Revista do Grupo Cemig Ano 2 - N0 5 - Janeiro a Abril/2011 A força de Minas Investimentos da Cemig impulsionam o desenvolvimento e o crescimento do Estado Gasmig conclui obras do gasoduto do Vale do Aço Centro de Artesanato Mineiro reúne trabalhos que resgatam as raízes do Estado Presença sul-americana Expediente Diretor-Presidente: Djalma Bastos de Morais Diretor Vice-Presidente: Arlindo Porto Neto Diretor de Distribuição e Comercialização: José Carlos de Mattos Diretor de Finanças, Relações com Investidores e Controle Financeiro de Participações: Luiz Fernando Rolla Diretor de Geração e Transmissão: Luiz Henrique de Castro Carvalho Diretor de Gestão Empresarial: Frederico Pacheco de Medeiros Diretor de Desenvolvimento de Negócios e Controle Empresarial das Controladas e Coligadas: Fernando Henrique Schuffner Neto Diretor Comercial: José Raimundo Dias Fonseca Diretor de Gás: Fuad Noman Diretora Jurídica: Maria Celeste Morais Guimarães Diretor de Relações Institucionais e Comunicação: Luiz Henrique Michalick Universo Cemig Revista institucional do Grupo Cemig Ano 2 - número 5 Janeiro a abril/2011 Av. Barbacena, 1.200 - 19º andar Tel.: (31) 3506-4949|3506-2052 Caixa Postal 992 Belo Horizonte|MG e-mail: [email protected] End. internet: www.cemig.com.br Editor responsável: Luiz Henrique Michalick - Reg. no 2.211 SJPMG Coordenação de edição: João Batista Pereira e Carlos Henrique Santiago Apoio: Jonatas Andrade Projeto Gráfico: Press Comunicação Empresarial Produção, redação e edição: Press Comunicação Empresarial (Jornalista responsável – Licia Linhares MG 10.283) Edição de arte e diagramação: Press Comunicação Empresarial Revisão: Cláudia Rezende Impressão: Tamóios Tiragem: 24.000 Foto capa: Igreja de N. S. do Rosário em Milho Verde (MG) Arquivo Cemig ARA APLICAÇÃO UZIDAS Filiado à Aberje 2 Universo Cemig Em 58 anos, o Grupo Cemig investiu na diversificação e na qualidade de seus serviços, expandindo sua atuação no Brasil e na América do Sul. Confira onde a Companhia está presente e suas respectivas operações. EDITORIAL “Minas é muitas. São, pelo menos, muitas Minas”, escreveu, certa vez, Guimarães Rosa. Nesta edição, a revista Universo Cemig deseja levar o leitor para um passeio por essas Minas Gerais, que mudaram tanto nos últimos anos e agora assumem novos ares, sem perder suas características tradicionais. A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), empresa de economia mista, nasceu de uma iniciativa do governador Juscelino Kubitschek, em meados do século passado. Dentro do binômio Energia e Transporte, que havia marcado a campanha de JK ao governo de Minas, foi criada uma holding para controlar as pequenas usinas existentes e as que seriam construídas nos anos seguintes. Quase 60 anos depois, a Cemig continua a exercer o papel de proporcionar as condições necessárias, na área de energia, ao desenvolvimento do Estado, em todas as suas regiões. Ela atua nas áreas de geração, transmissão, telecomunicações e distribuição de energia elétrica, além de atividades que complementam seu negócio principal, como gás e eficiência energética, por meio de empresas controladas. Ciente da importância estratégica da energia elétrica e da nova era de desenvolvimento que se abre para o Estado, o governo de Minas Gerais traçou um ambicioso plano para a Cemig, destacando-se a antecipação das metas de universalização da energia elétrica, a expansão do parque gerador e o reforço em infraestrutura de transmissão e subtransmissão. A Diretoria de Distribuição e Comercialização da Cemig é uma das indutoras dessa transformação por que passa Minas Gerais, levando, há mais de meio século, energia para todas as regiões e prestes a atingir ainda este ano a universalização da energia em 100% da sua área de concessão. Graças ao que vem sendo feito, Minas Gerais é hoje um exemplo a ser seguido por diversos outros Estados da Federação na questão energética. E, à necessidade de impulsionar o desenvolvimento econômico e social do Estado, veio se juntar o desafio da sustentabilidade, tendo como resposta a presença da Cemig há mais de uma década entre as empresas mais sustentáveis do mundo. Assim, é com imenso prazer que apresentamos, nesta edição da revista Universo Cemig, algumas das ações estabelecidas para o setor de energia elétrica, assim como os resultados já alcançados, e o contexto em que elas foram ou estão sendo implantadas. Arquivo Cemig As muitas Minas Gerais “Minas Gerais é hoje um exemplo a ser seguido por diversos outros Estados da Federação na questão energética. E, à necessidade de impulsionar o desenvolvimento econômico e social do Estado, veio se juntar o desafio da sustentabilidade, tendo como resposta a presença da Cemig há mais de uma década entre as empresas mais sustentáveis do mundo.” José Carlos de Mattos Diretor de Distribuição e Comercialização Janeiro - Abril/2011 3 sumário Casa do Baile em Belo Horizonte Arquivo Cemig 03 Editorial As muitas Minas Gerais 05 Empresa 07 Nova Diretoria da Cemig toma posse Minas Gerais Programa Campos de Luz atinge 730 comunidades em sua terceira fase 12 Minas Gerais Gasmig consolida sua presença no País com a conclusão de obras do gasoduto do Vale do Aço 16 20 24 27 4 Universo Cemig Minas Gerais 30 Vitrine Mais de um milhão de mineiros já foram beneficiados pelo Programa Luz para Todos O artesanato é uma das mais ricas e diversificadas expressões da cultura mineira Minas Gerais 32 Dica Cultural Programa CresceMinas chega a sua reta final com mais de R$ 600 milhões investidos em todo o Estado Sustentabilidade Cemig ganha destaque nas conferências sobre o clima e a biodiversidade realizadas pela ONU Minas Gerais Usina de Irapé é marco nas ações da Cemig em todo o Estado Arquiteto mineiro retrata dois séculos de história das fazendas do Sul de Minas em seu livro 34 Com a Palavra Hayato Hirashima, arquiteto, apresenta seu causo 35 Retratos do Brasil Empresa Mudar para crescer Nova Diretoria da Cemig mantém metas de crescimento e sustentabilidade O futuro está logo ali. Pelo menos é esse o pensamento da gestão da Cemig, cujo Plano Diretor estabelece, para 2020, uma meta promissora: ser a segunda maior empresa do setor de energia das Américas. Um desafio que permanece nas mãos da nova Diretoria-Executiva, eleita em janeiro de 2011 pelo Conselho de Administração. A estrutura passa a contar com 11 executivos, sendo que oito ocupam cargos de liderança na Companhia há pelo menos quatro anos. Para a nova gestão, foram instituídas algumas mudanças, como a criação da Diretoria Jurídica, para a qual foi nomeada Maria Celeste Morais Guimarães, e a de Relações Institucionais e Comunicação, comandada por Luiz Henrique Michalick. Essa mudança se justifica frente ao cres- cimento e a necessidade de coordenar ações das diversas empresas do Grupo. Na reunião do Conselho de Administração, foi deliberada, ainda, a nomeação de Fuad Noman, que assume a Diretoria de Gás da Cemig e a Presidência da Gasmig. Algumas denominações também foram alteradas. É o caso da Diretoria de Desenvolvimento de Novos Negócios, que passa a ser denominada Diretoria de Desenvolvimento de Negócios e Controle Empresarial das Controladas e Coligadas, liderada por Fernando Henrique Schuffner Neto. Já a Diretoria de Finanças, Relações com Investidores e Controle de Participações agora é a Diretoria de Finanças, Relações com Investidores e Controle Financeiro de Participações, sendo dirigida por Luiz Fernando Rolla, com mais de 30 anos de experiência na Cemig. “A Cemig tem passado por grandes transformações nos últimos anos, tornando-se a maior empresa integrada do setor elétrico brasileiro, e precisávamos adequar a nossa estrutura à nova realidade e também nos prepararmos para os Atualmente, composto de 58 empresas e 10 consórcios, com atividades em 20 Estados brasileiros e no Chile Arquivo Cemig O presidente Djalma Morais (2o da esq. para a dir.) e os diretores Fernando Schuffner, José Carlos de Mattos e Luiz Fernando Rolla foram eleitos para um novo mandato de quatro anos Janeiro - Abril/2011 5 novos desafios que surgem”, afirmou o presidente Djalma Bastos de Morais, há 12 anos no cargo e eleito para um novo mandato de quatro anos. Desafios e perspectivas A nova gestão da Cemig tem em sua pauta importantes desafios. Garantir o crescimento perante um mercado cada vez mais competitivo, acompanhar as tendências mundiais do setor via desenvolvimento e pesquisa de novas tecnologias e manter as ações de sustentabilidade econômica, ambiental e social são alguns deles. Um dos pontos fortes é atender à necessidade de energia no País. Essa demanda deve crescer a uma média de 5,3% por ano, de acordo com o Plano Decenal de Energia 2010-2019, produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Esse fato reforça a necessidade de investimentos de vulto nos sistemas de geração e transmissão. Liderança comprovada Experiência é palavra-chave na hora de definir os rumos de uma empresa. E, com a Cemig, não é diferente. Formada por profissionais de destaque em suas áreas, a nova gestão tem a possibilidade de conduzir uma administração sóbria, mantendo os bons resultados, percebidos ao longo dos anos. O reconhecimento dos talentos é outro ponto forte da Empresa, que incorporou mais dois ex-superintendentes à Diretoria, com a nomeação de José Raimundo Dias Fonseca e Luiz Henrique Michalick, além de manter Fernando Henrique Schuffner Neto, Luiz Henrique de Castro Carvalho e Luiz Fernando Rolla em seus respectivos cargos. Integrando o quadro