Revista do Grupo Cemig
Ano 2 - N0 5 - Janeiro a Abril/2011
A força de Minas
Investimentos da Cemig impulsionam o desenvolvimento
e o crescimento do Estado
Gasmig conclui obras
do gasoduto do Vale
do Aço
Centro de Artesanato Mineiro
reúne trabalhos que resgatam as
raízes do Estado
Presença sul-americana
Expediente
Diretor-Presidente:
Djalma Bastos de Morais
Diretor Vice-Presidente:
Arlindo Porto Neto
Diretor de Distribuição e Comercialização:
José Carlos de Mattos
Diretor de Finanças, Relações com Investidores e
Controle Financeiro de Participações:
Luiz Fernando Rolla
Diretor de Geração e Transmissão:
Luiz Henrique de Castro Carvalho
Diretor de Gestão Empresarial:
Frederico Pacheco de Medeiros
Diretor de Desenvolvimento de Negócios e Controle
Empresarial das Controladas e Coligadas:
Fernando Henrique Schuffner Neto
Diretor Comercial:
José Raimundo Dias Fonseca
Diretor de Gás:
Fuad Noman
Diretora Jurídica:
Maria Celeste Morais Guimarães
Diretor de Relações Institucionais e Comunicação:
Luiz Henrique Michalick
Universo Cemig
Revista institucional do Grupo Cemig
Ano 2 - número 5
Janeiro a abril/2011
Av. Barbacena, 1.200 - 19º andar
Tel.: (31) 3506-4949|3506-2052
Caixa Postal 992
Belo Horizonte|MG
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End. internet: www.cemig.com.br
Editor responsável:
Luiz Henrique Michalick - Reg. no 2.211 SJPMG
Coordenação de edição:
João Batista Pereira e Carlos Henrique Santiago
Apoio:
Jonatas Andrade
Projeto Gráfico:
Press Comunicação Empresarial
Produção, redação e edição:
Press Comunicação Empresarial
(Jornalista responsável – Licia Linhares MG 10.283)
Edição de arte e diagramação:
Press Comunicação Empresarial
Revisão:
Cláudia Rezende
Impressão:
Tamóios
Tiragem: 24.000
Foto capa:
Igreja de N. S. do Rosário em Milho Verde (MG) Arquivo Cemig
ARA APLICAÇÃO
UZIDAS
Filiado à Aberje
2
Universo Cemig
Em 58 anos, o Grupo Cemig investiu
na diversificação e na qualidade de
seus serviços, expandindo sua
atuação no Brasil e na América do Sul.
Confira onde a Companhia está
presente e suas respectivas operações.
EDITORIAL
“Minas é muitas. São, pelo menos, muitas Minas”, escreveu, certa
vez, Guimarães Rosa. Nesta edição,
a revista Universo Cemig deseja levar
o leitor para um passeio por essas
Minas Gerais, que mudaram tanto
nos últimos anos e agora assumem
novos ares, sem perder suas características tradicionais.
A Companhia Energética de
Minas Gerais (Cemig), empresa de
economia mista, nasceu de uma
iniciativa do governador Juscelino
Kubitschek, em meados do século
passado. Dentro do binômio Energia
e Transporte, que havia marcado a
campanha de JK ao governo de Minas, foi criada uma holding para controlar as pequenas usinas existentes
e as que seriam construídas nos anos
seguintes.
Quase 60 anos depois, a Cemig
continua a exercer o papel de proporcionar as condições necessárias,
na área de energia, ao desenvolvimento do Estado, em todas as suas
regiões. Ela atua nas áreas de geração, transmissão, telecomunicações
e distribuição de energia elétrica,
além de atividades que complementam seu negócio principal, como gás
e eficiência energética, por meio de
empresas controladas.
Ciente da importância estratégica da energia elétrica e da nova era
de desenvolvimento que se abre
para o Estado, o governo de Minas
Gerais traçou um ambicioso plano
para a Cemig, destacando-se a antecipação das metas de universalização
da energia elétrica, a expansão do
parque gerador e o reforço em infraestrutura de transmissão e subtransmissão.
A Diretoria de Distribuição e Comercialização da Cemig é uma das
indutoras dessa transformação por
que passa Minas Gerais, levando, há
mais de meio século, energia para
todas as regiões e prestes a atingir
ainda este ano a universalização da
energia em 100% da sua área de
concessão.
Graças ao que vem sendo feito,
Minas Gerais é hoje um exemplo a ser
seguido por diversos outros Estados
da Federação na questão energética.
E, à necessidade de impulsionar o
desenvolvimento econômico e social
do Estado, veio se juntar o desafio da
sustentabilidade, tendo como resposta a presença da Cemig há mais
de uma década entre as empresas
mais sustentáveis do mundo.
Assim, é com imenso prazer
que apresentamos, nesta edição da
revista Universo Cemig, algumas das
ações estabelecidas para o setor de
energia elétrica, assim como os resultados já alcançados, e o contexto
em que elas foram ou estão sendo
implantadas.
Arquivo Cemig
As muitas Minas Gerais
“Minas Gerais é hoje um exemplo
a ser seguido por diversos outros
Estados da Federação na questão
energética. E, à necessidade de
impulsionar o desenvolvimento
econômico e social do Estado, veio se
juntar o desafio da sustentabilidade,
tendo como resposta a presença da
Cemig há mais de uma década entre
as empresas mais sustentáveis do
mundo.”
José Carlos de Mattos
Diretor de Distribuição e
Comercialização
Janeiro - Abril/2011
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sumário
Casa do Baile
em Belo Horizonte
Arquivo Cemig
03
Editorial
As muitas Minas Gerais
05
Empresa
07
Nova Diretoria da Cemig toma
posse
Minas Gerais
Programa Campos de Luz
atinge 730 comunidades em
sua terceira fase
12
Minas Gerais
Gasmig consolida sua
presença no País com a
conclusão de obras do
gasoduto do Vale do Aço
16
20
24
27
4
Universo Cemig
Minas Gerais
30
Vitrine
Mais de um milhão de mineiros
já foram beneficiados pelo
Programa Luz para Todos
O artesanato é uma das
mais ricas e diversificadas
expressões da cultura
mineira
Minas Gerais
32
Dica Cultural
Programa CresceMinas chega a
sua reta final com mais de
R$ 600 milhões investidos em
todo o Estado
Sustentabilidade
Cemig ganha destaque nas
conferências sobre o clima e a
biodiversidade realizadas pela
ONU
Minas Gerais
Usina de Irapé é marco nas ações
da Cemig em todo o Estado
Arquiteto mineiro retrata
dois séculos de história das
fazendas do Sul de Minas em
seu livro
34
Com a Palavra
Hayato Hirashima, arquiteto,
apresenta seu causo
35
Retratos do Brasil
Empresa
Mudar para
crescer
Nova Diretoria da Cemig
mantém metas de crescimento e
sustentabilidade
O futuro está logo ali. Pelo menos é esse o
pensamento da gestão da Cemig, cujo Plano Diretor estabelece, para 2020, uma meta promissora: ser a segunda maior empresa do setor de
energia das Américas. Um desafio que permanece nas mãos da nova Diretoria-Executiva, eleita
em janeiro de 2011 pelo Conselho de Administração.
A estrutura passa a contar com 11 executivos, sendo que oito ocupam cargos de liderança na Companhia há pelo menos quatro anos.
Para a nova gestão, foram instituídas algumas
mudanças, como a criação da Diretoria Jurídica,
para a qual foi nomeada Maria Celeste Morais
Guimarães, e a de Relações Institucionais e Comunicação, comandada por Luiz Henrique Michalick. Essa mudança se justifica frente ao cres-
cimento e a necessidade de coordenar ações das
diversas empresas do Grupo.
Na reunião do Conselho de Administração,
foi deliberada, ainda, a nomeação de Fuad Noman, que assume a Diretoria de Gás da Cemig e a
Presidência da Gasmig. Algumas denominações
também foram alteradas. É o caso da Diretoria
de Desenvolvimento de Novos Negócios, que
passa a ser denominada Diretoria de Desenvolvimento de Negócios e Controle Empresarial das
Controladas e Coligadas, liderada por Fernando
Henrique Schuffner Neto. Já a Diretoria de Finanças, Relações com Investidores e Controle
de Participações agora é a Diretoria de Finanças,
Relações com Investidores e Controle Financeiro
de Participações, sendo dirigida por Luiz Fernando Rolla, com mais de 30 anos de experiência na
Cemig. “A Cemig tem passado por grandes transformações nos últimos anos, tornando-se a maior
empresa integrada do setor elétrico brasileiro, e
precisávamos adequar a nossa estrutura à nova
realidade e também nos prepararmos para os
Atualmente, composto de 58
empresas e 10 consórcios,
com atividades em 20
Estados brasileiros e no Chile
Arquivo Cemig
O presidente Djalma
Morais (2o da esq. para
a dir.) e os diretores
Fernando Schuffner,
José Carlos de Mattos
e Luiz Fernando Rolla
foram eleitos para
um novo mandato de
quatro anos
Janeiro - Abril/2011
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novos desafios que surgem”, afirmou o presidente Djalma Bastos de Morais, há 12 anos no cargo
e eleito para um novo mandato de quatro anos.
Desafios e perspectivas
A nova gestão da Cemig tem em sua pauta
importantes desafios. Garantir o crescimento
perante um mercado cada vez mais competitivo,
acompanhar as tendências mundiais do setor
via desenvolvimento e pesquisa de novas tecnologias e manter as ações de sustentabilidade
econômica, ambiental e social são alguns deles.
Um dos pontos fortes é atender à necessidade de energia no País. Essa demanda deve
crescer a uma média de 5,3% por ano, de acordo com o Plano Decenal de Energia 2010-2019,
produzido pela Empresa de Pesquisa Energética
(EPE). Esse fato reforça a necessidade de investimentos de vulto nos sistemas de geração e
transmissão.
Liderança comprovada
Experiência é palavra-chave na hora de definir os rumos de uma empresa. E, com a Cemig,
não é diferente. Formada por profissionais de
destaque em suas áreas, a nova gestão tem a
possibilidade de conduzir uma administração sóbria, mantendo os bons resultados, percebidos
ao longo dos anos.
