2010). Essa classificação está baseada em dois critérios estabelecidos pelo grupo French-American-British (FAB) e pelo World Health Organization (WHO) (BRUNNING et al., 2001). O grupo FAB baseia-se na morfologia e na imunofenotipagem das células B, 19 T e precursores ou citogenético (t[9;22], t[4;11]; t[1;19]; t[12;21]) das células leucêmicas, o que está de acordo com os parâmetros do grupo European Group for Immunophenotyping Leukaemia - EGIL (BRUNNING et al., 2001; QUIXABEIRA; SADDI, 2008; PELISSARI, 2009; FERREIRA, 2010). De acordo com a morfologia das células citadas acima, as leucemias agudas são classificadas em L1, L2, L3. Para tanto, são utilizados como base quatro variáveis observadas ao microscópio óptico: o diâmetro celular, a forma do núcleo, o número e a protuberância dos nucléolos, a quantidade e aspecto do citoplasma (MINASI, 2009; HAMID, 2011). Na classificação baseada em imunofenotipagem, as células B são divididas em: pró-B, B precursora ou pré-B; Pré-B e B-maduro. Por vez, as células de linhagem T são dividas em três grupos de acordo com seus níveis de maturação: pré-T, intermediário e maduro (BRUNNING et al., 2001; MINASI, 2009; PELISSARI, 2009; FERREIRA, 2010). Para a Organização Mundial de Saúde (World Health Organization- WHO), a imunofenotipagem está associada à genética nos parâmetros clínicos, morfológicos e citoquímicos utilizados pela classificação FAB. Em seu diagnóstico, considera a quantidade de blastos sendo maior ou igual a 20% (BORTOLHEIRO, 2006) e divide a LLA em dois grandes grupos, a saber: leucemia linfocítica aguda de precursor B e leucemia linfocítica aguda de precursor T (BRUNNING et al., 2001; PELISSARI, 2009). 2.2.3 Leucemia Linfocítica Aguda Infantil (LLA) A LLA é uma neoplasia que acomete principalmente a linhagem do precursor das células B, sendo responsável por 80% dos casos de leucemia em crianças menores de seis anos (BRUNNING et al., 2001). O termo Leucemia Aguda na infância (IL) refere-se a um grupo de leucemias caracterizadas pelo diagnóstico de LLA ou LMA, durante os primeiros anos de vida da criança (EMERENCIANO; KOIFMAN; POMBO-DE-OlIVEIRA, 2007; FERREIRA, 2010). A LLA é considerada uma doença heterogênea, caracterizada por diferentes anormalidades genéticas com alterações estruturais, como por exemplo, mutações pontuais, deleções, translocações e cromossômicas tais como hiperdiploidia e 20 haploidia (BRUNNING et al., 2001; FERREIRA, 2010; TURNER; WIGLE; KREWSKI, 2010). As principais anormalidades genéticas associadas com os precursores B da LLA estão distribuídas da seguinte maneira: hiperdiploidia < 50, hiperdiploidia > 50, hipodiploidia, translocações e pseudodiploidia (BRUNNING et al., 2001). Estas anormalidades citogenéticas são fundamentais e usadas no prognóstico em geral, pois a detecção das alterações gênicas possibilita à conduta terapêutica adequada a criança, o que está relacionado na Tabela 1 (HAMERSCHLAK, 2008). Tabela 1: Alterações genéticas em leucemia linfocítica de precursor B. Subtipo t (9;22) (q34;q11.2) Alteração Genética BCR/ABL Frequência 3-4% Prognóstico Desfavorável t (4;11) (q21;q23) AF4/MLL 2-3% Desfavorável t (1;19) (q23;p13.3) PBX/E2A 6% (25% de pré-B-LLA) Desfavorável t (12;21)(p13;q22) TEL/AML1 16-29% Favorável Hiperdiploidia > 50 20-25% Favorável Hipodiploidia 5% Desfavorável Fonte: BRUNNING et al., 2001. p.113. Na LLA, os fatores como hiperdiploidia > 50 e a translocação (12;21) estão associados ao bom prognóstico e são as alterações cromossômicas mais relevantes correspondendo 25% dos casos (MESQUITA, 2009; FERREIRA, 2010). A hiperdiploidia > 50 consiste na anormalidade cromossomal numérica com n=51 a 65 cromossomos que é determinado pelo estudo cariotípico ou pela análise de conteúdo de DNA por citometria de fluxo. Aproximadamente 85% das crianças portadoras desse tipo de ploidia podem ser curadas com tratamentos quimioterápicos (EMERENCIANO, 2006; MINASI, 2009; FERREIRA, 2010). A translocação cromossômica t(12;21)(p13;q2) é resultante da fusão entre os genes TEL no cromossomo 12 e AML1 no cromossomo 21, promovendo o rearranjo TEL/AML1 mais frequente na LLA (BRUNNING et al., 2001; EMERENCIANO; KOIFMAN; POMBO-DE-OLIVEIRA, 2007; MINASI, 2009; FARIAS, 2010). A translocação está associada com baixa contagem de leucócitos e há evidências de que TEL/AML1 ocorre durante o período de pré-natal decorrente de uma mutação. (EMERENCIANO, 2006; EMERENCIANO; KOIFMAN; POMBO-DEOLIVEIRA, 2007; MESQUITA 2009; FARIAS, 2010). 