A colonização e a
regionalização do
continente americano
Parte integrante da obra Geografia homem & espaço, Editora Saraiva
Geografia Homem & Espaço
POR QUE O INGLÊS?
A manchete da página do jornal gritava que
“Negócios com delivery crescem em SP”. Assim,
sem nenhum destaque para a palavra delivery,
como se ela fosse velha freguesa do Aurélio e de
todos nós.
Delivery aparece em faixas e cartazes de pizzarias
e casas de comida chinesa sem destaque, e
ninguém mais se surpreende, porque este país
“muderno” está aberto para as novidades mais
edificantes. O que se há de fazer? Delivery é muito
mais bonito e tem sentido bem mais amplo e
significativo do que “entrega”. Não é mesmo? (…)
E tome software (programa), upgrade (expansão),
e-mail (correio eletrônico), delete, mãe de “deletar”
(apagar, excluir); plug, que produziu plugar, já
aurelizado como “ligar”.
“Agabeó” - Quanto a call center, é como são
conhecidas por aqui as centrais telefônicas
automáticas controladas por computador ou
“equipamento” controlado por “computador”. Não
fica bem para ninguém utilizar expressões
nacionais como “centro de telefonia” ou “centro
telefônico” ou “central telefônica”. É call center
mesmo e não se fala mais nisso.
Na área de negócios, no mundo dos
chamados “executivos”, a língua é mais
mista do que nunca: meeting (reunião,
encontro), sales manager (gerente de
vendas), workshop (seminário), briefing
(resumo), board (conselho empresarial),
budget (orçamento), chairman (presidente
de uma empresa), cash flow (fluxo de caixa),
check-out (conferência final) e muitas outras
palavras (...)
Quando têm tempo, entre um meeting e outro, dão
uma “zapeada” na TV e uma olhada na HBO. É
preciso pronunciar algo como “eitchbiou” em vez de
“agabeó”. Vários deles têm seu personal trainer, em
vez de “treinador” ou “instrutor pessoal”. Na realidade,
alguns chamam o instrutor físico de personal training,
que vem a ser algo como “treino pessoal”. Coisa fina.
“Tirar casquinha” - E os shopping centers, que
nasceram aqui com esse nome nacional, em vez de
“centros de compras” ou “centros de lojas” ? Lojas
anunciam 50% off ou sale na tentativa de atrair
clientes para os supostos descontos ou liquidações.
Lá todos se sentem no Primeiro Mundo. O melhor dos
mundos.(...)
Conversa

Em sua opinião, por que a presença da
língua inglesa no Brasil vem se tornando
cada vez mais marcante?

De que maneira é possível notar a presença
da língua inglesa no lugar onde você vive?

Quais as possíveis consequências do
emprego cada vez maior de expressões em
inglês no Brasil, considerando as condições
socioeconômicas e o nível educacional do
país?
O continente Americano
•
É o segundo continente mais extenso do mundo.
•
Estende-se no sentido longitudinal do oceano Glacial
Ártico até cerca de 1.000 km da Antártida.
•
É separado dos demais continentes por dois grandes
oceanos que o circundam: o Atlântico e o Pacífico.
•
É constituído por duas grandes porções continentais:
América do Norte e América do Sul. Entre elas existe uma
estreita faixa de terra, que com as Antilhas, forma a
América Central.
Mário Yoshida
A América no mundo
América Latina e América Anglo-saxônica
Os anglo-saxões e os latinos
Se considerarmos a língua falada e os traços culturais impostos
pelos colonizadores, a América pode ser subdividida em:
• América Anglo-saxônica:
- Canadá e Estados Unidos.
- Língua inglesa.
- Religião protestante.
• América Latina:
- México, América Central e América do Sul.
- Portugueses e espanhóis.
- Religião católica.
- Línguas mais faladas: espanhol e português.
Mário Yoshida
América
Conversa

O que foi considerado para estabelecer essa
divisão regional no continente americano?

Que outro título você daria a esse mapa?

Além das línguas oficiais de cada país, quais
também são faladas na América?

É correto afirmar que a América Latina
corresponde às Américas Central e do Sul?
Por quê?