O reconhecimento dos talentos é outro
ponto forte da Empresa, que incorporou mais
dois ex-superintendentes à Diretoria, com a nomeação de José Raimundo Dias Fonseca e Luiz
Henrique Michalick, além de manter Fernando Henrique Schuffner Neto, Luiz Henrique de
Castro Carvalho e Luiz Fernando Rolla em seus
respectivos cargos. Integrando o quadro da empresa há mais de 15 anos, todos já desenvolveram trabalhos concisos, trilhando uma carreira
de renome.
Fonseca já atuou como superintendente de
Compra e Venda de Energia no Atacado. Graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade
Federal de Juiz de Fora, cursou especialização
em Engenharia de Manutenção na Escola Federal de Engenharia de Itajubá e em Management
of Electric Power Utilities em Estocolmo (Suécia)
e pós-graduação na Fundação Getúlio Vargas.
Foi ainda vice-presidente da (Abraceel) Associa-
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Universo Cemig
ção Brasileira de Agentes Comercializadores de
Energia Elétrica e conselheiro fiscal da (CCEE)
Câmara de Comercialização de Energia Elétrica.
Michalick é formado em Jornalismo pela
Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Já exerceu os cargos de gerente de Imprensa (1987-1996), gerente de Imprensa, Relações
Públicas e Publicidade (1996-2003) e superintendente de Comunicação Empresarial (20032011). Desde 2006, é representante da Cemig e
fundador da plataforma de empresas do Reputation Institute no Brasil. Em 1997, foi o coordenador-geral de Comunicação para o Encontro das
Américas, evento preparatório para a criação da
Alca, promovido pelo Ministério das Relações
Exteriores, com apoio do Governo de Minas.
Conheça a nova
Diretoria-Executiva
Djalma Bastos de Morais – Diretor-Presidente
Arlindo Porto Neto – Diretor Vice-Presidente
Fernando Henrique Schuffner Neto – Diretor de Desenvolvimento de Negócios e
Controle Empresarial das Controladas e
Coligadas
Frederico Pacheco de Medeiros – Diretor
de Gestão Empresarial
Fuad Jorge Noman Filho – Diretor de Gás
José Carlos de Mattos – Diretor de Distribuição e Comercialização
José Raimundo Dias Fonseca – Diretor
Comercial
Luiz Fernando Rolla – Diretor de Finanças, Relações com Investidores e Controle Financeiro de Participações
Luiz Henrique de Castro Carvalho – Diretor de Geração e Transmissão
Luiz Henrique Michalick – Diretor de Relações Institucionais e Comunicação
Maria Celeste Morais Guimarães - Diretora Jurídica
Minas Gerais
Um gol de placa
Programa Campos de Luz atinge 730 campos
em sua terceira fase
lescentes, evitando vários problemas de ordem
social e contribuindo com a prevenção ao uso de
drogas e à violência e tornando as comunidades
beneficiadas mais seguras, o que proporciona a
melhoria da qualidade de vida dessa população.
Para serem contemplados pelo programa
nessa terceira etapa, os campos foram indicados
pela Segov e atenderam alguns requisitos, como
possuir vestiário e alambrado, estar instalado
em espaço público, pertencer a time de futebol
amador ou associação comunitária (ou prefeitura municipal) e ter as dimensões compatíveis
com a prática de futebol.
Implantado em 2003, inicialmente como um
projeto-piloto, o Programa Campo de Luz tem
se mostrado uma grata surpresa. Criado para
resgatar o costume brasileiro das famosas “peladas”, que reúnem vizinhos e amigos em partidas
O campo de futebol
de Itumirim (Campo
das Vertentes)
recebeu as novas
instalações elétricas
Arquivo Cemig
A
terceira fase do Programa Campos de Luz,
realizada em 2010 com parceria entre Cemig e Secretaria de Estado de Governo
(Segov), iluminou 120 campos de futebol amador em Minas Gerais, o que totaliza 730 campos,
contemplados em 446 municípios, desde o início
do programa, em 2003, com investimentos da
ordem de R$ 30 milhões.
O Campos de Luz é um programa de iluminação de campos de futebol amador, que tem
o objetivo de utilizar a energia elétrica como insumo para a melhoria da qualidade de vida da
sociedade.
Segundo o coordenador do Campos de Luz,
Antônio Gonzaga Almeida, a realização desse
programa, além de propiciar a prática de atividades esportivas e culturais durante a noite, oferece uma atividade saudável às crianças e ado-
Janeiro - Abril/2011
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Campo iluminado
O governador Antonio Anastasia inaugurou no dia 23 de março a iluminação
do 730º campo de futebol beneficiado pelo Programa Campos de Luz, o estádio
Ilvo Marani, do Vespasiano Esporte Clube. Localizado no centro de Vespasiano,
na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o estádio tem alambrados, quatro
vestiários e arquibancada com capacidade para 500 torcedores. O campo tem dimensões semelhantes às de estádios que disputam o Campeonato Mineiro (110
x 85 metros). Desde sua inauguração, em 1965, nunca havia recebido iluminação.
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Universo Cemig
amadoras nos campos de várzea, o programa já
iluminou, no primeiro momento, oito campos na
Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O retorno foi quase imediato. “Escolhemos
os campos de várzea porque o futebol amador
não possui recursos. Mas é o tipo de esporte
mais praticado nas comunidades, e esses espaços estavam desaparecendo em razão da construção de prédios, deixando a população, principalmente a das áreas de risco social, sem opção
de lazer. Então, nós habilitamos alguns campos,
e a iniciativa deu muito certo”, diz Antônio Gonzaga Almeida.
Deu tão certo que, apenas em Belo Horizonte, foram recuperados 76 campos de futebol
de várzea. Notou-se também que, além dessa
modalidade esportiva, a comunidade passou a
usar os espaços próximos aos campos para fazer
caminhadas e outras atividades, dando oportunidade para toda a família participar. “Depois da
iluminação, essas localidades acabaram virando
comunidades-família, lembrando aquele ar de
cidade do interior, onde todo mundo se senta à
noite para conversar, andar de bicicleta ou apenas assistir a uma partida de futebol de seus vizinhos”, ressalta Antônio.
Entendendo o programa
Ronaldo Guimarães
A iluminação possibilita
que os moradores no
Aglomerado Santa Lúcia
pratiquem as atividades
durante a noite
O Aglomerado Santa Lúcia, uma das inúmeras áreas de Belo Horizonte contempladas com a
iluminação, é um ótimo exemplo. Localizado na
região centro-sul, próximo a bairros nobres da
capital, é formado por quatro vilas, onde vivem,
em sua maioria, trabalhadores, que têm horário
livre somente à noite e nos fins de semana.
Como os dois campos de futebol localizados
na área de Barragem não possuíam iluminação
noturna, o espaço não apresentava segurança
à noite, levando a população a utilizá-lo apenas
nos finais de semana e durante o dia. É o que explica José Evaristo Sobrinho, tesoureiro da Associação Esportiva Prointer Futebol Clube. Morador da região desde 1975, ele comanda, há mais
de 20 anos, as equipes de futebol masculino e
feminino da Barragem. “Antes da iluminação, as
pessoas só podiam usar o campo aos domingos
e durante o dia. Com o programa, essa realidade mudou. Agora, os moradores, logo depois do
trabalho, podem aproveitar um pouquinho o dia
de semana também, o que acaba estimulando a
integração entre os times, as comunidades.”
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Como a própria associação não tem recursos próprios, os gastos gerados pela iluminação são pagos pelo “aluguel” das quadras durante os jogos. Trata-se de valores
simbólicos, como R$ 1 ou R$ 2 por jogador.
“Esse programa foi ótimo pra gente, porque praticamos esporte com mais cautela,
cuidado e segurança“, explica o balconista
Adriano Rodrigues de Lima.
Quando o assunto é o esporte nacional, o futebol é o “carro-chefe”. E, há muito
tempo, tornou-se também uma prática entre meninas. Esse é o caso de Joyce Luciano Bispo, estudante, que começou a jogar
bola aos 13 anos. “Futebol é a minha vida,
e a iluminação do campo possibilitou que eu
treinasse à noite. O local ficou mais seguro”,
explica. Além dessa modalidade esportiva,
as pessoas aproveitam o espaço para fazer
caminhadas e praticar outras atividades físicas ligadas à comunidade, como a capoeira.
Uma luz para a arte
A maior circulação e a movimentação
na Barragem possibilitaram, entre outras manifestações socioculturais, a exposição das obras do artista plástico Fabiano Valentino, conhecido como Pelé.
“Quem vai jogar usa o campo. Quem
não gosta de praticar esporte aproveita
o espaço para caminhar, conversar ou
jogar baralho. A iluminação estimula
as pessoas a se socializarem umas com
as outras. Eu gosto muito dessa comunidade e, só de ver as pessoas mais
felizes, já é uma grande inspiração para
mim. Já virou até tema de um de meus
quadros”, diz.
Pelé utiliza o espaço
para mostrar sua
arte
Ronaldo Guimarães
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Universo Cemig
Região
Metropolitana
Santuário da Serra da Piedade (acima), em Caeté, e Praça da
Estação, em BH: beleza e história na RMBH
Arquivo Cemig
Arquivo Cemig
A Região Metropolitana de
Belo Horizonte (RMBH), que será uma das
sedes da Copa do Mundo de 2014, é considerada a terceira maior aglomeração urbana do
País, com uma população estimada em quase 5 milhões de habitantes, segundo o Censo
de 2010. Em cada um de seus 34 municípios,
há muito o que ser garimpado pelo visitante,
que encontra um verdadeiro leque de belezas naturais, acervos culturais e saborosas
descobertas gastronômicas. E o melhor: tudo
bem pertinho da capital.
De ônibus ou de carro, rapidamente
chega-se a Sabará, cidade que mantém preservado um rico acervo arquitetônico, herança do Ciclo do Ouro. Perto dali, está Caeté,
onde, entre outros atrativos, está a Serra da
Piedade, patrimônio natural e religioso das
Gerais. A fé também é marca de Santa Luzia,
com suas igrejas centenárias e o famoso convento de Macaúbas.
No campo das artes, destaque para o
aclamado Museu de Arte Inhotim, em Brumadinho, que reúne grandes nomes da arte
contemporânea, em meio a uma paisagem
exuberante.