da empresa há mais de 15 anos, todos já desenvolveram trabalhos concisos, trilhando uma carreira de renome. Fonseca já atuou como superintendente de Compra e Venda de Energia no Atacado. Graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Juiz de Fora, cursou especialização em Engenharia de Manutenção na Escola Federal de Engenharia de Itajubá e em Management of Electric Power Utilities em Estocolmo (Suécia) e pós-graduação na Fundação Getúlio Vargas. Foi ainda vice-presidente da (Abraceel) Associa- 6 Universo Cemig ção Brasileira de Agentes Comercializadores de Energia Elétrica e conselheiro fiscal da (CCEE) Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Michalick é formado em Jornalismo pela Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Já exerceu os cargos de gerente de Imprensa (1987-1996), gerente de Imprensa, Relações Públicas e Publicidade (1996-2003) e superintendente de Comunicação Empresarial (20032011). Desde 2006, é representante da Cemig e fundador da plataforma de empresas do Reputation Institute no Brasil. Em 1997, foi o coordenador-geral de Comunicação para o Encontro das Américas, evento preparatório para a criação da Alca, promovido pelo Ministério das Relações Exteriores, com apoio do Governo de Minas. Conheça a nova Diretoria-Executiva Djalma Bastos de Morais – Diretor-Presidente Arlindo Porto Neto – Diretor Vice-Presidente Fernando Henrique Schuffner Neto – Diretor de Desenvolvimento de Negócios e Controle Empresarial das Controladas e Coligadas Frederico Pacheco de Medeiros – Diretor de Gestão Empresarial Fuad Jorge Noman Filho – Diretor de Gás José Carlos de Mattos – Diretor de Distribuição e Comercialização José Raimundo Dias Fonseca – Diretor Comercial Luiz Fernando Rolla – Diretor de Finanças, Relações com Investidores e Controle Financeiro de Participações Luiz Henrique de Castro Carvalho – Diretor de Geração e Transmissão Luiz Henrique Michalick – Diretor de Relações Institucionais e Comunicação Maria Celeste Morais Guimarães - Diretora Jurídica Minas Gerais Um gol de placa Programa Campos de Luz atinge 730 campos em sua terceira fase lescentes, evitando vários problemas de ordem social e contribuindo com a prevenção ao uso de drogas e à violência e tornando as comunidades beneficiadas mais seguras, o que proporciona a melhoria da qualidade de vida dessa população. Para serem contemplados pelo programa nessa terceira etapa, os campos foram indicados pela Segov e atenderam alguns requisitos, como possuir vestiário e alambrado, estar instalado em espaço público, pertencer a time de futebol amador ou associação comunitária (ou prefeitura municipal) e ter as dimensões compatíveis com a prática de futebol. Implantado em 2003, inicialmente como um projeto-piloto, o Programa Campo de Luz tem se mostrado uma grata surpresa. Criado para resgatar o costume brasileiro das famosas “peladas”, que reúnem vizinhos e amigos em partidas O campo de futebol de Itumirim (Campo das Vertentes) recebeu as novas instalações elétricas Arquivo Cemig A terceira fase do Programa Campos de Luz, realizada em 2010 com parceria entre Cemig e Secretaria de Estado de Governo (Segov), iluminou 120 campos de futebol amador em Minas Gerais, o que totaliza 730 campos, contemplados em 446 municípios, desde o início do programa, em 2003, com investimentos da ordem de R$ 30 milhões. O Campos de Luz é um programa de iluminação de campos de futebol amador, que tem o objetivo de utilizar a energia elétrica como insumo para a melhoria da qualidade de vida da sociedade. Segundo o coordenador do Campos de Luz, Antônio Gonzaga Almeida, a realização desse programa, além de propiciar a prática de atividades esportivas e culturais durante a noite, oferece uma atividade saudável às crianças e ado- Janeiro - Abril/2011 7 Campo iluminado O governador Antonio Anastasia inaugurou no dia 23 de março a iluminação do 730º campo de futebol beneficiado pelo Programa Campos de Luz, o estádio Ilvo Marani, do Vespasiano Esporte Clube. Localizado no centro de Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o estádio tem alambrados, quatro vestiários e arquibancada com capacidade para 500 torcedores. O campo tem dimensões semelhantes às de estádios que disputam o Campeonato Mineiro (110 x 85 metros). Desde sua inauguração, em 1965, nunca havia recebido iluminação. 8 Universo Cemig amadoras nos campos de várzea, o programa já iluminou, no primeiro momento, oito campos na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O retorno foi quase imediato. “Escolhemos os campos de várzea porque o futebol amador não possui recursos. Mas é o tipo de esporte mais praticado nas comunidades, e esses espaços estavam desaparecendo em razão da construção de prédios, deixando a população, principalmente a das áreas de risco social, sem opção de lazer. Então, nós habilitamos alguns campos, e a iniciativa deu muito certo”, diz Antônio Gonzaga Almeida. Deu tão certo que, apenas em Belo Horizonte, foram recuperados 76 campos de futebol de várzea. Notou-se também que, além dessa modalidade esportiva, a comunidade passou a usar os espaços próximos aos campos para fazer caminhadas e outras atividades, dando oportunidade para toda a família participar. “Depois da iluminação, essas localidades acabaram virando comunidades-família, lembrando aquele ar de cidade do interior, onde todo mundo se senta à noite para conversar, andar de bicicleta ou apenas assistir a uma partida de futebol de seus vizinhos”, ressalta Antônio. Entendendo o programa Ronaldo Guimarães A iluminação possibilita que os moradores no Aglomerado Santa Lúcia pratiquem as atividades durante a noite O Aglomerado Santa Lúcia, uma das inúmeras áreas de Belo Horizonte contempladas com a iluminação, é um ótimo exemplo. Localizado na região centro-sul, próximo a bairros nobres da capital, é formado por quatro vilas, onde vivem, em sua maioria, trabalhadores, que têm horário livre somente à noite e nos fins de semana. Como os dois campos de futebol localizados na área de Barragem não possuíam iluminação noturna, o espaço não apresentava segurança à noite, levando a população a utilizá-lo apenas nos finais de semana e durante o dia. É o que explica José Evaristo Sobrinho, tesoureiro da Associação Esportiva Prointer Futebol Clube. Morador da região desde 1975, ele comanda, há mais de 20 anos, as equipes de futebol masculino e feminino da Barragem. “Antes da iluminação, as pessoas só podiam usar o campo aos domingos e durante o dia. Com o programa, essa realidade mudou. Agora, os moradores, logo depois do trabalho, podem aproveitar um pouquinho o dia de semana também, o que acaba estimulando a integração entre os times, as comunidades.” Janeiro - Abril/2011 9 Como a própria associação não tem recursos próprios, os gastos gerados pela iluminação são pagos pelo “aluguel” das quadras durante os jogos. Trata-se de valores simbólicos, como R$ 1 ou R$ 2 por jogador. “Esse programa foi ótimo pra gente, porque praticamos esporte com mais cautela, cuidado e segurança“, explica o balconista Adriano Rodrigues de Lima. Quando o assunto é o esporte nacional, o futebol é o “carro-chefe”. E, há muito tempo, tornou-se também uma prática entre meninas. Esse é o caso de Joyce Luciano Bispo, estudante, que começou a jogar bola aos 13 anos. “Futebol é a minha vida, e a iluminação do campo possibilitou que eu treinasse à noite. O local ficou mais seguro”, explica. Além dessa modalidade esportiva, as pessoas aproveitam o espaço para fazer caminhadas e praticar outras atividades físicas ligadas à comunidade, como a capoeira. Uma luz para a arte A maior circulação e a movimentação na Barragem possibilitaram, entre outras manifestações socioculturais, a exposição das obras do artista plástico Fabiano Valentino, conhecido como Pelé. “Quem vai jogar usa o campo. Quem não gosta de praticar esporte aproveita o espaço para caminhar, conversar ou jogar baralho. A iluminação estimula as pessoas a se socializarem umas com as outras. Eu gosto muito dessa comunidade e, só de ver as pessoas mais felizes, já é uma grande inspiração para mim. Já virou até tema de um de meus quadros”, diz. Pelé utiliza o espaço para mostrar sua arte Ronaldo Guimarães 10 Universo Cemig Região Metropolitana Santuário da Serra da Piedade (acima), em Caeté, e Praça da Estação, em BH: beleza e história na RMBH Arquivo Cemig Arquivo Cemig A Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), que será uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, é considerada a terceira maior aglomeração urbana do País, com uma população estimada em quase 5 milhões de habitantes, segundo o Censo de 2010. Em cada um de seus 34 municípios, há muito o que ser garimpado pelo visitante, que encontra um verdadeiro leque de belezas naturais, acervos culturais e saborosas descobertas gastronômicas. E o melhor: tudo bem pertinho da capital. De ônibus ou de carro, rapidamente chega-se a Sabará, cidade que mantém preservado um rico acervo arquitetônico, herança do Ciclo do Ouro. Perto dali, está Caeté, onde, entre outros atrativos, está a Serra da Piedade, patrimônio natural e religioso das Gerais. A fé também é marca de Santa Luzia, com suas igrejas centenárias e o famoso convento de Macaúbas. No campo das artes, destaque para o aclamado Museu de Arte Inhotim, em Brumadinho, que reúne grandes nomes da arte contemporânea, em meio a uma paisagem exuberante. E, se bater a vontade de tomar aquele banho de cachoeira, cidades como Rio Acima, Nova Lima e Jaboticatubas, entre