UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS JEANE CARLA DE OLIVEIRA PADRE ELABORAÇÃO DE QUEIJO DE LEITE DE CABRA TIPO MUSSARELA PELO MÉTODO DA ACIDIFICAÇÃO DIRETA JOÃO PESSOA – PB 2007 JEANE CARLA DE OLIVEIRA PADRE ELABORAÇÃO DE QUEIJO DE LEITE DE CABRA TIPO MUSSARELA PELO MÉTODO DA ACIDIFICAÇÃO DIRETA Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal da Paraíba, em cumprimento as exigências para obtenção do grau de mestre em Ciências e Tecnologia de Alimentos. Orientador: Prof. Dr. Antônio Eustáquio Resende Travassos JOÃO PESSOA – PB 2007 1 P124e Padre, Jeane Carla de Oliveira Elaboração de queijo leite de cabra tipo mussarela pelo método da acidificação de direta/Jeane Carla de Oliveira.- João Pessoa, 2007. 93p. Orientador: Antônio Eustáquio Resende Travassos Dissertação (Mestrado) UFPB/CT. 1. Alimentos – Engenharia. 2. Engenharia de Alimentos UFPB/BC CDU 637.3(043) 2 JEANE CARLA DE OLIVEIRA PADRE ELABORAÇÃO DE QUEIJO DE LEITE DE CABRA TIPO MUSSARELA PELO MÉTODO DA ACIDIFICAÇÃO DIRETA Aprovada em _____/___________de 2007 . BANCA EXAMINADORA: Prof. Dr. Antonio Eustáquio Resende Travassos Orientador Profa. Dra. Emiko Shinozaki Mendes Examinador (Externo) Prof. Dr. Ricardo Targino Moreira Examinador (Interno) 3 AGRADECIMENTOS A Deus por ter conseguido chegar até aqui, concluindo mais uma dura etapa profissional. Aos meus pais queridos, Gilberto e Neide, pelo amor, carinho, incentivo e confiança dedicados a mim nesta etapa da minha vida. Aos meus queridos irmãos, Gineide, Gilnei, Gilvana e Jean pela compreensão e apoio constante. Ao meu namorado querido, Márcio e a sua família, pela grande presença em todos os momentos bons e ruins da execução deste trabalho. A todos amigos que participaram desta importante fase que passei, em especial a Milene, que sempre esteve disposta a me estender a mão quando precisei. A amiga Luciana, que foi muito essencial na realização deste trabalho. À Universidade Federal da Paraíba (UFPB) pela oportunidade de realização do mestrado; À coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologia de Alimentos, pela oportunidade de realização do curso; Aos professores do Programa de pós-graduação, que tanto me ajudaram com conhecimentos, ensinamentos e contribuição para a formação profissional. Ao Prof. Dr. Antônio Eustáquio Resente Travassos pela orientação, ensinamentos e atenção na execução deste trabalho. Ao Prof. Dr. Ricardo Targino Moreira pela co-orientação, grande apoio na análise sensorial e sempre disposto a ajudar. A Profa. Dra. Esmeralda Paranhos dos Santos pela grande colaboração na parte estatística, na qualificação e pela disposição em sempre ajudar na realização do trabalho. 4 A Profa. Dra. Emiko Shinozaki Mendes pela disponibilidade em participar da Banca examinadora do trabalho e pelas sugestões atribuidas. Aos servidores do Laboratório de Controle de Qualidade, Jerônimo e Sr. Paulo; do Laticínio, Ivanildo Nonato e Ivanildo Souza e do Setor de Caprinocultura, Sandra e Gerson, pela atenção, presteza e cordialidade. Aos colegas do Mestrado pela amizade e apoio nas horas difíceis, em especial nas pessoas de Mayra, Elck e Mayk que sempre me ajudaram nos momentos que precisei; Aos amigos Carlos (Binha), Jandeilson, Alanne, Juliana, Luís, Abrão, Lucineide e Eliossandra com quem pude contar em todos os momentos. Aos provadores que participaram das análises sensoriais, pela atenção dispensada e pela paciência. Ao CNPq pela concessão da bolsa de estudo. Agradeço a todos que colaboraram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho. 5 RESUMO O queijo mussarela, apesar de ser um produto típico italiano, encontrou um grande mercado no Brasil sendo utilizado principalmente em pizza. Este trabalho teve como objetivo desenvolver Queijos tipo Mussarela de leite de cabra. Foram desenvolvidas duas formulações de queijos tipo mussarela: Queijo tipo mussarela de leite caprino e Queijo tipo Mussarela de leite bovino com teor de gordura reduzido. Os queijos foram avaliados através das análises físico-químicas: Umidade, cinzas, gordura, acidez, pH, proteínas, extrato seco total (EST), extrato seco desengordurado (ESD), gordura no extrato seco (GES) e cor. Os queijos foram submetidos a análise sensorial através do teste de aceitação, onde foram avaliados os atributos sensoriais aparência, aroma, intensidade da cor, textura, sabor e avaliação geral. Também verificou-se aceitação do queijo em pizza para os atributos aparência, aroma, intensidade da cor, textura, derretimento, sabor e avaliação geral. Os queijos também foram avaliados quanto a capacidade de derretimento. Constatou-se que nas avaliações físico-químicas houve diferença (p < 0,05) para os queijos tipo mussarela caprino e bovino, quanto aos teores de cinzas, gordura, acidez, proteína e GES. Entretanto, observou-se que não houve diferença (p > 0,05) para os teores de umidade, pH, EST e ESD. Na análise sensorial do queijo, houve diferença significativa para todos os atributos e foi constatado que o queijo tipo mussarela comercial apresentou maior aceitação nos mesmos. Já na análise do queijo em pizza, não houve diferença significativa (p > 0,05) para os atributos aspecto, cor, textura, derretimento, sabor e avaliação geral do produto. Somente para o aroma houve diferença significativa (p > 0,05). Para a capacidade de derretimento, observou-se que os queijos caprino e bovino com teor de gordura reduzido se apresentaram muito inferiores ao queijo comercial. Para a capacidade de derretimento, notou-se que o queijo comercial apresentou melhor resultado e isso se deve ao teor reduzido de gordura dos queijos fabricados. Palavras-chave: Queijo, Queijo tipo mussarela, leite de cabra, acidificação direta, análise sensorial. 6 ABSTRACT The mozzarella cheese, although being a typical italian product, it found great market in Brazil being used mainly in pizza. The objective of the work in dispute is to develop mozzarella goat cheeses. It was developed two formulations for mozzarella cheeses: Mozzarella cheese made out of goat milk and mozzarella cheese made out of cow milk with reduction of fat content. the cheeses were evaluated through physicochemical analysis: humidity, ashes, fat, acidity, pH, protein, total dry extract (TDE), fat free dry extract (FFDE), fat in the dry extract(FDE) and color. Along with a commercial cheese the cheeses had been submitted to sensorial analyis through the acceptance test to be evaluated for their sensorial attributes such as appearance,aroma,intensity of the color, texture, flavor and general evaluation. Also acceptance of the cheese in pizza for the attributes was verified appearance, aroma, intensity of the color, texture, melting, flavor and general evaluation. Also, the cheeses were evaluated for their melting properties. It was established in the physicochemical evaluation that there were differences (p< 0,05) for the goat and cow types of mozzarella cheeses as to ashes, fat, acidity, protein and FDE counts. However, it was observed that there was no difference (p>0,05) as to humidity, pH, TDE and FFDE count. In the sensorial analysis of the cheese there were significant differences for all the attributes and it was confirmed that the commercial mozzarella cheese presented better acceptance. On the other hand in the analysis of cheese in pizza there was no significant differences (p > 0,05) for the attributes such as color, texture, melting, flavor and general evaluation of the product. the only significant difference was the aroma ( p>0,05). For the melting capacity, it was observed that goat and cow cheeses with reduced fat content shows inferior compared to commercial cheese. For the melting capacity it was noted that the commercial cheese presented better results and it is attributed to the fat reduction content of fabricated cheeses. The objective of the work in dispute is to develop mozzarella goat cheeses. key words: cheese, mozzarella type cheese, goat milk, direct acidification, sensorial analysis. 7 LISTA DE FIGURAS Pág. Figura 1 Fluxograma do queijo mussarela caprino pelo método de acidificação direta......................................................................... 35 Figura 2 Fluxograma do queijo mussarela bovino pelo método de acidificação 36 direta................................................................................. Figura 3 Ficha de avaliação sensorial e intenção de compra de queijo tipo mussarela.............................................................................. Figura 4 40 Ficha de avaliação sensorial e intenção de compra de queijo tipo mussarela em pizza............................................................... 41 Figura 5 Material utilizado na amostragem do queijo para a análise do derretimento................................................................................. Figura 6 Perfil de aceitação e rejeição da aparência dos queijos tipo mussarela .................................................................................... Figura 7 43 52 Perfil de aceitação e rejeição da aparência dos queijos tipo mussarela..................................................................................... 53 Figura 8 Perfil da intensidade da cor dos queijos tipo mussarela 54 Figura 9 Perfil de aceitação e rejeição da textura dos queijos tipo mussarela .................................................................................... Figura 10 Perfil de aceitação e rejeição do sabor dos queijos tipo mussarela..................................................................................... Figura 11 56 Perfil de aceitação e rejeição de Aceitação Global dos queijos tipo mussarela.............................................................................. Figura 12 55 57 Representação esquemática dos valores médios dos atributos do painel sensorial dos queijos tipo mussarela............................ 58 Figura 13 Perfil de intenção de compra dos queijos tipo mussarela............ 59 Figura 14 Perfil de aceitação e rejeição da aparência do queijo da pizza... 60 Figura 15 Perfil de aceitação e rejeição do aroma do queijo da pizza......... 61 Figura 16 Perfil da intensidade da cor do queijo em pizza 62 Figura 17 Perfil de aceitação e rejeição da textura do queijo da pizza ....... 63 8 Figura 18 Perfil de aceitação e rejeição do derretimento do queijo da pizza............................................................................................. 64 Figura 19 Perfil de aceitação e rejeição do sabor do queijo da pizza.......... 65 Figura 20 Perfil de aceitação e rejeição da avaliação geral do queijo da pizza............................................................................................. Figura 21 66 Representação esquemática dos valores médios dos atributos do painel sensorial dos queijos tipo mussarela apresentados Figura 22 em pizza....................................................................................... 67 Perfil de intenção de compra da pizza......................................... 68 9 LISTA DE TABELAS Pág. Tabela1 Tempo aproximado de fabricação dos queijos tipo mussarela elaborados pelos métodos tradicional e da acidificação direta Tabela 2 33 Teores médios (%) dos parâmetros físico-químicos do leite bovino e caprino utilizados na elaboração dos queijos tipo mussarela Tabela 3 44 Valores médios* dos parâmetros físico-químicos dos queijos tipo mussarela......................................................................... 45 Tabela 4 Valores médios de cor ( L*, a*, b*) dos queijos tipo mussarela desenvolvidos......................................................................... Tabela 5 Comparação dos tratamentos sobre os atributos sensoriais para o queijo........................................................................... Tabela 6 50 51 Comparação dos tratamentos sobre os atributos sensoriais para a pizza............................................................................. 60 Tabela 7 Capacidade de Derretimento dos queijos tipo mussarela....... 69 10 SUMÁRIO Pág. LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS RESUMO ABSTRACT 1. INTRODUÇÃO 13 2. REVISAO BIBLIOGRAFICA 15 2.1 CAPRINOCULTURA 15 2.2 LEITE DE CABRA 17 2.3 DERIVADOS DO LEITE DE CABRA 19 2.4 QUEIJO 20 2.5 QUEIJO MUSSARELA 23 2.5.1 Acidificação Direta no Processamento do Queijo Mussarela 25 2.6 ANÁLISE SENSORIAL 26 3. OBJETIVOS 29 3.1 OBJETIVO GERAL 29 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 29 4. MATERIAL E MÉTODOS 30 4.1 LOCAL DO EXPERIMENTO 30 4.2 MATÉRIA-PRIMA 30 4.3 PRODUTOS DESENVOLVIDOS 30 4.3.1 Teste Preliminares 31 4.3.2 Processamento do queijo tipo mussarela 32 4.3.3 Análises físico-químicas 37 4.3.4 Análises sensoriais 39 4.3.5 Capacidade de derretimento 42 4.3.6 Análise estatística 43 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 44 5.1 CARACTERÍSTICAS DO LEITE UTILIZADO NA FABRICAÇÃO DOS QUEIJOS TIPO MUSSARELA 44 11 5.2 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS 44 5.2.1 Umidade 45 5.2.2 Cinzas 46 5.2.2 Lipídeos 46 5.2.3 Acidez 47 5.2.4 PH 47 5.2.5 Proteínas 48 5.2.6 Extrato Seco Total (EST) 48 5.2.7 Extrato Seco Desengordurado (ESD) 48 5.2.8 Gordura no Extrato Seco (GES) 49 5.2.9 Cor 49 5.3 ANÁLISES SENSORIAIS 50 5.3.1 Perfil dos Provadores 50 5.3.2 Análise sensorial do queijo tipo mussarela 50 5.3.3 Análise Sensorial dos queijos em pizza 59 5.4 CAPACIDADE DE DERRETIMENTO 68 6. CONCLUSÕES 70 7. REFERÊNCIAS 71 8. APÊNDICES 81 12 1. INTRODUÇÃO O leite, nosso primeiro alimento, é uma mistura de proteínas, carboidratos, gorduras, sais minerais e água. A quantidade destes nutrientes é responsável pela formação e manutenção do organismo das crianças nos primeiros meses de vida, e mais tarde o leite serve de complemento nas refeições dos adultos. Devido à alta perecibilidade do leite é necessário que este seja transformado (processado) dando origem a produtos de fácil conservação, permitindo que apresentem composição aproximada àquele que é dito um alimento completo para a nutrição do homem. Referências históricas que se reportam aos tempos bíblicos mencionam que, dentre os animais domesticados pelo homem, sem dúvida alguma a cabra foi o primeiro, e o seu leite na alimentação humana, com fins terapêuticos, já havia sido indicado por Hipócrates (460-377 a.C.), célebre médico da Grécia Antiga (CAMPBELL e MARSHALL, 1975). A população mundial de caprinos está distribuída principalmente nas regiões tropicais e subtropicais. No Brasil, entretanto, a maior população localiza-se na região nordeste, com maior contingente na região semi-árida, onde desempenham um papel relevante como fonte de proteína, consistindo num importante fator de desenvolvimento sócio-econômico principalmente junto aos pequenos produtores tendo em vista a rusticidade, boa aptidão leiteira, capacidade de transformação do alimento e bom aproveitamento dos pastos (FIBGE, 1995). Vários produtos como doces, manteigas, queijos e iogurtes, podem ser obtidos do leite de cabra, por processos simples e acessíveis aos pequenos produtores. Segundo Fontecha et al. (1990), a maior parte do leite de cabra produzido no mundo se destina à fabricação de queijos e outros produtos. Entretanto não se tem dado a devida importância à industrialização do leite de cabra no Brasil. Isso se deve a vários fatores: pequeno plantel de caprinos voltados para a produção leiteira, falta de conhecimento dos produtos de leite caprino e hábito alimentar por parte da grande maioria da população brasileira. (OLIVEIRA, 1993). O rebanho caprino no Brasil é constituído por mais de 11.000.000 cabeças, sendo que a Paraíba ocupa o quinto lugar do rebanho total. A produção de leite de caprino nos paises em desenvolvimento está voltada para o consumo de 13 subsistência, ao contrario dos paises mais desenvolvidos, onde esse leite é destinado para a fabricação de queijos e outros derivados (MEDEIROS, 2000). O queijo é um produto amplamente produzido e consumido em quase todos os países do mundo, utilizando-se na sua manufatura leite de várias espécies de mamíferos, embora no aspecto econômico e em volume utilizado, o leite de vaca seja o mais importante. É um alimento de excelente valor nutritivo, de excelente qualidade organoléptica e com um numero muito grande de tipos e variedades, entre os quais o mussarela é muito conhecido e apreciado, sobretudo no Brasil (VALLE, 1991). O queijo mussarela é oriundo da Itália, elaborado originalmente com leite de búfala (ADDEO et al. citado por BERNARDI, 2000). No mercado, ainda encontramse esses queijos tanto de leite de búfala, como com leite de vaca. A Mussarela deve possuir crosta fina, de cor amarelada; consistência de massa semidura; textura compacta e fechada; coloração esbranquiçada e homogênea; odor suave e sabor salgado (BERNARDI, 2000). O seu formato pode ser irregular, retangular, esférico, periforme ou ovóide, com pesos variáveis de poucas gramas até vários quilogramas; coloração branca ou levemente amarelada, não maturado consumido puro ou fazendo parte de inúmeros pratos quentes, sanduíches, pizzas, etc. (VALLE, 1991). Assim, neste contexto, é observada a necessidade de pesquisar o processamento de leite de cabras, devido à carência de realização de trabalhos nesta área. Trata-se de um alimento com excelentes capacidades funcionais, que pode ser consumido sem nenhum tipo de problema pelas pessoas alérgicas a lacto albumina bovina. Pode-se dizer ainda que a proteína causadora de alergia ao leite de vaca, a α1 caseína, encontra-se em menor quantidade e com estrutura diferente. E, além disso, possui alto teor de ácidos graxos de cadeias curta e média, tornandose um alimento de mais fácil digestão e também muito mais saudável. A importância científica deste trabalho visa à produção do queijo de leite de cabra tipo mussarela, bem como analisar sua qualidade. 