XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012
ANÁLISE DO TEMA ÁGUA EM LIVROS DIDÁTICOS DE
CIÊNCIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Aline Neves Vieira De Santana
Leandro Nunes De Souza
Marilda Shuvartz
No Brasil, o livro didático está em praticamente todas as escolas públicas
brasileiras, tanto do Ensino Fundamental quanto do Ensino Médio, sendo que dentro do
Ensino de Ciências, este muitas vezes configura-se como o único material de apoio, ao
qual o docente tem acesso, constituindo-se como um instrumento de fundamental
importância. Dos temas desenvolvidos no ensino de ciências no Ensino Fundamental,
destacamos a água, visto que está diretamente relacionado com o tema transversal Meio
Ambiente e Saúde, proposto pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) ou
perpassando também outros diversos conteúdos, podendo assim, servir como eixo
articulador desses, além dessa temática está bastante presente no cotidiano dos alunos, e
ser de suma importância para que estes possam assumir um papel ativo na sociedade em
que vivem. Diante disso, buscamos nesta pesquisa analisar a abordagem do tema água
em três livros didáticos de ciências do 6º ano do Ensino Fundamental, que são
recomendados pelo Programa Nacional do Livro Didático – PNLD (2011). A análise
seguiu critérios e referenciais estabelecidos no PCN e no PNLD. Os resultados obtidos
indicam que apesar dos livros não trazerem informações incorretas e erros conceituais,
estes não abordaram satisfatoriamente os conteúdos da temática água. Devemos
ressaltar que o docente tem um papel fundamental na avaliação e escolha dos livros
didáticos, visto que este é um dos principais agentes do processo de ensinoaprendizagem, lembrando que o livro é apenas um recurso didático, que visa auxiliar no
desenvolvimento da aula, sendo o papel do professor utilizar este instrumento da melhor
forma possível. Por fim, acreditamos que trabalhos como estes podem contribuir para
facilitar esta escolha dos docentes, tornado-se necessário realizar cada vez mais
trabalhos deste tipo, com os mais diferentes assuntos, tanto na disciplina de ciências
quanto nas outras áreas do conhecimento.
Palavras-chave: Livro didático; água; Ensino Fundamental.
INTRODUÇÃO
No Brasil, o livro didático configura-se como um instrumento de ensinoaprendizagem, e orienta a organização curricular em praticamente todas as escolas
públicas brasileiras, tanto do Ensino Fundamental quanto do Ensino Médio (XAVIER;
FREIRE; MORAES, 2006). Dentro do Ensino de Ciências, o livro didático muitas vezes
configura-se como o único material de apoio, o qual o docente tem acesso, constituindose como um instrumento de fundamental importância (VASCONCELO; SOUTO,
2003).
Além disso, Vasconcelos e Souto (2003) afirmam que os livros de Ciências
devem ser um instrumento capaz de promover a reflexão dos aspectos da realidade,
além de estimular a capacidade investigativa do aluno, fazendo com que este assuma um
papel ativo no seu próprio processo de aprendizagem.
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O livro didático deve aparecer como um instrumento de apoio, problematização,
estruturação de conceitos, e de inspiração para que os alunos, e o próprio professor,
investiguem os diversos fenômenos que integram o seu cotidiano, deve servir como
fonte de pesquisa sobre assuntos diversos, mas que estabelecem nexos durante as
investigações dos alunos (BRASIL, 2011).
Tendo em vista a importância dos livros didáticos, o Ministério da Educação e
Cultura (MEC), em 1985, implementou o Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD), que buscava coordenar a distribuição gratuita de livros didáticos aos alunos
das escolas públicas brasileira. A partir de 1995 o PNLD passou também a realizar a
análise e avaliação dos livros didáticos a serem adquiridos e distribuídos pelo
Ministério, excluindo aqueles que não atendessem aos objetivos educacionais propostos.
