PAINEL BRASIL – SÉCULO XXI • Turbulências da contemporaneidade na política internacional em 2008 : a) Brasileiros barrados na Europa; b) Três países vizinhos em pé de guerra: Equador, Venezuela e Colômbia. ATUAÇÃO DO BRASIL NO EXTERIOR • Nitidamente uma política que privilegia a América do Sul, mas que também procura um equilíbrio nas relações com parceiros tradicionais e o aumento do número de aliados comerciais do Brasil no mundo. • Busca novos investidores. Leia-se Rússia, China, Índia e África. DIVERSIFICAÇÃO. • Trata-se seguramente de uma ação destinada a compensar as dificuldades no continente americano, onde as negociações da ALCA, tropeçam a mais de 10 anos e onde o MERCOSUL aguarda a aprovação oficial da Venezuela ( pelos parlamentos do Bloco ) e ainda ESPERA a superação de disputas e o fechamento de acordo com a UNIÃO EUROPÉIA. AINDA ... • O Brasil quer um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e trabalha para firmar um papel de liderança na América do Sul. • Recentemente tivemos uma atuação importante no controle da crise ( Equador, Colômbia e Venezuela ) criada depois que militares colombianos atacaram um acampamento das FARCs dentro do território do Equador. • Este atrito evidenciou desrespeito à soberania, combate ao terrorismo, denúncias de envolvimento de governos com guerrilheiros e trocas de acusações entre governantes e vizinhos, que incluíram a Venezuela, inflamaram a discussão, deixando claro que o problema das FARCs se tornou regional. COMO SE NÃO BASTASSE ... • Na primeira semana de março/2008 trinta brasileiros foram barrados na Espanha. De janeiro até agora mais de 1.500. • As autoridades espanholas alegaram que tais brasileiros não cumpriram exigências legais para entrar no país. O Governo Brasileiro protestou e ameaçou usar reciprocidade e usou. A imigração brasileira chegou a barrar a entrada de cidadãos espanhóis sob a mesma alegação. • Após duas semanas de tensões, houve uma trégua brasileira. Veio à tona informações de que milhares de brasileiros passavam por situação semelhante em outros países. O que fazer ? Aumentou deportados dos EUA, do México, além da Europa. DADOS ... • Pelas estimativas do Itamaraty, entre três e quatro milhões de brasileiros vivem hoje no exterior, muitos deles de forma clandestina. Dois terços dos brasileiros que moram nos EUA estão em situação ilegal. Na Espanha é algo em torno da metade. VAMOS APROFUNDAR ALGUMAS QUESTÕES • O início do séc. XXI começou com ‘aparentemente’ um processo de integração acelerado na América do Sul. No entanto, nos últimos anos temos visto uma série de acontecimentos disturbadores dessa ordem. • Ex. Argentina e Uruguai brigando por causa das papeleiras ( conflito diplomático de 2005, acerca de uma Fábrica Finlandesa – Botnia ) no lado uruguaio. Os Argentinos alegam que a Fábrica polui seu território. • Ex2. Venezuela e Peru, por causa das eleições presidenciais peruanas, em que o Presidente Chavez apoiava Ollanta Humala. Este perdeu as eleições para Alan García. • Ex3. Bolívia e Brasil, por causa do gás ( o decreto de nacionalização da exploração de gás na Bolívia do Governo Morales, gerando conflito com a Petrobrás ). • Ex4. Venezuela e Comunidade Andina por causa dos acordos bilaterais de Perú e Colômbia com os EUA: • Ex5. Perú e Chile, por causa da fronteira marítima; • Ex6. Colômbia, Equador e Venezuela no último incidente. INTERPRETAÇÃO • Há casos mais graves que outros. Na União Européia os problemas existentes são até maiores, inclusive sobre a utilização de recursos naturais. • A integração econômica melhorou muito nos últimos anos. O comércio que era entre 8% e 9% está hoje na casa de 16% a 19% na América do Sul. América Latina e Caribe chegam a 26% a mais. QUESTIONAMENTOS • Com a possível entrada da Venezuela ( cheia de retórica incendiária ) como ficaria negociações do Mercosul com a União Européia e Mercosul com os EUA ? • Chavez teria declarado em reunião de Cúpula: “O Mercosul, ou o reformamos e fazemos um novo Mercosul, ou também se acabará. Não é um instrumento adequado para a era que estamos vivendo. Vamos enterrar nossos mortos, irmãos!!”