VII ENABED: Defesa da Amazônia. Caderno de resumos ST 20. Emprego de Agentes QBRNE Carla Maria Clausi (ECEME) “Portaria 2221/MD – A Preparação do Serviço de Saúde do Exército Brasileiro” A Portaria Normativa n° 2221, de 20 de agosto de 2012, do Ministério da Defesa (MD), estabelece orientações para a atuação nas atividades compreendidas nos Grandes Eventos determinados pela Presidência da República. Neste contexto, o MD está autorizado a realizar o planejamento para o emprego temporário das Forças Armadas em várias áreas, entre elas as de defesa contra terrorismo e contra agentes Químicos, Biológicos, Radiológicos ou Nucleares (QBNR). Para isto, o Serviço de Saúde (Sv Sau) do Exército Brasileiro (EB) está se preparando através da atualização e capacitação de seus profissionais de saúde; adquirindo equipamentos, materiais, antídotos e medicamentos; além de estar adequando as instalações de suas Organizações Militares de Saúde com áreas para isolamento e tratamento específicas. Estão sendo realizados contatos com as Secretarias Estaduais de Saúde para eventuais operações interagências e com os demais Sv Sau das outras Forças (Marinha e Força Aérea), para operações conjuntas. As Forças Armadas serão responsáveis pela coordenação da Defesa dos Grandes Eventos junto ao Centro de Operações (COp) e, caso ocorra algum tipo de incidente, o Sv Sau terá seu comando efetuado por um Assessor de Saúde, Oficial Médico do Quadro de Estado Maior. No COp haverá equipes constituídas por integrantes das áreas de Inteligência, Comando, Controle, Comunicações e Logística (Saúde, Recursos Humanos, Suprimentos, Manutenção, Engenharia e Transporte). A partir do desencadeamento da necessidade de atuação, haverá equipes chamadas de Forças de Resposta Inicial (FRI) e outras chamadas de Forças de Resposta de Emergência (FRE). As FRI serão compostas por um Núcleo QBRN, com 20 militares combatentes e um Núcleo de Saúde, com 20 militares de saúde, assim discriminados: 3 médicos, 2 farmacêuticos, 2 enfermeiros, 6 subtenentes ou sargentos de Saúde e 7 cabos ou soldados de Saúde. Todos estes profissionais estarão treinados para realizar o Suporte Básico de Vida ao Trauma e o Atendimento Pré-Hospitalar, em áreas contaminadas por agentes QBNR e os médicos deverão ter, também, especialidade em Suporte Avançado de Vida ao Trauma. A principal missão das FRI será a de Suporte Básico de Vida, controle inicial de danos e preparo para evacuação dos pacientes, por prioridades, após realização de triagem das vítimas, segundo o método START ("Simple Triage and Rapid Treatment"). As FRE serão compostas pelos militares do Batalhão QBNR e da Companhia QBNR, além do Hospital de Campanha do EB com 4 equipes de saúde, constituídas por 4 Núcleos de Saúde, como os das FRI. Nestas equipes haverá especialistas em defesa QBNR, nas áreas de Cirurgia Geral, Ortopedia, Cirurgia Buco-Maxilo-Facial, Neurocirurgia, Anestesiologia, Medicina Nuclear, Infectologia, Gastroenterologia, Hematologia, Terapia Intensiva, Pediatria, Psicologia, Enfermagem, Bioquímica e Veterinária. Também será criado um Grupo Nacional de Saúde, com capacidade de deslocamento e gerenciamento de crise em qualquer local do país. Os Hospitais Militares de Área serão considerados centros de referência terciária. A evacuação e hospitalização das vítimas poderão ser efetuadas pelas próprias Forças Armadas, ou através da mobilização de ambulâncias e helicópteros, laboratórios químicos e farmacêuticos e organizações civis de saúde, por operações interagências. Ainda estarão integrados o Instituto de Biologia do Exército, o Centro de Tecnologia do Exército e o Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército, para desenvolver novas tecnologias de diagnóstico e tratamento, produção de fármacos e vacinas específicas, em tempo real. Também está sendo prevista a cooperação da Fiocruz-Biomanguinhos e 204 VII ENABED: Defesa da Amazônia. Caderno de resumos a criação de um Laboratório de Biossegurança Nível 4. Desta maneira, pretende-se ter um Sv Sau do mais elevado nível científico, preparado para todos os tipos de adversidades que possam vir a ocorrer nos Grandes Eventos que ocorrerão no Brasil no período de 2013 a 2016 e que deixará seu legado para o