O CLIMA ORGANIZACIONAL NA TRANSIÇÃO DE CONCESSÃO PRIVADA PARA DELEGAÇÃO PÚBLICA NO PORTO ORGANIZADO DE IMBITUBA RESUMO O presente trabalho tem o escopo de disponibilizar um registro dos fatos ocorridos na estrutura administrativa do Porto Organizado de Imbituba, quando se deu a transição de uma empresa privada – Cia Docas de Imbituba, para uma Sociedade de Propósitos Específicos do Governo do Estado de Santa Catarina – SCPar Porto de Imbituba. O Porto supracitado teve a Cia Docas de Imbituba como administradora por meio de concessão da União por um período de 70 anos. Findado este período em dezembro de 2012, a União, detentora da prerrogativa de exploração dos portos, manifestou que não havia interesse na atividade e que seria viável que a atividade fosse atribuída ao Governo do Estado de Santa Catarina até que houvesse a decisão do rumo que seria dado ao Porto. Desta forma, o Governo do Estado, que ganhou a autorização para explorar a atividade por dois anos, por meio de sua holding SCParcerias e Participações, criou uma subsidiária que ficou responsável pela tarefa. A partir do ocorrido, iniciou-se uma transição entre duas instituições. Sendo assim, várias questões foram abordadas, tais como: a reestruturação de uma administração privada para o setor público e os trâmites legais do processo e, ainda, com destaque neste estudo, o clima organizacional auferido na mudança. Por meio de uma pesquisa qualitativa, exploratória e documental foram analisados pontos de vista no que se refere ao tema. Concluiu-se, por meio desta pesquisa, que o clima organizacional ao qual se travaram as disputas judiciais e ruídos internos refletiu o clima que causou alguma insatisfação frente à mudança e aos relacionamentos, porém outros estão satisfeitos. Palavras-chave: Porto de Imbituba. Transição de privado para público. Clima Organizacional. 1 INTRODUÇÃO O que seria do futuro se não houvesse registro do passado? Foi pensando nisto que surgiu a ideia de desenvolver um estudo que acampasse os fatos ocorridos no Porto de Imbituba no decorrer de sua história. Verificou-se a existência de material com disponibilização do enredo até aproximadamente cinco anos atrás. Acredita-se que a não continuidade do lineamento do porto deve-se à estabilidade com que ele vinha passando. No entanto, em dezembro de 2012, com o término da concessão de 70 anos entre a União e a Companhia Docas de Imbituba um novo paradigma vinha à tona. O que aconteceria com o Porto, já organizado de Imbituba? O impacto que esta situação gerou na interface do município foi de grande 1 expressividade, pois a União concedeu ao Governo do Estado o direito de exploração. Este, por meio de sua holding SC Parceria e Participações, criou uma subsidiária integral, a SCPar Porto de Imbituba, sobre a forma de Sociedade Anônima. Relatos revelam que no dia seguinte ao término da concessão, a jovem empresa do Governo de Santa Catarina, juntamente com suas forças jurídicas, assumiram a responsabilidade que lhe foi atribuída. Era a passagem da administração do Porto de Imbituba de porto público com capital privado para porto totalmente público. Assim, para que não ficasse uma lacuna entre o passado e o futuro, este estudo visou o registro e análise da fase de transição, com enfoque no clima organizacional que a situação proporcionou. Para tal, na fundamentação teórica, num primeiro momento, foi feito um apanhado sobre a localização e estrutura do Porto, passando na sequência por um histórico da cidade na qual ele se encontra. Fala-se sobre o modal aquaviário e sua importância na economia do país, bem como a estrutura dos portos no Brasil. Foram feitos também registros sobre a Cia Docas de Imbituba que, por meio de um lineamento, chegou-se à questão abordada: Convênio de Delegação nº 01/2012, o qual tem por objeto “delegar, em caráter excepcional e a partir de 16 de dezembro de 2012 a administração e a exploração do Porto de Imbituba/SC, doravante denominado simplesmente Porto, ao ESTADO DE SANTA CATARINA-SC, com o objetivo de evitar a descontinuidade da prestação dos serviços portuários em decorrência do fim da concessão do Porto”. Por conseguinte, foi de extrema relevância discorrer acerca da atual administradora – SCPar Porto de Imbituba S.A.. Não obstante, falar sobre o impasse que gerou a transição, bem como as questões do clima organizacional de instabilidade que pairava sobre os colaboradores das duas empresas, diante das várias possibilidades que apontavam o futuro do porto. Isto aconteceu devido ao fato de que o Convênio de Delegação tinha a vigência de dois anos. Então, disseminou-se a ideia de várias hipóteses. Entre elas, a possibilidade de uma Licitação, o retorno da Cia Docas de Imbituba, que reivindicava os anos que perdeu com os tempos da Segunda Guerra Mundial e o Aditivo de prazo ao da Delegação. Posteriormente, são descritos os procedimentos metodológicos utilizados na fase da pesquisa e fundamentam-se os objetivos que este estudo auferiu. Por fim, os resultados são demonstrados na análise de dados, por meio da coleta de dados dos entrevistados e participantes desta pesquisa. Findado o prazo de 70 anos de concessão do Porto Organizado de Imbituba entre o Governo Federal e a Companhia Docas de Imbituba, a União, por intermédio da Secretaria dos Portos, assina o Convênio de Delegação do Porto Organizado de Imbituba para o Governo Estadual por meio da SCPar Porto de Imbituba, interveniente do delegatário. Como as questões administrativas modificadas com a reestruturação do Porto Organizado de Imbituba afetaram o clima organizacional? Diante deste cenário esta pesquisa teve como objetivo geral: analisar as alterações no clima organizacional, resultantes da transição ocorrida no Porto Organizado de Imbituba-SC, de uma concessão de empresa privada para uma delegação de empresa pública e objetivos específicos: apontar os procedimentos administrativos modificados com a transição de uma empresa de regime privado para administração pública; identificar as principais alterações no clima organizacional. 