Cartografia Geológica da Guiné-Bissau IICT INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA TROPICAL DGGM DIRECÇÃO GERAL DE GEOLOGIA E MINAS Paulo Hagendorn Alves1 IPAD – Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento Portugal FCT Fundação para a Ciência e Tecnologia A Guiné-Bissau no NW Africano Geologia geral A abertura do Atlântico permite considerar dois domínios na caracterização geológica do país: - os sedimentos espessos da Bacia Mesocenozóica, que ocupam a metade W, formada por preenchimento sedimentar em progradação, - as rochas paleozóicas e precâmbricas, ocorrendo a E, embora raramente aflorantes já que se encontram, em geral, cobertas por sedimentos pouco espessos. As unidades mais antigas são correlacionadas com Grupos conhecidos nesta região do NW de África: - “VS” (Gr. Koulountou), “C1” (Batapá), “C2” ou “Grés de Caium” (Youkounkoun), Ordovícico (Gr.Pita), Silúrico (Gr.Télimélé) e Devónico (Gr.Bafatá). Os quartzitos e arenitos (C2-Grés do Caium, Ordov., Dev.) constituem, com os doleritos jurássicos, os afloramentos de maior dimensão. No Cenozóico destaque para: calcários margosos (Miocénico; ±40 afloramentos); sedimentos arenoargilosos do Continental Terminal (Mio-Pliocénico). Cratão OESTE AFRICANO Mauritanides Cadeias orogénicas Bassarides Rokelides - VS (Grupo Koulountou) Panafricano I (~ 660 Ma) - C1 (Grupo de Batapá) e II (~ 550 Ma) - C2 (Grupo Youkounkoun) Guiné-Bissau PALEOZÓICO (Bacia sedimentar de Bové) República da Guiné-Bissau Esboço Geológico: Unidades litostratigráficas + Conjuntos litológicos + Unidades morfológicas (níveis de encouraçamento Fe-Al ) BACIAS SEDIMENTARES Paleozóica (Bacia de Bové) Mesocenozóica (B. do Senegal) - Oligocénico a Actual (onshore) MESOCENOZÓICO - Jurássico sup. a Terciário (Sub-bacia de Bissau) (offshore e onshore profundo) - Sinclinal de Bafatá:Ordovícico (Grupo de Pita), Silúrico (Gr. Télimélé), Devónico (Gr. Bafatá) Guiné-Bissau Domínio OESTE Bacia Mesocenozóica incluindo coberturas cenozóicas (basamento do Paleozóico) GABU BAFATÁ BISSAU BOÉ BIJAGÓS Domínio LESTE Paleozóico e Precâmbrico, aflorando apenas em 5 % da área (coberturas cenozóicas, com espessura ≤ 30m) Dumestre & Carvalho (1985 , modified) Bissau sub-basin Espessura sedimentar até ~12 km; preenchimento sedimentar mais espesso para W, em progradação, colmatando em discordância uma plataforma de abrasão marinha formada na Bacia Paleozóica de Bové Cooperação Portugal / Guiné-Bissau: projecto comum IICT – DGGM, incluindo 40 meses de trabalhos de campo entre 1991 e 2001, com cerca de 30 colaboradores no total, tendo como principal objectivo publicar a Carta Geológica da República da Guiné-Bissau, na escala 1:400.000 2 Inquérito aprofundado junto de anciãos, caçadores, pescadores Permitiu comprovar ou localizar ocorrências e unidades (destaque para o Miocénico) UNIDADES LITOSTRATIGRÁFICAS + UNIDADES MORFOLÓGICAS + + CONJUNTOS LITOLÓGICOS 2. Análise sedimentológica Correlação