PREVALÊNCIA DE SÍNDROME METABÓLICA EM DIABÉTICOS ADULTOS
COM ATÉ SESSENTA ANOS ATENDIDOS NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE
REFERÊNCIA SANTANA NA CIDADE DE PARACATU-MG
Pedro Rodrigo Magalhães Negreiros de Almeida1
Ana Carla Ramos Denoni2
Andressa Cristina da Paz Carmo3
Giovanna Vitorio de Souza4
Lourival Alves de Oliveira Filho5
Talitha Araujo Faria6
Helvécio Bueno7
RESUMO
Síndrome Metabólica (SM) é um transtorno complexo representado por um
conjunto de fatores de risco cardiovasculares usualmente relacionados à deposição central de
gordura e à resistência à insulina. O objetivo principal desse artigo é descrever a prevalência
de Síndrome Metabólica (SM) em diabéticos adultos com até sessenta anos atendidos na
Unidade da Saúde da Família (USF) de referência, no bairro de Santana, para a cidade de
Paracatu-MG. Os critérios de inclusão foram todos os pacientes diabéticos, pareados por sexo
e idade, tendo idade entre 19 e 60 anos incompletos e apresentar 3 ou mais critérios de
inclusão na SM de acordo com os parâmetros preconizados pelo NCEP/ATP III. Estes
pacientes tiveram uma análise de prontuários a qual utilizou-se um formulário padronizado
pelos pesquisadores. Todos estes dados foram buscados nos prontuários sem necessidade de
aferições pelos pesquisadores. Observou-se durante a análise dos prontuários o mau
preenchimento e a falta de dados que são essenciais para o diagnóstico da Síndrome
Metabólica, evidenciando falhas até mesmo na Unidade de Referência da cidade.
1
Graduando do 2° ano do Curso de Medicina da Faculdade Atenas (FA), Paracatu,MG,Brasil, Endereço:E-mail:
[email protected], Telefone:(61)8153-8339,
2
Graduanda do 2° ano do Curso de Medicina da Faculdade Atenas (FA). Paracatu,MG,Brasil. Email:[email protected].
3
Graduanda do 2° ano do Curso de Medicina da Faculdade Atenas (FA). Paracatu,MG,Brasil.
E-mail: [email protected],
4
Graduanda do 2° ano do Curso de Medicina da Faculdade Atenas (FA). Paracatu,MG,Brasil.
E-mail: [email protected]
5
Graduanda do 2° ano do Curso de Medicina da Faculdade Atenas (FA). Paracatu,MG,Brasil.
E-mail: [email protected],
6
Professora do curso de Medicina da Faculdade Atenas.
7
Professor do curso de Medicina da Faculdade Atenas.
Palavras-chave: síndrome metabólica, diabetes mellitus, saúde pública.
ABSTRACT
Metabolic syndrome (MS) is a complex disorder represented by a set of
cardiovascular risk factors commonly associated with central fat deposition and insulin
resistance. The main objective was to describe the prevalence of metabolic syndrome (MS) in
adult diabetics with up to sixty years of age treated in the Family Health Unit (FHU) of
reference in the Santana district, to the city of Paracatu-MG. Inclusion criteria were all
diabetic patients, matched for sex and age, and aged between 19 and 60 years of age and
present 3 or more criteria for inclusion in the MS according to the parameters established by
the NCEP / ATP III. These patients had a chart analysis which used a standardized form by
the researchers. All these data were collected from medical records without measurements by
researchers. It was observed during the analysis of the charts bad fill and the lack of data that
are essential for the diagnosis of metabolic syndrome, showing flaws even in the city's
Reference Unit
Keyword: metabolic syndrome, diabetes mellitus, public health.
INTRODUÇÃO
Diabetes Mellitus (DM) é uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta
de insulina e/ou da incapacidade desta de exercer adequadamente seus efeitos, resultando em
resistência insulínica. Caracteriza-se pela presença de hiperglicemia crônica, frequentemente
acompanhada de dislipidemia, hipertensão arterial sistêmica e disfunção endotelial.
