UNIVERSID ADE DO V ALE DO P AR AÍ B A CENTRO DE ESTUDOS DA NATUREZA Daniel a Ca rdoso d a Silva C AR ACTERIZ AÇ ÃO D AS ATIVID ADES DE PESCA ARTES AN AL N A REGI ÃO S UL DO M UNICÍPIO DE UB ATUB A, SP / BR. Daniel a Ca rdoso d a Silva CARACT ERIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE PESCA ART ESANAL NA REGI ÃO SUL DO MUNICÍ PIO DE UBATUBA, SP / BR. Relatório Final apresentado como parte das exigências da disciplina de Trabalho de Graduação à Banca Avaliadora da Faculdade de Educação do Vale do Paraíba para obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas com ênfase na área ambiental. Ori entação: Prof. Bi ól ogo sani tari sta Muri l o Pi res Fi ori ni Co-orientação: Msc. Médica Veterinária Juliana Marigo São José dos Ca mpo s, SP 2005 AG R A D E C I M E N T O S A g r a d e ç o p r i me i r a me n t e a mi n h a m ã e p o r t o d o s a c r i f í c i o f e i t o p e l a mi n h a f o r m a ç ã o a c a d ê mi c a . Agradeço i mensa mente a Murilo Pires Fiorini, me u o r i e n t a d o r e me m b r o d a c o o r d e n a ç ã o d a S E P E A ( S o c i e d a d e d e Estudos e Pesquisas em E c o s s i s t e ma s Aquáticos) por ter a c r e d i t a d o n o me u t r a b a l h o , p o r t e r me g u i a d o p e l a s mã o s e t e r me dado a poio quando ningué m a creditava. A g r a d e ç o t a mb é m a J u l i a n a M a r i g o ( P r o je t o B i o p e s c a ) , c o o r i e n t a d o r a , a mi g a e c o n s e l h e i r a p o r t e r c o l o c a d o me u s p é s n o chão e me mostrado a realidade do trabalho de ca mpo, por ter l i d o e r e l i d o t a n t a s v e z e s mi n h a s a n o t a ç õ e s e p o r t e r m e d a d o todo apoio que precisei em Ubatuba. A C a r o l i n a B e r t o z z i ( P r o je t o utilização do questionário B i o p e s c a ) , p o r p e r mi t i r a desenvolvido por el a e m mi n h a s entrevistas. A t o d o s o s p r o f e s s o r e s e a mi g o s q u e me a j u d a r a m . A t o d o s o s p e s c a d o r e s , p o i s s e m a a ju d a d e l e s e s t e trabalho não seria possível. RESUMO N o p e r í o d o d e a b r i l 2 0 0 4 a ju n h o 2 0 0 5 , f o r a m r e a l i z a d a s 1 2 visitas a praia da Maranduba, em Ubatuba com o o b je t i v o de conhecer a atividade pesqueira artesanal em seu caráter social, bem c o mo d e s c r e v e r a f r o t a p e s q u e i r a , e r e a l i z a r u m l e v a n t a me n t o d a captura acidental de cetáceos. Foram entrevistados 22 pescadores, n u m t o t a l d e 1 9 e mb a r c a ç õ e s , o n d e f o r a m a b o r d a d o s o s s e g u i n t e s a s p e c t o s : s o c i a i s ( f a i x a e t á r i a , e s c o l a r i d a d e , n a t u r a l i d a d e , mé d i a s a l a r i a l ) ; a r t e s d e p e s c a ( e mb a r c a ç ã o : - c o mp r i m e n t o , m a t e r i a l d o casco, mot or, autono mia; redes: - malha, altura, c o m p r i me n t o ) , locais de pesca (distância da costa, profundidade); e interação com cetáceos. Notou-se que a pesca é u ma atividade f a mi l i a r e oportunista dada a diversidade dos apetrechos e a versatilidade das e mb a r c a ç õ e s v i s a n d o a d e q u a r o s m é t o d o s à c a p t u r a d a s e s p é c i e s mais abundantes e / ou rentá veis e que as interações co m cetáceo s tanto avistage m co mo captura a cidental ocorre m ao longo do ano. O s d a d o s d e c a p t u r a a c i d e n t a l p r o v a v e l me n t e f o r a m s u b e s t i m a d o s d e v i d o à b a i xa f r e q ü ê n c i a à á r e a d e e s t u d o f a z e n d o - s e n e c e s s á r i o o m o n i t o r a me n t o s i s t e m á t i c o d a f r o t a p a r a a v a l i a r a d e q u a d a m e n t e o i mp a c t o d a p e s c a s o b r e o s c e t á c e o s d a á r e a . L I S T A P A R C I A L D O S T R AB AL H O S R E AL I Z A D O S D U R A N T E A G R A D U A Ç ÃO T R AB AL H O S P U B L I C AD O S / S U B M E T ID O S SILVA, D. C. da; AQUINO-SILVA, M. R. DE; GIARDI, L.; FIORINI, M. P., 2005. Artes de pesca da praia da maranduba, Ubatuba, São Paulo, Brasil. In: VIII Simpósio de Biologia Marinha em Santos – SP. Livro de resumos pg. 74. SILVA, D. C. da; AQUINO-SILVA, M. R. DE; GIARDI, L.; FIORINI, M. P., 2005. Aspectos socioeconômicos da pesca artesanal na enseada do mar virado, Ubatuba, SP, Brasil. Apresentado ao IX Encontro de Iniciação Cientifica INIC da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP) e aceito pelo mesmo. MARIGO, J.; FEIJÓ, E.C.; OLIVEIRA, F. A.F. de; SILVA, D.C. da; RUOPPOLO, V.; BERTOZZI, C. P., 2005. Novos registros de Pontoporia blainvillei em Ubatuba, Litoral norte de São Paulo e os limites do hiato. In: IV Encontro Nacional sobre Conservaçãp e Pesquisa de Mamíferos Marinhos – IV ENCOPEMAQ. Livro de Resumos pg.38. SILVA, D. C. da; AQUINO-SILVA, M. R. DE; GIARDI, L.; FIORINI, M. P., 2005. Interação da pesca artesanal com cetáceos no sul de Ubatuba, SP, BR. Submetido ao VII Congresso de Ecologia do Brasil – Universidade de São Paulo – USP que acontecerá entre os dias 20 e 25 de novembro de 2005. P AR T I C I P A Ç Õ E S E M E V E N T O S I I S i mp ó s i o P r o je t o M a r a z u l . S a ú d e e S e g u r a n ç a n o M a r r e a l i z a d o e m ju l h o d e 2 0 0 0 . I I I S i mp ó s i o P r o je t o M a r a z u l . S a ú d e e S e g u r a n ç a n o M a r r e a l i z a d o e m ju l h o d e 2 0 0 1 . I I S i mp ó s i o A p l i c a d o à E c o s s i s t e ma s A q u á t i c o s – I I S A E M r e a l i z a d o em agosto de 2001. I V S i m p ó s i o P r o j e t o M a r a z u l . E s p o r t e , M e i o A mb i e n t e e Q u a l i d a d e d e V i d a r e a l i z a d o e m ju l h o d e 2 0 0 2 . III Se mana de Biologia – III SEBIO realizado em a gosto de 2 002 na Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP. Congresso de Meio Ambiente realizado e m maio de 2005 pela GPA. II Encon tro de O NGs e O SCI Ps Ambientais realizado e m maio de 2005 na Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP. V I I I S i mp ó s i o d e B i o l o g i a M a r i n h a r e a l i z a d o e m j u l h o d e 2 0 0 5 n a Universidade Santa Cecília - UNISANTA. O R G AN I Z A Ç ÃO D E E V E N T O S C O M O S Ó C I A- E F E T I V A D A S E P E A (SO CI EDADE DE EST UDO S E PESQ UI SAS EM ECO SSI ST EMAS AQ U ÁT I CO S) Mi ni-c ursos: Reabilitação de Aves e Ma míferos Mari nhos – 2002. L i x o é L u xo e L u xo é L i xo – 2 0 0 2 . P r o je t o e p e s q u i s a d e t a r t a r u g a s m a r i n h a s n o B r a s i l - P r o je t o TAMAR – 2003. L i mn o l o g i a , R e c u r s o s H í d r i c o s , B i o d i v e r s i d a d e e I mp a c t o A m b i e n t a l : a E c o t o x i c o l o g i a e a L i mn o l o g i a c o m o f e r r a m e n t a s d e a v a l i a ç ã o – 2003. I mp a c t o s a m b i e n t a i s d e r e s í d u o s i n d u s t r i a i s : g e r e n c i a me n t o d e t é c n i c a s e e q u i p a me n t o s n a r e c u p e r a ç ã o a m b i e n t a l – 2 0 0 3 . I n t r o d u ç ã o d e e s p é c i e s e xó t i c a s – a ç ã o c o n t a mi n a n t e e e f e i t o s n a aqüicultura – 2003. E c o l o g i a d e ma m í f e r o s a q u á t i c o s – 2 0 0 4 . Macroi nvertebrados b entôni cos co mo bi oi ndi cadores da pol ui ção aquática – 2004. Educação Ambiental – 2004. N e c r o p s i a e p a r a s i t o s d e m a m í f e r o s ma r i n h o s – 2 0 0 5 . Works hops A ç õ e s p a r a s a l v a r a n i ma i s m a r i n h o s e m d e r r a m e s d e ó l e o – 2 0 0 3 . Educação Ambiental: Realidade ou Utopia – 2005. Simpósios I I I S i mp ó s i o A p l i c a d o a E c o s s i s t e m a s M a r i n h o s – I I I S A E M – 2 0 0 3 . I Se mana do Pei xe Vi vo – 20 04. IV Si mpósio Aplicado a Ecossiste mas Marinhos – IV SAEM, II Se mana do Pei xe Vi vo e I Se mana d o Mei o A mbi ente – 2005 . ABSTRACT B e t we e n A p r i l 2 0 0 4 a n d J u n e 2 0 0 5 , 1 2 v i s i t s we r e m a k e t o Maranduba´s bea ch in Ubatuba intending to know and des cribe the a r t e s i a n f i s h i n g a c t i v i t y , i t ´ s s o c i a l c h a r a c t e r a n d i t ´ s i n t e r a c t i o n wi t h c e t a c e a n s . T we n t y t w o f i s h e r ma n we r e i n t e r v i e we d , i n a t o t a l o f 1 9 b o a t s . T h e f o l l o wi n g a s p e c t s w e r e q u e s t i o n e d : s o c i a l ( a g e , s a l a r y average); type of fishing (Boats: length, a u t o n o m y ; n e t s : me s h , h e i n g t , l e n g t h ) hoof ma t e r i a l , engine, and fi shi ng areas (di stance f r o m c o a s t , d e p t h ) ; a n d i n t e r a c t i o n wi t h c e t a c e a n s . I t wa s o b s e r v e d t h a t f i s h i n g a s a f a mi l i a r a n d o p o r t u n i s t i c a c t i v i t y a s s h o we d b y a r t ´ s diversity and boat´s versatility aim to adequate metods to ca tch s p e c i e s mo r e p l e i n t f u l o r mo r e p r o f i a b l e ; c e t a c e a n s i n t e r a c t i o n s a s much occasional observa tions as by-catch o ccure year long. Byc a t c h d a t a we r e p r o b a b l y s u b e s t i m a t e d b e c a u s e o f l o w f r e q u e n c e i n s t u d y a r e a , b e e n n e c e s s a r y a s i s t e ma t i c f l e e t s u r v e y t o e v a l u a t e f i s h i n g i mp a c t o n c e t a c e a n s . LABOUR DONE DURING GRADUATION - PARCIAL LIST PUBLICATED / SUBMITED PAPERS SILVA, D. C. da; AQUINO-SILVA, M. R. DE; GIARDI, L.; FIORINI, M. P., 2005. Artes de pesca da praia da maranduba, Ubatuba, São Paulo, Brasil. In: VIII Simpósio de Biologia Marinha em Santos – SP. Livro de resumos pg. 74. SILVA, D. C. da; AQUINO-SILVA, M. R. DE; GIARDI, L.; FIORINI, M. P., 2005. Aspectos socioeconômicos da pesca artesanal na enseada do mar virado, Ubatuba, SP, Brasil. Sent to Encontro de Iniciação Cientifica INIC da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP) and acept. MARIGO, J.; FEIJÓ, E.C.; OLIVEIRA, F. A.F. de; SILVA, D.C. da; RUOPPOLO, V.; BERTOZZI, C. P., 2005. Novos registros de Pontoporia blainvillei em Ubatuba, Litoral norte de São Paulo e os limites do hiato. In: IV Encontro Nacional sobre Conservaçãp e Pesquisa de Mamíferos Marinhos – IV ENCOPEMAQ. Livro de Resumos pg.38. SILVA, D. C. da; AQUINO-SILVA, M. R. DE; GIARDI, L.; FIORINI, M. P., 2005. Interação da pesca artesanal com cetáceos no sul de Ubatuba, SP, BR. Sent to VII