ISSN 1984-9354 O PAPEL DOS TÉCNICOS EM ASSUNTOS EDUCACIONAIS EM UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR: ATRIBUIÇÕES E PROPOSTAS DE AÇÃO Adriana Manzolillo Sanseverino, Silvio Figueiredo Gomes Júnior (Universidade Federal Fluminense) Resumo: Técnico em Assuntos Educacionais (TAE) é um cargo público que possui como requisito de qualificação para ingresso o curso superior em Pedagogia ou Licenciaturas. A descrição do cargo registra atividades de planejamento, orientação, supervisão, elaboração de projetos de extensão, pesquisas acadêmicas, entre outras. Sua formação pedagógica e a natureza do cargo revelam, portanto, que as contribuições do TAE extrapolam o administrativo... No entanto, nas universidades públicas, verifica-se que esses servidores têm executado rotinas essencialmente administrativas. Este artigo apresenta um estudo sobre a natureza das atribuições do cargo Técnico em Assuntos Educacionais e as atividades efetivamente desempenhadas por esse grupo de servidores públicos. O estudo constitui etapa inicial de uma pesquisa e tem como objetivo conhecer as tarefas realizadas pelos Técnicos em Assuntos Educacionais em uma Instituição Federal de Ensino Superior e suas propostas de atuação. A metodologia utilizada está inserida na perspectiva da Pesquisa-ação. Além da pesquisa bibliográfica e documental, foi realizado um levantamento das atividades desenvolvidas, aplicando-se questionário direcionado aos Técnicos em Assuntos Educacionais de uma instituição localizada no Estado do Rio de Janeiro. Os resultados alcançados serão utilizados como subsídios para a elaboração de um Plano de Ação para esse profissional, buscando a sua essência no tripé Ensino, Pesquisa e Extensão, finalidades maiores da universidade. Palavras-chaves: Técnico em Assuntos Educacionais; universidade; educação; gestão de pessoas X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 1. INTRODUÇÃO Ensino, Pesquisa e Extensão constituem as finalidades da Educação Superior, traduzem a essência da universidade. Ser, refletir, saber, pensar, fazer, pesquisar, analisar, compartilhar, dialogar fazem parte desse processo. Conhecimento que se constrói coletivamente... Educação é, assim, processo, convive com a diversidade, a pluralidade de ideias, pensamentos, valores, interesses, necessidades, desejos dos sujeitos envolvidos em seu cotidiano. São as pessoas que frequentam, estudam, atuam e trabalham nas instituições de ensino que emprestam VIDA a esses espaços. Pensar a universidade pública como uma instituição social (Chauí, 2003) implica reconhecer essa complexidade, perceber os encontros e desencontros, conflitos, contradições, divergências, opiniões que são próprios da sociedade. Enquanto instituição social, a universidade acompanha as transformações sociais, políticas e econômicas. E se os sujeitos emprestam VIDA à universidade, é preciso avaliar quais são as suas contribuições para favorecer o processo de ensino-aprendizagem, de pesquisa e extensão, viabilizar um espaço de construção coletiva do conhecimento e possibilitar uma formação consciente e crítica. Os espaços da universidade pública são, dessa maneira, compartilhados / disputados por alunos, docentes e técnicos administrativos. O cotidiano dessa instituição revela relações de poder, dividindo trabalho intelectual e trabalho administrativo... Dicotomia que se evidencia ainda mais no trabalho do Técnico em Assuntos Educacionais (TAE)... O Ofício Circular nº 015/2005/CGGP/SAA/SE/MEC (BRASIL, Ministério da Educação, 2005) enviado aos Dirigentes de Gestão de Pessoas das Instituições Federais de Ensino encaminhou a descrição dos cargos técnico-administrativos em educação. Conforme registrado no referido documento, é exigido curso superior em Pedagogia ou Licenciaturas como requisito de qualificação para ingresso no cargo de Técnico em Assuntos Educacionais. Sua formação pedagógica e a natureza do cargo revelam, portanto, que as contribuições do TAE extrapolam o administrativo... No entanto, nas universidades públicas, verifica-se que esses servidores têm executado rotinas essencialmente administrativas... 2 X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 Dessa maneira, o problema de pesquisa pode ser evidenciado na seguinte pergunta: Como o Técnico em Assuntos Educacionais pode contribuir nas atividades de ensino, pesquisa e extensão? O presente estudo constitui etapa inicial desta pesquisa e tem como objetivo geral conhecer as atividades desempenhadas pelos Técnicos em Assuntos Educacionais na Universidade Federal Fluminense (UFF) e suas propostas de atuação. A partir desse levantamento, será possível, então, elaborar um Plano de Ação para esse profissional no Instituto de Educação de Angra dos Reis (IEAR / UFF), buscando a sua essência no tripé Ensino, Pesquisa e Extensão, finalidades maiores da universidade. A discussão sobre as atribuições do Técnico em Assuntos Educacionais, bem como suas contribuições para o desenvolvimento das atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão, insere-se no contexto dos especialistas em educação e necessita dialogar com a história e a identidade desses profissionais, com o campo epistemológico da Pedagogia, com seu espaço de atuação – a universidade, reconhecida em sua diversidade e complexidade. Além disso, considerando-se o objetivo geral da pesquisa que motivou esse estudo, é interessante buscar contribuições nas áreas de Gestão do Conhecimento e Gestão de Pessoas. Este estudo está estruturado em cinco seções. A Introdução apresenta o contexto da pesquisa, a situação problema e o objetivo do estudo. Em seguida, o Referencial Teórico fundamenta a discussão a partir dos temas: Especialistas em Educação; Universidade; Gestão do Conhecimento e Gestão de Pessoas. Na sequência, a Metodologia utilizada relaciona-se com o referencial teórico adotado por estar inserida na perspectiva da Pesquisa-ação. Logo após, há a Apresentação e Análise de Resultados. Por último, destacam-se as Conclusões do trabalho. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. Especialistas em Educação A categoria funcional de Técnico em Assuntos Educacionais (TAE) foi criada pelo Plano de Cargos e Salários (PCC) instituído pela Lei No 5.645, de 10 de dezembro de 1970, que estabelece diretrizes para a classificação de cargos do Serviço Civil da União e das autarquias federais. Em seu Art. 2º, inciso IX, registra o Grupo “Outras Atividades de Nível Superior”. O Decreto No 72.493, de 1º de julho de 1973, dispõe sobre o esse Grupo. No Art. 3º, encontra-se a categoria funcional do TAE. No Art. 5º, inciso XXV, estão listados os cargos que 3 X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 poderão integrar essa categoria, “mediante transposição” – Técnico de Educação, Sociológo, Psicólogo, Inspetor de Ensino e Instrutor de Ensino Superior, do Ministério da Educação e Cultura – e “por transformação” – Assistente de Educação. Além disso, em seu Art. 10, o referido decreto registra que o ingresso nas categorias funcionais desse grupo será feito por concurso público e para o cargo de Técnico em Assuntos Educacionais será exigido diploma de bacharel em Pedagogia ou dos cursos superiores de Psicologia, Filosofia, Ciências sociais e Educação Física, conforme explícito no parágrafo único, alínea g. A Portaria no 146, de 17 de agosto de 1973, do Departamento Administrativo do Pessoal Civil (DASP), estabelece as especificações de classes do Grupo Outras Atividades de Nível Superior, a que se refere o artigo 2º, item IX, da Lei n.º 5.645, de 10 de dezembro de 1970. Para cada categoria, é apresentada a descrição sumária das atribuições de cada classe e exemplos típicos de trabalhos da classe. O Decreto no 76.640, de 19 de novembro de 1975, alterou a redação da alínea “g" do parágrafo único do Art. 10 do Decreto no 72.493, de 19 de julho de 1973, registrando como requisito para ingresso no cargo diploma de curso superior. Além disso, a transposição ou transformação de empregos para a categoria de Técnico em Assuntos Educacionais passou a observar esse requisito, conforme redação dada pelo Artigo 5º. Nesse sentido, percebe-se certa incoerência entre o requisito citado e especificidade da atuação do Técnico em Assuntos Educacionais... Além desses dispositivos, no documento “Considerações sobre a situação atual dos Técnicos em Assuntos Educacionais no MEC” (BRASIL/MEC, 1979, p. 25), encontra-se referência à “Portaria SEA nº21, de 22 de julho de 1976”, “que estabelece as normas de atuação do TAE no âmbito do MEC”, e à “Portaria DAU nº67, de 06 de outubro de 1977”, “que estabelece as normas e diretrizes para supervisão e orientação do ensino superior, junto às IES particulares isoladas”. É interessante destacar, que o documento (BRASIL/MEC, 1979) apontou, já nessa época, a indefinição do papel do TAE, o aproveitamento inadequado da força de trabalho e o desvio de função, assim como considerou a falta de motivação desses servidores e o sentimento de desvalorização profissional inerente a essa situação... O Decreto Nº 83.989, de 18 de setembro de 1979, em seu Art. 3º, estabelece que as classes integrantes das categorias funcionais do Grupo Outras Atividades de Nível Superior serão distribuídas, na forma do disposto no Artigo 5º da Lei nº 6.550, de 05 de julho de 1978, em sete níveis hierárquicos, relacionando as características para cada especialidade. 4 X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 O Art. 6º estabelece os critérios para a integração de cargos e empregos, registrando-se no inciso XXIX: Na Categoria Funcional de Técnico em Assuntos Educacionais, por transposição, os cargos de Técnico em Educação, e os empregos de Técnico em Educação, Técnico em Assuntos Educacionais, Técnico em Pedagogia, Assessor de Educação, os cargos ou empregos de Assistente Técnico, Supervisor, Inspetor de Ensino, Administrador Escolar, Orientador Pedagógico e de Assistente de Educação, cujos ocupantes possuam habilitação para o exercício da atividade. Posteriormente, o Decreto No 94.664, de 23 de julho de 1987, aprovou o Plano Único de Classificação e Retribuição de Cargos e Empregos (PUCRCE), de que trata a Lei No 7.596, de 10 de abril de 1987. O Art. 21 registra que “haverá, em cada IFE, uma Comissão Permanente de Pessoal Técnico-Administrativo – CPPTA”. A Portaria nº 475, de 26 de agosto de 1987, expede Normas Complementares para a execução do Decreto n° 94.664, de 23 de julho de 1987. Em seu Art. 14 são estabelecidas as atribuições da CPPTA. Atualmente, o Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação (PCCTAE), no âmbito das Instituições Federais de Ensino vinculadas ao Ministério da Educação, é regido pela Lei No 11.091, de 12 de janeiro de 2005. A descrição do cargo de Técnico em Assuntos Educacionais, conforme Ofício Circular nº 015/2005/CGGP/SAA/SE/MEC (BRASIL, Ministério da Educação, 2005) registra que esse profissional deverá “coordenar as atividades de ensino, planejamento e orientação, supervisionando e avaliando estas atividades, para assegurar a regularidade do desenvolvimento do processo educativo. Assessorar nas atividades de ensino, pesquisa e extensão.” Como requisito de qualificação para ingresso no cargo, é necessário curso superior em Pedagogia ou Licenciaturas. O Decreto No 5.707, de 23 de fevereiro de 2006, institui a Política e as Diretrizes para o Desenvolvimento de Pessoal da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, e regulamenta dispositivos da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Recentemente, a Portaria No 27, de 15 de janeiro de 2014, instituiu o Plano Nacional de Desenvolvimento Profissional dos servidores integrantes do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação, no âmbito das Instituições Federais de Ensino vinculadas ao Ministério da Educação. 5 X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 Dessa maneira, discutir sobre a atuação do Técnico em Assuntos Educacionais na universidade implica, também, refletir sobre a formação dos profissionais da educação... A discussão nacional sobre o curso de Pedagogia e os cursos de Licenciatura iniciou-se com a I Conferência Brasileira de Educação, realizada em São Paulo, em 1980 (LIBÂNEO e PIMENTA, 2011). A Pedagogia como uma Licenciatura foi regulamentada pelo Conselho Nacional de Educação que homologou as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Pedagogia, em 15 de maio de 2006, através da Resolução CNE/CP No. 1. Franco, Libâneo e Pimenta (2007, p. 63) afirmam que a referida Resolução “trouxe mais problemas que soluções”, evidenciando a polêmica que envolve a especificidade do campo científico e profissional da Pedagogia. A modalidade Licenciatura, definida pelas diretrizes curriculares, reduz a Pedagogia à docência. Contrário a esse reducionismo, Libâneo (2011, p. 72) defende: a) A pedagogia é a teoria e a prática da educação. Mediante conhecimentos científicos, filosóficos e técnico-profissionais, investiga a realidade educacional sempre em transformação, para explicitar objetivos e processos de intervenção metodológica e organizativa referentes à transmissão-assimilação