inter-parâmetros (Friedman); GranGraf 2 + SedPC + LogPlot2001 - Predomínio de AMBIENTE FLUVIAL Nenhum poço amostrado a distância < 5 km de canal actual, o que sugere: - alteração na distribuição espacial do canal ou no tipo da rede hidrográfica 0.5 3.5 3.5 3 3 1 3 8 71 0.5 1.5 2 1 6 5 -0.5 0.5 2.5 -1 2.5 8 7 1 Poço P-68 0.5 1 -2 1.5 Desvio Padrão Desvio Padrão 0.5 3 3 0 0.5 3 Bijagós 'Rio (NE) / Praia (SW) Friedman 1967 'Rio (E) / Duna litural (W) Friedman 1979 'Praia (SW) / D. interior (NE) Friedman 1979 1 Rio (E) / Praia (W) Friedman 1967 Rio (SE) / Duna interior (NW) Friedman 1979 0.4 0.3 Ilha de Bubaque 0.2 0 0 2.5 8 5 7 7.5 0.1 10 2 -0.5 1 6 5 0 0 0.5 1 2 -0.1 -1 4 8 7 0 0.5 5 1 -1 5 Rio (N) / Praia (S) 1 -2 Duna interior (E) / D. litoral (W) 4 Desvio Padrão Total no país: ~ 9000 captações ( 4000 sondagens e 5000 poços ) -2.5 4 INTERPRETAÇÃO GEOLÓGICA – litologia, litostratigrafia Sondagens de projectos internacionais de captação de água e de piezómetros Descrição litológica em estaleiro e amostragem: - 500 amostras -em 65 sondagens 2 4 2 4 2 4 0 2 Valores φ 4 0 2 Valores φ 4 % 60 60 40 20 20 0 -2 80 40 20 0 -2 60 40 20 0 0 Valores φ % 60 40 20 -2 % % 0 Valores φ % 40 0 -2 Amostra P68-8 Amostra P68-7 80 0 0 -2 0 2 Valores φ 4 -2 0 2 Valores φ 4 5 Resumo de resultados no Poço 67, amostra 7 (em Paunca, 32 km a NNW do Gabu ) P67-7 Zircão Turmalina Estaurolite Rútilo Andaluzite Horneblenda Brookite Biotite Opacos 76% (%) 35 20 23 7 5 5 1 4 Turmalina 2 4 Rútilo Andaluzite Horneblenda Brookite Biotite 6 sondagens, 38 a 67 m -Fouta Djalon (na Guiné Conakry), cadeia montanhosa que terá contribuído de forma primordial no fornecimento sedimentar; -Análise da interacção sistemas fluviais - hipsometria na área de 4x105 km2 envolvente à Guiné-Bissau; -Cadeia implantada na topografia de África, ± desde o Cretácico (?); destaque para o seu soerguimento no final do Eocénico. Confirmado : • VS (Koulountou Group) prolonga-se mais para Sul • C2 alargado – Batapá Gr. • Zonas de fractura 0 Valores φ Estaurolite 4. Análise de proveniência dos sedimentos cenozóicos 4 -2 P67-7 12,10 m Zircão Face à indefinição geológica do substracto ante-mesozóico - conhecer a litostratigrafia do soco que raramente aflora (cobertura cenozóica ≤ 30 m) O “laterito da cota zero”, importante para a génese e preservação dos Bijagós e do litoral em geral 1 0 Valores φ 60 20 0 -2 100 100 Amostra P68-6 80 Proveniência: - Rochas sedimentares e Rochas granitóides Xistos e Gnaisses ( ausência de minerais de Rochas Básicas ) Destaque para a cooperação da Dir. Geral Recursos Hídricos, PNUD, Enafur, Prakla-Geomechanik, A.Cavaco, Hidroguiné, Cooperação Holandesa, Cooperação Francesa AMOSTRAGEM de cuttings, em estaleiros de sondagem, para 0 60 40 20 20 Simple Sorting Measure 100 Amostra P68-5 80 Resultados: 1º (Zr + Turm + Rút ) 2º Estaurolite 3º Andal + Hornebl Exposição prolongada a clima tropical húmido (ferruginização) Seleccionados 1400 5 40 40 100 