E, se bater a vontade de tomar aquele banho de cachoeira, cidades como Rio Acima,
Nova Lima e Jaboticatubas, entre outras, oferecem ótimas opções para refrescar o corpo
e a alma.
É na RMBH que fica a região das grutas, com atrativos pré-históricos em cidades
como Pedro Leopoldo e Lagoa Santa. Nesta
última é que foi descoberto o fóssil atribuído
a uma mulher pré-histórica, batizada de “Luzia”, que viveu na região, registro mais antigo
da ocupação humana nas Américas.
E, para fechar, nada como a boemia de
Belo Horizonte, reconhecida como a capital
mundial dos botecos. Além de serem redutos
para boa conversa, acompanhada de cervejinha gelada, os bares oferecem rica culinária,
que, de tão popular, virou tema de festival.
Para quem tem pique, vale um passeio pelo
Mercado Central, pelos corredores da Feira
Hippie e pela Lagoa da Pampulha, vitrine do
gênio Oscar Niemeyer para o mundo.
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Minas Gerais
Gás total
Gasmig consolida sua presença no interior com a
conclusão das obras do gasoduto do Vale do Aço e novos
investimentos previstos para 2011
Gasmig: www.gasmig.com.br
O novo gasoduto
do Vale do Aço
é o maior dos
empreendimentos
da Gasmig
12
Universo Cemig
P
porte das empresas que ele atende. “Temos
grandes indústrias instaladas que já demandavam o gás natural há muito tempo, por se tratar
de um combustível mais limpo e eficiente”, conta o presidente da Gasmig e diretor de Gás da
Cemig, Fuad Noman.
Ele destaca, ainda, que o gás natural é um
fator de atração de investimentos nas regiões
onde é ofertado. “Certamente é um diferencial
oferecido pela região às empresas que queiram
se instalar. E não só isso: o gás também contribui
para fixar as empresas que já estão em atividade, evitando que migrem para outras localidades onde há o recurso.”
Um dos clientes de peso do Vale do Aço é a
Lúcia Sebe
INTERNET
elos 331 quilômetros de tubulação subterrânea, o desenvolvimento é conduzido
sob a forma de gás natural. Já está em
operação o gasoduto do Vale do Aço, uma obra
da Gasmig, subsidiária da Cemig (controladora)
e da Petrobras, que demandou investimentos
de R$ 700 milhões. Saindo de São Brás do Suaçuí (região Central de Minas) até chegar a Belo
Oriente (Vale do Rio Doce), o empreendimento
confere fôlego extra a um dos principais polos
industriais do País.
Com capacidade para condução de 2,4 milhões de metros cúbicos por dia, o novo empreendimento é o maior entre os gasodutos da
Gasmig. Sua importância também se mede pelo
Eugenio Paccelli
Usiminas, instalada em Ipatinga. De acordo com
o superintendente de Energia e Utilidades da
siderúrgica, Luís Fernando Marzano, o gás natural simplificou os processos industriais, além de
contribuir para a sustentabilidade da empresa,
no que se refere tanto aos impactos ambientais
quanto à dimensão econômica. “Os principais
benefícios são o aumento na estabilidade operacional de fornos, devido à não obstrução de
queimadores, válvulas e tubulações e à maior
disponibilização das linhas de produção. Isso impacta positivamente nos rendimentos, na qualidade, na segurança e no meio ambiente.”
Na Usiminas, o gás natural vem sendo aplicado, desde novembro, no alto-forno 3, em substituição ao coque, um combustível gerado do carvão mineral. O consumo chega a 240 mil metros
cúbicos por dia. Outra aplicação é nas aciarias,
onde o gás natural substituiu o gás liquefeito de
petróleo (GLP). “A partir deste ano, iniciam-se os
projetos de complementação da rede de distribuição e de adequações internas de outras áreas
que utilizarão o gás natural em substituição total
ao óleo combustível”, acrescenta Marzano. Até
2013, a expectativa é de que a usina amplie seu
consumo para 750 mil metros cúbicos diários.
Outro importante consumidor é a Celulose
Nipo-Brasileira (Cenibra), em Belo Oriente. Lá, o
recurso é aplicado nos fornos de cal. O gerentegeral industrial, Robinson Félix, destaca que, diferentemente do óleo, o gás natural não precisa
ser estocado, o que contribui para a segurança
das pessoas que trabalham na fábrica. “Tínhamos que acondicionar 700 toneladas de óleo.
Além do risco de derramamento, era preciso
descarregar o combustível, e isso demandava
mais trabalho e muito cuidado.” A estabilidade
conferida pelo gás natural ao maquinário também é ressaltada por ele como uma vantagem.
A ArcelorMittal, que possui duas usinas
abastecidas pelo gasoduto do Vale do Aço, em
João Monlevade e Timóteo (Vale do Aço), é mais
uma grande empresa que já está usufruindo do
gás natural. Na opinião do gerente de Engenharia de Manutenção, Utilidades e Meio Ambiente
da unidade de João Monlevade, Vicente Aleixo
Pinheiro Ribeiro, esse combustível pode ser considerado um gerador de riquezas para as regiões
onde é ofertado. “Na ArcelorMittal Monlevade,
o gás natural está trazendo redução de custos
operacionais, contribuindo para a competitividade e o crescimento da usina. A comunidade
também espera ansiosa pela disponibilização
dessa riqueza a todos.”
De uma ponta a outra
Concluída no ano passado, a rede de 110
quilômetros do Sul de Minas é o segundo maior
empreendimento da história da Gasmig. Fuad
Noman observa que esse gasoduto foi crucial
para fixar as empresas na região. “Em São Paulo,
que está bem próximo dali, há ampla oferta de
gás natural. Por isso, várias indústrias estudavam
sair de Minas para se estabelecer onde houvesse disponibilidade desse insumo.” O gasoduto
percorre os municípios de Jacutinga, Poços de
Caldas, Andradas e Caldas. Os principais clientes
estão no ramo de alumínio, mineração, cerâmica
e vidro.
Para o gerente-técnico Rowilson Alves Pereira e o analista de Suprimentos e Custos Alexandre Henrique Giaretta, ambos da Indústria Cerâmica Andradense (Icasa), o uso do gás natural
refletiu de forma positiva na qualidade do produto. “Constatamos que, em virtude da menor necessidade de manutenção dos equipamentos de
combustão, conseguimos maior estabilidade de
resultados na qualidade do produto final. O produto está com maior vida útil”, afirma Giaretta.
Fuad Noman: “O gás
natural tem grande
demanda por se tratar
de um combustível
mais limpo e eficiente”
Janeiro - Abril/2011
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Lúcia Sebe
Novos investimentos
Se 2010 foi importante para a Gasmig no
que diz respeito a investimentos e conclusão de
obras, 2011 será o ano de ampliar os mercados
e a área de atuação da empresa. Uma das frentes de trabalho será a captação de novos clientes ao longo das redes de gasodutos. No Vale
do Aço, por exemplo, equipes da distribuidora
vão buscar consumidores do setor de serviços,
como comércio, hotelaria e alimentação.
Neste ano, a Gasmig também marca sua
entrada na distribuição de gás a residências.
A atração nesse mercado terá como ponto de
partida um empreendimento em Nova Lima,
na Região Metropolitana de Belo Horizonte. No
primeiro, a Gasmig vai abastecer 298 apartamentos construídos às margens da Lagoa dos
Ingleses. “O gás natural é mais leve do que o
gás de botijão (GLP), por isso, se dissipa mais
facilmente no ar, o que torna o processo mais
seguro. Além disso, há a praticidade de não
ter que armazenar nem trocar o botijão, além
do conforto proporcionado pela possibilidade
de aquecimento da água na cozinha e nos banheiros da moradia”, explica Fuad Noman. Brevemente, o gás também será disponibilizado a
alguns bairros da capital.
Números de peso
Receita bruta em 2010: R$ 720 milhões
Venda média diária em dezembro de
2010: 2,2 milhões de metros cúbicos
Total investido pela Gasmig entre 2008 e
2010: R$ 900 milhões
Extensão da rede de gasodutos: 800 km
Postos de distribuição de Gás Natural
Veicular: 90
Número de veículos que usam GNV em
Minas: 40 mil
14
Universo Cemig
Entenda melhor
Belo Oriente
Primeira subsidiária do Grupo Cemig, que hoje
reúne quase 60 empresas, a Companhia de Gás de
Minas Gerais nasceu em 1986 e, atualmente, tem
800 quilômetros de redes construídas, localizadas
em 40 municípios em diversas regiões mineiras:
Zona da Mata, Campo das Vertentes, Central, Região Metropolitana de Belo Horizonte, Sul de Minas
e Leste de Minas. Os gasodutos atendem às principais indústrias mineiras.
O gás comercializado pela Gasmig tem origem
na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, e na Bolívia
e chega a Minas por meio dos gasodutos de transporte da Petrobras. A Gasmig é a única companhia
autorizada a distribuir gás natural em Minas Gerais,
o que faz por meio de seus gasodutos de distribuição. Assim como acontece com a energia elétrica, o
cliente paga pelo consumo somente após a utilização. O número de clientes chega a 300, incluindo 98
grandes e médias indústrias, 90 postos de distribuição de gás natural veicular e duas usinas termelétricas (Ibiritermo e Juiz de Fora).
A Gasmig tem diversos contratos de aquisição
de gás com a Petrobras, com prazos de vigência que
vão até 2026 e que possibilitam a oferta de até 8,5
milhões de metros cúbicos por dia ao Estado.
Coronel Fabriciano
Ipatinga
Antônio Dias
Santana do Paraíso
Timóteo
Jaguaraçu
Nova Era
João Monlevade
Bela Vista de Minas
Rio Piracicaba
Alvinópolis
Ouro Preto
Ouro Preto
Mariana
Gasoduto de transporte
(GASBEL)
Congonhas
São Brás
do Suaçuí
Gasoduto Vale do Aço
Conselheiro
Lafaiete
Ouro
Branco
As belezas do leste
O Vale do Rio Doce, onde está localizado o Vale do Aço, é uma das 12 mesorregiões de Minas Gerais. Dividida em nove
microrregiões, abrange 102 municípios.