Congresso de Ecologia do Brasil – Universidade de São Paulo – USP. EVENTS PARTICIPATION II Simpósio Projeto Marazul. Saúde e Segurança no Mar accomplished in July, 2000. III Simpósio Projeto Marazul. Saúde e Segurança no Mar accomplished in July, 2001. II Simpósio Aplicado a Ecossistemas Aquáticos – II SAEM accomplished in August, 2001. IV Simpósio Projeto Marazul. Esporte, Meio Ambiente e Qualidade de Vida accomplished in July, 2002. III Semana de Biologia – III SEBIO accomplished in August, 2002 in Vale do Paraíba University - UNIVAP. Congresso de Meio Ambiente accomplished in May, 2005 by GPA in Vale do Paraíba University - UNIVAP. II Encontro de ONGs e OSCIPs Ambientais accomplished in May, 2005. VIII Simpósio de Biologia Marinha accomplished in July, 2005 in Santa Cecília University - UNISANTA. EVENTS ORGANIZATION AS EFETIVE-MEMBER OF SEPEA (Studies and Researchs in Aquatic Ecossistems Society) Mini-courses: Birds and marine mammals reabilitation – 2002. Trash is luxury and luxury is trash – 2002. Project and research in marine turtles in Brazil- TAMAR Project – 2003. Limnology, Hydric Resorts, Biodiversity and enviromment Impact: Ecotoxicology and Limnology as valuation tools – 2003. Industrial residue enviromment impacts: tecniques and equipmants management in enviromment recuiperation – 2003. Exotic species introdution – infect action and aquaculture efects – 2003. Aquatic mammals ecology – 2004. Bentonic macroinvertebrates as bioindicators of aquatic polution – 2004. Enviromment education – 2004. Marine mammals necropsy and parasites – 2005. Workshops Actions to save marine animals in oil accidetns – 2003. Enviromment education: Reality or utopia – 2005. Symposium III Symposium applyed to marine ecossistems – III SAEM – 2003. I Live Fish Week – 2004. IV Symposium applyed to marine ecossistems – IV SAEM, II Live Fish Week and I Enviromment Week – 2005. RELAÇÃO DE FIGURAS, TABELAS E GRÁFICOS Figuras Foto de satélite da Enseada do Mar Virado, realizada em janeiro de 2005 Desembocadura do rio Maranduba Foto de satélite da área de pesca utilizada pelos pescadores da praia Maranduba Sotalia guianensis capturados em rede de caceio Baleia da família balaenopteridae encalhada. Perfil Baleia da família balaenopteridae encalhada. Cabeça Rede de espera. Rede de emalhar caceio. Rede de arrasto de popa. Rede de arrasto trangona Zangarelho 3.1.1 3.1.2 4.2.5 4.3.1 4.3.2 4.3.3 I.a I.b II.a II.b III.b 14 14 24 25 27 27 49 50 52 52 53 Tabelas 4.1.3 4.1.4 4.1.5 4.1.6 4.2.1 4.1.2 4.2.2 5.3.1 Naturalidade Escolaridade dos pescadores da Maranduba Tradição de pesca Salário médio Descrição das embarcações utilizadas na praia Maranduba. Embarcações utilizadas pelos pescadores da Maranduba. Características das redes de espera e de arrasto Resumo da pesca e captura acidental de cetáceos na região sudeste do Brasil. 17 18 19 19 20 21 22 41 Gráficos 4.1.2 4.2.3 4. 2.4 Faixa etária dos pescadores da maranduba Variação sazonal da pesca na praia Maranduba Variação de uso dos artefatos de espera. 17 23 24 SUMÁRIO Página 1 Int rodução 01 1.1) Revisão Bibliográfica 02 1 . 1 . 1 ) A s p e c t o s s o c i o e c o n ô mi c o s 02 1.1.2) Caracterização da pesca artesanal 04 1.1.3) Interação com cetáceos 06 2. O b je t i v o s 12 2. Geral 12 2.1) Específico 12 3 Mate rial e Métodos 13 3.1) Área de Estudos 13 3.2) Entrevistas 15 3.3) Saídas a Bordo 15 3.4) Capturas acidentais 15 3.5) Encalhe 4. R e s u l t a d o s 16 16 4 . 1 ) A s p e c t o s s o c i o e c o n ô mi c o s 16 4.1.1) Características da área 16 4 . 1 . 2 ) F a i xa e t á r i a 17 4.1.3) Naturalidade 17 4.1.4) Escolaridade 18 4.1.3) Tradição de pesca 18 4.1.5) Média salarial 19 4.2) Caracterização das artes de pesca 20 4.2.1) Frota 20 4.2.2) Artefatos de pesca 21 4.2.3) Sazonalidade da pesca 22 4.2.4) Utilização das redes de espera 23 4.2.5) Área de pesca 24 4.3) Interação com cetáceos 25 4.3.1) Captura acidental de cetáceos 25 4.3.2) Encalhes 26 5. D i s c u s s ã o 28 5 . 1 ) A s p e c t o s S o c i o e c o n ô mi c o s 29 5.1.1) Características da área 29 5.1.2) Fai xa etári a 30 5.1.3) Naturalidade 30 5.1.4) Escolaridade 30 5.2) Caracterização das artes de pesca 31 5.2.1) Frota 31 5.2.2) Artefatos de pesca 33 5.3) Interação com Cetáceos 33 5.3.1) Captura acidental de cetáceos 34 5.3.2) Encalhe 35 6 Concl usões 36 7 Referê ncias Bibliográficas 39 8 Ap ê n d i c e s 47 8.1) Descrição das redes de pesca 9 Anexos Questionário de pesca 48 54 55 1 1) I N TR O D U Ç Ã O A atividade humana é responsáv el por um grande n ú me r o d e a me a ç a s à d i v e r s i d a d e ma r i n h a . D e n t r e e l a s destaca m-se a pesca e xc e s s i v a , o uso de mé t o d o s desperdiçadores de pesca (CORSON, 2002) e a captura de espécies não-alvo, cetáceos. co mo Segundo BENEDITTO, tartarugas, Norse 2001), “o predatórios c o mo o r g a n i s mo s marinhos e uso redes de que aves e (apud DI Nybarkken de aparelhos arrasto não marinhas são e a alvo de pesca captura da pesca de são c o n s i d e r a d o s g r a n d e s a m e a ç a s à v i d a ma r i n h a ” . Desta regional for ma, dos torna-se recursos necessária pesqueiros, à a d mi n i s t r a ç ã o assegurando a sustentabilidade da pesca e da cultura caiçara. No realizada Capturas mu n i c í p i o com de Ubatuba, e mbarcações acidentais de a ou pesca canoas tartarugas e é de cetáceos artesanal, madeira. o corre m, p r i n c i p a l me n t e e m r e d e s d e e s p e r a , p o r é m n ã o e xi s t e m dados estatísticos sobre a extensão destes acidentes. Considerando a p r o b l e má t i c a supracitada, este t r a b a l h o v i s a a u me n t a r o s c o n h e c i m e n t o s s o b r e a p e s c a e a e xt e n s ã o da captura acidental de cetáceos nas c o mu n i d a d e s d a B a r r a e R a p o s a , P r a i a M a r a n d u b a , a o s u l d o mu n i c í p i o d e U b a t u b a . 2 1. 1) R E V I S Ã O B I B LI O G R Á FI C A 1. 1. 1 ) As p e c t o s s ó c i o - e c o n ô m i c o s A ocupação do l i toral norte paul ista é anteri or ao p e r í o d o c o l o n i a l , já q u e f o i e a i n d a é h a b i t a d o p ô r í n d i o s tupi-guaranis (BRONDIZIO, 1994). Após o descobri mento do Brasi l , o l i toral foi quase a única área de povoa mento, porém nos estados do Sudeste ocorreram duas particularidades: a deserção de s ua população à medida que o p o v o a me n t o avançou para o interior e o não e s t a b e l e c i m e n t o d e i mi g r a n t e s , f i c a n d o e s t e l i t o r a l p r i v a d o d e i n f l u ê n c i a s c u l t u r a i s e xt e r n a s ( A D A M S , 2 0 0 0 ) . T a i s f a t o s d e i xa r a m marcas étnicas e culturais indígenas que se r e f l e t e m n a s a t i v i d a d e s s ó c i o - e c o n ô mi c a s c o m o a r o ç a e a pesca (BRONDIZIO, 1994), for mand o-se então a população caiçara. H i s t o r i c a me n t e , a f o r m a ç ã o d a s c o m u n i d a d e s c a i ç a r a s s ó p o d e s e r e n t e n d i d a n o c o n t e xt o d a o c u p a ç ã o d o l i t o r a l b r a s i l e i r o e d e s e u s c i cl o s e c o n ô mi c o s . N o l i t o r a l d e S ã o Paulo, devido às dificuldades de transporte criadas pela Serra do Mar, a ocupa ção ocorre u e m pontos distantes , c r i a n d o o t i p o d e v i d a f e c h a d a . O c a i ç a r a , p r a t i c a me n t e isolado do influências, mu n d o por de causa fora da em t e r mo s falta de de poder produtos e aquisitivo, aprendeu a aproveitar intensivamen te os recursos do meio, c r i a n d o u ma i n t i mi d a d e m u i t o p r o n u n c i a d a e n t r e o h o m e m e seu habitat (ADAMS, 2000). P o r v o l t a d e 1 7 0 0 , o c o r r e u u m ê xo d o d e m o g r á f i c o si gni fi cati vo do Val e do Paraíba pa ra o l i toral norte que foi intensificado com a queda da cafeicultura no fi nal do 3 século dezenove (BRONDIZIO, 1994). Esta queda aliada à queda do açucareiro intensificou a pesca artesanal e, t a mb é m , d e v i d o à n e c e s s i d a d e d e e x p l o r a ç ã o d e o u t r o s recursos que não fossem os de fl ora e fauna litorâneas, c o mo o p a l mi t o , a c a xe t a e o s a n i m a i s d e c a ç a ( D I E G U E S , 1973). A s s i m, f o r m a r a m- s e v i l a s e n t r e a S e r r a d o M a r e a p r a i a , o n d e h a v i a u ma c o n d i ç ã o g e o g r á f i c a q u e f a v o r e c i a a m a n u t e n ç ã o d e c e r t a a u t o n o mi a , d e v i d o à d i s p o n i b i l i d a d e de recursos para e xt r a ç ã o e e xp l o r a ç ã o (BRONDIZIO, 1994). Em meado s da década de quarenta foi inaugurada a BR-101, ligando o Rio de Janeiro a Santos e c o mo conseqüência, houve u m au mento n o processo de ocupação de áreas, resultando d e s ma t a m e n t o , que em a u me n t o co mpro meter a m a da poluição, renovação dos recursos naturais e de subsistência (BRONDIZIO, 1994). Apesar disso, manteve-se a cultura caiçara e a pesca a r t e s a n a l , d e f i n i d a p o r H a mi o v i c i ( 1 9 9 7 ) c o mo a p e s c a q u e e n g l o b a d e s e mb a r q u e s e s t u a r i n o s , c o s t e i r a s e d e á g u a s i n t e r i o r e s c o m d i v e r s a s a r t e s i n c l u i n d o e mb a r c a ç õ e s d e a t é 20 toneladas de registro bruto. Segundo R a ma l h o (2004), “fazer-se pescador a r t e s a n a l é t o r n a r - s e p o r t a d o r d e u m c o n h e c i me n t o e d e u m p a t r i mô n i o s o c i o c u l t u r a l , q u e o p e r mi t e m c o n d u z i r - s e , a o s a b e r o q u e v a i f a z e r n o s c a mi n h o s e s e g r e d o s d a s á g u a s , a mp a r a n d o s e u s a t o s e m u m a c o m p l e xa c a d e i a d e i n t e r relações a mb i e n t a i s típicas dos recursos naturais aquáticos.” Neste sentido se faz necessário a manuten ção dessa c u l t u r a e d e s u a e s t r e i t a r e l a ç ã o c o m o me i o a mb i e n t e , 4 onde o ho me m sente- se parte de seu meio e co mpreende as modificações que podem causar se utilizarem os recursos de for ma e xploratória e não sustentável. È i mp o r t a n t e m e n c i o n a r q u e , a t u a l m e n t e n a á r e a d e estudos, além da pesca, o caiçara local tem outras fontes d e r e n d a , c o mo a t i v i d a d e s l i g a d a s a o t u r i s mo e p r e s t a ç ã o de serviços a veranistas ( CLAUZET et al., 2005). 