2 O presente estudo justifica-se por intermédio da expressiva relevância dos fatos ocorridos no Porto de Imbituba, cabendo-se destacar que é inédito e oportuno ao priorizar o registro de parte da história que este aborda. É imprescindível, no que tange a eficiência de qualquer organização, que os olhares se remetam ao que já passou para que no processo de tomada de decisão, possíveis falham possam ser evitadas na gestão que sucede. Com base neste pressuposto, vale ressaltar a viabilidade com que este estudo discorre. O prognóstico da análise traz contribuições para o futuro da organização. Em se tratando de uma atividade responsável pela economia do município e que atinge boa parte da população, surge a incumbência de realização de estudo que registre o que aconteceu durante o período abordado, tendo o escopo de aderir embasamento a futuras ações vinculadas à organização. Com isto, substancia-se a existência deste estudo, tendo em vista ainda que a relevância funcional e intelectual do assunto investigado mexe com o cerne da sociedade imbitubense e, por isto, sua importância ganha muito valor. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 IMBITUBA: CIDADE PORTUÁRIA Segundo dados do IBGE (2009) o município de Imbituba está localizado no litoral sul de Santa Catarina, a 90 km da capital do estado, Florianópolis e entre as coordenadas 28º14’24”S e 48º40’13”W. Possui área de 184,79 km2 e tem como municípios limítrofes Garopaba e Paulo Lopes ao Norte, Laguna ao Sul, Imaruí a oeste e o Oceano Atlântico a Leste. Imbituba é uma enseada aberta com abrigo restrito e incerto, localizada em área diminuta, tendo, porém como vantagem, um acesso imediato com grandes profundidades d’água no ancoradouro, para maiores calados existentes. Laguna, acessível aos navios de pouco calado, servia mais ao comércio como entreposto marítimo, atendendo cargueiros comuns e, que por sua própria natureza dispensava acessos mais imediatos (BOSSLE, 1981, p.39). Santos (1998, p.39), em sua interpretação histórica sobre as primeiras povoações no litoral, relata que os europeus reconheceram a importância dos portos catarinenses: São Francisco, Ilha de Santa Catarina e Laguna para as “estações de aguada”, de suas embarcações. Na época, os navios eram impulsionados a vela, com pequeno calado e autonomia de navegação limitada. Esses portos eram de grande importância, especialmente para os navegadores que se dirigiam para o Rio da Prata ou para o Pacífico através do Estreito de Magalhães. E o litoral Sul do Brasil passou a ser alvo da disputa entre Portugal e Espanha. Com base no site da Prefeitura Municipal de Imbituba, “A Capitania de Santana surgiu no ano de 1534, quando as terras brasileiras foram divididas em capitanias”. Segundo Martins (1975) “o início do povoamento de Imbituba se deu, praticamente, no ano de 1715, com a chegada do Capitão Manoel Gonçalves de Aguiar”. De acordo com o autor, o Capitão, em seu relatório ao governador, “descreveu sobre o desenvolvimento que alcançava a colonização em Imbituba, e 3 recomendou a implantação de uma armação destinada à pesca da baleia, o que se tornaria realidade em 1796”. De acordo com Raimundo (2005, p. 22), “A instalação da Armação de Imbituba ocorreu em 1796, ao Norte de Laguna, no distrito da freguesia de Sant’Ana de Vila Nova, junto à Ponta de Imbituba, com condições favoráveis à atracação de barcos e à pesca de baleia”. Segundo Martins (1975), quanto ao produto resultante da pesca da baleia, afirma que o azeite apurado tinha dupla utilidade: era usado para iluminação pública das poucas cidades brasileiras, especialmente Rio de Janeiro e São Paulo; utilizavase também na argamassa destinada às construções de fortalezas e edifícios. Martins (1975) afirma que dois fatores foram propulsores na decadência da pesca da baleia, sendo eles a descoberta do petróleo americano, com a consequente fabricação do querosene e o início da fabricação do cimento Portland. Desta forma, a pesca da baleia extinguiu-se completamente em 1829. De acordo com Raimundo (2005, p.44), “A vila de Imbituba prosperava e a população aumentava. A primeira emancipação político-administrativa de Imbituba ocorreu em 1923, com a Lei Estadual nº. 1451”. Ainda Martins (1975), o prefeito, então chamado superintendente municipal de Imbituba, foi Álvaro Monteiro de Barros Catão, ficando no poder até 1930, ano em que o município foi extinto pelo governador provisório do sul de santa Catarina, pelo decreto nº 1, tendo suprimida sua autonomia como município. Segundo relatos do mesmo autor, pode-se notar a influência que Henrique Lage tem sobre Imbituba, já que o primeiro prefeito a tomar posse foi o engenheiro Álvaro Catão, este de extrema confiança de Henrique Lage. Em outubro de 1949, a assembleia Legislativa do Estado mudou o nome de Imbituba para Henrique Lage. Conforme texto da Lei Estadual nº 446 de 06 de outubro de 1959, no seu artigo primeiro “O município de Henrique Lage, criado pela Lei n. 348, de 21 de junho de 1958, passa a denominar-se Imbituba”. Raimundo (2005) reforça que somente em 1958 ocorreu a segunda emancipação de Imbituba, desmembrada do município de Laguna, tendo como prefeito provisório Walter Amadei Silva. 