Administrador 269 01 90 PROFISSIONAL ano XXXI nº novembro 2008 01 O 90 DOS ADMINISTRADORES PROFISSIONAIS DE SÃO PAULO IS ÓRGÃO INFORMATIVO O IS Os estilistas deixam a administração para quem entende Administrador Profissional - Novembro - 2008 1 2 Administrador Profissional - Novembro - 2008 Nas eleições do mês passado, os brasileiros tiveram a oportunidade de escolher novos prefeitos ou reeleger os que, na sua opinião, mereciam continuar administrando os destinos das 5.563 cidades do País. É evidente que a grande maioria não é administrador formado, mas terá de se comportar como tal, já que uma das principais obrigações é a de gerir os recursos públicos disponíveis, de forma responsável. A legislação não impõe ao prefeito uma formação mínima, mas é necessário que entenda de Administração, Direito e Economia, além de outros conceitos fundamentais em uma gestão. Por isso, a tarefa é árdua. Dessa forma, o mínimo que se espera dos novos prefeitos é que encontrem gestores públicos que lhes ensinem os princípios da profissão e da gestão, tais como a busca da eficiência, foco nos resultados, desenvolvimento de políticas econômicas e sociais e a aplicação de investimentos de acordo com as verbas disponíveis, sempre tendo o cidadão como principal beneficiado. É claro que ninguém vai exigir que sigam o Código de Ética da profissão do Administrador, mas que procurem executar suas funções baseados em um modelo de ética e dignidade. EDITORIAL Acionistas das cidades Hoje, a realidade da Administração Pública é diferente da de duas décadas, em que o governante praticamente fazia o que bem entendia. Leis como a da Responsabilidade Fiscal limitaram sua atuação, impondo-lhe percentuais máximos para pagamento de funcionários, Educação e Saúde. A verdade é que sobra pouco para tocar todos os programas, mas também é verdade que quando existe “vontade política” aliada a uma boa gestão, pode-se fazer muito. Por conta disso, sugerimos aos administradores profissionais registrados no CRA-SP que procurem atuar como se fossem acionistas dos municípios, cobrando dos gestores eleitos os melhores resultados, bem como fiscalizando seus desempenhos. Afinal, não existe passagem da História em que as mudanças sociais, políticas e econômicas – e agora tecnológicas – alcançaram os resultados esperados sem o perfeito uso da Administração. Adm. Carlos Eduardo Uchôa Fagundes CRA-SP 21929 - Presidente EXPEDIENTE CONSELHO EDITORIAL Conselho Regional de Administração de São Paulo - CRA-SP Presidente: Carlos Eduardo Uchôa Fagundes Vice – Presidente Administrativo: Cid Nardy Vice – Presidente para Relações Externas: Antônio Geraldo Wolff Vice – Presidente para Assuntos Acadêmicos: Idalberto Chiavenato Vice – Presidente de Planejamento: Mauro Kreuz Diretor Secretário: Joaquim Carlos Dias Diretor Secretário: José Alfredo Machado de Assis Diretora Tesoureira: Teresinha Covas Lisboa Diretor Tesoureiro: Paulo Roberto Segatelli Câmara Conselheiros: Ademar Luiz Mendonça Júnior, Ana Josefina Guerra de Andrade, Anna Luiza do Amaral Boranga, Carlos Antônio Monteiro, Hamilton Luiz Corrêa, Luiz Carlos Vendramini, Luiz Eduardo Reis de Magalhães, Sílvio Augusto Minciotti Representantes no CFA Roberto Carvalho Cardoso e Walter Sigollo Entidade certificada NBR ISO 9001 pela SGS-ICS ________________________________________________________ ADM -Associação Brasileira de Administração Presidente: Carlos Eduardo Uchôa Fagundes Vice-Presidente: Walter Sigollo 1º Secretário: Cid Nardy 2º Secretário: Marcio Gonçalves Moreira 1º Tesoureira: Ana Josefina Ferraz Guerra de Andrade 2º Tesoureira: Teresinha Covas Lisboa Conselho Fiscal: Joaquim Carlos Dias, Marcos Silveira Aguiar, Paulo Roberto Segatelli Câmara Suplentes: Ana Cristina Villares Barbosa, José Vicente Messiano e Roberto Gouveia Quartim Sindicato dos Administradores no Estado de São Paulo - SAESP Presidente: Roberto Carvalho Cardoso 1º Secretário: José Vikcente Messiano 2º Secretário: Dácio Penna Cesar Dias 1º Tesoureiro: Mauro José Aita 2º Tesoureiro: Waldecy de Carvalho Suplentes: Edson José Diaféria e Francisco Sylvio de Oliveira Mazzuca Conselho Fiscal: Alain Florent Stempfer, Guilherme Quintanilha de Almeida, Milton Huppert Monte Carmelo Suplentes: Ralph Jordan, Roberto Gouveia Quartim e Ruy Marcello Gomes Pinto Entidade Certificada NBR ISO 9001 pela SGS-ICS ________________________________________________________ Sindicato das Empresas de Administração no Estado de São Paulo - SINDAESP Presidente: Carlos Eduardo Uchôa Fagundes 1º Secretário: Cid Nardy 2º Secretário: Joaquim Carlos Dias 1º Tesoureira: Ana Josefina Ferraz Guerra de Andrade 2º Tesoureira: Teresinha Covas Lisboa Conselho Fiscal: Ana Akemi Ikeda, Antônio Geraldo Wolff e Paulo Roberto Segatelli Suplentes: Hamilton Luiz Correa, Jorge Elias Aoni e Luiz Eduardo Reis de Magalhães Publicação do Conselho Regional de Administração de São Paulo CRA-SP, ADM - Associação Brasileira de Administração, Sindicato dos Administradores no Estado de São Paulo – SAESP e Sindicato das Empresas de Administração no Estado de São Paulo - SINDAESP Marketing e Comunicação: Gláucia Pascoaleto Araújo Coordenação Editorial: Notas e Notícias Edit. 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Estados Unidos, 889 – CEP 01427-001 – São Paulo, SP CRA-SP - Tel (11) 3087-3200 - www.crasp.gov.br [email protected] ADM - Tel (11) 3087.3200 - www.admbrasileira.com.br [email protected] SAESP – Tel (11) 3086-3476 – www.saesp-sp.com.br [email protected] SINDAESP - Tel (11) 3087.3200 - www.sindaesp.com.br [email protected] Administrador Profissional - Novembro - 2008 3 SUMÁRIO Administrar ou criar: Eis a questão Destaque Para Paulo Skaf, presidente da Fiesp, a sociedade precisa se engajar nas grandes causas de interesse nacional 14 5 Educação a Distância O mercado está deixando de ser cético, quando o assunto são profissionais que estudaram a distância 8 Contas Públicas Alterar a Lei de Responsabilidade Fiscal é insensatez, afirmou o senador Jarbas Vasconcelos, em pálestra no CRA-SP 10 Administração em Saúde Melhoria do poder aquisitivo do brasileira o leva a buscar serviços privados de saúde, diz Ewaldo Russo, diretor superintendente do Fleury 12 Teletrabalho Pesquisa inédita sobre teletrabalho para portadores de deficiência é apresentada no CRA-SP pela pesquisadora Sonia Boraiov 4 Administrador Profissional - Novembro - 2008 18 Pequenas Empresas 20 Atividades do conselho 22 Empresa Familiar 24 Espaço do Administrador25 Livros 26 Destaque A sociedade não está imobilizada Para presidente da Fiesp, o movimento que culminou com a extinção da CPMF mostra o quanto é importante o engajamento da sociedade Uma vitória histórica da sociedade brasileira. Assim definiu Paulo Skaf, presidente da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp), o fato de o Senado ter rejeitado, em 13 de dezembro do ano passado, a proposta que prorrogava a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), a partir de janeiro deste ano. Em nota distribuída à imprensa, à epoca, ele disse que “a sociedade brasileira, com argumentos concretos e absoluta transparência, contribuiu para que os parlamentares pudessem refletir e votar pelo cumprimento da Constituição e pelo bem-estar do Brasil”. Na realidade, a extinção da contribuição muito se deveu a um movimento liderado pelas entidades que Skaf dirige e que resultou na coleta de um abaixoassinado com mais de 1,3 milhão de assinaturas. No começo de julho, diante da possível aprovação da Contribuição Social para a Saúde (CSS), que tem como objetivo substituir a CPMF – o tributo já passou pela Câmara dos Deputados e aguarda votação no Senado -, a Fiesp, com o apoio de cerca de 200 instituições de classe, voltou à carga. Lançou um movimento também pela sua extinção, por entender que a cobrança é inconstitucional. Esses são exemplos da liderança desenvolvida por Skaf. Além de presidir as duas entidades de maior representação da indústria paulista, a Fiesp e o Ciesp, acumula as direções do Instituto Roberto Simonsen, centro de estudos avançados mantido pela indústria, e do Conselho Regional do Sesi-SP e integra o Conselho Deliberativo do Administrador Profissional - Novembro - 2008 5 destaque Sebrae-SP. Embora não seja a única liderança empresarial surgida nos últimos anos, muitos o classificam como tal, por ser o principal porta-voz de 150 mil indústrias paulistas, e por ter devolvido à Fiesp o prestígio de defender a iniciativa privada e a economia de mercado, ter livre acesso entre autoridades políticas, coragem para promover ações que beneficiam a indústria e a sociedade, capacidade de conversar e de negociar, entre outros atributos. “Concordo que poucas lideranças têm despontado no País, mas credito isto ao curto período histórico