21 2.2.4 Epidemiologia e Incidência da LLA Nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, a LLA é o câncer infantil mais comumente diagnosticado em crianças menores de 15 anos, correspondendo a cerca de 80% dos casos e representando 30% de todas as neoplasias (SALLAN, 2006; WARD et al., 2009; WIGLE; TURNER; KREWSKI, 2009; BAILEY et al., 2010; TURNER; WIGLE; KREWSKI, 2010). A incidência da LLA é mais elevada entre crianças de 0 a 4 anos de idade, de etnia branca e do sexo masculino (BRUNNING et al., 2001; BAILEY et al., 2009; TURNER; WIGLE; KREWSKI, 2010). Nos Estados Unidos, a taxa de incidência da LLA na infância é de 3 a 4 novos casos a cada ano por 100.000 crianças menores de 15 anos, com pico de incidência por volta de 2-5 anos de idade (BELSON; KINGSLEY; HOLMES, 2007). Na Inglaterra, anualmente são diagnosticados cerca de 400 novos casos de LLA e o número de óbitos chega a 100 (SHAH; COLEMAN, 2007). Na França, a incidência anual de LLA alcança 43,1 casos por milhão (RUNDANT et al., 2007; SOLDIN et al., 2009). No Brasil, as estimativas publicadas pelo INCA para o ano de 2012 relatam que as leucemias atingiram 4.540 homens e 3.940 mulheres (INCA, 2008; MINASI, 2009; INCA, 2011). A Tabela 2 mostra a incidência de LLA em diferentes países por milhão. Tabela 2: Incidência de leucemia infantil em países desenvolvidos e em desenvolvimento. Registro Linfomas Casos totais Leucemia Casos diagnosticados LLA 42,8 Dinamarca (1983-1991) 11,8 53 Austrália (1982-1991) 13,3 49,9 39,9 Suécia (1983-1989) 12,9 48,7 40,1 Inglaterra (1981-1990) 11,2 40,8 32,8 Japão (1980-1992) 10,6 38,5 22,6 Bulgaria (1980-1989) 18,4 33,2 18,5 11 25,4 16,0 27,1 8,3 2,6 Índia Mombaim (1980-1992) Ibadan Nigéria Fonte: Adaptado de: EDEN, 2010. p. 287. 22 A incidência apresentada nos diferentes países está relacionada com inúmeros fatores como: individuais (sexo, etnia, fatores socioeconômicos, idade); tumor (extensão, local primário, morfologia e biologia) e sistema de saúde (rastreamento, registro de câncer de base populacional, facilidade de diagnóstico e tratamento, qualidade do tratamento e acompanhamento). Essas informações são fundamentais e podem influenciar no registro e prognóstico da LLA (INCA, 2008; EDEN, 2010; INCA, 2010). 2.3 FATORES DE RISCO E LLA A patogênese da LLA parece envolver alguns fatores ambientais e genéticos, como mostrado na Tabela 3 (BELSON; KINGSLEY; HOLMES, 2007; BAILEY et al., 2009; FERREIRA, 2010; TURNER; WIGLE; KREWSKI, 2010). Alguns destes fatores estão mais estabelecidos, como por exemplo, a predisposição genética que ocorre na síndrome de Down (WIGLE; TURNER; KREWSKI, 2009; EDEN, 2010; TURNER; WIGLE; KREWSKI, 2010; VINSON et al., 2011) e para o desenvolvimento da anemia Fanconi, exposição a radiação eletromagnética, ionizante, assim como, exposição ocupacionais a agentes químicos benzeno e pesticidas (MINASI, 2009; INCA, 2010). Tabela 3: Fatores de risco associados à LLA Fatores Ambientais Radioterapia Exposições Nucleares Exposição intra-uterina à radiação Uso de drogas inibidoras da topoisomerase II Exposições a hidrocarbonetos: benzeno Pesticidas Consumo de álcool, cigarros e drogas durante a gestação. Fatores Genéticos/ Familiar Gêmeo de paciente com LLA Irmão de paciente com LLA Anemia Fanconi Neurofibromatose Síndrome de Down Síndrome de Bloon Síndrome Schwachman Síndrome de Noonan Síndrome de Willis e Lindal Fonte: Adaptado de BELSON; KINGSLEY; HOLMES (2007. p. 139-141) e MINASI (2009. p. 3-4). Entre os fatores ambientais, os pesticidas podem provocar alterações celulares e moleculares, tais como, aberrações cromossômicas, estresse oxidativo, alterações de sinalização celular ou mutações, afetando as células hematopoiéticas (VINSON et al., 2011). 23 2.3.1 Pesticidas Pesticida é nome popular de agrotóxico, que abrange um grupo heterogêneo de produtos químicos desenvolvidos para combater uma variedade de pragas indesejáveis, como também para controlar o crescimento da vegetação (MILIGI et al., 2006; METAYER; BUFFLER, 2008; INCA, 2010). Historicamente, o uso de pesticidas data de aproximadamente 500 a.C., tendo sido primeiramente utilizado o enxofre. Porém, sua utilização na agricultura como agrotóxico teve início em 1920, época em que pouco se conhecia sobre sua toxicidade (FERREIRA, 2010; INCA, 2010). Em 1939, o suíço Paul Muller descobriu o primeiro pesticida moderno o dicloro-difenil-tricloroetano (DDT) que seria utilizado em escala mundial. Surgiram também os inseticidas organofosforados, os herbicidas fenóis, os carbamatos e os organoclorados (MILIGI et al., 2006). Após a Segunda Guerra Mundial e com a explosão demográfica da população, o crescimento da demanda por alimentos aumentou, resultando na intensificação da cultura em terras mais férteis e na expansão dessas fronteiras agrícolas com o objetivo de aumentar e melhorar a produtividade e elevar a eficiência econômica (BRITO; GOMIDE; CÂMARA, 2006; LOPES et al., 2011). Com isso, a utilização de pesticidas de diferentes classes se tornou necessária, sendo a principal estratégia de combate e prevenção às pragas no setor agropecuário (COUTINHO et al., 2005). Quanto à classificação, os pesticidas são divididos de acordo com o grupo químico ao qual pertencem e o tipo de ação (natureza da praga controlada), como mostra a Tabela 4 (COUTINHO et al., 2005; MILIGI et al., 2006; INCA, 2010). Segundo a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), esta forma de classificar os agrotóxicos é importante para o diagnóstico das intoxicações e para a adoção de tratamento específico (INCA, 2010). 24 Tabela 4: Classificação dos agrotóxicos quanto a sua ação e o grupo químico. Tipo de Ação (Classe) Inseticidas (Controle de insetos, larvas e formigas) Grupos químicos Organofosforados Carbamatos Piretróides sintéticos Produtos/substâncias Azodrin, Malathion, Parathion. Furadan, Carbaryl, Lannate Decis, Piredram, Karate. Fungicidas (Combate de fungos) Ditiocarbamatos Organoestânicos Maneb, Mancozeb, Dithane. Brestan, Hokko Suzu. Dicarboximidas Bipiridílios Glicina substituída Derivados do ácido fenoxiacético. Dinitrofenóis Triazina Orthocide, Captan. Paraquat, Reglone, Diquat. Roundup, Glifosato, Direct Tordon, 2,4-D, 2,4,5-T1 Herbicidas (Combate a erva daninha) Bromofenoxim,Dinoseb,DNOC. Stopper, Sinerge, Ametron. 