1.1 LOCALIZAÇÃO E ESTRUTURA DO PORTO O Porto Organizado de Imbituba, cenário deste estudo, está localizado em uma enseada aberta para o mar, no centro sul do litoral de Santa Catarina, no município do qual leva o nome. Quanto à localização do Porto de Imbituba, Neu (2003, p. 51) menciona que “A área portuária ficou delimitada pelas coordenadas geográficas 52° 13’ 48” de latitude sul e 48° 38’ 57” de longitude oeste”. No tocante à qualidade da operação portuária, Neu (2003, p. 49) coloca que “é fundamental que haja eficiência nos equipamentos e serviços, garantido o preço e a agilidade, transformando desta forma, o porto em organizado”. Conforme Campos Neto et al (2009, p. 23): Imbituba é considerado um porto local de médio porte e ocupa a 21ª colocação no ranking dos portos. O valor agregado médio dos produtos transacionados nesse porto catarinense é considerado alto, US$ 644,76/t. Faz parte de sua área de influência, como hinterlândia secundária, o Estado de Santa Catarina, movimentando US$ 534,23 milhões ou 5,3% do seu 4 comércio internacional por esse porto. Quatorze UFs utilizaram esse porto para transações internacionais. O movimento de mercadorias ficou concentrado nos setores de metalurgia, com US$ 335,34 milhões, e agroindústria e madeira, com US$ 162,39 milhões. Três produtos apareceram como destaques nos movimentos de exportações, movimentando valores acima de US$ 30,0 milhões: (0203) carne suína, com US$ 45,75 milhões; (0202) carne bovina congelada, com US$ 34,46 milhões; e (0207) carne e miudezas de aves (frangos), com US$ 30,46 milhões movimentados. Imbituba também exportou significativamente (8414) bombas de ar ou de vácuo (US$ 16,79 milhões); e (6908) ladrilhos e placas para pavimentação ou revestimento (US$ 11,33 milhões). Quanto às importações, a análise mostra como o produto mais importado, destinado à Santa Catarina, o (7403) cobre refinado e ligas de cobre em formas brutas, com US$ 289,47 milhões (valores de 2007), único a passar dos US$ 30,0 milhões nessa categoria. Além dele, vale mencionar (7901) zinco em formas brutas (US$ 28,15 milhões); (1001) trigo e mistura de trigo com centeio (US$ 22,94 milhões); (2713) resíduos de petróleo ou de minerais betuminosos (US$ 20,85 milhões), com mais de US$ 20,0 milhões comercializados. Conforme a Portaria do Ministério dos Transportes nº 1.040, de 20 de dezembro de 1993, publicada no Diário Oficial da União de 22 de dezembro de 1993, a área do porto organizado de Imbituba, é constituída pelas instalações portuárias existentes no município de Imbituba, inscrita na poligonal que contém a superfície contornada pela linha que se inicia na lateral externa da raiz do molhe de Imbituba e se desenvolve pela costa até encontrar a Av. Manuel Florentino Machado e, sobre essa, prolonga-se até os limites com a ICC, fechando com linha reta imaginária até o ponto inicial, distinguindo-se sobre o seu curso o Saco Cova do Boi, Saco da Cabra, Ponta do Ferreira e Pontal, abrangendo todos os cais, docas, pontes e píeres de atracação e de acostagem, armazéns, edificações em geral e vias internas de circulação rodoviária e ferroviária e, ainda, os terrenos ao longo dessas áreas e em suas adjacências pertencentes à União, incorporados ou não ao patrimônio do porto de Imbituba ou sob sua guarda e responsabilidade. Compõe também da infraestrutura de proteção e acessos aquaviários, compreendendo as áreas de fundeio, bacias de evolução, canal de acesso e áreas adjacentes a esse até as margens das instalações terrestres do porto organizado existentes ou que venham a ser construídas e mantidas pela Administração do Porto ou por outro órgão do poder público. 1.2 HISTÓRICO DO PORTO As atividades baleeiras e o porto de Imbituba, durante quarenta anos aproximadamente, conviveram na mesma enseada, na Praia do Porto, porém, as atividades baleeiras estavam em decadência e as atividades do porto em ascensão (NEU, 2003). Conforme Martins (1975), a implantação de um porto destinado ao embarque do carvão foi objeto de estudo realizado por uma companhia de engenheiros ingleses, mas por determinação do Governo, o projeto não foi executado, sendo construído apenas um trapiche com 70 metros de extensão em 1871. Este fato foi decorrente da descoberta das minas de carvão no sul de Santa Catarina, especificamente na cidade de Criciúma. Para Goulart (2010, p. 235), o porto de Imbituba surgiu como parte da construção da estrada de ferro Dona Teresa Cristina e não por conta da relação 5 direta que teve com a pesca da baleia. Ao contrário dos demais portos catarinenses, que surgiram e se desenvolveram com suas respectivas vilas, o porto de Imbituba está associado à descoberta do carvão e a partir dele que foi se formando a cidade de Imbituba. Neste sentido, uma das bases de sustentação do projeto de desenvolvimento foi a construção da Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina, que conforme Goulart (2010, p. 240) “foi inaugurada em 01 de setembro de 1884 entre a região das minas (atual município de Lauro Müller) aos portos de Laguna e Imbituba. Estavam constituídos os três pilares iniciais do complexo carbonífero catarinense: minaferrovia-porto”. Neste período, travou-se uma disputa entre os portos de Imbituba e