desde a redemocratização, em 1994. A Constituição de 88, marco de nosso atual regime político, completou apenas 20 anos, dia 5 de outubro último. Com certeza, o amadurecimento da democracia fará brotar, paulatinamente, novas lideranças”, afirma. Apesar da escassez de novos líderes e de o muito que a sociedade tem de avançar em termos de democracia participativa, Skaf entende que ela não está imobilizada. O maior exemplo disso, segundo ele, foi o movimento que culminou com a extinção da CPMF. “Uma prova de quanto é importante o engajamento da sociedade nas grandes causas de interesse nacional”, ressalta. Não é à toa, portanto, que ele diz que o empresariado está em estado de alerta e unido, em caráter permanente, em prol da redução da carga tributária. “Nosso sistema de impostos é oneroso demais, burocrático, injusto e pouco transparente. Temos boa oportunidade de eliminar esse gargalo no projeto de reforma tributária em trâmite no Congresso Nacional, mas é preciso aperfeiçoálo muito, pois está aquém das 6 Administrador Profissional - Novembro - 2008 necessidades do País”, enfatiza. Para ele, as reformas estruturais necessárias ao desenvolvimento do País já deveriam ter sido realizadas há muito tempo. “Se feitas de maneira adequada, não só criariam ambiente mais propício aos negócios e investimentos, como também protegeriam o Brasil de maneira mais sólida no contexto de uma crise tão grave como a enfrentada pela economia mundial hoje”, afirma. Na sua opinião, o modelo do Estado brasileiro, além de anacrônico, é inchado, burocrático e oneroso. “Nem mesmo os governos que se seguiram à redemocratização conseguiram corrigir esses vícios atávicos de nosso setor público. Porém, é preciso reconhecer que houve avanços desde o advento do Plano Real. Conseguimos debelar a inflação e, mais recentemente, equacionar a dívida externa e acumular uma expressiva reserva cambial. Esses são bons exemplos, mas é preciso avançar mais em termos de modernidade, probidade, responsabilidade fiscal e eficácia na gestão pública. E cabe lembrar que, nos últimos anos, fomos favorecidos por um cenário positivo na economia mundial”. Apesar disso, o Brasil está entre as oito maiores economias do mundo. Para Skaf, mais do que expressar a classificação numa equação matemática, é fundamental deixar claro que a imensa capacidade de superação, a inesgotável energia e a competência dos empresários, executivos e trabalhadores brasileiros constituem o alicerce socioeconômico mais sólido do País. Autoridade produtiva No começo de seu mandato, o presidente Lula criou o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), com o objetivo de assessorá-lo na formulação de políticas e diretrizes voltadas ao desenvolvimento do País. Apesar de reunir pessoas gabaritadas nas mais diversas áreas de atuação, a contribuição desse conselho ainda é pequena. Ciente de que as lideranças empresariais podem ser um caminho para levar planos de desenvolvimento ao governo, Skaf ressalta que a Fiesp tem dado mostras de como é possível encaminhar propostas eficazes ao setor público. “Chamo isso de autoridade produtiva”, diz, ao lembrar que, antes de tudo, é preciso realizar estudos consistentes para embasar tais sugestões. E os resultados têm sido positivos. “Temos conseguido relevantes conquistas como desonerações tributárias, linhas especiais de financiamentos, em especial para microempresas, desburocratização e condições mais adequadas para as operações cambiais dos exportadores. Esses são apenas alguns exemplos de como podemos e devemos intervir civicamente nos temas de interesse maior da sociedade”, justifica. Diante do número cada vez maior de empresas dedicadas ao bem comum, outra área em que a Fiesp atua com vigor é a da responsabilidade socioambiental. O termo, segundo seu presidente, é o que melhor define a atitude a ser adotada pela sociedade para intervir na saga da sobrevivência da presente civilização. Tanto que, por meio do Sesi-SP (Serviço Social da Indústria), que tem 125 mil alunos, e do Senai-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), que registra mais de um milhão de matrículas por ano, as entidades, além de ministrar, respectivamente, ensino fundamental e educação profissional de qualidade, incutem nos alunos os conceitos de gestão socialmente responsável. “Com o trabalho dos distintos departamentos e conselhos dessas entidades, nos quais atuam voluntariamente mais de seis mil nomes da inteligência brasileira, propomos políticas públicas ao governo e ações efetivas às empresas, em áreas como meio ambiente, tecnologia, pesquisa, economia, gestão e governança corporativa. Buscamos, ainda, intervir no processo político, quando está em risco a inegociável meta do crescimento. Não há dúvida de que a prática do civismo abre perspectivas para a civilização, quanto à viabilidade de uma sociedade global mais próspera, justa e feliz”. CORAJOSOS GUERREIROS Desde que Paulo Skaf assumiu o primeiro mandato à frente da Fiesp, um dos papéis da entidade é o de apoiar ações do setor, como a criação do Departamento da Micro, Pequena e Média Indústria. Outra medida foi a ampliação da oferta de bolsas de estudo no Senai-SP para empresas com até 99 funcionários. “Além disso, a entidade liderou a frente empresarial fiadora da aprovação da Lei Geral da Micro e da Pequena Empresa, um grande avanço para esse segmento, que tirará da informalidade mais de cinco milhões de pequenos negócios”, afirma. Ele lembrou que a Fiesp também realizou o 3.º Congresso das Micro e Pequenas Indústrias, em outubro, ocasião em que foram assinados dois importantes convênios de cooperação, que visam a promoção de melhorias e desenvolvimento das micro, pequenas e médias indústrias. O primeiro com o Insituto Euvaldo Lodi (IEL) e o segundo com o Sindicato das Empresas e Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas no Estado de São Paulo (Sescon). “São exemplos do empenho que temos realizado por essas organizações, que representam 98% das empresas formais do País, geram 16 milhões de empregos e detêm 20% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Os pequenos e microempresários são corajosos guerreiros aos quais o País deve muito”, finalizou. Administrador Profissional - Novembro - 2008 7 administração a distância O que conta é o conhecimento Ensino a distância ganha credibilidade e “explode” com avanço da tecnologia Depois de abandonar três cursos de ensino superior – entre eles o de Administração na Universidade Paulista e o de Arquitetura na Universidade de Guarulhos - a paulista Eliana Winck descobriu uma maneira que a levará a se graduar daqui a três anos, sem ter de comparecer às salas de aula. No começo deste ano, passou a fazer parte do curso de Administração a Distância ministrado pela Faculdade de Administração de Brasília, por intermédio da Associação Internacional de Educação Continuada (AIEC), primeira entidade autorizada pelo Ministério da Educação (MEC) a manter um curso nessa área no Brasil via Internet. O curso foi reconhecido em 2005, um ano antes da formação da primeira turma. O que fez Eliana optar por essa modalidade de ensino 8 Administrador Profissional - Novembro - 2008 faz parte de uma realidade que atinge milhares de pessoas: a falta de tempo, principalmente de quem vive nas grandes cidades, para atender aos requisitos de um curso de graduação presencial. Por conta dos constantes deslocamentos motivados pelo seu trabalho de implantação de sistemas de qualidade, mal conseguia comparecer às aulas, o que a levou a desistir dos cursos que freqüentava. Caso semelhante foi vivenciado por Pedro Júlio Pinheiro, que concluiu o curso em 2006 pela mesma escola. “Na época, era funcionário do Banco do Brasil. Meu horário de trabalho conflitava com o dos estudos”, afirmou. Hoje, aposentado, ressalta a importância do curso em sua vida. “O banco recorre a ex-funcionários com conhecimentos em Administração para atuar junto aos Conselhos Fiscais de empresas, nas quais o Fundo Previ mantém investimentos”. Os exemplos servem para ilustrar porque o número dos cursos superiores de Educação a Distância (EAD) passou de 52 para 349 – um crescimento de 571% -, entre 2003 e 2006, de acordo com o Censo da Educação Superior divulgado em dezembro do ano passado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Como conseqüência, o número de estudantes também aumentou. Passou de 49 mil para 207 mil no mesmo período, o que corresponde a 315% de crescimento. A modalidade que era ofertada por apenas sete instituições, em 2000, hoje está presente em 77 escolas, das quais 20 de Administração. No total, são 349 cursos. Flexibilidade Para Carlos Bielschowsky, secretário de Educação a Distância, a evolução tecnológica nos últimos quatro anos e a