Como o próprio nome já diz, a região é banhada pela bacia do Rio Doce, cuja extensão territorial é de 83,4 mil quilômetros
quadrados. Até chegar ao mar, no Espírito
Santo, o Rio Doce percorre, desde sua nascente, em Minas Gerais, 853 quilômetros.
Por onde passa, o rio agracia os olhos
com belas paisagens. Algumas, inclusive,
de tirar o fôlego. É o caso do Parque Estadual do Rio Doce, localizado entre os municípios de Marliéria, Dionísio e Timóteo,
a 248 quilômetros da capital. Com seus
36.970 hectares, o parque abriga a maior
floresta tropical do Estado.
De ricas fauna e flora, o parque mantém espécies ameaçadas de extinção,
como a onça pintada, o macuco e o monocarvoeiro, maior primata das Américas.
Em suas 40 lagoas naturais, encontra-se grande
diversidade de peixes bagre,
cará, lambari, cumbaca, manjuba, piabinha, traíra e tucunaré.
Com completa estrutura para atender
a turistas, estudantes e pesquisadores, o
Parque Estadual do Rio Doce é, sem dúvida,
um dos principais atrativos da região. Mas
ainda há mais. Como deixar de falar do Pico
do Ibituruna, em Governador Valadares?
Do alto de seus 1.123 metros, o pico reúne
condições perfeitas para os adeptos dos esportes radicais, como o voo livre.
É claro que há muito mais o que conhecer. Belos e aconchegantes hotéis-fazenda
na zona rural de pequenos municípios, a
modernidade convivendo com a tradição
em cidades maiores, como Ipatinga, churrasco e peixes grelhados, quitandas que
contam histórias e, é claro, a hospitalidade
mineira que sempre marca presença.
Janeiro - Abril/2011
15
Minas Gerais
Adeus à
escuridão
Mais de um milhão de mineiros já foram
beneficiados pelo Programa Luz para Todos, que
neste ano vai atingir a meta de 285 mil ligações
no Estado
I
nstituído em 2003 pelo Governo Federal, o Luz para Todos vem sendo executado pelas empresas distribuidoras de energia de cada Estado. Inicialmente foi prevista uma demanda de 105 mil ligações,
contudo, quando a equipe da Cemig foi a campo, identificou que a
necessidade era bem maior. “Só na primeira fase do programa, de 2004
a 2007, fizemos 190 mil ligações”, conta o superintendente da Coordenação Executiva do Projeto Luz para Todos na Companhia, Geraldo Magela de Aranda Lage.
Aquela tarde de outubro ficará marcada para sempre na memória
de João Batista Souza Lopes. Bastou um clique no interruptor para que o
progresso batesse à porta de sua pequena casa, na comunidade de São
José do Paraguai, em Almenara, no Vale do Jequitinhonha, a mais de 700
quilômetros da capital mineira. Assim como milhares de moradores de
áreas rurais do Estado, João Batista é um dos beneficiados do Programa
Luz para Todos, que neste ano atinge a meta de 285 mil ligações em 774
municípios de Minas Gerais.
João Batista, que é trabalhador rural e funcionário público, nem
acreditou quando a lâmpada acendeu diante de seus olhos. A mudança
em sua vida foi total. “É até difícil de explicar. Antes não tinha como
Eugenio Paccelli
O programa Luz para
Todos facilitou o acesso
à energia elétrica aos
moradores do campo
16
Universo Cemig
Impulso para o
desenvolvimento
Além de proporcionar mais conforto à população, o Luz para Todos vem contribuindo para
a aceleração da economia nas comunidades. É
o caso do assentamento Nova Conquista, em
Almenara (Vale do Jequitinhonha), onde 30 famílias trabalham com a criação de animais, cultivo de arroz e milho e produção de leite, entre
outras atividades.
Carmelito Rodrigues dos Santos, presidente
da Associação dos Trabalhadores Rurais de Nova
Conquista, destaca os avanços do grupo com a
chegada da energia. “Agora, podemos conservar
o leite e, para isso, compramos um resfriador.
Antes, tínhamos que vender toda a produção ou
produzir queijo para não perder, o que diminuía
nosso lucro. Também compramos maquinário
para a lavoura.”
Em breve, a associação vai contar com uma
fábrica de farinha, cujos equipamentos já foram
adquiridos. “Quanto mais produtos tivermos,
melhor”, aposta Carmelito. O grupo de Nova
Conquista é um dos 99 Centros Comunitários de
Produção (CCP) beneficiados pelo Luz para Todos.
A Associação Indígena Pataxó Pankarau, na
Aldeia Cinta Vermelha Jundiba, em Araçuaí (Vale
do Jequitinhonha), também está colhendo os
frutos do progresso. Segundo o presidente da
associação, Antônio César da Conceição, até
mesmo a distribuição de água era prejudicada
pela falta de energia. “A prefeitura tinha que
mandar caminhão-pipa. Agora, compramos uma
bomba, o que nos auxilia a levar para as casas a
água que é coletada da chuva.”
A energia trouxe
benefícios para o dia a
dia das comunidades
indígenas de Minas. Na
foto, índios Krenaks de
Resplendor (MG)
Arquivo Cemig
guardar comida: ou pedia favor para quem já
tinha energia em casa ou acabava perdendo
muita coisa. Além disso, quando escurecia, não
tinha nada para fazer. As noites pareciam muito
mais longas.”
As velas e os lampiões deram lugar a lâmpadas, além de geladeira, chuveiro elétrico, antena parabólica e televisão. “Agora posso assistir
ao jornal e ao futebol.” Ao contrário de outros
programas desenvolvidos para levar energia
elétrica ao campo, no Luz para Todos, o beneficiado não tem nenhum gasto. “Antes levávamos
energia até a porta, e o morador tinha que fazer
a ligação até sua casa. Agora, providenciamos a
instalação completa, e cada casa recebe um kit
interno com três lâmpadas e duas tomadas”, explica o superintendente Geraldo Lage.
Para o diretor de Distribuição da Cemig, José
Carlos Mattos, “o Luz Para Todos contribui de
forma efetiva para a melhoria dos indicadores
sociais nas comunidades onde é implantado,
além de diminuir o êxodo. A chegada da luz tem
feito com que as pessoas se fixem no campo e
que aquelas que saíram para a cidade tenham o
apelo de retornar. É algo que reflete diretamente na qualidade de vida da população.”
Eugenio Paccelli
O engenheiro Antônio Augusto
prova da água de um dos poços
artesianos, dentre as centenas que
ele ajudou a eletrificar quando
trabalhava para a Cemig
Janeiro - Abril/2011
17
Eugenio Paccelli
O coordenador do
Luz para Todos na
Cemig, Geraldo Lage
(sentado, no meio), e
sua equipe de gestores
(da esquerda para a
direita) Elmo Pechir,
Luiz Augusto, Márcio
Coelho, José Alberto e
Wagner Veloso
A água também está sendo usada na irrigação por gotejamento, que garante o desenvolvimento da horticultura e, segundo Antônio, vai
contribuir para projeto de revitalização da floresta nativa. “Temos o sonho de recuperar essas
matas.”
Compromisso social
Outra frente de atuação da Cemig, por meio
do Luz para Todos, é a ligação de poços artesianos comunitários, principalmente em localidades rurais do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha, que sofrem com o problema da seca.
Desde o início do Programa, foram investidos R$
10 milhões para a eletrificação de 983 poços.
Para que haja a ligação, as prefeituras ou
associações comunitárias devem fazer a solicitação à Cemig, que exige a apresentação do CNPJ.
Os poços artesianos são instalados em pontos
centrais das residências de uma comunidade. As
bombas puxam a água e a distribuem para uma
caixa d’água única, que a direciona, por gravidade, às moradias.
Segundo Elmo Pechir, da Gestão Executiva
do Projeto Luz para Todos, a ação é fruto de um
compromisso firmado pela Cemig com o Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado
para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas. A Com-
18
Universo Cemig
panhia é integrante do Comitê da Convivência
com a Seca, que visa à minimização dos efeitos
da estiagem em áreas críticas do Estado.
Testemunhas da felicidade
O Luz para Todos em Minas Gerais gerou cerca de 10 mil empregos diretos e indiretos. São
pessoas como Gilmar Gama, técnico da Imobluz,
uma das empreiteiras contratadas pela Cemig
para fazer as obras. Ao longo dos três anos em
que tem trabalhado para o programa, o profissional presenciou momentos emocionantes.
“Tem casa em que as pessoas até choram quando acendemos a lâmpada.”
Seu último trabalho foi no distrito de Córrego de Areia, em Almenara, onde ficou por quatro meses para fazer 40 ligações. “Lá, o pessoal
estava só esperando a luz chegar para montar
uma fábrica de farinha. Nós não imaginamos o
quanto a eletricidade é importante na vida das
pessoas.”
O supervisor José Aparecido Sampaio, da
Ecel Engenharia, também guarda boas histórias
vividas em campo. “Em muitas comunidades do
Norte, percebíamos que, no início, havia casas
vazias. Depois, quando voltávamos nesses lugares, encontrávamos mais pessoas morando por
lá. A luz permite que a população volte ou fique
no campo para viver e trabalhar.”
Investimentos
A Cemig é responsável pelos números mais expressivos do Programa Luz para Todos da Região Sudeste. Ao
final do ano, os investimentos no Estado somarão cerca de
R$ 3 bilhões, sendo 77% desse montante de responsabilidade do Governo de Minas e da distribuidora e 23%, do
Governo Federal.
Neste ano, serão executadas 40 mil ligações, sendo
15 mil do final da fase 2 e outras 25 mil da fase 3. Para
executar as obras da fase 3, avaliadas em R$ 355 milhões,
a Cemig já assinou contratos com três grupos de grandes
construtoras. Assim, quando o ano findar, a previsão total
do Programa de atender 285 mil famílias será uma realidade, e a Taxa de Atendimento Rural na área de concessão
da Cemig no Estado de Minas se aproximará de 100%.
