Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical Programa de Pós-graduação Stricto Sensu Dissertação de Mestrado Germinação de Sementes de Espécies da Formação Arbustiva Aberta na Restinga de Massambaba Aline Cavalcante de Souza Rio de Janeiro 2010 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical Programa de Pós-graduação Stricto Sensu Germinação de Sementes de Espécies da Formação Arbustiva Aberta na Restinga de Massambaba Aline Cavalcante de Souza Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Botânica, Escola Nacional de Botânica Tropical, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Botânica. Orientador: Dr. Antonio Carlos Silva de Andrade Rio de Janeiro 2010 ii Germinação de Sementes de Espécies da Formação Arbustiva Aberta na Restinga de Massambaba Aline Cavalcante de Souza Dissertação submetida ao corpo docente da Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro JBRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre. Aprovada por: Prof. Dr. Antonio Carlos Silva de Andrade (Orientador) _________________________________________ Prof.a Dr.a Cláudia Antônia Vieira Rossetto (UFRRJ) ______________________________________ Prof.a Dr.a Dorothy Sue Dunn de Araujo (ENBT) ______________________________________ em _23_/_06_/_2010_/ Rio de Janeiro 2010 iii S729g Souza, Aline Cavalcante de. Germinação de Sementes de Espécies da Formação Arbustiva Aberta na Restinga de Massambaba / Aline Cavalcante de Souza. – Rio de Janeiro, 2010. xvi, 86f. : il. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro/Escola Nacional de Botânica Tropical, 2010. Orientadora: Antônio Carlos Silva de Andrade. Bibliografia. 1. Germinação. 2. Semente. 3. Restinga. 4. Massambaba, Restinga de (Arraial do Cabo, RJ). 5. Arraial do Cabo (RJ). 6. Rio de Janeiro (Estado). I. Título. II. Escola Nacional de Botânica Tropical. CDD 582.0467098153 iv “Mas as sementes são invisíveis. Elas dormem nas entranhas da terra até que uma cisme de despertar. Então ela se despreguiça e lança, timidamente, para o sol um inofensivo galhinho”. Antoine de Saint-Exupéry (O Pequeno Príncipe) "Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás." Ernesto Che Guevara “A curiosidade é mais importante do que o conhecimento”. Albert Einstein v AGRADECIMENTOS Agradeço à Escola Nacional de Botânica Tropical e ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro por tornar possível a realização do meu mestrado. Ao CNPQ pela concessão da bolsa de mestrado. Ao meu orientador Antonio Carlos pela orientação durante o curso de mestrado. À todos do Laboratório de Sementes, Marina de Jesus Fernandes, Ana Paula Cruz, Charles da Silva, Marly Barbosa, Nilza Urbano, Ricardo Matheus que me ajudaram sempre. Aos funcionários da Escola Nacional de Botânica Tropical. Muito obrigada pela atenção e zelo! Em especial a estimada e querida Janúzia Ferreira, a qual sempre carinhosa, paciente, e com os melhores conselhos que me ajudaram muito!! Á todos os estudantes do Laboratório de Sementes, Alba Regina, Thaís Hidalgo, Amanda Carvalho, Letícia Andrade por tornarem os dias mais agradáveis, e claro pela ajuda nos experimentos, principalmente nas trocas infindáveis das minhas placas! À Viviane Stern pela ajuda na identificação das espécies da Restinga de Massambaba! À Luiz Roberto Zamith pelas valiosas informações sobre a época de frutificação das espécies, além de me fornecer informações sobre a germinação de algumas espécies! Muito obrigada! Ao meu orientador de Iniciação Científica Eduardo Arcoverde de Mattos, pelo valioso ensinamento durante minha graduação, o qual foi essencial ao meu mestrado! Ao Prof. Fábio Scarano pela valiosa ajuda e incentivo na elaboração da minha dissertação durante a disciplina Seminários I. Agradeço em especial a Prof.ª Dorothy Araujo e a Prof.ª Alda Lúcia pela enorme ajuda, respeito e compreensão no momento que eu mais precisei! Muito obrigada! Além vi disso, agradeço a Prof. Dorothy pela ajuda na identificação das espécies, e pela revisão do meu trabalho como banca! Aos meus professores que me influenciaram muito, os quais me mostraram a beleza e alegria de ser um biólogo, em especial ao Prof. Ricardo Vieira e a Prof.ª Maria Cristina. Obrigada pelo exemplo! É claro aos meus amigos queridos, que me ajudaram nesta caminhada, sempre me apoiando, me aconselhando e torcendo por mim! Em especial ao Vitor Hugo Maia, grande amigo e conselheiro, e companheiro de rodízio rs! A querida amiga Danielle Capossoli, sempre disposta a me ajudar no que fosse preciso! A todos os amigos da turma de mestrado, em especial as amigas queridíssimas Ana Luiza e Elaine Ribeiro, mais conhecida com Alzira! Agradeço em especial a minha querida e sempre companheira Vanessa Rodrigues, pelas risadas, conselhos, ajuda, compreensão, enfim por ser uma grande pessoa e amiga! Muito obrigada! Aos amigos de longa data, Fernanda Celleghin, Juliana Paixão, Flávia Scali, Aline Leal, Leandro Macedo, Vinícius Galvão, Verônica Araujo, Paloma Loretto, Márcia Cardoso, Madellon Assis, Mário Bevilaqua, Cyntia Loureiro, Priscilla Anne, por estarem presente na minha vida e torna-lá mais feliz! Em especial as amigas Tatiana Abreu e Sabrina Jensen, as quais sempre me passaram a segurança que só um grande amigo pode dar! Agradeço muitíssimo a José Fernandes de Santana, por me ajudar sempre que possível nas saídas de campo, sendo muito importante para a realização desta dissertação! Sem você não sei o que seria de mim! vii Agradeço a minha família por todo apoio, compreensão, incentivo, pelos momentos felizes, e segurança que sempre me foi dada, em especial a meus pais e irmão, e claro também ao Billy! A minha família postiça do Rio Comprido, pelos momentos de alegria! Ao meu amor e companheiro, Jayme Augusto Prevedello, por todo o incentivo, pela ajuda em todos os momentos, desde as saídas de campo até na parte intelectual deste trabalho, pela amizade e segurança! Muito obrigada! Foram muitas as pessoas que me ajudaram durante este percurso importante na minha vida, espero não ter esquecido ninguém! Aprendi a dar mais valor às pessoas éticas e boas, as quais torceram e me apoiaram muito! Esta dissertação é sem dúvida de todos estes que me ajudaram cada um de uma forma, tornando possível esta dissertação! Muito Obrigada!! viii RESUMO As exigências germinativas têm um importante papel no padrão de distribuição das plantas. As formações abertas em restingas são compostas por moitas de vegetação intercaladas por areia nua e vegetação esparsa. A superfície da areia nua possui uma baixa capacidade de retenção de água e temperaturas altas são frequentes. Porém, as moitas de vegetação atenuam estas condições, favorecendo a germinação de várias espécies na restinga. Neste tipo de vegetação, é observado que algumas espécies ocorrem somente na areia nua, enquanto outras ocorrem apenas nas moitas de vegetação. O objetivo deste estudo foi avaliar a germinação de sementes em diferentes regimes térmicos e hídricos, visando compreender os nichos preferenciais de germinação das espécies estudadas. Nós selecionamos três espécies associadas às ilhas de vegetação e quatro espécies associadas à areia nua de uma restinga localizada em Arraial do Cabo (RJ, Brasil). Foram testadas temperaturas constantes entre 15 a 40ºC e alternadas de 20/25 a 20/40ºC, com intervalos de 5ºC. Diferentes regimes hídricos também foram simulados com soluções de polietilenoglicol 6000 entre 0 (controle) a -1,2 MPa. Quando comparadas às espécies que ocorrem na areia nua, a germinação das espécies que ocorrem nas moitas de vegetação foi mais inibida por altas temperaturas (constantes e alternadas), e por baixos potenciais hídricos. Porém, algumas exceções foram encontradas, destacando a importância de outros fatores influenciando a distribuição das espécies estudadas, tais como dispersão e o estabelecimento de plântulas. Apenas as espécies que ocorrem na areia nua possuem sementes com dormência primária. Como as condições ambientais na areia nua são mais variáveis e extremas do que nas moitas de vegetação, conclui-se que a dormência é provavelmente uma característica importante para o sucesso de colonização da areia nua, já que aumenta a probabilidade de que a germinação ocorra em condições mais favoráveis ao estabelecimento das plântulas. Palavras-chave: Dormência, alternância de temperaturas, disponibilidade hídrica, moitas de vegetação, umidade do solo. ix ABSTRACT The seed germination requirements play an important role in determining de distribution patterns of plants. The open shrub formations in restingas are composed by patches of vegetation surrounded by bare sand with sparse plant cover. The surface of the bare sand has low capability of water retention and high temperatures are frequent. Meanwhile, the patches of vegetation attenuate these conditions, improving germination of many species in the restinga. In this type of vegetation, it is observed that some species occur only at the bare sand, while others species occur only associated with patches of vegetation. The aim of this study was to evaluate seed germination at different temperature and moisture regimes, to understand the preferential niches for germination of studied species. We selected three species associated with patches of vegetation and four species associated with bare sand from restinga located at Arraial do Cabo (RJ, Brazil). Were tested constant temperatures ranged from 15 to 40ºC and alternating temperatures ranged from 20/25 to 20/40ºC with intervals of 5ºC. Different moisture regimes were also simulated with polyethylene glycol 6000 solutions ranging from 0 (control) to -1,2 MPa. When compared to species that occur associated with the bare sand, germination of the species associated with patches of vegetation was more inhibited by high temperatures (constant and alternating), and by low water potentials. However, some exceptions were found, highlighting the importance of other factors influencing the distribution of studied species such as dispersal and establishment of the seedlings. Only species associated with the bare sand had seeds with primary dormancy. As environmental conditions in bare sand are more variable and extreme than in patches of vegetation, it was concluded that dormancy is probably an important feature for successful colonization of the bare sand, since it increases the likelihood that germination occurs in more favorable periods and conditions for establishment of the seedlings. Key words: Dormancy, alternating temperatures, water availability, patches of vegetation, soil moisture. x SUMÁRIO LISTA DE TABELAS...................................................................................................... XII LISTA DE FIGURAS...................................................................................................... XIII RESUMO.............................................................................................................................IX ABSTRACT ......................................................................................................................... X 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1 2. OBJETIVOS ..................................................................................................................... 8 3. HIPÓTESES ..................................................................................................................... 8 4. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................. 9 4.1. Área de Estudo ............................................................................................................... 9 4.2. Espécies Estudadas ........................................................................................................ 13 4.3. Determinação da Umidade Superficial do Solo ............................................................ 21 4.4. Coleta, Beneficiamento e Armazenamento .................................................................. 22 4.5. Determinação do Conteúdo de Água das Sementes ..................................................... 23 4.6. Procedimentos Gerais para os Experimentos de Germinação ...................................... 23 4.7. Experimento de Temperatura ....................................................................................... 25 4.8. Experimento de Disponibilidade Hídrica ..................................................................... 25 4.9. Análises Estatísticas ..................................................................................................... 26 5. RESULTADOS .............................................................................................................. 27 5.1. Umidade Superficial do Solo ........................................................................................ 27 5.2. Conteúdo de Água das Sementes ................................................................................. 29 5.3. Experimentos de Germinação........................................................................................ 30 5.3.1. Experimento de Temperatura ..................................................................................... 30 5.3.2. Experimento de Disponibilidade Hídrica ................................................................... 47 6. DISCUSSÃO .................................................................................................................. 55 6.1. Umidade Superficial do Solo ........................................................................................ 55 6.2. Conteúdo de Água das Sementes ................................................................................. 58 6.3. Experimentos de Germinação ....................................................................................... 58 6.3.1. Experimento de Temperatura ..................................................................................... 58 6.3.2. Experimento de Disponibilidade Hídrica ................................................................... 68 7. CONCLUSÕES............................................................................................................... 75 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 76 xi LISTA DE TABELAS Tabela 1. Valores de pluviosidade no dia de coleta de amostras do solo em cada mês para o ano de 2009........................................................................................................................ 29 Tabela 2. Local de ocorrência na APA de Massambaba para as espécies estudadas, e teor de água das sementes. n.a = não foi avaliado ..................................................................... 30 Tabela 3. Local de ocorrência na APA de Massambaba para as espécies estudadas, temperatura ótima, e tempo em dias para o início e término da germinação em uma das temperaturas ótimas entre parênteses. n.a = não foi avaliado ............................................ 47 xii LISTA DE FIGURAS Figura 1. Formação arbustiva aberta não inundável na restinga de Massambaba, Arraial do Cabo, RJ. Foto: Aline Cavalcante de Souza. ....................................................................... 12 Figura 2. Mapa da Restinga de Massambaba, no município de Arraial do Cabo, RJ. A seta indica a localização da área de estudo. (Fonte: Muehe, 1994 apud Dorothy, 2000)............ 12 Figura 3. Dados de pluviosidade e temperatura média mensal durante o ano de 2009 para a região de Arraial do Cabo, RJ. Fonte: Instituto Nacional de Metereologia (INMET). ....... 13 Figura 4. Indivíduo de E. ovalifolium na área de estudo (a); detalhe do fruto (b). Foto: Aline Cavalcante de Souza .................................................................................................. 14 Figura 5. Indivíduo de C. fluminensis na área de estudo (a); detalhe do fruto (b). Foto: Aline Cavalcante de Souza .................................................................................................. 15 Figura 6. Indivíduo de M. obtusifolia na área de estudo (a); detalhe do fruto (b). Foto: Aline Cavalcante de Souza .................................................................................................. 