futuro do país. Carlos Henrique Coelho de Campos (UFRJ); Otávio Augusto Brioschi Soares (AMAN); Rubens Fabiano Soares Prado (UFRRJ) Bioterrorismo x Segurança alimentar – um desafio no cenário da guerra não convencional O lema do Programa de Auditoria em Segurança Alimentar do Exército Brasileiro “Alimento seguro é a garantia do emprego operacional da tropa” traduz a importância que a alimentação tem não só para os Exércitos, mas para as sociedades em geral. De fato, os exemplos que nos chegam das crises que têm ocorrido de forma natural no setor alimentar, não dependente da vontade humana, são a prova da importância que as sociedades devem atribuir a esta problemática. A “doença da vaca louca”, a febre aftosa nos ruminantes, a peste suína clássica ou a gripe das aves são exemplos de situações relacionadas com a alimentação humana, que acabaram afetando as populações no âmbito econômico e, mais grave ainda, no âmbito da saúde pública e que ocorreram de modo não intencional. O aumento exponencial da população mundial é uma ameaça constante da possibilidade da fome, mesmo nos países mais desenvolvidos, evidenciando as fragilidades das nossas sociedades relativamente à prevenção e gestão de crises alimentares. Os eventos citados contribuíram para fortalecer as medidas epidemiológicas de vigilância e de controle de zoonoses, alterar metodologias de criação de animais, reforçar as instituições responsáveis pelo controle dos alimentos e alertar e sensibilizar as pessoas para as questões relacionadas com a segurança alimentar. Podemos deduzir que um ataque premeditado ao setor alimentar poderia acarretar consequências muito graves à ordem social vigente. É fundamental que os governos tomem consciência das ameaças terroristas que pesam sobre as cadeias alimentares e que consigam estabelecer programas eficazes de defesa alimentar. Das grandes linhas de orientação preconizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o combate ao terrorismo alimentar fazem parte a prevenção, detecção, preparação, resposta e comunicação entre os Estados e as pessoas e entre as diversas instituições. Para que estas medidas sejam eficazes é necessário que os países tenham, previamente organizados, eficientes programas de segurança alimentar, sobre os quais se devem apoiar os planos específicos da defesa alimentar. Dentro dessa concepção, passaremos a abordar as atividades preventivas realizadas pela estrutura de logística da alimentação no Exército Brasileiro e como seria o possível emprego da Força Terrestre, em nível tático e operativo, diante dos riscos de um ataque bioterrorista no setor alimentar, embasado na Estratégia Nacional de Defesa. Carlos Henrique Coelho de Campos (UFRRJ) Rubens Fabiano Soares Prado (UFRRJ); Otávio Augusto Brioschi Soares (AMAN), Carlos Luiz Massard (UFRRJ) Enfoque militar em biossegurança - riscos das doenças transmitidas por carrapatos com ênfase na Febre Maculosa Brasileira 205 VII ENABED: Defesa da Amazônia. Caderno de resumos Os agentes transmitidos por carrapatos provocam prejuízos sanitários e econômicos há séculos, podendo ser considerados patógenos que atacaram homens em combate na história da humanidade. Diante do cenário atual de reestruturação do Exército Brasileiro, pela estratégia nacional de defesa, os eixos da transformação passam pela preocupação com o combatente e na manutenção da sua operacionalidade. A saúde do soldado é um fator importante para esse objetivo. E para seguir essa proposta, ações de biossegurança e epidemiologia devem fazer parte da doutrina militar. As Forças Armadas Americanas adotam a medicina preventiva como doutrina e possuem centros de estudos que produzem pesquisas que auxiliam neste objetivo, produzindo conhecimento tecnológico e científico. Um exemplo é o Centro das forças armadas americanas para promoção da saúde e medicina preventiva (US Army Center for Health Promotion and Preventive Medicine). Conforme Pitrat e Wiggans (2001), os perigos ocupacionais, de saúde ambiental e de doença endêmicas podem impactar seriamente decisões de comandantes de missões e afetar no curto e longo prazo as atividades militares. No caso do presente trabalho, as ações preventivas para ameaças de doenças endêmicas, que afetem atividades