1 A mistura de 2,4-D com 2,4,5-T representa o principal componente do agente laranja, utilizado como desfolhante na Guerra do Vietnã. Fonte: Adaptado de INCA, 2010. Além das classes apresentadas na tabela acima, existem outras importantes como os raticidas, acaricidas, nematicidas e molusquicidas (DAMS, 2006; INCA, 2010). Muitos agrotóxicos apresentam mais de um tipo de ação, por exemplo, o inseticida organofosforado “Parathion” é usado também como acaricida e o carbamato “Furadan”, também utilizado no combate contra nematoides (INCA, 2010). Devido a sua alta estabilidade química, persistência, bioacumulação por longos períodos no meio ambiente, e no tecido adiposo humano, desencadeando efeitos nocivos à saúde, certos pesticidas foram proibidos nos países desenvolvidos e em desenvolvimento há mais de trinta anos. Dentre estes se encontra o DDT, o clordano e os bifenilos policlorados (PCBs), pertencentes ao grupo dos organoclorados (METAYER; BUFFLER, 2008; WARD et al., 2009; FREGUGLIA; MOURA-ANDRADE; TORNISIELO, 2010). No Brasil, a portaria nº 329 de 02 de setembro de 1985 proibiu em todo território nacional, a comercialização, o uso e a distribuição dos produtos agrotóxicos organoclorados destinados à agropecuária, sendo revogada, pela portaria nº 424 de 07 de novembro de 1985, a permissão de sua comercialização, uso e distribuição apenas em caráter emergencial a critério da Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura (BRASIL, 1985). Embora a proibição esteja em vigor desde 1985, ainda são encontrados resíduos desses compostos em diversos produtos (FREGUGLIA; MOURA-ANDRADE; TORNISIELO, 2010). 25 Por determinação legal, os agrotóxicos também são classificados quanto a sua classe toxicológica apresentando em seu rótulo uma faixa colorida indicando seu poder tóxico, aspecto importante e fundamental para o conhecimento dos efeitos agudos para a saúde, como mostrado na Tabela 5. No Brasil, a classificação toxicológica está a cargo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), órgão de controle do Ministério da Saúde (BRASIL, 1997; ANVISA, 2011). Tabela 5: Classificação toxicológica dos agrotóxicos Classe Classe I Classe II Classe III Classe IV Toxicidade Extremamente tóxico Altamente Tóxico Medianamente Tóxico Pouco Tóxico Cor da faixa Vermelha Amarelo Azul Verde DL 50 (mg/kg) <5 5-50 50-500 50-5000 DL= Dose letal capaz de matar uma pessoa adulta. Fonte: Adaptado de: ANVISA (2011. p.10) e SAVOY (2011. p.91). A toxicidade dos agrotóxicos também está relacionada quanto à forma de exposição que pode ser pela absorção através das vias digestiva, respiratória, dérmica ou por contato ocular, podendo desenvolver intoxicação aguda, subaguda e crônica (DAMS, 2006; INCA, 2010). As intoxicações agudas e crônicas por pesticidas têm crescido nos últimos anos. Essas intoxicações não são apenas um reflexo de uma relação simples entre o produto e a pessoa exposta. Outros fatores participam de sua determinação como os relacionados às características químicas e toxicológicas do produto, as características do indivíduo exposto e as condições de exposição ou condições gerais do trabalho (BRASIL, 1997). Assim, os efeitos nocivos da exposição a pesticidas têm sido considerados como uma das condições potencialmente associadas ao desenvolvimento do câncer, por sua possível atuação como iniciador do tumor (METAYER; BUFFLER, 2008; INCA, 2010). Dentre os grupos químicos classificados como possivelmente cancerígenos pela Internacional Agency for Research on Cancer (IARC), estão alguns tipos de inseticidas (organoclorados, organofosforados, carbamatos e piretróides) e herbicidas (glifosato), utilizados na agricultura e no ambiente doméstico. Essas substâncias são assim classificadas por serem capazes de provocar malformações congênitas, efeitos neurológicos e imunológicos, desencadeando o câncer (INCA, 2010; VINSON et al., 2011; CREMONESE et al., 2012). 26 Os piretróides são populares porque são eficazes contra uma variedade de pragas agrícolas e domésticas. Foram introduzidos no mercado na década de 1970 e pertence a uma classe de pesticidas de origem botânica, o piretro, que é extraído das flores de espécies crisântemo (OGA, 2003). Chrysanthemum cinerariaefolium, conhecida como A atividade biológica dos piretróides é dependente da estrutura química (Figura 3) e configuração estérica (SILVERIO et al., 2012). Figura 3: Estrutura química dos piretróides, Bifentrina e Permetrina. Fonte: SILVÉRIO et al., 2012. p.2052. A toxicidade dos piretróides está baseada na taxa de isômeros presentes, podendo ser, pelo menos quatro isômeros, cada um com atividades biológicas diferentes. Os isômeros cis demonstram uma toxicidade mais elevada em relação ao trans e o carregador não polar aumenta a toxicidade de ambos isômeros (SANTOS; AREAS; REYER, 2007). Seus efeitos nocivos à saúde relacionam-se as vias de absorção, em grande parte oral e pequena quantidade por dérmica, apresentando 36% na absorção gástrica. (OGA, 2003; INCA, 2010). Os inseticidas organofosforados contém, sem exceção, um átomo central de fósforo pentavalente ao qual está ligada a um átomo de oxigênio ou enxofre mediante ligação dupla, como mostrado na figura 4. São rapidamente hidrolisados, tanto no meio ambiente, como nos meios biológicos, sendo altamente lipossolúveis (OGA, 2003; COUTINHO et al., 2005). 