UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DOUTORADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA O Ensino de Matemática Financeira por meio da Criação de Objetos de Aprendizagem MARIA REGINA LAGINHA BARREIROS ROLIM Orientador: Prof. Dr. Carlos Fernando de Araújo Júnior Tese apresentada ao Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutora em Ensino de Ciências e Matemática. SÃO PAULO 2014 AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL R653e Rolim, Maria Regina Laginha Barreiros. O ensino de matemática financeira por meio da criação de objetos de aprendizagem / Maria Regina Laginha Barreiros Rolim. -São Paulo; SP: [s.n], 2014. 230 p. : il. ; 30 cm. Orientador: Carlos Fernando de Araújo Júnior. Tese (doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática, Universidade Cruzeiro do Sul. 1. Matemática financeira 2. Objetos de aprendizagem 3. Mapas conceituais 4. Matemática – Ensimo médio. I. Araújo Júnior, Carlos Fernando. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de PósGraduação em Ensino de Ciências e Matemática. III. Título. CDU: 51:336(043.2) UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO O Ensino de Matemática Financeira por meio da Criação de Objetos de Aprendizagem Maria Regina Laginha Barreiros Rolim Tese de doutorado defendida e aprovada pela Banca Examinadora em 28/03/2014. BANCA EXAMINADORA: Prof. Dr. Carlos Fernando de Araújo Júnior Universidade Cruzeiro do Sul Presidente Prof. Dr. Luiz Henrique Amaral Universidade Cruzeiro do Sul Profa. Dra. Rosangela Maura Correia Bonici Universidade Cruzeiro do Sul Prof. Dr. Marcelo Souza Motta Universidade Tecnológica Federal do Paraná Prof. Dr. Octávio Cavalari Júnior Instituto Federal do Espírito Santo Ao meu marido, Éuver Rolim, que me apoiou na trajetória por mais esta etapa na minha formação. Aos meus filhos, Rebeca e Henrique, que são a minha motivação para enfrentar qualquer desafio que contribua para o meu crescimento profissional e pessoal. AGRADECIMENTOS A Deus, por estar sempre presente em minha vida, mostrando-me qual caminho devo seguir. Ao professor Dr. Carlos Fernando Araújo Júnior, que incentivou minhas ideias desde o primeiro momento, moldando e organizando todo o desenvolvimento deste trabalho. Ao professor Dr. Marcelo Souza Motta, que fez parte de minha trajetória durante todo o processo de desenvolvimento deste trabalho, auxiliandome com sua experiência e apoiando-me com sua presença em todos os momentos difíceis que passei durante esses anos. Aos professores Dr. Luiz Henrique Amaral, Dr. Octávio Cavalari Júnior, Dr. Marcelo Souza Motta e Dra. Rosangela M. C. Bonici, que gentilmente aceitaram participar da minha Banca de defesa. Ao professor Dr. Juliano Schimiguel que participou de minha Banca de qualificação e o professor Dr. Hélio Rosetti Junior que aceitou o convite como suplente. Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, em específico ao campus Cubatão, por ter permitido a realização desta pesquisa. Aos alunos do Ensino Médio Integrado ao Técnico em Informática do campus Cubatão, por terem participado desta pesquisa. Aos especiais colegas Marcelo, Octávio e Luciano, que se tornaram amigos nesta jornada. A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho. 6 Então, um professor disse: “Fala-nos do ensino.” E ele disse: “Homem algum poderá revelar-vos senão o que já está meio adormecido na aurora do vosso entendimento. O mestre que caminha à sombra do templo, rodeado de discípulos, não dá de sua sabedoria, mas sim de sua fé e de sua ternura. Se ele for verdadeiramente sábio, não vos convidará a entrar na mansão de seu saber, mas vos conduzirá antes ao limiar de vossa própria mente. O Astrônomo poderá falar-vos de sua compreensão do espaço, mas não vos poderá dar a sua compreensão. O músico poderá cantar para vós o ritmo que existe em todo o universo, mas não vos poderá dar o ouvido que capta a melodia, nem a voz que a repete. E o versado na ciência dos números poderá falar-vos do mundo dos pesos e das medidas, mas não vos poderá levar até lá, Porque a visão de um homem não empresta suas asas a outro homem. E assim como cada um de vós se mantém isolado na própria consciência de Deus, assim cada um deve ter sua própria compreensão de Deus e sua própria interpretação das coisas da terra.” GIBRAN KHALIL GIBRAN ROLIM, M. R. L. B. O ensino de matemática financeira por meio da criação de objetos de aprendizagem. 2014. 230 f. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática)–Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2014. RESUMO O objetivo geral deste estudo é analisar as contribuições da Educação Financeira no Ensino Médio Integrado, por meio da criação de objetos de aprendizagem e sua contribuição à vida cotidiana. Essa investigação, desenvolvida com alunos do terceiro ano do curso Técnico em informática Integrado ao Ensino Médio, dividiu-se em duas fases que visavam desenvolver um trabalho interdisciplinar entre a Matemática Financeira e o uso de recursos tecnológicos. Dessa forma, esta pesquisa pretendeu responder à seguinte questão: De que forma a aprendizagem da Matemática Financeira no Ensino Médio Integrado em Informática sofre contribuições da criação de objetos de aprendizagem? A fundamentação teórica deste trabalho necessitou de um aporte de várias áreas, para associar Matemática Financeira e uso de recursos tecnológicos. Assim, fundamentamos a relevância desta pesquisa realizando um mapeamento das pesquisas sobre Matemática Financeira nos programas da Área Multidisciplinar/Ensino da Capes. Sobre tecnologias e objetos de aprendizagem, buscamos argumentações nos Parâmetros Curriculares Nacionais e nos trabalhos de vários pesquisadores, dos quais destacamos Borba, Barros e D’Ambrósio, Frota; Borges e Spinelli. No desenvolvimento cognitivo, com o uso de recursos tecnológicos, utilizamos as referências de Ausubel, sobre Aprendizagem Significativa, e Novak, sobre o uso de mapas conceituais. Como este trabalho tem uma forte conexão entre as disciplinas de Finanças e Linguagem de Programação, buscamos fundamentações sobre a perspectiva do trabalho interdisciplinar, na percepção de Fazenda. Como proposta metodológica, utilizamos uma abordagem de pesquisa-ação em um método de pesquisa qualitativo. Os principais instrumentos de coleta de dados foram: relatórios, mapas conceituais, questionários, diário de bordo, observações e gravações. Os resultados encontrados demonstraram que as criações de objetos de aprendizagem associados aos conteúdos financeiros proporcionam aos alunos um repensar sobre seu papel na sociedade. Palavras-chave: Matemática financeira, Objetos de aprendizagem, Ensino, Tecnologias. ROLIM, M. R. L. B. Financial mathematics teaching through the creation of learning objects. 2014. 230 f. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática)–Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2014. ABSTRACT The aim of this study is to analyze the contributions of Financial Education in High School Integrated, through the creation of Learning Objects and their contribution to everyday life. This research was developed with third year students of the Technical Computer Course Integrated to High School. It was divided into two phases aimed to develop interdisciplinary work between Financial Mathematics and the use of technological resources. Thereby, this research sought to answer the following question : How the learning of Financial Mathematics in the Technical Computer Course Integrated to High School is influenced by contributions of the creation of Learning Objects ? The theoretical basis of this work required contributions from several areas in order to associate the Financial Mathematics with the use of technological resources. Therefore, we based the importance of this research doing a survey on the researches about Financial Mathematics in the CAPES Teaching Multidisciplinary Area programs. Regarding technologies and Learning Objects we sought arguments on the National Curriculum Guidelines as well as on the work of many researchers, such as Borba, Barros and D' Ambrosio, Frota and Borges and Spinelli. Concerning cognitive development with the use of technological resources we used the references about Significant Learning, by Ausubel, and about Conceptual Maps, by Novak. As this work has a strong connection between Finance and Programming Language disciplines, we used Fazenda interdisciplinary perspective. As a methodological proposal, we used a research-action approach, in a qualitative research method. The main instruments of data collection were: written reports, conceptual maps, questionnaires, logbook, observations and recordings. The results showed that the creations of Learning Objects associated with financial content provide students to rethink their role in society. Keywords: Financial mathematics, Learning objects, Teaching, Technologies. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Janela de criação de mapas no Cmap Tools ................................... 74 Figura 2 – Exemplo de mapa conceitual no Cmap Tools ................................. 74 Figura 3 – Campus Cubatão. ............................................................................... 82 Figura 4 – Laboratório de Informática utilizado na pesquisa. .......................... 83 Figura 5 – Matriz curricular do curso Técnico em Informática Integrado ....... 85 Figura 6 – Mapa Conceitual do Aluno X antes da realização da etapa tecnológica ......................................................................................... 92 Figura 7 – Mapa Conceitual do Aluno X depois da realização da etapa tecnológica. ........................................................................................ 93 Figura 8 – Aprendendo Matemática Financeira: Objeto criado pelo Grupo K. .............................................................................................. 97 Figura 9 – Aprendendo Matemática Financeira: Sequencia Uniforme de Capitais. .............................................................................................. 97 Figura 10 – Capitalização Financeira para Android: Objeto criado pelo Grupo B ............................................................................................... 98 Figura 11 – Mapa Conceitual Inicial do aluno W. .............................................. 107 Figura 12 – Mapa Conceitual inicial do aluno Y. ............................................... 108 Figura 13 – Mapa Conceitual inicial do aluno Z................................................. 109 Figura 14 – Tela inicial do objeto de aprendizagem Nosso Banco .................. 121 Figura 15 – Nosso Banco: Função Poupança do Objeto de Aprendizagem Nossa Banco. ................................................................................... 121 Figura 16 – Nosso Banco: Função Empréstimo do Objeto de Aprendizagem Nossa Banco. .......................................................... 122 Figura 17 – Nosso Banco: Equivalência de Taxas ............................................ 122 Figura 18 – Nosso Banco: Equivalência de Taxas Efetiva. .............................. 123 Figura 19 – Manual do Objeto de Aprendizagem Nosso Banco....................... 123 Figura 20 – Tela Inicial da Calculadora de Capitalização Simples, Composta e Taxas............................................................................ 125 Figura 21 – Tela Inicial do Objeto de Aprendizagem PAC ................................ 126 Figura 22 – PAC: Capitalização Composta ........................................................ 127 Figura 23 – PAC: Tela de Ajuda .......................................................................... 127 Figura 24 – Tela Inicial Melhor Compra .............................................................. 129 Figura 25 – Melhor Compra: O que são juros?.................................................. 130 Figura 26 – Melhor Compra: Vamos capitalizar................................................. 131 Figura 27 – Tela Inicial do Objeto de Aprendizagem Money you up .............. 132 Figura 28 – Controle de Crédito do Objeto de Aprendizagem Money you up ....................................................................................................... 133 Figura 29 – Capitalização Financeira para Android: Ambiente criado pelo Grupo B ............................................................................................. 134 Figura 30 – Tela inicial do objeto de aprendizagem H.E.L.P.D.E.S.C. ............. 135 Figura 31 – H.E.L.P.D.E.S.C.: Desconto Simples Racional e Comercial ......... 135 Figura 32 – H.E.L.P.D.E.S.C.: Desconto Composto........................................... 136 Figura 33 – Tela Inicial do Objeto de Aprendizagem Vértice............................ 137 Figura 34 – Vértice: Auxiliar Financeiro – Desconto Simples .......................... 137 Figura 35 – Vértice: Gerador de Título ............................................................... 138 Figura 36 – Vértice: Tela tutorial ......................................................................... 138 Figura 37 – DesCalc: Calculadora de Descontos .............................................. 139 Figura 38 – DesCalc: Tela de Resultados .......................................................... 140 Figura 39 – Calculadora de descontos simples e compostos ......................... 141 Figura 40 – Calculadora de descontos simples e compostos: manual do usuário .............................................................................................. 142 Figura 41 – Calculadora Básica de Descontos – Tela Inicial ........................... 143 Figura 42 – Calculadora Básica de Descontos – Desconto Racional Simples ............................................................................................. 143 Figura 43 – Calculadora Básica de Descontos – Desconto Comercial Simples ............................................................................................. 144 Figura 44 – Calculadora Básica de Descontos – Desconto Racional Composto ......................................................................................... 144 Figura 45 – Calculadora Básica de Descontos – Desconto Comercial Composto ......................................................................................... 145 Figura 46 – Software Financeiro: Tela Inicial..................................................... 146 Figura 47 – Software Financeiro: Ajuda ............................................................. 146 Figura 48 – Objeto de Aprendizagem MFO ........................................................ 148 Figura 49 – Objeto de Aprendizagem Aprendendo Matemática Financeira: Quantidade de Parcelas e Equivalência de Taxas......................... 149 Figura 50 – Objeto de Aprendizagem Aprendendo Matemática Financeira: Parcela e Valor a vista com Entrada. .............................................. 150 Figura 51 – Objeto de Aprendizagem Aprendendo Matemática Financeira: Capitalização com parcelas diferentes. ......................................... 150 Figura 52 – Tela Inicial do EasyFinance............................................................. 152 Figura 53 – EasyFinance: Equivalência de Taxas ............................................. 152 Figura 54 – EasyFinance: Ajuda ......................................................................... 153 Figura 55 – Tela Inicial do Objeto de Aprendizagem Finanças Fácil e Rápido ............................................................................................... 154 Figura 56 – Finanças Fácil e Rápido: Equivalência de Capitais – Valor Atual .................................................................................................. 154 Figura 57 – Finanças Fácil e Rápido: Equivalência de Capitais Prorrogação ...................................................................................... 155 Figura 58 – Finanças Fácil e Rápido: Sequencia Uniforme de Capitais.......... 155 Figura 59 – Tela Inicial do Objeto de Aprendizagem Calculadora Financeira – Equivalência de Taxas. .............................................. 157 Figura 60 – Calculadora Financeira: Equivalência de Capitais ........................ 157 Figura 61 – Calculadora Financiamento: Sequencia Uniforme de Capitais .... 158 Figura 62 – Calculadora Financiamento: Equivalência de Capitais ................ 159 Figura 63 – Calculadora Financiamento: Capitalização Composta ................. 159 Figura 64 – Mapa conceitual inicial do aluno A. ................................................ 162 Figura 65 – Mapa conceitual final do aluno A.................................................... 162 Figura 66 – Mapa conceitual inicial do aluno B1. .............................................. 163 Figura 67 – Mapa conceitual final do aluno B1.................................................. 164 Figura 68 – Resposta a questão 3 do aluno B1. ................................................ 164 Figura 69 – Resposta a questão 4 do aluno B1. ................................................ 165 Figura 70 – Mapa conceitual inicial do aluno C2. .............................................. 166 Figura 71 – Mapa conceitual final do aluno C2.................................................. 166 Figura 72 – Resposta questão 4 do aluno C2. ................................................... 167 Figura 73 – Mapa Conceitual Inicial do Aluno R1. ............................................. 171 Figura 74 – Mapa Conceitual Final do Aluno R1. .............................................. 171 Quadro 1 – Programas e Instituições analisadas durante o mapeamento.Erro! Indicador não Quadro 2 – Características dos Objetos de Aprendizagem................................. 63 Quadro 3 – Diferentes classificações sobre interdisciplinaridade. .................... 77 Quadro 4 – Cursos ofertados pelo IFSP/Cubatão ................................................ 83 Quadro 5 – Síntese do plano de ensino de Finanças. .......................................... 88 Quadro 6 – Anotação realizada pelo grupo L durante a realização da fase tecnológica. ........................................................................................ 94 Quadro 7 – Questionários aplicados durante a realização da pesquisa. ........... 95 Quadro 8 – Aplicações dos instrumentos de coleta de dados de acordo com os objetivos específicos traçados na pesquisa. ................... 102 Quadro 9 – Relatório das aulas de desenvolvimento do Objeto de Aprendizagem do Grupo A. ............................................................. 119 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Grande Área Multidisciplinar da Capes............................................ 26 Tabela 2 – Programas de Mestrado e Doutorado da Área de Ensino/CAPES .................................................................................... 27 Tabela 3 – Instituições que possuem trabalhos sobre Matemática Financeira ........................................................................................... 31 Tabela 4 – Categorização de análise das pesquisas sobre Matemática Financeira ........................................................................................... 32 Tabela 5 – Mapeamento das pesquisas segundo o foco temático .................. 34 Tabela 6 – Categorização do foco temático Matemática Financeira e o uso de tecnologias ............................................................................. 37 Tabela 7 – Distribuição da Carga Horária por Unidade da disciplina de Finanças prevista e realizada. ........................................................... 89 Tabela 8 – Hábitos de estudo dos acadêmicos participantes da pesquisa .. 104 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Análise dos tipos de programas de pós-graduação mapeados por esta pesquisa. .............................................................................. 29 Gráfico 2 – Distribuição dos focos temáticos ..................................................... 36 Gráfico 3 – Tempo de uso do computador e da internet. ................................. 105 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CEFET Centro Federal de Educação Tecnológica. COBRIC Congresso Brasileiro de Iniciação Científica. EAD Educação a Distância EJA Educação de Jovens e Adultos IFSP Instituto Federal de São Paulo. LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação. LIP I Linguagem de Programação I. LIP II Linguagem de Programação II. OA Objetos de Aprendizagem PCN+ Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. PCNEM Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio. PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais. PIE Programa de Informática Educacional. SEED Secretaria de Educação a Distância TICs Tecnologias da Informação e Comunicação. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 19 2 MAPEAMENTO DAS PESQUISAS SOBRE MATEMÁTICA FINANCEIRA DA GRANDE ÁREA MULTIDISCIPLINAR/ENSINO DA CAPES ......................................................................................................... 25 2.1 Metodologia do mapeamento .................................................................... 26 2.1.1 Pré-análise .................................................................................................. 30 2.1.2 Categorizações ........................................................................................... 31 2.2 O foco de estudo Matemática Financeira e o uso de tecnologias.......... 36 2.3 Algumas reflexões ...................................................................................... 42 3 O ENSINO MÉDIO INTEGRADO E A MATEMÁTICA FINANCEIRA .......... 45 3.1 O Ensino Médio e a Educação Profissional ............................................. 45 3.2 Dos Centros Federais de Educação Tecnológica aos Institutos Federais ....................................................................................................... 48 3.3 A Matemática Financeira no currículo do Ensino Médio Integrado ....... 50 3.4 Algumas reflexões ...................................................................................... 52 4 O ENSINO DE MATEMÁTICA FINANCEIRA E O USO DE TECNOLOGIAS ........................................................................................... 53 4.1 O Ensino de Matemática ............................................................................ 53 4.2 O ensino da Matemática Financeira e a cidadania .................................. 55 4.3 Tecnologia e aprendizagem ....................................................................... 57 4.4 Tecnologia e aprendizagem Matemática .................................................. 60 4.5 Objetos de Aprendizagem (OAs) ............................................................... 62 4.6 Algumas reflexões ...................................................................................... 63 5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 65 5.1 Teoria da Aprendizagem Significativa ...................................................... 65 5.2 Mapas conceituais ...................................................................................... 69 5.2.1 Características de um mapa conceitual ................................................... 71 5.2.2 Mapas conceituais digitais ........................................................................ 73 5.3 A interdisciplinaridade no ensino de Matemática.................................... 75 5.4 Métodos de Pesquisa ................................................................................. 77 5.4.1 Pesquisa-Ação ............................................................................................ 78 5.4.2 Pesquisa Qualitativa................................................................................... 79 5.5 Algumas reflexões ...................................................................................... 80 6 METODOLOGIA E DETALHAMENTO DA PESQUISA............................... 81 6.1 Caracterização da Instituição .................................................................... 81 6.1.1 O Instituto Federal de São Paulo............................................................... 81 6.1.2 O Campus Cubatão .................................................................................... 82 6.1.3 O Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio do Campus Cubatão ........................................................................................ 84 6.2 Os Sujeitos da Pesquisa ............................................................................ 86 6.3 Fases da Pesquisa...................................................................................... 87 6.3.1 Fase 1: Etapa teórica ................................................................................. 87 6.3.2 Fase 2: Etapa Tecnológica ......................................................................... 90 6.4 Procedimentos Metodológicos.................................................................. 91 6.4.1 Mapas Conceituais ..................................................................................... 91 6.4.2 Observações e Anotações (Diário de Bordo) ........................................... 94 6.4.3 Questionários.............................................................................................. 95 6.4.4 Relatórios .................................................................................................... 95 6.4.5 Gravações ................................................................................................... 96 6.4.7 Objetos de Aprendizagem ......................................................................... 96 7 ANÁLISE E DISCUSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA ................. 101 7.1 Análise e Discussões dos Resultados Durante a Etapa Teórica da Pesquisa .................................................................................................... 102 7.1.1 A Dinâmica da Aula e seus efeitos.......................................................... 102 7.1.2 Caracterização dos Sujeitos .................................................................... 103 7.1.3 Mapas Conceituais Iniciais sobre Educação Financeira....................... 106 7.1.4 Análises das atividades investigativas ................................................... 109 7.2 Análise e Discussões dos Resultados Durante a Etapa Tecnológica da Pesquisa. ........................................................................ 111 7.2.1 A Dinâmica estabelecida nesta etapa ..................................................... 111 7.2.2 Fase de uso do Laboratório de Informática ........................................... 116 7.3.1 Capitalização Simples, Capitalização Composta e Equivalência de Taxas: ........................................................................................................ 120 7.3.2 Desconto Simples, Desconto Composto e Equivalência de Taxas...... 135 7.3.3 Equivalência de Capitais, Série Uniforme de Pagamentos e Equivalência de Taxas ............................................................................. 147 7.3.4 Reflexão sobre os Objetos de Aprendizagem Criados. ........................ 160 7.4 Análises dos Mapas Conceituais Finais ................................................. 161 7.4.1 Análise dos mapas do aluno A ................................................................ 161 7.4.2 Análise dos mapas do aluno B1 .............................................................. 163 7.4.3 Análise dos mapas do aluno C2 .............................................................. 165 7.5 Análise do Questionário de Avaliação dos Mapas Conceituais ........... 168 7.6 Análise das Gravações ............................................................................ 172 7.7 Análise do Questionário Final ................................................................. 173 7.8 Algumas Reflexões................................................................................... 177 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 179 8.1 Considerações sobre os sujeitos da pesquisa ...................................... 179 8.2 Quadro teórico e metodológico............................................................... 180 8.3 Resultados obtidos .................................................................................. 181 8.4 Contribuições deste estudo para o ensino de Matemática Financeira .................................................................................................. 184 8.5 Limitações do estudo ............................................................................... 185 8.6 Sugestões e recomendações .................................................................. 186 8.7 Reflexões Finais ....................................................................................... 187 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 189 APÊNDICES ........................................................................................................... 195 ANEXOS ................................................................................................................. 215 19 1 INTRODUÇÃO Observamos, na educação brasileira, que poucas instituições se preocupam em integrar a seus planos de ensino questões relacionadas ao desenvolvimento financeiro e sua contribuição a uma cultura crítica e participativa na sociedade. Percebemos que as escolas precisam criar situações promotoras de temas que auxiliem seus alunos a gerenciarem o conhecimento matemático de forma a torná-lo instrumental na vida cotidiana. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM), a Matemática deve ser compreendida como uma parcela essencial do conhecimento humano para desenvolver capacidades que serão exigidas ao longo da vida social e profissional do educando. Assim, pudemos observar, pela práxis docente da pesquisadora desta tese na disciplina de Finanças no Curso de Ensino Médio Integrado ao Técnico, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo - Campus Cubatão, que muitas vezes os conceitos relacionados à Matemática Financeira ficam restritos à sala de aula, sem que o aluno perceba a importância deles em sua vida e na sua formação como cidadão crítico e participativo. Por meio das atividades profissionais e observações cotidianas da pesquisadora, percebemos que os alunos se sentem motivados em trabalhar os diversos componentes curriculares com o uso de ferramentas tecnológicas, o que nos fez refletir em como inserir a Matemática Financeira no contexto das tecnologias educacionais. Esse foi o motivo que nos levou a optar por pesquisar tecnologias educacionais no doutorado. Durante a realização das disciplinas do Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática, pudemos evidenciar, em vários momentos teóricos, trabalhos desenvolvidos por colegas e dissertações e/ou teses defendidas no programa que apontavam que o uso de tecnologias influencia positivamente o processo ensino e aprendizagem. 20 Essa constatação nos levou a considerar a possibilidade de investigar a disciplina de Finanças tendo o aporte de recursos tecnológicos. O que ainda não estava claro era de que forma poderíamos associar Matemática Financeira ao uso do computador. No início do ano letivo de 2012, nas primeiras aulas da disciplina de Finanças, no curso Técnico em Informática Integrado, observamos alguns alunos interagirem sobre a necessidade de preparem alguma atividade relacionada a seu curso técnico, para apresentação no Congresso Brasileiro de Iniciação Científica (COBRIC). Daí surgiu nossa ideia: associar, à disciplina de Finanças, Matemática Financeira e desenvolvimento de objetos de aprendizagem, com o aporte teórico e técnico da disciplina de Linguagem de Programação. Assim, esta pesquisa buscou trazer metodologias interdisciplinares que promovessem uma reflexão sobre o ensino da “Matemática Financeira”, viabilizem a criação de objetos de aprendizagem e tornem o aluno o gerenciador de todo o seu processo de aprendizagem, atendendo, consequentemente, aos anseios da maioria dos discentes das turmas envolvidas. Proveniente dessa proposta metodológica e de nossas reflexões, o objetivo geral desta pesquisa é: Analisar como a construção de Objetos de Aprendizagem pode contribuir para a aprendizagem contextualizada de Matemática Financeira no Ensino Médio Integrado em Informática. Como consequência desse objetivo geral, destacamos outros objetivos específicos: • Criar objetos de aprendizagem que contribuam para o desenvolvimento de conteúdos financeiros por meio de atividades interdisciplinares; • Elaborar atividades investigativas que contribuam para o desenvolvimento de conceitos financeiros e busquem solucionar situações cotidianas; • Reconhecer a importância, na Matemática, do conteúdo financeiro para o desenvolvimento da cidadania; 21 • Verificar se o uso de mapas conceituais contribui para o entendimento dos objetos matemáticos. A partir das constatações e particularidades presentes nesta investigação, o problema de pesquisa desta tese é: A criação de Objetos de Aprendizagem pelos alunos do Ensino Médio Integrado em Informática, para a disciplina de Finanças, contribui para a Aprendizagem Significativa de Matemática Financeira? Esperamos que ao término desta pesquisa os alunos possam associar os objetos de aprendizagem criados nas aulas de Finanças às suas aplicações cotidianas, tendo uma visão didática e científica do uso da Matemática Financeira na sociedade. Cabe destacar que não temos como objetivo avaliar tecnicamente os objetos criados, mas sim sua aplicação às situações reais que promovam uma discussão sobre a formação do cidadão. Nesse sentido, este trabalho foi estruturado por um processo de natureza qualitativa, com abordagem de pesquisa-ação. Os métodos de coletas de dados utilizados foram: observações, gravações, entrevistas, questionários, relatórios, mapas conceituais e criação de objetos de aprendizagem. O local de realização da pesquisa foi o Instituto Federal de São Paulo, Campus Cubatão. Os sujeitos foco de análises foram 76 alunos das turmas do terceiro ano do Ensino Médio Integrado em Informática que cursaram as disciplinas de Linguagem de Programação I e II. Além desses sujeitos, também foram analisadas as interações dos dois professores de Linguagem de Programação do campus. A escolha pelas fundamentações apresentadas nesta pesquisa é essencial para que tenhamos teorias e argumentações que possam responder às questões propostas. Inicialmente, desenvolvemos um mapeamento sobre todas as pesquisas (dissertações e teses) da Grande Área Multidisciplinar da Capes, até o mês de 22 março de 2012, com foco na subárea de Ensino. Essa análise serviu para proporcionar uma visão do que tem sido pesquisado sobre Matemática Financeira nos programas de Pós-Graduação no Brasil. Fundamentamos nossas argumentações sobre tecnologia nos PCNs do Ensino Médio; na importância do uso de recursos tecnológicos nas concepções de Borba (2005), Barros; D’Ambrósio (2008), Motta (2012), Frota; Borges (2011). Na utilização de objetos de aprendizagem, usamos as concepções de Spinelli (2007), Behar et al. (2009) e a conceituação expressa pela Secretaria de Educação a Distância (SEED) (2005). Além dos referenciais mencionados, fez-se necessário o aporte de teorias cognitivas para fundamentarmos o desenvolvimento da aprendizagem com o uso de recursos tecnológicos, que são, respectivamente, a aprendizagem significativa, na percepção de Ausubel (1978) e Moreira (2006); os mapas conceituais, na visão de Novak (1984). Ainda buscamos caracterizar a importância da interdisciplinaridade no ensino de Matemática, utilizando como referência as várias concepções presentes nos trabalhos de Fazenda (1996), centrando nosso estudo na definição de Luck (1995). Este estudo, assumindo um caráter descritivo e interpretativo, está dividido em oito capítulos, além das referências, apêndices e anexos. O primeiro capítulo corresponde à “Introdução”. Apresenta a pertinência da investigação e uma síntese da organização do trabalho. O segundo capítulo, denominado “Mapeamento das Pesquisas sobre Matemática Financeira da Grande Área Multidisciplinar/Ensino da CAPES”, apresenta um panorama das principais pesquisas sobre Matemática Financeira nos programas de mestrado e doutorado da grande área Multidisciplinar/Ensino da Capes. No terceiro capítulo, chamado de “O Ensino Médio Integrado e a Matemática Financeira”, traçamos um perfil histórico da educação profissional integrada ao Ensino Médio no Brasil. Destacamos, ainda neste capítulo, o currículo do Ensino Médio Integrado e o papel da Matemática Financeira nesse contexto. 23 No quarto capítulo, “O Ensino da Matemática Financeira e o uso de Tecnologias”, visamos destacar a importância dos recursos tecnológicos na educação. Para isso, apresentamos um panorama histórico sobre o ensino de Matemática e seu desenvolvimento no Brasil a partir da Matemática Moderna. Apontamos, ainda, como se deu a utilização das tecnologias da informação no Brasil a partir da década de 80 e as formas de inserção do computador na sala de aula. Destacamos, também, a importância da Educação Financeira na formação cidadã e as concepções sobre a criação de objetos de aprendizagem matemática. No quinto capítulo, denominado de “Fundamentação Teórica”, apresentamos todo o cenário teórico que servirá de aporte às considerações, inferências e conclusões destacadas nesta tese. No sexto capítulo, “Metodologia e Detalhamento da Pesquisa”, destacamos os aspectos metodológicos do estudo, caracterizando as opções metodológicas adotadas no decorrer da pesquisa e descrevemos os instrumentos de coleta de dados. No sétimo capítulo, denominado “Análise e Resultados da Pesquisa”, caracterizamos os sujeitos participantes do estudo, analisamos detalhadamente todos os instrumentos de coleta de dados e apresentamos os principais resultados obtidos e sua consonância com as questões centrais de pesquisa. Finalizando, no oitavo capítulo, “Considerações Finais”, apresentamos as principais conclusões do estudo, discutindo como os resultados contribuem para a formação dos alunos do Ensino Médio Integrado em Informática, enquanto cidadãos, e indicando propostas para pesquisas futuras. 25 2 MAPEAMENTO DAS PESQUISAS SOBRE MATEMÁTICA FINANCEIRA DA GRANDE ÁREA MULTIDISCIPLINAR/ENSINO DA CAPES Analisando as atuais reformulações e adaptações curriculares do ensino de Ciências e Matemática, pode-se afirmar que a educação atravessa um período de profundas mudanças, à medida que deseja conciliar seus objetivos com o interesse e a realidade social. Essa visão se contrasta com aquela presente em algumas escolas, em que o ensino de matemática é visto como um corpo de conhecimento imutável e verdadeiro, que deve ser simplesmente assimilado pelo aluno, dentro de uma concepção tradicionalista de ensino. Ao definirem os objetivos do Ensino de Ciências e Matemática para a Educação Básica, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) destacam que o aluno deve “[...] valorizá-la como instrumental para compreender o seu dia-a-dia, vendo-a como área que estimula o interesse, curiosidade, investigação e o raciocínio lógico.” (BRASIL, 1998). Nessa forma de pensar a aprendizagem, o aluno deve aprender a utilizar os procedimentos científicos e os instrumentos tecnológicos disponíveis, comunicar-se com ideias significativas e argumentar sobre suas conjecturas. Diante do exposto, apresentamos neste capítulo um panorama sobre as principais pesquisas no ensino da Matemática Financeira, realizadas nas mais diversas regiões, instituições e programas. Para iniciarmos a busca de referenciais e fundamentações, analisamos os cursos de pós-graduação stricto sensu recomendados pela Capes na Grande Área Multidisciplinar e, em específico, na Área de Ensino, no período de 2006 a 2012. 26 2.1 Metodologia do mapeamento Para realização do mapeamento, inicialmente, identificamos no site da Capes a grande área Multidisciplinar. Observamos que atualmente existem quatro áreas de pesquisa, conforme destacamos na Tabela 01. Tabela 1 – Grande Área Multidisciplinar da Capes Grande Área: Multidisciplinar Programas e Cursos de Pós-Graduação Área Total M D F M/D Biotecnologia 40 13 3 5 19 Ensino 81 14 1 46 20 Interdisciplinar 309 142 12 78 77 Materiais 27 8 1 4 14 Total Geral (Brasil) 457 177 17 133 130 Disponível em <www.capes.gov.br> Acesso em: 18 jul. 2012. Para esse mapeamento, analisamos em 2012, a área de Ensino que possuía 81 programas recomendados, sendo 14 de Mestrado acadêmico (M); um, Doutorado (D); 46, Mestrado profissional (F); e 20,concomitantemente, Mestrado acadêmico e Doutorado (M/D). Na Tabela 02, destacamos os programas de pós-graduação da área de Ensino identificados no site da Capes. 