14 2. REVISAO BIBLIOGRAFICA 2.1. CAPRINOCULTURA A caprinocultura vem ganhando grande impulso nos últimos anos pelo potencial que representa, podendo ser considerada um instrumento eficaz de promoção para desenvolvimento da zona semi-árida no nordeste brasileiro. A sua exploração desempenha papel relevante como fonte de proteínas e importante fator sócio econômico para os pequenos produtores, pela utilização de seus subprodutos (EMBRAPA, 1989). A capacidade de adaptação dos caprinos a uma ampla variedade de condições climáticas, rusticidade e qualidade dos produtos que fornecem ao homem para sua alimentação e vestuário, faz com que eles apresentem maior eficiência produtiva que qualquer outro ruminante doméstico, comparada pela existência da produção de caprinos em regiões castigadas pelas secas e desprovidas de agricultura (MEDEIROS et al., 1994). A origem da cabra é provavelmente européia, partindo da Ásia e pérsia, e , sem relatos exatamente precisos, estima-se que surgiu a mais de 10.000 anos atrás. Conforme atestam diversos relatos históricos, mitológicos e até mesmo bíblicos, a Capra hircus que seria a primeira espécie domesticada, acompanhou a história da humanidade fornecendo leite, carne e couro. Seus produtos eram largamente usados como alimentação, vestuário e negociação. (MONTINGELLI, 2005). Os dados elaborados pela Embrapa (2004) sobre a produção mundial de leite das diferentes espécies animais revelam que o caprino foi o terceiro tipo de leite mais produzido no período 1995-2004, sua produção passou de 11.398 para 11.734 mil toneladas, representando uma variação de 2,95%. Com relação aos produtos de leite de cabra, Costa (2002) relata que o mercado está subdividido em venda de leite fluido (93%), venda de leite em pó (4%) e venda de queijos, doces e iogurtes (3%). Entre as espécies de ruminantes domésticos, a espécie caprina, nos últimos anos foi a que mais cresceu nos países em desenvolvimento. O Brasil destaca-se mundialmente na caprinocultura, ocupando o 10º lugar e possuindo o maior rebanho de caprinos das Américas, com cerca de 11.271.653 cabeças, concentrando-se 88,92% deste rebanho Nordeste, o que torna esta região, a produtora mais 15 significativa de carne caprina do país. Aos estados da Bahia, Piauí, Pernambuco e Ceará são os maiores produtores desses animais, e os seus efetivos representam 43,44; 20,27; 12,37; 10,82%, respectivamente (IBGE, 2001). Entretanto, de acordo com Guimarães filho et al. (2000), em termos de densidade demográfica a caprinocultura se mostra relativamente mais importante nos estados de Pernambuco (9,7 cabeças /km2), Paraíba (7,1 cabeças/km2) e Piauí (6,1 cabeças/km2). A exploração caprina também tem despertado interesse em outras regiões do país, notadamente nas regiões Sul e Sudeste, com um efetivo de 3% do rebanho nacional. Embora pareça pouco expressivo, esse percentual torna-se relativo, pois essas regiões abrigam grande parte do rebanho leiteiro e estão razoavelmente estruturadas em associações de criadores, utilizando alta tecnologia, assistência técnica e insumos modernos, para a introdução de mercados voltados para carne, leite e seus derivados (PRATA et al., 1998). O uso de caprinos como produtores de leite pode vir a tornar-se um relevante instrumento na política de produção de alimentos, que pode diminuir assim os níveis de subnutrição e taxa de mortalidade infantil de várias regiões, principalmente no Nordeste brasileiro e especificamente no semi-árido paraibano. Dos grupos genéticos de caprinos que compõem o rebanho nacional, destacam-se os animais do tipo Sem Raça Definida (SRD) que constituem o principal rebanho do país. Além desse grupo existem pequenos núcleos de animais representados pelas raças e/ou tipo nativos: Moxotó, Canindé, Repartida, Marota e Gurguéia. Das raças exóticas se destacam a Anglo – Nubiana, Parda Alpina, Saanen e Toggenbourg (MEDEIROS et al., 1994). A raça de caprinos leiteiro mais difundido no mundo é a Saanem, sendo esta originária do Vale de Saane, na Suíça. Ela apresenta um crescimento significativo em nosso país, sendo a raça caprina com maior produção de leite. Embora seja leiteira por excelência, da raça são produzidos bons mestiços para corte, pois é de grande porte e precoce (RIBEIRO, 1998). De acordo com Araújo, Simplício, Eloy (1999), a caprinocultura leiteira tem-se destacado na especialização dos sistemas de produção, com a abertura de laticínios, possibilitando a pasteurização do leite, a fabricação de leite em pó e a elaboração de queijos e outros derivados, atendendo dessa forma, ao mercado interno e externo, e incentivando a atividade leiteira em algumas regiões. 16 2.2 LEITE DE CABRA O leite de cabra apresenta certas características próprias de qualidade que o diferencia do leite de outras origens, em que fazem com que seja muito recomendado na dieta infantil, de idosos e nos casos de intolerância ao leite de vaca (LORA et al., 2000). Mas, Costa (2002) afirma que este leite deveria ser recomendado às pessoas em geral pelo seu potencial nutritivo que proporciona uma alimentação completa e de elevada digestibilidade devido ao tamanho reduzido e fácil dispersão dos glóbulos de gordura e pela proteína que gera uma coalhada fina e macia. Medeiros et al. (1994) assegura que é um alimento que apresenta na sua composição básica, os elementos necessários a nutrição humana como açúcares, proteínas, gorduras, vitaminas e sais minerais. O leite de cabra apresenta maior digestibilidade em relação ao leite de vaca. Nota-se diferenças no tamanho dos glóbulos de gordura e na composição dos ácidos graxos. Normalmente, o diâmetro dos glóbulos de gordura, para os dois tipos de leite, é de 1 a 10 microns, porém 28% dos glóbulos do leite de cabra, contra apenas 10% do leite de vaca, apresentam diâmetro igual ou inferior a 1,5 microns. Sobre os ácidos graxos, o leite de cabra apresenta 18% (o dobro do leite de vaca) de ácidos graxos de cadeia curta (4 a 10 Carbonos) representados, sobretudo, pelos ácidos capróico (6C), caprílico (8C) e cáprico (10C). Estes ácidos são importantes no sabor e aroma típicos dos queijos de cabra, especialmente nos queijos maturados por mofos (FURTADO, 1984). Clinicamente, o leite de cabra pode ser uma alternativa de cura no tratamento da alergia a lacto albumina bovina. O alto teor de vitamina A, disponibilizado após o consumo, atua como coadjuvante em restituir ou manter os níveis dessa vitamina no organismo, evitando-se as doenças degenerativas na visão, reprodução, pele e perda de funções orgânicas. Os teores de cálcio, fósforo, potássio e magnésio na prevenção da osteoporose, manutenção de ossos, dentes e nas funções metabólicas e fisiológicas (LAGUNA, 2003). O leite de cabra tem alta digestibilidade, alcalinidade distinta e maior capacidade tamponante. A digestibilidade é favorecida pelo alto teor de ácidos graxos de cadeia curta / média que facilita o esvaziamento gástrico e, em conseqüência, reduz o aparecimento de fluxo gastroesofágico. Os teores de vitaminas, comparado ao leite bovino, são próximos, exceto as vitaminas B6, B12 e 17 ácido fólico que são reduzidos. Fisiologicamente as cabras convertem todo o caroteno em vitamina A, portanto apresenta maior teor dessa vitamina. Tem maior quantidade de cálcio, potássio, magnésio, fósforo, cloro e manganês e menor de sódio, ferro, zinco, enxofre e molibdênio (FISBERG, citado por CARVALHO, 2005). A alta digestibilidade e o alto valor biológico são razões para o consumo do leite de cabra. Alves e Pinheiro (2002) explicam que a alta digestibilidade resulta da riqueza em Extrato Seco Total (EST) e do menor diâmetro das moléculas de gordura, que promove a digestão no estômago humano em torno de 40 minutos após seu consumo, enquanto que o leite de vaca leva, aproximadamente, duas horas e meia. A riqueza em ácidos graxos de cadeia curta ou saturada proporciona um perfeito aproveitamento do produto e dificilmente acidifica no estômago. Além disso, a proteína considerada a causadora de alergia ao leite de vaca (α1 caseína) existe em quantidade reduzida e estrutura diferente. Referindo-se ao leite de cabra como alimento funcional, o qual tem propriedades nutricionais, metabólicas e terapêuticas, Laguna (2003) afirma que o tamanho dos glóbulos de gordura (65% de diâmetro inferior a 3 microns) e a curta cadeia dos ácidos graxos, facilitam uma rápida absorção pela mucosa intestinal, pois as enzimas digestivas (lipases) atuam eficientemente, quebrando mais rápido as cadeias lipídicas. Sua proteína é de alto valor biológico, ajuda no combate à desnutrição, no desenvolvimento normal em crianças e melhora a nutrição em adultos. A composição físico-química do leite de cabra varia em função de múltiplos fatores, entre os quais destacam-se a raça, o período de lactação, a estação do ano, a idade do animal, a quantidade de leite produzida e a fisiologia do animal (FURTADO e WOLFSCHOON, 1978). Comparando as características físico-químicas do leite de cabra com o leite de vaca, verificaram que os valores de sólidos totais e proteína do leite de cabra foram significativamente mais baixos; enquanto que os teores de cinza e gordura não apresentaram diferença (DAMÁSIO et al., 1987). Franco (1999) relata que o leite de cabra apresenta a seguinte composição em 100 g do produto: 92,00 calorias, 5,20 g de glicídios, 4,30 g de proteínas, 6,00 g de lipídios, 200 mg de cálcio, 95,0 mg de fósforo e 0,27 mg de ferro. 18 2.3 DERIVADOS DO LEITE DE CABRA Carvalho (2005) relata que no nordeste brasileiro o leite de cabra ainda é tradicionalmente consumido nos centros urbanos por crianças ou idosos com intolerância ao leite de vaca e pela população rural de baixa renda. Embora, sabe-se que o aproveitamento mais racional do leite de cabra seria na forma de leite pasteurizado, UHT, leite em pó, queijos finos, iogurte, bebidas lácteas e doces podendo assim, proporcionar resultados mais satisfatórios. De acordo com Morris (1971), tem-se observado um aumento da procura e consumo de leite de cabra e seus derivados, tanto pelas suas características nutricionais como pela sua excelente digestibilidade, resultando em alimento de excepcional valor biológico. Aliado a esses, ainda existe o fato de que o leite de cabra, seja muito procurado para alimentação de lactentes e crianças que apresentam a reconhecida intolerância ao leite bovino. Observa-se que o principal produto comercializado hoje é o leite integral (93%), seguido de leite em pó (4%) e outros produtos (3%) (ANUALPEC, 2001). Do ponto de vista da fabricação de queijos, o leite de cabra, comparado ao leite de vaca, apresenta algumas características especiais. Possui glóbulos de gordura menores, o que promove um desnate natural mais lento e melhor absorção na mucosa intestinal; não tem β-caroteno, daí a cor branca; apresenta duas vezes mais ácidos graxos de cadeia curta, o que confere o pronunciado sabor e aroma nos queijos; em geral possui menor teor de proteínas (em média 2,82% contra 3,20%), sendo menor a quantidade de caseínas (2,33% contra 2,70%) e maior a de substâncias nitrogenadas não-protéicas (cerca de 0,27% contra 0,16%) e possui ligeiramente maior teor de cálcio (1,35 g/l contra 1,25 g/l). As micelas protéicas são menos hidratadas e o maior teor de soroproteínas e de cálcio conferem ao leite de cabra menor estabilidade térmica (CIÊNCIA DO LEITE, 2005). Os dados da Embrapa (2005) constatam que o consumo per cápita mundial de queijos foi 2,75 e 2,67 (kg/pessoa/ano) em 1995 e 2003, respectivamente. Martinelli (2000), afirma que apesar de se verificar uma tendência crescente no consumo de queijos nos últimos anos no Brasil (cerca de 3% ao ano), o consumo médio fica em torno de 2,5/3,0 kg/hab./ano, o que é bastante inferior aos níveis de países desenvolvidos (18 kg/hab./ano na França, 14 nos EUA, 12 kg/ano na Alemanha) e da Argentina (8 kg/hab./ano). 19 Segundo Scholz (1997), a proteína do leite de cabra é mais fina e delicada que o leite de ovelha, resultando numa coalhada mais suave. Esse fator poderá ser compensado, na fabricação de queijo, aumentando o tempo de coagulação. Para fabricação de queijos frescos e ricota essa característica proporciona uma textura cremosa. Existem poucos trabalhos científicos sobre a qualidade dos derivados de leite de cabra, principalmente de queijos, em que sua fabricação a partir deste tipo de leite está iniciando no Brasil, onde dificilmente são encontrados queijos de cabra no mercado (COSTA, 2002). 