Representa um considerável encargo econômico para o indivíduo e para a sociedade,
especialmente quando mal controlada, sendo a maior parte dos custos diretos de seu
tratamento relacionado às suas complicações as quais comprometem a produtividade, a
qualidade de vida e a sobrevida dos indivíduos, e que, muitas vezes, podem ser reduzidas,
retardadas ou evitadas. A progressiva ascensão das doenças crônico-degenerativas no Brasil
impõe a necessidade de uma revisão das práticas dos serviços de saúde pública, com a
implantação de ações de saúde que incluam estratégias de redução de risco e controle dessas
doenças (MANNA, DAMIANI & SETIAN, 2006; SANTOS, SCHRANK & KUPFER, 2009).
A educação em saúde, papel da atenção primária e medida de prevenção ou
retardo da DM, é uma ferramenta importante para a redução de custos para os serviços de
saúde. As intervenções que focalizam aspectos múltiplos dos distúrbios metabólicos,
incluindo a intolerância à glicose, a hipertensão arterial sistêmica, a obesidade e a
dislipidemia poderão contribuir para a prevenção primária da Diabetes Mellitus e da
Síndrome Metabólica (SM) (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA et al., 2005;
MANNA, DAMIANI & SETIAN, 2006; SANTOS, SCHRANK & KUPFER, 2009).
Síndrome Metabólica é um transtorno complexo representado por um conjunto de
fatores de risco cardiovasculares usualmente relacionados à deposição central de gordura e à
resistência à insulina. É importante destacar a associação da SM com a doença cardiovascular,
aumentando a mortalidade geral em cerca de 1,5 vezes e a cardiovascular em cerca de 2,5
vezes (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA et al., 2005).
Em 1998, foram apresentados alguns critérios para definição de SM como:
intolerância à glicose ou resistência à insulina, hipertensão arterial sistêmica (HAS),
dislipidemia (DLP), microalbuminúria, obesidade e presença de Diabetes Mellitus tipo 2
(DM2), sendo o desenvolvimento desta intimamente associada à resistência insulínica
(MANNA, DAMIANI & SETIAN, 2006; SANTOS, SCHRANK & KUPFER, 2009).
A avaliação da presença dos fatores que caracterizam a SM em um indivíduo pode
ser realizada através dos parâmetros preconizados pelo National Cholesterol Education
Program (NCEP/ATP III), ou pelos preconizados pela OMS, ou ainda pelos critérios do IDF
(InternationalDiabetes Federation). Embora haja uma tendência em utilizar os parâmetros
apresentados pelo NCEP/ATP III, no Brasil ainda não há estudos populacionais que
preconizem estes parâmetros para toda a população brasileira. Assim, quaisquer destes
parâmetros podem ser utilizados (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA et al.,
2005; MANNA, DAMIANI & SETIAN, 2006; SANTOS, SCHRANK & KUPFER, 2009).
Contudo, pela sua simplicidade e praticidade o NCEP/ATP III é a definição
recomendada pela I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica.
Segundo o NCEP/ATP III a SM é caracterizada pelos seguintes critérios: presença de
obesidade central determinada pela circunferência abdominal (homem ≥ 102 cm e mulher ≥
88 cm), hipertensão arterial (≥ 130/85 mmHg), baixos níveis de HDL-colesterol (≤ 40 mg/dL
em homens e ≤ 50 mg/dL em mulheres), triglicerídeos elevados (≥ 150 mg/dL) e intolerância
à glicose (glicemia de jejum ≥ 100 mg/dL) (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
CARDIOLOGIA et al., 2005; MANNA, DAMIANI & SETIAN, 2006; SANTOS,
SCHRANK & KUPFER, 2009).