Laguna, para atender ao escoamento do carvão. Goulart (2010), afirma que o governo Imperial optava pelo porto de Laguna, já Barbacena optava pelo Porto de Imbituba. Com a vinda dos ingleses, foi reforçada a opção por Imbituba. Segundo Goulart (2010, p. 240): A presença dos ingleses na região foi muito efêmera, pois já em 1887 eles simplesmente abandonaram a mina pelo fato de o carvão catarinense ser de baixa qualidade, apresentando um alto teor de rejeito piritoso. Sendo assim, a ferrovia perdia a sua razão de ser, uma vez que ela tinha sido construída apenas para transportar o carvão aos dois portos. Com o abandono da área carbonífera, Goulart (2010, p.240/241) dispõe que as recomendações contidas no Relatório do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas de 1890 eram de que o porto de Imbituba fosse abandonado. A justificativa é de que “sua construção (trapiche de ferro e madeira) foi uma insistência dos ingleses”. Neste sentido, o autor ainda afirma que “Barbacena em 1886, transferiu a concessão dos terrenos carboníferos à firma carioca Lage & Irmãos”. Segundo Martins (1975, p. 32): Henrique Lage chegou a Imbituba dia 02 de novembro de 1912. Muitas pessoas aguardavam a hora da missa, em frente à Capela da Praia, quando chegou a enseada o navio Itaqui, trazendo a bordo o homem que em curto espaço de tempo transformaria a fisionomia de Imbituba. De acordo com Bossle (1981, p.40 apud RAIMUNDO, 2005, p. 38), “Em 1917, Henrique Lage arriscou um pedido para melhorar as condições do Porto de Imbituba através de um requerimento enviado ao Congresso Nacional. Pediu autorização para a construção, uso e gozo do Porto de Imbituba [...]”. Na ocasião, segundo o autor, a solicitação era que fosse “sem garantias de juros pelo prazo de 90 anos, sem ônus para a Nação.” Goulart (2010, p. 242), destaca que: [...] até 1917 o porto recebia apenas os navios da Companhia Nacional de Navegação Costeira, da firma Lage & Irmãos, que escoava mercadorias em geral (cereais, madeira e banha) e uma pequena quantia de carvão explorada de forma quase artesanal. Porém, “diversas lideranças políticas locais e estaduais tentaram influenciar Henrique Lage no uso do Porto de Laguna” (NEU, 2003, p. 44). “A principal justificativa dos influenciadores decorria que [...] enquanto o Porto de Imbituba 6 necessitava da construção de um quebra mar de mil metros, abrigando assim os navios dos fortes ventos, o de Laguna já estava organizado, necessitando apenas de dragagem” (NEU, 2003, p.44), porém o Porto de Imbituba dispunha de local favorável à instalação do porto carbonífero. Raimundo (2005, p.38) menciona que “O Grupo Lage & Irmãos tinha todas as condições de aparelhar o Porto de Imbituba e não o Porto de Laguna”. Com a morte de Henrique Lage, em 1941, e como seus irmãos também já haviam falecido, a única herdeira do império industrial foi sua esposa Gabriela Bensanzoni Lage, que não era naturalizada brasileira e por tal motivo, diante dos impasses da Segunda Guerra e do regime Fascista, foi expulsa do país, tendo seus bens confiscados por Getúlio Vargas, que um ano depois os repassou ao engenheiro Álvaro Monteiro de Barros Catão (RAIMUNDO, 2005). “Em 04 de setembro de 1942, por Decreto Presidencial, todo complexo industrial foi encampado pelo governo, [...], passando a constituir Patrimônio Nacional (RAIMUNDO, 2005, p. 39)”. O mesmo autor afirma que em 1946, as empresas foram restituídas, os herdeiros da família Catão, ainda jovens, não administraram diretamente as mesmas, e alguns diretores assumiram essa responsabilidade. 1.3 COMPANIA DOCAS DE IMBITUBA Segundo Martins (1975), quanto à criação da Companhia Docas de Imbituba, Henrique Lage, em novembro de 1922, transformou a razão social da Organização Henrique Lage para Companhia Docas de Imbituba, cujas atividades tiveram início em janeiro de 1923. De acordo com relatos do autor, à nova empresa foram incorporadas todas as obras, equipamentos e terrenos considerados necessários ao desenvolvimento da atividade portuária. O autor registra que a Companhia tinha como diretor o Engenheiro Álvaro Monteiro de Barros Catão e gerente Sávio da Cruz Seco. Martins (1975) registra que, em 1923, fundou-se a primeira entidade de classe em Imbituba: o Sindicato dos Trabalhadores em Armazéns e Trapiches, operando nos serviços de carga e descarga do porto. De acordo com o artigo único do Decreto nº 7.842 de 13 de setembro de 1941: É concedida à Companhia Docas de Imbituba, nos termos do Decreto nº 24.599, de 6 de julho de 1934 autorização para realizar as obras e o aparelhamento do porto de Imbituba, no Estado de Santa Catarina, bem como a exploração do tráfego desse porto, durante o prazo de 70 anos, de acordo com as cláusulas com que este baixam, assinadas pelo ministro da Viação e Obras Públicas. Quanto à concessão à Companhia Docas de Imbituba, em 1942, foram concluídas e inauguradas as obras que se constituíam em um trecho de cais, de 100 metros, com respectivas instalações mecânicas para o embarque do carvão, com capacidade para 300 t/hora. No ano seguinte, 1943, o Governo determinou a instalação, em Imbituba, da Delegacia da Marinha Mercante que, em 30 de dezembro de 1970, pelo Decreto Federal nº 67.992, passou a denominar-se “Superintendência Nacional de Marinha Mercante – SUNAMAM”. No dia 13 de dezembro de 1957, o Decreto nº 42.805, do Ministério da Marinha, criou a Agência da Capitania dos Portos, em Imbituba. Em 1969, com a edição do Decreto 64.004, o 7 Governo Federal, em 20 