de saberes e modos de ação. Ela busca o entendimento, global e intencionalmente dirigido, dos problemas educativos e, para isso, recorre aos aportes teóricos providos pelas demais ciências da educação. b) O pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação de saberes e modos de ação, tendo em vista objetivos de formação humana previamente definidos em sua contextualização histórica. É preciso considerar ainda que as demais Licenciaturas dialogam com as diferentes áreas do conhecimento: Matemática, Letras, Biologia, História, Geografia, Física, Química... Nesse sentido, é fundamental reconhecer que os Técnicos em Assuntos Educacionais das universidades possuem formação diversa, embora seja única a descrição do cargo. Tal situação torna ainda mais complexa a sua prática... Gonçalves, Abensur e Queiroz (2009) discutem a identidade dos profissionais da educação – Pedagogo e Técnico em Assuntos Educacionais – na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (RFEPCT). Os autores destacam as suas atribuições, conforme descritas pelo Ministério da Educação por meio do Ofício Circular n° 15/2005 CGGP/ SAA/SE/MEC, e evidenciam a natureza pedagógica do trabalho realizado por esses profissionais. Gonçalves, Abensur e Queiroz (2009, p. 14) exemplificam: 6 X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 Na prática, tanto os Pedagogos como os Técnicos em Assuntos Educacionais que integram o quadro de servidores da RFEPCT realizam atividades de coordenação, supervisão, orientação e planejamento na educação básica. Atividades estas desenvolvidas tanto nos Campi como nas Reitorias: supervisão pedagógica; orientação educacional; planejamento de atividades pedagógicas e educacionais; controle e registros acadêmicos; definição de políticas de educação para a RFEPCT; assessoramento em relação à legislação educacional; organização e desenvolvimento curricular; coordenação de processos seletivos; relação escola, comunidade escolar e mundo do trabalho; gestão do projeto político-pedagógico; formação continuada de professores; gestão da inovação tecnológica, entre outras. Nesse sentido, Pio (2012) também contribui ao realizar estudo sobre o processo identitárioprofissional dos técnicos em assuntos educacionais do Colégio Pedro II que atuam como pedagogo / orientador educacional no Setor de Supervisão e Orientação Pedagógica. Pio (2012, p. 140) conclui, afirmando que “o pedagogo escolar, representado pelo nome que seja, faz a diferença no processo educacional do país”. Portanto, sejam Bacharel, Pedagogo ou Licenciado nas diferentes áreas de conhecimento, os Técnicos em Assuntos Educacionais são profissionais da educação, a natureza de seu trabalho é pedagógica e a universidade é o seu espaço de atuação. Diversidade agrega valor ao processo e inclusão é prioridade no espaço que se identifica como democrático. 2.2. Universidade Chauí (2001, p. 35) define universidade como uma instituição social e, por isso, “realiza e exprime de modo determinado a sociedade de que é e faz parte”, revelando-se como "expressão historicamente determinanda de uma sociedade determinada”. Para Penteado (1998, p. 20) a universidade é uma “organização complexa por sua condição de instituição especializada, objetivos diversificados, imprecisos e executora de múltiplas funções”, sendo necessário “entender seu modo organizacional marcado por uma rede compartilhada de relações, intersubjetividades e conflitos nem sempre bem percebidos”. Além disso, Penteado (1998, p. 27) afirma que “não existe a universidade brasileira, mas universidades brasileiras”, resultando diferentes modelos. A autora evidencia, assim, a fragmentação da identidade da universidade brasileira. Ao discutir autonomia universitária, Penteado (1998, p. 40) considera a transparência, a participação democrática, a liberdade de expressão, a pluralidade de ideias, a relação entre representantes e representados, ressaltando que cabe à universidade “estabelecer a democratização em todos os seus níveis de gestão como fruto de participação”. 7 X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 Considerando o contexto atual de mundo globalizado, seus avanços e suas mazelas, Filho (2008, p. 172) questiona a função da universidade e também reconhece a sua complexidade, destacando que é preciso “construir no Brasil um tipo diferente e renovado de instituição acadêmica, capaz de atuar como instrumento de integração social e política entre países, culturas e povos, em contraposição aos efeitos perversos do globalitarismo”. Além disso, o autor ressalta a importância do respeito às diferenças e à diversidade, sendo fundamental favorecer a troca interpessoal e estabelecer um fluxo de aprendizagem em dois sentidos a fim de se compartilhar o conhecimento. Filho (2008, p. 173 e 174) propõe: A universidade renovada terá que avançar além do desenvolvimento moral (como a universidade escolástica), do desenvolvimento cultural (como a universidade de arte-cultura), e do desenvolvimento econômico (como a universidade de pesquisa), para alcançar o verdadeiro desenvolvimento social sustentável. Isto implica construir uma universidade renovada de fato como uma instituição profundamente comprometida na produção crítica do conhecimento como um elevado valor humano. A constituição da universidade renovada deve ser buscada por meio de propostas realistas e ações concretas, enquanto reforça a rede de trocas acadêmicas em artecultura e ciência-tecnologia que já opera nos registros multicultural, interdisciplinar e transnacional. Mais que tudo, isto implica fazer da universidade renovada uma instituição verdadeiramente pública, aberta ao controle e à participação política das comunidades às quais ela serve. Para tanto, é fundamental que os sujeitos que emprestam VIDA à universidade apropriemse, conscientemente, do seu fazer, procurem compreender as questões suscitadas por sua prática, percebam a relevância do seu trabalho para a realização das mudanças necessárias. É preciso “assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos” (FREIRE, 1998, p. 46). 2.3. Gestão do Conhecimento Takeuchi e Nonaka (2008) revelam o processo de criação do conhecimento nas organizações, destacando a relevância da gestão do conhecimento para a sobrevivência das empresas que enfrentam um ambiente marcado pela competitividade e mudanças aceleradas. Os autores acolhem os opostos, a complexidade, o paradoxo, o diálogo, a discussão, a interação, a partilha, as diferentes experiências, o dinamismo. Para Takeuchi e Nonaka (2008, p. 21), “a chave para liderar o processo de criação do conhecimento é o raciocínio dialético, que transcende e sintetiza essas contradições”. 