. • Quando se integra a Venezuela, não se está integrando o Presidente Chávez, mas não está se integrando a Venezuela sem o Presidente Chávez. • A idéia do Brasil é integrar a Venezuela para assinar o velho mercosul ? O que é o novo Mercosul ? É a ALBA ? Interpretações ... • O Mercosul não é apenas cone sul como se imagina. A Venezuela pode entrar sim. Não podemos nos isolar. • Ex. A India por si só é um grande bloco; a China também; EUA não é diferente e União Européia também não. • Sobre Chávez. Ele é legitimamente Presidente da Venezuela. Foi eleito com 60% dos votos • A longo prazo a capacidade do Mercosul de influir na Venezuela é maior do que o da Venezuela de influir no Mercosul. • A idéia seria neutralizar Chávez , por si tratar de uma presença problemática ? • Como fazer isto se a Venezuela ocupou no ano passado o quarto lugar entre os principais mercados para os produtos brasileiros ? Os investimentos brasileiros estão contentes lá. • Apesar da retórica anti-capitalista de Chávez, os capitalistas estão contentes lá. INTEGRAÇÃO COM OUTROS PAÍSES ... • Hoje é notória uma aproximação brasileira com países africanos, com a Índia e África do Sul. Isto nos põe, por outro lado em contato com regiões e países muito problemáticos, países quase disfuncionais, alguns até ditatoriais. Isto não seria procurar problemas ? • O Brasil está preparado para lidar com situações complexas ? SOBRE O QUESITO ESPANHA • O Ministro das Relações Exteriores da Espanha ( Miguel Angel ) está em negociação com Ministro Brasileiro para garantir um tratamento adequado aos Brasileiro, o que não vinha acontecendo até então. • O radicalismo do Brasil , em um primeiro, gerou dissabores em todos os turistas internacionais. A negociação tende a ser a melhor atitude. • A questão da imigração é uma obsessão hoje em dia na Europa. Existe uma demonstração de intolerância que não corresponde à demonstração de tolerância e acolhimento que o Brasil deu no passado a muitos desses países. • O que exigimos apenas é um tratamento condigno. • Mas a melhor contribuição que a União Européia pode dar para diminuir a imigração é eliminar os subsídios e facilitar o acesso de nosso produto ao mercado mundial. • O turismo é uma receita importante e pode ajudar a economia brasileira a crescer e não podemos agir da mesma maneira com os internacionais. CONFERÊNCIA DA DIÁSPORA • Em julho passado houve uma grande conferência internacional dos Brasileiros da Diáspora. Ouviu-se os problemas, desde dentistas em Portugal, dekasseguis e poderemos a partir desta análise reivindicar novos direitos. CRISE EQUADOR , VENEZUELA E COLÔMBIA • A participação americana no rápido conflito foi algo surpreendente. No âmbito da OEA, os americanos tiveram uma posição discreta, permitindo que os países da América pudessem estabelecer, construir uma posição de consenso, sem ingerência. • Surpreendeu também a rapidez do desmanche do conflito. • Surpreendeu também principalmente pela postura de Chávez na conciliação do processo. Ele foi propositivo. • Hipóteses .... • A) Este episódio poderia evitar investimentos internacionais. • B) Somos naturalmente um continente de paz. • C) Houve também discretamente uma intervenção do Presidente da União Européia – Nicholas Sarkozy. • D) Houve participação da diplomacia brasileira. RETÓRICAS REAIS DE CHÁVEZ • Declarações públicas: • “Israel da América Latina”, sobre a Colômbia; • “Um Estado terrorista subordinado ao governo dos EUA” , sobre a Colômbia; • ‘Fez também um minuto de silêncio em homenagem a Raúl Reyes, o n. 02 das FARCs em plena reunião de cúpula’. • Como explicar isto ? QUAL A POSIÇÃO DO BRASIL SOBRE ISTO. • Qual a posição do Brasil sobre a interferência de um país sobre um outro país soberano ? Com a posição do Brasil sobre o apoio político da Venezuela à guerrilha degenerada que mata e sequestra na selva da Colômbia ? Será que este tipo de interferência não exige uma posição do Brasil ? Interpretações • Apesar do Brasil ter discordado da posição do Presidente da Venezuela em relação às FARCs , não devemos interferir nos assuntos individuais. • O Brasil tem primado pela conciliação e diálogo. Há erros