de janeiro, elevou a agência a “Delegacia da Capitania dos Portos” (MARTINS, 1975). Com o falecimento de Henrique Lage, em 3 de julho de 1941, e o de Álvaro Monteiro de Barros Catão, em 18 de agosto do mesmo ano, a empresa passou a funcionar sob nova orientação, tendo a frente o engenheiro Francisco Catão. A nova administração continuou as obras de ampliação do porto, sendo construídos novos entroncamentos de proteção, além de um trecho de cais, com a extensão de 40 metros em prolongamento ao já existente, passando assim o cais acostável a ter uma extensão de 140 metros, permitindo o carregamento de navios de sete mil toneladas em 15 horas. Foram adquiridos novos guindastes e novas empilhadeiras que vieram melhorar consideravelmente as condições operacionais do porto (MARTINS, 1975). Conforme consta no site da Prefeitura Municipal de Imbituba, em 1978, o Porto de Imbituba continuava praticamente com as mesmas instalações que possuía em 1942, com exceção da ampliação do cais nº 1, iniciada em 1969. Naquele ano, os equipamentos eram suficientes para atender à demanda, mas 36 anos após, com a evolução tecnológica dos navios, que eram construídos cada vez maiores, possibilitando transportar quantidade de carga sempre crescente, tornaram-se necessários investimentos urgentes. Isso chamou a atenção para o problema portuário, fazendo uma denúncia sobre os preços elevados dos serviços que, somados à falta de aparelhagem moderna, retardavam o seu carregamento. Assim, durante o ano de 1979, o Porto de Imbituba iniciou a reestruturação das suas instalações para atender às necessidades da Indústria Carboquímica Catarinense ICC. Foi construído, dessa forma, um cais especial, em parceria com o Governo Federal, incorporado ao patrimônio da Companhia Docas de Imbituba. Segundo o site da Prefeitura Municipal de Imbituba, em 1995, a Diretoria da Cia Docas, entendendo que os preços estavam muito baixos e não cobriam os custos portuários, decidiu aumentar as tarifas praticadas, em 150%. O resultado foi o cancelamento de todos os contratos. “A partir do ano 2000, o Porto de Imbituba começou a agir como autoridade portuária, apenas administrando as operadoras instaladas em sua área de atuação” (NEU, 2003, p.60/61). 1.4 SCPAR PORTO DE IMBITUBA E O CONVÊNIO DE DELEGAÇÃO Conforme ementa do Convênio de Delegação nº 01 de 06 de novembro de 2012, temos que se trata de “Convênio de Delegação que entre si celebram a união por intermédio da secretaria de portos da presidência da república, e o estado de Santa Catarina para administração e exploração do Porto de Imbituba/SC.”. Quanto ao objeto de delegação do convênio nº 01 /2012: Delegar, em caráter excepcional e a partir de 16 de dezembro de 2012, a administração e exploração do Porto de Imbituba/SC, doravante denominado simplesmente porto ao ESTADO DE SANTA CATARINA, com o objetivo de evitar a descontinuidade da prestação de serviços portuários em decorrência do fim da concessão do Porto. Quanto à forma de Administração e exploração do Porto, no parágrafo primeiro da cláusula terceira do Convênio de Delegação nº 01/2012: 8 Como condição de eficácia do presente objeto, a interveniente do delegatário se obriga à constituir até o dia 16 de dezembro de 2012, uma Sociedade de propósitos Específicos (SPE), com a finalidade de desempenhar exclusivamente as atribuições da administração do porto, e que substituirá, para todos os efeitos de direito a S.C.PARTICIPAÇÕES E PARCERIAS S.A., na qualidade de interveniente do delegatário, mediante a celebração de termo aditivo. 1.6 CLIMA ORGANIZACIONAL Com base nas teorias motivacionais e na visão sistêmica das organizações entende-se que resultaram nas técnicas como o desenvolvimento organizacional, de pesquisa de clima organizacional, qualidade de vida no trabalho e outras que se preocupam com a satisfação no trabalho, tendo como valor premente sempre maior produtividade e melhor desempenho no trabalho (LUCENA, 1992). De acordo com essa premissa, o estudo do clima organizacional se fez necessário no Porto de Imbituba, frente à nova administração e satisfação dos funcionários. Maximiano (2008, p. 218) acrescenta a ideia de indiferença somada ao complexo satisfação e insatisfação quando afirma que as “percepções e os sentimentos em relação a realidade objetiva da organização podem ser classificados em três grandes categorias: satisfação, insatisfação e indiferença. Todos os componentes da organização afetam as percepções e os sentimentos”. Na sequência, o autor cita os componentes, sendo eles a localização física, objetivos, salário, refeitórios, condições de trabalho, limpeza, programas de incentivos, benefícios e integração com os colegas. Segundo o autor “Tudo afeta a forma como as pessoas se sentem em relação à organização”. As empresas, hoje, estão à procura de um novo padrão econômico mundial de alta frequência, com baixo custo e intensa competição. Isso vem em reflexo da nova era da internacionalização ou globalização econômica, as quais ditam regras rígidas no que tange ao desenvolvimento de produtos e/ou serviços de qualidade e alcance de maior produtividade, num contexto de mudanças cada vez mais velozes e que exigem, acima de tudo, capacidade de adaptação por parte das organizações (CODA, 2006). Coda (1997) ainda enfatiza que o clima organizacional é o indicador do grau de satisfação dos membros de uma empresa. Segundo o autor, isto envolveria os diferentes aspectos da cultura ou realidade aparente da organização, que seriam a