Números de destaque do
programa (referentes às 250 mil
ligações)
Beneficiados:
605 famílias indígenas
1.058 famílias de quilombolas
99 Centros Comunitários de Produção (CCP)
1.480 escolas
7.895 famílias de assentados
Foram instalados:
73 mil quilômetros de rede monofásica
597 mil postes
144 mil transformadores
Caldeirão cultural
Formado por 89 municípios,
o Norte de Minas é fortemente
marcados por suas riquezas culturais, famosas pelos quatro cantos do
Estado e até mesmo fora dele. Afinal de
contas, quem nunca ouviu falar da carne
de sol de Mirabela ou da cachaça de Salinas? Traços culturais que se traduzem
em manifestações folclóricas, nas tradições passadas de geração a geração e
em sabores marcantes.
Carne serenada ou de sol, pequi,
maxixe, coentro, cachaça, manteiga de
garrafa, quitandas e requeijão em barra.
Tem tudo isso e muito mais nos mercados e feiras populares da região, onde
é possível perder-se em meio aos mais
atraentes aromas, cores e paladares.
Isso sem falar na fartura de frutas e nos
derivados da mandioca, como a goma, o
biju e a farinha.
As águas do Rio São Francisco banham a região, levando o desenvolvimento e enriquecendo as cidades por
onde passam, com suas lendas, culinária
típica e cultura da população ribeirinha.
Às suas margens, as lavadeiras entoam
cantigas recordadas da infância, crianças
se refrescam no rio e pescadores tiram
o alimento para a família. Aportado em
Pirapora, o vapor Benjamim Guimarães,
uma relíquia viva de 1913, navega no
Velho Chico, contando, para o presente,
as histórias vividas no passado.
Cristália,
a 581
quilômetros
de Belo
Horizonte,
é um dos
municípios
do Norte de
Minas
Janeiro - Abril/2011
19
Minas Gerais
Na rota do
crescimento
Nos últimos cinco anos, o sistema de distribuição de energia em Minas Gerais teve significativo aprimoramento. O CresceMinas, um dos
programas estruturadores do Governo Estadual,
foi um dos responsáveis por essa guinada, que
canalizou um total de R$ 750 milhões em obras
de infraestrutura. Do Norte ao Sul de Minas,
cerca de 310 municípios são beneficiados diretamente pelas ações desse programa.
A partir de 2004, o mercado de energia elétrica atendido pela Cemig apresentou uma rápida recuperação, após o racionamento ocorrido
em 2001 e 2002, com vários projetos de expansão do setor industrial e de crescimento do mercado de distribuição.
Além disso, o sistema de distribuição se mostrava crítico nessa época em várias regiões de
Minas Gerais, com o esgotamento de um grande
número de linhas de distribuição que atendiam
aos sistemas radiais – principalmente nas regiões Norte e Leste – e a redução da vida útil dos
sistemas de média tensão, bem como apresentava restrições ao atendimento de novos consumidores e na ampliação da carga dos existentes,
em especial, nas regiões Oeste e Central.
Assim o desafio estava traçado: era necessário fazer reformas e melhorias no sistema de distribuição e, mais que isso, ampliar a capacidade
do fornecimento de energia elétrica. Foi aí que
surgiu o programa CresceMinas, que estabeleceu uma série de obras importantes com foco
nessas duas demandas. “Os estudos de planejamento do sistema elétrico da Cemig apontaram as regiões mais críticas, demandando ações
concentradas e integradas para implantação do
20
Universo Cemig
Arquivo Cemig
Programa CresceMinas chega a sua reta final com mais de R$ 600
milhões investidos em todo o Estado
média e baixa tensões, possibilitando também
ampliar o atendimento às áreas rurais”, explica o
gestor do programa para as regiões Sul, Centro e
Triângulo Mineiro, Israel Jorge de Oliveira.
Crescimento por completo
Os investimentos do CresceMinas beneficiaram toda a cadeia de distribuição de energia,
desde a baixa até a alta-tensão. No sistema de
alta-tensão, foram construídas 10 novas subestações e outras 82 receberam reformas ou ampliações. Além disso, foram construídos 580 quilômetros de linhas de distribuição. Neste ano,
mais cem quilômetros de rede de alta-tensão
serão adicionados à rede atual.
A SE Machado, no Sul
de Minas, atende seis
municípios da região
Arquivo Cemig
Programa CresceMinas”, explica o coordenador
do programa e superintendente de Implantação
de Empreendimentos de Alta-Tensão da Distribuição da Cemig, Arnoldo Magela Morais.
O programa inicial, de caráter emergencial,
visou a beneficiar um maior número de ampliações de subestações e linhas de distribuição em
um curto período. “Focamos nas áreas mais críticas, nas quais eram necessários reforços e reformas emergenciais”, conta o coordenador.
Além de contribuir com desenvolvimento
econômico do Estado, o CresceMinas deu suporte a outros programas da Cemig, como o Luz para
Todos (leia mais na página 16). “O CresceMinas
viabilizou o reforço de vários pontos do sistema
de alta-tensão da distribuição, com infraestrutura necessária ao crescimento das redes de
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Abril/2011
21
A implantação da SE
Papagaios garante o
atendimento a novas
demandas na região
Central
22
Universo Cemig
No sistema de redes de média e baixa tensões, a meta de 4.371 quilômetros foi superada.
Com investimentos de R$ 265 milhões, foram
construídos 4.384 quilômetros. Para o consumidor, todas essas obras representam melhorias no fornecimento e na qualidade da energia,
tendo como base parâmetros estabelecidos pela
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Para medir a qualidade, são avaliados quesitos como nível da tensão, frequência e duração
das interrupções. “Queremos contribuir para
que a energia chegue ao consumidor com qualidade, ou seja, sem interrupções, com níveis de
tensão adequados e dentro dos padrões regulatórios”, comenta Arnoldo Magela.
No âmbito industrial, o fornecimento de
energia tem um peso ainda maior. Afinal, dele
depende a maior parte dos processos produtivos. “Uma queda de energia pode comprometer
toda a produção.” É por isso que a distribuição
de energia com qualidade torna-se um atrativo
para empresas que queiram se estabelecer no
Estado.
Pelos quatro cantos
As obras do CresceMinas foram executadas
em quase 50% dos municípios atendidos pela Cemig. Eles representam todas as regiões mineiras
e, juntos, somam uma população de cerca de 4
milhões de pessoas.
A Região Central recebeu R$ 79,8 milhões,
aplicados na construção das Subestações (SE) Betim 5 e Igarapé 2, entre outras. Entregue no ano
passado, a obra da SE Betim 5 garantiu reforço na
distribuição para a Região Metropolitana de Belo
Horizonte, sendo a maior subestação abaixadora
para média-tensão construída pela Cemig nos últimos dez anos. Na região, também foram executadas obras de melhorias, como a ampliação da
Subestação Nova Lima 1. No Centro-Oeste de Minas, os investimentos, até o momento, foram de
R$ 42,8 milhões. Entre as obras, está a construção
da Subestação Cláudio 2. Orçado em R$ 15,3 milhões, o empreendimento atende a cerca de 40
mil consumidores nos municípios de Cláudio, Itaguara e Carmópolis de Minas.
Eugenio Paccelli
Charme e café
Nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, os investimentos somaram R$ 18,7 milhões. Uma das
ações foi a ampliação das Subestações Araçuaí 2,
Capelinha e Pedra Azul. No Vale do Rio Doce, os
R$ 30,7 milhões levaram à melhoria das instalações da SE Resplendor, da SE Engenheiro Caldas
e da SE Peçanha.
No Triângulo Mineiro, foram investidos R$
41,5 milhões, entre outros, na construção das
Subestações Prata 2 e Perdizes, na ampliação
das Subestações Carneirinho e Coqueiros, Campina Verde 2, Tupaciguara, Prata 1 e Araporã.
O Norte de Minas recebeu o segundo maior
investimento, totalizado, até o momento, em R$
75 milhões. Foram construídas três novas subestações: Lontra, São Francisco 4 e Porteirinha 2,
além da ampliação das Subestações de Taiobeiras e Espinosa.
No Sul de Minas, R$ 49,1 milhões foram usados em obras como a da Subestação Machado e
na melhoria da subestações como a de São Gonçalo do Sapucaí.
Quando se pensa no Sul de
Minas, a primeira coisa que vem à
cabeça é o café, não é mesmo? Isso
porque a região é a principal produtora
do Estado, contribuindo, e muito, para a
posição de destaque ocupada por Minas
Gerais no mercado nacional.
E basta pôr o pé nas estradas do Sul
para perceber a dimensão da atividade.
Campos verdes de se perder de vista,
cercados por mares de montanhas, caracterizam a paisagem e proporcionam
belo espetáculo aos olhos.
Além da economia, o café marca presença em aspectos culturais das cidades
do Sul. Um exemplo é a gastronomia,
que privilegia o grão não só como bebida, mas em criativas receitas. O café está
no recheio do bombom, em bolos e por
que não, em molhos para carnes, entre
outras iguarias.
Mas o Sul é muito mais. São as fontes
termais de São Lourenço, opções relaxantes para os turistas que visitam a cidade. São os balneários de Caxambu. É a
maestria na confecção de malhas. O friozinho característico que, no inverno, torna-se um atrativo para quem é de fora,
principalmente em cidades charmosas
como Maria da Fé e Cristina. São os pés
de moleque de Piranguinho. O romantismo de Monte Verde. E tantas outras
atrações que só mesmo conhecendo de
perto para saber.
sxc.hu
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Sustentabilidade
Preservação
na prática
Rafael Fiorine apresentou
o programa Peixe Vivo na
10ª edição do COP sobre
a Diversidade Biológica,
realizado em Nagoia
24
Universo Cemig
Foi-se o tempo em que a questão ambiental
era vista como um tópico secundário por países e empresas. Com a natureza já apresentando efeitos claros da ação do homem sobre ela,
sociedade civil, setores produtivos e nações de
todo o globo batalham por um consenso econômico e diplomático que viabilize maneiras
de conter as alterações climáticas e proteger a
biodiversidade. Anualmente, a Organização das
Nações Unidas (ONU) realiza as principais conferências mundiais para promover o debate sobre esses temas tão delicados. A Cemig esteve
presente em dois desses encontros, onde pôde
apresentar seus projetos pioneiros e, sobretudo, mostrar resultados concretos.
A primeira Conferência das Partes (COP)
ocorreu em Berlim, em 1995, e deu origem ao
chamado Mandato de Berlim. O documento
confirmou o compromisso dos países participantes de reduzir a emissão de gases poluentes
na atmosfera. Nas edições seguintes, os resultados foram avaliados e novas propostas feitas.