1.1.2) Ca racteri zação da pesca a rt esanal A pesca c o me r c i a l sendo águas praticada que Durante em até a ao 1960 década continentais longo era de de todo é u ma atividade l i toral b r a si l e i r o , p r e d o mi n a n t e m e n t e artesanal. setenta, através de incentivos g o v e r n a me n t a i s s u r g e p e s c a i n d u s t r i a l v o l t a d a à e xp o r t a ç ã o (NEIVA, 1990) . Entretanto a pesca artesanal contribui com cerca de 60% d e todo o pesc ado n acional (águas interiores e costeiras) (PAIVA, 1997). No Estado de São Paulo pesca artesanal corresponde a a p r o xi m a d a m e n t e 25 % da produção estadual de pescado (IBAMA, 2004), porém as pequenas co munidades pesqueiras não foram incluídas d e v i d o a o i n s u f i c i e n t e n ú me r o d e c o l e t o r e s . Alguns objetivo de trabalhos descrever têm a sido pesca apresentados artesanal com e/ou o suas i n t e r a ç õ e s , s e ja m e l a s s o c i a i s o u e c o l ó g i c a s . Na região sudeste do país, Di Beneditto et al. (1998) e Di Beneditto (2001 e 2003) descreveram a pesca no litoral norte do Ri o de Janei ro, onde há uma frota de cerca de 600 (seiscentas) e mbarcaçõe s, utilizando nove artef atos en tre redes de parelha. espera e de arrasto, inclusive o arrasto de 5 No estado de São Paulo, a pesca foi descrita por Mendonça e Katsuraga wa (2001) na região de Cananéia, onde se utilizam oito artes sendo 5 (cinco) utilizadas no estuário e 3 ( t r ê s ) n o ma r , s e n d o o s a p e t r e c h o s d e p e s c a motorizados e as e mbarca ções de pequeno porte. Berto zzi e Zerbini (2002) descreveram a pesca na Praia Grande, B a i x a d a S a n t i s t a , o n d e f o i m o n i t o r a d a u ma f r o t a d e 6 ( s e i s ) p e q u e n a s e mb a r c a ç õ e s s e m e q u i p a me n t o s d e n a v e g a ç ã o , que utilizam 7 (sete) tipos de redes de espera e o arrasto d e p r a i a c o n h e c i d o c o mo p i c a r é . N o mu n i c í p i o d e U b a t u b a , Vianna e Valentini (2004) rel ata m u ma frota de 162 e mb a r c a ç õ e s q u e u t i l i z a m s e i s a r t e s d e p e s c a , s e n d o e l e s redes de espinhel, arrasto, cerco redes de de trai nei ra e malhe, e linha arrasto de de fundo, parelha. Já Clauzet et al. (2005) descreveu a pesca na Barra do Una e na Enseada do Mar Virado, esta ú l t i ma á r e a o n d e f o i realizado o presente trabalho. Segundo Clauzet et al., fora m uti l i zados 8 (oi to) di ferentes artefatos de pesca e m a mb a s as co munidades além de 2 (dois) diferentes artefatos utilizados na barra do Una. Os pescadores locais e x e c u t a m a p e s c a d i a r i a me n t e e t r a n s mi t e m a o s jo v e n s o s c o n h e c i me n t o s s o b r e a a t i v i d a d e . Já no estado do Paraná, a pesca foi descrita por Chaves (2003) na Baía de Guaratuba onde há 7 (sete) tipos d e e mb a r c a ç õ e s , u t i l i z a n d o 7 ( s e t e ) a r t e s d e p e s c a n o e s t u á r i o e n a p l a t a f o r ma c o n t i n e n t a l . Desta for ma, torna-s e nece ssária a des crição da pesca artesanal local, dada a adequação dos artefatos pesqueiros à oferta e as condições geográficas de cada área, planos observando a necessidade s o c i o e c o n ô mi c o s e da me d i d a s i mp l e m e n t a ç ã o de ma n e jo de e 6 conservação dos estoques pesqueiros locais (DI BENEDITTO, 2001). Visto que a pesca é u ma atividade p r a t i c a d a a o l o n g o d e t o d o l i t o r a l b r a s i l e i r o e a t u a l me n t e r e c e b e i n c e n t i v o s f i s c a i s e e c o n ô mi c o s p a r a q u e o c o r r a u m a u me n t o s u s t e n t á v e l n a p r o d u ç ã o ( I B A M A , 2 0 0 2 ) . 1.1.3) Inte ração co m cetáceos Na costa brasileira são rel atadas 42 espécies de cetáceos ( SICILIANO, 2003) sendo oito espécies de três g ê n e r o s d e mi s t i c e t o s e 3 4 e s p é c i e s d e 2 2 g ê n e r o s d e odontocetos (F AO, 1993 e IBAMA, 2 001). No Brasi l , a caça a bal ei a teve i nício no sécul o XVII, e estendeu-se desde a Bahia até Santa Catarina. Em 1602 foi estabelecido, na região de S a l va d o r , o p r i me i r o porto destinado à caça das baleias. No decorrer do século XVII foram criadas novas ar maçõe s em pontos estratégicos espal hados por todo o l i toral da Bahi a. Entre 1740 e 1742, a p r i me i r a a r m a ç ã o b a l e e i r a , d e n o mi n a d a N o s s a S e n h o r a d a P i e d a d e e s t a b e l e c e u - s e n a s p r o xi mi d a d e s d a I l h a d e S a n t a C a t a r i n a ( h o je n o M u n i c í p i o d e C e l s o R a mo s ) . E n t r e 1964 e 1986 operou na Paraíba a COPESBRA, u ma i ndústri a brasil ei ra subsi di ada pela Ni pon Rei zo Kabashi Kai sha do Japão, que durante seu s 75 anos de e xi stên ci a a b a t e u c e r c a d e 2 2 . 0 0 0 a n i ma i s d e t o d a s a s e s p é c i e s , segundo os registros d e i xa d o s pela e mp r e s a (GREENPEACE in Litt., 2004). Em Santa Catarina surgiram a a r ma ç ã o d a L a g o i n h a , e m 1 7 7 2 ( h o je p r a i a d a A r m a ç ã o e m Florianópolis); ao norte, a ar mação de Itapocoróia, na região de Piçarras / Penha em 1778; a da Ilha da Graça em 1807, próxi mo a São Francisco do Sul. Ao sul, a de 7 Garopaba, ergui da entre 1793 e 1795 e a estação bal eei ra m a i s a u s t r a l d o B r a s i l e m t o d o s o s t e mp o s , a d e I m b i t u b a , e m 1 7 9 6 ( I N T I T U T O B A L E I A - F R A N C A in L i t t . , 2 0 0 4 . ) . Os produtos e xt r a í d o s eram o óleo, a gordura, a c a r n e , a s b a r b a t a n a s e o s o s s o s . O ó l e o f o i mu i t o u t i l i z a d o p a r a a i l u mi n a ç ã o p ú b l i c a e n a c o n s i s t ê n c i a d a a r g a ma s s a usada para as construções. As barbatanas eram utilizadas para a confe cção de espartilhos d as mulheres da époc a. H o je a i n d a p o d e m s e r e n c o n t r a d a s e d i f i c a ç õ e s f e i t a s c o m óleo de baleia nos municípios d e I mbituba e Garopa ba ( I N T I T U T O B A L E I A - F R A N C A i n L it t . , 2 0 0 4 . ) . Em 1987, a ca ça e molesta mento de cetáceo s fora m proibidos em águas sob ju r i s d i ç ã o brasileira, porém o acentuado declínio em que se encontravam as populações d e mi s t i c e t o s e o l o n g o c i c l o d e v i d a d a s e s p é c i e s t o r n a m o r e a b a s t e c i me n t o d o s e s t o q u e s p o p u l a c i o n a i s mu i t o l e n t o (DI BENEDITTO, décadas após a et al., 2001). proibição, foi No entanto, possível a l g u ma s observar u ma sensível recuperação das populações (INTITUTO BALEIAF R A N C A i n L it t . , 2 0 0 4 ) . A t u a l me n t e , c o m a c r e s c e n t e e xp l o r a ç ã o d o s r e c u r s o s m a r i n h o s , a u t i l i z a ç ã o t a n t o d e m é t o d o s t r a d i c i o n a i s , c o mo d e n o v a s t e c n o l o g i a s d e p e s c a e o a u me n t o d o n ú me r o e mb a r c a ç õ e s surge u ma nova situação de a me a ç a as populações de cetáceos, a captura acidenta. As relações entre os cetáceos resultados envolvidas. e negativos Pryor et a pesca para al. u ma (1990) n e m se mpre ou e a mb a s apresentam as espécies S i mõ e s - L o p e s (1991) d e s c r e v e m i n t e r a ç õ e s o n d e o s c e t á c e o s d o g ê n e r o T u r s io p s a ju d a m o s p e s c a d o r e s e m p u r r a n d o p e i xe s a t é s u a s r e d e s n o s u l d o B r a s i l , o me s m o é d e s c r i t o p a r a o g ê n e r o S o t a l ia 8 por Monteiro-Filho (1995) na regi ão de Cananéia, São Paulo. Poré m, os relatos de cooper ação são insignificantes s e c o mp a r a d o s a o s r e l a t o s d e e m a l h e . S e g u n d o P e r r i n e t al. (1994) cerca de 100.000 exe mplares de cetáceo s se p r e n d e m e m a p a r e l h o s d e p e s c a a n u a l me n t e n o mu n d o e a g r a n d e ma i o r i a r e s u l t a e m m o r t e . O s a c i d e n t e s c o m o s artefatos de pesca atingem um total de 80 % das espécies e xi s t e n t e s ( c e r c a d e 6 3 e s p é c i e s ) ( P E R R I N e t a l . , 1 9 9 4 ) . D a d o o i mp a c t o s u p r a c i t a d o , a s a r t e s d e p e s c a t ê m s i d o d e s c r i t a s c o m o o b je t i v o d e f a c i l i t a r a c o mp r e e n s ã o d o s me c a n i s mo s d e c a p t u r a a c i d e n t a l d e a n i ma i s m a r i n h o s (e.g. tartarugas, cetáceos e aves). Pois estas são consideradas co mo o principal fator antrópico de morte destes a n i ma i s (BARROS, 1994; BRONDIZIO, 1994; CORCUERA, 1994; CORCUERA et al., 1994; CRESPO et al, 1994; DANS et al, 2003; DI BENEDITTO et al, 1998; DI BENEDITTO, 2001; DI BENEDITTO BENEDITTO, 2003; GIFFONI, et 1996; al, 2001; GIFFONI, DI 2000; GOODALL , 1994; MO NTEI RO-NETO et al., 2000; SECCHI et al, 1997; ROSAS et al., 2002) e de danos aos artefatos de pesca (DI BENEDITTO, 2004). No Brasil, as principais espécies de mi s t i c e t o s ( b a l e i a s v e r d a d e i r a s ) s o b p r e s s ã o a n t r ó p i c a s ã o a ju b a r t e (Megaptera n o v a e a n g l ia e ) e a bal ei a-franca-do-sul (Eubalena au stralis) (IBAMA, 2001). Dentre os odontocetos brasileiros (golfinhos, botos e bal ei as-bi cudas) sob pressão antrópi ca estão o boto-corde-rosa ( I n ia ( T u r s io p s ( P o n t o p o r ia g e o f f r e n s is ) , truncatus), boto b l a n v il l e i) , golfinho-nariz-de-garrafa cinza (Sotalia), golfinho-rotador toninha (Stenella l o n g ir o s t r i s ) , e p r o v a v e l me n t e o g o l f i n h o - d e - d e n t e s - r u g o s o s 9 ( S t e n o b r e n d a n e n s i s ) , a o r c a ( O r c in u s o r c a ) a f a l s a o r c a ( P s e u d o r c a c r a s s id e n s ) e o g o l f i n h o - p i n t a d o - d o - A t l â n t i c o (Stenella f r o n t a l is ) (IBAMA, 2001). Dentre todos supraci tados, boto ci nza e a toni nha são as espéci es de cetáceos mais vulneráveis às rede s de pesca ( SICILI ANO , 1994; PINEDO, 1994; DI BENEDIT TO et al, 1998; IBAMA, 2001; ROSAS et al 2002), devi do à di stri bui ção costei ra de a mb a s ( F L O R E S , 2 0 0 2 e C R E S P O , 2 0 0 2 ) . O b o t o c i n z a p o d e s e r c a p t u r a d o o c a s i o n a l me n t e p a r a consu mo hu mano, utilizado co mo isca de tubarão ou c a ma r ã o , p o r é m a e xt e n s ã o d e s t a p r a t i c a é d e s c o n h e c i d a . Acredita-se genitais que usados ocorra em o co mérc io superstições de olhos a mo r o s a s e órgãos na região a ma z ô n i c a ( D A S I L V A & B E S T , 1 9 9 4 ) . E s t á l i s t a d o c o mo e s p é c i e p r o v a v e l me n t e a m e a ç a d a d e e xt i n ç ã o ( S M A / S P , 1998), porém com ‘Dados Deficientes’ (IBAMA, 2001 e IUCN, 2 002). Rece nte mente o gên ero Sotalia foi dividido e m d u a s e s p é c i e s , a s a b e r , S . f l u v ia t i l i s p a r a a f o r m a f l u v i a l e S . g u ia n e n s i s p a r a a f o r ma ma r i n h a ( C U N H A e t a l , 2 0 0 5 ) , p o s s i b i l i t a n d o me l h o r a v a l i a ç ã o d a s e s p é c i e s . A toninha é considerada a me a ç a d a de e xt i n ç ã o (SMA/SP, 1998; IBAMA, 2001 e IUCN, 2002). Pinedo (1994) revisou a captura acidental de cetáceos na região sul do Brasil, onde as capturas ocorrem e m r e d e s d e e s p e r a e d e a r r a s t o , p r e ju d i c a n d o e m m a i o r e s c a l a f i l h o t e s e ju v e n i s . N a c o s t a d e S a n t a C a t a r i n a h á r e l a t o s d e a g r e s s õ e s e mo r t e s d e S o t a l ia g u i a n e n s i s e m redes de pes ca ( SI MÕES-LO PES e XÍ MENEZ, 1990). Netto e B a r b o s a ( 2 0 0 3 ) c o m p i l a r a m i n f o r ma ç õ e s s o b r e c a p t u r a s acidentais na costa do Espírito Santo. 