8 X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 Takeuchi e Nonaka (2008, p. 19) propõem uma teoria da criação do conhecimento, cuja base é a diferenciação entre o conhecimento explícito e o tácito: O conhecimento explícito pode ser expresso em palavras, números ou sons, e compartilhado na forma de dados, fórmulas científicas, recursos visuais, fitas de áudio, especificações de produtos ou manuais. O conhecimento explícito pode ser rapidamente transmitido aos indivíduos, formal e sistematicamente. O conhecimento tácito, por outro lado, não é facilmente visível e explicável. Pelo contrário, é altamente pessoal e difícil de formalizar, tornando-se de comunicação e compartilhameno dificultoso. As intuições e os palpites subjetivos estão sob a rubrica do conhecimento tácito. O conhecimento tácito está profundamente enraizado nas ações e na experiência corporal do indivíduo, assim como nos ideais, valores ou emoções que ele incorpora. Os autores consideram as dimensões da criação do conhecimento – epistemológica e ontológica – e representam a interação entre conhecimento tácito e explícito através de uma espiral que abrange os quatro modos de conversão do conhecimento: socialização, internalização, externalização e combinação. Takeuchi e Nonaka (2008, p. 59) ressaltam que “essa conversão é um processo ‘social’ entre indivíduos e não confinado em um único indivíduo”. Trata-se de um modelo dinâmico que “está ancorado no pressuposto crítico de que o conhecimento humano é criado e expandido através da interação social entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito” (TAKEUCHI e NONAKA, 2008, p. 59). Considerando o contexto acadêmico e suas especificidades, Leite e Costa (2007) investigam a relação entre a gestão do conhecimento e os processos de comunicação científica a fim de propor um modelo conceitual de gestão do conhecimento científico. Em sua análise, os autores identificam os elementos relevantes para a construção do referido modelo, evidenciando a relação entre eles. Leite e Costa (2007, p. 98) esclarecem: ...os pressupostos da gestão do conhecimento, os aspectos relacionados ao conhecimento e, mais especificamente, ao conhecimento científico, juntamente com os processos de comunicação científica, são elementos que influenciam sistematicamente o desenvolvimento da gestão do conhecimento científico no contexto acadêmico. Da mesma forma, as questões relacionadas com o conhecimento e os pressupostos da gestão do conhecimento influenciam e são influenciados pela comunicação científica. Todos esses elementos estão dispostos em um contexto acadêmico, o qual possui características culturais próprias que são influenciadas por uma cultura científica maior. O contexto acadêmico, por sua vez, influencia todos os relacionamentos entre comunicação científica, aspectos do conhecimento e pressupostos da gestão do conhecimento, refletindo, por consequência, na gestão do conhecimento científico. 9 X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 Em relação às características culturais do ambiente acadêmico, Leite e Costa (2007, p. 95) ressaltam que “a cultura organizacional de uma universidade reflete aspectos de uma cultura científica” e que a “cultura científica/organizacional regula as interações, influencia a percepção e contribui para a formação dos valores próprios de uma instituição acadêmica”. 2.4. Gestão de Pessoas Ambiente mutável e imprevisível, competitividade, globalização da economia, avanço tecnológico, movimentos sociais, entre outras questões, impulsionam as transformações no mundo e modificam as relações de trabalho e a interação entre as pessoas e as organizações. As pessoas deixam de ser consideradas recursos da organização, tornando-se parceiras (CHIAVENATO, 2009). No que se refere às organizações públicas, Magalhães et. al. (2010, p. 56-57) ressaltam que alguns países começaram a discutir o modelo de gestão adotado por seus governos nas últimas décadas do século XX, “tendo como propósito mudanças no gerenciamento do setor público, que poderiam tornar as organizações mais ágeis e eficientes, reduzir os custos e melhorar a satisfação no atendimento às necessidades da sociedade”. Considerando o contexto de reformas da gestão pública e o papel essencial da área de recursos humanos nesse processo, Magalhães et. al. (2010, p. 56) afirmam a importância do treinamento como política de recursos humanos imprescindível para a implementação das reformas necessárias, ressaltando que capacitação dos profissionais é fundamental, pois “são as pessoas que colocam em prática tais mudanças”. Em relação às instituições de ensino superior (IFEs), é interessante destacar o estudo proposto por Magalhães et. al. (2010) a fim de identificar como o treinamento influencia a prática dos servidores técnico-administrativos da Universidade Federal de Viçosa, a partir da percepção dos treinados e dos dirigentes da referida instituição. Em sua análise, os autores verificaram os elementos que impactam a dinâmica do processo de aperfeiçoamento dos profissionais e produzem diversos resultados, positivos ou negativos. Magalhães et. al. (2010, p. 83) reconhecem os avanços, mas apontam que há ainda muitos desafios a serem enfrentados: Na exposição realizada a respeito da conjuntura de recursos humanos no setor público, especialmente em relação à política de treinamento em Ifes, observa-se que houve alguns avanços, devido à necessidade de mudanças impostas pela reforma do Estado. Embora essas mudanças, como a Lei No 11.091/2005, 10 X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 representem um progresso na questão do desenvolvimento de recursos humanos, muito ainda precisa ser feito para que a qualificação de pessoal alcance um patamar que atenda plenamente as necessidades da sociedade. Os avanços na área de RH ainda são insuficientes, em razão de não existir políticas integradas de recursos humanos nas organizações do setor público, especialmente nas universidades. A área de RH precisa ter uma posição estratégica, o que pode facilitar a criação de políticas de recursos humanos integradas, que são essenciais para que os resultados das ações dessa área sejam satisfatórios. Nesse processo é primordial reconhecer a complexidade e a dinâmica das interações entre as pessoas e a organização, considerando suas necessidades, expectativas e interesses diversos. Chiavenato (2009, p. 190) afirma que “a interdependência de necessidades