UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Faculdade de Filosofia e Ciências – Campus de Marília
Departamento de Ciência da Informação
Métodos de Pesquisa:
Análise de Conteúdo
Profa. Dra. Marta Valentim
Marília
2008
c2008, Valentim
Análise de Conteúdo
 Conjunto de técnicas de análise das
comunicações
visando
obter,
por
procedimentos sistemáticos e objetivos
de descrição do conteúdo das mensagens,
indicadores (quantitativos ou não) que
permitam a inferência de conhecimentos
relativos
às
condições
de
produção/recepção (variáveis inferidas)
destas mensagens.
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Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo
 “[...] tem como objeto de estudo a linguagem. Em razão
disto, foi muito usada em estudos de mensagem escrita,
num primeiro estágio. Posteriormente, foi empregada na
análise de comunicações não verbais, a Semiologia.
Finalmente, abrangeu trabalhos de índole lingüística”.
 “[...] pesquisa para descrição objetiva, sistemática e
quantitativa do conteúdo manifesto dos depoimentos dos
entrevistados”.
 “A análise de conteúdo se constitui num conjunto de
instrumentos metodológicos que asseguram a objetividade,
sistematização e influência aplicadas aos discursos
diversos”.
 “É atualmente utilizada para estudar e analisar material
qualitativo, buscando-se melhor compreensão de uma
comunicação ou discurso, aprofundar suas características
gramaticais às ideológicas e outras, além de extrair os
aspectos mais relevantes”.
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Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo
 A análise de conteúdo visa:
 “Analisar as características de uma mensagem
através da comparação destas mensagens para
receptores distintos, ou em situações diferentes
com os mesmos receptores”.
 “Analisar o contexto ou o significado de conceitos
sociológicos e outros nas mensagens, bem como
caracterizar a influência social das mesmas”.
 “Analisar as condições
produziram a mensagem”.
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que
induziram
ou
Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo
 Os
principais
aspectos
da
estratégia
metodológica da análise de conteúdo são:
 Os objetivos específicos devem nortear a análise;
 Utiliza a leitura analítica como instrumento para
a realização da análise;
 Primeiramente é realizada a chamada préanálise:
 Análise textual e temática;
 Análise propriamente dita.
 Categorização (a priori ou a posteriori) dos
elementos para a análise;
 Tratamento das informações.
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Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo
 As fases que fazem parte da análise
de conteúdo são três:
 A pré-análise;
 A exploração do material;
 O tratamento dos resultados,
inferência e a interpretação.
c2008, Valentim
a
Fonte: Bardin, - c1977
c2008, Valentim
Análise de Conteúdo
 Entre as técnicas utilizadas para a realização da
análise de conteúdo destacam-se a análise léxica e
a análise categorial. A análise léxica tem como
material de análise as próprias unidades de
vocabulário, as palavras portadoras de sentido:
substantivos, adjetivos, verbos etc., relacionados
ao objeto de pesquisa. A análise categorial trata do
desmembramento do discurso em categorias, em
que os critérios de escolha e de delimitação
orientam-se pela dimensão da investigação dos
temas relacionados ao objeto de pesquisa,
identificados
nos
discursos
dos
sujeitos
pesquisados.
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Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo
 Ao contrário, a análise léxica, essencialmente
quantitativa,
exige
do
pesquisador
uma
organicidade em relação aos temas, categorias,
subcategorias e vocabulários pesquisados. Ela
permite
ao
pesquisador
obter
indicadores
importantes para a realização da análise de
conteúdo. Além disso, a análise léxica possibilita
reconhecer a terminologia mais usada pelos
indivíduos ou grupos pesquisados.
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Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo

A análise léxica trabalha “diretamente no código:
unidades semânticas e sintaxe (vocabulário,
características gramaticais [...]”. Na análise léxica
é necessário focar duas dimensões:
a)
Convenções quanto ao vocabulário: mensurar os
diferentes vocábulos, o número de ocorrências desses
vocábulos, identificação do repertório léxico ou campo
lexical, relação ocorrências/vocábulos;
b)
Comparações quanto ao vocabulário: identificar os
diferentes vocábulos apresentados com os que aparecem
nos textos da área e o repertório léxico de um sujeito de
pesquisa com os outros sujeitos.
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Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo
 Associação de Palavras: definem-se palavras indutoras
significativas e o sujeito pesquisado tem de associar
palavras à palavra indutora. Ex.:
Representação
Descritiva
(palavra indutora)
Freqüência
/
Ocorrência
Descrição do
documento
(10)
Catalogação
Métodos
descrição
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de
Representação
Temática
(palavra indutora)
Freqüência
/
Ocorrência
Assunto(s) do
documento
(8)
(7)
Indexação
(4)
(6)
Linguagens de
indexação
(3)
Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo
 Associação de Palavras: Após reunir as palavras mencionadas pelos
sujeitos pesquisados em uma relação, é necessário fazer uma
classificação com o objetivo de organizar as palavras (substantivos,
adjetivos, expressões, nomes próprios etc.) de um modo mais
compreensível, como, por exemplo, palavras sinônimas, proximidade
semântica (análise documentária, indexação, classificação etc.), que
podem ser colocadas em ordem crescente ou decrescente de
ocorrência/freqüência, ou ainda, em formato de alvo. Ex.:
Representação Temática
Análise documentária (10),
indexação (4), classificação (6)
Linguagens de indexação (3)
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20
3
Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo
 Associação de Palavras. Ex.:
Métodos de descrição (6)
Catalogação (7)
Descrição do documento (10)
Representação Descritiva
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Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo
 Associação de Palavras: É possível estabelecer
categorias/subcategorias para a realização das
análises, de modo a revelar de forma mais
contundente as respostas dos sujeitos de pesquisa,
como, por exemplo:




Atributos da representação descritiva;
Atributos da representação temática;
Fatores tecnológicos;
Fatores institucionais etc.
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Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo
 Respostas a Questões Abertas: as relações que o
sujeito de pesquisa tem com o objeto pesquisado são
utilizadas para estudar a relação simbólica entre o
sujeito e o objeto pesquisado. Essa aplicação,
necessita, portanto, identificar a relação do sujeito
pesquisado com o objeto de pesquisa, por meio do
gênero, da ocupação, da formação etc. Ex.:
 Pergunta 1: Quais os serviços que você associa à
biblioteca pública?
 Empréstimo de livros (1)
 Mural de empregos (2)
 Pesquisa escolar (3)
 Acesso à Internet (4)
1=Mulheres adultas;
2=Homens adultos;
3=Crianças;
4=Adolescentes.
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Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo
 Respostas a Questões Abertas. Ex.:
 Pergunta 2: Caso a biblioteca pública falasse, o
que ela lhe diria?
É importante ler, venha conhecer e emprestálos (1)
Utilize mais nosso Mural de Empregos (2)
Aqui na biblioteca você pode pesquisar
qualquer coisa (3)
Venha acessar a rede (4)
1=Mulheres adultas;
2=Homens adultos;
3=Crianças;
4=Adolescentes.
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Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo
 Respostas a Questões Abertas: a classificação deve ser
realizada seguindo-se uma lógica comparativa e
observando-se o tipo de relação do discurso do sujeito
pesquisado com o objeto de pesquisa. Ex.:
Objeto de Comparação
Tipo de Relação
Empréstimo
de Livros
Mulheres
Adultas
Homens
Adultos
Usuários Adolescentes
Crianças
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Mural de Pesquisa
Empregos Escolar
Acesso à
Internet
x
x
x
x
Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo


Análise de Entrevistas: observa-se a relação do sujeito
de pesquisa com o objeto pesquisado. A análise é
essencialmente temática e podem-se usar diferentes
grades/propostas para a realização da análise dos
dados. Entre elas pode-se citar a análise de
freqüência/quantitativa e a análise categorial (temas).
Diferentes dimensões de análise podem ser utilizadas:
 Origem do objeto;
 Implicações face ao objeto;
 Descrição do objeto;
 Sentimento face ao objeto.
A análise é realizada inicialmente observando-se a
freqüência absoluta e relativa dos dados coletados.
Após esta primeira fase de análise, processam-se as
relações entre as quatro dimensões anteriormente
mencionadas.
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Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo

Análise de Comunicação de Massa: pode ser aplicada,
por exemplo, em revistas que atingem um grande
público. Nesse caso, é feita uma primeira leitura que
pode ser organizada e sistematizada a partir da
formulação de hipóteses ou, ainda, pode ser realizada
uma leitura aberta sem compromisso metodológico. O
foco da análise será em relação à contagem de um ou
vários temas ou itens de significação, em unidades de
codificação, como, por exemplo, a frase. A partir da
identificação dos itens ou temas, será possível observar,
em relação a cada tema/item, quais os vínculos que o
sujeito de pesquisa estabelece, bem como pode-se
observar, quantitativamente, a ocorrência/freqüência
com que isso acontece. Nesse contexto, também é
possível agregar a análise léxica, verificando os
adjetivos, os verbos etc.
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Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo

O processo de coleta e análise de dados em sua
fase inicial parte dos objetivos da pesquisa, que
foram a base para a construção do instrumento
de coleta de dados. Nessa fase é importante que
se observem as possíveis técnicas da análise de
conteúdo. Feito isso, deve-se constituir o corpus
central que apoiará a análise de dados, etapa
posterior à coleta de dados. A constituição do
corpus é possível a partir da leitura e análise da
literatura
selecionada,
permitindo
criar
inferências em relação ao objeto e ao seu
entorno.
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Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo
Processo de Coleta de Análise de Dados – Fase Inicial
Consultando
os objetivos
específicos
Constituição do
corpus central
Construção do
instrumento inicial
de pesquisa
Leitura e análise
do material
bibliográfico
(Inferências)
Adequando
as técnicas
da ‘análise de
conteúdo’
Aplicando
as regras de
recorte,
categorização
e codificação
Estabelecendo as
categorias e
subcategorias
essenciais para a
pesquisa
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Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo

A segunda fase do processo de coleta e análise
de dados parte das subcategorias essenciais,
definidas na etapa anterior, às quais se somam
as inferências do pesquisador referentes ao
objeto de pesquisa, visando-se construir o
segundo instrumento de coleta de dados, a
entrevista. Nessa fase, as inferências são
fundamentais para a construção dos tópicos do
instrumento, pois é a partir delas que é possível
estabelecer as dimensões e relações para a
análise, que possibilitará a construção de novo
corpus teórico.
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Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo
Processo de Coleta de Análise de Dados – Fase Intermediária
Consultando as
subcategorias
essenciais
Constituição do
corpus central
Leitura e análise
do material obtido
pelo primeiro
instrumento
(Inferências)
Construção do
segundo
instrumento de
pesquisa
Estabelecendo as
dimensões e relações
para a análise
c2008, Valentim
Adequando as
técnicas da
‘análise de
conteúdo’
Aplicando
as regras de
recorte,
categorização
e codificação
Aplicando as
técnicas sobre o
corpus obtido
Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo

A terceira e última fase do processo de coleta e
análise de dados parte do corpus teórico construído,
para realizar a interpretação da análise. Novas
inferências poderão ser feitas pelo pesquisador em
relação ao objeto de pesquisa, mesmo que não
tenham sido previstas. No entanto, as interpretações
devem estar apoiadas em provas de validação, isto é,
na própria literatura de especialidade ou nas práticas
observadas no ambiente pesquisado. Nessa fase, a
interpretação é essencial, mas deve estar claramente
relacionada ao corpus existente, de modo que seja
validada pela comunidade científica da área.
Finalmente, sistematizar os resultados com os
objetivos iniciais, buscando a construção de
conhecimento científico sobre o objeto pesquisado.
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Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo
Processo de Coleta e Análise dos Dados – Fase Final
Consultando
o corpus
obtido
Observar outras
possibilidades
de inferência
não previstas
Tratamento dos
resultados
obtidos e
interpretações
Leitura e análise
final do material
analisado
(Interpretação)
Adequando as
técnicas da
‘análise de
conteúdo’
Provas de
validação
Síntese e seleção dos
resultados relevantes
Utilização dos
resultados de análise
com fins teóricos
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Fonte: Bardin, - c1977
Análise de Conteúdo

As
informações
devem
ser
analisadas
separadamente, fator que subsidia de forma mais
concisa o estudo das categorias e subcategorias
eleitas
anteriormente.
Posteriormente
são
examinadas, tendo-se por base o imbricamento
entre os diferentes módulos que compõem o(s)
instrumento(s) de coleta de dados. Por último,
analisa-se, a partir do conjunto obtido, as
relações entre as categorias e subcategorias,
bem como se aplicam as últimas inferências, caso
necessário, buscando-se obter, com maior
propriedade, a compreensão do objeto/fenômeno
de estudo.
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Fonte: Bardin, - c1977
REFERÊNCIAS
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1997. 226p.
BARROS, A. de J. P. de; LEHFELD, N. A. de S. Projeto de pesquisa:
propostas metodológicas. 12.ed. Petrópolis: Vozes, 2001. 127p.
FREITAS, H.; JANISSEK, R. Análise léxica e análise de conteúdo:
técnicas complementares, seqüenciais e recorrentes para análise
de dados qualitativos. Porto Alegre: Sphinx, 2000. 176p.
MUELLER, S. P. M. (Org.). Métodos para a pesquisa em Ciência da
Informação. Brasília, Thesaurus, 2007. 190p. (Série Ciência da
Informação e da Comunicação)
VALENTIM, M. L. P. Métodos qualitativos de pesquisa em Ciência
da Informação. São Paulo: Polis, 2005. 176p. (Coleção PalavraChave, 16)
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