Em sua opinião, se fôssemos estabelecer
uma divisão regional de acordo com o nível
de desenvolvimento socioeconômico, ela
seria igual à do mapa? Por quê?
Colonização de exploração
O continente americano
Primeira área colonizada e organizada para atender às
exigências e aos interesses comerciais do capitalismo.
A partir dos séculos XV e XVI
Estados-Nação
começaram a retirar de suas colônias
tudo que podiam de valioso
Introduziram o cultivo de vários produtos de
alto valor no mercado europeu, como a
cana-de-açúcar, o algodão e o tabaco.
Utilizaram mão de obra escrava dos indígenas e,
posteriormente, dos africanos escravizados.
Colonização baseada na retirada de recursos e
riquezas naturais das colônias com o uso de mão de
obra escrava.
colonização de exploração.
Colonização de povoamento
Foi posta em prática nos EUA e no Canadá,
diferentemente do que ocorreu na maior parte
do continente.
Os ingleses fixaram-se entre os montes Apalaches
e a costa atlântica, organizando 13 colônias.
Colônias do norte
Seus habitantes dedicaram-se
à agropecuária
Nova Inglaterra
praticada em pequenas
propriedades.
e ao desenvolvimento de atividades artesanais, para atender
às necessidades locais.
As treze colônias da América do Norte (século XVIII)
Mário Yoshida
Os franceses
Estabeleceram-se no sudeste do atual
território canadense,
região que passou a ser chamada de
Nova França.
Por longo tempo, as atividades mais importantes
desenvolvidas nessa área foram a caça de animais
de peles raras, a pesca e a comercialização desses
produtos.
Colônias do sul
O clima subtropical
favorecia o desenvolvimento de
culturas agrícolas,
atividades que atendiam aos
interesses do mercado europeu.
O modelo de colonização do sul não se diferenciou
daquele que havia sido implantado na América Latina.
As relações de dependência na América
Apesar de haver conquistado independência política, a
maioria dos países americanos ainda não conseguiu
obter a independência econômica e cultural.
EUA
exercem influência
sobre um grande número de
países.
tanto em termos políticos
como em termos
econômicos e culturais.
Os valores culturais norte-americanos estão presentes em
várias partes do mundo, expressos na forma de vestir, na
música e na alimentação, entre outros elementos.
Leia o texto:
Cultura McWorld
“A cultura mundial americana – a cultura McWorld – é
menos hostil que indiferente à democracia: seu objetivo
é uma sociedade universal de consumo que não seria
composta nem por tribos nem por cidadãos, todos maus
clientes potenciais, mas somente por essa nova raça de
homens e mulheres que são os consumidores.
O verdadeiro poder situa-se de um só lado, como
quando a jiboia engole o sapo. Tal qual a jiboia, McWorld
fantasia-se um instante com as cores das culturas que
absorve; por exemplo, a pop music, enriquecida pelos
ritmos latinos e pelo reggae.
Mas, no final das contas, Music Television (MTV),
McDonald’s e Disneylândia são antes de tudo ícones
da cultura norte-americana, cavalos de Troia dos
Estados Unidos imiscuindo-se nas culturas das outras
nações.
McWorld é uma América que se projeta em um futuro
moldado por forças econômicas, tecnológicas e
ecológicas que exigem integração e uniformização.
Para as grandes marcas – Coca-Cola, Nike, Levi’s ou
McDonald’s –, vender produtos norte-americanos é
vender a América: sua cultura popular, sua pretensa
prosperidade, seu imaginário e mesmo sua alma.”
Conversa

Para você, e de acordo com o texto, o que é cultura
McWorld, expressão que pode ser traduzida como
cultura McMundo?

A empresa McDonald’s tornou-se um dos símbolos
da presença e da dominação dos Estados Unidos
no mundo todo. Mas o domínio desse país está
presente em nosso cotidiano de muitas outras
formas. Dê exemplos da influência estadunidense:



no vestuário;
na arte (música, cinema, literatura);
no lazer.
Canadá
•
País desenvolvido.
•
É relativamente dependente dos
EUA no aspecto econômico.
•
Sua população desfruta de boas
condições de saúde, alimentação,
habitação, educação etc.
Mário Yoshida
América – Organização espacial conforme critérios
políticos e socioeconômicos
Conversa

Quais informações o mapa apresenta?

Quais são os países desenvolvidos? Em que
parte do continente americano estão
situados?

Os países subdesenvolvidos estão
classificados em dois grupos. Qual é a
diferença entre eles?

Um único país americano apresenta
organização político-econômica e social
diferente dos demais. Que país é esse e qual
seu modelo de organização?