27 Figura 4: Estrutura química do organosfosforado parathion. Fonte: ANVISA, 2012. p. 4. Após serem absorvidos, seus produtos de biotransformação são rapidamente distribuídos por todos os tecidos do corpo através da corrente sanguínea, principalmente no fígado e formam produtos menos tóxicos e mais polares, que posteriormente são eliminados facilmente do organismo, principalmente pela via renal (OGA, 2003; INCA, 2010). Há relatos de que exposições a estas substâncias podem desencadear mudanças na AchE, assim como, na atividade Bu-chE acarretando no acúmulo excessivo desse neurotransmissor nas sinapses nervosas, levando a uma série de efeitos graves como a estimulação descontrolada do sistema nervoso. Isso ocorre porque esta enzima (AchE) não realiza a hidrólise da acetilcolina produzindo colina e o ácido acético (OGA, 2003; RULL et al., 2009; INCA, 2010). Logo, supõe-se que essas mudanças podem estar associadas com o desenvolvimento do tumor, desempenhando um papel na proliferação e diferenciação das células leucêmicas (RULL et al., 2009). Também alguns compostos organofosforados estão associados com baixo peso e/ou mortalidade neonatal elevada, como as malformações congênitas durante o período intra-uterino (OGA, 2003). Assim, os efeitos adversos à saúde humana associada à exposição aos organofosforados estão relacionados com a neurotoxicidade, a imunotoxicidade, a desregulação endócrina, carcinogênese e alterações no desenvolvimento da criança (ANVISA, 2012). É importante ressaltar que alguns produtos organofosforados são classificados pela IARC, assim como, pela EPA (Environmental Protection Agency) como possivelmente cancerígenos (INCA, 2010). Já os inseticidas organoclorados são derivados do petróleo e apresentam-se em estruturas cíclicas, conforme mostrado na figura 5. Têm volatilidade limitada, entretanto as partículas suspensas no ar podem ser inaladas e/ou ingeridas ou absorvidas (BRASIL, 1997; OGA, 2003). 28 Figura 5: Estrutura química dos inseticidas organoclorados. Fonte: http://www.scielo.br/img/revistas/qn/v30n1/27f06.gif. Acesso em 25 mai. 2013. Estes compostos químicos são pouco solúveis em água, mas bastante solúveis em solventes orgânicos, o que os torna mais tóxicos e de apreciável absorção cutânea. Também podem ser absorvidos pelo trato digestivo, respiratório e pela pele. Foram amplamente utilizados na agricultura, assim como na saúde pública, para o controle de vetores de doenças endêmicas, como a malária. Porém, por apresentarem bioacumulação e persistência durante muitos anos no meio ambiente e tecido adiposo, sua proibição em muitos países entrou em vigor a partir de 1970 (BRASIL, 1997; OGA, 2003; INCA, 2010). Dentre os tipos de inseticidas organoclorados (DDT, Clordano, metoxicloro) os bifenilos policlorados (PCBs) também se tornaram comuns contaminantes ambientais após a Segunda Guerra Mundial. Essas substâncias são consideradas pela IARC como possivelmente carcinogênicas a saúde humana, ocasionando perturbações no sistema imunológico, alterações sanguíneas e apresentando-se como um grande fator de risco para o desenvolvimento da LLA (WARD et al., 2009). 3 MATERIAL E MÉTODOS O presente estudo foi realizado através de revisão literatura no período de agosto a novembro de 2012, com estudos científicos publicados nos últimos 7 anos (2005-2011) que relatassem exposições a pesticidas e a LLA. Foi conduzido por meio de pesquisa nas seguintes Bases de Dados: - Lilacs: coordenada pela Bireme, possui estudos na área da Saúde publicados desde 1982 nos países da América Latina e do Caribe. Disponível em: 29 http://bases.bireme.br; - Medline: uma base de dados da literatura internacional da área médica e biomédica. Possui trabalhos científicos de mais de 4000 revistas publicadas nos Estados Unidos e em outros 70 países. Disponível em http://regional.bvsalud.org/ - Dedalus: banco de dados bibliográficos da Universidade de São PauloUSP. Apresenta informações sobre os acervos e registros das bibliotecas do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP (SIBi/USP); - Scielo (Scientific Electronic Library Online): biblioteca digital disponível em http://www.scielo.org/; - Bibliomed: portal brasileiro que objetiva a informação, educação desenvolvimento da tecnologia em saúde. Disponível em http://www.bibliomed.com.br/; - BVS: Biblioteca Virtual em Saúde: disponível em http://regional.bvsalud.org/; Também foram consultadas as informações de monografias realizadas pela IARC (International Agency for Research on Cancer), agência interdisciplinar responsável por pesquisa na área do câncer. Disponível em http://www.iarc.fr. Como critérios de busca para identificar estudos publicados em português que relatassem uma possível associação dos pesticidas e a LLA, foram utilizados os seguintes descritores: leucemia e pesticidas, leucemia linfoblástica, leucemia linfoblástica aguda, leucemia linfoblástica aguda na infância. Para selecionar os estudos publicados em inglês foram utilizadas as seguintes palavras-chave: leukemia and pesticides, lymphoblastic leukemia, acute lymphoblastic leukemia, childhood acute lymphoblastic leukemia. Como critérios de inclusão foram adotados todos os artigos que analisaram a possível correlação entre exposição à pesticidas e o desenvolvimento de LLA. Como critérios de exclusão foram desconsiderados estudos que identificaram a exposição entre pesticidas em crianças com Síndrome de Down, linfoma não-Hodgkin (LNH), LMA e outras neoplasias. 