No Terceiro Congresso Anual Mundial de Resistência à Insulina que aconteceu
em 2005, sugeriu-se que a SM não deveria ser vista como doença e sim um estado prépatológico, o qual se deve diagnosticar e tratar não a SM, mas os sinais e sintomas de doenças
isoladas. Neste mesmo Congresso discutiu-se sobre como diagnosticar a SM e diante das
considerações feitas anteriormente pela American Heart Association, National Heart e Lung
and Blood Institute houve certo consenso e estabeleceu-se que o diagnóstico de SM é positivo
quando da presença de 3 ou mais dos 5 fatores descritos pela NCEP/ATP III, sendo a
circunferência abdominal o principal fator no diagnóstico da SM (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA et al., 2005; MANNA, DAMIANI & SETIAN, 2006;
SANTOS, SCHRANK & KUPFER, 2009).
Não foram encontrados estudos sobre a prevalência da SM com dados
representativos da população brasileira. No entanto, estudos em diferentes populações, como
a mexicana, a norte-americana e a asiática, revelam prevalências elevadas da SM, dependendo
do critério utilizado e das características da população estudada, variando as taxas de 12,4% a
28,5% em homens e de 10,7% a 40,5% em mulheres (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
CARDIOLOGIA et al., 2005).
Nos últimos cinquenta anos, o Brasil, tal qual outros países em desenvolvimento,
mudou o seu panorama epidemiológico numa forma de transição classificada como modelo
retardado, na qual doenças crônico-degenerativas assumem importância cada vez maior como
causa de morbimortalidade, mas a incidência de doenças infectocontagiosas e a mortalidade
infantil, por exemplo, ainda são bem maiores do que nos países desenvolvidos (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA et al., 2005; MANNA, DAMIANI & SETIAN, 2006;
SANTOS, SCHRANK & KUPFER, 2009).
Nesta transição, a prevalência de vários fatores de risco para doenças
cardiovasculares tem aumentado na população brasileira, particularmente em crianças e
adolescentes, sendo o aumento da obesidade motivo de preocupação pela sua importância
como um dos componentes da SM, com impacto futuro no aumento da mortalidade
cardiovascular, fato que também vem sendo observado em outros países com perfil
socioeconômico similar (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA et al., 2005).
A modificação do comportamento alimentar inadequado e a perda ponderal,
associadas à prática de atividade física regular, são consideradas terapias de primeira escolha
para o tratamento da Síndrome Metabólica, por favorecer a redução da circunferência
abdominal e da gordura visceral, melhorar a sensibilidade à insulina e diminuir as
concentrações plasmáticas de glicose e triglicérides, aumentar os valores de HDL colesterol,
e, consequentemente, reduzir os fatores de risco para o desenvolvimento de Diabetes Mellitus
do tipo 2 e doença cardiovascular. E, como já afirmado, tais modificações e atuações passam
pela atenção básica proposta pelas Unidades de Saúde da Família (USF) (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA et al., 2005; MANNA, DAMIANI & SETIAN, 2006;
SANTOS, SCHRANK & KUPFER, 2009).
O presente artigo tem como objetivo descrever a prevalência de Síndrome
Metabólica (SM) em diabéticos adultos com até sessenta anos atendidos na Unidade da Saúde
da Família (USF) de referência, no bairro de Santana para a cidade de Paracatu-MG. E de
forma mais detalhada, identificar a prevalência de hipertensão arterial sistêmica, Diabetes
Mellitus, aumento da circunferência abdominal e dislipidemia em cada pesquisado e
apresentar o perfil laboratorial para glicemia e perfil lipídico dos adultos até sessenta anos
atendidos nesta unidade de referência ao atendimento do diabético na cidade de Paracatu MG.
MÉTODO
Trata-se de um estudo descritivo transversal, estudo de prevalência. Este
caracteriza-se pela observação direta da distribuição de uma ou mais variáveis, realizada em
um único momento e que necessita de um tempo de coleta curto (PEREIRA, 2005).