27 Tabela 2 – Programas de Mestrado e Doutorado da Área de Ensino/CAPES Programas de Pós-Graduação - Área de Ensino Número de Programas Ciência, Tecnologia e Educação Educação Científica e Formação de Professores Educação Cientifica e Tecnológica Educação em Ciências e Matemática Educação em Ciências e Matemática Educação em Ciências e Saúde Educação em Ciências na Amazônia Educação em Ciências Química da Vida e Saúde Educação Matemática Educação Matemática e Tecnológica Educação Para a Ciência Educação Para a Ciência e a Matemática Educação Tecnológica Ensino Ensino Cientifico e Tecnológico Ensino das Ciências Ensino de Ciência e Tecnologia Ensino de Ciências Ensino de Ciências da Natureza Ensino de Ciências da Saúde e do Ambiente Ensino de Ciências e Educação Matemática Ensino de Ciências e Matemática Ensino de Ciências Exatas Ensino de Ciências na Amazônia Ensino de Ciências Naturais Ensino de Ciências Naturais Matemática Ensino de Ciências, Ambiente e Sociedade Ensino de Física Ensino de Física e Matemática Ensino de Matemática Ensino e História de Ciências da Terra Ensino em Biociências e Saúde Ensino em Ciências da Saúde Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente Ensino em Saúde na Amazônia Ensino na Educação Básica Ensino na Saúde Ensino, Filosofia e História das Ciências Ensino, História e Filosofia das Ciências e Matemática Formação Científica, Educacional e Tecnológica Multiunidade sem Ensino de Ciências e Matemática Práticas de Educação Básica Saúde e Educação 01 01 01 02 04 01 01 01 09 01 01 02 01 01 01 02 01 09 01 01 01 10 02 01 01 02 01 04 01 02 01 01 02 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 Total 81 Fonte: Disponível em <www.capes.gov.br> Acesso em: 20 jul. 2012. 28 Para o mapeamento sobre a temática proposta, fez-se necessária a definição de programas e instituições que seriam investigados e que estivessem em consonância com a área de Educação, Educação Matemática, Ensino ou Ensino de Ciências e Matemática, conforme destacamos no Quadro 1. Essa decisão foi estabelecida pelas linhas de pesquisas presentes em cada programa e que apresentavam consonância com a proposta investigativa desta tese, perfazendo um total de 44% dos programas de pós-graduação da tabela Capes Área de Ensino. nº Instituição Programa Cursos 1 UNICSUL – Universidade Cruzeiro do Sul/SP Ensino de Ciências e Matemática M, F, D 2 UFAL – Universidade Federal de Alagoas/AL UFC – Universidade Federal do Ceará/CE Ensino de Ciências e Matemática F Ensino de Ciências e Matemática F UFU – Universidade Federal de Uberlândia/ MG UEPB – Universidade Estadual da Paraíba / PB CEFET/RJ – Centro de Educação Federal de Educação tecnológica Celso Suckow da Fonseca / RJ UFPEL – Universidade Federal de Pelotas / RS UCS – Universidade de Caxias do Sul/ RS Ensino de Ciências e Matemática F Ensino de Ciências e Matemática F Ensino de Ciências e Matemática F Ensino de Ciências e Matemática F Ensino de Ciências e Matemática F ULBRA – Universidade Luterana do Brasil/RS FUFSE – Fundação Universidade Federal de Sergipe / SE UFSCAR – Universidade Federal de São Carlos / SP UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte / RN FURB – Universidade Regional de Blumenau / SC UNIFRA - Centro Universitário Franciscano / RS UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro / RJ UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul / RS UFABC - Fundação Universidade Federal do ABC / SP Ensino de Ciências e Matemática M, D Ensino de Ciências e Matemática F Ensino de Ciências e Matemática F Ensino de Ciências Naturais e Matemática Ensino de Ciências Naturais e Matemática Ensino de Física e Matemática F Ensino de Matemática M Ensino de Matemática F Ensino, História e Filosofia das Ciências e Matemática M UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas / SP PUC/SP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo / SP UNIBAN - Universidade Bandeirante de São Paulo / SP UNESP/RC - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/Rio Claro / Multiunidades em Ensino de Ciências e Matemática Educação Matemática M, D Educação Matemática M, D Educação Matemática M, D 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 F F M, D 29 SP 22 Educação Matemática M Educação Matemática M Educação Matemática F Educação Matemática M 26 UESC - Universidade Estadual de Santa Cruz UFJF - Universidade Federal de Juiz De Fora UFOP - Universidade Federal De Ouro Preto UFMS - Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul / MS USS - Universidade Severino Sombra Educação Matemática F 27 IFES - Instituto Federal do Espírito Santo Educação em Ciências e Matemática F 28 UFPR - Universidade Federal do Paraná Educação em Ciências e Matemática M 29 UFG - Universidade Federal de Goiás Educação em Ciências e Matemática M 30 PUC/RS - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso UFPA - Universidade Federal do Pará Educação em Ciências e Matemática M, D Educação em Ciências e Matemática D Educação em Ciências e Matemática M, D UFPE - Universidade Federal de Pernambuco UEM - Universidade Estadual de Maringá Educação Tecnológica e Matemática M Educação Para a Ciência Matemática M, D Educação Para a Ciência Matemática F Ensino de Ciências Exatas F 23 24 25 31 32 33 34 35 36 IFG - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás UNIVATES - Centro Universitário Univates / RS Quadro 1: Programas e Instituições analisadas durante o mapeamento. Fonte: Disponível em: <www.capes.gov.br> Acesso em: 19 jul. 2012. 3% 3% 22% 22% M F M, D 50% D M, F, D Gráfico 1: Análise dos tipos de programas de pósgraduação mapeados por esta pesquisa. Fonte: Dados da Pesquisa. 30 Dos programas selecionados, conforme Quadro 01, as três modalidades mais presentes são: Ensino de Ciências e Matemática (30%); Educação Matemática (22%) e Educação em Ciências e Matemática (16%). Analisando os tipos de programas mapeados, verificamos que a maior parte das instituições, cerca de 50%, oferece Mestrado Profissional (ver Gráfico 01) e apenas 3% das instituições atuam nos três níveis de ensino. Foram identificadas, nos sites dos programas, as dissertações e teses defendidas. Cabe destacar que alguns programas listados no Quadro 01 se encontram em fase de implementação ou ainda não tiveram dissertações defendidas. A organização do mapeamento seguiu duas etapas distintas: 1ª.) Pré-análise, que visa à pesquisa e organização dos textos. 2ª.) Categorização dos dados em subfocos e focos temáticos. 2.1.1 Pré-análise Na pré-análise, buscamos realizar a leitura flutuante dos resumos dos trabalhos para obter informações gerais, tais como: palavras-chave, temática, objetivo das pesquisas, metodologias, fundamentação teórica, foco temático e contribuições ao processo ensino e aprendizagem. Para Franco (2005), a leitura flutuante “[...] consiste em estabelecer contatos com os documentos a serem analisados e conhecer os textos e as mensagens neles contidas, deixando-se invadir por impressões, representações, emoções, conhecimentos e expectativas”. Ao realizarmos a pré-análise, identificamos 26 trabalhos em consonância com a proposta investigativa desta tese, em 11 instituições. Essas pesquisas são divididas em 01 trabalho de Doutorado, 10 de Mestrado acadêmico e 15 de Mestrado profissional, conforme destacamos na Tabela 03. 31 Tentamos obter informações pelos resumos, mas encontramos algumas dificuldades. Primeiramente, alguns resumos não apresentam as palavras-chave para sua classificação; em segundo lugar, cerca de oito trabalhos não exibiam de forma clara objetivos da pesquisa, foco temático nem metodologia adotada. Diante dessas dificuldades, houve necessidade de leitura integral e fichamento dos trabalhos que apresentavam problemas em seus resumos. Tabela 3 – Instituições que possuem trabalhos sobre Matemática Financeira Instituição Tipo PUCSP Mestrado Acadêmico PUCSP Mestrado Acadêmico UFRJ Mestrado Acadêmico ULBRA Mestrado Acadêmico UNESP Mestrado Acadêmico UNIBAN Mestrado Acadêmico UNICSUL Doutorado UNICSUL Mestrado Profissional UNIFRA Mestrado Profissional UFRGS Mestrado Profissional UNIVASTES Mestrado Profissional USS Mestrado Profissional Disponível em: <www.capes.org.br> Acesso em: 19 jul. 2012. Número de Trabalhos 03 01 01 01 02 02 01 04 05 01 03 02 2.1.2 Categorizações Esta fase constitui a exploração do material com a definição de categorias (sistema de codificação). Para Franco (2005), “[...] a categorização é uma operação de classificação de elementos constituídos de um conjunto, por diferenciação seguida de um reagrupamento baseado em analogias, a partir de critérios definidos”. Após a fase de pré-análise, deu-se início à categorização dos trabalhos. Realizou-se o mapeamento das pesquisas, organizando-as por instituição, ano de publicação, subfoco e foco temático. Essa categorização ocorreu seguindo a proposta de Bardin (2007): A divisão das componentes das mensagens analisadas em rubricas ou categorias não é uma etapa obrigatória de toda e qualquer análise de conteúdo. A maioria dos procedimentos de análise organiza-se, no entanto, em redor de um processo de categorização. Classificar elementos em categorias impõe a investigação do que cada um deles tem em comum com outros. O que vai permitir o seu agrupamento é a parte comum existente entre eles. (BARDIN, 2007, p. 32). 32 Depois da separação dos trabalhos por instituição e ano de publicação, os mesmos foram categorizados em 12 subfocos temáticos, conforme apresentamos na Tabela 4. Tabela 4 – Categorização de análise das pesquisas sobre Matemática Financeira SUBFOCO Construção e Aplicação de Web Quest na Matemática Financeira TRABALHOS AUTORES Novos caminhos para o ensino e Simone Aparecida Silva aprendizagem de Matemática Financeira: Gouvea construção e aplicação de Web Quest. O conhecimento numérico e o sistema Sistema Monetário monetário: estudos de casos em uma 3ª série. O ensino de Matemática Financeira na graduação com a utilização da planilha e da calculadora: uma investigação comparativa Uso da calculadora O uso da tecnologia da informática no e das planilhas ensino superior: um estudo da aplicação eletrônicas na do Excel na disciplina de Matemática Matemática Financeira Financeira A aprendizagem da Matemática Financeira no Ensino Médio: uma proposta de trabalho a partir de planilhas eletrônicas. O ensino-aprendizagem de Matemática Financeira utilizando ferramentas computacionais: uma abordagem construcionista. Uma proposta Interdisciplinar para Matemática Financeira e informática aplicada no ensino superior O estudo de tópicos de Matemática Financeira com tecnologias: opiniões de professores participantes de um grupo de Tecnologias formação continuada Educacionais na Aprendizagem das capitalizações simples Matemática e composta no terceiro ano do ensino Financeira normal do Instituto Estadual de Educação Estrela da Manhã – IEEEM, utilizando recursos tecnológicos Elaboração de um Objeto para Aprendizagem - OPA: Aplicações na Matemática Financeira "Capitalização, Financiamento e Desvalorização". Uso de tecnologias da informação para a aprendizagem de Matemática Financeira em cursos técnicos Concepções dos alunos sobre Matemática Financeira: um estudo de caso à luz da aprendizagem significativa Educação Uma abordagem visual para o ensino de Matemática Financeira no Ensino Médio Financeira Uma reflexão sobre a importância de inclusão de educação financeira na escola pública Nanci Leite Branquinho QUANT. % 01 4% 01 4% 03 11 % 06 23 % 04 15 % Adriano Brandão Feijó Eugenio Carlos Stieler Marcelo Salvador Cóser Filho Nelson Dias Leme Ademir Cenatti Merielen Caramori Fátima Roseli BohmerBritto Victor Marcelo Santander Rojas Claiton Regis Marques Timm Maria Dolores Cardoso da Silva Rosa CordéliaNovellino de Novaes Denise Terezinha Brandão Kern 33 Contribuições de jogos como recurso didático nas aulas de Matemática Arlei Vaz Rade Financeira Noções de porcentagem, de desconto e Antônio Sérgio Abrahão de acréscimo na Educação de Jovens e Monteiro Bastos Adultos. Aprendizagem da Matemática Financeira no EJA O educando da EJA: dificuldades e Karla Beatriz superações na aprendizagem da Silveira Matemática Financeira. Vivian 03 12 % 02 8% 03 11 % A relevância da Educação Financeira na Alex FerrantiPelicioli Formação de Jovens e Adultos Matemática Financeira - um enfoque na resolução de problemas como metodologia de ensino e aprendizagem Resolução de problemas no ensino de porcentagem: em busca de uma compreensão pedagógica a partir dos processos reguladores gerais da teoria de Robbie Case Matemática Financeira: uma proposta com projetos de trabalho no Ensino Superior Relações institucionais para o ensino da noção de juros na transição ensino médio e ensino superior. Educação Matemática Financeira: um estudo de caso em cursos superiores de tecnologia, Matemática Financeira e resolução de problemas Matemática Financeira e o ensino superior Paulo Hermínio Henrique Fabiane Figueiredo Rosane Worm Fischer de Fátima Carlos Alberto de Souza Cabello Hélio Rosetti Júnior Aplicações da Matemática Financeira Implicações provenientes da elaboração Anete Berenice de um orçamento familiar Schaeffer Strate 01 4% Matemática Financeira no Ensino Médio A Matemática Financeira no Ensino Médio Leandro Carvalho Vieira e sua articulação com a cidadania 01 4% Uma proposta de formação continuada sobre Matemática Financeira para Raphael Professores de Matemática do ensino Santos médio 01 4% Formação de Professores que ensinam Matemática Financeira Pereira dos Fonte: Dados da Pesquisa. Pela Tabela 4, percebemos que o subfoco principal dos trabalhos de pesquisa realizados nas instituições centra-se no uso de Tecnologias Educacionais na Matemática Financeira (23%), seguidos pela Educação Financeira (15%), Aprendizagem da Matemática Financeira no EJA (12%), Matemática Financeira no Ensino Superior (11%) e uso da Calculadora e das Planilhas Eletrônicas na Matemática Financeira (11%). 34 Após análise e divisão dos trabalhos segundo subfocos temáticos, buscamos estabelecer uma conexão entre eles, criando-se categorias de análise segundo o foco temático. Assim, os 26 trabalhos foram organizados tematicamente, conforme apresentamos na Tabela 5. Tabela 5 – Mapeamento das pesquisas segundo o foco Foco Temático Nº Subfoco Nº Matemática Financeira e o Uso de Tecnologias Roseli Bohmer Britto (2009) Victor Marcelo Rojas Santander (2010) Tecnologias Educacionais na Matemática Financeira São pesquisas relacionadas ao ensino de Matemática Financeira utilizando ferramentas computacionais. Autores Claiton Regis Timm Marques (2010) 6 Nelson Dias Leme (2007) Ademir Cenatti (2008) 10 Merielen Fátima Caramori (2009) Uso da Calculadora e das planilhas eletrônicas na Matemática Financeira Adriano Brandão Feijó (2007) 3 Eugenio Carlos Stieler (2007) Marcelo Salvador Cóser Filho (2008) Construção e Aplicação de Web Quest na Matemática Financeira Matemática Financeira e a Formação de Professores São pesquisas voltadas à elaboração de materiais e à formação de professores. Formação de Professores que Ensinam Matemática Financeira 1 Simone Aparecida Silva Gouvea (2006) Raphael Pereira dos Santos (2011) 3 Paulo Henrique Hermínio (2008) Matemática Financeira e Resolução de Problemas 2 Fabiane Fischer Figueiredo (2008) Matemática Financeira da Educação Básica ao Ensino Superior São pesquisas que buscam estabelecer propostas para um trabalho significativo nos diferentes níveis de ensino. 1 Matemática Financeira no Ensino Médio 1 Matemática Financeira e o Ensino Superior Rosane de Fátima Worm (2009) 3 7 Leandro Carvalho Vieira (2010) Carlos Alberto de Souza Cabello (2010) Hélio Rosetti Júnior (2010) Aprendizagem da Matemática Financeira no EJA Karla Beatriz Vivian Silveira (2007) 3 Alex FerrantiPelicioli (2011) Antônio Sérgio Abrahão Monteiro Bastos (2007) 35 Educação e Finanças Maria Dolores Cardoso da Silva (2007) Rosa CordéliaNovellino de Novaes (2009) Educação Financeira 4 Denise Terezinha Brandão Kern (2009) São pesquisas que visam a apresentar propostas educativas e pedagógicas do uso das finanças no cotidiano das pessoas, promovendo maior cidadania. Arlei Vaz Rade (2010) 6 Aplicações da Matemática Financeira 1 Anete Berenice Schaeffer Strate (2010) Sistema Monetário 1 Nanci Leite Branquinho (2006) Fonte: Dados da Pesquisa. Para Fiorentini (1994), a vantagem dessa forma de organização é que ela permite comparar por contrastes os diferentes olhares e resultados produzidos, independente da opção teórica ou metodológica de cada estudo. Como resultado dessa organização, foram obtidos quatro focos temáticos e 12 subfocos (ver Tabela 5). Os focos temáticos foram resumidos no Gráfico 02. Cabe destacar que alguns desses trabalhos podem ter relação com mais de um foco. O Gráfico 02 permite-nos observar que os principais focos de interesse dos pesquisadores são os trabalhos com Matemática Financeira e o uso de Tecnologias (38%), Matemática da Educação Básica ao Ensino Superior (27%), Educação e Finanças (23%). 36 40% 38% 35% 30% 27% 23% 25% 20% 15% 12% 10% 5% 0% Matemática Financeira e o uso de Tecnologias Matemática Financeira e a formação de professores Matemática Financeira da Educação Básica ao Ensino Superior Educação e Finanças Fonte: Dados da Pesquisa. Gráfico 2: Distribuição dos focos temáticos Fonte: Dados da pesquisa Nos trabalhos categorizados notamos que o uso de tecnologias aparece de forma significativa, mas na maioria das vezes relacionada ao uso de calculadora ou planilhas eletrônicas. Cabe destacar que, nas pesquisas, somente foi encontrada uma tese sobre Matemática Financeira, que está relacionada com o foco temático de Matemática Financeira da Educação Básica ao Ensino Superior. Todos os outros trabalhos encontrados nessa área são dissertações de Mestrado Acadêmico ou Profissional. 2.2 O foco de estudo Matemática Financeira e o uso de tecnologias Como é de interesse desta investigação, descreveremos apenas o primeiro dos focos temáticos. A análise terá como base os estudos de Kilpatrick (1996), que estabelece oito critérios para avaliação de pesquisas em Educação Matemática, destacados a seguir: 37 I – Relevância: a pesquisa em educação matemática ganha sua relevância para prática ou para futuras pesquisas por seu poder de nos fazer parar para pensar; II – Validade: focaliza as novas interpretações e conduzem a mudanças no comportamento; III – Objetividade: a objetividade deve esclarecer nossos próprios preconceitos e seu possível efeito em nosso trabalho, bem como esforço para refutar nossas próprias conclusões [...]; IV – Rigor e Precisão: [...] está relacionado à objetividade, porque o pesquisador tenta refinar os seus métodos de pesquisa, a fim de ver fenômenos de interesse [...]; V – Originalidade: [...] estudos originais têm um elemento de surpresa que nos equipa e nos faz ver o ensino e a aprendizagem da Matemática sob um novo prisma; VI – Prognóstico: [...] um critério valioso para a pesquisa, quando é entendido como envolvendo a busca de regularidades e modelos de comportamento; VII – Reprodutibilidade: a pesquisa deve ser pública, ela deve ser compartilhada; VIII – Relacionamento: [...] o estudo investigativo elucida a Educação Matemática de um modo que ilumina a Matemática que está sendo ensinada e aprendida. (KILPATRICK, 1996, p. 101). Para efeito de análise, podemos dividir o foco temático em estudo em três partes: Tecnologias Educacionais na Matemática Financeira, Uso da calculadora e das planilhas eletrônicas na Matemática Financeira e Construção e Aplicação de Web Quest na Matemática Financeira, conforme Tabela 06. Tabela 6 – Categorização do foco temático Matemática Financeira e o uso de tecnologias Subfoco Tecnologias Educacionais na Matemática Financeira Quant. Trabalho O ensino-aprendizagem de Financeira utilizando computacionais: uma construcionista. 6 Matemática ferramentas abordagem Uma Proposta Interdisciplinar para Matemática Financeira e informática aplicada no ensino superior Autor Ano Nelson Dias Leme 2007 Ademir Cenatti 2008 O estudo de tópicos de Matemática Financeira Merielen Fátima Caramori com tecnologias: opiniões de professores participantes de um grupo de formação 2009 38 continuada Uso da calculadora e das planilhas eletrônicas na Matemática Financeira Construção e Aplicação de Web Quest na Matemática Financeira 3 1 Aprendizagem das capitalizações simples e composta no terceiro ano do ensino normal do Instituto Estadual de Educação Estrela da Manhã - IEEEM Utilizando recursos Roseli Bohmer Britto 2009 Uso de tecnologias da informação para a aprendizagem de Matemática Financeira em cursos técnicos Claiton Regis Timm Marques 2010 Elaboração de um Objeto para Aprendizagem OPA: Aplicações na Matemática Financeira "Capitalização, Financiamento e Desvalorização". Victor Marcelo Rojas Santander 2010 O ensino de Matemática Financeira na graduação com a utilização da planilha e da calculadora: uma investigação comparativa Adriana Brandão Feijó 2007 O uso da tecnologia da informática no ensino superior: um estudo da aplicação do Excel na disciplina de Matemática Financeira Eugenio Carlos Stieler 2007 A aprendizagem da Matemática Financeira no Ensino Médio: uma proposta de trabalho a partir de planilhas eletrônicas. Marcelo Salvador Cóser Filho 2008 Novos caminhos para o ensino e aprendizagem Simone Aparecida Silva de Matemática Financeira: construção e Gouvea aplicação de Web Quest. 2006 Observando a Tabela 6, temos seis dissertações no subfoco “Tecnologias Educacionais na Matemática Financeira”, três no subfoco “Uso da Calculadora e das planilhas eletrônicas na Matemática Financeira” e um trabalho no subfoco “Construção e Aplicação de Web Quest na Matemática Financeira”, perfazendo 10 pesquisas para análise. As pesquisas destacadas foram analisadas de forma parcial através de seus resumos. Iniciaremos nossas análises pelo primeiro grupo de estudo Tecnologias Educacionais na Matemática Financeira. Das seis dissertações presentes nesse grupo, a mais antiga é de Leme (2007), intitulada “O ensino-aprendizagem de Matemática Financeira utilizando ferramentas computacionais: uma abordagem construcionista.”, que propõe investigar o impacto da abordagem construcionista com o uso de planilhas eletrônicas na Matemática Financeira. A metodologia 39 baseou-se no design-based e foi estruturada em duas fases. As análises mostraram que o uso de modelos computacionais possibilita o envolvimento dos alunos através da expressão, validação e reflexão sobre o conteúdo. O trabalho apresenta relevância acadêmica, quando mostra a teoria de aprendizagem proposta por Papert, o construcionismo, o qual afirma que o aluno tem responsabilidade no desenvolvimento de sua própria aprendizagem, principalmente ao lidar com questões financeiras. O segundo trabalho do grupo é de Cenatti (2008), intitulado “Uma proposta interdisciplinar para Matemática Financeira e Informática aplicada no ensino superior”. Essa pesquisa visa a demonstrar a possibilidade de um trabalho interdisciplinar entre as disciplinas de Matemática Financeira e Informática em um curso superior de Ciências Contábeis. Utilizaram-se como instrumentos de pesquisa o Microsoft Excel e a calculadora HP12C. A abordagem metodológica foi a pesquisa qualitativa, principalmente ao tentar demonstrar a relação entre as disciplinas do curso. Ao término da pesquisa, para o autor, os resultados apontam que a imersão dos alunos numa proposta interdisciplinar favorece a construção dos conceitos financeiros. Em 2009, tivemos duas pesquisas em destaque: a primeira, de Caramori, denominada “O estudo de tópicos de Matemática Financeira com tecnologias: Opiniões de professores participantes de um grupo de formação continuada”; a segunda, de Britto, intitulada “Aprendizagem das capitalizações simples e composta no terceiro ano do ensino normal do Instituto Estadual de Educação Estrela da Manhã – IEEEM, utilizando recursos”. O estudo de Caramori (2009) tinha como objetivo central perceber a opinião de professores da Educação Básica e do Ensino Médio sobre a Matemática Financeira com o uso de calculadoras e das planilhas eletrônicas. Esse trabalho não apresenta, em seu resumo, de forma clara, a metodologia utilizada nem os resultados obtidos. Fez-se necessária uma leitura mais minuciosa dessa dissertação para entendermos a investigação. A segunda pesquisa, de Britto (2009), visava à demonstrar a aprendizagem dos alunos sobre tópicos de Matemática Financeira. O autor trabalhou com duas 40 turmas, com diferentes metodologias: uma utilizaria recursos tecnológicos e a outra continuaria sua aprendizagem em um modelo tradicional, exercícios, fixação e correção. A metodologia não fica clara no resumo, mas aponta para o uso de uma pesquisa-ação, tendo em vista o compartilhamento dos resultados ao seu término. O autor utiliza aportes teóricos da teoria ausubeliana e também usa como recurso tecnológico a planilha eletrônica. Os resultados destacados no resumo mostram-se inconclusivos. A pesquisa de Marques (2010), intitulada “Uso de tecnologias da informação para a aprendizagem de Matemática Financeira em cursos técnicos”, visava a investigar a aprendizagem da Matemática Financeira nos cursos técnicos de administração e contabilidade, por meio de atividades contextualizadas, e o uso da planilha eletrônica. A metodologia escolhida pelo pesquisador não fica clara, sendo necessária uma leitura mais aprofundada do trabalho. Os resultados apresentados também se mostram inconclusivos, pois não demonstram que o uso de planilhas eletrônicas desenvolve a aprendizagem de forma significativa. Apesar dos problemas diagnosticados, a pesquisa apresenta, ao seu término, uma sequência de atividades contextualizadas que servem de aporte aos professores que ensinam Matemática Financeira em cursos técnicos e profissionalizantes. Finalizando, temos a pesquisa de Santander (2010), denominada “Elaboração de um objeto para aprendizagem - OPA: aplicações na Matemática Financeira, Capitalização, Financiamento e Desvalorização". Essa investigação tinha como objetivo a construção de um objeto de aprendizagem que retratasse as principais operações financeiras. A metodologia do estudo baseia-se no Design Experiment, fazendo com que os experimentos realizados façam emergir novas teorias. Sua fundamentação centra-se na representação semiótica proposta por Duval e na perspectiva construtivista. Ao término da pesquisa, mostrou-se que o uso do objeto de aprendizagem construído desenvolve conceitos específicos da Matemática Financeira com aporte das teorias educacionais propostas na pesquisa. Essa dissertação se mostra extremamente organizada, trazendo para futuros professores outras possibilidades do uso da Matemática Financeira. O segundo grupo de estudo – Uso da calculadora e das planilhas eletrônicas na Matemática Financeira – possui três trabalhos. O trabalho de Feijó 41 (2007), intitulado “O ensino de Matemática Financeira na graduação com a utilização da planilha e da calculadora: uma investigação comparativa”, tem como objetivo principal investigar se o uso de planilhas promove o entendimento de conceitos da Matemática Financeira. O resumo mostrou-se insuficiente para obtermos mais informações sobre a pesquisa, necessitando de uma leitura pormenorizada do trabalho. A metodologia do trabalho baseou-se na comparação entre três turmas de ensino superior, uma utilizando calculadora e as outras trabalhando com planilhas. A pesquisa de Stieler (2007), denominada “O uso da tecnologia da informática no ensino superior: um estudo da aplicação do Excel na disciplina de Matemática Financeira”, apresenta resultados de uma experimentação, tendo como foco teórico a Teoria das Situações Didáticas na introdução de conceitos básicos financeiros com recursos das planilhas eletrônicas. A turma pesquisada é de um curso de Licenciatura em Matemática. Observou-se que as análises a priori e a posteriori apontam para uma ressignificação dos conteúdos com o uso das planilhas eletrônicas. A pesquisa possui uma forte concepção teórica e seu resumo demonstra, de forma clara, todos os aspectos adotados para a coleta de dados. A última pesquisa desse subfoco é a desenvolvida por Filho (2008), intitulada “A aprendizagem da Matemática Financeira no Ensino Médio: uma proposta de trabalho a partir de planilhas eletrônicas”. A proposta dessa investigação era de utilizar planilhas eletrônicas para resolver problema inerente ao uso da Matemática Financeira. Para o autor, a principal contribuição de sua pesquisa é o preenchimento de lacunas no ensino tradicional de Matemática Financeira ao se trabalhar com planilhas eletrônicas. O último grupo de estudo, Construção e aplicação de Web Quest na Matemática Financeira, apresenta somente um trabalho denominado “Novos caminhos para o ensino e aprendizagem de Matemática Financeira: construção e aplicação de Web Quest”. Gouvea (2006) propõe uma discussão da Matemática Financeira na formação inicial de professores através da criação de Web Quest. A fundamentação teórica centra-se na perspectiva construcionista. A metodologia empregada pela autora baseia-se na criação de um curso de extensão e na construção de Web Quest pelos acadêmicos, sendo foco de análise ao término do estudo. Ao final da pesquisa, a autora revalida sua proposta inicial, afirmando que a 42 utilização de tecnologias no ensino da Matemática Financeira contribui de forma significativa com a formação inicial de professores. 2.3 Algumas reflexões O mapeamento das dissertações e teses defendidas no período de 2006 a 2012 em programas de Mestrado e Doutorado da área de ensino revela um ponto de análise e reflexão sobre a produção acadêmica relacionada à Matemática Financeira. Em específico, o foco temático “Matemática Financeira e o uso de tecnologias” aparece de forma tímida em dez trabalhos. Ao fazermos as análises, seguindo a proposta de Kilpatrick (1996), não encontramos qualquer tese que trate de tal questão; as dissertações focam seus estudos no uso de planilhas eletrônicas, estabelecendo uma conexão com recursos tecnológicos. Dentre as pesquisas mapeadas, somente uma está adequada à temática central desta tese: o trabalho desenvolvido por Santander (2010). Tal trabalho apresenta fortes contribuições a esta investigação, principalmente no que tange ao desenvolvimento de ferramentas computacionais. Apontaremos a seguir algumas questões para futuras reflexões: i) Ao analisarmos os últimos seis anos de produção acadêmica, verificamos a necessidade de incentivo nas produções com foco temático Matemática Financeira e o uso de tecnologias. ii) Apesar dos dez trabalhos encontrados no foco temático proposto, existem lacunas no aprofundamento do uso de recursos tecnológicos na Matemática Financeira, pois oito pesquisas centram-se no uso de planilhas eletrônicas. iii) Nenhum trabalho buscou analisar como acontece a educação financeira nas séries iniciais da Educação Básica. iv) Sugerimos que os programas de Mestrado e Doutorado busquem criar uma linha de pesquisa direcionada à Educação Financeira. 43 Destacamos que todos os trabalhos pesquisados são importantes para a divulgação científica, firmando seu papel essencial na comunidade acadêmica, mas observamos que para o período destacado nenhum dos trabalhos focou no desenvolvimento de objetos de aprendizagem para a Matemática Financeira. Apresentadas as pesquisas sobre Matemática Financeira, percebemos a necessidade de mais trabalhos de Doutorado na temática proposta e de investigações que busquem relacionar Matemática Financeira e tecnologia com maior propriedade, destacando suas contribuições à formação do cidadão. Assim, buscaremos, com esta tese, trazer uma proposta que servirá de aporte teórico a futuros pesquisadores dessa temática. 45 3 O ENSINO MÉDIO INTEGRADO E A MATEMÁTICA FINANCEIRA Neste capítulo, buscaremos compreender a estrutura educacional brasileira no que cerne à composição e organização do Ensino Médio integrado à Educação Profissional e à Matemática Financeira inserida no currículo. 3.1 O Ensino Médio e a Educação Profissional O Ensino Médio surge no Brasil no período colonial, instituído pelos jesuítas com uma estreita ligação com o catolicismo, dando ao ensino um caráter tradicionalista, repetitivo e rígido, valorizando as disciplinas relacionadas às questões teológicas. “O ensino brasileiro esteve ligado aos jesuítas até 1759, data que marca a expulsão destes da colônia pelo rei de Portugal, quando o modelo de ensino oferecido pelos religiosos já não atendia aos interesses da metrópole.” (QUEIROZ et al., 2009, p. 02). Em substituição a esse ensino, surgem as aulas régias, ministradas por professores indicados de acordo com as necessidades e os interesses políticos e econômicos. Nessa época, o Ensino Médio tinha um caráter elitista e focava na formação das classes mais favorecidas e sua preparação para a Educação Superior. A partir do século XIX, divide-se entre as províncias e os estados a responsabilidade de implantação e execução do Ensino Médio. Após a Revolução de 1930, com a criação do Ministério da Educação, dirigido pelo ministro Francisco Campos, ocorrem mudanças significativas no ensino. Em 1931, o decreto nº. 19.890/31, complementado pelo decreto nº. 4.244/42, estabelece diretrizes orçamentárias para o Ensino Secundário. Essa lei, que vigorou até 1971. preconizava que o ensino primário era compreendido por quatro anos e o ensino secundário por sete anos, subdividido em: ginásio, com quatro anos de duração, e colegial, com três anos. Em 1971, com a lei 5.692/71, o ginásio e o primário foram unificados, originando o que chamamos de 1º. grau, com duração de oito anos. O colegial ficou isolado e foi denominado de 2º. grau. De acordo com essa lei, o 2º. grau deveria 46 garantir também o desenvolvimento profissional, sendo de nível técnico com quatro anos de duração ou de nível auxiliar com três anos. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 e suas devidas emendas (Emenda 59/09) e alterações, como as previstas na Lei de Diretrizes e Bases (LDB), lei nº. 9.394/96, passa a ser dever do Estado a garantia e gratuidade de toda a Educação Básica, em específico a universalização do Ensino Médio, como destaca o trecho da Constituição abaixo. Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Emenda 59, DE 2009) II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade; V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. (Emenda 59, DE 2009). (BRASIL, 1988, p. 35). A Constituição Federal não se restringiu apenas à garantia de acesso à educação, mas também à qualidade do ensino, como destaca o artigo 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988, p. 34). Desde sua essência, o Ensino Médio sempre apresentou uma nítida divisão entre a preparação para o ingresso no ensino superior e aquela destinada às atividades profissionais. Assim, devido às grandes mudanças pelas quais o Brasil vem passando, sejam políticas, sociais, sejam tecnológicas e culturais, a função do Ensino Médio 47 precisou ser reavaliada, tornando-se necessária uma visão de formação geral em detrimento de uma formação específica. [...] para a inserção no processo produtivo e para o alcance do desenvolvimento intelectual, na atualidade, é fundamental o conhecimento e utilização dos recursos tecnológicos, além da consciência crítica, a capacidade de criar, a curiosidade, o hábito da pesquisa, dentre outros. Tornando-se assim, inviável a manutenção do ensino tradicional, que prioriza a memorização. (QUEIROZ et al., 2009, p. 03). Dessa forma, surge uma relação mais estreita entre o Ensino Médio e o mercado de trabalho, como estabelece o Artigo 35 da LDB (1996), que explicita a finalidade do Ensino Médio no Brasil: I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando prosseguimento dos estudos; II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação e aperfeiçoamento posteriores; III – o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; IV – a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. (BRASIL, 1996, p.13). Ainda na LDB (1996), em seu artigo 36, destaca-se que a educação compreende os processos educativos e formativos que começam na convivência humana e se desenvolvem no cotidiano escolar e no ambiente profissional. Assim, o Ensino Médio tem “[...] por finalidade, entre outras, a preparação básica para o trabalho, de modo que, atendida à formação geral do educando, o direcione para o exercício de profissões técnicas”. (BRASIL, 1996, p. 14). Apesar dessas características, em 1997, o decreto nº. 2.208/97 aponta que a educação profissional deve contar com uma organização curricular própria e independente do Ensino Médio, o que retrocede o proposto pela LDB. Após várias críticas ao retrocesso gerado pelo decreto nº. 2.208/97, em 2004, o decreto 5.154/04 institui a modalidade de ensino médio integrado à educação profissional técnica de nível médio. Como destacado na LDB (1996), a educação profissional deve estar presente no desenvolvimento escolar, no mercado de trabalho, na ciência e na tecnologia. 48 Portanto deve ser vista como um ponto de destaque no desenvolvimento social, econômico e cultural da sociedade, proporcionando a redução das desigualdades locais e sociais e promovendo a cidadania. A proposta de integração do curso médio e do curso técnico de nível médio, alternativa constante do Decreto n. 5.154/04, possui um significado e um desafio para além da prática disciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar, pois implica um compromisso de construir uma articulação e uma integração orgânica entre o trabalho como princípio educativo, a ciência como criação e recriação pela humanidade de sua natureza e cultura, como síntese de toda produção e relação dos seres humanos com seu meio. Portanto, ensino integrado implica um conjunto de categorias e práticas educativas no espaço escolar que desenvolvam uma formação integral do sujeito trabalhador. (GRABOWSKI, 2006, p. 12). 3.2 Dos Centros Federais de Educação Tecnológica aos Institutos Federais As instituições federais de ensino tiveram início nos anos de 1909, no governo do presidente Nilo Peçanha, decreto de nº. 7.566/09, e objetivavam o preparo para a mão de obra e os desafios econômicos e políticos que estavam por vir. “Nilo Peçanha instaurou uma rede de 19 Escolas de Aprendizes Artífices, dando origem à rede federal que culminou nas Escolas Técnicas e, posteriormente, nos CEFETs”. (MANFREDI, 2002, p. 85). Em 1942, surgem as Escolas Industriais e Técnicas, no lugar dos Liceus, objetivando a formação profissional secundária. No ano de 1959, as escolas industriais e profissionais, chamadas de Escolas Técnicas Federais, foram categorizadas como autarquias. Em meados de 1978, três dessas escolas se tornaram Centros de Educação Tecnológica: os CEFETs do Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais. Posteriormente outras instituições obtiveram a mesma categorização. Durante muitas décadas, as escolas federais foram centros de formação de mão de obra e preparação para o mercado de trabalho. Em 2008, através da lei nº. 11.892/08, o Governo cria 38 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnológica (IFET). Em seu Artigo 1o., a lei destaca que: o Art. 1 Fica instituída, no âmbito do sistema federal de ensino, a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, vinculada ao Ministério da Educação e constituída pelas seguintes instituições: 49 I - Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia - Institutos Federais; II - Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR; III - Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca CEFET-RJ e de Minas Gerais - CEFET-MG. IV - Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais; e V - Colégio Pedro II. (BRASIL, 2008, p. 01). Ainda segundo a legislação, no seu Artigo 2o., são características dos Institutos Federais: o Art. 2 Os Institutos Federais são instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e multicampi, especializados na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas pedagógicas, nos termos desta Lei. o § 1 Para efeito da incidência das disposições que regem a regulação, avaliação e supervisão das instituições e dos cursos de educação superior, os Institutos Federais são equiparados às universidades federais. o § 2 No âmbito de sua atuação, os Institutos Federais exercerão o papel de instituições acreditadoras e certificadoras de competências profissionais. o § 3 Os Institutos Federais terão autonomia para criar e extinguir cursos, nos limites de sua área de atuação territorial, bem como para registrar diplomas dos cursos por eles oferecidos, mediante autorização do seu Conselho Superior, aplicando-se, no caso da oferta de cursos a distância, a legislação específica. (BRASIL, 2008, p. 01). O texto da lei destaca que os IFETs devem propor e estimular a pesquisa aplicada, a produção cultural, o empreendedorismo, o cooperativismo e promover a produção, o desenvolvimento e a transferência de tecnologias sociais. “Deve, ainda, orientar sua oferta formativa em benefício da consolidação e fortalecimento dos arranjos produtivos, sociais e culturais locais, a partir de mapeamento das potencialidades de desenvolvimento socioeconômico e cultural, em cada Instituto Federal.” (OTRANTO, 2010, p. 03). O IFET é um exemplo do “pacto nacional” e da “submissão consentida”, no campo da educação profissional. Pode constituir-se em importante ferramenta de ideias e práticas voltadas para a construção de uma nova “pedagogia da hegemonia”, ou seja, uma educação para o consenso sobre os sentidos de democracia, cidadania, ética e participação adequados aos interesses do grande capital nacional e internacional. Por outro lado, como afirma o MEC/SETEC e alguns diretores das escolas envolvidas, pode ser uma importante oportunidade de transformação e melhoria da educação profissional no Brasil. O caminho que será trilhado, somente poderá ser percebido com clareza no futuro, e dependerá muito da ação política de docentes, discentes e técnicos administrativos das instituições, assim como 50 de pesquisadores que investiguem qualificadamente e criticamente o processo real de implantação dos Institutos Federais. (OTRANTO, 2010, p. 05). 