Administrador
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01
90
PROFISSIONAL
ano
XXXI
nº
novembro 2008
01
O
90 DOS ADMINISTRADORES PROFISSIONAIS DE SÃO PAULO
IS ÓRGÃO INFORMATIVO
O
IS
Os estilistas deixam a
administração para
quem entende
Administrador Profissional - Novembro - 2008
1
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Administrador Profissional - Novembro - 2008
Nas eleições do mês passado, os brasileiros tiveram a oportunidade de escolher novos
prefeitos ou reeleger os que, na sua opinião, mereciam continuar administrando os destinos
das 5.563 cidades do País. É evidente que a grande maioria não é administrador formado, mas
terá de se comportar como tal, já que uma das principais obrigações é a de gerir os recursos
públicos disponíveis, de forma responsável.
A legislação não impõe ao prefeito uma formação mínima, mas é necessário que entenda de
Administração, Direito e Economia, além de outros conceitos fundamentais em uma gestão.
Por isso, a tarefa é árdua. Dessa forma, o mínimo que se espera dos novos prefeitos é que
encontrem gestores públicos que lhes ensinem os princípios da profissão e da gestão, tais
como a busca da eficiência, foco nos resultados, desenvolvimento de políticas econômicas e
sociais e a aplicação de investimentos de acordo com as verbas disponíveis, sempre tendo
o cidadão como principal beneficiado. É claro que ninguém vai exigir que sigam o
Código de Ética da profissão do Administrador, mas que procurem executar suas
funções baseados em um modelo de ética e dignidade.
EDITORIAL
Acionistas das cidades
Hoje, a realidade da Administração Pública é diferente da de duas décadas,
em que o governante praticamente fazia o que bem entendia. Leis como a
da Responsabilidade Fiscal limitaram sua atuação, impondo-lhe percentuais
máximos para pagamento de funcionários, Educação e Saúde. A verdade é
que sobra pouco para tocar todos os programas, mas também é verdade que
quando existe “vontade política” aliada a uma boa gestão, pode-se fazer muito.
Por conta disso, sugerimos aos administradores profissionais registrados no
CRA-SP que procurem atuar como se fossem acionistas dos municípios,
cobrando dos gestores eleitos os melhores resultados, bem como fiscalizando
seus desempenhos. Afinal, não existe passagem da História em que
as mudanças sociais, políticas e econômicas – e agora tecnológicas –
alcançaram os resultados esperados sem o perfeito uso da Administração.
Adm. Carlos Eduardo Uchôa Fagundes
CRA-SP 21929 - Presidente
EXPEDIENTE
CONSELHO EDITORIAL
Conselho Regional de Administração de São Paulo - CRA-SP
Presidente: Carlos Eduardo Uchôa Fagundes
Vice – Presidente Administrativo: Cid Nardy
Vice – Presidente para Relações Externas: Antônio Geraldo Wolff
Vice – Presidente para Assuntos Acadêmicos: Idalberto Chiavenato
Vice – Presidente de Planejamento: Mauro Kreuz
Diretor Secretário: Joaquim Carlos Dias
Diretor Secretário: José Alfredo Machado de Assis
Diretora Tesoureira: Teresinha Covas Lisboa
Diretor Tesoureiro: Paulo Roberto Segatelli Câmara
Conselheiros: Ademar Luiz Mendonça Júnior, Ana Josefina Guerra de
Andrade, Anna Luiza do Amaral Boranga, Carlos Antônio Monteiro,
Hamilton Luiz Corrêa, Luiz Carlos Vendramini, Luiz Eduardo Reis de
Magalhães, Sílvio Augusto Minciotti
Representantes no CFA
Roberto Carvalho Cardoso e Walter Sigollo
Entidade certificada NBR ISO 9001 pela SGS-ICS
________________________________________________________
ADM -Associação Brasileira de Administração
Presidente: Carlos Eduardo Uchôa Fagundes
Vice-Presidente: Walter Sigollo
1º Secretário: Cid Nardy
2º Secretário: Marcio Gonçalves Moreira
1º Tesoureira: Ana Josefina Ferraz Guerra de Andrade
2º Tesoureira: Teresinha Covas Lisboa
Conselho Fiscal: Joaquim Carlos Dias, Marcos Silveira Aguiar, Paulo
Roberto Segatelli Câmara
Suplentes: Ana Cristina Villares Barbosa, José Vicente Messiano e
Roberto Gouveia Quartim
Sindicato dos Administradores no Estado de São Paulo - SAESP
Presidente: Roberto Carvalho Cardoso
1º Secretário: José Vikcente Messiano
2º Secretário: Dácio Penna Cesar Dias
1º Tesoureiro: Mauro José Aita
2º Tesoureiro: Waldecy de Carvalho
Suplentes: Edson José Diaféria e Francisco Sylvio de Oliveira Mazzuca
Conselho Fiscal: Alain Florent Stempfer, Guilherme Quintanilha de
Almeida, Milton Huppert Monte Carmelo
Suplentes: Ralph Jordan, Roberto Gouveia Quartim e Ruy Marcello
Gomes Pinto
Entidade Certificada NBR ISO 9001 pela SGS-ICS
________________________________________________________
Sindicato das Empresas de Administração no Estado de São Paulo
- SINDAESP
Presidente: Carlos Eduardo Uchôa Fagundes
1º Secretário: Cid Nardy
2º Secretário: Joaquim Carlos Dias
1º Tesoureira: Ana Josefina Ferraz Guerra de Andrade
2º Tesoureira: Teresinha Covas Lisboa
Conselho Fiscal: Ana Akemi Ikeda, Antônio Geraldo Wolff e Paulo
Roberto Segatelli
Suplentes: Hamilton Luiz Correa, Jorge Elias Aoni e Luiz Eduardo Reis
de Magalhães
Publicação do Conselho Regional de Administração de São Paulo
CRA-SP, ADM - Associação Brasileira de Administração, Sindicato
dos Administradores no Estado de São Paulo – SAESP e Sindicato das
Empresas de Administração no Estado de São Paulo - SINDAESP
Marketing e Comunicação: Gláucia Pascoaleto Araújo Coordenação Editorial: Notas e Notícias Edit. S/C Ltda. Praça Alpha
de Centauro, 54 – Térreo – Conj 3 – Santana de Parnaíba (SP) – Editor
e Jornalista Responsável: Jorge Abduch (MTb 13.164) – Projeto
Gráfico: BCS Comunicação – Produção e Arte Final: Notas e
Notícias - Tel (11) 3772-6562 - Sugestões, Críticas e Reclamações:
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dos Administradores no Estado de São Paulo – SAESP e Sindicato das
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Administrador Profissional - Novembro - 2008 3
SUMÁRIO
Administrar
ou criar:
Eis a questão
Destaque
Para Paulo Skaf,
presidente da Fiesp, a
sociedade precisa se
engajar nas grandes causas
de interesse nacional
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5
Educação a
Distância
O mercado está deixando de ser
cético, quando o assunto são
profissionais que estudaram a
distância
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Contas Públicas
Alterar a Lei de Responsabilidade
Fiscal é insensatez, afirmou o
senador Jarbas Vasconcelos, em
pálestra no CRA-SP
10
Administração
em Saúde
Melhoria do poder aquisitivo do
brasileira o leva a buscar serviços
privados de saúde, diz Ewaldo
Russo, diretor superintendente
do Fleury
12
Teletrabalho
Pesquisa inédita sobre
teletrabalho para portadores
de deficiência é apresentada
no CRA-SP pela pesquisadora
Sonia Boraiov
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Administrador Profissional - Novembro - 2008
18
Pequenas Empresas
20
Atividades do conselho 22
Empresa Familiar 24
Espaço do Administrador25
Livros
26
Destaque
A sociedade
não está
imobilizada
Para presidente da Fiesp, o movimento
que culminou com a extinção da
CPMF mostra o quanto é importante o
engajamento da sociedade
Uma vitória histórica da sociedade
brasileira. Assim definiu Paulo Skaf,
presidente da Federação e do Centro
das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp/Ciesp), o fato de o Senado ter
rejeitado, em 13 de dezembro do ano
passado, a proposta que prorrogava a
cobrança da Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira
(CPMF), a partir de janeiro deste
ano. Em nota distribuída à imprensa,
à epoca, ele disse que “a sociedade
brasileira, com argumentos concretos
e absoluta transparência, contribuiu
para que os parlamentares pudessem
refletir e votar pelo cumprimento
da Constituição e pelo bem-estar
do Brasil”. Na realidade, a extinção
da contribuição muito se deveu
a um movimento liderado pelas
entidades que Skaf dirige e que
resultou na coleta de um abaixoassinado com mais de 1,3 milhão de
assinaturas. No começo de julho,
diante da possível aprovação da
Contribuição Social para a Saúde
(CSS), que tem como objetivo
substituir a CPMF – o tributo já
passou pela Câmara dos Deputados
e aguarda votação no Senado -, a
Fiesp, com o apoio de cerca de 200
instituições de classe, voltou à carga.
Lançou um movimento também pela
sua extinção, por entender que a
cobrança é inconstitucional.