30 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Mediante pesquisa nas bases de dados citadas acima, foram encontrados 70 estudos sobre o tema geral leucemia e pesticidas. Destes, foram utilizados apenas 59, os quais atendiam aos critérios de inclusão e exclusão, propostos para o presente estudo, sendo 38 deles publicados em português e 21 publicados em inglês. Dos 59 artigos selecionados, 9 discorriam sobre a etiologia da LLA; 15 sobre a incidência da LLA no Brasil e em outros países do mundo; 7 relatavam a classificação da LLA; e 17 descreviam os pesticidas, sua classificação e seus principais grupos químicos. Especificamente em relação à exposição entre pesticidas e LLA, foram encontrados 11 estudos realizados em diferentes países como Austrália, Brasil, França e Estados Unidos, como mostrado na Figura 6. Dentre esses 11 estudos, 7 eram epidemiológicos do tipo casocontrole e 4 de revisão de literatura. 38 21 Língua Portuguesa Língua Inglesa 17 Pesticidas 15 70 59 Leucemia e Pesticidas no geral Estudos selecionados Incidência de LLA 11 Exposição a pesticida e LLA 9 7 Classificação da LLA Figura 6: Resultados encontrados e utilizados no estudo. Etiologia da LLA 31 De maneira geral, os recentes estudos epidemiológicos encontrados demonstraram uma associação positiva entre a exposição a pesticida e neoplasias hematopoiéticas em crianças, principalmente leucemias e linfomas (MENEGAUX et al., 2006; POMBO-DE-OLIVEIRA; KOIFMAN, 2006; RUDANT et al., 2007). Um estudo realizado na França, no período de 1995-1999, com 280 crianças casos e 288 controles tinha como objetivo identificar a relação entre exposição a pesticida do tipo residencial, de jardim e pediculose e a LLA. Assim, foi encontrada uma associação positiva com uma razão de chance de OR=1,8 (1,2-2,8 a 95%Cl) para o uso materno de inseticidas em casa durante a gravidez, bem como na infância com OR=1,7 (1,1-2,4 a 95% Cl). Para o uso de inseticidas de jardim foi encontrado OR=2,4 (1,3-4,3 a 95% Cl) e para o inseticida fungicida OR=2,5 (1,0-6,2 a 95% Cl) durante a infância. Também foi observado um risco aumentado para a LLA quanto à utilização de inseticidas pediculose durante a gestação, apresentando OR=2,0 (1,1-3,4 95% Cl) (MENEGAUX et al., 2006). Segundo os autores do estudo, os resultados encontrados para a exposição residencial foram consistentes com achados publicados anteriormente, mas quanto à utilização de shampoos para tratamento de pediculose era necessária uma nova investigação para elucidar a possível relação existente entre eles. No Brasil, um estudo de caso-controle realizado no período de janeiro de 1999 a julho de 2005, investigou um total de 642 crianças das regiões nordeste, sudeste, sul e do planalto central, com idades compreendidas entre 0 e 21 meses. O objetivo desse trabalho foi associar fatores de risco ambientais, exposição materna durante a gravidez e LLA. Diante das exposições ambientais analisadas, o uso de pesticida doméstico foi associado positivamente durante a gestação com OR ajustada=2,18 (1,53-2,13 a 95%CI) e o aumento do risco da LLA. De acordo com os autores do estudo, os resultados não apontaram diferenças estatisticamente significantes com relação às características demográficas brasileiras. Apenas destacaram que a região que apresentou maior incidência de casos (57,32%) foi a sudeste, onde a população tinha uma maior facilidade de acesso aos cuidados da saúde. Também salientaram que a educação materna e a distribuição de renda podiam refletir o ambiente social vivenciado pelos participantes, pela falta de conhecimento sobre a exposição em geral e sobre os fatores de risco a saúde, aumentando o risco para LLA nos descendentes KOIFMAN, 2006). (POMBO-DE-OLIVEIRA; 32 Outro estudo de casos-controle realizado na França no período de 20032004 teve como objetivo investigar o papel da exposição aos pesticidas na etiologia de doenças hematopoiéticas na infância, sendo estas: leucemia, linfoma, neuroblastoma e tumores cerebrais. Para tanto, foram selecionadas 646 crianças portadoras de LLA (casos) e 1681 controles e feita à comparação do uso de pesticidas domésticos entre mães de crianças portadoras de LLA e mães de crianças com linfomas. Entre as primeiras, foi registrado o uso significativo de pesticidas OR=2,2 (1,8-2,6 a 95% a CI) comparadas às segundas. Também foi identificada uma associação significativa quanto à exposição materna aos pesticidas durante a gravidez e o aumento do risco para LLA para: os inseticidas com OR=2,1 (1,7-2,5 