missão da empresa, política de RH, modelo de gestão, valorização profissional, processo de comunicação e identificação com a empresa, ou seja, o comprometimento com o seu planejamento estratégico no que tange à missão e visão. O objetivo de uma pesquisa de clima organizacional é refletir no maior número de colaboradores possível. Isso porque quanto maior for o número de pessoas compartilhando suas percepções, mais fiel será o retrato da organização. Com isto, há dados completos e mais próximos da realidade de cada área, permitindo não apenas a implantação de ações corretivas, mas também ajudarão a identificar as boas práticas, para que elas sirvam de exemplo para outras áreas da empresa ou de suas filiais. Esta ferramenta pode ser aplicada a todos os colaboradores da organização ou a uma amostra deles. A pesquisa tem por metodologia acompanhar o nível de satisfação dos colaboradores com relação aos aspectos do ambiente organizacional (LUCENA, 1992). 9 2 METODOLOGIA Quanto à forma e abordagem do problema da pesquisa em questão é qualitativa. No que tange aos objetivos, pode ser definida como exploratória, uma vez que “[...] têm como finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista, a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores” (GIL, 1999, p. 43). Esta pesquisa teve também como base a pesquisa documental, ou seja, os documentos em sua forma mais primária. Foram entrevistados, para a coleta de dados, quatro de colaboradores, sendo dois antigos colaboradores da Companhia Docas de Imbituba que permaneceram na Administração do Porto Organizado de Imbituba e dois colaboradores da SCPar Porto de Imbituba S.A. que assumiram seus postos com a nova concessão. Responderam quatro questões abertas, fincando neste demonstrativo assim denominado: Quadro 1 – Colaboradores entrevistados COLABORADORES ENVOLVIDOS NA TRANSIÇÃO C1c C2c C3s Cultura Companhia Docas C4s Cultura SCPar Fonte: autoras (2014) Portanto, C1c e C2c são colaboradores que vieram da cultura da Companhia Docas de Imbituba, enquanto que C3s e C4s são colaboradores com a Cultura da SCPar Porto de Imbituba S.A.. Deve-se ressaltar o fato de que na atualidade, os colaboradores que permaneceram na Administração do Porto, já incorporaram a identidade da empresa. 3 RESULTADOS OBTIDOS Para adentrar na questão abordada, seria de imediata importância verificar se o participante tem conhecimento a respeito de Clima Organizacional, para compatibilizar a proposta apontada com o resultado da pesquisa. Então, de forma básica, questionou-se “O que o colaborador entende por Clima Organizacional”? Quadro 2 – Concepções e importância sobre clima organizacional 1. O que você entende por clima organizacional? Qual a importância deste para a instituição? C1c C2c 10 [...] tem grande importância para a organização, pois está baseada na boa relação entre o corpo técnico para com a empresa. Ou seja, quando a relação entre os colaboradores e os superiores está afetada, o clima organizacional estará prejudicado e as metas e objetivos. [...] manter um clima organizacional bem estruturado que mantenha todos os envolvidos motivados, pois pessoas motivadas [...] “O relacionamento entre os colegas de trabalho, nos diferentes níveis de hierarquia da empresa, levando em consideração as diversas formações de cada cultura que cada pessoa carrega da sua história e o que cada indivíduo entende por ética no trabalho”. C3s [...] fatores que servem como indicadores relacionados à satisfação do ambiente de trabalho seja a relação com os clientes e/ou com os funcionários. Aspectos abordados pela empresa, como política de recompensa e remuneração, melhoramento do ambiente de trabalho, entre outros. C3s “É a qualidade do ambiente percebida pelas pessoas em uma organização, capaz de influenciar, no seu dia-a-dia, o comportamento das pessoas”. Fonte: autoras (2014) Com a coleta de dados dos colaboradores da Cia. Docas fica entendido que a motivação deve estar presente no clima organizacional, bem como a ética no local de trabalho, pois sem essas variáveis o ambiente laboral poderá ser afetado. Na concepção de Chiavenato (2011, p.116) o clima organizacional também [...] “é uma decorrência do estado motivacional das pessoas provocado pela satisfação ou não das suas necessidades individuais”. Quanto aos colaboradores da SCPAR, percebe-se a satisfação vinculada aos sentimentos, semelhante à afirmação de Maximiano (2008, p. 218): “Em essência, o clima é uma medida de como as pessoas se sentem em relação à organização e a seus administradores”. O conceito de Clima organizacional evoluiu para o conceito de qualidade de vida no trabalho, os quais se relacionam com as políticas de recompensa, remuneração e ambiente. Quadro 3 – Mudanças e reestruturação na empresa 2. Quais as principais mudanças na empresa após a reestruturação? C1c C2c 11 “Quando uma empresa é administrada por um profissional e passa a ser administrada por outro, sempre há grandes mudanças. [...] a mudança mais considerável foi justamente a adaptação dos colaboradores já existentes na antiga administração para com esta nova gestão”. “Maior transparência nas relações comerciais e a necessidade de um maior efetivo para atender as demandas do novo modelo de administração”. C3s “Os novos profissionais trouxeram uma visão mais profissional do setor portuário, que atrelado com a experiência local estão sendo fundamentais para o desempenho do porto”. C3s “Do ponto de vista institucional houve a mudança do comando e a