MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação CHAMADA MCTI-CNPq/MDS-SAGI Nº 24/2013 DESENVOLVIMENTO SOCIAL Grupo de Trabalho ANPOCS – Chamada CNPq - 24/2013 Brasília – DF – 27-28/11/2014 O impacto do Programa Bolsa Família na sustentabilidade da agricultura camponesa do Semiárido da Bahia no contexto de agudização da estiagem COORDENAÇÃO Celso Antonio Favero Stella Rodrigues dos Santos Maria Dorath Bento Sodré APOIO TÉCNICO (Estatística) Gênesis Neris De Jesus BOLSISTAS ITI A Darlan Bruno Sousa Lessa Dayane Santos Brandão Eugenia Santos Ribeiro Filipe José de Valois Coutinho Rocha de Souza Jadson Sampaio Silva Jenivaldo Monteiro Machado Júlia Simões Neris Luise Victoria de Melo Santos Marcelo dos Anjos Santos Naílson Constantino dos Reis Pedro Diogo Carvalho Monteiro Renata Santana Lima Suzy Marinho Pedreira Valdinea dos Reis Bernardo OBJETIVOS GERAL – AVALIAR O IMPACTO/EFEITO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE ASSITENCIA SOCIAL NA SUSTENTABILIDADE DA AGRICULTURA CAMPONESA NOS TERRITÓRIOS DE IDENTIDADE BACIA DO JACUÍPE E IRECE, NO SEMIARIDO DA BAHIA, EM CONTEXTO DE ESTIAGEM/SECA. ESPECÍFICOS: 1) dimensionar o grau de sustentabilidade dessa agricultura e o tamanho do seu agravamento em tempos de calamidades (estiagem/seca); 2) elaborar instrumental metodológico (matriz de indicadores) que permita a verificação do problema num nível cientificamente aceitável; 3) identificar o grau de contribuição (impactos/efeitos) dos programas de assistência social para reconquistar o grau de sustentabilidade existente nos tempos de equilíbrio climático; 4) propor indicações para a superação do estado de vulnerabilidade e/ou para a construção de um modo sustentável de produção de vida. CAMPO DA PESQUISA E SUJEITOS PARTICIPANTES Os territórios de identidade Bacia do Jacuípe e Irecê no Semiárido da Bahia 34 municípios (nos dois territórios) 32 comunidades camponesas (sertanejas, ribeirinhas, assentamentos, quilombos) 332 famílias (mínimo se 10 por comunidade) Critérios para eleição das famílias: posse de terra, alguma produção agropecuária nos últimos anos e serem beneficiárias do Programa Bolsa Família. INSTRUMENTOS DE METODOLOGIA - Aproximação das comunidades (via lideranças locais) e - - elaboração do mapa e dos roteiros da pesquisa; Elaboração de Cadernos de Municípios (e Territórios) Caminhadas, observação in loco, conversas, rodas de conversas, entrevistas, questionário (cadernos de campo, relatórios, fichas das famílias); Entrevistas com lideranças e agentes públicos (nas prefeituras); Questionário (matriz de indicadores); Oficinas e Seminários; A liga – mistura de paciência, “artesanato intelectual” e “pedagogia investigativa”, de modo que o arsenal metodológico foi burilado e reinventado no processo. A MATRIZ OBJETIVOS E DIMENSÕES da Matriz – dimensionar o grau de sustentabilidade da agricultura camponesa nos dois territórios. - Objetivo - Dimensões da Matriz (da sustentabilidade) - Social Econômica Político/Institucional Ambiental/Territorial Assistencial/Previdenciária A MATRIZ SUBDIMENSÕES E INDICADORES - TOTAL DE INDICADORES - 59 - Acesso à terra (4 indicadores); - Acesso à água (7 indicadores); - Acesso às organizações comunitárias, associativas, - sindicais e cooperativas (4 indicadores); Produção de renda pelo trabalho (8 indicadores); Acesso e uso de tecnologias (3 indicadores); Acesso a financiamentos para investimento e custeio na produção agropecuária (4 indicadores); Acesso a assistência (serviço) técnica (2 indicadores); A MATRIZ SUBDIMENSÕES E INDICADORES - Acesso a serviços e equipamentos públicos na área de saúde (4 indicadores); - Acesso a serviços e equipamentos públicos na área - - de educação (5 indicadores); Acesso a atividades de lazer (3 indicadores); Acesso a infraestrutura básica (7 indicadores); Acesso a políticas públicas de previdência e assistência social (5 indicadores); Preservação ambiental no estabelecimento – resiliência/semiárido (3 indicadores). MATRIZ CATEGORIAS DE MENSURAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE MD (Muito Desfavorável): > 0 e ≤ 1 D (Desfavorável): > 1 e ≤ 3 F (Favorável): > 3 e ≤ 5 RESULTADOS DA PESQUISA - Relatório final; - Relatórios individuais; - Artigo e Ficha Técnica; - 36 Cadernos (34 Cadernos de Municípios e 2 - - - Cadernos de Territórios); Fotos; Cadernos de Campo; Banco de dados (SPSS/Excel); Matriz de indicadores; Formação para a pesquisa com camponeses no semiárido de 16 estudantes de graduação INFORMAÇÕES SOBRE O GRAU DE SUSTENTABILIDADE DA AGRICULTURA