2.4 QUEIJO Com o uso do leite na alimentação do homem desde os primórdios da nossa civilização, surgiram em função da sua alta perecibilidade, os diversos tipos de leites fermentados como resultado da fermentação natural que normalmente pode ocorrer no leite armazenado em condições ambientais. O dessoramento do leite fermentado promovido por agitação ou quebra de coágulo, deu origem a um decantado constituído de proteína, caseína e gordura, surgindo assim um concentrado protéicogorduroso de alto valor nutritivo, denominado queijo. O baixo teor de umidade, a acidez elevada e o sal adicionado fizeram do queijo uma das formas mais tradicionais e mais expressivas de conservação do leite sob a forma de um alimento de alto valor nutritivo. A importância do queijo como alimento, fazia-o destacar na mesa dos nobres da antiguidade (OLIVEIRA citado por GONDIM, 2002). De acordo com Behmer (1980), a fabricação de queijo se desenvolveu, podese dizer, com a domesticação de animais produtores de leite, obtendo-se daí mais leite que o necessário, sendo que a sobra armazenada transformava-se em coágulo e soro. A coalhada assim obtida constitui o queijo primitivo. Desse queijo primitivo aos tipos mais finos, conseguidos modernamente, a evolução foi muito lenta. E o queijo, como muitos outros artigos de consumo, pode constituir um índice de progresso de um povo. Entende-se por queijo o produto fresco ou maturado que se obtém por separação parcial do soro do leite ou leite reconstituído (integral, parcial ou totalmente desnatado), ou de soros lácteos, coagulados pela ação física do coalho, de enzimas e de bactérias específicas, de ácidos orgânicos, isolados ou 20 combinados, todos de qualidade apta para uso alimentar, com ou sem agregação de outras substancias alimentícias, especiarias, condimentos, aditivos especificamente indicados, substancias aromatizantes e matérias corantes (BRASIL, 2006). Sob o ponto de vista tecnológico, o queijo é um concentrado protéicogorduroso resultante da coagulação do leite, seguida de dessora do coagulo que causa o decréscimo da umidade (OLIVEIRA citado por MANGUEIRA, 2001). Segundo o Regulamento da Inspeção de Produtos de Origem Animal (Brasil, 1980), que define queijo como sendo o produto obtido do leite integral, padronizado, magro ou desnatado, do creme e do soro de manteiga. É um produto que tem na sua composição proteínas, gorduras e outros componentes lácteos. Esta mistura pode ser separada por processos adequados e, a seguir, moldada, prensada e salgada, e ás vezes, adicionada de bactérias e/ou fungos e/ou especiarias. A importância social e econômica deste produto é ilustrada nos dados de 2001, e indicam que a produção leiteira no Brasil é de cerca de 20 milhões de litros, deste total 60% destinado á fabricação de queijos, a qual atinge 450 mil toneladas anuais (CICHOSKI et al., 2002). De acordo com a EMBRAPA (2005), o consumo per capita mundial de queijos foi de 2,75 e 2,67 (kg/pessoa/ano) nos anos de 1993 e 2003, respectivamente. A produção de queijo teve caráter doméstico praticamente em todo o mundo, até 1850, iniciando-se entre 1860 e 1880 sua industrialização (DAVIS citado por GONDIM, 2002). Das 240 mil toneladas de queijo produzidas anualmente no Brasil, a maior parte (95%) é considerada de consumo popular, destacando-se os tipos prato, mussarela, parmesão e minas. Os 5% restantes referem-se a queijos tidos como especialidades, tais como brie, camembert, reino, gorgonzola, gouda edam, estepe, provolone, consideradas como tendo potencial de crescimento no consumo. Os queijos mais comuns, no entanto, registram maior demanda, principalmente em razão do crescimento do setor de alimentos rápidos no país (BORTOLETO et al., 1997). A técnica de elaboração de queijos e seu consumo variam radicalmente nas diferentes regiões do universo, segundo fatores tais como históricos, geográficos e econômicos. Para cada um dos diferentes queijos que se deseja elaborar são necessários determinados cuidados e operações diferenciadas; no entanto existem 21 dois fenômenos que sempre se fazem presentes em todos os queijos: a coagulação e a maturação (TRONCO, 1996). A fabricação de queijos envolve certos procedimentos gerais e outros que são específicos para cada tipo. Os queijos frescos, exceto o “cottage” geralmente necessitam da adição de coalho, que tem como função coagular a caseína presente no leite (PERRY, 2004). As características dos diferentes tipos de queijo, como o sabor, o aroma, o formato e a textura são em grande parte devido às alterações dos componentes do leite, pela ação de várias espécies de microrganismos, durante a produção e maturação do produto (FOSTER et al., citado por GONDIM, 2002). De acordo com Perry (2004) os queijos tem classificação com base em características decorrentes do tipo de leite utilizado, do tipo de coagulação, da consistência da pasta, do teor de gordura, do tipo de casca, do tempo de cura, e outros fatores. A coloração dos queijos está ligada à gordura do leite, portanto sujeita a variações sazonais que podem ser corrigidas pela adição de corantes. Como por exemplo, temos os queijos amarelos, como o prato, que pode ser corado com urucum. Segundo Behmer (1999), os fatores a que obedeceu a evolução dos queijos para os tipos mais finos não diferem, provavelmente, dos que condicionam todo processo da humanidade: a busca da novidade, a ânsia de melhorar, o desprezo pela rotina. A tendência constante era a obtenção de tipos de queijos de maior valor nutritivo, ao mesmo tempo em que se melhorava o sabor. Portanto, a linha seguida pelos produtores sempre se manteve dentro dessas condições: melhor alimento e sabor mais apurado. A princípio, os tipos finos só podiam ser obtidos em regiões distintas; eram como que um privilégio daquelas regiões onde predominavam microrganismos lácticos de propriedades especiais. Mas, a técnica bacteriológica, vindo mais uma vez em auxilio da industria, selecionou esses seres, cultivou-os e empregou-os na fabricação de queijos não só nessas regiões mas em todas as outras, não só em uma fábrica, mas em todas as fábricas. Para isso basta, mais que o recurso econômico, boa dose de mentalidade culta capaz de compreender uma inovação e de apreciar seu valor e sua finalidade. O leite, e os seus derivados como os queijos, são alimentos extremamente nutritivos devido ao elevado teor de proteínas de alta qualidade e de sais minerais, principalmente o cálcio. O queijo é uma maneira indireta de se beber leite, sendo 22 que o valor nutritivo do queijo, coloca-se entre os mais completos e recomendáveis pela dieta do homem (AGRONET, 2001). O queijo é um produto constituído essencialmente por caseína, água, gordura e sais minerais e a proporção em que se encontram estes constituintes é bastante variável. A percentagem de umidade varia entre 23 e 72%, que corresponde a um queijo de pasta dura e a um queijo fresco, respectivamente. A caseína, oscila de 18 a 35%; a gordura de 1 a 47% e os sais variam de 1,2 a 7,6% (SÁ citado por GONDIM, 2002). O queijo ocupa um lugar de destaque, pelo seu valor nutritivo, entre os alimentos chamados completos, e que pode constatar pela sua composição bruta (água 34,2%; gorduras 33,7%; proteínas 25,9%; hidrato de carbono 2,4% e sais 3,8%), comparada com a carne cozida (água 61,9%; gorduras 18,5%; proteínas 18,6%; hidrato de carbono 0,0% e sais 1,05%) e o ovo cozido (água 33,75%; gorduras 10,5%; proteínas 14,8%; hidrato de carbono 0,0% e sais 1,0%) (BEHMER, 1997). 2.5 QUEIJO MUSSARELA O mussarela pertence ao grupo dos queijos de massa filada, grupo este bastante numeroso, com variações de sabor e forma e de considerável produção e consumo. Possuem a propriedade de formar fios, de serem filados, em determinadas condições de pH e acidez (ROSSI, 1977). A mussarela é um queijo macio que pertence ao grupo dos queijos de massa filada, no qual se encontram também o Provolone, classificado como um queijo duro, e o “Caccio Cavalo”, semi-macio (Valle & Leitão, 1995). A etapa de filagem promove a ordenação das cadeias de proteína por ação mecânica e calor, resultando em uma estrutura alinhada e filamentosa, com camadas de soro livre e gordura emulsificada entrepostos (McMahon, 1993). Nas últimas duas décadas, tem-se verificado um crescimento da produção mundial de mussarela impulsionado pelo aumento da demanda deste queijo como ingrediente culinário, especialmente para uso em pizza (FERREIRA, 2004). No Brasil, observou-se um crescimento bastante significativo da produção de mussarela, o qual é hoje o queijo mais produzido industrialmente no país. Em 1998, a produção atingiu 147.000 toneladas, representando cerca de 43% da produção total de queijos brasileira (DATAMARK, 1998). Segundo estimativas de Furtado 23 (2001), a produção de mussarela deve superar 200.000 toneladas no Brasil no corrente ano. Segundo o Regulamento Técnico de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (BRASIL, 1980), o queijo tipo mussarela é o produto obtido a partir do leite pasteurizado, de massa filada e não prensada, entregue ao consumo ate cinco dias após a fabricação, devendo apresentar-se com formato variável, crosta fina de cor amarelada, consistência de massa semidura, textura compacta e fechada, cor branco-creme e homogênea, odor e sabor suave e salgado, respectivamente. Segundo Weckx e Delbeke (1971), a massa do queijo mussarela é plástica, tenra, elástica, e brilhante, preferencialmente sem ólhos ou orifícios internos; a superfície é igualmente branca ou amarelada, tenra e brilhante, sendo o sabor agradável, doce e ligeiramente ácido. A etapa de filagem promove a ordenação das cadeias de proteína por ação mecânica e calor, resultando em uma estrutura alinhada e filamentosa, com camadas de soro livre e gordura emulsificada entrepostos (MCMAHON et al., 1993). A mussarela brasileira tradicional possui uma composição físico-química muito irregular (SPADOTI e OLIVEIRA, 1999). Apresenta composição média de 4346% de umidade, 22-24% de gordura, 1,6-1,8% de sal, pH de 5,1-5,3 e não existe uma diferenciação de padrão físico-químico para as diferentes mussarelas comercializadas, seja para consumo direto ou uso como ingrediente culinário (FURTADO e LOURENÇO-NETTO, 1994). Este tipo de queijo é utilizado principalmente no preparo de pizzas devendo apresentar boas propriedades funcionais de fatiamento, derretimento, liberação de óleo livre, estiramento, escurecimento não enzímico e formação de "blisters" (KINDSTEDT, 1993). O processo de fabricação da mussarela envolve a obtenção da coalhada, a sua acidificação, a fusão em água quente, o esticamento até a obtenção de uma massa macia e homogênea (filagem), o corte, a moldagem dessa massa, o endurecimento e a salga em salmoura fria (VALLE, 1989). Segundo o autor, esse queijo pode se apresentar com forma e pesos variados, sendo consumido puro ou fazendo parte de diversos pratos. Devido ás peculiaridades da tecnologia de preparo, é produzido no Brasil, principalmente por pequenas indústrias e a nível artesanal, sendo distribuído por quase todo o país. 24 Na literatura são encontradas algumas tecnologias disponíveis para a preparação do queijo mussarela. Entre elas a mais utilizada é a tradicional, não só no Brasil como também no mundo. A obtenção do queijo por esta técnica é um processo demorado, onde é levado um tempo de até 24h para a obtenção de um queijo em condições de ir para a salga. Onde as etapas de filagem e fermentação são as mais importantes para a obtenção de um alimento dentro dos padrões recomendados e com menores perdas de rendimento (VALLE, 1991). A adição direta de ácido (como ácido cítrico, acético, láctico) é uma alternativa ao processo tradicional. Esta técnica pode resultar em uma redução do tempo de fabricação, eliminação da variabilidade de produção de ácido por dispensar o fermento láctico, acelerando a filagem que pode ser realizada imediatamente após a dessoragem da massa, além de possibilitar a fabricação do queijo por processo contínuo e mecanizado. (FERREIRA e VIOTTO citado por FERREIRA, 2004). Bernardi et al (2000) elaborou queijo mussarela de leite de búfala pelos métodos tradicional e da acidificação direta onde houve diferenças entre os dois tipos de processamentos, maior umidade para o queijo Mozarela elaborado pela acidificação direta e conseqüêntemente maior teor de sólidos totais para o elaborado pelo método tradicional. O queijo tradicional também apresentou maior nível de proteína. Porém, não apresentou diferenças para os níveis de gordura, cinzas e cálcio. 2.5.1 Acidificação direta no processamento do queijo mussarela A acidificação direta da massa tem sido empregada para a manufatura de diversos tipos de queijos, entre eles a ricota, cheddar, queijo branco e principalmente, o queijo mussarela, onde ocorre substituição total ou parcial da acidificação proveniente da atividade dos microrganismos, em sua maioria, as bactérias láticas. A formação da coalhada pela acidificação direta pode alterar o processo de coagulação, as características dos grãos obtidos, o equilíbrio dos sais do leite, o nível de cálcio associado com a caseína e a retenção (JENNES e PATTON citado por VALLE, 1991), dessa forma, afetando a composição e as características do queijo. Pode-se dizer que na tecnologia de fabricação por acidificação direta do 25 queijo mussarela, há uma redução considerável no custo da produção, sem que haja mudanças nas propriedades organolépticas e qualidade do produto. O tipo de ácido utilizado para acidificar a coalhada afeta significativamente a composição e características do queijo (SHEHATA et al., 1967). Estes autores ao estudarem constataram que a coalhada obtida pela acidificação direta com ácido cítrico apresentava-se mais mole por ocasião do corte e enformagem do que as obtidas com outros ácidos. Assim, daria ao produto um maior teor de umidade e maior rendimento de fabricação, sendo um importante fato no aspecto econômico. (QUARNE et al., 1968). Este mesmo autor estudou a acidificação direta com ácido láctico e os resultados obtidos não foram encorajadores, pois os queijos assim fabricados apresentaram umidade muito alta e perdas excessivas de gordura na filagem. Uma alternativa ao processo tradicional para elaboração do queijo mussarela é a técnica da acidificação direta Este método tem sido utilizado na elaboração de vários tipos de queijos, pois substitui de forma total ou parcial a acidificação proveniente da atividade microbiana. Esta técnica diminui a quantidade de coalho a ser utilizada, o tempo de coagulação e conseqüentemente a redução do tempo de fabricação. (VALLE, 1991). A adição de ácido no leite deve ser feita de forma rápida e homogênea, evitando gradientes de concentrações que possam ocasionar a sua floculação (SORDI, 1985), desta forma comprometendo a qualidade do produto final e acarretando perdas de rendimento na fabricação. 2.5 ANÁLISE SENSORIAL As características sensoriais de um produto alimentício desempenham um papel importante em sua qualidade global, pois destas dependem a aceitação do produto no mercado (SOUZA FILHO e NANTES, 2004). Conforme Bech et al (1994) a análise sensorial é um método que faz uso dos sentidos humanos como instrumento de medida, ou seja, as diferenças entre produtos, a intensidade de um atributo sensorial de qualidade, ou o grau de aceitação, preferência ou rejeição por um produto, são medidos pelos sentidos. No entanto, é necessário considerar-se que as percepções sensoriais não podem ser medidas diretamente, portanto para avaliar os estímulos individuais recebidos na avaliação sensorial faz-se uso de 26 escalas (Ex. escala hedônica de nove pontos: 1 - desgostei muito a 9 - gostei muito), que permitem a quantificação dos mesmos, conforme o objetivo específico da avaliação. Cada alimento específico tem uma aparência esperada, que os observadores associam com aceitação, indiferença ou rejeição. As características visuais do alimento induzem o consumidor a esperar certo sabor correspondente (ALDRIGUE et al., 2003). As características do “flavour” do leite de cabra podem ser atribuídas à presença de lipídeos, particularmente sob a forma de ácidos graxos de cadeia curta (capróico, caprílico e cáprico), presente quase três vezes em menor quantidade no leite de vaca (LAMBERET et al., 2000). Através da análise sensorial pode se determinar à aceitabilidade e a qualidade dos alimentos, com o auxílio dos sentidos humanos como paladar e olfato. Para avaliar a qualidade de um alimento, deve-se levar em conta as propriedades sensoriais aceitáveis, como essenciais no momento da escolha e consumo do produto (ANZALDUA-MORALES, 1997). Ferreira (2004) analisou sensorialmente queijo tipo mussarela light utilizando retentados na sua composição e observou em seus experimentos que o uso de retentados de baixo fator de concentração não prejudicou a qualidade sensorial do queijo mussarela light feito por acidificação direta, visto que, para todos os atributos avaliados e para a intenção de compra, não houve diferença significativa (p>0,05) entre os queijos controle, FC 1,4 e FC 1,8. Verruma-Bernardi e Damásio (2004) fez uma análise descritiva de perfil livre em queijo mussarela de leite de búfala e os seus resultados mostraram que as amostras foram diferenciadas principalmente pela aparência e textura. O queijo Mussarela elaborado pelo método tradicional apresentou cor mais branca, maior firmeza e fibrosidade enquanto o elaborado pela acidificação direta, apresentou-se mais macio, com maior umidade e coloração esverdeada. Alguns alimentos, seja por hábito de consumo ou porque tem sabores intensos, devem ser apresentados em veículos, que são certos alimentos que servem como meio para degustar outro alimento ou aditivo alimentar, que não podem ser consumidos sozinhos. Os alimentos veículos devem ser o mais insípidos possíveis, quase neutros. Em outras palavras, que seu sabor não ressalte nem interfira nas amostras. 