criação da Universidade Aberta do Brasil (UAB), sistema formado por instituições públicas de ensino superior, as quais se comprometem a levar ensino superior público de qualidade aos municípios brasileiros, com base na educação a distância, deram credibilidade ao método de ensino, contribuindo para o seu desenvolvimento. Prova disso, segundo o secretário, são os resultados do Exame Nacional de Avaliação de Desempenho de Estudantes (Enade), que mostram que os alunos de cursos a distância vão tão bem quanto os de cursos presenciais, sendo que, em alguns casos, o desempenho é melhor. Não é para menos. Baseado em sofisticada tecnologia educacional e ensinado por profissionais altamente capacitados, os cursos mantêm o mesmo conteúdo, duração e carga dos presenciais, e requerem os mesmos trâmites para a sua admissão, inclusive a realização de vestibular. O de Administração ministrado pela AIEC, por exemplo, é distribuído em oito semestres, num total de 3.600 horasaula. As aulas são semipresenciais, ou seja, o aluno realiza atividades tanto via rede como em classe. Como o conteúdo das matérias à disposição 24 horas por dia, pode escolher o melhor horário para estudar. Apesar da distância física, os alunos fazem parte de turmas de até 50 pessoas, que se reúnem mensalmente para a execução de provas e trabalhos em grupo. importantes a serem considerados na hora de se optar por um curso a distância. Pessoas com dificuldades de concentração e que trocam com facilidade os livros e as tarefas encaminhadas pela Internet por distrações proporcionadas pelo computador terão mais êxito se freqüentarem as aulas convencionais. Como afirma o professor e pesquisador de Educação André Genesini, o EAD exige um aluno que consiga gerenciar seu tempo e seu estudo. Essa flexibilidade, no entanto, não significa arrefecimento. “Se ele não cumprir as atividades determinadas nesses encontros, terá problemas”, diz Eliana. “Dedicava três horas por dia”, acrescenta Pinheiro. Esse comprometimento revela que a automotivação é um dos itens mais Fim do ceticismo Se, até há pouco tempo, predominava o ceticismo dos empregadores em relação à capacidade dos profissionais formados a distância, hoje, tem-se a certeza de que são tão bons quanto os que freqüentam as universidades tradicionais. Muitos classificavam a modalidade como uma espécie de “primo pobre” da educação convencional. Porém, os avanços tecnológicos recentes, como a Internet, as tecnologias audiovisuais (CDs, DVDs, Blue Rays) e a telefonia, estão mudando esse conceito. O primeiro a não discriminar é o próprio Ministério da Educação, uma vez que o diploma de um curso a distância é o mesmo de um presencial. Segundo Genesini, o que determina a qualidade de um curso é o seu planejamento pedagógico. “Existem bons e ruins dos dois lados”, afirma. Em outras palavras: se ainda existe uma “ponta de desconfiança”, ela está se desfazendo. “Não acredito que o mercado olhe torto para quem estudou a distância nem deixa de pagar mais. A modalidade deixou de ser tendência, virou realidade. O que conta mesmo é o conhecimento”, finalizou Eliana. Administrador Profissional - Novembro - 2008 9 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Um marco na Administração Pública Brasileira Assim é a Lei de Responsabilidade Fiscal para o senador Jarbas Vanconcelos. Em palestra no CRA-SP, criticou os que querem descaracterizá-la 10 Administrador Profissional - Novembro - 2008 Considerada o principal pilar para a busca do equilíbrio das contas públicas, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) completou oito anos em maio. Nesse período, seu grande mérito foi o de contribuir para que Estados e municípios ajustassem as despesas com pessoal e reduzissem as contas para patamares administráveis. Porém, apesar de positiva, a lei corre sério risco de ser descaracterizada, justamente por quem mais deveria zelar pelo equilíbrio fiscal, o governo federal. Preparado pelo Ministério da Fazenda, o Executivo encaminhou ao Congresso, em novembro do ano passado, o projeto de lei complementar nº 132/2007, que propõe, entre outros pontos, a dispensa das exigências da LRF quanto às condições e limites para endividamento e rolagem de dívidas de um governo para outro. Em junho, o texto foi aprovado pela Câmara dos Deputados e encaminhado ao Senado para apreciação. Caso seja ratificado, ficam autorizadas a reestruturação de dívidas mesmo quando os limites de endividamento fixados pelo Senado e os gastos com pessoal estiverem além dos estabelecidos pela LRF. Hoje, o descumprimento das regras impede que Estados e municípios contratem operações de crédito, recebam transferências voluntárias ou obtenham garantias de financiamentos. Em palestra no CRA-SP, a convite do Grupo de Excelência “Administração Pública”, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) defendeu a manutenção da LRF original, por entender que, ao lado do Plano Real, ela é fundamental para a estabilidade da economia. “Em vez de querer reduzir as exigências dessa lei, o governo deveria consolidar as suas determinações, tornando os gastos públicos mais transparentes e com um maior controle por parte da sociedade. A mudança deveria começar pelo próprio Orçamento Geral da União, uma peça de ficção, que é hoje instrumento de negociatas políticas entre os poderes Executivo e Legislativo”, justificou, ao dizer que a experiência como gestor a frente da prefeitura de Recife e do governo de Pernambuco, por duas vezes, o fez ver com desconfiança qualquer tentativa de afrouxar o controle sobre as finanças públicas. Ele lembrou que antes de a inflação ser estancada, os gestores públicos gastavam sem controle e até davam aumentos generosos para os servidores públicos. Contavam com o fato de que a ciranda financeira por ela promovida cobria em pouco tempo qualquer abuso monetário. “No meu segundo mandato como prefeito de Recife, dois anos antes da implantação do Plano Real, o meu secretário da Fazenda errou o cálculo do reajuste dos funcionários. À noite, informoume do ocorrido e, para sua surpresa, mantive o reajuste. Além de entender não ser um procedimento correto alterar às 20 horas o que fora decidido às 14 horas, disse-lhe para não ficar preocupado, pois a inflação de dois meses era suficiente para cobrir o erro. O processo inflacionário é perverso, principalmente para a população de baixa renda, e permite ao governante esse tipo de prática”, enfatizou. Ainda segundo ele, outro recurso que parte dos gestores públicos utilizava era o de não pagar nas datas certas. “O empreiteiro apresentava uma fatura e quando a recebia, a inflação já havia comido boa parte. O pior é que essa prática era um convite para a corrupção”. Insensatez Para Vasconcelos, a aprovação da LRF representa um marco na administração pública brasileira, já que o equilíbrio das finanças passou a ser regido por meio de regras claras e transparentes. “Os gestores perceberam que não podiam mais ser sócios da ciranda financeira e da correção monetária”, disse. Até porque, para que a lei vigorasse sem qualquer sobressalto, dois anos antes de sua implantação, as contas públicas dos Estados foram ajustadas por meio de uma renegociação das dívidas com o governo em condições bastante generosas: prazo de pagamento de 30 anos, com juros de 6% ao ano. Mesmo assim, lembrou, por várias vezes os governadores quiseram abrir uma nova renegociação. “Sempre resisti, apesar de admitir não ser fácil destinar até 13% da arrecadação líquida do Estado para pagar dívidas do passado. Tinha a convicção de que se a União não tivesse assumido o papel de único credor dos Estados, estaríamos numa situação de completa bancarrota”, enfatizou. Em um momento em que a instabilidade ronda a economia mundial e a inflação corre o risco de voltar, Vasconcelos chama de insensatez o fato de o governo querer flexibilizar a lei. “Permitir que Estados e municípios contratem empréstimos ou reestruturem suas dívidas, mesmo que alguns dos Poderes gastem com pessoal mais do que o permitido é inadmissível. Alterá-la significa premiar quem não faz o dever de casa corretamente”, destacou. Ele entende não ser justa a argumentação de que o Estado não pode ser punido pelo descumprimento dos Poderes Legislativo e Judiciário, em que pese serem poderes independentes. “O ajuste fiscal não pode ser exigido apenas do Executivo. Se o Legislativo e o Judiciário estiverem em desacordo com a LRF, devem ser chamados à ordem”, reforçou. Vasconcelos acredita que somente uma reforma política eliminaria a relação de submissão entre os Poderes Executivo e Legislativo. “O Congresso Nacional, que abriu mão da sua obrigação de legislar ao aceitar a avalanche de medidas provisórias, agora assiste ao Supremo Tribunal Federal ser obrigado a se