A INCLUSÃO ESCOLAR ATRAVÉS DO NÚCLEO DE ATENDIMENTO ÀS PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECÍFICAS NO IFMA, CAMPUS SANTA INÊS Francisco Rokes Sousa Leite Emanuelle Santiago Monteiro Leite Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA) RESUMO: A inclusão escolar através de Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE), nos Institutos Federais de Educação é uma realidade legal, todavia a práxis conforme a legislação inclusiva merece investigação, principalmente depois do ‘novo ensino médio’ com a valorização da pesquisa, maior liberdade curricular por parte das escolas e a formação, ensino médio e técnico concomitante. Dessa forma, o objetivo deste artigo é contribuir com os diversos departamentos do Instituto Federal de Educação do Maranhão (IFMA) - Campus Santa Inês, no que concerne a implantação, coordenação e difusão de políticas inclusivas. A pesquisa em tela buscou cooperar ainda com o planejamento das atividades relativas à inclusão, discutindo políticas prioritárias e emergenciais para o funcionamento de um órgão inclusivo dentro da escola. Portanto, é um diagnóstico das políticas e ações inclusivas, a fim de promover a aprendizagem para todos, com o cumprimento da legislação educacional, sobretudo no que de respeito à formação dos profissionais da educação e adequada infraestrutura. Assim, o problema que deve ser esclarecido é: - Como o Instituto Federal de Educação do Maranhão (IFMA) – Campus Santa Inês irá garantir políticas inclusivas, o pleno funcionamento do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE) e o Atendimento Educacional Especializado (AEE), junto com a aprendizagem satisfatória aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento ou altas habilidades/ superdotação, visto que as escolas profissionalizantes ao longo da história não apresentam uma realidade inclusiva, a exemplo de admissão de corpo docente formado em cursos de bacharelados, professores tecnólogos e licenciados sem um conhecimento consistente na área da educação inclusiva? A metodologia utilizada perpassou pela pesquisa exploratória-explicativa, com análises de práticas e políticas inclusivas que estimularam a compreensão do problema. Fez-se uso de três instrumentos de coleta de dados, a pesquisa bibliografia, entrevistas semiestruturadas, com perguntas abertas, a fim abordar assuntos mais amplos da inclusão, bem como observações sistemáticas. Para garantir o controle e precisão da pesquisa, o público basilar contemplou servidores do Instituto Federal de Educação do Maranhão (IFMA) - Campus Santa Inês e os estudantes com necessidades educacionais específicas diagnosticados durante a coleta de dados. Os resultados das discussões revelam que a instituição em questão, tem pessoas com comprometimento no rendimento escolar, a maioria por falta de uma política inclusiva institucionalizada desde o ensino fundamental, recrudescendo agora no ensino médio para os estudantes com deficiência, visto que a vaga é praticamente garantida. As principais conclusões demonstram que se não for organizada com responsabilidade a inclusão escolar no ensino técnico de nível médio, há mais possibilidade de frustrar as expectativas dos educandos, quanto aos desígnios de inclusão profissional, do que proporcionar êxito no mercado de trabalho. Portanto, a partir da garantia do ingresso no ensino médio profissionalizante por meio do sistema de cotas, 5% (cinco por cento) das vagas em cada curso são dos candidatos com deficiência que se enquadram nas condições estabelecidas no § 1° do Artigo 5º do Decreto no 5.296, de 2 de dezembro de 2004, sem haver uma ‘nota de corte’. Então, matricula-se estudantes praticamente analfabetos, com uma dificuldade imensurável para acompanhar os conteúdos escolares, fator que coloca o fracasso escolar como algo iminente. PALAVRAS-CHAVE: Inclusão. Pessoas com Deficiência. Educação Profissional. 