27 Exemplo de alguns produtos que necessitam de alimento veículo para sua degustação: saborizante, essências, condimentos, manteiga, queijos cremosos, patês de carne e pescado, molhos de massas, maioneses, molhos para saladas, catchup, creme para panificação, etc. (URENA-PERALTA et al., 1999). Existem alguns alimentos que geralmente deve-se prová-lo com um alimento veículo, como é o caso de cremes para cobrir e decorar bolos, já que servi-la sozinha, sem consistência não pode-se apreciá-la igualmente quando degustada em conjunto com o bolo. Neste caso, o bolo que se usa como veículo deve ter sempre as mesmas características, deve-se usar sempre a mesma receita ou mesma marca comercial (ANZALDÚA-MORALES, 1994). 28 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Fabricar queijo tipo mussarela a partir de leite cabra pelo método da acidificação direta. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Estabelecer uma tecnologia apropriada para a elaboração do queijo mussarela a partir do leite de cabra; • Desenvolver um queijo bovino com teor de gordura reduzido, possuindo características parecidas com o caprino; • Estudar os principais parâmetros físico-químicos dos queijos tipo mussarela de leite de cabra de leite bovino com teor de gordura reduzido (acidez, pH, cinzas, umidade, extrato seco total, extrato seco desengordurado, Gordura no extrato seco, cor, proteínas totais e gordura); • Determinar o índice de aceitação entre o queijo tipo mussarela de leite de cabra, o bovino com teor de gordura reduzido e comparar com um queijo mussarela comercial; • Verificar o índice de aceitação dos queijos quando usados em pizza; • Avaliar a capacidade de derretimento dos queijos tipo mussarela de leite de cabra de leite bovino com teor de gordura reduzido e comercial. 29 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 LOCAL DO EXPERIMENTO Os experimentos foram realizados no laboratório de produtos Lácteos e no Laboratório de Controle de Qualidade de Alimentos, que pertencem ao Centro de Formação de Tecnólogos (CFT) – Universidade Federal da Paraíba (UFPB) – Campus III, localizado na cidade de Bananeiras – PB, situada na microrregião do Brejo Paraibano. 4.2 MATÉRIA-PRIMA O leite de cabra utilizado foi obtido de animais sadios resultantes de cruzamentos com as raças Parda Alpina, Saanen e Anglo Nubiana e o leite bovino utilizado foi obtido no plantel de vacas mestiças zebu-holandesas, provenientes dos setores de caprinocultura e bovinocultura do CFT – UFPB – Campus III, repectivamente. A caracterização do leite foi feita através das análises físico-químicas: pH, acidez em grau Dornic (º D), matéria gorda, proteína total, umidade e cinzas, segundo método descrito em Association Of Official Analytical Chemist – AOAC (1995). 4.3 PRODUTOS DESENVOLVIDOS Foram elaborados dois produtos, tendo sido reproduzidos seis repetições para cada um. • Produto QLC: Queijo de leite de cabra tipo mussarela pelo método da acidificação direta. • Produto QLB: Com o objetivo de obter um queijo bovino com características parecidas com o queijo caprino, foi desenvolvido um queijo com teor de gordura reduzido, onde foram testadas vários tipos de padronizações para o leite bovino utilizado, onde o que mais se assemelhou ao queijo caprino foi o que apresentou teor de gordura de 2,6%. Por este motivo, foi feito um queijo 30 bovino tipo mussarela, com teor de gordura reduzido, pelo método da acidificação direta com ácido cítrico. 4.3.1 Teste preliminares 4.3.1.1 Queijo caprino No teste preliminar observou-se que quando a temperatura de pasteurização ultrapassava os 65ºC, a coalhada do queijo se desmanchava durante a filagem. Assim, ficou evidenciado que a coalhada do leite caprino, é frágil às temperaturas mais altas, ocorrendo perdas nutricionais e em consistência, coágulo friável (SCHOLZ, 1997). Em alguns testes, foi feita a agitação da massa seguida de aquecimento, após o corte, com o objetivo de melhorar a dessoragem. Verificou-se que a massa se dissolveu na água de filagem. Isso pode ser explicado devido à fragilidade da massa obtida com o leite caprino, resistindo ao uso de mudança de temperaturas. Segundo Hall e Trout (1968), com o uso de altas temperaturas no leite, a lactose se apresenta em leve decréscimo, à caseína passa por uma desidratação parcial com menor formação de coágulo e menor capacidade de tensão do leite. Para a obtenção da filagem adequada do queijo utilizou-se solução de ácido cítrico P.A. a 20% (VALLE, 1991), ajustando o pH do leite de 5,0 até 6,0. Em seguida colocou-se o coalho e esperou a coagulação (cerca de 30 minutos). Fez-se o corte com posterior repouso para então eliminar o soro e procedeu-se a lavagem e filagem com água a 85ºC. verificou-se que os melhores pH para a boa filagem eram 5,0; 5,1; 5,2. Devido a menor quantidade de ácido utilizada, escolheu-se o pH 5,2, para a produção dos queijos. A lavagem foi necessária, porque na primeira tentativa de filagem, não se obteve massa no ponto, após novas adições de água conseguiu-se perfeita filagem, com a massa semelhante a “chiclete”. Não foi utilizado cloreto de cálcio, uma vez que no teste sem a sua adição o queijo se apresentou ótimo, não tendo interferência na sua fabricação. De acordo com o Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e Qualidade do Queijo Mussarela (BRASIL, 1997), esse ingrediente é de uso opcional, na fabricação do queijo. 31 Ainda nos testes preliminares os primeiros queijos foram salgados em salmoura a 20%, que não se mostrou eficiente, o mesmo ocorrendo ao se adicionar o sal na massa, devido ao processo de lavagem e/ou filagem da massa. Obteve-se bom resultado efetuando-se a salga durante a lavagem e/ou filagem com a água destinada a este fim salgada. Foram testadas várias concentrações de sal, chegando à concentração final de 2,0% em relação a quantidade de água utilizada na salmoura. Um outro fator importante avaliado foi o tempo de fabricação pela acidificação direta. Conforme apresentado na tabela 1, o tempo aproximado para a fabricação dos queijos tipo mussarela, por acidificação direta, foi de 3horas e 25 minutos. Verifica-se através, que a etapa de fermentação é a que mais se diferencia em ambos os métodos. No presente trabalho, a salga foi feita durante a filagem dos queijos, diminuindo ainda um pouco mais o seu tempo de fabricação. Em contra partida, segundo Bernardi et al. (2000), a etapa de coagulação neste método é realizada feita em até dez minutos após da adição do coalho, mas no presente trabalho este tempo foi mais elevado pois seguiu-se o recomendado pelo fabricante do coalho que foi de 40 minutos. Segundo Scholz (1997), isso se explica porque a proteína do leite de cabra é fina e delicada, resultando numa coalhada mais suave e que esse fator pode ser compensado, na fabricação de queijo, aumentando o tempo de coagulação. Almeida (2006), trabalhando com queijo de manteiga de leite de cabra pelo método da acidificação direta, observou que a coagulação acontecia em torno de cinco minutos, ao verificar a formação de um líquido esverdeado. 32 Tabela 1: Tempo aproximado de fabricação dos queijos tipo mussarela elaborados pelos métodos tradicional e da acidificação direta. Operações Métodos Tradicional Acidificação direta Recepção 10 min 10 min Pasteurização 30 min 30min Resfriamento 20 min 20 min Adição de ingredientes 30 min 30 min Coagulação 40 min 40 min Corte 5 min 5 min Agitação 15 min 15 min Dessoragem 10 min 10 min Fermentação 4 horas - Preparo da massa 5 min 5 min Lavagem/filagem 10 min 30 min Salga 30 min - Embalagem 10 min 10 min Total 7h 35 min 3h 25 min 4.3.1.1 Queijo bovino Verificou-se que o melhor pH para acidificação do leite bovino foi de 5,5. O primeiro queijo testado foi elaborado com o leite integral, mas ao ser derretido soltou quantidade considerável de gordura. Nos seguintes testes preliminares, foram feitas padronizações, misturando leite integral e desnatado até obter um leite com teor de gordura reduzido, em torno de 2,6% que apresentava características visuais próximas ao queijo caprino que não soltava gordura ao ser aquecido. A quantidade de coalho líquido utilizada foi de 2mL para cada 10 Litros de leite 75% da quantidade utilizada no método tradicional), seguindo-se o citado por Micketts e Olson, citado por vale (1991), onde conseguiram bons resultados. O tempo de coagulação, para este tipo de leite foi inferior ao tempo usado no método tradicional, em cerca de 20 minutos, porém, não sendo o recomendado por Bernardi et al. (2000), que é de aproximadamente 10 minutos. 33 4.3.2 Processamento do queijo tipo mussarela Os queijos foram processados no Laboratório de Produtos Lácteos do CFT/ UFPB campus III, seguindo-se os fluxogramas apresentados nas figuras 1 e 2. 4.3.2.1 Queijo de leite de cabra (QLC) Na recepção, o leite foi filtrado em filtro de nylon e caracterizado quanto a sua composição físico-químico. Aqui também, é padronizado para 3,0 a 3,2% de matéria gorda. Procedeu-se a pasteurização à 65ºC num período de 30 minutos. Logo após o leite foi resfriado a 36º C e adicionou-se ácido cítrico em solução a 20% até ajustar-se o pH do leite para 5,2; o coalho líquido foi adicionado ao leite a 36ºC na proporção de 8ml/10 litros (indicada pelo fabricante) suficiente para coagularem em 30-40. O corte da coalhada foi feito de forma lenta e realizado com auxílio de liras (horizontal e vertical). Cerca de 5 minutos após o corte foi realizada uma agitação, para facilitar a dessoragem. Em seguida, a coalhada foi deixada em repouso afim de que a massa decantasse e separasse do soro. A dessoragem foi feita com o auxílio de uma malha para que não se perdesse as pequenas porções da coalhada. Assim a massa obtida foi transferida para uma bacia e após o corte procediase a lavagem e posterior filagem, onde a água (85º-88ºC) era adicionada em pequenas proporções para que saísse todo o resto de soro. A água utilizada na filagem continha 2,0% de sal para efetuar a salga durante este momento. A massa filada ainda quente era enformada e levada para resfriamento em câmera fria. Após este procedimento os queijos eram embalados em embalagem à vácuo e estocados em câmara fria entre 2 e 4ºC. 34 Figura 1: Fluxograma do queijo mussarela caprino pelo método de acidificação direta. 35 Figura 2: Fluxograma do queijo mussarela bovino pelo método de acidificação direta. 36 4.3.2.2 Queijo de leite bovino com teor de gordura reduzido (QLB) Na recepção, o leite é filtrado em filtro de nylon e caracterizado quanto a sua composição físico-químico. Aqui também, é padronizado para 3,2% de matéria gorda. Logo, como foi feito com teor reduzido de gordura misturamos com leite desnatado até atingir cerca de 2,6%. A pasteurização foi realizada a 65ºC durante 30 minutos. O resfriamento do leite foi feito a 36ºC e houve a adição dos seguintes ingredientes: • Ácido cítrico a 20% para ajustar o pH do leite para 5,5. • Coalho líquido Foi adicionado ao leite a 36ºC na proporção de 2ml/10 litros de leite suficiente para coagularem em 20 minutos. O corte da coalhada foi feito de forma lenta e realizado com auxílio das liras (horizontal e vertical) para obtenção grãos com 1,0 a 1,5 cm de aresta. Após 5 minutos do corte foi iniciada uma agitação lenta e com o aumento da temperatura elevando 1ºC a cada 2-3 minutos, até que atingisse uma temperatura de 40ºC. A mexedura foi feita por cerca de 20 minutos. A coalhada foi deixada em repouso afim de que o soro se separasse da massa, facilitando a dessoragem. A dessoragem foi feita com o auxílio de uma peneira. Assim, a massa foi transferida para uma bacia, foi cortada e procedeu-se a lavagem e em seguida, a filagem. Adicionava-se a água (com adição de 2% de sal) em pequenas proporções afim da retirada do excesso de soro. Enformava-se a massa filada ainda quente e era levada para resfriamento em câmera fria. Em seguida, os queijos foram embalados em embalagens à vácuo e estocados em câmera fria entre 2º e 4º C. 4.3.3 Análises físico-químicas Foram realizadas as determinações físico-químicas após os processamentos do queijo de leite de cabra tipo mussarela e de vaca com teor de gordura reduzida. Foi efetuada também apenas uma análise físico-química para o queijo comercial (QCO), para título de comparação. 37 4.3.3.1 Umidade (g/100g) Determinado por aquecimento direto em estufa a 105º C, durante um período de 24Hs, ou até obter peso constante, dando resultado em percentagem. (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985). 4.3.3.2 Extrato Seco total (g/100g) O extrato seco total (%) será obtido por diferença de todos os componentes do leite, com exceção da água, utilizando a fórmula: EST = 100 – Umidade (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985). 4.3.3.3 Extrato Seco Desengordurado (g/100g) Para obtenção do ESD, foi subtraída do valor do extrato seco total (EST) a percentagem de gordura encontrada (LANARA, 1981). 4.3.3.4 Lipídeos (g/100g) O teor de lipídeos (%) foi determinado pelo método de Gerber (LANARA, 1981). 4.3.3.5 Gordura no Extrato Seco (g/100g) Para obtenção do ESD, dividiu-se o teor de gordura pelo extrato seco, multiplicado por 100 (TRAVASSOS, 1996). 4.3.3.6 Proteínas (g/100g) O teor de proteína (%) foi determinado pelo método de Micro Kjeldahl, usando o fator de correção 6,38 (AOAC, 1995). 38 4.3.3.7 Acidez em ácido láctico (g/100g) A acidez foi determinada por meio de titulação, sendo os resultados expressos em percentagem de ácido láctico (LANARA, 1981). 4.3.3.8 pH (g/100g) O pH foi determinado pela leitura em pHmetro modelo HI8324, digital, com eletrodo de vidro. (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985). 4.3.3.9 Cinzas (g/100g) As cinzas foi determinadas pelo método gravimétrico, baseado na perda de peso por incineração em mufla a 550ºC (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985). 4.3.3.10 Cor A cor foi determinada por calorímetro MINOLTA modelo CR10. (HUNTER, 1958). Onde na avaliação da cor dos queijos através do colorímetro, as leituras foram obtidas através dos valores de L* (luminosidade) a* (vermelho ao verde) e b* Hunter (amarelo ao azul). 