Esses são exemplos da liderança
desenvolvida por Skaf. Além de
presidir as duas entidades de maior
representação da indústria paulista, a
Fiesp e o Ciesp, acumula as direções
do Instituto Roberto Simonsen,
centro de estudos avançados mantido
pela indústria, e do Conselho
Regional do Sesi-SP e integra o
Conselho Deliberativo do
Administrador Profissional - Novembro - 2008
5
destaque
Sebrae-SP. Embora não seja a única
liderança empresarial surgida nos
últimos anos, muitos o classificam
como tal, por ser o principal
porta-voz de 150 mil indústrias
paulistas, e por ter devolvido à Fiesp
o prestígio de defender a iniciativa
privada e a economia de mercado,
ter livre acesso entre autoridades
políticas, coragem para promover
ações que beneficiam a indústria e a
sociedade, capacidade de conversar
e de negociar, entre outros atributos.
“Concordo que poucas lideranças
têm despontado no País, mas credito
isto ao curto período histórico
desde a redemocratização, em
1994. A Constituição de 88, marco
de nosso atual regime político,
completou apenas 20 anos, dia 5
de outubro último. Com certeza,
o amadurecimento da democracia
fará brotar, paulatinamente, novas
lideranças”, afirma.
Apesar da escassez de novos líderes
e de o muito que a sociedade tem de
avançar em termos de democracia
participativa, Skaf entende que
ela não está imobilizada. O maior
exemplo disso, segundo ele, foi o
movimento que culminou com a
extinção da CPMF. “Uma prova de
quanto é importante o engajamento
da sociedade nas grandes causas
de interesse nacional”, ressalta.
Não é à toa, portanto,
que ele diz que o
empresariado está em
estado de alerta e
unido, em caráter
permanente,
em prol da
redução da
carga tributária.
“Nosso sistema de
impostos é oneroso
demais, burocrático,
injusto e pouco transparente.
Temos boa oportunidade de eliminar
esse gargalo no projeto de reforma
tributária em trâmite no Congresso
Nacional, mas é preciso aperfeiçoálo muito, pois está aquém das
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Administrador Profissional - Novembro - 2008
necessidades do País”, enfatiza.
Para ele, as reformas estruturais
necessárias ao desenvolvimento do
País já deveriam ter sido realizadas
há muito tempo. “Se feitas de
maneira adequada, não só criariam
ambiente mais propício aos negócios
e investimentos, como também
protegeriam o Brasil de maneira
mais sólida no contexto de uma crise
tão grave como a enfrentada pela
economia mundial hoje”, afirma. Na
sua opinião, o modelo do Estado
brasileiro, além de anacrônico, é
inchado, burocrático e oneroso.
“Nem mesmo os governos que
se seguiram à redemocratização
conseguiram corrigir esses vícios
atávicos de nosso setor público.
Porém, é preciso reconhecer que
houve avanços desde o advento do
Plano Real. Conseguimos debelar
a inflação e, mais recentemente,
equacionar a dívida externa e
acumular uma expressiva reserva
cambial. Esses são bons exemplos,
mas é preciso avançar mais em
termos de modernidade, probidade,
responsabilidade fiscal e eficácia na
gestão pública. E cabe lembrar que,
nos últimos anos, fomos favorecidos
por um cenário positivo na economia
mundial”. Apesar disso, o Brasil está
entre as oito maiores economias
do mundo. Para Skaf, mais do que
expressar a classificação numa
equação matemática, é fundamental
deixar claro que a imensa capacidade
de superação, a inesgotável energia
e a competência dos empresários,
executivos e trabalhadores
brasileiros constituem o alicerce
socioeconômico mais sólido do País.
Autoridade produtiva
No começo de seu mandato, o
presidente Lula criou o Conselho
de Desenvolvimento Econômico
e Social (CDES), com o objetivo
de assessorá-lo na formulação de
políticas e diretrizes voltadas ao
desenvolvimento do País. Apesar
de reunir pessoas gabaritadas nas
mais diversas áreas de atuação, a
contribuição desse conselho ainda é
pequena. Ciente de que as lideranças
empresariais podem ser um caminho
para levar planos de desenvolvimento
ao governo, Skaf ressalta que a
Fiesp tem dado mostras de como
é possível encaminhar propostas
eficazes ao setor público. “Chamo
isso de autoridade produtiva”, diz,
ao lembrar que, antes de tudo, é
preciso realizar estudos consistentes
para embasar tais sugestões. E os
resultados têm sido positivos. “Temos
conseguido relevantes conquistas
como desonerações tributárias,
linhas especiais de financiamentos,
em especial para microempresas,
desburocratização e condições
mais adequadas para as operações
cambiais dos exportadores. Esses
são apenas alguns exemplos de
como podemos e devemos intervir
civicamente nos temas de interesse
maior da sociedade”, justifica.
Diante do número cada vez
maior de empresas dedicadas
ao bem comum, outra área em
que a Fiesp atua com vigor é a da
responsabilidade socioambiental.
O termo, segundo seu presidente,
é o que melhor define a atitude a
ser adotada pela sociedade para
intervir na saga da sobrevivência da
presente civilização. Tanto que, por
meio do Sesi-SP (Serviço Social da
Indústria), que tem 125 mil alunos,
e do Senai-SP (Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial), que
registra mais de um milhão de
matrículas por ano, as entidades,
além de ministrar, respectivamente,
ensino fundamental e educação
profissional de qualidade, incutem
nos alunos os conceitos de gestão
socialmente responsável. “Com o
trabalho dos distintos departamentos
e conselhos dessas entidades, nos
quais atuam voluntariamente mais
de seis mil nomes da inteligência
brasileira, propomos políticas
públicas ao governo e ações efetivas
às empresas, em áreas como meio
ambiente, tecnologia, pesquisa,
economia, gestão e governança
corporativa. Buscamos, ainda,
intervir no processo político, quando
está em risco a inegociável meta do
crescimento. Não há dúvida de que a
prática do civismo abre perspectivas
para a civilização, quanto à
viabilidade de uma sociedade global
mais próspera, justa e feliz”.
CORAJOSOS GUERREIROS
Desde que Paulo Skaf assumiu o primeiro
mandato à frente da Fiesp, um dos papéis da
entidade é o de apoiar ações do setor, como a
criação do Departamento da Micro, Pequena e
Média Indústria. Outra medida foi a ampliação
da oferta de bolsas de estudo no Senai-SP para
empresas com até 99 funcionários. “Além disso, a
entidade liderou a frente empresarial fiadora
da aprovação da Lei Geral da Micro e da Pequena
Empresa, um grande avanço para esse segmento,
que tirará da informalidade mais de cinco
milhões de pequenos negócios”, afirma.
Ele lembrou que a Fiesp também realizou o 3.º
Congresso das Micro e Pequenas Indústrias, em
outubro, ocasião em que foram assinados dois
importantes convênios de cooperação, que visam
a promoção de melhorias e desenvolvimento
das micro, pequenas e médias indústrias. O
primeiro com o Insituto Euvaldo Lodi (IEL) e o
segundo com o Sindicato das Empresas e Serviços
Contábeis e das Empresas de Assessoramento,
Perícias, Informações e Pesquisas no Estado de
São Paulo (Sescon). “São exemplos do empenho
que temos realizado por essas organizações, que
representam 98% das empresas formais do País,
geram 16 milhões de empregos e detêm 20% do PIB
(Produto Interno Bruto) brasileiro. Os pequenos
e microempresários são corajosos guerreiros aos
quais o País deve muito”, finalizou.
Administrador Profissional - Novembro - 2008
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administração a distância
O que conta é o
conhecimento
Ensino a distância ganha
credibilidade e “explode” com
avanço da tecnologia
Depois de abandonar três cursos
de ensino superior – entre eles o de
Administração na Universidade Paulista
e o de Arquitetura na Universidade de
Guarulhos - a paulista Eliana Winck
descobriu uma maneira que a levará
a se graduar daqui a três anos, sem
ter de comparecer às salas de aula.
No começo deste ano, passou a fazer
parte do curso de Administração a
Distância ministrado pela Faculdade
de Administração de Brasília, por
intermédio da Associação Internacional
de Educação Continuada (AIEC),
primeira entidade autorizada pelo
Ministério da Educação (MEC) a
manter um curso nessa área no Brasil
via Internet. O curso foi reconhecido
em 2005, um ano antes da
formação da primeira
turma.
O que fez Eliana
optar por essa
modalidade de ensino
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Administrador Profissional - Novembro - 2008
faz parte de uma realidade que atinge
milhares de pessoas: a falta de tempo,
principalmente de quem vive nas
grandes cidades, para atender aos
requisitos de um curso de graduação
presencial. Por conta dos constantes
deslocamentos motivados pelo seu
trabalho de implantação de sistemas de
qualidade, mal conseguia comparecer às
aulas, o que a levou a desistir dos cursos
que freqüentava. Caso semelhante foi
vivenciado por Pedro Júlio Pinheiro, que
concluiu o curso em 2006 pela mesma
escola. “Na época, era funcionário
do Banco do Brasil. Meu horário de
trabalho conflitava com o dos estudos”,
afirmou. Hoje, aposentado, ressalta a
importância do curso em sua vida. “O
banco recorre a ex-funcionários com
conhecimentos em Administração
para atuar junto aos Conselhos Fiscais
de empresas, nas quais o Fundo Previ
mantém investimentos”.