a 95%CI), o uso de inseticida em animal de estimação com OR=2,0 (1,5-2,5 a 95%CI) e os herbicidas com OR=1,5 a (1,0-2,2 a 95%Cl), todos utilizados pela mãe durante a gestação. Além disso, foi analisada a exposição paterna aos pesticidas domésticos e associada positivamente com risco de LLA durante o prénatal com OR= 1,5 (1,2-1,8 a 95%Cl). Quanto ao local da residência dos pais (rural, semi-rural, e urbano) no momento do diagnóstico da LLA, não foram observadas diferenças significativas entre os casos avaliados e os controles, todos com OR= 1,1 (0,9-1,4 a 95%Cl). Assim, pelos resultados apresentados, a conclusão do estudo mostrou que, independente do subtipo leucêmico, o uso de pesticida residencial pelas mães pode ter um papel na etiologia da LLA e que a exposição pré-natal pode ser uma janela de vulnerabilidade fetal (RUDANT et al., 2007). Essa vulnerabilidade na idade fetal e também durante os primeiros anos de vida pode ser explicada pelo fato desses serem períodos cruciais no desenvolvimento da criança. No primeiro caso, alguns agentes químicos podem cruzar com facilidade a barreira placentária ou mesmo interferir no desenvolvimento de importantes sistemas corporais, como por exemplo, o nervoso e afetar diretamente a diferenciação cortical, a migração neuronal, a sinaptogênese e a mielinização (MELLO-DA-SILVA; FRUCHTENGARTEN; 2005). No segundo caso, as vias de biotransformação e metabolismo do organismo da criança não estão completamente desenvolvidos do nascimento até os primeiros meses. Isso pode tornar a criança incapaz de metabolizar e excretar muitos agentes tóxicos por e, no caso de uma exposição continuada ou crônica, estes podem ser acumulados em órgãos ou tecidos, como ossos e células adiposas. Os efeitos decorrentes da exposição crônica também podem aparecer de forma tardia, acarretando em danos 33 irreversíveis a criança, como o desenvolvimento de tumor ou paralisia (BRASIL, 1997; MELLO-DA-SILVA; FRUCHTENGARTEN, 2005). Uma revisão sistemática baseada em estudos publicados durante os anos de 1987-2007 identificou 12 estudos de caso-controle, que apresentaram estimativas de risco sobre a exposição à pesticida residencial e leucemia infantil (METAYER; BUFFLER, 2008). Destes 12 estudos epidemiológicos, 6 relataram uma associação significativa entre o uso de inseticida doméstico ou de jardim e a LLA, com estimativas de risco OR=1,5 a 2,5 durante as janelas de tempo pré-natal, gravidez e infância, assim como, para o uso de herbicidas. Outros estudos baseados em um pequeno número de crianças expostas ao pesticida específico para o combate de moscas (mosquiticida), indicaram um risco aumentado de 3 a 4 vezes para a LLA. Bailey et al. (2010) realizaram um estudo que procurou identificar quais os tipos de pesticidas profissionais utilizados no combate a pragas em torno das casas e no jardim de famílias australianas, no período anterior e durante a gravidez e na infância. Para tanto, entre os anos de 2003 e 2007, avaliaram 1.258 crianças com idade inferior a 15 anos, 388 delas com diagnóstico de LLA e 870 como controles. A análise entre exposição à pesticida ao redor da casa e no jardim revelou uma associação significativamente positiva para o risco de LLA nos seguintes períodos: antes da gravidez com OR=1,9 (0,83-1,69 a 95%Cl), durante a gestação OR=1,30 (0,86-1,97 a 95%Cl) e após nascimento OR=1,24 (0,93-1,65 a 95%Cl). Quanto ao tipo de pesticida, o que apresentou estimativas elevadas foi o pesticida para cupins com OR=2,06 (0,88-4,84 a 95% Cl) antes da gestação e OR=2,43 (0,96-6,11 a 95% Cl) durante a gravidez. De acordo com os autores, na Austrália há um número limitado de produtos químicos aprovados para o tratamento de cupins. Estes incluem deltametrina, permetrina e bifentrina que são pertencentes aos inseticidas piretróides. Também é usado o cloropirifos, que é um organofosforado e o fipronil, que é um fenilpirazóis. Destes produtos químicos, a bifentrina, a permetrina e o finopril são classificados no Grupo C como possivelmente cancerígenos para os seres humanos pela Agência de proteção ambiental dos Estados Unidos- Environmental Protection Agency (EPA). Outro estudo do tipo caso-controle realizado na Califórnia por Rull et al. (2009), com base em 213 casos de LLA e 268 controles, analisou a existência de correlação entre a distância de aplicação dos pesticidas agrícolas às residências e o risco para a LLA, assim como, categorizou os riscos para a doença relacionados aos 34 grupos de pesticidas e propriedades físico-químicas. Todos os participantes eram menores de 10 anos, sendo 33% (70 casos) inferior a 3 anos e 38% (81 casos) com idade entre 3-4 anos. Os efeitos das exposições foram avaliados durante o primeiro ano de vida e tempo de vida da criança, desde nascimento até o momento do diagnóstico. Quanto à aplicação de pesticidas em áreas próximas às residências, foi constatado que a exposição pode ter ocorrido dentro da própria residência, aspecto que pode estar relacionado com a presença e persistência de agrotóxico no ambiente. Com relação ao risco para o desenvolvimento de LLA e o tipo de pesticida exposto, foram encontrados valores moderados, sujeitos ao tempo de vida e exposição à fumigação com razão