10 As redes de espera e ar madilhas são os artefatos qu e capturam pequenos cetáceos na costa norte do Rio de J a n e i r o e o b o t o ci n z a é o a n i ma l m a i s c a p t u r a d o ( d a S i l v a e Best, 1994; Di Beneditto et al. 1998; Di Beneditto, 2001) o n d e f o r a m c o m e r c i a l i z a d o s c o mo i s c a n o s a n o s o i t e n t a (Lodi e Capistrano, 1990). Rosas et al (2002) relataram sobre a captura acidental de toninhas em redes de espera ao l ongo do l i toral do Paraná e sul do l i toral de São Paul o. Bertozzi (2002) caracteri zou a pesca artesanal da Prai a Grande, l i toral central do estado de São Paul o, onde as r e d e s ma i s u t i l i z a d a s s ã o a s r e d e s d e e s p e r a e a s c a p t u r a s a c i d e n t a i s s ã o ma i s f r e q ü e n t e s d u r a n t e o v e r ã o e o o u t o n o . No ocorrem Litoral as P o n t o p o r ia b r e n d a n e n s is , Norte de São Paulo, seguintes espécies: b l a i n v i l l e i, T u r s io p s O r c in u s orca e região S o t a l ia estudada, guianensis, truncatus, diversas baleias Steno bicudas (HIGA et al. 1998; SANTOS et al., 2002; AZEVEDO et al., 2 0 0 2 ; F A O , 1 9 9 3 ) . D u r a n t e a mi g r a ç ã o , p a s s a m p e l a r e g i ã o a s b a l e i a s ju b a r t e ( M e g a p t e r a n o v a e a n g l ia e ) , b a l e i a - f r a n c a do-sul (Eubalena a u s t r a l is ) , baleia-azul (Balaenoptera musculus), baleia-fin (Balaenopter a physalus), baleia-sei (Balaenoptera b o r e a l is ) , b a l e i a - mi n k e (Balaenoptera acuturostrata) e pode haver a ocorrência da baleia-deb r y d e ( B a l a e n o p t e r a e d e n i) ( F A O , 1 9 9 3 ) . E m Ubatuba, Brondi zi o (1994) e Gi ffoni (1996 e 2000) descreveram as artes de pesca que capturam a c i d e n t a l me n t e t a r t a r u g a s m a r i n h a s . S ã o e l a s a s r e d e s d e e ma l h a r , a s a r m a d i l h a s e a s r e d e s d e a r r a s t o , b e m c o m o a s l i n h a s c o m v a r a , e s p i n h e l e u ma a r t e c o n h e c i d a l o c a l me n t e c o mo p i c a r é ( a r r a s t o d e p r a i a ) . 11 Segundo Siciliano (1994), d e vi d o à falta de p e s q u i s a s , h á p o u c a i n f o r ma ç ã o s o b r e a c a p t u r a a c i d e n t a l de cetáceos no município de Ubatu ba, apesar de co mu m a p e s c a , p r i n c i p a l me n t e d e t u b a r ã o . S a n t o s e S i c i l i a n o ( 1 9 9 4 ) relataram que em 1987 quatro foram encontradas toninhas e n c a l h a d a s , p r o v a v e l me n t e d e s c a r t e s d e c a p t u r a a c i d e n t a l . E xi s t e t a mb é m o r e l a t o d e u m f i l h o t e d e b a l e i a ju b a r t e capturado em rede de pesca ( SICILIANO, 1994). Em 1995, u ma t o n i n h a f o i e n c o n t r a d a mo r t a e m P i c i n g u a b a , n o r t e d e Ubatuba (AZ EVEDO e t al., 2002). Entre deze mbro de 199 6 e ma i o d e 1 9 9 8 , 1 5 e n c a l h e s f o r a m o b s e r v a d o s n a r e g i ã o de Ubatuba, c o mu m e os sendo S o t a l ia indivíduos g u ia n e n s is não a espécie apresentavam ma i s evidências d i r e t a s d e mo r t a l i d a d e e m r e d e s d e p e s c a ( H I G A e t a l . , 1998). Entre 1987 e 1998, Santos et al. (2002) relatam 27 encal hes de toni nha na regi ão norte do li toral de São Paul o (São Sebastião, Ilha Bela, Caraguatatuba e Ubatuba) sendo que cinco destes indivíduos apresentavam evidências de e ma l h e . O s a u t o r e s n ã o e s p e c i f i c a m e m q u a i s c i d a d e s o s e xe m p l a r e s f o r a m e n c o n t r a d o s n a s c o n d i ç õ e s s u p r a c i t a d a s . No mu n i c í p i o de Ubatuba foram encontrados quatro indivíduos, sendo um deles um neonato que encalhou vivo, poré m morreu 48 horas após o en c alhe, e outro u ma fê mea com um feto. Entre 1996 e 2004, 42 encalhes foram o b s e r v a d o s e m U b a t u b a , s e n d o S o t a l ia g u ia n e n s is ( 1 8 ) a e s p é c i e ma i s f r e q ü e n t e , s e g u i d a d e P o n t o p o r ia b l a i n v i l l e i (14), (VERDIANI, 2004; VERDIANI, e FREI 2004). Outro e s t u d o d o m e s mo p e r í o d o , e n t r e j u l h o d e 2 0 0 0 e m a i o d e 2004 registrou 11 avistagens e 24 encalhes de cetáceos na r e g i ã o d e U b a t u b a . O s a n i ma i s e n c a l h a d o s m a i s c o m u n s f o r a m P o n t o p o r ia b l a in v i l l e i ( 1 0 , i ncl ui ndo 3 fil hotes) e 12 S o t a l i a g u ia n e n s is ( 7 ) ( M a r i g o e t a l . , 2 0 0 4 ) . A m a i o r i a d o s registros de Ubatuba são de espécies costeiras, d e mo n s t r a n d o a v u l n e r a b i l i d a d e d a s m e s m a s a o s f a t o r e s antrópicos. Dada a relevância do i mpacto cau sado pela captura acidental nos cetáceos, e d evido a poucas infor mações sobre cetáceos no município de Ubatuba ( SICILIANO, 1 9 9 4 ) . O p r e s e n t e p r o j e t o v i s a a u m e n t a r o c o n h e c i me n t o sobre a pesca e a proble mática da s capturas acidentais e a v a l i a r o i mp a c t o d a p e s c a a r t e s a n a l n o s c e t á c e o s n o L i t o r a l S u l d o mu n i c í p i o d e U b a t u b a . 2) O B J E TI V O G E R A L O p r e s e n t e t r a b a l h o b u s c o u c o mp r e e n d e r e d e s c r e v e r o s me c a n i s m o s d e c a p t u r a s a c i d e n t a i s e m r e d e s d e p e s c a de espécies não-alvo, na praia de Maranduba, localizada no l i t o r a l s u l d o mu n i c í p i o d e U b a t u b a . 2 . 1 ) O B JE TI V O S E S P E C Í F I C O S Assi m sendo, pretendeu-se: Descrever a atividade pesqueira artesanal em seu aspecto social; Caracterizar as artes de pesca; Conhecer e descrever as artes que capturam cetáceos a cidentalmente; O b t e r i n f o r ma ç õ e s s o b r e e n c a l h e s , p o i s p o d e m estar relacionados à captura acidental. 13 3) M A TE R I A L E M É T O D O S 3 . 1 ) Ár e a d e E s t u d o s O município de Ubat uba es tá loc alizado no Litoral Norte do Estado de São Paulo, Brasil, à nordeste da costa do Atl ânti co, entre as coordenadas geográfi cas: 23º55’de l a t i t u d e s u l e 4 5 º 2 6 ’ d e l o n g i t u d e o e s t e d e G r e e n wi c h . O presente trabal ho foi reali zado na Prai a da Maranduba l o c a l i z a d a n a E n s e a d a d o M a r V i r a d o ( 23°54’843’’ d e l a t i t u d e s u l e 45°23’073’’ d e l o n g i t u d e o e s t e d e G r e e n wi c h ) a o s u l d o município de Ubatuba faze ndo divisa co m o município de C a r a g u a t a t u b a ( f i g u r a 1 ) . A p r o f u n d i d a d e mé d i a d a E n s e a d a d o M a r V i r a d o é d e 6 m e t r o s e a e xt e n s ã o e l a r g u r a m á xi ma s s ã o r e s p e c t i v a m e n t e 4 e 7 q u i l ô me t r o s . O f u n d o d a E n s e a d a d o M a r V i r a d o é c o m p o s t o p r e d o mi n a n t e m e n t e por areia. A região é palco de u ma intensa atividade p e s q u e i r a , n a q u a l o p r o d u t o f i n a l é f o n t e d e a l i me n t o e renda para fa mílias caiçaras. (Clauzet et al., 2005). A e xt r e mi d a d e s u l d a p r a i a d a M a r a n d u b a é l i mi t a d a pela d e s e mb o c a d u r a do rio Maranduba, l o c a l me n t e c h a ma d a d e B a r r a ( f i g u r a 2 ) . H á u ma m a r i n a e m c a d a m a r g e m d o r i o , s e n d o o m e s m o u t i l i z a d o c o mo p o r t o p e l o s p e s c a d o r e s d a B a r r a . N a s p r o xi mi d a d e s , h á a c o mu n i d a d e da Raposa, onde a pesca não é muito co mu m. Poré m, o úni co pescador da Raposa vende seu produto na prai a Maranduba, sendo incluído nas entrevistas. Devido à e xi s t ê n c i a d e t r a b a l h o s s e m e l h a n t e s n o s l i t o r a i s n o r t e e central de Ubatuba, este trabalho fica restrito a região sul. F u t u r a me n t e p r e t e n d e - s e c o m p i l a r o s d e ma i s d a d o s p a r a 14 v e r i f i c a ç ã o d a e xt e n s ã o d e s t a p r o b l e má t i c a a o l o n g o d o l i toral de Ubatuba. Praia Maranduba (S 23°54’843’’ O 45°23’073’’) Foz do rio Maranduba (S 23°55’959’’ O 45°23’027’’) Fig. 1) Foto de satélite da Enseada do Mar Virado, realizada em janeiro de 2005. Fonte: Modificado de Google Earth 2005. Fi g. 2) Desem boc adu ra d o Ri o Mar and ub a. 15 3.2) Entre vistas N o p e r í o d o d e a b r i l d e 2 0 0 4 a ju n h o d e 2 0 0 5 f o r a m realizadas entrevistas com 22 pescadores sobre as e mb a r c a ç õ e s , a r t e s , l o c a i s d e p e s c a e e s p é c i e s - a l v o , b e m c o mo i d a d e , n a t u r a l i d a d e , mé d i a s a l a r i a l e i n t e r a ç ã o c o m cetáceos seguindo o questionário desenvolvido por Bertozzi ( P r o je t o Biopesca). e mb a r c a ç õ e s , nas Estas entrevistas co munidades da abordaram Barra e 19 Raposa ( A n e xo ) . Durante as entrevistas procurou-se manter a i n f o r ma l i d a d e , d e i x a n d o o s e n t r e v i s t a d o s a v o n t a d e p a r a contar os “causos de p e s c a ” . A l g u ma s perguntas eram d i r i g i d a s c o n f o r me a r e c e p t i v i d a d e e t o d o s o s d a d o s f o r a m anotados no questionário. As artes de pesca foram a n a l i s a d a s s a z o n a l me n t e . 