0 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO CLÁUDIA APARECIDA AVELAR FERREIRA A percepção dos servidores de uma instituição psiquiátrica de saúde pública sobre a qualidade de vida no trabalho. Belo Horizonte 2014 1 CLÁUDIA APARECIDA AVELAR FERREIRA A percepção dos servidores de uma instituição psiquiátrica de saúde pública sobre a qualidade de vida no trabalho. Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional em Administração do Centro Universitário UNA, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre. Área de concentração: Inovação e Sociedade. Dinâmica Organizacional, Linha de pesquisa: Dinâmica Organizacional, Inovação e Sociedade. Orientador(a): Vasconcelos Drª Fernanda Carla Co-orientadora: Drª Íris Barbosa Goulart Belo Horizonte 2014 Wasner 2 Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus F383p Ferreira, Cláudia Aparecida Avelar A percepção dos servidores de uma instituição psiquiátrica de saúde pública sobre a qualidade de vida no trabalho. / Cláudia Aparecida Avelar Ferreira. – 2014. 161fl. il. Orientador: Profa. Dra. Fernanda Carla Wasner Vasconcelos Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2014. Programa de Mestrado Profissional em Administração. Bibliografia f. 125-142. 1. Pessoal da área de saúde mental. 2. Qualidade de vida no trabalho. I. Fernanda Carla Wasner. II. Centro Universitário UNA. III. Título. CDU: 658 Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus Guajajaras. 3 4 Dedico este trabalho à minha mãe e à minha irmã por tudo que tenho hoje e pelo apoio sempre. Ao meu pai (in memoriam) que fez o possível para que eu chegasse aqui. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço a todos os professores do Centro Universitário UNA, pelos conhecimentos aprendidos durante os 24 meses, em especial, à minha orientadora, pela paciência, sabedoria, conhecimento e atenção. Agradeço ao professor Dr. Mário Teixeira Reis Neto, pela paciência, apoio, aprendizagem e orientação em outros trabalhos. Agradeço aos funcionários do Hospital Galba Velloso, pela ajuda e força, principalmente os da farmácia. Agradeço aos funcionários do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena e o Instituto Raul Soares, pela ajuda e contribuição em participar do estudo. Principalmente a farmacêutica Adriana de Barbacena e a médica infectologista Roberta e farmacêutica Adriana e Selma do Instituto Raul Soares. Agradeço à Coordenação do Núcleo de Ensino e Pesquisa e suas colaboradoras dos locais do estudo. Agradeço ao Diretor Daniel Eugênio Gomes de Freitas, à Gerente Assistencial Eliane Mussel da Silva e à Gerente administrativa Cláudia Maria da Paz, pelo apoio incomensurável. Agradeço à Diretora Mônica Matos S. Chartini do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, ao Diretor Maurício Leão de Rezende do Instituto Raul Soares e à Diretora de Desenvolvimento Estratégico, Hilda Maria Silveira Mesquita Zschaber, pela participação e troca de conhecimentos. Agradeço à Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais, pelo campo de pesquisa, especialmente, à Dra. Deise Afonso Campos, do Núcleo de Apoio ao Pesquisador. Agradeço aos meus amigos, colegas e parentes, pela aceitação da minha ausência em decorrência do comprometimento com os estudos. Agradeço especialmente à minha mãe e irmã, que são tudo para mim e ao Senhor Jesus, que tem me dado sustentabilidade. 6 “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las”. François-Marie Arouet (Voltaire, 19691778). 7 RESUMO A qualidade de vida no trabalho apresenta vários conceitos e não há uma definição e um consenso mundial. Esta engloba diversos indicadores e dimensões visando melhorar o desempenho, a produtividade, a satisfação dos trabalhadores, a redução do absenteísmo e a rotatividade dos trabalhadores. Os trabalhadores da saúde mental lidam com fatores físicos e psíquicos estressores devido à insegurança por agressões dos portadores de sofrimento psíquico e dos dependentes químicos. O objetivo do estudo foi analisar a percepção da qualidade de vida no trabalho desses trabalhadores conforme o Modelo de Walton. O método foi quali-quantitativo, descritivo, um estudo de caso. Para este estudo utilizou-se um questionário com dados sócio-demográficos e 35 perguntas correspondentes às 24 dimensões de Walton em escala tipo Likert. Os dados foram compilados no software SPSS 21.0 e Minitab v.16, erro amostral 5% e IC 95%. Na fase qualitativa, usou-se análise de conteúdo para as entrevistas semiestruturadas e questões abertas, e o software Atlas TI. Participaram 4 gestores na entrevista e 85 trabalhadores nas questões abertas. Dos 85,31, 7% percebem a qualidade de vida no trabalho e 64,5% trabalhadores estão satisfeitos com seu trabalho vs. 24,2% que se dizem insatisfeitos. Na fase I, quantitativa, houve participação de 275 trabalhadores de diversas categorias nos hospitais Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, Galba Velloso e Instituto Raul Soares. Os trabalhadores apresentam tendência à insatisfação. Na fase II, houve a participação somente do Galba Velloso e a qualidade de vida no trabalho sugere que os trabalhadores em geral tendem a insatisfação com a QVT (3,5). O fator 1(compensação justa e adequada) foi detectado como o que mais interfere na qualidade de vida no trabalho da enfermagem levando à insatisfação em relação aos outros cargos. Os médicos no geral, não estão insatisfeitos nem satisfeitos com a qualidade de vida no trabalho, apresentando tendência a insatisfação. Portanto, a qualidade de vida no trabalho na saúde mental é percebida com insatisfação pelos trabalhadores em relação a salário, satisfação com a integração social na organização e neutralidade nos outros fatores. Os gestores devem investir nos trabalhadores da enfermagem e médicos que se apresentaram no estudo como os mais vulneráveis na pirâmide do Complexo Saúde. Palavras-chave: Profissionais de saúde; Trabalhadores da saúde mental; Qualidade de vida no trabalho; Modelo de Walton. 8 ABSTRACT The quality of life at work introduces several concepts and there is not a definition and global consensus. This encompasses various dimensions and indicators in order to improve the performance, the productivity, the employee satisfaction and reduced absenteeism and turnover of employees. Mental health workers deal with physical and psychological stressors factors due to insecurity by assaults of people with psychic disorder and drug addicts. The aim of this study was to analyze the perception of quality of life at work of these professionals according to the Walton’s model. The method was quali-quantitative, descriptive, a case study. For this study it was used a questionnaire with social and demographic data and 35 questions corresponding to the 24 dimensions of Walton in a Likert scale type. The data was compiled into the software SPSS 21.0 and Minitab v.16, sampling error 5% and IC 95%. In the qualitative phase, was applied content analysis for the semi-structured interviews and open questions, and the Atlas TI software. Four (4) managers participated of the interview and 85 workers of the open questions. Among the 85 workers, 31.7% of them perceive the quality of life at work and 64.5% of the workers are satisfied with their work vs. 24.2% who are dissatisfied. In quantitative phase I, there was participation of 275 workers of several categories at Psychiatric Hospital Center of Barbacena, Galba Velloso Hospital and Raul Soares Institute. The workers present a tendency to dissatisfaction. In phase II, only the Galba Velloso Hospital participated and the quality of life at work suggests that workers in general tend to dissatisfaction with the QLW (3.5). The doctors in general, are not dissatisfied neither satisfied with the quality of life at work , presenting a tendency to dissatisfaction .The factor 1 (fair and adequate compensation) was the one that most interferes in the quality of life at work of nursing, leading to dissatisfaction in relation to the other positions. Therefore, the quality of life at work on mental health is perceived by employees with dissatisfaction in relation to salary, satisfaction with social integration in the organization and neutrality in other factors. Managers must invest in nursing professionals and doctors who were presented in the study as the most vulnerable in the pyramid of Health Complex. Keywords: Health professionals, Mental health workers, Quality of life at work, Walton’s model. 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 18 1.1 Problema e questão norteadora ....................................................................................................... 20 1.2 Objetivos ......................................................................................................................................... 21 1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................................................... 21 1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................................... 21 1.3 Justificativa ..................................................................................................................................... 22 1.4 Estrutura do texto ............................................................................................................................ 24 2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................................. 26 2.1 Qualidade de vida, promoção da saúde e bem-estar ....................................................................... 26 2.2 Qualidade de Vida no Trabalho ...................................................................................................... 31 2.2.1. Definições e conceitos de Qualidade de Vida no Trabalho ......................................................... 33 2.2.2 Principais dimensões da qualidade de vida no trabalho ............................................................... 36 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................................................... 46 3.1 Caracterização da pesquisa.............................................................................................................. 46 3.2 Unidade de análise e sujeitos de pesquisa ....................................................................................... 47 3.3 Técnica de coleta de dados .............................................................................................................. 48 3.3.1 Abordagem Qualitativa ................................................................................................................ 49 3.4 Técnica de análise de dados ............................................................................................................ 50 3.5 Abordagem quantitativa .................................................................................................................. 52 3.5.1 Técnica de análise de dados nos hospitais CHPB, IRS e HGV.................................................... 53 3.5.2 Análise da QVT do Hospital Galba Velloso ................................................................................ 55 4 CONTEXTO DE PESQUISA ............................................................................................................ 58 4.1 Saúde, serviços de saúde e profissionais de saúde .......................................................................... 58 4.2 Unidades de estudo.......................................................................................................................... 62 5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS.................................................................. 67 5.1 Caracterizações das instituições quanto ao papel social.................................................................. 67 5.1.1 Abordagem social......................................................................................................................... 68 5.1.2 Indicadores ................................................................................................................................... 73 5.1.3 Perdas de dias de trabalho ............................................................................................................ 79 5.2 Justificativa da abordagem referencial da pesquisa ....................................................................... 80 5.3 Identificação da percepção dos trabalhadores ................................................................................. 81 5.3.1Abordagem qualitativa .................................................................................................................. 81 10 5.3.2 Abordagem quantitativa ............................................................................................................. 101 5.3.2.1 Descrição dos sujeitos ............................................................................................................. 101 5.3.2.2 Participação dos sujeitos e análise........................................................................................... 104 6 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA AMOSTRA DO HOSPITAL GALBA VELLOSO ............. 111 6.1 Validação do estudo ...................................................................................................................... 111 6.2 Descritivas das Variáveis Sócio-demográficas ............................................................................. 111 6.3 Estatísticas Descritivas para QVT médio dos trabalhadores ......................................................... 112 6.4 Análise da QVT dos médicos do HGV ......................................................................................... 117 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................... 120 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 125 GLOSSÁRIO ...................................................................................................................................... 143 ANEXO A - APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA ... 144 ANEXO B- PARECER DA GERÊNCIA DE PESQUISA DA FHEMIG. ........................................ 148 APÊNDICE A - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ......................................................... 149 APÊNDICE B - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ......................................................... 150 APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .............................. 154 APÊNDICE D - FOTOS DE DIVULGAÇÃO DA PESQUISA DA FHEMIG. ............................... 156 APÊNDICE E - TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA IMAGENS E DEPOIMENTOS. ............... 160 11 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Distribuição espacial das unidades hospitalares da FHEMIG................................64 Figura 2 – Distribuição espacial dos hospitais que compõem o Complexo Saúde Mental......66 Figura 3 - Mapa estratégico do Complexo Saúde Mental........................................................67 Figura 4 – Foto de perfil do CHPB..........................................................................................69 Figura 5 – Organograma do CHPB..........................................................................................69 Figura 6 – Foto de perfil do HGV ...........................................................................................70 Figura 7– Organograma do HGV............................................................................................71 Figura 8 – Foto de perfil do IRS..............................................................................................72 Figura 9– Organograma do IRS...............................................................................................73 Figura 10 – Fatores motivadores identificados pelos trabalhadores e o feedback.................101 12 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Escala dos níveis de satisfação............................................................................53 Tabela 2 – Número de pesquisados pela amostra obtida na coleta de dados .......................54 Tabela 3 – Média mensal de funcionários por hospital e complexo da FHEMIG................65 Tabela 4– Média mensal de funcionários do estudo por hospital .......................................65 Tabela 5– Número de acidentes de trabalho no HGV e IRS em 2013.................................80 Tabela 6 – Relação de profissionais de saúde cadastrados no CNES .................................103 Tabela 7 – Justificativas de ausência dos trabalhadores nos hospitais ................................104 Tabela 8 –Relação da QVT com o nível de satisfação (n=275 sujeitos)..............................110 Tabela 9 – Correlação Intraclasse e classificação do estudo................................................111 Tabela 10 – Cálculo do Alpha de Cronbach por fator de QVT e ICC.................................111 Tabela 11– Distribuição das frequências das variáveis sócio-demográficas no HGV.........112 Tabela 12 – Estatísticas descritivas da média geral..............................................................112 Tabela 13 -Estatísticas descritivas para QVT médio dos trabalhadores por fator................113 Tabela 14 -Correlação de Pearson entre os oito fatores de Walton e Fator Geral do QVT..114 Tabela 15 -Estatísticas descritivas para QVT médio dos médicos por fator........................118 Tabela 16 -Correlação de Pearson entre os oito fatores de Walton e Fator Geral do QVT dos médicos.................................................................................................................................118 13 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Visão geral da dissertação......................................................................................25 Quadro 2 - Ordem cronológica das definições e conceitos sobre qualidade de vida no trabalho no âmbito internacional.............................................................................................................33 Quadro 3 - Ordem cronológica das definições e conceitos sobre qualidade de vida no trabalho no Brasil....................................................................................................................................34 Quadro 4 - Evolução e características da qualidade de vida no trabalho.................................35 Quadro 5 - Principais dimensões da qualidade de vida no trabalho em ordem cronológica no âmbito internacional.................................................................................................................36 Quadro 6 - Qualidade de vida no trabalho, dimensões e componentes da Comissão Europeia...........................................................................................................................................38 Quadro 7 – Principais dimensões da qualidade de vida no trabalho em ordem cronológica no Brasil.........................................................................................................................................39 Quadro 8 – Modelo de qualidade de vida no trabalho conforme Walton................................40 Quadro 9 – Indicadores empresariais de QVT.........................................................................41 Quadro 10– Relação das prerrogativas para humanização do trabalho....................................44 Quadro 11 – Escolas de QVT com seus precursores e características......................................45 Quadro 12 – Tipologia metodológica do estudo .....................................................................46 Quadro 13- Delineamento da abordagem qualitativa e seus elementos...................................51 Quadro 14 – Tipologia metodológica do estudo no HGV.......................................................55 Quadro 15 – Fatores relacionados à (in)satisfação no trabalho............................................... 97 14 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1– Indicadores de desempenho..................................................................................74 Gráfico 2– Indicadores de desempenho..................................................................................75 Gráfico 3– Indicadores de desempenho..................................................................................75 Gráfico 4– Indicadores de produção.......................................................................................76 Gráfico 5– Indicadores de produção.......................................................................................77 Gráfico 6– Indicadores de produção.......................................................................................77 Gráfico 7– Indicadores de qualidade......................................................................................78 Gráfico 8– Produção científica no ENANPAD’S de 2001 a 2011 sobre QVT por autor ......81 Gráfico 9– Sugestões dos trabalhadores para melhoria da QVT............................................92 Gráfico 10– Faixa etária dos trabalhadores em percentagem do CHPB, HGV e IRS...........105 Gráfico 11 – Número de participantes por cargo e hospital...................................................106 Gráfico 12 – Escolaridade dos participantes por hospital......................................................107 Gráfico 13 – Carga horária semanal dos participantes por hospital.......................................108 Gráfico 14 – Comparação QVT médio com cargo................................................................115 Gráfico 15 – Comparação QVT médio com sexo..................................................................116 Gráfico 16 – Comparação QVT médio com turno................................................................117 Gráfico 17 – Comparação QVT médio com turno................................................................117 15 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS A3P – Agenda Ambiental na Administração Pública ADM. CENTRAL – Administração Central AGAS – Analista de Gestão em Saúde AIH – Autorização de Internação Hospitalar AOS – Auxiliar de Apoio à Saúde AVCI- Anos de Vida Corrigidos pela Incapacidade CAAE – Cadastro de Apreciação e Avaliação Ética CEPAI – Centro Psíquico da Adolescência e Infância CF – Constituição Federal CHPB – Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade CMT – Centro Mineiro de Toxicomania CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde CSSI – Casa de Saúde Santa Isabel CSSFA – Casa de Saúde São Francisco de Assis CSSFE – Casa de Saúde Santa Fé DALY – Disability-adjusted-life-years (Anos de Vida Ajustados pela Incapacidade) DIEST- Diretoria de Desenvolvimento Estratégico e Pessoas DP- Desvio padrão FAPEMIG – Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais FEAL – Fundação Estadual de Atendimento aos Portadores de Hanseníase FEAMUR – Fundação Estadual de Urgência e Emergência FEAP – Fundação Estadual de Atendimento Psiquiátrico FHEMIG – Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais HAC – Hospital Alberto Cavalcanti HCM – Hospital Cristiano Machado HEALY – Healthy Life-year (Anos de Vida Saudável) HEM – Hospital Eduardo de Menezes HGB – Hospital Geral de Barbacena HGV – Hospital Galba Velloso HIJPII – Hospital Infantil João Paulo II 16 HJK – Hospital Júlia Kubistchek HJXXIII – Hospital João XXIII HMAL – Hospital Maria Amélia Lins HRAD – Hospital Regional Antônio Dias HRJP – Hospital Regional João Penido HRQL – Health related quality of life (Saúde Relacionada à Qualidade de Vida) IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDH – Índice de Desenvolvimento Humano INCA – Instituto Nacional do Câncer ICC- Intraclasse IRS – Instituto Raul Soares MGT – Minas Gerais Transplantes MOV – Maternidade Odete Valadares MS – Ministério da Saúde NEP – Núcleo de Ensino e Pesquisa ODM – Objetivos de Desenvolvimento do Milênio ONG – Organização Não Governamental ONU – Organização das Nações Unidas OMS – Organização Mundial da Saúde PENF–Profissionais de Enfermagem PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Q – Questão QALY – Quality-adjusted-life-years (Anos de Vida Ajustados à Qualidade) QV – Qualidade de Vida QVLS – Qualidade de Vida Ligada à Saúde QVT – Qualidade de Vida no Trabalho SG – Sujeitos Gestores SEPLAG – Secretaria do Estado Planejamento e Gestão SES/MG – Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais SPSS – Statistical Package for the Social Sciences SUS – Sistema Único de Saúde TCLE – Termo de Consentimento Livre Esclarecido 17 TOS – Técnico Operacional de Saúde TSM – Trabalhadores da Saúde Mental UNA – Centro Universitário UNA UOGV – Unidade Ortopédica Galba Velloso WHO – World Health Organization (Organização Mundial da Saúde) WHOQOL – World Health Organization Quality of Life (Instrumento de avaliação de qualidade de vida desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde) WHOQOL-bref – World Health Organization Quality of Life (Instrumento para avaliar qualidade de vida com 26 perguntas) WHOQOL-100 - World Health Organization Quality of Life (Instrumento para avaliar qualidade de vida com 100 perguntas) 18 1 INTRODUÇÃO Na Administração, o construto Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) tem sido utilizado desde a década de 1960, com o objetivo de compreender o que motiva o trabalhador, determinando seu comportamento na empresa e o que pode ser feito para conciliar a produtividade no trabalho e qualidade de vida dos trabalhadores(TOLFO e PICCININI,2000; SILVA e FERREIRA,2013). A QVT é um tema em constante discussão por diversos autores quanto à definição e à origem do termo já difundido nas empresas e em artigos acadêmicos em diferentes áreas do conhecimento, tais como: Psicologia, Administração e Engenharia de Produção (BARROS,2012) e com significados peculiares em outros países(XHAKOLLARI, 2013). O investimento em capital humano ou intelectual nas empresas está atrelado a outros fatores, como aquisição de novos equipamentos e tecnologia de ponta, para acompanhar o mercado cada vez mais competitivo. Dentre as estratégias para melhorar o desempenho, a produtividade dos trabalhadores e a competitividade, as empresas têm investido na QVT, reduzindo simultaneamente o absenteísmo e a rotatividade dos trabalhadores. Além disso, aumenta o comprometimento afetivo e a inserção do trabalhador na empresa, o orgulho e a satisfação dos trabalhadores (CONTE,2003;VAN LAAR,EDWARDS e EASTON, 2007; ALMALKI et al., 2012; GALLETA et al.,2013; XHAKOLLARI, 2013; ZHAO et al.,2013). O pressuposto é de que um ambiente de trabalho saudável gera ações que priorizam a saúde do trabalhador. A satisfação no trabalho deve estar alinhada a outras estratégias que possam evitar o estresse negativo(COCCHIARA et al.,2013,p.97), propiciando um ambiente de trabalho produtivo e saudável(VAN LAAR;EDWARDS e EASTON,2007; ANDRADE; VEIGA, 2012;QUICK;WRIGHT e ADKINS,2013). Os trabalhadores da saúde estão inseridos em um ambiente com uma diversidade de problemas físicos e/ou psicossociais alheios, integrados às restrições de materiais e recursos humanos. Isso leva ao stress e influencia a qualidade de vida desses trabalhadores(BAPTISTA et al.,2005;KOGIEN e CEDARO,2014). O trabalho dos profissionais de saúde é, comumente, 19 física e emocionalmente exigente e, muitas vezes, a tomada de decisão sobre a vida e a morte ocorre em um espaço muito curto de tempo e com recursos limitados (BOLDOR et al.,2012). A alta rotatividade dos profissionais de saúde, principalmente de enfermagem, gera um elevado custo de gestão devido à dificuldade de reter esses profissionais, conforme descrito pelos autores Almaki, Fitzgerald e Clark(2012), Lamy, De Gaudemaris e Sobaszek(2013),Van der Berg e Martins(2013) e Zhao et al.(2013), dentre outros. Esse fato justifica implementar estratégias que fomentem de maneira voluntária a participação desses profissionais, bem como diagnosticar fatores físicos e psicossociais, preventivamente, por meio da pesquisa e intervenção. O desempenho dos profissionais de saúde afeta diretamente o desempenho geral dos sistemas de saúde(NDIAYE et al.,2007) e, por isso, os profissionais são cada vez mais reconhecidos como o elo fundamental na melhoria da qualidade dos serviços de saúde e vitais para alcançar os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio como qualidade de vida e respeito ao meio ambiente(DIELEMAN,GERRETSEN e WILT,2009; JASKIEWICZ e TULENKO,2012). Todos os aspectos organizacionais devem se voltar para a QVT como forma de sobrevivência desses serviços. A QVT aumenta a probabilidade da obtenção da qualidade de vida pessoal, social e familiar e a efetividade desse bem-estar dentro da cultura organizacional(CONTE,2003). O serviço público não tem como objetivo a busca pelo lucro, porém encontra-se diante de um cenário de gestão, que tem como base o cumprimento de metas e resultados, que vem exigindo cada vez mais dos seus órgãos e entidades, com avaliações de desempenho periódicas, mais criteriosas e o compromisso de trabalhadores saudáveis e produtivos(NOGUEIRA e FROTA,2011). Os trabalhadores podem atingir as metas e se conformar com os valores defendidos pelos seus superiores hierárquicos, mesmo que não concordem com tudo que é imposto, entretanto, isso não significa aumento de produtividade, serviço de qualidade percebida pelo usuário, satisfação dos profissionais, e alta performance(BELO e MORAES,2011;HATZENBERGER e CARLOTTO,2013). 