militares, devem incluir observações prévias, em nível estratégico. Essas ações devem ser focadas na vigilância epidemiológica e ambiental, e em ações de proteção individual nas ações em campo. Nessas ações preventivas, deve-se também levar em consideração se as atividades são de adestramento ou reais e se desenvolvem em território nacional ou internacional. A Febre Maculosa Brasileira tem avançado no número de casos e sua detecção em artrópodes também. A doença é uma preocupação para as autoridades de saúde e já faz parte da lista de doenças de notificação compulsória do Ministério da Saúde. Para tanto, revisado o conhecimento a respeito da doença, conclui-se que essa patologia deve ser uma preocupação para o Exército, junto a outras patologias transmitidas por artrópodes que podem atingir os militares em atividades fim e inutilizarem este elemento importante estrategicamente por um curto ou longo prazo. A partir desta idéia, deve-se por em prática a doutrina de medicina preventiva para este problema e que pode reduzir os riscos para os militares. Diversas medidas podem ser adotadas tanto na esfera estratégica, atuando em vigilância ambiental e epidemiológica, biossegurança e inteligência em saúde, como em ações de proteção individual nos campos de instrução ou em atividades em áreas de risco. Em sua história recente o Exército Brasileiro vem sendo requisitado pelas autoridades para atuar em operações em prol da saúde e em apoio à defesa sanitária, como é o caso de programas de vacinação em áreas remotas e combate a diversas enfermidades, zoonoses ou não, como a aftosa, o cólera, a dengue e a febre amarela. Esta demanda emana das funções constitucionais da Força, sua nacionalidade e sua presença em todo o território nacional. Adiciona-se a este cenário a recente estruturação do Sistema de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear do Exército e a implementação das Normas de biossegurança, bioproteção e defesa biológica do Ministério da Defesa e dos eventos esportivos e religiosos de grande porte que ocorrerão no nosso país. Sendo assim, o presente trabalho visa discutir as medidas sanitárias necessárias para as Forças Armadas preservarem seus efetivos dos riscos nas áreas de treinamento e operações militares. 206 VII ENABED: Defesa da Amazônia. Caderno de resumos Cláudio Lísias Mafra de Siqueira (Universidade Federal de Viçosa); Carlos Henrique Coelho de Campos- Doutorando (UFRRJ) Biossegurança. Necessidade da Integração Civil e Militar Inicialmente utilizado e apropriado como restrito ou relativo unicamente a organismos geneticamente modificados (OGMs), o termo biossegurança em um contexto mais amplo apenas recentemente tem sido objeto, ainda que bastante tímido, de discussões no meio acadêmico, com termos como agentes biológicos, biossegurança, bioconfiança, bioproteção e defesa biológica passando a fazer parte do cotidiano de especialistas dos campos civil e militar. Inicialmente concebidos no início da década passada pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério da Agricultura, para construção e operação visando suporte a atividades de rotina diagnóstica e pesquisa de agentes biológicos classificados como de elevado risco biológico, laboratórios de Nível de Segurança 3 (saúde humana) e laboratórios de Nível de Segurança 4 OIE (saúde/sanidade animal), devido a restrição de recursos financeiros e humanos, sejam para atividades de planejamento, construção, certificação, gerenciamento e operação, encontram-se, em sua maioria, fora de operação, ou atuando ainda de maneira limitada. Neste contexto, instituições de ensino e pesquisa nacionais, com raríssimas exceções, permanecem fora desta área nas suas rotinas diárias, com riscos na manipulação, manutenção, estocagem, descarte e transporte de agentes biológicos nível de segurança elevados, situação estimulada pela ausência/deficiência de fiscalização e mesmo devido a inexistência ou não clareza da legislação nacional referente a estes organismos. Em sentido oposto, verifica-se no meio militar preocupação considerável quanto a estes organismos, em especial devido ao relativo baixo custo de obtenção e dispersão destes patógenos e a facilidade de acesso a informações biotecnológicas, com