1 INTRODUÇÃO A inclusão escolar através de Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE), nos Institutos Federais de Educação tem a finalidade de implementar políticas de acesso, permanência e conclusão de cursos com êxito por partes dos estudantes com deficiência. De acordo com o Decreto 7.611/2011, que dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado, é dever do Estado a educação das pessoas público-alvo da educação especial, garantindo–lhe um sistema educacional inclusivo em todos os níveis de ensino, sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades. A justificativa para um trabalho como este tem relevância social, ao passo que se optou pelo tema em virtude da importância de estudos que investiguem a lógica excludente dentro da escola comum envolvendo as políticas e órgãos capazes de dar suporte à pessoa com deficiência. Tem ainda caráter científico, uma vez que é preciso desmistificar, com uma pesquisa científica, a dualidade das políticas inclusivas descritas na lei e realizadas dentro dos Institutos Federais de Educação. Ou seja, há necessidade de investigações que abordem a temática inclusiva, a fim de desvelar a realidade de formação no ensino técnico profissionalizante de nível médio. Enfim, a importância está principalmente na condição pessoal na profissão docente que exige ações para não presenciar o aumento da exclusão no âmbito escolar. O percurso metodológico e procedimentos técnicos para desenvolver a pesquisa quanto aos objetivos foi exploratória-descritiva, visto que admitiu caracterizar uma população ou fenômeno sob a utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, e em seguida explicar detalhadamente os fenômenos estudados. A pesquisa científica exploratória é eminentemente descritiva, pois “algumas pesquisas descritivas vão além da simples identificação da existência de relações entre variáveis, pretendendo determinar a natureza dessa relação” (GIL, 2008, p. 47). Assim, este caminho permite também “obter informação do existente, a fim de poder descrever e interpretar a realidade” (RUDIO, 2012, p.16). Dessa forma, este artigo buscar problematizar á inclusão por meio do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE) do IFMA - Campus Santa Inês, a partir das seguintes indagações: - Quais as políticas prioritárias para este órgão ser verdadeiramente inclusivo? - Como os departamentos do IFMA, Campus Santa Inês ajudam nas atividades relativas à inclusão? - Como construir projetos inclusivos numa escola altamente padronizada e meritocrática, onde as expectativas é não admitir as limitações? -Como lidar com atitudes pedagógicas tecnicista, que enxergam mais as barreiras do que as competências e habilidades das pessoas com deficiência? - Como o NAPNE considera, em atos, e em ‘assistências’, as pessoas diferentes? - Como atender a diversidade e a inclusão, sem desprivilegiar as ações normais da escola? - Enfim, como o NAPNE e a sala de recursos/ multifuncional/Atendimento Educacional Especializado (AEE) irão colaborar com a educação das pessoas com deficiência? A base referencial de literatura incorpora Carvalho (1998), à medida que sublinha a contribuição das leis perpassando transversalmente todos os níveis de ensino, desde a educação infantil ao ensino superior. Não obstante, Mazzotta (2005), acredita haver um mito sobre a educação especial, para demonstrar tal crítica faz analogia à religião, atribuindo ao homem imagem e semelhança de Deus, assim, deveria ser completamente perfeito. O marco teórico ressalta o pensamento de Gomes, Poulin, e Figueiredo (2010), discutindo a obrigatoriedade de uma pedagogia inclusiva, com recursos pedagógicos de acessibilidade, com preferência nas escolas comuns, com infraestrutura adequada. Bem como as ideias de Ropoli (2010), já que dar ênfase à educação especial na perspectiva da inclusão escolar e escola comum inclusiva, e articulação com as políticas que proporcionam Atendimento Educacional Especializado (AEE), capazes ainda de sistematizar as atividades no contra-turno com apoio do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas - NAPNE. As partes que formam este artigo seguem um referencial teórico fundamentado com a vasta legislação nacional e internacional sobre a educação e a inclusão; com autores renomados da área da educação inclusiva; com a explicação sucinta dos objetivos, relatando o que se alcançou ao final do trabalho; com a metodologia explica-se o tipo de pesquisa e expõe-se o passo-a-passo com ocorreu a pesquisa; com os resultados e discussões debate-se o que foi preponderante e evidente nas investigações, com tópicos discorrendo sobre o diagnóstico da educação inclusiva, e as políticas prioritárias do NAPNE do IFMA - Campus Santa Inês; e por fim a conclui-se, arrematando aquilo que foi observado e de fato. Logo, este artigo discute a inclusão escolar e o aprendizado ao longo de toda a vida do estudante, não só com conhecimentos para exercer uma profissão, como condição dos Institutos Federais de Educação saírem das garantias legais, e adotarem medidas de apoio individualizadas e efetivas, de acordo com a meta de inclusão plena designada na legislação, mormente a que trata de implantação de órgãos internos inclusivos dentro das instituições de ensino. 