Foram arrolados, no período de agosto a novembro de 2014, todos os pacientes
diabéticos, adultos, até sessenta anos, cadastrados na USF de referência para os diabéticos da
cidade de Paracatu-MG (USF – Santana) representando uma amostra de demanda do
universo.
Os critérios de inclusão foram todos os pacientes diabéticos, atendidos na USFSantana, ter idade entre 19 e 60 anos incompletos e apresentar 3 ou mais critérios de inclusão
na SM de acordo com os parâmetros preconizados pelo NCEP/ATP III.
Os pacientes diabéticos atendidos nesta USF tiveram seus prontuários
analisados pelos pesquisadores, que analisaram informações sobre sexo, idade, altura, peso,
índice de massa corpórea (IMC), circunferência abdominal (C), valores de pressão arterial
(PA), de colesterol – lipoproteína de alta densidade (HDL-c), Triglicérides (TGs) e Glicemia
de jejum da última coleta ou aferição. Esperou-se encontrar todos estes dados nos prontuários
sem necessidade de aferições pelos pesquisadores.
Foram pareados os grupos por sexo e idade. Segundo Pereira (2005), será feita
uma divisão por sexo e dentro destes, serão inseridos os entre 19 anos aos 60 anos
incompletos nos grupos de coleta do sexo feminino e masculino. Esse pareamento foi
utilizado para diminuir as diferenças de características entre os grupos sem alterar as
principais variáveis testadas.
A realização deste trabalho obedeceu aos princípios éticos para pesquisa
envolvendo seres humanos, conforme resolução 196/96 do Conselho Nacional de
Saúde. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Atenas.
Os resultados acima foram expressos em médias e desvios padrões para as
variáveis numéricas. Para verificação da normalidade dos dados utilizou-se o teste de
Kolmogorov-Smirnov. Os dados foram avaliados por meio do software SPSS 21.0 for
Windows com licença de uso, utilizando-se o nível de significância igual a p≤ 0,05.
Resultados
Foram analisados um total de 659 prontuários, pertencentes aos pacientes
atendidos na Unidade estudada, sendo que desse total, 341 prontuários pertenciam a mulheres
(51,7%) e 318 prontuários pertenciam a homens (48,3%), conforme apresenta o gráfico 1.
Contemplou-se cinco aspectos que caracterizam a Síndrome Metabólica (SM), de acordo com
os critérios do NCEP-ATP III. São esses: Circunferência Abdominal, Pressão Arterial,
Intolerância à glicose, taxas de HDLc (High Density Lipoprotein colesterol),e taxas de
Triglicérides. Foram analisados, também, fatores antropométricos, como peso, altura e IMC
(Índice de Massa Corporal).
Gráfico 1: Caracterização dos gêneros pesquisados
CARACTERIZAÇÃO DOS GÊNEROS
PESQUISADOS
nº total de pesquisados
345
341
340
335
330
325
318
320
315
310
305
homens
mulheres
gênero
O valor de referência para a intolerância à glicose em jejum é ≥ 100 mg/dL. Essa
variável estava registrada em 500 prontuários (77,04%), sendo que destes, 90,8%
apresentavam-se intolerantes à glicose e 9,2% apresentaram não-intolerantes à glicose. Dentre
os intolerantes à glicose, 51,76% são mulheres e 48,24% são homens. Dentre os nãointolerantes à glicose, 50% são mulheres e os outros 50% são homens.
Em relação aos valores de circunferência abdominal, 90,3% dos prontuários
avaliados não apresentavam tal registro, como evidenciado no gráfico 2 e 3.
Gráfico 2: Número de prontuários pesquisados com dados de circunferência
abdominal.