Um episódio marcante da COP para Mudanças Climáticas aconteceu durante a realização
do evento na cidade de Kyoto, no Japão, em
1997. Lá foi criado o Protocolo de Kyoto, que
exige dos países signatários compromissos mais
rígidos no combate à emissão dos gases responsáveis pelo efeito estufa, considerado pela
maior parte dos especialistas como a causa do
aquecimento global. A grande polêmica ficou
por conta da recusa dos Estados Unidos em assinar o protocolo. A justificativa dada pelo governo norte-americano foi o impacto negativo
que a adoção das medidas previstas no termo
traria à economia do país.
Eugenio Paccelli
Cemig ganha destaque nas conferências
sobre o clima e a biodiversidade realizadas
pela ONU
Arquivo Cemig
Em dezembro de 2010, o COP chegou à sua
16ª edição e foi realizado em Cancun, no México. Ele deu continuidade ao diálogo econômico
e diplomático entre os países para intensificar
ações de preservação ambiental. O Protocolo
de Kyoto permanece como o único instrumento
legal que determina que países desenvolvidos
se comprometam a reduzir o nível de emissões.
Infelizmente, os Estados Unidos, um dos maiores emissores de gases causadores do efeito estufa, continuam relutando em assinar o termo.
A China, o maior poluidor, chegou a assinar o
documento, mas não tem agido de forma efetiva para ratificá-lo. Ao contrário, continua investindo pesado em usinas energéticas movidas a
carvão.
“É preciso trazer os chineses e os norteamericanos para a discussão. Existe um custo na
conservação ambiental que deve ser encarado
por todos. É preciso restaurar uma rota de acordo possível”, acredita Marco Antônio Fujihara,
diretor da Key Associados. Com escritórios em
Porto Alegre e São Paulo, a entidade oferece
serviço de consultoria a empresas que buscam
adaptar seus negócios a essa nova realidade,
em que a questão ambiental é inexorável.
Durante o evento no México, a Cemig ganhou destaque no catálogo Climate Action, que
reúne cases de sucesso de diversas empresas
do mundo e é distribuído para todos os participantes do encontro. Intitulado Clean Energy Initiatives (Iniciativas em Energia Limpa), o
texto destacou os vários projetos conduzidos
pela Companhia que buscam fontes limpas de
energia. “A Cemig é um bom exemplo, pois ela
entendeu há tempos que, além de ajudar na
preservação ambiental, tais projetos criam uma
reputação diferenciada para a Empresa. Com
bons indicadores ambientais, a Companhia consegue atrair capitais de longo prazo, graças ao
respeito conquistado junto aos investidores”,
argumenta Marco Antônio.
INTERNET
Catálogo Climate Action: http://
www.climateactionprogramme.org/
publication/book_2010/
Nas estações de piscicultura,
espécies nativas de peixes
são estudadas e reproduzidas
Arquivo Cemig
Biodiversidade
Se o clima e a vida no planeta são temas tão
intimamente ligados, é justo que a biodiversidade da Terra também ganhe um palco de discussões sobre o seu uso correto e as maneiras de
garantir sua conservação. Em outubro de 2010,
a cidade japonesa de Nagoia sediou a décima
Crianças se envolvem
nas ações realizadas pelo
programa Peixe Vivo
Janeiro - Abril/2010
Abril/2011
25
Fundado em 1997, o conselho promove o desenvolvimento
sustentável entra as empresas. Foi a primeira instituição no
País a falar do tema dentro do conceito do tripple bottom line,
que define a sustentabilidade pelo equilíbrio dos três pilares: o
econômico, o ambiental e o social
“Uma das grandes características dessa iniciativa, e que procurei enfatizar na COP 10, foi a
proximidade que estabelecemos com as comunidades locais para a realização do trabalho”, argumenta. Por meio de levantamentos e estudos
feitos pelos técnicos, hoje, a Empresa sabe exatamente como os cardumes se comportam próximos das usinas e como operá-las de forma a
causar o mínimo de impacto. “As comunidades
reconhecem o empenho da Cemig na preservação das espécies”, afirma o engenheiro.
Assim como na COP 16, várias publicações
foram lançadas, durante a COP 10, sobre a biodiversidade. Uma delas foi editada pelo Conselho
Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável (CEBDS). O catálogo destacou as
ações do programa Peixe Vivo e o trabalho de
mapeamento genético das espécies de peixes
das bacias dos rios Grande e Araguari.
Divulgação
Crescimento econômico X
preservação de recursos
naturais
Marina Grossi acredita
que a sustentabilidade
deve ser inserida nas
rotinas das empresas
Ciclo de encontros sobre a
sustentabilidade e a gestão
responsável realizado pelo
CEBDS. Em 2010, o evento
teve a sua terceira edição
realizada em Salvador (BA)
26
Universo Cemig
edição do COP sobre a Diversidade Biológica
(COP 10). Organizações e mais de 190 países
enviaram representantes para apresentar projetos, debatê-los e discutir novas propostas para
assegurar o uso racional dos recursos naturais.
Rafael Augusto Fiorine, engenheiro de Meio
Ambiente da Cemig, teve a missão de representar a Companhia no encontro, durante as
duas semanas de duração do evento, na qual
apresentou o programa Peixe Vivo. Lançada em
2007, a iniciativa prevê o estudo e a conservação da ictiofauna das bacias hidrográficas onde
estão instaladas usinas da Empresa.
“Pela primeira vez, o programa foi mostrado em um evento desse porte. O retorno das
pessoas foi excelente. Muitas disseram que esperavam ansiosas por exemplos práticos e consolidados de preservação ambiental”, recorda
Rafael. Em um primeiro momento, empresas e
governos tiveram 15 minutos para apresentar
seus programas e principais resultados. Em seguida, foi aberto o espaço para debates.
“A preservação de recursos naturais ajudará
a definir quais empresas serão mantidas e quais
deixarão de existir nessa e nas próximas décadas”, afirma Marina Grossi, presidente executiva do CEBDS. Ela acredita que só a empresa que
inserir a sustentabilidade em todos os seus processos conseguirá ser economicamente viável,
ambientalmente correta e socialmente justa.
A presidente destaca o crescente interesse
da sociedade sobre o tema. Mais vigilantes e
exigentes, as pessoas sabem identificar empresas que têm muita retórica, mas pouca ação.
A pesquisa “Comunicação e Educação para a
Sustentabilidade”, encomendada pelo CEBDS e
divulgada no segundo encontro do Sustentável
2010, mostra que 98% das pessoas entrevistadas disseram já ter ouvido falar alguma coisa sobre meio ambiente ou responsabilidade social
nos últimos tempos, mas apenas 15% delas disseram acreditar que as empresas de fato fazem
o que dizem na comunicação sobre sustentabilidade. “A adoção de práticas sustentáveis se
tornará imperativa na gestão das empresas num
futuro próximo, mas elas devem tomar cuidado
para que essas ações sejam de fato implementadas para, então, serem divulgadas”, aconselha
Marina.
Minas Gerais
A gigante das
águas
A Usina de Irapé
é uma das mais
modernas do País
INTERNET
UHE Irapé: www.irape.com.br
Hoje a Usina Hidrelétrica (UHE) Juscelino Kubitschek ou Usina Irapé, como é conhecida, é um
empreendimento consolidado. Sua barragem de
208 metros ostenta os títulos de mais alta do Brasil e segunda maior da América Latina. Com uma
potência instalada de 360 MW, a UHE possui três
turbinas com geração de 120 MW cada e uma
potência média assegurada de 260,3 MW, o que
representa 1.807.188 MWh, o suficiente para
abastecer um milhão de pessoas por um ano.
“As turbinas utilizadas são do tipo Francis,
adequadas para operarem entre quedas de 40
até 400 metros. No caso de Irapé, a queda nominal é de 158,5 metros”, explica o engenheiro
de meio ambiente Adriano Campos Lemos, da
Gerência de Manutenção de Ativos de Geração
Norte da Cemig.
O lago do reservatório possui um grande espelho d’água, de uma margem a outra, e está
localizado entre os municípios de Berilo e Grão
Mogol, alcançando ainda Turmalina, Leme do
Prado, José Gonçalves de Minas, Botumirim e
Cristália, em uma área total equivalente a 134
mil hectares.
Inaugurada pela Companhia em 2006, a UHE
Irapé está entre as mais modernas do País. É uma
das poucas usinas hidrelétricas com a capacidade
de gerar energia, caso necessário, sem o uso da
água na continuidade da rotação de suas turbinas.
Devido às condições geológicas, ao difícil
acesso e à infraestrutura local, os vertedouros –
que servem essencialmente para regular o nível
e liberar o excedente de água do reservatório –
foram construídos em forma de túnel, havendo
antes uma seleção criteriosa de materiais para
barragem, visto que seu núcleo é formado por
argila. A produção é transmitida por meio do
Sistema Interligado Nacional, por duas linhas
principais, a Irapé – Montes Claros (345 kV) e a
Irapé – Araçuaí (230 kV), ambas construídas com
participação da Cemig. Durante a obra da usina,
foram gerados mais de 8 mil empregos diretos e
indiretos.
Com o enchimento do lago, 638 famílias foram reassentadas em fazendas distribuídas em
17 diferentes municípios da região. Passada a
fase de construção e reassentamentos, a UHE
Irapé já faz parte da paisagem e da vida dos moradores do Norte de Minas, demonstrando que,
além da tecnologia desenvolvida, a Empresa tem
o compromisso de levar perspectivas e desenvolvimento para as comunidades locais.
Arquivo. Cemig
Localizada no Vale do Jequitinhonha, Usina de Irapé é marco nas
ações da Cemig em todo o Estado
Perspectiva de um futuro
melhor
Para que o processo de construção e de mudanças na região pudesse garantir o máximo de
segurança e bem-estar à população, foi criada
uma Comissão Especial para Acompanhamento
e Viabilização da execução das ações socioambientais vinculadas à fundação da usina.
