O RITO DA PRIMAVERA VISÕES DA NATUREZA NA ARTE MODERNISTA BELL 1. 2. Por que razão a forma significante nos comove (move us) esteticamente? Não é uma questão estética, mas metafísica. O artista sente pela “beleza material” (material beauty) o que nós sentimos pela obra de arte. Deste modo, o artista apreende um objecto material como “pura forma”. BELL 3. Um objecto de inspiração artística não é perspectivado como meio, mas como “fim em si mesmo”. Percepcionar os objectos como puras formas é vê-los em si mesmos. 4. Os objectos percepcionados como fins em si mesmos suscitam uma enorme emoção que nunca sentiríamos se eles fossem perspectivados como meios. A contemplação da “forma pura” conduz a um estado de “exaltação” e de completa “distância” em relação às preocupações da vida. BELL 5. Por que razão a percepção do “fim em si mesmo” proporciona uma emoção peculiar? Será que acedemos ao que se chama “coisa em si” ou “realidade última”? 6. Se esta hipótese for verdadeira, a “forma significante” poderá ser o modo através da qual apreendemos a realidade última. Em vez de se reconhecer o carácter “acidental e condicionado” de algo, apreendemos a sua realidade essencial, o seu ritmo, a sua significação individual. BELL 7. A tese metafísica é mera hipótese. Poder-se-ia usar, em vez de “realidade”, palavras mais simples como, por exemplo, o “ritmo” que perpassa a nossa experiência. Deste modo, o “objecto último” da emoção artística permanecerá para sempre incerto. BELL 8. Na sua relação com a forma ou com a realidade, muito artistas precisam de canalizar a sua energia para a resolução de um “problema”, mais do que estarem preocupados com a “correcção” (right) estética. Os problemas artísticos não se referem primordialmente à obtenção da “semelhança”, mas estão associados a um tipo “específico de emoção” sentido pela “realidade” através da forma. Se a semelhança fosse um critério a obra de Shakespeare seria inferior à de John Galsworthy. BELL 9. Os “problemas imediatos do artistas” podem ser o acto de “se expressar a si mesmo no interior de um quadrado, de um círculo ou de um cubo”, de obter determinadas “harmonias”, de “reconciliar certas dissonâncias”, de “obter certos ritmos”, de superar certas dificuldades do seu meio de expressão e de captar eventualmente uma semelhança.