outras, oferecem ótimas opções para refrescar o corpo e a alma. É na RMBH que fica a região das grutas, com atrativos pré-históricos em cidades como Pedro Leopoldo e Lagoa Santa. Nesta última é que foi descoberto o fóssil atribuído a uma mulher pré-histórica, batizada de “Luzia”, que viveu na região, registro mais antigo da ocupação humana nas Américas. E, para fechar, nada como a boemia de Belo Horizonte, reconhecida como a capital mundial dos botecos. Além de serem redutos para boa conversa, acompanhada de cervejinha gelada, os bares oferecem rica culinária, que, de tão popular, virou tema de festival. Para quem tem pique, vale um passeio pelo Mercado Central, pelos corredores da Feira Hippie e pela Lagoa da Pampulha, vitrine do gênio Oscar Niemeyer para o mundo. Janeiro - Abril/2011 11 Minas Gerais Gás total Gasmig consolida sua presença no interior com a conclusão das obras do gasoduto do Vale do Aço e novos investimentos previstos para 2011 Gasmig: www.gasmig.com.br O novo gasoduto do Vale do Aço é o maior dos empreendimentos da Gasmig 12 Universo Cemig P porte das empresas que ele atende. “Temos grandes indústrias instaladas que já demandavam o gás natural há muito tempo, por se tratar de um combustível mais limpo e eficiente”, conta o presidente da Gasmig e diretor de Gás da Cemig, Fuad Noman. Ele destaca, ainda, que o gás natural é um fator de atração de investimentos nas regiões onde é ofertado. “Certamente é um diferencial oferecido pela região às empresas que queiram se instalar. E não só isso: o gás também contribui para fixar as empresas que já estão em atividade, evitando que migrem para outras localidades onde há o recurso.” Um dos clientes de peso do Vale do Aço é a Lúcia Sebe INTERNET elos 331 quilômetros de tubulação subterrânea, o desenvolvimento é conduzido sob a forma de gás natural. Já está em operação o gasoduto do Vale do Aço, uma obra da Gasmig, subsidiária da Cemig (controladora) e da Petrobras, que demandou investimentos de R$ 700 milhões. Saindo de São Brás do Suaçuí (região Central de Minas) até chegar a Belo Oriente (Vale do Rio Doce), o empreendimento confere fôlego extra a um dos principais polos industriais do País. Com capacidade para condução de 2,4 milhões de metros cúbicos por dia, o novo empreendimento é o maior entre os gasodutos da Gasmig. Sua importância também se mede pelo Eugenio Paccelli Usiminas, instalada em Ipatinga. De acordo com o superintendente de Energia e Utilidades da siderúrgica, Luís Fernando Marzano, o gás natural simplificou os processos industriais, além de contribuir para a sustentabilidade da empresa, no que se refere tanto aos impactos ambientais quanto à dimensão econômica. “Os principais benefícios são o aumento na estabilidade operacional de fornos, devido à não obstrução de queimadores, válvulas e tubulações e à maior disponibilização das linhas de produção. Isso impacta positivamente nos rendimentos, na qualidade, na segurança e no meio ambiente.” Na Usiminas, o gás natural vem sendo aplicado, desde novembro, no alto-forno 3, em substituição ao coque, um combustível gerado do carvão mineral. O consumo chega a 240 mil metros cúbicos por dia. Outra aplicação é nas aciarias, onde o gás natural substituiu o gás liquefeito de petróleo (GLP). “A partir deste ano, iniciam-se os projetos de complementação da rede de distribuição e de adequações internas de outras áreas que utilizarão o gás natural em substituição total ao óleo combustível”, acrescenta Marzano. Até 2013, a expectativa é de que a usina amplie seu consumo para 750 mil metros cúbicos diários. Outro importante consumidor é a Celulose Nipo-Brasileira (Cenibra), em Belo Oriente. Lá, o recurso é aplicado nos fornos de cal. O gerentegeral industrial, Robinson Félix, destaca que, diferentemente do óleo, o gás natural não precisa ser estocado, o que contribui para a segurança das pessoas que trabalham na fábrica. “Tínhamos que acondicionar 700 toneladas de óleo. Além do risco de derramamento, era preciso descarregar o combustível, e isso demandava mais trabalho e muito cuidado.” A estabilidade conferida pelo gás natural ao maquinário também é ressaltada por ele como uma vantagem. A ArcelorMittal, que possui duas usinas abastecidas pelo gasoduto do Vale do Aço, em João Monlevade e Timóteo (Vale do Aço), é mais uma grande empresa que já está usufruindo do gás natural. Na opinião do gerente de Engenharia de Manutenção, Utilidades e Meio Ambiente da unidade de João Monlevade, Vicente Aleixo Pinheiro Ribeiro, esse combustível pode ser considerado um gerador de riquezas para as regiões onde é ofertado. “Na ArcelorMittal Monlevade, o gás natural está trazendo redução de custos operacionais, contribuindo para a competitividade e o crescimento da usina. A comunidade também espera ansiosa pela disponibilização dessa riqueza a todos.” De uma ponta a outra Concluída no ano passado, a rede de 110 quilômetros do Sul de Minas é o segundo maior empreendimento da história da Gasmig. Fuad Noman observa que esse gasoduto foi crucial para fixar as empresas na região. “Em São Paulo, que está bem próximo dali, há ampla oferta de gás natural. Por isso, várias indústrias estudavam sair de Minas para se estabelecer onde houvesse disponibilidade desse insumo.” O gasoduto percorre os municípios de Jacutinga, Poços de Caldas, Andradas e Caldas. Os principais clientes estão no ramo de alumínio, mineração, cerâmica e vidro. Para o gerente-técnico Rowilson Alves Pereira e o analista de Suprimentos e Custos Alexandre Henrique Giaretta, ambos da Indústria Cerâmica Andradense (Icasa), o uso do gás natural refletiu de forma positiva na qualidade do produto. “Constatamos que, em virtude da menor necessidade de manutenção dos equipamentos de combustão, conseguimos maior estabilidade de resultados na qualidade do produto final. O produto está com maior vida útil”, afirma Giaretta. Fuad Noman: “O gás natural tem grande demanda por se tratar de um combustível mais limpo e eficiente” Janeiro - Abril/2011 13 Lúcia Sebe Novos investimentos Se 2010 foi importante para a Gasmig no que diz respeito a investimentos e conclusão de obras, 2011 será o ano de ampliar os mercados e a área de atuação da empresa. Uma das frentes de trabalho será a captação de novos clientes ao longo das redes de gasodutos. No Vale do Aço, por exemplo, equipes da distribuidora vão buscar consumidores do setor de serviços, como comércio, hotelaria e alimentação. Neste ano, a Gasmig também marca sua entrada na distribuição de gás a residências. A atração nesse mercado terá como ponto de partida um empreendimento em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. No primeiro, a Gasmig vai abastecer 298 apartamentos construídos às margens da Lagoa dos Ingleses. “O gás natural é mais leve do que o gás de botijão (GLP), por isso, se dissipa mais facilmente no ar, o que torna o processo mais seguro. Além disso, há a praticidade de não ter que armazenar nem trocar o botijão, além do conforto proporcionado pela possibilidade de aquecimento da água na cozinha e nos banheiros da moradia”, explica Fuad Noman. Brevemente, o gás também será disponibilizado a alguns bairros da capital. Números de peso Receita bruta em 2010: R$ 720 milhões Venda média diária em dezembro de 2010: 2,2 milhões de metros cúbicos Total investido pela Gasmig entre 2008 e 2010: R$ 900 milhões Extensão da rede de gasodutos: 800 km Postos de distribuição de Gás Natural Veicular: 90 Número de veículos que usam GNV em Minas: 40 mil 14 Universo Cemig Entenda melhor Belo Oriente Primeira subsidiária do Grupo Cemig, que hoje reúne quase 60 empresas, a Companhia de Gás de Minas Gerais nasceu em 1986 e, atualmente, tem 800 quilômetros de redes construídas, localizadas em 40 municípios em diversas regiões mineiras: Zona da Mata, Campo das Vertentes, Central, Região Metropolitana de Belo Horizonte, Sul de Minas e Leste de Minas. Os gasodutos atendem às principais indústrias mineiras. O gás comercializado pela Gasmig tem origem na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, e na Bolívia e chega a Minas por meio dos gasodutos de transporte da Petrobras. A Gasmig é a única companhia autorizada a distribuir gás natural em Minas Gerais, o que faz por meio de seus gasodutos de distribuição. Assim como acontece com a energia elétrica, o cliente paga pelo consumo somente após a utilização. O número de clientes chega a 300, incluindo 98 grandes e médias indústrias, 90 postos de distribuição de gás natural veicular e duas usinas termelétricas (Ibiritermo e Juiz de Fora). A Gasmig tem diversos contratos de aquisição de gás com a Petrobras, com prazos de vigência que vão até 2026 e que possibilitam a oferta de até 8,5 milhões de metros cúbicos por dia ao Estado. Coronel Fabriciano Ipatinga Antônio Dias Santana do Paraíso Timóteo Jaguaraçu Nova Era João Monlevade Bela Vista de Minas Rio Piracicaba Alvinópolis Ouro Preto Ouro Preto Mariana Gasoduto de transporte (GASBEL) Congonhas São Brás do Suaçuí Gasoduto Vale do Aço Conselheiro Lafaiete Ouro Branco As belezas do leste O Vale do Rio Doce, onde está localizado o Vale do Aço, é uma das 12 mesorregiões de Minas Gerais. Dividida em nove microrregiões, abrange 102 municípios. Como o próprio nome já diz, a região é banhada pela bacia do Rio Doce, cuja extensão territorial é de 83,4 mil quilômetros quadrados. Até chegar ao mar, no Espírito Santo, o Rio Doce percorre, desde sua nascente, em Minas Gerais, 853 quilômetros. Por onde passa, o rio agracia os olhos com belas