Anais do X Encontro do CELSUL – Círculo de Estudos Linguísticos do Sul UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná Cascavel-PR | 24 a 26 de outubro de 2012 | ISSN 2178-7751 ANÁLISE LINGUÍSTICA NUMA PERSPECTIVA DISCURSIVA: APONTAMENTOS PARA UMA TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA NA LEITURA DE UMA RESPOSTA ARGUMENTATIVA Adriana Delmira Mendes POLATO 1 Shirlei Aparecida DORETTO2 RESUMO: Ao tomarmos a linguagem como forma social de interação verbal e pensando no reflexo dessa decisão, é importante considerar os aspectos que devem direcionar o trabalho do professor em sala de aula. Essa postura teórica implica um trabalho com diferentes textos, contemplando os gêneros das mais diversas esferas de circulação. Assim, a partir de um trabalho com o gênero “resposta argumentativa”, intencionamos refletir sobre a mobilização dos recursos linguísticos e discursivos como potencializadores e direcionadores de sentidos no processo de leitura desse gênero, bem como realizar apontamentos para uma transposição didática, considerando a sequência: contextualização do gênero discursivo quanto as suas condições de produção, circulação e recepção; busca pelos efeitos de sentidos na construção da argumentação; nomenclatura. A partir desse processo esperamos construir uma possibilidade de trabalho que considera a análise linguística e a leitura como práticas indissociáveis, sendo a primeira imprescindível à ampliação da capacidade linguística, reflexiva e textual do estudante, a fim de que possa, de forma adequada, fazer uso da língua nas modalidades oral e escrita em diferentes situações sociais. A concepção dialógica e discursiva de linguagem ancorada nos estudos de Bakhtin e os trabalhos de Geraldi, Antunes, Travaglia, Mendonça e Perfeito, à luz da linguística aplicada, balizam nossa discussão. PALAVRAS-CHAVE: Análise Linguística; Leitura; Transposição Didática. ABSTRACT: When we assume language as a social form of verbal interaction and think about the reflection of this decision, it is important to consider the aspects that should lead the teacher’s work in the classroom. This theoretical stance implies working with different texts, considering genres from the most different spheres of circulation. Thus, based on a work with the genre “argumentative answer”, we intend to build a reflection on the mobilization of linguistic and discursive resources as boosters and leaders of meanings in the reading process of this genre, as well as make notes for a didactic transposition, considering the sequence: contextualization of the discursive genre concerning its conditions of production, circulation and reception; search for meaning effects in the argumentation building; nomenclature. Based on this process we hope to build a possibility of work that considers linguistic analysis and reading as inseparable practices, being the first one indispensable for the expansion of the student’s linguistic, reflexive and textual capacities, in order to use the language rightly in its oral and written modalities in different social situations. Our discussion is based on the dialogic and discursive conception of language anchored in Bakhtin’s studies, and on the works of Geraldi, Antunes, Travaglia, Mendonça and Perfeito with applied linguistics. KEYWORDS: Linguistic analysis; Reading; Didactic transposition. 1 Mestre em Letras. Professora assistente de Língua Portuguesa e Prática de Ensino de Língua Portuguesa, lotada no Departamento de Letras da Unespar/Fecilcam – Universidade Estadual do Paraná/Campus de Campo Mourão. E-mail [email protected] 2 Mestranda em Letras. Professora colaboradora do Departamento de Letras da Unespar/Fecilcam – Universidade Estadual do Paraná/Campus de Campo Mourão. E-mail [email protected]. 1 Anais do X Encontro do CELSUL – Círculo de Estudos Linguísticos do Sul UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná Cascavel-PR | 24 a 26 de outubro de 2012 | ISSN 2178-7751 1 Introdução A concepção interacionista da linguagem está alicerçada na concepção de língua proposta pelos estudos do Círculo de Bakhtin que a consideram “um processo de evolução ininterrupto, que se realiza através da interação verbal social dos interlocutores” (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 2011, p.131, grifos do autor). Assim, a língua não pode ser vista como algo isolado e externo ao indivíduo, mas, pelo contrário, como algo que diz respeito a sua identidade, não sendo neutra e imparcial a crenças e valores. O reflexo dessa concepção teórica, em sala de aula, na produção de textos orais e/ou escritos, por exemplo, implica a consideração de alguns fatores como o fato de que falamos/escrevemos não somente para expressar sentidos, mas também propósitos, intenções, ou seja, quando interagimos com o outro, por meio da linguagem, temos um objetivo. Em decorrência disso, mobilizamos recursos linguísticos e discursivos, em conformidade