Amostra P68-4 80 3. Minerais pesados em análise de proveniência Obtidos 3700 logs, Sondagens do Projecto no NE, com sonda da DGGM para definir as unidades do Câmbrico e Precâmbrico (VS, C1 e C2) e a espessura da cobertura - 60 60 % 3 100 Amostra P68-3 80 % poços para INTERPRETAÇÃO GEOLÓGICA % 3 100 Amostra P68-2 80 4 Friedman 1979 -0.4 Rio (E) / Praia (W) Friedman 1967 Amostra P68-1 80 2 7 8 6 Praia (S) / Duna interior (N) -0.3 100 100 1.5 2 -1.5 Curtose 'Rio (N) / Praia (S) Koldijk 1968 1 -0.5 -1.5 6 -0.2 -2 SELECÇÃO de 1400 logs litológicos de sondagens e 1.5 1 5 4 0 Desvio Padrão Prof. 17,80 m 8 amostras 2 6 -1.5 1.5 1 Total: 1111 amostras 7 1 8 2 1 1 Rio (E) / Praia (W) Friedman 1967 Rio (SE) / Duna interior (NW) Friedman 1979 68 km SSW de Bissau 0.5 -1 1.5 0.5 Desvio Padrão 118 seleccionados (com 8 a 30 m profundidade) 0 -0.5 4 1 4 ~ 1800 observados 1 1.5 0 -3 ±5000 poços na Guiné-Bissau 8 7 2 Rio (NE) / Praia (SW) Rio (NE) / Duna litoral (SW) Praia (S) / Duna interior (N) Duna interior (N) / D. litoral (W) Friedman 1979 -2 -2.5 0 5 6 3 2 4 -1.5 1 3 5 6 3 2 Assimetria 0 Simple Skewness Measure 0 Média 2 CARTOGRAFIA GEOLÓGICA em áreas específicas, associada a uma rotina de INQUÉRITO na maioria das aldeias Assimetria 1 1. Carta Geológica – preparação em curso (escala 1:400.000) 1, 2, 3, 4, 5 AMOSTRAGEM DE POÇOS TRADICIONAIS, com colheita CAMADA a CAMADA, como forma de obter: i) Uma descrição litológica credível; ii) Amostras representativas Alguns resultados e conclusões Terceiro Momento CINCO Métodos, para ultrapassar estes aspectos e produzir a carta geológica Colheita de 2500 amostras - para identificação, análise sedimentológica, petrografia ou micropaleontologia Média Condicionada por limitações várias e características locais, tais como: - morfologia aplanada (apenas 8% do país tem cota >100 m) e rede hidrográfica muito penetrativa, com vastas áreas de lodos e mangais; - escassez de afloramentos, dispersos numa densa cobertura vegetal, aliada a presença constante de solos espessos e lateritizações; - ausência de barreiras e cortes naturais, dificultando a aplicação de métodos sedimentológicos (estudo morfométrico e análise de paleocorrentes); - orçamento restrito, impedindo o recurso a mais equipas e viaturas e também reduzindo o número de sondagens efectuadas. Assimetria Cartografia Geológica P L A T A F O R M A Rede hidrográfica do Rio Corubal, drenando o W do Fouta Djalon e a Bacia de Bové (desde o Eocénico terminal ou Cret.sup.?) Hipótese de migrações da parte terminal do canal, mas desaguando na costa SW ( plataforma continental ) TA FOU SALTINHO 415 m3.s-1 LON DJA GAOUAL 150 m3.s-1 INETI – Departamento Geologia, Estrada da Portela – Zambujal, Apartado 7586, 2721-866 Alfragide, Portugal Telef. 214705439, [email protected] // IICT - Instituto de Investigação Científica Tropical // Centro de Geologia, Faculdade Ciências, Universidade Lisboa, Edif. C8, Piso 4, Campo Grande, 1749-016 Lisboa, Portugal