de Chávez, mas também há erros de Uribe. • Venezuela e Equador vão negar até o fim o envolvimento com as FARCs, mesmo com todos os tipos de evidências, inclusive o laptop do Raúl Reys ? • O laptop está hoje com a interpol ( organização policial internacional ). O Presidente Uribe ( Colômbia ) entregou pessoalmente o material. Não se sabe ‘publicamente’ o conteúdo do material. PONTO DE VISTA LEGAL • Se for caracterizado o envolvimento, é preciso levar em conta a legalidade internacional. Temos a resolução 1373, do Conselho de Segurança da ONU que exige cooperação no combate ao terrorismo, exigindo que os países não apóiem o terrorismo, não ofereçam santuários. O QUE SÃO AS FARCs PARA O BRASIL • O Brasil não classifica grupos. O Brasil não tem uma classificação de grupos terroristas. É uma coisa muito sutil. • É preciso levar em conta que grupos que foram considerados terroristas no passado, hoje, participam de governos, que dialogam com primeiros-ministros. • As FARCs não merecem status político, porque ela pratica sequestros e crimes abomináveis. • Mas pode ser que um dia ela possa dialogar. • No entanto, a ligação que as FARCs tem com o narcotráfico afeta diretamente a segurança do Rio de Janeiro. Portanto, um problema também brasileiro. • A política internacional comete erros. Os EUA defende a aniquilação das FARCs. • O Diretor do Escritório de Política Nacional para o controle de drogas dos EUA, esteve na Colômbia e disse publicamente que Chávez facilitava o narcotráfico. Isto geral retóricas e retaliações imprudentes também. • No entanto, o Brasil não concorda com a tese que as FARCs sejam consideradas uma força beligerante. OUTRAS VOZES • O assessor presidencial Marco Aurélio Garcia, quando fez parte da comissão que procurava libertar os reféns na Colômbia, declarou textualmente que o Brasil é neutro diante do conflito interno colombiano. • No entanto, segundo o Itamaraty, o Brasil não é neutro. É neutro sim, diante de um conflito interno colombiano. ESCLARECIMENTOS SOBRE A QUESTÃO DO TIBETE • Por atrair a atenção internacional, a realização dos Jogos Olímpicos de Pequim, em agosto de 2008, transformouse numa oportunidade para o movimento nacionalista do Tibete protestar contra a domínio da China sobre a região. • Os primeiros protestos surgiram logo após a prisão de monges tibetanos que organizaram uma passeata para marcar os 49 anos do grande levante contra o governo chinês. Em seguida, milhares de pessoas que moram na região também foram às ruas, reivindicando a independência. • Como sempre faz quando autoriza os seus militares a realizarem repressões, o governo chinês censurou emissoras de televisão, jornais e sites que tentaram divulgar informações sobre o Tibete. Apenas a televisão oficial chinesa tinha autorização para falar sobre o assunto. • Observadores internacionais informaram que o massacre provocou mais de 120 mortes - os chineses admitem apenas 13. Uma coisa é certa: os protestos foram apontados como os maiores e mais violentos das últimas duas décadas. • Aconteceram a menos de cinco meses da abertura dos Jogos Olímpicos, evento que tem um importante caráter diplomático para os chineses, visando a integrar o país na comunidade mundial, independente do regime político totalitário que ali vigora. • O regime comunista chinês não aceita a hipótese de divergências de idéias, uma prática comum em democracias. Em 1989, por exemplo, o governo da China reprimiu com violência uma manifestação iniciada por estudantes que reivindicavam mais liberdade política. • O Tibete é uma região da Ásia Central com cerca de 1,2 milhão de quilômetros quadrados e uma altitude média de cerca de 5 mil metros. O isolamento provocado pela altitude favoreceu o surgimento de uma civilização característica com mais de 2 mil anos de história própria. • No século 7, o país se converteu num reino lamaísta, uma seita local do budismo, que definiria, em linhas gerais, o caráter religioso ou teocrático da estrutura política e econômica do Tibete. • O budismo tibetano atribui ao seu líder espiritual o título de Dalai-Lama e lhe confere também o poder governamental, num regime com