com o gênero de que dispomos e escolhemos para concretizar nosso intuito discursivo. Ao optarmos pelo viés da Linguística Aplicada (Moita Lopes, 1996) e tendo como sustentação teórica as concepções de língua e linguagem como forma de interação social, partimos das discussões de autores como Bakhtin, Geraldi, Antunes, Travaglia, Mendonça, Perfeito, entre outros, para refletir sobre a forma como os recursos linguísticos e discursivos formam o eixo nuclear na produção de determinados sentidos e na inibição, ao mesmo tempo, de outros, considerando as marcas linguísticas (do gênero) e enunciativas (do sujeito/autor), de acordo com a composição e com o contexto de produção. Além disso, apresentaremos uma possibilidade de transposição didática do gênero “resposta argumentativa”. Destacamos, com isso, que os sentidos e as intenções expressas em qualquer texto não resultam apenas das palavras, mas de um conjunto de fatores que unem o gênero escolhido para dizer o que foi dito, as escolhas lexicais realizadas, a gramática da língua e suas relações, o suporte em que tal gênero foi veiculado, a modalidade, o grau de formalidade, entre outros. Assim, se pensarmos em língua, pensamos na gramática dessa língua e pensamos que, na escola, essa gramática não pode ser ensinada senão por meio da prática de Análise Linguística. Não desconsiderando a indissolubilidade das práticas discursivas de uso da língua (leitura, escrita e oralidade) e das atividades de reflexão sobre esse uso (análise linguística), privilegiamos, para este trabalho, as discussões entre a leitura e a análise linguística, pois acreditamos que, neste momento, dados nossos objetivos, são essas duas práticas que podem contribuir mais efetivamente para ilustrar as relações que buscamos discutir nesta proposta. Para isso, apresentamos uma discussão inicial sobre a importância de um ensino de língua, a partir dos gêneros discursivos, que tenha a prática de AL como ferramenta para a produção de sentidos na leitura. Posteriormente, discutimos a relação entre ambas as práticas, apresentamos o corpus e a análise do texto, seguida de uma possibilidade de transposição. A escola deve ser um lugar de reflexão sobre a língua e de investigação das possibilidades de uso nas diversas situações reais desse uso. Pensar em ensino sem considerar as relações existentes entre as práticas discursivas e as atividades de reflexão sobre o uso, em nosso caso, a prática discursiva da leitura e a atividade de análise linguística, é desconsiderar a língua em sua totalidade, em seu uso real e concreto e oferecer apenas nomenclatura ou regras. 2 O ensino na perspectiva dos gêneros do discurso e o trabalho de AL A partir da adoção da concepção sociointeracionista de linguagem como baliza teórica à prática docente no ensino de língua materna, especialmente à luz da teoria bakhtiniana, parte-se do princípio de que todo texto/discurso se concretiza em gênero. 2 Anais do X Encontro do CELSUL – Círculo de Estudos Linguísticos do Sul UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná Cascavel-PR | 24 a 26 de outubro de 2012 | ISSN 2178-7751 Para Bakthin, todas as esferas da comunicação se relacionam com a utilização da língua. “Cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso o que denominamos gêneros do discurso” (BAKHTIN, 1992, p. 279). Os gêneros são constituídos por seu conteúdo temático, estilo (seleção operada nos recursos da língua – recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais) e construção composicional, que, indissoluvelmente, se unem para formar o enunciado. Esse, por sua vez, reflete condições específicas e finalidades das diferentes esferas de uso da linguagem. O trabalho em sala de aula a partir da perspectiva dos gêneros discursivos, ou da diversidade textual, requer, portanto, compreender a linguagem como uma forma de interação humana, considerando sua dimensão sócio-histórica (dialética). Dessa forma, o aluno deve ser reconhecido como um sujeito usuário da língua, participante ativo do processo de interação e a sala de aula concebida como um lugar de interação verbal, onde professor e aluno dialogam, sendo o texto concretizado em gênero, o principal ponto de encontro entre esses sujeitos, também constituídos sócio-histórico e ideologicamente. Nesse viés, a língua/linguagem não pode ser tomada como objeto de ensino, se concebida como sistema abstrato, ou código por meio do qual o sujeito expressa seus pensamentos desvinculadamente das práticas sociais de suas vivências. Os gêneros, sim, passam a ser esse objeto, visto que se concretizam como enunciados vivos, materializados em textos. Para Perfeito (2005), portanto, os gêneros são objetos e os textos são unidades de ensino, constituindo-se como elementos integradores, sem artificialidade, das práticas de leitura, análise linguística e de produção/refacção textual. Bakhtin assevera: A língua materna — a composição de seu léxico e