Gráfico 3: Porcentagem relacionada aos prontuários com dados de circunferência
O valor da circunferência abdominal estava registrado em apenas 9,7% dos
prontuários, ou seja, 90,3% dos prontuários não possuem esse dado. Dentre os 64 prontuários
que continham esse registro, em 67,18%, o valor da circunferência abdominal estava elevado
(referenciado em ≥ à 102 cm para homens ou ≥ à 88 cm para mulheres) e em 32,82% dos
prontuários, o valor estava dentro da normalidade, como evidenciado no gráfico 4. Dos 43
prontuários que possuíam o valor elevado, 58,14% pertenciam a mulheres e 41,86%
pertenciam a homens, como representado no gráfico 5. Dos 21 prontuários que possuíam
valores normais, 28,57% pertenciam a mulheres (28,57%) e 71,43% pertenciam a homens.
Gráfico 4: Achados encontrados na análise de prontuários, em relação a
circunferência abdominal
Gráfico 5: Relação dos achados alterados em relação ao gênero
Havia registro da pressão arterial em 584 prontuários. Dentre os
prontuários que possuíam esse registro, 40,24% apresentavam valores elevados (hipertensão
arterial sistêmica
≥ 130/85 mmHg) e 59,76% apresentavam-se dentro da normalidade
(menor que 140/90 mmHg). Dos 235 hipertensos, 36,9% são mulheres e 63,4% são homens.
Dentre os 349 normotensos, 58,16% são mulheres e 41,84% são homens.
Dentre os 659 prontuários, apenas 123 (18,66%) apresentavam registros
dos valores de HDLc (High Density Lipoprotein colesterol), ou seja, 436 (81,34%)
prontuários não possuíam registros desse critério. Desses, 83 (67,47%) apresentavam valores
diminuídos e 40 (32,53%) apresentavam valores considerados normais. Sendo que, para que
sejam considerados normais, esses valores devem ser maiores que 40 mg/dl em homens e
maiores que 50 mg/dL em mulheres. Dentre os 183 casos que apresentavam valores
diminuídos, 102 são mulheres (55,74%) e 81 são homens (44,26%). Dentre os 40 prontuários
que possuíam valores considerados normais, 22 pertenciam a mulheres (55%) e 18 pertenciam
a homens (45%).
Os valores de triglicerídeos estavam registrados em apenas 32,77%
dos 659 prontuários analisados, ou seja, 67,23% dos prontuários não possuíam dados sobre
essa taxa. Dentre os 216 prontuários, 64,35% possuíam valores elevados e 35,65% possuíam
valores considerados normais. Para que o valor dessa taxa seja considerado elevado, deve ser
maior ou igual à 150 mg/dl. Dentre os pacientes que possuíam hipertrigliceridemia, 48,2% são
mulheres e 51,8% são homens. Dos 77 prontuários que foram registrados com valores
normais, 28,57% pertenciam a mulheres e 71,43% pertenciam a homens.
Constatou-se que 70,56% dos prontuários analisados não possuíam o registro do
peso. No restante (29,44%), ou seja, dos prontuários que continham o dado peso, 52,06%
pertenciam a mulheres e 47,94% pertenciam a homens. A média de peso em mulheres foi de
78,8 kg. Em homens, esta média apresentou-se um pouco mais elevada, sendo de 85,25 kg. A
média de peso total foi de 81,89 kg. O desvio padrão (DP) apresentou-se da seguinte maneira:
18,92 kg em mulheres; 21,99 kg em homens e, no total, 20,7 kg. O intervalo de confiança de
95% (IC95) do peso, no total, apresentou-se entre 78,98 e 84,81; em mulheres apresentou-se
entre 75,11 e 82,49 e em homens, apresentou-se entre 80,78 e 89,72.
A altura estava registrada em 17,6% dos prontuários, sendo que destes, 48,28%
pertenciam a mulheres e 51,72% a homens. A média da altura em mulheres foi de 1,60
metros e em homens, foi de 1,71 metros. A média total da altura foi de 1,65 metros. O desvio
padrão total foi de 9,6 centímetros. Em mulheres, esse foi de 6,3 centímetros, e em homens,
foi de 9,1 centímetros. O intervalo de confiança do peso, no total, apresentou-se entre 1,64 e
1,67 metros; em mulheres apresentou-se entre 1,58 e 1,61 metros e em homens, apresentou-se
entre 1,68 e 1,73 metros.