2 REFERENCIAL TEÓRICO O referencial teórico destaca a legislação educacional inclusiva rompendo com os paradigmas legais, e a formalidade dos sistemas educativos, questionando a implantação e eficiência dos órgãos inclusivos no seio escolar. Isso é realizado no ensino técnico profissionalizante de nível médio geralmente com turmas homogêneas como algo natural, contudo a qualidade do ensino é comprometida para as pessoas com deficiência, haja vista que é predominante a meritocracia. A entrada de novas camadas sociais nos Institutos Federais de Educação no Brasil transcorre na inclusão das pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação. No Maranhão o sistema de cotas, do seletivo para ingresso, reserva 5% (cinco por cento) das vagas, em cada curso, para tal público. Isto é, há uma porcentagem de vagas destinadas aos candidatos que se enquadrarem nas condições estabelecidas no § 1° do Artigo 5º do Decreto 5.296, de 02 de dezembro de 2004. No contexto histórico, as iniciativas oficiais inclusivas no Brasil podem ser referenciadas pelo Decreto no 42.728, de 1957, quando se promoveu a Campanha para a Educação do Surdo Brasileiro. Ademais, a Lei no 4.024, de 1961, Lei de Diretrizes e Bases, assegurou o direito dos “excepcionais” à educação; a Lei no 5.692, de 1971, garantiu o tratamento especial aos estudantes que apresentavam deficiências físicas ou mentais e aos superdotados. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), asseverou que a educação inclusiva é uma atitude política, cultural, social e pedagógica. Consequentemente, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei no 9.394, de 2006, entendeu por educação especial, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino. E, a Constituição Federal (1988), traz como um dos seus objetivos fundamentais a “promoção de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Além disso, a legislação da educação inclusiva, aliás, a educação especial na perspectiva da educação inclusiva pode ser encontrada ainda nas convenções internacionais de direitos humanos, das quais o Brasil é signatário. Isto é, na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948); no Programa Mundial de Ação Relativo às Pessoas com Deficiência (1983); na Convenção Internacional sobre Direitos da Criança (1989); na Declaração Mundial sobre Educação para Todos Jomtien (1990); na Declaração de Salamanca (1994); na Convenção da Guatemala (1999); e na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006). Bem como, a Resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE/CEB) nº 2, de 11 de setembro de 2001, compreendeu por educação especial um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais. Contudo, nas palavras de Gomes, Poulin e Figueiredo, é essencial o tipo de pedagogia praticada na escola num contexto inclusivo. Algumas escolas ainda não se atentaram para o fato de que o tipo de pedagogia praticada é um fator determinante na evolução dos alunos, especialmente quando se trata de aluno com deficiência intelectual. A pedagogia que não leva em consideração as diferenças dos alunos, que não atenta para as diferenças de ritmos, de interesses, de estilos de aprendizagem, ao invés de promover, nega o desenvolvimento e a aprendizagem desses alunos. Nega o que está garantido constitucionalmente a eles que é o direito à educação e à apropriação dos bens culturais construídos ao longo dos anos pela humanidade e transcritos em forma de conteúdos escolares. (GOMES; POULIN; FIGUEIREDO, 2010, p.26). Carvalho (1998), assevera que a legislação evidencia o grande impulso desde as últimas décadas a inclusão, no que se refere à colocação de alunos com necessidades educacionais especiais, na rede regular de ensino. Segundo Mazzotta (2005), a religião, com toda sua força cultural, ao colocar o homem como “imagem e semelhança de Deus”, ser perfeito, inculca a ideia da condição humana, incluindo perfeição física e mental. E não sendo “parecidos com Deus”, os “portadores” de deficiências (ou imperfeições) eram postos à margem da condição humana. A cultura da descriminação na escola pode então aparecer a partir da ausência de projetos inclusivos, não obstante a escola é a principal agente de promoção da pessoa humana, por meio da educação de qualidade para todos. Destarte, este artigo discutiu as práticas escolares inclusivas, como verdadeiras análises criteriosas das políticas adotadas pelo Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE) do