Desde então, várias ações têm sido realizadas pelo governo brasileiro com o
objetivo de melhorar a qualidade dos livros didáticos. Uma que merece destaque foi a
criação, em 1997, do Guia do PNLD que apresentava não só os princípios e os critérios
que direcionaram a avaliação, como também as resenhas das obras recomendadas para
escolha do professor.
A partir dessas ações realizadas pode-se afirmar que houve uma considerável
melhoria nos livros didáticos distribuídos para as escolas públicas brasileiras, porém
esta se localizou principalmente nos aspectos técnicos dos livros, não sendo considerado
as questões de base do Ensino de Ciências (MEGID NETO; FRACALANZA, 2003).
Diante disso, a comunidade científica também começou a realizar pesquisas na
área, tentando propor novos critérios de avaliação dos livros didáticos de Ciências,
buscando auxiliar o docente nas escolhas dos mesmos (VASCONCELOS; SOUTO,
2003).
Deve-se ressaltar que esta tarefa de avaliar os livros didáticos, não deve ser
realizada somente por programas ligados ao MEC, ou por especialistas da área, ela deve
ter principalmente a participação dos professores, visto que são estes que utilizam os
livros, e que melhor conhecem a realidade das salas de aulas (NÚÑEZ et al, 2003).
Dos temas desenvolvidos no ensino de ciências no Ensino Fundamental,
destacamos a água, visto que está diretamente relacionado com o tema transversal Meio
Ambiente e Saúde, proposto pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) ou
perpassando também outros diversos conteúdos, podendo assim, servir como eixo
articulador desses. Além disso, esta temática está bastante presente no cotidiano dos
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alunos, e é de suma importância para que estes possam assumir um papel ativo na
sociedade em que vivem.
Diante desse contexto, o presente estudo busca analisar a abordagem do tema
água em três livros didáticos de ciências do 6º ano do Ensino Fundamental, que são
recomendados pelo PNLD.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A seleção dos livros didáticos de Ciências do 6º ano do Ensino Fundamental,
que é a série em que geralmente se aborda a temática água, foi feita por meio de uma
seleção dos livros didáticos do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD/2011).
Foram selecionados três livros, a saber: Obra 1 – Ciências: o meio ambiente, editora
Ática; Obra 2 – Ciências: o planeta Terra, editora Ática; Obra 3 – Ciências, Natureza &
Cotidiano, editora FTD.
Os critérios de análise foram estabelecidos tendo como referencial os Parâmetros
Curriculares Nacionais (1998), bem como a proposta do Guia Nacional dos Livros
Didáticos - PNLD (2011). A seguir apresentamos os critérios que foram levados em
consideração para a realização desta analise.
Critérios observados:
1 – Figuras:
com legendas adequadas
quantidade
claras, explicativas e coerentes com o texto
tipos de ilustrações (fotos/desenhos)
2 – Existem referências atualizadas em relação ao ano de publicação
3 – Utilizam vocabulário atualizado, adequado e correto
4 – Sugestões de leitura complementar
5 – Propõem atividades em grupo e discussões em relação ao assunto
6 – Estabelecem relações entre com outros capítulos
7 – Abordam corretamente os assuntos:
A importância da água para os seres vivos.
Distribuição da água na Terra
Propriedades, composição e estados físicos da água
O ciclo da água
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A utilização da água pelo ser humano
A poluição da água
Tratamento de água e esgoto
Água e saúde
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Um aspecto presente em todos os livros didáticos diz respeito às figuras, isto se
deve principalmente em decorrência do papel que estas assumem, como facilitadoras da
aprendizagem do aluno (MARTINS; GOUVÊA, 2005). Com relação a esse assunto
Vasconcelos e Souto (2003) afirmam que “a função das ilustrações é tornar as
informações mais claras, estimulando a compreensão e a interação entre leitores e o
texto científico”. Diante disso, todos os livros trouxeram uma quantidade satisfatória de
figuras, além de apresentarem poucos erros nas legendas.