posicionar por causa de omissões do Legislativo”, disse. E finalizou: “ A reforma política fará pelo exercício da política o que a Lei de Responsabilidade Fiscal fez pela boa gestão pública: colocar o Brasil num novo patamar de desenvolvimento”. Administrador Profissional - Novembro - 2008 11 ADMINISTRAÇÃO EM SAÚDE A saúde privada brasileira está crescendo Entre os motivos, o descontentamento com os serviços públicos e a melhoria da situação econômica do brasileiro As famílias bancam 60,2% aproximadamente R$ 103 bilhões - de todos os gastos com saúde no País e o setor público arca com 38,8% (R$ 66,6 bilhões). Os dados, baseados no período entre 2000 e 2005, fazem parte do estudo “Economia da Saúde” realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde, a Fundação Oswaldo Cruz, a Agência Nacional de Saúde Suplementar e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “Seguindo uma tendência mundial, os gastos com saúde privada no Brasil vem crescendo. Mas ainda 12 Administrador Profissional - Novembro - 2008 são muito baixos, cerca de 10% do que gastam países como Estados Unidos e Canadá, que chegam a dispender US$ 7 mil por habitante a cada ano”. A afirmação foi feita pelo médico Ewaldo Russo, diretor superintendente dos Laboratórios Fleury, em palestra no CRA-SP, a convite do Grupo de Excelência “Administração em Saúde”. Ao traçar um panorama da saúde privada brasileira, Russo disse que 21% da população –aproximadamente 39 milhões de habitantes – têm planos de assistência médica. Em 2000, eram quase 31 milhões. O aumento tem a ver com o descontentamento com os serviços oferecidos pela rede estatal, mas também é reflexo da melhoria da situação econômica. “Quando atingem a classe C, um dos itens que passam a incorporar é o plano de saúde. Essa mudança de comportamento contribui para que fiquem mais informados, sejam mais participativos nas decisões e exijam serviços que atendam os avanços da Medicina, o que eleva os gastos com a saúde”, esclareceu Russo. Outros fatores que colaboram para a elevação são a diminuição da taxa de mortalidade e o conseqüente envelhecimento da população. Segundo o IBGE, a população acima de 60 anos cresceu 47,8% nos últimos dez anos. A expectativa de vida que hoje é de 72,7 anos, deverá subir para 78 anos, em 2030. Para diminuir os altos custos da assistência médica, as empresas estão adotando planos coparticipativos, nos quais os usuários pagam uma pequena parte toda vez que usarem os serviços. Esse sistema, disse, já é utilizado por 81% das empresas com planos médicos. Investimentos na promoção de saúde e prevenção de doenças são “armas” usadas para garantir uma força de trabalho sadia e, assim, evitar mais despesas no futuro. Uma modelo que vem sendo utilizado nos Estados Unidos é o depósito de um determinado valor na conta do funcionário para ser usado com a saúde. Para que isso seja possível no Brasil, de acordo com Russo, a legislação teria de ser modificada. Do contrário, passa a integrar o salário. Conforme ele finalizou, é uma outra fórmula que poderá contribuir para o crescimento da saúde privada. Administrador Profissional - Novembro - 2008 13 Capa A moda se veste com administração Os estilistas descobriram que para criar têm de deixar a gestão dos negócios para quem entende O estilista Tufi Duek desfila na SPFW Verão 2009 14 Administrador Profissional - Novembro - 2008 O que leva alguém a vender uma empresa sólida, lucrativa, sem passivos fiscais e trabalhistas para se tornar seu funcionário? Calma! A atitude não tem nada de insanidade, principalmente quando se trata de deixar de lado o que não se tem aptidão para fazer, no caso administrar, para desenvolver o que mais gosta – inventar e criar moda. Foi o que fez o estilista Tufi Duek, considerado um dos mais importantes criadores da moda brasileira, ao passar o controle das marcas que detinha (Tufi Duek, Fórum Tufi Duek, Fórum e Triton) para o grupo catarinense AMC Têxtil. O acúmulo das tarefas administrativas, que começou há cinco anos quando seu irmão Isaac deixou a sociedade, estava em conflito com a arte que desenvolve, ou seja, não conseguia administrar e criar ao mesmo tempo. Além disso, revelou que pesou em sua decisão a morte repentina de sua mãe. Imaginou perder tudo, caso faltasse, já que suas duas filhas, segundo ele, não têm senso empresarial. “Estava pensando em como faria para tocar a empresa no futuro. A proposta foi interessante, mas ressalto que a grife não estava à venda. Não tinha dívidas nem a necessidade de capital, mas vi que os compradores continuariam meus projetos e pagariam à vista. Então, aceitei”, disse Duek. Com a entrada das novas marcas, o AMC Têxtil, que faturou no ano passado R$ 500 milhões e que já tem em seu portifólio o controle das grifes Colcci, Sommer, Carmelitas, licenciamento da linha Coca-Coca Clothing e a Malhas Menegotti, tornou-se um dos maiores e mais importantes conglomerados de moda do País. A transação, além de render um bom dinheiro ao estilista, o manteve em seu escritório, na mesma fábrica e com os mesmos assistentes. Isso porque vendeu apenas as marcas. O imóvel da fábrica e o de duas lojas importantes continuam sendo dele, que recebe aluguel por isso. Ou seja, presta serviço para os novos proprietários que, por sua vez, são também seus inquilinos. Duek assinou um contrato de três anos para ser diretor de criação da empresa, renovável. Receberá também participação nas vendas das marcas até 2025. O contrato prevê ainda uma quarentena de cinco anos para a abertura de um negócio do mesmo ramo, a menos que seja um ateliê. O caso de Duek não é isolado. Faz parte de uma onda de compras de marcas da moda iniciada há dois anos. Engrossam a relação, estilistas e marcas renomados como Alexandre Herchcovitch, Rosa Chá e Paulo Borges, idealizador do maior evento de moda da América Latina, a São Paulo Fashion Week. Na maioria dos casos, o estilista fica apenas com o lado criativo do negócio, enquanto a administração passa para o controle de fundos de investimentos em moda e consumo. A intenção dos investidores, ao gerenciar as marcas, é ficar mais próximo de um setor que no ano passado, segundo dados do Instituto de Estudos e Marketing Industrial, movimentou US$ 28 bilhões de dólares, um crescimento de 16,5% em relação a 2006. Na Europa e nos Estados Unidos, as aquisições de grupos de moda acontecem desde o final dos anos 80. A francesa LVMH, por exemplo, detém mais de 60 marcas, entre elas as tradicionais Christian Dior e Louis Vuitton. Sua principal concorrente é o grupo PPR, também francês, que cuida de grifes como Gucci e Balenciaga. No Brasil, apesar de ser um fenômeno recente, tudo indica que a onda veio para ficar. Há, pelo menos sete grupos fazendo aquisições no País, revelou Amir Siama, presidente da Associação Brasileira de Estilistas. Mas há também quem se decidiu por uma solução “caseira” para manter sua grife no rumo do crescimento. É o caso da ex-modelo Cris Barros. Dona da marca que leva seu nome, em apenas cinco anos conseguiu ser uma das estilistas mais procuradas pela alta moda paulistana. Logo no lançamento de sua primeira coleção, em 2002, o estoque previsto para durar três meses foi vendido em apenas 15 dias. O sucesso repentino fez que percebesse que o desenvolvimento do negócio ia além de sua criatividade para desenhar moda. Era necessário ter uma administração eficiente e um rigoroso controle de custos para fazer frente à produção de 50 mil peças por ano, que são distribuídas em 60 pontos-de-venda em todo o Brasil e em lojas de luxo de 12 países, entre eles Estados Unidos e África do Sul. Estimativas do mercado apontam para um faturamento anual de cerca de R$ 10 milhões, com crescimento de 30% a cada coleção. A solução foi dividir a gestão dos negócios com dois sócios – a irmã Daniela, que atuava no mercado financeiro, e o cunhado Luiz Felipe Verdi, formado em Administração pela FGV, com MBA (Master Business in Administration) na Kellogg, uma das escolas de negócios mais conceituadas dos Estados Unidos. Daniela ficou com o gerenciamento das áreas de custos e de planejamento de vendas. Verdi, que para se tornar sócio da grife pediu demissão da Booz Allen Hamilton, onde trabalhava como consultor, divide com a mulher a parte administrativa, financeira e de exportação. É responsável também pela formação de parcerias, que representam 5% da receita da empresa, pela angariação de patrocínios com organizações que, para divulgarem suas marcas, bancam os catálogos e os desfiles, e pela redução da terceirização das etapas mais estratégicas da produção, como modelagem e corte de tecidos. Manutenção da essência Uma das exigências dos criadores de moda ao venderem suas grifes é que não sejam descaracterizadas em sua essência. Felizmente