Instituto Federal de Educação do Maranhão (IFMA) - Campus Santa Inês, mormente no que concerne a qualificação em serviço dos profissionais da educação, assim como a melhoria da infraestrutura adequada à acessibilidade. Para atender a todos e atender melhor, a escola atual tem de mudar, e a tarefa de mudar a escola exige trabalho em muitas frentes. Cada escola, ao abraçar esse trabalho, terá de encontrar soluções próprias para os seus problemas. As mudanças necessárias não acontecem por acaso e nem por Decreto, mas fazem parte da vontade política do coletivo da escola, explicitada no seu Projeto Político Pedagógico (PPP) e vivenciada a partir de uma gestão escolar democrática. (ROPOLI, et. al. 2010, p. 10). A transformação inicia dentro da escola, com o próprio reconhecimento, da pessoa com deficiência, do professor, da gestão escolar, dos demais estudantes, que não existe uma aprendizagem retilínea que contemple todos. É imprescindível inovar! Esse “abraço de causa”, obviamente estende-se para famílias dos estudantes e sociedade, contando com apoio, e, quiçá, ajuda profissional externa. 3 OBJETIVOS O objetivo geral foi contribuir com os diversos departamentos do Instituto Federal de Educação do Maranhão (IFMA) - Campus Santa Inês, nas atividades referentes à inclusão dos estudantes com deficiência, definindo políticas prioritárias ao funcionamento adequado do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE). Os objetivos específicos transcorreram em subsidiar a coordenação e membros do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE); apresentar demandas e propostas inclusivas para a escola; discutir adaptações que ajudassem a garantir políticas de acesso, permanência, aprendizagem e sucesso escolar do/a estudante com necessidades de atendimento educacional especializado; participar do planejamento, implantação e avaliação das ações do NAPNE do IFMA Campus Santa Inês; propor eventos internos e externos ao Campus Santa Inês, a fim de promover a inclusão escolar; bem como sugerir o Atendimento Educacional Especializado (AEE) para estudantes que necessitam desse serviço na instituição. 4 METODOLOGIA A pesquisa foi classificada como exploratória-explicativa, com análises de práticas e políticas inclusivas que estimularam a compreensão do problema, desencadeadas a partir das explicações da diretoria geral do Instituto Federal de Educação (IFMA) - Campus Santa Inês, sobre a inclusão escolar através do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE). Nesse prisma, Gil (2008), garante que o planejamento da pesquisa em sua dimensão exploratória e explicativa é fundamental, pois tais pesquisas têm como preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Em virtude da natureza ‘diferenciada’ da população pesquisada (pessoas com deferência) e das pretensões a alcançar, fez-se uso de três instrumentos de coleta de dados, a pesquisa bibliografia, entrevistas semiestruturadas, com perguntas abertas, a fim abordar assuntos mais amplos da inclusão, bem como observações sistemáticas. Para garantir o controle e precisão da pesquisa, o público basilar contemplou servidores do Instituto Federal do Maranhão (IFMA) - Campus Santa Inês e as pessoas com necessidades educacionais específicas, diagnosticadas na coleta de dados.. O período da investigação teve permanência de abril a dezembro do ano de 2013. A priori fez reuniões com colaboradores, para seleção e estudos do material da pesquisa; discussões sobre a difícil implementação de projetos inclusivos no ambiente escolar; organização de encontros, eventos, seminários, oficinas pedagógicas, palestras, minicursos, oficinas educativas, a fim de sensibilizar os envolvidos em projetos inclusivos na escola; assim como um levantamento e análises dos projetos de cursos técnicos, com a ajuda dos departamentos potencializadores e colaboradores da inclusão escolar, sobretudo o setor pedagógico da escola. Em seguida, discutiu-se e registrou-se a difícil implementação de projetos inclusivos perenes, a partir da legislação educacional em vigor. E, para possibilitar qualidade na investigação científica; objetivos propostos; interpretação dos resultados e avaliação da pesquisa. Executou-se uma análise sistemática e abrangente da eficiência pedagógica e administrativa do NAPNE no processo educativo profissionalizante técnico integrado ao nível médio. 