CAMPONESA NOS TERRITÓRIOS JACUÍPE E IRECÊ, NO SEMIÁRIDO DA BAHIA POPULAÇÃO NOS TERRITÓRIOS DE IRECÊ E JACUÍPE E SUAS VARIAÇÕES NOS PERÍODOS ANO 1991 2000 2010 2014 IRECÊ População Taxa/ano 369.167 JACUÍPE População Taxa/ano 273.276 383.625 0,43 240.162 -1,34 402.828 432.977 0,50 1,87 237.267 249.628 -0,12 1,30 DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO SEGUNDO LOCAL DE DOMICÍLIO E SEXO NOS TERRITÓRIOS JACUÍPE E IRECE, 2010 SEXO LOCAL DE DOMICÍLIO Zona Urbana Zona Rural Total TOTAL MASCULINO FEMININO SEXO TOTAL MASCULINO FEMININO TERRITÓRIO JACUÍPE TERRITÓRIO IRECÊ 58.941 63.896 122.387 121.272 126.028 247.300 59.146 55.734 114.880 81.654 73.874 155.528 117.637 119.630 237.267 202.926 199.902 402.828 Índice Geral de Sustentabilidade nos Territórios de Identidade pesquisados Índice Geral de Sustentabilidade do modo camponês de produção de vida nos Territórios de Identidade Bacia do Jacuípe e Irecê nos períodos de 2009 a 2010 e 2011 a 2013 Variação do Grau de Sustentabilidade conforme as dimensões avaliadas nos Territórios Número de beneficiários do PBF e valores transferidos entre 2009-2013 para os Territórios Jacuípe e Irecê 2009 Território 2010 2011 2012 2013 TOTAL DE FAMÍLIAS BENEFICIÁRIAS DO PBF – 2009 A 2013 JACUÍPE 35.753 37.097 38.427 40.141 39.821 IRECÊ 57.841 62.332 66.159 68.951 68.672 TOTAL 93.594 99.429 104.586 109.092 108.493 VALORES (R$) REPASSADOS PELO PBF – 2009 A 2013 JACUÍPE 39.303.373,00 43.839.484,00 49.635.639,00 59.448.546,00 69.823.034,00 IRECÊ 62.216.847,00 75.438.139,00 86.437.021,00 107.604.104,00 130.999.850,00 TOTAL 101.520.220,00 119.277.623,00 136.072.660,00 167.052.650,00 200.822.884,00 Síntese das informações sobre transferências públicas federais para os territórios Jacuípe e Irece, 2013 FONTES/PROGRAMAS PRONAF PAA PREVIDENCIA ANO 2013 TRANSFERENCIAS (R$) 55.513.906,18 2.205.195,41 1.017.426.988,49 BENEFICIÁRIOS 20.457 contratos 540 agricultores e 21.000 atendidos 129.583 PBF 200.822.884,00 108.493 BPC 102.700.020,19 12.936 TRANSFERENCIAS FEDERAIS 683.728.101,07 682.605 habitantes Dimensão Assistencial/Previdenciária de Sustentabilidade do modo camponês de produção de vida nos Territórios de Identidade Bacia do Jacuípe e Irecê nos períodos de 2009 a 2010 e 2011 a 2013 Dimensão Assistencial/Previdenciária Grau de Sustentabilidade 2009 - 2010 INDICE DIMENSIONAL % % Menções Menções Menções 2011 – 2013 Menções % Menções Menções 579 37,8% 590 37,9% 1.169 37,9% 478 31,2% 519 33,4% 997 32,3% Favorável – (F) 474 31,0% 446 28,7% 920 29,8% Total 1.531 100,0% 1.555 100,0% 3.086 100,0% Muito Desfavorável – (MD) Desfavorável – (D) CONCLUSÕES - O atual modo camponês de produção nos Territórios de Identidade Bacia do Jacuípe e Irecê, no Semiárido da Bahia, é tornado insustentável (bloqueios – terra, água, tecnologias -, produção familiar para o consumo, comunidade, resiliência). - Essa insustentabilidade reaparece em cada uma das dimensões, dos indicadores, e, igualmente, nos dois territórios. - A insustentabilidade é histórico-estrutural, consubstanciada em sistemas de bloqueios (acesso à terra, à água, a tecnologias, a assistência técnica, a financiamentos e a políticas públicas coletivas de qualidade, como a educação - formação geral e formação técnica/profissional -, a saúde, o lazer, o transporte...). - A insustentabilidade ganha novas formas e condições no contexto atual sob o domínio do neoextrativismo articulado a um novo modelo de políticas públicas pautadas pelo PBF. PROJETOS ESTRUTURANTES - Esses projetos se colocam na linha de ruptura com os sistemas de - - - bloqueio e com os atuais modelos de políticas (assistência baseada no atendimento individual, incentivo ao consumo e mínimo biológico). O acesso à terra, à água, às tecnologias, à assistência técnica, às políticas públicas coletivas de qualidade – educação, saúde, lazer -, ao desenvolvimento sustentável e ao financiamento do desenvolvimento, devem formar a base estrutural desses projetos. Os projetos precisam ser massivos e envolventes ao longo de todo o processo e serem portadores das dimensões política e pedagógica. A educação precisará ser de "alta intensidade", articular formação geral e técnica, envolvendo questões como: o modo camponês de produção, o cooperativismo, a formação técnica/profissional, a cidadania e o aumento da resiliência nas condições atuais do Semiárido. Os projetos precisam envolver de modo estrutural os jovens, que são atualmente o setor mais vulnerável às condições de insustentabilidade do modo camponês de produção de vida no Semiárido.