da organização e do indíviduo é imensa, pois tanto as vidas como os objetivos de ambos estão inseparavelmente ligados e entrelaçados” e ressalta que “o relacionamento indivíduo versus organização nem sempre é um relacionamento cooperativo e satisfatório. Muitas vezes, é um relacionamento tenso e conflitivo”. O estudo realizado por Teixeira (2012) teve como objetivo analisar a satisfação no trabalho na perspectiva dos Assistentes em Administração da Universidade Federal Fluminense. Teixeira (2012, p. 46) percebe a relação entre as expectativas dos profissionais e o trabalho realizado: O entendimento das expectativas dos trabalhadores é um dos primeiros passos para o gerenciamento do ambiente de trabalho e permite avaliar a relação da força de trabalho com a instituição, como também a qualidade que advêm do trabalho realizado. É evidente que a melhoria do nível de realização individual do trabalhador irá incidir diretamente na qualidade das tarefas por ele realizadas e, num ciclo virtuoso, nos interesses da instituição; pensando de forma específica nesta Universidade, no planejamento e execução do “fazer acadêmico” de forma competente e democraticamente sujeito aos interesses da sociedade. Portanto o processo de gestão de pessoas vai muito além das funções clássicas da Administração de Recursos Humanos de seleção, treinamento, desenvolvimento e avaliação que desconsideram a dimensão subjetiva, defendida por Davel e Vergara (2013, p. 21): Seres humanos não podem ser entendidos, se a busca desse entendimento não estiver alimentada por um pensamento filosófico, ético, político e cultural. Considerar a subjetividade nas organizações significa que as pessoas estão em ação e em permanente interação, dotadas de vida interior e que expressam sua subjetividade por meio da palavra e de comportamentos não verbais. A linguagem controla e estrutura as possibilidades de ação das pessoas. Se a linguagem é o veículo privilegiado da subjetividade, a vida psíquica é seu fundamento. O ser humano, ser de desejo e de pulsão, como define a psicanálise, é dotado de uma vida interior, fruto de sua história pessoal e social. 11 X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 Inserida nesse contexto, a Universidade Federal Fluminense (UFF), através da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGEPE), desenvolve o Programa Institucional “Dimensionamento e Análise da Força de Trabalho Técnico-Administrativa da UFF”, aprovado em 2010 pela Comissão Mista de Orçamento e Metas da Universidade. O referido programa prevê três os eixos de atuação: Dimensionamento da Força de Trabalho; Impacto da Capacitação sobre a dinâmica da UFF; e Mapeamento de Competências. 3. METODOLOGIA Inicialmente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e documental que fundamentou a discussão sobre as atribuições do Técnico em Assuntos Educacionais e suas contribuições para o desenvolvimento das atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão. Dessa maneira, foram considerados os dispositivos legais relativos ao cargo e as contribuições teóricas relacionadas aos Especialistas da Educação e a Universidade, bem como às áreas de Gestão do Conhecimento e Gestão de Pessoas. Em seguida, a metodologia utilizada está inserida na perspectiva da Pesquisa-ação, considerando-se as contribuições de Thiollent (2009) e Holliday (2006, p. 26). Justifica-se a sua escolha, pois acredita-se que a pesquisa-ação constitui uma proposta de trabalho de pesquisa social, de caráter interrogativo-crítico, que valoriza a interação e a busca de autonomia coletiva. Além disso, a sistematização de experiências proposta por Holliday (2006), fundamentada na concepção metodológica dialética, revela-se enquanto processo participativo que pretende refletir teoricamente sobre os conhecimentos surgidos a partir de práticas sociais concretas e, assim, criar novos conhecimentos. Como instrumento de coleta de dados foi aplicado um questionário direcionado aos Técnicos em Assuntos Educacionais da Universidade Federal Fluminense. Para elaboração do questionário foram consideradas as orientações de Thiollent (2009) e a descrição do cargo, conforme Ofício Circular nº 015/2005/CGGP/SAA/SE/MEC (BRASIL, Ministério da Educação, 2005). Em relação ao conteúdo das perguntas (THIOLLENT, 2009), o questionário incluiu: “perguntas de identificação” (formação do servidor; local de trabalho; tempo de serviço no cargo); 12 X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 “perguntas de descrição e avaliação” (natureza das atividades desempenhadas; atividades realizadas segundo a descrição do cargo; outras atividades desenvolvidas); “perguntas sobre possíveis propostas de ação” (atividades a serem propostas conforme formação do servidor e as atribuições do TAE). O questionário foi enviado no mês de dezembro de 2013, sendo reenviado em janeiro e fevereiro de 2014, a fim de garantir o recebimento pelos respondentes e melhorar o índice de retorno para a pesquisa. Como havia 106 TAEs em exercício na UFF, optou-se por enviar o questionário a todos. Excluindo-se a autora deste trabalho (também Técnico em Assuntos Educacionais da UFF), o total foi de 105 questionários enviados por email, diretamente para o servidor ou para o setor de sua lotação. Apenas 01 email retornou após todas as tentativas e não foi possível contato com o servidor. Participaram 37 respondentes. Os dados foram coletados em uma planilha eletrônica e sua análise considerou a proposta de Thiollent (2009). 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS A Tabela 1 mostra o total de Técnicos em Assuntos Educacionais, conforme classificação adotada por cada respondente sobre a natureza das atividades que realiza. Tabela 1 – Natureza das atividades desenvolvidas pelos TAEs Natureza das atividades Administrativa Administrativa-pedagógica Pedagógica Fonte: Dados da Pesquisa TAE 20 17 0 Ainda que a diferença entre a natureza administrativa e a administrativa-pedagógica seja pequena, prevaleceu a primeira. Além disso, nenhum servidor considerou que suas tarefas sejam de natureza pedagógica. Na Tabela 2 encontram-se as atividades integrantes da descrição do cargo e a quantidade de TAEs que realizam tais tarefas. Tabela 2 – Atividades descritas para o cargo e a quantidade de TAEs 13 X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 Atividades conforme descrição do cargo Planejar, supervisionar, analisar e reformular o processo de ensino aprendizagem, traçando metas, estabelecendo normas, orientando e A supervisionando o cumprimento do mesmo e criando