5 RESULTADOS E DISCURÇÕES O Instituto Federal do Maranhão (IFMA) - Campus Santa Inês, até está informado e preocupado com a construção de projetos educacionais inclusivos, porém os estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação, matriculados e frequentando o ensino regular, são permanentemente excluídos, menos da socialização, entre seus pares, e mais da aprendizagem de conteúdos indispensáveis para suas formações profissionais. Colegas e professores de educandos com deficiência acolhem e se dedicam para oportunizar as condições iguais, nas atividades pedagógicas desenvolvidas na escola, porém, só isso não é suficiente. Pois em contraponto a tal realidade, faltam conhecimentos técnicos de docentes para ensinar quem tem mais dificuldade em acompanhar os conteúdos, a exemplo, de surdos e aqueles que possuem dislexia, doença mental, e outros. É recorrente, na instituição em questão, encontrar pessoas com comprometimento no rendimento escolar, a maioria por falta de uma política inclusiva institucionalizada, tentando encontrar uma forma de conciliar a dificuldade na compreensão dos conteúdos com sua deficiência, às vezes, até com familiares contratando profissionais para ajudar nas tarefas escolares. A implantação Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE), é a tentativa de mudar essa realidade, sobretudo uma experiência nova para muitos docentes, que são formados em bacharelados ou nos cursos superiores de tecnologia. Ou seja, na matriz curricular, desses cursos não existiu nenhuma disciplina sequer de educação especial ou educação inclusiva. Daí, surgi a pergunta: - Como obrigar tais docentes, em sala de aula, a fazer um trabalho pedagógico diferenciado e inclusivo? Parece comprometida a promoção dos educandos com deficiência, matriculados no ensino técnico integrado ao nível médio, por que as condições de acesso são garantidas legalmente, contudo a participação socializadora e aprendizagem significativa no interior da escola não ocorrem de maneira assaz. O Atendimento Educacional Especializado (AEE) ainda não é ação concomitante às atividades propositivas e consultivas do NAPNE, visto que sem recursos humanos designados especialmente para identificar, solicitar, organizar e utilizar os recursos didático-pedagógicos e de acessibilidade, que eliminem as barreiras para a plena participação dos estudantes fica comprometida a inclusão no IFMA – Campus Santa Inês não há. Daí, cabe as interrogações: - Qual o significado da educação profissional para estudantes que esperam competir no mercado de trabalho, com um cenário ainda mais complexo de inclusão. É notório que atender a diversidade, sem desprivilegiar as ações normais da escola é um desafio para gestores escolares, professores e sociedade e o próprio deficiente. Atualmente, o acesso aos serviços específicos a cada estudante, reduz-se a garantia à matrícula nas classes comuns, a quem apresenta alguma deficiência; interpretes e tradutores da Língua de Sinais Brasileira (LIBRAS), aos surdos. No entanto, sem a oferta de Atendimento Educacional Especializado (AEE), apesar de está previsto na Resolução no 4, de 2 de outubro de 2009, onde se instituiu diretrizes operacionais para o atendimento especializado na educação básica, na modalidade educação especial. Tal atendimento deve ser realizado por professor/a com formação inicial que o/a habilite para o exercício da docência e formação específica para a educação especial. Todavia, são títulos e formações escassos de serem encontrados entre os professores do IFMA - Campus Santa Inês. Não obstante, o trabalho do NAPNE incide na identificação, elaboração, produção e organização de serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade e estratégias considerando as necessidades específicas dos estudantes. Além da elaboração e execução de plano de atendimento educacional especializado, e acompanhamento à funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos. Os dados observados e registrados durante a pesquisa despontam resultados que evidenciam a necessita de estabelecer articulação, aliás, formação aos professores da sala de aula comum, a fim de proporcionar acessibilidade e viabilização das estratégias didáticas que promovam aprendizado de todos, sem preconceito, discriminação ou repetência dos educandos com algum tipo de deficiência. 