VII Ciclo de conferências do Centro de Estudos Interculturais 17 de Janeiro de 2014 A Competência de Comunicação Intercultural na Formação de Professores de Línguas: olhares sobre o conceito. Mónica Bastos1 Universidade de Aveiro – Centro de Investigação Didática e Tecnologia na Formação de Formadores Camões, Instituto da Cooperação e da Língua – Universidade Pedagógica de Moçambique Mª Helena de Araújo e Sá Universidade de Aveiro – Centro de Investigação Didática e Tecnologia na Formação de Formadores Atualmente, devido à crescente pluralidade (tradicional e individual), todos os dias nos deparamos com situações de comunicação exolingue e pluricultural. Para responder aos desafios que estas situações nos colocam, importa desenvolver competências para comunicar com o Outro, ou seja, uma Competência de Comunicação Intercultural (CCI). O desenvolvimento desta competência deve começar na escola, nomeadamente na aula de línguas. Com efeito, as caraterísticas específicas deste espaço curricular fazem dele o espaço ideal para desenvolver as atitudes, os conhecimentos e as capacidades necessárias para interagir com interlocutores plurais em contextos de diversidade. Neste quadro, a CCI tem-‐se tornado num conceito central, tanto nos discursos políticos educativos (nomeadamente transnacionais), como nos discursos académicos da área da Didática de Línguas. Contudo, para que o desenvolvimento desta competência seja uma realidade nas nossas aulas de línguas, é necessário, entre outros aspetos, investir fortemente na formação de professores. Caso contrário, a migração desta competência dos discursos académicos e políticos para as práticas educativas continuará a enfrentar vários obstáculos e resistências. Com base nestes pressupostos, desenvolvemos um programa de formação intitulado O Professor Intercultural durante o ano letivo 2006/2007, com um grupo de professoras de línguas do distrito de Aveiro. A nossa proposta de formação desenvolveu-‐se em torno de quatro eixos de formação (consciencializar para a didática da intercompreensão e do plurilinguismo; agir comunicativo e intercultural; agir profissional; e refletir sobre ações e percursos), tendo como finalidade proporcionar aos professores uma dupla experiência de formação/reflexão, como profissionais e como sujeitos de linguagem. Nesta comunicação, refletiremos acerca das representações deste grupo de professoras acerca da educação intercultural em geral e da CCI em particular, nomeadamente no que se refere à sua pertinência, natureza e às suas dinâmicas de desenvolvimento, acreditando que as pistas de respostas a estas questões nos permitirão construir um modelo descritivo da CCI, de caraterísticas heurísticas, por um lado, e, por outro lado, vislumbrar algumas pistas acerca de como se pode trabalhar esta competência em contextos educativos e mesmo em contextos de formação de professores. 1 Apoiada, no âmbito de uma bolsa de doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia, pelos seguintes programas: Programa Operacional Sociedade do Conhecimento (Pos_C), do Quadro Comunitário de Apoio III; e Programa Operacional para o Potencial Humano, do Fundo Social Europeu. Mónica Bastos é atualmente docente do Camões, Instituto da Cooperação e da Língua na Universidade Pedagógica de Moçambique – Delegação da Beira, responsável pelos Centros de Língua Portuguesa na Beira e em Quelimane e pelo Centro Cultural Português – pólo da Beira. É licenciada em Ensino de Português e Francês pela Universidade de Aveiro, instituição onde tirou a pós-‐ graduação em Investigação em Didática e onde se doutorou em Educação, focalizando-‐se na formação contínua de professores de línguas para a Competência de Comunicação Intercultural. Membro do Centro de Investigação Didática e Tecnologia na Formação de Formadores da Universidade de Aveiro, nomeadamente de uma das suas unidades de investigação, o Laboratório Aberto para a Aprendizagem de Línguas Estrangeiras, tem integrado a equipa de vários projetos, portugueses e europeus, relacionados com questões relativas à diversidade linguística e cultural, como os projetos Galanet, Galapro e, mais recentemente, Miriadi, focalizados no desenvolvimento de competências em intercompreensão. É ainda membro da Redinter, Rede Europeia de Investigação em Intercompreensão e elaboradora de unidades didáticas da equipa de Moçambique para o Portal do Professor de Português Língua Estrangeira do Instituto Internacional da Língua Portuguesa. Os seus interesses de investigação centram-‐se, portanto, ao nível da educação plurilingue e intercultural e da formação de professores de línguas e, mais recentemente, ao nível da Língua Portuguesa no contexto multilingue e multicultural moçambicano. Globalização, orientalismo e subculturas no mundo contemporâneo: A sedução alternativa das religiosidades à la carte da New Age Manuel Lobato Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa A explosão global das religiosidades alternativas e a proliferação de grupos e de seitas, reforçadas pela blogosfera e omnipresença virtual, é um fenómeno com raízes num passado distante, que se terá acentuado desde o século XVIII em resultado da primeira globalização e como uma fractura inicialmente quase imperceptível. Pretende-‐se passar em revista o universo de crenças e práticas espirituais proposto por grupos e correntes movimentando-‐se em meios sociais restritos ligados à maçonaria e às chamadas ciências ocultas. Paralelamente, procura compreender-‐se como tais propostas, presentes na cultura ocidental desde a antiguidade, foram recuperadas pela nova mentalidade científica e laica que, ao aceitar em pé de igualdade as diferentes religiosidades, permitiu a combinação daquelas propostas com práticas experimentais que fizeram moda, caso do magnetismo, mesmerismo e hipnotismo, e com elementos exóticos, anteriormente rejeitados pela Igreja católica, preparando o terreno para o aparecimento de um novo caldo de cultura em que novas crenças se sedimentaram, configurando outros tantos dogmas, como sejam as noções de karma e reencarnação importadas do hinduísmo e do budismo. Manuel Lobato Investigador Auxiliar com nomeação definitiva no Instituto de Investigação Científica Tropical, posição adquirida mediante a dissertação Comércio, conflito e religião. Portugueses e espanhóis nas ilhas Molucas. 1512-‐1618 (2004). Vice-‐director do Centro de História do IICT entre 2008 e 2012. Professor convidado do Instituto de Estudos Orientais da Universidade Católica Portuguesa (2008-‐2013). Autor e editor de sete livros e 90 artigos e capítulos de livro sobre a história do império português na costa oriental africana e na Ásia (especialmente Índia e arquipélago malaio-‐indonésio) nos séculos XVI a XIX.