considerável risco a saúde e/ou sanidade humana, animal ou vegetal, comprometendo a segurança nacional por ações de liberação involuntária ou mesmo voluntária em ações de bioterrorrismo. Focada a saúde humana, recentemente foi publicada pelo Ministério da Defesa, a Portaria Normativa no. 585, de 7 de março de 2013, definindo diretrizes de biossegurança, bioproteção e defesa biológica para grandes eventos, cabendo as Forças Armadas o planejamento e desnvolvimento de ações respectivas. Neste cenário, têm-se a necessidade premente de interação, com discussões e ações conjuntas entre instituições e especialistas dos meios civil e militar, buscando desenvolver qualificação e tecnologia nacional para suporte a instalações NB3 e NB4, de maneira a uma suficiente e bem preparada ação nos campos da defesa biológica, segurança, inovação e desenvolvimento nacional. Dora Rambauske Cardoso (Centro Tecnológico do Exército – MD); Telma Abdalla de Oliveira Cardoso (FIOCRUZ); Marli B. M. de Albuquerque Navarro (FIOCRUZ) Biossegurança em Surtos e Epidemias de Origem Natural, Acidental ou Deliberada O aumento dos casos de doenças infecciosas emergentes e reemergentes em todo o mundo vem exigindo uma revisão dos paradigmas da saúde pública, sendo o risco um elemento permanente do mundo globalizado. A complexidade dos fatores de risco relacionados à saúde pública coloca a Biossegurança como campo de conhecimento inerdisciplinar, privilegiado, capaz de propor ações e controles eficazes no gerenciamento de risco na disseminação de patógenos, em especial, daqueles que, atualmente, não se possui medidas profiláticas e terapêuticas eficazes para o seu controle. A Biossegurança abrange também questões relacionadas a ampliação do risco 207 VII ENABED: Defesa da Amazônia. Caderno de resumos de disseminação de agentes biológicos patogênicos, visando a preservação da saúde pública, do ambiente e o estabelecimento de padrões de qualidade que reflitam a efetividade das ações preventivas. Há, ainda, o risco de que agentes etiológicos com alta letalidade e alta transmissibilidade sejam utilizados com finalidades bélicas, questão que vem mobilizando os sistemas de segurança dos países, ampliando e tornando mais complexo o campo da Biossegurança. Objetivo: avaliar as medidas de Biossegurança adotadas pelos profissionais de saúde que atuam nos serviços de doenças infectoparasitárias, em hospitais de referência, da rede pública, na cidade do Rio de Janeiro, para a contenção frente a surtos e epidemias originadas por agentes biológicos de relevância epidemiológica e risco de disseminação, ou causadores de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante, ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido; de origem natural, acidental ou deliberada. Métodos: estudo descritivo, exploratório, com abordagem de análise quantitativa baseado na investigação com a utilização de formulários que foram respondidos por médicos, enfermeiros e auxiliares/técnicos de enfermagem dos serviços de doenças infecto-parasitárias de quatro hospitais públicos , da cidade do Rio de Janeiro. Resultados: Os dados obtidos foram analisados, utilizando como ferramenta estatística o software SPSS, verificandose que as medidas de Biossegurança adotadas em todas as categorias profissionais pesquisadas não estão de acordo com o que é preconizado. É necessário o investimento tanto na educação continuada na práxis dos profissionais da assistência hospitalar destes profissionais através de cursos de Biossegurança para o enfrentamento de surtos e epidemias de doenças infecciosas de alta transmissibilidade. Os hospitais pesquisados possuem edificações muito antigas, com um crescimento na complexidade do atendimento e no número de pacientes. Isto gera uma necessidade de renovação através de reformas, sendo difícil à adequação às corretas medidas de Biossegurança. O estudo demonstrou a necessidade de investimentos na construção de novas edificações e instalações hospitalares, uma vez que a adaptação das já existentes não permite mais a obtenção das condições adequadas para atendimento aos pacientes com suspeita ou confirmação de doenças infecciosas de alta transmissibilidade, causando riscos aos profissionais de saúde destas