3.3 A Matemática Financeira no currículo do Ensino Médio Integrado Para a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a educação deve ser capaz de desenvolver no aluno sua cidadania, compreendendo seus direitos e entendendo o mundo em que vive. Isso significa, de forma implícita, que o aluno seja capaz de exigir seus direitos tendo uma visão crítica sobre o mundo, o consumo e o trabalho. Nesse sentido as propostas curriculares apresentadas pela LDB (1996), voltadas ao Ensino Médio, defendem a ideia de uma educação crítica, conforme destacamos em seu artigo 36. Art. 36. O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I deste Capítulo e as seguintes diretrizes: I - destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania; II - adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes; III - Será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição. § 1º Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre: I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna; II - conhecimento das formas contemporâneas de linguagem; III - domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao exercício da cidadania. § 2º O ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas. § 3º Os cursos do ensino médio terão equivalência legal e habilitarão ao prosseguimento de estudos. § 4º A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional, poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional. (BRASIL, 1996, p. 14). 51 Quando pensamos em currículo, os conteúdos específicos devem ser apresentados de forma articulada, de modo que um determinado assunto seja abordado sob o contexto de outro. Assim, os conteúdos estruturantes transitam entre si por meio dessas articulações, contribuindo para um ensino de matemática em que os conceitos se intercomunicam e se complementam. Nessa perspectiva, um trabalho docente significativo com a Matemática Financeira deve oportunizar ao aluno uma reflexão crítica sobre os aspectos sociais e econômicos presentes em seu cotidiano, ou seja, é fundamental que as metodologias e práticas utilizadas pelos docentes estejam em consonância com as novas exigências do mundo moderno, evidenciando as experiências e vivências dos alunos. Como afirmam Rosetti; Schimiguel (2009), a Matemática Financeira no Ensino Médio deve: [...] estar em consonância com as necessidades, os interesses e as experiências de vida dos alunos. As ininteligíveis fórmulas prontas e os modelos acabados, com poucos atrativos para os educandos, devem ceder lugar aos modelos construídos a partir de suas vivências, na busca de soluções dos problemas que fazem parte de suas relações na sociedade. (ROSETTI; SCHIMIGUEL, 2009, p. 02). Trabalhar com a Matemática Financeira de forma integrada ao currículo do Ensino Médio proporciona um ambiente de aprendizagem no qual o aluno compreenda a matemática presente em vários ramos da “atividade humana e sua influência nas decisões de ordem pessoal e social. Tal importância relaciona-se ao trato com dívidas, com crediários, à interpretação de descontos, à compreensão dos reajustes salariais, à escolha de aplicações financeiras, entre outras.” (PCNEM, 2008, p. 33). Assim, o currículo do Ensino Médio Integrado deve favorecer a contextualização e relacionar-se com o cotidiano. A abordagem utilizada pelo professor em sala de aula deve propiciar uma reflexão sobre a realidade vivenciada pelos alunos, como: desconto de impostos na folha de pagamento, rendimento de uma aplicação, juros cobrados pelo comércio e pelos bancos. Na resolução dos problemas, valoriza-se a compreensão dos conceitos envolvidos em relação aos algoritmos utilizados. 52 É nesse contexto que pensamos numa Matemática Financeira formadora de cidadãos que pensam e repensam suas ações cotidianas, criando um hábito de planejamento financeiro. 3.4 Algumas reflexões Diante do exposto, a presente pesquisa torna-se importante, pois proporciona a utilização da Matemática Financeira como ferramenta essencial para alicerçar os alunos do Ensino Médio nas suas tomadas de decisões, tendo como incentivo o uso de recursos tecnológicos, resolução de problemas, construção de objetos de aprendizagem e trabalho interdisciplinar. Assim, percebe-se a necessidade de as instituições de ensino “repensarem” suas atividades didáticas, de forma a investigar durante o Ensino Médio Integrado, o uso constante da Matemática Financeira como tema transversal, explorando o emprego de tecnologias, possibilitando aos alunos a construção e aplicação de conceitos matemáticos financeiros significativos. No próximo capítulo, destacaremos a importância do Ensino de Matemática, em específico o ensino crítico da Matemática Financeira, por meio da utilização de recursos tecnológicos. 53 4 O ENSINO DE MATEMÁTICA FINANCEIRA E O USO DE TECNOLOGIAS Neste capítulo discutiremos a importância do ensino de Matemática Financeira e sua contribuição à formação do cidadão crítico e articulado com o uso de tecnologias educacionais. 4.1 O Ensino de Matemática O mundo atual sofre diariamente transformações pela ação do homem. A instituição que mais interage com essa transformação é a escola. Ela tem como premissa básica o contato dos seres humanos com as várias áreas do saber. Para Chevallard (2001), a escola é uma obra humana, fruto das decisões de uma sociedade ou de parte dela. Como toda obra, a escola surge para atender às necessidades e para responder a perguntas. A principal resposta da escola para com a sociedade diz respeito à integração do indivíduo. Cabe a cada sociedade reconstruir sua visão de escola para obter respostas às suas questões específicas. No Brasil, o ensino foi voltado para o estudo da humanidade. Esse modelo perdurou por aproximadamente 210 anos. A partir da industrialização, no início do século XX, com a modernização da sociedade, o ensino, em específico o de Matemática, passou por uma série de contestações sobre as formas e os métodos utilizados para a exposição dos conteúdos. No modelo clássico, o ensino de Matemática valorizava as definições e demonstrações, ou seja, privilegiava a memorização e as concepções platônicas. Para Maggi (2002), a Matemática era dogmática e não-histórica, estática, não inventada pelo homem, cabendo a este somente a tarefa de intuir e descobrir a Matemática existente em um mundo ideal, em que está adormecida a mente humana. Várias reformas educacionais ocorreram no ensino de Matemática no Brasil, mas “[...] o marco mais importante foi o ‘Movimento de Matemática Moderna’, 54 surgido na década de 1960 e 1970, pois não foi implantado por nenhum decreto e, no entanto, foi divulgado e adotado em todo território nacional.” (SOARES; DASSIE; ROCHA, 2004, p. 07). A partir das diversas experiências vivenciadas durante o Movimento de Matemática Moderna, criaram-se novas perspectivas para o ensino com os Parâmetros Curriculares Nacionais, reforçando a importância de se repensarem as finalidades da disciplina. Os PCNs apontam que a Matemática pode contribuir para a formação do cidadão ao desenvolver metodologias que busquem a construção de estratégias, a comprovação e justificativa, a criatividade, a iniciativa pessoal, o trabalho coletivo e a autonomia na construção de sua própria aprendizagem. É interessante verificar que as concepções sobre o ensino de matemática contidas nos PCNs tiveram sua origem baseada em reações alicerçadas numa maneira de ensinar dissociada da idade do aluno e da realidade em que ele está inserido. Discutir o papel que a Matemática desempenha no ensino é extremamente importante, quando há a percepção de que o conhecimento obtido nessa área do saber, assim como em outras áreas, é fruto da construção humana na sua interação constante com o contexto natural, social e cultural. Assim, a Matemática tem muito a colaborar na formação básica da cidadania, dando aos cidadãos condições de se inserirem no mundo do trabalho, das relações sociais e da cultura. É indispensável que o currículo de Matemática seja não só estruturado de forma a contribuir para formação de capacidades intelectuais, estruturação do pensamento, desenvolvimento do raciocínio lógico do aluno, mas também aplicado na resolução de problemas. Como afirma D’Ambrósio (1986), aprender Matemática é estar constantemente em prática, pois é no processo de unir a realidade à ação que se insere o indivíduo, claramente distinguido das demais espécies animais pelo fato de sua ação ser sempre o resultado de uma relação dialética entre teoria e prática. 55 4.2 O ensino da Matemática Financeira e a cidadania Com a LDB (1996), várias iniciativas foram empregadas para que o ensino de Matemática estivesse presente no cotidiano dos alunos e em toda a sua construção humana diante de problemas da vida real. Os PCNs destacam que a Matemática deve contribuir para a construção da cidadania, cabendo ao professor o papel fundamental de propiciar condições para que os alunos vivenciem situações contextualizadas em sala de aula. A Matemática não pode ser diferente. Ela deve ser considerada como um caminho que ao mesmo tempo possibilita a compreensão do mundo e cria formas de atuação. O conhecimento matemático deve ser o resultado da construção humana em sua interação constante, com o contexto natural, social e cultural. Assim, a Matemática não será uma ciência imutável e se transformará em uma disciplina em que novos conhecimentos são produzidos para resolver problemas científicos e tecnológicos, gerando saber para construir a cidadania. (PCN, 2001, p.58). O Ensino da Matemática Financeira é um conceito pertinente à construção de um cidadão crítico. Decidir onde e como comprar faz parte do cotidiano de todo indivíduo e é dever da escola proporcionar os conhecimentos básicos financeiros para a tomada correta de deliberações. Saito (2010) destaca que existe uma lacuna nos estudos sobre o ensino da Matemática Financeira na educação, em específico no Ensino Médio. O pesquisador destaca que, no Brasil, esse tópico da Matemática está mais presente nas salas de aula como um “aconselhamento” e não como uma construção de significados e conceitos. Essa perspectiva de “aconselhamento”, sem uma reflexão sobre a prática financeira, já aparece em destaque nos PCNs. Segundo o documento, a compreensão da Matemática e de seus temas é essencial para o cidadão tomar decisões em sua vida profissional e pessoal e agir com prudência frente às relações de consumo. Nesse sentido, o documento ressalta a importância da Matemática para o jovem do Ensino Médio, afirmando que: 56 Em um mundo onde as necessidades sociais, culturais e profissionais ganham novos contornos, todas as áreas requerem alguma competência em Matemática e a possibilidade de compreender conceitos e procedimentos matemáticos é necessária tanto para tirar conclusões e fazer argumentações, quanto para o cidadão agir como consumidor prudente ou tomar decisões em sua vida pessoal e profissional. A Matemática no Ensino Médio tem um valor formativo, que ajuda a estruturar o pensamento e o raciocínio dedutivo, porém também desempenha um papel instrumental, pois é uma ferramenta que serve para a vida cotidiana e para muitas tarefas específicas em quase todas as atividades humanas. (BRASIL, 2001, p. 251). No documento, destaca-se um caráter instrumental dos conceitos matemáticos, pois se propõe que a Matemática deva ser vista como um agrupamento de técnicas e estratégias para serem utilizadas nas mais diversas áreas de conhecimento, principalmente nas atividades profissionais. [...] É preciso que o aluno perceba a Matemática como um sistema de códigos e regras que a tornam uma linguagem de comunicação de ideias e permite modelar a realidade e interpretá-la. Assim, os números e a álgebra como sistemas de códigos, a geometria na leitura e interpretação do espaço, a estatística e a probabilidade na compreensão de fenômenos em universos finitos são subáreas da Matemática ligadas às aplicações. (BRASIL, 2001, p. 251-252). Apesar de destacar de forma ativa o uso de instrumentos que contribuam com a formação do cidadão, os Parâmetros Curriculares Nacionais de Ensino Médio (2008) deixam implícito o uso de recursos financeiros em sala de aula. Seu estudo de forma sistemática aparece somente em poucos livros ou pesquisas, como destacamos no mapeamento realizado no Capítulo 2. A proposta implícita nos Parâmetros Curriculares Nacionais apresenta o tema Matemática Financeira apenas como uma atividade expositiva ou como mera resolução de uma lista de problemas com aplicações diretas de fórmulas, sem uma preocupação com as competências e habilidades que podem ser desenvolvidas pelos alunos. Um documento publicado pelo Ministério da Educação, o PCN+ (2002), apresenta, de forma mais explícita, mas ainda modesta, algumas competências que podem ser desenvolvidas pela Matemática Financeira: 57 - Reconhecer e utilizar símbolos, códigos e nomenclaturas da linguagem matemática; por exemplo, ao ler embalagens de produtos, manuais técnicos, textos de jornais ou outras comunicações, compreender o significado de dados apresentados por meio de porcentagens, escritas numéricas, potências de dez, variáveis em fórmulas; - Ler e interpretar diferentes tipos de textos com informações apresentadas em linguagem matemática, desde livros didáticos até artigos de conteúdo econômico, social ou cultural, manuais técnicos, contratos comerciais, folhetos com propostas de vendas ou com plantas de imóveis, indicações em bulas de medicamentos, artigos de jornais e revistas. - Compreender a responsabilidade social associada à aquisição e uso do conhecimento matemático, sentindo-se mobilizado para diferentes ações, seja em defesa de seus direitos como consumidor [...]. - Conhecer recursos, instrumentos e procedimentos econômicos e sociais para posicionar-se, argumentar e julgar sobre questões de interesse da comunidade, como problemas de abastecimento, educação, saúde e lazer, percebendo que podem ser muitas vezes quantificados e descritos através do instrumental da Matemática e dos procedimentos da ciência. (BRASIL, 2002, p. 111, 114, 116). Apesar de modestas, as propostas apresentadas pelo documento PCN+ (2002), referentes à educação financeira, sinalizam uma mudança de postura pedagógica, possibilitando maior discussão sobre as problemáticas cotidianas e a utilização de outros instrumentos para a inserção dos conteúdos matemáticos. Como destacam Rosetti; Schimiguel (2009): A Matemática, e em especial a Matemática Comercial e Financeira, não pode continuar sendo um fator de exclusão do sistema escolar brasileiro, do mundo profissional e do ambiente corporativo, num contexto informatizado em que as linguagens nos veículos de informação são carregadas de signos lógicos quantitativos. Incrementar currículos e práticas educacionais no cotidiano das escolas, incluindo os estudantes brasileiros e os trabalhadores no mundo da Matemática Financeira, significa inserir uma parcela significativa da nossa população no ambiente numérico da comunicação contemporânea e da vida econômica e financeira de nosso país. (ROSETTI; SCHIMIGUEL, 2009, p. 11). 4.3 Tecnologia e aprendizagem A tecnologia na educação passou a ter seu funcionamento racional ao final da década de 1960, como forma de integrar a educação ao crescimento econômico pelo qual passava o Brasil. Assim, “[...] a escola passou a funcionar permitindo a formação de mão-de-obra necessária ao processo de industrialização no Brasil.” (OLIVEIRA, 2002, p. 9). 58 O uso de tecnologias passou a ser empregado em sala de aula como maneira de estabelecer um modelo de desenvolvimento tecnicista, voltado para o desenvolvimento econômico que buscava o Brasil. Esse preconceito só foi superado por volta de 1979, período em que se realizou o I Seminário Brasileiro de Tecnologias Educacionais, tendo sido visualizado seu caráter racionalizador e propulsor de aprendizagens. Na década de 1980, “[...] o uso da Tecnologia Educacional volta a ser valorizado, mas o meio de utilização deixa de ser a TV, o videocassete, o retroprojetor, etc., passando o computador a despontar como um dos instrumentos que pode dar a melhor contribuição ao desenvolvimento cognitivo.” (OLIVEIRA, 2002, p. 12). Nessa época, foi criada a Política de Informática Educativa (PIE), cujo objetivo era desenvolver estratégias para a inclusão do computador no ensino. Desde o início da PIE, sua preocupação era a de que o uso do computador não fosse visto como a solução dos problemas educacionais, e sim como mais uma ferramenta que contribuísse para a aprendizagem. Para vários pesquisadores, tais como Valente (1993), Borba (2005), Moran (2002), dentre outros, o papel do computador na educação vem se definindo à medida que se questiona a função da escola e do professor. Na perspectiva desses autores a verdadeira função da educação não seria a de simplesmente repassar o conhecimento pronto e acabado ao aluno, mas sim proporcionar-lhe meios de desenvolver o seu próprio conhecimento. Nesse contexto, o computador surge como um importante aliado, gerando um ambiente propício ao desenvolvimento do conhecimento e contribuindo para a mudança de concepção da figura do professor. [...] a inserção da informática na educação encerra em si uma série de características positivas, dentre as quais se destacam: 1) permite que grandes volumes de informações sejam reunidos e recuperados de maneira ágil e rápida, à medida que se façam necessários; 2) permite a socialização de experiências preciosas do mundo real por meio de simulações de ambientes interativos e construtores de aprendizagens significativas. (MOTTA, 2012, p. 84). 59 Ainda segundo Motta (2012, p. 85), existem diferentes formas de utilização do computador na escola. Pelo menos quatro das mais universalizadas atualmente são destacadas a seguir: • Instrução programada: também conhecida como exercício e prática, sua principal característica é colocar a máquina como que ensinando ao aluno. Sua metodologia principal centra-se na memorização e fixação dos conteúdos trabalhados em sala de aula. • Simulações: coloca o aluno frente ao computador como manipulador de situações ali desenvolvidas. • Aprendizagem por descoberta: o processo cognitivo não se centra no professor. O aluno desempenha um papel primordial na construção de sua própria aprendizagem. Sua metodologia baseia-se nas propostas teóricas de Papert, segundo as quais aquilo que é aprendido pelo esforço da criança tem muito mais significado para ela, quando de sua adaptação às suas estruturas mentais. Nessa filosofia, o importante são as experiências investigativas e o caráter exploratório, o que promove a aprendizagem pela descoberta. O ambiente de aprendizagem mais próximo das características de Papert é o SuperLogo, no qual a criança desenvolve um trabalho interativo que possibilita a estruturação do pensamento com o computador. • Pacotes integrados: não têm função educacional, mas favorecem significativas contribuições dentro de um projeto específico. Destacam-se com essas características os processadores de textos, as planilhas eletrônicas, os bancos de dados e os editores de imagem. A partir do conhecimento dessas formas de utilização do computador na educação, a informática deve habilitar o aluno e dar-lhe oportunidade de adquirir novos conhecimentos, facilitar o processo ensino e aprendizagem, enfim, ser um complemento de conteúdos curriculares visando ao desenvolvimento integral do indivíduo. Para Ferreira (2008), o uso do computador como ferramenta mediadora do processo ensino-aprendizagem pode proporcionar mudanças qualitativas na educação, desde que os educadores compreendam, vivenciem, aceitem e 60 flexibilizem as inúmeras possibilidades da ferramenta, ou seja, adaptem-nas a sua realidade. 4.4 Tecnologia e aprendizagem Matemática Para Tajra (2012), a utilização das tecnologias tem sido objeto de vários estudos no campo educacional, proporcionando modificações e reestruturações do processo educacional. Nessa perspectiva, alterações têm ocorrido no cotidiano das escolas, fazendo com que o professor assuma uma nova postura perante os recursos tecnológicos disponíveis. Moran (2002) argumenta que a introdução da informática na escola converge para um repensar do papel do professor nos dias atuais. É essencial que esse processo seja acompanhado pela mudança nos modelos educacionais, por um repensar pedagógico que vai muito além das questões tecnológicas. Dentre essas mudanças destacamos o Ensino de Matemática, que deve buscar estratégias metodológicas, com o apoio das tecnologias, de forma a criar situações que façam do aluno agente ativo na construção de sua própria aprendizagem. Para Borba (2005), com a introdução e provável supremacia da informática enquanto mídia haverá modificações nos caminhos que nos levam às verdades matemáticas aceitas pela comunidade acadêmica. Para o autor, as novas práticas pedagógicas permitem que mais estudantes tenham acesso aos conteúdos matemáticos e à resolução de problemas, criando uma relação entre seres humanos e computadores. Nesse sentido, a utilização do computador contribui para que o processo de ensino e aprendizagem da Matemática se torne uma atividade experimental e rica, quando instiga o educando a desenvolver processos fundamentais que caracterizam o fazer matemático, tais como: experimentar, interpretar, visualizar, induzir, conjecturar, abstrair, generalizar e demonstrar. Com o uso dos recursos tecnológicos, o professor desempenha um papel fundamental na elaboração de estratégias centradas na experimentação. Tais estratégias proporcionam ao educando um ambiente de trabalho que amplia seu próprio conhecimento. Para que isso ocorra faz-se necessário que o professor escolha as ferramentas informatizadas corretas. 61 [...] alguns programas criam ambientes de investigação e exploração matemática, contribuindo assim para a construção do conhecimento matemático. Por meio da utilização desse tipo de programas, a matemática deixa de ser um conhecimento pronto apenas transmitido ao aluno, que passa a ser parte integrante do processo de construção do conhecimento. (BARROS; D’AMBRÓSIO, 2008). Frota; Borges (2011) destacam que existem duas concepções distintas sobre o uso de tecnologias na educação, em específico no ensino de matemática, e suas implicações no ambiente escolar. A primeira concepção é denominada de “consumir tecnologias” e “está relacionada aos argumentos que essencialmente sustentam serem as novas tecnologias e as TICs recursos poderosos para ensinar e aprender matemática”. (FROTA; BORGES, 2011, p. 2). A concepção de “incorporar tecnologia” é a segunda destacada pelos autores. Eles sustentam que, ao utilizarem as tecnologias “[...] transformando-as em ferramentas e instrumentos cognitivos, professores e educandos mudam a forma de fazer matemática e mudam a forma de pensar matematicamente e assenhorearem das novas”. (FROTA; BORGES, 2011, p. 2-3). Essas duas concepções estão presentes nas propostas curriculares do ensino médio de vários países. A elas os autores supracitados acrescentam, de forma significativa, uma terceira concepção, denominada de “matematizar a tecnologia”, que está: “[...] ligada às ideias de que as tecnologias e as TICs, além de desempenharem os papéis de recurso de ensino e de aprendizagem, e de ferramenta e de instrumento de pensar, podem tornar-se fontes de renovação de abordagens curriculares de temas consagrados na educação matemática básica e universitária, bem como fontes de novas temáticas para o currículo de matemática.” (FROTA; BORGES, 2011, p. 3). Assim devemos buscar ferramentas que possuam em seu processo de elaboração uma preocupação com as questões pedagógicas, “oferecendo recursos que viabilizem as ações mentais dos alunos; são recursos projetados que visam a auxiliar os alunos na superação de obstáculos inerentes ao processo de aprendizagem Matemática.” 62 4.5 Objetos de Aprendizagem (OAs) Um objeto de aprendizagem pode ser caracterizado como qualquer tipo de metodologia que auxilia no processo de ensino-aprendizagem, desde o uso do livro à utilização de recursos tecnológicos. Nesta tese, exclusivamente, destacaremos os objetos de aprendizagem ligados diretamente ao uso de tecnologias educacionais. Miranda (2004, p. 14) afirma que essas ferramentas “são elementos de um novo tipo de ensino baseado no computador e na Internet, fundamentado no paradigma de Orientação a Objetos da Ciência da Computação”. Assim podemos definir um objeto de aprendizagem como sendo qualquer forma tecnológica de se exprimir algum conhecimento, como afirma Spinelli (2007). Um objeto virtual de aprendizagem é um recurso reutilizável que auxilie na aprendizagem de algum conceito e, ao mesmo tempo, estimule o desenvolvimento de capacidades pessoais, como por exemplo, imaginação e criatividade. Dessa forma, um objeto virtual de aprendizagem pode tanto contemplar um único conceito quanto englobar todo corpo de uma teoria. Pode ainda compor um percurso didático, envolvendo um conjunto de atividades, focalizando apenas determinado aspecto do conteúdo envolvido, ou formando, com exclusividade, a metodologia adotada para determinado trabalho. (SPINELLI, 2007, p. 07). Outra definição muito utilizada é a estabelecida por Behar et al. (2009). Os autores entendem como objeto de aprendizagem qualquer material digital, “[...] um instrumento autônomo que pode ser empregado em módulo em um determinado conteúdo” (BEHAR et al., 2009, p. 65). Nesta pesquisa, destacamos a conceituação expressa pela Secretaria de Educação a Distância (SEED) (2005), que apresenta o conceito de forma simples, mas que engloba todas as características essenciais nessas ferramentas. [...] qualquer material que possa ser reutilizado para dar suporte ao aprendizado. [...] a principal ideia é dividir o conteúdo educacional disciplinar em partes menores que podem ser reutilizadas em diversos ambientes de aprendizagem. [...] qualquer material eletrônico que provê informações para a construção de conhecimento pode ser considerado um objeto de aprendizagem, seja essa informação sob a forma de uma imagem, uma página HTML, uma animação ou simulação. (BRASIL, 2005). Um objeto de aprendizagem possui características marcantes em seu desenvolvimento, Singh (2001) afirma que um OA deve ser estruturado em três 63 fases para que possa possibilitar a construção e produção do conhecimento. No Quadro 2 apresentamos essas fases. 1ª. Fase: Demonstrar ao aluno o que pode ser aprendido a partir do estudo desse objeto de aprendizagem, além dos Objetivos conceitos necessários para um bom aproveitamento do conteúdo. 2ª. Fase: Parte que apresenta todo o conteúdo necessário para que ao término, o aluno possa atingir os objetivos Conteúdo instrucional definidos. ou pedagógico 3ª. Fase: A cada final de utilização, julga-se necessário que o aluno registre a interação com o objeto para a produção de Prática e feedback conhecimento, isto é, confirma-se que a hipótese ou as opções do aluno est(á)ão correta(s) ou são dadas orientações para ele continuar buscando novas respostas. Quadro 2 – Características dos Objetos de Aprendizagem AUDINO, D. F.; SILVA NASCIMENTO, R. A. 2010, p. 08. Os objetos de aprendizagem permitem a construção de contextos digitais para os conteúdos que serão explorados. Esses contextos fazem uso de uma série de ferramentas midiáticas, tais como música, desenhos, gráficos, simulações, jogos etc. A contextualização permite aos alunos traçar mais facilmente uma relação entre determinado conteúdo e suas aplicações práticas e enxergar a interdependência das várias disciplinas. O aluno de hoje sofre um intenso bombardeio de informações digitais, é um ambiente que ele entende muito bem, nada mais natural do que se utilizar desse mesmo ambiente para incorporar conteúdo. (GARCIA, 2006, p. 5) 4.6 Algumas reflexões A maioria das investigações, conforme destacamos no Capitulo 02, evidencia o uso da calculadora HP12C. Alguns trabalhos destacam o uso de planilhas eletrônicas na aprendizagem de conceitos. 64 O que propomos nesta tese é a criação de objetos de aprendizagem digital, desenvolvidos pelos próprios alunos, de forma interdisciplinar, que auxiliem o processo de aprendizagem e raciocínio, criem perspectivas de trabalho, valorizem a resolução de problemas, tornem as ideias matemáticas significativas e façam com que o aluno pense a respeito de si mesmo e sobre o mundo, sendo agente ativo de sua própria aprendizagem. Para atingir os objetivos destacados nesta tese e responder ao problema de pesquisa, é necessário o aporte de algumas teorias cognitivas e outras fundamentações que destacaremos no Capítulo 05. 65 5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo, centramos nossas discussões em algumas teorias, abordagens metodológicas que contribuirão para todas as argumentações e análises estabelecidas no decorrer desta pesquisa, a saber: a) Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel (1968) e atividades de mapeamento e construção de mapas conceituais na perspectiva de Novak (1993). b) Dimensão pedagógica do trabalho interdisciplinar e suas contribuições ao processo de ensino e aprendizagem, nas concepções de Fazenda (1998). Todas as referências propostas nesta tese buscam demonstrar que as interações desenvolvidas durante o processo investigativo criam um ambiente com características cognoscitivas, ou seja, uma aprendizagem baseada na relação entre conceitos, abstração e interação com o meio. 5.1 Teoria da Aprendizagem Significativa O termo aprendizagem é muito complexo para ser explicado de forma explícita, pois relaciona-se com vários pressupostos políticos, ideológicos e socioculturais, concomitantes com as visões de mundo. De forma simplista, pode-se dizer que aprendizagem é a forma como os seres humanos adquirem novos conhecimentos, desenvolvendo técnicas e competências, mudando o seu dia a dia ou adaptando-se a ele. Na obra intitulada “Como se realiza a Aprendizagem”, de Robert Gagné (1982), o autor aponta soluções a respeito do processo de aprendizagem, melhorando o desenvolvimento cognitivo dos aprendizes. Segundo o autor, todas as atividades humanas são aprendidas e, para afirmarmos com seriedade como a aprendizagem se realiza, precisamos considerar várias circunstâncias que em conjunto determinam ou não sua realização. Como exemplo, o autor cita as condições adequadas para que ocorra a aprendizagem; as suas limitações; o planejamento para sua realização; a direção da aprendizagem; o ensino; e o modo 66 como selecionar os meios. Para isso ele determina em sua obra oito tipos de aprendizagens: “aprendizagem de sinais, aprendizagem de tipo estímulo-resposta, aprendizagem em cadeia, aprendizagens por associações verbais, aprendizagem de discriminações múltiplas, aprendizagem de conceitos e aprendizagem de princípios e resoluções de problemas.” (GAGNÉ, 1982, p. 09). O tipo de aprendizagem que utilizaremos nesta pesquisa é a aprendizagem por conceitos. Nesse tipo os seres humanos têm grande tendência a interiorizar seu meio ambiente e pensar nele de várias maneiras. Aprender um conceito significaria, então, aprender a responder a estímulos e, para que isso possa ser desenvolvido de forma satisfatória, necessitamos de certa variedade de situações estimuladoras apresentadas pelo educador. Dessa forma, como afirma Gagné (1982), o indivíduo pode aprender distinguindo conjuntos de objetos uns dos outros, agrupando-os em uma classe e interagindo com o todo. Essa é a principal ideia da aprendizagem significativa desenvolvida por David Ausubel, a de relacionar conceitos pré-definidos ou pré-determinados, que já existem em uma estrutura, a outro conceito novo recém adquirido pelo aluno e que tenha significado para ele. Para Ausubel, aprendizagem significa a organização e a integração desses conceitos na estrutura cognitiva do aluno. (MOREIRA; MASINI, 1982). Assim, podemos afirmar que a Aprendizagem Significativa acontece quando novas informações e ideias entram em interação com conceitos definidos que fazem parte da estrutura cognitiva do aluno, que por ele possa ser assimilado, fortalecendo, assim, sua aprendizagem. A ideia central dessa teoria é a de que o mais importante no processo de aprendizagem é o conhecimento que o aluno já possui. Nesse conhecimento, a informação será ancorada a conceitos relevantes existentes, denominados subsunçores. (AUSUBEL; NOVAK; HANECIAN, 1978, p. 38). A essência do estudo cognitivista centra-se, de forma geral, no que acontece quando o indivíduo se situa e organiza o seu mundo, de forma a distinguir 67 sistematicamente o igual do diferente. Ela trata do modo como as pessoas pensam, aprendem as informações e recordam-se delas. Ausubel (1968) é adepto dessa teoria. Sua “Teoria da Aprendizagem por Assimilação” revela um ponto muito significante para esses estudos, a Aprendizagem Significativa. Para ele, a aprendizagem de modo cognitivista é um processo de armazenamento e processamento de informações que vai ser incorporado em uma estrutura já existente no indivíduo, de modo que possa ser utilizado e reutilizado por esse indivíduo. “Aprender um novo conceito depende, pois, de informações que estejam nessa estrutura cognitiva.” (MOREIRA; MASSINI, 1982, p. 14). Para Ausubel (1968), a aprendizagem constitui na integração do objeto à estrutura cognitiva. Como outros pesquisadores, ele tem como alicerce em sua teoria a existência de uma estrutura na qual a organização e a integração se constituem. Portanto, o cognitivismo, para Ausubel (1968), é uma teoria que tenta explicar o que acontece no cérebro humano acerca do conhecimento adquirido. A essa estrutura já existente no indivíduo e que está sendo formada desde criança, ele chamou de constructo cognitivista, pois se trata de todo o conteúdo, de todos os conceitos e de todas as ideias organizadas durante a vida de um indivíduo ou em contexto aprendido de assunto particular. A Aprendizagem Significativa acontece quando uma nova informação adquirida pelo aluno se relaciona com os aspectos relevantes da estrutura já conhecida por ele, ou seja, ocorre quando se ancoram os conceitos relevantes que fazem parte da estrutura cognitiva do aluno. Para Moreira; Massini (1982), o armazenamento das informações no cérebro humano é altamente organizado, formando uma hierarquia conceitual no qual elementos mais específicos de conhecimentos são ligados e assimilados a conceitos mais gerais, mais inclusivos. De acordo com a teoria ausubeliana, o que deve ser destacado é aquilo que o aluno já sabe. As ideias novas ou novos conhecimentos só podem ser aprendidos, retidos e reescritos, se fizerem sentido para o aluno, se tiverem algum significado 68 para este. Por isso, essas novas ideias devem se relacionar com conceitos ou proposições já existentes na estrutura cognitiva do aluno. A aprendizagem significativa processa-se quando o material novo, ideias e informações que apresentam uma estrutura lógica, interagem com conceitos relevantes e inclusos, claros e disponíveis na estrutura cognitiva, sendo por eles assimilados, contribuindo para sua diferenciação, elaboração e estabilidade. (MOREIRA; MASINI, 1982, p. 02). Ausubel (1968) chegou a essa conclusão ao analisar a realidade escolar e comparar a eficiência do modelo de aprendizagem significativa ao modelo tradicional que predominava na época e ainda hoje. A aprendizagem mecânica caracteriza-se pela aquisição de conhecimentos de forma repetitiva. Essa forma de aprendizagem se torna sem sentido para o aluno, pois consiste em associações arbitrárias. (PEÑA et al., 2005, p. 35). Na aprendizagem mecânica, segundo Ausubel (1968), o novo conhecimento fica arbitrariamente distribuído na estrutura cognitiva sem se ligar a conceitos. Não há interação, digamos, entre o novo e o antigo conhecimento já armazenado. Para o referido autor, a Aprendizagem Significativa ocorre quando a nova informação é incorporada à estrutura cognitiva do aluno. Há uma intencionalidade do aluno em ligar as informações com conceitos pré-existentes, pois as relaciona com suas experiências reais de vida e, com isso, dá significado a ela. Assim, o aluno constrói o seu conhecimento e preocupa-se com o desenvolvimento do seu aprendizado. Entretanto, Ausubel (1968) não contrapõe esses dois métodos. Ele afirma que a aprendizagem significativa por descoberta é mais eficaz. Contudo, a aprendizagem mecânica também pode ser por descoberta. Isso dependerá da maneira como o professor a conduz. Para que a aprendizagem significativa ocorra, Ausubel (1968) afirma que ideias simbolicamente expressas são relacionadas de maneira não arbitrária e substantiva ao que o aprendiz já sabe. Moreira; Masini (1982) destacam que a aprendizagem significativa pressupõe: 69 a) O material a ser aprendido seja potencialmente significativo para o aprendiz, ou seja, relacionável a sua estrutura de conhecimento de forma não-arbitrária e não literal (substantiva); b) O aprendiz manifesta uma disposição de relacionar o novo material de maneira substantiva e não arbitrária a sua estrutura cognitiva. (MOREIRA; MASINI, 1982, p. 23). A teoria de Ausubel é essencial nesta pesquisa, pois estuda a maneira como o aluno relaciona as novas informações adquiridas com sua estrutura cognitiva, o que torna a aprendizagem mais significativa. Assim, com o aporte da teoria ausubeliana, pretendemos evidenciar que as utilizações de um recurso intrínseco ao aluno, como os objetos de aprendizagem virtuais desenvolvidos durante a fase tecnológica desta pesquisa, tornam a construção do conhecimento uma ação ativa e significativa para os alunos. 5.2 Mapas conceituais Para que a sociedade não tenha uma sobrecarga de informações, novas maneiras de organizar e selecionar os dados precisam ser implementadas. Para Okada (2008), uma estratégia para minimizar o impacto dessa sobrecarga será o desenvolvimento de novas estratégias de pesquisa e organização. Segundo Okada (2008), técnicas para o mapeamento de redes do conhecimento podem propiciar organização do saber, estruturação da pesquisa e registro da aprendizagem tanto no ensino presencial quanto, principalmente, na educação tecnológica. Conforme a autora, o uso de mapas pode favorecer o desenvolvimento cognitivo, criando e recriando saberes, proporcionando, assim, o intercâmbio de novos significados. Para Belluzo (2006), os mapas possuem inúmeras utilizações: • Exploração do que as pessoas sabem, permitindo conhecimento existente para a construção do novo; partir do • Preparação de documentos escritos ou eletrônicos, mostrando relações entre significados, auxiliando nas dificuldades na “relação com uma folha em branco”; 70 • Extrair significados de textos de documentos impressos ou eletrônicos e também das informações existentes na mídia. (BELLUZO, 2006, p. 76). As atividades de mapeamento são estratégias que auxiliam na compreensão das inúmeras informações presentes em nosso cotidiano. Para esta tese, uma categoria de mapas é essencial, os mapas conceituais, pois, quando “[...] bem elaborados, podem contribuir com a pesquisa na reconstrução de textos mais ricos, contextualizados, decorrente de reconstruções diferenciadas que valorizam a autoria.” (OKADA, 2008). Toda construção adquirida de uma área ou de objetos consiste de uma organização de conceitos que de forma hierárquica e sistematizada dispõe-se em nossa estrutura de conhecimento. Esses conceitos estão ligados entre si, formando proposições distintas para cada indivíduo, que podem ser simbolizadas através de um mapa de conceitos, ou mapa conceitual. Segundo Novak (2003), “[...] mapeamento de conceitos é uma representação visual das relações entre conceitos detidos por um indivíduo”. Se os estudantes utilizarem mapas conceituais para integrar, reconciliar e diferenciar conceitos ou usarem esta técnica para analisar artigos, textos, revistas, capítulos de livros ou outros materiais educativos, estarão empregando o mapeamento conceitual, como um recurso de aprendizagem. (MOREIRA, 2005, p. 19). Podemos definir, dessa forma, que um mapa conceitual consiste numa ferramenta estratégica para organizar e representar de forma hierárquica o conhecimento. É semelhante a diagramas, embora siga uma estrutura rígida de conceitos ligados por proposições. Esses diagramas, que têm por base a relação entre conceitos de uma forma estruturada e hierarquizada, foram desenvolvidos, na década de 70, pelo físico norte-americano Joseph D. Novak, da Universidade de Cornell, em Nova Iorque. Sua criação deve-se à necessidade de Novak em acompanhar o desenvolvimento cognitivo de seus alunos. Tem como base teórica a Aprendizagem Significativa de Ausubel. Para Novak; Gowin (1988), os mapas conceituais surgem como instrumento capaz de mostrar como os alunos representam seu entendimento sobre determinado 71 tópico, ilustrando as relações entre os vários aspectos e elementos de um mesmo conceito. Os mapas conceituais podem ser usados tanto como análise e organização de conteúdos, como estratégia de ensino e avaliação da aprendizagem. São recursos flexíveis, dinâmicos, utilizáveis tanto em sala de aula como em laboratórios, que têm como vantagem enfatizar o ensino e a aprendizagem de conceitos, visto que estes ficam perdidos dentro de tantas informações. Esses conceitos são estabelecidos a partir dos mais gerais e abrangentes até os mais específicos, organizados e hierarquizados de forma a melhorar o acesso à informação. Abrangendo todas as áreas do conhecimento, tais conceitos estão ligados entre si e refletem a organização mental de cada indivíduo acerca de uma disciplina, de um livro, de uma experiência. Assim, são muito particulares e devem ser explicados por quem o fez. [...] são as ideias que formam a estrutura cognitiva do aluno, onde conceitos novos adquiridos são “ancorados” às informações existentes dentro dessa estrutura que já é conhecida por ele e é produto de sua relação com o meio e os outros, que consequentemente é o fator mais importante dentro da perspectiva construtivista ausubeliana: o que o aluno já sabe. Dentro desta perspectiva, a tarefa de ensinar do professor, deve ser entendida como uma forma de compartilhamento do saber com os alunos (PENÃ et al., 2005, p. 85). 