Os exemplos servem para ilustrar
porque o número dos cursos superiores
de Educação a Distância (EAD) passou
de 52 para 349 – um crescimento de
571% -, entre 2003 e 2006, de acordo
com o Censo da Educação Superior
divulgado em dezembro do ano
passado pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep). Como
conseqüência, o número de
estudantes também aumentou.
Passou de 49 mil para 207 mil
no mesmo período, o que
corresponde a 315% de
crescimento. A modalidade
que era
ofertada por
apenas sete
instituições, em
2000, hoje está
presente em 77
escolas, das quais 20
de Administração. No
total, são 349 cursos.
Flexibilidade
Para Carlos Bielschowsky, secretário
de Educação a Distância, a evolução
tecnológica nos últimos quatro anos
e a criação da Universidade Aberta
do Brasil (UAB), sistema formado
por instituições públicas de ensino
superior, as quais se comprometem
a levar ensino superior público de
qualidade aos municípios brasileiros,
com base na educação a distância,
deram credibilidade ao método de
ensino, contribuindo para o seu
desenvolvimento. Prova disso, segundo
o secretário, são os resultados do Exame
Nacional de Avaliação de Desempenho
de Estudantes (Enade), que mostram
que os alunos de cursos a distância
vão tão bem quanto os de cursos
presenciais, sendo que, em alguns casos,
o desempenho é melhor.
Não é para menos. Baseado em
sofisticada tecnologia educacional e
ensinado por profissionais altamente
capacitados, os cursos mantêm o
mesmo conteúdo, duração e carga dos
presenciais, e requerem os mesmos
trâmites para a sua admissão, inclusive
a realização de vestibular. O de
Administração ministrado pela AIEC,
por exemplo, é distribuído em oito
semestres, num total de 3.600 horasaula. As aulas são semipresenciais, ou
seja, o aluno realiza atividades tanto via
rede como em classe. Como o conteúdo
das matérias à disposição 24 horas por
dia, pode escolher o melhor horário
para estudar. Apesar da distância física,
os alunos fazem parte de turmas de até
50 pessoas, que se reúnem mensalmente
para a execução de provas e trabalhos
em grupo.
importantes a serem considerados
na hora de se optar por um curso a
distância. Pessoas com dificuldades
de concentração e que trocam
com facilidade os livros e as tarefas
encaminhadas pela Internet por
distrações proporcionadas pelo
computador terão mais êxito se
freqüentarem as aulas convencionais.
Como afirma o professor e pesquisador
de Educação André Genesini, o EAD
exige um aluno que consiga gerenciar
seu tempo e seu estudo.
Essa flexibilidade, no entanto, não
significa arrefecimento. “Se ele não
cumprir as atividades determinadas
nesses encontros, terá problemas”,
diz Eliana. “Dedicava três horas
por dia”, acrescenta Pinheiro. Esse
comprometimento revela que a
automotivação é um dos itens mais
Fim do ceticismo
Se, até há pouco tempo, predominava
o ceticismo dos empregadores em
relação à capacidade dos profissionais
formados a distância, hoje, tem-se a
certeza de que são tão bons quanto
os que freqüentam as universidades
tradicionais. Muitos classificavam
a modalidade como uma espécie
de “primo pobre” da educação
convencional. Porém, os avanços
tecnológicos recentes, como a Internet,
as tecnologias audiovisuais (CDs,
DVDs, Blue Rays) e a telefonia, estão
mudando esse conceito. O primeiro a
não discriminar é o próprio Ministério
da Educação, uma vez que o diploma
de um curso a distância é o mesmo de
um presencial. Segundo Genesini, o
que determina a qualidade de um curso
é o seu planejamento pedagógico.
“Existem bons e ruins dos dois lados”,
afirma. Em outras palavras: se ainda
existe uma “ponta de desconfiança”, ela
está se desfazendo. “Não acredito que o
mercado olhe torto para quem estudou
a distância nem deixa de pagar mais. A
modalidade deixou de ser tendência,
virou realidade. O que conta mesmo é
o conhecimento”, finalizou Eliana.
Administrador Profissional - Novembro - 2008
9
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Um marco na
Administração Pública
Brasileira
Assim é a Lei de
Responsabilidade
Fiscal para o
senador Jarbas
Vanconcelos.
Em palestra no
CRA-SP, criticou
os que querem
descaracterizá-la
10
Administrador Profissional - Novembro - 2008
Considerada o principal pilar para
a busca do equilíbrio das contas
públicas, a Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF) completou oito anos
em maio. Nesse período, seu grande
mérito foi o de contribuir para que
Estados e municípios ajustassem as
despesas com pessoal e reduzissem as
contas para patamares administráveis.
Porém, apesar de positiva, a lei corre
sério risco de ser descaracterizada,
justamente por quem mais deveria
zelar pelo equilíbrio fiscal, o governo
federal. Preparado pelo Ministério
da Fazenda, o Executivo encaminhou
ao Congresso, em novembro do ano
passado, o projeto de lei complementar
nº 132/2007, que propõe, entre outros
pontos, a dispensa das exigências da
LRF quanto às condições e limites para
endividamento e rolagem de dívidas
de um governo para outro. Em junho,
o texto foi aprovado pela Câmara dos
Deputados e encaminhado ao Senado
para apreciação. Caso seja ratificado,
ficam autorizadas a reestruturação de
dívidas mesmo quando os limites de
endividamento fixados pelo Senado
e os gastos com pessoal estiverem
além dos estabelecidos pela LRF.
Hoje, o descumprimento das regras
impede que Estados e municípios
contratem operações de crédito,
recebam transferências voluntárias ou
obtenham garantias de financiamentos.
Em palestra no CRA-SP, a convite do
Grupo de Excelência “Administração
Pública”, o senador Jarbas Vasconcelos
(PMDB-PE) defendeu a manutenção
da LRF original, por entender que, ao
lado do Plano Real, ela é fundamental
para a estabilidade da economia. “Em
vez de querer reduzir as exigências
dessa lei, o governo deveria consolidar
as suas determinações, tornando os
gastos públicos mais transparentes
e com um maior controle por parte
da sociedade. A mudança deveria
começar pelo próprio Orçamento
Geral da União, uma peça de ficção,
que é hoje instrumento de negociatas
políticas entre os poderes Executivo
e Legislativo”, justificou, ao dizer que
a experiência como gestor a frente
da prefeitura de Recife e do governo
de Pernambuco, por duas vezes, o
fez ver com desconfiança qualquer
tentativa de afrouxar o controle sobre
as finanças públicas.
Ele lembrou que antes de a inflação
ser estancada, os gestores públicos
gastavam sem controle e até davam
aumentos generosos para os
servidores públicos. Contavam com
o fato de que a ciranda financeira por
ela promovida cobria em pouco tempo
qualquer abuso monetário. “No meu
segundo mandato como prefeito de
Recife, dois anos antes da implantação
do Plano Real, o meu secretário da
Fazenda errou o cálculo do reajuste
dos funcionários. À noite, informoume do ocorrido e, para sua surpresa,
mantive o reajuste. Além de entender
não ser um procedimento correto
alterar às 20 horas o que fora decidido
às 14 horas, disse-lhe para não ficar
preocupado, pois a inflação de dois
meses era suficiente para cobrir o erro.
O processo inflacionário é perverso,
principalmente para a população de
baixa renda, e permite ao governante
esse tipo de prática”, enfatizou. Ainda
segundo ele, outro recurso que parte
dos gestores públicos utilizava era
o de não pagar nas datas certas. “O
empreiteiro apresentava uma fatura
e quando a recebia, a inflação já
havia comido boa parte. O pior é que
essa prática era um convite para a
corrupção”.
Insensatez
Para Vasconcelos, a aprovação
da LRF representa um marco na
administração pública brasileira, já
que o equilíbrio das finanças passou
a ser regido por meio de regras
claras e transparentes. “Os gestores
perceberam que não podiam mais
ser sócios da ciranda financeira e da
correção monetária”, disse. Até porque,
para que a lei vigorasse sem qualquer
sobressalto, dois anos antes de sua
implantação, as contas públicas dos
Estados foram ajustadas por meio de
uma renegociação das dívidas com
o governo em condições bastante
generosas: prazo de pagamento de 30
anos, com juros de 6% ao ano. Mesmo
assim, lembrou, por várias vezes os
governadores quiseram abrir uma nova
renegociação. “Sempre resisti, apesar
de admitir não ser fácil destinar até
13% da arrecadação líquida do Estado
para pagar dívidas do passado. Tinha a
convicção de que se a União não tivesse
assumido o papel de único credor dos
Estados, estaríamos numa situação de
completa bancarrota”, enfatizou.
Em um momento em que a
instabilidade ronda a economia
mundial e a inflação corre o risco
de voltar, Vasconcelos chama de
insensatez o fato de o governo querer
flexibilizar a lei. “Permitir que Estados
e municípios contratem empréstimos
ou reestruturem suas dívidas, mesmo
que alguns dos Poderes gastem com
pessoal mais do que o permitido
é inadmissível. Alterá-la significa
premiar quem não faz o dever de
casa corretamente”, destacou. Ele
entende não ser justa a argumentação
de que o Estado não pode ser punido
pelo descumprimento dos Poderes
Legislativo e Judiciário, em que pese
serem poderes independentes. “O
ajuste fiscal não pode ser exigido
apenas do Executivo. Se o Legislativo
e o Judiciário estiverem em desacordo
com a LRF, devem ser chamados à
ordem”, reforçou.