não parece ser essa a proposta de quem investe nesse tipo de aquisição. O entendimento é o de que para haver expansão do novo negócio e, conseqüentemente, mais competitividade e rentabilidade, é preciso que as marcas permaneçam intactas. Daí a importância de manter os estilistas nos cargos de direção de criação, já que, mais do que os nomes, emprestam estilo e confiabilidade. De qualquer forma, dizem os especialistas, o assédio dos investidores é bem- Modelos apresentam coleção primavera-verão 2008/2009 da estilista Cris Barros Administrador Profissional - Novembro - 2008 15 Capa vindo, pois valoriza as marcas. Mostra também que a profissionalização do setor, que teve início dos anos 90, é um caminho sem volta. Naquela época, as grifes internacionais passaram a ocupar com mais intensidade as vitrines das principais lojas do País. Para sobreviverem, as grandes etiquetas nacionais tiveram de investir. Com isso, ganharam produtividade e avançaram tecnologicamente. Empresas de porte, como a AMC Têxtil, InBrands – ligada ao banco UBS Pactual -, e consultorias em gestão de moda estão alcançado sucesso em função de modelos de gestão eficazes, o que passou a despertar a atenção de estilistas que pretendem crescer com mais capital e organização. A maioria das marcas nas mãos dos estilistas apresenta receitas tímidas, que não servem como garantia para empréstimos de longo prazo, o que inviabiliza os investimentos. Com isso, perdem a oportunidade de aproveitar o crescimento do poder de compra dos brasileiros. É nesse espaço que se encaixam os investidores, mesmo que alguns deles desconheçam os meandros da moda. São profissionais que sabem explorar a fragilidade econômica que ronda o setor, têm capital abundante e sabem que uma marca bem gerenciada significa ganho certo. É preciso cautela Mas, como em qualquer negócio, recomenda-se cuidado a quem pretende se desfazer do controle administrativo de suas grifes. Com a pretensão de investir R$ 36 milhões em 2008, a I’M (Identidade Moda) – ligada ao grupo HLDC e comandado por dois ex-executivos do Patrimônio Private Equity - planejava comprar diversas marcas e assim se tornar um dos grupos mais fortes da moda no País. Desse total, R$ 14 milhões seriam canalizados na abertura de novas lojas e o restante no marketing das marcas. Já trazia desde 2006 em seu portifólio marcas como a Zoomp, que crescera quase 40% em pouco mais de um ano, e a Zapping, tradicionais etiquetas do mundo jovem. No começo do ano, passou a controlar os licenciamentos relacionados à moda dos estilistas Alexandre Herchcovitch e Fause Haten. Os dois já não integram mais o grupo. Herchcovitch acreditava que a venda tornaria suas grifes mais democrática, ao possibilitar que mais pessoas tivessem acesso Ferramenta de Marketing A Air France, uma das maiores empresas aéreas do mundo, completou, dia 7 de outubro, 75 anos de atividades. Em todos esses anos, a empresa usou como ferramenta de Marketing a disseminação da moda francesa, por meio de uniformes usados pelos comissários de bordo, desenhados por designers e estilistas famosos, como Pierre Cardin, Christian Dior e Christian Lacroix. A modelo, ao lado, veste Christian Lacroix. 16 Administrador Profissional - Novembro - 2008 Desfile da Coleção Verão 2009 de Alexandre Herchcovitch na SPFW às roupas. A negociação também permitiria que concretizasse o sonho de internacionalizar a marca, ao mesmo tempo em que pudesse se dedicar mais à criação. Chegou até dizer que havia tomado cuidado para não fazer parte do grupo de estilistas que venderam suas marcas e que resultaram em experiências mal-sucedidas. Infelizmente foi o que aconteceu. Em entrevista concedida ao jornal o “Estado de S. Paulo”, cujas declarações foram por escrito, Herchcovitch, que contou com a supervisão do departamento jurídico para evitar mais problemas com a I’M, disse que foi seduzido pela proposta de continuar sendo diretor de criação das marcas Herchcovitch Jeans, Herchcovitch, Alexandre e Zoomp, e também diretor criativo do grupo. “Além desses cargos e uma boa remuneração, as marcas sofreriam uma injeção de recursos visando a um crescimento grande. Porém, o que mais me deixou seduzido foi a idéia de gestão, que parecia bastante eficiente”, disse. Mas, tentativas de mudanças sobre o que havia sido combinado sobre a forma de pagamento e até os valores contratuais contribuíram para que o negócio fosse desfeito em abril. Porém, por acreditar que a aquisição de marcas por grandes grupos favorece a moda brasileira – “traz profissionalização, competitividade, fazem gestão” -, Herchcovitch não perdeu tempo. Aceitou a proposta da InBrands, holding de moda do fundo PCP, que tem em seu portifólio nomes fortes como Ellus, 2nd Floor, Isabela Capeto e Paulo Borges. O objetivo da holding, segundo seu presidente Gabriel Felzenswalb, é oferecer suporte administrativo, financeiro e operacional, tocar negócios com a “cabeça dos donos”. Ou seja, transformar colaboradores em donos e não em empregados, já que a busca é por empreendedores que desejam participar de algo maior e que consideram a InBrands apenas um grupo gestor necessário para o desenvolvimento de seus negócios. Em outras palavras, um novo sócio. Já o desligamento de Haten teria sido motivado pelo atraso do pagamento do valor acordado. Deixou para trás a marca que levava o seu nome e abriu outra marca, a FH. Recentemente a carteira da InBrands ganhou um novo parceiro: a Luminosidade, que administra a São Paulo Fashion Week, do estilista Paulo Borges. “Ganharemos estrutura e recursos adicionais para concluir os planos iniciais de um projeto que foi pensado para se desenvolver em 30 anos”, afirma, ao dizer que terá mais tempo para se dedicar à parte criativa e ao desenvolvimento de projetos. A nova sociedade, segundo Borges, vai fortalecer a moda no sentido estratégico e global, aumentando cada vez mais a visibilidade do evento. Novo campo O novo cenário abre espaço para o administrador, a quem cabe viabilizar negócios adequados, rentáveis, enfim, descobrir quem é o público da marca, onde ele está, o que quer e para onde caminha. De acordo com Marta Magri, coordenadora de moda do Senac de São Paulo, o mercado ainda é carente desse profissional. Além de sólida formação acadêmica, visão global, especialização em história e cultura relacionadas com a moda, Márcia entende que o administrador deve ser flexível, ter jogo de cintura, senso estético apurado e agilidade decisória diante de um produto sazonal, conhecimentos sobre comportamento, facilidade de adaptação e habilidade em lidar com o novo. Apesar de ser graduado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, o estilista Carlos Miele, dono da M. Officer e de uma marca que leva o seu nome, não participa mais da administração de suas empresas. Entregou a gestão a profissionais contratados para essa finalidade. “O negócio só cresce quando nos cercamos de gente que entende de Administração”, afirma o estilista, reconhecido por importantes publicações internacionais, entre elas The New York Times e International Herald Tribune, como o designer brasileiro de maior renome no exterior. Em outras palavras: no mundo da moda não há espaço para amadores. Administrador Profissional - Novembro - 2008 17 TELETRABALHO Uma alternativa para a inclusão trabalhista Teletrabalho abre espaços para portadores de deficiência Analisar a situação sócio-trabalhista e o perfil de pessoas com deficiência (PCD), bem como verificar se o treinamento em Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) e o teletrabalho constituem uma alternativa para a inclusão trabalhista deste grupo social. Esse foi o principal objetivo da Pesquisa Telecapacitados desenvolvida pela Comissão de Tecnologia da Informação e Comunicação da Associação de Usuários de Informática e Comunicações da Argentina, com apoio do Centro Internacional de Pesquisas para o Desenvolvimento (IDRC), do Canadá. As conclusões do estudo foram apresentadas no final de setembro pela pesquisadora em teletrabalho e coordenadora do estudo, a argentina Sonia Boiarov, em primeira mão no CRA-SP, durante a realização do fórum “Teletrabalho: uma oportunidade de trabalho para PCDs”. Coordenado pelo Grupo de Excelência “Convergência Tecnológica e Mobilidade Corporativa” e pela Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (Sobratt), o evento contou com o apoio do Instituto Pró-Cidadania, Associação Brasileira de Recursos Humanos/SP e Caixa Econômica Federal. Participaram também do fórum o artista plástico Wilton Azevedo, doutor em Comunicação e Semiótica, que, baseado em sua experiência de deficiente f ísico, falou sobre como vencer as barreiras de acesso - “a possibilidade de mudança só existe quando reconhecemos nossa identidade”, afirmou – e Walter Dias Massa, empresário do setor de telecomunicações com especialização 18 Administrador Profissional - Novembro - 2008 em operações de call center, que explicou como implantar um sistema de gestão a distância voltado para as PCDs. O estudo se preocupou em gerar informações quantitativas, a partir de dados obtidos junto aos departamentos oficiais de estatística dos noves países pesquisados - Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, El Salvador, México, Peru, República Dominicana e Uruguai –, e qualitativas, por meio de entrevistas junto aos diversos atores envolvidos no processo (teletrabalhadores, organizações não-governamentais, contratantes, consultores de Recursos Humanos, setor público e sindicatos). No Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 14,4% da população brasileira têm algum tipo de deficiência. A média dos países estudados é de 7,4%. No total, são quase 40 milhões de pessoas nessas condições, mas somente 17% se enquadram na População Economicamente Ativa (PEA), ou seja, têm como um dos desafios encontrar uma ocupação ou emprego. “Os dados oficiais mostram também que a maioria das PCD sem ocupação vive dos recursos da aposentadoria por invalidez, que em muitos países é inferior ao salário mínimo”, destacou Sonia. Conhecimentos escassos A pesquisa ouviu 1.217 pessoas, das quais 560 tinham alguma deficiência. Dessas, 364 responderam que estão trabalhando, sendo que 66 no regime de teletrabalho. A coleta de dados qualitativos se deu por meio de 190 entrevistas detalhadas, das quais participaram 33 teletrabalhadores. Entre eles, mais da metade (55%) é chefe de família, 20 teletrabalham em casa, oito fora dela e cinco em ambos os lugares. A maioria (51%) tem formação superior e 12% não concluíram a universidade. a de que o teletrabalho deveria ser divulgado com mais intensidade. Entre as atividades que desempenham estão: ensino virtual, desenho e comercialização de software e hardware destinados às PCDs, serviços de controle de gestão de acesso aos sistemas computacionais na empresa, traduções, serviços de jornalismo digital, telemarketing, produção independente de áudio e vídeo, entre outras. Para seis dessas pessoas, ter capacidade empreendedora, confiança e desejo de superação são vitais para quem pretende se lançar no mercado de trabalho. Os demais responderam ser fundamental estarem bem treinados com as TICs, serem organizados e disciplinados e ter em mente que a inserção não é fácil, mas é um obstáculo que pode ser vencido. Sobre a experiência de teletrabalhar, os entrevistados acreditam que o relacionamento com o cliente se faz nas mesmas condições de um trabalhador sem deficiência e que as PCDs não devem se sentir discriminadas. O ânimo e a perseverança são chaves para o sucesso. Entre as queixas, porém, é As empresas que contratam PCDs, geralmente arcam com os custos de infra-estrutura tecnológica e despesas com serviços de Internet. Embora reconheçam que a adaptação ao emprego é relativamente simples e que a tecnologia disponibilizada não é cara, possuem conhecimentos escassos sobre as políticas públicas com relação à incorporação trabalhista dessas pessoas. No setor público, em que pese o interesse do Estado em promover o emprego de teletrabalhadores com deficiência, não existe infra-estrutura disponível para absorvê-los. No entanto, como condutor de políticas destinadas a essa modalidade de trabalho, segundo Sonia, o Estado tem condições de promover ações de inclusão, desenvolver atividades de treinamento e apoiar a aquisição de tecnologias. Pode também conceder incentivos fiscais a quem investe nesse tipo de contratação, bem como doar computadores a PCDs, que já tenham passado por treinamentos específicos. Autonomia Na visão dos consultores de Recursos Humanos consultados, o teletrabalhador deve ter um grau importante de autonomia, já que a falta de contato diário pode afetar o controle das tarefas. Entendem que a falta de informação é a principal causa que leva as empresas a não contratarem. A maioria ainda não descobriu que pessoas com deficiências podem trabalhar a distância. Já entre as conclusões tiradas junto aos sindicatos estão a preocupação com a triangulação no vínculo empregatício e as condições legais (empresa, subcontratante e PCD), o descumprimento de direitos trabalhistas e a associação da modalidade ao mau trabalho. Nos nove países pesquisados existem normas constitucionais e legislação interna contra a não discriminação dessas pessoas e a igualidade perante a lei. Na maioria deles, a inserção no mercado de trabalho é uma imposição legal. No Brasil, por exemplo, a lei 8213/91 (conhecida por Lei de Cotas), em seu artigo 93, estabelece que empresas que têm de 100 a 200 empregados destinem 2% das vagas aos portadores de deficiência. Para as que têm de 201 a 500 empregados, o percentual sobe para 3%; de 501 a 1000, 4%, e a partir daí, 5%. Porém, por falta de fiscalização mais efetiva, muitas ignoram a obrigação. O problema se agrava porque o Brasil, ao contrário de Chile e Colômbia, não tem legislação sobre o teletrabalho. Curso “Administração Integral” Uma nova e revolucionária forma de capacitar pessoas e empresas para buscarem soluções integradas e harmônicas para os problemas de suas diversas áreas. Dias 28 e 29 de novembro, das 9hs às 18h30 Local: Espaço Manacá Realização: ADM - Associação Brasileira de Administradores Informações: www.admbrasileira.com.br Administrador Profissional - Novembro - 2008 19 PEQUENAS EMPRESAS 20 Sócio de sua empresa O capital de risco é uma excelente opção de captação de recursos e um auxiliar na gestão das pequenas empresas Além de ferramentas de gestão, o que mais precisam as 450 mil empresas que nascem anualmente no Brasil são recursos para sobreviver. Um verdadeiro desafio, pois a busca de financiamentos nesse estágio sempre foi dif ícil, já que prevalece a desconfiança do mercado em relação ao sucesso dos empreendimentos. No entanto, o segmento de venture capital, ou capital de risco, surge como uma opção para atender a essa demanda. A modalidade, que consiste na aquisição de participação societária de empresas que apresentam chances de crescimento, está em franca expansão no País. Em resumo, significa a entrada de investimentos em companhias cujos produtos e serviços são inovadores e que, por conta disso, têm potencial para atrair a atenção dos consumidores. Figueiredo ressalta o papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que desde 2004 encabeçam os investimentos. De 2006 para cá, o BNDES destinou R$ 220 milhões, valor que pode chegar a R$ 830 milhões, considerando a participação dos demais cotistas. Já a Finep, tem 16 fundos aprovados, que totalizam R$ 1 bilhão. Três deles são de “capital semente”, fundos destinados a apoiar negócios emergentes em estágio inicial e com potencial de crescimento. Segundo a Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (ABVCAP), o total de recursos em venture capital (voltado para empresas em fase de desenvolvimento) e private equity (destinados às companhias com negócios em consolidação ou que se preparam para abrir o capital na bolsa) foi de US$ 5,6 bilhões, em 2004. Só no primeiro semestre deste ano, esse total foi multiplicado por três - US$ 17,6 bilhões -, entre recursos nacionais e estrangeiros. Para Luiz Eugênio Figueiredo, presidente da associação, contribuem para o cenário O capital venture é um investimento de longo prazo, que pode chegar a dez anos e que possui uma expectativa de retorno mais agressiva que os demais. Além de fonte adicional de capital, representa uma chance de modernização da gestão e do aumento do relacionamento com o mercado, já que passam a contar com a participação dos investidores no dia-a-dia dos negócios. A Ace Venture Capital, por exemplo, cujo foco é voltado para o ambiente digital, auxilia na estratégia empresarial, Administrador Profissional - Novembro - 2008 favorável a isenção de impostos para estrangeiros que investem na modalidade e o incentivo para que as seguradoras e fundos de pensão partam para o mesmo caminho. planejamento e administração financeira, assessoria jurídica, formação e treinamento de pessoal. Dona de uma carteira composta por cinco empresas e com a previsão de fechar 2008 com outra de até 15 empresas, e que absorverá investimentos de US$ 10 milhões, a Ace escolhe empreendimentos cuja maturação é de Para Márcio Spata, gerente do Departamento de Fundos de Inestimento do BNDES, a entrada de recursos de venture capital é uma espécie de profissionalização da gestão. Uma prática, segundo ele, bastante eficaz, considerando que cerca de 75% das empresas brasileiras são familiares. Por isso, é importante saber que a busca de aporte de capi tal em um fundo dessa natureza