5.1 Diagnóstico da Educação Inclusiva no IFMA-Campus Santa Inês A oferta de vagas aos estudantes, público alvo da educação especial, tem um duplo cômputo, uma matrícula em classe comum da rede pública de ensino e outra no Atendimento Educacional Especializado (AEE). No entanto, o IFMA - Campus Santa Inês mostra-se incipiente para registrar tal atuação, isto é, o Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE) ainda não oferece estrutura para assegurar atendimento às pessoas com deficiência conforme preceitua a legislação, apesar de encontra-se constituído teoricamente (pedagoga, psicóloga, assistente social). com coordenador e membros responsáveis Portanto, diagnostica-se que é imperativa a implantação concreta do NAPNE; as ações próprias da escola inclusiva, a fim de os equipamentos, recursos de acessibilidade e materiais pedagógicos, que auxiliam a eliminação de barreiras impedidoras da aprendizagem, de fato proporcionarem a plena participação dos estudantes, com autonomia e independência, no ambiente educacional e social. Isso porque, não existe uma “mão de obra especializada”, em resumo, há ausência de qualificação dos profissionais designados para trabalhar no NAPNE. A seguir registram-se as lacunas encontradas neste órgão inclusivo da escola: a) Ausência de elaboração e execução de projetos inclusivos envolvendo administradores, professores e estudantes do IFMA - Campus Santa Inês, iniciando com uma mobilização sensibilizadora abrangente, ou seja, incluindo toda comunidade escolar; b) Instalação apropriada do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE), com todo o material suficiente para atendimentos básicos; c) Carência de software e recursos humanos treinados para o funcionamento pleno do NAPNE; d) Algumas falhas na realização do plano de ação enfocando o papel inclusivo da escola, e agente da cultura inclusiva, principalmente com eventos ao longo do ano letivo; e) Omissão na capacitação de profissionais da educação na área de atendimento as pessoas com necessidades específicas; e f) Insuficiência de seminários temáticos difundindo as principais legislações que asseguram um atendimento escolar de qualidade às pessoas com necessidades específicas. A instituição pesquisada está longe de servir como exemplo de instituição inclusiva, visto que os recursos humanos, os materiais pedagógicos, a acessibilidade e demais providências pertinentes à inclusão ainda não evidenciaram efetivamente aquilo descrito na lei. Não obstante, há na escola estudante disléxico, deficiente físico, com deficiência mental, surdo e com dificuldades de aprendizagem. Destarte, o previsto no Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola precisa resgatar tal dívida inclusiva, sanando o considerável atraso social das pessoas com deficiência, haja vista que deste o século passado a legislação cobra uma educação de qualidade para todos. O diagnóstico do núcleo em questão infelizmente não é diferente da maioria dos campi do IFMA, ou seja, existe pouco conhecimento docente e formação insuficiente dos demais funcionários e membros de núcleos inclusivos. É raro o envolvimento das famílias e da comunidade dentro e fora da escola, visto que imaginam a instituição fazendo tudo sozinha, também é incomum a articulação intersetorial com políticas públicas na esfera estadual ou municipal. Todavia, a institucionalização do NAPNE certamente minimizará os problemas, porém há muito a aprender e avançar a respeito das execuções dos direitos previstos nas leis e nas políticas públicas nos Institutos Federais de Educação. 5.2 Políticas Prioritárias do NAPNE do IFMA - Campus Santa Inês As políticas nacionais de educação especial são pautadas na perspectiva da educação inclusiva, no Instituto Federal de Educação do Maranhão (IFMA), acontecem conforme o regulamento dos núcleos de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE), o qual disciplina os procedimentos para implantação, funcionamento e atribuições desse órgão nos Campi, juntamente com o Programa de Educação, Tecnologia e Profissionalização para Pessoas com Necessidades Específicas (TECNEP), desenvolvido pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), órgão ligado ao Ministério da Educação - MEC. As políticas prioritárias do NAPNE do IFMA - Campus Santa Inês são buscar a qualidade da educação para todos, com competência técnica reconhecida pelos educandos; participar de políticas inclusivas nas esferas municipal, estadual e federal, a partir da implementação de ações que permitam o acesso, permanência e conclusão das etapas de ensino com êxito dos alunos com necessidades específicas. Logo, o NAPNE tem a função de criar no IFMA – Campus Santa Inês a cultura da educação para a convivência, respeito à diversidade, promovendo a quebra das barreiras atitudinais, educacionais e arquitetônicas. Enfim, a maior ação política é incluir socialmente a todos por meio da educação, elaborando em conjunto com