Caso Clínico: Actinomicose hepática – Um desafio diagnóstico Autores: Lorena Mota Freitas Braga, Residente em Clínica médica Hospital Regional de Barbacena – FHEMIG – [email protected]; Maria Clara Martins Prado, Residente em Clínica médica Hospital Santa Casa de Montes Claros; Rosália Coutinho Rocha, Médica graduada pela Universidade Estadual de Montes Claros; Flavia Vanessa Nobre Flavio; Residente de clínica médica Hospital Universitário Clemente de Faria, Cláudio Pereira da Silva Júnior; Residente em clínica médica Hospital Santa Casa de Montes Claros. Introdução: A actinomicose é uma infecção rara causada por bactérias do gênero Actinomyces. Sua manifestação abdominal representa grande desafio diagnóstico e a infecção hepática costuma apresentar-se como abscessos ou massas. Objetivos: Relato de um caso de actinomicose hepática que evidencia o grau de dificuldade para o diagnóstico. Métodos: Informações foram obtidas através de análise do prontuário, entrevista do paciente, registro fotográfico dos métodos e revisão de literatura Resultados ou Descrição do Caso: LSB, 73 anos, masculino, apresentando dor abdominal difusa há cerca de 07 dias, acompanhada de febre, adinamia e hiporexia. Antecedentes de hipertensão, dislipidemia e etilismo ocasional. Exame físico: hipocorado, ictérico, febril, abdome livre difusamente doloroso à palpação. Exames laboratoriais: anemia microcpitica e leucocitose sem desvio; função renal, ionograma, proteínas, amilase, lipase e coagulograma normais. Bilirrubina: 3,5 (direta: 2,9); TGO: 195; TGP: 177; gama GT: 1059; FA: 319; sorologias para HIV, hepatites virais, amebíase: negativas; pesquia de anti-mitocôndria, anti-músculo liso, anti LKM 1, FAN, ANCA, CEA, CA 19,9 e alfa feto-proteína: negativos; Ceruloplasmina: 29; Alfa1-antitripsina: 383. Tomografia de Abdome: lesão expansiva hepática (segmentos VI e VII), não podendo abscesso ou lesão primária ou secundária; formação hipodensa heterogênea de aspecto multisseptado nos segmentos posteriores do lobo hepático direito, sem realce pós-contraste. Foi admitido em Terapia Intensiva e iniciou-se piperacilina-tazobactam e metronidazol. Drenagem percutânea de lesão hepática: cultura negativa. Videolaparoscopia: fígado esteatótico e massa em lobo hepático direito sugestiva de lesão tumoral necrosada; biópsia incisional com anatomopatológico inconclusivo. Evoluiu com piora clínica e laboratorial, necessidade de ventilação mecânica e hemodiálise. Laparotomia: lesão hepática não drenável com aspecto infiltrativo do parênquima adjacente. Feito colecistectomia e biópsias múltiplas. Anatomopatológico: sugestivo de Actinomyces sp. Paciente apresentou importante melhora clínica após início de tratamento específico. Alta hospitalar om proposta de seguimento ambulatorial e manutenção de amoxicilina por doze meses. Conclusões: No diagnóstico de Actinomicose, frequentemente a primeira menção é feita pelo patologista após cirurgia extensa. O desafio para o clínico é considerar a possibilidade da doença e diagnosticá-la de maneira menos invasiva. Referências Biblográficas: ÁVILA, F. et al. Hepatic Actinomycosis. GE Port J Gastroenterol. 2015;22(1):19-23 ALEX, T. Et al. Hepatic Actinomycosis Presenting as a Liver Tumour: Case Report and Literature Review Asian Journal of Surgery. 2004;27(4): 345-347