Centro Hospitalar de Lisboa - Hospital
de Santo António dos Capuchos
Serviço Social Hospitalar
Uma realidade virtual ?
A. Social – Dra. Ludovina Almeida
História do Serviço Social
Finais do séc. XIX e início do séc. XX nos Estados Unidos
Mary Richmond (1861-1928)
Pioneira e criadora do Serviço Social
“ uma operação essencial para a reintegração social do ser humano”.
O Serviço Social aparece da estreita relação com a saúde podendo-se
afirmar que é sobretudo constitutiva da sua identidade profissional.
Mary Richmond, introduz a visita domiciliária no
serviço social com base na influência de Florence
Nightingale (fundadora da enfermagem moderna)
que utilizava como estratégia operacional as
“visitadoras de saúde” (health visitors).
Portugal (1935) - Escolas de Serviço Social em Lisboa e Coimbra
II Guerra Mundial - A profissão é reconhecida pelo Estado Novo
como “indispensável” e as Assistentes Sociais são integradas nos
principais Serviços Públicos.
Serviço Social Hospitalar
•
•
•
Hospitais Universitários de Coimbra (1941)
Hospital Psiquiátrico Júlio de Matos em Lisboa (1942)
IPO de Lisboa (1948).
Reforma Hospitalar (1968) (DL nº 48 357 e 48 358)
O Serviço Social consagra-se definitivamente dando-lhe a sua
importância, especificando as finalidades, funções e o seu
organograma hospitalar.
Modelo clássico de Serviço Social
O Serviço Social nas suas origens é caracterizado na
relação higiene, saúde e educação, ainda hoje
estão subjacentes na nossa prática diária de
trabalho.
O Que é o Serviço Social
“Está inserido no campo das ciências humanas como
disciplina profissional destinada a intervir na realidade
humano – social” Falcão (1979)
Procura criar uma atitude crítica sobre as causas/efeito dos
problemas sociais e recursos disponíveis.
Para que os sujeitos afectados por variados problemas
articulem uma acção organizada e transformadora que os
supere.
Intervém dirigindo-se a uma determinada população alvo e pretende
promover o desenvolvimento de capacidades sociais (colectivas ou
individuais):
• Cognitivo
• Relacional
• Organizativo
Actua sobre as inter-relações Homem – Sociedade, proporcionando
ao indivíduo o acesso a novas experiências, capacitando-o para a
satisfação das suas necessidades e aspirações.
Um profissional necessita de “ delinear tácticas e estratégias de
actuação” Faleiros (1985), para que os indivíduos participem no seu
próprio processo de desenvolvimento/ resolução das suas próprias
situações de vida.
Serviço Social no Hospital
O Que Faz O Assistente Social na Área da Saúde Hospitalar?
“ Nenhuma profissão tem razão de existir se não conseguir justificar
a sua actividade profissional perante a população ”Collière (1989)
O Assistente Social Hospitalar deve ter um papel activo junto de
determinada população alvo que visa a promoção e protecção dos
direitos do doente no processo de reabilitação e cura.
“ inserindo o factor doença, de um modo racional, como algo, com o qual o doente
terá necessariamente que continuar a viver, constituindo-se a relação
técnico/doente como um dos meios privilegiados para o desenvolvimento de
competências sociais” Carvalho (Int. Social, 28,2003)
No Hospital o Serviço Social assume como
Campo de Intervenção, o doente na dimensão “
psicossocial”, isto é, o Assistente Social não
acompanha só o doente na sua condição
saúde/doença mas também “ nos seus papéis
sociais e nas redes de sociabilidade”.
Funções Assistente Social
Acolher – consiste em reunir informações susceptíveis de dar resposta
às necessidades do doente e da família;
Detectar - quais as necessidades gerais do mesmo – processo designado
por diagnóstico da situação;
Informar - sobre os Direitos e Deveres;
Desenvolvimento de Competências Sociais - preparando-o para o
regresso à comunidade (casa, família, contexto social) tanto quanto
possível através dos seus próprios meios, promovendo uma atitude
de autonomia e fomentando um comportamento responsável.
Encaminhar - para os diversos recursos internos e externos,
referências a entidades públicas ou privadas, que podem auxiliar na
resolução dos seus problemas (Centros de Saúde, Autarquias, Escolas,
Inst. S. Seg. Social, Centros de Dia, S. C. Misericórdia,
Embaixadas/Consulados, Comunidades Terapêuticas, Centros de
acolhimento/Albergues, Lares, Serviço Estrangeiro Front. (SEF), etc...)