os docentes, núcleos pedagógicos e de assistência aos educandos um programa de atendimento educacional especializado. Dessa maneira, a visão política emergente no NAPNE também é: a) Fomentar a sustentabilidade do processo inclusivo, mediante aprendizagem cooperativa em sala de aula e constituir de redes de apoio; b) Estabelecer parcerias com instituições públicas e privadas, associações, cooperativas, Organizações Não Governamentais (ONG’s), órgãos representativos das pessoas com deficiência; c) Originar ações de incentivo e de apoio aos estudantes do Campus Santa Inês, para o desenvolvimento de tecnologias assistivas, instrumentos, recursos didáticos e soluções arquitetônicas que promovam a acessibilidade, mobilidade e a inclusão de pessoas com deficiência; d) Coordenar uma Sala de Recursos Multifuncionais, constituída de equipamentos, mobiliários e materiais didático-pedagógicos, para o atendimento às demandas dos alunos com necessidades específicas; e) Promover cursos de formação pedagógica e na área da educação inclusivas para os servidores efetivos e terceirizados. Por conseguinte, compete como política do NAPNE ainda firmar parcerias com o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), da cidade de Santa Inês; expor para a Direção-Geral do Campus, por meio de relatório, a situação da inclusão na escola; solicitar formação inicial e continuada baseado nas carências profissionais do Campus Santa Inês, junto à Pró-reitoria de Ensino do IFMA. O NAPNE pode ainda atuar no âmbito institucional interno e externo, assessorando o Departamento de Pesquisa e Extensão e participar de movimentos comunitários. 6 CONCLUSÕES A pesquisa colaborou de maneira significativa para a sensibilização dos servidores do Instituto Federal de Educação do Maranhão (IFMA) - Campus Santa Inês, no que concerne a inclusão escolar dos estudantes com deficiência. Visto que os levou a observar a falta de espaço físico, materiais didáticos, ausência de qualificação, sobretudo dos professores, bem como a insuficiente formação continuada dos demais funcionários. Dessa forma, ainda que se tenha nos próximos anos um Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE) funcionando, a inclusão, parece ser apenas vontade e conformidade burocrática e política, para ser registrada em ata, a fim de dar a impressão que está tudo resolvido, todavia as ações políticas ainda não correspondem ao esperado. É um modelo inclusivo que ensina muitos como se fosse um só, não respeitando as singularidades dos estudantes que necessitam de atendimento educacional especializado. Assim, leciona-se para vários educandos ao mesmo tempo de uma forma igual, não se questionando a capacidade da instituição escolar incluir, e, formar os profissionais competentes. No IFMA - Campus Santa Inês, tem-se desencadeado campanhas e projetos determinando que todos os níveis e modalidade de ensino se relacionem com a inclusão, sobretudo a partir da criação do NAPNE. No entanto, verificar-se que existe uma vontade em mudar as políticas e legislações, mas continua-se com as práticas educativas excludentes. Ou seja, buscou-se uma padronização no ritmo de aprendizagem dos estudantes deficientes, com cobranças de resultados instantâneos, algo complicado de conseguir na educação técnica profissionalizante de nível médio. Nesse contexto, é necessário reorganizar a escola nos aspectos pedagógicos e administrativos, sobretudo com projetos de formação de órgãos inclusivos, tal qual o NAPNE. Haja vista que, hoje, quando nos referimos às pessoas com deficiência, permanecem nos projetos dos cursos exclusão, problemas e contradições notórias. Conclui-se que o NAPNE do IFMA - Campus Santa Inês é um órgão capaz de prevenir a discriminação no âmbito escolar e inserir as pessoas com deficiência na vida em sociedade, abrindo caminhos para um mundo que convive com as diferenças. Por conseguinte, os investimentos na área inclusiva, prioritariamente, devem voltar-se aos servidores envolvidos nesta causa, porque são os recursos humanos na escola inclusiva que proporcionam mais oportunidades aos estudantes com deficiência. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília, DF: Senado Federal, 1988. ______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF: Senado Federal, 1996. ______. Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001. Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília, DF: Senado Federal, 2001. ______. Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004. 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