CARBONO 2007 COQUE VERDE DE PETRÓLEO: UMA VISÃO GERAL SOBRE QUALIDADE, PRODUÇÃO NO BRASIL E EXTERIOR E SUAS APLICAÇÕES Roberto Lopes Carvalho (CENPES/PDAB/COMB) Paulo César Lima de Assis (AB/MC/CPPI/CICI) Novembro/2007 1 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. ESQUEMA DE PRODUÇÃO DO COQUE VERDE DE PETRÓLEO 3. TIPOS 4. QUALIDADE 5. PRODUÇÃO NO BRASIL 6. PRODUÇÃO MUNDIAL 7. APLICAÇÕES 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 2 INTRODUÇÃO Em 1860, surgiu a primeira forma sintética do carbono produzida a partir do petróleo, denominada Coque Verde de Petróleo (CVP). O CVP foi produzido de forma pioneira em uma refinaria da Pennsylvania no início do século 19, com objetivo de obter querosene iluminante, empregando uma fornalha aquecida a lenha e a carvão. Esta tecnologia foi empregada até 1880, e em alguns casos o processo era interrompido antes da formação do coque, para obtenção de óleos lubrificantes pesados. Em 1920, foi patenteado um sistema de destilação que consistia em um tubo passando por uma fornalha, seguido de uma coluna de fracionamento para obtenção de correntes leves. 3 INTRODUÇÃO (cont.) A PETROBRAS iniciou a produção de CVP no BRASIL em 1972. 1º Unidade - 1972 - RPBC (TEC. LUMMUS) 2º Unidade - 1986 - RPBC (TEC. PETROBRAS - TRANSF. KELLOG) 3º Unidade - 1992 - REGAP (TEC. PETROBRAS) 4º Unidade - 1999 - REPLAN (TEC. PETROBRAS) 5º Unidade – 2006 – REFAP ( TEC. PETROBRAS) O aumento da produção de petróleos nacionais com elevados teores de frações pesadas e com baixos teores de enxofre favoreceu o investimento em unidades de conversão como a unidade de coqueamento retardado (UCR). O processo UCR converte 70 a 80% v/v do resíduo em derivados leves como GLP, naftas , óleo diesel ( especialmente) e gasóleos, de maior valor agregado. 4 ESQUEMA DE PRODUÇÃO • Forno - especialmente projetado para evitar que o coqueamento ocorra no interior dos tubos - injeção de vapor torna o regime turbulento, reduz pressão parcial dos HC para que não forme coque nos tubos e o retarde para se formar no tambor. • Tambores- são vasos de aço constituídos de ligas especiais, de 6 a 8 m de largura e 20 a 30 m de altura. • As unidades operam de modo contínuo, e os tambores operam ciclicamente pelo período de 10 a 24h. • Enquanto um tambor está sendo cheio o outro está em fase de descoqueiamento ( para ser esvaziado) . 5 ESQUEMA DE PRODUÇÃO (cont.) Fluxograma simplificado da UCR 6 TIPOS Classificação em função da natureza das cargas de origem: • shot coke - cargas ricas em asfaltenos (> 13% m/m), formadas por resíduos de vácuo ou resíduos asfálticos que apresentam altos teores de enxofre e metais - a olho nu, o material apresenta forma esférica de várias dimensões; • coque esponja – formados por resíduos de vácuo que possuem asfaltenos, resinas e médios teores de enxofre e metais - a olho nu, o material apresenta pequenos poros e paredes espessas; 7 TIPOS (cont.) • coque esponja aluminium grade - formado a partir do resíduo de vácuo, apresenta menores teores de impurezas do tipo asfaltenos, enxofre, resinas e heteroátomos - camadas mais alinhadas e poros em forma de elipse; • coque agulha - cargas são formadas por óleos decantados, ricos em hidrocarbonetos aromáticos e que contêm baixa presença de asfaltenos, resinas e metais - classificado como material anisotrópico. 8 TIPOS (cont.) Classificação em função do teor de enxofre: CVP Baixo Teor de Enxofre (BTE) Médio Teor de Enxofre (MTE) Alto Teor de Enxofre (ATE) % enxofre, em massa <2 2–4 >4 9 QUALIDADE Qualidade do CVP no Mercado Internacional 22% BTE + MTE ATE 78% 10 QUALIDADE (cont.) Qualidade do CVP PETROBRAS • A PETROBRAS produz CVP esponja, sendo boa parte classificado como aluminium grade. • O CVP PETROBRAS é do tipo BTE, com teor de enxofre inferior a 1%, fato que torna o produto “topo de linha” para a indústria de alumínio e potencial substituto do carvão em aplicações siderúrgicas. 