Vasconcelos acredita que somente uma
reforma política eliminaria a relação de
submissão entre os Poderes Executivo
e Legislativo. “O Congresso Nacional,
que abriu mão da sua obrigação de
legislar ao aceitar a avalanche de
medidas provisórias, agora assiste
ao Supremo Tribunal Federal ser
obrigado a se posicionar por causa
de omissões do Legislativo”, disse. E
finalizou: “ A reforma política fará pelo
exercício da política o que a Lei de
Responsabilidade Fiscal fez pela boa
gestão pública: colocar o Brasil num
novo patamar de desenvolvimento”.
Administrador Profissional - Novembro - 2008 11
ADMINISTRAÇÃO EM SAÚDE
A saúde privada
brasileira está
crescendo
Entre os motivos, o descontentamento com os serviços públicos
e a melhoria da situação econômica do brasileiro
As famílias bancam 60,2% aproximadamente R$ 103 bilhões
- de todos os gastos com saúde no
País e o setor público arca com
38,8% (R$ 66,6 bilhões). Os dados,
baseados no período entre 2000
e 2005, fazem parte do estudo
“Economia da Saúde” realizado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), em parceria com
o Ministério da Saúde, a Fundação
Oswaldo Cruz, a Agência Nacional
de Saúde Suplementar e o Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea). “Seguindo
uma tendência
mundial, os
gastos com
saúde privada
no Brasil vem
crescendo.
Mas ainda
12
Administrador Profissional - Novembro - 2008
são muito baixos, cerca de 10% do
que gastam países como Estados
Unidos e Canadá, que chegam a
dispender US$ 7 mil por habitante
a cada ano”. A afirmação foi feita
pelo médico Ewaldo Russo, diretor
superintendente dos Laboratórios
Fleury, em palestra no CRA-SP, a
convite do Grupo de Excelência
“Administração em Saúde”.
Ao traçar um panorama da
saúde privada brasileira, Russo
disse que 21% da população
–aproximadamente 39 milhões
de habitantes – têm planos de
assistência médica. Em 2000, eram
quase 31 milhões. O aumento tem
a ver com o descontentamento
com os serviços oferecidos pela
rede estatal, mas também é
reflexo da melhoria da situação
econômica. “Quando atingem
a classe C, um dos itens que
passam a incorporar é o plano
de saúde. Essa mudança
de comportamento
contribui
para que
fiquem mais
informados,
sejam mais
participativos
nas decisões
e exijam
serviços que
atendam os
avanços da
Medicina,
o que eleva os gastos com a saúde”,
esclareceu Russo.
Outros fatores que colaboram para
a elevação são a diminuição da taxa
de mortalidade e o conseqüente
envelhecimento da população.
Segundo o IBGE, a população
acima de 60 anos cresceu 47,8% nos
últimos dez anos. A expectativa de
vida que hoje é de 72,7 anos, deverá
subir para 78 anos, em 2030.
Para diminuir os altos custos da
assistência médica, as empresas
estão adotando planos coparticipativos, nos quais os usuários
pagam uma pequena parte toda
vez que usarem os serviços. Esse
sistema, disse, já é utilizado por 81%
das empresas com planos médicos.
Investimentos na promoção de
saúde e prevenção de doenças são
“armas” usadas para garantir uma
força de trabalho sadia e, assim,
evitar mais despesas no futuro.
Uma modelo que vem sendo
utilizado nos Estados Unidos é o
depósito de um determinado valor
na conta do funcionário para ser
usado com a saúde. Para que isso
seja possível no Brasil, de acordo
com Russo, a legislação teria de ser
modificada. Do contrário, passa
a integrar o salário. Conforme ele
finalizou, é uma outra fórmula
que poderá contribuir para o
crescimento da saúde privada.
Administrador Profissional - Novembro - 2008 13
Capa
A moda se veste com
administração
Os estilistas descobriram que para criar têm de deixar a
gestão dos negócios para quem entende
O estilista Tufi
Duek desfila na
SPFW Verão 2009
14
Administrador Profissional - Novembro - 2008
O que leva alguém a vender uma
empresa sólida, lucrativa, sem passivos
fiscais e trabalhistas para se tornar seu
funcionário? Calma! A atitude não tem
nada de insanidade, principalmente
quando se trata de deixar de lado o
que não se tem aptidão para fazer, no
caso administrar, para desenvolver
o que mais gosta – inventar e criar
moda. Foi o que fez o estilista Tufi
Duek, considerado um dos mais
importantes criadores da moda
brasileira, ao passar o controle das
marcas que detinha (Tufi Duek, Fórum
Tufi Duek, Fórum e Triton) para o
grupo catarinense AMC Têxtil. O
acúmulo das tarefas administrativas,
que começou há cinco anos quando
seu irmão Isaac deixou a sociedade,
estava em conflito com a arte que
desenvolve, ou seja, não conseguia
administrar e criar ao mesmo tempo.
Além disso, revelou que pesou em sua
decisão a morte repentina de sua mãe.
Imaginou perder tudo, caso faltasse,
já que suas duas filhas, segundo ele,
não têm senso empresarial. “Estava
pensando em como faria para tocar
a empresa no futuro. A proposta foi
interessante, mas ressalto que a grife
não estava à venda. Não tinha dívidas
nem a necessidade de capital, mas vi
que os compradores continuariam
meus projetos e pagariam à vista.
Então, aceitei”, disse Duek.
Com a entrada das novas marcas,
o AMC Têxtil, que faturou no ano
passado R$ 500 milhões e que já
tem em seu portifólio o controle das
grifes Colcci, Sommer, Carmelitas,
licenciamento da linha Coca-Coca
Clothing e a Malhas Menegotti,
tornou-se um dos maiores e mais
importantes conglomerados de
moda do País. A transação, além de
render um bom dinheiro ao estilista,
o manteve em seu escritório, na
mesma fábrica e com os mesmos
assistentes. Isso porque vendeu apenas
as marcas. O imóvel da fábrica e o
de duas lojas importantes continuam
sendo dele, que recebe aluguel por
isso. Ou seja, presta serviço para
os novos proprietários que, por sua
vez, são também seus inquilinos.
Duek assinou um contrato de três
anos para ser diretor de criação da
empresa, renovável. Receberá também
participação nas vendas das marcas
até 2025. O contrato prevê ainda
uma quarentena de cinco anos para
a abertura de um negócio do mesmo
ramo, a menos que seja um ateliê.
O caso de Duek não é isolado. Faz
parte de uma onda de compras de
marcas da moda iniciada há dois
anos. Engrossam a relação, estilistas e
marcas renomados como Alexandre
Herchcovitch, Rosa Chá e Paulo
Borges, idealizador do maior evento
de moda da América Latina, a São
Paulo Fashion Week. Na maioria dos
casos, o estilista fica apenas com o
lado criativo do negócio, enquanto a
administração passa para o controle
de fundos de investimentos em
moda e consumo. A intenção dos
investidores, ao gerenciar as marcas,
é ficar mais próximo de um setor
que no ano passado, segundo dados
do Instituto de Estudos e Marketing
Industrial, movimentou US$ 28
bilhões de dólares, um crescimento de
16,5% em relação a 2006. Na Europa
e nos Estados Unidos, as aquisições
de grupos de moda acontecem
desde o final dos anos 80. A francesa
LVMH, por exemplo, detém mais de
60 marcas, entre elas as tradicionais
Christian Dior e Louis Vuitton. Sua
principal concorrente é o grupo PPR,
também francês, que cuida de grifes
como Gucci e Balenciaga. No Brasil,
apesar de ser um fenômeno recente,
tudo indica que a onda veio para
ficar. Há, pelo menos sete grupos
fazendo aquisições no País, revelou
Amir Siama, presidente da Associação
Brasileira de Estilistas.
Mas há também quem se decidiu por
uma solução “caseira” para manter
sua grife no rumo do crescimento.
É o caso da ex-modelo Cris Barros.
Dona da marca que leva seu nome, em
apenas cinco anos conseguiu ser uma
das estilistas mais procuradas pela alta
moda paulistana. Logo no lançamento
de sua primeira coleção, em 2002,
o estoque previsto para durar três
meses foi vendido em apenas 15
dias. O sucesso repentino fez que
percebesse que o desenvolvimento do
negócio ia além de sua criatividade
para desenhar moda. Era necessário
ter uma administração eficiente e um
rigoroso controle de custos para fazer
frente à produção de 50 mil peças
por ano, que são distribuídas em 60
pontos-de-venda em todo o Brasil e
em lojas de luxo de 12 países, entre
eles Estados Unidos e África do Sul.
Estimativas do mercado apontam para
um faturamento anual de cerca de R$
10 milhões, com crescimento de 30% a
cada coleção.