20 Existem diversas teorias sobre a QVT e, dentre elas, a mais utilizada quando se pretende avaliar a QVT no Brasil tem sido a proposta por Richard E. Walton (1975,p.4) que “além dos atos legislativos que protegem o trabalhador, envolve o atendimento de necessidades e aspirações humanas, embasado na ideia de humanização do trabalho e responsabilidade social da empresa”, portanto, essa pesquisa foi delineada segundo esse modelo, podendo subsidiar novas estratégias no gerenciamento do trabalho e investimento no capital humano. 1.1 Problema e questão norteadora No Brasil, atualmente, a reivindicação de melhor atendimento à saúde tem se colocado como prioridade, ao lado da exigência de educação e de segurança. Os gestores públicos e privados têm investido em estratégias que atendam ao anseio da sociedade, porém os profissionais ainda não são reconhecidos como elo fundamental na melhoria da qualidade dos serviços de saúde(DIELEMAN;GERRETSEN e WILT, 2009; JASKIEWICZ e TULENKO,2012). Portanto, a identificação das condições de labor a que os trabalhadores são submetidos e a avaliação da sua percepção da qualidade de vida que o trabalho lhes proporciona poderá vir a ser um indicador a ser monitorado pelas instituições, que têm como meta a acreditação de seus hospitais e valorização pela sociedade. Nos últimos anos, o perfil da clientela na saúde mental vem sendo alterado com a promulgação da Lei nº 10.216 de 06 de abril de 2001, marco legal da Reforma Psiquiátrica, que ratificou, de forma histórica, as diretrizes básicas que constituem o Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo aos usuários de serviços de saúde mental - e, consequentemente, aos que sofrem por transtornos decorrentes do consumo de álcool e outras drogas - a universalidade de acesso e direito à assistência, bem como à sua integralidade. Essa lei valoriza a descentralização do modelo de atendimento, quando determina a estruturação de serviços mais próximos do convívio social de seus usuários, configurando redes assistenciais mais atentas às desigualdades existentes, ajustando de forma equânime e democrática as suas ações às necessidades da população(BRASIL,2001). 21 Diante da insegurança com a mudança do perfil devido ao aumento crescente dos dependentes químicos, outra questão que interfere na QVT, segundo Ferreira et al.(2013), foi identificada em setembro de 2012 no estudo sobre a prevalência de tabagismo no Hospital Galba Velloso, que demonstrou elevada prevalência de fumantes de tabaco no hospital (23,46%) em relação à média brasileira de fumantes de 14,8%, divulgada pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA,2011).Essa situação é justificada devido à elevada prevalência de tabagismo entre os pacientes psiquiátricos comparando-se com a população geral(TANSKANEN et al.,1997). Em relação à poluição tabagística, no Hospital Galba Velloso, os funcionários são os que mais se incomodam com a poluição (90,0%) e pacientes (63,6%). Os trabalhadores inseridos nessa condição ambiental são suscetíveis aos malefícios do tabaco, pois passam grande parte do seu tempo nesse ambiente, interferindo na QVT(FERREIRA et al.,2013). Nesse contexto, este trabalho tem como pergunta norteadora: como os trabalhadores da área de saúde mental, de uma instituição pública de promoção da saúde, pertencente à Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais, estão percebendo sua qualidade de vida no trabalho, no período de 18 de outubro de 2013 a 14 de novembro de 2013 e 28 de dezembro de 2013 a 17 de fevereiro de 2014. 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo geral Analisar como os trabalhadores da área de saúde mental de uma instituição pública de promoção da saúde estão percebendo sua qualidade de vida no trabalho conforme o Modelo de Walton. 1.2.2 Objetivos Específicos a)Caracterizar a instituição objeto da pesquisa quanto ao seu papel social. b)Selecionar uma abordagem de QVT a ser utilizada como referencial de pesquisa. 22 c)Analisar a percepção dos trabalhadores de uma instituição de saúde mental de Minas Gerais sobre sua QVT conforme o Modelo de Walton. 1.3 Justificativa O tema do estudo é relevante e inovador na organização, pois, até o momento, essa temática não foi abordada entre os seus servidores. Na Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG) é o primeiro trabalho voltado para a qualidade de vida dos trabalhadores da área da saúde mental. No contexto da saúde, há vários trabalhos sobre o tema. A dissertação vincula-se à linha de pesquisa Dinâmica Organizacional, Inovação e Sociedade do Mestrado Profissional em Administração do Centro Universitário UNA. A mestranda trabalha no Hospital Galba Velloso, especializado em Psiquiatria, que tem no seu espaço territorial a unidade de ortopedia, que é um anexo do Hospital de Pronto Socorro João XXIII.A saúde mental é percebida pela pesquisadora como tendo pouco investimento financeiro devido ao tipo de paciente, que é negligenciado pela sociedade. No aspecto econômico, o valor de autorização de internação hospitalar (AIH),gerida pela Secretaria Municipal de Saúde e processada pelo Departamento de informática do SUS,da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde corresponde um valor menor para a saúde mental em relação às outras especialidades. Os trabalhadores da saúde mental estão inseridos em um ambiente, o hospital psiquiátrico, onde coexistem pacientes portadores de transtornos mentais por fatores fisiopatológicos e pacientes com transtornos comportamentais oriundos da dependência química (BRASIL,2012),além de elevado índice de estressores, naturais do ambiente, gerando insatisfação pela falta de reconhecimento pelas atividades profissionais. Os trabalhadores têm percebido insegurança durante a execução do seu trabalho em decorrência da mudança de perfil dos pacientes ocorrida nos últimos anos, em razão do aumento do uso de drogas psicoativas. Isso pode ser comprovado no estudo de Volpe et al.(2010) em que há maior risco de internação dos portadores de psicoses, na maioria os esquizofrênicos (31,3%) e os com transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de 23 substâncias psicoativas (21,5%), no Hospital Galba Velloso por determinação de ordens judiciais, por internação compulsória ou medida de segurança a dependência química. A questão da insegurança vivenciada pelos trabalhadores da saúde mental da FHEMIG pode ser comprovada através da análise documental levantada pelo Sindicado Sind Saúde1 em que os trabalhadores se queixam da insegurança e condições de trabalho: esses trabalhadores estão com a identidade preservada. “Dificuldade em conter pacientes em momentos de surtos com o contingente formado quase que pela totalidade por mulheres” (26/9/12). “Estamos cansados do clima de insegurança com as constantes agressões e problemas de gestão que vêm colocando usuários contra trabalhadores” (7/3/13). Outra questão observada no local do estudo é o absenteísmo entre os profissionais de saúde, sendo encontrada elevada taxa entre os profissionais de enfermagem, o que corrobora o estudo de Horrigan et al.(2013). A QVT é um dos eixos temáticos da Agenda Ambiental na Administração Pública(A3P), seguida do uso racional dos recursos, licitações sustentáveis, gestão dos resíduos sólidos e educação ambiental.A Administração Pública tem por objetivo promover estratégias para o desenvolvimento pessoal e profissional dos seus servidores, buscando a “satisfação do trabalhador com o ambiente de trabalho, melhoria das condições ambientais gerais, promoção da saúde e segurança, integração social, desenvolvimento de capacidades humanas”(BLIACHERIS, 2013, p.131), dentre outras. Na academia, a construção da concepção da QVT sofre influências de várias ciências, tais como: Sociologia, Psicologia, Administração, Saúde, Educação, Economia, Ergonomia, Engenharia, Ecologia devido às diferentes interpretações multidisciplinares, por envolver conhecimentos múltiplos e de elevada subjetividade concomitantemente, portanto, não há um consenso mundial para conceituação de QVT, justificando cada vez mais o aprofundamento sobre o tema com o contexto territorial e social do trabalhador(GUTIERREZ e VILARTA, 2007;XHAKOLLARI,2013). 1 http/www.sindsaudemg.org.br/index.php/fhemig.Acesso em 20/01/2014. 24 1.4 Estrutura do texto A estrutura do texto foi definida na introdução e contém: Justificativa; Problema e questão norteadora; Objetivos; Referencial Teórico abrangendo a qualidade de vida, promoção da saúde e bem estar, qualidade de vida no trabalho, contexto da pesquisa com saúde, serviços de saúde e profissionais da saúde. Há diversas teorias que fundamentam a temática como aquelas desenvolvidas por Richard E. Walton(1973), Hackman e Oldham(1975), Westley(1979), Nadler e Lawler (1983), Heloani e Capitão(2003), Martel e Dupius(2006), Limongi-França (2011). As outras partes que estruturam o texto são: Metodologia, compreendendo a caracterização, abordagem e estratégia da pesquisa, técnicas de coleta e análise de dados, unidade de análise e sujeitos de pesquisa - população e amostra;Análise do contexto do estudo;Análise e interpretação dos dados; Considerações Finais, Síntese dos resultados do estudo, limitações da pesquisa, sugestões para estudos futuros, implicações gerenciais; Referências; Apêndice e Anexo. Essa estruturação pode ser visualizada no Quadro 1. 25 Quadro 1 - Visão geral da dissertação. Capítulo 1- Introdução Apresenta o objeto de pesquisa, o problema, questão norteadora, a justificativa, o objetivo geral e específicos e a estrutura do trabalho. Capítulo 2 – Referencial Teórico Estrutura o relato epistemológico sobre a qualidade de vida, promoção da saúde e bem estar , qualidade de vida no trabalho. Capítulo 2.1 – Qualidade de vida, promoção da saúde e bem estar Apresenta os conceitos e definições, indicadores, ferramentas e inter-relação promoção da saúde e bem estar. Capítulo 2.2 – Qualidade de vida no trabalho Apresenta o conceito, definições, dimensões, indicadores, escolas com ênfase no Modelo de Walton. Capítulo 3 – Contexto da Pesquisa Apresenta a situação da saúde, serviços de saúde e dos profissionais da saúde. A unidade de análise que são os hospitais da saúde mental pertencente à Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais(FHEMIG). Capítulo 4 – Metodologia da pesquisa Define a base epistemológica, caracterização do estudo e da base de dados. Este capítulo descreverá a caracterização, abordagem, estratégia da pesquisa, os métodos empregados para as técnicas de coleta e análise dos dados, justificando seu uso na pesquisa, unidade de análise e sujeitos da pesquisa. Capítulo 5 – Resultados e Discussão Apresenta as abordagens qualitativa e quantitativa para os resultados, justificativa da escolha de Walton e a discussão dos dados com embasamento na literatura. . . Capítulo 6 – Considerações finais Apresenta as possíveis respostas do problema da pesquisa. 6.1 – Síntese dos resultados do estudo 6.2 – Limitações da pesquisa 6.3 – Sugestões para estudos futuros 6.4 – Implicações gerenciais Referências Constitui a base de autores que fundamentaram o estudo. . Anexos Apresenta a aprovação do Comitê de ética da UNA e Parecer técnico da FHEMIG. Fonte: Elaborada pela autora, 2014. Apêndice Apresenta o instrumento de coleta de dados , o Termo de consentimento livre esclarecido, Divulgação da pesquisa. Termo de autorização de imagem e depoimentos. 26 2 REFERENCIAL TEÓRICO O referencial teórico deste trabalho aborda os seguintes temas: qualidade de vida, promoção e bem-estar, qualidade de vida no trabalho devido à inter-relação entre eles. 2.1 Qualidade de vida, promoção da saúde e bem-estar Um dos construtos mais difundidos nos últimos anos pela população é a qualidade de vida (QV), com o ideal de vida saudável e não somente aumento da expectativa de vida ou ausência de sintomas(ALMEIDA e GUTIERREZ, 2010;MENDONÇA e MENANDRO, 2010). Ainda não há um consenso sobre a definição de qualidade de vida que seja aceito mundialmente. Os conceitos são subjetivos e englobam aspectos de estado físico e funcional, psicológicos e de bem-estar, fatores econômicos e vocacionais, relacionamento social, religiosos e espirituais(SPILKER,1996). A Organização Mundial de Saúde define QV como “a percepção do indivíduo sobre sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”(WHOQOL, 1994, p.43). O termo Qualidade de Vida(QV),segundo Witier(1997), Martin e Stockler(1998) e Minayo, Hartz e Buss(2000), é uma terminologia atrelada à satisfação individual num contexto cultural determinado por padrões da sociedade da época em relação ao conforto e ao bem-estar, sendo que esses valores são diferenciados pelas classes sociais. Assim, a QV é uma conotação puramente humana, que está relacionada à satisfação obtida das relações familiares, amorosa, social, ambiental e do próprio indivíduo. Portanto, qualidade de vida se pauta nas ideias de sustentabilidade e ecologia humana, ideias democráticas com incremento dos direitos humanos e sociais para a construção dos padrões coletivos 27 determinados pela sociedade, sendo concebidas por parte dos sujeitos em decorrência do espaço social e cultural que ocupa (MATURAMA,2001,p.159). Nesse contexto, a Organização Mundial de Saúde propõe que QV é um construto subjetivo (percepção do indivíduo em questão), multidimensional e composto por dimensões positivas e negativas (MINAYO,HARTZ e BUSS,2000). Os indicadores de QV(ALVES, 2011)são: O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH,1990),que faz interface com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento(PNUD) tendo como base três indicadores: renda, longevidade e educação(HERCULANO,1998;MINAYO, HARTZ e BUSS,2000), Qualidade de Vida Calvert-Henderson que busca medir a eficiência das nações em torno de doze indicadores: educação, emprego, energia, meio ambiente, saúde, direitos humanos, renda, infraestrutura, segurança nacional, segurança pública, lazer e habitação(PENACHIONI, 2009) e Felicidade Interna Bruta que tem nove indicadores: bom padrão de vida econômica, boa governança, educação de qualidade, saúde, vitalidade comunitária, proteção ambiental, acesso à cultura, gerenciamento equilibrado do tempo e bem-estar psicológico, conforme encontrado em Butão (1972) apud Menconi(2009)2. Como a qualidade de vida é uma dimensão com alta carga de subjetividade e complexidade, pois depende da percepção do indivíduo quanto à sua saúde e à sua vida, para mensurar a percepção da QV podem-se utilizar instrumentos (questionários) que transformam essas medidas subjetivas em dados objetivos, quantificáveis e analisáveis a partir de escalas validadas que melhor respondam às hipóteses do problema, devido sua importância no reflexo na saúde dos trabalhadores e, consequentemente, na satisfação com o serviço, que é variável humanística da cultura organizacional(LOHR et al.,1996). 2 MENCONI, D. Índice de felicidade interna bruta contesta a cultura de Wall-Street. Revista Brasil Sustentável, v. 22, p. 42-43, dez./jan. 2009. 28 A QV pode ser mensurada por meio de indicadores como demonstrado no Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil(2013), que apresenta a evolução dos indicadores, no período de 30 anos(1991 até 2010), em Minas Gerais, e está relacionada com o aumento da renda per capita que aumentou de R$375,45 em 1991, para R$556,58 em 2000, e R$ 753,07, em 2010;para escolaridade, verificou-se que era de 8,36 anos em 1991,sendo incrementado para 9,16 anos em 2000 e 9,38 anos em 2010 e a expectativa de vida que era de 66,36 anos em 1991, para 70,55 anos em 2000, e 75,3 anos em 2010. Em relação aos 3 construtos(renda, escolaridade e expectativa de vida) para a questão ambiental, percebe-se que o risco ambiental tem impacto imediato nas famílias, como nos casos de poluição do ar e água e saneamento básico ineficientes, sendo significativos nos níveis de IDH mais baixos e menores à medida que o IDH sobe. Portanto, a qualidade de vida pode ser mensurada através de algumas ferramentas como as mencionadas por Minayo, Hartz e Buss(2000) que são: O WHOQOL-100 que contém 100 questões com 6 construtos (físico, psicológico, de independência, relações sociais, meio ambiente e espiritualidade/crenças pessoais);O WHOQOL-Bref que é um questionário abreviado com 26 questões que tiveram melhor desempenho, retiradas do WHOQOL-100 com 4 construtos (físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente) (MINAYO,HARTZ e BUSS, 2000;COSTA, FREITAS e MENDONÇA, 2012) e QALY (Quality Adjusted Life Years) que é uma ferramenta quando se busca medir custos por ano de vida ganho corrigidos pela qualidade, pois mede qualiquantitativamente a qualidade de vida em relação ao custo e à oportunidade, facilitando a alocação de recursos para tomada de decisão. Nesse contexto, calcula-se a soma do produto de anos de vida e a qualidade de vida em cada um desses anos. DALY (Disability Adjusted Life Years) é uma ferramenta que substituiu o Qaly e significa anos de vida corrigidos pela incapacidade (AVCI) justificada pela racionalidade, a partir da mortalidade estimada para cada doença e seu efeito incapacitante, corrigido pela idade das vítimas; é uma taxa de atualização para calcular o valor de uma perda futura. HEALY (Healthy Life Year) é uma ferramenta que associa anos de vida perdidos pela morbidade com os construtos de mortalidade prematura. Segundo Hyder; Rotlant e Morrow (1998),é mais simples, adaptável e fácil, tornando mais factível a tomada de decisão que o Daly.HRQL (Health Related Quality of Life), em Gianchello (1996), versão canadense, semelhante ao QVLS, é o construto relacionado à duração da vida e ao processo saúde– 29 doença. QVLS (Qualidade de Vida Ligada à Saúde) é definida por Auquier, Simeoni e Mendizabal(1997) como o construto relacionado à vida, aos determinantes sociais e às questões individuais. As políticas públicas têm investido na promoção da saúde por ser um elo que está intrinsecamente relacionado com condições e qualidade de vida e saúde, considerando os determinantes da saúde: estilo de vida, avanços da biomedicina, ambiente físico e social, serviços de saúde e parcerias intersetoriais, subsidiando as diversas óticas para a contextualização da qualidade de vida(BUSS,2000; MINAYO, HARTZ e BUSS,2000). A melhoria das condições de vida dos indivíduos nas últimas décadas, com investimentos crescentes na assistência à saúde em nível preventivo e curativo tem aumentado a expectativa de vida ao nascer no mundo e, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,2011),o Brasil passou de uma expectativa de vida de 62,5 anos em 1980, para 74,1 anos, em 2011.Isso foi possível com a implementação de medidas sustentáveis de promoção de saúde e qualidade de vida que se iniciaram com a Agenda 21 do desenvolvimento local e integrado, em que foram incorporadas políticas públicas saudáveis(BUSS, 2000). Evidencia-se que a promoção da saúde deve estar alinhada com políticas públicas saudáveis atrelada à QV da população, necessitando da participação da comunidade como ator ativo para implementar mecanismos operacionais e monitorá-los, utilizando lideranças para impulsionar os políticos, para reduzir os determinantes de saúde e as iniquidades sociais. A Organização das Nações Unidas, em setembro de 2000, definiu os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) com representantes de 189 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU). São oito os objetivos a serem alcançados até 2015: 1)acabar com a fome e a miséria;2)educação básica de qualidade para todos;3) igualdade entre sexos e valorização da mulher;4)reduzir a mortalidade infantil;5)melhorar a saúde das gestantes;6) combater a AIDS, a malária e outras doenças;7) qualidade de vida e respeito ao meio ambiente e 8)todo mundo trabalhando para o desenvolvimento. Destes, três estão relacionados ao setor de saúde. Diante disso, o setor está recebendo maior atenção global, pois os idealizadores das políticas públicas estão percebendo que não é possível atingir os ODM se o trabalhador da área de 30 saúde não produzir altos níveis de desempenho(WHO,2006). Para atingir os ODM, os países e seus parceiros internacionais estão à procura de políticas baseadas em evidências para melhorar o acesso aos cuidados de saúde para as populações mais vulneráveis(ROBERT et al.,2012). Nas organizações, principalmente de serviços, as pessoas são o capital ativo intangível mais importante, envolvendo em suas atividades o conhecimento tácito e cognitivo, o que diferencia o potencial competitivo das organizações(BARBOSA;GOMES,2002). Esses ativos necessitam de QVT como forma de mitigar as adversidades, as organizações devem inferir o bem-estar e, consequentemente, a satisfação do trabalhador(SANT’ANNA et al.,2012). Tamayo e Paschoal(2004), Torres e Porto(2010)enfatizam que pesquisar o bem-estar no trabalho é primordial, pois o tempo destinado ao labor corresponde significativamente a uma fração da vida do indivíduo, sendo necessárias a implantação e implementação do bem-estar pessoal e da felicidade. Na Psicologia Positiva, a felicidade refere-se aos aspectos positivos vivenciados pelo trabalhador, enquanto os aspectos negativos como o stress podem comprometer o bem-estar no trabalho. Segundo os modelos teóricos dos autores Diener, Scollon e Lucas(2003),Warr (2007),Ryff e Singer (2008), o bem-estar no trabalho envolve realização pessoal, percepção de desenvolvimento e expressão de potenciais individuais do trabalhador que interferem na QVT por ter uma relação direta com a QV e a satisfação no trabalho. Sendo assim, a concepção de bem-estar é sobreposta aos construtos QV, satisfação e apego no trabalho por se aproximarem na conceituação em alguns estudos(RYAN e DECI,2001; DIENER,SCOLLON e LUCAS,2003)e, em outras pesquisas, se distanciarem devido limitar as dimensões, física, psicológica e social(SIQUEIRA;PADOVAM,2008). Portanto, sob a ótica social tecnicista, a QVT deriva da satisfação das necessidades básicas dos empregados(ROCHA SOBRINHO e PORTO,2012).No estudo realizado por esses autores foi demonstrado que as variáveis demográficas, o clima social e o coping, diferentes formas de reagir ao stress, impactam no bem-estar no trabalho sendo que as variáveis: gênero, idade, estado civil e escolaridade têm fraca relação comparando-se com os preditores fortes como o clima social da organização e as formas de enfrentamento ao estresse. 31 A QV também pode ser influenciada por hábitos sociais como o tabagismo, que é um dos fatores de risco para doença cardíaca prevenível mais relevante que o estresse(KIVIMAKI et al.,2012). Portanto, este estudo corrobora com o INCA(2011), quando afirma que as unidades de saúde devem implementar um ambiente livre de tabaco através da sensibilização dos trabalhadores como ferramenta de QVT e sustentabilidade dos sistemas de saúde, pois não é somente o trabalho que impacta na QV e QVT (FERREIRA et al.,2013). As competências e os talentos dos profissionais são altamente valorizados, pois se tornaram fonte de vantagem competitiva entre as organizações. Entretanto, aumentar a satisfação no trabalho e propiciar condições para trabalhar eleva a produtividade alinhada com aumento de ganhos salariais. Cada vez mais, tem-se exigido alto nível de competência atrelado a elevado grau de modernidade das políticas e práticas de gestão (SANT’ANNA et al.,2005). Vários estudos têm demonstrado um gap no campo do bem-estar no trabalho devido à variabilidade de resultados encontrados em pesquisas com determinado grupo de trabalhadores, sejam formais e informais, categorizados ou não, de organizações públicas e privadas que raramente são replicados de forma a obter um padrão que atenda à complexidade que envolve a satisfação percebida pelo trabalhador(SANT’ANNA et al.,2012). Portanto, a percepção da QV pelos indivíduos é dependente de múltiplos fatores que envolvem políticas públicas, aspectos socioeconômicos e culturais, relacionamento com o trabalho, educação, do próprio indivíduo em relação aos seus valores, expectativas e preocupações(WHOQOL Group, 1995, p.1403-1409). 2.2 Qualidade de Vida no Trabalho O termo Qualidade de Vida no Trabalho(QVT) apresenta vários conceitos e não há uma definição unânime, pois não há um consenso mundial, estando em constante discussão entre os autores funcionalistas(WALTON,1973;HACKMAN e OLDHAM, 1976,LACAZ, 2000; LIMONGI-FRANÇA,2011) e críticos (HELOANI e CAPITÃO,2003; BARROS,2012) devido à subjetividade do termo, pois depende da percepção pelo trabalhador para o reconhecimento do valor no trabalho. 32 Em Londres, os estudos sobre qualidade de vida no trabalho foram iniciados por Eric Trist e Bamforth (1951), integrantes do Tavistock Institute, sob a ótica social tecnicista para organização do trabalho, envolvendo o prazer pelo trabalho e o bem-estar. Entre 1950 e 1960, ocorreram a expansão desse movimento e a conscientização da concepção do trabalho, tendendo a reduzir os malefícios decorrentes do trabalho sobre a saúde, aumentar a satisfação do trabalhador e seu desempenho(HELOANI,1994;XHAKOLLARI,2013).Em 1970, na Califórnia, o professor Louis Davis começou a pesquisar como tornar o trabalho mais agradável e, durante a criação de um projeto sobre desenho de cargos, surgiu o termo Qualidade de Vida no Trabalho. Há diversas teorias que fundamentam essa temática, como: Richard E. Walton(1973), Hackman e Oldham (1975),Westley(1979), Nadler e Lawler(1983), Heloani e Capitão (2003),Martel e Dupius(2006), Limongi-França(2011), dentre outros, englobando diversos indicadores e dimensões, bem como aspectos organizacionais, humanos, sociais que interagem. O modelo clássico de QVT de Walton(1973, p.15) é um dos mais citados nos artigos científicos, conforme revisão de literatura, e enfoca os fatores relativos ao indivíduo e seu trabalho(BARROS, 2012;XHAKOLLARI, 2013). Há outros modelos de QVT como de Hackman e Oldham (1975),porém o estudo foi delineado segundo Walton(1973,p.15) cujas bases fundamentam a maioria dos questionários sobre QVT. Portanto, diante das diversidades de definições e conceitos em decorrência da falta de um consenso mundial, apresentaremos resumidamente em nível mundial e de Brasil, os conceitos e definições, suas dimensões, como os conceitos evoluíram, e os fatores e dimensões de Walton. 33 2.2.1. Definições e conceitos de Qualidade de Vida no Trabalho O construto qualidade de vida no trabalho não tem um consenso mundial, apresentando diversas definições e conceitos. Os principais posicionamentos, em âmbito internacional, estão listados no Quadro 2,correspondendo ao período 1975 a 2010. Quadro 2 - Ordem cronológica das definições e conceitos sobre qualidade de vida no trabalho no âmbito internacional. Ano Autor Conceito e definição de QVT Fonte 1975 Hackman e Oldham Envolve a satisfação e motivação no ambiente de trabalho. HACKMAN e OLDHAM,1975 1979 American Society of Training and Development Envolve a satisfação pessoal e no trabalho. XHAKOLLARI, 2013 1983 Bennett 1983 Nadler e Lawler 1990 Kiernan e Knutson Envolve valores relacionados com a qualidade das experiências vivenciadas no ambiente de trabalho como pagamento, benefícios e projeção a um novo cargo. Envolve as pessoas, o trabalho e as organizações, com foco nos efeitos do trabalho sobre as pessoas e na efetividade das organizações, participação da tomada de decisão e solução de problemas. Satisfação individual relacionada com o desenvolvimento das tarefas no trabalho. Construto subjetivo que envolve aspectos de estado físico e funcional, psicológicos e de bem-estar, fatores econômicos e vocacionais, relacionamento social, fatores religiosos e espirituais. 1996 Spilker 2001 Sirgy, Efraty, Siegel e Lee Envolve a satisfação no trabalho utilizando de recursos e atividades favorecendo a participação no mercado de trabalho. 2006 Martel e Dupius Construto subjetivo que envolve os aspectos organizacional, humano e social que interagem e devem ser integrados. 