11 QUALIDADE (cont.) Produção a partir de petróleo nacional, oriundo da Bacia de Campos: • Baixo teor de enxofre (< 1%) • Qualidade constante 12 QUALIDADE (cont.) Outras características do CVP PETROBRAS, importantes para o seu uso como substituto do carvão: • Baixos teores de cinzas • Alto teor de carbono fixo • Elevado poder calorífico 13 QUALIDADE (cont.) Características Valores Típicos Método ASTM Umidade, % m/m 10 D 3173/4931 Matéria Volátil, % m/m 11 D 3175/4421 Cinzas, % m/m 0.2 D 3174/4422 Enxofre, % m/m 0,8 D 4239 Carbono Fixo, % m/m 88 D 3172 Poder Calorífico, kcal/kg 8500 D 5865 HGI (Hardgrove Grindability Index) 100 D 409/5003 14 PRODUÇÃO NO BRASIL (cont.) Novas UCRs aumentarão a produção de CVP no Brasil: 2,3 milhões t, em 2007 7,0 milhões t, em 2014. Milhões t 8 7,0 7 6,3 6 5 3,8 4 3 3,3 2,8 2,3 2 1 0 2007 2008 2009 2010 2012 2014 15 PRODUÇÃO MUNDIAL Mil Mil tt 83.551 70.483 61.883 69.422 84.390 85.213 86.127 89.041 4% 14% 73.141 66.179 11% 3% 4% 6% 10% 10% 62% 77% 1996 1997 1998 Am. Norte 1999 União Européia 2000 Am. Latina 2001 2002 Ásia e Oceania 2003 2004 2005 África e Outros Europa Fonte: Kaiser Associates 16 APLICAÇÕES Produção Mundial de CVP 90 Milhões t Alto Enxofre 70 Milhões t Baixo e Médio Enxofre 20 Milhões t Uso Industrial Uso Energético Siderurgia e Outros 4 Milhões t Alumínio 16 Milhões t 0.7 1,6 17 APLICAÇÕES (cont.) Características Aplicações do CVP Matéria–prima p/ calcinação Mercados Alumínio TiO2 Redutor à base de carbono Ferro-Gusa Ferro-Ligas Carbetos Matéria–prima p/ coqueria Fundição Matéria–prima p/ coqueria Grandes Siderúrgicas Combustível Cal Grandes Siderúrgicas (PCI) Cerâmica vermelha Pelotização / Sinterização Cimento Geração de energia Combustível Qualidade Requirida Coque de Petróleo Voláteis Baixos (Máx. 12% m/m) Metais Baixos Enxofre Baixo (<2% m/m) Enxofre Baixo (<1,0 %m/m) Carbono Fixo Alto(>90% m/m) Metais Baixos Granulometria (ferro-liga e gusa) Enxofre Baixo (<1,0 %m/m) Carbono Fixo Alto (> 90% m/m) Enxofre baixo (<1,0 %m) Carbono Fixo Alto (> 90% m/m) Enxofre baixo (<1% m/m) Poder Calorífico Alto Enxofre alto (>4% m/m) Poder Calorífico Alto 18 APLICAÇÕES (cont.) Calcinação Processo térmico, que permite reduzir drasticamente o teor de material volátil presente no coque verde de petróleo . Podem ser beneficiados por este processo o coque verde tipo esponja aluminium grade e o tipo agulha. O coque calcinado de petróleo é empregado em misturas com piche na produção de anodos para: ● Indústria de Alumínio ● Indústria de Eletrodos de Grafites ● Indústria de TiO2 19 APLICAÇÕES (cont.) • Usos já testados do CVP na Indústria Siderúrgica: Nas coquerias, como fornecedor de carbono e redutor de cinzas, em substituição ao carvão mineral, para produção de coque metalúrgico. Nos altos fornos, em PCI (pulverized coal injection). Nos pequenos e médios fornos, em substituição a carvão vegetal, para produção de gusa e fundição. Nos processos de pelotização, sinterização e de ferro-ligas. Aplicações na siderurgia são exclusivas dos CVPs sul-americanos. 20 CONSIDERAÇÕES FINAIS • O aumento significativo da produção do Coque de Petróleo Nacional, com baixos teores de enxofre, cinzas, carbono fixo e elevados valores de poder calorífico o credenciam a ser: uma matéria-prima de qualidade para uso na produção de coque calcinado destinado principalmente à indústria de alumínio no Brasil e no exterior; uma alternativa importante para diversos segmentos industriais brasileiros como substituto dos carvões vegetal e mineral importado. • A PETROBRAS deseja participar e viabilizar pesquisas que assegurem o uso crescente do Coque de Petróleo por importantes setores da economia brasileira. 21 Obrigado por sua atenção 22