O IMC foi registrado em 18,97% dos prontuários. Sendo que 47,2%
correspondiam à prontuários femininos e 52,8% a prontuários masculinos. A média total do
IMC foi de 31,02 kg/m². Em mulheres, a média foi de 32,13 kg/m² e em homens, foi de 30,03
kg/m². O desvio padrão total foi de 6,17 kg/m². Em mulheres, esse desvio foi de 6,26 kg/m² e
em homens, foi de 5,92 kg/m². O intervalo de confiança total apresentou-se entre 29,94 e
32,10 kg/m². Em mulheres, esse intervalo apresentou entre 30,53 e 33,73 kg/m². Em homens,
esse intervalo apresentou-se entre 28,60 e 31,46 kg/m². Os valores de referência para o IMC
estão organizados em: menor que 18,5 kg/m², entre 18,5 e 24,9 kg/m² e maior ou igual a 25
kg/m². Nas mulheres, o IMC estava abaixo do normal em 1,69%, estava normal em 8,47% e
elevado em 89,83%. Nos homens, o IMC estava abaixo em 1,52%, estava normal em 12,12%
e elevado em 86,36%. No total de prontuários que continham esse dado, o IMC estava abaixo
em 1,6%, normal em 10,4% e elevado em 88% dos prontuários.
DISCUSSÃO
Durante a análise dos prontuários, percebeu-se a importância do correto
preenchimento desses, pois a partir desse preenchimento, pode-se chegar a diagnósticos e
possibilitar um melhor acompanhamento para o paciente. Durante o trabalho de campo
realizado, foi visto que, mesmo na Unidade de Saúde considerada referência em Diabetes
Mellitus para a cidade, foram negligenciados dados importantes para a análise e conclusão do
artigo.
Como visto no resultado, a grande maioria dos prontuários não continham os
dados necessários e, muitas vezes, tais dados estavam contidos, porém, ilegíveis ou não
padronizados. Foi visto também que a atualização de tais dados não era constante e foram
encontradas informações obsoletas e desnecessárias, o que pode dificultar o trabalho dos
demais profissionais de saúde e prejudicar o prognóstico dos pacientes.
De acordo com o Conselho de Ética Médica: “o prontuário deve conter os dados
clínicos necessários para a boa condução do caso, sendo preenchido, em cada avaliação, em
ordem cronológica com data, hora, assinatura e número de registro do médico no Conselho
Regional de Medicina.” Isso não foi visto durante a realização da análise dos prontuários, o
que prejudicou o objetivo principal do artigo, pois os dados não foram suficientes ou
representativos.
Outro aspecto observado foi o fato de que as informações sobre cada paciente não
são reunidas em um único prontuário, haja vista a presença de acompanhamento nutricional.
Com isso, quando o paciente ia à Unidade apenas para avaliação nutricional dados como
circunferência abdominal, peso e IMC ficavam restritos apenas a esse profissional. Com isso,
notamos a necessidade de além de unificar o prontuário, aumentar a integração
multiprofissional, pois isso traria benefícios não só para o paciente em seu tratamento, como
para o sistema de saúde, pois diminuiria o tempo gasto pelos profissionais e poderia diminuir
o tempo de tratamento, pois o paciente seria considerado de forma mais holística.
A Hipertensão arterial sistêmica é uma das importantes citações do grupo de
anormalidades clínicas que caracterizam a Síndrome Metabólica, encontrada em 30 a 40% dos
hipertensos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA et al., 2005). Entre
hipertensos com síndrome metabólica tem sido descrito alta prevalência de lesões de órgãosalvo e acréscimo significativo dos riscos cardiovasculares, com impacto prognóstico
desfavorável. Grande parte dos prontuários analisados, apontaram a Hipertensão Arterial
Sistêmica, demonstrando que essa patologia possui grande prevalência.
