T026 Título - Resposta clínica completa no cancro do ovário estádio IV - a propósito de um caso clínico Introdução: Objectivos: Descrever e ilustrar um caso clínico. Material e Métodos: Descrição de um caso clínico através da consulta do processo clínico. Resultados: Doente do sexo feminino de 62 anos, sem antecedentes pessoais ou familiares relevantes. Em Setembro de 2008 iniciou dispneia para pequenos esforços, ortopneia, astenia, anorexia e perda ponderal, associada a episódios de dor pélvica. Foi detectado derrame pleural esquerdo de grande volume, com características de exsudado, cuja citologia e biopsia pleural revelaram adenocarcinoma de origem indeterminada (TTF1 e CK20 negativos). Posteriormente, foi identificada neoformação do ovário esquerdo (44x33mm) e suspeita imagiológica de carcinomatose peritoneal. Doseamento de Ca 125: 5691 U/L. A 18/12/2008 foi submetida a laparotomia exploradora com histerectomia e anexectomia bilateral, exérese de implante na serosa do cólon sigmoide e omentectomia infracólica. O exame anatomo-patológico mostrou adenocarcinoma papilar seroso, de grau histológico ¾, pouco diferenciado/indiferenciado, envolvendo toda a superfície do ovário; implantes no ovário contralateral e trompa direita; envolvimento da serosa uterina, peritoneu e invasão focal do miométrio - pT3cNxM1; FIGO-IV. Iniciou QT com Carboplatino e Paclitaxel, tendo completado 6 ciclos de tratamento com normalização dos marcadores tumorais e sem evidência imagiológica de doença. Oito meses após o fim da QT, recorrência de dor na fossa ilíaca esquerda com irradiação para o membro inferior esquerdo, associada a elevação sérica do Ca 125. A reavaliação imagiológica permitiu identificar uma massa superiormente à bexiga (65mm) e prováveis metástases ganglionares e peritoneais. Retomou QT de 2ª linha com doxorrubicina lipossómica + trabectedina. Como efeitos laterais apresentou neutropenia grau 4, mucosite grau 2-3, dor abdominal grau 2, náuseas grau 2 e obstipação grau 2. A doente cumpriu 13 ciclos de tratamento com resposta completa. Na reavaliação clínica, analítica e imagiológica 4 meses após o fim da QT, a doente mantém-se sem evidência de progressão de doença. Conclusão: A maioria dos casos de carcinoma do ovário é diagnosticada em estádios avançados, o que justifica a sua elevada taxa de mortalidade. Actualmente é aceite como primeira linha de tratamento esquemas de quimioterapia contendo platinos, nomeadamente a associação de carboplatino e paclitaxel. Apesar da sua elevada quimiosensibilidade e taxa de resposta, a recorrência da doença é frequente. Recentemente têm surgido novos fármacos com eficácia demonstrada nos casos de recorrência após uma primeira linha de tratamento. Num estudo de fase 3 foi demonstrado o benefício da associação de trabectedina à doxorrubicina lipossómica nestas doentes, com aumento da sobrevivência livre de progressão e global. Este caso demonstra a eficácia desta associação e o seu potencial em obter remissões completas. Bibliografia: Monk J.A. et al: Trabectedin Plus Pegylated Liposomal Doxorubicin in Recurrent Ovarian Cancer. J Clin Oncol 28:3107-3114.