A solução foi dividir a gestão dos
negócios com dois sócios – a irmã
Daniela, que atuava no mercado
financeiro, e o cunhado Luiz Felipe
Verdi, formado em Administração
pela FGV, com MBA (Master Business
in Administration) na Kellogg,
uma das escolas de negócios
mais conceituadas dos Estados
Unidos. Daniela ficou com o
gerenciamento das áreas de
custos e de planejamento de
vendas. Verdi, que para se
tornar sócio da grife pediu
demissão da Booz Allen
Hamilton, onde trabalhava
como consultor, divide
com a mulher a parte
administrativa, financeira
e de exportação. É
responsável também pela
formação de parcerias,
que representam 5% da
receita da empresa, pela
angariação de patrocínios
com organizações que,
para divulgarem suas
marcas, bancam os
catálogos e os desfiles,
e pela redução da
terceirização das etapas
mais estratégicas da
produção, como
modelagem e corte
de tecidos.
Manutenção
da essência
Uma das exigências dos criadores
de moda ao venderem suas grifes
é que não sejam descaracterizadas
em sua essência. Felizmente não
parece ser essa a proposta de quem
investe nesse tipo de aquisição.
O entendimento é o de que para
haver expansão do novo negócio
e, conseqüentemente, mais
competitividade e rentabilidade, é
preciso que as marcas permaneçam
intactas. Daí a importância de
manter os estilistas nos cargos de
direção de criação, já que, mais
do que os nomes, emprestam
estilo e confiabilidade.
De qualquer forma, dizem
os especialistas, o assédio
dos investidores é bem-
Modelos
apresentam
coleção
primavera-verão
2008/2009 da
estilista Cris
Barros
Administrador Profissional - Novembro - 2008 15
Capa
vindo, pois valoriza as marcas. Mostra
também que a profissionalização do
setor, que teve início dos anos 90, é um
caminho sem volta. Naquela época,
as grifes internacionais passaram
a ocupar com mais intensidade
as vitrines das principais lojas do
País. Para sobreviverem, as grandes
etiquetas nacionais tiveram de investir.
Com isso, ganharam produtividade
e avançaram tecnologicamente.
Empresas de porte, como a AMC
Têxtil, InBrands – ligada ao banco
UBS Pactual -, e consultorias em
gestão de moda estão alcançado
sucesso em função de modelos
de gestão eficazes, o que passou a
despertar a atenção de estilistas que
pretendem crescer com mais capital e
organização.
A maioria das marcas nas mãos dos
estilistas apresenta receitas tímidas,
que não servem como garantia para
empréstimos de longo prazo, o que
inviabiliza os investimentos. Com isso,
perdem a oportunidade de aproveitar
o crescimento do poder de compra
dos brasileiros. É nesse espaço que
se encaixam os investidores, mesmo
que alguns deles desconheçam os
meandros da moda. São profissionais
que sabem explorar a fragilidade
econômica que ronda o setor, têm
capital abundante e sabem que uma
marca bem gerenciada significa ganho
certo.
É preciso cautela
Mas, como em qualquer negócio,
recomenda-se cuidado a quem
pretende se desfazer do controle
administrativo de suas grifes. Com a
pretensão de investir R$ 36 milhões
em 2008, a I’M (Identidade Moda) –
ligada ao grupo HLDC e comandado
por dois ex-executivos do Patrimônio
Private Equity - planejava comprar
diversas marcas e assim se tornar um
dos grupos mais fortes da moda no
País. Desse total, R$ 14 milhões seriam
canalizados na abertura de novas lojas
e o restante no marketing das marcas.
Já trazia desde 2006 em seu portifólio
marcas como a Zoomp, que crescera
quase 40% em pouco mais de um ano,
e a Zapping, tradicionais etiquetas do
mundo jovem. No começo do ano,
passou a controlar os licenciamentos
relacionados à moda dos estilistas
Alexandre Herchcovitch e Fause
Haten.
Os dois já não integram mais o
grupo. Herchcovitch acreditava
que a venda tornaria suas grifes
mais democrática, ao possibilitar
que mais pessoas tivessem acesso
Ferramenta de
Marketing
A Air France, uma das maiores empresas aéreas do mundo,
completou, dia 7 de outubro, 75 anos de atividades. Em todos
esses anos, a empresa usou como ferramenta de Marketing a
disseminação da moda francesa, por meio de uniformes usados
pelos comissários de bordo, desenhados por designers e estilistas
famosos, como Pierre Cardin, Christian Dior e Christian Lacroix.
A modelo, ao lado, veste Christian Lacroix.
16
Administrador Profissional - Novembro - 2008
Desfile da
Coleção Verão
2009 de Alexandre
Herchcovitch
na SPFW
às roupas. A negociação também
permitiria que concretizasse o sonho
de internacionalizar a marca, ao
mesmo tempo em que pudesse se
dedicar mais à criação. Chegou até
dizer que havia tomado cuidado
para não fazer parte do grupo de
estilistas que venderam suas marcas
e que resultaram em experiências
mal-sucedidas. Infelizmente foi
o que aconteceu. Em entrevista
concedida ao jornal o “Estado de S.
Paulo”, cujas declarações foram por
escrito, Herchcovitch, que contou
com a supervisão do departamento
jurídico para evitar mais problemas
com a I’M, disse que foi seduzido pela
proposta de continuar sendo diretor
de criação das marcas Herchcovitch
Jeans, Herchcovitch, Alexandre e
Zoomp, e também diretor criativo do
grupo. “Além desses cargos e uma boa
remuneração, as marcas sofreriam
uma injeção de recursos visando a
um crescimento grande. Porém, o que
mais me deixou seduzido foi a idéia de
gestão, que parecia bastante eficiente”,
disse. Mas, tentativas de mudanças
sobre o que havia sido combinado
sobre a forma de pagamento e até os
valores contratuais contribuíram para
que o negócio fosse desfeito em abril.
Porém, por acreditar que a aquisição
de marcas por grandes grupos
favorece a moda brasileira – “traz
profissionalização, competitividade,
fazem gestão” -, Herchcovitch não
perdeu tempo. Aceitou a proposta
da InBrands, holding de moda do
fundo PCP, que tem em seu portifólio
nomes fortes como Ellus, 2nd Floor,
Isabela Capeto e Paulo Borges. O
objetivo da holding, segundo seu
presidente Gabriel Felzenswalb, é
oferecer suporte administrativo,
financeiro e operacional, tocar
negócios com a “cabeça dos donos”.
Ou seja, transformar colaboradores
em donos e não em empregados, já
que a busca é por empreendedores
que desejam participar de algo maior
e que consideram a InBrands apenas
um grupo gestor necessário para o
desenvolvimento de seus negócios. Em
outras palavras, um novo sócio.
Já o desligamento de Haten teria sido
motivado pelo atraso do pagamento
do valor acordado. Deixou para trás a
marca que levava o seu nome e abriu
outra marca, a FH.
Recentemente a carteira da InBrands
ganhou um novo parceiro: a
Luminosidade, que administra a São
Paulo Fashion Week, do estilista Paulo
Borges. “Ganharemos estrutura e
recursos adicionais para concluir os
planos iniciais de um projeto que foi
pensado para se desenvolver em 30
anos”, afirma, ao dizer que terá mais
tempo para se dedicar à parte criativa
e ao desenvolvimento de projetos.
A nova sociedade, segundo Borges,
vai fortalecer a moda no sentido
estratégico e global, aumentando cada
vez mais a visibilidade do evento.
Novo campo
O novo cenário abre espaço para o
administrador, a quem cabe viabilizar
negócios adequados, rentáveis,
enfim, descobrir quem é o público
da marca, onde ele está, o que quer
e para onde caminha. De acordo
com Marta Magri, coordenadora
de moda do Senac de São Paulo,
o mercado ainda é carente desse
profissional. Além de sólida formação
acadêmica, visão global, especialização
em história e cultura relacionadas
com a moda, Márcia entende que o
administrador deve ser flexível, ter
jogo de cintura, senso estético apurado
e agilidade decisória diante de um
produto sazonal, conhecimentos
sobre comportamento, facilidade de
adaptação e habilidade em lidar com
o novo.
Apesar de ser graduado em
Administração de Empresas pela
Fundação Getúlio Vargas de São
Paulo, o estilista Carlos Miele, dono
da M. Officer e de uma marca que
leva o seu nome, não participa mais
da administração de suas empresas.
Entregou a gestão a profissionais
contratados para essa finalidade.
“O negócio só cresce quando nos
cercamos de gente que entende de
Administração”, afirma o estilista,
reconhecido por importantes
publicações internacionais, entre elas
The New York Times e International
Herald Tribune, como o designer
brasileiro de maior renome no
exterior. Em outras palavras: no
mundo da moda não há espaço para
amadores.
Administrador Profissional - Novembro - 2008 17
TELETRABALHO
Uma alternativa para a
inclusão trabalhista
Teletrabalho abre
espaços para
portadores de
deficiência
Analisar a situação sócio-trabalhista
e o perfil de pessoas com deficiência
(PCD), bem como verificar se o
treinamento em Tecnologias da
Informação e Comunicação (TICs)
e o teletrabalho constituem uma
alternativa para a inclusão trabalhista
deste grupo social. Esse foi o principal
objetivo da Pesquisa Telecapacitados
desenvolvida pela Comissão
de Tecnologia da Informação
e Comunicação da Associação
de Usuários de Informática e
Comunicações da Argentina, com
apoio do Centro Internacional de
Pesquisas para o Desenvolvimento
(IDRC), do Canadá. As conclusões
do estudo foram apresentadas no
final de setembro pela pesquisadora
em teletrabalho e coordenadora do
estudo, a argentina Sonia Boiarov, em
primeira mão no CRA-SP, durante a
realização do fórum “Teletrabalho:
uma oportunidade de trabalho para
PCDs”.