Segundo Luiz Alexandre Grincenkov Silveira, o risco de obesos ficarem
diabéticos aumenta em 50%, quando o índice de massa corporal (IMC) está entre 33 e
35kg/m². Tal informação confirma os resultados encontrados durante a realização da análise
dos prontuários, pois foi visto que a maioria dos prontuários que continham valores de IMC
registrados possuíam valores elevados. Quanto ao peso corporal, os prontuários também
demonstraram uma média alta tanto em homens, quanto em mulheres, evidenciando a relação
entre sobrepeso, obesidade, alto índice de massa corpórea e a síndrome metabólica.
A modificação do comportamento alimentar inadequado e a perda ponderal,
quando associadas à prática de atividade física regular, são consideradas terapias de primeira
escolha para o tratamento da síndrome metabólica, por tais mudanças de hábitos favorecem a
redução da circunferência abdominal e da gordura visceral, melhora a sensibilidade à insulina
e diminui as concentrações plasmáticas de glicose e triglicérides, aumenta os valores de HDL
colesterol e, consequentemente, reduz os fatores de risco para o desenvolvimento de Diabetes
Mellitus do Tipo 2 e doenças cardiovasculares ( MCLELLAN, Kátia Cristina Portero et al.,
2007).
Os registros menos encontrados nos prontuários foram os valores de
triglicerídeos e de colesterol, o que mostra a deficiência dos prontuários, pois ambos são
fatores de risco para a Síndrome Metabólica. Caso houvesse acompanhamento satisfatório,
tais taxas poderiam ser melhores controladas, pois são reversíveis quando há mudanças nos
hábitos alimentares e prática constante de exercício físico. Principalmente porque há muitos
pacientes idosos, e estes apresentam certa resistência às mudanças de mentalidade e havendo
um acompanhamento constante, tais pacientes desenvolveriam uma relação de confiança com
os profissionais e teriam melhor adesão ao tratamento.
Observou-se que com o aumento do IMC e da gordura abdominal houve elevação
principalmente da glicemia, das triglicérides, da pressão arterial e redução do HDL. A
frequência de síndrome metabólica foi maior no grupo sobrepeso/obesidade e em homens
(REZENDE, Fabiane Aparecida Canaan et al., 2006). Nesse estudo a quantidade de homens
com IMC elevado foi maior que a quantidade de mulheres.
Diante dos dados analisados, foi observado que os fatores de risco e os critérios da
NCEP-ATP III estão intimamente relacionados e geram o quadro de SM.
CONCLUSÃO
Destaca-se que não foi possível estabelecer a prevalência da síndrome metabólica
entre os diagnosticados como portadores de Diabetes Mellitus tipo II, na unidade básica de
saúde referida, devido a grande quantidade de prontuários que estavam indevidamente
preenchidos e com dados incompletos. Com isso, ressalta-se a importância da capacitação das
equipes para o correto preenchimento dos prontuários, pois são de grande relevância para
levantamentos epidemiológicos, avaliação e tratamento dos pacientes.
As variáveis analisadas que configuraram síndrome metabólica, quando presentes
nos prontuários, revelaram-se alteradas em sua maioria, com ligeira predisposição ao sexo
feminino, evidenciando a necessidade de orientação para a melhora de hábitos de vida, como
prevenção do quadro.
Por isso, sugere-se a necessidade de estudos de prevalência da síndrome
metabólica com dados representativos para a população brasileira para auxiliar nas medidas
de prevenção, diagnóstico e tratamento.
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MCLELLAN, Kátia Cristina Portero; BARBALHO, Sandra Maria; CATTALINI, Marino;
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PEREIRA, Maurício Gomes. Epidemiologia: teoria e prática. 8. ed., Rio de Janeiro:
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