16 Figura 7. Indivíduo de L. rigidus na área de estudo (a); detalhe da infrutescência (b). Foto: Aline Cavalcante de Souza. ................................................................................................. 17 Figura 8. Indivíduo de M. violaceus na área de estudo (a); detalhe do fruto se desprendendo da planta-mãe (b). Foto: Aline Cavalcante de Souza ................................... 18 Figura 9. Indivíduo de C. ramosa na área de estudo (a); detalhe do fruto b). Foto: Aline Cavalcante de Souza ............................................................................................................ 19 Figura 10. Indivíduo de C. flexuosa na área de estudo (a); detalhe do fruto (b). Foto: Aline Cavalcante de Souza ............................................................................................................ 20 Figura 11. Valores de umidade superficial do solo para amostras da areia nua (■), borda (○) e interior de moitas (▲) dos meses de Janeiro a Dezembro de 2009. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre os ambientes para o mesmo mês. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey). ................................. 28 Figura 12. Valores de umidade superficial do solo (0-5 cm) para o interior de moitas pequenas (■), interior de moitas médias (●) e para o interior de moitas grandes (∆) entre Janeiro e Dezembro de 2009. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). Média ± erro padrão. ............ 28 Figura 13. Porcentagem de germinação de sementes de E. ovalifolium em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey) ............. 31 Figura 14. Velocidade média de germinação de sementes de E. ovalifolium em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey) ............. 32 Figura 15. Porcentagem de germinação de sementes de M. obtusifolia em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey) ............. 33 Figura 16. Velocidade média de germinação de sementes de M. obtusifolia em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey) ............. 34 xiii Figura 17. Porcentagem de germinação de sementes de M. obtusifolia após transferência para temperatura ótima (20ºC). Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anovade um fator, p < 0,05, teste de Tukey). ................................................................................................................................. 34 Figura 18. Porcentagem de germinação de sementes de C. fluminensis em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey). ........... 35 Figura 19. Velocidade média de germinação de sementes de C. fluminensis em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey). ............ 36 Figura 20. Porcentagem de germinação de sementes de C. fluminensis após transferência para temperatura ótima (30ºC). Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey). ................................................................................................................................ 36 Figura 21. Porcentagem de germinação de sementes de L. rigidus em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey). ............ 38 Figura 22. Velocidade média de germinação de sementes de L. rigidus em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey). ............ 38 Figura 23. Porcentagem de germinação de sementes de L. rigidus após transferência para temperatura ótima (20-30ºC). Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey). ................................................................................................................................. 39 Figura 24. Porcentagem de germinação de sementes de M. violaceus em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey). ............ 40 Figura 25. Velocidade média de germinação de sementes de M. violaceus em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey). ............ 41 Figura 26. Porcentagem de germinação de sementes de M. violaceus após a transferência para a temperatura ótima (35ºC). Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey). ................................................................................................................................. 41 Figura 27. Porcentagem de germinação de sementes de C. ramosa em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey). ............ 43 Figura 28. Velocidade média de germinação de sementes de C. ramosa em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Kruskal-Wallis, p < 0,05, teste de Dunn). ................... 43 Figura 29. Porcentagem de germinação de sementes de C. ramosa após transferência para temperatura ótima (30ºC). Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey)................................................................................................................................... 44 xiv Figura 30. Porcentagem de germinação de sementes de C. flexuosa em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey) ............. 45 Figura 31. Velocidade média de germinação de sementes de C. flexuosa em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Kruskal-Wallis, p < 0,05, teste de Dunn). ................... 46 Figura 32. Porcentagem de germinação de sementes de C. flexuosa após transferência para temperatura ótima (30ºC). Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey). ................................................................................................................................. 46 Figura 33. Porcentagem de germinação de sementes de E. ovalifolium em diferentes potenciais hídricos. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos no PEG (letras minúsculas) e entre tratamentos após transferência para água destilada (letras maiúsculas). Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey). ■ PEG □ Água destilada (0MPa) ...................................................................... 48 Figura 34. Velocidade média de germinação de sementes de E. ovalifolium em diferentes potenciais hídricos. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Kruskal-Wallis, p<0,05, teste de Dunn). ............ 49 Figura 35. Porcentagem de germinação de sementes de M. obtusifolia em diferentes potenciais hídricos. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos no PEG (letras minúsculas) e entre tratamentos após transferência para água destilada (letras maiúsculas).. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey). ■ PEG □ Água destilada (0MPa). ............................................................. 50 Figura 36. Velocidade média de germinação de sementes de M. obtusifolia em diferentes potenciais hídricos. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey). .... 50 Figura 37. Porcentagem de germinação de sementes de C. fluminensis em diferentes potenciais hídricos. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos no PEG (letras minúsculas) e entre tratamentos após transferência para água destilada (letras maiúsculas). Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey; Kruskal-Wallis, p<0,05, teste de Dunn). ■ PEG □ Água destilada (0 MPa). ... 51 Figura 38. Velocidade média de germinação de sementes de C. fluminensis em diferentes potenciais hídricos. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). ......................................................... 52 Figura 39. Porcentagem de germinação de sementes de C. ramosa em diferentes potenciais hídricos. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos no PEG (letras minúsculas) e entre tratamentos após transferência para água destilada (letras maiúsculas). Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey). ■ PEG □ Água destilada (0 MPa). .................................................................... 53 Figura 40. Velocidade média de germinação de sementes de C. ramosa em diferentes potenciais hídricos. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). ......................................................... 53 Figura 41. Porcentagem de germinação de sementes de C. flexuosa em diferentes potenciais hídricos. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos no PEG (letras minúsculas) e entre tratamentos após transferência para xv água destilada (letras maiúsculas). Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey). ■ PEG □ Água destilada (0 MPa). .................................................................... 54 Figura 42. Velocidade média de germinação de sementes de C. flexuosa em diferentes potenciais hídricos. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey). ....................................................... 55 xvi 1. INTRODUÇÃO Uma questão central em ecologia se refere à distribuição e abundância das espécies (Begon et al., 2006). Diversos fatores influenciam esses parâmetros em uma dada comunidade, os quais atuam como filtros que selecionam as espécies em um determinado habitat. Estes filtros são divididos em filtros histórico, fisiológico e biótico, os quais interagem e mudam constantemente no tempo e no espaço (Lambers et al., 1998). O filtro histórico se refere à capacidade de uma determinada espécie de chegar a certo local. Para persistir em um determinado habitat, as espécies precisam possuir características fisiológicas que as capacitem se estabelecer, crescer e reproduzir (filtro fisiológico). As interações bióticas como competição, predação e parasitismo, representam o filtro biótico, que podem ou não eliminar uma espécie de uma região (Lambers et al., 1998). Um dos principais componentes do filtro fisiológico é a capacidade de uma espécie germinar em determinado local. Este processo é considerado um dos estágios mais críticos no ciclo de vida da planta, constituindo juntamente com a fase de plântulas, uma das fases com maior pressão demográfica, e provavelmente a fase com uma maior seleção (Harper, 1977; Whitmore, 1996). O conjunto específico de condições necessárias à germinação varia de acordo com a espécie, sendo que a existência de lugares adequados que proporcionam tais condições, chamados de “sítios seguros” (Harper, 1977) ou “nichos de regeneração” (Grubb, 1977), influenciam a abundância e a distribuição das espécies (Baskin & Baskin, 1998). Logo, o estudo das exigências necessárias para que o processo de germinação ocorra é fundamental para a compreensão dos processos como sucessão e regeneração natural (Khurana & Singh, 2004). A germinação pode ser definida como a retomada do crescimento do embrião de uma semente em condições favoráveis de hidratação, temperatura e oxigênio. Este processo é iniciado pela absorção de água pela semente e terminando com o alongamento 1 do eixo embrionário, geralmente a radícula (Labouriau, 1983). Vários eventos bioquímicos estão envolvidos neste processo como respiração, hidratação e síntese de proteínas e alongamento celular. Diversos fatores bióticos e abióticos, como água, luz, salinidade, temperatura, dispersão, predação atuam em conjunto, regulando o processo de germinação. Além destes fatores, características da própria semente, como viabilidade, tamanho, conteúdo de água, tolerância à dessecação, dormência, espessura da testa, entre outros, também influenciam o processo de germinação (Baskin & Baskin, 1998; Fenner & Thompson, 2005). A ausência de germinação de uma semente viável em condições usualmente consideradas como favoráveis à germinação, ou seja, em condições ideais de hidratação, temperatura e oxigênio, é definida como dormência. A dormência é causada por um ou mais bloqueios situados na própria semente que precisam ser superados para que a germinação ocorra (Baskin & Baskin, 1998). Pode-se dizer que a função básica da dormência é impedir a germinação em condições desfavoráveis ao estabelecimento das plântulas, sendo uma característica importante na perpetuação das espécies (Fenner & Thompson, 2005). A dormência distribui a germinação no tempo, fazendo com que a emergência de plântulas ocorra em intervalos irregulares, diminuindo a competição e aumentando a probabilidade de sobrevivência das plântulas (Bewley & Black, 1994). Sementes dormentes são comuns em espécies que ocorrem em ambientes imprevisíveis e com condições extremas (Jurado & Flores, 2005). A água é um fator crucial que regula o processo de germinação, pois somente com a embebição que se tem o início deste processo. A embebição é regulada principalmente pela diferença de potencial hídrico do meio circundante e o da semente, com a água se difundindo do maior potencial hídrico para o menor (Castro & Hilhorst, 2004). Além disso, o tamanho, forma, permeabilidade do tegumento, a superfície de contato entre a semente e 2 a água, presença de mucilagem, tamanho das partículas do solo, entre outros, também influenciam a taxa de embebição (Sheldon, 1974). A semente absorve a água a curtas distâncias, evidenciando a importância da microtopografia do solo onde a mesma se encontra na relação água semente (Labouriau, 1983). Uma baixa disponibilidade hídrica, especialmente no começo da embebição, inviabiliza a seqüência dos eventos germinativos da semente durante a absorção de água, consequentemente podendo diminuir a porcentagem e a velocidade de germinação ou até mesmo impedir que este processo ocorra (Castro & Hilhorst, 2004). Além disso, uma baixa disponibilidade hídrica pode causar a dessecação de sementes, provocando a morte das mesmas. Porém, é preciso considerar que a quantidade de água exigida para que uma semente germine, e o grau de tolerância a dessecação varia de acordo com a espécie, influenciando a distribuição da mesma. É observado que sementes de espécies de ambientes áridos, geralmente conseguem germinar em uma menor disponibilidade hídrica e são tolerantes à dessecação (ortodoxas), enquanto que sementes de espécies provenientes de ambientes úmidos geralmente são sensíveis a dessecação (recalcitrantes) e não conseguem germinar em condições de deficiência hídrica (Evans & Etherington, 1990; Facelli & Ladd, 1996; Pammenter & Berjak, 2000; Tweddle et al., 2003). Cada espécie possui uma faixa de temperatura na qual a germinação ocorre, ou seja, acima da temperatura máxima e abaixo da temperatura mínima não há germinação. Desta forma, existem três temperaturas cardinais para a germinação. A temperatura máxima, mínima e ótima. A faixa ótima de temperatura é aquela na qual há uma maior porcentagem de germinação em um menor intervalo de tempo (Bewley & Black, 1994). Estas três temperaturas cardinais variam de acordo com a espécie, tendo relação com sua origem geográfica, ano da colheita, duração do armazenamento, fatores ambientais durante o processo de maturação, entre outros. (Labouriau, 1983). De forma geral, espécies tropicais 3 germinam em temperaturas mais elevadas do que espécies de ambientes temperados (Fenner & Thompson, 2005). A temperatura influencia a absorção de água pela semente e as reações bioquímicas que regulam o metabolismo envolvido neste processo, principalmente a entrada de oxigênio até o embrião, afetando a porcentagem, velocidade de germinação, viabilidade, e quebra ou indução de dormência (Bewley & Black, 1994; Brändel & Schütz, 2005). Temperaturas elevadas e flutuações na temperatura são fatores importantes na germinação de sementes com tegumento duro, uma vez que provocam rachaduras no tegumento, permitindo a entrada de água e gases (Baskin, 2003). Porém, temperaturas elevadas podem ser letais, já que elas desnaturam estruturas celulares e causam um rápido envelhecimento da semente, enquanto que baixas temperaturas reduzem o metabolismo, gerando um atraso na germinação e uma redução da germinação (Probert, 2000; Zaidan & Barbedo, 2004). Além disso, altas temperaturas aumentam a evaporação da água no solo, diminuindo a disponibilidade de água para o processo germinativo (Breshears et al., 1998). A facilitação é um importante tipo de interação na estruturação de comunidades formadas por moitas intercaladas por uma matriz, em ambientes com uma baixa produtividade, principalmente em ambientes áridos (savanas, desertos, e em regiões costeiras) (Martínez, 2003; Dias et al., 2005; Aerts