Coordenado pelo Grupo de
Excelência “Convergência Tecnológica
e Mobilidade Corporativa” e pela
Sociedade Brasileira de Teletrabalho
e Teleatividades (Sobratt), o evento
contou com o apoio do Instituto
Pró-Cidadania, Associação Brasileira
de Recursos Humanos/SP e Caixa
Econômica Federal. Participaram
também do fórum o artista plástico
Wilton Azevedo, doutor em
Comunicação e Semiótica, que,
baseado em sua experiência de
deficiente f ísico, falou sobre como
vencer as barreiras de acesso - “a
possibilidade de mudança só existe
quando reconhecemos nossa
identidade”, afirmou – e Walter
Dias Massa, empresário do setor de
telecomunicações com especialização
18
Administrador Profissional - Novembro - 2008
em operações de call center, que
explicou como implantar um sistema
de gestão a distância voltado para as
PCDs.
O estudo se preocupou em gerar
informações quantitativas, a
partir de dados obtidos junto aos
departamentos oficiais de estatística
dos noves países pesquisados - Brasil,
Argentina, Chile, Colômbia, El
Salvador, México, Peru, República
Dominicana e Uruguai –, e
qualitativas, por meio de entrevistas
junto aos diversos atores envolvidos
no processo (teletrabalhadores,
organizações não-governamentais,
contratantes, consultores de Recursos
Humanos, setor público e sindicatos).
No Brasil, de acordo com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística,
14,4% da população brasileira têm
algum tipo de deficiência. A média
dos países estudados é de 7,4%. No
total, são quase 40 milhões de pessoas
nessas condições, mas somente
17% se enquadram na População
Economicamente Ativa (PEA), ou seja,
têm como um dos desafios encontrar
uma ocupação ou emprego. “Os
dados oficiais mostram também que
a maioria das PCD sem ocupação
vive dos recursos da aposentadoria
por invalidez, que em muitos países é
inferior ao salário mínimo”, destacou
Sonia.
Conhecimentos escassos
A pesquisa ouviu 1.217 pessoas, das
quais 560 tinham alguma deficiência.
Dessas, 364 responderam que estão
trabalhando, sendo que 66 no regime
de teletrabalho. A coleta de dados
qualitativos se deu por meio de 190
entrevistas detalhadas, das quais
participaram 33 teletrabalhadores.
Entre eles, mais da metade (55%) é
chefe de família, 20 teletrabalham
em casa, oito fora dela e cinco em
ambos os lugares. A maioria (51%)
tem formação superior e 12% não
concluíram a universidade.
a de que o teletrabalho deveria ser
divulgado com mais intensidade.
Entre as atividades que desempenham
estão: ensino virtual, desenho e
comercialização de software e
hardware destinados às PCDs,
serviços de controle de gestão de
acesso aos sistemas computacionais
na empresa, traduções, serviços de
jornalismo digital, telemarketing,
produção independente de áudio
e vídeo, entre outras. Para seis
dessas pessoas, ter capacidade
empreendedora, confiança e desejo
de superação são vitais para quem
pretende se lançar no mercado de
trabalho. Os demais responderam
ser fundamental estarem bem
treinados com as TICs, serem
organizados e disciplinados e ter
em mente que a inserção não é
fácil, mas é um obstáculo que pode
ser vencido. Sobre a experiência
de teletrabalhar, os entrevistados
acreditam que o relacionamento
com o cliente se faz nas mesmas
condições de um trabalhador sem
deficiência e que as PCDs não devem
se sentir discriminadas. O ânimo
e a perseverança são chaves para o
sucesso. Entre as queixas, porém, é
As empresas que contratam PCDs,
geralmente arcam com os custos de
infra-estrutura tecnológica e despesas
com serviços de Internet. Embora
reconheçam que a adaptação ao
emprego é relativamente simples
e que a tecnologia disponibilizada
não é cara, possuem conhecimentos
escassos sobre as políticas públicas
com relação à incorporação
trabalhista dessas pessoas. No setor
público, em que pese o interesse do
Estado em promover o emprego de
teletrabalhadores com deficiência,
não existe infra-estrutura disponível
para absorvê-los. No entanto, como
condutor de políticas destinadas a
essa modalidade de trabalho, segundo
Sonia, o Estado tem condições
de promover ações de inclusão,
desenvolver atividades de treinamento
e apoiar a aquisição de tecnologias.
Pode também conceder incentivos
fiscais a quem investe nesse tipo
de contratação, bem como doar
computadores a PCDs, que já tenham
passado por treinamentos específicos.
Autonomia
Na visão dos consultores de
Recursos Humanos consultados, o
teletrabalhador deve ter um grau
importante de autonomia, já que a
falta de contato diário pode afetar o
controle das tarefas. Entendem que
a falta de informação é a principal
causa que leva as empresas a não
contratarem. A maioria ainda
não descobriu que pessoas com
deficiências podem trabalhar a
distância. Já entre as conclusões
tiradas junto aos sindicatos estão a
preocupação com a triangulação no
vínculo empregatício e as condições
legais (empresa, subcontratante
e PCD), o descumprimento de
direitos trabalhistas e a associação da
modalidade ao mau trabalho.
Nos nove países pesquisados existem
normas constitucionais e legislação
interna contra a não discriminação
dessas pessoas e a igualidade perante
a lei. Na maioria deles, a inserção no
mercado de trabalho é uma imposição
legal. No Brasil, por exemplo, a
lei 8213/91 (conhecida por Lei de
Cotas), em seu artigo 93, estabelece
que empresas que têm de 100 a 200
empregados destinem 2% das vagas
aos portadores de deficiência. Para
as que têm de 201 a 500 empregados,
o percentual sobe para 3%; de 501 a
1000, 4%, e a partir daí, 5%. Porém,
por falta de fiscalização mais efetiva,
muitas ignoram a obrigação. O
problema se agrava porque o Brasil,
ao contrário de Chile e Colômbia, não
tem legislação sobre o teletrabalho.
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Administrador Profissional - Novembro - 2008 19
PEQUENAS EMPRESAS
20
Sócio de sua empresa
O capital de risco é uma excelente opção de captação de recursos e
um auxiliar na gestão das pequenas empresas
Além de ferramentas de gestão, o que
mais precisam as 450 mil empresas
que nascem anualmente no Brasil
são recursos para sobreviver. Um
verdadeiro desafio, pois a busca
de financiamentos nesse estágio
sempre foi dif ícil, já que prevalece a
desconfiança do mercado em relação
ao sucesso dos empreendimentos.
No entanto, o segmento de venture
capital, ou capital de risco, surge
como uma opção para atender a
essa demanda. A modalidade, que
consiste na aquisição de participação
societária de empresas que
apresentam chances de crescimento,
está em franca expansão no País.
Em resumo, significa a entrada
de investimentos em companhias
cujos produtos e serviços são
inovadores e que, por conta disso, têm
potencial para atrair a atenção dos
consumidores.
Figueiredo ressalta o papel do Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) e o da
Financiadora de Estudos e Projetos
(Finep), empresa ligada ao Ministério
da Ciência e Tecnologia, que desde
2004 encabeçam os investimentos. De
2006 para cá, o BNDES destinou R$
220 milhões, valor que pode chegar
a R$ 830 milhões, considerando a
participação dos demais cotistas. Já a
Finep, tem 16 fundos aprovados, que
totalizam R$ 1 bilhão. Três deles são
de “capital semente”, fundos destinados
a apoiar negócios emergentes em
estágio inicial e com potencial de
crescimento.
Segundo a Associação Brasileira
de Private Equity & Venture
Capital (ABVCAP), o total de
recursos em venture capital
(voltado para empresas em fase de
desenvolvimento) e private equity
(destinados às companhias com
negócios em consolidação ou que
se preparam para abrir o capital na
bolsa) foi de US$ 5,6 bilhões, em 2004.
Só no primeiro semestre deste ano,
esse total foi multiplicado por três
- US$ 17,6 bilhões -, entre recursos
nacionais e estrangeiros. Para Luiz
Eugênio Figueiredo, presidente da
associação, contribuem para o cenário
O capital venture é um investimento
de longo prazo, que pode chegar
a dez anos e que possui uma
expectativa de retorno mais
agressiva que os demais. Além
de fonte adicional de capital,
representa uma chance de
modernização da gestão e do
aumento do relacionamento
com o mercado, já que passam
a contar com a participação
dos investidores no dia-a-dia
dos negócios. A Ace Venture
Capital, por exemplo, cujo foco é
voltado para o ambiente digital,
auxilia na estratégia empresarial,
Administrador Profissional - Novembro - 2008
favorável a isenção de impostos
para estrangeiros que investem na
modalidade e o incentivo para que
as seguradoras e fundos de pensão
partam para o mesmo caminho.
planejamento e
administração
financeira, assessoria
jurídica, formação
e treinamento de
pessoal. Dona de uma
carteira composta por
cinco empresas e com
a previsão de fechar
2008 com outra de até 15
empresas, e que absorverá
investimentos de US$ 10
milhões, a Ace escolhe
empreendimentos cuja
maturação é de
Para Márcio Spata, gerente
do Departamento de Fundos
de Inestimento do BNDES,
a entrada de recursos de
venture capital
é uma espécie de profissionalização
da gestão. Uma prática, segundo ele,
bastante eficaz, considerando que
cerca de 75% das empresas brasileiras
são familiares. Por isso, é importante
saber que a busca de aporte de capi
tal em um fundo dessa natureza
representa diminuição da autonomia
na condução dos negócios. Logo,
desaconselhável para quem prefere
ser o próprio administrador de seu
empreendimento.