representa diminuição da autonomia na condução dos negócios. Logo, desaconselhável para quem prefere ser o próprio administrador de seu empreendimento. Incubadoras Muitas empresas médias e pequenas que se destacam nos seus segmentos nasceram em incubadoras. A PV Inova, por exemplo, criada há três anos no Instituto Gênesis, incubadora da Pontif ícia Universidade Católica (PUC-RJ), lançou o Télo, telefone público veicular para os passageiros se comunicaram de dentro do ônibus, trens ou metrô, e o Télo Track, sistema automatizado de gestão de frotas de ônibus públicos. Segundo André Averbug, um dos sócios, os primeiros recursos vieram de um “investidor anjo” (pessoa que aplica recursos em um negócio promissor). O dinheiro foi importante para que se chegasse ao protótipo do Télo. Um ano depois, um grupo de oito investidores injetou mais recursos e recentemente uma pessoa do ramo imobiliário resolveu apostar no início da operação. “Os recursos atingiram R$ 700 mil reais”, disse Averbug. Lembrou também que a empresa contou com empréstimos e cartão do BNDES, além de ter sido aprovada em edital de subvenção econômica da Finep de R$ 800 milhões, a serem aplicados em pesquisa e desenvolvimento. A negociação com um fundo de venture capital costuma ser longa e burocrática. A maioria procura investir em empresas que apresentam faturamentos consolidados, mesmo que pequenos. Daí ser fundamental contar com a participação de investidores pessoas f ísicas, principalmente no estágio inicial, para que oportunidades não sejam perdidas enquanto o dinheiro não vem. Foi o que aconteceu com a PV Inova, que em julho lançou oficialmente o Télo, em Porto Alegre, em parceria com a Brasil Telecom. A novidade será instalada em uma frota de ônibus da cidade. “Chegamos onde estamos com o aporte de pessoas f ísicas. Agora, buscamos parceiros de grande porte e fundos de venture capital para continuar crescendo”, afirmou Averbug. Atividades do conselho cinco anos, em média. De acordo com seu sócio, Marco Fichtner, a rentabilidade média é alta, cerca de 50% ao ano durante o período, em função do campo escolhido: a Internet. Ele diz que em função do ganho real de renda da população, o crescimento anual nessa área varia de 30% a 50%. Como não bastasse, acredita que a tecnologia da informação está alterando a estrutura de negócios de varejo. Dessa forma, segundo Fichtner, por meio de comércio eletrônico é possível economizar com a estrutura de pontosde-venda e ter preços mais competitivos para o consumidor. O Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec), da Universidade de São Paulo, viu nascer em 2001 a Adespec, fabricante de colas e adesivos. A exposição aos vapores de solvente provocou problemas de saúde à sua fundadora, Wang Shu Chen. O fato a levou a se dedicar ao estudo de alternativas às colas e selantes que não agredissem a saúde nem contaminassem o meio ambiente. A empresa, que nasceu com um investimento inicial de R$ 60 mil, consumiu recursos de sócios e verbas da Fundação Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O grande salto, no entanto, deu-se no ano passado, quando passou a receber investimentos do Fundo de Investimentos Investech II, administrado pela Rio Bravo, gestora que mantém o foco em pequenas e médias empresas. Com base nos investimentos do fundo, que estão sendo destinados à ampliação e melhoria da infra-estrutura da unidade fabril, a Adespec espera elevar o faturamento para R$ 50 milhões até 2012. Ou 25 vezes a mais do que faturou no ano passado. Como se vê, o capital de risco está atento às idéias pouco tradicionais. Administrador Profissional - Novembro - 2008 21 Atividades do conselho Atividades do conselho Para representá-lo em diversas atividades, o CRA-SP destacou os seguintes administradores: • Carlos Eduardo Uchôa Fagundes - Participou da 3.ª Assembléia de Presidentes do Sistema CFA/CRAs em 2008, em Porto Alegre (RS). • Antônio Carlos Cassaro Participou da Assembléia Geral do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), em São Paulo, e do programa “CRA-SP vai à faculdade”; proferiu as palestras: “O Administrador Profissional: Profissão, Tendências e o CRA”, no Centro Estadual de Educação Tecnológica “Paula Souza”, em Osasco, SP; “Administração Pública”, na Faculdade Sudoeste Paulista (FSP), em Avaré, SP; “Empreendedorismo e Inovação”, na Fundação Educacional do Município de Assis (SP)); “Administrador Profissional: Atualidades e Tendências”, na Faculdade Campo Limpo Paulista (SP); “A profissão do Administrador”, na Faculdade Itapeceria da Serra (SP); “O Administrador Profissional”, no Centro Universitário Anhangüera, em Leme, SP; “Marketing e Empreendedorismo: a importância na vida das empresas”, na Faculdade de Itanhaém (SP); “Ética nas Empresas: Importância dos Códigos de Conduta”, nas Faculdades 22 Administrador Profissional - Novembro - 2008 Integradas do Vale do Ribeira, em Registro, SP; “Administração, Recursos Humanos e Cooperativismo, como instrumento de atuação social”, no Centro de Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes, em São Paulo. • Décio Alves de Oliveira Participou da solenidade de colação de grau da Universidade São Francisco, em Bragança Paulista. • Germano Júlio Badi - Participou da solenidade de colação de grau da EAESP/FGV, em São Paulo. • Gilberto Dilela Filho - Proferiu a palestra “O panorama atual do papel do Administrador”, na Universidade de Sorocaba e no Instituto Manchester Paulista de Educação Superior, em Sorocaba. • Hamilton Luiz Corrêa - Proferiu a palestra “O Administrador e o Mercado de Trabalho”, na Faculdade Integrada Paulista, em São Paulo. • Itamar Revoredo Kunert Proferiu a palestra “A Profissão do Administrador”, na Faculdade do Litoral Sul Paulista, em Santos. • João Batista Pereira Júnior Proferiu as palestras: “Código de Ética do Administrador”, no Centro Unisal de Americana; “Importância do Registro Profissional”, na Faculdade Hoyler, em Hortolândia; “Registro Profissional”, na Faculdade Casa Branca. • José Alfredo Machado de Assis - Participou da premiação da “12.ª Edição do Guia Você S.A-Exame”, em São Paulo; do “XV Encontro Latino-americano de Administração” e do “V Congresso Mundial de Administração”, em Porto Alegre, RS. • José Carlos Simões - Proferiu as palestras: “Perícias do Administrador - Judiciais e Extraordinárias”, na União das Faculdades dos Grandes Lagos, em São José do Rio Preto; “O Administrador Empreendedor”, na Faculdade de Ciências Gerenciais de Votuporanga; “Responsabilidade Social do Administrador”, na Fundação Educacional de Fernandópolis; “A Importância do Registro Profissional”, na Faculdade Integrada de Bebedouro; “O administrador e seu campo de atividade profissional”, na União das Instituições Educacionais do Estado de São Paulo, em Guararapes. • Marcio Gonçalves Moreira Participou do “XII Prêmio AnefacFipecafi-Serasa, em São Paulo. • Marcos Silveira Aguiar - Proferiu as palestras: “Administrador Profissional Contemporâneo”, na Universidade do Sagrado Coração, em Bauru; “Logística”, na Faculdade Integrada Claretiana, em Rio Claro; “Ética do Administrador”, na Universidade Estadual Paulista, campus Araraquara. • Maria Valéria Espinos Guerra Martins - Proferiu as palestras: “A importância da Mediação e Arbitragem para o Administrador” na Universidade de Jales, e “Os Diversos Aspectos da Profissão e do Mercado de Trabalho”, na Faculdade Paulista de Ensino, em Osasco; participou da composição da mesa de trabalho da Universidade São Francisco e da solenidade de colação de grau da Faculdade Sumaré, ambas em São Paulo. Ainda na capital paulista, proferiu as palestras: As novas perspectivas para o Curso de Administração”, na Faculdade Carlos Drummond de Andrade; “A contribuição do CFA/CRASP para o reconhecimento e o desenvolvimento da profissão no País”, no Centro Anhangüera Educacional e na Faculdade Módulo Paulista; “A perspectiva da profissão”, na Universidade Bandeirantes, campus Campo Limpo; “Mercado de Trabalho do Administrador”, no Centro de Habilitação, Filosofia e Cultura (Chafic);.“O perfil do Administrador na Atualidade”, na Universidade Ibirapuera; “Ética e Sustentabilidade”, na Universidade Radial; e “Ética na Profissão”, no 26.