instituições, dos visitantes e da sociedade em geral, além da disseminação no meio ambiente. José Roberto Pinho de Andrade Lima (EB) Desenvolvimento de Equipamento Laboratorial Portátil para Emprego em Campanha na Defesa QBN, Vigilância Sanitária de Alimentos e Inspeções de Sanidade Ambiental No Brasil existe uma lacuna no conhecimento Científico e Tecnológico no campo da Defesa Química, Biológica e Nuclear (QBN), em especial na biológica. Os pesquisadores dos campos da saúde coletiva e microbiologia investigam outros objetos e consideram o pressuposto de que o Brasil não é um alvo provável de ataques bioterroristas. Os estudos de Defesa têm sinalizado outra realidade, mostrando os novos riscos associados às mudanças do cenário geopolítico internacional. O Brasil passou a ser um importante ator no contexto político e econômico, tornando-se sede de importantes eventos (Jornada Mundial da Juventude Católica, Copa do Mundo e Olimpíadas). Na posição atual, o Brasil contraria interesse políticos e econômicos e, também, passa a receber lideres e atletas estrangeiros, alvos compensadores para o terrorismo internacional. No campo doutrinário, após a aprovação da Estratégia Nacional de Defesa, a tônica da Tecnologia de Defesa é a mobilidade e a flexibilidade. 208 VII ENABED: Defesa da Amazônia. Caderno de resumos Neste aspecto os atuais 18 Laboratórios de Inspeção de Alimentos e Bromatologia (LIAB) do Exército Brasileiro são todos fixos, de bancada. Portanto, a capacidade analítica não consegue acompanhar a logística de combate, condição fundamental para a manutenção da segurança alimentar, gestão ambiental do teatro de operações e Defesa QBN. Forças Armadas de países com experiência real em conflitos tem utilizado equipamentos laboratoriais portáteis de emprego em campanha (ELPEC). Alguns destes equipamentos foram desenvolvidos por equipe de técnicos militares, como é o caso do Equipamento Completo de Inspeção Veterinária e Controle Sanitário – Modelo 2007 (ECIVCS, mod. 2007), do Exército da Espanha. Neste momento o Brasil não possui qualquer equipamento de pronto emprego em campanha, especialmente para detecção de agentes biológicos. Em toda e qualquer suspeita a única possibilidade de Defesa Biológica é a coleta de amostras e remessa a laboratórios com Níveis de Biossegurança mais elevados em centros de pesquisa e universidades, levando dias até se obter alguma definição sobre a ameaça. Considerando estes pressupostos e a disponibilidade no mercado internacional de diversos kits e equipamentos de análise rápida no campo da microbiologia e da físico-química de alimentos, água de consumo humano e meio ambiente, este trabalho objetiva apresentar o planejamento para a produção nacional de um protótipo de Equipamento Laboratorial Portátil para Emprego em Campanha (ELPEC), com possibilidade de ser acondicionado em dois containeres de até 60 Kg, transportáveis por modal rodoviário, aéreo ou naval, com capacidade de realizar 100 diferentes tipos de análises, aplicáveis na Defesa QBN, na Vigilância Sanitária de Alimentos e na Inspeções de Sanidade Ambiental no teatro de operações. O planejamento comportou a componente custo total de produção, disponibilidade dos equipamentos/suprimentos no mercado nacional e nível de sensibilidade/especificidade das análises mínima de 80%. O estudo comprova a viabilidade técnica e financeira do equipamento e indica a necessidade de uma segunda fase, destinada à validação do ELPEC BR. Nesta fase ocorrerá a montagem do protótipo na 1ª Base Logística do Exército Brasileiro, em Boa Vista-Roraima, e o emprego-teste em Operações Militares em ambiente de Selva, pelo período de um ano. Durante esta fase final será produzido um relatório complementar à fase de estudo de viabilidade técnica e financeira, onde estarão analisados aspectos de resistência do conjunto dos equipamentos e praticidade de emprego em situação de campanha. Após os ajustes, o ELPEC BR poderá ser patenteado como um produto de defesa desenvolvido no Exército Brasileiro e quando produzido em escala maior, será um laboratório portátil de uso dual, servindo para apoiar as missões logísticas durante as Operações Militares e Operações de Paz, assim como poderá servir para equipar as