características monárquicas. • O Dalai-Lama é considerado uma reencarnação de líderes espirituais anteriores, que são manifestações de Avalokteshvara ou Chenrezi, o santo padroeiro do Tibete, um Bodhisattva, termo budista que designa um ser de sabedoria e bondade. • O lamaísmo conseguiu sobreviver à invasão do Império mongol no século 13, à dos chineses no século 18, bem como a uma década em que o país se transformou num protetorado britânico, no início do século 20. • Entre 1911 e 1950, o Tibete foi um país independente perante a maior parte da comunidade internacional, até que a Revolução chinesa colocou no poder Mao Tsé-Tung e o expansionismo chinês resultou numa nova invasão do país, em 1950. • O Tibete foi anexado à China como província e assim se manteve a despeito da resistência tibetana. Em 1959 ocorreu o grande levante da população do país contra o domínio chinês - cujo 49o aniversário foi o estopim dos protestos de 2008. • No entanto, a revolta foi violentamente reprimida e o Dalai-Lama, líder espiritual e político dos tibetanos, foi obrigado a exilar-se na Índia. • Em 1963, depois de muita pressão internacional, o Tibete foi reconhecido pelo China como uma região autônoma e ganhou um governo próprio, submisso, porém, a Pequim. A luta pela independência tibetana, porém, continuou e ganhou repercussão maior a partir da concessão do prêmio Nobel da paz ao DalaiLama. Apesar do poder repressivo chinês, é provável que novas manifestações continuem ocorrendo no Tibete e em outros países, em especial na Europa, onde há simpatia pela causa da independência tibetana. POSIÇÃO DO BRASIL SOBRE O TIBETE • O Governo Brasileiro emitiu nota sobre a situação. O Brasil defende a integridade territorial também da China. É uma posição tradicional. No entanto, o Brasil quer que as coisas sejam resolvidas sem violência. SOBRE O CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU. • A ONU está no Haiti desde 2004, quando o Conselho de Segurança decidiu pelo envio de uma força de estabilização ao País sob o comando do Brasil. A missão, prevista para terminar no ano passado ( 2007) foi renovada por mais um ano, ou seja, outubro deste ano. • O Brasil tem a principal força militar no País, com o contingente de 1.200 homens, e coordena a missão de paz, que tem o objetivo de estabilizar o país, pacificar e desarmar grupos guerrilheiros rebeldes, promover eleições livres e formar o desenvolvimento institucional e econômico do Haiti. Esclarecimento • O Haiti viveu um momento de insurgência após a eleição do Presidente Jean Bertrand Aristide em 2001. A revolta terminou com a queda de Aristide em 2004 e uma crise institucional. Hoje , o Presidente é René Préval, eleito pela maioria da população de uma maneira tranquila, para os padrões haitianos. • O Brasil tem investido nesta missão com o objetivo de assegurar o direito moral de reivindicar um assento permanente no Conselho de Segurança ? • O Brasil defende uma reforma no Conselho de Segurança ? • Levando em conta que a Secretária de Estado norte-americana Condoleeza Rice afirmou que não vê nenhuma perspectiva , como fica o investimento do Brasil ? Esclarecimentos • A posição da Secretária americana não é raivosa ou pessoal. Segundo o Itamaraty tratase de acordos regionais complicados. Ex. A China não quer que o Japão entre; Argentina e México não quer que o Brasil entre; a Itália não quer que a Alemanha entre. • A mesma Secretária tem dito que o Brasil é uma potência de capacidade regional e global. • A participação Brasileira na missão do Haiti trouxe alento e perspectiva a este país. A famosa favela de Porto Príncipe ‘Cité Soleil’ era um local inacessível, um caos, um lugar onde não se podia entrar, a não ser com tanques de guerra de fabricação brasileira. Hoje é um local amistoso. Segundo fontes do Itamaraty, o Brasil não entrou na missão em razão de um lugar ao sol, mas por afinidades culturais e étnicas. • É preciso considerar que o Haiti foi o primeiro Estado latino-americano a abolir a escravidão e proclamar sua autonomia diante das metrópoles e que corria o risco de se transformar em um NARCOESTADO. SOBRE A REFORMA DO CONSELHO • A ONU só foi criada da maneira que foi criada após uma guerra mundial. Há sim, uma clara percepção mundial de que não é possível manter a estrutura de segurança do mundo dependente apenas de cinco membros permanentes. A postura que o Brasil e outros países como a India e o Japão assumiram vai contribuir para um Conselho de Segurança mais democrático. Isto é fundamental. • A participação do Brasil na missão de Paz de Angola trouxe benefícios para comércio brasileiro. Hoje, Angola cresce 20% ano , movido pelo petróleo e vc passa a tomar decisões importantes acerca daquele país. NOTA DE ESCLARECIMENTO • A Assembléia Geral da ONU está discutindo a proposta de ampliar seu Conselho de Segurança. Conheça as posições defendidas pelos principais grupos de países que querem mudanças. • Formado por Brasil, Alemanha, Japão e Índia, o G4 quer ver as atuais 15 vagas do Conselho de Segurança ampliadas para 25. • Pela proposta, seriam criados seis novos assentos permanentes no fórum internacional, que ficariam com os países do grupo e duas nações africanas, além de outros quatro assentos não-permanentes. • A proposta do G4 é apoiada por 23 países, incluindo um dos cinco atuais membros permanentes, a França. • Por outro lado, outros dois países que detêm assentos permanentes, os Estados Unidos e a China, uniram-se para evitar com que a proposta do G4 seja aprovada. • Segundo analistas, é a inclusão do Japão como membro permanente que motiva a oposição da China à proposta. Os chineses dizem que uma expansão radical do CS seria "perigosa" para a estabilidade mundial. NOVO SECRETÁRIO GERAL • O nome do Ministro das Relações Exteriores da Coréia do Sul, Ban Ki-moon, foi aprovado para substituir Koffi Annan no posto de secretário-geral da Organização das Nações Unidas. • O novo secretário-geral da ONU, o chanceler sul-coreano Ban Ki-Moon, eleito recentemente pela Assembléia Geral do órgão, disse hoje esperar que seja adotada uma resolução "clara e enérgica" impondo sanções à Coréia do Norte por seu teste nuclear. SOBRE O PARAGUAI • Como o Brasil vai reagir diante da postura do atual Presidente do Paraguai – Fernando Lugo, cujo principal mote da campanha eleitoral era a renegociação do Tratado da Usina de Itaipu ? • Só renegocia-se , se o Brasil concordar. A posição brasileira é ‘pacta sunt servanda’ – tratados tem que ser respeitados. • É preciso sim encontrar compensações adequadas para o Paraguai. Este País tem direito a metade da energia elétrica e não usa. E o Brasil acaba adquirindo a parte Paraguai por preços módicos. Mas o Brasil vê com bons olhos a estabilidade jurídica, política e econômico de nosso vizinho. • O Brasil poderá propor Indústrias que sejam de uso intensivo de energia. Os dois países podem ganhar. No entanto, a vocação brasileira é agir com o máximo de espírito de solidariedade. ESCLARECIMENTO • A vitória do ex-bispo Fernando Lugo nas eleições para a Presidência do Paraguai, um dos países mais pobres da América do Sul, é histórica - ela quebra a hegemonia de 61 anos da ANR (Associação Nacional Republicana), mais conhecida como Partido Colorado. • A Usina foi inaugurada oficialmente em 5 de novembro de 1982, pelos presidentes dos dois países, João Figueiredo e Alfredo Stroessner. Cerca de um ano e meio mais tarde, em maio de 1984, teve início a produção de energia elétrica. O recorde dessa produção foi atingido no ano 2000, quando Itaipu gerou 93,4 bilhões de quilowatts/hora. • • Com a eleição de Fernando Lugo, o Paraguai pretende a revisão do Tratado de Itaipu, por considerá-lo financeiramente injusto. Atualmente, o Paraguai recebe aproximadamente US$ 300 milhões por ano (o país consome somente 5% da energia gerada por Itaipu e vende os outros 45% ao Brasil a preço de custo). A outra metade da energia produzida na usina é administrada (e consumida) pelo Brasil. SOBRE DIREITOS HUMANOS • Em nossa constituição, no art. 4º, está escrito que o País, rege-se , nas suas relações internacionais pelos princípios de prevalência dos direitos humanos. A ONU tem dito a 60 anos que os países devem falar sobre direitos humanos, apesar da soberania nacional, e que isso não