sua estrutura gramatical —, não a aprendemos nos dicionários e nas gramáticas, nós a adquirimos mediante enunciados concretos que ouvimos e reproduzimos durante a comunicação verbal viva que se efetua com os indivíduos que nos rodeiam. Assimilamos as formas da língua somente nas formas assumidas pelo enunciado e juntamente com essas formas. As formas da língua e as formas típicas de enunciados, isto é, os gêneros do discurso, introduzem-se em nossa experiência e em nossa consciência conjuntamente e sem que sua estreita correlação seja rompida. (BAKHTIN, 1998, p. 301-302) Bakhtin considera, ainda, que os enunciados ou os gêneros do discurso introduzem-se em nossa experiência e em nossa consciência a partir das vivências em práticas sociais reais de uso. Tomando essa proposição como importante à prática docente, é possível considerar que falantes e ouvintes, escritores e leitores, constroem, a partir das relações sociais, uma capacidade que diz respeito ao conhecimento dos gêneros do discurso, de sua caracterização e de suas funções. Portanto, o objetivo de se tomar o gênero como objeto de ensino em sala de aula serve para corroborar a ampliação da capacidade de uso efetivo da linguagem. Nesse sentido, em termos pedagógicos, é necessário considerar que o domínio do arcabouço que envolve a vida do gênero e que o faz ser enunciado, circular e significar na sociedade, é requisito à inserção social ativa do sujeito nos espaços de suas vivências, a partir da consideração de que sua voz (discurso) também se concretiza em gêneros do discurso e não se dá senão em resposta a enunciados anteriores. É incumbência da escola e do professor proporcionar condições e mediar situações de ensino e aprendizagem de língua para formar um sujeito ativo em sua produção linguística. Essa incumbência não se efetiva sem que nas aulas de língua ocorram práticas discursivas de uso (leitura, escrita e oralidade) e atividades de reflexão sobre o uso (análise linguística), práticas essas, entendidas como indissociáveis. 3 Anais do X Encontro do CELSUL – Círculo de Estudos Linguísticos do Sul UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná Cascavel-PR | 24 a 26 de outubro de 2012 | ISSN 2178-7751 Certo é que formar sujeitos leitores e produtores capazes de fazer uso competente da língua é objetivo do ensino de Língua Portuguesa e não é possível ler ou produzir um texto (que se concretiza em gênero), apreender esse enunciado em sua indissolubilidade, sem vivenciar ou compreender a função de sua composição, de seus temas e dos recursos linguístico-expressivos e discursivos que a ele são inerentes. Dessa forma: Compreendemos por análise lingüística, sobretudo, o processo reflexivo (epilingüístico), em relação à movimentação de recursos lexicais e gramaticais e na construção composicional - concretizada em textos pertencentes a determinado(s) gênero(s) discursivo(s), considerando seu suporte, meio/época de circulação e de interlocução (contexto de produção) veiculados ao processo de leitura, de construção e de reescrita textuais (mediado pelo professor). (PERFEITO, 2007, p. 829, grifos do autor). O objetivo da atividade de análise linguística (AL) é refletir sobre a mobilização dos recursos linguístico-expressivos e discursivos, como potencializadores e direcionadores de sentidos no processo de leitura, produção oral ou escrita de um texto. A AL, assim, permeia a oralidade, a leitura e a escrita. A partir dessa consideração, o encaminhamento dessa atividade pelo professor-mediador deve objetivar a formação de um melhor leitor e de um melhor produtor de textos orais ou escritos. Compreender o gênero como um enunciado atravessado pela ideologia, constituído sócio-historicamente, que cumpre o intuito discursivo ou a vontade discursiva de um sujeito numa dada esfera da atividade humana, sendo indissoluvelmente composto por conteúdo temático, estilo e construção composicional, permite ao aluno co-produzir sentidos na leitura, e ser responsivo a esse enunciado. A atividade de AL presta-se, portanto, a desvelar o estilo do gênero ou o estilo que num gênero se imprime em razão das funções sócio-discursivas que ele cumpre enquanto enunciado que sucede e é sucedido por outros na cadeia discursiva. Essa atividade de desvelar os recursos linguístico-discursivos capacita o estudante a compreender o porquê do uso deste ou daquele recurso para fazer-se valer dele em outras situações de uso. 3 A prática discursiva da leitura e atividade de AL A leitura é um ato interlocutivo e dialógico em que os sujeitos interagem permanentemente, lugar onde os sentidos serão sempre polissêmicos e plurivalentes. Saber, portanto, responder quem são as personagens, qual o título do texto, quantos parágrafos tem, o que o autor quis dizer, o que o texto quis dizer, o que você acha que o texto diz, não significa compreender o dito em sua totalidade, ou co-produzir sentidos. Enquanto materialidade constituída