paisagens. Algumas, inclusive, de tirar o fôlego. É o caso do Parque Estadual do Rio Doce, localizado entre os municípios de Marliéria, Dionísio e Timóteo, a 248 quilômetros da capital. Com seus 36.970 hectares, o parque abriga a maior floresta tropical do Estado. De ricas fauna e flora, o parque mantém espécies ameaçadas de extinção, como a onça pintada, o macuco e o monocarvoeiro, maior primata das Américas. Em suas 40 lagoas naturais, encontra-se grande diversidade de peixes bagre, cará, lambari, cumbaca, manjuba, piabinha, traíra e tucunaré. Com completa estrutura para atender a turistas, estudantes e pesquisadores, o Parque Estadual do Rio Doce é, sem dúvida, um dos principais atrativos da região. Mas ainda há mais. Como deixar de falar do Pico do Ibituruna, em Governador Valadares? Do alto de seus 1.123 metros, o pico reúne condições perfeitas para os adeptos dos esportes radicais, como o voo livre. É claro que há muito mais o que conhecer. Belos e aconchegantes hotéis-fazenda na zona rural de pequenos municípios, a modernidade convivendo com a tradição em cidades maiores, como Ipatinga, churrasco e peixes grelhados, quitandas que contam histórias e, é claro, a hospitalidade mineira que sempre marca presença. Janeiro - Abril/2011 15 Minas Gerais Adeus à escuridão Mais de um milhão de mineiros já foram beneficiados pelo Programa Luz para Todos, que neste ano vai atingir a meta de 285 mil ligações no Estado I nstituído em 2003 pelo Governo Federal, o Luz para Todos vem sendo executado pelas empresas distribuidoras de energia de cada Estado. Inicialmente foi prevista uma demanda de 105 mil ligações, contudo, quando a equipe da Cemig foi a campo, identificou que a necessidade era bem maior. “Só na primeira fase do programa, de 2004 a 2007, fizemos 190 mil ligações”, conta o superintendente da Coordenação Executiva do Projeto Luz para Todos na Companhia, Geraldo Magela de Aranda Lage. Aquela tarde de outubro ficará marcada para sempre na memória de João Batista Souza Lopes. Bastou um clique no interruptor para que o progresso batesse à porta de sua pequena casa, na comunidade de São José do Paraguai, em Almenara, no Vale do Jequitinhonha, a mais de 700 quilômetros da capital mineira. Assim como milhares de moradores de áreas rurais do Estado, João Batista é um dos beneficiados do Programa Luz para Todos, que neste ano atinge a meta de 285 mil ligações em 774 municípios de Minas Gerais. João Batista, que é trabalhador rural e funcionário público, nem acreditou quando a lâmpada acendeu diante de seus olhos. A mudança em sua vida foi total. “É até difícil de explicar. Antes não tinha como Eugenio Paccelli O programa Luz para Todos facilitou o acesso à energia elétrica aos moradores do campo 16 Universo Cemig Impulso para o desenvolvimento Além de proporcionar mais conforto à população, o Luz para Todos vem contribuindo para a aceleração da economia nas comunidades. É o caso do assentamento Nova Conquista, em Almenara (Vale do Jequitinhonha), onde 30 famílias trabalham com a criação de animais, cultivo de arroz e milho e produção de leite, entre outras atividades. Carmelito Rodrigues dos Santos, presidente da Associação dos Trabalhadores Rurais de Nova Conquista, destaca os avanços do grupo com a chegada da energia. “Agora, podemos conservar o leite e, para isso, compramos um resfriador. Antes, tínhamos que vender toda a produção ou produzir queijo para não perder, o que diminuía nosso lucro. Também compramos maquinário para a lavoura.” Em breve, a associação vai contar com uma fábrica de farinha, cujos equipamentos já foram adquiridos. “Quanto mais produtos tivermos, melhor”, aposta Carmelito. O grupo de Nova Conquista é um dos 99 Centros Comunitários de Produção (CCP) beneficiados pelo Luz para Todos. A Associação Indígena Pataxó Pankarau, na Aldeia Cinta Vermelha Jundiba, em Araçuaí (Vale do Jequitinhonha), também está colhendo os frutos do progresso. Segundo o presidente da associação, Antônio César da Conceição, até mesmo a distribuição de água era prejudicada pela falta de energia. “A prefeitura tinha que mandar caminhão-pipa. Agora, compramos uma bomba, o que nos auxilia a levar para as casas a água que é coletada da chuva.” A energia trouxe benefícios para o dia a dia das comunidades indígenas de Minas. Na foto, índios Krenaks de Resplendor (MG) Arquivo Cemig guardar comida: ou pedia favor para quem já tinha energia em casa ou acabava perdendo muita coisa. Além disso, quando escurecia, não tinha nada para fazer. As noites pareciam muito mais longas.” As velas e os lampiões deram lugar a lâmpadas, além de geladeira, chuveiro elétrico, antena parabólica e televisão. “Agora posso assistir ao jornal e ao futebol.” Ao contrário de outros programas desenvolvidos para levar energia elétrica ao campo, no Luz para Todos, o beneficiado não tem nenhum gasto. “Antes levávamos energia até a porta, e o morador tinha que fazer a ligação até sua casa. Agora, providenciamos a instalação completa, e cada casa recebe um kit interno com três lâmpadas e duas tomadas”, explica o superintendente Geraldo Lage. Para o diretor de Distribuição da Cemig, José Carlos Mattos, “o Luz Para Todos contribui de forma efetiva para a melhoria dos indicadores sociais nas comunidades onde é implantado, além de diminuir o êxodo. A chegada da luz tem feito com que as pessoas se fixem no campo e que aquelas que saíram para a cidade tenham o apelo de retornar. É algo que reflete diretamente na qualidade de vida da população.” Eugenio Paccelli O engenheiro Antônio Augusto prova da água de um dos poços artesianos, dentre as centenas que ele ajudou a eletrificar quando trabalhava para a Cemig Janeiro - Abril/2011 17 Eugenio Paccelli O coordenador do Luz para Todos na Cemig, Geraldo Lage (sentado, no meio), e sua equipe de gestores (da esquerda para a direita) Elmo Pechir, Luiz Augusto, Márcio Coelho, José Alberto e Wagner Veloso A água também está sendo usada na irrigação por gotejamento, que garante o desenvolvimento da horticultura e, segundo Antônio, vai contribuir para projeto de revitalização da floresta nativa. “Temos o sonho de recuperar essas matas.” Compromisso social Outra frente de atuação da Cemig, por meio do Luz para Todos, é a ligação de poços artesianos comunitários, principalmente em localidades rurais do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha, que sofrem com o problema da seca. Desde o início do Programa, foram investidos R$ 10 milhões para a eletrificação de 983 poços. Para que haja a ligação, as prefeituras ou associações comunitárias devem fazer a solicitação à Cemig, que exige a apresentação do CNPJ. Os poços artesianos são instalados em pontos centrais das residências de uma comunidade. As bombas puxam a água e a distribuem para uma caixa d’água única, que a direciona, por gravidade, às moradias. Segundo Elmo Pechir, da Gestão Executiva do Projeto Luz para Todos, a ação é fruto de um compromisso firmado pela Cemig com o Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas. A Com- 18 Universo Cemig panhia é integrante do Comitê da Convivência com a Seca, que visa à minimização dos efeitos da estiagem em áreas críticas do Estado. Testemunhas da felicidade O Luz para Todos em Minas Gerais gerou cerca de 10 mil empregos diretos e indiretos. São pessoas como Gilmar Gama, técnico da Imobluz, uma das empreiteiras contratadas pela Cemig para fazer as obras. Ao longo dos três anos em que tem trabalhado para o programa, o profissional presenciou momentos emocionantes. “Tem casa em que as pessoas até choram quando acendemos a lâmpada.” Seu último trabalho foi no distrito de Córrego de Areia, em Almenara, onde ficou por quatro meses para fazer 40 ligações. “Lá, o pessoal estava só esperando a luz chegar para montar uma fábrica de farinha. Nós não imaginamos o quanto a eletricidade é importante na vida das pessoas.” O supervisor José Aparecido Sampaio, da Ecel Engenharia, também guarda boas histórias vividas em campo. “Em muitas comunidades do Norte, percebíamos que, no início, havia casas vazias. Depois, quando voltávamos nesses lugares, encontrávamos mais pessoas morando por lá. A luz permite que a população volte ou fique no campo para viver e trabalhar.” Investimentos A Cemig é responsável pelos números mais expressivos do Programa Luz para Todos da Região Sudeste. Ao final do ano, os investimentos no Estado somarão cerca de R$ 3 bilhões, sendo 77% desse montante de responsabilidade do Governo de Minas e da distribuidora e 23%, do Governo Federal. Neste ano, serão executadas 40 mil ligações, sendo 15 mil do final da fase 2 e outras 25 mil da fase 3. Para executar as obras da fase 3, avaliadas em R$ 355 milhões, a Cemig já assinou contratos com três grupos de grandes construtoras. Assim, quando o ano findar, a previsão total do Programa de atender 285 mil famílias será uma realidade, e a Taxa de Atendimento Rural na área de concessão da Cemig no Estado de Minas se aproximará de 100%. Números de destaque do programa (referentes às 250 mil ligações) Beneficiados: 605 famílias indígenas 1.058 famílias de quilombolas 99 Centros Comunitários de Produção (CCP) 1.480 escolas 7.895 famílias de assentados Foram instalados: 73 mil quilômetros de rede monofásica 597 mil postes 144 mil transformadores Caldeirão cultural Formado por 89 municípios, o Norte de Minas é fortemente marcados por suas riquezas culturais, famosas pelos quatro cantos do Estado e até mesmo fora dele. Afinal de contas, quem nunca ouviu falar da carne de sol de