5.2.1 Características de um mapa conceitual Nesta tese, trabalhamos somente com os mapas bidimensionais, pois procuramos apresentar conceitos hierarquizados e que provêm de uma fonte própria e comum. Além de sua representação, um mapa conceitual possui elementos fundamentais ao seu entendimento. São eles: a) Conceitos: “uma regularidade nos acontecimentos ou nos objetos que se designa mediante algum termo.” (NOVAK; GOWIN, 1988, p. 22). Os conceitos dizem respeito a acontecimentos que ocorrem naturalmente ou provocam mudanças e também a objetos que podem ser observados. 72 Para Novak; Gowin (1988), os conceitos são imagens mentais que provocam em nós as palavras ou signos com os quais expressamos “regularidades”. Os conceitos podem ser potencializados se utilizarmos atividades que desenvolvam a criatividade e a descoberta. b) Proposições: também chamadas de cross-links, representam a relação entre conceitos através de palavras de ligação formando uma unidade semântica. c) Palavras de ligação: unem os conceitos e indicam a relação existente entre eles. Novak; Gowin (1988) diferenciam os termos conceituais e palavras de ligação. Para os autores, os termos provocam imagens mentais e regularidades e as palavras unem dois ou mais conceitos, não provocando qualquer visualização mental. Nos mapas conceituais, sua hierarquização merece evidência, pois os conceitos mais gerais merecem lugar de destaque e são colocados de forma superior na representação gráfica. Peña et al. (2005, p. 46) fazem duas observações importantes sobre a hierarquização dos mapas conceituais: 1ª) Em um mapa conceitual aparece somente uma vez o mesmo conceito; 2ª) Às vezes convém terminar as linhas de ligação com uma seta para indicar o conceito derivado quando ambos estão situados na mesma altura ou em caso de relações cruzadas. (PEÑA et al., 2005, p. 46). Outra característica importante é a seleção, pois os mapas devem representar de forma resumida uma ideia ou significado, transmitindo de imediato sua mensagem ao receptor. Assim, a seleção dos termos é uma etapa primordial na construção dos mapas e deve ser bem estruturada e planejada. A terceira característica relevante de um mapa conceitual é seu impacto visual. A forma como se trabalha com conceitos, estes definidos no entendimento de Ausubel (1968), permite-nos ter uma ferramenta de múltiplas atividades e em vários ramos da educação. É no campo pedagógico que os mapas contribuem de forma mais significativa, permitindo uma melhor relação entre aluno, conteúdo e professor. 73 Na perspectiva dessa investigação, o uso de mapas conceituais proporciona uma avaliação sobre o conhecimento dos alunos sobre Matemática Financeira, possibilitando interações e mudanças de perspectivas da pesquisa, se necessárias. Na percepção de Moreira (2006), o uso de mapas conceituais como instrumento avaliativo pode ser utilizado para se obter a visualização conceitual que um estudante possui sobre um determinado domínio. Assim, nesta tese, trabalharemos com mapas conceituais em alguns momentos da investigação para buscarmos maiores informações sobre o desenvolvimento dos conceitos, a utilização de tecnologias educacionais e seus impactos no processo de ensino e aprendizagem. 5.2.2 Mapas conceituais digitais Nesta pesquisa, utilizaremos o software CmapTools como ferramenta para a construção de mapas conceituais digitais. O CmapTools é um software gratuito, desenvolvido pelo IHMC- Universityof WestFlorida, sob a supervisão do Dr. Alberto J. Cañas, que permite arquitetar, trafegar e partilhar mapas de forma individual ou colaborativa. Esse software promove a aprendizagem de qualquer conteúdo, quando coloca o aluno em um confronto direto com suas estruturas cognitivas, ou seja, existe uma interação efetiva do educando na construção de sua própria aprendizagem. Em específico no ensino de Matemática, é uma ferramenta que contribui para organizar, representar, analisar, inferir e fixar conceitos matemáticos, auxiliando o educando na construção de um aporte teórico que reforce seus conhecimentos já adquiridos e tornando as informações mais acessíveis. Ao docente cabe assumir a mediação das interações professor, aluno e computador de modo que o aluno possa construir o seu conhecimento em um ambiente desafiador, “em que o computador auxilia o professor a promover o desenvolvimento da autonomia, da criatividade, da criticidade e da auto-estima.” (ALMEIDA, 1998, p. 08). 74 Figura 1 – Janela de criação de mapas no Cmap Tools Fonte: Dados da Pesquisa. A Figura 1 ilustra a tela inicial do CmapTools, que se caracteriza por um ambiente simples e com poucos comandos. A construção ocorre de maneira intuitiva, bastando que o usuário dê um duplo clique na área de criação, assim aparecerá a primeira caixa conceitual. Podem ser criadas quantas caixas forem necessárias para expressar o conceito desejado, conforme destacado na Figura 02. Figura 2 – Exemplo de mapa conceitual no Cmap Tools Fonte: Dados da Pesquisa. 75 Nesta pesquisa, a criação de mapas conceituais faz parte do conjunto de atividades desenvolvidas durante a fase investigativa, sendo ferramenta que permitirá estabelecer relações entre a Matemática Financeira e a criação dos objetos de aprendizagem. 5.3 A interdisciplinaridade no ensino de Matemática Para entendermos a noção de interdisciplinaridade, faz-se necessário compreender o conceito de disciplina e suas relações com o conhecimento. A organização disciplinar foi instituída no século XIX, com a formação das universidades modernas; desenvolveu-se, depois, no século XX, com o impulso dado à pesquisa científica; isto significa que as disciplinas têm uma história: nascimento, institucionalização, evolução, esgotamento, etc; essa história está inscrita na da Universidade, que, por sua vez, está inscrita na história da sociedade. (MORIN, 2002, p. 105). A disciplina é uma forma de organização curricular, uma seleção de conhecimentos estabelecidos para serem apresentados ao aluno, através do uso de metodologias específicas. Disciplina refere-se à ordem conveniente, a um funcionamento regular. Originalmente significa submissão ou subordinação a um regulamento superior. Significa também "Matéria (campo de conhecimento determinado que se destaca fins de estudo) tratada didaticamente, com ênfase na aquisição de conhecimentos e no desenvolvimento de habilidades intelectuais". (ANDRADE, 1998, p. 95). A disciplinaridade no ensino dificulta a aprendizagem do aluno, não estimula o desenvolvimento cognitivo, não aprimora o processo de resolução de problemas nem estabelece conexões do conteúdo aprendido com o cotidiano do aluno. A disciplinaridade e ensino por disciplinas dissociadas se constroem mediante a aplicação dos princípios da delimitação interna, da fixidez no objeto próprio de análise, pela decomposição de problemas em partes separadas e sua ordenação posterior, pelo raciocínio lógico formal (Descartes), caracterizado pela regra da exclusão do que é, e do que não é (princípio da certeza). Por conseguinte, constitui numa visão limitada para orientar a compreensão da realidade complexa dos tempos modernos e da atuação em seu contexto. (CENATI, 2011, p. 28). O caráter disciplinar da educação dificulta o desenvolvimento cognitivo do aluno, não estimulando a ação significativa sobre o objeto de aprendizagem nem possibilitando o estabelecimento de relações dos conteúdos com outras áreas do 76 saber. “O parcelamento e a compartimentação dos saberes impedem apreender o que está tecido junto”. (MORIN, 2001, p. 45). Em um projeto de pesquisa interdisciplinar, o que é proposto nesta tese, cada disciplina apresenta suas características, intencionalidades e seu papel no currículo escolar. Esses fundamentos demonstram que a interdisciplinaridade desempenha um papel que vai além da conexão de teorias. Como previsto pelos PCNs do Ensino Médio (1999): A interdisciplinaridade não dilui as disciplinas, ao contrário, mantém sua individualidade. Mas integra as disciplinas a partir da compreensão das múltiplas causas ou fatores que intervêm sobre a realidade e trabalha todas as linguagens necessárias para a constituição de conhecimentos, comunicação e negociação de significados e registro sistemático dos resultados. (BRASIL, 2001, p. 48). Segundo o documento supracitado, a reorganização curricular em áreas de conhecimento tem o objetivo de facilitar o desenvolvimento dos conteúdos, numa perspectiva de interdisciplinaridade e contextualização. Fazenda (1996) destaca que pesquisadores de diversos países propõem classificações para as formas de interação em sala de aula, ou seja, para a interdisciplina. Dentre eles destacam-se: Piaget (1979, apud Santomé,1998), Andrade (1998), Zabala (1999), Nicolescu (1999), dentre outros. No Quadro 03, apresentamos algumas dessas classificações: Disciplina Fazenda (1996) Interdisciplina Piaget (1979, apud Santomé, 1998) Interdisciplina Conjunto específico de conhecimentos com suas próprias características sobre o plano de ensino, a formação dos mecanismos, os métodos, as matérias. Interação existente entre duas ou mais disciplinas. Essa interação pode ir da simples comunicação de ideias à integração mútua dos conceitos diretores da epistemologia, da terminologia, da metodologia, dos procedimentos, dos dados e da organização referentes ao ensino e à pesquisa. Um grupo interdisciplinar compõe-se de pessoas que receberam sua formação em diferentes domínios do conhecimento (disciplinas) com seus métodos, conceitos, dados e termos próprios. Segundo nível de associação entre disciplinas, em que a cooperação entre várias disciplinas provoca intercâmbios reais, isto é, existe verdadeira reciprocidade nos intercâmbios e, consequentemente, enriquecimentos mútuos. 77 Andrade (1998) Zabala (2002) Interdisciplina Interdisciplina Nicolescu (1999) Interdisciplina Com nova concepção de divisão do saber, frisando a interdependência, a interação, a comunicação existente entre as disciplinas e buscando a integração do conhecimento num todo harmônico e significativo. É a interação de duas ou mais disciplinas. Essas interações podem implicar transferências de leis de uma disciplina a outra, originando, em alguns casos, um novo corpo disciplinar, como, por exemplo, a bioquímica ou a psicolinguística. Diz respeito à transferência de métodos de uma disciplina para outra. Podemos distinguir três graus de interdisciplinaridade: a) Um grau de aplicação. Por exemplo, os métodos de física nuclear transferidos para a medicina levam ao aparecimento de novos tratamentos para o câncer. b) Um grau epistemológico. Por exemplo, a transferência de métodos da lógica formal para o campo do direito produz análises interessantes na epistemologia do direito. c) Um grau de geração de novas disciplinas. Por exemplo, a transferência dos métodos da matemática para o campo da física gerou a físicamatemática [...]. Quadro 3 – Diferentes classificações sobre interdisciplinaridade. CENATI, A. Uma proposta interdisciplinar para a Matemática Financeira e Informática Aplicada no Ensino Superior, 2008. Todos os referenciais destacados pela autora apresentam um consenso quanto à fundamentação de um trabalho interdisciplinar. Nesta tese, utilizaremos como aporte teórico a definição adotada por Luck (1995). Interdisciplinaridade é o processo que envolve a integração e engajamento de educadores, num trabalho conjunto, de interação das disciplinas do currículo escolar entre si e com a realidade, de modo a superar a fragmentação do ensino, objetivando a formação integral dos estudantes, afim de que possam exercer criticamente a cidadania, mediante uma visão global de mundo e serem capazes de enfrentar os problemas complexos, amplos e globais da realidade atual. (LUCK, 1995, p. 64). Nesta investigação a interdisciplinaridade foi utilizada para integrar as temáticas propostas sobre Matemática Financeira e o desenvolvimento de um objeto de aprendizagem, utilizando uma linguagem de programação específica. 5.4 Métodos de Pesquisa Para responder à questão de pesquisa levantada (A criação de Objetos de Aprendizagem pelos alunos do Ensino Médio Integrado em Informática, para a 78 disciplina de Finanças, contribui para a Aprendizagem Significativa de Matemática Financeira?), é necessário o estabelecimento de uma linha metodológica a ser seguida, que tenha como característica uma ação ativa dos alunos e a presença contínua do pesquisador. 5.4.1 Pesquisa-Ação Esta investigação se enquadra numa pesquisa-ação, pois é “realizada em estreita associação com uma ação ou a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo”. (THIOLLENT, 1998, p. 14). Para Ludke; André (2005), a pesquisa-ação veio para responder às questões propostas pelos atuais desafios da pesquisa educacional os quais surgiram da curiosidade investigativa despertada por problemas revelados na educação e também foram fortemente influenciados por uma nova atitude de pesquisa, que coloca o pesquisador no meio da cena investigada. A pesquisa-ação é estabelecida de acordo com a metodologia empregada na pesquisa. Nesta tese, a pesquisa desenvolvida visa analisar as contribuições da Matemática Financeira no Ensino Médio Integrado em Informática por meio da criação de objetos de aprendizagem e sua contribuição ao desenvolvimento de um cidadão crítico e consciente na sociedade. Assim, acreditamos que esta investigação se enquadra no referido modelo de pesquisa. Em relação às etapas de uma pesquisa-ação, temos presente nesta tese às quatro etapas destacadas por Thiollent (1998): Diagnóstico: Nessa etapa, o investigador estabelece o fenômeno investigado, o problema, as possibilidades de intervenção, a fundamentação teórica, os sujeitos, dentre outros elementos necessários à pesquisa; Planejamento e Ação: Nesse momento, o pesquisador identificará a melhor forma de intervenção no grupo pesquisado, identificando instrumentos de coleta de dados e procedimentos. Organizado todo o planejamento, inicia-se a ação que colocará em prática a pesquisa através de um processo de sensibilização, envolvendo todos os sujeitos nos contratos que necessitarão ser firmados para o desenvolvimento da investigação; 79 Avaliação: Nessa etapa, analisamos e interpretamos todo o material coletado e as informações obtidas, identificando os problemas apresentados e as mudanças de rumo que se fizerem necessárias; Reflexão: É nessa etapa que se verifica o desenvolvimento dos participantes da pesquisa, fazendo uma análise crítica sobre o aprendido e tornando-o público. (THIOLLENT, 1998, p. 87). 5.4.2 Pesquisa Qualitativa Cabe destacar que a abordagem metodológica utilizada no trabalho se enquadra em um modelo de pesquisa qualitativa, pois não tem como objetivo quantificar resultados, mas tentar identificar as contribuições da Matemática Financeira à formação cidadã do aluno. Historicamente a pesquisa qualitativa surgiu no final do século XIX e início do século XX, na Europa. Nos anos 50, registrou-se uma pequena diminuição da pesquisa qualitativa. Ela reaparece entre as décadas de 60 e 70, através de trabalhos monográficos. Nas metodologias qualitativas, os sujeitos de estudo não são reduzidos a variáveis isoladas ou a hipóteses, mas vistos como parte de um todo, no seu contexto natural e habitual. [...] considera-se que os pesquisadores, ao reduzirem pessoas a dados estatísticos, perdem de vista a natureza subjetiva do comportamento humano. Há uma possibilidade de conhecer melhor os seres humanos e compreender como ocorre a evolução das definições de mundo destes sujeitos, fazendo uso de dados descritivos derivados de registros e anotações pessoais, de falas de pessoas e de comportamentos observados. (MOTTA, 2012, p. 32). Para Ludke; André (2005) a pesquisa qualitativa apresenta cinco características marcantes: 1) A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento. [...] todo estudo qualitativo é também naturalístico. [...] o pesquisador deve manter um contato estreito e direto com a situação onde os fenômenos ocorrem naturalmente [...] influenciados pelo seu contexto; 2) Os dados coletados são predominantemente descritivos. [...] Todos os dados da realidade são considerados importantes. O pesquisador deve, assim, atentar para o maior número possível de elementos presentes na situação estudada [...]; 3) A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto. O interesse do pesquisador ao estudar um determinado problema é verificar 80 como ele se manifesta nas atividades, nos procedimentos e nas interações cotidianas; 4) [...] Nesses estudos há sempre um tentativa de capturar a .perspectiva dos participantes., isto é, a maneira como os informantes encaram as questões que estão sendo focalizadas [...]; 5) A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo. [...] As abstrações se formam ou se consolidam basicamente a partir da inspeção dos dados num processo de baixo para cima. (LUDKE; ANDRE, 2005, p.1113). 5.5 Algumas reflexões Neste capítulo, pudemos destacar toda a fundamentação que permeia esta tese, destacando, principalmente, os conceitos de aprendizagem significativa e mapas conceituais, concepções básicas presente em todos os instrumentos metodológicos. Definimos, ainda, uma compreensão de interdisciplinaridade, o eixo condutor de todo o processo investigativo. No próximo capítulo, destacaremos a construção metodológica e detalharemos as ações de pesquisa com base no referencial adotado, nos objetivos propostos e no problema de pesquisa. 81 6 METODOLOGIA E DETALHAMENTO DA PESQUISA Neste capítulo, faremos uma descrição do estudo com base nas concepções teóricas e profissionais adotadas pelo pesquisador e no ambiente de desenvolvimento da investigação. 6.1 Caracterização da Instituição Como destacado no Capítulo 03, Ensino Médio integrado à Educação Profissional apresenta uma forte contribuição ao desenvolvimento do cidadão crítico, promovendo a inclusão social e o desenvolvimento da cidadania. Nesse contexto, cabe apresentar o ambiente que é locus de realização desta pesquisa, o Instituto Federal de São Paulo (IFSP), campus Cubatão. 6.1.1 O Instituto Federal de São Paulo O IFSP, durante seus mais de 100 anos de história, teve várias nomenclaturas, chamado nas últimas décadas de Escola Técnica Federal de São Paulo e Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo. Com a lei nº. 11.892/08, que transformou os Centros Tecnológicos em Institutos, a instituição passou a ter caráter de relevância universitária, autonomia e fomento tecnológico. A Lei nº 11.892, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, transformou os Centros Federais de Educação Tecnológica e unidades descentralizadas, as escolas agrotécnicas federais, as escolas técnicas federais e as demais escolas vinculadas em Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, num reconhecimento do seu potencial estratégico na expansão da oferta pública de uma educação de qualidade. (INÁCIO, 2011, p. 31). Atualmente, o IFSP oferta cursos de Ensino Médio, Ensino Médio Integrado à Educação Profissional, Ensino Médio Integrado à Educação Profissional em parceria com a Secretaria de Estado e Educação, Ensino Técnico Concomitante ou 82 Subsequente, EJA, Engenharia, Licenciatura, Superior Tecnólogo, Pós-Graduação e EAD. Possui uma oferta anual de mais 20.000 vagas em seus diversos campi. 6.1.2 O Campus Cubatão O campus de Cubatão, onde se realizaram todas as ações desta tese, foi criado em 1987. Seu início foi marcado por um forte apelo do polo industrial da cidade de Cubatão e pelo apoio de entidades públicas e privadas da região. Sua primeira sede foi em parceria com a prefeitura do município. Somente em 2001, o CEFET-SP/Cubatão instalou-se em seu prédio definitivo, numa área de 25.700 m² cedida pela prefeitura. No final de 2008, com a transformação do CEFET-SP em Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, a unidade de Cubatão passou a ser denominado Campus Cubatão. (Figura 3). Figura 3 – Campus Cubatão. Fonte: Dados do pesquisador O IFSP/Cubatão possui como missão proporcionar aos seus alunos inserção social, formação integradora e produção científica. 83 Atualmente, a unidade possui mais de 1.000 alunos distribuídos em seus cursos técnicos e tecnólogos, conforme destacado no Quadro 4. Técnico Técnico em Automação Industrial Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio Técnico em Informática Modular EJA Cursos Superiores Tecnólogo em Automação Industrial Tecnólogo em Gestão de Turismo. Quadro 4 – Cursos ofertados pelo IFSP/Cubatão http://www.federalcubatao.com.br Em relação ao corpo docente, o campus Cubatão possui cerca de 80 professores, sendo 24% desse total de professores substitutos. Sua estrutura física é composta por biblioteca, quadra poliesportiva, 18 salas de aula, secretaria escolar, auditório, salão de eventos, atelier de arte, espaço cultural, sala de professores, coordenação pedagógica, serviço médico, atendimento psicológico e 18 laboratórios (Informática; Indústria; Física; Biologia e Química). Detalharemos, em específico, um dos laboratórios de informática, essencial ao desenvolvimento da presente pesquisa, pois a maior parte do estudo desta tese ocorreu nesse ambiente. O laboratório utilizado possui 20 computadores funcionando normalmente, com sistema operacional Windows, acesso à internet e todos os softwares utilizados no decorrer desta investigação. (Figura 4) Figura 4 – Laboratório de Informática utilizado na pesquisa. Fonte: Dados do pesquisador 84 6.1.3 O Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio do Campus Cubatão O curso, voltado aos estudantes que possuem formação na Educação Básica, é realizado de forma concomitante com as disciplinas do Ensino Médio. Sua duração é de quatro anos e confere ao formando o diploma de Técnico de Nível Médio em Informática. Anualmente são ofertadas 80 vagas, sendo 40 no período matutino e 40 no período vespertino. O objetivo geral do curso é a formação profissional para o mercado de trabalho, principalmente para atender às exigências locais, e em consequência formar um cidadão crítico e conhecedor de seu papel no desenvolvimento social e tecnológico. Por possuir ampla formação em uma área promissora e com muitas oportunidades de trabalho, sua matriz curricular está estruturada conforme o apresentado na Figura 5. Consoante destacado na matriz curricular (Figura 5), o curso possui uma ampla Formação Geral, caracterizada em três grandes áreas: • Linguagem, Códigos e suas Tecnologias, com 912 horas. • Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias, com 883,5 horas. • Ciências Humanas e suas Tecnologias, com 570 horas. A carga horária presente na matriz da Formação Geral é de 2365,5 horas. Os Componentes Curriculares da Área Técnica perfazem um total de 1026 horas. Assim, a matriz curricular do curso Técnico Integrado em Informática possui uma carga horária total de 3751,5 horas, contemplando a carga horária prevista no Estágio Supervisionado. 85 Figura 5 – Matriz curricular do curso Técnico em Informática Integrado http://federalcubatao.com.br/images/stories/pdf/grades-curriculares/grade_integrado_tecnico.pdf 86 Em relação à disciplina de Finanças e Linguagem de Programação, que se desenvolveram de forma interdisciplinar em todas as ações desta pesquisa, observamos que: • As disciplinas de Linguagem de Programação são ofertadas em dois momentos do curso. O primeiro momento ocorre no primeiro ano do curso, com uma carga horária de 114 horas, com quatro aulas semanais; o segundo momento ocorre no segundo ano do curso, com uma carga horária também de 114 horas e quatro aulas semanais. Essas disciplinas são denominadas, respectivamente, Linguagem de Programação I (LIP I) e Linguagem de Programação II (LIP II). • A disciplina de Finanças é ofertada no terceiro ano do curso, com uma carga horária de 57 horas, com duas aulas semanais. 6.2 Os Sujeitos da Pesquisa Fizeram parte deste estudo 76 alunos do terceiro ano do Ensino Médio Integrado em Informática do IFSP, Campus Cubatão, sendo 39 do período matutino e 37 do período vespertino. Esses alunos já cursaram as disciplinas de Linguagem de Programação (LIP I e LIP II) e estão matriculados na disciplina de Finanças. Esses educandos possuem em média 17 anos de idades, 40 são do sexo feminino e 36 do sexo masculino. Todos são moradores da Região Metropolitana da Baixada Santista. Também fazem parte desta pesquisa os dois professores do campus que ministraram as disciplinas LIP I e LIP II. A atuação desses docentes foi primordial no desenvolvimento desta pesquisa, pois contribuíram de forma ativa na orientação dos alunos durante a fase de construção dos Objetos de Aprendizagem. Esta pesquisa se desenvolveu em um quadro metodológico onde o pesquisador é mediador de todo o processo de interação entre os sujeitos da pesquisa, articulando os conhecimentos financeiros e promovendo sua interação com a criação dos objetos de aprendizagem. 87 6.3 Fases da Pesquisa Procurando caracterizar toda a pesquisa buscamos neste tópico apresentar o detalhamento das ações desenvolvidas, tais como: instrumentos utilizados, procedimentos metodológicos, atividades investigativas, objetos de aprendizagem, dentre outros. Inicialmente destacamos que esta tese é estruturada em duas fases: a Fase 1 foi desenvolvida com os alunos em sala de aula durante a disciplina de Finanças, para apresentação teórica do conteúdo. A Fase 2 foi realizada de forma interdisciplinar para o desenvolvimento dos objetos de aprendizagem utilizando o aporte dos conhecimentos adquiridos nas disciplinas LIP I e LIP II. 6.3.1 Fase 1: Etapa teórica Essa fase visa apresentar os conceitos essenciais ao desenvolvimento da disciplina de Finanças, prevista no ementário da matriz curricular do curso Técnico em Informática. O referido momento foi desenvolvido nas aulas da disciplina Finanças, durante o ano letivo de 2012, com carga horária prevista de 57 horas, e teve como objetivo geral, conforme destacado no plano de ensino da disciplina, desenvolver técnicas matemáticas necessárias aos cálculos financeiros, através da interpretação dos conceitos específicos do conteúdo. O Quadro 5 apresenta os objetivos e o programa da disciplina. A versão completa do plano de ensino encontra-se no Anexo A. 88 Disciplina Carga Horária (em horas) Carga Horária (em aulas) Ano Letivo Aulas Semanais Objetivos Programa da Disciplina Finanças 57 horas 76 horas/aula 2012 02 - Desenvolvimento de técnicas que auxiliam no ramo de atuação dos técnicos de informática; Distinguir as diferentes formas de aplicação financeira; - Utilizar a Equivalência de Capitais e a Sequência Uniforme de Pagamentos para análise de diferentes Planos Financeiros. - Interpretar e analisar Sistemas de Capitalização; - Conhecer o Mercado Financeiro; - Interpretar, analisar e desenvolver planos de amortização de empréstimos. Unidade 01. Importância da Matemática Financeira; Unidade 02. Regimes de Capitalização; Unidade 03. Capitalização Simples; Unidade 04. Equivalência de Taxas; Unidade 05. Capitalização Composta; Unidade 06. Taxa Efetiva e Taxa Nominal; Unidade 07. Descontos Simples; Unidade 08. Descontos Compostos; Unidade 09. Equivalência de Capitais; Unidade 10. Série Uniforme de Pagamentos; Unidade 11. Plano de Amortização de Empréstimos. Quadro 5 – Síntese do plano de ensino de Finanças. Fonte: Dados do pesquisador. Outro ponto de análise para o estabelecimento das ações de pesquisa foi a carga horária destinada a cada unidade do programa, conforme apresentado na Tabela 07. Como pretendemos associar a disciplina de Finanças ao desenvolvimento das atividades de pesquisa e à criação de objetos de aprendizagem, realizamos uma mudança na carga horária de cada unidade do programa da disciplina. 89 Tabela 7 - Distribuição da Carga Horária por Unidade da disciplina de Finanças prevista e realizada. Unidade Unidade 01. Importância da Matemática Financeira Unidade 02. Regimes de Capitalização Unidade 03. Capitalização Simples Unidade 04. Equivalência de Taxas Unidade 05. Capitalização Composta Unidade 06. Taxa Efetiva e Taxa Nominal Unidade 07. Descontos Simples Unidade 08. Descontos Compostos Unidade 09. Equivalência de Capitais Unidade 10. Série Uniforme de Pagamentos Unidade 11. Plano de Amortização de Carga Horária dos Conteúdos da disciplina de Finanças conforme previsto no plano de ensino Carga Horária (horas/aula) 04 Carga Horária dos Conteúdos da disciplina de Finanças para atendimento as necessidades da pesquisa Carga Horária (horas/aula) 02 06 06 06 12 06 06 06 08 08 03 06 06 08 06 04 04 06 08 08 08 Empréstimo Unidade 12. Desenvolvimento do Projeto 15 de Pesquisa - COBRIC Carga Horária Total 76 76 Fonte: Adaptação do Plano de Ensino (Anexo A). Com base nos objetivos e no programa da disciplina e atendendo à demanda de criação de um objeto de aprendizagem para apresentação no Congresso Brasileiro de Iniciação Científica (COBRIC), estabelecemos que os conteúdos que seriam foco de estudo dos alunos durante a Fase 2 desta pesquisa seriam: • Capitalização Simples; • Capitalização Composta; • Desconto Simples; • Desconto Composto; • Equivalência de Capitais; • Sequência Uniforme de Pagamentos. Cabe destacar que todos os tópicos tratados utilizaram Equivalência de taxas e conceito de taxas efetiva e nominal. 90 6.3.2 Fase 2: Etapa Tecnológica A referida etapa ocorreu no 3º. e 4º. bimestres, no período de julho a dezembro de 2012, de forma concomitante com a primeira fase. O objetivo desta etapa era promover um trabalho interdisciplinar com a disciplina de linguagem de programação para a criação de objetos de aprendizagem sobre os conteúdos financeiros já desenvolvidos na etapa teórica. Essa fase foi totalmente realizada no laboratório de informática, com uma carga horária de 15 horas/aula, previstas na reorganização do plano de curso. Para uma melhor organização dessa etapa os alunos foram divididos em grupos, conforme destacamos a seguir: • No turno matutino tivemos: seis grupos de quatro alunos e três grupos de cinco alunos; • No turno vespertino tivemos: oito grupos de quatro alunos e um grupo de cinco alunos. Dessa forma tivemos 18 grupos no desenvolvimento do estudo. Inicialmente, cada grupo se reuniu e estabeleceu um coordenador, responsável por proporcionar à equipe uma melhor organização do trabalho, sempre mantendo contato com o professor de Finanças e com o de Linguagem de Programação, unindo, de forma interdisciplinar, as duas disciplinas na criação do objeto de aprendizagem. Cada coordenador foi responsável pelo sorteio do tema que seria foco de construção de seu objeto de aprendizagem, a qual ocorreu durante as aulas de Finanças tendo como base a carga horária disponibilizada pela disciplina e a data de submissão dos trabalhos ao COBRIC. Apesar do tempo destinado ao desenvolvimento do projeto (15 horas/aula), fez-se necessária a disponibilização de mais oito horas/aula extras para que os alunos apresentassem seus trabalhos e discutissem, em grupos, possíveis falhas. 91 6.4 Procedimentos Metodológicos Muitos autores consideram que a diversidade de procedimentos metodológicos contribui para obtenção das informações essenciais em uma pesquisa. Essa diversidade de procedimentos pode ser definida como triangulação. Duarte (2009) caracteriza a triangulação em quatro tipos: • A triangulação de dados refere-se a recolha de dados recorrendo a diferentes fontes; • Na triangulação do investigador, os investigadores recolhem dados independentemente uns dos outros sobre o mesmo fenômeno em estudo e procedem à comparação de resultados. Trata-se de comparar a influência dos vários investigadores sobre os problemas e os resultados da pesquisa; • Na triangulação teórica, são usadas diferentes teorias para interpretar um conjunto de dados de um estudo, verificando-se a sua utilidade e capacidade; • Na triangulação metodológica, são utilizados múltiplos métodos para estudar um determinado problema de investigação. (DUARTE, 2009, p. 1112). Na perspectiva da diversidade de procedimentos metodológicos, esta pesquisa se utiliza de vários métodos, dentre os quais destacamos: mapas conceituais, questionários, relatórios, gravações, atividades investigativas, anotações (diário de bordo), criação de objetos de aprendizagem, dentre outros. 6.4.1 Mapas Conceituais Durante a primeira fase da pesquisa, procuramos identificar os conhecimentos prévios dos alunos sobre conceitos financeiros. Para isso, foi oportunizada a interação dos mesmos com o software Cmap Tools para criação de seus mapas. Depois de trabalharmos os conceitos, solicitamos que fizessem um novo mapa, com a mesma temática proposta, que serviu de análise e comparações quanto aos conceitos adquiridos no término desta investigação. Na Figura 6, observamos o mapa conceitual de um dos alunos participantes desta investigação, que foi aplicado antes de iniciados os estudos sobre Finanças, 92 ou seja, o aluno, por meio desse mapa inicial, demonstrou suas ideias sobre o tema proposto. Figura 6 – Mapa Conceitual do Aluno X antes da realização da etapa tecnológica Fonte: Dados do pesquisador. 93 Na Figura 7, observamos o mapa conceitual do mesmo aluno após a realização da Fase 2. Figura 7 – Mapa Conceitual do Aluno X depois da realização da etapa tecnológica. Fonte: Dados do pesquisador. 94 6.4.2 Observações e Anotações (Diário de Bordo) A Fase 1 desta investigação teve como principal fonte de coleta de dados a observação da interação dos alunos com os conceitos básicos da Matemática Financeira. Essas observações foram úteis para o desenvolvimento dos objetos de aprendizagem. A utilização da observação associada a outros métodos de coleta de dados possibilita um contato estreito entre pesquisador e pesquisado. [...] existem dois tipos de observação: a observação completa, na qual o pesquisador não intervém na prática, limita-se somente a registrar os dados; e a observação participante, na qual o investigador está no centro do problema, interagindo com os sujeitos da pesquisa e analisando-os. (BOGDAN; BIKLEN, 1999, p. 32). Associadas às observações, ocorreram anotações para produzir um maior acompanhamento dos eventos ocorridos durante a realização da pesquisa. As anotações realizadas pelos alunos durante a segunda fase da pesquisa foram denominadas de Diário de Bordo. Cada grupo as registrou ao término de cada aula. Observemos, no Quadro 6, a anotação registrada pelo Grupo L na quarta aula de desenvolvimento do ambiente tecnológico. Quarta Semana Na semana anterior desenvolvemos os cálculos que não envolviam a taxa, pois tínhamos que resolver, primeiramente, a transformação da taxa nominal para efetiva e depois fazer a equivalência da mesma com o prazo que já estava sendo transformado sempre em mês. Foi realmente difícil encontrar uma solução compatível com a lógica de programação. Portanto, resolvemos fazer tudo por partes. Durante essas aulas fizemos no papel todas as possíveis combinações de taxa nominal e efetiva, por exemplo: período ao dia capitalizado ao mês, período ao dia capitalizado ao bimestre etc. Foram trinta e seis combinações, ou seja, mais de trinta cláusulas de programação a serem feitas. Quadro 6 – Anotação realizada pelo grupo L durante a realização da fase tecnológica. Fonte: Dados do Pesquisador. 95 6.4.3 Questionários Na realização desta tese os sujeitos participantes responderam a alguns questionários que tinham o objetivo de buscar informações relevantes para a pesquisa. Nesta investigação, os questionários utilizados e seus objetivos estão descritos no Quadro 7. Fases da Pesquisa Questionário Identificação dos alunos investigados Fase 1: Etapa Teórica Avaliação Final da disciplina. Fase 2: Etapa Tecnológica Identificação dos professores investigados Avaliação de Mapas conceituais Objetivo Aplicado no mês de abril de 2012 e tinha como finalidade obter informações sobre os alunos participantes da pesquisa. Questionário aplicado na última aula da disciplina e tem como objetivo realizar uma avaliação da disciplina e as contribuições na formação inicial dos alunos. Aplicado no início da etapa tecnológica, mês de julho de 2012, e tinha como objetivo obter informações sobre os professores participantes da pesquisa. Questionário comparativo entre os mapas conceituais iniciais e finais. Aplicado no mês de dezembro de 2012. Apêndice A B C D Quadro 7 – Questionários aplicados durante a realização da pesquisa. Fonte: Dados do pesquisador. 6.4.4 Relatórios Os alunos ao término do desenvolvimento de sua atividade, apresentaram um relatório contendo as principais etapas de criação do objeto de aprendizagem. Esses relatórios são de extrema importância e determinantes para os resultados obtidos na segunda fase dessa investigação. Tinham como objetivo perceber ou esclarecer como os grupos pensaram e realizaram a criação de seu objeto de aprendizagem. No Anexo B apresentamos um dos relatórios desenvolvidos. 96 6.4.5 Gravações Uma importante fonte de dados e informações é o registro dos diálogos dos alunos, principalmente para avaliar a socialização entre eles. Esse método foi utilizado, durante a segunda fase, no momento da apresentação dos trabalhos desenvolvidos por cada grupo. Algumas das informações contidas nessas gravações trazem ricas situações e fornecem dados sobre as relações estabelecidas entre os alunos e os objetos de aprendizagem, os alunos entre si e entre eles e o pesquisador. 6.4.6 Atividades Investigativas Durante a realização da Fase 1, ao término de cada unidade eram aplicadas atividades investigativas que tinham como objetivo preparar os alunos para a fase de criação dos objetos de aprendizagem (Apêndice F). 6.4.7 Objetos de Aprendizagem Na Fase 2 da pesquisa, os alunos desenvolveram um objeto de aprendizagem, para promover de forma significativa os conceitos financeiros desenvolvidos durante as aulas de Finanças e atender às necessidades, quanto ao desenvolvimento de um projeto de iniciação científica. Estabelecemos premissas básicas para criação dos objetos: que fossem gratuitos e acessíveis a qualquer pessoa para resolver problemas inerentes à vida cotidiana. A maioria dos objetos foi desenvolvida em linguagem de programação C# (para windows) ou Java (software livre). Destacaremos, a seguir, dois objetos criados pelos grupos e que foram selecionados para participar do IV Congresso Brasileiro de Iniciação Científica (COBRIC). Os demais serão foco de estudo durante a análise dos dados. O primeiro objeto de aprendizagem, denominado “Aprendendo Matemática Financeira” (Figura 8 e Figura 9), criado pelo Grupo K, tinha como objetivo: 97 Figura 8 – Aprendendo Matemática Financeira: Objeto criado pelo Grupo K. Fonte: Dados do pesquisador Figura 9 – Aprendendo Matemática Financeira: Sequencia Uniforme de Capitais. Fonte: Dados do pesquisador 98 Aprendendo a Matemática Financeira trata-se de um software para plataforma Windows, que além de efetuar contas de equivalência de capitais e série uniforme de pagamentos, contém uma parte teórica cujo objetivo é ensinar conceitos, fórmulas e aplicações, bem como exemplos resolvidos para maior entendimento do público, sobre finanças. O segundo objeto de aprendizagem denominado, “Capitalização Financeira para Android”, criado pelo Grupo B, tinha como objetivo: Hoje em dia é preciso estar por dentro das formas mais rápidas de se obterem informações, por isso optamos por fazer um aplicativo na plataforma para uso de smartphones com Android, o qual sempre está presente na população. Sendo assim, o usuário terá de forma instantânea o resultado para suas dúvidas financeiras e saberá como usar o dinheiro da melhor maneira, sem depender de um computador, ou seja, em qualquer lugar e na hora que quiser poderão ser feitos cálculos financeiros. Figura 10 – Capitalização Financeira para Android: Objeto criado pelo Grupo B Fonte: Dados do pesquisador 99 Nos próximos capítulos, faremos uma análise detalhada de todo o material coletado, apresentando discussões e considerações que conduziram com êxito a busca em responder à questão levantada e o alcance do objetivo geral destacado nesta tese. 101 7 ANÁLISE E DISCUSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA Neste capítulo, analisaremos os dados da pesquisa com o objetivo de estabelecer as relações existentes entre o desenvolvimento da aprendizagem financeira e o uso de recursos tecnológicos. Para uma melhor análise de todo o material coletado (questionários, observações, anotações, mapas conceituais, relatórios, anotações [diário de bordo], manuais, dentre outros), ele foi agrupado em um único documento que servirá de subsídio às discussões e considerações estabelecidas nesta tese. Nesta etapa da pesquisa, o investigador deve buscar clareza e direcionamentos teóricos do estudo e partir “[...] para ‘trabalhar’ o material acumulado, buscando destacar os principais aspectos revelados pela pesquisa.” (LUDKE; ANDRÉ, 2005, p. 35). Com a organização dos dados foram estabelecidas as fases de discussão da pesquisa, conforme descritas por Wolcott (1992): a descrição, a análise e a interpretação. [...] a descrição corresponde à escrita de textos dos dados originais registrados pelo investigador. A análise é um processo de organização de dados, onde se devem salientar os aspectos essenciais e identificar fatores chave. Por último a interpretação diz respeito ao processo de obtenção de significados e ligações a partir dos dados obtidos. (WOLCOTT, 1992, p. 19). Destacamos, a seguir, os instrumentos utilizados para responder a cada um dos objetivos específicos traçados nesta tese. (Quadro 8). 