Incubadoras
Muitas empresas médias e pequenas
que se destacam nos seus segmentos
nasceram em incubadoras. A PV
Inova, por exemplo, criada há três
anos no Instituto Gênesis, incubadora
da Pontif ícia Universidade Católica
(PUC-RJ), lançou o Télo, telefone
público veicular para os passageiros
se comunicaram de dentro do ônibus,
trens ou metrô, e o Télo Track, sistema
automatizado de gestão de frotas
de ônibus públicos. Segundo André
Averbug, um dos sócios, os primeiros
recursos vieram de um “investidor
anjo” (pessoa que aplica recursos em
um negócio promissor). O dinheiro
foi importante para que se chegasse
ao protótipo do Télo. Um ano depois,
um grupo de oito investidores injetou
mais recursos e recentemente uma
pessoa do ramo imobiliário resolveu
apostar no início da operação. “Os
recursos atingiram R$ 700 mil
reais”, disse Averbug. Lembrou
também que a empresa contou com
empréstimos e cartão do BNDES,
além de ter sido aprovada em
edital de subvenção econômica
da Finep de R$ 800 milhões, a
serem aplicados em pesquisa e
desenvolvimento.
A negociação com um fundo
de venture capital costuma ser
longa e burocrática. A maioria
procura investir em empresas
que apresentam faturamentos
consolidados, mesmo que pequenos.
Daí ser fundamental contar com a
participação de investidores pessoas
f ísicas, principalmente no estágio
inicial, para que oportunidades não
sejam perdidas enquanto o dinheiro
não vem. Foi o que aconteceu com
a PV Inova, que em julho lançou
oficialmente o Télo, em Porto Alegre,
em parceria com a Brasil Telecom. A
novidade será instalada em uma frota
de ônibus da cidade. “Chegamos onde
estamos com o aporte de pessoas
f ísicas. Agora, buscamos parceiros
de grande porte e fundos de venture
capital para continuar crescendo”,
afirmou Averbug.
Atividades do conselho
cinco anos, em média. De acordo
com seu sócio, Marco Fichtner, a
rentabilidade média é alta, cerca
de 50% ao ano durante o período,
em função do campo escolhido: a
Internet. Ele diz que em função do
ganho real de renda da população, o
crescimento anual nessa área varia
de 30% a 50%. Como não bastasse,
acredita que a tecnologia da
informação está alterando
a estrutura de negócios
de varejo. Dessa forma,
segundo Fichtner, por meio
de comércio eletrônico é
possível economizar com
a estrutura de pontosde-venda e ter preços
mais competitivos para o
consumidor.
O Centro Incubador de Empresas
Tecnológicas (Cietec), da Universidade
de São Paulo, viu nascer em 2001
a Adespec, fabricante de colas e
adesivos. A exposição aos vapores
de solvente provocou problemas de
saúde à sua fundadora, Wang Shu
Chen. O fato a levou a se dedicar
ao estudo de alternativas às colas
e selantes que não agredissem a
saúde nem contaminassem o meio
ambiente. A empresa, que nasceu
com um investimento inicial de R$
60 mil, consumiu recursos de sócios
e verbas da Fundação Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo
(Fapesp). O grande salto, no entanto,
deu-se no ano passado, quando
passou a receber investimentos do
Fundo de Investimentos Investech
II, administrado pela Rio Bravo,
gestora que mantém o foco em
pequenas e médias empresas. Com
base nos investimentos do fundo, que
estão sendo destinados à ampliação
e melhoria da infra-estrutura da
unidade fabril, a Adespec espera
elevar o faturamento para R$ 50
milhões até 2012. Ou 25 vezes a
mais do que faturou no ano passado.
Como se vê, o capital de risco está
atento às idéias pouco
tradicionais.
Administrador Profissional - Novembro - 2008 21
Atividades do conselho
Atividades
do conselho
Para representá-lo em diversas
atividades, o CRA-SP destacou os
seguintes administradores:
• Carlos Eduardo Uchôa Fagundes
- Participou da 3.ª Assembléia de
Presidentes do Sistema CFA/CRAs em
2008, em Porto Alegre (RS).
• Antônio Carlos Cassaro Participou da Assembléia Geral do
Conselho Regional de Corretores
de Imóveis (Creci), em São Paulo,
e do programa “CRA-SP vai à
faculdade”; proferiu as palestras: “O
Administrador Profissional: Profissão,
Tendências e o CRA”, no Centro
Estadual de Educação Tecnológica
“Paula Souza”, em Osasco, SP;
“Administração Pública”, na Faculdade
Sudoeste Paulista (FSP), em Avaré, SP;
“Empreendedorismo e Inovação”, na
Fundação Educacional do Município
de Assis (SP)); “Administrador
Profissional: Atualidades e
Tendências”, na Faculdade Campo
Limpo Paulista (SP); “A profissão
do Administrador”, na Faculdade
Itapeceria da Serra (SP); “O
Administrador Profissional”, no Centro
Universitário Anhangüera, em Leme,
SP; “Marketing e Empreendedorismo:
a importância na vida das empresas”,
na Faculdade de Itanhaém (SP);
“Ética nas Empresas: Importância dos
Códigos de Conduta”, nas Faculdades
22
Administrador Profissional - Novembro - 2008
Integradas do Vale do Ribeira, em
Registro, SP; “Administração, Recursos
Humanos e Cooperativismo, como
instrumento de atuação social”, no
Centro de Educação e Cidadania de
Afrodescendentes e Carentes, em São
Paulo.
• Décio Alves de Oliveira Participou da solenidade de colação de
grau da Universidade São Francisco,
em Bragança Paulista.
• Germano Júlio Badi - Participou
da solenidade de colação de grau da
EAESP/FGV, em São Paulo.
• Gilberto Dilela Filho - Proferiu a
palestra “O panorama atual do papel
do Administrador”, na Universidade de
Sorocaba e no Instituto Manchester
Paulista de Educação Superior, em
Sorocaba.
• Hamilton Luiz Corrêa - Proferiu
a palestra “O Administrador e o
Mercado de Trabalho”, na Faculdade
Integrada Paulista, em São Paulo.
• Itamar Revoredo Kunert Proferiu a palestra “A Profissão do
Administrador”, na Faculdade do
Litoral Sul Paulista, em Santos.
• João Batista Pereira Júnior Proferiu as palestras: “Código de
Ética do Administrador”, no Centro
Unisal de Americana; “Importância
do Registro Profissional”, na Faculdade
Hoyler, em Hortolândia; “Registro
Profissional”, na Faculdade Casa
Branca.
• José Alfredo Machado de Assis
- Participou da premiação da “12.ª
Edição do Guia Você S.A-Exame”,
em São Paulo; do “XV Encontro
Latino-americano de Administração”
e do “V Congresso Mundial de
Administração”, em Porto Alegre, RS.
• José Carlos Simões - Proferiu as
palestras: “Perícias do Administrador
- Judiciais e Extraordinárias”, na
União das Faculdades dos Grandes
Lagos, em São José do Rio Preto; “O
Administrador Empreendedor”, na
Faculdade de Ciências Gerenciais
de Votuporanga; “Responsabilidade
Social do Administrador”,
na Fundação Educacional de
Fernandópolis; “A Importância
do Registro Profissional”, na
Faculdade Integrada de Bebedouro;
“O administrador e seu campo de
atividade profissional”, na União das
Instituições Educacionais do Estado
de São Paulo, em Guararapes.
• Marcio Gonçalves Moreira Participou do “XII Prêmio AnefacFipecafi-Serasa, em São Paulo.
• Marcos Silveira Aguiar - Proferiu
as palestras: “Administrador
Profissional Contemporâneo”, na
Universidade do Sagrado Coração,
em Bauru; “Logística”, na Faculdade
Integrada Claretiana, em Rio
Claro; “Ética do Administrador”,
na Universidade Estadual Paulista,
campus Araraquara.
• Maria Valéria Espinos Guerra
Martins - Proferiu as palestras:
“A importância da Mediação e
Arbitragem para o Administrador” na
Universidade de Jales, e “Os Diversos
Aspectos da Profissão e do Mercado
de Trabalho”, na Faculdade Paulista
de Ensino, em Osasco; participou
da composição da mesa de trabalho
da Universidade São Francisco e da
solenidade de colação de grau da
Faculdade Sumaré, ambas em São
Paulo. Ainda na capital paulista,
proferiu as palestras:
As novas perspectivas para o Curso
de Administração”, na Faculdade
Carlos Drummond de Andrade;
“A contribuição do CFA/CRASP para o reconhecimento e o
desenvolvimento da profissão no País”,
no Centro Anhangüera Educacional
e na Faculdade Módulo Paulista;
“A perspectiva da profissão”, na
Universidade Bandeirantes, campus
Campo Limpo; “Mercado de Trabalho
do Administrador”, no Centro de
Habilitação, Filosofia e Cultura
(Chafic);.“O perfil do Administrador
na Atualidade”, na Universidade
Ibirapuera; “Ética e Sustentabilidade”,
na Universidade Radial; e “Ética na
Profissão”, no 26.º Fórum Nacional de
Cidadania Empresarial.