et al., 2006). Nestes ambientes, o processo de germinação e estabelecimento de muitas espécies depende completamente das espécies pioneiras facilitadoras (nurse plant), ou seja, há uma grande limitação da colonização do solo nu por algumas espécies (Franco & Nobel, 1989; Pugnaire et al., 1996; Kos & Poschlod, 2007). Este tipo de interação positiva é chamada de nurse plant syndrome (“síndrome da planta berçário”), na qual a espécie facilitadora aumenta a disponibilidade hídrica e nutricional, reduz a amplitude térmica e a radiação solar, criando condições mais favoráveis à germinação, estabelecimento e/ou crescimento de outras 4 espécies de plantas (Callaway, 1995; Pugnaire et al., 2004; Yang et al., 2009). O processo de facilitação resulta em uma agregação espacial de plântulas e indivíduos adultos das espécies beneficiadas sob o dossel das espécies facilitadoras (Facelli & Brock, 2000; Martínez, 2003). Porém, enquanto algumas espécies dependem de plantas facilitadoras para se estabelecerem em um determinado local, outras espécies não dependem deste tipo de interação (Went, 1942; Shmida & Whittaker, 1981; Gutiérrez et al., 1993; Tielbörger & Kadmon, 1997). Desta forma, algumas espécies só ocorrem ou são mais abundantes em áreas abertas do que sob o dossel de espécies facilitadoras. Tal padrão de distribuição espacial se deve as condições ambientais distintas entre a região sob o dossel das plantas facilitadoras e as áreas abertas entre elas, a características germinativas distintas entre as espécies, diferenças nas exigências durante a fase de estabelecimento das plântulas, dispersão, entre outros (Franco & Nobel, 1989; Aerts et al., 2006; Kos & Poschlod, 2007). Outro exemplo de uma comunidade formada por arbustos os quais são intercalados por uma vegetação esparsa são as formações abertas de restinga. Este tipo de vegetação é composta por moitas de vegetação, as quais são intercaladas por areia nua com uma vegetação esparsa (Araujo et al., 2004). Este padrão de vegetação cria uma variação espacial na disponibilidade hídrica, radiação solar, temperatura, evaporação, quantidade de serapilheira e nutrientes, gerando basicamente dois tipos diferentes de microsítios neste tipo de vegetação, a areia nua e as ilhas de vegetação (Martínez, 2003; Pereira, 2005). Além da variação espacial há uma variação temporal das condições ambientais. Durante os meses de verão, a radiação solar é mais intensa, fazendo com que a temperatura da superfície do solo alcance 70ºC (Scarano, 2002). Além da radiação, a precipitação também é maior durante esta época do ano, gerando uma maior disponibilidade de água no solo para os processos de germinação e estabelecimento. 5 Nas ilhas de vegetação, devido ao sombreamento há uma menor exposição à radiação solar e consequentemente uma menor amplitude térmica e evaporação de água no solo. Além disso, no interior das moitas a quantidade de serapilheira é maior, fazendo com que a retenção de água seja mais eficiente, gerando uma maior disponibilidade de água e nutrientes em comparação com a areia nua (Mantovani & Iglesias, 2008; Mantuano, 2008). Segundo Mantovani & Iglesias (2008), na restinga de Maricá a temperatura da superfície do solo no interior das moitas ao longo de um dia de verão fica entre 25 e 29ºC e a umidade superficial do solo entre 18,2 e 27,3 mg H2O [g peso seco solo] -1, enquanto que na areia nua a temperatura durante o verão pode alcançar 60ºC ao meio-dia e a umidade superficial varia ao longo do dia entre 2,6 e 0,9 mg H2O [g peso seco solo] –1. Devido às condições físicas do substrato arenoso, a percolação de água na areia nua é rápida, fazendo com que este recurso fique disponível na superfície do solo em um curto intervalo de tempo, provavelmente apenas após eventos de chuva. Pelo fato de as restingas serem um ambiente geologicamente mais recente, ser um ecossistema adjacente a Mata Atlântica sensu stricto, e compartilhar cerca de 80% das espécies com este ambiente, é considerado que as espécies que colonizaram as restingas são provenientes da Mata Atlântica (Araujo, 2000). Segundo Scarano (2002), espécies provenientes da Mata Atlântica com uma ampla plasticidade ecológica conseguiram colonizar este ambiente com condições extremas como altas temperaturas do solo e do ar, salinidade, baixa disponibilidade de água e de nutrientes, e dessecação. Outra forma de colonização da restinga seria a partir do processo de facilitação (Dias et al., 2005; Scarano et al., 2009). As espécies facilitadoras criam condições favoráveis ao processo de germinação e estabelecimento de algumas espécies, sendo estas condições similares com as condições que são encontradas na Mata Atlântica sensu stricto. Ou seja, condições distintas as encontradas na areia nua, como altas temperaturas e deficiência hídrica, as quais 6 provavelmente atuam como barreiras a colonização de algumas espécies (Scarano et al., 2009). Logo, a facilitação tem um importante papel nos processos de sucessão e na formação de moitas destas comunidades, além do aumento da riqueza em espécies (Zaluar & Scarano, 2000; Scarano, 2002). A colonização via sementes no solo desnudo em restingas parece ser um processo restrito a poucas espécies. Allagoptera arenaria (Gomes) Kuntze (Arecaceae) é uma das poucas espécies capaz de germinar na areia nua (Scarano, 2002). Uma forma freqüente de colonização da areia nua em restingas se dá por crescimento clonal, sendo observado nas espécies Clusia hilariana Schltdl. (Clusiaceae) e Achemea nudicaulis (L.) Griseb (Bromeliaceae), as quais são consideradas espécies facilitadoras (Scarano, 2002). Alguns estudos verificaram que a germinação e o estabelecimento de determinadas espécies de restinga são inibidos na areia nua devido à ocorrência de altas temperaturas, baixa disponibilidade hídrica, e soterramento das sementes (Fialho, 1990; Maun, 1994; Cuzzuol & Lucas, 1999; Hackbart & Cordazzo, 2003; Pinheiro & Borghetti, 2003; Mantovani & Iglesias, 2008). Nas formações abertas de restinga, também é verificado que algumas espécies são mais abundantes ou só ocorrem na areia nua, enquanto outras espécies são mais abundantes ou só ocorrem nas moitas, sendo que a areia nua é ocupada principalmente por herbáceas (Zaluar, 2002; Pereira, 2005). Levando em consideração que na areia nua há uma menor disponibilidade hídrica e maior amplitude térmica do que nas moitas, é provável que as espécies que ocorrem em cada microsítio possuam respostas germinativas distintas em relação à água e à temperatura. Desta forma, o objetivo geral do presente estudo foi verificar se as respostas germinativas em relação à água e à temperatura influenciam a distribuição espacial das espécies. 7 2. OBJETIVOS a) Verificar se a umidade superficial do solo (0-5 cm) varia entre os microsítios areia nua, borda e interior de moitas e com a redução do tamanho das moitas para o microsítio interior. b) Verificar se as espécies que ocorrem em cada ambiente (areia nua ou moita) diferem quanto às exigências de temperatura para a germinação. c) Verificar se as sementes das espécies que ocorrem em cada ambiente (areia nua ou moita) diferem quanto às exigências de água para a germinação. 3. HIPÓTESES a) Em função do aumento da incidência de radiação luminosa, a umidade superficial do solo decresce do interior das moitas em direção a areia nua e com a redução do tamanho das moitas para o microsítio interior. b) A germinação das sementes das espécies que ocorrem na areia é maior em regimes térmicos mais similares ao encontrado neste ambiente (maior temperatura e amplitude térmica), sendo inibida em regimes térmicos mais similares ao encontrado em moitas de vegetação (menor temperatura e amplitude térmica). O padrão inverso ocorre para as espécies restritas às moitas de vegetação. c) As sementes das espécies que ocorrem na areia nua possuem maior capacidade de germinar em baixos potenciais hídricos do que as sementes das espécies que ocorrem nas ilhas de vegetação. 8 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. ÁREA DE ESTUDO Restingas são planícies arenosas costeiras associadas a um complexo de comunidades vegetais que ocorrem em cerca de 79% da costa brasileira (Lacerda et al., 1993). São originadas a partir de depósitos marinhos durante as transgressões e regressões marinhas no quaternário, as quais formaram uma sucessão de cordões arenosos (Suguio & Tessler, 1984). As restingas, assim como os brejos, pântanos, campos de altitude, constituem ambientes marginais ao Bioma Mata Atlântica (Scarano, 2002). Comparado com a Mata Atlântica sensu stricto, a diversidade em restingas é menor, além da baixa ocorrência de espécies endêmicas, evidenciando que não houve tempo suficiente para o processo de especiação (Scarano, 2002). Segundo Araujo (2000), as restingas que ocorrem no estado do Rio de Janeiro podem ser divididas de acordo com a sua flora e fisionomia em dez tipos de formações vegetacionais, sendo influenciadas pela história geológica e pelo clima. O presente estudo foi desenvolvido na APA de Massamababa, a leste da cidade do Rio de Janeiro, no município de Arraial do Cabo, próximo a localidade de Figueira, na formação arbustiva aberta não inundável (Fig. 1). Esta formação é caracterizada pela ocorrência de moitas formadas por uma vegetação arbustiva com até 5m de altura, intercaladas por areia nua e uma vegetação esparsa composta por espécies herbáceas ou subarbustivas (Araujo et al., 2009). Nesta formação há a presença de dunas fixas altas e baixas, tornando o relevo bastante diversificado. Erythroxylum ovalifolium e Maytenus obtusifolia estão entre as espécies lenhosas mais comuns nesta formação, ficando a espécie herbácea Panicum trinii como uma das mais predominantes no espaço entre moitas (Araujo et al., 2009). 9 A Área de Proteção Ambiental de Massambaba (APA) está localizada no Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio, nos municípios de Saquarema, Araruama e Arraial do Cabo (aproximadamente 22º56´S). A APA de Massambaba possui uma área de 76,3 Km2 e inclui a Reserva Ecológica de Jacarepiá e a Reserva Ecológica de Massambaba (Araujo, 1997). Comparando com outras restingas fluminenses, o Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio apresenta a maioria das espécies endêmicas às restingas, sendo vinte e seis encontradas em um total de trinta e seis, além de ser a mais rica em espécies. Esta alta diversidade em espécies é influenciada pelo clima seco, pela grande variedade de habitats e pela história geomorfológica (Araujo, 1997; Araujo, et al., 2009). A restinga de Massambaba possui 48 km de extensão, ocorrendo a partir do município de Saquarema, mais precisamente da barra da Lagoa de Saquarema, até o Morro da Atalaia, no município de Arraial do Cabo (Fig. 2). A restinga é composta por um sistema de dois cordões arenosos paralelos de idades diferentes, os quais são separados por uma faixa de relevo mais baixo onde há um sistema de lagunas. Estes dois cordões arenosos separam o mar da lagoa de Araruama, provavelmente a maior lagoa hipersalina do mundo, com ca. 200 km2 de superfície (Muehe, 1994 apud Dorothy, 2000). Três esporões penetram esta lagoa, os quais foram formados pelo movimento de sedimentos no interior da mesma. Na restinga de Massambaba existe uma diferença de relevo entre áreas com (e.g. Reserva Ecológica Estadual de Massambaba) e sem dunas (e.g. Reserva Ecológica Estadual de Jacarepiá), sendo que as dunas podem ultrapassar 20m de altura (Araujo, 2000). O clima da região de Cabo Frio é sui generis para a região sudeste do Brasil, sendo classificado como Bsh, uma variação do clima semi-árido quente de Köppen (Barbiére, 1984), o que representa um contraste em relação ao resto do estado. Nesta região há a presença de ventos predominantes de nordeste durante todo o ano (Barbiére, 1975). A 10 pluviosidade é reduzida em relação ao restante da costa do Rio de Janeiro devido ao fenômeno da ressurgência, aos ventos alísios constantes secos e quentes ao longo de todo o ano, à situação de cabo, a uma maior distância da Serra do Mar em relação à costa, entre outros (Barbiére, 1975; Barbiére & Coe Neto, 1999). Há uma irregularidade no total pluviométrico e na distribuição das chuvas entre os anos, sendo geralmente os meses mais chuvosos durante a primavera e o verão (Barbiére, 1975). A média anual de precipitação da região de Cabo Frio é de cerca de 800 mm, com pluviosidade mensal de 40 mm no inverno, sendo que o balanço hídrico do solo é negativo ao longo do ano. A média anual da temperatura é de 25ºC, com mínima de 12ºC e máxima de 36oC (Araujo, 1997). Os dados climáticos referentes às medias mensais de pluviosidade e temperatura para o período de 2009, na região de Arraial do Cabo- RJ foram disponibilizados pelo INMET (Fig. 3). 11 Figura 1. Formação arbustiva aberta não inundável na restinga de Massambaba, Arraial do Cabo, RJ. Foto: Aline Cavalcante de Souza. Figura 2. Mapa da Restinga de Massambaba, no município de Arraial do Cabo, RJ. A seta indica a localização da área de estudo. (Fonte: Muehe, 1994 apud Dorothy, 2000). 12 30,0 250 25,0 200 20,0 150 15,0 100 10,0 50 5,0 0 Temperatura (ºC) Pluviosidade (mm) 300 0,0 J F M A M J J A S O N D Figura 3. Dados de pluviosidade e temperatura média mensal durante o ano de 2009 para a região de Arraial do Cabo, RJ. Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas (INMET). 4.2. ESPÉCIES ESTUDADAS As espécies estudadas foram divididas em dois grupos, conforme a distribuição das mesmas na área de estudo e de acordo com a disponibilidade de sementes (Zaluar, 2002; Pereira 2005), sendo o total de sete espécies estudadas. O primeiro grupo é formado pelas espécies que não foram observadas isoladamente no solo desnudo ou foram observadas em uma baixa freqüência, sendo, portanto o sítio mais favorável à germinação de suas sementes provavelmente nas moitas de vegetação. O segundo grupo é composto pelas espécies que foram observadas de forma isolada na areia nua, constituindo o grupo das espécies que provavelmente possuem a areia nua como sítio mais favorável à germinação. Para o primeiro grupo as espécies são: Erythroxylum ovalifolium Peyr. (Erythroxylaceae), Clusia fluminensis Planch. & Triana (Clusiaceae) e Maytenus obtusifolia Mart. (Celastraceae). Para o segundo grupo as espécies são: Lagenocarpus 13 rigidus Nees (Cyperaceae), Melocactus violaceus Pfeiff (Cactaceae), Chamaecrista ramosa (Vogel) H. S. Irwin & R. C. Barneby (Fabaceae) e Chamaecrista flexuosa L. (Greene) (Fabaceae). A seguir uma breve descrição das espécies estudadas: Erythroxylum ovalifolium A espécie E. ovalifolium pertence a família Erythroxylaceae, sendo conhecida popularmente como fruta-de-pomba (Zamith & Scarano, 2004). É uma planta lenhosa de hábito arbustivo, subarbustivo e arbóreo (Bieras & Sajo, 2004). No estado do Rio de Janeiro, esta espécie tem ocorrência nas restingas de São João da Barra, Macaé, Maricá, Cabo Frio, Jacarepaguá, Grumari, Marambaia, Barra de São João e Reserva Biológica da Praia do Sul (Araujo, 2000). A frutificação é concentrada durante o verão (Fialho, 1990). Na restinga de Massambaba, esta espécie ocorre nas ilhas de vegetação (Fig. 4) (obs. pess.), sendo uma das espécies lenhosas mais comuns na formação arbustiva aberta não inundável (Araujo et al., 2009). b a b Figura 4. Indivíduo de E. ovalifolium na área de estudo (a); detalhe do fruto (b). Foto: Aline Cavalcante de Souza. 14 Clusia fluminensis Clusia fluminensis pertence à família Clusiaceae, conhecida popularmente como abaneiro (Zamith & Scarano, 2004). No estado do Rio de Janeiro, C. fluminensis ocorre nas restingas nas regiões de Cabo Frio, Jacarepaguá, Maricá e Grumari (Araujo, 2000). Sua frutificação ocorre entre os meses de Julho a Novembro (Zamith & Scarano, 2004). NA APA da Massambaba, este arbusto ocorre na formação arbustiva aberta não inundável (fig. 5) (Araujo et al., 2009), mais especificamente nas moitas de vegetação (obs.pess.). b a b Figura 5. Indivíduo de C. fluminensis na área de estudo (a); detalhe do fruto (b). Foto: Aline Cavalcante de Souza. 