4.3.4 Análises sensoriais As análises sensoriais foram realizadas no Laboratório de Análise Sensorial do CFT – UFPB na cidade de Bananeiras. Foi feita em cabines individuais, com iluminação artificial, longe de ruídos e odores, em horários pré-estabelecidos excluindo uma hora antes do almoço e duas horas após o almoço. A análise sensorial foi realizada em duas etapas a primeira com os três tipos de queijos (QLB, QLC e QCO) a temperatura ambiente cortados em cubos de tamanhos iguais e servidos. Na segunda etapa, os queijos foram apresentados aos jlgadores a temperatura de 180º, utilizando-se como veículo para degustação pizza, que é a forma mais popular de consumo de queijo tipo mussarela. Os questionários utilizados se encontram nas figuras 3 e 4. 39 AVALIAÇÃO SENSORIAL DE QUEIJO TIPO MUSSARELA Você está recebendo 03 amostras codificadas de Queijo tipo mussarela. Prove as amostras e escreva o valor da escala que você considera correspondente à amostra (código). Antes de cada avaliação, você deverá fazer uso da água e biscoito (Cream Cracker). Nome: __________________________________________________________________ Data: / / 1)Observe cada amostra avaliando o seu aspecto de maneira geral e escreva o valor da escala correspondente à amostra. 9 - Gostei muitíssimo 8 – Gostei muito 7 - Gostei moderadamente Código da amostra Valor da escala 6 - Gostei ligeiramente 5 - Nem gostei/nem desgostei 4 - Desgostei ligeiramente 3 - Desgostei moderadamente 2 - Desgostei muito 1 - Desgostei muitíssimo 2)Avalie o aroma do queijo e anote o valor da escala correspondente à amostra. 9 - Gostei muitíssimo 8 – Gostei muito 7 - Gostei moderadamente 6 - Gostei ligeiramente 5 - Nem gostei/nem desgostei 4 - Desgostei ligeiramente 3 - Desgostei moderadamente 2 - Desgostei muito 1 - Desgostei muitíssimo Código da amostra 3) Avalie a intensidade da cor de cada amostra e escreva o valor da escala correspondente. 1 – Extremamente + clara que o ideal 2 – Muito + clara que o ideal Código da amostra 3 – Moderadamente + clara que o ideal 4 – Ligeiramente + clara que o ideal 5 – Intensidade ideal 6 – Ligeiramente + escura que o ideal 7 – Muito + escura que o ideal 8 – Moderadamente + escura que o ideal 9 – Extremamente + escura que o ideal 4) Avalie a textura do queijo, degustando cada amostra e escreva o valor da escala corresondente 9 - Gostei muitíssimo 8 – Gostei muito 7 - Gostei moderadamente Código da amostra 6 - Gostei ligeiramente 5 - Nem gostei/nem desgostei 4 - Desgostei ligeiramente 3 - Desgostei moderadamente 2 - Desgostei muito 1 - Desgostei muitíssimo 5)Deguste a amostra avaliando o sabor e escreva o valor da escala correspondente à amostra. 9 - Gostei muitíssimo 8 – Gostei muito 7 - Gostei moderadamente Código da amostra 6 - Gostei ligeiramente 5 - Nem gostei/nem desgostei 4 - Desgostei ligeiramente 3 - Desgostei moderadamente 2 - Desgostei muito 1 - Desgostei muitíssimo 6)Deguste a amostra, faça uma aceitação global e anote o valor da escala correspondente à amostra. 9 - Gostei muitíssimo 8 – Gostei muito 7 - Gostei moderadamente Código da amostra 6 - Gostei ligeiramente 5 - Nem gostei/nem desgostei 4 - Desgostei ligeiramente 3 - Desgostei moderadamente 2 - Desgostei muito 1 - Desgostei muitíssimo 7)Indique sua atitude ao encontrar este Queijo no mercado. 5 – Compraria 4 – Possivelmente compraria 3 – Talvez comprasse/talvez não comprasse 2 – Possivelmente não compraria 1 – Jamais compraria Código da amostra Valor da escala Valor da escala Valor da escala Valor da escala Valor da escala Valor da escala Comentários: Obrigado (a) pela sua colaboração! Figura 3: Ficha de avaliação sensorial e intenção de compra de queijo tipo mussarela 40 AVALIAÇÃO SENSORIAL DE QUEIJO TIPO MUSSARELA EM PIZZA Você está recebendo 03 amostras codificadas de pizza. Você irá avaliar o queijo presente na pizza. Prove as amostras e escreva o valor da escala que você considera correspondente à amostra (código). Antes de cada avaliação, você deverá fazer uso da água e biscoito (Cream Cracker). Nome: __________________________________________________________________ Data: / / 1)Observe o queijo de cada amostra avaliando o seu aspecto de maneira geral e escreva o valor da escala correspondente à amostra. 9 - Gostei muitíssimo 8 – Gostei muito 7 - Gostei moderadamente Código da amostra Valor da escala 6 - Gostei ligeiramente 5 - Nem gostei/nem desgostei 4 - Desgostei ligeiramente 3 - Desgostei moderadamente 2 - Desgostei muito 1 - Desgostei muitíssimo 2)Avalie o aroma do queijo e anote o valor da escala correspondente à amostra. 9 - Gostei muitíssimo 8 – Gostei muito 7 - Gostei moderadamente 6 - Gostei ligeiramente 5 - Nem gostei/nem desgostei 4 - Desgostei ligeiramente 3 - Desgostei moderadamente 2 - Desgostei muito 1 - Desgostei muitíssimo Código da amostra Valor da escala 3) Avalie a intensidade da cor do queijo presente em cada amostra e escreva o valor da escala correspondente. 1 – Extremamente + clara que o ideal 2 – Muito + clara que o ideal Código da amostra 3 – Moderadamente + clara que o ideal 4 – Ligeiramente + clara que o ideal 5 – Intensidade ideal 6 – Ligeiramente + escura que o ideal 7 – Muito + escura que o ideal 8 – Moderadamente + escura que o ideal 9 – Extremamente + escura que o ideal Valor da escala 4) Avalie a textura do queijo, degustando cada amostra e escreva o valor da escala corresondente 9 - Gostei muitíssimo 8 – Gostei muito 7 - Gostei moderadamente Código da amostra 6 - Gostei ligeiramente 5 - Nem gostei/nem desgostei 4 - Desgostei ligeiramente 3 - Desgostei moderadamente 2 - Desgostei muito 1 - Desgostei muitíssimo Valor da escala 5) Avalie a derretimento do queijo presente em cada amostra, degustando as mesmas e escreva o valor da escala correspondente. 9 - Gostei muitíssimo 8 – Gostei muito 7 - Gostei moderadamente Código da amostra Valor da escala 6 - Gostei ligeiramente 5 - Nem gostei/nem desgostei 4 - Desgostei ligeiramente 3 - Desgostei moderadamente 2 - Desgostei muito 1 - Desgostei muitíssimo 6)Deguste a amostra avaliando o sabor do queijo e escreva o valor da escala correspondente à amostra. 9 - Gostei muitíssimo 8 – Gostei muito 7 - Gostei moderadamente Código da amostra 6 - Gostei ligeiramente 5 - Nem gostei/nem desgostei 4 - Desgostei ligeiramente 3 - Desgostei moderadamente 2 - Desgostei muito 1 - Desgostei muitíssimo Valor da escala 7)Deguste a amostra, faça uma aceitação global do queijo presente nela e anote o valor da escala correspondente à amostra. 9 - Gostei muitíssimo 8 – Gostei muito 7 - Gostei moderadamente Código da amostra 6 - Gostei ligeiramente 5 - Nem gostei/nem desgostei 4 - Desgostei ligeiramente 3 - Desgostei moderadamente 2 - Desgostei muito 1 - Desgostei muitíssimo 7)Indique sua atitude ao encontrar este Queijo no mercado. 5 – Compraria 4 – Possivelmente compraria 3 – Talvez comprasse/talvez não comprasse 2 – Possivelmente não compraria 1 – Jamais compraria Código da amostra Valor da escala Valor da escala Obrigado (a) pela sua colaboração! Figura 4: Ficha de avaliação sensorial e intenção de compra de queijo tipo mussarela em pizza 41 Foi utilizada uma escala hedônica estruturada mista de nove pontos (1 = desgostei muitíssimo; 5 = nem gostei/ nem desgostei; 9 = gostei muitíssimo), para avaliação do produto quanto aos atributos: aspecto (aparência), aroma, textura, sabor e aceitação global. (STONE E SIDEL, 1993 e MEILGAARD et al., 1991). Para a análise sensorial dos queijos em pizza, além dos atributos citados, analisou-se também o derretimento dos queijos utilizando-se a mesma escala descrita acima. Para a intensidade da cor foi utilizada a escala do ideal (1 = extremamente + escura que o ideal; 5 = ideal; 9 = extremamente + clara que o ideal). A escala estruturada hedônica foi utilizada para a intenção de compra (1 = certamente não compraria; 3 = talvez comprasse/ talvez não comprasse; 5 = certamente compraria). 4.3.5 Capacidade de derretimento O teste foi realizado em triplicata através de adaptação do método de Schreiber, conforme descrito por Kosikowski & Mistry (1997). Para avaliar a capacidade de derretimento, foi retirado uma fração da parte central da peça com o auxílio de um cilindro em zinco de 33 mm de diâmetro interno. Em seguida, foi fracionado transversalmente com um fatiador de ovo para se obterem fatias de cerca de 5mm de altura. As fatias das extremidades foram desprezadas. O material utilizado para a análise se encontra na Figura 5. Cada fatia foi colocada no centro de uma placa de Petri e foram pesadas e medidas, apresentando diâmetro interno em média de 33mm. As placas foram levadas a uma estufa a 90º C por nove minutos. Logo após foram deixadas à temperatura ambiente durante vinte minutos, medindo-se os diâmetros e pesadas. Os diâmetros dos queijos derretidos foram medidos, calculada a média e a partir desta foi calculada, segundo a equação descrita por Kosikowski (1982) C.D. = Df2 - Di2 x 100 Di2 Onde, Di - Diâmetro médio inicial da amostra (pré derretimento); Df - Diâmetro médio final da amostra (pós derretimento). 42 Figura 5: Material utilizado na amostragem do queijo para a análise do derretimento: A) Fatiador de ovo. B) Cilindro de zinco. C) Placa de Petri e amostra para análise. 4.3.6 Análise estatística Avaliou-se os resultados físico-químicos através da análise de variância (ANOVA) onde foi utilizado um delineamento inteiramente casualizado, com dois tratamentos (queijo caprino e queijo bovino com teor de gordura reduzido) onde foi realizado seis repetições para cada tratamento. O teste de “Tukey” com 5% de probabilidade foi utilizado para obtenção da diferença entre as médias e as conclusões. Os valores obtidos para cada atributo da análise sensorial também foram submetidos a análise de variância (ANOVA), realizando comparação ao teste de “Tukey” a 5% de probabilidade. 43 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 CARACTERÍSTICAS DO LEITE UTILIZADO NA FABRICAÇÃO DOS QUEIJOS TIPO MUSSARELA A composição do leite é determinante para o estabelecimento da sua qualidade nutricional e adequação para processamento e consumo humano. A quantidade de leite produzida e sua composição apresentam variações ocasionadas por diversos fatores como: espécie, raça, fisiologia (individualidade, diferenças entre os quartos o úbere, idade), alimentação, estações do ano, doenças, período de lactação, ordenhas (número, intervalo e processo), fraudes e adulterações. (SILVA, 1997). O leite bovino e caprino utilizado na elaboração dos queijos tipo mussarela foram avaliados quanto aos parâmetros físico-químicos e se encontram na Tabela 2. Tabela 2: Teores médios (%) dos parâmetros físico-químicos do leite bovino e caprino utilizados na elaboração dos queijos tipo mussarela. Leite Umidade (%) Cinzas(%) Matéria gorda (%) Proteína (%) Acidez pH Bovino 88,82 0,65 3,670 3,29 16,49 6,6 Caprino 89,62 0,75 2,970 3,03 15,27 6,56 5.2 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS Os resultados obtidos para análises físico-químicas, nos dois tratamentos (QLC e QLB), das amostras de queijo tipo mussarela, podem ser verificados na Tabela 3, como também a análise físico-química feita com o queijo comercial. Notase que exceto umidade, pH, EST e ESD, apresentaram diferenças (p < 0,05). 44 Tabela 3: valores médios* dos parâmetros físico-químicos dos queijos tipo mussarela. Parâmetros Umidade (%) Cinzas (%) QLC QLB QCO 56,68 ± 1,51 a 56,27 ± 1,87 a 43,32 2,70 ± 0,25 a 3,54 7,24 ± 0,75 b 23,82 0,13 ± 0,02 b 0,38 5,88 ± 0,11 a 6,64 Proteínas (%) 37,08 ± 0,90 a 32,00 ± 3,02 b 28,1 EST (%) 43,32 ± 1,51 a 43,73 ± 1,87 a 56,68 ESD (%) 39,92 ± 1,50 a 36,49 ± 2,25 a 32,86 Gordura (%) 3,4 ± 0,49 a 2,18 ± 0,19 b a Acidez 0,09 ± 0,02 pH 5,92 ± 0,07 a GES (%) 7,85 ± 1,12 a 16,61 ± 2,09 b 42,02 *Valores seguidos de letras iguais na mesma coluna não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade. ± desvio padrão; *Média de seis (6) repetições QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial Estas diferenças entre as repetições dos processamentos estão sujeitas a ocorrer, pois podem estar diretamente relacionadas com algumas etapas de fabricação dos queijos, como o corte, agitação, dessoragem e momento da filagem, que não se repetem com precisão na elaboração dos queijos (BERNARDI et al., 2000). Principalmente as etapas de agitação, aquecimento e manuseio da coalhada podem produzir alterações na composição e qualidade dos queijos (VALLE, 1991). No método da acidificação direta, a adição do ácido deve ser de maneira rápida e homogênea, pois pode acarretar prejuízos na qualidade do produto final, como a floculação da proteína e retenção excessiva de umidade. Além do que esta adição deve ser sob agitação para evitar superacidificação localizada. (SAMPAIO et al, 1996). 5.2.1 Umidade Não houve diferença significativa entre os dois tratamentos nos valores médios de umidade (Tabela 3). Os valores obtidos foram superiores ao encontrado para o QCO. De acordo com o Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e Qualidade do Queijo Mussarela (BRASIL, 1997), quanto ao teor de umidade, os QLC e QLB seriam classificados como “queijos de muito alta umidade” (U > 55%). 45 Os teores de umidade de todos os queijos foram superiores aos valores médios encontrados para a mussarela brasileira, que se situa na faixa de 43-46% (FURTADO e LOURENÇO NETTO, 1994). Isto se deve, em parte, à redução do teor de gordura do queijo que altera o balanço de seus componentes, aumentando os teores de umidade e de proteína. Além disso, queijos fabricados por acidificação direta, em geral, apresentam maior teor de umidade que queijos feitos com fermento (OLIVEIRA, 2001). Resultados similares foram encontrados por Ferreira (2004), ao usar retentados em mussarela com reduzido teor de gordura feita através de acidificação direta, que variaram entre 56,49% a 55,36%, sendo o valor médio de 55,93%. Bernardi et al. (2000) ao comparar queijo mussarela obtido pelo método tradicional e por acidificação direta encontrou variação de umidade entre 44,50% a 47,22% e de 47,47% a 48,07%, respectivamente. 5.2.2 Cinzas Com relação ao teor de cinzas, houve diferença significativa para os três tratamentos. Os valores obtidos foram 2,70% para o QLC e 2,18% para o QLB. Para o QCO, o valor encontrado foi superior (3,54) aos encontrados para os queijos experimentais. Verruma et al. (1993), analisando queijo mussarela de leite de búfala e de vaca encontrou 4,64% e 3,77% respectivamente, valores muito superiores aos encontrados no presente trabalho. Bernardi et al. (2000) comparando queijo mussarela obtido pelo método tradicional e por acidificação direta encontrou variação de cinzas entre 2,66% a 2,76% para o método tradicional e de 2,56% a 2,58%, para a acidificação direta. 5.2.2 lipídeos Os QLC e QLB apresentaram teores médios de gordura de 3,4% e 7,24% respectivamente. No QCO este parâmetro foi bastante elevado, em torno de 23,82%. Observou-se que os teores obtidos nos QLC e QLB foram muito inferiores aos citados na literatura,podendo estes baixos valores estarem relacionados com as perdas de gordura no soro e água de lavagem / filagem. 