2010 Pizam Envolve ambiente de trabalho agradável ou tempo gratificante. Fonte: Elaborada pela autora,2014. BENNETT, 1983 NADLER e LAWLER,1983 XHAKOLLARI, 2013 SPILKER,1996 XHAKOLLARI, 2013 MARTEL e DUPUIS, 2006 XHAKOLLARI, 2013 34 No quadro 3 estão listadas as principais definições de conceitos no âmbito de Brasil, no período 1983 a 2011. Quadro 3 -Ordem cronológica das definições e conceitos sobre qualidade de vida no trabalho no Brasil. Ano Autor 1983 Werther e Davis 1988 Fernandes e Gutierrez 1989 Laurell e Noriega 2001 Regis Filho e Lopes Conceito e definição de QVT Envolve valores relacionados com a experiência vivenciada no ambiente de trabalho como supervisão, condições de trabalho. Estratégia de valor com interface com a gestão de pessoas. Envolve a melhoria da qualidade de saúde no trabalho e participação efetiva dos trabalhadores (macro negociação). Envolve mudanças de hábitos e rotinas e modificações na cultura organizacional. 2003 Conte Envolve satisfação e insatisfação frente ao trabalho alterando ou não a produtividade. Equilíbrio das relações pessoais e gerenciais. 2006 Fernandes Envolve bem-estar, mal-estar, sofrimento no trabalho. Sant’anna e Kilimnik Movimento de reação aos métodos tayloristas. Ambiente humanizado, aumento do bem-estar e participação efetiva na tomada de decisões. 2011 Participação dos membros da organização com sugestões e inovações; reestruturação da natureza do trabalho, redesenho de cargos e 2011 Paiva e Avelar grupos autônomos, inovação no sistema de recompensas financeiras e não financeiras, melhoria do ambiente de trabalho. Fonte: Elaborada pela autora,2014. Fonte WERTHER e DAVIS, 1983 FERNANDES e GUTIERREZ,1998 LAURELL e NORIEGA, 1989 REGIS FILHO e LOPES,2001 CONTE,2003 MEDEIROS E OLIVEIRA,2009 SANT’ANNA e KILIMNIK,2011 PAIVA e AVELAR,2011 O conceito de QVT evoluiu de forma sistemática, passou de 1959 como uma variável para como nada em 1983,bem como, houve evolução em suas características(NADLER e LAWLER,1983).Essa evolução está sintetizada no Quadro 4. 35 Quadro 4 - Evolução e características da Qualidade de Vida no Trabalho. Concepções Evolutivas da QVT 1. QVT como uma variável Período Características ou visão 1959 a 1972 Reação do indivíduo ao trabalho. Era investigado como melhorar a qualidade de vida no trabalho para o indivíduo. 2. QVT como uma abordagem 1969 a 1974 3. QVT como um método 1972 a 1975 4. QVT como um movimento 1975 a 1980 5. QVT como tudo 1979 a 1982 6. QVT como nada Futuro O foco era o indivíduo antes do resultado organizacional; mas, ao mesmo tempo, tendia a trazer melhorias tanto ao empregado como à direção. Um conjunto de abordagens, métodos ou técnicas para melhorar o ambiente de trabalho e tornar o trabalho mais produtivo e mais satisfatório. QVT era visto como sinônimo de grupos autônomos de trabalho, enriquecimento de cargo ou desenho de novas bases com integração social e técnica. Declaração ideológica sobre a natureza do trabalho e as relações dos trabalhadores com a organização. Os termos administração participativa e democracia industrial eram frequentemente ditos como ideais do movimento de QVT. Como panaceia contra a competição estrangeira, problemas de qualidade, baixas taxas de produtividade, problemas de queixas e outros problemas organizacionais. No caso de alguns projetos de QVT fracassarem no futuro, não passará de apenas um “modismo”. Fonte: Nadler e Lawler,1983, p.22-24. Fernandes e Gutierrez(1988,p.30),Barros(2012) corroboram com Bom Sucesso(1997), enfatizando que a QVT não seja mais uma moda gerencial e, sim, uma estratégia de valor com interface com a gestão de pessoas. O item 6 de Nadler e Lawler foi complementado por Silva(2001, p.25) no sentido de dizer que o futuro é de responsabilidade dos atores sociais: Estado, Empresa, Trabalhadores e Sindicato como força única e comprometida com o ambiente e a população no contexto social e dinâmico pelas mudanças conjunturais (BARROS,2010). Diversos autores, conforme descrito nos quadros 2 e 3, enfatizam a satisfação no trabalho, que é um estado emocional, cuja emoção procede da avaliação dos valores do indivíduo e possui dois fenômenos: o de alegria (satisfação) e o de sofrimento, desprazer (insatisfação)(SANTOS COSTA e PASSOS,2009). 36 A satisfação tem uma relação positiva com a flexibilidade do tempo de trabalho e equilíbriotrabalho e vida, porém não com a alternância no horário de trabalho, o que acarreta horas trabalhadas além da carga diária, refletindo-se de forma negativa na satisfação(EUROPEAN FOUNDATION FOR THE IMPROVEMENT OF LIVING AND WORKING CONDITIONS,2007;KELLIHER e ANDERSON, 2010;OLIVEIRA, CAVAZOTTE e PACIELLO,2013). 2.2.2 Principais dimensões da qualidade de vida no trabalho As principais dimensões da qualidade de vida no trabalho estão listadas no Quadro 5, no âmbito internacional, tendo como base Royuela, López-Tamayo e Suriñach(2007);em nível europeu (Quadro 6) e do Brasil (Quadro 7). Quadro 5 - Principais dimensões da qualidade de vida no trabalho em ordem cronológica no âmbito internacional. Ano Autor Dimensões de QVT 1973 Walton Ambiente seguro e saudável no trabalho, a oportunidade de usar e desenvolver capacidades humanas, futuras oportunidades de crescimento e segurança, a integração do trabalho e vida pessoal, participação no trabalho. 1976 Glasier Segurança no trabalho, boas condições de trabalho e compensação justa e adequada. 1982 Bergeron 1985 Huse e Cumings 1995 Guillory Galindo 2007 Royuela, LópezTamayo, Suriñach e Ambiente humanizado, harmonia nas relações chefia e subordinados, satisfação dos empregados, produtividade, participação nas decisões e lucros. Inovação em sistemas de recompensa, melhoria no ambiente de trabalho, projeção de cargos e gestão participativa. Ter oportunidade de expor a criatividade, automotivação, autogestão, autorrealização, lealdade, orgulho pelo trabalho. Envolve a natureza do trabalho, contexto físico, contexto psicossocial, contexto organizacional e agenda social. Envolve o ambiente de trabalho como a supervisão, condições de trabalho, jornada de trabalho, ambiente 2011 Bagtasos físico, autonomia, tipo de gestão, nível de estresse e equilíbrio trabalho-família. Fonte: Elaborada pela autora,2014. Fonte WALTON,1973 XHAKOLLARI, 2013. BERGERON, 1982. HUSE e CUMMINGS, 1985. XHAKOLLARI, 2013. ROYUELA, LÓPEZTAMAYO e SURIÑACH, 2007 BAGTASOS,2011 37 No estudo de Royuela, López-Tamayo e Suriñach(2007),na Comissão Europeia sobre a QVT, comparou-se a abordagem dos acadêmicos e da Comissão Europeia devido à concepção ser coerente e multidimensional, e os indicadores para mensurar a QVT serem objetivos, baseados na percepção do indivíduo sobre sentimentos e o ambiente. Os autores criaram um quadro comparativo com as definições de Martel e Dupuis(2006) com 33 domínios, Turcotte (1984) com 4 grandes dimensões, Kohl e Shooler(1982) com 14 domínios e a visão da Comissão Europeia para delinear as políticas públicas, conforme descrito no Quadro 6. 38 Quadro 6 - Qualidade de vida no trabalho, dimensões e componentes segundo Comissão Europeia. QVT de Turcotte, 1988 Natureza trabalho do Complexidade das tarefas; papel inerente das tarefas; participação nas tomadas de decisões relacionadas à minha tarefa. 33 domínios de Martel e Dupius, 2006 Tempo para realização das tarefas; participação na tomada de decisões relacionadas à minha tarefa; enquadramento entre habilidades e tarefas, autonomia para desempenhar as tarefas, diversidade das tarefas, efetividade no trabalho, requisitos físicos para desempenho das tarefas. Ambiente de trabalho (barulho, iluminação, limpeza, etc.); equipamentos e ferramentas necessárias para execução do trabalho; facilidades (assistência médica, estacionamento, restaurante, etc.). Estrutura de trabalho de Kohl e Shooler, 1982 Complexidade do trabalho; rotina; pressão de tempo. Qualidades intrínsecas do trabalho; habilidades, conhecimentos e desenvolvimento na carreira. Higiene no ambiente, trabalho e segurança. Saúde e segurança no trabalho. Equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Contexto físico Umidade, temperatura, barulho, odores, iluminação, vibração. Contexto psicossocial Apoio social e emocional, respeito e consideração, natureza da liderança, identificação com a empresa, satisfação da necessidade de pertencimento, possibilidade de comunicação. Sentimento de pertencimento, capacidade emocional, competitividade, relacionamento com colegas, relacionamento com o superior mediato, políticas da empresa concedidas por motivo relacionado à família. Sentimento pertencimento, empowerment. Nível de planejamento, ideologia gerencial, sistema de informação, estrutura organizacional, programas de treinamento, suporte técnico, possibilidades para promoção e transferências. Desempenho do trabalho durante minha ausência, alocação do trabalho durante ausência de outros funcionários, possibilidade de crescimento, transferências; treinamento e desenvolvimento organizacional; escala de trabalho; flexibilidade das escalas de trabalho; clareza do meu papel na organização; conflito nos papeis; comunicação e informação; salário; benefícios; segurança salarial; relacionamento sindical; recursos assistenciais aos empregados. Nível de supervisão; burocracia; posição hierárquica; seguridade no trabalho; estabilidade no trabalho; compensação; escala de trabalho. Contexto organizacional Agenda social Fonte: Royuela, López-Tamayo e Suriñach.,2007. Dimensões da Comissão Europeia de Flexibilidade e segurança; diálogo social e ambiente do trabalhador. Relação igualitária; inclusão e acesso ao mercado de trabalho; diversidade e não discriminação; produtividade no trabalho. 39 Quadro 7 - Principais dimensões da qualidade de vida no trabalho em ordem cronológica no Brasil. Ano Autor 1979 Westley 1987 Quirino e Xavier 1996 Fernandes 1997 Bom Sucesso 1998 Albuquerque e França 1998 Rodrigues Dimensões de QVT Subsidia os 8 fatores de Walton em busca do equilíbrio entre empregador e empregado. Interação entre indivíduos e organização. Envolve estudos motivacionais, fatores ergonômicos, ambientais e satisfação no trabalho. Amplia a dimensão de forma integrada envolvendo atributos das organizações, seus valores, o modelo e tipo de gestão predominante. Foca a mensuração dos programas de QVT para melhoria. Envolve a conscientização dos funcionários sobre o que é a QVT para percebê-la e exercer seu papel e responsabilidades para obtenção do bem-estar e da saúde no trabalho. Envolve a organização, inovações tecnológicas, gerenciais e estruturais no ambiente interno e externo ao trabalho, favorecendo o desenvolvimento do funcionário. Apresenta dimensão sociotécnica, buscando satisfação do trabalhador no trabalho e em relação a ele. Satisfação x bem-estar do indivíduo Fonte WESTLEY,1979 QUIRINO e XAVIER, 1987 FERNANDES,1996 BOM SUCESSO,1997 ALBUQUERQUE e FRANÇA,1998. RODRIGUES,1998 Fonte: Elaborada pela autora, 2014. O modelo de Walton (1973,p.15) fundamenta-se nas percepções do indivíduo abrangendo categorias como remuneração, carreira, integração, o trabalho e suas garantias.A percepção do trabalhador quanto à significância do trabalho, ao grau de responsabilidade pelos resultados e ao conhecimento real dos resultados obtidos, constituem aspectos fundamentais do modelo que é composto por oito fatores, subdivididos em 24 dimensões, conforme detalhado no Quadro 8. 40 Quadro 8 - Modelo de Qualidade de Vida no Trabalho, conforme Walton. Fatores de QVT 1) Compensação justa e adequada 2) Condições de segurança e saúde no trabalho 3) Utilização e desenvolvimento de capacidades 4) Oportunidades de crescimento e segurança Dimensões ou indicadores QVT 1. Renda (salário) adequada ao trabalho; 2. Equidade interna (compatibilidade interna); 3. Equidade externa (compatibilidade externa). 4. Jornada de trabalho razoável, carga de trabalho adequada à capacidade física do trabalhador; 5. Ambiente físico seguro e saudável. 6. Autonomia; 7. Significado da tarefa; 8. Identidade da tarefa; 9. Variedade de habilidades; 10. Retroinformação. 11. Possibilidades de carreira; 12. Crescimento profissional; 13. Segurança do emprego. Objetivos Avaliar a percepção dos trabalhadores em relação ao sistema de remuneração da empresa. Medir a QVT em relação às condições existentes no local de trabalho. Mensurar as possibilidades que os trabalhadores têm em aplicar, no dia-a-dia, seus conhecimentos e aptidões profissionais. Avaliar as oportunidades que a organização oferece para o desenvolvimento de seus colaboradores e para a estabilidade no emprego. 14. Igualdade de oportunidades e ausência de preconceitos; Medir o grau de integração 5) Integração social na 15. Relacionamentos interpessoais e social e o clima existente na organização grupais; organização. 16. Senso comunitário e clima do ambiente de trabalho. 17. Respeito às leis e direitos trabalhistas; 18. Privacidade pessoal; Aferir o grau com que a 6) Garantias 19. Liberdade de expressão; organização respeita os constitucionais 20. Normas e rotinas claras da direitos do empregado. organização; tratamento impessoal e igual. 21. Papel balanceado do trabalho na vida pessoal. Equilíbrio entre horário e Mensurar o equilíbrio entre o 7) Trabalho e espaço trabalho, exigência da carreira, viagens, trabalho e a vida pessoal do total de vida convívio familiar e lazer, poucas empregado. mudanças geográficas. 22. Imagem da empresa; Avaliar a percepção dos 23. Responsabilidade social pelos trabalhadores quanto à produtos / serviços; responsabilidade social da 8) Relevância social da 24. Responsabilidade social pelos organização, relacionamento vida no trabalho empregados, prática de recursos humanos, com os empregados, ética e administração eficiente, valorização do qualidade de seus produtos e trabalho e da profissão. serviços. Fonte: Walton,1973. Segundo Aycán e Kanungo(2001) e Arellano(2008), os indicadores de QVT mais citados nos estudos são ausência de stress laboral excessivo, satisfação laboral e ausência de alienação do trabalhador. Os indicadores empresariais da QVT, segundo Limongi(2001), estão relacionados(Quadro 9) e foram estruturados conforme a seguinte organização: o biológico, o psicológico e o social . 41 Os indicadores “são ferramentas de planejamento e decisão que permitam clareza de critérios, objetividade de avaliação, facilidade de levantamento de informação, visibilidade de dados, efeitos de determinadas ações.”(LIMONGI- FRANÇA,1996, p.159). Quadro 9 - Indicadores empresariais de QVT. Critérios Organizacional Foco Imagem, treinamento & Desenvolvimento, Processos e Tecnologia, Comitês de Decisão, Ausência de Burocracia e Rotinas de Pessoal. Biológico Semana Interna de Prevenção de Acidentes, Controle de Riscos Ergonômicos- PPRA, Ginástica laboral, Refeições (refeitório), Saúde – PCSMO, Comissão – CIPA. Psicológico Recrutamento e Seleção, Avaliação do Desempenho, Camaradagem– Clima organizacional, Carreira, Salário e Vida Pessoal. Social Convênio Comercial, Tempo Livre– Lazer, Filhos, Cesta básica. Previdência Privada, Financiamento de Custos. Fonte: Limongi-França,2001;Oliveira,2008. O estudo de Pizzoli(2005)com enfermeiras no Hospital de Heliópolis, no Brasil, que utilizou esse modelo, encontrou equilíbrio entre os 8 fatores porém, com déficit em algumas dimensões (ausência de reconhecimento pelo trabalho, ausência de plano de carreira, comunicação deficiente e remuneração incompatível com a função) e razoáveis em outras (integração e relevância social, oportunidade de uso e o desenvolvimento das capacidades) . As enfermeiras estavam satisfeitas com os aspectos sociais, de relacionamento e desenvolvimento do potencial, e insatisfeitas com compensação justa, condições de trabalho, investimento na educação formal do profissional e valorização. No estudo feito na Albânia, conforme Xhakollari(2013),com os profissionais da saúde mental do país, foi encontrada insatisfação com remuneração, segurança do ambiente de trabalho, falta de oportunidade de crescimento contínuo, e satisfação com equipamentos de segurança, proteção individual e coletiva em 18% dos entrevistados, 40% estavam satisfeitos com as condições de trabalho e uso de tecnologias e 30% com oportunidade de crescimento profissional e treinamento. O trabalhador não deve ser exposto às condições de trabalho que não sejam seguras e saudáveis, bem como à variabilidade de horário de labor que possa levar ao seu adoecimento. 42 A jornada de trabalho deve ser aceitável conforme a legislação trabalhista, ação sindical e o empenho do empregador, evitando riscos de doenças e acidentes, como também deve ter adequação das atividades à idade dos trabalhadores, aumentando, assim, sua satisfação no trabalho(WALTON,1973;VALDISSER,2008;PEDROSO e PILATTI,2009;BARROS,2012). As percepções dos trabalhadores em relação ao labor podem ser frustrações e insatisfação, o sentimento de injustiça no trabalho, o desgaste emocional e a insegurança, são situações que podem ocorrer gerando como consequência um elevado custo financeiro para as instituições públicas e privadas e para a saúde do trabalhador (WALTON,1973;BARROS,2012). Para a QVT, segundo Walton (1973) e Westley (1979) são necessárias oito prerrogativas para a humanização do trabalho (Quadro 10). Quadro 10 - Relação das prerrogativas para a humanização do trabalho. Prerrogativas 1.Equilíbrio entre a equidade interna (comparação com outros colegas) e a equidade externa (mercado de trabalho). 2.Condicionantes para segurança e saúde no trabalho. 3.Conveniência imediata para a utilização e desenvolvimento da capacidade humana. Referência para humanização do trabalho Salário Jornada e carga de trabalho adequados, materiais e equipamentos disponibilizados para a execução das tarefas e ambiente saudável. Busca pelo talento humano, necessitando de concessão de autonomia (empowerment) e feedbacks contínuos do resultado oriundo do trabalho. 4.Ensejo de no futuro implementar políticas na organização voltadas ao respeito, valorização do trabalhador. Crescimento pessoal, na carreira e segurança no trabalho 5.Nexo social na organização de trabalho com igualdade de oportunidades e direitos. Nenhuma forma de discriminação por credo, classe social, orientação sexual, idade. 6. Estatuto do trabalhador contendo os direitos e deveres dos trabalhadores. Direito à privacidade e liberdade de expressão 7. Equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. Lazer e família 8. Valorização da vida social no trabalho. Percepção da autoestima em relação à empresa, comunidade, qualidade dos produtos e prestação de serviços. Fonte: Elaborada pela autora, 2014. 43 Hackman e Oldham(1975) enfatizam que a QVT pode determinar a satisfação e motivação dos trabalhadores no ambiente de trabalho, reforçando os estudos de Walton(1973) e de Westley(1979) em relação ao talento, à autonomia e ao feedback do desempenho. A fundamentação da motivação pode ser explicada pela Teoria da Autodeterminação, ao afirmar que o que move o ser humano são as necessidades psicológicas básicas e inatas: a autonomia (autogestão), a competência (capacidade de interagir satisfatoriamente com o meio) e o vínculo (necessidade de pertencer, contato interpessoal)(DECI e RYAN, 2000 ; RYAN e DECI,2000;NTOUMANIS; EDMUNDS e DUDA, 2009). A Teoria da Expectativa de Victor H. Vroom(1964), que afirma que a motivação é o processo que governa a escolha de comportamentos voluntários, alternativos e conscientes. Essa Teoria estabelece três variáveis determinantes da motivação do indivíduo: expectativa (maior esforço gerará desempenho superior), instrumentalidade (desempenho superior gerará recompensa) e valência (importância de determinada recompensa para cada indivíduo). Assim, as ações dependerão do indivíduo perceber todas as três relações causais como positivas e simultâneas(FERREIRA e THEOTONIO,2013). Conforme Bom Sucesso(1997) para evitar que a QVT seja mais um modismo, propõe-se: [...]treinar e desenvolver as pessoas contribuindo para as mudanças de comportamento necessárias; investir em melhorias dos processos contribuindo para reduzir o trabalho penoso e repetitivo; reestruturar e enriquecer os cargos a fim de aumentar a responsabilidade e autonomia tornando o trabalho mais gratificante; formar gerentes éticos competentes, com habilidade para se relacionar adequadamente com os subordinados; promover melhorias contínuas nas condições de trabalho, segurança, horários e regras; remunerar de forma justa; [...] patrocinar programas de conscientização e de ajuda no desenvolvimento de hábitos saudáveis e estimular a reflexão sobre a importância e responsabilidade pessoal com a Qualidade de Vida no Trabalho; desenvolver a consciência dos indivíduos sobre os aspectos motivacionais; identificar ações que possam contribuir para uma vida melhor na organização.(BOM SUCESSO, 1997, p.43). Segundo Lacaz(2000), a partir dos anos 70, a QVT ascendeu em decorrência do declínio da organização do trabalho de corte taylorista/fordista, que ocasionou o aumento do absenteísmo, da insatisfação no trabalho e da baixa adesão dos trabalhadores às metas gerenciais. O mesmo acontece nos dias de hoje, com a mão de obra cada vez mais escassa, tanto no âmbito elementar quanto no especializado, principalmente na saúde, em que se 44 observa elevada competitividade e baixa eficiência nos serviços(ROBERT et al.,2012; GALLETA et al.,2013; HORRIGAN et al.,2013; ZHAO et al.,2013). A QVT apresenta a abordagem assistencialista e a preventiva, sendo a assistencialista, segundo Ferreira(2006), apresentada por alguns estudos como o “Ofurô Corporativo”, no qual o trabalhador sai do ambiente de labor por alguns minutos, na tentativa de amenizar o sofrimento causado pelo exercício da tarefa, e, para isso, pode utilizar alternativas, tais como: ginástica laboral, aula de yoga, massagem, pois o trabalhador é variável de ajuste e não o contexto de trabalho. Nas ações preventivas, tanto empregadores quanto trabalhadores têm participação efetiva nas ações individuais e coletivas, iniciando com o diagnóstico do contexto de trabalho feito por todos os empregados e empregadores, apontando os pontos que levam à satisfação e insatisfação no trabalho. É uma abordagem não hegemônica de QVT, baseada na eliminação dos fatores desencadeantes de mal-estar no trabalho e na compreensão do que seja produtividade (FERREIRA,ANTLOGA e BERGAMASCHI, 2009). Estudos mencionam somente a identificação de características e não de mudanças dos contextos organizacionais. Os pontos teóricos encontrados foram divididos em três conceitos centrais: a humanização do trabalho, participação nas decisões de gestão e o bem-estar (FERREIRA,ALVES e TOSTES,2009); e em 5 linhas: a) QVT como Humanismo refere-se à Motivação e à Escola Sociotécnica; b) QVT como Humanismo-Satisfação com o trabalho; c) QVT como participação nas decisões de gestão tendo como premissa a produtividade pode estar associada a outros fatores sociais no projeto da organização; d) QVT como bem-estar – abordagem fatorial (dimensões biológica, psicológica, social e espiritual);e) QVT como bem-estar – sentido do trabalho: parte do ponto de vista do sujeito sobre a qualidade de vida ao invés do olhar da organização (Quadro 11). 45 Quadro 11- Escolas de QVT com seus precursores e características. Escolas Precursores Características Fonte Sociotécnica Walton (1973), Brazzi Jr. (1994), Heloani (1994), Moraes et al.(1996), Vieira (1996), Vasconcelos (2001), Heloani e Capitão (2003), Spink(2003), Bosqueti e Velloso(2005) Relacionamento do indivíduo com seu trabalho e a satisfação dos funcionários. Barros (2012) Escola da Condição Humana Lipowski (1986) Escola Organizacional Hersey e Blanchard (1986), Schin; Handy e Mintzberg (1994), Taylor (1995), Urtich (2000) Aspectos biopsicossocial; Ampliação do conceito saúde –doença. Produção do trabalho, suas práticas e valores (competência, cultura, talento). LimongiFrança (2003, 2011) Merlo e Lápis (2007), LimongiFrança (2011) Fonte: Elaborada pela autora, 2014. Para os autores de estudos críticos como Heloani e Capitão (2003), é necessária uma reflexão sobre o papel da QVT nas organizações, sem o compromisso de fortalecimento desse movimento no interior das empresas, nem mesmo nos mercados mais competitivos. Em alguns casos, se pode evitar a deterioração das conquistas sociais conseguidas pela classe trabalhadora, no último século, pois aumenta produtividade, reduz custos e os trabalhadores não têm recebido salários atualizados conforme a conjuntura (BARROS,2012). 46 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 Caracterização da pesquisa A metodologia é apresentada por Minayo(1998) como o caminho e o instrumental próprios de abordagem da realidade. Para a autora, ela ocupa o lugar central no interior das teorias sociais. A metodologia “inclui as concepções teóricas de abordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a apreensão da realidade e também o potencial criativo do pesquisador” (MINAYO,1998, p.21-22). A fim de estabelecer o tipo de pesquisa a ser utilizado, toma-se como base a taxonomia apresentada por Gil(1999). Apresenta-se no quadro 12 a tipologia metodológica do estudo. Quadro 12 - Tipologia metodológica do estudo. Abordagem da pesquisa Quanto aos fins Quanto aos meios Quali-quantitativa Descritiva Estudo de Caso Fonte: Elaborado pela autora, 2014. A estratégia metodológica que será utilizada adota técnicas tanto qualitativas quanto quantitativas. Segundo Gonçalves e Meirelles(2004), as pesquisas qualitativas são definidas por dados de natureza interpretativa e semântica, enquanto as pesquisas quantitativas são aquelas cujos dados estão representados por métricas quantitativas, tendo como elemento de apoio central a linguagem matemática, que é sua forma de expressão e tratamento. A combinação de modelos quali e quanti torna-se cada vez mais usual nas pesquisas, em razão da evolução da complexidade dos problemas em Ciências Sociais. O uso dos dois métodos é corroborado por Minayo(1998, p.105-156) ao propor que “qualquer pesquisa social que pretenda um aprofundamento maior da realidade não pode ficar restrita ao referencial apenas quantitativo”. Dessa forma, busca-se suprir as deficiências oriundas daquelas de natureza única. 47 O pré-teste foi realizado em novembro de 2012, no HGV, segundo Reis Júnior (2008) sendo distribuídos 41 questionários e obtidas respostas de 34 funcionários. A QVT foi satisfatória (59,63)(FLECK et al.,1999) e o coeficiente de alpha de Cronbach foi 0,733(confiabilidade interna aceitável) conforme Nunnaly(1978), evidenciando a necessidade de integração das abordagens quali-quantitativas junto aos trabalhadores da saúde, de forma que os dados reflitam a realidade, pois o estudo foi aplicado no momento de alta tensão dos trabalhadores devido à violência (agressões) vivenciados no durante o labor. Isso leva a fomentar estratégias que possibilitem aos gestores o resgate da qualidade de vida no trabalho de seus funcionários, obtendo eficiência e efetividade em suas atividades laborais(FERREIRA e VASCONCELOS, 2013). Para os fins, a pesquisa descritiva busca evidenciar as características, propriedades ou fatos de determinada população ou fenômenos, estabelecer relações entre variáveis ou analisar os fatos (GIL,1999;2002). Quanto aos meios, trata-se de um estudo de caso e, segundo Yin(2010), o estudo de caso é muito usado nas ciências sociais e aplicado quando as questões da pesquisa partem do advérbio “como” ou “porque”. O investigador tem pouco controle sobre os eventos e o enfoque está sobre um fenômeno contemporâneo no contexto da vida real. Como método de pesquisa, o estudo de caso contribui com o conhecimento dos fenômenos individuais, grupais, organizacionais, sociais, políticos e relacionados. Além disso, propicia a compreensão das características holísticas e significativas dos eventos da vida real. É aplicado também em questões que exigem uma descrição profunda e detalhada de algum fenômeno social. 3.2 Unidade de análise e sujeitos de pesquisa Conforme estabelecido nos objetivos dessa pesquisa, o estudo limitar-se-á a caracterizar a QVT percebida pelos trabalhadores da saúde do Complexo Saúde Mental, FHEMIG, por meio da aplicação do questionário baseado em Richard E. Walton(1973,p.15), com questões fechadas e abertas, entrevista com diretora estratégica e das unidades hospitalares do estudo. 48 As unidades Centro Psíquico da Adolescência e Infância(CEPAI) e Centro Mineiro de Toxicomania(CMT) foram excluídas devido à primeira atender crianças e adolescentes, não contemplando o perfil desta pesquisa, que são as unidades que atendem o público adulto, e a segunda, apresentar características ambulatoriais. Foram escolhidas as unidades CHPB, HGV e IRS.O cálculo amostral considerou uma margem de erro de 5% e índice de confiança 95%, totalizando a amostra com 549 participantes, indiferente do cargo(Tabela 2),sendo, portanto, uma amostra não probabilística por acessibilidade. Foram considerados critérios de inclusão para participar dessa pesquisa, tais como: ser servidor do quadro funcional da FHEMIG, seja contratado ou efetivo; ter acima de 18 anos; não estar de férias ou licença médica no período da coleta de dados e aceitar participar da pesquisa de forma voluntária, assinando e/ou ciência do Termo de Consentimento Livre Esclarecido(TCLE)(Apêndice C). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Centro Universitário UNA (C.A.A.E.19244413.3.000.5098),aprovado em 26 de setembro de 2013(Anexo A) e FHEMIG(Parecer nº 139/2013), aprovado em 11 de outubro de 2013(Anexo B). Em 10 de abril de 2014, conforme informe da Plataforma Brasil, houve alteração para C.A.A.E (192444133.3.001.5119). Os sujeitos foram gestores dos hospitais e gestora estratégica de desenvolvimento de pessoas e pesquisa da FHEMIG nas fases de entrevistas, e nas questões abertas foram os trabalhadores dos hospitais em estudo. 3.3 Técnica de coleta de dados Para a coleta de dados foram convidados todos os trabalhadores pertencentes ao quadro funcional do CHPB, HGV e IRS, a participar do estudo após a assinatura e /ou ciência do TCLE.A divulgação do questionário e questões abertas foi feita pela intranet da FHEMIG e do HGV, Jornal da FHEMIG, redes sociais como o Facebook e envio de memorando para 49 diretorias e email para os diversos serviços, conforme organograma da instituição CHPB(Figura 3),IRS(Figura 4) e HGV(Figura 5).Os documentos de divulgação constam no apêndice D. Portanto, a coleta foi online, presencial em formulários em papel. Para os gestores através do email institucional foram encaminhadas as questões da entrevista(Apêndice A) e o questionário(Apêndice B), o termo de autorização para participação na entrevista(Apêndice E),parecer consubstanciado da Plataforma Brasil(Anexo A) e parecer da FHEMIG nº 139/2013(Anexo B) com a aprovação das duas instâncias. 3.3.1 Abordagem Qualitativa Foi realizada entrevista in loco com uma Diretora de Desenvolvimento de Pessoas e Pesquisa na Administração Central e com os diretores hospitalares das unidades CHPB, HGV e IRS, com auxílio de um gravador digital, mediante autorização do sujeito, e posterior interpretação (GODOY, 1995, p. 24-25)(Apêndice A). Para o planejamento da entrevista, foram necessárias a definição dos objetivos, da população alvo, das questões, além do local, data e tempo de duração. As questões apresentadas, seguiram as orientações de Krueger (2009) que são questões de abertura (identificação do entrevistado), questões introdutórias (a concepção sobre QVT e qual a sua percepção como estratégia de melhoria do desempenho e da qualidade), questões de transição (a QVT satisfatória ou muito satisfatória pode diminuir o absenteísmo e a rotatividade dos profissionais?), questões-chave (qual a sua percepção em relação às condições de trabalho em seu local de trabalho?; a QVT pode influenciar na sua trajetória profissional atual?; sr(a) tem experiências positivas e negativas nesse aspecto?) e questões finais (quais os fatores mais importantes que melhorariam a QVT para sr(a) e colegas?). Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, de acordo com Fraser e Gondim(2004) contendo 7 questões abertas, conforme citado anteriormente, e os 4 participantes foram os diretores hospitalares locais CHPB, HGV e IRS e a Diretora de Desenvolvimento de Pessoas e Pesquisa da FHEMIG. As entrevistas foram gravadas, transcritas e codificadas em função de registros de conteúdo e de categorias analíticas. 50 3.4 Técnica de análise de dados A análise de conteúdo é uma técnica que consiste em analisar os dados, sendo muito utilizada nas pesquisas qualitativas em estudos organizacionais, por decorrência do rigor científico e a profundidade da pesquisa (MOZZATO e GRZYBOVSKI,2011). Para Bardin (2009), a análise de conteúdo é uma associação de várias técnicas de investigação através da descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifestado nas comunicações, tendo como objetivo interpretá-las. Bardin(2009) corrobora com Minayo (2007) acrescentando que, para área da saúde, a pesquisa qualitativa é a melhor abordagem como forma de investigação. A utilização da técnica de análise de conteúdo compreende três fases.A pré-análise, que corresponde à exploração do material e ao tratamento dos resultados. A pré-análise refere-se à fase de organização, estabelecendo como será o esquema de trabalho, o levantamento do que será necessário, com os procedimentos bem definidos, porém flexíveis, propiciando a interpretação e a preparação formal do material. A fase de exploração do material corresponde ao cumprimento das decisões tomadas inicialmente e a definição de categorias, propiciando ou não a riqueza das interpretações e inferências. E, o tratamento dos resultados e interpretação compreende a fase em que o pesquisador busca transformar os dados brutos em dados significativos e válidos(BARDIN, 2009). É realizada a condensação dos resultados em busca de padrões, tendências ou relações implícitas e a interpretação envolverá uma visão holística dos fenômenos analisados, evidenciando que os fatos sociais sempre são complexos, históricos, estruturais e dinâmicos (GODOY,1995,p.24-25).As unidades de análise podem variar: palavras, sentenças, parágrafos e, até mesmo, o texto. As unidades de análise podem ser contadas, outras análises da estrutura lógica do texto ou de suas partes, outra atenção nas temáticas. Aplicou-se a técnica de análise de conteúdo de Bardin (2009) e seus elementos estão no Quadro 13. 51 Quadro 1 - Delineamento da abordagem qualitativa e seus elementos. Sujeitos Coleta de dados Nº de questões Unidade de análise Unidade de estudo Gestores Entrevista semiestruturada 7 Expressões DIEST,CHPB,HGV e IRS Trabalhadores Questões abertas no Google Drive 7 Palavras com maior nº de repetições HGV e IRS Período da coleta 18/10/13 a 8/11/13. Fonte: Elaborada pela autora. As questões abertas foram facultativas em número de 7(Apêndice B).As palavras variaram conforme as perguntas. Os sujeitos foram identificados como TSM seguido do número em ordem crescente. Categorias: Qualidade de vida no trabalho, condições de trabalho, satisfação no trabalho e relacionamento, motivação, desempenho, reconhecimento, gestor, autonomia, capacitação, treinamento, horário, mobiliário e trabalho. As questões da entrevista foram em número de 7 (Apêndice A) e para análise do teor das entrevistas as categorizadas foram: bem-estar, gostar do que faz, condições de trabalho, relacionamento com os colegas e chefias, satisfação no trabalho, desempenho e produtividade, qualidade de vida no trabalho percebida, rotatividade e absenteísmo, capacitação e desenvolvimento pessoal. Essas expressões foram as enfatizadas pelos entrevistados e estão em conformidade com os conceitos, dimensões da QVT e suas consequências(GALLETA et al.,2013;ZHAO et al.,2013). Os sujeitos foram identificados como SG seguido do número em ordem crescente. As questões foram acessadas pelos trabalhadores via online pelas instituições e website FHEMIG, durante 20 dias, no período de 18/10/13 a 8/11/2013, disponibilizadas através do Google Drive. As respostas das questões abertas, oriundas do Google Drive em planilhas, foram importadas para o Word e, posteriormente, tabuladas utilizando o software Atlas TI para quantificação das palavras. A coleta de dados das 7 questões fechadas foi realizada mediante entrevista semiestruturada com os diretores, registradas utilizando o gravador e transcritas pela pesquisadora. O tempo médio de duração das entrevistas foi de 20 minutos. Foram realizadas quatro entrevistas com servidores ocupantes dos cargos de Analista de Gestão em Saúde e Médico, conforme Plano 52 de Carreira da Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado de Minas Gerais, para a FHEMIG, bem como com os diretores das unidades Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, Hospital Galba Velloso e Instituto Raul Soares e a Diretora de Desenvolvimento Estratégico(DIEST) da FHEMIG. As entrevistas foram realizadas no local de trabalho dos entrevistados, após agendamento, no período de 1º a 11 de novembro de 2103. A escolha dos participantes foi motivada pela facilidade de acesso, concordância em participar da pesquisa, ser o gestor responsável das unidades de análise e a diretora estratégica da FHEMIG. As respostas dos sujeitos foram transcritas, conferidas pela autora e devolvidas aos sujeitos que solicitaram durante a entrevista para conferência. As respostas estão apresentadas nesta ordem após assinatura do termo de consentimento para entrevista: Sujeito (SG) 1 - Assistente social (CHPB), feminino, com 20 anos de FHEMIG Sujeito (SG) 2 - Médico (IRS), masculino, com 33 anos de FHEMIG Sujeito (SG) 3 - Terapeuta ocupacional (HGV), masculino, com 25 anos de FHEMIG Sujeito (SG) 4 - Assistente social (DIEST), feminino, com 30 anos de FHEMIG 3.5 Abordagem quantitativa Foi aplicado o instrumento de pesquisa cujo questionário tem 35 perguntas, utilizando uma escala do tipo Likert com cinco pontos, com base no modelo de QVT desenvolvido por Walton(1973). O modelo de Walton (1973) possui oito fatores, sendo eles: a) compensação justa e adequada, b) condições de segurança e saúde no trabalho, c) utilização e desenvolvimento de capacidades, d) oportunidades de crescimento e segurança, e) integração social na organização, f) garantias constitucionais , g) trabalho e espaço total de vida, h) relevância social da vida no trabalho. Como desdobramento desses oito fatores, há 24 dimensões representadas por 35 perguntas disponíveis no instrumento de pesquisa com as variáveis sócio demográficas (ARELLANO,2008)(Anexo B). 53 A escala do tipo Likert de cinco pontos foi utilizada em cada uma das 35 perguntas do instrumento de pesquisa, contemplando as seguintes opções: Muito insatisfeito, Insatisfeito, Nem satisfeito nem insatisfeito, Satisfeito e Muito satisfeito. A gradação exposta pela escala empregada nas perguntas foi transformada em pontuação, facilitando a comparação com os resultados apresentados tanto pelos diretores quanto pelos funcionários analisados na pesquisa de campo. A pontuação adotada foi: Muito insatisfeito(1 ponto),Insatisfeito (2 pontos),Nem satisfeito nem insatisfeito (3 pontos), Satisfeito(4 pontos) e Muito satisfeito(5 pontos), conforme Tabela 1. Tabela 1 - Escala dos níveis de satisfação. Escala 0% âncora 25% 50% 75% 100% âncora Avaliação do nível satisfação Muito insatisfeito Insatisfeito Nem satisfeito nem insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito Grau Numérico 1 2 3 4 5 Fonte: Adaptado de Fleck et al.,1999. 3.5.1 Técnica de análise de dados nos hospitais CHPB, IRS e HGV Para a análise da QVT nos hospitais CHPB, IRS e HGV os dados foram compilados em planilha de Excel, transportados para o software SPSS 21.0 e calculada a estatística descritiva para os 8 fatores de Walton(1973), bem como a frequência para as variáveis sóciodemográficas (sexo, idade em anos, turno de trabalho, profissão exercida no hospital, vínculo, tempo de trabalho, outro emprego, carga horária e escolaridade) e análise de variância(Anova). Para validação da confiabilidade interna, foi aplicado o coeficiente alpha de Cronbach (2004),calculado a partir da variância dos itens individuais e da soma dos itens de cada avaliador. Para Nunnaly(1978), o coeficiente possibilita verificar como um item se comporta em relação a outro, e também se duas questões têm comportamento parecido, ou seja, se a partir da resposta de uma questão pode-se chegar à resposta de outra. 54 Para o cálculo do alpha de Cronbach, os dados foram tabulados em planilha Excel 19972003, conforme equação de Cronbach(1951; 2004): Equação 1 - Equação de Cronbach onde: Si 2 é a variância do item i, • St2 é variância da soma dos itens observados ou a variância total do questionário, • K é o número de perguntas ou itens do questionário. • é o índice de confiabilidade interna que avalia os itens do questionário . A análise estatística descritiva utilizará das medidas: média, desvio padrão das dimensões, variação de satisfação, análise de tendência da QVT para os 8 fatores e análise fatorial. De 310 formulários distribuídos no HGV, IRS e CHPB retornaram 74 do HGV, 60 do CHPB e 5 do IRS com 8 perdas no CHPB e 1 no HGV. Houve a participação de 275 trabalhadores, sendo que 136 (49,5%) utilizaram os meios eletrônicos, enquanto 139 (50,5%) responderam via formulários, que foram entregues em mão e /ou disponibilizados nos NEP e farmácia dos hospitais. O número de funcionários utilizado foi da tabela 2 e não do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) em decorrência do cadastro ter menor número de trabalhadores, e considerar somente os profissionais de saúde não sendo substancial a diferença. Não foi eliminado do total de funcionários para o cálculo amostral o número de trabalhadores licenciados e férias. Tabela 2 -Número de pesquisados pela amostra obtida na coleta de dados. Local de Pesquisados População % amostra % população pesquisa CHPB 60 428 21,8% 38,4% HGV 191 363 69,5% 32,6% IRS 24 324 8,7% 29,1% TOTAL 275 1115 Fonte: Elaborada pela autora, 2014. 55 Na pesquisa quantitativa, devido à baixa adesão dos trabalhadores no estudo, as análises estatísticas focaram no Hospital Galba Velloso que atendeu ao critério amostral. No CHPB faltaram para completar a amostra 46 de 106 e do IRS faltaram 56 de 80. A baixa adesão pode ser explicada em decorrência dos fatos supervenientes ocorridos(interrupções da coleta por questões administrativas do Comitê de Ética em Pesquisa da FHEMIG, greve dos trabalhadores, licenças e período de férias de 1/3 dos trabalhadores, em janeiro de 2014) . 3.5.2 Análise da QVT do Hospital Galba Velloso O delineamento experimental do estudo para o HGV para amostragem de 191 participantes (IC 95%) está descrito no quadro 14. Quadro 14 - Tipologia metodológica do estudo no HGV. Abordagem da pesquisa Quanto aos fins Quanto aos meios Quali-quantitativa Descritiva comparativa dos 8 fatores de Walton (1973) Estudo de Caso Fonte: Elaborada pela autora,2014. Nesse contexto, foram levantados 2 questões e 9 hipóteses a seguir: Q 1:Qual é o nível de satisfação com a QVT entre os trabalhadores? Q 2:Qual é o nível de satisfação com cada um dos construtos de QVT? H 1:Há uma relação significativa entre fatores pessoais (idade, gênero, nível de escolaridade, posição no trabalho, vínculo e turno) e satisfação geral com a QVT. H 2. Satisfação com a compensação adequada e justa é (+) com satisfação geral com a QVT. H 3. Satisfação com condições de trabalho é (+) com a satisfação geral com a QVT. H. 4. Satisfação com a oportunidade de usar e desenvolver capacidades humanas está (+) com a satisfação geral com a QVT. H 5. Satisfação com oportunidade para crescimento contínuo e segurança está (+) com a satisfação geral com a QVT. 56 H 6. Satisfação com a integração social na organização do trabalho é (+) com a satisfação geral com a QVT. H.7. Satisfação com o constitucionalismo na organização do trabalho está (+) com satisfação geral com a QVT. H 8. Satisfação com o trabalho e espaço total de vida está (+) com satisfação geral com a QVT. H 9. Satisfação com a relevância social de vida no trabalho está (+) com satisfação geral com QVT. Para análise dos dados foram utilizados os softwares SPSS v.21 e Minitab v. 16, e realizados os seguintes procedimentos: 1.Validação do Questionário 1.1. Análise Fatorial (KMO, Esfericidade de Bartlett e alpha de Cronbach) 2. Validação dos Fatores de Walton 2.1. Alpha de Cronbach e Coeficiente Intraclasse 3. Estatísticas Descritivas 3.1. Tabelas e gráficos com quantidade e percentuais. 3.2. Média, desvio padrão, mínimo e máximo. 3.3. Coeficiente de Correlação Linear de Pearson. 4. Análise de Variância (Comparação de Médias por um fator) 4.1. ANOVA para cada cargo 4.2. Teste de Tukey para comparação das médias. Para avaliar a confiabilidade dos itens do questionário foi calculado o Alpha de Cronbach para os 8 fatores de Walton(1973, p.15) .Não há consenso entre os autores quanto aos valores e sua classificação. Segundo Nunnaly(1978),o valor menor que 0,5 é considerado inaceitável, entre 0,5 – 0,6 (pobre), 0,7 - 0,8 (aceitável), 0,8 - 0,9 (bom) e acima 0,9 é excelente. Mesmo com itens com baixa confiabilidade pode-se ter uma escala confiável, por isso, é calculada a correlação intraclasse(ICC), que tem como objetivo mostrar a confiança do construto (grupo de itens – fator) com relação aos indivíduos (intra–dentro), ou seja, correlação entre os indivíduos da amostra. De acordo com o resultado do ICC, verifica-se se o fator é viável ou não. 57 Foi calculado o valor mínimo, máximo, média e desvio padrão da estatística descritiva, análise fatorial(QVT média dos participantes por fator) e correlação de Pearson entre os 8 fatores de Walton e o fator geral. Foi realizada a análise fatorial, que consiste em um método estatístico que utiliza um conjunto de técnicas multivariadas tendo como objetivo delinear uma estrutura adjacente em uma matriz de dados que melhor representa o conjunto de variáveis observadas. Analisa as covariâncias das inter-relações de um determinado número, reduzindo o número de variáveis a um menor número de fatores(DAMASIO,2012). Coeficiente de Correlação Linear de Pearson é uma medida de variância comum entre 2 variáveis, demonstrando a força do grau de relacionamento entre elas(GARSON,2007; FIGUEREDO FILHO e SILVA JÚNIOR,2009). A variação é de -1 a 1, a significância varia de autor a autor. A correlação da QVT e o nível de relação foram classificados por Dancey e Reidy (2006) como r entre 0,10 a 0,3 (fraco); 0,4 a 0,6 (moderada); 0,7 a 1 (forte), sendo que quanto mais próximo de 1 maior o grau de dependência entre as variáveis, isto é, relação forte favorece a percepção da QVT. O Teste de Tukey é usado para realizar comparações entre as médias, isto é, avalia as diferenças entre elas, de acordo com a probabilidade calculada para o estudo (5%) (RAMOS e FERREIRA,2009) . As variáveis independentes foram as variáveis sócio-demográficas exceto cargo, sexo, turno, vínculo, ter mais de um emprego, e os fatores do modelo: fator 1( compensação justa e adequada), fator 4 (oportunidades de crescimento e segurança), fator 5 (integração social na organização) e fator 7 ( trabalho espaço total de vida) e as variáveis dependentes da base conceitual (condições de trabalho e saúde no trabalho, utilização e desenvolvimento de capacidades, garantias constitucionais e relevância social da vida no trabalho) e demais variáveis sócio-demográficas. 58 4 CONTEXTO DE PESQUISA 4.1 Saúde, serviços de saúde e profissionais de saúde Segundo a Organização Mundial de Saúde(OMS,1946;1986), a saúde não é simplesmente a ausência de doenças, mas um estado de desenvolvimento físico, mental e bem-estar social. Esse conceito é questionável devido à influência dos determinantes sociais, políticos, econômicos e culturais. Para Bircher(2005,p.336), a saúde é “um estado dinâmico de bemestar caracterizado por um potencial físico e mental, que satisfaz as exigências da vida condizentes com a idade, cultura e responsabilidade pessoal”. A saúde, sendo um dos maiores bens da humanidade, leva à intervenção do governo quando o mercado não consegue atender adequadamente cada um dos seus integrantes. Existe uma relação direta entre o estado de saúde da população e o crescimento econômico do país, pois o primeiro altera diretamente a capacidade produtiva dos indivíduos(BRASIL,2006b). O sistema de saúde público e privado é um grande desafio mundial devido aos escassos recursos frente a uma demanda crescente, influenciada por diversos fatores, tais como: o aumento da expectativa de vida, o aparecimento de doenças crônicas degenerativas, o aumento da violência, dentre outras. As divergências entre os países e regiões em relação à saúde e condições de vida podem ser avaliadas pelo acesso ao sistema de saúde, qualidade do atendimento ou efetividade das ações nos sistemas de saúde através da cooperação internacional(SANTANA,2011). Segundo Marinho et al.(2001), o perfil do setor de saúde no Brasil é apresentado a partir da fundação das Santas Casas de Misericórdia, no século XVIII, que tinham por finalidade prestar assistência médico-hospitalar beneficente e filantrópica. A partir do século XX, na década de 50, as instituições privadas hospitalares passam a ter representação no setor. Com o Golpe de 64, o modelo de atenção hospitalar torna-se hegemônico, centralizado na prestação de serviços nas grandes cidades do Sul e Sudeste, tendo esse arcabouço de atenção enfraquecido a partir dos anos de 1970. 59 Em 1990, o Brasil criou o Sistema Único de Saúde(SUS), provocando mudanças importantes no seu sistema público de saúde. O SUS se desenvolve com base nos princípios de acesso, universalidade, equidade e integralidade e com base nas diretrizes organizativas de descentralização, regionalização, hierarquização e participação da comunidade (BACKES et al.,2012). Os princípios e diretrizes aplicáveis ao SUS estão previstos no art. 198 da Constituição Federal de 1988 (BRASIL,1988) e regulamentados pela Lei n.º 8.080/1990 (BRASIL,1990a) e Lei n.º 8142/1990 (BRASIL,1990b). Esses princípios podem ser agrupados em dois segmentos: um que incorpora os princípios decorrentes de valores sociais como o acesso universal e igualitário (CF,1988,art.196), a participação comunitária (CF,1988, art.198, III) e o atendimento integral (CF,1988, art.198, II); o outro grupo engloba os que dizem respeito à organização do sistema de saúde: regionalização e hierarquização dos serviços e descentralização associada à direção única em cada esfera de governo(CF,1988, art.197, I, II e III) (BRASIL,1988). O SUS encontra-se em desenvolvimento, possuindo muitos gaps que precisam ser solucionados (BRASIL, 2006a). O SUS completou 20 anos e, nesse período, houve grandes avanços, faltando ainda muitas ações a realizar, principalmente no que diz respeito à política de universalização com equidade, a qual irá demandar um comprometimento constante de todos os profissionais de saúde. Esse empenho fundamentará e auxiliará a democracia na sociedade brasileira(CAMPOS,2008). No Brasil, pode-se contar que o SUS ter sido norteado por diretrizes e princípios foi uma contribuição inigualável para o desenvolvimento sustentável, à medida que integra a participação e controle social com o planejamento e avaliação da política pública nas esferas federal, estadual e municipal. Nessa perspectiva, a discussão da saúde e sustentabilidade deve ter a premissa sobre os determinantes sociais de saúde interagindo de forma equânime em nível local, nacional e mundial(FRANCO NETTO,2012). Para Raupp et al.(2007),as instituições hospitalares possuem características singulares devido às suas atividades de tratamento e cuidado com a saúde do ser humano. Os hospitais possuem características próprias, tendo como finalidade básica manutenção e restabelecimento da saúde do paciente, controlada e orientada por um médico. Nas 60 instituições públicas, o retorno é direcionado para o aprimoramento dos serviços prestados à comunidade, com expectativas de atender a demanda crescente. Segundo o Ministério da Saúde(BRASIL,2005),são considerados trabalhadores todos os cidadãos que exercem atividades no mercado de trabalho formal ou informal para sustento próprio e/ou de seus dependentes. Os trabalhadores da saúde no Brasil são aqueles que exercem atividades em uma das esferas de atenção primária; secundária e terciária no âmbito público, filantrópico e privado. A saúde desses trabalhadores pode influenciar na QV e, consequentemente, na qualidade do serviço prestado ao usuário dos serviços de saúde(SANTANA,MIRANDA e KARINO,2013). Em 2006, a Organização Mundial da Saúde calculou uma escassez global de 4,3 milhões de trabalhadores de saúde em todo o mundo, ocasionando restrições ao acesso à saúde, limitações de qualidade do atendimento e de efetividade das ações e a supremacia da saúde como um dos maiores bens da humanidade gerando intervenção, controle e acompanhamento por parte dos governos (WHO, 2006; SANTANA,2011). Isso provoca cargas de trabalho elevadas aos profissionais e sentimento de estarem sendo explorados e sobrecarregados, o que pode acarretar perda de receita para as unidades de saúde, comprometendo o funcionamento e a qualidade dos serviços (ROBERT et al.,2012). A Vigilância de Atenção do Trabalhador tem a premissa de conhecer a realidade dos trabalhadores e intervir nos fatores determinantes de agravos à saúde, avaliando o impacto das medidas adotadas, subsidiar a tomada de decisões dos órgãos competentes do governo federal, estadual e municipal e estabelecer sistemas de informação em saúde(LACAZ,2013). Percebe-se que o propósito tem relevância, porém são necessárias ações de auditoria e um canal de comunicação para denúncias, evitando que as ações ocorram após os acontecimentos de agravos. Portanto, os agravos à saúde do trabalhador, na maioria das vezes, são evitáveis e os conflitos inerentes à atividade, sejam de ordem política, social, institucional e cultural, são os grandes desafios da Vigilância de Atenção do Trabalhador, principalmente no SUS, devido às rápidas mudanças no mundo globalizado onde a informatização, robotização, precarização e 61 flexibilização das relações de trabalho acabam repercutindo na vida, nas relações sociais, nos ambientes de trabalho e no processo saúde/doença dos trabalhadores(ANTUNES,2004; PINHEIRO et al.,2013). A vigilância à saúde do trabalhador é resultante do processo saúde-doença, oriundo da interação da saúde e do desenvolvimento sustentável, pois está atrelado a um processo coletivo que é o local de trabalho. Esse local, simultaneamente, é o objeto e o condicionante das ações de prevenção. Por essas ações deve-se identificar as condições de saúde e seus determinantes culturais, sociais e ambientais dentro dos ecossistemas modificados pelo trabalho e pela intervenção humana (VAN BELLEN,2005;WHO, 2010;MACHADO et al.,2012). Ressalta-se que os trabalhadores da saúde se encontram em um processo marcado por conflitos de competência, intervenções hierárquicas sem a participação social com prerrogativas e autonomia nos locais de labor. É necessária a fiscalização nos ambientes, resguardando o direito do trabalhador de recusar o trabalho perigoso e ter liberdade na organização. É importante o SUS assumir seu papel central, garantindo uma política de Estado integradora de todas as instituições e não apenas ditatorial (NETZ e MACHADO, 2013). A violência no trabalho nas instâncias pública e privada é comum nos dias de hoje, conforme demonstrado no estudo de Prestes et al.(2010), em relação a trabalho, saúde e adoecimento do trabalhador em um serviço de hemodiálise. Nesse estudo, foram encontrados como pontos positivos relativos à satisfação prazerosa pelo trabalho “gostar do que faz, ser reconhecido, ajudar o paciente e ter um plantão sem intercorrências”. Os pontos negativos de insatisfação foram: participar do sofrimento do paciente, sensação de impotência, ser agredida por paciente e ter dificuldades no relacionamento com os colegas de trabalho. A QVT nas instâncias públicas e privadas é uma estratégia emergente, que somente poderá ser possível com a inclusão na Agenda Ambiental através da participação de diversos órgãos governamentais associados aos organismos internacionais voltados para a responsabilidade socioambiental, como o Ministério do Meio Ambiente, instituindo a economia verde para todas as instituições públicas, inclusive da saúde (BLIACHERIS, 2013, p.131). 62 A saúde é geradora de grande quantidade de resíduos e consumidor de volumoso orçamento, licitações sustentáveis, como outras iniciativas do tipo incentivar a QVT com a implantação de programas de qualidade de vida, saúde e segurança no trabalho com políticas territoriais de prevenção de riscos ambientais, prevenção de acidentes, manutenção e substituição de aparelhos que provocam ruído, climatização de áreas de trabalho, mobiliários adequados à ergonomia, atividades de integração local e qualidade de vida com ginástica laboral, oficinas de talento como forma de integração dos servidores em equipe de trabalho, estímulo à criatividade, desenvolvimento de pesquisa, criação de patentes, dentre outras(FERREIRA,2006; BESSA,2011). Portanto, a situação da saúde dos trabalhadores, e as condições de trabalho justificam a implementação da QVT na saúde como estratégia para proporcionar desempenho e produtividade satisfatórios alinhados com emprego e trabalho justo, condições seguras e dignas propiciando a sustentabilidade das organizações com a economia verde. O desempenho ambiental da organização engloba a valorização das pessoas, de forma a garantir a sustentabilidade, através da capacitação, motivação e bem-estar da força de trabalho, da criação de um clima organizacional favorável com a participação e o desenvolvimento das pessoas, bem como, do investimento na mudança de cultura, capaz de deflagrar o ciclo virtuoso da transformação(UBQ,2013). 