15 Maytenus obtusifolia Maytenus obtusifolia é uma planta lenhosa arbustiva que pertence à família Celastraceae, conhecida popularmente como carne-de-anta (Zamith & Scarano, 2004). Para as restingas do Estado do Rio de Janeiro, esta espécie ocorre em São João da Barra, Macaé, Cabo Frio, Maricá, Jacarepaguá, Grumari e Marambaia (Araujo, 2000). Sua frutificação é concentrada no verão (Zamith & Scarano, 2004). Na restinga de Massambaba, é umas das espécies mais comuns na formação arbustiva aberta não inundável (Fig. 6) (Araujo et al., 2009), ocorrendo nas ilhas de vegetação (obs. pess). b bb a a b Figura 6. Indivíduo de M. obtusifolia na área de estudo (a); detalhe do fruto (b). Foto: Aline Cavalcante de Souza. 16 Lagenocarpus rigidus Lagenocarpus rigidus pertence à família Cyperaceae, conhecida vulgarmente como capim-arroz (Araújo Junior et al., 2007). No Rio de Janeiro, ocorre nas restingas de Macaé, Cabo Frio, Jacarepaguá e Marambaia (Araujo, 2000). Sua frutificação ocorre no verão (obs. pess.). Na APA da Massambaba esta espécie herbácea ocorre na região entre moitas na formação arbustiva aberta não inundável (obs.pess) (Fig.7). b a Figura 7. Indivíduo de L. rigidus na área de estudo (a); detalhe da infrutescência (b). Foto: Aline Cavalcante. 17 Melocactus violaceus Melocactus violaceus pertence à família Cactaceae, conhecida vulgarmente como coroa-de frade (Zamith & Scarano, 2004). É uma planta herbácea globosa, com 12-15 cm de altura (Freitas, 1992). Esta espécie ocorre nas restingas da Marambaia, Araruama, Arraial do Cabo, Macaé, Maricá e Barra de São João no estado do Rio de janeiro (Freitas, 1992; Araujo, 2000). Possui frutificação contínua ao longo do ano, e é considerada uma espécie rara (Zamith & Scarano, 2004). Ocorre na formação arbustiva aberta não inundável (Araujo et al., 2009), mais especificamente na areia nua (obs. pess.) (Fig.8). a b Figura 8. Indivíduo de M. violaceus na área de estudo (a); detalhe do fruto se desprendendo da planta-mãe (b). Foto: Aline Cavalcante de Souza. 18 Chamaecrista ramosa Chamaecrista ramosa pertence à família Fabaceae, de porte subarbustivo (Madeira & Fernandes, 1999). Ocorre no estado do Rio de Janeiro nas restingas de Macaé, Maricá, Marambaia, Jacarepaguá e Cabo Frio (Araujo, 2000). Possui frutificação concentrada durante a época chuvosa (Madeira & Fernandes, 1999). Para a área de estudo, ocorre na formação arbustiva aberta não inundável (Araujo et al., 2009), mais especificamente na areia nua obs. pess.) (Fig.9). a b Figura 9. Indivíduo de C. ramosa na área de estudo (a); detalhe do fruto (b). Foto: Aline Cavalcante de Souza. 19 Chamaecrista flexuosa Chamaecrista flexuosa pertence à família Fabaceae, conhecida popularmente como peninha (Miotto et al., 2008). Ocorre em quase todo o Brasil, sendo muito comum em vegetações pioneiras (Bechara et al., 2007). Possui frutificação principalmente entre os meses de outubro a Abril (Camargo & Miotto, 2004). Na restinga de Massambaba, esta erva ocorre na formação arbustiva aberta não-inundável (Araujo et al., 2009), sendo observada na areia nua (obs. pess.) (Fig. 10). a b Figura 10. Indivíduo de C. flexuosa na área de estudo (a); detalhe do fruto (b). Foto: Aline Cavalcante de Souza. 20 4.3. DETERMINAÇÃO DA UMIDADE SUPERFICIAL DO SOLO Foi determinada mensalmente de Janeiro a Dezembro de 2009 a umidade superficial do solo em três microsítios na formação arbustiva aberta não inundável na restinga de Massambaba, RJ, a fim de verificar se há uma variação espaço-temporal na umidade superficial do solo. Os três microsítios amostrados foram a areia nua, a borda e o interior das moitas. A borda da moita foi classificada como o limite do dossel das espécies arbustivas presentes na moita. Um total de quinze moitas foram dividas em três classes de tamanho, sendo cinco moitas pequenas, cinco médias e cinco grandes, a fim de verificar também se há diferença na umidade do solo entre os diferentes tamanhos de moita. Uma moita foi definida como um conjunto ou agrupamento de diferentes formas de vida com pelo menos uma espécie arbustiva formando um dossel. Este conjunto de formas de vida estará isolado de outro conjunto por solo arenoso desnudo ou vegetação herbácea, constituindo uma ilha de vegetação (Zaluar, 2002). Por ser a forma mais próxima possível de uma moita, uma vez que moitas possuem um formato irregular, foi selecionada a área da elipse como medida de tamanho para cada moita (Zaluar, 2002). A área das quinze moitas foi calculada através da fórmula A = D1/2 x D2/2 x 3,14, onde D1 é o diâmetro maior da moita, e D2 é o diâmetro menor. A área das quinze moitas amostradas foram 6,74m2, 7,91m2, 9,50m2, 11,04m2, 17,22m2, 30,02m2, 37,96m2, 47,48m2, 50,71m2, 50,94m2, 73,36m2, 87,60m2, 90,99m2, 138,47m2, 199,19m2. O tamanho médio e erro padrão para a área das cinco moitas pequenas foi de 10,48m2 ± 1,83, para as cinco moitas médias foi de 43,43m2 ± 4,10, e para as cinco moitas grandes foi de 117,93m2 ± 23,08. No interior de cada moita foram coletadas quatro amostras, sendo duas na borda e duas no interior. Os pontos de coleta foram amostrados no quadrante norte e sul. Para 21 verificar se há diferença na umidade do solo entre moitas e areia nua, a uma distância de 1m de cada moita foram coletadas duas amostras espaçadas por 1m na areia nua. O solo foi coletado na profundidade de 0-5 cm, transportado em um em sacos plásticos vedados para impedir a perda de umidade para o ambiente. No total foram coletadas para as quinze moitas, trinta (15 x 2) amostras de solo no interior das moitas, trinta (15 x 2) amostras na borda das moitas e trinta (15 x 2) na areia nua, totalizando noventa amostras por mês. No laboratório, o material foi colocado em estufa a 103ºC durante 24 horas, e a umidade foi calculada a partir do método gravimétrico, através da fórmula: umidade (g/g) = 100 x (peso da amostra úmida – peso da amostra seca / peso da amostra seca) (Embrapa, 1997). 4.4. COLETA, BENEFICIAMENTO E ARMAZENAMENTO DE SEMENTES Frutos maduros de no mínimo sete indivíduos de cada espécie foram coletados em 2008 e 2009 de acordo com a época de frutificação para cada espécie na formação arbustiva aberta não inundável na APA da Massambaba, no município de Arraial do Cabo, Rio de Janeiro. Os frutos foram levados em sacos plásticos ou de papel para o Laboratório de Sementes do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. No laboratório, as sementes foram extraídas dos frutos manualmente ou com o auxílio de peneiras. As sementes foram homogeneizadas para a posterior montagem dos experimentos. Dependendo da espécie analisada, as sementes foram armazenadas na câmara de armazenamento a 10ºC em recipientes plásticos ou de vidro vedados hermeticamente até o início do experimento. O intervalo entre a coleta e a montagem dos experimentos foi de no máximo 15 dias. 22 4.5. DETERMINAÇÃO DO CONTEÚDO DE ÁGUA DAS SEMENTES O teor de água foi determinado pelo método da estufa (103 ºC/ 17h; ISTA, 1999) logo após a coleta dos frutos. Dependendo da disponibilidade de sementes para cada espécie, de três a quatro amostras de sementes foram pesadas individualmente em balança com quatro casas decimais antes e após serem colocadas em estufa. Após este procedimento o teor de água foi calculado através da fórmula: % Upf = Pu – Ps / Pu. 100, onde: % Upf = porcentagem de água, base peso fresco Pu = peso fresco das sementes (g) Ps = peso seco das sementes (g) 4.6. PROCEDIMENTOS GERAIS PARA OS EXPERIMENTOS DE GERMINAÇÃO Sementes foram utilizadas para os experimentos em todas as espécies, exceto em E. ovalifolium e L. rigidus, onde os diásporos eram o pirênio e aquênio, respectivamente. Antes da montagem dos experimentos, as sementes foram esterilizadas com hipoclorito de sódio 5% durante um minuto em duas repetições, e depois lavadas em água destilada. Em seguida, lotes de 40, 30 ou 25 sementes dependendo da disponibilidade das mesmas foram dispostas em placas de Petri (5 ou 9cm de diâmetro) sobre duas folhas de papel filtro umedecido com água destilada ou uma solução de PEG 6000. Para diminuir a perda de água por evaporação, as placas foram cobertas com filme PVC. A posição das placas dentro dos germinadores foi alterada aleatoriamente todos os dias. O fotoperíodo das câmaras foi de 8 horas. Para os experimentos de disponibilidade hídrica, as sementes foram colocadas na temperatura ótima previamente observada no experimento de temperatura, exceto para a espécie C. fluminensis. A temperatura ótima para esta espécie foi a de 30ºC, porém a temperatura usada no experimento de disponibilidade hídrica foi a de 20ºC devido 23 à grande infestação de fungos na temperatura ótima. Página: 24 Diante de sua dormência tegumentar, as sementes das espécies C. ramosa e C. flexuosa foram escarificadas com ácido sulfúrico concentrado (98%) por três minutos, antes da montagem do experimento de disponibilidade hídrica. As placas foram vistoriadas diariamente, e o critério de germinação utilizado foi o de Labouriau (1983), no qual a semente é considerada como germinada quando ocorre a emergência de uma das partes do embrião de dentro dos envoltórios. Mais precisamente a emissão da raiz primária com curvatura geotrópica positiva, para eliminar uma possível “falsa germinação” de um embrião morto que emitiu uma radícula devido à pressão de embebição (Labouriau, 1983). Não foi utilizado o critério agronômico, no qual a germinação ocorre quando há emergência da plântula, já que neste critério está incluído além da fase de germinação, o crescimento inicial da plântula. As sementes germinadas foram contadas diariamente e eliminadas das placas de Petri para facilitar a contagem. O experimento foi finalizado quando não ocorreu germinação durante cinco dias consecutivos. Para cada tratamento foram calculadas a porcentagem e velocidade de germinação, além do início e término da germinação. A porcentagem foi calculada pela razão entre o número de sementes germinadas e o número total de sementes, e a velocidade média de germinação (V) pela fórmula: V = 1/t, onde: t = tempo médio de germinação. Ou seja, o inverso do tempo médio de germinação, V = ∑ni / ∑ ni.ti, onde: ti = tempo entre o início do experimento e a i-ésima observação (dia) ni = número de sementes germinadas no intervalo ti, em dias (Labouriau, 1983). 24 O início e término da germinação foram calculados na temperatura ótima observada para cada espécie como o intervalo em dias para a primeira e última germinação, respectivamente. 4.7. EXPERIMENTO DE TEMPERATURA As sementes foram expostas às temperaturas constantes de 15, 20, 25, 30, 35 e 40oC e alternadas de 20/25, 20/30, 20/35, 20/40oC (16/8h, respectivamente). O regime alternado de temperatura foi promovido através da troca manual diária das placas de Petri. Durante o período da manhã as sementes que estavam na câmara de germinação com a temperatura de 20ºC foram transferidas para uma das câmaras de germinação com umas das temperaturas usadas (25, 30, 35 e 40ºC), e o inverso durante o período da tarde. Estes regimes térmicos foram usados para tentar simular condições de temperatura que ocorrem em restingas, mais precisamente nas moitas de vegetação e na areia nua, sendo que nas moitas de vegetação a temperatura e amplitude térmica são menores do que na areia nua (Mantuano, 2008). Para os tratamentos com germinação significativamente inferior a temperatura ótima ou nula, as sementes foram transferidas para a temperatura ótima visando avaliar se estes tratamentos promoveram a perda de viabilidade. 4.8. EXPERIMENTO DE DISPONIBILIDADE HÍDRICA As sementes foram expostas aos potenciais hídricos de 0; -0,2; -0,4; -0,6; -0,8; -1,0 e -1,2 MPa sob temperatura constante ótima, definida previamente pelo experimento de temperatura. Para a obtenção de potenciais hídricos negativos foram produzidas soluções com polietilenoglicol 6000 através da fórmula de Michel & Kaufmann (1973). As soluções de PEG eram trocadas em um intervalo de cinco dias, a fim de minimizar uma variação no potencial hídrico das soluções. Para minimizar a perda de água das soluções por evaporação, 25 as bandejas contendo as placas de Petri eram envoltas por sacos plásticos. Após a exposição ao PEG 6000, as sementes que não germinaram foram transferidas para água destilada para verificar se houve perda da viabilidade durante o período de exposição às soluções. 4.9. ANÁLISES ESTATÍSTICAS Os dados utilizados na análise estatística nos experimentos de germinação foram a porcentagem de germinação e a velocidade média de germinação para as réplicas de cada tratamento. Para verificar diferenças significativas entre os tratamentos para uma dada espécie foi utilizada a Análise de Variância (ANOVA) de um fator. Os dados relativos à porcentagem de germinação que não atenderam aos pressupostos de normalidade e homogeneidade das variâncias foram transformados para arco seno da raiz quadrada de (x/100) (Zar, 1999), e posteriormente foram submetidos à análise de variância. Para a velocidade média de germinação foi usada a transformação log (x +1), ou raiz cúbica quando os dois pressupostos exigidos não foram atendidos. A normalidade foi verificada através do teste de Shapiro - Wilk, e a homocedasticidade através do teste de Levene (Zar, 1999). Uma vez constatada diferenças significativas entre os tratamentos, foi realizado o teste de Tukey com nível de significância de 5% para verificar entre quais tratamentos houve diferença significativa. Quando os dados não atenderam os pré-requisitos exigidos para as análises paramétricas mesmo após transformação dos dados foi utilizada a análise de variância de Kruskal-Wallis, e para verificar entre quais tratamentos ocorreram diferenças significativas foi usado o teste de Dunn com nível de significância de 5% (Zar, 1999). Os dados de umidade superficial foram analisados através da Anova de um fator para verificar diferenças significativas entre os microsítios, e entre os diferentes tamanhos de 26 moitas em um determinado mês. Uma vez constatada diferenças significativas entre os tratamentos, foi realizado o teste de Tukey com nível de significância de 5% (Zar, 1999). 5. RESULTADOS 5.1. UMIDADE SUPERFICIAL DO SOLO Foi verificado que a umidade superficial do solo (0-5cm) de amostras provenientes do interior das moitas apresentaram valores significativamente superiores do que amostras provenientes da borda e/ou da areia nua durante os meses de 2009 (Anova de um fator) , exceto em Agosto, onde a umidade do solo de amostras provenientes da areia nua foram estatisticamente superiores em relação a borda e ao interior (Fig. 11). A umidade superficial do microsítio borda na maior parte do ano apresentou valores estatisticamente iguais a umidade superficial da areia nua, exceto em Janeiro, Abril e Junho, onde a umidade do solo na borda foi maior do que na areia nua (Fig. 11). Desta forma, pode-se observar um gradiente de umidade durante a maior parte do ano, com amostras do interior das moitas alcançando os maiores valores de umidade, posteriormente as amostras retiradas da borda, e por último com os menores valores de umidade do solo as amostras provenientes da areia nua. Foram observados valores inferiores de umidade superficial do solo para amostras provenientes do interior de moitas pequenas em relação ao interior de moitas médias e/ou grandes ao longo dos meses, exceto para os meses de Julho, Agosto e Dezembro (Fig. 12). Ao contrário, não foi observada diferença significativa entre o interior de moitas médias e grandes para todos os meses (Anova de um fator). Foi verificado que a pluviosidade, no dia de coleta das amostras de solo, foi maior nos meses de Agosto e Setembro, sendo nula ou baixa na maior parte do ano (Tab. 1). 27 8 a Umidade do solo (%) 7 a 6 a 5 a a a a 4 b a b b b b b c 1 b b c A c b b c b b M b b a 2 F b a b a J a ab 3 0 a b b M J J A S O N D Meses Figura 11. Valores de umidade superficial do solo para a areia nua (■), borda (○) e interior de moitas (▲) de Janeiro a Dezembro de 2009. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre os ambientes para o mesmo mês. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). 