entrada de um ente (Governo Estadual) com muito poder e disposto a quebrar paradigmas e mexer com toda vida da sociedade. Do ponto de vista organizacional foi a instalação de uma nova cultura organizacional e de novos procedimentos e normas”. Fonte: autoras (2014) Os colaboradores da Cia. Docas referem-se à mudança e à adaptação na nova gestão, provocando um novo modelo. Com isso, Gil (2001) a qualidade ou propriedade do ambiente organizacional da qual se admite a existência ou se experimenta porque está diretamente ligado à organização é ao clima organizacional. A partir desta percepção, surgem perguntas e são formuladas respostas muito complexas sobre a natureza humana. Entretanto já os colaboradores da SCPAR demonstram uma visão mais flexível em relação ao desempenho e às mudanças do porto com a nova gestão; quebrando paradigmas, influentes consideravelmente na cultura organizacional e nos novos procedimentos. Percebe-se em seus relatos, uma aceitação da inovação tanto de procedimentos como do quadro de profissionais. Neste cenário, Coda (2006) diz que as empresas, hoje, estão à procura de um novo padrão econômico mundial de alta frequência, com baixo custo e intensa competição. Isso vem em reflexo da nova era da internacionalização ou globalização econômica, as quais ditam regras rígidas no que tange ao desenvolvimento de produtos e/ou serviços de qualidade e alcance de maior produtividade, num contexto de mudanças cada vez mais velozes e que exigem, acima de tudo, capacidade de adaptação por parte das organizações. Quadro 4 – Transição administrativa e relacionamento interpessoal 3. Com a transição entre a Cia Docas de Imbituba e a SCPar Porto de 12 Imbituba, você acha que o relacionamento entre os colaboradores foi afetado? C1c [...] No começo tudo é diferente, estranho e todos somos um pouco resistentes a isto. Mas com o passar do tempo tudo se adapta e aprendemos a trabalhar de acordo com as exigências desta nova gestão. C2c “Com certeza foi afetado, em virtude de uma indefinição sobre a situação dos trabalhadores nas novas atividades uma vez que a antiga administradora é uma empresa do setor privado (CDI) e a nova empresa do setor público (SCPar), essa indefinição de enquadramento e função de cada trabalhador, e também uma série de ações judiciais causaram um “mal estar” lamentável entre colegas de anos de trabalho, pois nem todos foram aproveitados pela nova administradora”. C3s “Desde o momento em que assumi a gerência de Operações até os dias de hoje, fui sempre muito bem recebido, de forma cordial e profissional”. C3s “Havia os colaboradores que não queriam a mudança por fazerem parte de um grupo que exercia o poder e locupletava-se da empresa. Havia outro grupo dos queriam a mudança por sentir-se desprestigiados e explorados, dentro deste grupo havia um grupo que estava otimista e esperançoso de uma nova ordem institucional e outro mais cético. Com isso houve uma divisão entre os colaboradores remanescentes da CDI, com um ambiente pesado e com hostilidades por parte do grupo que era dominante. Coincidentemente o grupo dos oprimidos era composto pelos colaboradores com os menores salários e os que realmente metiam a mão na massa. Fonte: autoras (2014) A mudança para a nova gestão causou resistência, tendo em vista as novas exigências. Grupos se dividiram devido ao sentimento de desprestígio e exploração, enquanto que o outro se encontrava otimista e esperançoso. Os sentimentos negativos causou hostilidade entre os colaboradores. Coda (1997) enfatiza que o clima organizacional é o indicador do grau de satisfação dos membros de uma empresa. Isto envolveria os diferentes aspectos da 13 cultura ou realidade aparente da organização, que seriam a missão da empresa, política de RH, modelo de gestão, valorização profissional, processo de comunicação e identificação com a empresa, ou seja, o comprometimento com o seu planejamento estratégico no que tange à missão e visão. Quadro 5 – Mudanças estruturais e clima organizacional 4. Você acredita que afetou o clima organizacional da empresa? Comente. C1c “No começo sim, principalmente pela maneira como foi realizada esta transição”.[...] Aos poucos os colaboradores foram se acostumando com a nova diretoria, os novos gerentes e a nova maneira de administrar. Principalmente porque antes éramos uma empresa privada e tudo podia ser resolvido muito mais rápido. Agora somos uma empresa vinculada ao Governo do Estado e isto inclui uma série de processos. [...] as pessoas já se acostumaram com esta nova gestão. “Hoje temos um clima organizacional bem estruturado e sem grandes problemas”. C2c [...] uma série de fatores abalou o clima entre os colegas de trabalho, entre eles: indefinição de enquadramento nas funções da nova empresa; alguns trabalhadores por não atender as novas demandas foram substituídos por colegas em diferentes níveis da hierarquia da empresa; total falta de ética entre alguns colegas de trabalho no processo de mudança organizacional”. C3s C3s “Na minha visão se tratando da parte [...] o clima ficou muito pesado. [...] foi operacional a transição foi benéfica, melhorando com o passar do tempo, pois todos tem uma ótima relação”. mas ainda há alguns resquícios. Haja vista que ainda tem colaboradores do grupo que dominava. [...] quanto a permanência de todos os colaboradores na empresa, pois a situação trabalhista que foi adotada (contrato temporário) é frágil e a empresa é obrigada a realizar concurso público para contratação de novos colaboradores e a grande maioria dos atuais colaboradores será desligada da empresa [...]nunca deixaram de se empenhar nas atividades que lhe foram delegadas, pode-se sentir uma melancolia no ar, que afeta sim o ambiente organizacional. Colaboradores que esbanjavam otimismo, hoje andam cabisbaixos”. 