infringe a soberania nacional. No entanto a política externa brasileiras, às vezes, faz vistas grossas para as violações dos direitos humanos, elogiando violadores. • Ex. China; • Ex. Cuba; • Ex. Sudão; • Não condenar , não é aceitar ? SUBSÍDIOS E DIREITOS HUMANOS • Quando os países ricos subsidiam a sua produção agrícola, eles estão afetando os direitos humanos nos países pobres. RODADA DE DOHA • A principal temática é a agricultura. • A eliminação dos subsídios da exportação e a redução substancial dos subsídios internos é algo muito positivo para todos, inclusive para que os países passem a gastar dinheiro nas coisas em que eles deveriam estar gastando: programas sociais, programas de ciência e tecnologia. • Isto novo posicionamento que o Brasil propõe, permitiria que países na Africa , na América do Sul, na Ásia, possam fazer valer as suas vantagens comparativas e ter mais recursos para os seus programas de desenvolvimento. • Problemas existem. As vezes, os próprios países emergentes estão divididos em relação à concessões no setor industrial que a União Européia e os EUA estão querendo. • Ex. México, Chile, Equador, Tailândia, estão de um lado; Brasil , África do Sul e Índia , do outro lado. FATO EXTRAORDINÁRIO • De extraordinário foi a criação do G-20 ( grupo de países em desenvolvimento formado em 2003 para defender seus interesses na rodada de Doha, da OMC, principalmente em assuntos agrícolas, sob a liderança de Brasil, China, África do Sul e Índia ). • O G-20 mudou a dinâmica da negociações do OMC. O que acontecia antes de Genebra era o seguinte: EUA, União Européia, chegavam a um acordo; chamavam às vezes, Canadá e Japão; o Brasil participava timidamente apenas para colocar assentos e vírgulas. Hoje , existe um diálogo e uma negociação. O Brasil está no centro de negociação. MÉRITO • Formar uma frente unida em Agricultra. • O Brasil tem exporta ‘EMBRAPA’ ( Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ). ALCA E A CRISE AMERICANA • Se nós tivéssemos contratado a ALCA, não só o comércio teria se concentrado mais – em relação ao mercado norte-americano, sobretudo, mas também nós estaríamos muito mais vulneráveis do ponto de vista de balanço de pagamentos. • Felizmente diversificamos. Os próprios economistas americanos reconhecem que a calmaria brasileira se deve ao pluralismo e à diversificação do comércio internacional. SOBRE CUBA ... • O Brasil vê com muita tranquilidade a transição em Cuba e defende uma transição gerenciada pelo povo cubano. O Brasil tem defendido o fim do bloqueio americano a Cuba. • O Brasil acompanhou recentemente a assinatura de Cuba da Convenção de Direitos civis e políticos , assim como direitos econômicos e sociais. Foi um avanço considerável, se levarmos em conta o histórico de Cuba. • Evidentemente que isto ainda é insuficiente para corrigir violações históricas com relação a presos políticos. • Percebe-se que Raúl Castro ouve a sociedade civil organizada e as pessoas em geral. Sobre Kosovo .... • O Brasil tem se manifestado sobre todos os acontecimentos internacionais. É dever de ofício, até porque em todas as partes do planeta há brasileiros. • No entanto, o Brasil não avalizou a independência de Kosovo em fevereiro último. • Segundo o Itamaraty , a última resolução das Nações Unidas sobre a questão defendia a integridade territorial do que veio a ser a Sérvia. Isto foi desrespeitado com uma atitude bilateral. • Trata-se de algo que ocorre sem o consentimento e participação das Nações Unidas. Por outro lado é possível perceber o apoio popular intenso dos Kosovares sobre a questão. Problema • Se cada etnia, ou cada cultura, ou cada língua, ou cada dialeto for criar um Estado-nação próprio, teremos uma anarquia nas relações internacionais. • Como se equilibra a necessidade de uma maior democracia nas relações internacionais com o respeito à integridade territorial dos Estados ? É um desafio enorme. ELEIÇÕES AMERICANAS • Independente de democrata ou republicano, a maior preocupação do Governo Brasileiro é o tempo de estabilização do novo governo. Qualquer administração vai querer rever pontos e isto implica em congestionamento.