no e para o plano discursivo, o texto é dotado de potencialidade significativa e é somente a partir da compreensão de como, linguisticamente, os significados se potencializam que o sujeito pode ler melhor, pois os sentidos não estão só nas palavras, mas, também, na relação com as condições em que foi produzido. Co-produzir sentidos não só implica ir ao encontro do texto, corroborando a constituição de seu sentido com as experiências e vivências sociais, mas também, compreender como se constrói a referida potencialidade significativa inscrita, ou seja, como certos elementos linguísticos atuam na constituição do sentido, permitindo determinadas leituras. A partir disso, o leitor poderá responder melhor ao lido, compreendendo, inclusive, as implicações sócio-históricas e ideológicas de tais usos, uma vez que as palavras constituem não só as unidades da língua, mas também unidades discursivas. 4 Anais do X Encontro do CELSUL – Círculo de Estudos Linguísticos do Sul UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná Cascavel-PR | 24 a 26 de outubro de 2012 | ISSN 2178-7751 Ao ler, é preciso ser capaz de inferir, perceber conteúdos implícitos, subentendidos, compreender referências dêiticas, efeitos gerados por escolhas lexicais e gramaticais, efeitos motivados por construções sintáticas, por ordenação das palavras no enunciado, por repetições, pontuação e etc. É necessário atentar para as relações dialógicas e intertextuais e perceber que o texto não é gratuito. Em nível fonético, morfológico, sintático e semântico o discurso fala de si, se revela. Nenhum elemento linguístico está no texto somente em função das regras, nem apenas para receber o nome que a gramática normativa ou outra teoria linguística lhe dá. A partir deste ou daquele recurso se produz sentidos e é, justamente, em busca deles, que a atividade de AL serve à prática da leitura. 3 Apontamentos para a transposição didática na AL de uma “resposta argumentativa” Inicialmente, é importante ressaltar que não há um método pronto para encaminhar a atividade de análise linguística, o que pode haver é um encaminhamento metodológico direcionado à análise de um gênero e essa é uma práxis sustentada por concepções claras, que por sua vez, advêm da adoção da concepção sociointeracionista de linguagem, de um conhecimento sobre os gêneros e sobre o ensino de língua a partir de sua abordagem. Evidencia-se a necessidade de haver, por parte do docente, um conhecimento gramatical e sobre gramática e um conhecimento teórico acerca de questões linguísticas, da linguística, da linguagem e do processo de ensino e aprendizagem. A partir disso, é possível apontar caminhos para se pensar num ensino gramatical produtivo. A opção que norteia nosso trabalho é a de gramática do texto, a partir da qual entendemos que os recursos linguístico-discursivos, as escolhas lexicais e fraseológicas estão concretizadas num gênero. Portanto, a metodologia que defendemos sugere o gênero como objeto de análise. Como primeiro passo, o professor poderá realizar uma análise linguística prévia para o encaminhamento de seu trabalho. Posteriormente, refletirá juntamente com os estudantes sobre as condições de produção do enunciado e sobre sua própria existência e constituição sócio-histórica e ideológica num determinado campo da atividade humana. Lado a lado podem aparecer as perguntas de leitura e as perguntas de análise linguística. As questões ou perguntas de AL focam-se, inicialmente, nos sentidos potencializados e verticalizam-se para se chegar à nomenclatura, quando pertinente, ou quando à escolha do docente de acordo com os objetivos de sua proposta. A sugestão de irmos à nomenclatura ancora-se na compreensão de que apenas ensinar um nome é minar a língua à nomenclatura, mas não ensinar o nome, também, pode significar minar o ensino de língua a uma reflexão que nega ao aluno um conhecimento teórico que poderá ser útil e ele em futuras situações de ensino e aprendizagem da língua. Portanto, “realizamos atividades de gramática teórica quando ensinamos e cobramos do aluno a metalinguagem com a nomenclatura própria da gramática descritiva a que nos referimos” (TRAVAGLIA, 2007, p. 88). Sinteticamente, nossa proposta metodológica, que se constitui como uma possibilidade para nortear o trabalho do professor ao encaminhar a atividade de AL, concretiza-se no anagrama a seguir: 5 Anais do X Encontro do CELSUL – Círculo de Estudos Linguísticos do Sul UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná Cascavel-PR | 24 a 26 de outubro de 2012 | ISSN 2178-7751 GÊNERO: Análise do professor X contextualização Prática mediada de leitura X Perguntas de leitura Atividade mediada de AL X Perguntas de AL Perguntas de AL sobre os sentidos potencializados Perguntas de AL do sentido para a nomenclatura Figura 1 – Representação de uma proposta de trabalho com a AL. 3.1 Uma possível análise a ser feita pelo professor O texto em