As três obras apresentaram ilustrações claras, explicativas e coerentes com o
texto, além de mesclarem os conteúdos com fotos e desenhos esquemáticos. Essa
característica é importante para auxiliar a aprendizagem do aluno, pois enquanto que os
desenhos facilitam o entendimento do assunto, as fotos possibilitam estabelecer uma
relação deste com a realidade.
O conhecimento científico está sempre se transformando, novas teorias são
criadas, algumas são modificadas, outras são descartadas. Diante disso, é necessário que
os livros didáticos sempre tentem acompanhar essas mudanças, buscando trazer
referências atualizadas em relação ao ano de publicação do livro. Todas as obras
apresentaram referências relativamente próximas ao ano de publicação do livro.
Outro critério analisado neste trabalho foi a utilização, pelos livros didático, de
um vocabulário atualizado, adequado e correto. Todas as obras aqui analisadas estão em
concordância com este critério, sendo que todas seguem as novas normas ortográficas
brasileiras, não prejudicando assim a aprendizagem dos alunos, além de proporcionar
uma familiarização destes com essas novas normas. Um único ponto que devemos
ressaltar, é que a obra 2 utiliza muitas vezes o termo “micróbios”, que não esta mais em
uso, devendo ser substituído pelo termo “microorganismos”.
As três obras analisadas pela presente pesquisa trazem textos complementares.
Essa característica é importante, visto que estes textos buscam transpor o texto
tradicional de livro didático, apresentando aos leitores outra abordagem do tema, mais
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atual e mais ampla, sempre relacionando com a realidade dos alunos. Com isso, esses
textos sempre atraem mais a curiosidade dos alunos, podendo levá-los até a
participarem mais das aulas.
Em relação proposição de atividades em grupo, as três obras contemplam esse
critério. Estes tipos de atividades proporcionam um momento de debate e discussão
entre os alunos, possibilitando que estes assumam a liderança de seu processo de
aprendizagem e alcancem sua independência intelectual (CASTANHO, 2003).
Quanto ao tópico relações entre os capítulos, os três livros estabelecem relação
apenas entre os capítulos da unidade de água, sendo que neste caso estes apenas citam
que determinado conteúdo foi/será abordado em outro capítulo. Diante disso podemos
observar o caráter fragmentado do conteúdo de ciências trabalhado pelos livros
didáticos, estando em discordância com o que propõe os documentos oficiais, como o
PCN, que defende que o conhecimento deve ser trabalhado de forma a possibilitar que o
aluno tenha uma visão holística da realidade, não desconsiderando o caráter complexo
desta.
A obra 1, no que diz respeito à importância da água para os seres vivos, traz
apenas a questão desta ser importante para o transporte de nutrientes e para que haja as
reações químicas responsáveis pela manutenção da vida. Nesta obra faltou comentar
sobre a importância da água na regulação da temperatura corporal de alguns animais,
além de falar sobre o papel desta no transporte e eliminação dos resíduos produzidos
pelos organismos.
Com relação à composição da água, a obra 1 trabalha de forma confusa esse
assunto, pois ao afirmar que a molécula de água é formada por átomos de dois
elementos químicos: o Hidrogênio (H) e o Oxigênio (O), ela pode induzir o estudante à
compreender que esta molécula pode ser representada pela seguinte fórmula molecular
HO. Além disso, leva o aluno a entender que enchermos um copo de água e formos
descartando a metade continuamente ele conseguirá obter a molécula de água, sendo
isto impossível, visto que, este processo só é realizável com equipamentos e técnicas
laboratoriais. Além disso, este livro traz de forma incompleta as propriedades da água,
pois este trabalha apenas a questão da solubilidade, deixando de lado outras
propriedades, como a tensão superficial.
Neste livro o tema do ciclo da água é trabalhado de forma descontextualizada,
mostrando apenas um ciclo genérico, não havendo uma aproximação com o que o aluno
está acostumado a observar no cotidiano. Além disso, o esquema sobre o ciclo da água
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remete a uma sequência de fatos de uma fazenda, estando algumas vezes distante da
realidade dos alunos, os quais muitas vezes, passaram toda a sua vida na cidade.
