Rio – Candidatura Anexo 3 Paisagens culturais As paisagens culturais são classificadas nas diretrizes operacionais da UNESCO para a implementação da Convenção do Patrimônio Mundial, artigo nº 47, como bens culturais que representam as obras conjugadas do homem e da natureza. Elas são ilustrativas da evolução da sociedade humana ao longo do tempo, sob a influência das limitações físicas e / ou oportunidades apresentadas pelo seu ambiente natural e das sucessivas forças sociais, econômicas e culturais, tanto externas como internas. A Paisagem Cultural do Rio de Janeiro O Rio de Janeiro, metrópole tropical que cresceu entre o mar, a montanha e a floresta, possui aspectos da natureza que, conjugados à sociedade que ali se desenvolveu, conferem característica única a sua paisagem, de valor universal excepcional, tornando legítima a candidatura ao título de Patrimônio Mundial. Trata-se de um aglomerado urbano com mais de 11 milhões de habitantes, com uma grande área de montanhas e floresta tropical em seu interior, localizada entre duas baías e o oceano Atlântico, em área onde pontões cristalinos, originados do movimento de separação dos continentes americano e africano, tocam o mar. A paisagem cultural da cidade é fruto da associação desses aspectos naturais singulares com processos que representam momentos importantes da história da humanidade. Ocupado inicialmente por índios Tupis, o Rio de Janeiro foi, consecutivamente, uma das principais cidades da experiência colonizadora portuguesa no mundo, sede de um império tropical e principal experiência monárquica no novo mundo. Foi capital e é um dos principais centros urbanos localizados em países periféricos. Já no início do século XX, a expansão dos ideais da Belle Époque parisiense produziu em todo o mundo uma série de reformas que transformaram a paisagem urbana das cidades, adaptando-as às novas condições da era pós-industrial. No Rio de Janeiro, a abertura da Avenida Central é seu principal símbolo, seguida das grandes Exposições Universais de 1908 e 1922, a primeira, comemorando os 100 anos da chegada da Família Real e a segunda, os 100 anos da independência do Brasil. Os planos urbanísticos implantados na cidade ao longo do século XX procuraram ajustar o crescimento urbano às demandas da sociedade, às pressões do mundo contemporâneo e à proteção da paisagem. A cidade, ao se transformar em uma metrópole em processo de industrialização, recebe o Modernismo, que marca extraordinariamente a paisagem carioca, como símbolo dos ideais desenvolvimentistas do pós-guerra e com forte traço cultural local na concepção dos projetos urbanos. A experiência de formação de uma metrópole num sítio especial, associado a uma beleza ímpar, reconhecida por aqueles que entram em seu sítio desde os primeiros registros da colonização, provocou a construção de relações – homem x meio e urbano x natureza – que salta aos olhos daqueles que chegam à cidade e que nela vivem. A paisagem guarda condições especiais dessas relações, produzindo uma cultura própria, que se expressa, seja diretamente na forma como o espaço foi agenciado, seja por meio de manifestações intangíveis como o carnaval, o samba, a bossa nova, a(s) cultura(s) de praia. Essas manifestações estão associadas a espaços e paisagens que compõem o mosaico da paisagem cultural do Rio de Janeiro. Essa paisagem cultural, organicamente construída e viva, guarda uma série de valores que marcam a identidade do Rio de Janeiro. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e parceiros públicos e privados estão preparando o dossiê para a inscrição da candidatura do Rio à patrimônio cultural. A criação pelo IPHAN de um comitê técnico foi de fundamental importância para a organização dos trabalhos, pois representa o fórum de discussão e pactuação entre os três entes governamentais, os quais possuem, cada um dentro de sua competência, os poderes de gestão sobre a área da cidade a ser indicada como patrimônio mundial, na categoria de paisagem cultural. Na área previamente proposta como Rio Paisagem Cultural encontram-se bens ou sítios já protegidos pelos órgãos de preservação do patrimônio cultural, nas três esferas de governo: Floresta da Tijuca, Jardim Botânico, Morro da Urca, Parque do Flamengo, Lagoa Rodrigo de Freitas, Praça XV e Jóquei, entre outros, que possuem tombamento federal; a orla de Copacabana possui tombamento estadual; o Bairro da Urca e outras áreas de proteção do ambiente cultural, como o Corredor Cultural no Centro, Jardim Botânico, Catete, Glória, Botafogo, Laranjeiras, Ipanema e Leblon, entre outras, são de tutela municipal. Na maior parte do território abrangido pela área do Rio Paisagem Cultural encontramos o Parque Nacional da Tijuca.