análise é uma resposta argumentativa postada no ano de 2010, em “Yahoo! Respostas”, um site específico em que os membros da comunidade fazem perguntas sobre qualquer tema e recebem respostas de outras pessoas que compartilham fatos, opiniões e experiências pessoais3. Abaixo, segue o texto postado em um contexto específico em que se veiculavam na mídia diversas reportagens sobre os níveis epidêmicos do uso do crack em muitas cidades brasileiras. Texto-base USUÁRIOS DE DROGAS À SOLTA REALIMENTAM O BANDITISMO. TRATAMENTO COMPULSÓRIO OU PRISÃO JÁ? Como é que os que frequentam as cracolândias conseguem dinheiro para comprar drogas? Roubando e assaltando, não é? Então, por que deixá-los à solta? A polícia deveria patrulhar os locais frequentados por drogados e promover arrastões até diários, levando todos os drogados para a prisão, nem que fosse por alguns dias e para fichá-los a fim de que não pudessem se organizar para cometer roubos e assaltos. O drogado deveria ser intimado a se tratar em clínicas de desintoxicação e se fosse encontrado no mesmo local deveria ser preso por pelo menos um ano inteiro, para lhe tirar o vício. Só assim é que o banditismo poderia começar a diminuir. Texto 1 – resposta argumentativa disponível em < http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20110810193940AA6lCSF> Acesso em10. 08.2012 A resposta argumentativa se constitui como um gênero discursivo opinativo, em que o autor apresenta e defende sua opinião frente a um determinado tema real e geralmente polêmico, controverso. No decurso argumentativo, busca, por meio da sustentação ou da refutação de outras opiniões, convencer e influenciar o leitor a aderir à posição defendida por ele. À análise desse texto, interessam, especialmente, a função discursivo-argumentativa com que são empregados certos elementos linguísticos a fim de estabelecer relações de sentidos e orientações argumentativas na estrutura textual. No texto em questão, o crack, seus usuários e as problemáticas dele originadas são o tema controverso que suscita a alternância de respostas por diferentes sujeitos respondentes. 3 Informações disponíveis em: <http://br.answers.yahoo.com/info/product_tour;_ylt=AuDCqYLztvxy1bB. x9TyaO_HwIlQ;_ylv=3>. Acesso em 10.08.2012. 6 Anais do X Encontro do CELSUL – Círculo de Estudos Linguísticos do Sul UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná Cascavel-PR | 24 a 26 de outubro de 2012 | ISSN 2178-7751 A partir do título, o sujeito-autor começa a marcar sua posição ou opinião arbitrária a respeito do tratamento que deve ser dado aos usuários de drogas, posteriormente qualificados como bandidos. Em “Usuários de drogas à solta realimentam o banditismo. Tratamento compulsório ou prisão já?”, o autor se vale da locução adverbial “à solta” para reforçar o argumento de que a sociedade ou os órgãos competentes não estão atentos às situações de liberdade e impunidade vividas pelos usuários de drogas nos espaços públicos. Essa locução adverbial de modo, em termos literais, chama atenção para a própria questão da impunidade. Esse mesmo efeito de sentido, no entanto, não seria obtido a partir do uso do adjetivo “soltos”, que restringiria e qualificaria o sentido de usuários, como poderia se ler em: “Usuários de drogas soltos realimentam o banditismo”. O uso de “soltos” não seria conveniente à ideia de impunidade que se quer criar para sustentar as soluções posteriormente oferecidas: “Tratamento compulsório ou prisão já?”. Mais uma vez, para reforçar o argumento de que não se dá a devida providência ao fato de estarem “à solta”, o autor opta pelo uso do verbo “realimentam”, demonstrando, a partir da carga semântica contida no prefixo “re”, que existe um ciclo de impunidade e de “banditismo”. Por fim, com o uso do sufixo “ismo”, em “banditismo”, atribui carga pejorativa ao substantivo, trazendo à tona a noção de grupo mal visto e, pela primeira vez, denunciando a grande quantidade de indivíduos envolvidos na situação, fazendo-se fechar o ciclo de impunidade - descaso - aumento da problemática, que se estabelece a partir do sentido que é linguisticamente potencializado pelo uso de três recursos: da locução adverbial “à solta”, do prefixo “re” e do sufixo “ismo”. O uso do ponto final, no título, encerra naturalmente a oração declarativa, estabelecendo-se a partir disso, o efeito de verdade e certeza. Por fim, o autor lança mão de dois argumentos ou duas opções que julga e impõe serem as únicas possíveis para acabar com o dito ciclo de impunidade. O uso de dois pontos em vez do ponto final quebraria a sequência argumentativa do autor, pois intenciona dar somente duas opções “aos bandidos” e não introduzir uma explicação ao enunciado anterior. Em “Tratamento compulsório ou prisão já?”, o operador que introduz argumento alternativo “ou”, coloca em relação dois argumentos cujo funcionamento discursivo é o do aprisionamento. O advérbio “já”, que remete à instrução