No que diz respeito às mudanças de estado físico da água, o referido livro aborda
esta temática de forma insatisfatória, visto que, trouxe apenas a temperatura como um
dos fatores que influenciam a mudança de fase da água, não trabalhando a questão da
pressão, além de não abordar os processos de transferência de calor nas diferentes
mudanças de fases. Faltou também trazer um esquema geral das mudanças de estado
físico da água, o que poderia facilitar para a compreensão dos alunos. Além disso, essa
obra traz algumas informações, como o fato do volume da água aumentar após congelar,
diferentemente dos outros líquidos, porém não há uma explicação do porque dessa
característica.
Ainda dentro deste assunto, este livro comete outro equívoco, quando traz um
esquema mostrando a organização das moléculas de água nos três estados físicos, e
representa estas apenas como uma esfera, podendo dificultar que o aluno compreenda a
água como uma estrutura química. Assim, concordamos com Ferreira e Justi (2004)
que afirmam que apesar de o detalhamento da estrutura química não ser o foco principal
de estudo, esta estrutura deve ser corretamente representada, permitindo uma
compreensão melhor do tema, mesmo que os modelos apresentados sejam
simplificados.
A referida obra foi bastante completa com relação ao tratamento da água, sendo
que abordou cada etapa especificamente, sempre com ilustrações, trazendo também um
esquema mais geral do processo, fato este que facilita a aprendizagem dos alunos. Já em
relação ao tratamento do esgoto, trabalhou este de forma mais sucinta, trazendo como
ilustração apenas um esquema geral desse processo e fotos de estações de tratamento de
esgoto. Nos dois casos a obra trouxe alternativas para quando não há esses tipos de
tratamentos. Deve-se ressaltar que um aspecto positivo deste livro foi o fato deste
apresentar uma discussão a respeito do que consiste o saneamento básico, mostrando
que é um direito de todos e que pagamos por ele. Com o intuito de exemplificar, o livro
traz a foto de uma conta de água, mostrando as taxas que pagamos pelos serviços de
água e esgoto. Esse aspecto promove uma aproximação do conhecimento trabalhado em
sala de aula, com que o aluno observa no seu dia-a-dia, estando em concordância com o
que defendem alguns documentos oficiais, como o PCN do Ensino Fundamental.
Neste livro não é trabalhado a distribuição da água no planeta, além de não haver
discussão a respeito da diferença entre a água salgada, a doce e a salobra. Aborda
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apenas os conceitos de água potável e de água destilada, e menciona que existe a água
pura e a mineral, porém não as diferencia.
Nesta obra não há menção às doenças relacionadas à água, nem à poluição da
água e nem da utilidade desta para os seres humanos. Isto configura-se como um
aspecto bastante negativo,visto que, estas temáticas além de terem sua importância
como conteúdos necessários para essa fase do ensino, elas seriam uma grande
oportunidade de estabelecer uma relação entre o que é trabalhado em sala de aula com o
que os alunos vivenciam no cotidiano.
A obra 2 trabalha a importância da água para os seres vivos, de forma mais
completa do que a obra 1, discute questão relacionadas à importância da água no
transporte de diferentes substâncias e na eliminação dos resíduos produzidos pelos
organismos, além de trazer a necessidade da água nas reações químicas responsáveis
pela manutenção da vida. Em um quadro complementar, ressalta a importância da água
na regulação da temperatura corporal de alguns animais.
No que diz respeito à composição da água, esta obra trabalha esta temática
apenas em texto complementar “para saber mais”. Neste há uma explicação clara sobre
a constituição da molécula de água, e traz a diferença, com o auxilio de ilustrações, de
como as moléculas estão organizadas nos três estados físicos. Contudo, este livro
aborda de forma incompleta as propriedades da água, pois trabalha apenas a questão da
solubilidade e da pressão da água, deixando de lado outras propriedades importantes,
como a tensão superficial.
Em relação às mudanças de estado físico da água, o referido livro aborda esta
temática de forma satisfatória, visto que, explica cada processo de mudança de estado
físico, além discutir como se dá a transferência de calor em cada uma desses processos.