102 Objetivo da Pesquisa Criar objetos de aprendizagem que desenvolvam conteúdos financeiros por meio de atividades interdisciplinares. Elaborar atividades investigativas que desenvolvam conceitos financeiros e busquem solucionar situações cotidianas Reconhecer a importância, na Matemática, do conteúdo financeiro para o desenvolvimento da cidadania. Verificar que o uso de mapas conceituais contribui para o entendimento dos objetos matemáticos. Instrumento de Coleta - Atividades Investigativas; - Relatório Final; - Gravações; - Anotações (Diário de Bordo). - Atividades desenvolvidas. - Questionário aplicado aos acadêmicos no início e término das aulas de Finanças; - Mapas conceituais. - Observações - Anotações; - Mapas conceituais desenvolvidos; - Relatório Final. - Observações; Quadro 8 – Aplicações dos instrumentos de coleta de dados de acordo com os objetivos específicos traçados na pesquisa. Fonte: Dados do pesquisador Dessa forma, buscaremos, no decorrer deste capítulo, apresentar análises e discussões que deem subsídios para responder aos principais questionamentos propostos nesta tese. 7.1 Análise e Discussões dos Resultados Durante a Etapa Teórica da Pesquisa Como já destacamos anteriormente, essa etapa visa à apresentar os conceitos essenciais ao desenvolvimento da disciplina de Finanças, prevista no ementário da matriz curricular do curso Técnico em Informática. 7.1.1 A Dinâmica da Aula e seus efeitos O foco principal, ao dividir esta pesquisa em etapas, é construir e destacar fatos relevantes dos quais participamos no desenvolvimento da coleta de dados, além de possibilitar um refinamento das questões parciais que atendam à pergunta central. Essa primeira etapa se iniciou no primeiro semestre de 2012, durante a disciplina de Finanças, conforme já destacamos no Capítulo 6. Inicialmente, fizemos um levantamento do que os alunos conheciam sobre o tema e em seguida 103 apresentamos os conceitos essenciais ao desenvolvimento da disciplina e técnicas matemáticas necessárias aos cálculos financeiros, por meio da interpretação dos conceitos específicos do conteúdo. Durante essa fase, após cada tópico foram aplicadas listas de exercícios, as quais foram resolvidas em sala de aula. Os alunos, quando queriam, se reuniam em pequenos grupos para compartilhar os conhecimentos adquiridos. Quando necessário, eles recorriam à professora, para esclarecer as dúvidas que persistissem. Ausubel (1968) recomenda o uso de organizadores prévios que sirvam de âncora para a nova aprendizagem e levem ao desenvolvimento de conceitos subsunçores que facilitem a aprendizagem subsequente. O uso de organizadores prévios é uma estratégia proposta por Ausubel para, deliberadamente, manipular a estrutura cognitiva, a fim de facilitar a aprendizagem significativa. Segundo o próprio Ausubel, a principal função do organizador prévio é a de servir de ponte entre o que o aprendiz já sabe e o que ele deve saber, tais conhecimentos são úteis para facilitar a aprendizagem na medida em que funcionam como “pontes cognitivas”. 7.1.2 Caracterização dos Sujeitos Os sujeitos que participaram deste estudo foram setenta e seis alunos do 3º ano do Ensino Médio Integrado em Informática do IFSP, Campus Cubatão. A maioria dos alunos possui em média 17 anos de idade. Em relação ao gênero, temos trinta e seis do gênero masculino e quarenta do gênero feminino. Os alunos foram assíduos e tiveram um bom desenvolvimento na execução das tarefas. Nesta pesquisa serão caracterizados por letras maiúsculas do alfabeto. (A, B, C, D, ..., A1, B1, C1, D1,..., A2, B2, C2, D2, ..., X2). Em relação aos hábitos tecnológicos, verificamos que 86% dos alunos usam frequentemente o computador, conforme verificamos na Tabela 8. 104 Tabela 8 – Hábitos de estudo dos acadêmicos participantes da pesquisa Síntese das respostas dos Alunos sobre os hábitos de estudo Como utiliza o computador? Onde acessa o computador? Respostas Nº Para que usa o computador? Respostas Nº % Nº % Frequentemente 65 86% Casa 45 59% Realização de trabalhos % Respostas 60 79% Algumas Vezes 11 14% Casa e Escola 15 20% Acesso à internet 76 100% Casa, Trabalho e Escola. 16 21% Aulas de Disciplinas Técnicas 46 Aulas das outras Disciplinas 61% 10 Fonte: Dados do pesquisador A maior parte dos alunos acessa o computador apenas em casa (59%), 20% deles utiliza o computador em casa e na escola, e 21% em casa, no trabalho e na escola. As atividades mais realizadas com o uso do computador são: acesso à internet (100%), realização de trabalhos acadêmicos (79%) aulas de disciplinas técnicas (61%) e aulas das disciplinas de formação geral (13%). Quando questionados sobre qual o nível de importância que o computador tem para eles, 63% responderam como muito importante e 37% como importante. Todos os nossos alunos são nascidos na década de 90 e, por isso, considerados “nativos digitais” 1 nas concepções de Prensky (2001). Outra questão destacada no Questionário 01 (Apêndice A) é o fato de 100% dos alunos terem um uso constante do computador e da internet. Segundo dados, isso acontece com 63% deles desde a alfabetização, com 30% desde que eles se entendem por gente e apenas 7% responderam só utilizar o computador e a internet há menos de três anos, conforme apresentado no Gráfico 03. 1 Os nativos digitais estão acostumados a receber informações muito rapidamente. Eles gostam de processar mais de uma coisa por vez e realizar múltiplas tarefas. Eles preferem os seus gráficos antes do texto ao invés do oposto. Eles preferem acesso aleatório (como hipertexto). Eles trabalham melhor quando ligados a uma rede de contatos. (PRENSKY, 2001, p. 02). 13% 105 7% 30% 63% Desde que aprendi a ler e a escrever Desde que me entendo por gente Menos de três anos Gráfico 3 – Tempo de uso do computador e da internet. Fonte: Dados do pesquisador Quando questionamos sobre o local de acesso à internet, todos os alunos possuem acesso à rede em suas residências. Mesmo assim, a maioria deles também acessa a internet de outros lugares, como escola, trabalho e via celular. Sobre o uso de redes sociais, 100% deles possuem mais de uma rede social, todos pertencem ao Facebook e têm conta no MSN e Twitter, no mínimo. O que foi interessante perceber é que no decorrer da investigação os participantes se utilizaram desses ambientes para constituírem uma rede de conhecimento sobre os conteúdos que estavam sendo abordados durante as aulas, estabelecendo um compartilhamento de informações de maneira colaborativa e significativa. Nos ambientes em rede, os alunos-nós-de-rede, membros de comunidades, sentem que a construção do seu conhecimento é uma aventura coletiva – uma aventura onde constroem os seus saberes, mas onde contribuem, também, para a construção dos saberes dos outros. E à medida que a aventura se renova, vão aprendendo que cada um vale, não apenas por si, mas pela forma como se relaciona com os outros – como com eles constrói o que nunca, ninguém, conseguiria construir sozinho. Vão aprendendo também que fazem parte, em simultâneo, de muitas comunidades, e que o que partilham com umas é, afinal, importante para o que partilham com as outras. Vão aprendendo que o seu próprio valor para uma comunidade depende, não apenas de si próprios, como seres isolados, mas também da forma como podem contribuir para ela pelo fato de pertencerem a outras. (FIGUEIREDO, 2002, p.2). Ainda analisando o Questionário 01, sobre a descrição dos sujeitos da pesquisa, agora em específico sobre o uso do computador no Curso de Ensino 106 Médio Integrado em Informática, os alunos destacaram a utilização de recursos tecnológicos apenas nas disciplinas técnicas, durante as aulas de laboratório. Colocaram também que utilizam os recursos tecnológicos para outras disciplinas, mas para atividades realizadas fora da escola, como a elaboração de trabalhos, pesquisas, preparação de seminários, desenvolvimento de programas, dentre outros. Nas respostas das questões 8, 9 e 10 do Questionário 01, as quais têm como objetivo captar as expectativas quanto à disciplina de Finanças e a importância da Educação Financeira na vida deles, todos conseguem perceber a aplicabilidade da disciplina na vida cotidiana e demonstram um grande interesse em aprender como lidar com operações que envolvam o dinheiro. A análise do questionário inicial trouxe-nos algumas informações que podem ser cruzadas com os dados coletados ao longo da pesquisa. 7.1.3 Mapas Conceituais Iniciais sobre Educação Financeira O mapa conceitual inicial foi aplicado aos alunos no começo das aulas da disciplina de Finanças e tinha como objetivo identificar os conhecimentos que os participantes possuíam sobre educação financeira e qual a aplicabilidade da disciplina na vida deles. Apresentaremos uma análise mais detalhada e comparativa ao término desse experimento. Os recursos esquemáticos dos mapas conceituais, “que representam um conjunto de conceitos inter-relacionados numa estrutura hierárquica proposicional, servem para tornar claro para professores e alunos as relações entre conceitos de um conteúdo aos quais deve ser dada maior ênfase.” (NOVAK, 1993, p. 33). Observamos que quase todos os mapas colocam de forma generalizada como a Educação Financeira poderia contribuir para a sociedade, seus efeitos e consequências. Há a utilização de uma linguagem financeira simples, com poucos conceitos da Matemática Financeira. Os mapas ficaram restritos à ideia do acúmulo e obtenção de bens, além da perspectiva de autonomia e estabilidade que os alunos acreditam que o 107 conhecimento financeiro pode lhes proporcionar. Foram construídos com base em conhecimentos não acadêmicos, o que gerou uma visão mais genérica, embasada nas relações do homem com o dinheiro e algumas consequências que isso pode acarretar. Analisando os mapas conceituais iniciais, ficou claro que os alunos, no início do 3º. ano do Ensino Médio Integrado em Informática, sujeitos da nossa pesquisa, não possuíam qualquer conhecimento sobre Matemática Financeira. Figura 11 – Mapa Conceitual Inicial do aluno W. Fonte: Dados do pesquisador Os mapas iniciais seguiram uma linha parecida de construção. (Ver Figuras 11, 12 e 13) 108 Figura 12 – Mapa Conceitual inicial do aluno Y. Fonte: Dados do pesquisador Quando um aprendiz utiliza o mapa durante o seu processo de aprendizagem de determinado tema, vai ficando claro para si as suas dificuldades de entendimento desse tema. Um aprendiz não tem muita clareza sobre quais são os conceitos relevantes de determinado tema, e ainda mais, quais as relações sobre esses conceitos. Ao perceber com clareza e especificidade essas lacunas, ele poderá voltar a procurar subsídios (livro ou outro material instrucional) sobre suas dúvidas, e daí voltar para a construção de seu mapa. Esse ir e vir entre a construção do mapa e a procura de respostas para suas dúvidas irá facilitar a construção de significados sobre conteúdo que está sendo estudado. (TAVARES, 2007, p. 74). De maneira geral, observamos que os mapas iniciais se apresentaram com poucos elementos que pudessem denotar o conhecimento dos alunos sobre o tema tratado. Termos e expressões surgiam nos mapas, mas de forma insípida, sem um estabelecimento de relações consistentes entre os mesmos, denotando baixo conhecimento sobre a temática ou dificuldade para expressá-la por meio de mapas. 109 Figura 13 – Mapa Conceitual inicial do aluno Z. Fonte: Dados do pesquisador 7.1.4 Análises das atividades investigativas Como apresentamos no Capítulo 6, essa etapa ocorreu durante o ano letivo de 2012, na disciplina de Finanças, com uma carga horária de 57 horas, com o objetivo de desenvolver técnicas matemáticas necessárias aos cálculos financeiros, através da interpretação e aplicação dos conceitos específicos do conteúdo. Mencionamos, no início deste capítulo, que, após cada explanação sobre um tópico da disciplina, foram aplicadas atividades investigativas (Apêndice F). Durante todo o processo de resolução dessas atividades, por observação, pudemos perceber que os tópicos que os alunos tinham mais dificuldade para prosseguir com a 110 resolução dos exercícios eram os relacionados à Equivalência de Taxas e também ao uso do Logaritmo, quando este era necessário para descobrirem taxas ou prazos envolvidos nas situações descritas para análise. Nas atividades onde essas limitações se faziam presentes, houve uma participação maior da professora, não prosseguindo com o conteúdo até que todas as dúvidas fossem esclarecidas. Assim, esse processo de errar, depurar e validar possibilita ao aluno uma modificação do conhecimento, através de uma Aprendizagem Significativa por descoberta. Outro princípio importante para facilitar a aprendizagem significativa crítica é o de que o significado está nas pessoas, não nas palavras. O processo ensino-aprendizagem envolve apresentação, recepção, negociação e compartilhamento de significados, no qual a linguagem é essencial e, assim sendo, é preciso ter sempre consciência de que os significados são contextuais, são arbitrariamente atribuídos pelas pessoas aos objetos e eventos e que elas também atribuem significados idiossincráticos aos estados de coisas do mundo. A aprendizagem significativa requer compartilhar significados, mas também implica significados pessoais. (MOREIRA, 2005, p. 13). Em alguns casos, o participante não obtinha a resposta de imediato, necessitando refutar a validação de sua resposta e retornar ao processo de formulação. Nessa perspectiva, temos uma aprendizagem significativa crítica, na qual “buscar sistematicamente o erro é pensar criticamente, é aprender a aprender, é aprender criticamente rejeitando certezas, encarando o erro como natural e aprendendo através de sua superação.” (MOREIRA, 2005, p. 14-15). Durante essa fase, os alunos puderam interagir com os demais colegas, comentando as diferentes interpretações e dando sugestões para a resolução das atividades propostas. Para Moreira (2005a), o que leva a uma aprendizagem significativa na concepção colaborativa é: [...] usar estratégias nas quais os alunos possam discutir, negociar significados entre si, apresentar oralmente ao grande grupo o produto de suas atividades colaborativas, receber e fazer críticas. O aluno tem que ser ativo, não passivo. Ela ou ele tem que aprender a interpretar, a negociar significados, tem que aprender a ser crítico e a aceitar a crítica. (MOREIRA, 2005a, p. 19). 111 7.2 Análise e Discussões dos Resultados Durante a Etapa Tecnológica da Pesquisa. Essa etapa da análise visa demonstrar que, com as habilidades desenvolvidas durante a formação inicial dos alunos na disciplina de Finanças e estabelecendo Interdisciplinaridade com a disciplina de Linguagem de Programação, os alunos desenvolveram objetos de aprendizagem, os quais propiciaram a ressignificação de conceitos matemáticos financeiros associados às situações reais do cotidiano dos alunos do Ensino Médio Integrado. Por conseguinte, responde-se ao objetivo geral desta pesquisa. 7.2.1 A Dinâmica estabelecida nesta etapa Já explicitamos no Capítulo 6 todo o detalhamento das ações desenvolvidas nessa etapa. Destacaremos, neste momento, fatos e situações marcantes durante a execução da investigação. Durante a realização dessa etapa os alunos, em acordo com o professor orientador da disciplina de Finanças e com o suporte teórico e técnico dos professores da disciplina Linguagem de Programação I e II, estabeleceram todas as etapas, já descritas no Capítulo 6, para o desenvolvimento dos seus objetos de aprendizagem. Essa fase aconteceu junto às aulas de Finanças, durante o 3º. e 4º. bimestres (15 horas/aula), às quais foram acrescentadas 8 horas/aula, perfazendo um total de 23 horas/aula, todas elas desenvolvidas nos laboratórios de informática. As duas turmas foram divididas em 18 grupos, sendo 9 grupos em cada. A turma do turno matutino foi dividida em seis grupos de quatro alunos e três grupos de cinco alunos, já a do turno vespertino foi dividida em oito grupos de quatro alunos e um grupo de cinco alunos. Os temas foram sorteados, ficando três grupos para cada Bloco em cada turma. Os blocos foram organizados da seguinte forma: Primeiro Bloco 112 • Capitalização Simples • Capitalização Composta • Equivalência de Taxas Segundo Bloco • Desconto Simples • Desconto Composto • Equivalência de Taxas Terceiro Bloco • Equivalência de Capitais • Sequência Uniforme de Pagamentos • Equivalência de Taxas O tópico Equivalência de Taxas aparece em todos os blocos, porque é um aporte teórico necessário para o desenvolvimento de todos os temas. No início dessa fase, cada grupo entregou um planejamento inicial de desenvolvimento do projeto. Durante as aulas no laboratório de informática, semanalmente, os alunos apresentavam suas considerações, dificuldades e ideias para a construção dos objetos de aprendizagem, sempre com o suporte dos professores das disciplinas de Linguagem de Programação e Finanças. Nessa fase, foram desenvolvidos os instrumentos que servirão de base para a realização da investigação desta etapa da pesquisa, tais como: relatórios finais, gravação da apresentação realizada pelos grupos quando da conclusão dos objetos de aprendizagem e avaliação realizada pelos próprios alunos com relação aos objetos de aprendizagem criados. O último panorama aconteceu com a criação de mapas conceituais finais, preenchimento do Questionário 4 (Apêndice D), no qual os alunos compararam e analisaram os mapas conceituais criados, e Questionário 2 (Apêndice B), no qual eles avaliaram as aulas investigativas. 113 Também fizeram parte dessa investigação os docentes das disciplinas de Linguagem de Programação I e II, respondendo ao Questionário 03 (Apêndice C). Em relação à formação desses professores, temos um com Pós-Graduação na área de Sistemas Digitais e um com Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática. A idade desses docentes varia entre 46 e 48 anos. Quanto ao tempo de magistério, temos um deles com 28 anos de sala de aula e o outro com 24 anos. No questionário, também buscamos perceber como é a atuação do professor no laboratório de informática. Quando questionamos sobre as atividades que já desenvolveram no laboratório, tivemos as seguintes respostas: Basicamente programação de computadores. A disciplina aborda uma linguagem de programação, mas, além disso, pesquisas sobre técnicas de programação, rotinas de pesquisas e ordenação, algoritmos mais avançados para a solução de problemas e ainda scripts em outras linguagens de programação para serem investigados foram incentivados para que os alunos, por meio da internet, pudessem também estudar outras tecnologias. Foram produzidos alguns sistemas que utilizavam características como a inclusão de vídeos, imagens e sons e utilização de vários formulários em uma única aplicação, desenvolvimento de classes e superclasses de programação, mas que não faziam parte do conteúdo da disciplina.” Prof. A “Minhas disciplinas são técnicas na área de TI, mais especificamente voltadas à programação e desenvolvimento. Assim, utilizo os laboratórios para aulas práticas onde desenvolvemos programas e/ou projetos específicos. Dependendo do projeto, interfaceamos com conteúdos vistos em outras disciplinas como: Sistemas Operacionais, Redes de Computadores, Arquitetura de Computadores entre outras.” Prof. B Quando questionados sobre a importância do computador na educação, os professores consideram-no ferramenta essencial ao desenvolvimento educacional, 114 se utilizados com propriedade e planejamento pelo professor. A forma como o educador utilizará o computador dependerá de vários aspectos, mas um fator é primordial, a sua filosofia de educação. Pensando na educação de uma maneira mais ampla, consideram o computador como um importante aliado no processo de ensino e aprendizagem concordam com o fato de que seu uso deve ser estimulado. O professor B coloca: “Atualmente o computador é visto na maior parte das instituições de ensino como uma ferramenta de pesquisa e interação com outras comunidades acadêmicas. Despreza-se o fato de o computador poder ser utilizado em processos de simulações simples e/ou complexas o que, no meu ponto de vista, é o grande desafio que nos espera.” É destacado pelo professor A: “Uma ferramenta indispensável no apoio ao ensino de qualquer disciplina. O ambiente computacional proporciona, no meu entender, motivação, segurança, velocidade para resolver os problemas, praticidade, economia, sustentabilidade além de outros indicadores positivos para os processos de ensino e aprendizagem.” Na questão 3, os professores responderam já terem realizado alguns trabalhos interdisciplinares. O professor B destacou: “Envolvendo conteúdos vistos em outras disciplinas técnicas praticamente sempre. No que diz respeito a disciplinas do núcleo comum e/ou outras áreas de conhecimento e entre as experiências destacaria: • Projeto Anemômetro Digital (requisitos de mecânica e física). 115 • Projeto Aquário de Marés (requisitos de geografia, metereologia e biologia). • Projeto Bancada para Hidroponia (requisitos de biologia e agricultura). • Projetos de softs e games educacionais diversos. • Projeto para auxiliar a alfabetização de autistas, com o qual, inclusive, ganhamos o COBRIC 2013 (Congresso Brasileiro de Iniciação Científica).” O professor A destacou: • “Envolvimento da disciplina com outra de análise de sistemas. O aluno fazia a análise do projeto em uma determinada disciplina e criava os códigos para solucionar o problema com a minha disciplina. • Da mesma maneira, códigos que precisariam acessar determinadas bases de dados, em bancos de dados relacionais, também se utilizavam de conceitos das disciplinas de banco de dados e estrutura de dados. • Criamos aplicações para atender a determinados conceitos matemáticos, como funções e equações do 2º grau. • Também foram geradas aplicações que envolviam a disciplina de física para a solução de alguns problemas específicos, como por exemplo, cálculo de velocidades.” Quando questionados na questão 4 sobre a importância do trabalho interdisciplinar nas atividades realizadas na instituição, os dois professores destacam a interdisciplinaridade como um caminho para dar ao aluno uma visão de que as aplicações são integradas às necessidades no cotidiano, e que uma vez traçado um bom planejamento e um bom projeto pedagógico, os conteúdos podem ser ministrados com uma visão sistêmica do assunto. Além disso, a integração ajuda a eliminar a apatia do aluno para com algumas disciplinas e conteúdos. Nas questões 5 e 6, os professores acreditam que o computador possa ser utilizado para auxiliar no ensino de Matemática Financeira e ambos avaliaram positivamente as atividades desenvolvidas, as quais integraram a disciplina de 116 Linguagem de Programação e a disciplina de Finanças, por meio da criação de objetos de aprendizagem. O professor B ressalta na resposta da questão 6: “Inclusive, junto com a Profa. Maria Regina, fizemos isso em 2012, onde grupos de alunos eram responsáveis pelo desenvolvimento de aplicações específicas na área de Matemática Financeira. A iniciativa foi tão bem sucedida que alguns grupos foram aceitos no COBRIC 2012 (Congresso Brasileiro de Iniciação Científica).” O professor A destaca nas respostas das questões 5 e 6: “Não sou da área financeira, mas tenho a convicção de que o sistema computacional pode e deve ser aplicado em todas as áreas. Na disciplina que estou ministrando atualmente com os alunos, que é Linguagem de Programação (LIP2), tivemos excelentes contribuições, onde os alunos sabiam o que gostariam de obter como resultados matemáticos e financeiros. Nossa disciplina se tornou uma ferramenta de suporte para alcançar estes objetivos.” “Em minha disciplina, o aluno obtém condições técnicas para desenvolver as aplicações financeiras de que necessita. Ele aprende o conhecimento técnico necessário para aplicar a lógica e desenvolver os sistemas computacionais para resolver as chamadas ‘regras de negócios’ do sistema, que, no caso, seriam regras para atender à Matemática Financeira. Com essa interação, uma interdisciplinaridade, os alunos tiveram aprendizado em Matemática Financeira e com certeza em Linguagem de Programação também.” 7.2.2 Fase de uso do Laboratório de Informática 117 Nessa fase, apresentaremos uma descrição do desenvolvimento das aulas no laboratório de informática, detalhando o que ocorreu em cada semana. Foram estabelecidas onze semanas. Por se tratar de uma pesquisa-ação, cada grupo tinha total liberdade para criar e desenvolver o seu objeto de aprendizagem, desde que conseguisse cumprir os prazos de entrega, as documentações exigidas e a apresentação final. Destacamos a seguir, a descrição dos trabalhos desenvolvidos por um dos grupos. Primeira semana Durante a primeira reunião, planejamos a criação de uma interface que propiciasse ao usuário um uso intuitivo do programa. Nessa reunião definimos também a linguagem C# como a que seria utilizada ao longo do desenvolvimento do software e fizemos também um planejamento. Os temas sorteados (Equivalência de Capitais e Sequência Uniforme de Capitais) exigiam a criação de algoritmos complexos para o cálculo de alguns dados, em especial os juros, portanto nesse início de trabalho desenvolvemos os principais algoritmos que viriam a ser utilizados ao longo do código. Seguindo uma proposta de um integrante do grupo, colocamos como meta a criação de gráficos que ajudassem o usuário a conseguir informações de forma mais dinâmica. Com o passar do tempo, tal ideia caiu no esquecimento. Definimos também o paradigma de utilização no qual todo o programa se basearia: bastaria digitar os dados e pressionar o botão calcular para que o programa exibisse aquele que fora deixado em branco. Segunda semana Durante a segunda semana, continuamos a desenvolver os algoritmos e começamos a criar o código-fonte do software. Para tanto, projetamos o que deveria ser o design do software. Chegamos à conclusão de que a simplicidade estaria de acordo com os anseios de um futuro usuário. Terceira semana Na terceira semana, os algoritmos de criação do código-fonte ficaram prontos, com exceção daquele utilizado para o cálculo dos juros na Sequência Uniforme de Capitais. Ao longo dessa semana, um integrante do grupo com conhecimentos em Cálculo 118 Diferencial propôs a utilização do Método de Newton-Raphson, que após algumas interações fornece uma ótima aproximação da raiz de uma função. Ele seria utilizado para o cálculo dos juros, contudo sua utilização foi vetada após percebermos que, por se tratar de um método local, o palpite inicial era de suma importância para o sucesso do algoritmo. Isso não seria problema para uma pessoa, que possui certa intuição para palpitar, mas é um grande problema para uma máquina. Estabelecer uma previsão precisa revelou-se insolúvel, desse modo essa ideia foi rejeitada. Quarta Semana O início da programação do programa começou nessa semana, quando já tínhamos todas as diretrizes para o desenvolvimento. A preocupação inicial foi com a interface, uma vez que, após a implantação dos algoritmos, seria árdua uma mudança nela. Nessa semana, um integrante do grupo propôs a utilização de classes para melhorar a organização do programa e para facilitar o desenvolvimento. A ideia foi abraçada pelo grupo, que se dividiu para a elaboração das classes necessárias. O problema do cálculo de juros continuava insolúvel e cogitamos a supressão do recurso. Quinta Semana Nessa semana, continuamos o desenvolvimento do software e terminamos parcialmente a interface. Numa reunião, a interface foi sujeita a críticas e sugestões por parte dos integrantes do grupo, a fim de se chegar a uma que atendesse às nossas expectativas. Iniciamos a elaboração das duas classes a partir dos algoritmos criados. Sexta Semana Nessa semana, passamos a integrar os códigos já criados, ou seja, as classes e o design. Com a IDE Visual Studio, tal trabalho, apesar de penoso, não envolve grandes dificuldades. Nesse ínterim, verificamos a necessidade da criação de sistemas que prevenissem erros de digitação do usuário para que o software tivesse maior estabilidade. Sétima Semana Nessa semana, prosseguimos com o desenvolvimento do software. Os recursos desenvolvidos até então já contemplavam uma ampla gama de questões da Matemática Financeira, principalmente no âmbito de Sequência Uniforme de Capitais. Durante uma conversa com um integrante de outro grupo, ele sugeriu-nos a utilização do Método da Bissecção para o cálculo dos juros ao invés do Método de Newton-Raphson. O método sugerido, apesar de ter uma convergência muito mais demorada, revelou-se viável por requerer um intervalo e não um número como palpite inicial. Esse mesmo colega ajudou-nos a programar tal método, e o grupo agradece ao apoio empreendido por ele. Oitava Semana 119 Nessa semana, com o desenvolvimento em seus estágios finais, optamos por aprimorar o sistema de prevenção de erros. Para tanto, um integrante do grupo foi encarregado de encontrar os erros através de simulações, como a digitação de letras em um componente que exigia um número, entre outras. Após a constatação de um erro, o grupo prontamente o corrigia. O desenvolvimento e a implantação do algoritmo para o cálculo dos juros na Sequência Uniforme de Capitais foram realizados nessa semana. Conforme requerido pela orientadora, criamos problemas de Matemática Financeira, os quais poderiam ser resolvidos pelo software em desenvolvimento. Após serem feitos os ajustes, concluímos a primeira versão do software. Nona Semana A calculadora para financiamentos (cujo nome definimos nessa semana) passou por seus ajustes finais. Começamos, nessa semana, a preparar uma apresentação do software. Segundo sugestão da orientadora, a ideia de criação de gráficos foi abandonada, pois consideramo-los supérfluos. Aprontamos uma segunda versão do software, para apresentá-la à orientadora na semana seguinte. Décima Semana Na quarta-feira dessa semana, o programa foi oficialmente mostrado à professora. Após serem feitos alguns testes, ela nos explicou que não era possível a resolução de problemas de Capitalização Antecipada e que a página Equivalência de Capitais não resolvia questões da área, e sim de Capitalização Composta. Desse modo, ela sugeriu-nos a criação de outra página, e essa sugestão muito nos ajudou no sucesso desse trabalho. Esta foi criada ao longo da semana, a partir de uma nova classe e de um design semelhante, porém mais complexo do que o adotado até então. Em uma reunião com o grupo, definimos que convinha manter a página e renomeá-la para Capitalização Composta, pois suas funcionalidades estão dentro do âmbito de Matemática Financeira. Ao final da semana, terminamos a terceira versão do software. Décima Primeira Semana Na décima primeira semana, apresentamos o programa ao público. Optamos por uma apresentação com poucos recursos multimídia, uma vez que tínhamos como escopo a simplicidade e a objetividade. Em uma conversa ao final da apresentação, avaliamos como positiva a apresentação. Ao final da semana, alguns erros foram constatados e solucionados. Estava pronta a quarta e última versão da Calculadora para Financiamentos, a qual foi entregue para testes no dia 28/11/2012. Quadro 9 – Relatório das aulas de desenvolvimento do Objeto de Aprendizagem do Grupo A. 120 7.3 Análise dos Objetos de Aprendizagem por bloco temático Faremos, agora, uma análise de todos os objetos de aprendizagem criados pelos grupos. Estabeleceremos algumas inferências a partir da documentação coletada e das observações dos professores envolvidos. Inicialmente, cabe destacar que os grupos desenvolveram suas atividades com muita propriedade, atendendo a todos os critérios estabelecidos pela professora orientadora. De forma geral, os alunos colaboraram para o desenvolvimento da investigação, participando ativamente das tarefas propostas. A professora de Finanças verificou, por meio da observação das aulas desenvolvidas no laboratório de informática, não só a excitação dos alunos em usar tecnologias na Matemática Financeira, principalmente por terem a liberdade de criação de objetos de aprendizagem dentro dos temas sorteados pelos grupos, bem como a motivação e o empenho que eles demonstraram em superar suas limitações nas disciplinas de Finanças e na de Linguagem de Programação, construindo a própria aprendizagem. Os professores de Linguagem de Programação, apesar de terem participado de várias atividades interdisciplinares, nunca haviam participado especificamente de atividades interdisciplinares envolvendo a criação de objetos de aprendizagem na área financeira. Eles sentiram-se gratificados com os resultados apresentados, quando da finalização e apresentação dos Objetos de Aprendizagem criados pelos grupos, e principalmente com a motivação dos alunos durante o desenvolvimento dos trabalhos. A seguir, faremos uma breve descrição dos objetos de aprendizagem criados. Os mesmos foram agrupados por temática. 7.3.1 Capitalização Simples, Capitalização Composta e Equivalência de Taxas: I) Nosso Banco 121 Aplicativo que tem como objetivo servir como uma calculadora financeira ou até mesmo simular um investimento e um empréstimo. O usuário poderá simular o seu capital, o montante, a taxa, os juros e até mesmo o prazo de sua aplicação. Pode ser utilizado por qualquer pessoa, até mesmo por uma pessoa leiga em Matemática Financeira, pois o aplicativo está muito bem estruturado e explicado. Caso haja alguma dúvida, possui uma aba de informações, onde é explicado cada termo financeiro abordado. Figura 14 – Tela inicial do objeto de aprendizagem Nosso Banco Fonte: Dados do pesquisador Figura 15 – Nosso Banco: Função Poupança do Objeto de Aprendizagem Nossa Banco. Fonte: Dados do pesquisador 122 Figura 16 – Nosso Banco: Função Empréstimo do Objeto de Aprendizagem Nossa Banco. Fonte: Dados do pesquisador Figura 17 – Nosso Banco: Equivalência de Taxas Fonte: Dados do pesquisador 123 Figura 18 – Nosso Banco: Equivalência de Taxas Efetiva. Fonte: Dados do pesquisador Figura 19 – Manual do Objeto de Aprendizagem Nosso Banco. Fonte: Dados do pesquisador 124 Na análise do aplicativo, percebemos o quanto os alunos desse grupo evoluíram quanto ao conhecimento financeiro adquirido. Na primeira etapa da nossa pesquisa, esses mesmos alunos apresentavam certa dificuldade com o raciocínio financeiro e com a assimilação dos conceitos básicos desenvolvidos. Isso fica evidenciado nos mapas conceituais iniciais de cada um dos alunos. Na criação do objeto de aprendizagem, houve necessidade de o grupo retomar os conceitos financeiros para conseguir executar a lógica de programação. Apesar da grande dificuldade relatada por eles, no que diz respeito à Equivalência de Taxas, após incansáveis tentativas, com a ajuda dos outros grupos e assessoria dos professores, eles conseguiram vencer as dificuldades e o resultado foi muito satisfatório. Demonstra-se, com isso, o quanto a construção do Objeto de Aprendizagem contribuiu com a aprendizagem contextualizada da Matemática Financeira para esses alunos, revelando que o objetivo geral desta pesquisa foi alcançado neste objeto de aprendizagem. Os OA podem ser criados em qualquer mídia ou formato. Contem desde uma simples animação ou uma representação de slides, até elementos complexos, como simulações construídas através de sofisticados recursos computacionais. Não há limite de tamanho para estes objetos, porém existe o consenso de que ele deve ter um propósito educacional definido, um elemento que estimule a reflexão do estudante. (BRASIL, 2007, p. 20). II) Calculadora de Capitalização Simples e Composta com Equivalência de Taxas A referida calculadora apresenta programa de fácil manuseio para auxiliar as pessoas que precisam fazer cálculos de capitalização simples e/ou composta, equivalência de taxas. É voltada para usuários que trabalhem com Matemática Financeira ou pessoas que possuam certo conhecimento da matéria. 125 Figura 20 – Tela Inicial da Calculadora de Capitalização Simples, Composta e Taxas Fonte: Dados do pesquisador Constatamos que o grupo possui grande potencial para desenvolver um objeto de aprendizagem mais completo, para efetuar os cálculos financeiros. Como aspecto negativo, percebemos que esse objeto poderia ter um tutorial para estender o acesso à calculadora criada a um público sem conhecimento dos conceitos financeiros, aproveitando também para melhorar os conhecimentos já adquiridos pelo grupo. Como essa pesquisa sempre quis dar a liberdade de criação aos próprios grupos, por se tratar de uma pesquisa-ação, mesmo percebendo durante o desenvolvimento dos trabalhos que o grupo era composto por alunos com uma capacidade de desenvolvimento superior ao objeto criado, optamos por não interferir. Acreditamos que os conceitos financeiros já haviam sido assimilados na primeira etapa desta pesquisa. A maior contribuição para os componentes do referido grupo foi direcionada à lógica para a programação de equivalência de taxas, com a qual eles relataram ter tido dificuldade durante a programação. Contudo, conseguiram concluir a tarefa, utilizando os códigos de laços de repetição dentro de laço de repetição, um obstáculo superado por eles mesmos, o que torna a solução mais significativa. 126 III) PAC – Programa de Ajuda ao Cliente Objeto de Aprendizagem que visa atender às necessidades dos usuários em um projeto que resolva de maneira clara e objetiva os cálculos financeiros. O usuário deverá ter algum conhecimento de Matemática Financeira, ou poderá recorrer ao botão “Ajuda”, onde encontrará explicações sobre os conceitos financeiros e também orientações quanto ao funcionamento do software. Figura 21 – Tela Inicial do Objeto de Aprendizagem PAC Fonte: Dados do pesquisador 127 Figura 22 – PAC: Capitalização Composta Fonte: Dados do pesquisador Figura 23 – PAC: Tela de Ajuda Fonte: Dados do pesquisador 128 Durante o desenvolvimento do programa, o grupo teve dificuldades com a aplicação das fórmulas de Equivalência de Taxas na Linguagem de Programação. Para solucionar esse problema, os discentes relataram ter tido a necessidade de reunir o grupo algumas vezes fora da escola. Colocaram em seus relatórios que as discussões e os repetidos erros em que incorriam os desafiaram a buscar uma solução para o problema, a qual foi alcançada. [...] conhecimento prévio é o fator determinante da aprendizagem significativa, ela, automaticamente, deixa de ser o processo errático e ateórico que caracteriza a aprendizagem por ensaio-e-erro. A ideia aqui é a de que o ser humano erra o tempo todo. É da natureza humana errar. O homem aprende corrigindo seus erros. Não há nada errado em errar. Errado é pensar que a certeza existe que a verdade é absoluta, que o conhecimento é permanente. (MOREIRA, 2005, p. 14). Concluímos que esse objeto de aprendizagem executa todas as operações relacionadas à transformação de taxas, e que todo esse processo de construção do aplicativo realizado pelo grupo fez com que eles ressignificassem sua própria aprendizagem. IV) Melhor Compra – Site de capitalização para idosos Site criado com o objetivo de ajudar pessoas com problemas financeiros. Por ser direcionado a um público de mais idade, tem como objetivo ser uma ferramenta simples e rápida. É autoexplicativo, ou seja, todos os campos da calculadora possuem um mecanismo que proporciona explicação a cada clique, promovendo maior eficácia, mesmo para usuários que não tenham conhecimento sobre internet ou finanças. As outras páginas são explicativas, contêm dicas, truques e explanações sobre Matemática Financeira. 