equipes de vigilância sanitária e ambiental do Sistema Único de Saúde nos mais de 5500 municípios do Brasil. Otavio Augusto Brioschi Soares (AMAN); Erivelto Vilela Filho, Especialista (Campo de Instrução e Centro de Educação Ambiental de Juiz de Fora) Estudo do cenário de biossegurança do Brasil com ênfase na atuação do Exército Brasileiro diante de um surto de Influenza A H5N1 A história documenta que o vírus Influenza provoca prejuízos sanitários e econômicos há séculos podendo ser considerado um dos patógenos que mais impactou a história recente da humanidade. Somente no século passado três pandemias alastraramse pelo globo: a gripe espanhola em 1918, a gripe asiática em 1957 e a gripe de Hong Kong em 1968, a primeira levando a índices estimados de 20-40 milhões de óbitos e morbidade de 25% da população mundial, com consequente grave desordem social. No 209 VII ENABED: Defesa da Amazônia. Caderno de resumos ano de 2005 houve a iminência de uma nova pandemia, a partir da circulação de um novo tipo de vírus Influenza com elevada patogenicidade: a Influenza A H5N1 ou gripe aviária, que foi controlada por diversas ações conjuntas de biossegurança, propagadas por atores globais e regionais. Estas pandemias iniciam-se quando uma das muitas das variantes do vírus Influenza que circulam entre pássaros selvagens ou domesticados, sofre mutações e recombinações em seu material genético e passa a infectar seres humanos, emergindo por vezes com alta morbidade e letalidade. Por estas características, pela alta transmissibilidade e importância do vírus Influenza, seu comportamento é largamente estudado pela comunidade científica e seu controle permanece um desafio para órgãos técnicos e governamentais responsáveis. Em sua história recente o Exército Brasileiro vem sendo requisitado pelas autoridades para atuar em operações em prol da saúde e em apoio à defesa sanitária, como é o caso de programas de vacinação em áreas remotas e combate a diversas enfermidades, zoonoses ou não, como a aftosa, o cólera, a dengue e a febre amarela. Esta demanda emana das funções constitucionais da Força, sua nacionalidade e sua presença em todo o território nacional. Adiciona-se a este cenário a recente estruturação do Sistema de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear do Exército e a implementação das Normas de biossegurança, bioproteção e defesa biológica do Ministério da Defesa e dos eventos esportivos e religiosos de grande porte que ocorrerão no nosso país. Sendo assim, o presente trabalho visa discutir o nível de preparo do Brasil para tomar medidas sanitárias necessárias para preservar sua população e sua economia de um surto de Influenza A H5N1 em seu território, com destaque para um possível emprego do Exército Brasileiro neste contexto. Inicialmente, aspectos de biossegurança em nível estratégico serão levantados, como os de responsabilidade e capacidade institucionais para a atuação neste cenário, levando em conta as características biológicas e epidemiológicas do patógeno em questão, o nível atual de preparo e emprego das autoridades sanitárias brasileiras e os novos desafios à biossegurança estabelecidos pela sociedade moderna como altas concentrações urbanas, velocidade intensa dos meios de transporte e produção animal altamente tecnificada. Neste contexto, passaremos a abordar como seria o possível emprego do Exército Brasileiro em nível tático e operativo diante de um surto de Influenza A, embasado na Estratégia Nacional de Defesa, nas doutrinas militares conjunta e terrestre e em prospecção de alguns cenários epidemiológicos e logísticos futuros. Otavio Augusto Brioschi Soares (AMAN); Carlos Henrique Coelho de Campos (mestre, AMAN); Beatriz Helena F. F. Ferreira (AMAN), Rubens Fabiano Soares Prado (AMAN), Adriana Gallotti Mendonça (AMAN), Rafael Nunes Coutinho (AMAN), Flavio Marqies dos Santos (AMAN) O Programa de Biossegurança da Academia Militar das Agulhas Negras: da proposta a estruturação Recentemente os termos biossegurança, bioproteção e defesa biológica foram alvo de regulamentações dentro e fora das Forças Armadas brasileiras. Com a instituição do Comitê de Biossegurança e as Normas para biossegurança,bioproteção e defesa biológica do Ministério da Defesa