Traz também um esquema geral das mudanças de estado físico da água, facilitando
assim, a compreensão dos alunos. Nesta temática o livro busca sempre estabelecer uma
relação entre o que está sendo estudado com o que os alunos vivenciam no seu dia-adia, principalmente por meio de exemplificações.
Assim como na obra anterior, nesta o tema do ciclo da água é trabalhado de
forma descontextualizada, mostrando apenas um ciclo genérico, e explicando as etapas
desse ciclo, não havendo uma aproximação com que o aluno está acostumado a
observar. Além disso, ela traz um esquema muito simplificado, e que desconsidera a
participação dos seres vivos no ciclo.
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A referida obra apresenta de forma direta e completa tanto as questões
relacionadas ao tratamento de água, quanto em relação ao tratamento de esgoto,
explicando de forma sucinta as diferentes etapas destes dois processos, e trazendo como
ilustração um esquema geral de cada processo e fotos de estações de tratamento de água
e de esgoto. Assim como na obra 1, esta aborda opções para situações em que não
houver disponível o tratamento de água e de esgoto. Deve-se ressaltar que esta não faz
nenhuma aproximação deste conteúdo com o cotidiano dos alunos, o que pode
prejudicar a aprendizagem destes.
Diferentemente da obra 1, esta trabalha a distribuição da água no planeta,
destacando a porcentagem de água salgada, de água doce no estado líquido e no sólido.
Um aspecto interessante nesta obra é o fato dela trazer um quadro comparativo entre a
distribuição de água doce nas diferentes regiões do Brasil, em relação à população.
Além disso, este livro discute a diferença entre a água salgada e a doce, e as
características da água potável, da destilada e da mineral.
Com relação à poluição da água, o livro aborda este tema de forma satisfatória,
discutindo algumas das principais formas de poluição aquática, além de trazer uma
discussão sobre a chuva ácida, que pode ser uma temática que desperta o interesse dos
alunos, visto que este fenômeno está presente nos telejornais nacionais. A utilização da
água para os seres humanos é aborda de maneira incompleta, porque discute apenas a
utilidade da água na produção de energia e nas máquinas hidráulicas, além de
mencionar a sua importância na indústria e na agricultura, não levando em consideração
o papel desta na pesca, nos transportes, no esporte, no lazer, entre outros.
Ao contrário da obra 1, esta explicou as principais doenças que são causadas
tanto pela contaminação da água quanto por mosquitos que dependem da água para
colocar seu ovos, sendo que em cada doença é trabalhado aspectos relacionados à causa
da doença, aos sintomas e as medidas de prevenção. Dentre as doenças que esta aborda
vale destacar a dengue, que é uma doença com alto índice de casos no Brasil, e que os
alunos tem um maior contato. Diante disso podemos afirma que nesta parte a obra está
em concordância com o PCN, que defende que deve-se relacionar os problemas de
saúde com a realidade dos alunos, possibilitando o desenvolvimento de um
conhecimento mais amplo e sedimentado.
A obra 3 apenas menciona que a água é importante para os seres vivos, não
fazendo nenhuma discussão a respeito desta importância.
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Este livro também não faz menção à composição da água, sendo que em nenhum
momento ele traz a fórmula molecular desta. Contudo, diferentemente das outras obras,
esta aborda de forma mais completa as propriedades da água, discutindo a questão da
solubilidade e da tensão superficial.
No que diz respeito às mudanças de estado físico da água, o referido livro aborda
esta temática de forma insatisfatória, visto que, não aborda os processos de transferência
de calor nas diferentes mudanças de fases, além de não explicar alguns desses
processos, como a condensação. Faltou também trazer um esquema geral das mudanças
de estado físico da água, o que poderia facilitar para a compreensão dos alunos. Uma
informação importante, que esta obra traz e as outras não, diz respeito ao fato da água
manter a temperatura constante durante os processos de mudança de estado físico.