46 Bernardi et al. (2000) avaliando queijos tipo mussarela de leite de búfala obtiveram teores médios de 26,93% para o queijo elaborado pelo método tradicional e de 26,81% para o queijo elaborado por acidificação direta, muito superiores ao obtido neste trabalho e semelhante ao verificado no QCO. Ferreira (2004) observou que os queijos analisados tiveram em média 12,75% de gordura, uma redução de quase 45% em relação ao teor de gordura médio da mussarela brasileira, que é de 22-24% (Furtado e Lourenço Netto, 1994). Ferreira (2004) ainda observa que a recuperação de gordura nos queijos é baixa em virtude das elevadas perdas de gordura no soro e na água de filagem, as quais são maiores no soro. Em geral, queijos de reduzido teor de gordura apresentam menor recuperação de gordura no soro que queijos integrais (RUDAN et al., 1999). Além disso, o uso da acidificação direta (METZGER et al., 2000) e a utilização de pequena quantidade de coagulante (OLIVEIRA, 2001) levam à formação de um coágulo mais grosseiro e poroso, com uma menor capacidade de retenção da gordura. 5.2.3 Acidez Os valores médios encontrados foram de 0,09% para o QLC, de 0,13% para o QLB e de 0,38% para o QCO, não sendo observada diferença significativa (p < 0,05) entre os tratamentos. Ferreira (2004) obteve para acidez em ácido láctico o valor de 0,191% os queijos fabricados a partir de leite não concentrado e de 0,179% e 0,178% para os queijos fabricados a partir de retentados (com coeficientes de retenção 1,4 e 1,8, respectivamente). 5.2.4 pH Avaliando-se os dados da Tabela 3, verifica-se que não houve diferença (p > 0,05) para os valores médios de pH. Os valores encontrados foram 5,92 para o QLC, de 5,88 para o QLB e de 6,64 para o QCO. Os valores de pH obtidos foram semelhantes aqueles verificados por Ferreira (2004) de 5,79 para o queijo controle e 5,78 e 5,77 para os queijos produzidos a partir de retentados. 47 5.2.5 Proteínas Observou-se diferença significativa (p < 0,05) entre os tratamentos estudados (tabela 2). Os QLC e QLB apresentaram valores de proteínas 37,08% e 32,00%, respectivamente. Notou-se que o QCO apresentou valor inferior aos encontrados nos queijos experimentais (28,1%), principalmente se comparado ao QLC, obtendo diferença de quase 10%. Os valores encontrados neste experimento foram superiores aos obtidos por Bernardi et al (2000) ao avaliar queijo mussarela elaborado com leite de búfala pelos métodos tradicional e da acidificação direta, onde obteve valore médios de 21,15% e 23,78% respectivamente. Ferreira (2004), relatou ter observado para o queijo mussarela feito a partir de leite não ultrafiltrado e de retentados de baixo fator de concentração, o valor médio de 26,82% de proteína. Almeida (2006) ao analisar queijo de manteiga com leite de cabra, obteve os valores 27,17% para o queijo tradicional (com leite bovino) e 33,29% e 29,63% para os queijos caprinos. Os teores de proteínas foram superiores aos relatados na literatura e no queijo comercial, o que demonstra que a retenção de proteínas em queijos elaborados pelo método descrito no presente trabalho foi maior provavelmente devido a menor quantidade de lipídeos encontrados nos mesmos. 5.2.6 Extrato Seco Total (EST) Com relação ao EST não houve diferença significativa (p > 0,05) entre os tratamentos (Tabela 2). Os teores médios de EST para os QLC E QLB foram de 43,32% e 43,73%, respectivamente. O QCO apresentou valores superiores para este parâmetro. Ferreira (2004) encontrou para EST os valores de 45,57% para o queijo controle e 43,51% e 44,64% para os queijos produzidos com concentrações diferentes de retentados. 5.2.7 Extrato Seco Desengordurado (ESD) Os teores médios de extrato seco desengordurado para os QLC e QLB foram de 39,92% e 36,49%, respectivamente (Tabela 2). O QCO apresentou o valor de 48 32,86%, inferiores aos encontrados nos QLC e QLB. Não houve diferença significativa (p > 0,05) entre os queijos QLC e QLB. Ferreira (2004) obteve valores de 37,66%; 35,44% e 36,37% para os diferentes queijos analisados. Obtendo o valor médio de 36,49%, o mesmo encontrado no presente trabalho para o queijo bovino. 5.2.8 Gordura no Extrato Seco (GES) Os valores médios obtidos foram 7,85% para o QLC e 16,61% para o QLB. O QCO apresentou valor muito superior (42,02%) quando comparado com os QLC e QLB. Constatou-se que houve diferença significativa (p < 0,05) entre os tQLC e QLB (Tabela 2). De acordo com o Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e Qualidade do Queijo Mussarela (BRASIL, 1997), a matéria gorda em extrato seco deve ser de no mínimo 35%. Como foi observado o teor de gordura foi muito inferior ao mínimo exigido provavelmente devido as perdas no soro e na água de filagem e apresentam menores recuperações de gordura se comparados aos queijos integrais (comerciais). Ferreira (2004), também obteve valores inferiores ao recomendado pelo tal regulamento, onde encontrando 27,80% para o queijo controle e 28,73% e 29,12% para os queijos com retentados na sua composição. 5.2.9 Cor O valor de L* é uma medida de luminosidadr da amostra, ou seja, quanto maior o valo de L*, mais claro é o queijo. O valor a* aponta a coloração no intervalo do verde (-a*) ao vermelho (+a*), já o valor de b* caracteriza tonalidade na região do azul (-b*) ao amarelo (+b*). De acordo com os valores obtidos, verificou-se que para os valores de a*, o QLC apresentou a coloração que mais se eleva para o verde, onde, o precipitado esverdeado é produzido pelo pigmento biliverdina que através da ação de ácido e calor, precipita junto com as proteínas, resultando num produto esverdeado (VAN DENDER, 1989). E para os valores de b, o QCO foi o que mais apresentou o tom amarelo. A maior luminosidade também foi apresentada pelo QCO, enquanto o QLB se mostrou intermediário entre o QLC e o QCO. 49 Tabela 4:Valores médios de cor (L*, a*, b*) dos queijos tipo mussarela desenvolvidos L* a* b* QLC 38,81 -2,35 18,82 QLB 48,58 -1,18 26,31 QCO 49,33 -0,33 31,6 QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial 5.3 ANÁLISES SENSORIAIS 5.3.1 Perfil de provadores O painel constou de 54 provadores em cada uma das análises sensoriais realizadas, onde foram recrutados aleatoriamente e não passaram por nenhum tipo de treinamento. Na análise sensorial do queijo puro, a maioria dos provadores (70,34%) era do gênero masculino e 29,63% feminino. Tinham idade entre 15 e 44 anos e a maioria não era fumante (98,75%). Os níveis de escolaridade tiveram a seguinte distribuição: 20,37% possuíam 1º Grau, 50% cursavam o 2º Grau, 27,77 estavam na graduação e apenas 1,85% possuía pós graduação. Do total de provadores, 44,44% já haviam consumido queijos de leite de cabra. Na análise sensorial dos queijos em pizza, 66,7% dos provadores era do gênero masculino e 33,33% feminino. Tinham idade entre 15 e 39 anos e a maioria não era fumante (94,44%). Os níveis de escolaridade tiveram a seguinte distribuição: 25,92% possuíam 1º Grau Completo, 14,81% cursavam o 2º Grau, 12,96% possuíam 2º Grau completo, 42,59% estavam na graduação e apenas 1,85% tinha pós graduação. 53,76% dos provadores já haviam consumido queijos de leite de cabra anteriormente. 5.3.2 Análise sensorial do queijo tipo mussarela Observando-se os dados apresentados na Tabela 5, percebeu-se que houve diferença significativa (p < 0,05) em todos os atributos. Observou-se que o QCO 50 apresentou maior média de notas em todos os atributos, sendo a amostra diferente na análise. O QLC foi o queijo que apresentou a menor média de notas, para todos os atributos sensoriais. Tabela 5: Comparação das médias e dos tratamentos sobre os atributos sensoriaispara o queijo Atributos Sensoriais Avaliação Tratamento Aspecto Aroma Cor Textura Sabor geral QLB 6,0a 6,3 a 3,6 a 6,6 a 6,3 a 6,4 a QLC 5,8a 6,0 a 3,3 a 5,9 a 5,7 a 5,9 a QCO 7,6b 7,6 b 4,9 b 7,6 b 7,7 b 7,6 b *Valores seguidos de letras iguais na mesma coluna não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade. QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial Os dados da análise sensorial dos queijos tipo mussarela foram analisados também quanto aos perfis de aceitação (% de consumidores que atribuíram notas maiores do que cinco), de rejeição (% de consumidores que atribuíram notas menores do que cinco) e neutros (% de consumidores que atribuíram notas iguais a cinco). Foram avaliados os atributos sensoriais aparência, aroma, textura, sabor e avaliação global. 5.3.2.1 Aparência De acordo com Garcia (2005), a aparência é a primeira impressão que o consumidor tem sobre o alimento, onde o alimento de aparência ruim é ligeiramente rejeitado. Assim, é possível dizer que a aparência é um dos atributos que determina o quanto o produto será comercializável. Avaliando os perfis de aceitação e rejeição dos queijos tipo mussarela, notou-se que para os QCO e QLB, houve aceitação de mais de 70% dos provadores. Já o QLC a aceitação foi de quase 57,41% dos julgadores (Figura 6). Ferreira (2004) ao comparar queijo tipo mussarela (lights) com retentados na sua formulação com o comercial, obteve notas estatisticamente inferiores às dos 51 queijos comerciais. Observou que a cor diferenciada também pode ter influenciado no resultado. Provadores (%) Aparência 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Rejeição Neutro Aceitação QLB QLC QCO QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial Figura 6: Perfil de aceitação e rejeição da aparência dos queijos tipo mussarela 5.3.2.2 Aroma Segundo Chitarra e Chitarra (1990), o aroma é o conjunto das sensações do olfato, estimulada por componentes voláteis que, em conjunto com o gosto, conferem características específicas ao produto. Na Figura 7, verifica-se que todos os queijos apresentaram aceitação maior do que 60% dos provadoreso que implica em afirmar que a maioria dos degustadores sentiram o aroma peculiar ao produto. Nota-se que o QCO obteve melhor aceitação (94,4%) do que os outros queijos, mas isso se deve provavelmente ao maior teor de gordura contido no mesmo. Mais uma observação é que o QLC obteve menor índice de aceitação e maior de rejeição e que o QLB apresentou maior neutralidade com cerca de 24%. Verruma-Bernardi e Damásio (2004) ao fazerem uma análise descritiva de perfil livre em queijo mussarela de leite de búfala observa que o queijo mussarela obtido pelo método tradicional apresentou aroma característico mais acentuado que, provavelmente estava relacionado com o uso do fermento, que propicia aroma característico ao queijo. 52 Provadores (%) Aroma 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Rejeição Neutro Aceitação QLB QLC QCO QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial Figura 7: Perfil de aceitação e rejeição do aroma dos queijos tipo mussarela Ferreira (2004) observou que as notas atribuídas para o aroma dos seus queijos experimentais foram ligeiramente inferiores em comparação aos demais atributos. E que o uso da acidificação direta pode ter contribuído para isso. 5.3.2.3 Intensidade da cor As primeiras impressões que o consumidor tem do alimento são sua cor e os aspectos de sua aparência. É conhecido o fato que a cor e outros atributos da aparência de um alimento contribuem para maior aceitabilidade pelo produto (ALDRIGUE et al., 2003). Para o QCO, a maioria dos provadores (66,67%) atribuiu nota cinco (intensidade ideal). Enquanto para o QLC 31,48% dos consumidores atribuíram a nota dois (muito mais clara que o ideal). Já para o QLB com teor de gordura reduzido, o maior percentual foi para a nota três (moderadamente mais clara que o ideal). A maior rejeição para este atributo foi para o QLC 9figura 8) que pode ter sido por apresentar coloração esverdeada, devido ao processo da acidificação direta. Como a remoção de gordura está associada a uma coloração mais clara em queijo mussarela (RUDAN et al., 1999; MERRIL et al., 1994), este pode ter sido o 53 motivo da percepção dos provadores em relação à aparência dos queijos, mais especificamente da cor. Intensidade da cor 80,00 Provadores (%) 70,00 60,00 50,00 QLB 40,00 QLC 30,00 QCO 20,00 10,00 0,00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial Figura 8: Perfil da intensidade da cor dos queijos tipo mussarela Verruma-Bernardi e Damásio (2004), ao fazer uma análise descritiva de perfil livre em queijo mussarela de leite de búfala, também verificaram coloração esverdeada em queijo mussarela elaborado pela acidificação direta. Segundo Van Dender (1989),isto é devido a presença do pigmento biliverdina associado à αcaseína do leite, que precipita juntamente com as proteínas, pela ação de ácido e calor, produzindo um precipitado esverdeado. 5.3.2.4 Textura Avaliando o atributo pelo histograma de freqüência observando-se o exposto na figura 9, constata-seque o QCO obteve 88,89% de notas maiores do que cinco e QLB a aceitação foi de 79,63%. Para o QLC as notas superiores a cinco atribuídas pelos provadores foi de 55,56% e as inferiores a cinco (indicando rejeição) foi em torno de 24%. Nota-se que a quantidade de gordura dos produtos está relacionada com este atributo. 54 Uma das mais importantes considerações na elaboração do queijo é a obtenção de produto aceitável sob o ponto de vista de textura e sabor. A textura é a manifestação das características reológicas e depende da composição e estrutura do queijo (GREEN, citado por ALMEIDA, 2006) Provadores (%) Textura 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Rejeição Neutro Aceitação QLB QLC QCO QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial Figura 9: Perfil de aceitação e rejeição da textura dos queijos tipo mussarela Ferreira (2004) comparando queijo mussarela com retentados com queijos comerciais observou que apesar do reduzido teor de gordura, que em geral acarreta prejuízo da textura do queijo, os queijos tiveram uma boa aceitação em relação a este atributo. Segundo Verruma-Bernardi e Damásio (2004), o queijo tipo mussarela de búfala elaborado pelo método tradicional apresentou-se mais firme e, conseqüentemente, menos macio. O queijo produzido pelo método da acidificação direta apresentou-se mais macio e úmido. 5.3.2.5 Sabor O sabor de qualquer produto lácteo é mistura de “flavours” criado a partir de sua base, dos compostos produzidos durante a fermentação e da adição de ingredientes flavorizantes. Os produtos que apresentam gordura na sua composição são mais aceitos pelos consumidores (GONDIM, 2002). 55 Notou-se, que o QCO teve maior número de notas superiores a cinco, (Figura 10) apresentando um índice de aceitação de mais de 90% dos provadores. Já para o QLB com teor de gordura reduzido o índice de aceitação foi maior do que 70% e o QLC apresentou aceitação superior a 50%, apesar de também apresentar maior índice de rejeição de quase 30%. Sabor 100% Provadores (%) 80% Rejeição 60% Neutro 40% Aceitação 20% 0% QLB QLC QCO QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial Figura 10: Perfil de aceitação e rejeição do sabor dos queijos tipo mussarela Verruma-Bernardi e Damásio (2004) observaram que o queijo elaborado pelo método tradicional apresentou-se mais amargo em relação ao queijo elaborado pela acidificação direta. E o sabor mais ácido que o queijo elaborado pela acidificação direta. Afirmoram que provavelmente, estes fatores estão relacionados com a adição do fermento, que promove o desenvolvimento de aroma e sabor dos queijos. Bucione (1999) afirma que a gordura pode contribuir para melhorar o sabor dos alimentos. Assim, justifica-se a menor aceitação dos produtos com reduzidos teores de gordura, o queijo caprino e o bovino. 