3.3) Saídas a bo rdo Foram realizadas saídas a bordo de alguns barcos de a r r a s t o d e c a ma r ã o e a l g u n s b a r c o s d e e s p e r a a o l o n g o d o p r o je t o , v i s a n d o m e l h o r c o m p r e e n d e r o s m e c a n i s m o s d e pesca das diversas redes e procurando estar presente n u ma e v e n t u a l c a p t u r a a c i d e n t a l d e c e t á c e o s . 3.4) Capturas Acidentai s A captura aci dental foi quanti fi cada para cada ti po de rede de espera. Quando possível os exe mpl ares capturados a c i d e n t a l me n t e f o r a m c o l e t a d o s p o r p e s q u i s a d o r e s l o c a i s (que possuem licença do IBAMA para transporte e coletas), 16 transportados para um local adequado que p e r mi t i u a realização de necropsia e coleta de órgãos e tecidos para posterior análise. 3.4) Encal he O s a n i ma i s e n c o n t r a d o s e n c a l h a d o s n a r e g i ã o f o r a m fotografados e verificou-se a ocorrência de ma r c a s de e n r e d a me n t o . Para analisar tais dados foi utilizando o progra ma E x c e l p a r a W i n d o ws . 4 ) RESULTADOS 4. 1) A s p ec t os s oc i oe c o n ôm i c o s 4.1.1) Características da área A praia da Maranduba é u ma das praias ma i s m o v i me n t a d a s d e U b a t u b a , p o s s u i n d o u m g r a n d e p o t e n c i a l turístico. Oferece boas aco mod ações co mo hotéis e p o u s a d a s e d u r a n t e a t e mp o r a d a s ã o o f e r e c i d o s d i v e r s o s passeios turísticos, entre eles um tobogã que fica a a p r o xi m a d a m e n t e 1 0 0 m d a a r e i a . N a d e s e m b o c a d u r a d o r i o Maranduba, ao sul encontra m-s e duas ma r i n a s com d i v e r s a s l a n c h a s e je t - s k i e s , s e n d o o r i o u t i l i z a d o c o mo porto pelos pescadores. 17 4.1.2) Faixa etária Os pescadores têm idade entre 20 e 62 anos sendo a m é d i a d e 3 7 a n o s e a c l a s s e mo d a l é d e 2 0 a 3 0 a n o s (gráfico 1). Faixa Etária Idade 51-62 4 41-50 6 31-40 2 20-30 10 0 2 4 6 8 10 12 nº de pescadores Gráf i co 1) Idade m édi a do s p e sca dor e s d a Mara ndu ba. 4.1.3) Nat ural idade E xi s t e m a t u a l me n t e 1 7 q u e s ã o n a t i v o s d e U b a t u b a e 5 ve m de ou tras cidades co mo São Paulo, Rio Claro, C a mp i n a s e J u n d i a í ( t a b e l a 1 ) . Tabel a 1) N atur al i dade do s p e sca dor e s d a Mara ndu ba. Naturalidade Na t iv os de Uba tu ba Imigran tes 17 (77,3%) 5 (22,7%) 18 4.1.4) Escolaridade o nível de escolaridade é vari ado, sendo que os pescadores n ão nativos de Ubatu ba tê m maior grau d e escolaridade do que os nativos. Os pescadore s mais velhos, n ativos de Ubatuba s ão os que tê m menor grau de e scolaridade e há u m pe scador q u e e s t á e s t u d a n d o , n o e n s i n o mé d i o ( t a b e l a 2 ) . Tabel a 2) E sc ol ari dad e d o s pe sc ad ore s d a Mara ndu ba. Escolaridade Na t iv os de Escolaridade Ubatuba Imigran tes Idade (anos) Médio Completo 0 3 20- 65 Mé d io In co mp le t o 1 0 20-30 3 1 20-30 11 1 20-50 Fundamental Completo Fundamental Incompleto 4.1.5) T radição de pesca A ma i o r i a d o s p e s c a d o r e s d a p r a i a M a r a n d u b a s ã o filhos de pescadores, sendo que es tes se mpre trabalhara m e m e m b a r c a ç õ e s s e ja n a p e s c a , s e ja c o m o m a r i n h e i r o s o u mestre s de lanchas de passeio. Há u m neto de pescador , q u e a l é m d a p e s c a e xe r c e u o u t r a s p r o f i s s õ e s . O s d e m a i s pescadores da área não possuem tradição de pesca e trabalharam em outras aposentados (tabela 3). áreas, sendo que alguns são 19 Tabela 3) Tradição de pesca dos pescadores da praia Maranduba. Tradição de pesca Parentesco com Filho Neto Sem parentesco Nº 12 1 9 % 54,5 4,5 41 pescador 4.1.6) Média sala rial O s a l á r i o mé d i o v a r i a d e R $ 2 5 0 , 0 0 a R $ 8 0 0 , 0 0 c o n f o r me o t a ma n h o d a e m b a r c a ç ã o , o n ú m e r o d e p e s s o a l envolvido e a posse da e mbarca ção e artes de pes ca (Tabel a 4). Al guns pescadores al uga m suas e mbarca çõe s n a t e m p o r a d a o u f i n a i s d e s e ma n a c o m o u m c o m p l e m e n t o da renda. Por outro lado, alguns barcos pesca m so men te n a t e mp o r a d a , e d u r a n t e o r e s t a n t e d o a n o o s p e s c a d o r e s e xe r c e m o u t r a s p r o f i s s õ e s c o m o , p o r e xe m p l o , ma r i n h e i r o ou eletricista. Tabel a 4) Sal ári o m édi o do s p e sca dore s da Mar an du ba. Salário médio Embarcações Pescador contratado Proprietário do barco Camaroe ira R$ 300,00 R$ 800,00 Espera (4 a 6 m) R$ 250,00 R$ 500,00 Espera (7 a 11m) R$ 400,00 R$ 800,00 20 4. 2) C ar ac t er i z a ç ão da s ar t es d e p es c a 4.2.1) Frota Através das entre vi stas foi possível veri fi car ci nco t i p o s d e e m b a r c a ç õ e s d e s c r i t a s a b a i xo ( t a b e l a 5 ) . M u i t a s n ã o p o s s u e m n e n h u m t i p o d e e q u i p a me n t o d e n a v e g a ç ã o , a l g u ma s p o s s u e m b ú s s o l a e r a d i o a m a d o r . Tabela Maranduba. 5) De scri çã o das Comprimento embarcações de três a utilizadas quatro na m etros, praia monóxilas (con struí da s a parti r de um a úni ca tora e sc av ada pêl o s própri o s pe sc ado re s), com f undo q ui l had o em f orm a de Canoas de madeira V. Utilizada no cultiv o da maricultura (Cassandoca) e como salv a-v i das, transportada junto às outras em barcaçõ e s. Há a pe na s um a can oa de oi to m etros de com prim ent o m ov i da a rem o que pe sca com rede s de espera (Barra). Canoas de fibra de vidro Com pri m ento de ci nc o a sei s m etro s, com m otor de centro de 7,5 a 90 Hp e fundo chato com uma quilha central. Com pri m ent o v ari áv el ent re 5 e 6 m et ro s, com ou sem Botes de madeira ca sari a. M otor entr e 11 a 90 Hp. Po de uti l i zar tanto rede s de e sper a qu ant o arra st o de po upa . Com pri m ent o v ari áv el ent e 8 e 10 m et ro s com m ot ores Barcos de de 33 Hp ou superior. Geralmente utilizam redes de madeira esper a. Por ém no s m ese s d e j un ho a ag ost o p e scam o cam arão com arra sto de p opa dev i do a grand e of erta. Comprimento Camaroeiras (Bal eei ra s) madeira. de Possuem 8 a 11 casaria, m etro s, que fabricadas abriga de com duas a quatr o p e sso a s par a dorm i r. O m otor v ari a de 18 a 22 Hp. 21 Na co munidade e mb a r c a ç ã o de da arrasto Raposa de opera ca ma rão apenas tripulado u ma por duas pessoas. Na co munidade da Barra operam de 16 a 20 e mb a r c a ç õ e s . D e s t a s 3 ( t r ê s ) e m b a r c a ç õ e s t r a b a l h a m n a p e s c a d o c a m a r ã o c o m arrasto “trangona” (duas redes por barco). A s d e ma i s u t i l i z a m r e d e s d e e s p e r a , q u e v a r i a m c o n f o r m e a profundidade, época do ano e espécie-alvo (tabela 6). Tabela Maranduba. 6) Embarcações utilizadas pelos pe sc ado re s T ipo de embarcação Nº % Canoas de fibra de vidro 3 15,8 Botes de mad eira 2 10,5 Barcos de mad eira 11 57,9 C a ma r o e i r a s 3 15,8 da 4.2.2) Artefatos de pesca As redes de arrasto varia m de malh as 1,5 a 4 c m entre n ó s o p o s t o s p a r a o a r r a s t o d e p o p a e ma l h a s 2 a 7 c m entre nós opostos para o arrasto de trangona, tê m de 7 a 2 0 me t r o s d e c o m p r i me n t o ; já a s malha redes de espera têm variável entre 6 e 20 cm entre nós opostos e c o mp r i me n t o e n t r e 5 5 e 3 0 0 0 m e t r o s . S ã o d i v i d i d a s e m cinco tipos de acordo co m a malha e a posição na água, sendo eles: caceio, superfície, fundo, feiticeira e boeria. As p r i n c i p a i s i n f o r ma ç õ e s e s t ã o r e s u mi d a s n a t a b e l a 4 . 2 . 2 . 22 Tabel a 7) C aract erí sti ca s da s r ed e s de e sp era e de arra st o. Redes de espera Arrasto Tipo de rede Feiticeira Caceio Fundo Superfície Boeira Trangona Popa Malha (cm) 12 e 20 6-13 12-14 12-14 12-13 3-7 1,50 - 6 Comprimento (m) 40-60 1200–3000 50-1000 50-2000 60 10-12 05 /15 Altura (m) 3 10 6 8 16 11 5 Espessura do fio (mm) 60 60 50-60 60 50-60 40-60 30-50 Posição na água Fundo superfície fundo superfície superfície fundo fundo Sete- Sete- barbas; barbas. branco branco jun -mar jun - ago Espécie-alvo Corvina Espada Corvina manjuba Período de uso Sororoca robalo Cação Ano todo A l é m d a s a r t e s c i t a d a s a c i ma , a p e s c a d e l i n h a d a , a vara, o t a mb é m zangarelho são (para utilizados pesca na de região, lula) porém e o espi nhel com menor freqüência. 4.2.3) Sazo nalidade da Pesca N o s me s e s d e ju n h o a a g o s t o h á u m a u me n t o n a pesca do ca marão devido a gran de oferta, convertendo cerca de sete bar cos de espera à pesca d o ca marão co m arrasto de popa. No entanto, durante o defeso, duas das e mb a r c a ç õ e s d e p e s c a d e c a m a r ã o t a mb é m u t i l i z a m r e d e s de espera, apesar do defeso não ser respeitado por todos os pescadores (gráfico 2). 23 Variação sazonal da pesca Estação do Ano Inverno Outono arrasto Verão espera Primavera 0 5 10 15 20 Nº de Embarcações Gráf i co 2) Vari ação sazo nal da pe sc a na prai a da M ara ndu ba. 4.2.4) Utilização das redes de esp era A r e d e d e e s p e r a p e r ma n e c e d e 1 2 a 2 4 h o r a s n o m a r , dependendo do pescador, da oferta de pescado e c o n d i ç õ e s me t e o r o l ó g i c a s . final da tarde, s e mp r e das A r e d e é d e i xa d a n o ma r n o respeitando r e c o l h i d a p e l a ma n h ã ( 1 2 h o r a s o fotoperíodo, e é d e p e r ma n ê n c i a ) o u é d e i xa d a n o m a r e v i s i t a d a d u a s v e z e s a o d i a , ( p e l a m a n h ã e n o f i n a l d a t a r d e , o u s e ja , 2 4 h o r a s d e p e r m a n ê n c i a ) . J á a r e d e d e c a c e i o p e r ma n e c e n o ma r p o r c e r c a d e 1 2 h o r a s , durante a noite, onde o barco fica a deriva (Mais i n f o r ma ç õ e s n o a p ê n d i c e ) . A r e d e d e e s p e r a m a i s u t i l i z a d a é a rede de fundo (46%), seguida pela rede de superfície (18%). As d e ma i s são utilizadas e mb a r c a ç ã o c a d a ( 1 2 % ) ( g r á f i c o 3 ) . em apenas u ma 24 Utilização das redes de espera 12% 12% 46% 12% 18% Fundo Superfície Caceio Boeira Feiticeira Gráfi co 3) Vari ação de u so d o s artef ato s de e sp era. 4. 