4.2 Unidades de estudo A pesquisa será realizada na FHEMIG a qual está vinculada à Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais(SES/MG) e Secretaria de Planejamento e Gestão(SEPLAG).É prestadora de serviços de média e alta complexidade com atendimento exclusivo para o Sistema Único de Saúde (SUS). É uma rede com 21 unidades hospitalares que prestam assistência médico-hospitalar à população de todo o Estado e estas unidades dividem-se em seis Complexos Assistenciais e na Administração Central, ilustradas na Figura 1. 63 Os complexos são (1)Complexos de Urgência e Emergência, com cinco hospitais (Hospital João XXIII, Hospital Maria Amélia Lins, Hospital Cristiano Machado, Hospital Infantil João Paulo II e Unidade Ortopédica Galba Velloso);(2)Complexo de Especialidades, com três hospitais (Maternidade Odete Valadares, Hospital Alberto Cavalcanti e Hospital Eduardo de Menezes);(3)Complexo de Saúde Mental, com três hospitais psiquiátricos e dois centros de tratamento(Hospital Galba Velloso, Instituto Raul Soares, Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, Centro Psíquico da Adolescência e Infância e Centro Mineiro de Toxicomania); (4)Complexo de Saúde e Atenção ao Idoso, com quatro hospitais de atendimento especializado ao idoso(Casa de Saúde São Francisco de Assis, Casa de Saúde Padre Damião, Casa de Saúde Santa Izabel e Casa de Saúde Santa Fé);(5)Complexo de Hospitais Gerais, com quatro unidades hospitalares (Hospital Júlia Kubitschek, Hospital Regional Antônio Dias, Hospital Geral de Barbacena, Hospital Regional João Penido) e (6)MG Transplantes e Administração Central. A FHEMIG tem como missão “prestar assistência hospitalar de complexidade secundária e terciária, com importância estratégica regional e estadual, participando da formulação da política de gestão para hospitais integrados ao Sistema Único de Saúde(SUS)de Minas Gerais”(FHEMIG,2013). Os valores são compromisso, ética, excelência, formação de mão de obra para o SUS, humanização, qualidade e responsabilidade. A FHEMIG foi criada em 1977 com a fusão de três fundações, sendo FEAL(atendimento aos portadores de hanseníase),FEAMUR (urgência e emergência) e FEAP (atendimento psiquiátrico),todas vinculadas à Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (FHEMIG,2013). 64 3 Figura 1 - Distribuição espacial das unidades hospitalares da FHEMIG. Fonte: FHEMIG, 2013. O número total de servidores ativos da FHEMIG é 12.925 (FHEMIG, 2013) conforme dados do relatório Business Object, consultados em setembro de 2013. A relação do número de funcionários por hospital e por complexo está definida na Tabela 3. 3 http://intranet.fhemig.mg.gov.br/unidades2/index.php . Acesso em 20/01/2014. 65 Tabela 3 -Média mensal de funcionários por hospital e complexo da FHEMIG no período de janeiro a dezembro de 2013. COMPLEXOS HOSPITAIS N CEPAI 115 IRS 324 COMPLEXO SAÚDE CHPB 428 MENTAL HGV 363 CMT 72 SUBTOTAL 1.302 CSSI 386 COMPLEXO CSSFA 210 REABILITAÇÃO E CSPD 264 CUIDADO AO IDOSO CSSFE 211 SUBTOTAL 1.071 HRAD 774 HRJP 1013 COMPLEXO HOSPITAIS GERAIS HJK 1477 HGB 323 SUBTOTAL 3.586 HEM 573 COMPLEXO HAC 675 ESPECIALIDADES MOV 928 SUBTOTAL 2.177 HJXXIII 2666 UOGV 62 COMPLEXO URGÊNCIA E HMAL 319 EMERGÊNCIA HIJPII 874 HCM 269 SUBTOTAL 4.190 MGT 56 OUTROS ADM.CENTRAL 543 SUBTOTAL 599 TOTAL 12.925 Fonte: Relatórios Busines Object (BO) - Acesso 02/02/2014. Nota: (1): N = população Apresenta-se, a seguir, a Tabela 4 e a Figura 2, onde estão mapeados os hospitais do Complexo Saúde Mental da FHEMIG. Tabela 4 - Média mensal de funcionários do estudo por hospital-Complexo da Saúde Mental. COMPLEXO HOSPITAIS N n 324 428 363 1.115 TOTAL Fonte: Adaptado de Relatórios Busines Object (BO) - Acesso 02/02/2013. Nota: (1): N = população; n - amostra COMPLEXO SAÚDE MENTAL IRS CHPB HGV 158 210 181 549 66 Figura 2 – Distribuição espacial dos hospitais que compõem o Complexo Saúde Mental. Fonte: FHEMIG, 2013.4 4 http://www.fhemig.mg.gov.br/pt/atendimento-hospitalar/complexo-de-saude-mental. Acesso em 20/01/2014. 67 5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS 5.1 Caracterizações das instituições quanto ao papel social As organizações podem ser caracterizadas e identificadas através do seu mapa estratégico. Isso possibilita conhecer suas metas e indicadores, mensurar o desempenho, descrever os ativos intangíveis, buscando a melhoria dos processos (BARRETO,BARRETO e BARRETO, 2009).O mapa estratégico da saúde mental foi elaborado em 2007 pelos gestores dos hospitais CEPAI, CHPB, CMT, IRS e HGV, mantendo-se ativo até presente data (Figura 3). Na base do Mapa estratégico percebe-se uma preocupação com os trabalhadores em relação à QVT nos fatores 2 (condições de segurança e saúde no trabalho) e 3 (utilização e desenvolvimento de capacidades) do modelo de Walton (1973) e a preocupação com a motivação do trabalhador através do reconhecimento pelo mérito. Figura 3 - Mapa estratégico do Complexo Saúde Mental. Fonte: Complexo Saúde Mental –FHEMIG. Cedido pelo diretor do HGV. 68 5.1.1 Abordagem social Apresenta-se a abordagem social das unidades de estudo CHPB,HGV e IRS em relação à sua missão, visão, organização e aos seus indicadores de desempenho, produção e qualidade. O CHPB é um hospital público, localizado em Barbacena, e foi inaugurado em 1903, sendo o primeiro hospital psiquiátrico público de Minas Gerais, com a finalidade de prestar assistência aos alienados do Estado. Pertencia à FEAP e à FHEMIG, em 1977. Foi hospital colônia em 1911 onde o trabalho era considerado a principal forma de terapia. Com a reforma psiquiátrica, em 2000, o perfil do hospital foi alterado com a desospitalização e o processo de humanização, objetivando transformá-lo em hospital geral regional. O Museu da Loucura representa o retrato do contexto da época e foi construído na década de 1990 (FHEMIG,2013). Nesse contexto, o CHPB tem a missão de “prestar assistência à saúde, com qualidade, que garanta o cuidado, a inclusão social e a emancipação” (FHEMIG,2013). Apresenta, também, a visão de se tornar um centro formador de recursos humanos, interlocutor com a comunidade quanto às suas necessidades em atendimento à saúde, ser referência do SUS em Barbacena e dar continuidade à desospitalização dos pacientes crônicos. Faz o atendimento psiquiátrico de urgência dia e noite e internação no período de 24 horas (Figura 4). Na Figura 5, observa-se que a estrutura organizacional do CHPB é composta por um diretor e 14 gerências. 69 Figura 4 – Foto de perfil do CHPB Fonte: FHEMIG, 2013. Figura 5 – Organograma do CHPB5 Fonte: FHEMIG, 2013. 5 Disponível em :file:///C:/Users/claudia/Downloads/chpb_fhemig%20(1).pdf . Acesso em 20/01/2014. 70 O HGV é um hospital público, localizado no bairro Gameleira, em Belo Horizonte (MG), foi inaugurado em 1961, com o objetivo de prestar assistência somente aos pacientes psiquiátricos.Em 1977, foi criada a FHEMIG e o hospital foi incorporado pela Fundação, pois em 1969 pertencia à FEAP.O HGV está alinhado aos princípios do SUS, às diretrizes da Política Nacional de Humanização e voltada para a qualidade da prestação de serviços aos pacientes. Tem a missão de “atender a clientela acima de 18 anos de idade, portadora de transtorno mental em situação de crise, através de um trabalho de equipes multidisciplinares e de dispositivos terapêuticos diversos”(FHEMIG,2013).Tem a visão de se tornar um serviço de excelência no atendimento em saúde mental. Entre suas funções, estão o acolhimento e o tratamento do sujeito em crise até sua estabilização psíquica e o referenciamento do sujeito à rede de atenção à saúde mental de Belo Horizonte, da Região Metropolitana e de outros municípios do Estado de Minas Gerais e outros estados. Funciona diariamente,24 horas, com atendimento de urgência dia e noite e internação(Figura 6). A estrutura organizacional é composta um diretor e 12 gerências, conforme descrito na Figura 7. Figura 6 – Foto de perfil do HGV. Fonte: FHEMIG, 2013 71 Figura 7 – Organograma do HGV6. Fonte: FHEMIG, 2013 O IRS é um hospital público-escola, localizado no bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte (MG),inaugurado em 1922, com o objetivo de ser modelo para tratamento e pesquisas na área de saúde mental. Em 1927, foi vinculado à Secretária de Segurança Pública, pois pertencia à Secretária do Interior. Atualmente, tem a finalidade de executar atividades de ensino e pesquisa em serviço de assistência aos portadores de sofrimento mental, no contexto do SUS. A missão do IRS é “prestar assistência psiquiátrica hospitalar aos usuários do SUS no Estado de Minas Gerais; desenvolver atividades de ensino e pesquisa na área de saúde mental no nível de graduação, especialização e pós-graduação. Promover programas de inclusão social em psiquiatria”(FHEMIG,2013). Como visão, busca um serviço de referência e excelência em ensino, pesquisa e assistência aos portadores de transtornos mentais, assim como recuperar o patrimônio arquitetônico e paisagístico do hospital, além de modernizá-lo tecnologicamente. 6 Disponível em :file:///C:/Users/claudia/Downloads/hgv_fhemig%20(1).pdf . Acesso em 20/01/2014. 72 Faz o atendimento de assistência psiquiátrica, ensino e pesquisa. Funciona diariamente, 24 horas, com atendimento de urgência dia e noite e internação(Figura 8). O ambulatório de residência Forense funciona de 8h às 17h e o programa de inclusão social é realizado em parceria com a Organização Não Governamental (ONG) – Ata Cidadania. A estrutura organizacional é composta por um diretor e 13 gerências, conforme descrito na Figura 9. Figura 8 – Foto de perfil do IRS Fonte: FHEMIG, 2013 73 Figura 9 – Organograma do IRS7 Fonte: FHEMIG, 2013 5.1.2 Indicadores Os indicadores são ferramentas de gestão, que tem propiciado caracterizar o serviço e simultaneamente conscientizar a sua aplicação como ferramenta gerencial, subsidiando ações coletivas, favorecendo o benchmarking e executando análises comparativas e de processos de melhoria. Os indicadores não tencionam solucionar os problemas, mas ajuda medir a gestão. Nem sempre é possível descrever uma realidade com um único indicador, utilizando, portanto, um conjunto de indicadores para efetuar a análise de uma situação(FERREIRA; NUNES;SOUZA et al.,2013) Segundo Bittar(2001),os indicadores podem ser qualitativos e/ou quantitativos referentes ao meio ambiente como: fatores demográficos, educacionais e geográficos, estruturais relacionados com equipamentos, instrumentais ,funcionários e processuais oriundos de 7 Disponível em :file:///C:/Users/claudia/Downloads/irs_fhemig%20(1).pdf. Acesso em 20/01/2014. 74 determinadas atividades fins como cuidados realizados para um paciente no bloco cirúrgico, ambulatório, internação, serviços diagnósticos e os de resultado que representa a associação dos indicadores de processo, meio ambiente e estrutura ao paciente depois da intervenção de áreas técnicas e administrativas da instituição. Segundo Machine e Pasquini(2011), a avaliação dos indicadores pelos gestores hospitalares é um processo contínuo para melhoria da gestão propiciando economia, benchmarking e sinergia entre os colaboradores e transparência da gestão. A média do número de leitos operacionais cadastrados no CNES, em 2013, foram CHPB(205, sendo 30 casos agudos e 175 asilar),HGV(128) e IRS(108). Os indicadores hospitalares foram classificados em: desempenho, produção e qualidade e estão apresentados a seguir correspondendo ao período de janeiro a outubro de 2013 e foram extraídos do Business Object, em outubro de 2013( FHEMIG, 2013). O número total de internações no IRS foram 1249, no HGV, 1592 e no CHPB 260; o número de alta hospitalar, no IRS (1240), HGV (1573) e CHPB (265); o tempo médio de permanência em dias foi de IRS (24,42), HGV (22,93) e CHPB (29,13); a taxa de ocupação hospitalar nos três trimestres foi no IRS de 92,11%, no HGV, 91,89% e CHPB, de 83,45%; a taxa de mortalidade foi de 0% nos locais de estudo(Gráfico 1 , 2 e 3). Gráfico 1- Indicadores Desempenho. 1592 Quantidade em nº absoluto 1600 1400 1249 1573 1240 1200 1000 800 600 400 200 IRS 108127205 HGV 260 265 0 Leitos cadastrados operacionais Nº total de internações Nº alta hospitalar Indicadores de desempenho Fonte: Business objetct ,jan a out 2013. CHPB 75 Gráfico 2- Indicador de Desempenho: Média permanência hospitalar (em dias) 30,00 25,00 29,13 20,00 24,42 DIAS 22,93 15,00 10,00 5,00 0,00 IRS HGV CHPB UNIDADE Fonte: Business objetct ,jan a out 2013. Gráfico 3- Indicador de Desempenho:Taxa de ocupação hospitalar 94,00% 92,00% PORCENTUAL 90,00% 88,00% 86,00% 92,11% 91,89% 84,00% 82,00% 83,45% 80,00% 78,00% IRS HGV UNIDADE Fonte: Business objetct ,jan a out 2013. CHPB 76 Em relação a taxa global de infecção hospitalar no período de janeiro a setembro de 2013 obteve média em 2013 de 0,84 por 1000 no HGV, 2,54 por 1000 no CHPB e 2,13 por 1000 no IRS. Os indicadores econômicos elencados para evidenciar a viabilidade do negócio foram a média da receita gerada por procedimentos e creditados, sendo IRS(R$ 194.765,77),HGV(R$ 214.355,31) e CHPB(R$ 288.109,02) e a variação do índice de sustentabilidade econômica geral no IRS foi de 0,112, no HGV 0,081 e 0,109 no CHPB. A execução orçamentária da despesa corresponde ao período de janeiro a setembro de 2013; para o IRS foi de R$ 2.039.240,45 empenhados x R$ 1.955.402,30, liquidado; no HGV constataram-se R$3.504.770,46 empenhados e R$ 3.429.503,16 liquidados e no CHPB, verificaram-se R$ 4.330.361,73 empenhados versus R$ 4.162.943,13 liquidados. São indicadores de produção o índice de intervalo de substituição do leito em dias foi IRS (2,2), HGV (2,0) e CHPB (5,8) e a taxa de renovação de leitos hospitalares em dias, no IRS foi de 1,0, enquanto no HGV foi de 1,2 e no CHPB de 0,9 são relevantes para diagnósticos futuros (Gráfico 4 e 5 )( Business Object,). Gráfico 4 - Indicador de Produção. Taxa de renovação de leitos hospitalares(Nº absoluto) 0,9 1 IRS HGV CHPB 1,2 Fonte: Business objetct ,jan a out 2013. 77 Gráfico 5 - Indicador de Produção. 5,8 6 5 Dias 4 3 2,2 Índice de intervalo de susbstituição do leito (dias) 2 2 1 0 IRS HGV CHPB Indicador de produção Fonte: Business objetct ,jan a out 2013. Os indicadores de produção referem-se à média de consultas de urgência sendo 480 no IRS, 417 no HGV e, no CHPB, não houve nenhum registro para consulta de urgência. A média de atendimentos de profissionais de nível superior não médico mensal no IRS foi de 1404, no HGV de 3357 e no CHPB foram 2007 atendimentos. A média de atendimentos de nível médio mensal no IRS foi de 3489; no HGV, 112 e no CHPB, de 517 (Gráfico 6). Gráfico 6- Indicador de Produção. Média em nº absoluto 3489 3357 3500 IRS HGV CHPB 3000 2500 2007 2000 1404 1500 1000 500 517 480 417 112 0 293 332 386 0 média do nº de consultas de urgência média do nº atendimentos de profissionais de nível superior não médico média do nº atendimentos de profissionais de nível médio Indicadores de produção Fonte: Business objetct ,jan a out 2013. média do nº funcionários jan a set/13 78 A média de funcionários de janeiro a setembro de 2013, no IRS foi de 293, no HGV de 332 e no CHPB foram 386. O número de servidores capacitados com carga horária maior ou igual 20 horas semanais foi 62 no IRS, 118 no HGV e 170 no CHPB (Gráfico 6). Os indicadores de qualidade( Gráfico 7) apresentado no estudo foram o número de protocolos clínicos implantados foram 6 tanto no IRS quanto no HGV e 7 no CHPB, sendo comum: síndrome de abstinência alcoólica, esquizofrenia refratária, eletroconvulsoterapia, abuso de álcool e drogas, esquizofrenia abordagem geral, contenção física e hipertensão arterial sistêmica e a produção científica em 2012 foi de artigos publicados em revistas indexadas IRS (16), HGV (5); resumo em anais de congresso IRS (9), HGV (19); outras publicações IRS (8), HGV (4) e CHPB (6). O número de pesquisas em andamento no IRS são 6, no HGV 11 e nenhuma no CHPB (BUSINESS OBJECT,2013). Gráfico 7- Indicadores de qualidade. 35 33 28 30 N º 25 a b 20 s o 15 l u 10 t o 5 produção científica em 2012 nº de protocolos clínicos implantados 6 6 6 0 IRS HGV Indicadores de qualidade Fonte: Business objetct ,jan a out 2013. CHPB 7 79 Os indicadores de desempenho, produção e qualidade delineados neste estudo compreende o mínimo de indicadores que os gestores devem ficar atentos para garantia da sustentabilidade do negócio. Ressalta-se que , os indicadores , bem como as metas necessitam ser monitorados e adequados ao contexto para que sua finalidade não seja descaracterizada com o tempo, passando a ser uma obrigação e não um desafio. Os indicadores apresentados são ferramentas essenciais para avaliar a qualidade da assistência ao paciente e a eficiência e eficácia da instituição como sustentável. A QVT pode vir a ser um indicador que delineará como está a saúde, o bem estar, a satisfação no trabalho aumentando o desempenho e reduzindo o absenteísmo e rotatividade, visto que, os indicadores apresentados são quantitativos e, na área de saúde, principalmente na saúde mental, um indicador qualitativo que subsidiará um melhor entendimento dessa realidade. 5.1.3 Perdas de dias de trabalho As perdas por acidentes de trabalho podem ser econômicas ou não, e variam de acordo com o tipo de lesão, região e ocupação. As lesões músculo-esqueléticas são consideradas como perdas menores(GUZMAN et al.,2013), porém a adaptação funcional do servidor poderá sobrecarregar os colegas até que ocorra a sua substituição. Isso também poderá ocorrer se o servidor não se adaptar à nova função, vindo a padecer de transtornos psicológicos ou físicos muito comuns na área de saúde mental. Na Tabela 5, apresenta-se o número de acidentes de trabalho ocorridos no HGV e IRS em 2013. O CHPB não disponibilizou os dados referentes a possíveis acidentes de trabalho. 80 Tabela 5 - Número de acidentes de trabalho no HGV e IRS em 2013. Hospital Tipo de acidentes Agressão Batida contra parede Trajeto Doença contagiosa Típico ( irritação de mucosa) HGV Subtotal Agressão Mordida Pérfuro-cortante Motivos diversos IRS Subtotal Total Fonte: Elaborada pela autora, 2014. Nº 33 1 2 1 2 39 14 1 1 10 26 65 5.2 Justificativa da abordagem referencial da pesquisa Existem diversas teorias sobre a QVT e, dentre elas, a mais utilizada tem sido a proposta por Richard E. Walton(1973, p.15) cujo conceito sintetiza quase todas as dimensões estabelecidas por outros autores como satisfação no trabalho, condições de trabalho, gestão participativa, equilíbrio trabalho, família e lazer dentre outras, portanto, essa pesquisa foi delineada segundo esse modelo, podendo subsidiar novas estratégias no gerenciamento do trabalho e investimento no capital humano. Segundo Batista; Antunes e Iizuka(2012) entre 2001 a 2011, o termo QVT foi abordado em 42 artigos no Enanpad’s. Os autores mais citados em 786 referências distintas foram Walton (24) e Limongi-França (19)(Gráfico 8). Entretanto, Richard E. Walton, com sua obra “Quality of working life. What is it? Sloan”, manteve-se no topo com 22 citações. Sampaio(2012) explorou a evolução teórica da QVT por meio da análise dos principais artigos publicados no Brasil, nas últimas três décadas e a maioria referiu-se ao modelo de Walton(1973) e de Hackman e Oldham(1975). O modelo clássico de QVT de Walton(1973, p.15) é um dos mais citados nos artigos científicos, conforme revisão de literatura, e enfoca os fatores relativos ao indivíduo e seu trabalho(BARROS,2012; XHAKOLLARI,2013). 81 O estudo foi delineado segundo Richard E. Walton(1973, p.15), por abarcar as teorias sobre QVT anteriores e no Brasil, dentre elas a mais utilizada quando se pretende avaliar a QVT tem sido seu Modelo com 8 fatores e 24 dimensões, conforme Quadro 8. Apresenta ainda, na visão da autora do estudo, os principais requisitos para avaliar o trabalhador e sua inserção na organização, bem como o feedback da organização para com o trabalhador e a sociedade(Gráfico 8). NÚMERO DE CITAÇÕES Gráfico 8- Produção científica no ENANPAD’S de 2001 a 2011sobre QVT por autor. 30 25 20 15 10 5 0 24 19 16 14 14 13 13 13 13 10 10 7 7 AUTORES Fonte : Elaborada pela autora,2014. 5.3 Identificação da percepção dos trabalhadores 5.3.1Abordagem qualitativa Participaram do presente estudo 85 pessoas, sendo 74 (87,05%)trabalhadores do sexo feminino e 11 (12,95%) do sexo masculino. Em relação à escolaridade, havia 30 com ensino médio,5 fundamental, 50 superior. A faixa etária variou de 18 a 25 anos (6), 26 a 35 anos (28),36 a 45 anos (21),46 a 60 anos (27) e acima de 60 anos (3). Ao serem questionados sobre o que é qualidade de vida no trabalho (QVT), os trabalhadores do HGV e IRS, em número de 64, registraram 1668 palavras. As unidades de 82 análises categorizadas com o número da frequência acima de 30 repetições foram: respeito (87), satisfação (52), desenvolvimento (46), desempenho (43), reconhecimento (36). Verificou-se, que, entre 20 a 30 repetições, foram constatados os vocábulos: relacionamento (29), valorização (29), incentivos (28), ventilação (27) e ambiente (27). Os trabalhadores enfatizaram que QVT é ter condições de trabalho favoráveis, ambiente harmônico, recursos humanos e materiais suficientes, materiais de qualidade, ventilação e mobiliários adequados, alimentação saudável, ser valorizados e ouvidos pelos coordenadores e diretoria, ser respeitado, gostar do que faz, salário digno, oportunidades de desenvolvimento, ter reconhecimento, bom relacionamento com os colegas, carga horária justa, segurança no trabalho e incentivos para qualificação. Alguns depoimentos a seguir: “Ter um ambiente harmônico, feliz e com o quadro de pessoal completo (TSM,1)”. “Gostar do faz, ser reconhecido, ter autonomia e recurso para oferecer o melhor (TSM,8)”. “Ser respeitado, ter prazer em realizar as tarefas e não realizá-las somente por obrigação e não adoecer por causa do trabalho ou pelas condições em que é executado (TSM,12)”. “É o método utilizado para medir as condições de vida de um trabalhador, pra mim envolve o bem espiritual, social, físico, psicológico, além de dos relacionamentos sociais (TSM,25)”. “Qualidade de vida é ter um salário digno com uma carga horaria de no máximo 30h semanais (TSM,22)”. Os SG têm uma concepção diferente da QVT, as quais interagem. Gostar do que faz leva à satisfação no trabalho e ao prazer. Resulta de uma série de fatores inter-relacionados ao conteúdo significativo do trabalho e arrolados às percepções, interesses e personalidades do trabalhador(KILIMNIK e MORAES, 2000;MARTEL e DUPIUS, 2006;ROYUELA,LÓPEZTAMAYO e SURIÑACH,2007). Sentir-se bem no ambiente de trabalho está relacionado com condições de trabalho, bom relacionamento com chefias e colegas e alta performance. Em consonância com esses autores, os gestores entrevistados nessa pesquisa, ao serem questionados sobre a concepção da QVT, responderam: SG1-“Os trabalhadores devem gostar do que fazem e sentir bem-estar no ambiente de trabalho”. 83 SG2-“Está relacionado com as condições de trabalho, desenvolvimento de atribuições do cargo, bom relacionamento com os colegas e chefias responsáveis”. SG3-“Desenvolver atividades que você se identifica e obtendo prazer, bom relacionamento com os colegas, desenvolver sua capacidade e ter retorno para aperfeiçoar dentro desta atividade”. SG4-“É muito importante e a satisfação no trabalho resulta em resultado institucional e para a saúde pública”. A percepção da QVT pelos TSM corrobora outros estudos e teóricos com Walton (1973), Hackman e Oldham(1975),Westley(1979),Werther e Davis(1983),Nadler e Lawler(1983), Fernandes(1996),Lacaz(2000),Buranatrevedh(2013),Galleta et al.(2013),Horrigan et al.(2013) ,Zhao et al.(2013). Esses autores já enfatizavam que, sem condições mínimas de trabalho que possam gerar satisfação na realização das tarefas, bem–estar, saúde do trabalhador, políticas de humanização nas relações, estímulos potenciais de desenvolvimento e crescimento profissional, as organizações não terão adesão dos trabalhadores para o cumprimento de suas metas, comprometendo o desempenho e a qualidade na execução das tarefas, gerando alta rotatividade e absenteísmo. O construto QVT, conforme Martel e Dupius (2006) e Rathi(2010), é muito estudado e discutido, porém não tem uma definição e aplicação clara, apresentando gaps que precisam ser mais bem delineados. A QVT para Walton(1973),Westley(1979), Davis e Werther(1983),Nadler e Lawler(1983),Huse e Cummings(1985),Limongi-França(2011) refere-se à associação de várias dimensões relacionadas ao trabalhador, à organização e à tarefa em si. Portanto, os pontos básicos focados por esses autores estão na concepção da QVT dos sujeitos do estudo. Ressalta-se que nos sistemas públicos de saúde, diante das diversidades, entraves legislativos e administrativos, os gestores não têm instrumentos satisfatórios que propiciem uma QVT, resultando em um sistema de elevado custo, de baixo desempenho e baixa qualidade, se comparados com os sistemas privados e considerados de grande insatisfação pela população(JASKIEWICZ; TULENKO,2012; ROBERT et al.,2012; GALLETA et al.,2013). Algumas estratégias como reconhecimento, incentivos, respeito, valorização, ouvir o trabalhador são essenciais nas relações de trabalho, além de serem fatores motivadores, 84 conforme os estudos de Ndiaye et al.(2007), Wills-Sattuck et al.(2008), Prestes et al. (2010), Buranatrevedh (2013). No questionamento sobre a importância da qualidade de vida no trabalho, participaram 60 trabalhadores, sendo registradas 995 palavras. As unidades de análise categorizadas com o número da frequência acima de 30 repetições foram: produtividade (74), satisfação(62), desempenho(57), permanência(33) e motivação(31).Verificou-se que, entre 20 a 30 repetições foram constatados os vocábulos: pessoal(28), conhecimento(25),reconhecimento(24), gestor(23),criatividade (22) e reflexão(22). Os trabalhadores percebem a QVT como ferramenta que interfere no aumento da produtividade, pois quando os atores estão mais satisfeitos e motivados, o desempenho das suas atividades será mais satisfatório. Assim, a QVT resulta em um melhor desempenho e ocasiona a permanência do funcionário no emprego. A QVT, ainda, propicia um equilíbrio entre trabalho-família e vida pessoal, além de relacionamentos interpessoais positivos. Alguns depoimentos a seguir: “Grande importância, pois esta irá interferir na produtividade e permanência na empresa (TSM,6)”. “Quando se tem qualidade de vida no trabalho, todos saem ganhando, líder e liderados satisfeitos, o trabalho desenvolve de forma natural, e quem ganha mais ainda é o paciente que é o nosso alvo principal (TSM,15)”. “Nos faz criar vínculo com a empresa, desejar melhorar o desempenho individual e em equipe para permanecer na mesma, é um processo de melhoria contínua (TSM,26)”. “Amplia a capacidade de planejamento, participação, reflexão e criatividade no trabalho em equipe (TSM,33)”. Os estudos de Conte(2003),Van Laar, Edwards e Easton(2007),Almaki, Fitzgerald e Clark(2012) e Zhao et al.