de sentido de tempo, evidencia a urgência da providência que deve ser dada à questão. Com a interrogação, o autor abre diálogo com o leitor, como se perguntasse a ele com qual das alternativas de aprisionamento mais concorda. Portanto, ainda que “ou” pareça ter função exclusiva, discursivamente essa noção não se aplica em detrimento de ambos os argumentos estarem relacionados ao aprisionamento. Na linha desse raciocínio, é possível afirmar que mesmo aparentemente deixando a possibilidade de escolha, isso se configura como uma manobra de argumentação, visto que de uma forma ou outra, a solução está na reclusão. Assim, semanticamente, o alternativo “ou” funciona como um disjuntivo inclusivo e não exclusivo. Finalizando o título, o autor dá início ao corpo do texto com três interrogações, mais uma vez abrindo diálogo com o leitor, levando a uma aproximação e ao mesmo tempo induzindo-o a concordar com ele. Criando uma espécie de silogismo, suscita uma reflexão, responde e ao mesmo tempo induz o leitor a concordar com a resposta dada e conclui, como se pode ver em “Como é que os que frequentam as cracolândias conseguem dinheiro para comprar drogas?” - suscita a reflexão -, “Roubando e assaltando, não é?” – responde e induz uma resposta positiva -, “Então, por que deixá-los à solta?” – conclui. Assim, pelo ponto de interrogação, estabelece ligação entre os enunciados que induzem a reflexão: os usuários roubam e assaltam para conseguir dinheiro e por isso devem ficar reclusos. 7 Anais do X Encontro do CELSUL – Círculo de Estudos Linguísticos do Sul UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná Cascavel-PR | 24 a 26 de outubro de 2012 | ISSN 2178-7751 A primeira pergunta é iniciada com o advérbio interrogativo “como”, porque os argumentos que responderão a essa indagação são “roubando e assaltando”. Na mesma pergunta aparece o pronome relativo “que” precedido do artigo definido “os” para fazer referência aos usuários, que apareceram no título, justificando o uso do definido. Sintaticamente, a primeira pergunta é uma oração subordinada substantiva subjetiva, em que a conjunção integrante “que”, literalmente integra “os que frequentam as cracolândias”, sujeitos protagonistas das ações que em seguida serão vinculadas a eles no enunciado “roubando e assaltando, não é?” Em “cracolândia”, o sufixo “lândia”, com sua carga semântica de terra, lugar, espaço amplo, traz o sentido de caos, devido à amplitude e dimensão que toma a situação. Não há mais somente os usuários do crack, há um lugar para o encontro desses usuários e o respectivo uso. O gerúndio em “roubando e assaltando” reforça a ideia de ação contínua, que só se dá em razão da impunidade que, por sua vez, reforça o ciclo de banditismo. A expressão “não é?” mantém aberto o diálogo com o leitor e ao mesmo tempo o induz a concordar com a indagação-resposta. O “Então”, na verdade conclusivo de uma resposta que deverá ser afirmativa pelo leitor, introduz a pergunta “por que deixá-los à solta?”, que já teve resposta dada a partir do título do texto. Ou seja, se usuários à solta realimentam o banditismo, tratamento compulsório ou prisão já para eles. De qualquer forma, a solução que se dá à questão é a reclusão ou a retirada desses indivíduos do convívio social. Daqui em diante, o autor começa a ditar as ações que deveriam ser realizadas para que sua sugestão se efetive. A instrução de sentido modalizadora de obrigatoriedade de uma ação que ainda não é realizada é feita a partir da locução verbal “deveria patrulhar”, com o deôntico no futuro do pretérito. A conjunção aditiva “e” une as duas orações ou enunciados em cujos conteúdos pode se observar a determinação do papel a ser desempenhado pela polícia: patrulhar e promover arrastões até diários para prender. O operador “até” é utilizado para destacar que arrastões ocasionais não seriam suficientes, portanto, o uso de “até”, seguido do adjetivo “diários” explicita a necessidade de aumento da frequência das ações da polícia, pois, mesmo sendo muitas, é o que seria ideal para solucionar a questão. “Todos” retoma discursivamente o sentido de arrastões, que remete a uma ação que não deixa escapar ninguém. A preposição “para” dá direção de aonde todos devem ser levados: à reclusão ou à prisão, marcando a posição arbitrária do autor, baseada numa solução única. Em “nem que fosse por alguns dias e para fichá-los a fim de que não pudessem se organizar para cometer roubos e assaltos”, “nem que fosse” estabelece uma relação hipotética de concessão. Na continuidade do enunciado, o sentido de finalidade aparece por três vezes, como se pode ver em “para fichá-los”, “a fim de que” e “para cometer roubos e assaltos”. Portanto, explicita-se que há pelo menos três motivos imediatos e relacionados numa gradação, para que se prendam os usuários de drogas. Ficar juntos para cometer crimes é último na ordem dessa relação e é o que deve ser combatido com mais