2 . 5 ) Ár e a d e p e s c a A á r e a u t i l i z a d a é c o mp r e e n d i d a e n t r e a I l h a B e l a , a o sul e Ilha Anchieta ao norte (fig. 3). O arrasto de ca marão é realizado dentro da Enseada do Mar Virado. Enseada do Mar Virado Ilha Anchieta Ilhabela Fi gura 3) Foto d e satél i te da área de p e sca uti l i zada pel o s pe sca dor e s d a prai a Ma ran du ba reti ra da em j anei ro de 20 05. Figura modificada de Google Earth 2005. 25 4. 3) I n t er a ç ã o c om ce t á ce o s 4.3.1)Captura acide ntal de cetáce os Em sete mbro de 2004 ocorreu a captura de u ma toninha e m redes de esp era; o mes mo ocorreu no mê s outubro. Em nove mbro do mes mo ano fora m capturado s d o i s e x e m p l a r e s d e P o n t o p o r i a b l a in v il l e i n a m e s m a r e d e . Já em outubro de 2004 foi capturado um golfinho nãoidentificado. Todas as capturas supracitadas ocorreram em redes de fundo. E m ja n e i r o d e 2 0 0 5 h o u v e a c a p t u r a d e u ma t o n i n h a d e a p r o xi ma d a m e n t e 1 m e t r o d e c o mp r i me n t o e m r e d e d e e s p e r a d e f u n d o . O s e xe m p l a r e s f o r a m i d e n t i f i c a d o s p e l o s próprios pescadores e de scartados ao mar (a identificação foi feita através de descrições dos e xe m p l a r e s pelos pescadores que o s capturara m). N a ma d r u g a d a d e 1 5 d e f e v e r e i r o d e 2 0 0 5 o c o r r e u a c a p t u r a d e d o i s e xe m p l a r e s d e S o t a l ia g u ia n e n s is n a r e d e d e c a c e i o , d e n t r o d a e n s e a d a d o ma r v i r a d o . N o d i a 1 5 m e d i r a m- s e e f o t o g r a f a r a m - s e o s e x e mp l a r e s e f o i r e a l i z a d a a n e c r o p s i a d o s me s m o s . A m b o s e r a m m a c h o s m e d i n d o 1 , 8 6 m e 1 , 7 2 m d e c o m p r i me n t o t o t a l ( f i g . 4 ) . Os dados de captura acidental podem ter sido s u b e s t i ma d o s d e v i d o a i m p o s s i b i l i d a d e s d a p e s q u i s a d o r a de estar presente co m mais freqüên cia na área de estudos. Há relatos de consu mo d e golfinhos não-identificados n a r e g i ã o . O s a n i ma i s e r a m v i t i ma s d e c a p t u r a a c i d e n t a l . 26 Figura 4) Ubatuba. Sotalia gui an en si s c aptur ad os em rede de caceio em 4.3.2) Encal hes N o d i a 1 6 d e s e t e mb r o d e 2 0 0 4 , h o u v e o e n c a l h e d e u ma b a l e i a d a f a m í l i a B a l a e n o p t e r i d a e , p o s s i v e l me n t e u m a baleia-de-bryde na Praia do S i mã o , reportado por p e s c a d o r e s l o c a i s . U m m o r a d o r l o c a l f o t o g r a f o u o e s p é c i me ( f i g . 5 e 6 ) , o q u e p e r m i t i u a i d e n t i f i c a ç ã o . O a n i ma l e n c a l h o u mo r t o e n ã o f o i p o s s í v e l d e t e r mi n a r a c a u s a d a m o r t e o u o b s e r v a r s e a p r e s e n t a v a e v i d e n c i a s d e e ma l h e d e v i d o a o s e u a v a n ç a d o e s t a d o d e d e c o mp o s i ç ã o . 27 Fig. 5) Foto de perfil da baleia-de-bryde (balaenoptera f am í li a Bal aenopt eri dae, encal h ad a m ort a na prai a do Si m ão. Fotografia gentilmente cedida por Sr. Marino, morador local. edeni), Fig. 6) Foto da cabeça da balaenoptera edeni, Balaenopteridae, encalhada morta na praia do Simão. Fotografia gentilmente cedida por Sr. Marino, morador local. família 28 5) D I S C U S S Ã O O e s t a d o d e S ã o P a u l o e s t á n a s é t i ma p o s i ç ã o e n t r e os ma i o r e s SILVA et estados al., produtores 2005). A pesca de pescado artesanal (ÁVILA-DA- corresponde a a p r o xi m a d a m e n t e 2 5 % d a p r o d u ç ã o e s t a d u a l d e p e s c a d o (IBAMA, 2004), porém ainda é pouco conhecida. O município de Ubatuba correspondeu co m cer ca de 10,2 % da produção estadual de pescado no ano de 2004, a p r e s e n t a n d o u ma q u e d a d e 2 7 % n a p r o d u ç ã o e m r e l a ç ã o a 2003 (ÁVILA-DA-SILVA et al., 2005). Torna-se necessário o c o n h e c i me n t o de cada co munidade pesqueira visando conhecer e melhorar as técnicas de pesca, para que se p o s s a a u m e n t a r a r e n d a d o p e s c a d o r e d i mi n u i r a c a p t u r a de espécies não-alvo. Na área de estudos, a pesca é e s t r i t a me n t e artesanal, co m barcos pequen os e mal equipados. T r a b a l h o s s e me l h a n t e s f o r a m r e a l i z a d o s p o r B r o n d i z i o (1994) na prai a da Tabati nga, em Caraguatatuba, Vi anna e Valentini (2004) em Ubatuba e por Clauzet et al. (2005) nas praias da Lagoinha, Peres e Grande do Bonete, ao norte da Enseada do s e me l h a n ç a s Mar das Virado. praias da Devido à Mara nduba p r o xi mi d a d e com as e de mais praias da Enseada do Mar Virado e Tabatinga, os dados fora m co mparad os. 29 5. 1) A s p ec t os S o ci o ec o n ôm i c o s 5.1.1) Características da área Na praia Caraguatatuba da e Maranduba , Ubatuba, a localizada urbanização entre está bem avançada c o m diversos h otéis, pou sadas e condo mínios na bei ra da prai a ou do outro l ado da rodovi a. Entretanto, no i níci o da prai a, entrando na estrada da Cassandoca chegas e à d e s e mb o c a d u r a d o R i o M a r a n d u b a , n a B a r r a , o n d e ainda há casas de autênticos caiçaras e ali mo r a m a maioria dos pescadores. S e m e l h a n t e me n t e maioria das c o n d o mí n i o s . n ú me r o de casas Na é de praia lanchas a e é Maranduba, veraneio, possível veleiros na há Tabatinga hotéis observar (BRONDIZIO, a e muitos um grande 1994). As residências dos pescadore s da Maranduba mostrara m-se s e me l h a n t e s à s r e s i d ê n c i a s d o s p e s c a d o r e s d a T a b a t i n g a . N ã o e s t ã o p r ó x i ma s a o m a r , c o m o o b s e r v a d o a n t e s d a e xp a n s ã o t u r í s t i c a d a r e g i ã o . Na Maranduba não há ranchos de pesca, mu i t o p r o v a v e l me n t e d e v i d o à e x p a n s ã o t u r í s t i c a e a o g r a n d e n ú me r o d e b a r e s e q u i o s q u e s . D e s t a f o r m a , o s p e s c a d o r e s se l o c o mo v e m até a praia para a co mercialização do pescado utilizando a canoa de transporte para venda. Já na Tabatinga há três ranchos de pesca que dividem lugar com diversos bares e quiosques, facilitando a venda do pescado (BRONDIZIO, 1994). 30 5.1.2) Faixa etária A i d a d e mé d i a d o s p e s c a d o r e s d a E n s e a d a d o M a r Vi rado é de 37 anos, di feri ndo da encontrada por Cl auzet et a l ( 2 0 0 5 ) n a me s m a á r e a ( 2 9 a n o s ) . P o r é m, o s d a d o s d e s t e autor foram coletados na porção norte da enseada, o que pode ter i nfl uenci ado na di ferença de cerca de oi to anos na i d a d e mé d i a . 5.1.3) Nat ural idade No presente trabalho, observou-se que e xi s t e m pescadores não nativos de Ubatuba (22,7 %, sendo 4,5 % d e M i n a s G e r a i s e 1 8 , 2 % d e S ã o P a u l o ) . T a l f a t o t a mb é m foi observado por Cl auzet et al . (2005) na regi ão norte da Enseada do Mar Virado onde 23 % dos pescadores não são nativos de Ubatuba, sendo que destes 7,6 % são nativos do Ceará e 15,4 % são nativos de Mi nas Gerais. Apesar da s diferenças na naturalidade dos pescadores, observa-se um padrão na porcentagem de pescadores não nativos de Ubatuba. 5.1.4) Escolaridade Na Maranduba não há pe scador analfabeto, poré m m u i t o s n ã o c o m p l e t a r a m o e n s i n o f u n d a me n t a l e g r a n d e parte dos pescadores que chegara m a co mpletar o ensino médio não são na tivos de Ubatuba e si m de outras regiões do estado de São Paul o. Já na Tabati nga nenhum pes cador é a n a l f a b e t o , s e n d o q u e t o d o s c o n c l u í r a m o p r i má r i o e a l g u n s c h e g a r a m a c o m p l e t a r o e n s i n o mé d i o ( B R O N D I Z I O , 31 1994). Segundo pri nci pai s: 1) o autor, parte dos isto se deve entrevistados a dois não motivos nasceu na T a b a t i n g a e 2 ) h á ma i o r f a c i l i d a d e d e t r a n s p o r t e . Apesar das faci l i dades de transporte, a escol ari dade n a M a r a n d u b a c o n t i n u a mu i t o b a i x a . O a s p e c t o q u e d e v e causar maior influência na escolaridade não é a dificuldade d e t r a n s p o r t e e s i m a n e c e s s i d a d e d e e n t r a r n o me r c a d o d e t r a b a l h o e m i d a d e e s c o l a r a f i m d e c o m p l e me n t a r a r e n d a f a mi l i a r . A t r a d i ç ã o p e s q u e i r a e a mé d i a s a l a r i a l n ã o f o r a m a n a l i s a d a s p o r B r o n d i zi o ( 1 9 9 4 ) e p o r C l a u z e t e t a l . ( 2 0 0 5 ) , n ã o p e r mi t i n d o c o m p a r a ç ã o . 5. 2) C ar ac t er i z a ç ão da s ar t es d e p es c a Segundo Vianna e Valentini (2004), em 1996 havia 162 e mb a r c a ç õ e s de pesca ao longo do município de Ubatuba, divididas e m dez pont os de dese mbarque. Des te t r ê s s ã o o s p r i n ci p a i s , s e n d o e l e s o S a c o d a R i b e i r a , a Barra dos pescad ores e o cais do Porto e do Ale mão. As praias da Picinguaba e Marandub a são consideradas pelos autores co mo ú l t i ma , área pontos de de i mp o r t â n c i a estudos do secundária, presente esta trabalho correspondendo a 7,4 % da s e mbarc ações do município. 