Assim como nas duas primeiras obras, nesta o tema do ciclo da água é
trabalhado de forma descontextualizada, mostrando apenas um ciclo genérico, além de
trazer uma explicação bastante resumida das etapas desse ciclo, parecendo não dá
importância a essa temática. E assim como a obra 2, esta traz um esquema do ciclo da
água muito simplificado, e que desconsidera a participação dos seres vivos no ciclo.
Outro ponto que devemos considerar é o fato de o livro trabalhar esse assunto antes de
discutir as mudanças de estado físico da água, podendo assim, dificultar a aprendizagem
dos alunos, visto que, para que este entenda o ciclo da água, primeiramente ele deveria
compreender os processos de mudança de estado físico.
Diferentemente dos dois primeiros livros, este faz uma abordagem bastante
simplista das questões relacionadas ao tratamento de água, explicando esse processo
apenas através de um esquema geral do tratamento de água. Ele também trabalha
alternativas para quando não há esse tipo de tratamento. Essa obra não faz nenhuma
menção ao tratamento de esgoto, mostrando-se incompleta.
Em relação à distribuição da água no planeta, este livro traz apenas a
porcentagem de água salgada e de água doce, não distinguindo a água no estado líquido
e sólido. Discute apenas sobre a água potável, e menciona que existe a água destilada e
a mineral, não diferenciando-as.
Com relação à poluição da água, o livro aborda este tema de forma insatisfatória,
pois este apenas menciona algumas formas de poluição aquática, não promovendo uma
discussão mais profunda acerca do tema, além de não enfocar alguns tipos de poluição
importante, como as causadas pelo derramamento de petróleo. A utilização da água
para os seres humanos, assim como no livro 2, é aborda de maneira incompleta, este
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discute apenas a utilidade da água na produção de energia, na agricultura e nas
máquinas hidráulica, além de mencionar a sua importância na indústria, não levando em
consideração o papel desta na pesca, nos transportes, no esporte, no lazer, entre outros.
Esta obra faz apenas menção a algumas doenças que são causadas pela
contaminação da água, não apresenta nenhuma referência às doenças transmitidas por
mosquitos que dependem da água para colocar seus ovos. O autor afirma que estas
doenças são discutidas no capítulo 16, porém, neste é trabalhado apenas uma doença, a
amebíase.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da análise realizada nesta pesquisa, podemos afirmar que as três obras
trouxeram informações corretas, adequadas e atualizadas, sem erros conceituais,
possibilitando assim que o processo de ensino-aprendizagem desenvolva-se de forma
satisfatória.
Observamos também que os três livros possuem tanto textos complementares,
quanto sugestões de leituras. Essas características permitem aproximar o conteúdo da
sala de aula com o que o aluno vivencia no seu dia-a-dia, além de incentivá-lo a buscar
novas informações, às vezes mais atualizadas, desenvolvendo uma característica
investigativa. Por outro lado, nenhuma das três obras estabeleceu uma relação entre a
temática água com outros conteúdos, demonstrando o caráter fragmentado com que os
livros didáticos tratam o conhecimento científico.
Todos os livros deixaram de abordar alguns conteúdos do tema água
considerados importantes para este nível de ensino, onde destacamos a relação da água
com algumas doenças. Apenas um livro abordou essa temática de forma satisfatória.
Deve-se ressaltar que o docente tem um papel fundamental na avaliação e
escolha dos livros didáticos, visto que este é um dos principais agentes do processo de
ensino-aprendizagem. Além disso, devemos lembrar que o livro é apenas um recurso
didático, entre outros, que visa auxiliar no desenvolvimento da aula, sendo o papel do
professor utilizar este instrumento da melhor forma possível.
Acreditamos que trabalhos como este podem contribuir para facilitar esta
escolha dos docentes, tornado-se necessário realizar cada vez mais trabalhos deste tipo,
com os mais diferentes assuntos, tanto na disciplina de ciências quanto em outras áreas
do conhecimento.
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Junqueira&Marin Editores
Livro 3 - p.004677
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