afinco. Nesse sentido a expressão “se organizar para cometer roubos e assaltos” está relacionada ao sentido de banditismo ou grupo de bandidos. Os substantivos “roubos e assaltos” são o objeto direto do verbo cometer. Se alguém comete algo, comete erro ou ato negativo. Portanto, a escolha do verbo cometer, em vez do verbo “praticar”, por exemplo, está relacionada com sua transitividade para os objetos roubos e assaltos, presentes nos discursos sobre a violência urbana decorrente das problemáticas causadas pelas drogas. O segundo parágrafo do texto é iniciado com o artigo “o” determinando o sujeito “drogado”. O foco, inicialmente, deixa de ser a polícia porque a ação será sofrida pelo drogado. Nesse sentido, o uso do deôntico sugestivo “deveria” aliado à voz passiva que se realiza em “ser intimado” desqualifica o drogado como sujeito capaz de agir e, que, portanto, deve sofrer a ação. Essa ideia começa-se a construir a partir da escolha “o drogado”, que em 8 Anais do X Encontro do CELSUL – Círculo de Estudos Linguísticos do Sul UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná Cascavel-PR | 24 a 26 de outubro de 2012 | ISSN 2178-7751 nível morfológico é substantivo que traz em seu conteúdo a especificação implícita “aquele que usa drogas”. “Se fosse encontrado no mesmo local” desencadeia a relação subordinada condicional hipotética entre o conteúdo desse enunciado e o conteúdo de sugestão de ordem que se realiza no enunciado que sucede “deveria ser preso”. A presença do adjunto adverbial de lugar “no mesmo local” reforça o intuito do autor em argumentar a favor do fim do banditismo, ou seja, do fim dos grupos de drogados ou como os qualifica, bandidos e, implicitamente, retoma o local onde os drogados se reúnem para usar o crack, as cracolândias, termo apresentado no primeiro parágrafo do texto. Em “por pelo menos um ano inteiro” o autor estabelece, pelo uso do operador “pelo menos”, um objetivo mínimo numa escala que direciona para o argumento mais forte – “um ano inteiro”. Nessa relação, “inteiro” especifica “ano” e ajuda a enfatizar a relação exata do tempo necessário para “lhe tirar o vício”. Por fim, em “só assim é que o banditismo poderia começar a diminuir”, pelo uso do advérbio de modo “só”, determina-se a única forma de ação a ser aplicada, denotando a exclusão de todas as outras formas possíveis que o leitor poderia pressupor e, por meio do dêitico “assim”, retoma as sugestões já dadas. “No mesmo enunciado, “poderia” modaliza a possibilidade para o início da diminuição do problema, que se completa pela pressuposição revelada pelo verbo “começar”, que transita para “a diminuir”. 3.2 A transposição e seus objetivos Os objetivos das atividades propostas no trabalho de transposição são demonstrar como, numa resposta argumentativa, existe uma relação intrínseca entre uma escolha linguística e outra na construção argumentativa e como pode se dar o percurso do sentido à nomenclatura. a) Perguntas de AL sobre o sentido (reflexões epilinguísticas) e sobre a relação entre os recursos utilizados num enunciado argumentativo: A partir da leitura do título do texto e considerando suas condições de produção, que sentido se pode produzir a partir da leitura da expressão “à solta”? Se em vez de “à solta”, a opção fosse “soltos”, obter-se-ia o mesmo efeito de sentido? Se em lugar de “realimentam”, que a aparece no título, o verbo escolhido fosse “alimentam”, quais sentidos seriam modificados ou acrescentados? Não só em “banditismo” como em várias palavras da Língua Portuguesa percebemos a presença do sufixo “ismo”. Lembre-se de outras palavras em que “ismo” aparece e tente pensar no(s) sentido(s) que esse sufixo pode ter. No que diz respeito à argumentação, existe uma relação de sentidos que se estabelece a partir do uso da expressão “à solta”, do verbo “realimentam” e da palavra “banditismo”? Comente. O texto é iniciado com três interrogações. Qual a contribuição do uso desse recurso para a construção da argumentação? Em “Roubando e assaltando, não é?”, o uso do ponto de interrogação, gramaticalmente, é marca de pergunta. Discursivamente, “Roubando e assaltando, não é?”, é uma pergunta? Comente. Em “Então, por que deixá-los à solta?”, “então” funciona como um operador entre argumentos. Que relação é estabelecida entre a pergunta que o antecede e a pergunta que o sucede? Leia o seguinte trecho do texto para responder às questões que seguem: 9 Anais do X Encontro do CELSUL – Círculo de Estudos Linguísticos do Sul UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná Cascavel-PR | 24 a 26 de outubro de 2012 | ISSN 2178-7751 “A polícia deveria patrulhar os locais frequentados por drogados e promover arrastões até diários, levando todos os drogados para a prisão, nem que fosse por alguns dias e para fichálos a fim de que não pudessem se organizar para cometer roubos e assaltos”. Que efeito de sentido se pode produzir a partir do uso da locução