• Roberta de Carvalho Cardoso Proferiu a palestra “Administração,
Ética e Suistentabilidade”, no Hotel
Fazenda Mato Grosso, em Cuiabá,
MT.
• Teresinha Covas Lisboa Participou da inauguração do Centro
Universitário São Camilo, campus
Ipiranga 2, em São Paulo.
Mérito Acadêmico
O CRA-SP entregou o diploma de
Mérito Acadêmico aos seguintes
formandos: Alberto Camargo
Araújo Martins (Universidade São
Francisco, de Bragança Paulista); Alex
Mastropasqua (Faculdade Sumaré,
de São Paulo); Elaine Gomes Vazquez
(Fundação Educacional Inaciana
“Padre Sabóia de Medeiros, de São
Bernardo do Campo); Leonardo
Mathiazzi Lagnado (EAESP/FGV);
e Lígia Alves Sanjar (Fundação
Educacional Inaciana “Padre Sabóia
de Medeiros)
Eleições no CRA-SP:
vitória da chapa 1
Com 75,5% dos votos válidos, os
administradores que integravam a
Chapa 1, em São Paulo, foram eleitos
para compor o quadro de conselheiros
para um mandato de quatro anos
(2009/2012) no Conselho Regional de
Administração (CRA-SP) e de dois
anos (2009/2010) para o Conselho
Federal de Administração.
A Chapa 2 ficou com 24,5% dos
votos válidos. Votos brancos e nulos
representaram, respectivamente,
6,13% e 8,42%.
Os administradores Walter Sigollo,
Cid Nardy e Roberta Carvalho
Cardoso (efetivos); Marcio Gonçalves
Moreira, Alberto Emmanuel de
Carvalho Whitaker e Alexandre Uriel
Ortega Duarte (suplentes); Milton
Luis Milioni (suplente - 2009/2010) e
Mauro Kreuz (suplente vaga especial
- 2009/2010 no CFA) assumirão os
mandatos em janeiro.
Eis os números
da votação
CRA-SP
Chapa 1
Chapa 2
Brancos
Nulos
CFA
Chapa 1 Chapa 2
Brancos
Nulos
6.141
1.619
396
459
5.678
1.843
461
633
Administrador Profissional - Novembro - 2008 23
EMPRESA familiar
Modelos de
relacionamento
com clientes
São vários, mas todos lidam com emoções e valores
Cada empresa deve definir o modelo
que mais se adapte às necessidades,
desejos e expectativas de seus
clientes. O objetivo é criar e manter
relacionamentos duradouros e estáveis.
É o que afirma a administradora Sandra
Regina da Luz Inácio, coordenadora do
Grupo de Excelência “Administração de
Empresa Familiar”. Eis os modelos:
• Modelo de Recompensas: tem por
objetivo recompensar o relacionamento
do cliente e a repetição da compra
com prêmios, bônus ou incentivos.
Esse modelo é muito utilizado por
companhias aéreas e hotéis, que
oferecem viagens, salas vips, translados
gratuitos, entre outros mimos, para
clientes freqüentes.
• Modelo Educacional: visa educar
o cliente para o uso do produto ou
serviço. Através de um programa de
comunicação interativo, um conjunto
de materiais informativos é colocado
à disposição dos clientes, podendo ser
enviados periodicamente ou mediante
solicitação. Esse modelo é muito
utilizado por sites de recolocação
profissional, nos quais o usuário tem, à
sua disposição, materiais diversos sobre
como confeccionar currículos, como se
comportar em entrevistas e dinâmicas,
como orientar seus esforços na busca
de um novo emprego, testes diversos,
chats, pesquisa salarial, boletins e
jornais, entre outras informações úteis.
• Modelo Contratual: funciona como
um clube de clientes. É preciso pagar
uma taxa para se tornar membro e
24
Administrador Profissional - Novembro - 2008
usufruir de uma série de benefícios
exclusivos. Grandes portais são
exemplos desse modelo e oferecem
áreas de acesso restrito aos assinantes.
Associações de profissionais também
utilizam esse modelo.
• Modelo de Afinidade: também
funciona como um clube, com a
diferença de que agrupa pessoas
com interesses comuns. O próprio
interesse ou afinidade traz um alto
nível de resposta, porque cria-se
uma comunidade especializada em
determinado assunto.
• Modelo do Serviço de Valor Agregado:
o cliente é recompensado por seu
relacionamento por meio de algum
serviço agregado à compra do produto
ou ao uso do serviço.
• Modelo de Aliança: é utilizado por
empresas não concorrentes que fazem
uma parceria, ou aliança,
para prestar
um serviço
diferenciado aos clientes que são
comuns.
“Em todo relacionamento, pessoal
ou entre empresas e clientes, lida-se
com emoções e valores. A confiança
e a lealdade determinam a duração e
o término desses relacionamentos. Se
somos tratados com carinho, respeito
e dedicação, também dedicamos os
mesmos. São fatores que aumentam
a percepção de valor dos clientes
em relação às empresas, marcas ou
produtos. Quanto maior o valor
percebido e atribuído, mais fiel o cliente
se torna”, ressalta Sandra.
Ainda para ela, o que diferencia
os relacionamentos pessoais dos
corporativos é o conhecimento sobre os
clientes. “Se você não os conhece, não
pode tratá-los de forma diferenciada. O
verdadeiro valor está no conhecimento
sobre os clientes e no uso desses
conhecimentos
para aprofundar
e manter os
relacionamentos”,
finaliza.
ESPAÇO DO ADMINISTRADOR
As Implicações
da Nova Lei de
Estágio
Com a entrada em vigor da Lei
11.788, de 25 de setembro último,
que determina novas regras para
regulamentar o estágio no Brasil,
empresas, estudantes e escolas passam
por um processo de entendimento e
verificação de necessidades para se
adaptarem à nova lei. Apesar de o
governo cumprir a promessa de inovar
a legislação, essa deixou a desejar
quanto ao fator qualitativo, ao se
preocupar apenas com os números.
Na análise de algumas empresas,
perdeu-se uma grande oportunidade
de adequar o estágio ao mundo do
trabalho, pois não criou medidas
que as aproximem das instituições
de ensino. O fomento à produção de
conhecimento e tantos outros aspectos
qualitativos, infelizmente, não tiveram
a mínima preocupação.
A nova legislação prevê também
estágio para os últimos anistas
do ensino fundamental. No meu
entendimento, o assunto deveria ser
abordado por legislação específica,
a qual olhasse mais para os aspectos
sociais, de cidadania e de inserção
no mercado de trabalho. No estágio
voltado para o ensino médio, houve
uma insistência em colocar regras
semelhantes às dos níveis técnico
e superior, cuja preocupação é a
aplicação prática do aprendizado
profissional. Outro problema que
persistirá é a falta de entendimento de
quem fiscalizará.
Atribui-se ainda, de forma
categórica, à instituição de ensino, a
obrigatoriedade de avaliar previamente
os locais onde os alunos farão
estágio, prevendo inclusive atividades
de acompanhamento e visitas as
empresas. Muitos entendem que a
nova lei irá gerar uma diminuição
nas oportunidades de estágio. Prefiro
acreditar que as empresas que fazem
programas de estágio sérios tenham
flexibilidade e dinâmica para se
adequarem à nova lei.
Eis as principais mudanças: férias
remuneradas, jornada máxima de seis
horas diárias ou 30 horas semanais,
auxílio-transporte, duração máxima
de dois anos na mesma empresa,
cotas de, no máximo, 20% do quadro
de empregados para os casos de
estudantes de ensino médio, inclusão
nos programas de saúde e segurança
de trabalho, e garantia de até 10% das
vagas de estágio para pessoas com
deficiência.
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Adm. Eduardo Collinett
CRA-SP 65.037
Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não retratam necessariamente a opnião da revista nem do CRA-SP.
Administrador Profissional - Novembro - 2008 25
LIVROS
Livros de interesse
do Administrador
competitividade
através da gestão
dA inovação
Edson Zogbi,
Editora Atlas
A gestão da inovação é objeto de
estudo de empresas, profissionais
liberais, consultores, professores e
estudantes que visam obter melhores
resultados em seus trabalhos.
A publicação tem a finalidade de
ajudar o leitor a visualizar esse
contexto e dar os passos corretos para
poder competir melhor no mercado,
evitando desperdícios de tempo e de
dinheiro com escolhas erradas quanto
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Marketing, consultor e autor de outros
três livros e de 20 DVDs didáticos
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que perpetuam
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Mostra como os Conselhos de
Administração devem ser montados
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tornarem decisivos na melhoria do
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perpetuação do empreendimento.
Os conceitos e as práticas abordados
são válidos para qualquer tipo
de empresa, de capital privado
ou público, e entidades sem fins
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