ou modificando processos educativos de estreita articulação com os demais componentes do sistema educacional para proporcionar educação integral dos alunos. B Elaborar projetos de extensão C Realizar trabalhos estatísticos específicos D Elaborar apostilas E Orientar pesquisas acadêmicas F Utilizar recursos de Informática Executar outras tarefas de mesma natureza e nível de complexidade G associadas ao ambiente organizacional Fonte: Dados da Pesquisa TAE 3 9 16 6 3 31 24 De acordo com os dados da Tabela 2, apenas 3 respondentes desempenham funções de planejamento, supervisão e análise do processo educativo, consideradas típicas para o cargo. O mesmo verifica-se para a atividade de orientação de pesquisas acadêmicas. Por outro lado, 31 respondentes afirmaram utilizar recursos de Informática. Como tais recursos são amplamente usados no desempenho das mais variadas funções e cargos na universidade, não caberia, nos dias atuais, classificar tal tarefa como atividade típica do cargo. Apesar de 24 TAEs afirmarem que realizam “outras tarefas de mesma natureza e nível de complexidade associadas ao ambiente organizacional”, suas respostas à pergunta seguinte (“Que outras atividades você desenvolve?”) revelaram também atividades de natureza administrativa. A Tabela 3 relaciona a lotação do servidor e a natureza das atividades desempenhadas. Para tanto, agruparam-se as respostas conforme a lotação dos servidores, observando-se o organograma da Universidade Federal Fluminense, disponibilizado em seu sítio eletrônico. Tabela 3 – Relação entre a lotação do servidor e a natureza de suas atividades Total de atividades Total de atividades Total de atividades administrativas administrativas-pedagógicas pedagógicas Reitoria 8 10 0 Unidade de Ensino 12 6 0 Órgão Suplementar 0 1 0 Total 20 17 0 Fonte: Dados da Pesquisa Lotação 14 X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 Os dados mostram que dos 18 TAEs lotados na Reitoria, 10 realizam atividades de natureza administrativa-pedagógica e 08 executam tarefas administrativas, revelando, portanto, uma pequena diferença. No entanto, nas Unidades de Ensino, dos 18 TAEs lotados, 06 realizam atividades de natureza administrativa-pedagógica, enquanto que 12 exercem atividades administrativas, evidenciando uma diferença de 50%. Como as Unidades de Ensino estão envolvidas diretamente com o processo educativo da universidade, esperava-se que os TAEs estivessem desenvolvendo mais atividades de natureza pedagógica ou, pelo menos, administrativa-pedagógica. Nesse sentido, a diferença de 50% a mais de atividades de natureza administrativa destaca-se por distanciar o servidor das atribuições inerentes ao seu cargo. A Tabela 4 mostra um resumo das respostas referentes a outras atividades que os Técnicos em Assuntos Educacionais desenvolvem na Universidade Federal Fluminense. Apenas 01 TAE não respondeu, registranto “xx” no campo de resposta. Tabela 4 – Outras atividades desenvolvidas Outras atividades • Atendimento ao público. • Serviços de secretaria (Unidades de Ensino, Coordenações de Curso, Departamentos). • Assessoria administrativa e pedagógica à direção de unidade, às cordenações de curso, aos departamentos, aos docentes. • Análise técnica de propostas de criação de currículo e de mudança curricular, emissão de Pareceres e elaboração de Resoluções. • Levantamento e catalogação das legislações da Educação Superior Brasileira. • Coordenação de campus de estágio interno. • Participação em Projetos: Pedagógicos; Extensão; Pesquisa; Desenvolvimento Institucional. • Elaboração e/ou acompanhamento de Processos seletivos. • Organização e execução de eventos técnico-científicos. • Produção de exposições. • Participação em eventos da instituição. • Direção e chefia de setor. • Acompanhamento acadêmico a alunos e bolsistas. • Atuação nos Programas Trote Cultural e Acolhimento estudantil. • Palestras para alunos. • Levantamento do perfil dos alunos ingressantes. • Interpretação das taxas de evasão e retenção. • Coordenação de estudo sobre Retenção no Ensino de Graduação na UFF. • Acompanhamento e orientação de equipe de monitores da Acessibilidade e Inclusão. • Gestão de Pessoas. • Avaliação Institucional: visitas às unidades acadêmicas para orientação. 15 X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 • Participação nos processos de reconhecimento e renovação do reconhecimento dos cursos de graduação da UFF. • Elaboração de revistas e catálogos referentes à graduação da UFF. • Sistema de Controle de Diárias e Passagens: solicitações; consultoria internacional para aprovação de viagens ao exterior (docentes e técnicos administrativos). • Responsável técnico de revista científica. • Análise de documentação: processos de revalidação de diploma; solicitações de transferência interinstitucional; pedidos de transferência por amparo de Lei. • Processos de afastamentos do país para fins de capacitação e qualificação de docentes e técnicos administrativos: análise e parecer; envio de matéria para publicação no diário oficial da união; registro no Sistema Integrado de Recursos Humanos; acompanhamento através de relatórios. • Gerenciamento de processos de reconhecimento de diploma de pós-graduação obtidos no exterior. • Gerenciamento de processos de certificação de cursos realizados na modalidade Educação à Distância. • Confecção de material de divulgação do setor. • Solicitações ao Sistema Financeiro. • Preeenchimento Relatório Capes. • Serviço de Tesouraria • Manutenção de site. • Compra de material. Fonte: Dados da Pesquisa A Tabela 5 apresenta um resumo das propostas de ação dos Técnicos em Assuntos Educacionais, considerando a sua formação e as atribuições do cargo. Analisando-se as contribuições dos respondentes, decidiu-se agrupá-las da seguinte forma: Ensino; Pesquisa; Extensão; Gestão de Pessoas; Processos de Trabalho; Outras Propostas. É interessante destacar que 06 TAEs não responderam, registrando: “xx” (01); “Não se aplica” (01); “Nada a declarar” (03); “Não tenho sugestões” (01). Tabela 5 – Proposta de Ação dos Técnicos em Assuntos Educacionais da UFF Ensino • Participar de trabalhos relativos ao processo educativo da universidade. • Contribuir no planejamento pedagógico e didático junto aos docentes, às coordenações dos cursos e à direção da unidade. • Discutir e implantar novas formas de avaliação nos cursos. • Auxiliar os docentes e monitores na elaboração de materiais didáticos. • Atuar em oficinas e atividades coletivas com os professores. • Atuar pedagogicamente junto aos alunos. • Elaborar, implementar e participar de projetos extra-curriculares. • Elaborar e oferecer oficinas e mini-cursos que ajudem os alunos em suas dificuldades e ou em aprimoramento de atividades. • Elaborar cursos. • Ministrar palestras. 