9 Umidade do solo (%) 8 a 7 a a a a 6 5 4 a ab a a a a b ab b a a a a ab a ab a 3 b ab ab 2 b b b b 1 b a a a ab a b 0 J F M A M J J A S O N D Meses Figura 12. Valores de umidade superficial do solo (0-5 cm) para o interior de moitas pequenas (■), interior de moitas médias (●) e para o interior de moitas grandes (∆) entre Janeiro e Dezembro de 2009. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). Média ± erro padrão. 28 Tabela 1. Valores de pluviosidade no dia de coleta de amostras do solo em cada mês para o ano de 2009. Mês Data Janeiro 27/01/2009 0 Fevereiro 14/02/2009 0,1 Março 08/03/2009 0 Abril 04/04/2009 0,01 Maio 22/05/2009 0 Junho 30/06/2009 0 Julho 25/07/2009 0,2 08/2009 2 Setembro 24/09/2009 2,4 Outubro 23/10/2009 0 Novembro 05/11/2009 0 Dezembro 14/12/2009 1,6 Agosto Pluviosidade (mm) 5.2. CONTEÚDO DE ÁGUA DAS SEMENTES O conteúdo de água das sementes de L. rigidus e M. violaceus não foi determinado devido à baixa disponibilidade de sementes. Foi verificado que sementes de E. ovalifolium possuem o maior teor de água dentre as cinco espécies analisadas, enquanto que sementes de C. ramosa apresentaram o menor valor (Tab. 2). De forma geral, as sementes das espécies que ocorrem nas ilhas de vegetação possuem um maior conteúdo de água do que as sementes das espécies que ocorrem na areia nua (Tab. 2). 29 Tabela 2. Local de ocorrência na APA de Massambaba para as espécies estudadas, teor de água das sementes. n.a = não foi avaliado Espécies Local de ocorrência Teor de água E. ovalifolium Moita 52,72 ± 0,50 M. obtusifolia Moita 40,12 ± 0,76 C. fluminensis Moita 40,27 ± 3,31 M. violaceus Areia nua n.a. L. rigidus Areia nua n.a. C. ramosa Areia nua 21,55 ± 1,98 C. flexuosa Areia nua 23,15 ± 2,95 5.3. EXPERIMENTOS DE GERMINAÇÃO 5.3.1 EXPERIMENTO DE TEMPERATURA Erythroxylum ovalifolium O aumento da temperatura provocou um decréscimo significativo da porcentagem de germinação, sendo significativamente inferior nas temperaturas de 25, 30, 20-30 e 20-35ºC. A porcentagem de germinação foi inferior a 50% na temperatura constante de 30ºC e na alternada de 20-35ºC, e nula nas temperaturas de 35, 40 e 20-40°C (Fig. 13). A velocidade média de germinação na temperatura de 20-30ºC foi estatisticamente inferior do que a velocidade nas temperaturas de 20ºC e 30ºC, não ocorrendo diferença significativa entre todas as demais temperaturas (Fig. 14). A faixa de temperatura ótima para esta espécie foi obtida nas temperaturas de 15, 20 e 20-25ºC, uma vez que nestas temperaturas foi verificada uma maior porcentagem e velocidade média de germinação (Fig. 13 e 14). Após a transferência das sementes não germinadas ou com germinação estatisticamente inferior a 30 temperatura ótima (25, 30, 35, 40, 20-30, 20-35 e 20-40°C) para 20ºC, que corresponde a uma das temperaturas dentro da faixa de temperatura ótima, foi verificada em todas as temperaturas uma germinação nula. Através do corte longitudinal das sementes que não germinaram após a transferência para a temperatura ótima, foi verificado que todas as sementes estavam inviáveis, uma vez que foi constatada a liberação de fluidos das sementes, as mesmas possuíam consistência mole, com embriões com coloração amarelada. (Erythroxylum ovalifolium) 100 a a ab Germinação (%) 80 bc c 60 40 d d 20 0 15C 20C 25C 30C 35C 40C 20-25 20-30 20-35 20-40 Temperatura (ºC) Figura 13. Porcentagem de germinação de sementes de E. ovalifolium em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). 31 0,06 0,05 ab ab ab ab b 0,04 -1 IVG (dia ) Erythroxylum ovalifolium a a 0,03 0,02 0,01 0,00 15 20 25 30 35 40 20-25 20-30 20-35 20-40 Temperatura (ºC) Figura 14. Velocidade média de germinação de sementes de E. ovalifolium em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). Maytenus obtusifolia A porcentagem e a velocidade de germinação de sementes de M. obtusifolia foram significativamente afetadas pela temperatura. Foi observado um decréscimo significativo da porcentagem de germinação em 35ºC e 20-40ºC. A germinação foi nula em 40ºC, e baixa na temperatura constante de 35ºC, sendo inferior a 50% na temperatura alternada de 20-40ºC (Fig. 15). Foi observado um decréscimo significativo da velocidade de germinação com o aumento da temperatura em 30ºC, 35ºC, 20-35ºC e 20-40ºC (Fig. 16). Além disso, a velocidade na menor temperatura constante (15ºC) foi significativamente inferior a velocidade nas temperaturas de 20, 25, 20-25 e 20-30ºC. A faixa de temperatura ótima para esta espécie ocorreu nas temperaturas de 20, 25, 20-25 e 20-30ºC, uma vez que nestas temperaturas a porcentagem de germinação foi significativamente maior em um menor intervalo de tempo (Fig. 15 e 16). Após a transferência das sementes dos tratamentos que obtiveram uma porcentagem de germinação significativamente inferior (35, 40, e 20-40ºC) 32 para a temperatura ótima (20ºC), para as sementes que foram expostas a temperatura de 40ºC a germinação foi nula, sendo que para as temperaturas de 35 e 20-40ºC foi observado um acréscimo após a transferência (Fig. 17). Porém, em ambos os tratamentos a germinação foi significativamente inferior em relação ao que foi obtido na temperatura ótima de 20ºC. Através do corte longitudinal das sementes que não germinaram após a transferência para a temperatura ótima, foi observado que as sementes expostas a 40ºC apresentavam liberação de fluidos, consistência mole, e embriões com coloração amarelada, estando, portanto todas inviáveis. As sementes que foram expostas as temperaturas de 35ºC e 20-40ºC, 84% estavam inviáveis e 16% viáveis, 88% estavam inviáveis e 12% viáveis, respectivamente. Maytenus obtusifolia 100 a a ab a a a a a Germinação (%) 80 60 b 40 20 c 0 15 20 25 30 35 40 20-25 20-30 20-35 20-40 Temperatura (ºC) Figura 15. Porcentagem de germinação de sementes de M. obtusifolia em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). 33 0,14 Maytenus obtusifolia 0,12 ab a 0,10 ab -1 IVG (dia ) bc abc 0,08 cd 0,06 d 0,04 e e 0,02 0,00 15 20 25 30 35 40 20-25 20-30 20-35 20-40 Temperatura (ºC) Figura 16. Velocidade média de germinação de sementes de M. obtusifolia em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). 100 Maytenus obtusifolia a Germinação (%) 80 b 60 b 40 20 0 20 35 40 20-40 Temperatura (ºC) Figura 17. Porcentagem de germinação de sementes de M. obtusifolia após transferência para temperatura ótima (20ºC). Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). 34 Clusia fluminensis Com o aumento da temperatura, foi observado um decréscimo significativo da porcentagem de germinação em 35ºC, sendo nula nas maiores temperaturas no regime constante e alternado (40ºC e 20-40ºC) (Fig. 18). A velocidade média de germinação foi significativamente maior em 30ºC do que em todas as outras temperaturas (Fig. 19). Logo, a temperatura ótima para esta espécie foi obtida em 30°C, uma vez que nesta temperatura foi verificada uma maior porcentagem de germinação e um maior valor para a velocidade de germinação (Fig. 18 e 19). Após a transferência das sementes dos tratamentos com uma porcentagem de germinação significativamente inferior (35, 40 e 20-40ºC) para a temperatura ótima (30ºC), foi verificada uma germinação nula para as sementes que foram expostas a 40ºC. Porém, para as temperaturas de 35ºC e 20-40ºC foi verificado um aumento significativo na porcentagem de germinação (Fig. 20), uma vez que foi estatisticamente igual ao obtido na temperatura ótima de 30ºC. Clusia fluminensis 100 a a a a a a a Germinação (%) 80 b 60 40 20 0 15 20 25 30 35 40 20-25 20-30 20-35 20-40 Temperatura (ºC) Figura 18. Porcentagem de germinação de sementes de C. fluminensis em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). 35 0,18 Clusia fluminensis a 0,16 0,14 -1 IVG (dia ) 0,12 b 0,10 b b bc 0,08 cd cd d 0,06 0,04 0,02 0,00 15 20 25 30 35 20-25 20-30 20-35 Temperatura (ºC) Figura 19. Velocidade média de germinação de sementes de C. fluminensis em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey). Clusia fluminensis 100 a a a Germinação (%) 80 60 40 20 0 30 35 40 20-40 Temperatura (ºC) Figura 20. Porcentagem de germinação de sementes de C. fluminensis após transferência para temperatura ótima (30ºC). Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). 36 Lagenocarpus rigidus Com o aumento da amplitude térmica no regime alternado, foi observado um acréscimo significativo da porcentagem de germinação, sendo a maior porcentagem de germinação obtida nas temperaturas de 20-35ºC e 20-40ºC (Fig. 21). Nas temperaturas constantes de 35ºC e 40ºC a germinação foi nula, e para as demais temperaturas constantes foi verificada uma baixa porcentagem germinação, sendo estes valores estatisticamente iguais somente a temperatura alternada de 20-25ºC. A velocidade média de germinação foi significativamente inferior nas temperaturas de 20ºC e 20-40ºC (Fig. 22). A faixa de temperatura ótima foi obtida em 20-35ºC, uma vez que apresentou a maior porcentagem de germinação em um menor intervalo de tempo (Fig. 21 e 22). Os tratamentos com porcentagem de germinação significativamente inferior foram transferidos (20, 25, 30, 35, 40 e 20-25 ºC) para a temperatura de 20-30ºC. Apesar de 20-30ºC não ser uma das temperaturas ótimas, após a transferência foi observado um acréscimo significativo da porcentagem de germinação para as temperaturas de 35ºC e 40ºC (Fig. 23). Não foi possível realizar o corte longitudinal das sementes para verificar a viabilidade das mesmas devido ao seu pequeno tamanho. 37 100 (Lagenocarpus rigidus) 80 a Germinação (%) ab 60 bc 40 cd d d 25 30 d 20 0 20 35 40 20-25 20-30 20-35 20-40 Temperatura (ºC) Figura 21. Porcentagem de germinação de sementes de L. rigidus em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). a 0,08 ab 0,07 Lagenocarpus rigidus ab ab ab -1 IVG (dia ) 0,06 0,05 b b 0,04 0,03 0,02 0,01 0,00 20 25 30 20-25 20-30 20-35 20-40 Temperatura (ºC) Figura 22. Velocidade média de germinação de sementes de L. rigidus em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). 38 100 Lagenocarpus rigidus a ab 80 Germinação (%) ab 60 bc bc bc 40 c 20 0 20 25 30 35 40 20-25 20-35 Temperatura (ºC) Figura 23. Porcentagem de germinação de sementes de L. rigidus após transferência para temperatura ótima (20-30ºC). Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). Melocactus violaceus Foi verificada a ausência de germinação em todas as temperaturas constantes testadas, ocorrendo germinação superior a 20% apenas nas temperaturas alternadas. O aumento da amplitude térmica nas temperaturas alternadas promoveu o acréscimo significativo da porcentagem de germinação (Fig.24). As temperaturas de 20-35ºC e 2040ºC promoveram os maiores valores de porcentagem de germinação, sendo significativamente superiores aos valores de germinação nas temperaturas de 20-25ºC e 2030ºC (fig. 24). Houve diferença significativa para a velocidade média de germinação apenas entre a temperatura de 20-25ºC e 20-35ºC (Fig. 25). Portanto, a faixa de temperatura ótima para esta espécie foi obtida nas temperaturas de 20-35ºC e 20-40ºC. Após a transferência das sementes das temperaturas que apresentaram uma porcentagem de 39 germinação significativamente inferior (20, 25, 30, 35, 40, 20-25 e 20-30ºC) para a temperatura ótima de 20-35ºC, foi observado um aumento significativo da porcentagem de germinação apenas nas temperaturas alternadas de 20-25ºC e 20-30ºC. Nas temperaturas de 20ºC e 30ºC a germinação continuou a ser igual a zero (Fig. 26). Não foi realizado o corte longitudinal das sementes que não germinaram após a transferência para a temperatura ótima devido ao pequeno tamanho das mesmas. Porém, foi observada a liberação de fluidos e uma infestação de fungos em sementes que foram expostas a 40ºC. 100 Melocactus violaceus 80 Germinação (%) a ab 60 bc 40 c 20 0 20 25 30 35 40 20-25 20-30 20-35 20-40 Temperatura (ºC) Figura 24. Porcentagem de germinação de sementes de M. violaceus em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). 40 0,040 Melocactus violaceus a 0,035 ab ab 0,025 b -1 IVG (dia ) 0,030 0,020 0,015 0,010 0,005 0,000 20-25 20-30 20-35 20-40 Temperatura (ºC) Figura 25. Velocidade média de germinação de sementes de M. violaceus em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). Melocactus violaceous 100 Germinação (%) 80 a ab 60 ab bc 40 cd 20 d 0 20 25 30 35 40 20-25 20-30 20-35 Temperatura (ºC) Figura 26. Porcentagem de germinação de sementes de M. violaceus após a transferência para a temperatura ótima (35ºC). Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). 41 Chamaecrista ramosa Nenhuma temperatura propiciou uma porcentagem de germinação superior a 50% para as sementes desta espécie (Fig. 27). A maior porcentagem de germinação (49%) foi observada na temperatura de 30ºC, sendo significativa a diferença na porcentagem de germinação neste tratamento em relação às temperaturas de 35, 40, 20-25, 20-30 e 20-40ºC. A menor velocidade média de germinação foi observada para a temperatura de 40ºC, não ocorrendo diferença significativa entre as demais temperaturas (Fig. 28). A maior porcentagem de germinação em um menor intervalo de tempo foi obtida nas temperaturas de 20, 25, 30 e 20-35ºC, sendo, portanto a faixa de temperatura ótima para esta espécie (Fig. 27 e 28). Após transferência das sementes nos tratamentos com germinação significativamente inferior (35, 40, 20-25, 20-30 e 20-40ºC) para a temperatura ótima de 30ºC, foi observada a ausência de um acréscimo significativo da porcentagem germinação em todos os tratamentos (Fig. 29). Não foi realizado corte longitudinal das sementes que não germinaram após a transferência para a temperatura ótima devido ao pequeno tamanho das sementes. Porém, foi verificado que as sementes que foram expostas a temperaturas de 40ºC, apresentaram-se com liberação de fluidos e infestação de fungos. 42 100 Chamaecrista ramosa Germinação (%) 80 60 ab 40 a abc bc abc c c c 20 d 0 20 25 30 35 40 20-25 20-30 20-35 20-40 Temperatura (ºC) Figura 27. Porcentagem de germinação de sementes de C. ramosa em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). 0,18 Chamaecrista ramosa a 0,16 0,14 a ab a -1 IVG (dia ) 0,12 a a 0,10 ab 0,08 ab 0,06 b 0,04 0,02 0,00 20 25 30 35 40 20-25 20-30 20-35 20-40 Temperatura (ºC) Figura 28. Velocidade média de germinação de sementes de C. ramosa em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Kruskal-Wallis, p<0,05, teste de Dunn). 43 Chamaecrista ramosa 100 Germinação (%) 80 60 a 40 b b b b 20 c 0 30 35 40 20-25 20-30 20-40 Temperatura (ºC) Figura 29. Porcentagem de germinação de sementes de C. ramosa após transferência para temperatura ótima (30ºC). Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). Chamaecrista flexuosa A temperatura influenciou significativamente apenas a porcentagem de germinação de sementes de C. flexuosa. As temperaturas que proporcionaram uma maior porcentagem de germinação para C. flexuosa foram as temperaturas de 25, 30 e 35ºC, sendo significativamente diferentes em relação a todas as outras temperaturas (Fig. 30). As temperaturas de 20ºC e 40ºC apresentaram um valor significativamente inferior para a porcentagem de germinação. A velocidade média de germinação não apresentou diferença significativa entre os tratamentos (Fig. 31). Desta forma, a faixa de temperatura ótima para esta espécie ocorreu entre as temperaturas de 25, 30 e 35ºC. Após a transferência das sementes que apresentaram uma porcentagem de germinação significativamente inferior (20, 40, 20-30, 20-35 e 20-40ºC) para uma das temperaturas ótimas (30ºC), foi observado um aumento não significativo da porcentagem de germinação em todos os tratamentos (Fig. 32). Não foi realizado corte longitudinal das sementes que não germinaram após a 44 transferência para a temperatura ótima devido ao pequeno tamanho das mesmas. Porém, foi verificado que as sementes que foram expostas as temperaturas de 35ºC e 40ºC tinham a consistência mole, liberando fluidos e com infestação de fungos. Chamaecrista flexuosa 100 a Germinação (%) 80 a ab 60 40 c bc 20-35 20-40 c 20 c c 0 20 25 30 35 40 20-30 Temperatura (ºC) Figura 30. Porcentagem de germinação de sementes de C. flexuosa em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). 