SERVIÇO DE CIRURGIA 5
ESTATISTICA
Idade
70
60
50
40
mulheres
30
homens
20
10
To
ta
l
S/
in
fo
r.
>9
1
11
-2
0
21
-3
0
31
-4
0
41
-5
0
51
-6
0
61
-7
0
71
-8
0
81
-9
0
<1
0
0
Numero de doentes
36
mulheres
homens
60
Estado civil
60
60
50
40
36
mulheres
30
23
20
14
17
13 12
10
6
5
2
0
casad o
homens
so lt eiro
d ivo rciad o
viúvo
1
0
união de
Fact o
3
0 0
o ut ra
0
s/
inf ormação
To t al d e
d oent es
Situação Profissional
s/ informação
0
outra
2
2
2
Baixa
5
3
4
desempregado
pensionista
mulheres
7
homens
0
0
reformado
46
18
3
activo
0
4
10
20
30
40
50
Situação Familiar
35
21
homens
16
5
0
1 1
s/
in
ds
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ve
só
am
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6
3
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5
mulheres
10
6 7
ou
tra
10
Eq
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ra
da
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Situação economica
10
s/ informação
7
rendimentos
suficientes
21
10
Baixos
Rendimentos
Mulheres
Homens
25
15
Ausência de
rendimentos
4
4
0
5
10
15
20
25
30
Condições habitacionais
23
25
20
15
10
14
12
homens
9
6
5
0
22
2
1
6
6
3
1
00
Mulheres
4
3
0
11
0
ou
tra
s
ca
s
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pr
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ão
0
Regime
outras
s/ inf ormação
s/ abrigo
4
0
0
0
7
hab. c/ barr. Arquit
Mulheres
1
hab. desestruturada
habitação def icitária
4
3
homens
8
0
0
0
47
hab. inf raestruturada
22
0
10
20
30
40
50
Dependencia fisica
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
17
17
12
9
5
10
9
Homens
7
6
Mulheres
4
0 0
Independente
em certas
situações
Intervalos
distânciados
Intervalos
Frequentes
Dependente
s/ informação
Destino pós-alta
s/ informação
0
0
Outro
3
1
Falecido
Outras instituições de Apoio
8
4
0
1
Outro hospital/ serviço
mulheres
1
Homens
2
5
5
Lar/ instituição
Casa de familiares amigos
12
3
Domicílio
31
20
0
5
10
15
20
25
30
35
Tipos de actuação
4
Articulação c/ Inst. De Saúde
4
Enc. Para Atribuição de Subsídios
5
7
6
4
Enc. Apoio Domicilário
1
Enc. Inst. Ap. Grupos Específicos
0
6
2
0
Visita domicilária
Ajudas Técnicas
10
1
Enc. Centro de Dia
Enc. Integração em Lar
36
25
Outros tipos de actuação
Mulheres
11
1
Homens
34
15
Informação Funcional
12
Apoio Assistencial
Apoio Psico- social à família
4
4
Apoio Psico- social ao doente
4
0
12
5
10
15
20
25
30
35
40
Obstáculos Psico-sociais
50
47
40
30
25
Homens
20
Mulheres
10
0
0 0
4 3
3
6
0
Inexistência de Estruturas
Falta de resp.
estrut.
co munitárias A tempada ao
Co munitárias
saturadas
pedido
2
Redes pess.
Não
funcionais
5
6 5
3
Redes pess.