e a estruturação do Sistema de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear do Exército Brasileiro espera-se que avanços doutrinários e operativos sejam alcançados nos próximos anos. A Academia Militar das Agulhas Negras vem estruturando seu programa de biossegurança (PBIo) há anos com o advento de conceitos e medidas dentro dos campos do controle da qualidade 210 VII ENABED: Defesa da Amazônia. Caderno de resumos da água e dos alimentos, controle de enfermidades infecciosas zoonóticas e não zoonóticas, inteligência em saúde, gestão ambiental e imunização de militares. Em 2009, foi criada dentro do Hospital Veterinárioda AMAN, a Divisão de Biossegurança que, juntamente com outros setores do Corpo de Saúde da AMAN, é responsável pelo planejamento, realização, controle, registro e avaliação das atividades tornando-se portanto, este ano constitui-se como marco para estas atividades possibilitando a melhor estruturação das mesmas como um Programa. Neste contexto serão discriminadas várias ações de biossegurança realizadas dentro da égide do programa como o controle fiscal e microbiológico laboratorial dos alimentos de origem animal e vegetal;a auditoria dos serviços das unidades de preparo e alimentação da AMAN; o controle do preparo, transporte e fornecimento de alimentos em atividades em campanha; a capacitação de manipuladores de alimentos e estruturadores de atividades de campanha;o controle físico-químico e microbiológico da captação, do transporte e do fornecimento da água na Academia; o controle de animais sinantrópicos na área acadêmica;o controle de enfermidades zoonóticas como a dengue, a febre maculosa brasileira, a leishmanioses visceral, a leptospirose, o mormo e a raiva. Outras atividades encontram-se em fase de implantação e/ou organização como as ações de inteligência em saúde, imunização de militares e gestão ambiental. A título de exemplificação e registro, serão apresentados dados quantitativos das atividades realizadas no ano passado e adicionalmente, será realizada análise crítica sobre a funcionalidade do programa em seus diversos componentes, seus desdobramentos e pontos de melhoria a serem implementados. Telma Abdalla de Oliveira Cardoso (FIOCRUZ); Duarte Nuno Vieira (Universidade de Coimbra). Ataque de Anthrax e o Manejo de Cadáveres: sob a ótica da Biossegurança O uso de substâncias químicas e de agentes biológicos como estratégia militar de dominação não é artifício bélico recente, episódios ocorrendo o seu emprego aconteceram desde a antiguidade até as guerras ocorridas no século XX. Os atentados terroristas de 11/09/2001, em Nova Iorque, seguido da disseminação de esporos de B. anthracis, sugerem a possibilidade da consolidação do bioterrorismo como estratégia de correlação de forças no enfrentamento de interesses globais. Estes geraram em diversos países a modificação da estrutura de defesa e o aumento do aporte financeiro para o desenvolvimento e produção de novos medicamentos e vacinas. Os esporos do antrax são uma das melhores opções como armas para a guerra biológica, já que podem ser produzidas facilmente e serem armazenadas a seco e permanecer de forma viável durante décadas. São dispersadas pelo ar com facilidade e podem ser inaladas por tropas não protegidas, permanecendo no solo durante muitos anos. Enquanto uma bomba atômica de 12.5 Kt poderia ocasionar 80.000 mortes; 100 g. de esporos de antrax poderia matar entre 1 a 3 milhões de pessoas. A presença súbita de um aumento no número de cadáveres contaminados ocasiona temor, na população e requer uma força tarefa para a coleta, transporte, armazenamento, e disposição final dos corpos. Este trabalho é normalmente executado por militares, profissionais de atendimento emergencial e de sobrevivência, voluntários e outros que possuem escassa ou nenhuma formação ou experiência. Objetivo: discutir os riscos que os cadáveres possam apresentar à saúde pública e aos profissionais de primeiro atendimento. Métodos: Estudo de revisão bibliográfica, de acordo com os preceitos metodológicos da estatística descritiva. Resultados: A análise dos artigos e casos levantados (n:269), constatou que mais da metade eram ameaças de anthrax e a maioria envolvia a utilização de esporos 211