5.2.1) Frota A praia Maranduba apre senta u ma f rota variável de 16 a 2 0 e m b a r c a ç õ e s , a u m e n t o o b s e r v a d o p r i n c i p a l me n t e n o verão. Houve u m au mento da fro ta e m relação ao ano de 32 1 9 9 6 , q u e e r a d e 1 2 e mb a r c a ç õ e s ( V I A N N A e V A L E N T I N I , 2004). T a mb é m h o u v e u m p e q u e n o a u m e n t o n o c o mp r i me n t o das e mb a r c a ç õ e s , que em 1996 tinham c o m p r i me n t o v a r i á v e l e n t r e 5 e 9 m ( V I A N N A e V A L E N T I N I , 2 0 0 4 ) e h o je mede m de 5 a 11 m, poré m e stas ainda são consideradas de pequeno porte e a pesca é realizada com pequenos i n v e s t i me n t o s . A pesca desenvolvida artesanal na p r i n c i p a l me n t e praia por da barcos Marandub a de madeira é e a p e n a s 3 b a r c o s s ã o d e f i b r a d e vi d r o d i f e r i n d o d a s d e ma i s praias da Enseada do Mar e mb a r c a ç ã o u t i l i z a d a é a Virado onde a principal " l a n c h a " d e a l u mí n i o c o m m o t o r de popa (CLAUZ ET et al., 2005). O arrasto de ca marão é realizado tanto ao norte (CLAUZET et al., 2005) quanto ao s u l d a E n s e a d a d o M a r V i r a d o , s e n d o u ma p r á t i c a c o m u m em Ubatuba. Brondizio (1994) não tra z infor maçõ es sobre a frota da Tabatinga. J á n o G u a r u já , B a i xa d a S a n t i s t a , l i t o r a l c e n t r a l d e S ã o Paulo, há u ma frota de 13 e mbarc ações medindo de 3 ,5 a 7,5 m, co m motores de popa de 7, 5 a 18 Hp na praia das Astúrias e na praia do Guaíuba, há u ma frota de 6 e mb a r c a ç õ e s m e d i n d o d e 3 , 5 a 6 m d e c o m p r i me n t o , s e n d o 3 n ã o - mo t o r i z a d a s e 3 c o m m o t o r e s d e 4 a 1 5 H p ( A L O N S O , et al., 2005). Na Praia Grande opera m 6 e mbarcaçõ es, sendo 5 de c o mp r i me n t o a l u mí n i o e u ma medindo de ma d e i r a de 5,8 a 6,8 m de me d i n d o 7,8 m de c o mp r i me n t o . O s m o t o r e s v a r i a m d e 1 8 a 4 0 H p ( B E R T O Z Z I and ZERBINI, 2002). 33 5.2.2) Artefatos de pesca Nota-se que os artefatos de espera e arrasto são muito populares no Estado de São Paulo. Em Ubatuba os artefatos de arrasto correspondem a 62% da pesca (VIANNA e VALENTINI, 2004). Na prai a Maranduba são uti l i zados 6 artefatos de pesca, sendo eles as redes de espera e arrasto, a vara, a l i n h a d a , o z a n g a r e l h o e o e s p i n h e l , s e n d o q u e a ma i o r i a d a s e mb a r c a ç õ e s u t i l i z a m a s r e d e s d e e s p e r a e a r r a s t o . E m 1996 eram utilizadas apenas as redes de arrasto e espera nesta praia (VIANNA e VALENTINI, 2004). Segundo Clauzet e t a l . ( 2 0 0 5 ) , a l é m d o s a r t e f a t o s c i t a d o s a c i ma , n a s p r a i a s L a g o i n h a , P e r e s e G r a n d e d o B o n e t e t a mb é m s ã o u t i l i z a d o s o picaré e a tarrafa. Na Tabatinga são utilizadas redes de espera e arrasto (BRONDIZIO, 1994). Na Bai xada Santi sta são uti l i zadas redes de espera e de arrasto e o espinhel de fundo na praia das Astúrias, redes de espera na prai a do Guaíuba (ALON SO et al ., 2005) e as redes de espera e o arrastão de praia na Praia Grande (BERTOZZI and ZERBINI, 2002). As artefatos diferenças de pesca apresentadas de monstra m na a utilização dos versatilidade dos p e s c a d o r e s , q u e v i s a m a d e q u a r o s mé t o d o s a o t i p o d e pescado disponível em cada área. 5. 3) I n t er a ç ã o c om ce t á ce o s Segundo Freitas-Neto (2003) as interações entre a pesca e as espécies não-alvo pode m ser classificadas e m: 34 e ma l h e , c o l i s ã o , e ma r a n h a m e n t o (em linhas de pesca), a r p o a me n t o ( p o r p a r t e d o s p e s c a d o r e s o u a r t e s ) , r o u b o , tocaia ou cooperação (por parte dos animais não-alvo). 5.3.1) Captura acide ntal de cetáce os ou ema lhe A captura acidental de cetáceos ocorre ao longo de toda costa brasileira (BARROS, 1994; BERTOZZI and ZERBINI, 2002; BENEDITTO et al, 1998; DI BENEDITTO, 2001; DI BENEDITTO et al., 2001; DI BENEDITTO, 2003; MONT EIRO- NETO e t al., 2000; SECCHI et al, 1997; ROSAS et al., 2002). Os principais estudos dobre o te ma tê m sido realizados na região sudeste e sul do país. No presente trabalho, a captura acidental de cetáceos ocorreu so mente nas redes de esp era de fundo e n a rede d e c a c e i o . A s e s p é c i e s c a p t u r a d a s f o r a m S o t a l ia g u ia n e n s is e P o n t o p o r i a b l a i n v i l l e i. N o e n t a n t o , n e m t o d o s o s r e l a t o s a respeito de P. b l a in v il l e i são t o t a l me n t e confiáveis, p o d e n d o h a v e r c o n f u s õ e s c o m o u t r a s e s p é c i e s . O me s m o foi observado na Prai a Grande, onde ocorrera m capturas a c i d e n t a i s s o me n t e d e P . b l a in v i l l e i e m r e d e s d e e s p e r a d e fundo e na rede boeira, que fica na superfície ( BERTOZZI and ZERBINI, 2002). Os dados não pode m ser adequada mente co mparados devido à falta de coleta de dados do esforço pesqueiro no presente trabalho, poré m é possíve l notar as se melhança s nos artefatos que capturam cetáceos a c i d e n t a l me n t e , v e r i f i c a n d o q u e a p o s i ç ã o n a c o l u n a d ’ á g u a e o t a ma n h o d a m a l h a p a r e c e m n ã o i n f l u e n c i a r d i r e t a me n t e a s c a p t u r a s , s a l v o ma l h a s m u i t o p e q u e n a s , q u e n ã o c a p t u r a m c e t á c e o s , 35 pois os mes mos consegu e m quebrá -las. Talvez o que tenha maior influência tenha sido o local de pesca. 5.3.2) Encal hes No presente trabalho ocorreu apenas um encalhe de u ma b a l e i a d a f a m í l i a b a l a e n o p t e r i d a e , q u e a t r a v é s d o r e g i s t r o f o t o g r á f i c o , a c r e d i t a - s e s e t r a t a r d e u m e xe m p l a r Balaenoptera eden i. O p r o v a v e l me n t e trazido pelas estado de d e c o mp o s i ç ã o . ani mal encalhou correntes A fa mília e em mo r t o , avançado Balaenopteridae é caracteri zada pel a presença de pregas ventrai s e di vi di da em dois gêneros, abrangendo seis espécies (FAO, 1993). Encalhes de baleias da fa mília Balaenopteridae tê m si do rel atados com u ma peri odi ci dade bi enal em Ubatuba . Verdiani (2004) e Verdi ani e Frei (2004) rel ataram o e n c a l h e d e 5 e xe mp l a r e s d e s t a f a mí l i a e m U b a t u b a n o p e r í o d o d e 1 9 9 6 a 2 0 0 4 , s e n d o q u e d o i s d o s e xe m p l a r e s fora m i denti fi cados co mo Bala eno ptera eden i, doi s co mo M e g a p t e r a n o v a e a n g l ia e e u m e xe m p l a r n ã o f o i i d e n t i f i c a d o ao taxa de gênero. ocorrência de três Já Mari go et al . (2004) rel ataram a Megaptera n o v a e a n g l ia e e três B a l a e n o p t e r a e d e n i n o p e r í o d o d e j u l h o d e 2 0 0 0 a ma i o d e 2004, sendo dois encalhes e u ma avistage m no caso das duas espécies. Encalhes de mi s t i c e t o s da fa mília balaenopteridae p o d e m s e r c o n s i d e r a d o s c o m u n s e m U b a t u b a , já q u e e s t e s a n i ma i s , a o r e a l i z a r e m s u a s mi g r a ç õ e s s a z o n a i s , p a s s a m p e l a á r e a e e s t ã o s u je i t o s a s c o n d i ç õ e s me t e o r o l ó g i c a s e as interações antrópicas co m e mb arcações e/ou art efato s de pesca. 36 Durante o presente trabalho, não foi observado nenhum encalhe de odontocetos na área de estudos, poré m o mo n i t o r a m e n t o d e e n c a l h e s n ã o f o i s i s t e m á t i c o . Segundo Verdiani (2004) ocorreram dois encalhes na enseada do Mar Virado entre 1996 e 2004. Um deles ocorreu na Praia Grande do Bonete em 2000 e foi relatado por outra fonte (Infor mativo Vale Verde) tratava-se de u ma b a l e i a ju b a r t e . O o u t r o e n c a l h e o c o r r e u n a p r a i a d o P u l s o , p o r é m n ã o f o i r e l a t a d a a d a t a n e m o e s p é c i me e n c a l h a d o . Desde 1987, 82 encalhes de odontocetos foram relatados em Ubatuba (SANTOS e SICILIANO, 1994; HIGA et al., 1998; AZ EVEDO et al. 2002; SANTOS et al., 2002; MARIGO et al., 2004 e VERDI ANI, 2004), contudo os dados p o d e m e s t a r s u b e s t i m a d o s , p o i s o mo n i t o r a me n t o n ã o f o i s i s t e má t i c o a o l o n g o d e s t e p e r í o d o . 6) CONCLUSÕES A partir das i n f o r ma ç õ e s coletadas, foi possível concluir que: A pesca é u ma atividade cultural, passada de pai p a r a f i l h o a t é h o je e r e a l i z a d a e m f a mí l i a , s e n d o a p r i n c i p a l a t i v i d a d e e c o n ô mi c a n a B a r r a ; A u r b a n i z a ç ã o é v i s t a c o mo u m g r a n d e r i s c o à continuidade cultura caiçara, refletindo nas condições de trabalho e moradia; A escolaridade dos pescadores continua bai xa, apesar das facilidades de transporte trazidas pela 37 urbanização. educação Houve nos melhora ú l t i mo s 10 si gni fi cati va anos, na visto que pescadores mais novos e nativos de Ubatuba tê m c o n s e g u i d o c o n c l u i r o e n s i n o f u n d a me n t a l . P o r é m este quadro ai nda não é o i deal de acordo co m as e x i g ê n c i a s d o m e r c a d o e c o n ô mi c o ; A pesca artesanal é u ma atividade oportunista, dada a diversidade dos apetrechos e a versatilidade das e mbarcaçõe s visando adequa r os método s à captura das espécies ma i s abundantes e / ou rentáveis; H o u v e u m a u m e n t o n o n ú m e r o d e e mb a r c a ç õ e s n a Maranduba e u ma melhora no us o dos artef atos pesqueiros, diversificando que se tornaram mais diversos, as espécies c o n s e q ü e n t e me n t e capturas ao longo do ano. A captura acidental de cetáceos ocorre em redes de espera. A posição na água e o ta manho da malha parecem não influenciar, visto que a captura ocorre d e s d e ma l h a s 7 a t é ma l h a s 1 4 . P r o v a v e l me n t e o s l ocai s de pesca tenham mai or i nfl uênci a na captura de cetáceos do que as artes utilizadas. O s d a d o s d e c a p t u r a a c i d e n t a l p r o v a v e l me n t e f o r a m s u b e s t i ma d o s d e v i d o à b a i xa f r e q ü ê n c i a à á r e a d e e s t u d o s . O mo n i t o r a m e n t o s i s t e m á t i c o d a f r o t a é n e c e s s á r i o p a r a a v a l i a r a d e q u a d a m e n t e o i mp a c t o da pesca sobre os cetáceos da área. 38 Os encalhes Balaenopteridae de mi s t i c e t o s ocorrem com da u ma f a mí l i a freqüência bienal em Ubatuba, podendo ser considerado um evento co mu m, p r i n c i p a l me n t e nos períodos de mi g r a ç ã o . Não houve encalhes de odontocetos na área de estudos durante o período do trabalho, contudo estes encalhes ocorrência. Faz-se p r o v a v e l me n t e necessário o têm bai xa mo n i t o r a m e n t o s i s t e má t i c o d a s p r a i a s p a r a a v a l i a r a d e q u a d a m e n t e a ocorrência de encalhes na região. 39 7 ) R E FE R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C AS ALONSO M. B. et al., 2005. Capt ura acidental da Tartarugav e r d e ( C h e l o n ia m y d a s ) p e l a p e s c a r i a a r t e s a n a l e m G u a r u já , S ã o P a u l o , B r a s i l . I n : V I I I S i mp ó s i o d e B i o l o g i a M a r i n h a e m S a n t o s – S P . L i v r o d e r e s u mo s P . 