Inex. ou ñ
perceptiveis
o utro s
s/ obstáculo s
Acompanhamento pós-alta
20
20 18
18
15
12
10
5
feed- back
0
apoio social
homens
Mulheres
Tempo de Resolução
1
2
2 meses ou mais
1 mês
1
1
3 semanas
1
1
2 semanas
Mulheres
4
1 semana
7
Homens
7
2
menos de 3 dias
43
26
0
10
20
30
40
50
Diferença entre alta clinica e social
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
45
27
Homens
Mullheres
1
coincidentes
4
< de 1
semana
1
3
1 semana
3
5
2 semana
1 1
3 meses
1 1
1 mês
2 1
2 meses ou
mais
Caso A
Nome - “ Maria”
Idade - 76 anos
Estado civil - solteira
Profissão - reformada
Redes familiares - sem redes familiares ( irmã falecida) ou de vizinhança
Residente - Lisboa
Entrada no Serviço de Cirurgia ( 5.2) (de acordo com relatório médico):
• Múltiplos reinternamentos
• Agravamento do estado de consciência
• Desidratação e mau estado geral ( acamada)
• Sequelas de AVC
• Múltiplas úlceras de pressão
• Mastectomizada
• SNG
• Não reagindo a estímulos verbais
Diligências realizadas:
• Estabelecimento de Contactos (SCM Lx.) para efectivar pedido de
apoio económico para integração em lar
• Localização e efectivação provisória de vaga num lar (requisitos da
SCMLx)
• Gestor de negócios para efectuar os pagamentos mensais ao lar (
receber a reforma e levantar o subsídio da SCMLx);
• Pedido de ajudas técnicas e envio da respectiva declaração médica
(fraldas, medicamentos, algálias, SNG, material para efectuar pensos
etc.)
Resultados:
Integração em lar após 73 dias de protelamento da alta clínica, como
resposta adequada face à situação clínica da doente garantindo a
continuidade de cuidados clínicos diários, não pondo em risco a
sua integridade física, evitando a continuação de
reinternamentos hospitalares.
Caso B
Nome - “ Manuel ”
Idade - 21 anos
Estado civil - solteiro
Profissão – auxiliar de panificação ( vencimento mensal
baixo),
baixo grau de escolaridade
Redes familiares – mãe de 74 anos (viúva, doméstica)
Residente - Lisboa (prédio de avançado estado de degradação,
referenciado pelas autoridades competentes da
eminência de derrocada a qualquer momento)
• Situação referenciada - pelo próprio utente
• Consulta Externa de Cirurgia (pós alta clínica) - diagnóstico
de apendicite aguda.
• O doente é portador de deficiência mental ligeira.
Diligências realizadas:
•
•
•
•
•
•
Levantamento da situação sócio - familiar e visita domiciliária
Suporte informativo e encaminhamento para atribuição de Pensão de Sobrevivência
Contactos e envio de relatório social detalhado para:
Junta de Freguesia e C.M.L
Serviço Municipal da Protecção Civil de Lisboa (Bombeiros Sapadores e PSP)
efectuaram
reavaliação do imóvel, tendo de imediato a família sido realojada
provisoriamente
(pensão)
Assistente Social da SCM Lx para proceder a pedido de apoio económico para renda
habitacional
Encaminhamento para Centro de Dia da família ( alimentação)
Atendimentos para acompanhamento psicossocial face à enorme ansiedade, medos, angústias,
desorientação da família
Articulação com a colega da SCM Lx na localização de outra habitação e viabilização de
subsídio eventual para caução da mesma ( pedido indeferido e dinheiro cedido pela entidade
patronal do utente )
Resultados
•
•
•
A família efectuou outro contrato de arrendamento
Subsidio de renda por tempo indeterminado (SCML)
Manifestam actualmente integração e estabilidade do ponto de vista sócio - familiar
VANTAGENS /DESVANTAGENS
DO ASSISTENTE SOCIAL NO SISTEMA DE
SAÚDE
VANTAGENS:
Papel de mediador entre Utente e o Sistema, ou seja, quando o
indivíduo acede ao hospital, o Assistente Social é um dos elos de
ligação entre Família/Médico e outros profissionais da Saúde.
Viabiliza informações, normas, regras, rotinas e/ou
procedimentos da instituição hospitalar, de modo que, possam
facilitar ou amenizar um processo difícil e muitas vezes
traumático de estar internado ou ser familiar de alguém que está.
Melhorar a imagem e organização da Instituição
Gabinete de Utente é exemplificativo de mediar
conflitos/tensões entre utente e sistema hospitalar
O utente ao ter acesso a Instituições e a cuidados
prestados em ambulatório promove melhor qualidade
de vida e previne múltiplos re-internamentos
DESVANTAGENS:
Burnout
Ambiguidades de papéis ( o que é esperado e por quem )
Falta de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido
Feedback negativo por parte de outros profissionais
Expectativas não realistas por parte dos familiares dos doentes.
Lidar com uma população com ansiedade e medos
Desgaste emocional
Fundamental é gostar de trabalhar com
pessoas, ter interesse pelas suas “histórias
de vida”, os seus problemas e sobretudo
respeito pela Autonomia e Liberdade
Individual.
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Centro Hospitalar de Lisboa - Hospital de Santo António dos