16 X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 • Mediar exposição. Pesquisa • Apoiar os Núcleos de Pesquisas. • Realizar e participar de pesquisas acadêmicas. • Realizar pesquisa junto a programas de pós-graduação em outras IFES com intuito de buscar novas metodologias e conhecimentos para melhoria nos cursos oferecidos pela UFF. Extensão • Desenvolver e participar de projetos de extensão. • Criar um Centro de Memória da presença universitária da UFF em Volta Redonda. Gestão de Pessoas • Desenvolver mais o cargo para a área de Gestão de Pessoal. • Atuar na formação de instrutores. • Atuar na capacitação para elaboração de projetos. • Auxiliar a comissão do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) na elaboração dos projetos, sobretudo nos que se refere à capacitação e qualificação dos docentes. • Colaborar na elaboração do plano anual de capacitação dos docentes da UFF. • Contribuir no planejamento dos cursos de capacitação para os docentes recém-admitidos. Processos de trabalho • Analisar atividades e metodologias do setor, objetivando a sua melhoria. • Mapear processos de trabalho para melhorar a organização e o acesso à informação e ao conhecimento. Outras propostas • Participar de Encontros, Seminários e Congressos. • Participar do intercâmbio com outras Intituições de Ensino Superior. Fonte: Dados da Pesquisa Apesar de a pesquisa não investigar a satisfação dos servidores no exercício do cargo, 04 Técnicos em Assuntos Educacionais demonstraram insatisfação em suas respostas, declarando sobre a indefinição do papel desse profissional, a falta de autonomia, a execução de tarefas meramente administrativas, o sentimento de desvalorização, a falta de motivação, a descrença no trabalho, dentre outros aspectos. Por outro lado, as sugestões de atividades pertinentes ao cargo revelaram o desejo de atuar na área pedagógica em parceria com as coordenações e direções das Unidades de Ensino, de auxiliar os alunos em seu processo de aprendizagem, de colaborar no desenvolvimento da universidade, de propor melhorias nos processos de trabalho etc. 5. CONCLUSÕES Este estudo teve como objetivo geral conhecer as atividades desempenhadas pelos Técnicos em Assuntos Educacionais na Universidade Federal Fluminense e suas propostas de atuação. Este 17 X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 levantamento contituiu etapa inicial de uma pesquisa, cujo problema foi evidenciado na pergunta “Como o Técnico em Assuntos Educacionais pode contribuir nas atividades de ensino, pesquisa e extensão?”. Participaram desta etapa, 37 respondentes de um universo de 105 Técnicos em Assuntos Educacionais, lotados na Reitoria, nas Unidades de Ensino ou nos Órgãos Suplementares da UFF. Os dados coletados foram apresentados em tabelas e revelaram a preponderância da natureza administrativa das atividades desempenhadas pelos TAEs e a ausência de tarefas de natureza pedagógica. Nas Unidades de Ensino, inclusive, essa diferença chegou a 50%. As respostas referentes às propostas de ação revelaram possibilidades para uma atuação alinhada com as atribuições dos Técnicos em Assuntos Educacionais e a formação desses profissionais. Esse levantamento será utilizado para a elaboração de um Plano de Ação para o Técnico em Assuntos Educacionais no Instituto de Educação de Angra dos Reis (IEAR/UFF). Antes, porém, da elaboração do Plano, será necessário dialogar com os gestores do IEAR a fim de conhecer as suas expectativas e propostas para o trabalho do TAE no referido Instituto. Acredita-se, portanto, na possibilidade do encontro entre as metas da universidade e as metas dos sujeitos que emprestam VIDA a essa instituição... REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução No 1, de 15 de maio de 2006. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, n. 92, p.11-12, 16 maio 2006, Seção 1. BRASIL. Decreto No 5.707, de 23 de fevereiro de 2006. Institui a Política e as Diretrizes para o Desenvolvimento de Pessoal da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, e regulamenta dispositivos da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, n. 40, p.3-4, 24 fev. 2006, Seção 1. BRASIL. Decreto No 72.493, de 19 de julho de 1973. Dispõe sobre o Grupo - Outras Atividades de Nível Superior, a que se refere o artigo 2º, da Lei nº 5.645, de 10 de dezembro de 1970, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/19701979/D72493.htm>. Acesso em: 15 fev. 2014. BRASIL. Decreto Nº 76.640, de 19 de novembro de 1975. Inclui Categoria Funcional no Grupo Outras Atividades de Nível Superior, a que se refere a Lei nº 5.645, de 10 de dezembro de 1970, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/19701979/D76640.htm>. Acesso em 16 fev. 2014. 18 X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 BRASIL. Decreto Nº 83.989, de 18 de setembro de 1979. Dispõe sobre os Grupos Outras Atividades de Nível Superior, Serviços Auxiliares, Outras Atividades de Nível Médio e Artesanato, a que se refere o artigo 2º da Lei nº 6.550, de 05 de julho de 1978, e dá outras providências. Disponível em: <https://conlegis.planejamento.gov.br/conlegis/pesquisaTextual/atoNormativoDetalhesPub.htm?id =3774>. Acesso em 16 fev. 2014. BRASIL. Decreto nº 94.664, de 23 de julho de 1987. Aprova o Plano Único de Classificação e Retribuição de Cargos e Empregos de que trata a Lei nº 7.596, de 10 de abril de 1987. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D94664.htm>. Acesso em: 16 fev. 2014. BRASIL. Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP). Portaria N.