(2013) corroboram as respostas desse estudo quando afirmam que o trabalhador feliz melhora a performance e a produtividade, além de reduzir a rotatividade. Para Walton (1973),o foco da QVT baseia-se no relacionamento do indivíduo com seu trabalho e a satisfação do trabalhador. Os fatores determinantes de satisfação, segundo a Teoria de Herberz(1971), estão condicionados ao ambiente de trabalho subsidiando assim a 85 QVT, para obtenção de bom desempenho, qualidade e produtividade (DIELEMAN;GERRETSEN e WILT,2009). Ao serem questionados se a QVT pode influenciar na sua trajetória profissional atual, os depoimentos foram: SG1-“Com certeza. O investimento da FHEMIG no MBA executivo em saúde é uma prova disto. Propiciou os gestores desenvolvimento gerencial e pessoal, novas ferramentas gerenciais atendendo ao novo modelo de gestão”. SG2-“Pode influenciar através do comprometimento afetivo, motivação e satisfação”. SG3-“ Claro. “Se eu não visse perspectiva boa dentro do hospital não iria querer ficar por aqui”. SG3-“Quando há perspectiva e a instituição proporciona a formação, como a especialização na FGV e ESMIG abriram outras oportunidades na minha formação”. SG4-“Hoje, o salário está de acordo com o cargo. Quando a QVT está comprometida leva à possibilidade de saída, do contrário, permanecemos. São contundentes as falas de SG1 e SG3, em relação à importância de investir em capacitação, como eles perceberam o investimento da FHEMIG / FAPEMIG em abertura de oportunidades, carreira e crescimento pessoal, podendo influenciar na sua QVT. O entrevistado SG2 abordou a QVT humanista da motivação e satisfação no trabalho, podendo influenciar sua QVT; enquanto S4 discorreu sobre a motivação e desempenho. As percepções de QVT foram diferentes e enfatizadas pelos sujeitos desde o humanismo e a motivação até a escola sociotécnica e a satisfação no trabalho, tratando a QVT como bemestar numa abordagem fatorial e no sentido do trabalho (FERREIRA,ALVES E TOSTES,2009). Essas percepções dependem do ambiente organizacional, da experiência vivenciada, da existência de sistema de recompensa, da interação intrapessoal e interpessoal(KOONMEE et al.,2010). No questionamento sobre percepção da qualidade de vida no trabalho na instituição em que trabalha foram registradas 706 palavras na unidade de registro. As unidades de análise categorizadas com o número da frequência entre 20 a 30 repetições foram: incentivo(27), 86 reconhecimento (26), não (25), capacitação (21), sim (20).Nessa questão ocorreu a dicotomia sim e não na forma direta e outras com justificativas. O Sim, significa que os trabalhadores percebem a QVT e o Não que a QVT não é percebida pelos trabalhadores nos locais do estudo. Alguns depoimentos a seguir: “Sim, pois um grande problema é a deficiência de pessoal no local de trabalho (TSM,1)”. “Sim, percebo. Apesar de ser um trabalho pesado e mal remunerado, é um lugar onde chego feliz e saio satisfeita, sempre com vontade de fazer mais, transformar e crescer lá dentro, no que é possível (TSM,33)”. “Não, pois falta ambiente adequado e compatíveis com as funções desempenhadas (TSM,2)”. “Não, inclusive percebo muito adoecimento psíquico (TSM,45)”. Os trabalhadores (39,7%) não percebem a QVT nos hospitais do estudo relacionando isso à falta de ambiente e mobiliário adequados, falta de recursos humanos, incentivos para crescimento pessoal e financeiro, falta de participação nas decisões predominando imposições, trabalhadores insatisfeitos com reclamações contínuas por não conseguirem-se desvincular da garantia do emprego público, reconhecimento deficiente pela direção, escassos cursos de capacitação aplicáveis à atividade fim, falta de promoção à saúde, adoecimento psíquico dos trabalhadores, elevado absenteísmo profissional, falta de valorização dos trabalhadores e o tabagismo nas enfermarias. Constatou-se que 31,7% dos trabalhadores percebem a QVT parcialmente, pois a relacionaram diretamente com a demanda pelos gestores em termos de flexibilidade de horário, período de férias, consultas médicas. Alguns setores, que não foram citados pelos trabalhadores, têm condições melhores de ventilação e mobiliários. Falta investimento dos governantes que reconheça a questão da saúde, salário compatível com a responsabilidade exercida e progressão na carreira, mas os gestores tentam sanar as deficiências existentes. Muitos estão satisfeitos, pois exercem atividades que de gostam. Alguns depoimentos a seguir: 87 “Não em sua totalidade, há algumas questões a serem trabalhadas (TSM, 30)”. “Percebo as pessoas muito insatisfeitas, mas porque estão num lugar aonde não queriam estar trabalhando e não conseguem se desvincular dele pela garantia do emprego público (TSM,18)”. “Percebo. Claro que com algumas deficiências, mas vejo que há uma preocupação dos governantes em trabalhar para que cada dia este cenário melhore (TSM,20)”. “Sim, pois trabalho em uma instituição que escolhi e faço o que gosto (TSM, 10)”. A QVT, nos serviços públicos, ainda está na fase gestacional, em alguns contextos sociais, pois depende de políticas públicas voltadas às necessidades do trabalhador, gerando valor e não apenas um modismo gerencial(FERNANDES E GUTIERREZ,1988;BOM SUCESSO, 1997;BARROS, 2012). Bom Sucesso(1997) enfatiza que os trabalhadores precisam ser conscientizados sobre o que é a QVT para assim poder percebê-la, propiciando bem-estar e saúde no trabalho. Capacitação, reconhecimento e incentivos são fatores mencionados nos estudos de Walton(1973) corroborado com Royuela, López-Tamayo e Suriñach(2007) e Kumar (2012). O Hospital Galba Velloso (HGV) está buscando implantar uma unidade livre de tabaco. O programa de cessação ao tabagismo (INCA,2011), iniciado em 2013 com os trabalhadores e, em 10 de março de 2014, estendeu o tratamento para os pacientes e continuidade para os trabalhadores que se interessarem pelo programa, visando alcançar melhores condições de trabalho e saúde. Para os SG, as condições de trabalho em seu local de trabalho foram percebidas como: SG1-“Temos buscado propiciar melhores condições de trabalho através da ginástica laboral, ter um profissional especializado (engenheiro), mobiliários adequados à medida do possível, relacionamento mais próximo com os trabalhadores”. SG2-“Considerando que é uma instituição hospitalar que já define o campo que hoje vive muitas dificuldades no país, inserido no contexto de uma fundação, consequentemente, com sua autonomia relativa e, no setor público, regido pelo direito administrativo público, existem limitações se comparadas com a iniciativa privada, nas condições de trabalho como um todo para cumprir seus objetivos institucionais. As condições são boas, à medida que as pessoas que trabalham gostam do que fazem”. SG3-“As condições são razoáveis para a maioria dos trabalhadores, apesar das condições limitantes no setor público que não dá condições de resolver todas as demandas como ventilação e mobiliários como cadeiras adequadas”. 88 SG4-“Preservação das condições de trabalho: mesa, cadeira para assentar conforme ergonomia. Ambiente de trabalho deve ser adequado, organizado por influenciar na QVT”. Os SG1, SG2, SG3 convergem suas opiniões ao mencionarem que as condições de trabalho nos hospitais não são ideais, como os trabalhadores desejam e/ou mesmo que atendam às exigências da lei, tais como: cadeiras ergonômicas; mesas e outros mobiliários conforme altura; ventilação e temperatura adequadas devido às dificuldades com as licitações para aquisição de bem e serviço; orçamento para aquisição de bens patrimoniais. Entretanto, as instituições têm buscado melhorias conforme as limitações do sistema público. O entrevistado SG1 citou a ginástica laboral, que é uma abordagem assistencialista e preventiva conforme Ferreira(2006), que descreve a busca de como amenizar o sofrimento causado pelo trabalho. Essa abordagem assistencialista encontra dificuldades em alguns hospitais ou áreas do hospital devido à não liberação do trabalhador pela chefia por não considerar importante, ou mesmo, devido ao quadro funcional insuficiente no momento em que a ginástica laboral é ofertada ou, ainda, pela falta de conhecimento do trabalhador em reconhecer essa e outras abordagens alternativas como a yoga, massagem e dança que as instituições poderiam implementar como estratégias de melhorar a QVT. Garantir as condições de trabalho e a organização do ambiente pode influenciar na QVT, mas não oferece subsídios de como fazê-lo nos hospitais mencionados pelo entrevistado SG4. As condições de trabalho são um fator limitante para a QVT por colocarem em risco a saúde física e psíquica e a segurança do trabalhador no contexto organizacional, essa reflexão é feita pelos autores Walton(1973),Westley(1979), Laurel e Noriega(1989),Bom Sucesso(1997), Royuela, López-Tamayo e Suriñach(2007).É um indicador de QVT, conforme Aycán e Kanungo(2001), de ausência de stress laboral excessivo, satisfação laboral e ausência de alienação do trabalhador. Segundo Friedmann e Naville(1962) e Dejours(1993), os trabalhadores são factíveis de padecer o sofrimento físico psíquico diante das adversidades do ambiente de trabalho e da cultura organizacional, cujas consequências vão desde o absenteísmo e a deterioração de equipamentos, até o adoecimento físico e psíquico do trabalhador(MERLO e LAPIS,2007). 89 Para os SG, qual a sua percepção da QVT como estratégia para melhoria do desempenho e da qualidade, os gestores retrataram percepção semelhante à concepção de QVT mencionada pelos trabalhadores de saúde, associando a desempenho e à produtividade, atrelados às boas condições de trabalho, bons relacionamentos com os pares, reconhecimento da atividade desenvolvida e consequentemente melhoria do atendimento aos pacientes. O objetivo dos sistemas de saúde é conseguir alta performance e produtividade alinhada às metas institucionais como a qualidade percebida pelos usuários dos sistemas de saúde. SG1-“É essencial. O trabalhador em boas condições de trabalho, treinado, bom relacionamento com colegas e chefias tendem a apresentar bom desempenho e qualidade no seu trabalho”. SG2-“É fundamental. É impossível ter bom desempenho institucional sem que aqueles que constituem a instituição não tenham boas condições de trabalho”. SG3_“É fundamental, pois à medida que dá condições básicas para que as pessoas possam desenvolver todo o seu potencial permite que a pessoa desenvolva refletindo na instituição, melhorando a qualidade do atendimento prestado como o contato com os pacientes e colegas, estando mais ou menos envolvido”. SG4- “É ter metas claras, saber o que fazer, entender o porquê estou fazendo isto; melhoria de quê; internalizar e faz bem feito, dá valor para o que produz, e o desempenho é outro”. A QVT como estratégia de melhoria de qualidade e desempenho já havia sido enfocada por Nadler e Lawler(1983,p.26) como método para melhorar o ambiente de trabalho, gerando mais satisfação no trabalhador e este se torna mais produtivo. Na década de 1970, o foco principal foi produtividade e qualidade através da melhoria das práticas de gestão, da condição de trabalho, criando um maior vínculo entre trabalhador e organização. A QVT reflete a harmonia e a qualidade das relações entre trabalhadores e seu ambiente de trabalho desde que promovam treinamento, possibilidade de desenvolvimento pessoal, melhor assistência aos pacientes e produtividade(ALMAKI, FITZGERALD e CLARK,2012; VAN DER BERG e MARTINS,2013). Como pontos positivos da qualidade de vida no trabalho na instituição em que trabalha, 51 funcionários responderam, totalizando a unidade de registro em 658 palavras, sendo que relacionamento (80%), reconhecimento (5%), autonomia (5%), capacitação (5%) e flexibilidade (5%) correspondem às unidades de análise categorizadas, com o número da frequência entre 20 a 30 repetições. 90 Alguns depoimentos a seguir: “Autonomia para desenvolvimento das atividades (TSM,23)”. “O relacionamento com colegas e chefia(TSM,2)”. “Os pontos positivos é o envolvimento da equipe e o reconhecimento dos pacientes com relação ao seu trabalho. Além de uma valorização do papel da terapia ocupacional dentro do espaço hospitalar (TSM,22)”. “As relações com a equipe, outros setores e chefia; a autonomia e reconhecimento do seu trabalho, a flexibilidade(TSM,34)”. O relacionamento com colegas e chefias foi a expressão mais frequente nas respostas, sendo um fator que ameniza as adversidades do ambiente de trabalho, favorecendo a integração social na instituição em consonância com Walton(1973), Laschinger et al. (2009), Paiva e Avelar(2011) e a retenção do trabalhador por perceber a sua importância no contexto social do trabalho. Bergeron(1982), Alves(2001) e Royuela, López-Tamayo e Suriñach(2007) reformularam a QVT pautando-a em um ambiente humanizado e manutenção harmoniosa entre chefias e subordinados, induzindo a satisfação laboral. O reconhecimento do trabalho pelos pacientes e o envolvimento da equipe também são um fator positivo para a QVT, pois atendem às necessidades básicas, sociais e psicológicas dos trabalhadores, levando à satisfação pelo trabalho(GRABARSCHI, 2001; ALVES, 2009). A capacitação e flexibilidade de horários são uns dos domínios que interferem na QVT de Martel e Dupius(2006) em relação ao contexto organizacional e da dimensão da Comissão Europeia (ROYUELA, LOPES-TAMAYO e SURIÑACH,2007; GOODWIN et al.,2010) que corroboram as propostas de Walton(1973) e Westley(1979) ao enfatizarem que as instituições devem favorecer condições aos trabalhadores sem prejuízo das metas organizacionais, na flexibilização de horários, no crescimento pessoal e na carreira como prerrogativa para a QVT. A autonomia é um indicador de QVT de Walton(1973). No estudo de Pizzoli(2005), no hospital de Heliópolis, a autonomia foi positiva para as enfermeiras, possibilitando o desenvolvimento do trabalhador no seu dia a dia e o descobrimento de aptidões profissionais. 91 Ao serem questionados quanto aos aspectos positivos da QVT, os SG citaram: SG1-“O trabalhador satisfeito produz mais e proporcionando o feedback positivo dos treinamentos realizados na instituição”. SG2-“ Condições de trabalho adequadas influenciam a QVT”. SG3-“Um exemplo clássico vivenciado no hospital que quando se dá condições de trabalho. SG3- “Ele tem iniciativa, dá sugestões para melhorar”. SG3-“As pessoas deve se identificar com o trabalho, progresso e melhoria”. SG4-“Com a QVT, as pessoas seguem em frente com a carreira. Preocupa com sua equipe”. Ao serem questionados quanto aos aspectos negativos vivenciados em relação à QVT disseram: SG1-“O trabalhador insatisfeito não participa, não se entrega, não envolve, não produz”. SG2-“Ambiente desgastante, insegurança compromete o envolvimento, a motivação e satisfação”. SG3-“Não conseguimos fazer com que o funcionário trabalhe em determinada função, que hoje em dia tem muitas limitações em relação ao desvio de função”. SG3-“Muitas vezes, é necessário transferir o funcionário para outro hospital”. SG3- “O principal requisito é a pessoa se identificar com aquilo que está fazendo para ser produtivo”. SG 4 - “O trabalho desenvolvido sobre pressão leva ao decaimento da QVT, bem como a desorganização e a falta de espaço devido para colocação dos objetos pessoais e de trabalho”. Os gestores entrevistados reconhecem que a QVT é uma estratégia básica sendo reconhecida pelo trabalhador e pelo gestor, pois propicia a retenção do funcionário, o bom desempenho e produtividade e, consequentemente, motivação e satisfação no trabalho. Segundo Walton (1973),Kilimnik e Morais(2000),Royuela, López-Tamayo e Suriñach(2007), os fatores determinantes da QVT são o trabalhador, salário e benefícios, saúde e segurança, supervisão, ambiente social, treinamento e carreira, políticas da organização e conteúdo do trabalho. Os sujeitos, ao apontarem os pontos positivos e negativos, enfatizaram esses determinantes de uma forma indireta, mostrando os entraves da administração pública, que 92 muitas vezes não oferece condição para uma QVT satisfatória, propiciando insatisfação, baixa produtividade e menor qualidade do serviço prestado. Cinquenta e oito trabalhadores sugeriram melhorias para maior qualidade de vida no trabalho, totalizando 1217 palavras. As unidades de análise categorizadas com o número da frequência entre 20 a 30 repetições foram: mobiliário (55), ambiente (50), treinamento (44), salário (30) e horário (28), descritos no Gráfico 9. Gráfico 9 - Sugestões dos trabalhadores para melhoria da QVT. Fonte: Elaborada pela autora,2014. Para os trabalhadores, o quesito condições de trabalho é um aspecto relevante para se conseguir QVT, principalmente, em relação aos mobiliários que estão sucateados e insuficientes para a demanda de trabalho e não atendem as condições ergonômicas (ALVES,2009; XHAKOLLARI,2013). Depoimentos: “Melhoria na alimentação, na tecnologia, cadeiras confortáveis ( TSM,1)”. “Móveis adequados ergonômicos, horário de almoço; local apropriado para descanso (TSM,14)”. “Em primeiro lugar incentivar ao servidor para zelar pela saúde, melhorar espaço físico, mobília adequada e promover a interação em equipe para que o ambiente se torne harmonioso, resultando numa produtividade satisfatória (TSM,17)”. 93 O ambiente de trabalho influencia a QVT, pois alguns setores não têm ventilação e temperatura adequada, apresentam recursos humanos escassos, falta de segurança e necessitam de alimentação mais apropriada ao clima e ao perfil das atividades executadas pelo trabalhador durante a sua jornada. Os equipamentos também foram mencionados pelos trabalhadores no sentido de quantidade, qualidade e tecnologia(PIZZOLI,2005; BURANATREVEDH,2013). Depoimentos: “A empresa deve proporcionar um ambiente e condições de trabalho adequado ao seu funcionário (TSM,15)”. “Proporcionar melhor infraestrutura para uma melhor qualidade no trabalho (TSM,28). “A palavra-chave é segurança (TSM,9)”. “Ambiente decente de local de trabalho, com espaço para o ar circular e um local aonde os pacientes podem fumar sem prejudicar os que não fumam (TSM,55)”. “Ventilação! Limpeza contínua dos banheiros! Melhor exposição das opiniões que cada um tem sobre todas as situações que nos envolvem. Ter uma mesa e um computador para trabalhar, já que a demanda que temos de aparelhos não suporta a demanda de funcionários (TSM,54)”. Para o cumprimento das metas institucionais é necessário que os gestores tenham 36% dos seus colaboradores treinados com uma carga horária mínima de 20h anuais. O gap existente na FHEMIG é que os cursos, treinamentos, em si, a capacitação não atendem ao perfil do trabalho executado pelos trabalhadores em sua maioria, como também, há um baixo número de vagas para as instituições, dos cursos disponibilizados, não pleiteando as necessidades do trabalhador e do setor. Devido à escassez de recursos humanos dificulta-se a deliberação desses trabalhadores para serem capacitados, tendo que apresentar bom do desempenho e produtividade. A capacitação é indispensável para o crescimento pessoal, profissional do trabalhador, bem como, para a promoção na carreira e a valorização percebida pelo trabalhador na instituição (PIZZOLI,2005; GOODWIN et al.,2010; PETERS et al.,2010). Depoimentos: “Curso para atendimento ao público. Curso com manter um ambiente limpo. Melhoria nas refeições. Ventiladores que funcionam em época de calor. Funcionários que tenham mais compromissos com o serviço (TSM,15).” “Capacitação de funcionários. Oportunidades e participação dos funcionários nos trabalhos promovidos pela fundação. Programas de promoção à saúde dos 94 funcionários. Melhor interação dos funcionários com demais setores e unidades da instituição (TSM,32)”. “Que a legislação de 30 horas seja respeitada e efetivada.Que exista capacitações relevantes ao contexto atual. Que seja criado um ambiente livre do uso do tabaco. Que exista respeito pela atuação de cada profissional (TSM,58)”. A questão salarial e a carga horária foram mencionadas pelos trabalhadores que pleiteiam redução da carga horária de 40h para 30h sem perda salarial, devido ao desgaste emocional e ao sofrimento psíquico a que estão sujeitos na atividade laboral, influenciando, ainda, no convívio familiar e lazer(PIZZOLI,2005; MININEL; BAPTISTA e FELLI,2011; XLAKOLLARI,2013). Depoimentos: “Maior reconhecimento no plano de carreira, maior remuneração, redução da carga horária para 30 horas semanais (TSM,53)”. “Contratar profissionais suficientes para as demandas do setor. Cumprir com a lei federal, quanto ao direito de trabalhar 30h semanais para os Assistentes Sociais (TSM,22)”. “Diminuição da carga horária como item principal. Trânsito melhor entre funcionários e direção. Maior interação entre equipes (TSM,19)”. “Flexibilidade na organização do trabalho, redução da jornada de trabalho, aumento dos salários ou benefícios ofertados (TSM,34)”. “Maior número de pessoal no nosso setor, reduzindo o estresse físico e mental. Maior empenho de alguns colegas em realizar tarefas corriqueiras e coletivas por igual (TSM,4)”. A demanda por aumento salarial é um manifesto dos trabalhadores, sobre o qual os gestores locais não têm governabilidade direta, impactando não só na QVT mas também na eficiência dos serviços diretamente relacionada ao plano de carreira do funcionário. Depoimentos: “Ambiente físico seguro e saudável. Múltiplas habilidades. Crescimento pessoal. Perspectiva de avanço salarial (TSM,11)”. “Aumentar o salário; diminuir a carga horária; a direção escutar mais os funcionários, pois são eles que estão diretamente em contato com os pacientes; maior capacitação (TSM, 26)”. “Material e ambiente de trabalho dignos para os funcionários, maior número de funcionários. Um salário mais digno (TSM,33)”. 95 Todas as sugestões dos trabalhadores para melhoria da QVT já foram referenciados pelos teóricos como Walton (1973),Westley (1979),Werther e Davis (1983), Bennett (1983),Huse e Cummings(1985),Laurell e Noriega(1989),Pizzoli(2005);Mininel; Baptista e Felli(2011); Buranatrevedh(2013) e Xlakollari(2013), levando a saúde pública ao status da conjuntura, e incentivando a população a sair às ruas, por meio de passeata, clamando por saúde e educação de qualidade. Segundo os SG, os fatores mais importantes que melhorariam a QVT foram: SG1-“Ter um ambiente de trabalho em condições ideais para todos os trabalhadores, com segurança, evitando sobrecarga de trabalho devido à dificuldade de reposição dos servidores”. SG2- “Defendo junto às chefias e funcionários que condições de trabalho são fundamentais. Ex: respeito e democratização das informações possibilitando a participação das pessoas. Na falta das condições desejadas como salário e agilidade administrativa, as definições dos direitos, assertividade e acesso à participação são condições básicas para a QVT”. SG3-“Se tivesse condições de ter uma equipe de acompanhamento das condições de trabalho dos funcionários e condições de atendê-los em mobiliários, ambiente, temperatura, ventilação, equipamentos é um requisito importante para ter as condições mínimas (básicas) para se desenvolver. SG3–“Deveria ter programas que estimulassem a saúde do trabalhador, controle dos exames periódicos, controle da alimentação, atividade física. O programa do tabagismo é um exemplo. Tem funcionário com mais de 40 anos, que fuma e conseguiu parar de fumar. É muito gratificante. Oferece um acréscimo para o funcionário, trabalho, vida e saúde”. SG4-“Bom ambiente de trabalho (escutar o outro). Gerir o ambiente de trabalho de forma positiva, sem conflito. Entender o outro, reunir com as pessoas, com os setores para discutir e propor projetos de melhoria. Ter um lugar, isto é, um espaço de convivência, ginástica”. Nesta questão, o foco para melhorar a QVT defendido pelos gestores é uma melhor condição de trabalho que envolve desde mobiliários, área climatizada, exames periódicos, programas alternativos e preventivos para a saúde física e psíquica do trabalhador, participação efetiva do trabalhador nas decisões e problemas da instituição, portanto, tanto SG quanto o TSM apresentam o mesmo ponto de vista. É necessário evitar a sobrecarga de trabalho com políticas mais ágeis de reposição e uma alternativa para reter o profissional, favorecendo uma qualidade de vida no trabalho melhor para o trabalhador. 96 Sant’anna, Kilimnik e Moraes(2011) enfatizaram que a QVT é uma ferramenta para obtenção de um ambiente mais humanizado, aumento do bem estar e participação efetiva do trabalhador na empresa corroborado pelos autores Walton(1973),Westley (1979), Laurell e Noriega(1989), Bom Sucesso (1997),Grabarschi(2001), Regis Filho e Lopes(2001), Martel e Dupius(2006), Alves(2009), Paiva e Avelar(2011), Sampaio (2012). No questionamento sobre a satisfação no trabalho foi demonstrado que esse é um dos maiores desafios que os gestores encontram no seu contexto de atuação, devido à subjetividade do construto, que depende da avaliação que o trabalhador tem sobre o seu trabalho ou da realização de seus valores por meio dessa atividade, sendo uma emoção positiva de bem-estar. Enfatiza-se que há dicotomia entre valores e necessidades: as necessidades referem-se à sobrevivência e ao bem-estar do indivíduo e essas são inatas e comuns a todos; já os valores diferem de pessoa para pessoa, pois estão em consonância com o que o indivíduo deseja ou percebe como favorável(LOCKE,1969, 1976;SANTOS, COSTA e PASSOS,2009). A análise qualitativa das respostas sobre a satisfação do funcionário pelo seu trabalho contou com 62 respondentes, sendo obtidas 616 palavras. A unidade de análise foram as palavras mais frequentes, com o número da frequência entre 30 a 40 repetições: Trabalho(39), insatisfação(36), satisfação(32), possibilidades(36),dificuldades (34). A satisfação é manifestada por 40 trabalhadores(64,5%), 15 insatisfeitos(24,2%), e 7 mencionaram satisfação às vezes e parcialmente(11,3%). A seguir, alguns depoimentos: “Do ponto de vista de convívio e rotina, sim; mas do ponto de vista de salário, não.” (TSM,21).” “Eu gosto muito do trabalho que realizo, principalmente de estar em contato com os pacientes e ver o reconhecimento dos mesmos (TSM,31).” “A baixa remuneração e plano de carreira praticamente ausente, na minha opinião, é um critério que me faz sempre pensar em procurar outros caminhos. Em sair desta instituição. Se não fosse por isso, certamente eu permaneceria lá por muitos e muitos anos. Gosto muito do que eu faço e de trabalhar lá e sempre acho que dá pra fazer melhor e mais (TSM,32).” Foram apontadas dificuldades e possibilidades para melhorar a satisfação e os motivos da satisfação e insatisfação, descritas no Quadro 15. 97 Quadro 15 - Fatores relacionados à (in)satisfação no trabalho. Dificuldades Sobrecarga de trabalho por falta de funcionários para cobrir férias e faltas. Recursos escassos e deficientes. Possibilidades Investimento no setor. Satisfação Gostar do que faz. Insatisfação Baixa remuneração. Flexibilização da rotina. Aprendizagem diária. Estrutura física deficiente. Conflitos e queixas de relacionamento. Redução da carga horária. Reconhecimento. Lacuna no plano de carreira (falta ou crescimento). Saída da instituição. Intervenção de profissional especializado para trabalhar nos conflitos e melhoria nos relacionamentos. Contato com pacientes. os Trabalho como decorrência da escolha pessoal. Trabalho e tarefas desempenhadas. Autonomia do profissional não valorizada pela chefia. Carga horária pesada. Excesso de atividades. Trabalho depende de vários atores e circunstâncias levando a impedimentos. Falta de segurança e políticas públicas focalizando o desinteresse do Estado pelos trabalhadores da saúde. Assédio moral. Fonte: Elaborada pela autora,2014. Depoimentos: “Não, a cada dia percebe-se um desinteresse maior do Estado no reconhecimento dos funcionários na área de saúde. Além da falta de segurança e políticas públicas (TSM,53).” “Não, gosto do que faço, mas tem muitos entraves e carga horária estafante (TSM,44).” “Sim, porém sobrecarregado no meu setor, pela falta de servidores suficientes para executar as tarefas e socorrer eventuais urgência, como faltas e férias de colegas (TSM,5).” A satisfação no trabalho tem uma concepção bidimensional: intrínseca e extrínseca (ROSE,2001;OLIVEIRA, CAVAZOTTE e PACIELLO,2013).A dimensão intrínseca, qualitativa e simbólica origina-se das características individuais da pessoa como iniciativa, relacionamento com os superiores ou o trabalho que executa. A extrínseca depende da situação do ambiente como salários, promoção ou de segurança do trabalho que são as recompensas materiais ou financeiras e outras vantagens de satisfação(EUROPEAN 98 FOUNDATION FOR THE IMPROVEMENT OF LIVING AND WORKING CONDITIONS,2007;XLAHAKOLLARI,2013).A associação dessas dimensões é uma proposta para a satisfação global (DECI e RYAN,2000). Portanto, ao analisar as percepções dos trabalhadores da saúde local sobre a satisfação no trabalho, estas apresentam-se de forma clara e concomitante com a realidade do país. Ou seja, o setor de saúde necessita de estratégias de investimento em nível estrutural, de recursos físicos, materiais e tecnológicos, humanos, econômicos(CAMPOS, 2008),pois nos defrontamos com os determinantes da saúde como a falta de saneamento básico (DOWBOR,2008, p.101). Na atenção terciária, há hospitais sem médicos, sem equipamentos, sem materiais, sem medicamentos, um contingente de trabalhadores em greve em busca de direitos e condições dignas de trabalho, incluindo segurança e salário, bem como uma jornada de trabalho de 30 horas, pois o desgaste desses trabalhadores não é somente físico, mas, principalmente, emocional. A satisfação no trabalho está atrelada, entre outras nuances, com a qualidade de vida no trabalho(ROYUELA, LÓPEZ-TAMAYO e SURIÑACH, 2007; BAGTASOS,2011). Ao serem questionados se a QVT satisfatória ou muito satisfatória pode diminuir o absenteísmo e a rotatividade dos profissionais, os depoimentos dos gestores divergem em alguns pontos. Para SG1, satisfação está atrelada a bom desempenho; para SG2, os profissionais satisfeitos pensam duas vezes antes de sair, mas não vincula a satisfação a outro construto; SG3 menciona que o trabalhador motivado apresenta bom desempenho e não se afasta do serviço; enquanto para SG4, a satisfação no trabalho decorre da compreensão da sua atividade e da instituição que escolheu para trabalhar, tendo o trabalhador plena ciência do que se espera dele e o que a instituição tem a oferecer, isso reduz a rotatividade e o absenteísmo. Para exemplificar, os depoimentos, na íntegra, estão elencados a seguir: SG1- “Com certeza. O trabalhador satisfeito tem bom desempenho, não falta, está envolvido e raramente pretende sair da instituição”. SG2-“A QVT insatisfatória leva ao absenteísmo e à rotatividade, pois, os profissionais insatisfeitos tendem a buscar outras oportunidades melhores. E, quando estão satisfeitos, pensam duas vezes antes de saírem”. 