2 9 . AVILA-DA-SILVA, A. O. et al., 2005. Produção pesqueira marinha no estado de Sã o Paulo no ano de 2004. Série Relatórios Técnicos, São Paulo, n° 20: 1-40. Disponível e m: www.pesca.sp.gov.br/ a c e s s a d o e m s e t e m b r o d e 2 0 0 5 . AZEVEDO, A. F.; FRAGOSO, A. B. L.; LAILSON- BRITO, J.; CUNHA, H. A., 2002. Records of the Fransiscana ( P o n t o p o r i a b l a n v i l l e i ) i n t h e S o u t h we s t e r n R i o d e J a n e i r o and Northern most São Paulo State Coasts – Bra zil. LAJAM 1 (Special issue 1): 191-192. BA RRO S, N. B. 1994. Inci dental Catch of Mari ne Tucu xi , Sotal i a fl uvi ati li s, i n Al agoas, Northeastern Brazi l . RE P. INT. W HAL. 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O co mprimento e altura ta mbé m variam d e acordo co m o nu mero de panagens unidas. Cada p a n a g e m m e d e 1 0 0 m d e c o m p r i me n t o e 2 5 o u 5 0 m a l h a s d e altura. O fio utilizado é n o r ma l m e n t e o nylon e sua espessura varia de acordo com a espécie alvo. Em cada e xt r e m i d a d e da rede encontra-se u ma b a n d e i r a p r e s a a u ma b ó i a . T a i s b a n d e i r a s s e r v e m t a n t o para o pescador identificar a rede, quanto para alertar as e mb a r c a ç õ e s q u e p o r v e n t u r a i r ã o p a s s a r p e l o l o c a l . D e s s a bóia que sustenta a bandeira sai um cabo de nylon que em s u a e xt r e mi d a d e e s t á p r e s o a u m a a n c o r a , r e s p o n s á v e l p e l o s i s t e ma d e f i x a ç ã o d a r e d e . D e s s a a n c o r a p a r t e m d o i s cabos; um para a tralha superior da rede e outro para a t r a l h a i n f e r i o r . A f u n ç ã o d e s t e s c a b o s é i mp e d i r q u e a r e d e se enrole na ancora. No entralhe superior da rede estão diversas bóias que podem ser de cortiça, isopor ou fibra n a t u r a l , e n o e n t r a l h e i n f e r i o r e xi s t e m p e d a ç o s d e c h u m b o ; trabalhando a n t a g o n i c a me n t e posição vertical. para ma n t e r a rede em A rede de fundo t e m mais chu mbo do que a de superfície, não v ariando o nu mero de bóias. 49 Esse tipo de rede pode ser lança da e m mar aberto, p r ó xi m o a o c o s t ã o r o c h o s o , a o l o n g o d a s p r a i a s o u e m d e s e mb o c a d u r a d e r i o s , s e n d o n o r ma l me n t e l a n ç a d a n o f i n a l d a t a r d e e r e c o l h i d a n a ma n h a d o d i a s e g u i n t e . Fi gura I.a) Re de s de e sp era (A), p o si ci ona da s na col u na d’á gu a (B) e su a di spo si çã o per pe ndi c ul ar (C). Ex traída do g ui a para e stud o de c etáce o s, Vol . 1, 20 04. Ib) Rede de e mal ha r deri va nte (Ca ceio) É n o r ma l m e n t e l a n ç a d a n a l i n h a d a i s ó b a t a d e 6 0 m , sendo em alguns casos solta em águas internacionais. São soltas com o barco em m o v i me n t o , ficando u ma das e xt r e m i d a d e s p r e s a à e mb a r c a ç ã o p e l a p r o a a t r a v é s d e u m cabo com cerca de 100 m. o r e c o l h i me n t o é feito m a n u a l me n t e p o r t r ê s p e s c a d o r e s o n d e o p r i me i r o p u xa a 50 r e g i ã o d a t r a l h a s u p e r i o r , o s e g u n d o o me i o e o ú l t i mo a regia da hidráulico tralha de inferior, gui nchos. A ou através espécie alvo de é um s i s t e ma n o r ma l m e n t e cações. Figura I.b) Rede de emalhar deriv ante. Extraída do Manual: Artes de p e sca que c aptu ram tartarug a s m ari nhas, IBAMA, 20 00. I.c) Rede de emalhar feiti ceira ou tresma lho A r e d e f e i t i c e i r a é a ma i s a p r o p r i a d a p a r a a p e s c a d a t a i n h a . F o r m a d a p o r d o i s " p a n o s " , o u s e ja d u a s r e d e s c o m m a l h a s d e t a ma n h o s d i f e r e n t e s f i x a d a s u ma a o u t r a , e s t e t i p o d e r e d e p e r mi t e q u e o p e i xe p a s s e p e l a p r i me i r a malha, g e r a l me n t e ma l h a 2 0 , ma s f i q u e p r e s o n a s e g u n d a , g e r a l me n t e m a l h a 1 2 , i mp o s s i b i l i t a n d o - o d e f u g i r . A r e d e t r e s m a l h o é s e me l h a n t e a f e i t i c e i r a , p o r é m é f o r ma d a por três panos de rede, sendo duas malhas m a i o r e s d e c a d a l a d o ( g e r a l me n t e 2 0 ) e n o me i o u ma ma l h a m e n o r ( g e r a l me n t e 1 2 ) . II) RE DE S D E ARR AST O 51 São redes rebocáv eis de for mato cônico que pode m operar na superfície ou no fundo. Em U batuba são uti l i zadas redes de arrasto de fundo com portas. V i s a , s o b r e t u d o o c a m a r ã o . Q u a n d o a e mb a r c a ç ã o e s t á a r r a s t a n d o , n a v e g a a u m a v e l o c i d a d e n ã o ma i o r d o q u e 2 n ó s , e c a d a a r r a s t o p o d e d u r a r d e u ma a t r ê s h o r a s , sendo realizados de três a seis arrastos por operação de pesca que dura de 12 a 24 horas. O ca mpo de pesc a l o c a l i z a - s e a me n o s d e 5 mi l h a s n á u t i c a s d a c o s t a . U ma das e xt r e mi d a d e s do cabo fica presa a e mb a r c a ç ã o e n q u a n t o a o u t r a a r r a s t a a r e d e d e f u n d o . Entre o cabo que a marra a rede ao barco e a própria rede , exi ste m as porta s. O ta manho da s portas be m co mo o se u p e s o é d i r e t a me n t e p r o p o r c i o n a l a o t a ma n h o d a r e d e e a p o t e n c i a d o mo t o r d a e m b a r c a ç ã o . S u a f u n ç ã o é d e a b r i r a boca da rede e levá-la para o fundo. A rede de arrasto é feita de fio de nylon e pode ser d i v i d i d a e m t r ê s p e d a ç o s : a ma n g a , o t ú n e l o u c o r p o e o copo ou sacador. O sacador é fechado através de uma c o r d a d e p o l i e t i l e n o c h a ma d a “ f i e l ” , q u e é p e r f i l a d a à r e d e e quando a rede é recolhida o pescador apenas desa marr a o f i e l d e s p e ja n d o o pescado na e mb a r c a ç ã o . A ma l h a utilizada nesse tipo de rede varia de dois cm a cinco c m entre nós. O arrasto pode ser de popa ou trangona. II.a) Arrasto de popa 52 N o a r r a s t o , d e p o p a o b a r c o p u x a u ma ú n i c a r e d e presa a sua popa, sendo que o arrasto ocorre m atrás d a e mb a r c a ç ã o . Fi gura II.a) Red e de arra st o de p op a. Ex traída do Man ual : Artes de p e sca que c aptu ram tartarug a s m ari nhas, IBAMA, 20 00. II.b) Arrasto t rango na No arrasto trangona, o barco possui dois ‘braços’ nos quais ficam presas as redes (u ma e m cada braço). O a r r a s t o e n t ã o o c o r r e l a t e r a l me n t e à e mb a r c a ç ã o . Fi gura II.b) Re de s de arr a sto do ti po tr ang on a o u dobl e- ri ng. Ex traída do M an ual : Arte s de pe sc a que ca pturam tartar ug a s m ari nhas, IBAMA, 20 00. III) L INH AS 53 III.a) Linhada F i o d e n yl o n c o m d o i s a n z ó i s , d u a s i s c a s e u ma c h u mb a d a . Aco mpanha a corrente. Utilizada na pesca p r ó xi m a a c o s t e i r a o u d u r a n t e o u t r a s p e s c a r i a s c o m o o caceio ou o recolhimento da rede d e espera. III.b) Zanga rel ho Técnica utilizada na pesca de lula. É um cone feito de c h u mb o . E m s u a b a s e , e x i s t e u m a n e l , o n d e d e v e s e r a ma r r a d a a l i n h a d e p e s c a . N a s u a p o n t a , f i c a m o s a n z ó i s , que são várias pontas bem afiadas, porém não possuem f i s g a s c o mo a s d o s a n z ó i s n o r ma i s . N e s t a s p o n t a s q u e a s lulas ficam presas ao atacarem a isca. O cone é revestido por u ma linha enrolada ao seu redor ou por ma t e r i a l b r i l h o s o . T a mb é m p o d e s e r e m f o r m a d e p e i x e . Fig. III.b) Zangarelho. (Baseado em observações pessoais e em literatura). 54 ANEXOS 55 QUESTIONÁRIO DE PESCA ENTREVISTA GERAL PESCADORES – PROJETO BIOPESCA Data entrevista: ________________ Município: __________________________ Comunidade: ____________________________________ Embarcação: ________________________ 1. DADOS PESSOAIS Nome: ________________________________________________________________________________________ Idade: ______________ Local de nascimento: __________________ Grau de instrução: _______________________ 2. TRADIÇÃO DE PESCA Ofício do pai: _________________________ Sempre trabalhou na pesca: ( ) sim ( ) não Ofício anterior_____________________ Tempo de pesca: ____________ 3. C ARTEIRA PROFISSIONAL Possui carteira de pescador profissional: ( ) sim ( ) não: ( ) caro; ( ) falta de tempo; ( ) desnecessário Já fez algum curso de pesca? ( ) não ( ) sim Qual? ___________________________________________ Gostaria de fazer algum curso? ( ) não ( ) sim Qual? _________________________________________ 4. RELAÇÕES TRABALHISTAS Trabalha para alguém: ( ) não ( ) sim É proprietário: ( ) barco; ( ) motor; ( ) redes; ( ) banca Como é feito seu pagamento? ( ) fixo ( ) partes Quantas?______________ Quanto tira por mês em média? ( ) até um salário mínimo (até R$ 240); ( ) de 1 a 2 salários mínimos (R$ 241 a 480); ( ) de 2 a 3 (R$ 481 a 720); ( ) mais de 3 salários (mais de R$ 721) 5. FROTA Embarcação: ( ) alumínio; ( ) madeira Comprimento: _______m Cabine: ( ) não; ( ) sim Equipamentos: ( ) não ( ) sim __________________________ Motor: ( ) popa ___ Hp; ( ) centro ___Hp Mecanização: ( ) não ( ) sim __________________________ Autonomia: _____dias N de tripulantes: _______ o Largura boca: _______m Capacidade de carga: ______ 6. ARTES , M ÉTODOS E ÁREA DE PESCA Rede de espera tipo Rede de arrasto tipo Espécie alvo Espécie alvo Malha (cm) Malha (cm) Altura (m) Malha ensacador (cm) Comprimento (m) Comprimento (m) Material da rede Diâmetro da boca (m) Espessura fio (mm) Material da rede Material do flutuador (cm) Espessura do fio (mm) Diâmetro do flutuador Peso das portas (kg) Distância flutuador Tempo de arrasto Material peso Distância da costa Peso (g) Limite ao sul Distância peso (cm) Limite ao norte Tempo de permanência Distância da costa 56 Limite ao sul Limite ao norte 8. INTERAÇÃO COM CETÁCEOS Presença de golfinhos na área de pesca ( ) sim ( ) não Presença de toninha ( ) sim ( ) não Ocorrência de capturas acidentais ( ) sim ( ) não Freqüência de capturas: __________________ Fonte: Carolina Bertozzi – Projeto Biopesca