verbal “deveria patrulhar”? Se em vez de “promover arrastões até diários”, o autor utilizasse promover arrastões diários”, haveria alteração de sentido? Por quê? Em “para fichá-los a fim de que não pudessem se organizar para cometer roubos e assaltos”. Que relação de sentido é estabelecida entre as orações a partir do uso de “para” e “a fim”? É possível afirmar que a escolha do verbo “cometer” em vez de “praticar”, por exemplo, potencializa um sentido que chama a atenção para as ações erradas dos bandidos? Por quê ? A partir da leitura de “O drogado deveria ser intimado a se tratar em clínicas de desintoxicação e se fosse encontrado no mesmo local deveria ser preso por pelo menos um ano inteiro, para lhe tirar o vício. Só assim é que o banditismo poderia começar a diminuir”, analise as possibilidades que se apresentam: 1) O drogado deveria ser intimado; 2) O drogado deve ser intimado; 3) A polícia deveria intimar o drogado. Comente sobre os diferentes sentidos que poderiam ser produzidos a partir dessas diferentes possibilidades que a língua oferece. b) Perguntas de AL partindo do sentido para a nomenclatura: “À SOLTA” é uma locução adverbial. Você sabe por quê? Sabe o que significa “locução” no domínio gramatical? Se fosse para classificar a expressão “à solta” a partir do sentido que sugere, como você a classificaria? a) Sentido de tempo b) Sentido de modo ou maneira c) Sentido de dúvida Segundo a gramática, “à solta” é uma locução adverbial de modo. Nas palavras “realimentam” e “banditismo” podemos observar uma formação interessante. Analise as possibilidades que se apresentam e responda às questões: (re)alimentam, bandit(ismo), bandid(agem). Você sabe como se chamam essas pequenas formas significativas que ajudam a formar a palavra? Se não, consulte a gramática e pesquise. É possível compreender que há um sentido contido na forma “re”, outro na forma “aliment” e outro significado, ainda, na forma “am”. Que significado se pode produzir a partir de “re”? O que marca o “am” na forma verbal “realimentam”? As palavras podem ter prefixos, sufixos, raiz ou radical. Em “realimentam” que partes correspondem aos conceitos dados? Em “banditismo” podemos observar a presença de prefixo, sufixo, raiz ou radical? Justifique. 4 Considerações finais A reflexão sobre os recursos linguísticos e discursivos característicos de textos de diferentes gêneros mostra, cada vez mais, as contribuições que a prática de análise linguística 10 Anais do X Encontro do CELSUL – Círculo de Estudos Linguísticos do Sul UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná Cascavel-PR | 24 a 26 de outubro de 2012 | ISSN 2178-7751 oferece para um ensino reflexivo e produtivo de língua materna. Em nosso caso, a discussão sobre a funcionalidade de tais elementos no gênero “resposta argumentativa”, a partir da atividade de leitura, possibilita perceber o modo como o enunciador (sujeito/autor) constrói a cadeia argumentativa concretizando seu intuito discursivo ou vontade discursiva num enunciado real, formando um elo, a favor de seus argumentos. As práticas de leitura e AL proporcionam, assim, a percepção de que os sentidos podem ser analisados até se esgotarem, momentaneamente, mas nunca por completo, pois não se pode afirmar que outras análises são impossíveis, para além da análise desempenhada. Esperamos, pelo percurso adotado neste trabalho, ter deixado claras as contribuições de um ensino de língua que não tem apenas as regras gramaticais como foco, não que elas não sejam importantes. A possibilidade de trabalho que exploramos permite-nos afirmar que um ensino reflexivo abre novas possibilidades de análise da língua, estimulando, no estudante, o aperfeiçoamento da análise dos aspectos gramaticais, auxiliando-o a se tornar um usuário competente da língua. Referências BAKHTIN, M. M. ; VOLOCHINOV, V. N. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico da linguagem. Tradução de Michel Lahud e Yara Frateschini Vieira. 12 ed. São Paulo: Hucitec, 2011. BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: primeiro e segundo ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1997. BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa. Brasília : MEC/SEF, 1998. MOITA LOPES, L. P. da. Oficina de linguística aplicada : a natureza social e educacional dos processos de ensino/aprendizagem de línguas. Campinas, São Paulo: Mercado de Letras, 1996. NEVES, M. H. de M. A modalidade. In.: KOCH, I. V. (org.). Gramática do português. Campinas: UNICAMP/FAPESP, 1996. Vol. 6: Desenvolvimentos. PERFEITO, A. M. Concepções de linguagem e análise linguística: diagnóstico para proposta de intervenção. In: CLAPFL – I Congresso latino americano de professores de línguas. Florianópolis: Edusc, 2007. p. 824 – 836. TRAVAGLIA, L. C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. São Paulo: Cortez, 1996. _____. A gramática na escola. 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