99 SG3-“Claro. Quanto mais a pessoa está estimulada a trabalhar, mais ela consegue-se identificar com o trabalho. Se ela não tiver estímulo, não vai desempenhar bem e qualquer motivo poderá servir para não vir trabalhar e desculpa para o absenteísmo”. SG4- Sim. Os funcionários de carreira e os novatos devem ter satisfação no trabalho. Salário não retém as pessoas. Se não tem o ambiente bom para a QV, aumenta rotatividade e absenteísmo. Tem outros aspectos no trabalho como: receber bem o novato, mostrar a importância do trabalho, que o salário é este, os benefícios, creche, metas claras, para reduzir a rotatividade e absenteísmo”. A QVT satisfatória está relacionada à satisfação no trabalho é justificada pelo terceiro fator de Walton (1973), quanto à utilização e ao desenvolvimento de capacidades, conforme Quadro 1 e Walton(1973) e Westley(1979) nas oito prerrogativas para QVT nos quesitos: condicionantes para segurança e saúde no trabalho, conveniência imediata para a utilização e desenvolvimento da capacidade humana, nexo social da organização, estatuto do trabalhador. Werther e Davis(1983),Bennett(1983) e Bagtasos(2011) enfatizaram a compreensão dos valores relacionados à experiência vivida no ambiente de trabalho como sendo essencial para a QVT. O quesito sobre a motivação ser considerada importante para execução do seu trabalho foi respondido por 62 trabalhadores, totalizando 673 palavras. A unidade de análise foram às palavras categorizadas em: salário, condições de trabalho, motivação, reconhecimento, ambiente de trabalho, desempenho, satisfação. No que se refere ao fato de a motivação ser importante para execução do seu trabalho: 59 trabalhadores disseram que sim (95,2%), 1 depende (1,6%), 1 (1,6%) mencionou que a motivação é secundária e 1 (1,6%) que ela não é importante. Depoimentos: “Claro, é ela que move tudo e faz com que a gente queira sempre se atualizar para ficar cada vez melhor. O salário é importante mas as condições de trabalho não são menos importantes (TSM,1)”. “Claro, para todos os trabalhadores. Coisa que na área de saúde não existe (TSM,3)”. “Com certeza, motivação é tudo, não só motivação salarial, que é muito importante, mas incentivo interpessoal, reconhecimento por aquilo que se faz (TSM,11)”. “Indispensável. É necessário uma automotivação e uma motivação externa que quase sempre é deficiente e causa, em alguns momentos, desmotivações (TSM,14)”. 100 “Sim, pois, a motivação permiti que os horizontes profissionais sejam ampliados e qualificados (TSM,22)”. As palavras que se associam à motivação elencadas pelos trabalhadores são fatores motivacionais corroborados por alguns estudos (NDIAYE et al.,2007; WILLIS-SHATTUCK et al.,2008; KUMAR,2012).Segundo Herberz(1968), a motivação é influenciada pelos fatores higiênicos (condições e atividades do trabalho) e motivacionais (satisfação no trabalho). Ele foi um dos autores que contribuiu para o desenvolvimento da QVT, ao apresentar a perspectiva de que um ambiente com condições de trabalho aceitáveis desencadeia atitudes positivas. A teoria da Autodeterminação relaciona a motivação com as necessidades psicológicas do trabalhador e a Teoria de Vroom com os comportamentos voluntários alternativos dos trabalhadores para recompensar seu desempenho (Figura 10). A motivação é reconhecida pelos atores sociais como um fator atrelado à QVT, devido ao domínio psicológico exigido na área da saúde em que os trabalhadores sofrem constantemente influência dos indicadores de violência psicológica e saúde física. Nesse contexto, os gestores devem lidar com esse domínio utilizando estratégias específicas como programas de recompensas e criando um ambiente mais humanizado(NTOUMANIS, EDMUNDS e DUDA,2009; CHALKLEY et al.,2010; LIMONGI-FRANÇA, 2001, 2011). No estudo de Chimwaza et al.(2014), os 84 trabalhadores apontaram como fatores desmotivadores: falta de respeito, falta de reconhecimento do esforço despendido, atrasos e inconsistências salariais, falta de processos transparentes, falta de critérios para promoção e morte de pacientes, ainda sugerem: a igualdade de oportunidades, políticas de gestão transparentes, gestores treinados e equipados com habilidades gerenciais, ter equipamentos, suprimentos e medicamentos favorecendo a retenção da equipe de saúde, o que corrobora os dados do presente estudo. 101 Figura 10 – Fatores motivadores identificados pelos trabalhadores e o feedback. Fonte: Elaborada pela autora,2014. A fase qualitativa demonstrou uma possível interlocução entre trabalhadores e gestores, que necessitam de interligação na prática, para uma maior compreensão entre as partes, podendo ser factível por um sistema de comunicação online ou gestão participativa(ROYUELA, LÓPEZ-TAMAYO e SURIÑACH,2007). 5.3.2 Abordagem quantitativa 5.3.2.1 Descrição dos sujeitos No CHPB, os participantes totalizaram 304 profissionais no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (MS) em setembro de 2013 (FHEMIG) (Tabela 6) e 106 entre 102 técnicos de informática, auxiliares administrativos e auxiliares de apoio à saúde, perfazendo uma soma 410 trabalhadores. No HGV, participaram 297 profissionais no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (MS) em setembro de 2013(FHEMIG)(tabela 6) e 88 entre técnicos de informática, auxiliares administrativos e auxiliares de apoio à saúde, totalizando 385 trabalhadores. No IRS, fizeram parte 217 profissionais no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (MS) em setembro de 2013(FHEMIG)(tabela 6) e 67 entre técnicos de informática, auxiliares administrativos de saúde e auxiliares de apoio à saúde, correspondendo a um total de 284 trabalhadores. 103 Tabela 6 – Relação de profissionais de saúde cadastrados no CNES em setembro de 2013. Profissionais Médicos Diretor Hospitalar Especialização Hospitalar Anestesista Clínicos Generalista Cardiologista Do Trabalho Geriatra Ginecologista e obstetra Infectologista Neurologista Oftalmologista Psiquiatra Residentes Total de Médicos Técnico operacional de saúde Analista de Gestão Enfermagem Enfermeiro Enfermeiro psiquiátrico Do trabalho Atendente de enfermagem Auxiliares de enfermagem Técnicos de enfermagem Técnico de enfermagem psiquiátrico Total de Enfermagem Farmacêutico Farmacêutico analista clínico Fisioterapeuta geral Fonoaudiólogo Nutricionista Terapeuta ocupacional Psicólogos clínicos Psicólogo Hospitalar Cirurgião dentista Clínico geral Pedagogo Assistente social Total de Analista de Gestão Técnico em nutrição e dietética Técnico em saúde bucal Gerente administrativo Técnico de farmácia Técnico Segurança do trabalho CHPB HGV IRS 1 1 1 7 2 1 1 1 1 2 14 12 29 30 2 1 29 162 5 5 1 1 30 41 23 4 1 52 98 1 3 4 1 1 33 39 43 16 2 1 3 53 68 1 - 224 2 2 2 1 5 4 17 - 177 5 1 11 8 3 143 3 2 - 2 1 7 43 6 34 7 25 5 3 1 1 1 - 6 1 2 - 1 1 4 8 Professor de Educação física Total de Técnico operacional de saúde Total Geral Fonte: Elaborada pela autora, 2014. 7 304 - 1 44 297 5 217 Os motivos que justificam a ausência dos trabalhadores nas instituições do estudo estão descritos, na tabela 7, nos períodos de coleta de dados(18/10/2013 a 14/11/2013 e 2 a 31/1/14). 104 Tabela 7 - Justificativas de ausência dos trabalhadores nos hospitais. Período da pesquisa 18/10/13 a 14/11/13 2 a 31/1/14 Motivos CHPB HGV IRS Licença médica Férias-prêmio Férias regulamentares Licença maternidade Afastamento por motivo de curso Licença por interesse do servidor 22 34 89 - 9 2 5 2 7 15 13 - - 1 - 145 13 2 88 1 20 35 7 5 74 - Total de ausentes Licença médica Férias prêmio Férias regulamentares Licença maternidade Afastamento por motivo de curso Licença por interesse do servidor Afastamento aguardando aposentadoria Total de ausentes Fonte: Elaborada pela autora, 2014. - 5 17 4 1 - 1 - 1 103 29 86 5.3.2.2 Participação dos sujeitos e análise Os 275 trabalhadores detentores de cargo foram estratificados em: 44 analistas de gestão de assistência à saúde (AGAS)(16%), esses trabalhadores correspondem a todos os profissionais de saúde da área não médica e de enfermagem; 34 auxiliares de apoio à saúde(AOS)(12%) que correspondem aos monitores de creche, cozinheiros, eletricistas, pedreiros, serralheiros; 107 profissionais de enfermagem(PENF)(39%) que representam os auxiliares, técnicos de enfermagem e enfermeiros(as); 66 técnicos operacionais de saúde(TOS)(24%) que compõem o grupo dos auxiliares administrativos, técnicos de enfermagem, farmácia, nutrição, informática e segurança do trabalho; 24 médicos (9%) sendo que 22 de 40 são do HGV (Gráfico 10). A faixa etária dos respondentes variou de 18 a 60 anos ou mais, sendo 8 (2,9%) entre 18 - 25 anos, 67(24,4%) de 26 - 35 anos, 84 (30,5%) de 36 - 45 anos, 99 (36,0%) de 46 - 60 anos e 17(6,2%) acima de 60 anos (Gráfico 6). Na Albânia, estudo com trabalhadores da saúde 105 mental observou que a maior concentração dos trabalhadores também está na faixa de 41 - 50 anos(XHAKOLLARI, 2013). Gráfico 10- Faixa etária dos trabalhadores em porcentagem do CHPB,HGV e IRS. Faixa etária dos trabalhadores(%) 6,2; 6% 2,9; 3% 24,4; 24% 18-25 26-35 36; 36% 36-45 46-60 >60 30,5; 31% Fonte: Elaborada pela autora, 2014 Neste estudo, encontrou-se maior número de trabalhadores do sexo feminino 74,5% (n=205) e 25,5%(n=70) do sexo masculino, fato que corrobora os achados do PNAD(2012). A predominância de mulheres na área da saúde, conforme Serafim e Bendassolli(2006),ocorre desde a década de 1950, quando um terço das mulheres nos Estados Unidos trabalhava na educação, saúde e serviços sociais e sua maior inserção no mercado de trabalho decorreu do aumento do nível de educação. Segundo o PNAD(2012), em Minas Gerais, o total de trabalhadores, com 15 anos ou mais, exercendo suas atividades, está na educação, saúde e serviços sociais. O número encontrado foi de 4226(10,4%) trabalhadores, sendo 982 (2,8%) homens e 3244 (18,4%) mulheres. Segundo Nazareth (2008) e Echer (2011), há predomínio do sexo feminino na saúde visto que a área de enfermagem congrega grande número de mulheres. Os profissionais de enfermagem agregam grande número de funcionários pela característica da assistência, vigília e cuidados trabalhando de forma ininterrupta durante 24 h/dia. Segundo 106 Souza e Stancato (2010), a maior prevalência de técnicos de enfermagem (51,4%) em 116 profissionais de saúde foi encontrada no Hospital de Clínicas Unicamp. O estudo PENF corresponde aos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem (Gráfico 11). Gráfico 11- Número de participantes por cargo e hospital. 80 71 trabalhadores em nº absoluto 70 60 50 CHPB 40 27 30 20 HGV 28 27 IRS 22 13 10 4 8 7 0 0 2 0 AGAS AOS PENF Categorias profissionais Médico(a) Fonte: Elaborada pela autora, 2014 Em relação à escolaridade, dos 275 participantes, verificou-se que há um predomínio dos trabalhadores com curso superior nos locais de estudo (Gráfico 8). Muitos trabalhadores estão no cargo de nível médio, porém já têm curso superior com especialização Latu e Strictu Senso (7 com mestrado e 2 com doutorado). A baixa escolaridade é fator preditor para o trabalho e pouca saúde e QV. A educação tem associação positiva para capacidade de trabalho e QV (SORIC et al.,2013). A situação assemelha quando é observada com funcionários de cargo de nível fundamental que já têm o ensino médio e/ou superior. Para os profissionais concursados, a partir de 2010, o edital já exigia a especialização. 107 Gráfico 12 – Escolaridade dos participantes por hospital. Nº de trabalhadores 120 101 100 80 64 60 40 20 33 26 12 8 16 14 1 0 Fundamental Ensino Médio Técnico Nível de escolaridade Superior CENTRO HOSPITALAR PSIQUIÁTRICO DE BARBACENA HOSPITAL GALBA VELLOSO INSTITUTO RAUL SOARES Fonte: Elaborada pela autora, 2014. Os trabalhadores foram classificados em diaristas 58,2% (n=160), 31,3% (n=86) plantonistas diurnos e 10,5% (n=29) plantonistas noturnos. O trabalho por turno é necessário na área de saúde devido aos cuidados com a assistência dos pacientes, porém um fator complicador para a QV. Figueiro e Branco(2013) constataram que os trabalhadores por turnos são mais propensos a sofrer de distúrbio do sono o que está associado à diminuição da produtividade, da segurança, da QV e causando efeitos adversos para a saúde. A rotação de turnos está associada ao maior risco para a síndrome metabólica, diabetes e doenças cardiovasculares. As longas horas de trabalho das enfermeiras aumentam o risco de redução do desempenho, obesidade, lesões e outras doenças crônicas, além de colocar em risco os pacientes por erros relacionados à fadiga e perigo de trajeto(CARUSO, 2014). O trabalho em turno influencia negativamente a QVT em família independente do estado civil, da idade e de ter filhos. A queixa de falta de contato e de se alimentar regularmente com os filhos, influencia de forma negativa sobre a vida sexual (1/3 dos participantes dos 700) sugerem programas de treinamento(STRZEMECKA,2013). 108 Quanto ao vínculo, 86,2% (237) são efetivos; 9,8% (27) são contratos e 4,0% (11) são terceirizados. A tendência nos órgãos públicos é ter profissionais concursados para os cargos de nível médio e superior e, para os cargos de nível Fundamental, servidores terceirizados. Os contratos são utilizados para cobertura de mão de obra (aposentadoria, exoneração, licenças prolongadas) evitando a falta de recursos humanos para manutenção das atividades, conforme lei Estadual nº 13.196 /1997(BRASIL,1997). Em relação à carga horária semanal, observou-se uma variação de 20h a 40h, com predomínio de 40 h devido os AGAS que ingressaram no hospital antes de 2000, o concurso para essa categoria era 20h enquanto para os TOS, a carga horária prevista era 30h. Os médicos fazem jornadas de 24h, podendo esta ser fracionada ou não(Gráfico 13). O estudo corrobora Barros, Araújo e Johann(2013) em que a maior carga horária foi 48 (66,7%) horas semanais e, neste estudo, foi 40 horas, que é a carga máxima permitida nas funções do Estado. Gráfico 13 – Carga horária semanal dos participantes por hospital 93 100 90 Nº DE PARTICIPANTES 80 70 70 60 50 40 29 30 20 10 22 21 9 5 3 4 17 2 0 20 horas 24 horas 30 horas 40 horas CARGA HORÁRIA CENTRO HOSPITALAR PSIQUIÁTRICO DE BARBACENA HOSPITAL GALBA VELLOSO INSTITUTO RAUL SOARES Fonte: Elaborada pela autora, 2014 8 horas 109 O tempo médio em anos de trabalho dos participantes foi de 12 anos (DP =11,8), tempo máximo 43 anos e o tempo mínimo de 6 meses. No HGV, o tempo médio foi 12,34 anos (DP = 12,17), o tempo mínimo 6 meses e máximo 43 anos. No estudo de Barros, Araújo e Johann (2013), foi encontrado tempo de profissão variando de 1 a 38 anos e média de 8,5 anos (DP = 8,1). Em relação à questão dos trabalhadores terem outro emprego, dos 275 respondentes 80 (29%) responderam sim, enquanto 195 (71%) trabalham apenas na FHEMIG. Em relação aos trabalhadores possuírem ou não alguma deficiência, dos 275 respondentes, 49 não responderam, 7 responderam visual, 5 auditiva, 1 física e 213 informaram não possuir nenhuma deficiência. As deficiências podem ser: física, auditiva, visual, mental ou múltipla, conforme os decretos nº 3.298 /99 (BRASI,1999) e nº 5.296/2004(BRASIL,2004). A identificação dos trabalhadores em perceber suas limitações, aqui caracterizada no fato de ser portador de deficiência, demonstra o reconhecimento dos seus direitos e necessidades tendo como base o Relatório Mundial sobre Deficiência, que apresentou a classificação internacional de funcionalidade, deficiência e saúde (CIF) adotando como modelo conceitual a incapacidade como um termo que engloba as deficiências, limitações às atividades e restrições, tais como: paralisia cerebral, Síndrome de Down, depressão (relacionada a aspectos negativos da interação entre indivíduos com determinadas condições de saúde) e fatores pessoais e ambientais como prédios públicos inacessíveis, apoio social limitado, etc.). A prevalência é alta, é estimado que 15% da população mundial seja portadora de algum tipo de deficiência. The Word Health Survey estimou que 110 milhões de pessoas (2,2%) possuem deficiências funcionais relevantes, enquanto a Global Burden of Disease prevê que 190 milhões(3,8%)possuem deficiência grave como tetraplegia, depressão grave ou cegueira (WHO,2011). Os trabalhadores estão insatisfeitos com a QVT nos locais do estudo em relação ao fator 1 (compensação salarial) justa e adequada e F4 (oportunidades no trabalho), satisfeitos com F5 (integração social no trabalho) ( Tabela 8). 110 Para os fatores: F2 (condições de trabalho); F3 (uso das capacidades no trabalho); F4 (oportunidades no trabalho); F5 (integração social no trabalho); F6 (respeito às leis no trabalho); F7 (espaço que ocupa no trabalho) e F8 (relevância social e importância no trabalho), propostos por Walton (1973), os trabalhadores do CHPB ,IRS e HGV não estão satisfeitos nem insatisfeitos, conforme apresentado na Tabela 8. Fatores de Walton Tabela 8 - Relação da QVT com o nível de satisfação (n = 275 sujeitos). Média das Variação da DP QVT –Tendência dimensões satisfação F1 2,39 1,01 2A3 Insatisfeito (2,2) F2 2,87 1,08 2A4 F3 3,48 0,96 3A4 F4 2,66 1,05 2A3 Insatisfeito (2,47) F5 3,47 0,97 3A4 Satisfeito (3,5) F6 3,13 1,01 2A4 F7 3,16 1,03 2A4 F8 3,27 1,02 3A4 Total 3,06 1,08 Nem satisfeito nem insatisfeito (2,6) Nem satisfeito nem insatisfeito (3,49) Nem satisfeito nem insatisfeito (3,09) Nem satisfeito nem insatisfeito (2,9) Nem satisfeito nem insatisfeito (3,06) Nem satisfeito nem insatisfeito (2,91) Fonte: Elaborada pela autora, 2014 O Alpha de Cronbach apresentou o índice de 0,928 excelente garantindo a consistência interna e a confiabilidade conforme Nunnaly (1978), porém sem significância estatística: Teste de esfericidade de Bartlett com o teste do qui-quadrado aproximação (4123,67) e Medida Kaiser-Meyer-Olkin de adequação de amostragem(0,904). Conforme os resultados da tabela 8, não se pode afirmar que os trabalhadores estão insatisfeitos ou satisfeitos em relação à QVT devido aos voluntários terem diferentes percepções e ser uma área complexa em relação a salário, segurança, ambiente de trabalho corroborando o estudo de Xhakollari(2013). No que se refere às questões abertas, a tendência é a insatisfação. 111 6 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA AMOSTRA DO HOSPITAL GALBA VELLOSO 6.1 Validação do estudo Foram realizados o cálculo da correlação intraclasse(Tabela 9) para o HGV e alpha de Cronbach para cada fator de Walton(1973, p.15) (Tabela 10). Seguem as demonstrações desses cálculos: Tabela 9 - Correlação Intraclasse e classificação do estudo. Interpretação da Valores do ICC Reprodutibilidade de um estudo ICC ≥ 0,75 Excelente 0,4 ≤ ICC < 0,75 ICC < 0,4 Fonte: Elaborada pela autora, 2014 Satisfatória Pobre Tabela 10 - Cálculo do Alpha de Cronbach por fator de QVT e ICC. Fatores de QVT Alpha de Cronbach ICC 1) Compensação justa e adequada 0,811 0,518 2) Condições de segurança e saúde no trabalho 0,735 0,316 3) Utilização e desenvolvimento de capacidades 0,778 0,412 4) Oportunidades de crescimento e segurança 0,591 0,266 5) Integração social na organização 0,628 0,297 6) Garantias constitucionais 0,776 0,463 7) Trabalho e espaço total de vida 0,745 0,493 8) Relevância social da vida no trabalho Fonte: Elaborada pela autora, 2014 0,633 0,257 6.2 Descritivas das Variáveis Sócio-demográficas Participaram do estudo 191 trabalhadores da saúde mental do HGV, conforme Tabela 11. 112 Tabela 11– Distribuição das frequências das variáveis sócio-demográficas no HGV. Variáveis demográficas Sexo Feminino Masculino Idade (anos) 18-25 26-35 36-45 46-60 > 60 Turno trabalho Diarista Plantão - dia Plantão - noite Cargo AGAS AOS Médico(a) PENF TOS Vínculo Contrato Efetivo Terceirizado Escolaridade Ensino fundamental Médio Superior Ensino técnico Ter mais de 1 emprego Não Sim Fonte: Elaborada pela autora, 2014. N (191) % 144 47 75,4 24,6 6 52 51 70 12 3,1 27,2 26,7 36,6 6,3 111 56 24 58,1 29,3 12,6 27 27 22 71 44 14,1 14,1 11,5 37,2 23,0 21 160 10 11,0 83,8 5,2 12 64 101 14 6,3 33,5 52,9 7,3 131 60 68,6 31,4 6.3 Estatísticas Descritivas para QVT médio dos trabalhadores Tabela 12 - Estatísticas descritivas da média geral. N Mínimo Máximo Média Média Geral 191 N válido (de lista) 191 Fonte: Elaborada pela autora, 2014. 1,69 4,17 3,01 Desvio padrão 0,49 113 Em relação ao nível de satisfação com a QVT médio entre os trabalhadores apurado, usando como base a escala conforme Tabela 12, a qualidade mínima da QVT foi de 1,69 e máximo de 4,17. A qualidade média da classificação de QVT foi de 3,01(DP = 0,49), sugerindo que os trabalhadores em geral apresentam tendência a não estarem insatisfeitos nem satisfeitos com a QVT(2,5 a 3,5). O nível de satisfação com cada um dos construtos de qualidade de vida no trabalho foi analisado agrupando as 35 questões, conforme os 8 fatores de Walton(1973, p.15). Para cada dimensão, a média das questões do estudo está na Tabela 7. As classificações médias para as categorias conceituais de QVT estão na Tabela 13. Tabela 13 - Estatísticas descritivas para QVT médio dos trabalhadores por fator. Desvio Fatores de QVT N Média Nível de Satisfação padrão 1) Compensação justa e adequada 191 2,30 0,80 Insatisfeito 191 2,80 0,69 Nem satisfeito nem insatisfeito 191 3,49 0,65 Nem satisfeito nem insatisfeito 191 2,60 0,68 Nem satisfeito nem insatisfeito 5) Integração social na organização 191 3,50 0,62 Satisfeito 6) Garantias constitucionais 191 3,11 0,74 Nem satisfeito nem insatisfeito 7) Trabalho e espaço total de vida 191 3,08 0,83 Nem satisfeito nem insatisfeito 8) Relevância social da vida no trabalho 191 3,20 0,60 Nem satisfeito nem insatisfeito N válido (de lista) 191 2) Condições de segurança e saúde no trabalho 3) Utilização e desenvolvimento de capacidades 4) Oportunidades de crescimento e segurança Fonte: Elaborada pela autora, 2014 De acordo com a Tabela 13, os trabalhadores em geral não estão satisfeitos e insatisfeitos com: condições de segurança e saúde no trabalho, utilização e desenvolvimento de capacidades, oportunidades de crescimento e segurança, garantias constitucionais, trabalho e espaço total de vida e relevância social da vida no trabalho. Com o fator compensação justa e adequada, eles estão insatisfeitos e em relação à integração social na organização estão satisfeitos. Ao considerar as questões abertas dos trabalhadores comprova-se a o problema da insegurança e das condições no ambiente de trabalho afora a questão salarial. Em geral, apresentam uma tendência de não estarem satisfeitos com esses fatores. 114 As conclusões que inverteram os fatores pessoais como sexo, idade, escolaridade, cargo exceto PENF, vínculo e turno não foram relacionadas com a QVT ao nível de 0,01 (Gráfico 14). A hipótese 1 e a satisfação geral com a QVT foram rejeitadas. Na estatística descritiva, as correlações de QVT e outro preditor são as variáveis mostradas na Tabela 14. Os dados indicam que a QVT está positivamente relacionada com todas as categorias conceituais de qualidade de vida no trabalho. Tabela 14 - Correlação de Pearson entre os oito fatores de Walton e o fator geral do QVT. Correlação Valor p Nível da Fatores de QVT de Pearson (Bilateral) relação 1) Compensação justa e adequada 0,661 0,00 Moderada 2) Condições de segurança e saúde no trabalho 0,770 0,00 Forte 3) Utilização e desenvolvimento de capacidades 0,717 0,00 Forte 4) Oportunidades de crescimento e segurança 0,635 0,00 Moderada 5) Integração social na organização 0,584 0,00 Moderada 6) Garantias constitucionais 0,788 0,00 Forte 7) Trabalho e espaço total de vida 0,674 0,00 Moderada 8) Relevância social da vida no trabalho 0,743 0,00 Forte Fonte: Elaborada pela autora, 2014 A correlação é significativa no nível de 0,01 e os resultados da Tabela 14, mostrando que todas as correlações apresentam elevado significado (r < 0,01). Há uma forte relação entre condições de segurança e saúde no trabalho, garantias constitucionais, utilização e desenvolvimento de capacidades e relevância social da vida no trabalho. Foi realizada a comparação de QVT médio por cargo, sexo, turno e vínculo utilizando a análise das variâncias (ANOVA). O Gráfico 10 demonstra a comparação de cargo para QVT médio sendo estatisticamente significativa (p=0,001) em nível de 5% para o cargo PENF em relação ao cargo AOS e não significativa para sexo (p=0,315) (Gráfico 15), turno (p = 0,372) (Gráfico 16), vínculo (p = 0,563) (Gráfico 17) e emprego (p = 0,24) . Portanto, os AOS estão satisfeitos e os PENF encontram-se insatisfeitos. Os achados corroboram as reflexões propostas por outras pesquisas ao afirmarem que os profissionais de enfermagem têm alta rotatividade, ocasionando um elevado custo de gestão e comprometendo 115 a efetividade dos serviços prestados(ALMAKI, FITZGERALD e CLARK,2012;GALLETA et al.,2013;LAMY, DE GAUDEMARIS; SOBASZEK,2013;ZHAO et al.,2013). Isso justifica o fato desses profissionais terem mais de um emprego, pois 21 PENF trabalham em outro emprego, enquanto outros 50 funcionários trabalham apenas no HGV, apesar da maioria trabalhar ou estudar, totalizando uma carga horária de 40h semanais (plantão 12h por 36h de descanso). Gráfico 14 – Comparação QVT médio com cargo Fonte: Elaborada pela autora, 2014. 116 Gráfico 15 – Comparação QVT médio com sexo Fonte: Elaborada pela autora, 2014 Gráfico 16 – Comparação QVT médio com turno. Fonte: Elaborada pela autora, 2014 117 Gráfico 17 – Comparação QVT médio com vínculo. Fonte: Elaborada pela autora, 2014 Foi realizado o teste comparativo entre as 8 médias (fatores) de Walton no geral obtendo um p < 0,001 e através do teste Tukey, sendo percebida pelos trabalhadores a QVT insatisfatória para compensação justa e adequada(2,3645), oportunidade de crescimento e segurança(2,6893) e condições de segurança e saúde no trabalho (2,7617). 6.4 Análise da QVT dos médicos do HGV A categoria médica foi a única que possibilitou uma análise pois de 40 médicos participaram 22(55%) médicos, sendo15 femininos vs.7 masculinos,faixa etária de 26 a 35 anos(40,91%), 36 a 45 anos(13,64%),46 a 60 anos(36,36%) e de 60 anos acima(9,09%).O tempo médio de serviço no hospital foi de 13,65(DP=11,96),quanto a escolaridade 18(81,82%) tem especialização e 3 (13,64%) mestrado. No estudo de Xhakollari(2013) com 231 profissionais de saúde mental da Albânia 7%(16) eram psiquiatras, no estudo 3 são clínicos, 1 infectologista, 2 generalista e 16 psiquiatras. 118 A qualidade de vida no trabalho percebida pelos médicos no geral, não estão insatisfeitos nem satisfeitos obtendo média de 3( DP= 0,59). Apresenta-se na tabela 15 e 16 as estatísticas descritivas para QVT por fator dos médicos e a correlação de Pearson, foi significativa para os 8 fatores de Walton e p<0.0001. Tabela 15 - Estatísticas descritivas para QVT dos médicos por fator. Desvio Fatores de QVT N Média Nível de Satisfação padrão 1) Compensação justa e adequada 22 2,45 0,82 Insatisfeito 22 2,77 0,72 Insatisfeito 22 3,81 0,70 Satisfeito 22 2,41 0,74 Nem satisfeito nem insatisfeito 5) Integração social na organização 22 3,65 0,58 Nem satisfeito nem insatisfeito 6) Garantias constitucionais 22 3,42 0,62 Nem satisfeito nem insatisfeito 7) Trabalho e espaço total de vida 22 3,20 1,00 Nem satisfeito nem insatisfeito 8) Relevância social da vida no trabalho 22 3,25 0,75 Nem satisfeito nem insatisfeito N válido (de lista) 22 2) Condições de segurança e saúde no trabalho 3) Utilização e desenvolvimento de capacidades 4) Oportunidades de crescimento e segurança Fonte: Elaborada pela autora, 2014 Tabela 16 - Correlação de Pearson entre os oito fatores de Walton e o fator geral do QVT dos médicos. Correlação Valor p Nível da Fatores de QVT de Pearson (Bilateral) relação 1) Compensação justa e adequada 0,747 0,00 Forte 2) Condições de segurança e saúde no trabalho 0,918 0,00 Forte 3) Utilização e desenvolvimento de capacidades 0,739 0,00 Forte 4) Oportunidades de crescimento e segurança 0,735 0,00 Forte 5) Integração social na organização 0,800 0,00 Forte 6) Garantias constitucionais 0,932 0,00 Forte 7) Trabalho e espaço total de vida 0,683 0,00 Moderada 8) Relevância social da vida no trabalho 0,833 0,00 Forte Fonte: Elaborada pela autora, 2014 119 A qualidade de vida no trabalho na saúde mental é percebida com insatisfação pelos médicos em relação a salário e condições de segurança e saúde no trabalho , satisfação com o desenvolvimento de capacidades como autonomia, identificação com a tarefa, retro informação e neutralidade nos outros fatores. Isto demonstra a importância de mensurar a qualidade de vida no trabalho dos médicos e de outros profissionais de saúde, e identificar o que interfere de forma mais acentuada, evitando o absenteísmo , rotatividade e ganho em desempenho e produtividade. Fato semelhante foi encontrado na Albânia, um país em desenvolvimento cujas questões salariais e condições de saúde e segurança são percebidas com insatisfação. A elevada correlação para os 8 fatores determinam a satisfação com a QVT e as instituições de saúde mental deve reforçar nestes quesitos, pois a responsabilidade é compartilhada entre gestores, médicos e sociedade(Xhakollari,2013). Portanto, a QVT é dependente da percepção do trabalhador devido sua elevada carga de subjetividade e múltiplos fatores, podendo variar de acordo com o contexto social e do trabalhador no desenvolvimento das suas atividades na organização. É uma ferramenta no qual as instituições públicas e privadas podem investir visando ao aumento da satisfação dos seus clientes internos e externos e ao atendimento das demandas dos movimentos sociais por uma saúde de qualidade. 