º 146, DE 17 de agosto de 1973 – Especificações de classes do Grupo Outras Atividades de Nível Superior. Disponível em: <https://conlegis.planejamento.gov.br/conlegis/legislacao/atoNormativoDetalhesPub.htm?id=3177 >. Acesso em: 16 fev. 2014. BRASIL. Lei No 5.645, de 10 de dezembro de 1970. Estabelece diretrizes para a classificação de cargos do Serviço Civil da União e das autarquias federais e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5645.htm>. Acesso em: 15 out. 2013. BRASIL. Lei No 6.550, de 05 de julho de 1978. Estabelece diretrizes para a classificação de cargos, empregos e funções do Serviço Civil dos Territórios Federais, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6550.htm>. Acesso em: 02 mar. 2013. BRASIL. Lei No 7.596, de 10 de abril de 1987. Altera dispositivos do Decreto-lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, modificado pelo Decreto-lei nº 900, de 29 de setembro de 1969, e pelo Decretolei nº 2.299, de 21 de novembro de 1986, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7596.htm>. Acesso em: 16 fev. 2014. BRASIL. Lei No 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8112cons.htm>. Acesso em: 02 mar. 2014. BRASIL. Lei No 11.091, de 12 de janeiro de 2005. Dispõe sobre a estruturação do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação, no âmbito das Instituições Federais de Ensino vinculadas ao Ministério da Educação, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, n. 9, p.1-10, 13 jan. 2005, Seção 1. BRASIL. Ministério da Educação. Encaminha a descrição dos cargos técnico-administrativos em educação, que foram autorizados pelo Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão para concurso público. Ofício Circular nº 015/2005/CGGP/SAA/SE/MEC, de 28 de novembro de 2005. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/canalcggp/oficios/oc01505.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2013. BRASIL. Ministério da Educação. Portaria Nº 475, de 26 de agosto de 1987. Expede Normas Complementares para a execução do Decreto n° 94.664, de 23 de julho de 1987. Disponível 19 X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 em:<https://conlegis.planejamento.gov.br/conlegis/legislacao/atoNormativoDetalhesPub.htm?id=2 919>. Acesso em 15 fev. 2014. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Apoio. Departamento de Pessoal. Considerações sobre a situação atual dos Técnicos em Assuntos Educacionais no MEC. Brasília, mar/1979. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me001934.pdf>. Acesso em: 8 set. 2013. BRASIL. Ministério da Educação/Gabinete do Ministro. Portaria No 27, de 15 de janeiro de 2014. Institui o Plano Nacional de Desenvolvimento Profissional dos servidores integrantes do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação, no âmbito das Instituições Federais de Ensino vinculadas ao Ministério da Educação. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, n. 11, p. 26-28, 16 jan. 2014. Seção 1. CHAUÍ, Marilena. Escritos sobre a universidade. São Paulo: Editora UNESP, 2001. 205 p. Disponível em: <http://uspcaf.files.wordpress.com/2011/11/escrito-sobre-a-universidade.pdf>. Acesso em: 22 set. 2013. CHIAVENATO, Idalberto. Administração de Recursos Humanos: fundamentos básicos. 7 ed. rev. e atual. São Paulo: Manole, 2009. 308 p. DAVEL, Eduardo e VERGARA, Sylvia Constant (orgs.). 6 ed. Gestão com pessoas e subjetividade. São Paulo: Atlas, 2013. 285 p. FILHO, Naomar de Almeida. Universidade Nova no Brasil. In: SANTOS, Boaventura de Sousa e FILHO, Naomar de Almeida. A Universidade no Século XXI: Para uma Universidade Nova. Coimbra, outubro de 2008. 260 p. cap. 2, p. 107-259. Disponível em: <http://www.boaventuradesousasantos.pt/media/A%20Universidade%20no%20Seculo%20XXI.p df>. Acesso em: 12 out. 2013. FRANCO, Maria Amélia Santoro; LIBÂNEO, José Carlos e PIMENTA, Selma Garrido. Elementos para formulação de Diretrizes Curriculares para Cursos de Pedagogia. Cadernos de Pesquisa, São Paulo: Fundação Carlos Chagas, v.37, n.130, p.63-97, jan./abr./2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cp/v37n130/05.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2013. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 7 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1998. 165 p. GONÇALVES, H. J. L.; ABENSUR, P. L. D.; QUEIROZ, S. M. Identidade de profissionais da educação na rede federal de educação profissional, científica e tecnológica: os especialistas em educação. Sinergia, São Paulo: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, v.10, n.1, p.9-15, jan/jun./2009. Disponível em: <http://www.cefetsp.br/edu/prp/sinergia/complemento/sinergia_2009_n1/pdf_s/segmentos/artigo_ 01_v10_n1.pdf>. Acesso em: 26 jul. 2013. HOLLIDAY, Oscar Jara. Para sistematizar experiências. 2 ed. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2006. 128 p. 20 X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 LEITE, Fernando César Lima e COSTA, Sely Maria de Souza. Gestão do conhecimento científico: proposta de um modelo conceitual com base em processos de comunicação científica. Ciência da Informação, Brasília: Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, v.36, n.1, p.92-107, jan./abr./2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v36n1/a07v36n1.pdf>. Acesso em: 8 set. 2013. LIBÂNEO, José Carlos e PIMENTA, Selma Garrido. Formação dos profissionais da educação: visão crítica e perspectivas de mudança. In: PIMENTA, Selma Garrido (orgs). Pedagogia e Pedagogos: caminhos e perspectivas. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2011. 200 p., cap. 1, p. 15-61. LIBÂNEO, José Carlos. Ainda as perguntas: o que é pedagogia, quem é o pedagogo, o que deve ser o curso de Pedagogia. In: PIMENTA, Selma Garrido (orgs). Pedagogia e Pedagogos: caminhos e perspectivas. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2011. 200 p., cap. 2, p. 63-100. MAGALHÃES, Elenice Maria de et al. A política de treinamento dos servidores técnico administrativos da Universidade Federal de Viçosa (UFV) na percepção dos treinados e dos dirigentes da instituição. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, v.44, n.1, p.55-86, jan./fev./2010. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/rap/v44n1/v44n1a04.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2013. PENTEADO, Sílvia Angela Teixeira. Identidade e poder na universidade. 2 ed. São Paulo: Cortez; Santos, SP: Unisanta Editora, 1998. 120 p. PIO, Alessandra. Técnicos em assuntos educacionais do Colégio Pedro II: história, identidade e limites de atuação. Rio de Janeiro, 2012. 166 p. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação. Rio de Janeiro, 2012. TAKEUCHI, Hirotaka e NONAKA, Ikujiro. Gestão do Conhecimento. Porto Alegre: Bookman, 2008. 319 p. Tradução de: Hitotsubashi on Knowledge Management. TEIXEIRA, Maria Clara de Salles. Clima organizacional e satisfação no trabalho: estudo de caso junto a assistentes em administração da UFF. Niterói, 2012. 114 p. Dissertação (Mestrado em Sistemas de Gestão) – LATEC, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2012. THIOLLENT, Michel. Pesquisa-ação nas organizações. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2009. 165 p. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE. Organograma. <http://www.uff.br/?q=uff/organograma>. Acesso em: 03 mar. 2014. Disponível em: 21