129 Figura 24 – Tela Inicial Melhor Compra Fonte: Dados do pesquisador 130 Figura 25 – Melhor Compra: O que são juros? Fonte: Dados do pesquisador 131 Figura 26 – Melhor Compra: Vamos capitalizar Fonte: Dados do pesquisador O grupo teve como preocupação principal o desenvolvimento de um site que apresentasse uma interface simples, voltado a ajudar pessoas com problemas financeiros, explicitando como funciona uma aplicação financeira, como calcular juros e taxas. O objetivo principal do site é alertar a população que não possui qualquer conhecimento financeiro a respeito das facilidades e dos abusos que podem ocorrer na realização de empréstimos e financiamentos, atualmente acessíveis a todos. Percebemos no site que todos os conceitos inerentes aos cálculos apresentados estão claros para o grupo. Uma linguagem fácil que explica cada um dos conceitos financeiros. 132 O fato de termos propiciado aos estudantes a oportunidade, por meio da interdisciplinaridade de Finanças com Linguagem de Programação, de criar objetos de aprendizagem, fez com que eles traduzissem a aprendizagem, que já haviam adquirido na primeira etapa dessa pesquisa, para o objetivo estabelecido pelo grupo, qual seja, o de esclarecer financeiramente todos aqueles que nunca tiveram acesso a esses conceitos. Com isso, eles realizaram realmente a sua aprendizagem, de forma significativa. V) Money you up – Site de Capitalização Financeira Tem como objetivo contribuir com a organização financeira dos usuários, oferecendo a visualização das transações nas formas de capitalização simples e/ou composta, visando além da manipulação dos dados das transações por parte dos usuários, a conscientização dos mesmos após efetuar essa manipulação. O site é acessível a qualquer usuário que possua internet, esta disponível em: www.moneyoup.freevar.com. Figura 27 – Tela Inicial do Objeto de Aprendizagem Money you up Fonte: Dados do pesquisador 133 Figura 28 – Controle de Crédito do Objeto de Aprendizagem Money you up Fonte: Dados do pesquisador Na construção desse site, o foco principal do grupo foi proporcionar uma organização dos cálculos financeiros, com o intuito de evitar o endividamento. Para isso, percebemos que os discentes adquiriram um conhecimento mais aprofundado sobre os processos realizados durante a capitalização de valores. Essa preocupação do grupo com o crescimento do endividamento das pessoas é um reconhecimento da importância do conteúdo financeiro, na Matemática, para o desenvolvimento da cidadania, o que vai ao encontro de um dos nossos objetivos específicos. VI) Capitalização Financeira para Android De$complica Aplicativo para celular, cujo foco é facilitar cálculos financeiros em relação à capitalização. O usuário escolherá entre capitalização simples ou composta, facilitando sua vida com contas, aplicações, compras, juros. 134 Pretende atingir todo tipo de usuário, sem a necessidade do conhecimento específico de Matemática Financeira. Com um design simples, de fácil compreensão, propicia a solução de problemas em pouco tempo. Figura 29 – Capitalização Financeira para Android: Ambiente criado pelo Grupo B Fonte: Dados do pesquisador Na perspectiva desta investigação, o objeto de aprendizagem é claro e conciso, apresentando quatro campos: ”Capital Inicial”, “Montante”, “Taxa de Juros” e “Tempo”. É necessário o preenchimento de apenas três deles, mostrando, assim, a informação que falta. Oferece, ainda, a opção de escolha entre capitalização simples ou composta e proporciona a possibilidade de alteração tanto do tipo de capitalização como da forma como a capitalização é realizada. O grupo conseguiu condensar todo o conteúdo necessário para o desenvolvimento do seu tema em duas telas claras e objetivas. Com esse aplicativo o grupo reconhece a importância, na Matemática, do conteúdo financeiro para o desenvolvimento da cidadania, o que é um dos objetivos específicos propostos por esta pesquisa. Este trabalho foi um dos selecionados para participar do IV COBRIC (Congresso Brasileiro de Iniciação Científica). 135 7.3.2 Desconto Simples, Desconto Composto e Equivalência de Taxas. VII) H.E.L.P.D.E.S.C. Software criado para auxiliar o estudante no desenvolvimento de seu aprendizado na disciplina de Matemática Financeira, propiciando-lhe um melhor rendimento por meio de um mecanismo que irá sanar as dúvidas relacionadas a desconto simples e desconto composto. Figura 30 – Tela inicial do objeto de aprendizagem H.E.L.P.D.E.S.C. Fonte: Dados do pesquisador Figura 31 – H.E.L.P.D.E.S.C.: Desconto Simples Racional e Comercial Fonte: Dados do pesquisador 136 Figura 32 – H.E.L.P.D.E.S.C.: Desconto Composto Fonte: Dados do pesquisador Analisando esse software, percebemos que o grupo conseguiu criar um objeto de aprendizagem para ajudar o estudante no desenvolvimento de seu estudo relacionado a desconto simples e desconto composto. As telas, direcionadas aos cálculos de uma operação de desconto, são bem diretas, fáceis e claras. A tela “Ajuda” consegue trazer todos os conceitos relacionados ao tema e também explica passo a passo como utilizar o software. A criação desse objeto de aprendizagem contribuiu para o desenvolvimento de conteúdos financeiros e demonstrou a capacidade dos alunos de direcionar seus conhecimentos financeiros e tecnológicos, por meio da interdisciplinaridade. VIII) Vértice Software que proporciona, por meio de aparência agradável, maior facilidade na resolução de problemas de natureza financeira que envolva Desconto Simples Racional ou Comercial e Desconto Composto Racional. Procura oferecer uma estrutura que faça do seu uso algo intuitivo e fácil, mesmo a usuários que não possuam muito conhecimento, uma vez que apresenta um Manual do usuário, que por meio de imagens e de uma sucinta explicação, esclarece dúvidas sobre o funcionamento do software e apresenta definições de Matemática Financeira. Tem como diferencial a possibilidade de gerar dois tipos de títulos, a Nota Promissória e a Duplicata Mercantil, os quais podem ser impressos pelo usuário. 137 Figura 33 – Tela Inicial do Objeto de Aprendizagem Vértice Fonte: Dados do pesquisador Figura 34 – Vértice: Auxiliar Financeiro – Desconto Simples Fonte: Dados do pesquisador 138 Figura 35 – Vértice: Gerador de Título Fonte: Dados do pesquisador Figura 36 – Vértice: Tela tutorial Fonte: Dados do pesquisador 139 O produto final desse trabalho superou as nossas expectativas. O grupo criou um objeto de aprendizagem detalhado e completo, com telas que abordam todo o conteúdo relacionado a Descontos. Percebemos que o grupo que desenvolveu o referido objeto de aprendizagem o fez não apenas para cumprir uma tarefa da disciplina de Finanças, mas sim aproveitou a oportunidade para desenvolver os seus conhecimentos financeiros e em Linguagem de Programação, construindo a sua própria aprendizagem. IX) “DescCalc” - Calculadora digital de Descontos Simples e Composto O programa tem como objetivo principal auxiliar o usuário que, em seu cotidiano, realiza cálculos relacionados ao conceito de desconto simples e de composto. Visa à facilidade e à agilidade no trabalho de contadores, economistas ou outros profissionais ligados ao mercado financeiro. Figura 37 – DesCalc: Calculadora de Descontos Fonte: Dados do pesquisador 140 Figura 38 – DesCalc: Tela de Resultados Fonte: Dados do pesquisador Foram realizadas experiências com o programa DescCalc com um profissional de contabilidade, que trabalha como contador há 21 anos e é também professor. Ele experimentou o programa em seu computador e relatou sua opinião: “Ter um programa como esse seria uma mão na roda para a vida de qualquer contador, pois o Excel faz somente cálculos e não gera fórmulas. Somos nós que temos que construir as fórmulas e temos que tomar muito cuidado para não cometer erros. O DescCalc agilizaria muito o meu trabalho, com certeza! Na realidade, não só contadores se beneficiariam com esse programa, advogados também, pois, às vezes, eles têm que defender ações que precisam calcular os abusos nas taxas de juros de uma determinada empresa, e muitos não sabem mexer direito no Excel. O Programa DescCalc facilitaria esse processo, pois só bastaria saber os valores necessários para fazer a conta e não como ela é formulada. Além disso, se a população tivesse um programa como o de vocês em casa, não seria enganada pela maioria das lojas por aí.” Com esse relato, conseguimos identificar que o programa oferece benefícios para profissionais e a população em geral, pois é dinâmico e útil, o que nos leva a concluir que um dos objetivos específicos da nossa pesquisa (Elaborar atividades 141 investigativas que contribuam para o desenvolvimento de conceitos financeiros e busquem solucionar situações cotidianas) foi alcançado. X) Calculadora de Desconto Simples e Composto O grupo teve como propósito elaborar um instrumento prático que facilitasse a vida de qualquer usuário interessado em solucionar suas dúvidas econômicas associadas a desconto simples, desconto composto e equivalência de taxas. O programa está destinado a um público que conheça um conteúdo mínimo de Finanças, pois é necessário que o usuário tenha consciência a respeito do que são os dados cobrados pelo programa, para que possa digitá-los nos campos respectivos e com isso obter a informação correta. Figura 39 – Calculadora de descontos simples e compostos Fonte: Dados do pesquisador 142 Figura 40 – Calculadora de descontos simples e compostos: manual do usuário Fonte: Dados do pesquisador Esse objeto de aprendizagem consegue abordar todos os possíveis questionamentos tanto em Desconto Simples como em Desconto Composto de Capitais, demonstrando com isso que os conceitos envolvidos foram todos desenvolvidos e bem aplicados no trabalho. XI) Calculadora Básica de Desconto O programa tem como funcionalidade gerar resultados de Valor Nominal, Desconto e Valor Atual (Valor Líquido). É necessário que o usuário digite a taxa, o prazo e pelo menos um dos valores anteriormente ditos. Esse programa ajudará o usuário a tomar conhecimento tanto do desconto de um título ou duplicata como do valor líquido desse título. O grupo procurou elaborar um software básico para que o usuário pudesse utilizá-lo sem qualquer dificuldade. 143 Figura 41 – Calculadora Básica de Descontos – Tela Inicial Fonte: Dados do pesquisador Figura 42 – Calculadora Básica de Descontos – Desconto Racional Simples Fonte: Dados do pesquisador 144 Figura 43 – Calculadora Básica de Descontos – Desconto Comercial Simples Fonte: Dados do pesquisador Figura 44 – Calculadora Básica de Descontos – Desconto Racional Composto Fonte: Dados do pesquisador 145 Figura 45 – Calculadora Básica de Descontos – Desconto Comercial Composto Podemos constatar que os integrantes desse grupo apresentam um grande potencial teórico e poderiam ter desenvolvido um objeto de aprendizagem mais completo. Apesar dos cálculos financeiros estarem bem aplicáveis no objeto, percebemos que falta um tutorial para orientar manipulador. Novamente reiteramos que, como a presente pesquisa sempre quis dar liberdade de criação aos próprios grupos, por se tratar de uma pesquisa-ação, mesmo percebendo durante o desenvolvimento dos trabalhos que o grupo era composto por alunos com uma capacidade de desenvolvimento superior ao objeto criado, decidimos por não interferir. Acreditamos que, para esse grupo, a criação do objeto de aprendizagem serviu apenas como um fator motivacional, não contribuindo para o desenvolvimento de conceitos financeiros. XII) Software Financeiro Esse software tem como principal proposta facilitar o cálculo de expressões relacionadas a Desconto e Equivalência de Taxas para aqueles que nunca tiveram contato com a Matemática Financeira. Tem como diferencial a introdução dos “métodos de cálculo”. Aparece no canto da tela do programa a especificação do cálculo que foi utilizado, para que o usuário entenda a conta que o software faz. 146 O grupo salienta que não se trata de uma simples calculadora financeira. Há uma interação com o usuário leigo em finanças, que poderá ter relações mais responsáveis com seu dinheiro e suas economias. Figura 46 – Software Financeiro: Tela Inicial Fonte: Dados do pesquisador Figura 47 – Software Financeiro: Ajuda Fonte: Dados do pesquisador 147 Podemos perceber que o grupo teve a preocupação de enriquecer o seu objeto de aprendizagem, deixando uma tela em branco no canto direito, onde aparecem todas as operações realizadas pelo software, facilitando o entendimento do usuário. Toda a criação foi desenvolvida a partir das habilidades dos componentes do grupo. Alguns alunos ficaram responsáveis pela parte conceitual do programa; outros; pela parte de programação aplicada; outros, ainda, ficaram na parte da programação. Com a junção desses conhecimentos do grupo houve uma construção mais cooperativa e agradável. De acordo com Moreira (2005, p. 9) a interação social é indispensável para a concretização de um episódio de ensino. Tal episódio ocorre quando professor e aluno compartilham significados em relação aos materiais educativos do currículo. 7.3.3 Equivalência de Capitais, Série Uniforme de Pagamentos e Equivalência de Taxas XIII) MFO – Matemática Financeira OnLine O projeto teve como base o desenvolvimento do mesmo programa para diversas plataformas, ou seja, a intenção do grupo foi criar um programa que funcionasse tanto em um computador básico, como em aplicativos móveis (celulares com Android, iPhones e iPods). O foco principal foi a praticidade e a portabilidade do projeto. O programa desenvolvido facilita o cálculo de operações financeiras de um modo prático, eficiente e interativo. O grupo colocou como aspecto motivacional a ausência de aplicativos e programas nessa área da Matemática Financeira. 148 Figura 48 – Objeto de Aprendizagem MFO Fonte: Dados do pesquisador O referido grupo, na primeira etapa desta pesquisa, era totalmente desmotivado devido à falta de interesse na disciplina de Finanças, apresentava grande dificuldade para o entendimento e a assimilação dos conceitos financeiros. Já na segunda etapa, a interdisciplinaridade com a disciplina de Linguagem de Programação e a criação do Objeto de Aprendizagem mudou completamente a postura dos discentes. Eles começaram a participar e procuravam pela professora regente da disciplina de Finanças, para entenderem os conceitos financeiros. Com isso, conseguirem criar a lógica para a programação, relacionando os conteúdos financeiros à programação. Como afirma Fazenda (1999, p.29), “O diálogo, a ousadia da busca e da pesquisa, é a transformação da insegurança num exercício do pensar, num construir”. Além de criarem um programa diferenciado, tanto no conteúdo quanto no design gráfico, apresentaram excelentes resultados na disciplina de Finanças. Podemos concluir que eles construíram o seu próprio aprendizado. 149 XIV) Aprendendo Matemática Financeira Trata-se de um software para plataforma Windows, que além de efetuar contas de equivalência de capitais e série uniforme de pagamentos, contém uma parte teórica cujo objetivo é ensinar conceitos, fórmulas e aplicações, bem como exemplos resolvidos para maior entendimento do usuário, sobre finanças. O objetivo principal do programa é ajudar o estudante por meio de interface gráfica a entender melhor a teoria e a prática da Matemática Financeira, como também suas aplicações, mostrando a vantagem ou desvantagem de determinados acordos financeiros. Figura 49 – Objeto de Aprendizagem Aprendendo Matemática Financeira: Quantidade de Parcelas e Equivalência de Taxas. Fonte: Dados do pesquisador 150 Figura 50 – Objeto de Aprendizagem Aprendendo Matemática Financeira: Parcela e Valor a vista com Entrada. Fonte: Dados do pesquisador Figura 51 – Objeto de Aprendizagem Aprendendo Matemática Financeira: Capitalização com parcelas diferentes. 151 Com a criação de um programa com o objetivo principal descrito anteriormente, fica claro que o grupo reconhece a importância, na Matemática, do conteúdo financeiro para o desenvolvimento da cidadania, que é um dos objetivos específicos desta pesquisa. Na construção desse objeto de aprendizagem, o foco principal do grupo foi proporcionar uma organização dos cálculos financeiros, com o propósito de evitar o endividamento. Para isso percebemos que eles adquiriram um conhecimento mais aprofundado sobre os processos realizados durante a análise das diferentes formas de pagamento. Vemos novamente nesse grupo a preocupação com o crescimento do endividamento das pessoas. É o reconhecimento da importância do conteúdo financeiro, na Matemática, para o desenvolvimento da cidadania, o que vai ao encontro de um dos nossos objetivos ocultos presentes na pesquisa. Este trabalho foi um dos selecionados para participar do IV COBRIC (Congresso Brasileiro de Iniciação Científica). XV) EasyFinance O EasyFinance.exe e o EasyFinance.php são duas aplicações feitas pelo grupo. O objetivo foi alcançar usuários que não tivessem conhecimento para resolver questões de Matemática Financeira relacionadas aos temas Equivalência de Capitais e Série Uniforme de Pagamentos. Em ambas as aplicações, software ou site, o usuário tem a opção “Ajuda”, onde ele obterá conhecimento básico sobre o que está por trás do programa. de 152 Figura 52 – Tela Inicial do EasyFinance Fonte: Dados do pesquisador Figura 53 – EasyFinance: Equivalência de Taxas Fonte: Dados do pesquisador 153 Figura 54 – EasyFinance: Ajuda Fonte: Dados do pesquisador Os objetos de aprendizagem (site e software) conseguem abordar todos os possíveis questionamentos tanto em Equivalência de Capitais como em Sequência Uniforme de Capitais, demonstrando, com isso, que os conceitos envolvidos foram todos absorvidos e bem aplicados no desenvolvimento do trabalho, tornando a aprendizagem desenvolvida significativa. [...] a essência do processo de aprendizagem significativa é que as ideias simbolicamente expressas sejam relacionadas de maneira substantiva (não literal) e não arbitrária ao que o aprendiz já sabe, ou seja, a algum aspecto de sua estrutura cognitiva especificamente relevante para a aprendizagem dessas ideias. Este aspecto especificamente relevante pode ser, por exemplo uma imagem, um símbolo, uma proposição ou algo significativo (MOREIRA, 1982, p. 155-156). XVI) Finanças – Fácil e Rápido A proposta do grupo foi de desenvolver uma ferramenta que fornecesse ao consumidor a consciência do que o mercado lhe propõe e os reais valores descritos em um contrato, evitando, assim, que ele seja vítima de juros abusivos. Visando à facilidade de usabilidade, o programa automaticamente faz a equivalência de taxa com o período. 154 Figura 55 – Tela Inicial do Objeto Aprendizagem Finanças Fácil e Rápido Fonte: Dados do pesquisador Figura 56 – Finanças Fácil e Rápido: Equivalência de Capitais – Valor Atual Fonte: Dados do pesquisador de 155 Figura 57 – Finanças Fácil e Rápido: Equivalência de Capitais – Prorrogação Fonte: Dados do pesquisador Figura 58 – Finanças Fácil e Rápido: Sequencia Uniforme de Capitais. Fonte: Dados do pesquisador 156 O grupo salientou, na conclusão do projeto, que o mesmo proporcionou a seus membros a chance de notar a interdisciplinaridade entre Finanças e Informática. Eles sentiram-se motivados pela liberdade de escolha da linguagem de programação a ser utilizada nos aplicativos, o que os fez aprimorar o conhecimento tanto na linguagem escolhida quanto na solução das dificuldades que foram surgindo para a execução dos cálculos financeiros. Assim, percebemos, no relato do referido grupo, que um dos objetivos específicos propostos nesta tese (Criar objetos de aprendizagem que contribuam para o desenvolvimento de conteúdos financeiros através de atividades interdisciplinares) fica evidenciado neste trabalho. XVII) Calculadora Financeira Objeto de Aprendizagem direcionado a usuários que tenham algum conhecimento de Matemática Financeira, baseado em uma espécie de calculadora financeira que pode exercer certos cálculos específicos, como calcular taxas de juros equivalentes, fazer trocas entre planos e calcular uma sequência uniforme de pagamentos. O grupo destaca que: “Ao realizar este trabalho, durante todo o decorrer, encontramos diversos problemas e vimos nossa dificuldade, tanto na parte de programação e desenvolvimento quanto na parte do tema abordado. A maioria dos nossos objetivos propostos inicialmente foi alcançada na finalização do programa, juntando praticidade e velocidade. Adquirimos conhecimento na realização do trabalho que provavelmente levaremos para a nossa vida profissional.” 157 Figura 59 – Tela Inicial do Objeto de Aprendizagem Calculadora Financeira – Equivalência de Taxas. Fonte: Dados do pesquisador Figura 60 – Calculadora Financeira: Equivalência de Capitais Fonte: Dados do pesquisador 158 Verificamos que esse objeto de aprendizagem é bem completo, dentro da aba selecionada para Equivalência de Capitais ele possibilita a inserção de pagamentos novos, o cancelamento de um ou mais pagamentos já inseridos, e o principal é a possibilidade de comparar diferentes planos de pagamentos, dando ao usuário a possibilidade de uma melhor escolha. Observamos de forma recorrente a ressignificação de conceitos e conteúdos financeiros onde o aluno é sujeito ativo em sua aprendizagem conforme destacado pela aprendizagem significativa. [...] podemos afirmar que a Aprendizagem Significativa acontece quando novas informações e ideias entram em interação com conceitos definidos que fazem parte da estrutura cognitiva do aluno, que por ele possa ser assimilado, fortalecendo assim sua aprendizagem. (MOTTA, 2012, p. 96). XVIII) Calculadora para Financiamentos A calculadora para financiamentos dispõe de três páginas responsáveis cada qual por um tema da Matemática Financeira, de modo a proporcionar ao usuário com certo conhecimento na área um uso fácil e intuitivo do software. Figura 61 – Calculadora Financiamento: Sequencia Uniforme de Capitais Fonte: Dados do pesquisador 159 Os recursos do software agregam funções que foram além das designadas na distribuição dos temas, foi criada uma aba denominada “Capitalização Composta” no formulário principal, o grupo entendeu que o cálculo da capitalização com juros compostos era de vital importância para as posteriores operações de Sequência Uniforme de Capitais. Figura 62 – Calculadora Financiamento: Equivalência de Capitais Fonte: Dados do pesquisador Figura 63 – Calculadora Financiamento: Capitalização Composta Fonte: Dados do pesquisador 160 Esse grupo teve grande facilidade na parte técnica, os algoritmos de criação do código-fonte ficaram prontos rapidamente, com exceção do que seria utilizado para o cálculo dos juros na Sequência Uniforme de Capitais, o qual necessitou de muita pesquisa e interação com os demais grupos e o professor de Linguagem de Programação para ser elaborado. Dadas essas dificuldades, percebemos que o conteúdo financeiro necessário para o desenvolvimento desse objeto de aprendizagem foi amplamente pesquisado e incorporado pelos alunos. 7.3.4 Reflexão sobre os Objetos de Aprendizagem Criados. No total, foram criadas 18 propostas tecnológicas para aplicação da disciplina de Finanças de forma interdisciplinar com as disciplinas de Linguagem de Programação I e II. Notamos que, dentre as propostas criadas pelos grupos, três foram desenvolvidas tendo como base a criação de páginas da internet, uma mescla aplicativo e site, uma cria aplicativo para celular com sistema operacional Android e as outras se concentraram na criação de softwares. Em apenas dois dos objetos de aprendizagem (Calculadora de Capitalização Simples e Composta com Equivalência de Taxas e Calculadora Básica de Descontos), identificamos certo desencontro entre o conhecimento financeiro do grupo e a proposta criada. Notamos que os grupos desenvolveram seus projetos apenas para atendimento dos requisitos mínimos exigidos na pesquisa. Os dois objetos em destaque funcionaram a contento, mas poderiam ter aprofundado melhor os conceitos financeiros desenvolvidos na primeira fase desta investigação. Diante do contexto apresentado, a maior parte dos objetos de aprendizagem descritos nos leva ao alcance dos objetivos desta pesquisa, cada um com sua peculiaridade e característica própria. A liberdade dada aos grupos para a criação dos seus objetos de aprendizagem nos proporcionou um resultado rico em criatividade e superação das limitações de cada um deles, tanto nas suas limitações relacionadas à aplicabilidade dos conceitos financeiros, como nas dificuldades que surgiram para a construção técnica durante a elaboração dos mesmos. 161 7.4 Análises dos Mapas Conceituais Finais Ao término da disciplina, foi solicitado aos alunos que refizessem um novo mapa conceitual sobre Finanças. Para construir esse mapa, eles poderiam mobilizar todos os conhecimentos adquiridos ao longo dos meses do experimento. Nesse momento, o mapa final será comparado ao mapa inicial, através do Questionário 4 (Apêndice D). Após a finalização do mapa e preenchimento do questionário, foi proposto um novo questionário que visava a realizar uma avaliação final da disciplina. Passaremos, agora, a fazer uma análise comparativa dos mapas conceituais iniciais e finais de alguns alunos. Essa análise foi baseada nos seguintes parâmetros: conceitos apresentados e relacionamento entre os conceitos e a aplicabilidade da Matemática Financeira na realidade. Como não é possível apresentar todos os mapas criados, destacaremos, a priori, três alunos e seus respectivos desenvolvimentos. Cabe destacar que esta escolha foi estabelecida de forma aleatória, sendo um aluno de cada um dos blocos temáticos estabelecidos na criação dos objetos de aprendizagem. 7.4.1 Análise dos mapas do aluno A No mapa conceitual inicial, existe uma tentativa do aluno de explicitar suas considerações sobre Finanças, relacionando-as com a capacidade de adquirir recursos e a forma de administrá-los, mas suas inferências ficam inconclusivas (Figura 64). 162 Figura 64 – Mapa conceitual inicial do aluno A. Fonte: Dados do pesquisador Ao observarmos o mapa final, conforme Figura 65, notamos aperfeiçoamento da linguagem e do conhecimento sobre a temática explorada. Figura 65 – Mapa conceitual final do aluno A. Fonte: Dados do pesquisador um 163 Notamos que houve uma mudança de rumo de um mapa para outro, sendo o segundo mapa mais específico. Elementos que não estavam presentes no mapa inicial agregaram-se ao novo mapa. Para o aluno, o primeiro mapa demonstrava falta de conhecimento específico; no mapa final, ele já conseguiu atribuir conceitos, fazendo ligações com seu cotidiano, o que é essencial a sua vida profissional. Essa atitude do aluno A demonstra um amadurecimento de seu processo de aprendizagem, fazendo com que a Matemática Financeira se torne significativa em sua vida. Ao compararmos os mapas, fica evidente que o participante passou por um processo de reavaliação do que já achava que sabia, incluindo em suas estruturas cognitivas novas informações que fossem necessárias para modificar a condição inicial, tornando sua Aprendizagem Significativa. 7.4.2 Análise dos mapas do aluno B1 O Mapa Conceitual Inicial do aluno B1 foi relacionado ao que é necessário para o aprendizado em qualquer disciplina, não se atendo, especificamente, à disciplina de finanças. O aluno não conseguiu especificar conceitos nem ações relacionadas a Finanças. Figura 66 – Mapa conceitual inicial do aluno B1. Fonte: Dados do pesquisador 164 No Mapa Conceitual Final, o aluno B1 demonstra o conhecimento dos conceitos relacionados à disciplina de Finanças, bem como a aplicabilidade desse conhecimento adquirido no seu cotidiano. Fica evidente a evolução do mesmo, conforme Figura 67. Figura 67 – Mapa conceitual final do aluno B1. Fonte: Dados do pesquisador Analisando o Questionário de Avaliação dos Mapas Conceituais do aluno B1, verificamos que o discente coloca na questão 3, conforme figura 68, aplicações dos conceitos adquiridos na forma de atitudes que o ajudarão na administração da sua vida financeira. Figura 68 – Resposta a questão 3 do aluno B1. Fonte: Dados do pesquisador 165 Assim, esse aluno ressignificou sua aprendizagem, destacando conceitos até então ausentes de seus esquemas mentais e visualizando suas aplicações. É importante destacar também a resposta do aluno B1 à questão 4, na qual ele afirma que a criação do objeto de aprendizagem contribuiu para o desenvolvimento de conceitos matemáticos e financeiros, conforme Figura 69. Figura 69 – Resposta a questão 4 do aluno B1. Fonte: Dados do pesquisador As considerações colocadas pelo aluno B1 vão ao encontro do Objetivo Geral e dos objetivos específicos desta pesquisa. 7.4.3 Análise dos mapas do aluno C2 No Mapa Conceitual Inicial, o aluno C2 abordou uma série de questões relacionadas à administração de capital e gestão do próprio dinheiro, com uma visão administrativa, conforme Figura 70. 166 Figura 70 – Mapa conceitual inicial do aluno C2. Fonte: Dados do pesquisador No Mapa conceitual Final o aluno C2 conseguiu relacionar os conteúdos abordados na disciplina de Finanças com a aplicabilidade na sua vida pessoal, como destacado na Figura 71. Figura 71 – Mapa conceitual final do aluno C2. Fonte: Dados do pesquisador 167 Os mapas desenvolvidos demonstram uma evolução no relacionamento entre os conceitos financeiros. O aluno deixa evidente em seu mapa e em suas colocações que o processo de aprendizagem significativa é desenvolvido por meio da interação entre ideias, que podem ser representadas simbolicamente, de modo não-arbitrário e substantivo, isto é, não-literal, “com aspectos específicos já presentes na estrutura cognitiva do indivíduo. Assim, o conhecimento que o aluno possui – conhecimentos prévios – é o fator isolado mais importante que influenciará na aprendizagem subsequente.” (AUSUBEL, 1978, p. 56). No questionário de avaliação dos mapas conceituais, o aluno C2 destacou na resposta da questão 4, a importância da criação dos objetos de aprendizagem para o desenvolvimento do seu conhecimento financeiro, e o quanto a interdisciplinaridade do trabalho o auxiliou em outras disciplinas, conforme Figura 72. Figura 72 – Resposta questão 4 do aluno C2. Após a criação dos objetos de aprendizagem, o aluno institucionaliza o conteúdo, demonstrando suas aplicações no cotidiano, e cria um pensamento reflexivo e crítico sobre o que foi apresentado, tornando-o agente ativo de sua aprendizagem. Nos três casos apresentados, notamos um enriquecimento das estruturas cognitivas dos alunos após a interação do conteúdo financeiro com o conteúdo de linguagem de programação e a criação dos respectivos objetos de aprendizagem. 168 Notamos que os objetos de aprendizagem foram construídos a partir de conceitos desenvolvidos em sala de aula e organizados hierarquicamente. Houve uma notável evolução na construção dos Mapas da maioria dos 76 alunos investigados. Eles passaram a usar uma linguagem mais específica, utilizaram as definições aprendidas na teoria, demonstrando entender onde elas podiam ser aplicadas na prática cotidiana. Os próprios alunos, ao compararem seus mapas conceituais, destacam que compreenderam a real importância dos conhecimentos financeiros para o seu futuro, que conseguiram visualizar onde determinados tópicos da teoria podiam ser utilizados. Como exemplo, colocaram a escolha pela melhor forma de pagamento; a necessidade dos cálculos para verificar o que é vantajoso ou não, dentre outros. 7.5 Análise do Questionário de Avaliação dos Mapas Conceituais O questionário de Avaliação dos Mapas Conceituais (Apêndice D) compôs-se de quatro questões com objetivo de auxiliar na análise dos Mapas Conceituais, pois, como já colocamos no Capítulo 5, segundo Novak (2009), “[...] mapeamento de conceitos é uma representação visual das relações entre conceitos detidos por um indivíduo.”. Tais conceitos estão ligados entre si e refletem a organização mental de cada indivíduo acerca de uma disciplina, de um livro, de uma experiência. Assim, são muito particulares e devem ser explicados por quem os fez. As questões 1, 2 e 3 ajudaram-nos a interpretar a evolução dos alunos. 1) Explique o primeiro mapa conceitual, feito por você, no início da disciplina de Finanças. 2) Explique o segundo mapa conceitual, feito por você, no término da disciplina. 3) Compare os dois mapas e identifique quais conceitos foram aprendidos por você durante a disciplina. Com esse questionário quisemos avaliar também a percepção que eles tiveram com relação à evolução na aprendizagem dos conceitos descritos em seus mapas e a importância do uso de tecnologias para o desenvolvimento desses conceitos. 169 A seguir, destacaremos a questão 4, realizando uma análise das respostas apresentadas. 4) O uso de tecnologias contribuiu para o desenvolvimento de conceitos matemáticos e financeiros? Justifique. As respostas apresentadas por todos os alunos foram favoráveis ao uso de tecnologias para o desenvolvimento dos conceitos matemáticos e financeiros. Conforme destacamos a seguir: Aluno D: Acredito que não para o desenvolvimento, mas sim para a melhor fixação de tais conceitos. Aluno E: Os conceitos foram vistos com mais detalhes e por todos os ângulos, desde uma pessoa totalmente ignorante até uma expert no assunto. Também foi necessário estudar mais os conceitos para que não houvesse falha no programa. Aluno F1: Com o desenvolvimento de um site para idosos, que faz capitalização, os conceitos deveriam estar claros e bem desenvolvidos, porque para explicar é preciso ter domínio do que é dito. Acrescentou matematicamente e pessoalmente, porque para desenvolver um site é preciso ter um conhecimento profundo em programação e em finanças. Aluno G2: O programa feito no último bimestre serviu para fixar ainda mais o conteúdo aprendido durante o ano letivo, visto que foi necessária uma análise completa da matéria para elaboração do programa. Aluno H: Contribuiu muito, porque é a partir da utilização de instrumentos cada vez mais modernos que facilitamos a nossa compreensão. Ainda em relação à questão 4, vale elencar algumas justificativas que vão ao encontro do objetivo geral desta pesquisa: Aluno I2: O projeto que desenvolvemos na disciplina envolveu, no meu caso, o tema desconto simples e desconto composto, com programação C#. O desenvolvimento dele só foi possível quando o nosso grupo dominou o conteúdo e conseguimos, através disso implementar as fórmulas ao programa. A proposta de interdisciplinaridade foi muito proveitosa pois, o uso da tecnologia ajudou na fixação do conteúdo. Aluno J: Foi a partir da integração (ou da interdisciplinaridade) entre informática e finanças que eu pude ter um contato mais aprofundado sobre Sequência Uniforme de Pagamentos, o que me auxiliou a entender as operações financeiras que fazemos no dia-a-dia, porém sem perceber. 170 Aluno K2: Unir as duas “matérias” gerou um conhecimento mais aprofundado tanto na área tecnológica quanto na financeira. Aluno L: Com o auxílio de tecnologias foi possível não só integrar dois segmentos de aprendizagem, mas também visualizar mais dinamicamente as aplicações da educação financeira e exportar isso para o ambiente externo. Aluno M1: A interdisciplinaridade que foi trabalhada nos dois últimos bimestres nos auxiliou a desenvolver nossa lógica e nos mostrou formas de aplicação da disciplina de finanças. Adaptar e compreender como utilizaríamos nossos conhecimentos de finanças foi um desafio e exigiu de todos nós o estudo e a análise dos conceitos, “forçando-nos” a reaprender a matéria, tornando nosso conhecimento cada vez mais amplo. Quando analisamos os Mapas Conceituais, não conseguimos quantificar a evolução dos alunos, mas sim detectar um crescimento, ou não, na interpretação, na interligação de conceitos relacionados ao tema proposto para a criação dos mapas, demonstrando se ocorreu de forma significativa a aprendizagem. Após analisarmos os mapas dos 76 alunos, podemos constatar que houve um crescimento conceitual, uma percepção da aplicabilidade do conhecimento adquirido na vida cotidiana em quase todos. Apenas dois alunos não conseguiram demonstrar nos seus mapas esse crescimento, o que representa 2,63% do universo de pesquisa. Apresentamos, a seguir, o mapa conceitual inicial e o final do aluno R1 (Figura 73 e Figura 74), que não demonstram crescimento significativo de sua aprendizagem. 171 Figura 73 – Mapa Conceitual Inicial do Aluno R1. Fonte: Dados do pesquisador Figura 74 – Mapa Conceitual Final do Aluno R1. Fonte: Dados do pesquisador 172 7.6 Análise das Gravações Esse método foi utilizado, durante a segunda fase, no momento da apresentação dos trabalhos desenvolvidos por cada grupo. Algumas das informações contidas nessas gravações são ricas de situações e fornecem dados sobre as relações estabelecidas entre os alunos e os objetos de aprendizagem, os alunos entre si e entre eles e o pesquisador. Cada grupo realizou a apresentação do seu objeto de aprendizagem e descreveu as etapas do projeto, desde a justificativa do desenvolvimento de determinado objeto, até a linguagem de programação escolhida, o público alvo, as dificuldades encontradas e a realização de testes práticos. Conseguimos perceber na análise dessas gravações que os grupos tinham o domínio dos conceitos financeiros utilizados na construção dos respectivos objetos de aprendizagem. Os alunos colocaram por diversas vezes que, para conseguirem criar os objetos de aprendizagem, eles não podiam ter dúvidas nas operações financeiras, o que fez com que eles se aprofundassem nos conceitos financeiros. Foi interessante verificar, por meio dos comentários feitos pelos grupos, a necessidade da dedicação extraclasse para o desenvolvimento dos objetos de aprendizagem. Esses comentários sempre demonstravam uma motivação na realização do trabalho e não tinham qualquer conotação crítica. Em vários momentos da gravação, os alunos colocaram que as dificuldades e os problemas que surgiram durante o desenvolvimento do objeto de aprendizagem levaram à participação de todos os elementos do grupo para alcançarem a conclusão do trabalho. Alguns grupos tiveram muita dificuldade de realizar a programação relativa à equivalência de taxas e colocaram ter tido a necessidade de pedir ajuda tanto aos professores de Linguagem de Programação como aos colegas. Dos seis grupos que desenvolveram objetos de aprendizagem sobre Equivalência de Capitais e Série Uniforme de Pagamentos, dois comentaram na apresentação que, para conseguirem realizar a programação, quando a incógnita 173 era a taxa ou o número de prestações de uma Série Uniforme de Pagamentos, tiveram que utilizar o método da bisseção, o qual não haviam aprendido nas aulas de matemática. Entretanto, por meio das pesquisas na internet, eles conseguiram aplicar esse método na programação e concluir o objeto de aprendizagem. Esses alunos ajudaram os outros grupos que não estavam conseguindo concluir a programação do seu objeto, ocorrendo, nesse momento, a aprendizagem colaborativa. Torres (2004) afirma que uma proposta colaborativa se caracteriza pela: Participação ativa do aluno no processo de aprendizagem; mediação da aprendizagem feita por professores e tutores; construção coletiva do conhecimento, que emerge da troca entre pares, das atividades práticas dos alunos, de suas reflexões, de seus debates e questionamentos; interatividade entre os diversos atores que atuam no processo; estimulação dos processos de expressão e comunicação; flexibilização dos papéis no processo das comunicações e das relações a fim de permitir a construção coletiva do saber; sistematização do planejamento, do desenvolvimento e das atividades, aceitação das diversidades e diferenças entre alunos; desenvolvimento da autonomia do aluno no processo de ensino e aprendizagem; valorização da liberdade com responsabilidade; comprometimento com a autoria; valorização do processo e não do produto. (TORRES, 2004, p. 50). Campos et al. (2003) consideram essa aprendizagem como “[...] uma proposta pedagógica na qual estudantes ajudam-se no processo de aprendizagem, atuando como parceiros entre si e com o professor, com o objetivo de adquirir conhecimento sobre um dado objeto.” Embora utilizem diferentes maneiras para conceituar aprendizagem colaborativa, fica evidente que é por meio da construção em conjunto e com a ajuda entre os membros do grupo, que se busca atingir algo ou adquirir novos conhecimentos, sendo que a base da aprendizagem colaborativa está na interação e troca entre os alunos, com o objetivo de melhorar a competência dos mesmos para os trabalhos colaborativos em grupo. 7.7 Análise do Questionário Final O questionário final (Apêndice B) compôs-se de cinco questões, com objetivo de investigar não só o que os alunos pensaram a respeito da disciplina de Finanças, 174 bem como a percepção que eles tiveram ao desenvolverem objetos de aprendizagem na área financeira. A seguir, destacamos as questões, realizando uma análise das respostas apresentadas. 