120 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo do estudo foi analisar a percepção dos trabalhadores da saúde mental de instituição pública de promoção da saúde sobre sua qualidade de vida no trabalho, que apresentou tendência a insatisfação. A concepção da QVT, tanto pelos gestores quanto pelos trabalhadores, evidencia consenso em vários aspectos como: condições de trabalho, necessidade do sujeito gostar do que faz, satisfação no trabalho, recursos humanos suficientes evitando sobrecarga ao trabalhador, plano de carreira e capacitação dos trabalhadores. Os trabalhadores percebem a importância da QVT como aumento da produtividade e desempenho, levando à redução da rotatividade, bem como, os gestores atrelados às boas condições de trabalho. Os gestores relacionam a influência da QVT na trajetória profissional atual, demonstrando a importância em investir em capacitação e treinamento. A QVT não é percebida pela maioria dos trabalhadores no local de trabalho (39,7 %) devido às condições ambientais como: mobiliário em quantidade adequada e ergonômicos, falta de recursos humanos, incentivo para crescimento pessoal, e salário. Entretanto, reconhecem a importância da QVT para melhoria do desempenho, qualidade e produtividade. Os gestores percebem que as condições de trabalho não são ideais, mas a instituição tem buscado melhorias dentro da governabilidade sem os entraves burocráticos da gestão pública. Os pontos positivos da QVT no local de trabalho destacados pelos trabalhadores foram: relacionamento com chefias e colegas, o reconhecimento dos pacientes pelo trabalho, o envolvimento da equipe, capacitação, flexibilidade de horários e autonomia. Já os gestores a percebem como estratégia de retenção do trabalhador, melhoria da performance, motivação e satisfação no trabalho. 121 As sugestões de melhoria de QVT dos trabalhadores foram: melhoria no ambiente, treinamento, mobiliários adequados, flexibilidade de horário e a questão salarial. Essas variáveis estão relacionadas aos fatores de Walton (1973) e corroboram, portanto, com outros autores. Os gestores necessitam investir na QVT como forma de ter eficácia e eficiência nas instituições. A maioria dos trabalhadores estão satisfeitos e reconhecem a importância da motivação na execução do trabalho. Isso ocorre devido à diminuta separação entre a satisfação no trabalho e a QVT, afinal ambos envolvem os domínios psicossociais e físicos. Em relação à percepção da QVT para os 8 fatores de Walton (1973), não foi satisfatória nem insatisfatória para os 275 participantes. No HGV, os trabalhadores estão insatisfeitos com a compensação justa e adequada (salário); satisfeitos com a integração social e apresentam neutralidade quanto às condições de segurança e saúde no trabalho, utilização e desenvolvimento de capacidades, oportunidades de crescimento e segurança, garantias constitucionais, trabalho e espaço total de vida e relevância social da vida no trabalho, justificando investigar em estudos futuros essa neutralidade. Em relação ao HGV, foram levantadas 2 questões e 9 hipóteses, obtendo as seguintes respostas: Qual o nível de satisfação com a QVT entre os trabalhadores no HGV? Os trabalhadores não estão nem insatisfeitos nem satisfeitos. Qual é o nível de satisfação com cada um dos construtos de QVT? Os trabalhadores estão insatisfeitos com o fator F1 (compensação justa e adequada), nem insatisfeitos nem satisfeitos com os fatores F2 (condições de segurança e saúde no trabalho); F3 (utilização e desenvolvimento de capacidades); F4 (oportunidades de crescimento e segurança); F6 (garantias constitucionais); F7 (trabalho e espaço total de vida) e F8 (relevância social da vida no trabalho). Estão satisfeitos com o fator F5 (integração social na organização). 122 Há uma relação significativa entre fatores pessoais (idade, gênero, nível de escolaridade, posição no trabalho, vínculo e turno) e satisfação geral com a QVT. A hipótese foi rejeitada. Somente houve significância para o cargo (PENF vs. AOS) com p = 0,001. Satisfação com a compensação adequada e justa é (+) com satisfação geral com a QVT. A satisfação percebida pelos trabalhadores tem relação moderada (Correlação Pearson = 0,661, p<0,001). Satisfação com condições de trabalho é (+) com a satisfação geral com a QVT. A satisfação percebida pelos trabalhadores tem relação forte (Correlação Pearson = 0,770, p<0,001). Satisfação com a oportunidade de usar e desenvolver capacidades humanas está (+) com a satisfação geral com a QVT. A satisfação percebida pelos trabalhadores tem relação forte (Correlação Pearson = 0,717, p<0,001). Satisfação com oportunidade para crescimento contínuo e segurança está (+) com a satisfação geral com a QVT. A satisfação percebida pelos trabalhadores tem relação moderada (Correlação Pearson = 0,635, p<0,001). Satisfação com a integração social na organização do trabalho é (+) com a satisfação geral com a QVT. A satisfação percebida pelos trabalhadores tem relação moderada (Correlação Pearson = 0,584, p<0,001). Satisfação com o constitucionalismo na organização do trabalho está (+) com satisfação geral com a QVT. A satisfação percebida pelos trabalhadores tem relação forte (Correlação Pearson = 0,788, p<0,001). 123 Satisfação com o trabalho e espaço total de vida está (+) com satisfação geral com a QVT. A satisfação percebida pelos trabalhadores tem relação moderada (Correlação Pearson = 0,674, p<0,001). Satisfação com a relevância social de vida no trabalho está (+) com satisfação geral com QVT. A satisfação percebida pelos trabalhadores tem relação forte (Correlação Pearson = 0,743, p<0,001). A significância do cargo com a QVT foi percebida pelos profissionais de enfermagem, que necessitam ter um olhar diferenciado pela gestão, por meio de estratégias que propiciem maior comprometimento afetivo e profissional, tendo o feedback de melhores condições de trabalho, menor carga horária devido ao desgaste físico e mental já demonstrado em outros estudos como o de Bittencourt et al. (2013) sobre o QV dos profissionais de enfermagem da saúde mental. O fator 1 (compensação justa e adequada) foi o que mais interfere na QVT da enfermagem levando à insatisfação. O cargo AOS percebe a QVT maior que PENF. A qualidade de vida no trabalho na saúde mental é percebida com insatisfação pelos médicos em relação a salário e condições de segurança e saúde no trabalho e, satisfação com o desenvolvimento de capacidades como autonomia, identificação com a tarefa, retro informação e neutralidade nos outros fatores. A dificuldade encontrada foi a baixa acessibilidade da intranet e website da FHEMIG, bem como, do Hospital Galba Velloso, pois o IRS e CHPB não apresentam intranet. Outro fator é a baixa velocidade da rede nos locais disponíveis de acesso. Isso demonstra que os trabalhadores não têm uma participação efetiva nas ações, pois não têm acesso à informação do que está acontecendo na rede FHEMIG. Outro fator é o acesso ser restritivo para o trabalhador de enfermagem e não para os demais, devido à possibilidade dos profissionais desviarem as atenções, que seriam para o paciente, para se aterem às mensagens, principalmente das redes sociais como o facebook. As limitações do estudo foram: por ser um estudo de caso existe a limitação de pouca probabilidade de generalização, portanto, os resultados obtidos correspondem à população 124 estudada. O estudo apresenta o viés de seleção por não ser uma amostra aleatória e os voluntários podem ser diferentes dos demais com relação à sua percepção sobre a qualidade de vida no trabalho. O fato do servidor não estar de licença médica no período de coleta de dados ou que esteja em licença também pode diferenciá-lo dos demais servidores. Este estudo teve grandes dificuldades de realização por questões de comunicação entre as instituições inter-relacionadas, o que dificultou a coleta de dados devido a interrupções constantes e à coincidência com o período de festas de final de ano e férias dos trabalhadores e gestores. A sugestão da autora é de que os trabalhadores da saúde mental necessitam de uma atenção especial devido ao contexto socioambiental do trabalho, por meio da implantação de estratégias como programas de QVT, criação de um espaço para a Fala do trabalhador em reuniões multidisciplinares, ouvidoria ou canal fechado como um Blog em que ele possa se manifestar sem se identificar. Também foi sugerida a liberação da internet, em alguns horários, como forma recreativa para enfermagem. Revisão da jornada de trabalho de 40h por 30h, bem como, a sobrecarga dos trabalhadores por falta de recursos humanos, dar condições mínimas de trabalho e um ambiente de trabalho mais humanizado e integrado com os diversos setores da cadeia hospitalar. Portanto, os trabalhadores necessitam serem sujeitos do trabalho, ao invés de objeto dele. Necessitam. ainda, reconhecimento do trabalho pela gerência imediata e diretoria e também de maior interlocução entre Gestores, Trabalhadores e Sindicato. Ressalta-se, ainda, a importância de implementar a mensuração da percepção de QVT como feito neste estudo para o monitoramento anual e feedback das estratégias implementadas pelos gestores. A QVT deve ser estudada por cargo como foi para os médicos proporcionando subsídio para o gestor atuar de forma mais assertiva, principalmente na gestão pública. O estudo não é conclusivo, sugerindo novas pesquisas investigatórias em relação à percepção dos trabalhadores sobre a QVT. O que se pretendeu foi analisar a QVT e a partir de novas pesquisas identificar por categoria, as principais causas do absenteísmo e da alta rotatividade dos trabalhadores na saúde, bem como, da qualidade do desempenho que não é percebida pela sociedade. 125 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, L. G.; FRANÇA, A. C. L. Estratégias de recursos humanos e gestão de qualidade de vida no trabalho: o stress e a expansão do conceito de qualidade total. Revista de Administração, v. 33, n. 2, p. 40-51, abr. /jun. 1998. ALMALKI, M. J.; FITZGERALD, G.; CLARK, M. The relationship between quality of work life and turnover intention of primary health care nurses in Saudi Arabia. BioMedCentral Health Services Research, v.12, n.314, p.2-11,2012. ALMEIDA, M. A. B.; GUTIERREZ, G. L. Qualidade de vida: discussões contemporâneas. In: VILARTA, R.; GUTIERREZ, G. L.; MONTEIRO, M. I. (Org.). Qualidade de vida: evolução dos conceitos e práticas no século XX. Campinas: Ipes, 2010.206p. ALVES, R. 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The impact of quality of work life on job embeddedness and affective commitment and their co-effect on turnover intention of nurses. Journal of Clinical Nursing, v. 22, n. 5/6, p. 780-788, 2013. 143 GLOSSÁRIO Percepção -Percepção vem do latim “Percipere,” notar, compreender”, originalmente, “pegar, agarrar com a mente”, de Per, “totalmente”, mais Capere,“pegar, agarrar”. lat. perceptio. Ato de perceber, ação de formar mentalmente representações sobre objetos externos a partir dos dados sensoriais. A sensação seria assim a matéria da percepção. Para os empiristas, a percepção é a fonte de todo o conhecimento. "Todas as percepções da mente humana se incluem em dois tipos distintos que chamarei de impressões e ideias. A diferença entre uma e outra consiste nos graus de força e vivacidade segundo os quais atingem a mente chegando até o pensamento e a consciência segundo dicionário filosófico. Qualidade - Qualidade vem do latim de Qualitas, “jeito de ser”. (lat. qualitas, de qualis: qual, de que espécie) 1. Em um sentido genérico, característica ou propriedade de algo. 2. Em Aristóteles, a qualidade é uma das dez categorias, "chamo qualidade aquilo em virtude de que se diz que algo é de uma determinada maneira" (Categorias, 8). Distingue ele, entretanto, várias acepções do termo, segundo as quais se pode caracterizar um objeto como quente ou frio, doente ou são, branco ou preto etc. A qualidade se opõe à quantidade por não ser mensurável, variando apenas de intensidade, e à relação por ser um acidente que modifica a substância de forma intrínseca. 3. Na distinção clássica de Locke (Ensaio sobre o entendimento humano), qualidades primárias são aquelas que um objeto de fato possui, que são inseparáveis dele, p. ex. a solidez, a extensão, a figura etc.; enquanto as qualidades secundárias são aquelas que podem ser separadas, que resultam na realidade de nossa reação às primárias, p. ex. a cor, o cheiro etc. 4. A lógica tradicional caracteriza a qualidade de um juízo ou proposição como a propriedade, segundo a qual estes são afirmativos ou negativos segundo dicionário filosófico. Satisfação - Satisfação vem do latim Satis que significa “bastante, suficiente, em quantidade adequada” e, segundo dicionário Aurélio online, significa contentamento, prazer que resulta da realização do que se espera, do que se deseja. Saúde - Saúde vem do latim Salus, “estado de higidez, conservação (da liberdade, do direito, de qualquer bem), salvação, boa moral”, segundo dicionário filosófico. Trabalho - Trabalho, segundo o filósofo Heráclito, provém de uma raiz que indica algo penoso ao homem. Na língua grega, foi expresso pelos termos: Ponos, que indica um grande esforço; Kámatos, que designa ocupação exigindo capacidade e esforço especial; kopos, que quer dizer esforço corporal e extenuante. Na língua latina, distingue-se entre: Opus, que significa a obra; Labor, designando esforço, sofrimento segundo dicionário filosófico. 144 ANEXO A - APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA 145 146 147 EQUIPE PLATAFORMA BRASIL Prezado, Devido a um erro no sistema Plataforma Brasil, informamos que o número CAAE 19244413.3.0000.5098 do projeto 'A PERCEPÇÃO DOS TRABALHADORES SOBRE A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO EM UMA INSTITUIÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA: um estudo de caso.' foi gerado em um formato indevido. Após identificarmos o problema, foi programado a criação de um novo número CAAE 19244413.3.3001.5119 para o projeto, garantindo a permanência do histórico e de todos os dados do projeto. O procedimento de criação do novo número CAAE foi realizado em 05/04/2014. Desde já agradecemos a compreensão e pedimos desculpas pelo transtorno. Atenciosamente, Equipe Plataforma Brasil. 148 ANEXO B- PARECER DA GERÊNCIA DE PESQUISA DA FHEMIG. 149 APÊNDICE A - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS Trata-se de uma pesquisa que será desenvolvida como tema da dissertação de mestrado. Já foi aprovada pelo Comitê de ética do Centro Universitário UNA (CAAE 19244413.3.0000.5098) e da FHEMIG (PARECER 139/2013). Local em que trabalha:___________________________________Setor ___________ Tempo que trabalha:______anos Cargo:________________________________ Função na FHEMIG:_______________________ Formação:____________________ Sexo: ( )Feminino Masculino ( ) Idade: ( )18 a 25 anos ( ) 26 a 35 anos ( a 45 anos( ) 46 a 60 anos ( ) 60 ou mais ) 36 ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA. 1-Qual a sua concepção sobre qualidade de vida no trabalho (QVT)? ___________________________________________________________________________ 2-Qual a sua percepção da QVT como estratégia para melhoria do desempenho e da qualidade? ____________________________________________________________________________ 3- A QVT satisfatória ou muito satisfatória pode diminuir o absenteísmo e a rotatividade dos profissionais? ____________________________________________________________________________ 4-Qual a sua percepção em relação às condições de trabalho em seu local de trabalho? ____________________________________________________________________________ 5-A QVT pode influenciar na sua trajetória profissional atual? ____________________________________________________________________________ 6-Sr(a) tem experiências positivas e negativas neste aspecto? Positivas ____________________________________________________________________________ Negativas ____________________________________________________________________________ 7-Quais os fatores mais importantes que melhorariam a QVT? Para o Sr(a): ____________________________________________________________________________ E seus colegas de trabalho? Muito obrigada. 150 APÊNDICE B - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS Trata-se de uma pesquisa que será desenvolvida como tema da dissertação de mestrado. Já foi aprovada pelo Comitê de ética do Centro Universitário UNA (CAAE 19244413.3.0000.5098) e da FHEMIG (PARECER 139/2013). Local em que trabalha:___________________________________Setor ___________ Tempo que trabalha:______anos Cargo:______________ Turno de trabalho: Diarista ( ) plantonista dia( ) ou plantonista noite ( ) Função na FHEMIG:_______________________ Formação:____________________ Sexo: ( )Feminino Masculino ( ) Carga horária: ______________________ Idade: ( )18 a 25 anos ( ) 26 a 35 anos ( ) 36 a 45 anos( ) 46 a 60 anos ( ) 60 ou mais Vínculo: Efetivo ( ) contrato ( ) terceirizado ( ) Trabalha somente na FHEMIG ( ) sim ( ) não Escolaridade: Ensino Fundamental incompleto ( ) Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Superior ( ) Especialização latu sensu ( ) Mestrado ( ) Doutorado ( ) É portador de alguma deficiência: visual ( ) física ( ) auditiva( ) nenhuma das opções ( ) Questões fechadas Este questionário é sobre como você se sente a respeito da sua Qualidade de Vida no Trabalho. Por favor, responda todas as questões. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a que lhe parece mais apropriada. Nós estamos perguntando o quanto você está satisfeito(a) em relação a vários aspectos do seu trabalho. Escolha entre as alternativas e coloque um círculo no número que melhor represente a sua opinião. Q1-Em relação ao salário (compensação) justo e adequado. Q2-Em relação as suas condições de trabalho. Q3- Em relação ao uso das suas capacidades no trabalho. Q4-Em relação às oportunidades que você tem no seu trabalho. Q5-Em relação à integração social no seu trabalho. Q6-Em relação ao constitucionalismo (respeito às leis) do seu trabalho. Q7-Em relação ao espaço que o trabalho ocupa na sua vida. Q8-Em relação à relevância social e importância do seu trabalho. Q1.1-O quanto você está satisfeito com o seu salário (remuneração)? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q1.2- O quanto você está satisfeito com seu salário, se você o comparar com o salário dos seus colegas? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 151 Q1.3- O quanto você está satisfeito com as recompensas e a participação em resultados que você recebe da empresa? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q1.4- O quanto você está satisfeito com os benefícios extras (alimentação, transporte, médico, dentista, etc.) que a empresa oferece? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q2.1 – O quanto você está satisfeito com sua jornada de trabalho semanal (quantidade de horas trabalhadas)? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q2.2 – Em relação a sua carga de trabalho (quantidade de trabalho),como você se sente? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q2.3 – Em relação ao uso de tecnologia no trabalho que você faz (ou depende), como você se sente? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q2.4 – O quanto você está satisfeito com a salubridade (condições de trabalho)do seu local de trabalho? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q2.5 – O quanto você está satisfeito com os equipamentos de segurança, proteção individual e coletiva disponibilizados pela empresa? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q2.6 – Em relação ao cansaço que seu trabalho lhe causa, como você se sente? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q3.1–Você está satisfeito com a autonomia (oportunidades de tomar decisões) que possui no seu trabalho? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q3.2 - Você está satisfeito com a importância da tarefa/trabalho/atividade que você faz? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q3.3 – Em relação à polivalência (possibilidade de desempenhar várias tarefas e trabalhos) no trabalho, como você se sente? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q3.4 – O quanto você está satisfeito com a sua avaliação de desempenho (ter conhecimento do quanto bom ou ruim está o seu desempenho no trabalho)? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q3.5 – Em relação à responsabilidade conferida (responsabilidade de trabalho dada a você), como você se sente? Muito insatisfeito Insatisfeito Nem satisfeito nem Satisfeito Muito satisfeito 152 insatisfeito 1 2 3 4 5 Q4.1 – O quanto você está satisfeito com a sua oportunidade de crescimento profissional? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q4.2 – O quanto você está satisfeito com os treinamentos que você faz? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q4.3 – Em relação às situações e a frequência em que ocorrem as demissões no seu trabalho (rescisão de contrato associado ou não a entrada de funcionários concursados), como você se sente? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q4.4 – Em relação ao incentivo que a empresa dá para você estudar, como você se sente? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q5.1 – Em relação à discriminação (social, racial, religiosa, sexual, etc.) no seu trabalho como você se sente? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q5.2 – Em relação ao seu relacionamento com os colegas e chefes no seu trabalho, como você se sente? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q5.3 – Em relação ao comprometimento da sua equipe e colegas com o trabalho, como você se sente? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q5.4 – O quanto você está satisfeito com a valorização de suas ideias e iniciativas no trabalho? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q6.1 – O quanto você está satisfeito com a empresa por ela respeitar os direitos do trabalhador? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q6.2 – O quanto você está satisfeito com sua liberdade de expressão (oportunidade dar suas opiniões) no trabalho? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q6.3 – O quanto você está satisfeito com as normas e regras do seu trabalho? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q6.4 – Em relação ao respeito a sua individualidade (características individuais e particularidades) no trabalho, como você se sente? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q7.1 – O quanto você está satisfeito com a influência do trabalho sobre sua vida/rotina familiar? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 153 Q7.2 – O quanto você está satisfeito com a influência do trabalho sobre sua possibilidade de lazer? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q7.3 – O quanto você está satisfeito com seus horários de trabalho e de descanso? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q8.1 – Em relação ao orgulho de realizar o seu trabalho, como você se sente? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q8.2 – Você está satisfeito com a imagem que esta empresa tem perante a sociedade? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q8.3 – O quanto você está satisfeito com a integração comunitária (contribuição com a sociedade) que a empresa tem? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q8.4 – O quanto você está satisfeito com os serviços prestados e a qualidade dos produtos que a empresa fabrica, isto é, qualidade do serviço prestado? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Q8.5 – O quanto você está satisfeito com a política de recursos humanos (a forma da empresa tratar os funcionários)que a empresa tem? Nem satisfeito nem Muito insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito insatisfeito 1 2 3 4 5 Muito obrigada. Questionário O questionário somente pode ser respondido em única vez durante o período da pesquisa. Questões abertas: 1-O que é qualidade de vida no trabalho para você? _________________________________________ 2-Qual a importância da qualidade de vida no trabalho para você? __________________________________________________________________________ 3-Você percebe a qualidade de vida no trabalho na instituição em que trabalha? _____________________________________________________________________ 4-Para você quais os pontos positivos da qualidade de vida no trabalho na instituição em que trabalha?____________________________________________________________________ 5-Cite sugestões para melhoria da qualidade de vida no trabalho? ______________________________________________ 6- Você está satisfeito com seu trabalho? _______________________________________________ 7- A motivação é importante para execução do seu trabalho? _____________________ 154 APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Título da Pesquisa: A percepção dos trabalhadores sobre a qualidade de vida no trabalho em uma instituição de saúde pública: um estudo de caso. Nome do Pesquisador Principal: Cláudia Aparecida Avelar Ferreira Orientador(a): Fernanda Carla Wasner Vasconcelos 1. Natureza da pesquisa: o sra(sr.) está sendo convidada(o) a participar desta pesquisa que tem como finalidade avaliar a percepção dos trabalhadores sobre a qualidade de vida no trabalho em uma instituição de saúde pública(FHEMIG). 2. Participantes da pesquisa: trabalhadores da FHEMIG. 3. Envolvimento na pesquisa: ao participar deste estudo o sr(sra)permitirá que a pesquisadora Cláudia Aparecida Avelar Ferreira faça a entrevista, auxiliada por um gravador digital, e/ou aplique o questionário com questões abertas e fechadas. O sr(sra) tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo para o sr(sra) Sempre que quiser poderá pedir mais informações sobre a pesquisa através do telefone do(a) pesquisador(a) do projeto e, se necessário, através do telefone do Comitê de Ética em Pesquisa. 4. Sobre as entrevistas e questionários: A entrevista será agendada com o diretor em local e horário a combinar (Anexo 1). Será gravada para posterior transcrição. Os questionários serão disponibilizados via facebook, intranet e encaminhados aos diretores e gerentes para aplicação na instituição. 5. Riscos e desconforto: a participação nesta pesquisa não traz complicações legais. Os procedimentos adotados nesta pesquisa obedecem aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução no. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Nenhum dos procedimentos usados oferece riscos a sua dignidade. 6. Confidencialidade: todas as informações coletadas neste estudo são estritamente confidenciais. Somente a pesquisadora e a orientadora terão conhecimento dos dados. 7. Benefícios: ao participar desta pesquisa o sr(sra) não terá nenhum benefício direto. Entretanto, esperamos que este estudo traga informações importantes sobre a qualidade de vida no trabalho, de forma que o conhecimento que será construído a partir desta pesquisa 155 possa contribuir ou subsidiar melhoria no trabalho, onde a pesquisadora se compromete a divulgar os resultados obtidos. 8. Pagamento: o sr(sra) não terá nenhum tipo de despesa para participar desta pesquisa, bem como nada será pago por sua participação. Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar desta pesquisa. Portanto, preencha, por favor, os itens que se seguem. Obs: Não assine esse termo se ainda tiver dúvida a respeito. Consentimento Livre e Esclarecido Tendo em vista o site acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida, manifesto meu consentimento em participar da pesquisa. Declaro que recebi cópia deste termo de consentimento e autorizo a realização da pesquisa e a divulgação dos dados obtidos neste estudo. Assinaturas: Pesquisador Orientadora Pesquisador Principal: Cláudia Aparecida Avelar Ferreira -3508-9123 Contato: email: [email protected] Demais pesquisadores: Fernanda Carla Wasner Vasconcelos -3508-9108 Comitê de Ética em Pesquisa: Rua Guajajaras, 175, 4o andar – Belo Horizonte/MG. 156 APÊNDICE D - FOTOS DE DIVULGAÇÃO DA PESQUISA DA FHEMIG. 157 158 159 160 APÊNDICE E - TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA IMAGENS E DEPOIMENTOS.