45 0,18 Chamaecrista flexuosa 0,16 a 0,14 -1 IVG (dia ) 0,12 a a a a 0,10 0,08 a a a 25 30 35 0,06 0,04 0,02 0,00 20 40 20-30 20-35 20-40 Temperatura (ºC) Figura 31. Velocidade média de germinação de sementes de C. flexuosa em diferentes temperaturas. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Kruskal-Wallis, p<0,05, teste de Dunn). Chamaecrista flexuosa 100 a Germinação (%) 80 60 b 40 b b bc 20 c 0 20 30 40 20-30 20-35 20-40 Temperatura (ºC) Figura 32. Porcentagem de germinação de sementes de C. flexuosa após transferência para temperatura ótima (30ºC). Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). 46 Tabela 3. Local de ocorrência na APA de Massambaba para as espécies estudadas, temperatura ótima, e tempo em dias para o início e término da germinação em uma das temperaturas ótimas entre parênteses. n.a = não foi avaliado Espécies E. ovalifolium Local de ocorrência Moita Temperatura ótima (ºC) 15, 20, 20-25 Início e Término da germinação (dias) 7- 56 (20ºC) M. obtusifolia Moita 20, 25, 20-25, 20-30 5 – 23 (20ºC) C. fluminensis Moita 30 2 – 19 (30ºC) M. violaceus Areia nua 20-35, 20-40 13 – 65 (20-35ºC) L. rigidus Areia nua 20-35 9 – 43 (20-35ºC) C. ramosa Areia nua 20, 25, 30, 20-35 2 – 56 (30ºC) C. flexuosa Areia nua 25, 30, 35 3 – 38 (30ºC) 5.3.2. EXPERIMENTO DE DISPONIBILIDADE HÍDRICA Erythroxylum ovalifolium Foi observada redução significativa da porcentagem e velocidade de germinação com a diminuição do potencial hídrico. O tratamento que apresentou a maior porcentagem de germinação (82%) foi o controle (0 MPa). Com a redução do potencial hídrico foi verificada uma redução significativa da porcentagem de germinação em todos os tratamentos (Fig. 33). No potencial hídrico de -0,4 MPa a porcentagem de germinação foi inferior a 50%, sendo baixa em -0,8 MPa, e nula no tratamento com potencial hídrico de 1,0 MPa. (Fig 33). A velocidade de germinação não foi significativamente afetada pela redução do potencial hídrico até o tratamento de -0,6 MPa, sendo significativamente inferior apenas no tratamento de -0,8 MPa (Fig. 34). Foi verificado um aumento na porcentagem de germinação quando as sementes não germinadas nos potenciais hídricos negativos foram 47 transferidas para água destilada (Fig. 33). Porém, este aumento foi decrescente com a diminuição do potencial hídrico, sendo a porcentagem final de germinação igual estatisticamente ao controle apenas para os potenciais hídricos de -0,2 MPa e -0,4 MPa. Para os demais tratamentos, a germinação após a transferência para água destilada foi inferior ao controle, sendo o menor valor de germinação obtido no tratamento com menor potencial hídrico (-1,0 MPa). Erythroxylum ovalifolium 100 Aa Germinação (%) 80 A b 60 AB b BC 40 BC C 20 c c 0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 Potencial Hídrico (-MPa) Figura 33. Porcentagem de germinação de sementes de E. ovalifolium em diferentes potenciais hídricos. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos no PEG (letras minúsculas) e entre tratamentos após transferência para água destilada (letras maiúsculas). Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). ■ PEG □ Água destilada (0 MPa). 48 0,035 Erythroxylum ovalifolium a ab 0,030 ab ab -1 IVG (dia ) 0,025 0,020 0,015 b 0,010 0,005 0,000 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 Potencial Hídrico (-MPa) Figura 34. Velocidade média de germinação de sementes de E. ovalifolium em diferentes potenciais hídricos. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Kruskal-Wallis, p<0,05, teste de Dunn). Maytenus obtusifolia Com a diminuição do potencial hídrico observou-se uma redução significativa da porcentagem e velocidade de germinação (Fig. 35 e 36). A maior porcentagem de germinação (98%) foi verificada no tratamento controle (0 MPa). Com a redução do potencial hídrico foi observada uma redução significativa da porcentagem de germinação em todos os tratamentos, exceto em -0,2 MPa. A germinação foi inferior a 50% no potencial hídrico de -0,8 MPa, e baixa em -1,2 MPa (Fig. 35). A velocidade média de germinação foi significativamente reduzida em -0,8, -1,0 e -1,2 MPa (Fig. 36). Após a transferência das sementes não germinadas nas soluções de PEG para a água destilada, foi verificado um aumento na porcentagem de germinação (Fig. 35). Porém, para o tratamento de -1,2 MPa não foi observado um acréscimo significativo da porcentagem de germinação, uma vez que ao contrário de todos os outros tratamentos, a germinação foi estatisticamente inferior ao controle. 49 Maytenus obtusifolia 100 Aa A A A a A A Germinação (%) 80 b b 60 b b 40 B 20 c 0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 Potencial Hídrico (-Mpa) Figura 35. Porcentagem de germinação de sementes de M. obtusifolia em diferentes potenciais hídricos. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos no PEG (letras minúsculas) e entre tratamentos após transferência para água destilada (letras maiúsculas).. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey). ■ PEG □ Água destilada (0 MPa). Maytenus obtusifolia 0,05 a a a a -1 IVG (dia ) 0,04 b 0,03 b 0,02 c 0,01 0,00 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 Potencial Hídrico (-MPa) Figura 36. Velocidade média de germinação de sementes de M. obtusifolia em diferentes potenciais hídricos. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p < 0,05, teste de Tukey). 50 Clusia fluminensis Foi observado um decréscimo significativo da porcentagem e velocidade de germinação com a redução do potencial hídrico. Foi observada maior porcentagem de germinação no controle (0 MPa), sendo este valor significativamente maior do que todos os outros tratamentos (Fig. 37). Em -0,4 MPa a porcentagem de germinação foi inferior a 50%, sendo nula nos potenciais hídricos de -0,8 e -1,0 MPa. A velocidade média de germinação foi maior no controle, apresentando diferença significativa apenas em relação ao tratamento de -0,6 MPa (Fig. 38). Com a transferência das sementes dos tratamentos com potenciais hídricos negativos para a água destilada, observou-se um acréscimo não significativo da porcentagem de germinação em todos os tratamentos (Fig. 37). 100 Clusia fluminensis Aa B Germinação (%) 80 b BC 60 C C C 40 c 20 d 0 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 Potencial Hídrico (-MPa) Figura 37. Porcentagem de germinação de sementes de C. fluminensis em diferentes potenciais hídricos. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos no PEG (letras minúsculas) e entre tratamentos após transferência para água destilada (letras maiúsculas). Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey; Kruskal-Wallis, p<0,05, teste de Dunn). ■ PEG □ Água destilada (0 MPa). 51 0,16 (Clusia fluminensis) 0,14 a a 0,12 -1 IVG (dia ) a 0,10 0,08 0,06 b 0,04 0,02 0,00 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 Potencial Hídrico (-MPa) Figura 38. Velocidade média de germinação de sementes de C. fluminensis em diferentes potenciais hídricos. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de tukey). Chamaecrista ramosa Foi observado um decréscimo significativo da porcentagem de germinação com a redução do potencial hídrico apenas em -0,8 MPa e -1,0 MPa. A maior porcentagem de germinação foi verificada no controle (82%), e a menor porcentagem de germinação (4%) foi observada no menor potencial hídrico (-1,0 MPa), ficando abaixo de 50% no potencial hídrico de -0,8 MPa (Fig. 39). A velocidade média de germinação foi maior no controle, ocorrendo uma queda significativa na velocidade no tratamento com potencial hídrico de 0,6, -08 e -1,0 MPa (Fig. 40). Após a transferência das sementes não germinadas nos tratamentos com soluções de PEG para a água destilada, foi observado um acréscimo da porcentagem de germinação. Porém no tratamento de menor potencial hídrico (-1,0 MPa) este acréscimo foi baixo, sendo estatisticamente inferior a porcentagem de germinação no controle (Fig. 39). 52 Chamaecrista ramosa 100 A Aa a A A a Germinação (%) 80 AB ab 60 b 40 20 B c 0 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 Potencial Hídrico (- MPa) Figura 39. Porcentagem de germinação de sementes de C. ramosa em diferentes potenciais hídricos. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos no PEG (letras minúsculas) e entre tratamentos após transferência para água destilada (letras maiúsculas). Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). ■ PEG □ Água destilada (0 MPa). 0,40 Chamaecrista ramosa a a 0,35 -1 IVG (dia ) 0,30 0,25 b 0,20 b bc 0,15 0,10 c 0,05 0,00 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 Potencial Hídrico (-MPa) Figura 40. Velocidade média de germinação de sementes de C. ramosa em diferentes potenciais hídricos. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). 53 Chamaecrista flexuosa Foi observado um decréscimo significativo da porcentagem de germinação com a redução da disponibilidade hídrica em -0,8 e -1,0 MPa (Fig. 41). O decréscimo do potencial hídrico foi acompanhado de uma redução significativa da velocidade média de germinação. A maior velocidade média de germinação foi observada no controle (0 MPa) e no potencial hídrico de -0,2 MPa, sendo estatisticamente inferior nos outros tratamentos (Fig. 42). Foi observado um acréscimo significativo em todos os tratamentos na porcentagem de germinação após a transferência das sementes não germinadas nas soluções de PEG para a água destilada, exceto para o tratamento com potencial hídrico de -1,0 MPa (Fig. 41). Chamaecrista flexuosa 100 Germinação (%) 80 Aa A AB a A a AB a 60 B 40 b 20 c 0 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 Potencial Hídrico (- MPa) Figura 41. Porcentagem de germinação de sementes de C. flexuosa em diferentes potenciais hídricos. Médias seguidas da mesma letra não indicam diferença significativa entre tratamentos no PEG (letras minúsculas) e entre tratamentos após transferência para água destilada (letras maiúsculas). Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). ■ PEG □ Água destilada (0 MPa). 54 0,40 a Chamaecrista flexuosa 0,35 ab 0,30 -1 IVG (dia ) bc 0,25 c bc c 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 Potencial Hídrico (- MPa) Figura 42. Velocidade média de germinação de sementes de C. flexuosa em diferentes potenciais hídricos. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si. Média ± erro padrão (Anova de um fator, p<0,05, teste de Tukey). 6. DISCUSSÃO 6.1. UMIDADE SUPERFICIAL DO SOLO Os valores significativamente superiores de umidade superficial do solo para o microsítio interior das moitas em relação a borda e a areia nua observados na maioria dos meses do ano, provavelmente é devido ao sombreamento feito pela copa das espécies lenhosas arbustivas presentes nas moitas. Mantuano (2008) verificou maiores valores de radiação para a areia nua, menores no interior das moitas, e valores intermediários para a borda na restinga de Jurubatiba (Macaé-RJ). Portanto o sombreamento feito pela copa diminui a radiação luminosa e a temperatura no solo no interior da moita, consequentemente reduzindo a evaporação de água no solo neste microsítio (Breshears et al.,1998; Mantovani & Iglesias, 2008). Além disso, o interior das moitas por ser um ambiente mais abrigado, 55 recebe menor influência dos ventos comuns nesta região (Barbiére, 1975), os quais intensificam a evaporação de água no solo. Ao contrário, o microsítio areia nua por estar totalmente exposto, recebe uma maior incidência de ventos e de radiação luminosa. Esta por sua vez aumenta a temperatura do solo, consequentemente favorecendo uma alta taxa de evaporação de água no solo. Mantuano (2008) verificou que devido à maior quantidade de matéria particulada nas moitas, a capacidade de campo no solo, ou seja, a retenção de água máxima após a saturação do solo é de 15% (g H2O retida em 100 g de solo) sob a moita de Clusia hilariana, enquanto que na areia nua é de apenas 1%. Logo, como a areia nua tem uma menor quantidade de serapilheira, a percolação de água no solo é maior, consequentemente reduzindo mais intensamente a umidade nas camadas mais superficiais do solo para este microsítio do que para o interior da moita, onde a quantidade de serapilheira é maior. A serapilheira também reduz a desidratação do solo, uma vez que protege a camada superficial da ação do vento e da radiação solar. Em uma situação intermediária de umidade encontra-se a borda das moitas, provavelmente por também estar em uma situação intermediária para os valores de sombreamento, ventos, radiação, temperatura, e consequentemente evaporação de água. Os valores significativamente superiores de umidade superficial para a areia nua em relação ao interior e/ou borda das moitas observados durantes os meses de Agosto e Setembro deve-se provavelmente porque para estes dois meses a pluviosidade no dia de coleta foram as mais altas (Tab. 1). Juntando-se a isso, deve ser considerado que ao mesmo tempo em que a copa dos arbustos das moitas de vegetação sombreia o interior da moita, diminuindo a evaporação de água, a copa intercepta a chuva, diminuindo a quantidade de água que atinge o interior das moitas em relação à quantidade que atinge a areia nua. Logo, como a coleta se deu em dias de chuva, provavelmente não houve tempo suficiente para que ocorresse a evaporação de água no solo nos dois microsítios, ficando apenas o fator 56 interceptação de água pela copa como o prevalente, favorecendo maiores valores para a areia nua. Foi observado que a umidade superficial do interior das moitas pequenas era significativamente inferior do que a umidade superficial do interior de moitas grandes e/ou médias ao longo do ano. Moitas são como ilhas de vegetação em uma matriz de areia nua, podendo-se considerar que há, portanto uma borda natural entre dois ambientes muito distintos. Desta forma, ocorrem mudanças abióticas e bióticas devido à interação entre estes dois ambientes, sendo este conjunto de alterações chamado efeito de borda (Murcia, 1995). Logo, é de se esperar que quanto mais próximo da margem de uma moita, maior será a intensidade do efeito de borda. Consequentemente pode-se supor que a umidade do solo decresça do interior em direção a margem da moita, uma vez que o efeito de borda leva a um aumento da radiação luminosa e da temperatura, consequentemente da evaporação, diminuindo mais intensamente a umidade nas margens das moitas, região adjacente a areia nua. Na mesma linha de raciocínio, pode ser esperado que em moitas pequenas o efeito de borda é mais intenso do que em moitas maiores, uma vez que a intensidade do efeito de borda é inversamente proporcional ao tamanho do fragmento, neste caso o tamanho das moitas (Ranta, 1998). Aumentando-se o tamanho da moita, ou seja, aumentando-se a distância entre o interior e a borda, diminui-se a radiação que chega ao interior, consequentemente diminuindo a evaporação de água no solo neste microsítio. Desta forma, a proporção de alteração do ambiente devido ao efeito de borda é maior em moitas menores, podendo ser considerados ambientes menos heterogêneos em relação à umidade superficial do solo em relação a moitas médias e grandes. 57 6.2. CONTEÚDO DE ÁGUA DAS SEMENTES O conteúdo de água das sementes das espécies que ocorrem em moitas de vegetação foi maior do que nas sementes que ocorrem na areia nua. O conteúdo de água das sementes de L. rigidus e M. violaceus (areia nua) não foi analisado devido à baixa disponibilidade de sementes. De forma geral, sementes recalcitrantes apresentam um alto conteúdo de água em relação às sementes ortodoxas, as quais possuem uma alta tolerância à dessecação (Tweddle et al., 2003). Braz e de Mattos (2009) observaram que as sementes da espécie E. ovalifolium são sensíveis à dessecação. Logo, possivelmente as sementes das outras duas espécies que ocorrem em moitas de vegetação apresentariam sementes recalcitrantes, uma vez que possuem um alto conteúdo de água, enquanto que as sementes das quatro espécies que ocorrem na areia nua apresentariam uma maior chance de serem ortodoxas. A tolerância à dessecação pode favorecer a colonização da areia nua, já que como neste ambiente há uma menor disponibilidade hídrica, as sementes são expostas a uma maior taxa de dessecação do que nas moitas de vegetação. Ou seja, a chance de perda de viabilidade de uma semente recalcitrante é maior na areia nua. Desta forma, o nível de tolerância à dessecação pode ser uma característica que influencia a ocorrência de determinada espécie na areia nua ou nas moitas de vegetação, necessitando de estudos mais detalhados. 