º Fórum Nacional de Cidadania Empresarial. • Roberta de Carvalho Cardoso Proferiu a palestra “Administração, Ética e Suistentabilidade”, no Hotel Fazenda Mato Grosso, em Cuiabá, MT. • Teresinha Covas Lisboa Participou da inauguração do Centro Universitário São Camilo, campus Ipiranga 2, em São Paulo. Mérito Acadêmico O CRA-SP entregou o diploma de Mérito Acadêmico aos seguintes formandos: Alberto Camargo Araújo Martins (Universidade São Francisco, de Bragança Paulista); Alex Mastropasqua (Faculdade Sumaré, de São Paulo); Elaine Gomes Vazquez (Fundação Educacional Inaciana “Padre Sabóia de Medeiros, de São Bernardo do Campo); Leonardo Mathiazzi Lagnado (EAESP/FGV); e Lígia Alves Sanjar (Fundação Educacional Inaciana “Padre Sabóia de Medeiros) Eleições no CRA-SP: vitória da chapa 1 Com 75,5% dos votos válidos, os administradores que integravam a Chapa 1, em São Paulo, foram eleitos para compor o quadro de conselheiros para um mandato de quatro anos (2009/2012) no Conselho Regional de Administração (CRA-SP) e de dois anos (2009/2010) para o Conselho Federal de Administração. A Chapa 2 ficou com 24,5% dos votos válidos. Votos brancos e nulos representaram, respectivamente, 6,13% e 8,42%. Os administradores Walter Sigollo, Cid Nardy e Roberta Carvalho Cardoso (efetivos); Marcio Gonçalves Moreira, Alberto Emmanuel de Carvalho Whitaker e Alexandre Uriel Ortega Duarte (suplentes); Milton Luis Milioni (suplente - 2009/2010) e Mauro Kreuz (suplente vaga especial - 2009/2010 no CFA) assumirão os mandatos em janeiro. Eis os números da votação CRA-SP Chapa 1 Chapa 2 Brancos Nulos CFA Chapa 1 Chapa 2 Brancos Nulos 6.141 1.619 396 459 5.678 1.843 461 633 Administrador Profissional - Novembro - 2008 23 EMPRESA familiar Modelos de relacionamento com clientes São vários, mas todos lidam com emoções e valores Cada empresa deve definir o modelo que mais se adapte às necessidades, desejos e expectativas de seus clientes. O objetivo é criar e manter relacionamentos duradouros e estáveis. É o que afirma a administradora Sandra Regina da Luz Inácio, coordenadora do Grupo de Excelência “Administração de Empresa Familiar”. Eis os modelos: • Modelo de Recompensas: tem por objetivo recompensar o relacionamento do cliente e a repetição da compra com prêmios, bônus ou incentivos. Esse modelo é muito utilizado por companhias aéreas e hotéis, que oferecem viagens, salas vips, translados gratuitos, entre outros mimos, para clientes freqüentes. • Modelo Educacional: visa educar o cliente para o uso do produto ou serviço. Através de um programa de comunicação interativo, um conjunto de materiais informativos é colocado à disposição dos clientes, podendo ser enviados periodicamente ou mediante solicitação. Esse modelo é muito utilizado por sites de recolocação profissional, nos quais o usuário tem, à sua disposição, materiais diversos sobre como confeccionar currículos, como se comportar em entrevistas e dinâmicas, como orientar seus esforços na busca de um novo emprego, testes diversos, chats, pesquisa salarial, boletins e jornais, entre outras informações úteis. • Modelo Contratual: funciona como um clube de clientes. É preciso pagar uma taxa para se tornar membro e 24 Administrador Profissional - Novembro - 2008 usufruir de uma série de benefícios exclusivos. Grandes portais são exemplos desse modelo e oferecem áreas de acesso restrito aos assinantes. Associações de profissionais também utilizam esse modelo. • Modelo de Afinidade: também funciona como um clube, com a diferença de que agrupa pessoas com interesses comuns. O próprio interesse ou afinidade traz um alto nível de resposta, porque cria-se uma comunidade especializada em determinado assunto. • Modelo do Serviço de Valor Agregado: o cliente é recompensado por seu relacionamento por meio de algum serviço agregado à compra do produto ou ao uso do serviço. • Modelo de Aliança: é utilizado por empresas não concorrentes que fazem uma parceria, ou aliança, para prestar um serviço diferenciado aos clientes que são comuns. “Em todo relacionamento, pessoal ou entre empresas e clientes, lida-se com emoções e valores. A confiança e a lealdade determinam a duração e o término desses relacionamentos. Se somos tratados com carinho, respeito e dedicação, também dedicamos os mesmos. São fatores que aumentam a percepção de valor dos clientes em relação às empresas, marcas ou produtos. Quanto maior o valor percebido e atribuído, mais fiel o cliente se torna”, ressalta Sandra. Ainda para ela, o que diferencia os relacionamentos pessoais dos corporativos é o conhecimento sobre os clientes. “Se você não os conhece, não pode tratá-los de forma diferenciada. O verdadeiro valor está no conhecimento sobre os clientes e no uso desses conhecimentos para aprofundar e manter os relacionamentos”, finaliza. ESPAÇO DO ADMINISTRADOR As Implicações da Nova Lei de Estágio Com a entrada em vigor da Lei 11.788, de 25 de setembro último, que determina novas regras para regulamentar o estágio no Brasil, empresas, estudantes e escolas passam por um processo de entendimento e verificação de necessidades para se adaptarem à nova lei. Apesar de o governo cumprir a promessa de inovar a legislação, essa deixou a desejar quanto ao fator qualitativo, ao se preocupar apenas com os números. Na análise de algumas empresas, perdeu-se uma grande oportunidade de adequar o estágio ao mundo do trabalho, pois não criou medidas que as aproximem das instituições de ensino. O fomento à produção de conhecimento e tantos outros aspectos qualitativos, infelizmente, não tiveram a mínima preocupação. A nova legislação prevê também estágio para os últimos anistas do ensino fundamental. No meu entendimento, o assunto deveria ser abordado por legislação específica, a qual olhasse mais para os aspectos sociais, de cidadania e de inserção no mercado de trabalho. No estágio voltado para o ensino médio, houve uma insistência em colocar regras semelhantes às dos níveis técnico e superior, cuja preocupação é a aplicação prática do aprendizado profissional. Outro problema que persistirá é a falta de entendimento de quem fiscalizará. Atribui-se ainda, de forma categórica, à instituição de ensino, a obrigatoriedade de avaliar previamente os locais onde os alunos farão estágio, prevendo inclusive atividades de acompanhamento e visitas as empresas. Muitos entendem que a nova lei irá gerar uma diminuição nas oportunidades de estágio. Prefiro acreditar que as empresas que fazem programas de estágio sérios tenham flexibilidade e dinâmica para se adequarem à nova lei. Eis as principais mudanças: férias remuneradas, jornada máxima de seis horas diárias ou 30 horas semanais, auxílio-transporte, duração máxima de dois anos na mesma empresa, cotas de, no máximo, 20% do quadro de empregados para os casos de estudantes de ensino médio, inclusão nos programas de saúde e segurança de trabalho, e garantia de até 10% das vagas de estágio para pessoas com deficiência. ESCREVA PARA O ESPAÇ O DO ADMINI STRADO R As corresp ondência avaliadas, s serão devem ter c 1.650 cara erca de cteres e p odem ser editadas. Favor env iá-l as par a marketin [email protected] ov.br Adm. Eduardo Collinett CRA-SP 65.037 Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não retratam necessariamente a opnião da revista nem do CRA-SP. Administrador Profissional - Novembro - 2008 25 LIVROS Livros de interesse do Administrador competitividade através da gestão dA inovação Edson Zogbi, Editora Atlas A gestão da inovação é objeto de estudo de empresas, profissionais liberais, consultores, professores e estudantes que visam obter melhores resultados em seus trabalhos. A publicação tem a finalidade de ajudar o leitor a visualizar esse contexto e dar os passos corretos para poder competir melhor no mercado, evitando desperdícios de tempo e de dinheiro com escolhas erradas quanto à inovação. Zogbi é especialista em Gestão da Inovação e Planejamento de Marketing, consultor e autor de outros três livros e de 20 DVDs didáticos sobre o assunto. GOVERNANÇA CORPORATIVA - conselhos que perpetuam empresas Herbert Steinberg, Editora Gente Mostra como os Conselhos de Administração devem ser montados e como devem funcionar para se tornarem decisivos na melhoria do desempenho do negócio, garantindo a perpetuação do empreendimento. Os conceitos e as práticas abordados são válidos para qualquer tipo de empresa, de capital privado ou público, e entidades sem fins lucrativos. Steinberg tem experiência de 20 anos como executivo de grandes corporações e 11 anos como consultor em governança corporativa. GLOBALIZAÇÃO - as regras do jogo Business Week, Editora Nobel Mostra como os altos executivos e suas empresas multinacionais atingiram o topo. Traz dicas de ações, motivações e Administração. Coordenado pela revista americana Business Week, o livro faz parte de uma série que engloba Empreendedorismo, Liderança, Estratégia, Inovação e Marketing. Mais informações Editora Atlas www.editoraatlas.com.br [email protected] Fone 0800 17 1944 Editora Gente www.editoragente.com.br [email protected] Fone (11) 3670.2500 Editora Nobel www.editoranobel.com.br [email protected] Fone (11) 3706.1466 26 Administrador Profissional - Novembro - 2008 Administrador Profissional - Novembro - 2008 27 28 Administrador Profissional - Novembro - 2008