O grupo foi responsável por desenvolver e
Janeiro - Abril/2011
27
Ao longo da história
Arquivo. Cemig
1998
Cemig vence a licitação da concessão
da Usina de Irapé
2000
Assinatura do contrato de concessão
2002
Início das obras
2003
Desvio do Rio
2005
Início da formação do reservatório
2006
Geração de energia
acompanhar, entre outras ações, o reassentamento das famílias. Cada morador teve a oportunidade de escolher uma fazenda, após visitar
pessoalmente os locais demarcados, já dotadas
de benfeitorias como moradia, luz elétrica e sistema de abastecimento de água. Foram distribuídos lotes para 632 famílias, 301 filhos solteiros
maiores de 18 anos e 39 terras de herança. Cada
lote é equivalente a um módulo fiscal, unidade
fixada de acordo com cada município, e que na
região varia entre 40 e 60 hectares com uma área
mínima construída de 64 m2. A Cemig foi responsável pela construção e entrega de 484 casas.
“Antes, não tínhamos nenhuma perspectiva e
vivíamos da colheita de café e do corte de cana”,
diz a moradora da antiga comunidade de Mandacaru, Jorgina Moreira de Almeida Alvarenga. Essa
é uma realidade bem comum na região. Sem a
chance de bons empregos, várias pessoas se deslocavam para outras regiões do país em deter-
28
Universo Cemig
minadas épocas para trabalharem em canaviais
e fazendas de café. Em alguns casos, essa era a
base da renda familiar. “Hoje, moro na comunidade de Igicatu, em José Gonçalves de Minas.
Eu e minha família estamos muito satisfeitos.
Tivemos assistência técnica e orientação para o
plantio e temos em nossa propriedade café, milho e feijão. Montamos até mesmo um pequeno
comércio”, conta Jorgina.
Para capacitar os moradores e contribuir para
a geração de trabalho e renda, foi feita uma parceria entre a Usina e a Empresa de Assistência
Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas
Gerais (Emater-MG), no desenvolvimento de
um projeto de revitalização do artesanato local
para 130 reassentados, com idades entre 14 e 75
anos. Os trabalhos renderam, em 2009 e 2010,
exposições no prédio sede da Cemig, em Belo
Horizonte.
A Empresa também investiu na educação da
região, construindo 12 novas escolas e reformando as outras 12 existentes. Também angariou
recursos para aquisição de 11 ônibus escolares
para atender a população e apoiou a construção
de 11 postos de saúde nos municípios sob influência das atividades da UHE Irapé.
A Cemig também foi responsável por várias
outras ações sociais na região, como o Centro de
Referência Porto dos Cori, em Leme do Prado, e
o Projeto de Melhoria da Infraestrutura dos Núcleos Urbanos. Além disso, a Companhia criou,
por meio de parcerias, os sistemas de coleta e
tratamento do esgotamento sanitário e renovou
o transporte local com a compra de novas balsas
motorizadas, nas comunidades de Botumirim e
Cristália.
Nossa gente, nossa força
Apoiar a mão de obra local é um dos pontos mais fortes do empreendimento. Aldemicio
Mendes Ferreira foi um dos muitos beneficiários.
Durante a obra, ele teve a possibilidade de trabalhar para o Consórcio Construtor de Irapé. “Eu
tinha apenas ensino médio e acabei participando, por meio da empresa, de um curso profissionalizante em eletricidade.” Segundo ele, mesmo
os moradores da região que não atuam na Usina
estão se profissionalizando e buscando outras
formas de trabalho que não sejam nas colheitas
e nos canaviais. “Trabalho hoje como eletricista
de manutenção. Mas, para o futuro, quero finalizar a faculdade de Administração e conciliar
Além do acervo, estão expostas as
homenagens recebidas pela Usina, como
o Prêmio Furnas Ouro Azul (2006), o Ponte
de Alcântara (2009) e o Mineiro de Gestão
Ambiental (2009)
minha atividade atual com o comércio da minha
família”, diz.
Sem descuidar do passado
Como uma das maiores preocupações durante as obras era com a preservação e a valorização
do patrimônio histórico e cultural da região, a
Cemig criou, próximo à casa de força (local onde
ficam armazenadas as turbinas), o Centro de Referência e Memória de Irapé.
O espaço reúne o acervo recolhido e pesquisado durante a obra – um levantamento completo de bens, imóveis e registros orais, musicais,
folclóricos e culturais, além de maquetes de antigas fazendas, da própria usina e do antigo povoado de Peixe Cru, hoje inteiramente reconstruído
com toda a infraestrutura urbana.
“Tentamos mostrar à comunidade a riqueza
do Vale do Jequitinhonha. Legados como ossadas indígenas, fotografias antigas das pessoas e
costumes já esquecidos”, conta Ádila Martins da
Silva, coordenadora do Centro de Referência.
O público que visita o local inclui de estudantes de escolas municipais a pesquisadores. “Temos em nosso acervo um bom material de pesquisa arqueológica, como dois corpos sepultados
em posição fetal, como os antigos indígenas da
região costumavam fazer. Eles são muito raros”,
diz Ádila. Aliás, é dela a melhor explicação do
porquê da usina ser chamada de Irapé. “Quando
os engenheiros chegavam aqui, as estradinhas
da região não davam acesso aos carros. Quando
perguntavam aos moradores como fariam para
chegar, a resposta era única: ‘Ir a pé, uai!’. Acabou ficando!”, finaliza.
Arquivo. Cemig
Em plena atividade
Vale de riquezas
Vale do Jequitinhonha é formado por 51 municípios, agrupados em
cinco microrregiões, no Norte de Minas Gerais.
O sol escaldante é quase regra na região, que
convive com longos períodos de seca e sérios
problemas sociais. Contudo, em meio às adversidades, o Vale mostra sua riqueza, manifestada, principalmente, na força e na capacidade
de sua gente.
Povo que batalha na roça, driblando as condições climáticas para produzir alimentos. Com
criatividade, aproveita-se de tudo. O frango
caipira, criado no quintal de casa, vira ensopado e pirão. As frutas transformam-se em doces, licores, sucos e vitaminas. Dos mercados,
a vasta diversidade de grãos é usada em pratos
apetitosos, como a irresistível farofa de feijãocatador.
A região também faz bonito no artesanato.
Com suas peças moldadas a mão, o Vale ficou
famoso até mesmo fora do país. Também pudera. Não há como não se encantar com as peças em couro, madeira e, principalmente, em
cerâmica. Uma herança das culturas negra e
indígena, a arte em barro é um retrato do cotidiano simples do povo da região.
E o que falar da música? A região projetou
verdadeiros artistas para todo o Brasil, como
Rubinho do Vale, Paulinho Pedra Azul e, ainda,
os Meninos Cantores de Araçuaí e as Lavadeiras de Almenara.
Para quem ainda quer mais, basta lembrarse da beleza do Rio Jequitinhonha, do patrimônio arquitetônico de cidades como Serro,
Diamantina e Minas Novas, das tradições cultivadas há gerações e de um jeito característico de ser que quem conhece não se esquece
jamais.
Crianças jogam
bola em rua do
novo povoado de
Peixe Cru
Uma das boas notícias recebidas pela UHE
Irapé foi a revalidação de sua Licença de Operação (LO) pelos próximos seis anos, após longo
processo, iniciado em uma reunião na Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Jequitinhonha (Supram Jequitinhonha), em Diamantina, em junho
de 2008.
A votação e a aprovação da revalidação da
licença pelo Conselho Estadual de Política Ambiental do Jequitinhonha (Copam Jequitinhonha)
ocorreram em reunião realizada no final do ano
passado.
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VItrine
Da palha
ao ouro
Esculturas em madeira e barro, cerâmica, joalheria, tecelagem, mobiliário
doméstico, instrumentos musicais. O
artesanato é uma das mais ricas e diversificadas expressões da cultura mineira.
Iniciada no século 17, durante o Ciclo
do Ouro, a confecção artesanal surgiu
como fonte de renda de produtores independentes e trabalhadores livres.
O artesanato é uma mescla dos recursos naturais da terra com a criatividade herdada dos indígenas, mulatos,
cafusos, mamelucos e povos colonizadores. Conhecer a história de Minas
Gerais contribui para entender a mensagem de cada um dos objetos, suas
utilidades e peculiaridades. Além de refletir as características da região onde é
produzida, também transmite costumes
e incentiva o turismo.
Há 40 anos em Belo Horizonte, o
Centro de Artesanato Mineiro (Ceart),
localizado no Palácio das Artes, reúne
trabalhos de grandes artistas, que resgatam as raízes do Estado e transformam-no em um dos maiores polos artesanais da América Latina. Da palha ao
ouro, passando por diferentes materiais
e cumprindo todas as tipologias da tradição mineira, o artesanato é uma fonte
rica de beleza, história e cultura.
30
Universo Cemig
Principais obras:
Estanho
O estanho é um
material muito nobre
no mercado da arte,
exportado para
diversos países. No
Brasil, é produzido
exclusivamente em
Minas Gerais, na
cidade de São João
Del Rey.
Fotos: Ronaldo Guimarães
Santos e Oratórios
Santos e Oratórios
são constantes
no artesanato de
um povo religioso
como o mineiro.
Produzidos com
diversos materiais,
apresentam também
características do
barroco.
Divino
Feita em cedro maciço, a pomba da paz representa
a fé do mineiro no Divino Espírito Santo. Produzida
por Naninho, artista da cidade mineira de Bichinho,
povoado próximo a Tiradentes, no Campo das
Vertentes.
Tapete Arraiolo
De origem portuguesa, é o tapete mais
tradicional do artesanato mineiro, com
seus bordados, cores e motivos coloniais.
É confeccionado em Diamantina, no Vale
do Jequitinhonha, desde o século 17.
Bonecas de Cabaça
Feitas a partir da cabaça, as bonecas recebem elementos da
pintura e do biscuit. Começaram a ser produzidas em Sete
Lagoas e tornaram-se uma tradição mineira contemporânea.
Mulheres do Vale do Jequitinhonha
Bonecas características com traços marcantes
da fusão étnica do Vale do Jequitinhonha,
sobretudo a negra e a índia. Realçam a
pigmentação e a modelagem herdadas dos
africanos e dos indígenas.