6.3. EXPERIMENTOS DE GERMINAÇÃO 6.3.1. EXPERIMENTO DE TEMPERATURA A germinação de sementes das espécies E. ovalifolium, M. obtusifolia e C. fluminensis que ocorrem nas moitas de vegetação não ocorreu nas temperaturas mais elevadas através da observação numérica dos resultados. O aumento da temperatura propiciou uma redução significativa da porcentagem de germinação, sendo nula nas 58 temperaturas mais elevadas, com a conseqüente perda da viabilidade da maioria das sementes, porém com uma diferença no grau de tolerância a temperaturas elevadas entre as espécies. Dentre as três espécies que ocorrem em moitas, através da observação numérica dos resultados, E. ovalifolium apresentou menor tolerância a temperaturas elevadas no regime constante e alternado, uma vez que a redução significativa da germinação ocorreu em temperaturas mais baixas (25ºC e 20-30ºC) do que em M. obtusifolia e C. fluminensis (35ºC e 20-40ºC). Além disso, através do corte longitudinal das sementes após recuperação na temperatura ótima, foi verificado que E. ovalifolium apresentou perda total de viabilidade das sementes nas temperaturas mais elevadas, enquanto que as outras duas espécies de moitas não. A redução da germinação das sementes de E. ovalifolium em temperaturas elevadas já tinha sido observada por Fialho (1990), que verificou maior mortalidade das sementes que estavam na borda das moitas do que no interior da bromélia Neoregelia cruenta. Apesar de inferior a 50% de germinação, M. obtusifolia foi a única dentre as três espécies que ocorrem em moitas que conseguiu germinar na maior temperatura alternada (20-40ºC), apresentando maior tolerância no regime alternado. Já no regime constante, C. fluminensis foi a mais tolerante, uma vez que apresentou a maior germinação em 35ºC. Considerando que em condições naturais a temperatura ao longo do dia varia, é mais provável que no campo a germinação de C. fluminensis seja mais inibida na areia nua do que em M. obtusifolia. Após a recuperação na temperatura ótima, foi verificado que C. fluminensis foi a única dentre as três espécies que ocorrem em moitas que não apresentou perda de viabilidade das sementes em 35ºC e 20-40ºC. Este resultado sugere que as sementes desta espécie têm maior capacidade de sobreviver a temperaturas elevadas, germinando somente quando condições mais amenas se instalam. Já em M. obtusifolia, foi observado um efeito deletério causado por altas temperaturas sobre as sementes como em E. 59 ovalifolium, uma vez que quando expostas as temperaturas de 35, 40 e 20-40ºC, a maioria das sementes perderam a viabilidade. Portanto, os resultados sugerem que a germinação de sementes das espécies E. ovalifolium, M. obtusifolia e C. fluminensis deve ser maior sob as moitas de vegetação, onde a temperatura máxima e amplitude térmica são menores, ocorrendo raramente na areia nua em função da exposição das sementes a altas temperaturas. Porém, devido à diferença no grau de tolerância a temperaturas elevadas, a inibição da germinação na areia nua deve ser maior em sementes de E. ovalifolium, em seguida em C. fluminensis, e por último em sementes de M. obtusifolia. A redução da germinação em temperaturas elevadas também foi observada em outros estudos realizados com espécies de restinga (Fialho, 1990; Garcia & Lucas, 1994; Cuzzuol & Lucas, 1999; Pinheiro & Borghetti, 2003; Mantovani & Iglesias, 2008). A velocidade de germinação também foi reduzida nas temperaturas mais altas para as três espécies que ocorrem em moitas, exceto para E. ovalifolium que não houve efeito significativo da temperatura sobre a velocidade de germinação em praticamente todas as temperaturas. Dentre as três espécies que ocorrem em moitas, C. fluminensis foi a espécie que germinou mais rápido. A velocidade média de germinação na temperatura ótima (30ºC) foi maior para esta espécie, com a germinação começando no segundo dia e terminando no décimo nono. A velocidade de germinação pode ter várias conseqüências ecológicas. Uma rápida velocidade de germinação pode ser uma estratégia para se estabelecer o mais rápido possível quando as condições se tornam favoráveis ao estabelecimento da plântula, como em condições de maior disponibilidade hídrica (Borghetti & Ferreira, 2004). Além disso, a rápida germinação em C. fluminensis pode diminuir o tempo de exposição das sementes a ação de predadores, fungos, patógenos, e a dessecação após a dispersão, reduzindo a probabilidade de morte das sementes (Tweddle et al., 2003). Alguns estudos observaram 60 que os indivíduos que se estabelecem primeiro devido a uma rápida germinação, possuem maiores chances de ocupar locais sem competição, podendo impedir a germinação e o estabelecimento de outras espécies, através do aumento da quantidade de serapilheira, de sombreamento, e redução da disponibilidade de água e nutrientes através de suas raízes (Grace, 1987; Norden et al., 2009). Ao contrário, a germinação de E. ovalifolium foi a mais lenta. O maior valor de velocidade média de germinação desta espécie na temperatura ótima de 20ºC foi duas vezes menor quando comparada ao maior valor de velocidade em 20ºC para M. obtusifolia, e três vezes menor em relação a C. fluminensis na temperatura ótima de 30ºC. A germinação foi iniciada somente no sétimo dia, sendo finalizada somente depois de cinqüenta e seis dias, ou seja, o período de germinação foi mais amplo em E. ovalifolium. A velocidade média de germinação em sementes de M. obtusifolia foi intermediária, começando no quinto dia e terminado no vigésimo terceiro. A menor velocidade de germinação em sementes de E. ovalifolium distribui a germinação no tempo, aumentando a probabilidade de que algumas plântulas encontrem condições favoráveis ao estabelecimento. (Harper, 1977). Além disso, esta maior distribuição da germinação no tempo pode ser benéfica, uma vez que impede uma germinação uniforme em função de uma chuva isolada na estação de seca, ou em ambientes onde há uma imprevisibilidade no regime de chuvas, consequentemente evitando a morte de toda uma coorte de plântulas (Doussi & Thanos, 2002). A resposta germinativa em relação à temperatura em M. violaceus e L. rigidus que ocorrem na areia nua foi distinta em comparação com as três espécies de moita E. ovalifolium, M. obtusifolia e C. fluminensis. O regime alternado promoveu uma alta porcentagem de germinação em M. violaceus e L. rigidus, enquanto que no regime constante a germinação foi significativamente reduzida. Ao contrário do que foi observado nas três espécies que ocorrem em moita, o aumento da amplitude térmica não gerou uma 61 redução da germinação, mas um acréscimo da porcentagem de germinação, com a faixa de temperatura ótima obtida nas maiores temperaturas alternadas (20-35ºC e 20-40ºC). Ou seja, as maiores temperaturas alternadas além de não causarem a perda de viabilidade das sementes de M. violaceus e L. rigidus, promoveram a maior porcentagem de germinação. Logo, a germinação de sementes destas duas espécies provavelmente é restrita a areia nua onde a amplitude térmica é maior. A exposição das sementes de L. rigidus a 35ºC e 40ºC não teve um efeito negativo como encontrado nas três espécies de moitas. Apesar de a germinação ter sido nula nesta espécie nas temperaturas constantes de 35ºC e 40ºC, não houve perda de viabilidade das sementes nestas temperaturas, já que a germinação foi alta (ca. 90%) quando as sementes foram transferidas para um regime alternado (20-30ºC). Ou seja, a exposição prévia a temperaturas elevadas promoveu uma alta porcentagem de germinação em L. rigidus. A germinação em L. rigidus foi similar ao encontrado em espécies de Cyperaceae, com uma baixa germinação em temperaturas constantes, e maior em temperaturas alternadas, sendo que quanto maior a amplitude térmica maior a germinação, principalmente em espécies de ambientes abertos (Schütz, 2000; Leck & Schütz, 2005). A exigência por flutuações na temperatura é uma dentre as formas de detecção de clareiras (‘‘gap detection mechanisms’’) e da profundidade na qual a semente está localizada no solo. Ou seja, a germinação é restrita a clareiras onde a competição é menor, e em menores profundidades do solo onde a emergência da plântula é mais provável (Thompson & Grime, 1983; Honda & Katoh, 2007). Esta exigência por temperaturas alternadas pode ser um mecanismo presente nas sementes de M. violaceus e L. rigidus para evitar a germinação sob uma vegetação densa onde a competição é mais intensa, no caso as moitas de vegetação, sendo maior na areia nua onde a variação na temperatura é maior. 62 A germinação de sementes de M. violaceus foi bastante peculiar, já que nenhuma semente germinou no regime constante, ocorrendo germinação apenas no regime alternado. Logo, a germinação em M. violaceus ocorreu em uma menor faixa de temperatura dentre as sete espécies estudadas, podendo ser ampliada após a quebra de dormência. A resposta germinativa de M. violaceus não vai de acordo com muitos estudos que observaram que a germinação em cactáceas geralmente ocorre em uma ampla faixa de temperatura, em geral entre 15ºC e 30ºC (Nolasco et al., 1996; Ortega-Baes & Rojas- Aréchiga, 2007), com faixa de temperatura ótima entre 20ºC e 30ºC (Rojas-Aréchiga et al., 1998; Rojas-Aréchiga & Vázquez-Yanes, 2000). Sementes de M. violaceus foram tolerantes a altas temperaturas, já que a germinação desta espécie foi maior nas temperaturas alternadas mais elevadas (2035ºC e 20-40ºC). Dau & Labouriau (1974) também verificaram uma alta tolerância a temperaturas elevadas em Pereskia aculeata, espécie que também ocorre em restingas. Este resultado contrasta com outros estudos que verificaram que em geral a germinação e o estabelecimento de plântulas de algumas cactáceas ocorrem sob o dossel de espécies facilitadoras, onde há uma menor amplitude térmica (Franco & Nobel, 1989; ValienteBanuet & Ezcurra, 1991; Martins, 2007). Após a transferência das sementes de M. violaceus expostas a temperaturas constantes para a temperatura ótima de 20-35ºC, não foi observado um acréscimo significativo da germinação em nenhum tratamento. A ausência de germinação das sementes que foram expostas a 40ºC após a transferência para a temperatura ótima, provavelmente se deve a perda de viabilidade das sementes devido à longa exposição em 40ºC (c.a 70 dias), uma vez que foi observada uma infestação de fungos e a liberação de fluidos das sementes. Para as demais temperaturas constantes a baixa germinação provavelmente se deve a uma mudança na sensibilidade das sementes à temperatura ótima. Ou seja, as sementes que foram expostas durante cerca de 60 dias em uma determinada 63 temperatura constante e depois foram submetidas à temperatura ótima de 20-35ºC, não responderam da mesma forma como as sementes expostas diretamente em 20-35ºC. A velocidade de germinação em L. rigidus foi significativamente reduzida nas temperaturas extremas (20ºC e 20-40ºC). Em M. violaceus a menor temperatura alternada reduziu significativamente a velocidade média de germinação. Temperaturas baixas diminuem a velocidade das reações enzimáticas na semente, consequentemente reduzindo a velocidade de germinação (Bewley & Black, 1994). A germinação em M. violaceus e L. rigidus na temperatura ótima demorou mais tempo para começar dentre as sete espécies estudadas, sendo que M. violaceus foi a espécie que também levou mais tempo para o término da germinação, apresentando a menor velocidade média de germinação na temperatura ótima entre as sete espécies estudadas. Apesar das sementes de M. violaceus e L. rigidus apresentarem uma testa rígida, não é possível afirmar a presença de dormência física, já que não foram realizados testes de embebição devido à baixa disponibilidade de sementes. Levando em consideração que a dormência fisiológica é mais comum em espécies de cactáceas e ciperáceas, pode ser o tipo de dormência nas duas espécies estudadas (Schütz, 2000; Leck & Schütz, 2005; OrozcoSegovia et al., 2007). Sementes de M. violaceus e L. rigidus possuem alta probabilidade de formar um banco de sementes devido à presença de dormência, o pequeno tamanho das sementes, e uma baixa germinação em temperaturas constantes (Grime et al., 1981). Além disso, é observado que algumas sementes de cactáceas e ciperáceas possuem alta longevidade, contribuindo também para a formação de um banco de sementes (RojasAréchiga & Vázquez-Yanes, 2000; Schütz, 2000). A maior porcentagem de germinação em C. flexuosa ocorreu em temperaturas constantes amenas e mais elevadas (25, 30 e 35ºC). Desta forma, provavelmente a germinação de C. flexuosa não parece ocorrer de forma preponderante na areia nua como 64 em M. violaceus e L. rigidus, ou nas moitas de vegetação como em E. ovalifolium, M. obtusifolia e C. fluminensis. Em C. ramosa, a maior germinação foi observada em 20, 25, 30 e 20-35ºC, sendo este resultado similar ao observado nas espécies M. obtusifolia e C. fluminensis. Logo, a resposta à temperatura não explica a ocorrência destas duas espécies na areia nua. Porém, como a maior porcentagem de germinação foi ca. de 50% em C. ramosa e ca. de 80% em C. flexuosa, pode ser que as sementes de ambas as espécies não foram expostas a melhor temperatura, dificultando a interpretação dos dados. Uma vez que a superação de dormência em leguminosas se dá em temperaturas elevadas, pode ser que a germinação destas espécies seja maior em uma temperatura alternada mais elevada típica da areia nua que não foi testada. Um indício seria a germinação em C. flexuosa no regime alternado. Apesar de a porcentagem de germinação ser significativamente inferior no regime alternado em C. flexuosa, foi observado que o aumento da amplitude térmica gerou um acréscimo da germinação, indicando que possivelmente a germinação poderia ser maior em uma temperatura alternada mais elevada. Portanto, estudos testando a germinação em temperaturas alternadas mais elevadas para C. ramosa e C. flexuosa são necessários. Chamaecrista flexuosa foi a única dentre as sete espécies estudas que não apresentou um efeito significativo da temperatura sobre a velocidade média de germinação. Em C. ramosa apenas em 40ºC houve redução significativa da velocidade de germinação. Dentre as quatro espécies que ocorrem na areia nua, o período de germinação na temperatura ótima foi menor em C. flexuosa. As sementes de C. ramosa e C. flexuosa apresentam a testa rígida, porém não é possível afirmar a presença de dormência física, porque não foram realizados testes de embebição devido à baixa disponibilidade de sementes. A dormência física é comum em sementes de leguminosas (Argel & Paton, 1999). A exposição das sementes a temperaturas 65 constantes elevadas, altas temperaturas alternadas, e a um choque térmico logo após um incêndio, são os principais fatores responsáveis pela quebra de dormência em sementes com dormência física no ambiente natural (Baskin, 2003; Van Klinken & Flack, 2005). Segundo Bechara et al. (2007) a superação de dormência tegumentar em sementes de C. flexuosa se deu através da imersão em água a 80ºC por 10 segundos. Provavelmente C. ramosa também possui o mesmo tipo de dormência da sua congenérica, uma vez que suas sementes também possuem testa rígida e que este tipo de dormência é comum em espécies de leguminosas. No presente estudo a superação de dormência foi maior em 30ºC, sendo significativamente superior a todas as temperaturas alternadas em C. flexuosa, e exceto em relação a 20-35ºC em C. ramosa. Provavelmente isto ocorreu porque o tempo de exposição à maior temperatura no regime alternado é menor (8h) do que no regime constante. Veasey & Martins (1991) também verificaram que a superação de dormência em algumas espécies de leguminosas era maior em uma