5.3.2.6 Aceitação global Analisando o atributo aceitação global por meio do histograma de freqüência dos queijos (Figura 11), nota-se que mais uma vez, o QCO apresentou maior 56 percentual de aceitação para mais de 85% dos consumidores. O QLB com teor reduzido de gordura obteve mais de 70% de notas superiores a cinco. Já o QLC obteve menor aceitação em torno de 55%, apresentando também maior índice de rejeição (cerca de 25%). Provadores (%) Aceitação Global 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Rejeição Neutro Aceitação QLB QLC QCO QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial Figura 11: Perfil de aceitação e rejeição de Aceitação Global dos queijos tipo mussarela Observa-se na figura 12 que de maneira geral o QCO foi diferenciado dos demais, onde apresentou maior preferência em todos os atributos, onde a nota atribuída foi próxima de oito (gostei muito). O QLB destacou-se do QLC em todos os atributos, com notas iguais e superiores a seis (gostei ligeiramente). O QLC, mesmo sendo aceito pelos consumidores, foi o que obteve as menores notas para todos os atributos. Os queijos QLB e QLC apresentaram semelhanças com relação ao atributo aparência. Isso se deve ao teor reduzido de gordura nos mesmos, apresentando coloração mais clara e tornando-se perceptível aos provadores. 57 Atributos sensoriais Aspecto 9,0 7,0 5,0 Avaliação geral 3,0 Aroma QLC 1,0 Sabor QLB QCO Textura QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial Figura 12: Representação esquemática dos valores médios dos atributos do painel sensorial dos queijos tipo mussarela 5.3.2.7 Intenção de compra Na Figura 13 é apresentado o perfil de intenção de compra, o QCO foi o mais aceito para mais de 90% dos provadores, que atribuíram as notas cinco (compraria) e quatro (certamente compraria), seguido do QLB, com cerca de 53% para as mesmas notas, enquanto o QLC apresentou pouco mais de 35% de aceitação. Para este último, houve a maior rejeição, que atribuíram as notas um( jamais compraria) e dois (possivelmente não compraria), que foi em torno de 45% e cerca de 18% dos consumidores se mostraram neutros, atribuindo a nota três (Talvez Comprasse / talvez não comprasse). O alto índice de rejeição do QLC, está ligado ao gosto e aroma característicos apresentados pelo leite caprino, pois apresentam quantidade superior dos ácidos caproíco, cáprico e caprílico, quando comparados ao leite bovino, dando assim interferência na qualidade final do produto. 58 Intenção de Compra 80,00 Provadores (%) 70,00 60,00 50,00 QLB 40,00 QLC 30,00 QCO 20,00 10,00 0,00 Compraria Talvez Comprasse / talvez não comprasse Jamais compraria QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial Figura 13: Perfil de intenção de compra dos queijos tipo mussarela 5.3.3 Análise Sensorial dos queijos em pizza Na tabela 6, são apresentadas as pontuações dos atributos sensoriais quando dos queijos quando utilizados em pizza. Verificou-se diferença significativa (p < 0,05) apenas para o atributo aroma, estando o QCO com notas superiores aos QLC e QLB. Obtendo menor diferença entre as médias de notas para os três queijos. Ao comparar o queijo puro, analisado anteriormente, nota-se que ao passar por um aumento de temperatura, os queijos QLC E QLB derretidos não apresentaram diferença do QCO como notado anteriormente, apresentando, de acordo com os provadores, melhor aspecto, cor, textura, sabor e avaliação global. Apenas o aroma se apresentou diferenciado, o que se justifica devido à presença dos ácidos capróico, caprílico e cáprico em quantidades elevadas na composição da gordura do leite caprino. Os dados da análise sensorial do queijo na pizza, preparada com os QLB, QLC e QCO foram analisados também quanto aos perfis de aceitação (% de consumidores que atribuíram notas maiores do que cinco), rejeição (% de consumidores que atribuíram notas menores do que cinco) e neutros (% de consumidores que atribuíram notas iguais a cinco). Foram avaliados os atributos sensoriais: aparência, aroma, textura, derretimento, sabor e avaliação global. 59 Tabela 6: Comparação dos tratamentos sobre os atributos sensoriais paraos queijos em pizza Atributos sensoriais Avaliação Tratamento Aspecto Aroma Cor Textura Derret. Sabor geral QLB 7,2 a 6,8 a 4,6 a 6,9 a 6,6 a 7,2 a 6,9 a QLC 6,7 a 6,4 a 4,2 a 6,6 a 6,6 a 6,6 a 6,9 a QCO 7,2 a 7,5 b 4,9 a 7,2 a 7,2 a 7,4 a 7,5 a *Valores seguidos de letras iguais na mesma coluna não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade. QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial 5.3.3.1 Aparência Ao avaliar a aceitação e rejeição do queijo na pizza côo apresentado na Figura 14, verificou-se que todos os queijos obtiveram elevados índices de aceitação por mais de 80% dos provadores. O maior índice de rejeição foi observada na pizza preparada com o QLC, com valor referente a pouco mais de 10%. A pizza preparada com o QLB obteve maior neutralidade, com o valor de 7,41% dos provadores. Aparência 100% Provadores (%) 80% Rejeição 60% Neutro 40% Aceitação 20% 0% QLB QLC QCO QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial Figura 14: Perfil de aceitação e rejeição da aparência dos queijos em pizza 60 Comparando-se os valores obtidos nas análises somente do queijo e quando adicionados a pizza, notou-se que a aceitação com relação a este atributo aumentou para todos os tipos de queijo, principalmente para o QLC, que aumentou de 57,41% para mais de 80% na pizza preparada com este queijo. Observou-se também, que o índice de rejeição do mesmo queijo diminuiu de mais de 27% para apenas 11,11%. 5.3.3.2 Aroma Todos os produtos apresentaram boa aceitação para mais de 70% dos consumidores, que conferiram notas superiores a cinco (Figura 15). A melhor aceitação foi para o QCO com 88,89%. A aceitação do QLB foi de 83,33% e o QLC foi de 75,93%, que também obteve maior rejeição de 11,11% dos provadores. A neutralidade dos QCO e QLB foi a mesma, enquanto que o QLC apresentou-se um pouco maior com 12,96% dos consumidores. Checando os resultados obtidos para os queijos, notou-se que a aceitação aumentou em cerca de 62% para 75% com relação ao QLC. O CLB também teve um elevado aumento (18,52%) com relação a este atributo, enquanto que o QCO a aceitação decresceu em torno de 5,5%. Aroma 100% Provadores (%) 80% Rejeição 60% Neutro 40% Aceitação 20% 0% QLB QLC QCO QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial Figura 15: Perfil de aceitação e rejeição do aroma dos queijos em pizza 61 5.3.3.3 Cor A cor é uma das características sensoriais mais importantes para a aceitabilidade (ALMEIDA, 2006). Assim, avaliando-se a intensidade da cor na avaliação sensorial da pizza (figura 16), as pizzas preparadas com queijo comercial obteve maior aceitação, com 48,15% dos provadores, que atribuíram notas entre 4 (ligeiramente + clara que o ideal) e 6 (ligeiramente + escura que o ideal). Já com os queijos bovino e caprino tiveram aceitação de 46,30% e 40,74%, respectivamente. A maior rejeição foi obtida pela pizza com queijo caprino com 59,26%. Com relação a este atributo, QCO apresentou queda de quase 30%, quando comparado o queijo puro com o queijo na pizza. Para o QLC, aumentou de 29,63% para 40,74%. Já para o QLB, não houve alteração, quando puro e adicionada à pizza. Intensidade da cor 30,00 Provadores (%) 25,00 20,00 QLB QLC 15,00 QCO 10,00 5,00 0,00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial Figura 16: Perfil da intensidade da cor dos queijos em pizza 5.3.3.4 Textura Ao avaliar o atributo textura através de aceitação e rejeição, verifica-se que para pizza preparada com o QCO obteve 90,74% de notas maiores do que cinco (figura 17). A pizza com o QLB teve aceitação de 85,19%, enquanto as notas do 62 QLC foram superiores a cinco sendo atribuídas por 72,22% dos provadores e as inferiores a cinco, indicando que a rejeição foi em torno de 13%. Provaodres (%) Textura 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Rejeição Neutro Aceitação QLB QLC QCO QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial Figura 17: Perfil de aceitação e rejeição da textura dos queijos em pizza Para a textura, o QLC apresentou uma melhora na aceitação de 16,66%. O seu índice de rejeição caiu pela metade. Para os demais, as variações não foram tão grandes nas duas análises sensoriais. 5.3.3.5 Derretimento Avaliando o atributo derretimento através de aceitação e rejeição, verifica-se através da figura 18 que para a pizza preparada com o QCO à aceitação foi em torno de 87%. Já quando preparada com QLB com a aceitação foi de 83,33%. Para o QLC as notas superiores a cinco atribuídas pelos provadores foram de 79,63%. A maior rejeição foi atribuída a pizza com QLB sendo 12,96% dos provadores. Nota-se que a diferença entre as porcentagens obtidas pelas pizzas com os três queijos, não foram muito diferentes, mostrando um alto índice de aceitação dos mesmos. Os provadores que ficaram na neutralidade tiveram maior índice na pizza de QLC, mas não ultrapassou 10%. 63 Derretimento 100% Provadores (%) 80% Rejeição 60% Neutro 40% Aceitação 20% 0% QLB QLC QCO QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial Figura 18: Perfil de aceitação e rejeição do derretimento dos queijos em pizza 5.3.3.5 Sabor Na observação da Figura 19, notou-se que todas as pizzas apresentaram elevado grau de aceitação, para mais de 80%. A pizza com o QCO apresentou maior índice de notas superiores a cinco, com quase 90% dos provadores. A pizza com o QLB vem logo em seguida com cerca de 85% dos consumidores. Já com o QLC obteve-se 81,48% de aceitação dos mesmos. Interessante ressaltar, que a pizza adicionada do QLB, apresentou também maior rejeição, em cerca de 9% dos consumidores. O QLC, mais uma vez, aumentou o seu índice de aceitação de 55% para 81,48%. O QLB também obteve maior aceitação, aumentando de 72,22% para 88,89. A rejeição do QLC caiu de quase 30% para apenas 7,41%, obteve também maior índice de julgadores neutros que diminuiu de 14,81 para 11,11%. 64 Provadores (%) Sabor 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Rejeição Neutro Aceitação QLB QLC QCO QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial Figura 19: Perfil de aceitação e rejeição do sabor dos queijos em pizza 5.3.3.6 Aceitação global De acordo com a avaliação geral (Figura 20), verificou-se que todos os queijos apresentados em pizza apresentaram boa aceitação, para mais de 80% dos provadores. A pizza com o QCO apresentou maior número de notas superiores a cinco, com cerca de 90% dos consumidores, principalmente atribuídas as notas 8 (gostei muito) e 9 (gostei muitíssimo) . Em seguida, a pizza com QLC que obteve 83,33% atribuídas as notas 7 ( gostei moderadamente) e 8 (gostei muito). Já a pizza com QLB 81,48%, com notas especialmente 8 e 9. A maior rejeição foi para a pizza preparada com o último, obtendo 11,11% dos consumidores. O maior número de provadores neutros ficou para a pizza com QLC com cerca de 9% dos provadores. Mais uma vez, QLC, obteve melhor aceitação na pizza. Suas notas superiores a cinco aumentaram de 55% para 83,33%. A sua rejeição diminuiu consideravelmente, em torno de 18%. O QLB também obteve melhor aceitação, dando um salto de 11% com relação aos provadores. Todos os queijos apresentaram índices de neutralidade inferiores se comparados com a análise anterior. 65 Aceitação Global 100% Provadores (%) 80% Rejeição 60% Neutro 40% Aceitação 20% 0% QLB QLC QCO QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial Figura 20: Perfil de aceitação e rejeição da avaliação geral dos queijos em pizza Verifica-se que o QCO distinguiu-se dos demais por apresentar preferência superior aos demais Figura 21. A média das notas apresentadas foi superior a 7 (gostei moderadamente) em todos os atributos, para a intensidade da cor a nota conferida foi aproximadamente 5 (intensidade ideal). O QLB destacou-se do caprino, através dos atributos sabor, aroma, aspecto, onde a média das notas obtidas foram de aproximadamente 7 (gostei moderadamente) e cor, onde a média das notas adquiridas foi de aproximadamente 5 (intensidade ideal). Para o QLC, esta média foi de aproximadamente 4 (ligeiramente + clara que o ideal) Os demais atributos, textura; derretimento e avaliação geral, apresentaram valores próximos tanto para o QLC como para o QLB. Observa-se que na avaliação dos queijos em pizza, os mesmos se apresentaram com notas superiores às encontradas na análise dos queijos. Mostrando que, os queijos em pratos quentes, ou seja, derretidos, apesar de obterem notas nos atributos sensoriais inferiores ao QCO, se apresentaram com boa aceitação, obtendo notas iguais a 6. 66 Atributos Sensoriais Aspecto 9 7 Avaliação geral 5 Aroma QLB 3 QLC 1 QCO Sabor Textura Derretimento QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial Figura 21: Representação esquemática dos valores médios dos atributos do painel sensorial dos queijos tipo mussarela apresentados em pizza 5.3.3.7 Atitude de compra Na Figura 22, nota-se que a pizza com QCO obteve maior aceitação para mais de 80% dos provadores, sendo que 50% atribuíram nota 5 (compraria). Para a pizza com o QLB, a aceitação foi de cerca de 70%, onde cerca de 40% dos consumidores atribuíram a nota 5 (compraria). A pizza preparada com QLC, obteve mais de 50% de aceitação, sendo que o maior número de consumidores atribuíram notas 4 (possivelmente compraria). Para este produto, houve maior neutralidade com 35,19% de notas 3 (talvez comprasse / talvez não comprasse). A pizza que obteve maior rejeição em relação à intenção de compra foi àquela preparada com QLB, obtendo 14,81% dos provadores, onde as notas foram distribuídas em 9,26% para nota 2 (possivelmente não compraria) e 5,56% para a nota 1 (jamais compraria). Assim, verifica-se que o QCO na pizza apresentou aceitação menor se comparado ao queijo. O QLB que apresentou apenas 53% de aceitação quando puro, obteve na pizza 70%, apresentando um aumento de cerca de 17%. O QLC também obteve maior aceitação na pizza passando de 35% (no queijo cru), para 53,70% na pizza. A maior rejeição foi apresentada pela pizza preparada com QLB (14,81%), já para o queijo propriamente dito, a maior rejeição foi para o QLC 67 (35,18%). O maior índice de neutralidade no queijo foi para o QLB, já para a pizza foi àquela preparada com o QLC (35,19%). Intenção de Compra Provadores (%) 60,00 50,00 40,00 QLB 30,00 QLC 20,00 QCO 10,00 Jamais compraria Talvez Comprasse / talvez não comprasse Compraria 0,00 QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial Figura 22: Perfil de intenção de compra dos queijos em pizza 5.4 CAPACIDADE DE DERRETIMENTO Segundo Ferreira (2004), a capacidade de derretimento é um importante atributo do queijo mussarela, tendo em vista sua grande utilização como ingrediente culinário, principalmente em pizzas. Foi feita apenas uma análise da capacidade de derretimento. Os queijos utilizados nesta análise foram produzidos na mesma semana em que foi feita a análise. O resultado obtido é mostrado na tabela 7. Nota-se que os queijos QLC e QLB apresentaram resultados de capacidade de derretimento inferiores do que para o QCO. Observou-se que, o QCO ao ser aquecido liberou bastante gordura, não ocorrendo o mesmo com os QLC e QLB. Isso demonstra que a quantidade de gordura está intimamente ligada com a capacidade de derretimento. De acordo com Furtado (1997), o menor teor de gordura interfere negativamente sobre a capacidade de derretimento do queijo tipo mussarela. 