Mirabela ou da cachaça de Salinas? Traços culturais que se traduzem em manifestações folclóricas, nas tradições passadas de geração a geração e em sabores marcantes. Carne serenada ou de sol, pequi, maxixe, coentro, cachaça, manteiga de garrafa, quitandas e requeijão em barra. Tem tudo isso e muito mais nos mercados e feiras populares da região, onde é possível perder-se em meio aos mais atraentes aromas, cores e paladares. Isso sem falar na fartura de frutas e nos derivados da mandioca, como a goma, o biju e a farinha. As águas do Rio São Francisco banham a região, levando o desenvolvimento e enriquecendo as cidades por onde passam, com suas lendas, culinária típica e cultura da população ribeirinha. Às suas margens, as lavadeiras entoam cantigas recordadas da infância, crianças se refrescam no rio e pescadores tiram o alimento para a família. Aportado em Pirapora, o vapor Benjamim Guimarães, uma relíquia viva de 1913, navega no Velho Chico, contando, para o presente, as histórias vividas no passado. Cristália, a 581 quilômetros de Belo Horizonte, é um dos municípios do Norte de Minas Janeiro - Abril/2011 19 Minas Gerais Na rota do crescimento Nos últimos cinco anos, o sistema de distribuição de energia em Minas Gerais teve significativo aprimoramento. O CresceMinas, um dos programas estruturadores do Governo Estadual, foi um dos responsáveis por essa guinada, que canalizou um total de R$ 750 milhões em obras de infraestrutura. Do Norte ao Sul de Minas, cerca de 310 municípios são beneficiados diretamente pelas ações desse programa. A partir de 2004, o mercado de energia elétrica atendido pela Cemig apresentou uma rápida recuperação, após o racionamento ocorrido em 2001 e 2002, com vários projetos de expansão do setor industrial e de crescimento do mercado de distribuição. Além disso, o sistema de distribuição se mostrava crítico nessa época em várias regiões de Minas Gerais, com o esgotamento de um grande número de linhas de distribuição que atendiam aos sistemas radiais – principalmente nas regiões Norte e Leste – e a redução da vida útil dos sistemas de média tensão, bem como apresentava restrições ao atendimento de novos consumidores e na ampliação da carga dos existentes, em especial, nas regiões Oeste e Central. Assim o desafio estava traçado: era necessário fazer reformas e melhorias no sistema de distribuição e, mais que isso, ampliar a capacidade do fornecimento de energia elétrica. Foi aí que surgiu o programa CresceMinas, que estabeleceu uma série de obras importantes com foco nessas duas demandas. “Os estudos de planejamento do sistema elétrico da Cemig apontaram as regiões mais críticas, demandando ações concentradas e integradas para implantação do 20 Universo Cemig Arquivo Cemig Programa CresceMinas chega a sua reta final com mais de R$ 600 milhões investidos em todo o Estado média e baixa tensões, possibilitando também ampliar o atendimento às áreas rurais”, explica o gestor do programa para as regiões Sul, Centro e Triângulo Mineiro, Israel Jorge de Oliveira. Crescimento por completo Os investimentos do CresceMinas beneficiaram toda a cadeia de distribuição de energia, desde a baixa até a alta-tensão. No sistema de alta-tensão, foram construídas 10 novas subestações e outras 82 receberam reformas ou ampliações. Além disso, foram construídos 580 quilômetros de linhas de distribuição. Neste ano, mais cem quilômetros de rede de alta-tensão serão adicionados à rede atual. A SE Machado, no Sul de Minas, atende seis municípios da região Arquivo Cemig Programa CresceMinas”, explica o coordenador do programa e superintendente de Implantação de Empreendimentos de Alta-Tensão da Distribuição da Cemig, Arnoldo Magela Morais. O programa inicial, de caráter emergencial, visou a beneficiar um maior número de ampliações de subestações e linhas de distribuição em um curto período. “Focamos nas áreas mais críticas, nas quais eram necessários reforços e reformas emergenciais”, conta o coordenador. Além de contribuir com desenvolvimento econômico do Estado, o CresceMinas deu suporte a outros programas da Cemig, como o Luz para Todos (leia mais na página 16). “O CresceMinas viabilizou o reforço de vários pontos do sistema de alta-tensão da distribuição, com infraestrutura necessária ao crescimento das redes de Janeiro - Abril/2011 Abril/2011 21 A implantação da SE Papagaios garante o atendimento a novas demandas na região Central 22 Universo Cemig No sistema de redes de média e baixa tensões, a meta de 4.371 quilômetros foi superada. Com investimentos de R$ 265 milhões, foram construídos 4.384 quilômetros. Para o consumidor, todas essas obras representam melhorias no fornecimento e na qualidade da energia, tendo como base parâmetros estabelecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Para medir a qualidade, são avaliados quesitos como nível da tensão, frequência e duração das interrupções. “Queremos contribuir para que a energia chegue ao consumidor com qualidade, ou seja, sem interrupções, com níveis de tensão adequados e dentro dos padrões regulatórios”, comenta Arnoldo Magela. No âmbito industrial, o fornecimento de energia tem um peso ainda maior. Afinal, dele depende a maior parte dos processos produtivos. “Uma queda de energia pode comprometer toda a produção.” É por isso que a distribuição de energia com qualidade torna-se um atrativo para empresas que queiram se estabelecer no Estado. Pelos quatro cantos As obras do CresceMinas foram executadas em quase 50% dos municípios atendidos pela Cemig. Eles representam todas as regiões mineiras e, juntos, somam uma população de cerca de 4 milhões de pessoas. A Região Central recebeu R$ 79,8 milhões, aplicados na construção das Subestações (SE) Betim 5 e Igarapé 2, entre outras. Entregue no ano passado, a obra da SE Betim 5 garantiu reforço na distribuição para a Região Metropolitana de Belo Horizonte, sendo a maior subestação abaixadora para média-tensão construída pela Cemig nos últimos dez anos. Na região, também foram executadas obras de melhorias, como a ampliação da Subestação Nova Lima 1. No Centro-Oeste de Minas, os investimentos, até o momento, foram de R$ 42,8 milhões. Entre as obras, está a construção da Subestação Cláudio 2. Orçado em R$ 15,3 milhões, o empreendimento atende a cerca de 40 mil consumidores nos municípios de Cláudio, Itaguara e Carmópolis de Minas. Eugenio Paccelli Charme e café Nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, os investimentos somaram R$ 18,7 milhões. Uma das ações foi a ampliação das Subestações Araçuaí 2, Capelinha e Pedra Azul. No Vale do Rio Doce, os R$ 30,7 milhões levaram à melhoria das instalações da SE Resplendor, da SE Engenheiro Caldas e da SE Peçanha. No Triângulo Mineiro, foram investidos R$ 41,5 milhões, entre outros, na construção das Subestações Prata 2 e Perdizes, na ampliação das Subestações Carneirinho e Coqueiros, Campina Verde 2, Tupaciguara, Prata 1 e Araporã. O Norte de Minas recebeu o segundo maior investimento, totalizado, até o momento, em R$ 75 milhões. Foram construídas três novas subestações: Lontra, São Francisco 4 e Porteirinha 2, além da ampliação das Subestações de Taiobeiras e Espinosa. No Sul de Minas, R$ 49,1 milhões foram usados em obras como a da Subestação Machado e na melhoria da subestações como a de São Gonçalo do Sapucaí. Quando se pensa no Sul de Minas, a primeira coisa que vem à cabeça é o café, não é mesmo? Isso porque a região é a principal produtora do Estado, contribuindo, e muito, para a posição de destaque ocupada por Minas Gerais no mercado nacional. E basta pôr o pé nas estradas do Sul para perceber a dimensão da atividade. Campos verdes de se perder de vista, cercados por mares de montanhas, caracterizam a paisagem e proporcionam belo espetáculo aos olhos. Além da economia, o café marca presença em aspectos culturais das cidades do Sul. Um exemplo é a gastronomia, que privilegia o grão não só como bebida, mas em criativas receitas. O café está no recheio do bombom, em bolos e por que não, em molhos para carnes, entre outras iguarias. Mas o Sul é muito mais. São as fontes termais de São Lourenço, opções relaxantes para os turistas que visitam a cidade. São os balneários de Caxambu. É a maestria na confecção de malhas. O friozinho característico que, no inverno, torna-se um atrativo para quem é de fora, principalmente em cidades charmosas como Maria da Fé e Cristina. São os pés de moleque de Piranguinho. O romantismo de Monte Verde. E tantas outras atrações que só mesmo conhecendo de perto para saber. sxc.hu Janeiro - Abril/2011 23 Sustentabilidade Preservação na prática Rafael Fiorine apresentou o programa Peixe Vivo na 10ª edição do COP sobre a Diversidade Biológica, realizado em Nagoia 24 Universo Cemig Foi-se o tempo em que a questão ambiental era vista como um tópico secundário por países e empresas. Com a natureza já apresentando efeitos claros da ação do homem sobre ela, sociedade civil, setores produtivos e nações de todo o globo batalham por um consenso econômico e diplomático que viabilize maneiras de conter as alterações climáticas e proteger a biodiversidade. Anualmente, a Organização das Nações Unidas (ONU) realiza as principais conferências mundiais para promover o debate sobre esses temas tão delicados. A Cemig esteve presente em dois desses encontros, onde pôde apresentar seus projetos pioneiros e, sobretudo, mostrar resultados concretos. A primeira Conferência das Partes (COP) ocorreu em Berlim, em 1995, e deu origem ao chamado Mandato de