Centro de Artesanato Mineiro
Av. Afonso Pena, 1.537 - Centro
Telefone: (31) 3272-9516
Horário de funcionamento: das 9h às 19h45, de segunda a sexta-feira, das 9h às 14h, no sábado, e das
8h às 13h, no domingo
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dicas culturais
Uma outra
história das Gerais
Em seu livro, arquiteto mineiro faz viagem por dois séculos de história para
mostrar a riqueza patrimonial das fazendas do Sul de Minas
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Universo Cemig
Eugênio Paccelli
F
oram dez anos de pesquisas e mais de 10 mil
quilômetros rodados. Tudo isso para resgatar
as histórias que rodeiam as grandes fazendas
erguidas nos séculos 18 e 19, no Sul de Minas
Gerais. O arquiteto Cícero Ferraz Cruz colocou o pé
na estrada e presenteou o público com um precioso
acervo, que, para surpresa de muitos, ainda se mantém vivo e em plena atividade.
Mais que um estudo sobre a arquitetura de cem
imóveis rurais catalogados na região, o livro “Fazendas do Sul de Minas Gerais: arquitetura rural nos séculos XVIII e XIX” (Monumenta/Iphan/Ministério da
Cultura) debruça-se em uma história que, de certa
forma, foi ignorada por pesquisadores e historiadores: a das Minas que não eram do ciclo do ouro nem
de Aleijadinho.
“Há um fascínio das pessoas por esse período
da história e pelo que foi construído naquela época.
Para quem é de fora, Minas Gerais é só ouro e barroco.” Cícero observa que, na última década, o período
“pós-ciclo do ouro” ganhou mais espaço em estudos
históricos, mas o mesmo não aconteceu com a arquitetura.
O interesse de Cícero Ferraz pelas fazendas do Sul
foi despertado na infância – quando mudou-se para
Varginha, aos 7 anos – e amadurecido na época de
universitário, vivido na Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP).
Inspirado pelo respeitado especialista Antônio
Luís Dias de Andrade, ou Janjão, como é chamado
carinhosamente pelos alunos, Cícero resolveu que os
passeios pela terra natal de seus pais seriam elevados a objetos de estudo. “Aproveitava as férias e os
feriados para visitar as fazendas. Primeiro, aquelas
que já conhecia ou que eram indicadas por parentes
ou amigos. Depois, passei a perguntar às pessoas.
Uma fazenda levava a outra.”
Cícero se viu diante de um passado que permanece vivo. Ainda que algumas propriedades
já se encontrassem em péssimo estado de conservação, em sua maioria, passados três séculos,
continuam ativas, com a produção de leite, cultivo de café e cereais.
Para todos os leitores
As histórias das
grandes fazendas do
sul de Minas Gerais
são retratadas no livro
de Cícero Ferraz Cruz
Em suas 354 páginas, o livro traz conteúdo
capaz de encantar não só profissionais ligados
à arquitetura, como também o público comum, acima de tudo, os curiosos e interessados em mergulhar na história do Estado.
Em quase 90 páginas, divididas em cinco
capítulos, Cícero Ferraz analisa as técnicas
aplicadas na construção das propriedades,
mostrando suas origens e adaptações sofridas
para se encaixarem às condições regionais.
Para o arquiteto, as fazendas constituem-se
em um sistema homogêneo, em que algumas
características se repetem, como a “gaiola”:
“uma estrutura autônoma de madeira empregada nessas construções.”
Presente para os olhos é o capítulo “Inventário das fazendas”, em que o autor reúne,
em 195 páginas, um acervo de fotografias e
detalhes de cada uma das propriedades por
ele visitadas. Nas imagens clicadas pelo autor,
são privilegiados detalhes das edificações, da
decoração no interior dos espaços e, também,
traços do cotidiano de quem habita as fazendas. Em um segundo anexo, são apresentadas
fotografias, a maioria delas fornecida pela Cemig, de imóveis de outras partes do estado.
Ao pegar carona com o arquiteto nessa
viagem, o leitor vai entender a complexidade das fazendas sul-mineiras, que viviam de
diversas atividades, todas complementares e
que garantiam a independência das propriedades. “A autossuficiência está expressa mais
no conjunto das edificações que na casa em si.
Tudo é montado para funcionar e abastecer a
fazenda”, conta Cícero.
Radicado em São Paulo, onde atua na Brasil Arquitetura, Cícero Ferraz Cruz já está com
projetos de um próximo livro, no qual dará
continuidade à saga de “Fazendas do Sul de
Minas Gerais. “Vou retratar a rede de relações
entre essas fazendas”, conta.
INTERNET
Disponível para
download no
site http://www.
monumenta.gov.br/
site/wp-content/
uploads/2011/01/
arquitfazendassminascompleto.pdf
Sobre a obra:
Título: “Fazendas do Sul de Minas Gerais:
arquitetura rural nos séculos XVIII e XIX”
Editora: Monumenta/Iphan/Ministério da
Cultura
Nº de páginas: 354
Valor: R$ 70
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COM A PALAVRA
Eugenio Paccelli
Bicho da terra
“(...)Com uma lanterna. Um
par de velhos chinelos. Pela
grota subimos. Interminável
grota. Meio do cerrado. Pela
plantação passamos. (...)”
34
Universo Cemig
Dia de lua. Cheia. Tarde do dia.
Silêncio na vila. O rio reflete. Céu estrelado. A lua a nascer. Não tardará.
Diziam. Os preparativos começavam.
Lanternas, câmera, facão. Calça,
meias, jaqueta. Frio na barriga. Era
uma caçada. Afinal. Religiosamente
marcada. Numa noite de lua. Cheia
de espera. Expectativas. Vivenciar
um fato. Ato de sobrevivência. De
um lado. Necessidade de apreender.
Do outro. Vamos! À frente. Seguiu
Adão. Com uma lanterna. Um par de
velhos chinelos. Pela grota subimos.
Interminável grota. Meio do cerrado.
Pela plantação passamos. De Adão.
Outro. Cândido. A subir continuamos. Distante o rio corria. Para longe.
Cada vez mais. Baixo. Cada vez mais.
Altos. Estávamos. Distantes. Perto
das estrelas. Sensação ímpar. Suava
frio. Estava fria. A noite. Para chegar
corríamos. Antes dos bichos. Saírem.
Um observatório avançado. Dizia. A
alguns metros. Do chão. Privilegiada
posição. Para os bichos avistar. Da
toca. Saindo. Entre árvores. Escondidos. Na terra escavada. Por entre pedras. Pedro. Era o nome. Do mais velho. Da vila. Muita caça. Por toda vida.
Dizia que não. Fome não tinha. Vontade de comer. Apenas. Imaginava.
A fio este. Por quantas noites. Entre
outros. No observatório debruçados.
A caça chegar. Esperavam. Agradecer
a chance. Num ato de misericórdia. A
vontade saciar. De comer. É logo ali!
A subir continuávamos. Por doze vezes. A frase escutei. Não desanimo.
Uma foto poderia. Registrar. Saindo
da toca. O bicho. Sem sequer saber.
A grota. Você sobe aqui. Chegamos!
Vou pra lá. Silêncio. Onde subir? Nes-
sa árvore. Sussurrava. Aqui. Lá em
cima. Fique sentado. Tem um jirau.
Sem barulho. Num pé de pequi. Subi.
Retorcido. Galhos secos. Atravessados. Amarrados. Com cipós, ao tronco. Sensação estranha. Confesso. No
meio da grota. Vivas. Duas almas. Em
sua árvore. Cada uma. Silêncio. Para
não cair. Equilibrando. Em cima da
toca. Debaixo das estrelas. Sem igual.
Satélites. O que pensariam? Explicações não haveria. Provavelmente.
Imóveis. Dois pontos. Por três horas.
E meia. Silêncio absoluto. O frio escutando. Vento cortante. Da noite, sons
variados. Não deu as caras. O bicho.
Abrigado. Na toca ficou. Visto noite.
Nunca tinha. De lua cheia. Sem lua.
Como aquela. Sem fotos. Caçada fotográfica. Sem caça. Não mais sentia.
A perna. A caçada. Terminamos. Hoje
não. Vai dar em nada. Dizia. Dez metros distante. Adão de cima. De uma
árvore. Também retorcida. Situação
retorcida. Acendemos. As lanternas.
Tão longe. O chão nunca esteve. Assim como a lua. Pelas montanhas
engolida. Jequitinhonha. Do vale. De
madrugada apareceu. Para iluminar.
Da trilha, últimos passos. Não mais
existe. Em lembranças apenas. De tão
retorcidas. Únicas. Distantes.
Hayato Hirashima
Arquiteto e urbanista, cientista social
e engenheiro de Segurança do Trabalho, é diretor comercial da empresa
Paralelo 19 Gestão de Projetos. O
texto acima integra o livro “Nossas
Acontecências: causos de Irapé’’, de
autoria de profissionais envolvidos
na construção da Usina de Irapé.
RETRATOS DO BRASIL
Eugênio Paccelli
Entre as paisagens da
Praça da Liberdade,
as curvas sinuosas e
ilusionistas do Edifício
Niemeyer se destacam.
Projetado pelo arquiteto
Oscar Niemeyer, na
década de 1950, o
arranha-céu remete a
modernidade da cidade
em meio às montanhas
de Minas Gerais.
Janeiro - Abril/2011
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A Cemig é a segunda melhor distribuidora de
energia, na opinião dos consumidores do Sudeste.
SABE COMO VAMOS
COMEMORAR ESSA
CONQUISTA? TRABALHANDO
PARA SER A
Em 2010, a Cemig subiu da
sexta para a segunda posição
na preferência dos consumidores
da Região Sudeste, medida pelo
Índice Aneel de Satisfação do
Consumidor – IASC 2010, da
Agência Nacional de Energia
Elétrica. O IASC visa estimular
a melhoria dos serviços,
orientado pela satisfação
do consumidor.
www.cemig.com.br
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Universo Cemig
No ano passado,
investimos mais de
R$ 200 milhões em
ações para agilizar
nosso atendimento
e reduzir a frequência
e a duração das
interrupções do serviço.
Para fechar o ano, fomos
finalistas do PNQ –
Prêmio Nacional da
Qualidade.
Agora, queremos agradecer
aos nossos quase 7 milhões
de clientes, em 774
municípios de Minas, que
reconhecem a qualidade
dos nossos serviços.
É por eles que, em 2011,
vamos trabalhar mais
para conquistar o primeiro
lugar na satisfação dos
consumidores.
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Janeiro/Abril