68 Tabela 7: Capacidade de Derretimento dos queijos tipo mussarela QLB QLC QCO Diâmetros iniciais 3,3 3,3 3,3 Diâmetros finais 3,5 3,4 4,0 Capacidade de derretimento (%) 12,49 6,15 46,9 Peso inicial (g) 6,43 5,80 6,67 Peso final (g) 6,10 5,50 6,43 Perda de peso (%) 5,19 5,19 3,67 QLC = queijo de leite de cabra tipo mussarela QLB = queijo de leite bovino tipo mussarela com teor de gordura reduzido QCO = queijo comercial Observa-se que a perda de peso nos queijos QLB e QLC foi maior do que a apresentada pelo QCO. Isso se explica, pela maior umidade apresentada pelos queijos QLC e QLB, e pela maior quantidade de gordura do QCO. Onde fração da água dos queijos QLC e QLB é perdida e parte da gordura do QCO é derretida, se apresentando de forma livre nas placas. Andreatta (2006), ao avaliar a capacidade de queijos tipo mussarela no decorrer do tempo, observa que, no início do armazenamento, o queijo possui certa dificuldade em derreter, mas ao passar dos dias, a capacidade de derretimento aumenta em todos os queijos analisados. Segundo Oliveira (1986), este fato ocorre porque na fase inicial as proteínas apresentam alto peso molecular, tornando-as pouco solúveis, e após algumas semanas essas proteínas são hidrolisadas, ficando mais solúveis o que vai aumentando a capacidade de derretimento do queijo, até a mesma apresentar-se excessiva, e tornar o queijo impróprio para o uso no preparo de pizzas. (KINDSTED, 1993). De acordo com Ferreira (2004), a capacidade de derretimento dos queijos não sofreu alteração ao longo do tempo de armazenamento. Ainda afirma, que a redução do teor de gordura acarretou em prejuízo do derretimento do queijo, pois esta está intimamente ligado à estrutura protéica do mesmo e, com a remoção de gordura, o teor de proteína aumenta e assim a matriz protéica se torna mais rígida e mais compacta, com menor tendência a derreter e fluir. 69 6. CONCLUSÕES O método da acidificação direta foi adequado e confirma a possibilidade de se produzir queijo tipo mussarela dos leites de cabra e bovino com teor de gordura reduzido e apresentaram características semelhantes. As características físico-químicas dos queijos elaborados com leite bovino são semelhantes aos produzidos com o caprino e diferentes aos produzidos de forma convencional (comercial). Os queijos bovino e caprino apresentaram aceitação razoável em comparação ao queijo comercial sendo o queijo bovino com teor de gordura reduzido com maior aceitação do que o caprino. Devido à quantidade de gordura reduzida, os queijos caprino e bovino com teor de gordura reduzido apresentam baixa capacidade de derretimento, característica não favorável a este produto. Apesar disso, forma bem aceitos quando adicionados a pizza, semelhantemente ao queijo comercial. 70 7. REFERÊNCIAS ADDEO, F.; COPPOLA, S. Aspetti tecnologici e microbiologici della tranformazione del latte di bufala in mozzarella e ricotta. II Latte, Milano, v. 8, p. 706-723, 1983. AGRONET. O portal da agropecuária brasileira: Produção de queijo, 2001. disponível em: < http: // www.agronet.eng.br/informa/ind.leite.html> Acesso em: 30 Mar. 2002. ALAIS, C. Ciência de la leche: Princípios de tecnica lechera. 4. ed. Barcelona: Reverte, 1985. ALBONICO, F. latte e formaggi bufalini. Sci. Tecn. Latt. 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APÊNDICES Apêndice A – valores médios de cada avaliação físico-química dos queijos tipo mussarela e sua análise de variância Valores médios da Umidade (%) dos queijos tipo mussarela Ensaio 1 2 3 4 5 6 Média DP Caprino Bovino 54,05 59,81 55,73 55,42 57,99 54,47 57,43 56,36 57,22 56,26 57,68 55,32 56,68333 56,27333 1,509274 1,86573 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente Umidade Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico Linhas 2,648467 5 0,529693 0,101296 0,98741 5,050339 Colunas 0,5043 1 0,5043 0,09644 0,768673 6,607877 Erro 26,1458 5 5,22916 11 Total 29,29857 Valores médios da Cinzas (%) dos queijos tipo mussarela Ensaio 1 2 3 4 5 6 Média DP Caprino Bovino 2,91 2,18 2,83 1,84 2,94 2,29 2,74 2,11 2,45 2,36 2,35 2,31 2,703333 2,181667 0,247036 0,190727 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente Cinzas Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico Linhas 0,132375 5 0,026475 0,373264 0,848341 5,050339 Colunas 0,816408 1 0,816408 11,51033 0,019405 6,607877 Erro 0,354642 5 0,070928 Total 1,303425 11 81 Valores médios da Gordura (%) dos queijos tipo mussarela Ensaio 1 2 3 4 5 6 Média DP Caprino Bovino 3,34 7,54 3,99 6,9 3,23 6,68 2,91 6,69 2,91 8,62 3,99 7,01 3,395 7,24 0,491681 0,74552 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente Gordura Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico Linhas 1,328075 5 0,265615 0,499337 0,767908 5,050339 Colunas 44,35208 1 44,35208 83,37875 0,000264 6,607877 Erro 2,659675 5 0,531935 Total 48,33983 11 Valores médios da acidez dos queijos tipo mussarela Ensaio 1 2 3 4 5 6 Média DP Caprino Bovino 0,10 0,15 0,09 0,1 0,07 0,14 0,07 0,14 0,09 0,12 0,12 0,12 0,09 0,13 0,018974 0,018348 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente Acidez Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação Linhas Colunas Erro Total SQ 0,001242 0,004408 0,002242 0,007892 gl 5 1 5 11 MQ F valor-P F crítico 0,000248 0,553903 0,733766 5,050339 0,004408 9,832714 0,025791 6,607877 0,000448 82 Valores médios de pH dos queijos tipo mussarela Ensaio 1 2 3 4 5 6 Média DP Caprino Bovino 5,86 5,86 5,95 5,8 6,02 5,85 5,95 5,77 5,89 6,07 5,82 5,93 5,92 5,88 0,072319 0,108074 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente pH Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico Linhas 0,024075 5 0,004815 0,398098 0,83253 5,050339 Colunas 0,003675 1 0,003675 0,303845 0,605208 6,607877 Erro 0,060475 5 0,012095 Total 0,088225 11 Valores médios de proteínas (%) dos queijos tipo mussarela Ensaio 1 2 3 4 5 6 Média DP Caprino Bovino 37,710 29,260 37,93 28,5 37,31 35,58 37,46 32,51 35,52 30,77 36,54 35,35 37,08 32,00 0,899098 3,018919 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente Proteínas Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico Linhas 21,23137 5 4,246273 0,748114 0,621042 5,050339 Colunas 77,52083 1 77,52083 13,65772 0,014063 6,607877 Erro 28,37987 5 5,675973 11 Total 127,1321 83 Valores médios de EST (%) dos queijos tipo mussarela Ensaio 1 2 3 4 5 6 Média DP Caprino Bovino 45,95 40,19 44,27 44,58 42,01 45,53 42,57 43,64 42,78 43,74 42,32 44,68 43,32 43,73 1,509274 1,86573 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente EST Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico Linhas 2,648467 5 0,529693 0,101296 0,98741 5,050339 Colunas 0,5043 1 0,5043 0,09644 0,768673 6,607877 Erro 26,1458 5 5,22916 Total 29,29857 11 Valores médios de ESD (%) dos queijos tipo mussarela Ensaio 1 2 3 4 5 6 Média DP Caprino Bovino 42,61 32,65 40,28 37,68 38,78 38,85 39,66 36,96 39,87 35,12 38,33 37,67 39,92 36,49 1,500899 2,245951 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente ESD Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico Linhas 3,721 5 0,7442 0,11357 0,983887 5,050339 Colunas 35,36333 1 35,36333 5,396681 0,067793 6,607877 Erro 32,76397 5 6,552793 Total 71,8483 11 84 Valores médios de ESD (%) dos queijos tipo mussarela Ensaio 1 2 3 4 5 6 Média DP Caprino Bovino 7,28 18,77 9,01 15,47 7,70 14,67 6,84 15,32 6,81 19,71 9,43 15,69 7,85 16,61 1,121691 2,090414 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente GES Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico Linhas 8,4326 5 1,68652 0,427888 0,813471 5,050339 Colunas 230,2128 1 230,2128 58,40741 0,00061 6,607877 Erro 19,7075 5 3,9415 Total 258,3529 11 85 APÊNDICE B - Tabela do percentual de provadores relacionados à opção na escala hedônica para os atributos sensoriais do queijo e a sua análise de variância Aparência Notas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Caprino 1,85 7,41 5,56 3,70 9,26 25,93 25,93 11,11 9,26 Queijos Bovino Comercial 1,85 1,85 7,41 0,00 3,70 1,85 14,81 1,85 14,81 5,56 11,11 3,70 24,07 20,37 12,96 31,48 9,26 33,33 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente Aparência Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação Linhas Colunas Erro Total SQ 311,142 100,0123 277,321 688,4753 gl MQ F valor-P F crítico 53 5,870603 2,243912 0,000212 1,461181 2 50,00617 19,11379 8,16E-08 3,082015 106 2,616236 161 Aroma Notas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Caprino 1,85 0,00 1,85 7,41 24,07 16,67 22,22 16,67 9,26 Queijos Bovino Comercial 0,00 0,00 3,70 1,85 5,56 0,00 9,26 0,00 18,52 3,70 29,63 11,11 7,41 22,22 12,96 31,48 12,96 29,63 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente Aroma Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação SQ Linhas 243,3086 Colunas 78,8642 Erro 190,4691 Total 512,642 gl MQ F valor-P F crítico 53 4,590729 2,554835 2,09E-05 1,461181 2 39,4321 21,94478 1,06E-08 3,082015 106 1,796879 161 86 Cor Notas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Caprino 7,41 20,37 25,93 16,67 18,52 7,41 1,85 1,85 0,00 Queijos Bovino Comercial 12,96 1,85 31,48 5,56 20,37 5,56 9,26 3,70 12,96 66,67 7,41 7,41 1,85 3,70 1,85 3,70 1,85 1,85 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente Cor Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação Linhas Colunas Erro Total SQ 231,5864 85,38272 193,284 510,2531 gl MQ F valor-P F crítico 53 4,369555 2,396334 6,82E-05 1,461181 2 42,69136 23,41262 3,79E-09 3,082015 106 1,823433 161 Textura Notas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Caprino 0,00 7,41 1,85 5,56 5,56 18,52 16,67 37,04 7,41 Queijos Bovino Comercial 0,00 1,85 5,56 0,00 5,56 0,00 12,96 3,70 20,37 5,56 1,11 1,85 18,52 22,22 16,67 37,04 9,26 27,78 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente Textura Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação Linhas Colunas Erro Total SQ 228,6975 72,49383 298,1728 599,3642 gl MQ F valor-P F crítico 53 4,315048 1,533993 0,031729 1,461181 2 36,24691 12,88572 9,79E-06 3,082015 106 2,812951 161 87 Sabor Notas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Caprino 0,00 7,41 1,85 9,26 9,26 20,37 22,22 16,67 12,96 Queijos Bovino Comercial 3,70 0,00 5,56 1,85 5,56 0,00 14,81 5,56 14,81 1,85 22,22 7,41 11,11 14,81 3,70 33,33 18,52 35,19 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente Sabor Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação Linhas Colunas Erro Total SQ 251,0864 107,2716 347,3951 705,7531 gl MQ F valor-P F crítico 53 4,73748 1,445538 0,054998 1,461181 2 53,6358 16,36579 6,4E-07 3,082015 106 3,277312 161 Avaliação Geral Notas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Caprino 0,00 5,56 5,56 7,41 11,11 11,11 27,78 22,22 9,26 Queijos Bovino Comercial 1,85 0,00 1,85 0,00 5,56 1,85 16,67 1,85 18,53 7,41 14,81 3,70 12,96 22,22 16,67 38,89 11,11 24,07 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente Intenção de compra Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação Linhas Colunas Erro Total SQ 205,6049 75,79012 302,8765 584,2716 gl MQ F valor-P F crítico 53 3,879338 1,357681 0,092216 1,461181 2 37,89506 13,26242 7,24E-06 3,082015 106 2,857326 161 88 Intenção de compra Notas 1 2 3 4 5 Caprino 12,96 9,26 24,07 20,37 33,33 Queijos Bovino Comercial 12,96 1,85 33,33 5,56 18,52 3,70 14,81 18,52 20,37 70,37 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente Intenção de compra Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação Linhas Colunas Erro Total SQ 105,6605 65,41975 141,2469 312,3272 gl MQ F valor-P F crítico 53 1,993594 1,49611 0,04029 1,461181 2 32,70988 24,54742 1,74E-09 3,082015 106 1,332518 161 89 APÊNDICE C - Tabela do percentual de provadores relacionados à opção na escala hedônica para os atributos sensoriais do queijo em pizza e a sua análise de variância Aparência Notas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Caprino 0,00 3,70 1,85 1,85 7,41 5,56 27,78 31,48 20,37 Queijos Bovino Comercial 1,85 1,85 5,56 1,85 1,85 5,56 1,85 0,00 1,85 1,85 22,22 12,96 29,63 14,81 25,93 40,74 9,26 20,37 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente Aparência Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação Linhas Colunas Erro Total SQ 282,8457 10,75309 233,2469 526,8457 gl MQ F valor-P F crítico 53 5,336711 2,42529 5,5E-05 1,461181 2 5,376543 2,443392 0,091745 3,082015 106 2,200443 161 Aroma Notas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Caprino 0,00 0,00 5,56 1,85 9,26 24,07 25,93 14,81 18,52 Queijos Bovino Comercial 0,00 0,00 1,85 0,00 5,56 0 3,70 1,85 12,96 9,26 22,22 7,41 35,19 22,22 11,11 28,89 7,41 20,37 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente Aroma Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação Linhas Colunas Erro Total SQ 152,7716 34,82716 199,1728 386,7716 gl MQ F valor-P F crítico 53 2,882483 1,534061 0,031715 1,461181 2 17,41358 9,267526 0,000195 3,082015 106 1,878989 161 90 Cor Notas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Caprino 9,26 12,96 12,96 9,26 27,78 9,26 1,85 11,11 5,56 Queijos Bovino Comercial 9,26 5,56 16,67 11,11 14,81 11,11 18,52 9,26 18,52 22,22 3,70 16,67 9,26 16,67 5,56 3,70 3,70 3,70 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente Cor Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação Linhas Colunas Erro Total SQ 500,1049 13,41975 250,5802 764,1049 gl MQ F valor-P F crítico 53 9,435942 3,991575 6,87E-10 1,461181 2 6,709877 2,8384 0,062976 3,082015 106 2,363965 161 Textura Notas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Caprino 1,85 3,70 1,85 1,85 5,56 16,67 31,48 14,81 22,22 Queijos Bovino Comercial 0,00 0,00 0,00 0,00 1,85 1,85 11,11 5,56 14,81 1,85 16,67 9,26 24,07 42,59 14,81 25,93 16,67 12,96 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente Textura Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação Linhas Colunas Erro Total SQ 239,4383 7,790123 187,5432 434,7716 gl MQ F valor-P F crítico 53 4,517703 2,55342 2,11E-05 1,461181 2 3,895062 2,201501 0,115671 3,082015 106 1,769276 161 91 Derretimento Notas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Caprino 1,85 3,70 5,56 1,85 3,70 18,52 27,78 27,78 9,26 Queijos Bovino Comercial 1,85 1,85 1,85 1,85 1,85 1,85 5,56 0,00 9,26 7,41 22,22 11,11 27,78 24,07 18,52 31,48 11,11 20,37 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente Derretimento Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação Linhas Colunas Erro Total SQ 254,1975 12,79012 251,8765 518,8642 gl MQ F valor-P F crítico 53 4,79618 2,01843 0,001115 1,461181 2 6,395062 2,691305 0,072425 3,082015 106 2,376194 161 Sabor Notas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Caprino 0,00 1,85 5,56 1,85 1,85 14,81 18,52 35,19 20,37 Queijos Bovino Comercial 1,85 0,00 5,56 0,00 0,00 1,85 0,00 3,70 11,11 9,26 18,52 12,96 31,48 14,81 18,52 29,63 12,96 27,78 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente Sabor Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação SQ Linhas 184,9198 Colunas 14,8642 Erro 276,4691 Total 476,2531 gl MQ F valor-P F crítico 53 3,489052 1,337724 0,103219 1,461181 2 7,432099 2,849513 0,062315 3,082015 106 2,608199 161 92 Avaliação geral Notas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Caprino 1,85 3,70 1,85 3,70 7,41 14,81 18,52 25,96 22,22 Queijos Bovino Comercial 1,85 0,00 0,00 1,85 0,00 0,00 5,56 1,85 9,26 5,56 16,67 12,96 25,93 12,96 25,93 38,89 14,81 25,93 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente Avaliação Geral Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação Linhas Colunas Erro Total SQ 222,8642 12,64198 236,0247 471,5309 gl MQ F valor-P F crítico 53 4,204985 1,888482 0,002846 1,461181 2 6,320988 2,838791 0,062952 3,082015 106 2,226648 161 Intenção de Compra Notas 1 2 3 4 5 Caprino 5,56 9,26 14,81 29,63 40,74 Queijos Bovino Comercial 3,70 0,00 7,41 3,70 35,19 14,81 27,78 31,48 25,93 50,00 Análise de Variância com uma classificação para a variável dependente Intenção de Compra Anova: fator duplo sem repetição Fonte da variação SQ Linhas 65,83333 Colunas 10,81481 Erro 109,8519 Total 186,5 gl MQ F valor-P F crítico 53 1,242138 1,198584 0,214017 1,461181 2 5,407407 5,217802 0,006897 3,082015 106 1,036338 161 93