Berlim. O documento confirmou o compromisso dos países participantes de reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera. Nas edições seguintes, os resultados foram avaliados e novas propostas feitas. Um episódio marcante da COP para Mudanças Climáticas aconteceu durante a realização do evento na cidade de Kyoto, no Japão, em 1997. Lá foi criado o Protocolo de Kyoto, que exige dos países signatários compromissos mais rígidos no combate à emissão dos gases responsáveis pelo efeito estufa, considerado pela maior parte dos especialistas como a causa do aquecimento global. A grande polêmica ficou por conta da recusa dos Estados Unidos em assinar o protocolo. A justificativa dada pelo governo norte-americano foi o impacto negativo que a adoção das medidas previstas no termo traria à economia do país. Eugenio Paccelli Cemig ganha destaque nas conferências sobre o clima e a biodiversidade realizadas pela ONU Arquivo Cemig Em dezembro de 2010, o COP chegou à sua 16ª edição e foi realizado em Cancun, no México. Ele deu continuidade ao diálogo econômico e diplomático entre os países para intensificar ações de preservação ambiental. O Protocolo de Kyoto permanece como o único instrumento legal que determina que países desenvolvidos se comprometam a reduzir o nível de emissões. Infelizmente, os Estados Unidos, um dos maiores emissores de gases causadores do efeito estufa, continuam relutando em assinar o termo. A China, o maior poluidor, chegou a assinar o documento, mas não tem agido de forma efetiva para ratificá-lo. Ao contrário, continua investindo pesado em usinas energéticas movidas a carvão. “É preciso trazer os chineses e os norteamericanos para a discussão. Existe um custo na conservação ambiental que deve ser encarado por todos. É preciso restaurar uma rota de acordo possível”, acredita Marco Antônio Fujihara, diretor da Key Associados. Com escritórios em Porto Alegre e São Paulo, a entidade oferece serviço de consultoria a empresas que buscam adaptar seus negócios a essa nova realidade, em que a questão ambiental é inexorável. Durante o evento no México, a Cemig ganhou destaque no catálogo Climate Action, que reúne cases de sucesso de diversas empresas do mundo e é distribuído para todos os participantes do encontro. Intitulado Clean Energy Initiatives (Iniciativas em Energia Limpa), o texto destacou os vários projetos conduzidos pela Companhia que buscam fontes limpas de energia. “A Cemig é um bom exemplo, pois ela entendeu há tempos que, além de ajudar na preservação ambiental, tais projetos criam uma reputação diferenciada para a Empresa. Com bons indicadores ambientais, a Companhia consegue atrair capitais de longo prazo, graças ao respeito conquistado junto aos investidores”, argumenta Marco Antônio. INTERNET Catálogo Climate Action: http:// www.climateactionprogramme.org/ publication/book_2010/ Nas estações de piscicultura, espécies nativas de peixes são estudadas e reproduzidas Arquivo Cemig Biodiversidade Se o clima e a vida no planeta são temas tão intimamente ligados, é justo que a biodiversidade da Terra também ganhe um palco de discussões sobre o seu uso correto e as maneiras de garantir sua conservação. Em outubro de 2010, a cidade japonesa de Nagoia sediou a décima Crianças se envolvem nas ações realizadas pelo programa Peixe Vivo Janeiro - Abril/2010 Abril/2011 25 Fundado em 1997, o conselho promove o desenvolvimento sustentável entra as empresas. Foi a primeira instituição no País a falar do tema dentro do conceito do tripple bottom line, que define a sustentabilidade pelo equilíbrio dos três pilares: o econômico, o ambiental e o social “Uma das grandes características dessa iniciativa, e que procurei enfatizar na COP 10, foi a proximidade que estabelecemos com as comunidades locais para a realização do trabalho”, argumenta. Por meio de levantamentos e estudos feitos pelos técnicos, hoje, a Empresa sabe exatamente como os cardumes se comportam próximos das usinas e como operá-las de forma a causar o mínimo de impacto. “As comunidades reconhecem o empenho da Cemig na preservação das espécies”, afirma o engenheiro. Assim como na COP 16, várias publicações foram lançadas, durante a COP 10, sobre a biodiversidade. Uma delas foi editada pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). O catálogo destacou as ações do programa Peixe Vivo e o trabalho de mapeamento genético das espécies de peixes das bacias dos rios Grande e Araguari. Divulgação Crescimento econômico X preservação de recursos naturais Marina Grossi acredita que a sustentabilidade deve ser inserida nas rotinas das empresas Ciclo de encontros sobre a sustentabilidade e a gestão responsável realizado pelo CEBDS. Em 2010, o evento teve a sua terceira edição realizada em Salvador (BA) 26 Universo Cemig edição do COP sobre a Diversidade Biológica (COP 10). Organizações e mais de 190 países enviaram representantes para apresentar projetos, debatê-los e discutir novas propostas para assegurar o uso racional dos recursos naturais. Rafael Augusto Fiorine, engenheiro de Meio Ambiente da Cemig, teve a missão de representar a Companhia no encontro, durante as duas semanas de duração do evento, na qual apresentou o programa Peixe Vivo. Lançada em 2007, a iniciativa prevê o estudo e a conservação da ictiofauna das bacias hidrográficas onde estão instaladas usinas da Empresa. “Pela primeira vez, o programa foi mostrado em um evento desse porte. O retorno das pessoas foi excelente. Muitas disseram que esperavam ansiosas por exemplos práticos e consolidados de preservação ambiental”, recorda Rafael. Em um primeiro momento, empresas e governos tiveram 15 minutos para apresentar seus programas e principais resultados. Em seguida, foi aberto o espaço para debates. “A preservação de recursos naturais ajudará a definir quais empresas serão mantidas e quais deixarão de existir nessa e nas próximas décadas”, afirma Marina Grossi, presidente executiva do CEBDS. Ela acredita que só a empresa que inserir a sustentabilidade em todos os seus processos conseguirá ser economicamente viável, ambientalmente correta e socialmente justa. A presidente destaca o crescente interesse da sociedade sobre o tema. Mais vigilantes e exigentes, as pessoas sabem identificar empresas que têm muita retórica, mas pouca ação. A pesquisa “Comunicação e Educação para a Sustentabilidade”, encomendada pelo CEBDS e divulgada no segundo encontro do Sustentável 2010, mostra que 98% das pessoas entrevistadas disseram já ter ouvido falar alguma coisa sobre meio ambiente ou responsabilidade social nos últimos tempos, mas apenas 15% delas disseram acreditar que as empresas de fato fazem o que dizem na comunicação sobre sustentabilidade. “A adoção de práticas sustentáveis se tornará imperativa na gestão das empresas num futuro próximo, mas elas devem tomar cuidado para que essas ações sejam de fato implementadas para, então, serem divulgadas”, aconselha Marina. Minas Gerais A gigante das águas A Usina de Irapé é uma das mais modernas do País INTERNET UHE Irapé: www.irape.com.br Hoje a Usina Hidrelétrica (UHE) Juscelino Kubitschek ou Usina Irapé, como é conhecida, é um empreendimento consolidado. Sua barragem de 208 metros ostenta os títulos de mais alta do Brasil e segunda maior da América Latina. Com uma potência instalada de 360 MW, a UHE possui três turbinas com geração de 120 MW cada e uma potência média assegurada de 260,3 MW, o que representa 1.807.188 MWh, o suficiente para abastecer um milhão de pessoas por um ano. “As turbinas utilizadas são do tipo Francis, adequadas para operarem entre quedas de 40 até 400 metros. No caso de Irapé, a queda nominal é de 158,5 metros”, explica o engenheiro de meio ambiente Adriano Campos Lemos, da Gerência de Manutenção de Ativos de Geração Norte da Cemig. O lago do reservatório possui um grande espelho d’água, de uma margem a outra, e está localizado entre os municípios de Berilo e Grão Mogol, alcançando ainda Turmalina, Leme do Prado, José Gonçalves de Minas, Botumirim e Cristália, em uma área total equivalente a 134 mil hectares. Inaugurada pela Companhia em 2006, a UHE Irapé está entre as mais modernas do País. É uma das poucas usinas hidrelétricas com a capacidade de gerar energia, caso necessário, sem o uso da água na continuidade da rotação de suas turbinas. Devido às condições geológicas, ao difícil acesso e à infraestrutura local, os vertedouros – que servem essencialmente para regular o nível e liberar o excedente de água do reservatório – foram construídos em forma de túnel, havendo antes uma seleção criteriosa de materiais para barragem, visto que seu núcleo é formado por argila. A produção é transmitida por meio do Sistema Interligado Nacional, por duas linhas principais, a Irapé – Montes Claros (345 kV) e a Irapé – Araçuaí (230 kV), ambas construídas com participação da Cemig. Durante a obra da usina, foram gerados mais de 8 mil empregos diretos e indiretos. Com o enchimento do lago, 638 famílias foram reassentadas em fazendas distribuídas em 17 diferentes municípios da região. Passada a fase de construção e reassentamentos, a UHE Irapé já faz parte da paisagem e da vida dos moradores do Norte de Minas, demonstrando que, além da tecnologia desenvolvida, a Empresa tem o compromisso de levar perspectivas e desenvolvimento para as comunidades locais. Arquivo. Cemig Localizada no Vale do Jequitinhonha, Usina de Irapé é marco nas ações da Cemig em todo o Estado Perspectiva de um futuro melhor Para que o processo de construção e de