de chance 1,7 (1,0-3,1 a 95% Cl) e OR= 1,5 (0,92,4 a 95% a Cl) para inseticidas, enquanto os herbicidas apresentaram OR=1,3 (0,82,3 a 95% a Cl) e os inseticidas apresentaram OR=1,2 (0,7-2,2 a 95% a Cl), para o primeiro ano de vida das crianças. Em relação às propriedades físico-químicas, foi relatado um risco elevado para alta exposição aos azóis fungicidas com OR=2,1 (0,8-5,4 a 95%Cl) e risco elevado de exposição moderada aos fenóis clorados OR=2,0 (1,0-3,8 a 95%Cl), organosfosforados OR=1,6 (1,0-2,7 a 95%Cl) e triazinas OR= 1,9 (1,0-3,7 a 95% a Cl). Os efeitos tóxicos de certos pesticidas, como os organofosforados, identificados neste estudo incluem estresse oxidativo, interrupção e inibição da acetilcolinesterase, contudo pouco se sabe sobre o papel desses efeitos sobre a LLA. Há evidências de que os efeitos decorrentes da exposição a essas substâncias, inibem a capacidade da enzima acetilcolinesterase (AchE) ou butirilcolinesterase (Bu-chE), que regulam a acetilcolina encontrada no tecido nervoso, na junção neuromuscular e nos glóbulos vermelhos (BRASIL, 1997; RULL et al., 2009; INCA, 2010). Soldin et al. (2009) realizaram durante o período de 2005-2008, um estudo de base populacional de casos-controle com a população americana de Washington. O objetivo da investigação foi identificar a associação entre exposições a pesticida de uso doméstico e o risco de LLA. Como sujeitos foram incluídos crianças diagnosticadas com a LLA e suas mães, sendo 41 pares de casos e controles (mãefilho), ordenados por idade, sexo e município de residência. Os métodos de análise foram através da coleta da urina e de um questionário ambiental adaptado especificamente pelo Grupo de Oncologia Infantil, no qual buscaram identificar questões sociodemográficas, história médica, o bairro e as características de origem, 35 história de tabagismo ativo e passivo, consumo de álcool, componentes nutricionais, ocupacionais e exposições de domicílios dos pais durante o período do pré-natal. A análise das características (sexo, educação materna, etnia, idade da mãe, casos de câncer na família materna e paterna) entre casos da doença e os controles não apresentou diferenças estatisticamente significativas, quanto ao risco para a LLA, bem como o tabagismo e consumo de álcool durante o pré-natal. Entretanto, houve diferença significativa no valor de P (0,01) quanto à renda familiar dos casos e dos controles, onde 82% (32 controles) apresentavam boa condição socioeconômica contra 19 (53% casos). De acordo com a análise dos questionários, quando comparadas às mães crianças com LLA e as mães dos casos controle, 33% das primeiras relataram o uso de inseticidas para controle de pragas em animais de estimação durante o período pré-natal, contra 14% das segundas, com valor significativo de P(0,02). Adicionando a esses dados, os encontrados nos resíduos de pesticidas da urina dos participantes, foi observada uma associação significativa quanto à exposição a pesticida de combate a erva daninha, com valor significativo de P (0,04). Em relação aos resíduos encontrados na urina de mães e crianças, o composto mais encontrado foi dimetil-tiofosfato (DMTP) detectado em 99% das amostras. Essa substância química pertence à classe do organofosforados, já explicados anteriormente. Wigle, Turner e Krewski (2009) em um trabalho de meta-análise realizado mediante pesquisa na base de busca MEDLINE (1950-2009) avaliaram estudos sobre a exposição profissional dos pais a pesticida e a ocorrência de leucemia infantil. Esta meta-análise incluiu 31 estudos, sendo 26 do tipo caso-controle e 5 estudos de coorte. Foram encontradas associações positivas entre a exposição ocupacional paterna e o aumento do risco para a LLA aos inseticidas OR= 1,43 (1,06-1,92 a 95%Cl), herbicidas OR=1,25 (0,94-1,66 a 95%Cl) e fungicidas OR=1,66 (0,87-3,17 a 95%Cl), assim como, para a exposição ocupacional materna, na qual foi observado um aumento no risco no período pré-natal aos inseticidas OR= 2,72 (1,47-5,04 a 95%Cl) e herbicidas OR= 3,62 (1,28-10,3 a 95%Cl). Na mesma época, outro estudo de meta-análise, apontou que dentre os 17 estudos relacionados com exposição a pesticidas residenciais e LLA, 8 apresentaram associação positiva e aumento significativo no risco de leucemia infantil, tendo mais relevância no período gestacional. A razão de chance foi 1,54 36 (1,13-2,11 a 95%CI) para pesticidas não especificados, inseticidas OR=2,05 (1,802,32 a 95%Cl) e herbicidas OR=1,61 (1,20-2,16 a 95%Cl) (TURNER; WIGLE; KREWSKI, 2010). Acerca dos resultados apresentados acima, as associações positivas entre a exposição dos pais a inseticidas e herbicidas, principalmente da mãe durante o período gestacional, podem provocar alterações na contagem de leucócitos, comprometer a diferenciação, proliferação e sobrevivência das células hematopoiéticas e deixar a criança mais suscetível à LLA (EMERENCIANO, 2006; EMERENCIANO; KOIFMAN; POMBO-DE-OLIVEIRA, 2007; EDEN, 2010). Em outro estudo de meta-análise realizado no período de 1960 a março de 2008, nove de onze estudos encontrados relataram pelo menos uma associação significativa entre exposição a pesticidas domésticos e leucemia infantil. Dentre as associações significativamente