14 Fonte: autoras (2014) O clima organizacional foi afetado pelas mudanças decorrentes desta transição, os colaboradores da Cai. Docas relatam sobre a rapidez como eram tratados os problemas, a indefinição de enquadramento nas funções, falta de ética entre alguns colaboradores, porém cabe ressaltar que “Hoje temos um clima organizacional bem estruturado e sem grandes problemas” (C3s). Os colaboradores da SCPAR ressaltam que a transição foi benéfica e há uma ótima relação entre eles. Já um segundo pesquisado acredita que o “clima ficou pesado”, havendo ainda resquícios nas relações entre os colaboradores. E devido à contratação temporária, há no ambiente melancolia e falta de otimismo. Entende-se que a pesquisa de clima organizacional, segundo Bispo (2006, p. 262): [...] é fundamental para se construir um local cada vez melhor para se trabalhar. E o primeiro passo é ouvir os colaboradores de forma clara e transparente lançando mão de um instrumento comprovadamente eficaz e que certamente norteia as tomadas de decisões dos gestores com relação ao clima interno da empresa. Sendo então necessária uma pesquisa de clima. Marconi e Lakatos (1990) afirmam que o intuito da Pesquisa de Clima Organizacional é medir o nível de satisfação dos colaboradores com relação aos aspectos do ambiente organizacional e ao comportamento das pessoas na integração entre elas. O resultado final da Pesquisa de Clima Organizacional deve apresentar as informações necessárias para a identificação de oportunidades de melhoria e a elaboração de um plano de ações. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A finalidade principal deste estudo foi analisar as alterações no clima organizacional, resultantes da transição ocorrida no Porto Organizado de Imbituba SC, de uma concessão de empresa privada para uma delegação de empresa pública, assim como as consequências deste ambiente na vida dos colaboradores. Visou-se primeiramente fazer um lineamento histórico do cenário, bem como de todos os envolvidos que estão inseridos na questão da administração do Porto Organizado de Imbituba, posteriormente conceituou-se temas que a transição abordou. Não obstante, destacou-se a questão do Clima Organizacional percebido por alguns profissionais que compõem a organização. A importância do enfoque ao tema vem em consonância com o impacto que este fato gerou na cidade de Imbituba, uma vez que a Administração do Porto de Imbituba era composta por pessoas da cidade. Com a chegada e tomada do poder pela SCPar, o clima de incertezas gerou ruídos até na comunicação empresarial. A nova administradora tinha então alguns desafios, tais como, reestruturação do Organograma do Porto, constituir e institucionalizar-se como administração pública, seguindo todos os princípios que regem a administração pública, manter e gerar melhorias para na infraestrutura portuária, mudar o layout conforme a demanda dos serviços e cumprir prazos e exigências do Órgão interveniente ANTAQ e outros, como a Receita Federal. Uma tarefa um tanto árdua para uma empresa recém-criada. 15 Somado a todos estes requisitos temos o clima organizacional como consequência do processo de transição. À SCPar Porto de Imbituba S.A. como de direito conferido pelo Governo Estadual e este por sua vez concedido pelo Governo Federal, caberia decidir o que fazer com os funcionários da antiga administradora. No entanto, seu posicionamento foi de manter uma conduta coerente e amigável com os colaboradores. Ainda assim, alguns decidiram se desligar por questões pessoais. Travaram-se então disputas judiciais e ruídos internos que refletiram no clima. Os relatos representaram apesar da divisão de opiniões a respeito do clima organizacional, uma tendência a adaptação as novas mudanças. Mesmo os colaboradores entrevistados que afirmaram haver tensão e preocupação entre as relações, afirmam que é possível gradativamente se adaptar a nova estrutura. Por meio desta pesquisa, se pode conferir uma amostra de ambos os lados e criar um direcionamento a respeito da saúde motivacional da empresa, uma vez que Cultura, Mudança e Clima estão intrinsecamente ligados a Motivação. Com base nestas colocações, sugere-se o investimento nas relações interpessoais, aspectos motivacionais e, sobretudo, no processo e integração e comunicação organizacional diante da nova situação administrativa da instituição. REFERÊNCIAS BISPO, Carlos A. Ferreira. Um novo modelo de pesquisa de clima organizacional. EESC – USP, 2006. BOSSLE, Ondina Pereira. Henrique Lage e o Desenvolvimento Sul Catarinense. Florianópolis: Ed. UFSC. 1981. BRASIL. Portaria do Ministério dos transportes nº 1040 de 20 de dezembro de 1993. BRASIL. Convênio de Delegação nº 01 de 06 de novembro de 2012. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 8 Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. CODA, R. Pesquisa de clima organizacional e gestão estratégica de recursos humanos. In: BERGAMINI, C. W. CODA; R. (organizadores). Psicodinâmica da vida organizacional: motivação e liderança. São Paulo: Atlas, 1997. _______. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, vol. 8, n. 21, p. 1-1, 2006. 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