mudanças na região pudesse garantir o máximo de segurança e bem-estar à população, foi criada uma Comissão Especial para Acompanhamento e Viabilização da execução das ações socioambientais vinculadas à fundação da usina. O grupo foi responsável por desenvolver e Janeiro - Abril/2011 27 Ao longo da história Arquivo. Cemig 1998 Cemig vence a licitação da concessão da Usina de Irapé 2000 Assinatura do contrato de concessão 2002 Início das obras 2003 Desvio do Rio 2005 Início da formação do reservatório 2006 Geração de energia acompanhar, entre outras ações, o reassentamento das famílias. Cada morador teve a oportunidade de escolher uma fazenda, após visitar pessoalmente os locais demarcados, já dotadas de benfeitorias como moradia, luz elétrica e sistema de abastecimento de água. Foram distribuídos lotes para 632 famílias, 301 filhos solteiros maiores de 18 anos e 39 terras de herança. Cada lote é equivalente a um módulo fiscal, unidade fixada de acordo com cada município, e que na região varia entre 40 e 60 hectares com uma área mínima construída de 64 m2. A Cemig foi responsável pela construção e entrega de 484 casas. “Antes, não tínhamos nenhuma perspectiva e vivíamos da colheita de café e do corte de cana”, diz a moradora da antiga comunidade de Mandacaru, Jorgina Moreira de Almeida Alvarenga. Essa é uma realidade bem comum na região. Sem a chance de bons empregos, várias pessoas se deslocavam para outras regiões do país em deter- 28 Universo Cemig minadas épocas para trabalharem em canaviais e fazendas de café. Em alguns casos, essa era a base da renda familiar. “Hoje, moro na comunidade de Igicatu, em José Gonçalves de Minas. Eu e minha família estamos muito satisfeitos. Tivemos assistência técnica e orientação para o plantio e temos em nossa propriedade café, milho e feijão. Montamos até mesmo um pequeno comércio”, conta Jorgina. Para capacitar os moradores e contribuir para a geração de trabalho e renda, foi feita uma parceria entre a Usina e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), no desenvolvimento de um projeto de revitalização do artesanato local para 130 reassentados, com idades entre 14 e 75 anos. Os trabalhos renderam, em 2009 e 2010, exposições no prédio sede da Cemig, em Belo Horizonte. A Empresa também investiu na educação da região, construindo 12 novas escolas e reformando as outras 12 existentes. Também angariou recursos para aquisição de 11 ônibus escolares para atender a população e apoiou a construção de 11 postos de saúde nos municípios sob influência das atividades da UHE Irapé. A Cemig também foi responsável por várias outras ações sociais na região, como o Centro de Referência Porto dos Cori, em Leme do Prado, e o Projeto de Melhoria da Infraestrutura dos Núcleos Urbanos. Além disso, a Companhia criou, por meio de parcerias, os sistemas de coleta e tratamento do esgotamento sanitário e renovou o transporte local com a compra de novas balsas motorizadas, nas comunidades de Botumirim e Cristália. Nossa gente, nossa força Apoiar a mão de obra local é um dos pontos mais fortes do empreendimento. Aldemicio Mendes Ferreira foi um dos muitos beneficiários. Durante a obra, ele teve a possibilidade de trabalhar para o Consórcio Construtor de Irapé. “Eu tinha apenas ensino médio e acabei participando, por meio da empresa, de um curso profissionalizante em eletricidade.” Segundo ele, mesmo os moradores da região que não atuam na Usina estão se profissionalizando e buscando outras formas de trabalho que não sejam nas colheitas e nos canaviais. “Trabalho hoje como eletricista de manutenção. Mas, para o futuro, quero finalizar a faculdade de Administração e conciliar Além do acervo, estão expostas as homenagens recebidas pela Usina, como o Prêmio Furnas Ouro Azul (2006), o Ponte de Alcântara (2009) e o Mineiro de Gestão Ambiental (2009) minha atividade atual com o comércio da minha família”, diz. Sem descuidar do passado Como uma das maiores preocupações durante as obras era com a preservação e a valorização do patrimônio histórico e cultural da região, a Cemig criou, próximo à casa de força (local onde ficam armazenadas as turbinas), o Centro de Referência e Memória de Irapé. O espaço reúne o acervo recolhido e pesquisado durante a obra – um levantamento completo de bens, imóveis e registros orais, musicais, folclóricos e culturais, além de maquetes de antigas fazendas, da própria usina e do antigo povoado de Peixe Cru, hoje inteiramente reconstruído com toda a infraestrutura urbana. “Tentamos mostrar à comunidade a riqueza do Vale do Jequitinhonha. Legados como ossadas indígenas, fotografias antigas das pessoas e costumes já esquecidos”, conta Ádila Martins da Silva, coordenadora do Centro de Referência. O público que visita o local inclui de estudantes de escolas municipais a pesquisadores. “Temos em nosso acervo um bom material de pesquisa arqueológica, como dois corpos sepultados em posição fetal, como os antigos indígenas da região costumavam fazer. Eles são muito raros”, diz Ádila. Aliás, é dela a melhor explicação do porquê da usina ser chamada de Irapé. “Quando os engenheiros chegavam aqui, as estradinhas da região não davam acesso aos carros. Quando perguntavam aos moradores como fariam para chegar, a resposta era única: ‘Ir a pé, uai!’. Acabou ficando!”, finaliza. Arquivo. Cemig Em plena atividade Vale de riquezas Vale do Jequitinhonha é formado por 51 municípios, agrupados em cinco microrregiões, no Norte de Minas Gerais. O sol escaldante é quase regra na região, que convive com longos períodos de seca e sérios problemas sociais. Contudo, em meio às adversidades, o Vale mostra sua riqueza, manifestada, principalmente, na força e na capacidade de sua gente. Povo que batalha na roça, driblando as condições climáticas para produzir alimentos. Com criatividade, aproveita-se de tudo. O frango caipira, criado no quintal de casa, vira ensopado e pirão. As frutas transformam-se em doces, licores, sucos e vitaminas. Dos mercados, a vasta diversidade de grãos é usada em pratos apetitosos, como a irresistível farofa de feijãocatador. A região também faz bonito no artesanato. Com suas peças moldadas a mão, o Vale ficou famoso até mesmo fora do país. Também pudera. Não há como não se encantar com as peças em couro, madeira e, principalmente, em cerâmica. Uma herança das culturas negra e indígena, a arte em barro é um retrato do cotidiano simples do povo da região. E o que falar da música? A região projetou verdadeiros artistas para todo o Brasil, como Rubinho do Vale, Paulinho Pedra Azul e, ainda, os Meninos Cantores de Araçuaí e as Lavadeiras de Almenara. Para quem ainda quer mais, basta lembrarse da beleza do Rio Jequitinhonha, do patrimônio arquitetônico de cidades como Serro, Diamantina e Minas Novas, das tradições cultivadas há gerações e de um jeito característico de ser que quem conhece não se esquece jamais. Crianças jogam bola em rua do novo povoado de Peixe Cru Uma das boas notícias recebidas pela UHE Irapé foi a revalidação de sua Licença de Operação (LO) pelos próximos seis anos, após longo processo, iniciado em uma reunião na Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Jequitinhonha (Supram Jequitinhonha), em Diamantina, em junho de 2008. A votação e a aprovação da revalidação da licença pelo Conselho Estadual de Política Ambiental do Jequitinhonha (Copam Jequitinhonha) ocorreram em reunião realizada no final do ano passado. Janeiro - Abril/2011 29 VItrine Da palha ao ouro Esculturas em madeira e barro, cerâmica, joalheria, tecelagem, mobiliário doméstico, instrumentos musicais. O artesanato é uma das mais ricas e diversificadas expressões da cultura mineira. Iniciada no século 17, durante o Ciclo do Ouro, a confecção artesanal surgiu como fonte de renda de produtores independentes e trabalhadores livres. O artesanato é uma mescla dos recursos naturais da terra com a criatividade herdada dos indígenas, mulatos, cafusos, mamelucos e povos colonizadores. Conhecer a história de Minas Gerais contribui para entender a mensagem de cada um dos objetos, suas utilidades e peculiaridades. Além de refletir as características da região onde é produzida, também transmite costumes e incentiva o turismo. Há 40 anos em Belo Horizonte, o Centro de Artesanato Mineiro (Ceart), localizado no Palácio das Artes, reúne trabalhos de grandes artistas, que resgatam as raízes do Estado e transformam-no em um dos maiores polos artesanais da América Latina. Da palha ao ouro, passando por diferentes materiais e cumprindo todas as tipologias da tradição mineira, o artesanato é uma fonte rica de beleza, história e cultura. 