positivas encontradas, dois estudos indicaram exposição aos inseticidas durante a gravidez com uma razão de chance de 2,2 (1,52,1 a 95%CI) e OR=1,8 (1,1-2,8 a 95%CI), assim como para herbicidas com OR=2,5 (0,8-7,2 a 95%CI). Também foi observado que para a maioria dos estudos, foram encontradas diferenças significativas quanto à exposição materna de inseticidas de uso interno, apresentando as seguintes razões de chance para o risco de leucemia infantil OR=3,8 (1,4-13 a 95%CI), OR=3,0 (1,6-5,7 a 95%CI), OR=2,1 (1,7-2,5 a 95%CI), OR=1,8 (1,3-2,4 a 95%CI) e OR=2,1 (1,3-3,5 a 95%CI). Neste estudo, ficou evidente que a principal via de exposição aos pesticidas inseticidas e herbicidas foi através do uso doméstico das mães durante a gestação, aumentando o risco para o desenvolvimento da doença (RUDANT et al., 2009). Por fim, é válido destacar um estudo de base populacional de casos-controle realizado por Ward et al. (2009) na Califórnia, no período de 2001-2006, que incluiu 184 casos de LLA e 212 controles entre crianças de 0 a 7 anos de idade, pareados por data de nascimento, sexo, raça, e etnia hispânica. O objetivo dessa investigação foi examinar o risco de leucemia na infância à exposição residencial a produtos químicos organoclorados persistentes (PCBs). Para tanto, foi utilizado como indicador da exposição aos pesticidas à poeira presente no tapete da sala. Foram identificados vários tipos de compostos bifelinos policlorados (PCBs) e observado um risco elevado para a LLA com uma razão de chance 1,97 (1,22-3,17 a 95%Cl), perante exposição a qualquer tipo desse pesticida. Houve uma amostra na qual não 37 foi especificada, que apresentou um risco de quase três vezes para a LLA OR= 2,78 (1,41-5,48 a 95% CI), com uma associação positiva significativa. Quando analisados seis tipos específicos de PCBs identificados na poeira, quatro apresentaram uma associação positiva com aumento de risco para a LLA, sendo PCB-118 com OR=1,78 (0,91-3,47 a 95%Cl), PCB-138 OR=2,06 (1,18-3,59 a 95%Cl), PCB-153 OR=1,67 (1,06-2,63 a 95%Cl) e PCB-170 OR=2,05 (0,99-4,26 a 95%Cl). Quanto aos outros compostos químicos organoclorados encontrados na poeira do tapete, o DDT, DDE, clordano, metoxicloro e pentaclorofenol não foram associados com risco aumentado para a LLA. Nos dias atuais, os níveis dos inseticidas PCBs têm diminuído consideravelmente, mas ainda é possível encontrar resíduos misturados com outras substâncias. Lugares fechados e com pouca ventilação podem ser um grande contribuinte para a exposição das crianças a esses compostos, pois normalmente estão protegidos da degradação da luz solar, umidade e bactérias permanecendo por mais tempo no local e aumentando o fator de risco para a LLA (MELLO-DASILVA; FRUCHTENGARTEN, 2005; WARD et al., 2009). 5 CONCLUSÃO A leucemia linfocítica aguda infantil (LLA) é o câncer mais comum em crianças menores de 15 anos e sua etiologia é pouco compreendida. Apresenta incidência elevada nos países desenvolvidos, com pico entre crianças de 2-5 anos de idade, principalmente em meninos de etnia branca. Essa incidência aumentou significativamente após a Segunda Guerra Mundial, sugerindo que as exposições ambientais ou mudanças no estilo de vida podem desempenhar um papel etiológico. Dentre os fatores de riscos associados à doença, encontra-se a exposição aos pesticidas, que são produtos químicos amplamente utilizados pela população, com o objetivo de eliminar algum tipo de praga indesejável. Outrossim, são substâncias químicas que acarretam vários efeitos perigosos e graves ao organismo humano, dentre os quais as intoxicações relacionadas a sua composição química e a forma de exposição ao composto. Diante do objetivo proposto para o presente trabalho e dos resultados encontrados nos estudos selecionados, sugere-se que a principal via de exposição aos pesticidas acontece pela exposição materna durante a gestação ou pelas 38 crianças na infância. Dentre os tipos de pesticidas utilizados e relacionados com o risco aumentado para o desenvolvimento de LLA, encontram-se os inseticidas residenciais que possuem sua principal ação contra insetos, larvas, formigas presentes, principalmente em ambientes domésticos. Dessa maneira, o conhecimento produzido no presente estudo contribuiu para ratificar um dos fatores relacionados com a etiologia da LLA e abrir questionamentos para que outros trabalhos sejam realizados para elucidar como os mecanismos dos pesticidas atuam sobre a etiologia da LLA. 39 REFERÊNCIAS ABBAS, A. K; LICHTMAN, A. H; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 6 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 564 p. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Cartilha sobre agrotóxicos: série trilhas do campo. Brasília, DF, 2011. 25 p. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Reavaliação toxicológica do ingrediente ativo da parationa metílica. Brasília, DF, 2012. 95 p. ALBERTS, B; JOHNSON, A; LEWIS, J; RAFF, M; ROBERTS, K; PETER, W. Biologia Molecular da Célula. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. 1396 p. BAILEY, H. D; ARMSTRONG, B. K; KLERK, N. H; FRITSCHI, L; ATTIA, J; SCOTT, R. J; SMIBERT, E; MILNE, E. 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