O mapa mostra que o continente americano
é, em sua maior parte, desenvolvido ou
subdesenvolvido?
Pode-se verificar, no mapa, que a América Latina não é
um conjunto homogêneo de países subdesenvolvidos.
Alguns fatores acabaram provocando uma diferenciação de
ordem econômica e social entre os países latino-americanos:
•
o tempo de duração do processo de colonização;
•
a maneira como se desenvolveu esse processo;
•
a forma de integração no mercado internacional após a
independência política;
•
as formas de aproveitamento dos recursos naturais;
•
a maneira como as riquezas foram distribuídas;
•
o volume de dinheiro investido em educação e saúde, entre
outros aspectos.
De acordo com esses fatores, os países da América
Latina podem ser assim agrupados:
•
países capitalistas com atividade industrial
diversificada: são os que apresentam produção
relativamente elevada em diversos setores industriais;
•
países capitalistas exportadores de produtos
primários (agrícolas e/ou minerais);
•
país socialista exportador de produtos agrícolas:
Cuba.
América Latina – o subdesenvolvimento
no continente americano
A divisa entre os Estados Unidos e o México não é apenas a área
limítrofe entre esses dois países.
É também a divisa entre a América desenvolvida (Anglo-saxônica),
ao norte, e a América subdesenvolvida (Latina), ao sul.
Os países da América Latina compõem uma parte da periferia do
sistema capitalista, subordinando-se aos interesses das
potências econômicas mundiais de acordo com a Divisão
Internacional do Trabalho.
Limítrofre: que se
situa nos limites de
uma região.
Alguns dos indicadores da diferença entre essas duas
Américas são a taxa de mortalidade infantil e a esperança
de vida.
Observe a tabela a seguir.
Conversa

Que grupo de países americanos apresenta
maior população?

Que grupo apresenta o menor índice de
mortalidade infantil?

Que grupo apresenta a maior expectativa de
vida?

Que grupo apresenta os melhores
indicadores?
Mário Yoshida
As indústrias de ponta no mundo – início do século XXI
O mapa revela uma forte concentração das indústrias
de ponta nos países desenvolvidos.
Os produtos fabricados por essas indústrias são de
valor bastante elevado e, ao serem exportados,
geram lucros consideráveis para seus países.
Os países subdesenvolvidos caracterizam-se:
• pela dependência — tecnológica,
cultural e financeira — em relação aos
desenvolvidos.
Na prática, a dependência é, em parte, representada:
• pela necessidade de investimentos realizados por
empresas multinacionais;
• por empréstimos concedidos pelos governos e
bancos dos países desenvolvidos pela importação de
bens de alta tecnologia;
• pela remessa de lucros das empresas
transnacionais instaladas nesses países;
• pela influência na cultura e nos modos de vida das
sociedades latino-americanas.
Entre os países do Sul, os latino-americanos
estão entre os que possuem as maiores
dívidas externas.
Dívida externa
É possível dizer que praticamente todos os países
latino-americanos já “nasceram” endividados.
Quando se tornaram independentes politicamente,
já possuíam dívidas com outros países.
Faltando-lhes recursos para
promover o próprio desenvolvimento.
Mas para seguir o modelo de
desenvolvimento dos países centrais.
Principalmente com
a Inglaterra.
Que têm por base a
industrialização.
É fundamental dispor de capital e de recursos.
A saída encontrada pelas classes dirigentes dos
países latino-americanos foi recorrer a empréstimos
externos.
Boa parte do dinheiro que os países desenvolvidos
emprestaram aos países latino-americanos foi utilizada
em obras de infra-estrutura:
• usinas hidrelétricas;
• siderúrgicas;
• rodovias;
• estradas de ferro;
• edifícios públicos etc.
Evolução da dívida externa de alguns países
latino-americanos entre 1970 e 2005
(em milhões de dólares)
Conversa

De que se trata a tabela?

Quais são os três países com maior dívida
externa?

Os dados indicam crescimento ou diminuição
do endividamento desses países no período
considerado?
Crise da dívida externa e seu agravamento
Os países da América Latina enfrentaram sérios
problemas econômicos nos anos 1980.
Em razão:
•
dos altos juros pagos aos governos e bancos dos
países desenvolvidos;
•
da diminuição dos investimentos estrangeiros;
•
da queda nos preços das matérias-primas agrícolas e
minerais.
Essa situação ficou conhecida como a crise da dívida
externa.
Consequências:
• Diminuição no ritmo de crescimento econômico.
Com o aumento do desemprego.
Primeira metade da década de 1980.
• O Estado diminuiu seus investimentos na construção
de obras de infra-estrutura, geradoras de emprego e,
consequentemente, de melhoria nas condições de vida.
Setores essenciais do ponto de vista social,
como saúde e educação, também foram
afetados.
Maringoni
Observe a charge.
Por que a personagem diz que o problema da
dívida pode ser visto nas ruas? Que relação existe
entre a situação observada pela personagem e a
dívida externa?
Leia a tira.
Quino. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1995. p. 322.
Qual é o problema com relação ao
mapa de Manolito?
Mário Yoshida
Observe o mapa.
Conversa

O mapa destaca apenas parte da América.
Como se chama essa parte?

Qual é o critério de regionalização utilizado
para definir os limites dessa área?

Cite dois países da parte ístmica e dois da
parte insular.

A área destacada no mapa está localizada
em qual zona térmica? Como é possível
fazer essa afirmação?
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A colonização e a regionalização do continente americano