30 Universo Cemig Principais obras: Estanho O estanho é um material muito nobre no mercado da arte, exportado para diversos países. No Brasil, é produzido exclusivamente em Minas Gerais, na cidade de São João Del Rey. Fotos: Ronaldo Guimarães Santos e Oratórios Santos e Oratórios são constantes no artesanato de um povo religioso como o mineiro. Produzidos com diversos materiais, apresentam também características do barroco. Divino Feita em cedro maciço, a pomba da paz representa a fé do mineiro no Divino Espírito Santo. Produzida por Naninho, artista da cidade mineira de Bichinho, povoado próximo a Tiradentes, no Campo das Vertentes. Tapete Arraiolo De origem portuguesa, é o tapete mais tradicional do artesanato mineiro, com seus bordados, cores e motivos coloniais. É confeccionado em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, desde o século 17. Bonecas de Cabaça Feitas a partir da cabaça, as bonecas recebem elementos da pintura e do biscuit. Começaram a ser produzidas em Sete Lagoas e tornaram-se uma tradição mineira contemporânea. Mulheres do Vale do Jequitinhonha Bonecas características com traços marcantes da fusão étnica do Vale do Jequitinhonha, sobretudo a negra e a índia. Realçam a pigmentação e a modelagem herdadas dos africanos e dos indígenas. Centro de Artesanato Mineiro Av. Afonso Pena, 1.537 - Centro Telefone: (31) 3272-9516 Horário de funcionamento: das 9h às 19h45, de segunda a sexta-feira, das 9h às 14h, no sábado, e das 8h às 13h, no domingo Janeiro - Abril/2011 31 dicas culturais Uma outra história das Gerais Em seu livro, arquiteto mineiro faz viagem por dois séculos de história para mostrar a riqueza patrimonial das fazendas do Sul de Minas 32 Universo Cemig Eugênio Paccelli F oram dez anos de pesquisas e mais de 10 mil quilômetros rodados. Tudo isso para resgatar as histórias que rodeiam as grandes fazendas erguidas nos séculos 18 e 19, no Sul de Minas Gerais. O arquiteto Cícero Ferraz Cruz colocou o pé na estrada e presenteou o público com um precioso acervo, que, para surpresa de muitos, ainda se mantém vivo e em plena atividade. Mais que um estudo sobre a arquitetura de cem imóveis rurais catalogados na região, o livro “Fazendas do Sul de Minas Gerais: arquitetura rural nos séculos XVIII e XIX” (Monumenta/Iphan/Ministério da Cultura) debruça-se em uma história que, de certa forma, foi ignorada por pesquisadores e historiadores: a das Minas que não eram do ciclo do ouro nem de Aleijadinho. “Há um fascínio das pessoas por esse período da história e pelo que foi construído naquela época. Para quem é de fora, Minas Gerais é só ouro e barroco.” Cícero observa que, na última década, o período “pós-ciclo do ouro” ganhou mais espaço em estudos históricos, mas o mesmo não aconteceu com a arquitetura. O interesse de Cícero Ferraz pelas fazendas do Sul foi despertado na infância – quando mudou-se para Varginha, aos 7 anos – e amadurecido na época de universitário, vivido na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Inspirado pelo respeitado especialista Antônio Luís Dias de Andrade, ou Janjão, como é chamado carinhosamente pelos alunos, Cícero resolveu que os passeios pela terra natal de seus pais seriam elevados a objetos de estudo. “Aproveitava as férias e os feriados para visitar as fazendas. Primeiro, aquelas que já conhecia ou que eram indicadas por parentes ou amigos. Depois, passei a perguntar às pessoas. Uma fazenda levava a outra.” Cícero se viu diante de um passado que permanece vivo. Ainda que algumas propriedades já se encontrassem em péssimo estado de conservação, em sua maioria, passados três séculos, continuam ativas, com a produção de leite, cultivo de café e cereais. Para todos os leitores As histórias das grandes fazendas do sul de Minas Gerais são retratadas no livro de Cícero Ferraz Cruz Em suas 354 páginas, o livro traz conteúdo capaz de encantar não só profissionais ligados à arquitetura, como também o público comum, acima de tudo, os curiosos e interessados em mergulhar na história do Estado. Em quase 90 páginas, divididas em cinco capítulos, Cícero Ferraz analisa as técnicas aplicadas na construção das propriedades, mostrando suas origens e adaptações sofridas para se encaixarem às condições regionais. Para o arquiteto, as fazendas constituem-se em um sistema homogêneo, em que algumas características se repetem, como a “gaiola”: “uma estrutura autônoma de madeira empregada nessas construções.” Presente para os olhos é o capítulo “Inventário das fazendas”, em que o autor reúne, em 195 páginas, um acervo de fotografias e detalhes de cada uma das propriedades por ele visitadas. Nas imagens clicadas pelo autor, são privilegiados detalhes das edificações, da decoração no interior dos espaços e, também, traços do cotidiano de quem habita as fazendas. Em um segundo anexo, são apresentadas fotografias, a maioria delas fornecida pela Cemig, de imóveis de outras partes do estado. Ao pegar carona com o arquiteto nessa viagem, o leitor vai entender a complexidade das fazendas sul-mineiras, que viviam de diversas atividades, todas complementares e que garantiam a independência das propriedades. “A autossuficiência está expressa mais no conjunto das edificações que na casa em si. Tudo é montado para funcionar e abastecer a fazenda”, conta Cícero. Radicado em São Paulo, onde atua na Brasil Arquitetura, Cícero Ferraz Cruz já está com projetos de um próximo livro, no qual dará continuidade à saga de “Fazendas do Sul de Minas Gerais. “Vou retratar a rede de relações entre essas fazendas”, conta. INTERNET Disponível para download no site http://www. monumenta.gov.br/ site/wp-content/ uploads/2011/01/ arquitfazendassminascompleto.pdf Sobre a obra: Título: “Fazendas do Sul de Minas Gerais: arquitetura rural nos séculos XVIII e XIX” Editora: Monumenta/Iphan/Ministério da Cultura Nº de páginas: 354 Valor: R$ 70 Janeiro - Abril/2011 33 COM A PALAVRA Eugenio Paccelli Bicho da terra “(...)Com uma lanterna. Um par de velhos chinelos. Pela grota subimos. Interminável grota. Meio do cerrado. Pela plantação passamos. (...)” 34 Universo Cemig Dia de lua. Cheia. Tarde do dia. Silêncio na vila. O rio reflete. Céu estrelado. A lua a nascer. Não tardará. Diziam. Os preparativos começavam. Lanternas, câmera, facão. Calça, meias, jaqueta. Frio na barriga. Era uma caçada. Afinal. Religiosamente marcada. Numa noite de lua. Cheia de espera. Expectativas. Vivenciar um fato. Ato de sobrevivência. De um lado. Necessidade de apreender. Do outro. Vamos! À frente. Seguiu Adão. Com uma lanterna. Um par de velhos chinelos. Pela grota subimos. Interminável grota. Meio do cerrado. Pela plantação passamos. De Adão. Outro. Cândido. A subir continuamos. Distante o rio corria. Para longe. Cada vez mais. Baixo. Cada vez mais. Altos. Estávamos. Distantes. Perto das estrelas. Sensação ímpar. Suava frio. Estava fria. A noite. Para chegar corríamos. Antes dos bichos. Saírem. Um observatório avançado. Dizia. A alguns metros. Do chão. Privilegiada posição. Para os bichos avistar. Da toca. Saindo. Entre árvores. Escondidos. Na terra escavada. Por entre pedras. Pedro. Era o nome. Do mais velho. Da vila. Muita caça. Por toda vida. Dizia que não. Fome não tinha. Vontade de comer. Apenas. Imaginava. A fio este. Por quantas noites. Entre outros. No observatório debruçados. A caça chegar. Esperavam. Agradecer a chance. Num ato de misericórdia. A vontade saciar. De comer. É logo ali! A subir continuávamos. Por doze vezes. A frase escutei. Não desanimo. Uma foto poderia. Registrar. Saindo da toca. O bicho. Sem sequer saber. A grota. Você sobe aqui. Chegamos! Vou pra lá. Silêncio. Onde subir? Nes- sa árvore. Sussurrava. Aqui. Lá em cima. Fique sentado. Tem um jirau. Sem barulho. Num pé de pequi. Subi. Retorcido. Galhos secos. Atravessados. Amarrados. Com cipós, ao tronco. Sensação estranha. Confesso. No meio da grota. Vivas. Duas almas. Em sua árvore. Cada uma. Silêncio. Para não cair. Equilibrando. Em cima da toca. Debaixo das estrelas. Sem igual. Satélites. O que pensariam? Explicações não haveria. Provavelmente. Imóveis. Dois pontos. Por três horas. E meia. Silêncio absoluto. O frio escutando. Vento cortante. Da noite, sons variados. Não deu as caras. O bicho. Abrigado. Na toca ficou. Visto noite. Nunca tinha. De lua cheia. Sem lua. Como aquela. Sem fotos. Caçada fotográfica. Sem caça. Não mais sentia. A perna. A caçada. Terminamos. Hoje não. Vai dar em nada. Dizia. Dez metros distante. Adão de cima. De uma árvore. Também retorcida. Situação retorcida. Acendemos. As lanternas. Tão longe. O chão nunca esteve. Assim como a lua. Pelas montanhas engolida. Jequitinhonha. Do vale. De madrugada apareceu. Para iluminar. Da trilha, últimos passos. Não mais existe. Em lembranças apenas. De tão retorcidas. Únicas. Distantes. Hayato Hirashima Arquiteto e urbanista, cientista social e engenheiro de Segurança do Trabalho, é diretor comercial da empresa Paralelo 19 Gestão de Projetos. O texto acima integra o livro “Nossas Acontecências: causos de Irapé’’, de autoria de profissionais envolvidos na construção da Usina de Irapé. RETRATOS DO BRASIL Eugênio Paccelli Entre as paisagens da Praça da Liberdade, as curvas sinuosas e ilusionistas do Edifício Niemeyer se destacam. Projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, na década de 1950, o arranha-céu remete a modernidade da cidade em meio às montanhas de Minas Gerais. Janeiro - Abril/2011 35 A Cemig é a segunda melhor distribuidora de energia, na opinião dos consumidores do Sudeste. SABE COMO VAMOS COMEMORAR ESSA CONQUISTA? TRABALHANDO PARA SER A Em 2010, a Cemig subiu da sexta para a segunda posição na preferência dos consumidores da Região Sudeste, medida pelo Índice Aneel de Satisfação do Consumidor – IASC 2010, da Agência Nacional de Energia Elétrica. O IASC visa estimular a melhoria dos serviços, orientado pela satisfação do consumidor. www.cemig.com.br 36 Universo Cemig No ano passado, investimos mais de R$ 200 milhões em ações para agilizar nosso atendimento e reduzir a frequência e a duração das interrupções do serviço. Para fechar o ano, fomos finalistas do PNQ – Prêmio Nacional da Qualidade. Agora, queremos agradecer aos nossos quase 7 milhões de clientes, em 774 municípios de Minas, que reconhecem a qualidade dos nossos serviços. É por eles que, em 2011, vamos trabalhar mais para conquistar o primeiro lugar na satisfação dos consumidores.