1) A disciplina de Finanças contribuirá para sua prática profissional ou social? ( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez Justifique: __________________________________________________________________ As respostas apresentadas por todos os alunos foram de que a disciplina de Finanças contribuiria para a sua prática profissional ou social. Como justificativa, houve várias opiniões, conforme apresentamos a seguir: Aluno A2: Através do conhecimento a que tivemos acesso em aula, pude “ver” o quanto tudo o que está ao nosso redor está relacionado a finanças e o quanto posso “ganhar” utilizando bem esse conhecimento. Aluno O: A disciplina de Finanças já contribui em minha vida, pois me acrescentou conhecimentos novos e totalmente desconhecidos, além de me ajudar a entender e aplicar esses novos conhecimentos no dia–a-dia. Aluno P1: Os conceitos adquiridos na disciplina de Finanças são amplos, vão além da sala de aula e podem ser aplicados facilmente em qualquer momento da vida, seja fazendo um investimento,fazendo um empréstimo ou qualquer tipo de compra. Aluno Q2: Estudar a disciplina de Finanças tornou-me menos leiga no aspecto econômico, proporcionou-me mais conhecimento sobre a Matemática Financeira e possibilitou um pensamento mais crítico sobre as aplicações que posso efetuar. As respostas apresentadas trazem elementos essenciais para nossa análise, pois destacam a importância dessa disciplina e vão ao encontro de um dos nossos 175 objetivos específicos: “Reconhecer a importância, na Matemática, do conteúdo financeiro para o desenvolvimento da cidadania”. Todos afirmam a solidificação dos conceitos financeiros ao longo do experimento. Isso serve como elemento para validar que as atividades desenvolveram as estruturas cognitivas dos participantes, promovendo uma Aprendizagem Significativa. 2) Quais os conteúdos desenvolvidos durante as aulas de Finanças? O que você mais gostou na disciplina? Todos os alunos responderam a questão 2 de forma completa, isto é, colocando todos os conteúdos desenvolvidos na aulas de Finanças, o que demonstra uma fixação dos conceitos. 3) Como foram as aulas desenvolvidas durante o projeto de desenvolvimento de softwares? Quanto à questão 3, os alunos colocaram que foram aulas dinâmicas, importantes para relacionar os conhecimentos de Programação e de Finanças. Aluno R1: Foram interessantes, pois de uma forma prática conseguimos aliar duas disciplinas que até então só sabíamos na teoria. Aluno S2: Foram dinâmicas e produtivas, contribuíram para o melhor entendimento dos conceitos que foram ensinados durante todo o ano. Aluno T: Juntar as disciplinas Finanças e Linguagem de Programação foi uma experiência muito boa, pois vimos a dificuldade das duas disciplinas juntas. O mais dificultoso e que utilizou mais tempo de nossas aulas foi a conversão das fórmulas matemáticas em linguagem de programação, pois tínhamos que pensar de forma diferente, o que no papel é muito mais simples. Aluno U1: Foram aulas motivadoras, das quais obtive grande absorção de conhecimentos práticos e teóricos. 4) Destaque os pontos positivos e os negativos observados por você durante as aulas realizadas no laboratório de informática. Em relação à questão 4, foram destacados como pontos positivos: 176 Aluno V1: Foram aulas dinâmicas e resultaram num melhor aprendizado. Aluno X2: Aulas dinâmicas, onde dividimos o nosso conhecimento e ajudamos uns aos outros. Aluno Y: Tivemos um contato direto com as disciplinas de Finanças e Linguagem de Programação de uma forma muito mais motivadora. Aluno Z1: Comparação e diálogo com outros grupos e métodos de aplicação de nossos conhecimentos que surgiram nas aulas realizadas no laboratório. Como pontos negativos, foram citados: Aluno A1: Pouco tempo para aplicar coisas interessantes que a Matemática Financeira aborda. Aluno B2: A dispersão de alguns alunos. Aluno C1: Problemas técnicos e de infraestrutura. Aluno D2: Muita dificuldade para programar a Equivalência de Taxas. 5) O uso de ferramentas tecnológicas contribuiu na sua formação sobre conteúdos financeiros? Todos os alunos responderam que sim, elencando vários motivos: Aluno E1: Nos dias atuais tudo aquilo que envolve tecnologia nos prende mais a atenção. Aluno F2: Foi necessária uma análise mais profunda dos conceitos de Finanças para realizar o trabalho. Aluno G1: Durante a programação dos softwares, pudemos analisar mais a fundo todos os conceitos relacionados a Finanças para procurar alternativas possíveis para a programação. Aluno H2: Porque dá um significado, uma aplicação aos conceitos aprendidos, o que ajuda a fixar tudo que nos foi ensinado em sala de aula. Aluno J1: Foi necessário um raciocínio muito mais elaborado para o desenvolvimento do projeto, aumentando assim o meu conhecimento financeiro. Fica evidenciado que os alunos compreenderam a necessidade do uso de tecnologias no ensino de finanças, pois, como eles mesmos afirmaram isso faz com 177 que se sintam mais motivados em aprender o conteúdo, tornando as aulas mais dinâmicas e significativas. Os laboratórios de informática devem ter máquinas funcionando e em quantitativo suficiente para atender aos alunos. De modo geral, as respostas apresentadas nesses questionários permitiram que avaliássemos positivamente os instrumentos escolhidos nesta pesquisa, ou seja: o trabalho com mapas conceituais, o desenvolvimento de objetos de aprendizagem e os questionários preenchidos são relevantes ao estudo de suas interferências no processo educacional. Dessa forma, conseguimos trazer à tona elementos que pudessem responder ao objetivo geral desta pesquisa, ou seja, que a construção de Objetos de Aprendizagem pelos alunos pode contribuir com a aprendizagem contextualizada de Matemática Financeira no Ensino Médio Integrado em Informática de forma interdisciplinar. 7.8 Algumas Reflexões Percebemos, na análise dos instrumentos coletados durante a investigação desta tese, que a relação existente entre a criação dos objetos de aprendizagem e os conteúdos financeiros fica evidente na criação de cada objeto de aprendizagem. Ocorre, pois, uma ressignificação dos conhecimentos dos alunos de forma significativa, de acordo com a perspectiva ausubeliana. Sobre o desenvolvimento dos alunos: • Percebemos que todos os alunos conseguiram desenvolver a criação dos objetos de aprendizagem relacionando-os com os conteúdos de Finanças; • A maior parte dos mapas finais, em comparação com os mapas iniciais, demonstra que ocorreu de forma significativa a aprendizagem dos conteúdos financeiros, promovendo o desenvolvimento de conceitos implícitos; • Os alunos sentiram-se motivados em desenvolver atividades de Matemática Financeira interdisciplinarmente com a Linguagem de Programação I e II; 178 • Percebemos que a investigação ocorreu da forma adequada, sem necessitar de grandes intervenções do professor orientador. Os alunos estavam sempre abertos e receptivos às novas propostas pedagógicas, explicitando toda a sua satisfação; • Os alunos, ao criarem os objetos de aprendizagem, verificaram que a interdisciplinaridade trouxe novas reflexões e aprendizagens; • O que mais nos surpreendeu nesta pesquisa foi o fato de os próprios alunos tomarem para si a responsabilidade pela aprendizagem, criando um processo de ação significativa. Assim, dentro da perspectiva teórica proposta por esta tese, a aprendizagem ocorre de forma significativa, contextualizada e interdisciplinar. Os conteúdos financeiros apresentaram-se de forma ativa na construção dos objetos de aprendizagem, criando um novo significado ao que estava sendo aprendido. Na criação dos objetos de aprendizagem os alunos tiveram a oportunidade de errar, depurar e validar possibilitando uma modificação do conhecimento, através de uma Aprendizagem Significativa por descoberta. Na aprendizagem significativa há uma interação entre o novo conhecimento e o já existente, na qual ambos se modificam. À medida que o conhecimento prévio serve de base para a atribuição de significados à nova informação, ele também se modifica, os subsunçores vão adquirindo novos significados, se tornando mais diferenciados, mais estáveis. Novos subsunçores vão se formando; subsunçores vão interagindo entre si. A estrutura cognitiva está constantemente se estruturando durante a aprendizagem significativa. O processo é dinâmico; o conhecimento vai sendo construído. (MOREIRA, 2005, p. 05). 179 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Finalizando este relatório de pesquisa, e com as análises estabelecidas no capítulo 7, somos impelidos a retomar a pergunta central desta tese: A criação de Objetos de Aprendizagem pelos alunos do Ensino Médio Integrado em Informática, para a disciplina de Finanças, contribui para a Aprendizagem Significativa de Matemática Financeira? Após todas as reflexões e análises estabelecidas e tendo a questão central como referência, conjecturamos sobre as etapas constituídas e os dados coletados e percebemos que essas fases se complementam. Notamos que, apesar de trazermos à tona diversos questionamentos estabelecidos no início desta tese, vários outros surgiram com o desenrolar da pesquisa. Cremos que investigações futuras possam vir a responder tais indagações e conjecturas, mas procuraremos neste capítulo organizar e sintetizar as nossas observações sobre esta investigação. 8.1 Considerações sobre os sujeitos da pesquisa Como sujeitos centrais da pesquisa, tivemos setenta e seis alunos do terceiro ano do Ensino Médio Integrado em Informática do IFSP, Campus Cubatão, que foram foco de análises em todas as etapas da pesquisa. Na primeira etapa, esses alunos interagiram entre si e com as atividades investigativas estabelecidas para introduzir os conceitos financeiros necessários para a realização da segunda etapa. Na segunda etapa, as duas turmas foram divididas em 18 grupos, sendo 9 grupos em cada. Os temas foram sorteados, ficando três grupos para cada Bloco em cada turma. Nessa fase, foram desenvolvidos os instrumentos que serviram de base para a realização da investigação dessa etapa da pesquisa, tais como: relatórios finais e gravação da apresentação realizada pelos grupos, quando da conclusão dos objetos de aprendizagem. Participaram ainda dessa investigação dois docentes das disciplinas de Linguagem de Programação I e II, dando o suporte técnico, sempre que necessário, 180 aos alunos. Esses docentes impactaram direta ou indiretamente durante a criação dos objetos de aprendizagem. 8.2 Quadro teórico e metodológico O quadro teórico em que desenvolvemos esta pesquisa possibilitou o aporte de vários autores e teorias para que pudéssemos estabelecer as etapas de execução da investigação. Inicialmente buscamos o conhecer a visão de vários pesquisadores dos programas de mestrado e doutorado reconhecido pela Capes da Área Muldisciplinar/Ensino e suas pesquisas relacionadas com o ensino de Matemática Financeira. Dentro desse contexto, categorizamos o foco temático que relaciona Matemática Financeira e tecnologias. Apresentamos algumas considerações sobre o Ensino Médio e Educação Profissional, com subsídios da Constituição Federal e de legislações pertinentes (decreto nº. 19.890/31, decreto nº. 4.244/42, lei 5.692/71, Emenda 59/09, lei nº. 9.394/96, decreto nº. 2.208/97 e o decreto 5.154/04). Sobre a criação das escolas profissionais, consultamos o decreto de nº. 7.566/09, a lei nº. 11.892/08 e os PCNEM. Investigamos alguns estudos sobre a Matemática Financeira e sua contribuição a formação do cidadão nos documentos PCNs (1996) e PCN+ (2002) e nas pesquisas de Saito (2010) e Rossetti; Schimiguel (2009). Aliados a essas ideias, buscamos destacar alegações sobre o uso de tecnologias no ensino de Matemática Financeira, apresentando as concepções de vários teóricos sobre tecnologias educacionais, dentre eles Borba (2005), Barros; D’Ambrósio (2008), Frota; Borges (2011), Spinelli (2007) e Motta (2012). Tais percepções foram essenciais nesta tese para que entendêssemos a relação existente entre os recursos tecnológicos, objetos de aprendizagem e seu potencial no desenvolvimento da aprendizagem matemática. Sobre Matemática Financeira Para finalizar o arcabouço teórico desta pesquisa, como o uso de recursos tecnológicos se apresenta como ferramenta para o aprimoramento ou desenvolvimento de aprendizagens, fez-se necessário entender como essas ações 181 mentais ocorrem através de algumas teorias cognoscitivas. Inicialmente, definimos a Aprendizagem Significativa, apoiados nos trabalhos de Ausubel (1968) e, de forma integradora a essa teoria, apresentamos os mapas conceituais, na visão de Novak (1988) e Moreira (2006), como expressão do conhecimento dos sujeitos. Para atender às especificidades da pesquisa estabelecemos como fio condutor a interdisciplinaridade tendo como concepção as ideias de Luck (1995) e Fazenda (1996). Sob o ponto de vista metodológico, utilizamos vários instrumentos de coleta de dados que nos possibilitaram tecer comentários sobre a pesquisa. Cabe destacar que a abordagem utilizada foi qualitativa. E como visávamos apresentar contribuições à aprendizagem contextualizada de Matemática Financeira no Ensino Médio Integrado em Informática por meio da criação de objetos de aprendizagem, a pesquisa-ação foi definida como uma forma de apresentar resultados que poderiam ser utilizados para superarmos os desafios educacionais. Assim, metodologicamente, na primeira fase da pesquisa, centramos nossa atenção na forma como os alunos desenvolviam suas aprendizagens com a apresentação da teoria da disciplina de Finanças. Para isso, utilizamos várias listas de exercícios, resolvidas de forma colaborativa, questionários e observação, que estão descritos no Capítulo 7 e fazem parte do Apêndice desta tese. Mas o grande instrumento de análise foram os mapas conceituais criados, que possibilitaram várias inferências. Outros instrumentos metodológicos foram empregados na segunda fase da pesquisa. Os principais foram: questionários, mapas conceituais e objetos de aprendizagens criados pelos grupos, mas o documento que possibilitou todas as inferências e conjecturas estabelecidas foram os relatórios finais de cada grupo, desenvolvidos pelos alunos quando da conclusão dos objetos de aprendizagens. 8.3 Resultados obtidos Os resultados obtidos com a pesquisa não só trouxeram respostas à questão central, bem como permitiram avaliar se o objetivo geral e os específicos foram alcançados. 182 Para uma melhor organização, apresentaremos as contribuições obtidas em cada etapa da investigação. Todos os alunos desenvolveram seus objetos de aprendizagem na disciplina de Finanças com a utilização do conteúdo aprendido nas disciplinas de Linguagem de Programação e de Finanças, de forma satisfatória, demonstrando a eficiência e a eficácia da interdisciplinaridade como caminho para o desenvolvimento de aprendizagens significativas. Os mapas conceituais iniciais sobre Finanças mostraram alunos que nunca tiveram contato com Matemática Financeira durante sua formação inicial. Cabe destacar que os sujeitos desta pesquisa foram alunos do terceiro ano do Ensino Médio Integrado ao Técnico em Informática. As aulas foram divididas em dois ambientes bem definidos: interação na atividade investigativa e execução das tarefas na elaboração dos objetos de aprendizagem. Esse intercâmbio fez aparecer evidências que mostraram aos alunos quais conceitos poderiam ser desenvolvidos com o uso dos conhecimentos adquiridos na disciplina de Linguagem de Programação, por meio da criação de objetos de aprendizagens que auxiliassem no ensino da disciplina de Finanças. Nos objetos de aprendizagem criados pelos grupos, processos mentais foram privilegiados, tais como: generalização, abstração, dedução, indução, raciocínio lógico e visualização. Os mapas conceituais finais demonstraram que foi dado um novo significado ao termo finanças, pois eles apresentam características ausentes nos mapas iniciais. O aparecimento de novos conceitos e a reorganização de outros evidenciam uma nova reestruturação da cognição, num processo de aprendizagem significativa. Acreditamos que as potencialidades dos objetos de aprendizagem, sites e aplicativos que foram criados pelos alunos contribuíram para uma ação investigativa intensa, demonstrando que, durante a criação dos objetos de aprendizagem, os acadêmicos construíram novos conhecimentos. Os instrumentos de coleta de dados da primeira fase da pesquisa articulados com o referencial teórico possibilitaram que entendêssemos o contexto e o cenário 183 que os alunos vivenciaram. A partir das análises das interações dos mesmos com os objetos de aprendizagem desenvolvidos, pudemos identificar uma ressignificação dos processos mentais. A autoavaliação aplicada ao término da disciplina possibilitou entender o que eles achavam sobre o uso de tecnologias no ensino de Finanças. Todos destacaram que a tecnologia e a Matemática Financeira possuem uma estreita ligação. A interação entre esses elementos possibilita ao aluno obter um ambiente no qual se sinta desafiado e instigado a desenvolver sua própria aprendizagem em um processo ativo. Enfim, com as inferências apresentadas, temos respostas suficientes para afirmar que a questão de pesquisa (A criação de Objetos de Aprendizagem pelos alunos do Ensino Médio Integrado em Informática, para a disciplina de Finanças, contribui para a Aprendizagem Significativa de Matemática Financeira?) está respondida e que os objetivos específicos (Criar objetos de aprendizagem que contribuam para o desenvolvimento de conteúdos financeiros por meio de atividades interdisciplinares e Elaborar atividades investigativas que contribuam para o desenvolvimento de conceitos financeiros e busquem solucionar situações cotidianas) foram atingidos. Evidenciamos anteriormente que os alunos se sentiram instigados com o uso de tecnologias nas aulas de Finanças. Durante a criação dos objetos de aprendizagem, eles foram os executores das atividades investigativas desta pesquisa. Procuramos somente dar subsídios e ferramentas para o desenvolvimento da mesma. Sobre a segunda fase, podemos destacar alguns pontos importantes. Na fase de criação dos objetos de aprendizagem no laboratório de informática, os alunos, por meio de sorteio, recebiam os temas, que já haviam sido apresentados na primeira etapa, e em grupos iniciavam o planejamento, o desenvolvimento e a finalização de seus objetos de aprendizagem. O professor, por meio da observação, da análise dos relatórios e do teste realizado com os objetos de aprendizagem após sua conclusão, verificava o desenvolvimento dos alunos. Essa fase ocorreu de forma tranquila para alguns grupos. Outros, porém, necessitaram de um maior acompanhamento por parte do professor de Finanças e 184 dos professores de Linguagem de Programação. Em alguns momentos, ocorreram problemas técnicos isolados no Laboratório. Os mapas desenvolvidos pelos alunos no primeiro momento mostraram-se com pouco embasamento teórico sobre finanças ou desorganizados teoricamente. Após a realização das atividades, percebemos que a maioria dos alunos conseguiu realizar um mapa com mais informações e melhor estruturado. Assim, concluímos que a criação dos objetos de aprendizagem mediada pelas atividades investigativas desenvolveu novos conhecimentos e proporcionou aos alunos a ressignificação ou o desenvolvimento de novos conceitos. Ao término das aulas no Laboratório, os alunos destacaram a evolução da sua aprendizagem em relação aos conceitos financeiros. Verificamos, na documentação, que os alunos se mostraram motivados em aplicar os conceitos aprendidos durante a criação dos objetos de aprendizagem nas aulas de Finanças. Com as constatações presentes, verificamos que estabelecemos uma relação entre a primeira e a segunda fase desta pesquisa, pois evidenciamos que a construção de Objetos de Aprendizagem contribui para a aprendizagem contextualizada de Matemática Financeira no Ensino Médio Integrado em Informática. Assim, com as inferências apresentadas, temos respostas suficientes para afirmar que os objetivos específicos (Reconhecer a importância, na Matemática, do conteúdo financeiro para o desenvolvimento da cidadania e Verificar que o uso de mapas conceituais contribui para o entendimento dos objetos matemáticos) também se encontram respondidos. 8.4 Contribuições deste estudo para o ensino de Matemática Financeira Apresentamos, nesta seção, as contribuições que este estudo traz para o ensino de Matemática Financeira. Cabe destacar que esta pesquisa foi desenvolvida com alunos de Ensino Médio Integrado ao Técnico em Informática, por meio da criação de objetos de aprendizagem que contribuíram com a aprendizagem contextualizada de 185 Matemática Financeira. Vemos que este estudo pode ser empregado em outras disciplinas. Devemos proporcionar aos nossos alunos a possibilidade de experimentar novas formas de desenvolverem sua aprendizagem, para torná-la significativa. Este estudo demonstra que a criação de objetos de aprendizagem pelos alunos do curso de Ensino Médio Integrado ao Técnico em Informática cria impactos significativos, quando se empregam os conhecimentos adquiridos nas disciplinas de Finanças e Linguagem de Programação. De forma articulada, os alunos conseguem perceber a aplicabilidade da teoria. Na escola, esse impulso pode ser dado pela construção ou ressignificação de conteúdos, preenchendo lacunas cognitivas e proporcionando aos alunos novas formas de pensar. Os alunos tiveram, nesta pesquisa, nas duas etapas, a oportunidade de perceber seus questionamentos e pensar sobre eles, realizando inferências e conjecturas. Por isso acreditamos que esta pesquisa atende aos apelos de alguns pesquisadores, que buscam criar um espaço de pesquisa e articulação entre os aspectos teórico, tecnológico e prático. 8.5 Limitações do estudo Acreditamos que as principais limitações desta pesquisa estão relacionadas às dificuldades metodológicas presentes no contexto educacional. Uma dificuldade na primeira fase da pesquisa foi estabelecer nos alunos uma relação com o termo finanças, pois, em toda a sua formação, nunca haviam aplicado esse conceito a situações práticas e cotidianas. Na segunda fase, o que passou a ser limitação da pesquisa foram as condições tecnológicas dos laboratórios de informática, que em algumas aulas apresentavam alguns problemas. Cabe salientar que foram poucos os problemas técnicos que ocorreram. O número de alunos por turma, quase quarenta, propiciava a dispersão nas aulas realizadas nos laboratórios de informática. Assim, em alguns momentos, os objetivos traçados para essa etapa conflitavam com os mecanismos próprios do ambiente de ensino onde foi realizada a pesquisa. Para minimizar esse impacto, ocorreu um diálogo constante entre o professor orientador, que é o 186 pesquisador deste trabalho, e todas as pessoas envolvidas na investigação, no intuito de atenuar os conflitos e dificuldades existentes. Uma limitação recorrente de todo trabalho interdisciplinar é o tempo de dedicação dos docentes envolvidos no projeto. Nesta pesquisa, tivemos participação constante dos professores de Linguagem de Programação I e II, mas a priori não é o que ocorre na maioria dos cursos técnicos integrados, devido ao acúmulo de funções e atividades por parte do docente. Cabe destacar que toda a investigação aqui realizada é qualitativa e é permeada por questões subjetivas e olhares específicos do pesquisador, mas indica uma alternativa metodológica para o trabalho com Matemática Financeira. 8.6 Sugestões e recomendações Durante este estudo, todo o material coletado e as etapas desenvolvidas mostraram outras possibilidades de abordagem da temática apresentada. Frente à complexidade que envolve a dinâmica do desenvolvimento cognitivo, verificamos que novas estratégias e estruturas são sempre necessárias. Primeiramente, constatamos a possibilidade de surgimento de estudos na verificação dos desenvolvimentos metacognitivos presentes durante o uso de recursos tecnológicos com o aporte de conteúdos financeiros. Deixamos ainda como sugestão o acompanhamento, de forma sistemática, da aplicação de mapas conceituais periódicos com os alunos e a verificação de como andam o desenvolvimento dos saberes. Apontamos como sugestão o trabalho intensivo com a criação de objetos de aprendizagem nas turmas de terceiro ano do Ensino Médio Integrado ao Técnico em Informática do IFSP, promovendo atividades periódicas durante as aulas de Finanças, acompanhando todo o desenvolvimento dos alunos do início ao término do ano letivo. O trabalho interdisciplinar mostrou-se evidente na construção do saber escolar, especificamente, na disciplina de Finanças. Assim, recomendamos que outras 187 disciplinas dos cursos técnicos integrados em informática se aprofundem no uso de tecnologias e no desenvolvimento de um trabalho interdisciplinar significativo. Acreditamos que ainda existam muitas outras fragilidades para serem superadas no ensino de Matemática Financeira. Percebemos que algumas ações isoladas estão sendo desenvolvidas, mas para que elas aconteçam necessitamos de um maior investimento governamental nas escolas públicas. 8.7 Reflexões Finais A interação dos alunos com a criação dos objetos de aprendizagem apresentados nesta tese contribuiu para o desenvolvimento da Matemática Financeira, por meio de uma ressignificação dos conceitos mobilizado por ações cognoscitivas. Tal interação desenvolveu um modelo de pensamento reflexivo, no qual o conhecimento é obtido por meio de manipulações do próprio sujeito com o auxílio de atividades investigativas, em um processo de aprendizagem significativa. Em resumo, podemos afirmar que, nos relatos dos alunos, nas evidências, nos objetos criados, nas análises e no ambiente criado em cada etapa da pesquisa, o objetivo geral deste trabalho se concretizou. Terminamos este estudo, destacando que mudanças são necessárias para mostrar as potencialidades da interdisciplinaridade e do uso das tecnologias, por meio da criação de objetos de aprendizagem para auxiliar no ensino de Matemática Financeira. 189 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. E. B. Da atuação à formação de professores. Brasília. Ministério da Educação, 1998. (Salto para o Futuro: TV e Informática na Educação). ANDRADE, R. C. Interdisciplinaridade: um novo paradigma curricular. In: GOULART, I. B. A educação na perspectiva construtivista: reflexões de uma equipe interdisciplinar. Petrópolis: Vozes, 1998. AUDINO, D. F.; SILVA NASCIMENTO, R. A. Objetos de aprendizagem: diálogos entre conceitos e uma nova proposição aplicada à educação. Revista Contemporânea de Educação, v. 5, n. 10, 2010. AUSUBEL, D. P. Education psychology: a cognitive view. Nova York: Rinehart and Winston Inc., 1968. _______; NOVAK, J. D.; HANECIAN, H. Psicologia educativa: um ponto de vista cognoscitivo. México: Editora Trilhas, 1978. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2007. BARROS, J. D.; D’AMBROSIO, U. Computadores, escola e sociedade. São Paulo: Scipione, 2008. BEHAR, P. A. et al. Objetos de aprendizagem para educação à distância. In: ______. (Col). Modelos pedagógicos em educação a distância. Porto Alegre: Artmed, 2009, p. 66-92. v.1. BELLUZZO, R. C. B. Construção de mapas: desenvolvendo competências em informação e comunicação. Bauru: Autores Brasileiros, 2006. BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Portugal: Porto Editora, 1999. BORBA, M. C.; PENTEADO, M. G. Informática e educação matemática. 2. ed. São Paulo: Editora Autêntica, 2005.(Coleção Tendências em Educação Matemática). BRASIL. Decreto 7.566, de 23 de setembro de 1909. Cria nas capitais dos estados as escolas de artífices para o ensino profissional primário gratuito. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 de set. 1909. Seção 1. ______. Decreto 19.890, de 18 de abril de 1931. Dispõe sobre a organização do ensino secundário. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 de abr. 1931. Seção 1. ______. Decreto 4.244, de 09 de abril de 1942. Estabelece as diretrizes orçamentárias para o ensino secundário. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 de abr. 1942. Seção 1. 190 ______. Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa diretrizes e bases para a educação de 1º e 2º graus, e dá outros providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 12 de ago. 1971. Seção 1. ______. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p. ______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 de dez. de 1996. Seção 1. ______. Decreto 2.208, de 17 de abril de 1997. Regulamenta o § 2 º do art. 36 e os arts. 39 a 42 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 de ago. 1997. Seção 1. ______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997. ______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: matemática. Brasília: MEC, 2001. ______. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais: ciências da natureza e suas tecnologias. Brasília: MEC, 2002. ______. Decreto 5.154, de 23 de julho de 2004. Regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39 a 41 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 de jul. 2004. Seção 1. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. RIVED. Brasília: MEC, 2005. ______. Ministério da Educação. Secretária de Educação a Distância. Objetos de aprendizagem: uma proposta de recurso pedagógico. Brasília: MEC, SEED, 2007. ______. Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Institui a rede federal de educação profissional, científica e tecnológica, cria os institutos federais de educação, ciência e tecnologia, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 de dez. 2008. Seção 1. ______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais para o ensino médio: ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília: MEC, 2008. 191 ______. Emenda Constitucional nº 59/2009. Acrescenta § 3º ao art. 76 do ato das disposições constitucionais transitórias para reduzir, anualmente, a partir do exercício de 2009, o percentual da desvinculação das receitas da união incidente sobre os recursos destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 29 de nov. 2009. Seção 1. CAMPOS, F. et al. Cooperação e aprendizagem on-line. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. CAPES. Programas e intuições recomendados. Disponível em: <www.capes.gov.br>. Acesso em: 20 jul. 2012. CENATI, A.; ARAÚJO JR, C. F.; AMARAL, L. H. Ambiente virtual no ensino de informática aplicada: ampliando o tempo e espaço da prática. In: JARMENDIA, A. M. et al. (Org.). Aprender na prática: experiências de ensino e aprendizagem. São Paulo: Edições Inteligentes, 2007. p. 257-263. ______. Uma proposta interdisciplinar para matemática financeira e informática aplicada no ensino superior. 2008. 148 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2008. CHEVALLARD, Y. et al. Estudar matemáticas. Porto Alegre: Artmed, 2001. D’ AMBROSIO, U. Da realidade à ação: reflexões sobre educação e matemática. 5. ed. São Paulo: Summus, 1986. DUARTE, T. A possibilidade da investigação a 3: reflexões sobre triangulação metodológica. Portugal: CIES-ISCTE, 2009. 24 p. (CIES e-Working Paper, 60). FAZENDA, I. C. A. Interdisciplinaridade história, teoria e pesquisa. Campinas: Papirus, 1994. ______. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia? 4. ed. São Paulo: Loyola, 1996. ______. Didática e interdisciplinaridade. São Paulo: Papirus, 1998. FERREIRA, A. A. O computador no processo ensino-aprendizagem: da resistência à sedução. Trabalho e Educação, Minas Gerais, v. 17, n. 2, 2009. FIGUEIREDO, A. D. Redes e educação: a surpreendente riqueza de um conceito. In:______. Redes de aprendizagem, redes de conhecimento. Lisboa: Conselho Nacional de Educação, 2002. FIORENTINI, D. A educação matemática enquanto campo profissional de produção de saber: a trajetória brasileira. Santa Catarina: Dynamis, 1994. v. 1, p. 717. FRANCO, M. L. P. B. Análise do conteúdo. 2. ed. Brasília: Liber Livro Editora, 2005. 192 FROTA, M. C. R.; BORGES, Oto. Perfis de entendimento sobre o uso de tecnologias na educação matemática. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em <http://www.ufrrj.br/emanped/paginas/conteudo_producoes/docs_27/perfis.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2013. GAGNÉ, R. M. Como se realiza a aprendizagem. Rio de Janeiro: Editora Livros Técnicos e Científicos, 1982. GARCIA, S. C. Objetos de aprendizagem: investindo na mediação digital do conhecimento. In: CÍRCULOS DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS DO SUL - CELSUL, 7., 2006, Pelotas. Proceedings... . Pelotas: Ucpel; Ufpel, 2006. p. 1-8. Disponível em: <http://www.celsul.org.br/Encontros/07/dir2/17.pdf>. Acesso em: 11 jan. 2014. GRABOWSKI, G. Ensino médio integrado à educação profissional. Disponível em: <http://www.tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/161432Ensinomedio.pdf>. Acesso em: 24 mar. 2013. INÁCIO. R. S. B. Educação profissional de jovens e adultos: determinações escolares e sociofamiliares para permanência e sucesso no PROEJA. 2011. 203 f. Dissertação (Mestrado em Políticas Sociais)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2011. INSTITUTO FEDERAL DE SÃO PAULO. Disponível em: <www.ifsp.edu.br>. Acesso em: 05 jun. 2013. INSTITUTO FEDERAL DE SÃO PAULO. Campus Cubatão. Disponível em: <www.federalcubatao.com.br>. Acesso em: 15 jun. 2013. KILPATRICK, J. Fincando estacas: uma tentativa de demarcar a educação matemática como campo profissional e científico. Zitetiké, Campinas, v. 4, n. 5, p. 99-120, jan./jun.1996. LUCK, H. Pedagogia Interdisciplinar: fundamentos teórico-metodológico. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1995. LUDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 2005. MAGALHÃES, A. R. Mapas conceituais digitais como estratégia para o desenvolvimento da metacognição no estudo de funções. 2009. 262 f. Tese (Doutorado em Educação Matemática)-Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009. MAGGI, L. A utilização do computador e do programa Logo como ferramenta de ensino de conceitos de geometria plana. 2002. 169 f. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática)–Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Rio Claro, São Paulo, 2002. MANFREDI, S. M. Educação profissional no Brasil. São Paulo: Cortez, 2002. MORAN, J. M.; MASETTO, M. T.; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 5. ed. São Paulo: Papirus, 2002. 193 MOREIRA, M. A.; MASINI, E. F. S. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982. ______. Mapas conceituais e aprendizagem significativa. Porto Alegre: Instituto de Física da UFRGS, 2005a. ______. Aprendizagem significativa crítica. Porto Alegre: Instituto de Física da UFRGS, 2005b. MORIN, E. A cabeça bem feita: repensar a reforma repensar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. ______. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2001. MOTTA, M. S. O estágio supervisionado na formação do professor de matemática no contexto das tecnologias educacionais. 2012. 354 f. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2012. NICOLESCU. B. O manifesto da transdiciplinaridade. São Paulo: TRIOM, 1999. NOVAK, J. D.; GOWIN, D, B. Aprendendo a aprender. Lisboa: Plátano, 1988. ______. Uma teoria de educação. Tradução de Marco Antônio Moreira. São Paulo: Pioneira, 1993. ______.The theory underlying concept maps and how to construct them. Cornell University, 2003. Disponível em: <http://cmap.coginst.uwf.edu/info/> Acesso em: 17 jan. 2012. OKADA, A. (Org.). Cartografia cognitiva: mapas do conhecimento para pesquisa e aprendizagem. São Paulo: Editora KCM, 2008. OLIVEIRA, R. Informática educativa. São Paulo: Papirus, 2002. OLIVEIRA, L. P. Ensino-aprendizagem de matemática financeira usando objeto de aprendizagem e a abordagem Quis. 2013. 153 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2013. OTRANTO, C. R. Criação e implantação dos institutos federais de educação, ciências e tecnologia – IFETs. Revista Retta, Rio de Janeiro, v. 1, p. 89-110, 2010. PEÑA, A. O. (Org.). Mapas conceituais: uma técnica para aprender. São Paulo: Loyola, 2005. PRENSKY, M. Digital game-based learning. Minnesota: Paragon House, 2001b. PUCCINI, A. L. Matemática financeira objetiva e aplicada. Rio de Janeiro: LTC, 2000. 194 QUEIROZ, C. M. et al. Evolução do ensino médio no Brasil. Disponível em: <http://www.simposioestadopoliticas.ufu.br/imagens/anais/pdf/EP07.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2013. ROSSETI, H.; SCHIMIGUEL, J. Educação matemática financeira: conhecimentos financeiros para a cidadania e inclusão. Revista Científica Internacional, São Paulo, v. 2, n. 09, p. 1-13, 2009. SAITO, A. Educação financeira engatinha no Brasil. In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 10., 2010, Salvador. Anais... 2010. Disponível em: <http://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/1/28/educa cao-financeira-engatinha-no-brasil>. Acesso em: 30 jan. 2013. SANTOMÉ, J. T. Globalização e interdisciplinaridade: o currículo integrado. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. SOARES, F. S.; DASSIE, B. A.; ROCHA, J. L. Ensino de matemática no século XX: da reforma Francisco Campos à matemática moderna. São Paulo: Horizontes, 2004. SINGH, H. Introduction to learning objetcs. California. 2001. SPINELLI, W. Os objetos virtuais de aprendizagem: ação, criação e conhecimento. 2007. Disponível em: <http://www.lapef.fe.usp.br/rived/textoscomplementares/textoImodulo5.pdf>. Acesso em: 15 dez. 2013. TAJRA, S. F. Informática na educação: novas ferramentas pedagógicas para o professor na atualidade. São Paulo: Érica, 2012. TAVARES, R. Construindo mapas conceituais. Revista Ciência e Cognição, Rio de Janeiro, v. 12, 2007. THIOLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. 8. ed. São Paulo: Cortez, 1998. THURLER, M. Levar os professores a uma construção activa da mudança: para uma nova concepção da gestão da inovação. In: THURLER, M.; PERRENOUD, P. (Ed.). A escola e a mudança. Lisboa: Escolar Editora, 1994. p. 33-59. TORRES, P. L. Laboratório on-line de aprendizagem: uma proposta crítica de aprendizagem colaborativa para a educação. Tubarão: Ed. Unisul, 2004. VALENTE, J. A. Por quê o computador na educação? São Paulo: Unicamp, 1993b. Disponível em: <http://pan.nied.unicamp.br/publicacoes/publicacao_detalhes.php?id=50>. Acesso em: 15 fev. 2013. WOLCOTT, H. F. Posturing in qualitative inquiry. In: LE COMPTE, M. D. et al. The handbook of qualitative research in education. London: Academic Press Inc., 1992. p. 92-135. ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1999. 195 APÊNDICES APÊNDICE A – Questionário 01: Identificação dos alunos participantes da pesquisa QUESTIONÁRIO 01 Identificação do Aluno: Nome:___________________________________________________________ (optativo) Curso: __________________ Ano: ______________ Idade: __________________ Email: ____________________________________________________________ (optativo) Hábitos de Estudo: 1) Com qual frequência você usa o computador? ( ) Frequentemente ( ) Algumas vezes ( ) Nunca 2) Você tem acesso ao computador? ( ) em casa ( ) no trabalho ( ) na universidade ( ) Não tem acesso a computador ( ) Outros ______________________________ 3) Há quanto tempo você usa computadores e Internet? (marque uma alternativa) ( ) Desde que me entendo por gente ( ) Desde que aprendi a ler e a escrever ( ) Menos de três anos ( ) Comecei agora ( ) Não uso 4) Você tem ou usa redes sociais? ( ) Sim ( ) Não Qual? _________________________________________ 196 5) Como você acessa a Internet? (pode marcar mais de uma) ( ) Em casa ( ) Na escola ( ( ) Em telecentros ( ) Em lan house ( ) Não acessa internet ( ) Outros (como?)______________________________________ ( ) No trabalho ) Via celular 6) Qual o nível de importância o computador tem para você? ( ) Muito Importante ( ) Não é importante. ( ) Importante ( ) Pouco importante 7) Quais atividades, durante o Ensino Médio, você já desenvolveu utilizando o computador? Quais disciplinas? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 8) Quais as suas expectativas sobre a disciplina de Finanças? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 9) Em quais situações o conhecimento sobre Educação Financeira são necessários em seu cotidiano? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 10) Qual a importância da Educação Financeira para sua vida? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Professora Maria Regina 197 APÊNDICE B – Questionário 02: Avaliação da Disciplina QUESTIONÁRIO FINAL Nome:_______________________________________________________________________ Curso: _________________ Ano: _____________ Email: _____________________________________________________________________ 1) A disciplina de Finanças contribuirá na sua prática profissional ou social ? ( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez Justifique: __________________________________________________________________ 2) Quais os conteúdos desenvolvidos durante as aulas de Finanças? O que você mais gostou na disciplina? ________________________________________________________________________________ 3) Como foram as aulas desenvolvidas durante o projeto de desenvolvimento de softwares? _________________________________________________________________________________ 4) Destaque os pontos positivos e negativos observados por você durante as aulas realizadas no laboratório de informática. _________________________________________________________________________________ 5) O uso de ferramentas tecnológicas contribuiu na sua formação sobre conteúdos financeiros? ____________________________________________________________________________ Observações Finais: ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ Professora Maria Regina 198 APÊNDICE C – Questionário 03: Identificação dos Professores participantes da pesquisa. QUESTIONÁRIO 03 Identificação do professor: Nome:______________________________________________________________ Idade: __________ Tempo que leciona: ___________________________________ Email: ________________________________________________________________________ Formação: _____________________________________________________________________ Hábitos Tecnológicos: 1) Na escola existe um Laboratório de Informática. Quais as atividades você já desenvolveu nesse ambiente? Inclua outras atividades que não sejam inerentes a sua disciplina? _________________________________________________________________________________ 2) Para você qual a importância do computador na educação? _________________________________________________________________________________ 3) Você já realizou algum trabalho interdisciplinar envolvendo suas disciplinas? ( ) Sim ( ) Não Qual? ____________________________________________________________________________ 4) Você acha importante o trabalho interdisciplinar nas atividades realizadas na instituição? Justifique. _________________________________________________________________________________ 5) Você acha que podemos usar o computador para ensinar Matemática Financeira? Justifique. _________________________________________________________________________________ 05) Como você avalia as atividades desenvolvidas, que integraram sua disciplina com a de Finanças, na criação de ambientes tecnológicos? _________________________________________________________________________________ Professora Maria Regina 199 APÊNDICE D – Questionário 04: Comparação entre os mapas criados na primeira fase com os desenvolvidos ao término da segunda fase. QUESTIONÁRIO 04 Aluno:______________________________________________________________________ Curso: _________________ Ano: _____________ 1) Explique o primeiro mapa conceitual, feito por você, no início da disciplina Finanças. _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 2) Explique o segundo mapa conceitual, feito por você, no término da disciplina. _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 3) Compare os dois mapas e identifique quais conceitos foram aprendidos por você na durante a disciplina. _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 4) O uso de tecnologias contribuiu para o desenvolvimento de conceitos matemáticos e financeiros? Justifique. _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Professora Maria Regina 200 APÊNDICE E – Dissertações e teses utilizadas no mapeamento dos estudos sobre Matemática Financeira. Nº Título Autor Ano Instituição Tipo Programa 1 A relevância da educação financeira na formação de jovens Alex Ferranti Pelicioli 2011 PUCRS Mestrado Ensino de Ciências e Matemática 2 Contribuições de jogos como um recurso didático nas aulas de Matemática Financeira Arlei Vaz Rade 2010 PUCRS Mestrado Ensino de Ciências e Matemática 3 O ensino de Matemática Financeira na graduação com a utilização da planilha e da calculadora: uma investigação comparativa Adriano Brandão Feijó 2007 PUCRS Mestrado Ensino de Ciências e Matemática 4 O ensino-aprendizagem de matemática utilizando ferramentas computacionais: uma abordagem construcionista Nelson Dias Leme 2007 PUCSP Mestrado Educação Matemática 5 Aprendizagem de Matemática Financeira no ensino médio: uma proposta de trabalho com planilhas eletrônicas. Marcelo Salvador Coser Junior 2008 UFRGS Mestrado Ensino de Matemática 6 Uma abordagem visual para o ensino de Matemática Financeira no ensino médio Rosa Cordelia Novellino De Novaes 2009 UFRJ Mestrado Ensino de Matemática 7 Matemática Financeira: uma proposta com projetos de trabalho no ensino superior Rosane De Fátima Worm 2009 ULBRA Mestrado Ensino de Ciências e Matemática 8 Matemática Financeira – um enfoque da resolução de problemas como metodologia de ensino e aprendizagem Paulo Henrique Herminio 2008 UNESP Mestrado Educação Matemática 9 Novos caminhos para o ensino e aprendizagem de Matemática Financeira: construção e aplicação de webquest Simone Aparecida Silva Gouvea 2006 UNESP Mestrado Educação Matemática Elaboração de um objeto para aprendizagem - opa: Aplicações na Matemática Financeira “capitalização, financiamento e desvalorização”. Victor Marcelo Rojas Santander 2010 UNIBAN Mestrado Educação Matemática Carlos Alberto De Souza Cabello 2010 UNIBAN Mestrado Educação Matemática 10 11 Relações institucionais para o ensino da noção de juros na transição ensino médio e ensino superior 12 Educação matemática e financeira: um estudo de caso em Cursos superiores de tecnologia Hélio Rosetti Júnior 2010 UNICSUL Doutorad o Ensino de Ciências e Matemática 13 Concepções dos alunos sobre Matemática Financeira: um Estudo de caso à luz da aprendizagem significativa Maria Dolores Cardoso Da Silva 2007 UNICSUL Mestrado Ensino de Ciências e Matemática 201 14 Noções de porcentagem, de desconto e de acréscimo na Educação de jovens e adultos Antonio Sergio Abrahão Monteiro Bastos 2007 UNICSUL Mestrado Ensino de Ciências e Matemática 15 O conhecimento numérico e o sistema Monetário: estudos de casos em uma 3ª. Série Nanci Leite Branquinho 2006 UNICSUL Mestrado Ensino de Ciências e Matemática 16 Uma proposta interdisciplinar para Matemática Financeira E informática aplicada no ensino superior Ademir Cenati 2008 UNICSUL Mestrado Ensino de Ciências e Matemática 17 O educando da eja: dificuldades superações na Matemática Financeira Karla Beatriz Vivian Silveira 2007 UNIFRA Mestrado Ensino de Física e Matemática 18 O uso de tecnologias da informática no ensino superior: um estudo da aplicação da planilha eletrônica excel na disciplina de Matemática Financeira Eugênio Carlos Stieler 2007 UNIFRA Mestrado Ensino de Física e Matemática 19 O estudo de tópicos de Matemática Financeira com tecnologias Informáticas: opiniões de professores participantes de um Grupo de formação continuada Merielen Fátima Caramori 2009 UNIFRA Mestrado Ensino de Física e Matemática 20 Resolução de problemas no ensino de porcentagem: em busca de uma compreensão pedagógica a partir dos processos reguladores gerais da teoria de robbie cassie Fabiana Fischer Figueiredo 2008 UNIFRA Mestrado Ensino de Física e Matemática 21 Uso de tecnologias da informação para a aprendizagem De Matemática Financeira em cursos técnicos Claiton Regis Timm Marques 2010 UNIFRA Mestrado Ensino de Física e Matemática 22 Aprendizagem das capitalizações simples e composta no terceiro ano do ensino normal do instituto estadual de educação estrela da manhã – ieeem, utilizando recursos tecnológicos. Roseli Bohmer Brito 2009 UNIVATES Mestrado Ensino de Ciências Exatas 23 Implicações provenientes da elaboração de um orçamento familiar Anete Berenice Schaeffer Strate 2007 UNIVATES Mestrado Ensino de Ciências Exatas 24 Uma reflexão sobre a importância de inclusão de educação financeira na escola pública Denise Terezinha Brandão Kern 2009 UNIVATES Mestrado Ensino de Ciências Exatas 25 A Matemática Financeira no ensino médio e sua articulação Com a cidadania Leandro Carvalho Vieira 2010 USS Mestrado Educação Matemática 26 Uma proposta de formação continuada sobre Matemática Financeira para professores de matemática do ensino médio 2011 USS Mestrado Educação Matemática e Raphael Pereira Dos Santos 202 APÊNDICE F – Listas de exercícios utilizadas durante a fase teórica da pesquisa. Referências: - Faria, Rogério Gomes de – Matemática Comercial e Financeira – 5ª ed. – Ed. Makron Books – 2000, 192p - HAZZAN, Samuel; POMPEO, Jose Nicolau. Matemática Financeira. 6. ed. São Paulo, SP: Editora Saraiva, 2007, 314 p. - PUCCINI, Abelardo de Lima. Matemática financeira: objetiva e aplicada. 8ªed. São Paulo: Saraiva, 2009,353p. LISTA DE EXERCÍCIOS – CAPITALIZAÇÃO SIMPLES PROFª REGINA 1º) Paulo precisa descobrir qual foi o rendimento de suas aplicações, para isso necessita calcular os juros simples obtidos nas seguintes condições: Capital Taxa Prazo a) R$ 2.000,00 1% a.m. 5 meses b) R$ 3.000,00 21% a.a. 2 anos c) R$ 2.000,00 1,3% a.m. 3 anos d) R$ 6.000,00 15% a.t. 2 anos e meio 2º) Qual o montante de uma aplicação de R$ 600.000,00 a juros simples, durante 5 meses, à taxa de 8% a.a.? 3º) Um capital de R$ 1.000,00 é aplicado por um dia, a juros simples e à txa de 1,5% a.m.. Obtenha os juros dessa aplicação, considerando um mês de 30 dias. 4º) Bruno aplicou R$ 300.000,00 pelo prazo de 6 meses e recebeu 90.000,00 de juros. Calcule a taxa de juros simples semestral da aplicação. R$ 5º) Numa aplicação de R$ 3.000,00, à taxa de juros simples de 10% a.a., o montante recebido foi de R$ 4.800,00. Determine o prazo da aplicação. 203 6º) Paula aplicou uma certa quantia, à taxa de juros simples de 1,2% a.m., durante 4 meses, resgatando um montante de R$ 740,00. Obtenha o juro auferido nessa aplicação. 7º) Mara aplicou R$ 800,00 a juros simples e à taxa de 12% a.a.. Se ela recebeu R$ 384,00 de juros, obtenha o prazo da aplicação. 8º) Um equipamento é vendido a vista por R$ 5.000,00, ou então por R$ 1.500,00 de entrada mais uma parcela de R$ 4.250,00 após 4 meses. Qual a taxa mensal de juros simples utilizada? 9º) Um vestido de noiva é vendido a vista por R$ 4.000,00 ou então por R$ 1.000,00 de entrada mais uma parcela de R$3.500,00 após 5 meses. Qual a taxa mensal de juros simples do financiamento? 10º) Durante quanto tempo um capital deve ser aplicado a juros simples e à taxa de 8% a.a. para que duplique? 11º) (Concurso Controlador da Arrecadação Federal) Um capital aplicado à taxa de juros simples de 8% a.m. triplica em que prazo? 12º) Um determinado capital, aplicado a juros simples, rende um certo juro. Em que prazo deverá ser aplicado o quádruplo desse capital, se a taxa for a mesma e o juro for o mesmo? 13º) Dividir R$ 1.200,00 em duas partes, de tal maneira que a primeira, aplicada a juros simples em 2 meses, a 8% a.m., renda a mesma quantia que a segunda em 3 meses e a 10% a.m. 14º) Dois capitais, um de R$ 200.000,00 e outro de R$ 222.857,00 foram aplicados em uma mesma data, sendo o primeiro a 16,8% a.a. e o segundo a 12% a.a.. Considerando o regime de capitalização simples, determine o tempo necessário para que os montantes se igualem. RESPOSTAS: 1º) a) R$ 100,00 b) R$ 1.260,00 c) R$ 936,00 d) R$ 9.000,00 2º) M = R$ 604.000,00 3º) J = R$ 0,50 12º) Num prazo 4 vezes menor que o anterior. 4º) i = 30% a.s. 13º) R$ 782,61 e R$ 417,39 5º) n = 6 anos 14º) n = 40 meses 6º) J = R$ 33,89 7º) n = 4 anos 8º) i = 5,36% a.m. 9º) i = 3,33% a.m. 204 10º) n = 12, 5 anos ou 12 anos e 6 meses 11º) n = 25 meses LISTA DE EXERCÍCIOS – CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA PROFª REGINA 1º) Carol fez uma aplicação de R$ 50.000,00, à taxa de 2% a.m., pelo prazo de 6 meses sob o regime de capitalização composta. Após os 6 meses, ela precisará resgatar essa aplicação para dar de entrada em um apartamento. Qual o valor que ela irá resgatar? 2º) Alexandre precisa encontrar o Montante de algumas aplicações, para entregar o relatório ao seu chefe. Considerando o regime de capitalização composta, calcule quais os montantes que ele encontrou: Capital Aplicado Taxa Prazo a) R$ 80.000,00 19,6 % a.a. 2 anos b) R$ 65.000,00 2,0 % a.m. 1 ano c) R$ 35.000,00 7,0 % a.t. 1 ano e meio 3º) Um capital de R$ 700,00 é aplicado a juros compostos, durante 1 ano e meio, à taxa de 2,5% a.m.. Quais foram os juros auferidos no período? 4º) Um banco remunera aplicações a juros compostos, cuja taxa é de 3% a.m.. Se uma pessoa aplicar R$ 85.000,00 hoje e R$ 100.000,00 daqui a 3 meses, qual será o montante daqui a 6 meses? 5º) Qual o capital que, aplicado a juros compostos durante 9 anos, à taxa de 10% a.a., produz um montante de R$ 175.000,00? 6º) Um determinado capital, aplicado a juros compostos durante 10 trimestres, rendeu uma quantia de juros igual ao valor aplicado. Determine a taxa trimestral dessa aplicação. 7º) Um determinado capital, aplicado a juros compostos, rendeu depois de um certo prazo o montante de R$ 117.567,19. Sabendo que a taxa mensal da aplicação foi de 2,5%, calcule o prazo da aplicação. 8º) Um capital, aplicado a juros compostos, durante 9 meses,rendeu um montante igual ao seu dobro. Determine a taxa mensal da aplicação. 9º) Gisele aplicou R$ 6.000,00, sendo uma parte no Banco A, à taxa de 6% a.m. e outra parte no Banco B, à taxa de 5% a.m.. O prazo das aplicações foi o mesmo, ou seja, 6 meses. Encontre os capitais aplicados, considerando o regime de capitalização composta e sabendo que os saldos verificados no Banco A e no Banco B são iguais. 205 10º) Uma determinada empresa teve seu faturamento aumentado de R$ 80.000,00 para R$ 400.000,00, em apenas 3 anos. Qual foi o porcentual de crescimento anual desse faturamento? 11º) Milena adquiriu um celular há 6 meses, por R$ 800,00. Estando o aparelho em ótimo estado de conservação e desejando vendê-lo com um retorno de 2% a.m. sobre o capital investido, calcule o preço de venda do celular, considerando o regime de capitalização composta. 12º) João aplicou R$ 55,00 e recebeu após um ano R$ 78,42. Ele gostaria de saber qual foi à taxa mensal auferida nessa aplicação, considerando o regime de capitalização composta. RESPOSTAS: 1º) R$ 56.308,12 7º) 24 meses 2º) a) R$ 114.433,28 8º) 8% a.m. b) R$ 82.435,72 c) R$ 52.525,56 3º) R$ 391,76 9º) R$ 2.914,72 e R$ 3.085,28 4º) R$ 210.767,14 10º) 71% a.a. 5º) R$ 74.217,08 11º) R$ 900,93 6º) 7,18 % a.t. 12º) 3% a.m. LISTA DE EXERCÍCIOS – EQUIVALÊNCIA DE TAXAS PROFª REGINA 1º) Tomei emprestada, a uma taxa de 5% a.m.(juros compostos), a quantia de R$ 170.000,00, para pagamento em 2 meses. Qual será o valor desse pagamento? 2º) Uma instituição remunera seus investidores a uma taxa e 20% a.t.. Uma pessoa aplicou nessa instituição a quantia de R$ 10.000,00 com promessa de resgate de R$ 89.161,00. Quanto tempo durou essa aplicação? 3º) Uma mercadoria custa, a vista, R$ 30.000,00. Uma pessoa propôs a compra dessa mercadoria em um único pagamento, a ser feito daqui a 4 meses. Qual a taxa composta adotada por essa loja, se só de juro a pessoa vai pagar R$ 26.216,61? 206 4º) (Banco do Brasil) O Produto Interno Bruto (PIB) de um país cresceu, em 5 anos, 46,9328%. Qual foi a taxa de crescimento anual? 5º) (Receita Federal) Um capital cresce sucessiva e cumulativamente durante 3 anos, na base de 10% a.a.. Qual é o seu montante final? 6º) (T.T.N.) João investiu R$ 500.000,00 a juros compostos, capitalizados mensalmente pelo prazo de 6 meses. Sabendo-se que a aplicação rendeu juros de R$ 209.259,55. Qual foi a taxa de juro equivalente anual do investimento? 7º) (Caixa Econômica Federal) Em um determinado ano, a inflação dos três primeiros meses foi respectivamente, de 14%,10% e 8%, qual foi a inflação acumulada desse trimestre? 8º) (Banco de Brasília) Fábio colocou R$ 40.000,00 em um banco, a juros compostos de 16% a.a., capitalizados anualmente. Qual foi o valor do juro que ele obteve ao final de 2 anos? 9º) (Banco do Brasil) Uma caderneta de poupança, em regime de capitalização composta, apresentou um rendimento de 12% num mês e 15% no mês seguinte, qual foi o rendimento total desse bimestre? 10º) (Banco do Brasil) J. Veríssimo aplicou seu capital durante 3 anos, à taxa nominal de 12% a.a., no regime de juro simples. Caso houvesse aplicado a juro composto, à mesma taxa, com capitalização semestral, teria recebido R$ 2.633,36 a mais. Quanto recebeu de juro? 11º) (T.R.T.) Qual a taxa anual de juro que, capitalizada semestralmente, produz R$ 35.691,20 de juros compostos, relativos ao capital de R$ 50.000,00 aplicado por 3 anos e 6 meses? 12º) Qual a taxa para 15 meses equivalente a 32% a.a.? 13º) Um banco deseja lucrar em suas operações a taxa efetiva anual de 40%. Que taxa nominal anual deverá exigir em uma operação com capitalização mensal? RESPOSTAS: 1º) R$ 187.425,00 8º) R$ 13.824,00 2º) 12 trimestres 9º) 28,8% ( rend. do bim.) 3º) i = 17% a.m. 10º) R$ 16.200,00 4º) 8% a.a. 11º) i = 16% a.a. (taxa nominal) 5º) M = 1,33C (133% do Capital Inicial) 6º) 101,2% a.a. 7º) 35,432% (inf. do trim.) 12º) i = 41,49% a.p. 13º) i = 34,08% a.a. 207 LISTA DE EXERCÍCIOS - DESCONTO SIMPLES PROFª REGINA 1º) Um título com valor nominal de R$ 50.000,00 foi resgatado 15 dias antes de sua data de vencimento, à taxa de 90% a.a., sob o critério do desconto racional. Qual foi o desconto concedido? Por quanto tempo foi negociado o título? 2º) Sobre uma dívida paga 18 dias antes de seu vencimento, obteve-se um desconto comercial de R$ 56.160,00. Qual era o valor dessa dívida, se taxa de desconto comercial usada na operação foi de 120% a.m. ? 3º) O resgate de uma nota promissória de R$ 320.000,00, 1mês e 15 dias antes de seu vencimento, foi feito com desconto comercial de R$ 144.000,00. Qual a taxa diária de desconto adotada nessa operação? 4º) Qual foi o prazo de antecipação de um título de R$ 320.000,00, negociado com desconto de R$ 80.640,00 à taxa comercial de 7% a.m.? 5º) Por uma duplicata de R$ 50.000,00 um banco pagou, em data anterior a seu vencimento, R$ 30.000,00. Encontre o período de antecipação do título, sabendo que a operação se deu sob o critério do desconto comercial, a 4% a.d. 6º) Qual o valor líquido de uma nota promissória de valor nominal R$ 70.213,15, resgatada 2 meses antes de seu vencimento, a 17% a.m., pelo critério do desconto racional? 7º) Um mês e vinte dias antes do vencimento de uma letra comercial, o sacador transferiu a propriedade do título a um banco e, com isso, obteve um líquido de R$ 70.000,00 Qual o valor nominal desse título se na operação usou-se a taxa racional de 1% a.d. ? 8º) Uma pessoa tomou emprestada a quantia de R$ 30.000,00 para pagamento em 1 ano, à taxa de 18,5% a.m. . Quatro meses antes do prazo previsto para o vencimento, essa pessoa propôs o pagamento da dívida, desde que fosse efetuado um desconto racional pela taxa em vigor na época (25% a.m.). Qual o valor que o devedor está propondo pagar? 9º) O valor nominal de um título 5 dias antes de seu vencimento é igual a 11 vezes o desconto racional a ele relativo. Qual a taxa envolvida nessa operação? 10º) Dois títulos A e B tiveram seus pagamentos antecipados, respectivamente, em 4 e 3 meses. A soma dos valores atuais racionais desses títulos importou em R$ 270.000,00, enquanto que a soma de seus valores nominais em R$ 339.750,00. Pede-se encontrar o valor atual de cada título, sabendo-se que eles foram descontados a 7,5% a.m. RESPOSTAS: 1º) D = R$ 1.807,22 A = R$ 48.192,78 208 2º) R$ 78.000,00 3º) i = 1 % a.d. 4º) n = 3 meses e 18 dias 5º) n= 10 dias 6º) R$ 52.397,87 7º) R$ 105.000,00 8º) R$ 48.300,00 9º) i = 2% a.d. 10º) AA = R$ 120.000,00 AB = R$ 150.000,00 LISTA DE EXERCÍCIOS - DESCONTO COMPOSTO Prof.ª REGINA 1º) Uma pessoa obteve um empréstimo para ser pago, em um único pagamento de R$ 2.000,00, após 1 ano. Decorridos 10 meses, a pessoa resolveu liquidá-lo. Qual o desconto racional a que fez jus se a taxa adotada na operação foi de 5% a.m. ? 2º) Com base na taxa composta de 10% a.m., um título foi descontado 3 meses antes do seu vencimento. Qual o valor atual desse título se o seu valor nominal é de R$ 400,00 ? 3º) Um título de R$ 350,00, com vencimento em 10/04/14, foi descontado em 10/04/12, em um banco que cobra 14% a.a., capitalizado semestralmente. Qual o valor recebido pelo título em 10/04/12 ? 4º) O valor de um título descontado 6 meses antes do seu vencimento, reduziu-se de R$ 465,85 para R$ 350,00. Qual a taxa bimestral racional composta adotada nessa operação? 5º) Encontre a taxa de juro composto adotada no desconto racional de um título de R$ 975,00, sabendo que a 4 meses de seu vencimento, o título sofreu um desconto de R$ 125,34. 6º) Por um título de R$ 1.000,00, paguei R$ 887,97. Qual o prazo de antecipação desse título, se o desconto racional composto deu-se a 2% a.m. ? 7º) Tomei emprestado de um amigo R$ 150,00, à taxa composta de 7% a.b., por 1 ano. Vinte dias antes do vencimento da dívida propus a liquidação dela. Que valor paguei pela dívida, se a taxa de juro composto nessa ocasião era de 10% ao bimestre e o desconto foi feito pelo critério racional? 8º) Uma pessoa, possuidora de um título de R$ 400,00, com vencimento para 7 meses, deseja substituí-lo por outro, com vencimento para 5 meses. Qual será o valor do novo título, uma vez que a taxa adotada na operação é de 4% a.m. e o critério adotado foi o desconto racional composto? 209 9º) Uma pessoa deve para um banco R$ 124,00, com vencimento para hoje. Não podendo efetuar esse pagamento, propõe a troca do título por outros dois, sendo o primeiro de R$ 73,50, com vencimento para 30 dias, e o saldo restante para 60 dias. Qual o valor desse saldo restante, se o banco em questão opera a 5 % a.m., pelo critério do desconto racional composto? 10º) Uma pessoa devedora de R$ 221,49, com vencimento para 2 meses, deseja liquidar essa dívida em dois pagamentos iguais, sendo o primeiro hoje e o segundo em 1 mês. Qual o valor desses pagamentos, considerando a taxa composta de 7% a.m. ? ( Dado: Desconto Racional). 11º) Devo para um banco dois títulos no valor de R$ 12.000,00 cada, com vencimento a 2 e 4 meses, respectivamente. Como não irei dispor de recursos nestes prazos, concordei em substituir esses dois títulos por um único de R$ 30.000,00, com vencimento para daqui a 6 meses. Qual a taxa de juro composta adotada nessa operação? ( Dado: Desconto Racional ). 12º) Um equipamento é vendido nas seguintes condições: a vista, por R$ 2.246,40, ou a prazo, em dois pagamentos mensais de R$ 1.259,71 , sendo o primeiro para 1 mês. Qual a taxa de juro usada nessa loja nas vendas a prazo? ( Dado: Desconto Racional ). RESPOSTAS: 1º) R$ 185,94 7º) R$ 218,07 2º) R$ 300,53 8º) R$ 369,82 3º) R$ 267,01 9º) R$ 59,53 4º) i = 10% a.b. 10º) R$ 100,00 5º) i = 3,5% a.m. 6º) n = 6 meses 11º) i = 7,62% a.m. 12º) i = 8% a.m. LISTA DE EXERCÍCIOS – EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS PROFª REGINA 1º) Um aparelho de som é vendido por R$ 3.000,00, à vista ou, então, com uma entrada e mais três parcelas mensais de R$ 800,00 cada. Se a loja trabalha com uma taxa de juros compostos de 3,5% a.m., qual o valor da entrada? 2º) Um vestido de noiva é vendido em uma loja por R$ 800,00 de entrada mais uma parcela de R$ 400,00, após um mês. Um comprador propõe dar R$ 200,00 de entrada. Nessas condições, qual o valor da parcela mensal, sabendo-se que a loja opera a uma taxa de juros compostos de 4% a.m.? 3º) Um terreno é colocado a venda por R$ 15.000,00 a vista ou, então, a prazo, com R$ 2.000,00 de entrada e mais três parcelas trimestrais de R$ 5.000,00 cada. Qual a 210 melhor alternativa para o comprador, se ele consegue aplicar seu dinheiro a 4% a.m. e tem fundos para a compra a vista? 4º) Um computador é vendido a vista por R$ 3.000,00, podendo também ser financiado da seguinte forma: • • Entrada de 30%. Duas parcelas mensais, sendo a segunda igual ao dobro da primeira e vencendo a primeira dois meses após a compra. Qual o valor de cada prestação se a loja opera a uma taxa de juros compostos de 4% a.m.? 5º) Um conjunto de sofás é vendido a vista por R$ 1.500,00 ou a prazo em três prestações mensais sem entrada, sendo a segunda igual ao dobro da primeira e a terceira o triplo da primeira. Obtenha o valor da segunda prestação, sabendo-se que a loja opera a uma taxa de juros compostos de 5% a.m. 6º) Uma empresa deve pagar três títulos. O primeiro de R$ 250.000,00 exigível em 3 meses; o segundo de R$ 300.000,00 exigível em 6 meses e o terceiro de R$ 450.000,00 exigível em 9 meses. A empresa pretende substituir esses 3 títulos por um único de R$ 1.241.612,45, sabendo que a taxa é de 4% a.m., descubra qual será a data desse pagamento. 7º) Uma determinada loja vende um equipamento em 3 parcelas, sendo R$ 1.500,00 de entrada, R$ 2.000,00 depois de três meses e R$ 3.500,00 depois de seis meses. Considerando-se que a taxa de juros mensal cobrada é de 5% e o regime é de capitalização composta, e ainda, que o comprador precisou adiar a terceira parcela por mais dois meses, a entrada deverá ser alterada para que valor? 8º) (Concurso Controlador da Arrecadação Federal) Carlos pretende vender o seu apartamento pelo preço de R$ 600.000,00 a vista. Entretanto, em face das dificuldades de venda a vista, está disposto a fazer o seguinte plano de pagamento: • • • Entrada de R$ 120.000,00; R$ 250.000,00 no fim de 6 meses; Duas parcelas, sendo a segunda 50% superior à primeira, vencíveis em 1 ano e 15 meses respectivamente. Admitindo-se que a taxa de juros de mercado é de 6% a.m.(juros compostos), o valor da última parcela ( que vence em 15 meses ) será de ( desprezar os centavos da resposta ): a) R$ 270.240,00 b) R$ 308.795,00 c) R$ 350.835,00 d) R$ 405.782,00 9º) (Concurso Controlador da Arrecadação Federal) Uma imobiliária está vendendo um apartamento em duas parcelas: R$ 20.000,00 de entrada e R$ 40.000,00 após 5 meses. Francisco propõe adiar a segunda parcela por mais 3 meses. Considerando que a taxa de juros mensal cobrada é de 5% e o regime é o de capitalização composta, Francisco deverá pagar a mais na entrada a quantia de ( desprezar os centavos na resposta ): 211 a) R$ 4.267,00 b) R$ 4.553,00 c) R$ 4.674,00 d) R$ 6.305,00 10º) (Concurso Controlador da Arrecadação Federal) Uma empresa deve pagar três títulos. O primeiro, de R$ 15.000,00 exigível em um ano; o segundo, de R$ 30.000,00 exigível em 2 anos, e o terceiro, de R$ 25.000,00 exigível em 3 anos. A empresa pretende substituir esses três títulos por um único título de R$ 45.676,21. Admitindo-se o regime de juros compostos e uma taxa mensal de 5% o prazo do novo título é de (aproximadamente): a) 12 meses b) 13 meses c) 14 meses d) 15 meses 11º) Em uma loja do Shopping X, uma senhora é a tendida pelo vendedor, que afirma: “ O preço desse relógio, a vista, é de R$ 2.100,00, mas a senhora poderá comprá-lo em três vezes sem acréscimo, sendo a primeira prestação dada como entrada.” Se a taxa de juros cobrada pela loja, nas vendas a prazo é de 4 % a.m., que porcentagem do preço a vista pode a loja dar de desconto? RESPOSTAS: 1º) R$ 758,69 6º) 12 meses 2º) R$ 1.024,00 7º) R$ 1.742,81 3º) Comprar a prazo. 8º) R$ 405.782,00 4º) R$ 777,04 e R$ 1.554,08 5º) R$ 559,92 9º) R$ 4.267,00 10º) 15 meses 11º) 3,8 % de desconto. LISTA DE EXERCÍCIOS SEQUÊNCIA UNIFORME DE CAPITAIS ou SÉRIE UNIFORME DE PAGAMENTOS PROFª REGINA 1º) Qual o preço a vista de um automóvel financiado à taxa de 3% a.m., sendo o número de prestações igual a 10 e R$ 3.800,00 o valor de cada prestação, vencendo a primeira 30 dias após a compra? 2º) Um aparelho eletrônico é vendido a vista por R$ 600,00, mas pode ser financiado à taxa de 3% a.m.. Obter o valor de cada prestação nas seguintes condições de financiamento: 212 a) 12 prestações mensais. b) 18 prestações mensais. c) 24 prestações mensais. 3º) Um eletrodoméstico é vendido nas seguintes condições: entrada de R$ 100,00 e mais 5 prestações mensais de R$ 80,00. Sabendo-se que a taxa de juros de financiamento é de 3% a.m., pede-se o preço a vista. 4º) Um equipamento é vendido em 5 prestações mensais de R$ 1.200,00, sendo a primeira prestação dada como entrada. Qual o preço a vista, se a taxa de juros for de 3,2% a.m.? 5º) Um apartamento é vendido a vista por R$ 50.000,00, ou então, em 4 prestações mensais, sendo a primeira dada como entrada. Obtenha o valor de cada prestação, sabendo que a taxa de juros é de 3,72% a.m. 6º) O Diretor Financeiro de uma grande loja recebe uma certa quantidade de equipamentos ao custo unitário de R$ 8.300,00. A política de vendas dessa loja estabelece um lucro de 30% sobre o preço de venda da mercadoria (correspondente a 42,86% sobre o preço de custo da mesma). Qual deve ser o preço de venda a vista? Suponhamos agora que o diretor, para promover as vendas, ofereça o mesmo equipamento aprazo, em 6 pagamentos mensais e iguais, vencendo o primeiro um mês após a compra. Qual deve ser o valor dessas prestações, considerando que a taxa corrente de juros compostos de mercado seja de 3% a.m.? 7º) Considere os mesmos dados do exercício anterior e determine o valor das prestações para o plano de pagamento em 6 prestações, sendo a primeira prestação dada como entrada. 8º) Para recuperar um capital de R$ 10.000,00 foi criado um plano de 5 prestações mensais e iguais com a primeira no ato e as demais vencíveis a cada 30 dias, sendo cobrados juros de 2,6% a.m.. Qual o valor de cada prestação? 9º) Um terreno é vendido a vista por R$ 30.000,00 ou a prazo em prestações mensais. Sendo a taxa de juros de 3,2% a.m., pede-se: 12 a) o valor de cada prestação, se não houver entrada; b) o valor de cada prestação se a 1ª for dada como entrada. 10º) Um equipamento industrial é vendido a vista por R$ 5.000,00 ou a prazo, com 20% de entrada, mais duas prestações mensais de R$ 2.098,02 cada. Qual a melhor alternativa para um comprador que opera a uma taxa de juros compostos de 2,8% a.m.? RESPOSTAS: 1º) R$ 32.414,77 2º) a) R$ 60,28 b) R$ 43,63 213 c) R$ 35,43 3º) R$ 466,38 5º) R$ 13.192,94 7º) R$ 2.125,05 9º) a) R$ 3.049,96 b) R$ 2.955,38 4º) R$ 5.639,27 6º) R$ 11.857,14 (a vista) R$ 2.188,80 (prestação ) 8º) R$ 2.103,97 10º) Comprar a vista. 215 ANEXOS ANEXO 1 – Plano de Ensino da disciplina de Finanças. PLANO DE ENSINO Curso Técnico Integrado de Informática Área de Conhecimento: INFORMÁTICA Disciplina: FINANÇAS Professor: MARIA REGINA LAGINHA BARREIROS ROLIM C. H. Semanal: 02 C. H. Anual: 76 Série: 3º ANO 1. OBJETIVOS GERAIS • • • • Desenvolvimento de Técnicas matemáticas necessárias aos cálculos financeiros, através da interpretação dos conceitos específicos do conteúdo; Desenvolvimento de técnicas que auxiliam no ramo de atuação dos técnicos de informática; Distinguir as diferentes formas de aplicação financeira; Utilizar a Equivalência de Capitais e a Sequência Uniforme de Pagamentos para análise de diferentes Planos Financeiros. 2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • • • Interpretar e analisar Sistemas de Capitalização; Conhecer o Mercado Financeiro; Interpretar, analisar e desenvolver planos de amortização de empréstimos; 216 3. PROCEDIMENTOS • Aula expositiva; • Resolução de lista de exercícios em grupo; . 4. AVALIAÇÃO Duas Avaliações – P1 e P2 MF = (P1+P2) / 2 CONTEÚDOS 1º BIMESTRE • • • • • • Importância da Matemática Financeira; Regimes de Capitalização; Capitalização Simples; Equivalência de Taxas; Capitalização Composta; Taxa Efetiva e Taxa Nominal. 2º BIMESTRE • • • Taxa Efetiva e Taxa Nominal; Descontos Simples; Descontos Compostos. 3º BIMESTRE • • Equivalência de Capitais; Série Uniforme de Pagamentos; 4º BIMESTRE • • Série Uniforme de Pagamentos; Plano de Amortização de Empréstimos. 217 BIBLIOGRAFIA • PUCCINI, Abelardo de Lima. Matemática Financeira Objetiva e Aplicada. Ed. Saraiva. • HAZZAN, Samuel & POMPEO, José Nicolau. Métodos Quantitativos – Matemática Financeira. Ed. Atual. • FARIA, Rogério Gomes de. Matemática Comercial e Financeira. Ed. Makron Books. 218 ANEXO 2 – Relatório final desenvolvido pelo Grupo K. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO – CAMPUS CUBATÃO APRENDENDO MATEMÁTICA FINANCEIRA TRABALHO DE FINANÇAS RELATÓRIO DE CONCLUSÃO PROFESSORA E ORIENTADORA DO PROJETO: MS. MARIA REGINA LAGINHA BARREIROS ROLIM 27/11/2012 GRUPO K CTII 347 Aprendendo a Matemática Financeira trata-se de um software para plataforma Windows, que além de efetuar contas de equivalência de capitais e série uniforme de pagamentos, contém uma parte teórica cujo objetivo é ensinar conceitos, fórmulas e aplicações, bem como exemplos resolvidos para maior entendimento do público, sobre finanças. 219 1 INTRODUÇÃO 1.1 INTRODUÇÃO AO TRABALHO A carência de uma educação financeira de qualidade nas escolas gera complicações para a população em sua vida adulta, sabendo-se que, atualmente, o trabalhador encontra facilidades de endividamento. Visto a problemática gerada pela falta do conteúdo de finanças no ensino básico desenvolvemos um software que explica de modo didático os conceitos de Matemática Financeira, contendo explicações superficiais e avançadas sobre o assunto, tais como conceitos de juros e capitalização, equivalência de taxas, série uniforme de pagamentos e equivalência de capitais. 1.2 OBJETIVO O objetivo principal do programa é ajudar o estudante por meio de interface gráfica a entender melhor a teoria e prática da Matemática Financeira, como também suas aplicações (visto que além de obter resultados, os ensinaria a resolvê-los). Também facilitaria os cálculos e por meio deles, por exemplo, mostraria a vantagem ou desvantagem de determinados acordos financeiros. 1.3 SOBRE O TEMA 1.3.1 EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS A equivalência de capitais é bastante utilizada na renegociação de dívidas, em particular, na substituição de um conjunto de títulos por outro, equivalente ao primeiro. 1.3.2 SÉRIE UNIFORME DE PAGAMENTOS É a série que exibe o retorno do capital através de pagamentos iguais em intervalos de tempo constantes. É bem ilustrada nas situações de empréstimo ou aquisições de bens. 220 2. DESENVOLVIMENTO DO SOFTWARE 2.1 PLATAFORMA WINDOWS O software foi desenvolvido na linguagem de programação C#, da plataforma Windows, visto que, no Brasil 95,6% da população utiliza o sistema operacional Windows, logo, acessível à maioria das pessoas. 2.2 ACESSIBILIDADE Visando a melhoria da qualidade de vida da população, a aprendizagem e noção básica em Matemática Financeira de jovens que serão futuros empreendedores e trabalhadores. Desenvolvemos um software que além de ser disponibilizado gratuitamente, foi desenvolvido na plataforma Windows (plataforma mais utilizada no Brasil), aumentando assim a acessibilidade e transmitindo conceitos e aplicações, para prepará-los para o futuro. 2.3 PÚBLICO ALVO Um público que abrange desde alunos a grandes investidores, ou seja, qualquer pessoa é relacionada como público alvo do nosso programa. Porém visamos, principalmente, os jovens como público alvo, visto que, ao entrarem para o mercado de trabalho e ao começarem a realizar transações comerciais, lidam com situações financeiras, com poucos conhecimentos no assunto, tendo maior necessidade do programa. 2.4 APLICAÇÕES Além de facilitar os cálculos, mostra, por exemplo, se é benéfico determinados acordos propostos por empresas de crédito no cotidiano de quem lida com dívidas ou crediários. O programa é constituído por parágrafos sobre diversos assuntos de 221 Matemática Financeira e exemplos resolvidos, além de conversores para facilitar os cálculos. Iniciamos o projeto com Equivalência de Taxas e Sequência Uniforme de Pagamentos, pois são estes os maiores tipos de movimentações envolvidas no mercado comercial, proposto em parcelamentos de dívidas e concessões de crédito. 2.5 DIFICULDADES Nossa maior dificuldade, apesar do longo período para conclusão do trabalho foi dificuldades em relação à aplicação das fórmulas em programação C#, o que dificultou o término do software. Outra dificuldade relatada pelo grupo foi a realização da pesquisa e do banner para o COBRIC, bem como disponibilidade de tempo dos integrantes do grupo para realizar o trabalho em conjunto, visto isso, criamos um grupo no facebook, onde trocávamos ideias e projetos, também realizada via e-mail. 3. COBRIC 3.1 SOBRE O CONGRESSO BRASILEIRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA O IV CONGRESSO BRASILEIRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA (IV COBRIC) é uma iniciativa da Universidade Santa Cecília criando oportunidade a estudantes para: • Despertar vocação na área da pesquisa; • Estimular a produção científica; • Exercitar a inter e a transdisciplinaridade; • Articular as atividades de ensino – pesquisa – extensão. 222 3.2 NOSSA PARTICIPAÇÃO Data de realização: 08 e 09 de novembro de 2012 Local: Universidade Santa Cecília (Santos/SP). Nossa participação no IV Congresso Brasileiro de Iniciação Científica foi muito importante para a nossa introdução à área de pesquisa e iniciação científica. O incentivo à realização de um projeto científico (de Matemática Financeira), pesquisa e apresentação preparou-nos ainda mais para o nosso futuro. 223 3.3 PESQUISA Em nossa pesquisa realizada com jovens com idades entre quinze a vinte e um anos, 66% relataram não possuir nenhum conhecimento em Matemática Financeira, o que mostra a necessidade de um programa como este. Além disso, 87% dos jovens demonstraram interesse em um programa que não só efetuaria as contas, mas ensinaria conceitos, cálculos e aplicações, e 93% deles relataram necessidade do software, não só futuramente como atualmente. O nosso programa possibilitará maior facilidade para todas as partes dos acordos devido à rápida execução dos cálculos pelo software. 3.4 APRESENTAÇÃO Para todos os resumos aprovados, foi obrigatória a apresentação na forma de painel, realizada no dia 08 de novembro das 10h30min ao 12h00min. Com todos os integrantes e a professora/orientadora presentes foi realizada uma breve apresentação introdutória sobre nosso programa a jurados da Comissão do Congresso Brasileiro de Iniciação Científica. 224 3.5 BANNER 225 4. RELATÓRIOS APRESENTADOS 4.1 RELATÓRIO INICIAL Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo – IFSP Cubatão, 11 de setembro de 2012. Camila Alcântara Michelli Clarisse Ricardo Gonçalves Tuani Oliveira CTII 347 Relatório Semanal Projeto de Finanças. Relatório Semanal Tema: Equivalência de capitais e Série Uniforme de Pagamentos Objetivo: Nosso programa será utilizado tanto no dia-a-dia, por profissionais da área, quanto para o aprendizado. Queremos atingir tanto professores e profissionais atuantes da área como estudantes que estão na fase de aprendizado da matéria, com o objetivo de facilitar o entendimento e a usabilidade de uma formação financeira cidadã. Também temos como objetivo fazer o programa no formato para dispositivos móveis como celular, tabletes, entre outros. Descrição: Nesta semana demos início ao nosso trabalho com o tema: Equivalência de capitais e série uniforme de pagamento. Selecionamos as fórmulas relacionadas ao tema, e alguns problemas que poderão surgir em nosso programa. Criamos um grupo no facebook, somente para os integrantes do trabalho para melhor comunicação entre o grupo. Definimos que a linguagem de programação utilizada será: C# 226 4.2 QUESTÕES RESOLVIDAS 01) Um aparelho de som é vendido por R$ 2699,00 à vista, ou da seguinte forma: Uma entrada e mais 11 parcelas mensais de R$ 263,12. Se a loja trabalha com uma taxa de juros compostos de 42,41% a.a, qual o valor da entrada? Resposta: R$ E= 263,10 02) Uma dívida é composta de três pagamentos no valor de R$ 2.800,00, R$ 4.200,00 e R$ 7.000,00, vencíveis em 60, 90 e 150 dias, respectivamente. Sabe-se ainda que a taxa de juros simples de mercado é de 4,5% ao mês. Determine o valor da dívida se o devedor liquidar os pagamentos: a)Hoje; b) Trocando por um único título na data 07; a) Resposta: C = R$ 11.983,53 b) Resposta: R$ 16.016,00 03) Um ar-condicionado Split 12000 BTUS é vendido à vista por R$1899,00 ou a prazo com 12 prestações iguais de R$185,15. Sendo o total a prazo de R$ 2221,80, qual a taxa de juros? Resposta: i = 2,5% a.m 04) Uma TV 42” de LED é vendida à vista por R$2490,00 mas pode ser financiada à taxa de 2,99% a.m., em 12 parcelas iguais. Qual o valor das prestações(Sistema de Capitalização Composto)? Resposta: P = R$250,00 05) Um Notebook é vendido, à vista, por R$ 999,00, ou a prazo, em três prestações trimestrais sem entrada. Qual será o valor das prestações, sabendo – se que a loja trabalha com taxas de 5,66% a.t.? P = R$371,39 227 5. CONCLUSÃO DO DESENVOLVIMENTO DO SOFTWARE 5.1. EXPECTATIVAS Nossas expectativas em relação ao software é que ajude a população em geral, trazendo para a vida e cotidiano, noções de Matemática Financeira e facilitando transações comerciais, diminuindo assim a probabilidade de endividamento da mesma. Bem como trazendo para o seu dia-a-dia o aprendizado e maior conhecimento na área. 6. CONCLUSÃO GERAL DO GRUPO SOBRE O TRABALHO. Visando a melhoria da qualidade de vida da população, a aprendizagem e noção básica em Matemática Financeira de jovens que serão futuros empreendedores e trabalhadores, que estarão constantemente submetidos a acordos e negociações desse tipo, sendo que grande parte não tem acesso a aulas de finanças. Por meio de um software gratuito queremos transmitir conceitos e aplicações, bem como fórmulas e resoluções preparando-os para o futuro. 228 7. IMAGENS DO SOFTWARE Sobre o “Aprendendo Matemática Financeira” Tópico Ajuda 229 Tópico Ajuda Cálculos (Sequência Uniforme de Capitais) 230 ANEXO 3 – Normas de Submissão do COBRIC Fonte: Disponível em: http://sites.unisanta.br/cobric/normas_paineis.asp