temperatura constante elevada (40ºC) do que em uma alternada (25-40ºC). Após a transferência das sementes para a temperatura ótima não foi verificado um acréscimo significativo da germinação em ambas as espécies. Provavelmente as sementes que foram expostas as temperaturas de 35ºC e 40ºC perderam a viabilidade, já que se encontravam deterioradas e fungadas em C. flexuosa, e em C. ramosa o mesmo foi observado para a temperatura de 40ºC. Porém, nos outros tratamentos a baixa recuperação pode ser devido à perda de habilidade de responder a temperatura ótima, como já mencionada para as sementes de M. violaceus. Todas as sementes das espécies que ocorrem na areia nua possuem dormência primária, a qual possivelmente contribuiu para que a porcentagem de germinação das quatro espécies não superasse 90% em nenhum tratamento, e para um período de germinação mais amplo em comparação com as três espécies de moita, exceto em relação a E. ovalifolium. A 66 dormência é mais comum em ambientes imprevisíveis e com condições severas, como em regiões semi-áridas (Fenner & Thompson, 2005; Flores et al., 2008). É considerada uma característica importante porque distribui a germinação no tempo, fazendo com que a emergência de plântulas ocorra em intervalos irregulares, reduzindo a competição, e aumentando a probabilidade de que algumas sementes germinem em condições favoráveis ao estabelecimento (Bewley & Black, 1994). Além disso, em ambientes onde há uma alta imprevisibilidade no regime de chuvas, a dormência reduz o risco de mortalidade de toda uma coorte de plântulas, já que impede uma germinação uniforme em função de uma chuva isolada seguida por condições desfavoráveis (Jurado & Flores, 2005). Ao contrário do que foi observado para as espécies que ocorrem na areia nua, não foi observado nenhum mecanismo de dormência primária em sementes das espécies E. ovalifolium, M. obtusifolia e C. fluminensis que ocorrem em moitas. A ausência de dormência nas sementes das três espécies permite que a germinação ocorra quando a semente for exposta a condições favoráveis logo após a dispersão. A distribuição das espécies estudadas também pode estar sendo influenciada por outros fatores como a dispersão de sementes. A dispersão zoocórica influencia o sucesso de recrutamento em plantas, uma vez que o dispersor deposita as sementes em locais específicos que podem ser adequados ao processo germinativo (Passos & Oliveira, 2003). Castiglioni et al. (1995) e Gomes (2006) verificaram que a dispersão de sementes de E. ovalifolium e M. obtusifolia em restingas era feita por aves. Gomes (2006) verificou que além de não matarem as sementes, as aves as depositavam principalmente nas moitas de vegetação, onde as condições de temperatura são mais amenas. Provavelmente C. fluminensis também deve ter como dispersores algumas aves pelo fato de apresentar um arilo com coloração laranja, que é uma característica atrativa para aves. Outros estudos também verificaram que a dispersão de sementes por aves era importante na agregação 67 espacial destas espécies sob o dossel de outras plantas, uma vez que a chuva de sementes era concentrada sob o dossel de árvores que eram usadas como poleiros (Debussche & Isenmann, 1994; Verdu & Garcia-Fayos, 1996). Da mesma forma, a dispersão pode estar contribuindo para a ocorrência das espécies C. ramosa e C. flexuosa na areia nua. Os frutos destas duas espécies não possuem características atrativas, possuindo dispersão do tipo balística (obs. pess.), a qual impede o alcance de longas distâncias pelas sementes (Wilson, 1993). Ou seja, a deposição de sementes se daria na areia nua e não nas moitas de vegetação. 6.3.2. EXPERIMENTO DE DISPONIBILIDADE HÍDRICA Vários estudos verificaram uma relação entre a resposta germinativa das sementes à água de várias espécies com o habitat, clima e o tipo de solo. De forma geral, as sementes das espécies que ocorrem em ambientes mais secos conseguem germinar em potenciais hídricos mais negativos do que as sementes das espécies que ocorrem em ambientes mais úmidos (Khatri et al., 1991; Facelli & Ladd, 1996; Adams, 1999; Boydak et al., 2003; Tobe et al., 2005; Daws et al., 2008). Por exemplo, Cluff e Roundy (1988) observaram que algumas sementes de uma espécie de deserto conseguiam germinar em -2,0 MPa. Evans & Etherington (1990) verificaram que algumas espécies de ambientes úmidos tinham a germinação significativamente reduzida em -0,05 MPa, enquanto que algumas espécies de ambientes secos tinham a germinação reduzida apenas em -1,5 MPa. A maior tolerância a baixos potenciais hídricos seria uma característica vantajosa, pois permite a germinação em locais com deficiência hídrica onde as espécies menos tolerantes não conseguem germinar, permitindo o estabelecimento em locais com uma competição menos intensa (Evans & Etherington, 1990). 68 Porém, alguns estudos não observaram esta relação entre a resposta germinativa à água e a distribuição das espécies. Sy et al. (2001) observaram que algumas espécies de ambientes mais secos não apresentaram maior capacidade de germinar em potenciais hídricos mais negativos, em comparação com espécies de ambientes mais úmidos. Zeng et al. (2010) verificaram que a espécie que ocorre no ambiente mais seco tinha a germinação mais afetada pela redução do potencial hídrico. Schütz et al. (2002) não verificaram relação entre a tolerância das sementes de quatro eucaliptos a uma baixa disponibilidade hídrica e o tipo de solo. Esta menor capacidade de germinar em menores potenciais hídricos seria uma estratégia para evitar que a semente germine em uma condição desfavorável ao estabelecimento da plântula, já que a habilidade das sementes em germinar em condições de deficiência hídrica não confere obrigatoriamente em uma maior capacidade da plântula em sobreviver em uma baixa disponibilidade hídrica. Ou seja, a germinação em baixos potenciais hídricos nem sempre favorece o estabelecimento (Qi & Redmann, 1993; Tobe et al., 2005) O comportamento germinativo de todas as cinco espécies estudadas foi uma redução da porcentagem e velocidade de germinação com a redução do potencial hídrico, porém em diferentes níveis. As duas espécies que ocorrem na areia nua C. ramosa e C. flexuosa apresentaram maior capacidade de germinar em baixos potenciais hídricos do que as espécies E. ovalifolium e C. fluminensis que ocorrem em moitas através da observação numérica dos resultados. A redução da porcentagem de germinação foi significativa em 0,2 MPa em E. ovalifolium e em C. fluminensis, enquanto que em C. ramosa e C. flexuosa a redução foi significativa apenas em -0,8 MPa. Dentre as cinco espécies, C. fluminensis foi a espécie que apresentou uma menor tolerância a redução do potencial hídrico, já que a germinação foi ca. de 20% em -0,4 MPa e baixa em -0,6 MPa. Maytenus obtusifolia apresentou a maior capacidade de germinar em baixos potenciais hídricos, já que a 69 germinação foi em torno de 40% em -1,0 MPa, enquanto que em todas as espécies a germinação foi baixa neste potencial hídrico. Outros estudos com espécies que ocorrem em restingas também verificaram a redução da porcentagem e velocidade de germinação em função da redução do potencial hídrico (Martins, 2007; Mantovani & Iglesias, 2008; Braz & de Mattos, no prelo). A maior capacidade das sementes de C. ramosa e C. flexuosa que ocorrem na areia nua em germinar em baixos potenciais hídricos pode permitir a germinação na areia nua, onde a ocorrência de altos potenciais hídricos é rara. Da mesma forma, a baixa tolerância a baixos potenciais hídricos das sementes de E. ovalifolium e C. fluminensis provavelmente impede a germinação na areia nua, fazendo com que este processo ocorra de forma preponderante nas ilhas de vegetação, reduzindo o risco de dessecação das plântulas. Segundo Scarano et al. (2009), as ilhas de vegetação nas formações abertas, as quais são formadas pelo processo de facilitação, oferecem nichos similares aos encontrados na Mata Atlântica sensu stricto, favorecendo a colonização de várias espécies menos tolerantes as condições extremas da areia nua. A menor capacidade de germinar no potencial hídrico de -1,0 MPa em C. ramosa e C. flexuosa do que em M. obtusifolia pode ser uma estratégia para impedir que a germinação ocorra em uma condição de extrema aridez, evitando a morte das plântulas por dessecação. A maior tolerância das sementes de M. obtusifolia em relação à diminuição do potencial hídrico não era esperada, já que esta espécie ocorre nas ilhas de vegetação. Porém, como já mencionado, a maior capacidade das sementes em germinar em condições de menor disponibilidade hídrica nem sempre está relacionado com a sobrevivência das plântulas em condições de seca. Qi & Redmann (1993) verificaram que sementes de plantas C4 apresentaram maior capacidade de germinar em baixos potenciais hídricos, porém a sobrevivência das plântulas era baixa em condições de deficiência hídrica. Logo, a 70 maior tolerância a uma baixa disponibilidade hídrica em sementes de M. obtusifolia pode expor as plântulas à dessecação. Além disso, outros fatores podem estar atuando mais fortemente para a maior ocorrência de M. obtusifolia nas moitas como dispersão e predação de sementes. Além da redução da porcentagem de germinação, foi observado que a velocidade média de germinação das sementes das cinco espécies estudadas decresceu conforme a redução da disponibilidade hídrica. A diminuição do potencial hídrico devido ao aumento da concentração de PEG diminui a entrada de água na semente, reduzindo a porcentagem e a velocidade de germinação das espécies estudadas. Em potenciais hídricos muito baixos, a embebição é limitada, permitindo a ativação das atividades metabólicas sem que ocorra a emissão da radícula (Castro & Hilhorst, 2004). Esta redução da porcentagem e velocidade de germinação pode ser prejudicial, uma vez que restringe a germinação a locais mais úmidos, e expõe as sementes a um período maior de tempo a ação de predadores, fungos e patógenos, e ao risco de dessecação causando a morte das sementes não ortodoxas (Schütz et al., 2002; Tweddle et al., 2003; Daws et al., 2005). A germinação das sementes após a transferência para água destilada foi decrescente com a redução do potencial hídrico em todas as cinco espécies. A baixa recuperação referente às sementes que foram expostas aos potenciais hídricos mais negativos provavelmente não é devido a um efeito tóxico do reagente PEG 6000, já que devido ao seu alto peso molecular ele não é absorvido pelas sementes (Bradford, 1995). Porém, segundo Mexal et al. (1975) a concentração de oxigênio em soluções de PEG 6000 é menor do que em água pura, sendo que quanto maior for a concentração de PEG menor é a concentração de oxigênio na solução. A baixa concentração de oxigênio induz a anaerobiose, resultando na produção de etanol que é tóxico para as sementes (Kozlowski, 1997). Desta forma, a menor porcentagem de germinação em água destilada das sementes 71 que foram expostas a um baixo potencial hídrico pode ser devido à maior perda de viabilidade das sementes devido à baixa concentração de oxigênio. Porém, a baixa recuperação em C. ramosa pode ser devido a uma alta infestação de fungos em -1,0 MPa. Outros estudos também verificaram um efeito negativo do PEG sobre a porcentagem de germinação (Capron et al., 2000; Dias et al., 2009). Apesar da baixa germinação após a transferência para água destilada das sementes que foram expostas a baixos potenciais hídricos, foi verificado que algumas sementes permaneceram viáveis. Sementes de M. obtusifolia que foram expostas ao potencial hídrico de -1,0 MPa apresentaram a maior recuperação em água destilada, enquanto que sementes de E. ovalifolium e C. ramosa apresentaram a menor recuperação. A ausência de germinação e a capacidade de permanecer viável em baixos potenciais hídricos pode ser uma característica vantajosa nas sementes, pois impede que a germinação ocorra em condições de deficiência hídrica, diminuindo a probabilidade de dessecação das plântulas. Desta forma, as sementes adiam a germinação para períodos ou locais com uma maior disponibilidade hídrica, fazendo com que o processo germinativo ocorra em condições mais favoráveis ao estabelecimento da plântula (Khurana & Singh, 2004; Zeng et al., 2010). Apesar de todas as cinco espécies estudadas ocorrerem em uma região de clima semi-árido, onde há uma irregularidade na distribuição de chuvas e no total pluviométrico entre os anos (Barbiére, 1975), elas não estão expostas as mesmas condições microclimáticas. Foi observado no presente estudo que a umidade nas moitas de vegetação é maior do que na areia nua na maior parte do ano. Além disso, provavelmente a flutuação hídrica é menor nas moitas do que na areia nua devido à maior quantidade de serapilheira, já que esta aumenta a capacidade de retenção de água no solo (Pugnaire et al., 2004; Eckstein & Donath, 2005; Mantuano 2008). Ou seja, após um evento de chuva o 72 suprimento de água no solo nas moitas provavelmente deve ser mantido mais elevado por mais tempo do que na areia nua, diminuindo o risco de expor as sementes ou plântulas à dessecação. Ao contrário, na areia nua provavelmente há uma maior flutuação hídrica e a predominância de baixos potenciais hídricos. A presença de dormência é comum em sementes que ocorrem em ambientes imprevisíveis e secos (Rice, 1985; Khurana & Singh, 2001; Jurado & Flores, 2005), e em clareiras (Roberts 1981 apud Rice 1985; Vázquez-Yanes & Orozco-Segovia, 1993). Freas & Kemp (1983) estudando três espécies do deserto verificaram que as sementes de duas espécies que eram dispersas em uma época onde a distribuição das chuvas era mais irregular e menos abundante eram dormentes, enquanto que as sementes da outra espécie que dispersava em uma época onde as chuvas eram mais regulares e abundantes não eram dormentes. A dormência distribui a geminação no tempo e no espaço, aumentando a probabilidade de que algumas sementes germinem em condições favoráveis ao estabelecimento da plântula. Além disso, a dormência impede a morte de toda uma coorte de plântulas por dessecação em função de uma chuva errática (Freas & Kemp, 1983; Baskin & Baskin, 1998; Jurado & Flores, 2005). No presente estudo foi observada dormência primária nas sementes de C. ramosa e C. flexuosa que ocorrem na areia nua, a qual foi superada nos experimentos de disponibilidade hídrica, enquanto que as sementes das espécies restritas às moitas não possuem dormência primária. Desta forma, pode-se supor que por ser um ambiente com uma maior flutuação e deficiência hídrica, a presença de dormência nas sementes das espécies que ocorrem na areia nua pode evitar a morte de toda uma coorte de plântulas por dessecação após um evento isolado de chuva, podendo ser essencial ao sucesso da colonização deste ambiente. Além disso, como a dormência distribui a germinação no tempo, ela aumenta a probabilidade de que algumas sementes germinem em condições 73 mais favoráveis ao estabelecimento, os quais provavelmente são mais raros na areia nua do que nas moitas de vegetação. Em contrapartida, como nas moitas de vegetação a umidade superficial do solo é maior e a flutuação hídrica é menor do que na areia nua, a probabilidade de expor as plântulas à dessecação é menor. Logo, a ausência de dormência nas três espécies de moitas permite a pronta germinação assim que a disponibilidade hídrica se eleve, aumentando o tempo de exposição das sementes a maiores potenciais hídricos. 74 7. CONCLUSÕES • A umidade superficial do solo é crescente desde a areia nua até o interior das moitas, e é maior em moitas médias e grandes para o microsítio interior. • As espécies que ocorrem na areia nua são capazes de germinar sob temperaturas elevadas e alternadas, enquanto que a germinação das espécies que ocorrem em moitas é favorecida sob temperaturas constantes e amenas. • As espécies que ocorrem na areia nua apresentam maior capacidade de germinar sob baixos potenciais hídricos (condições típicas deste ambiente), do que as espécies que ocorrem em moitas de vegetação. 75 8. 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