UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ABORDAGENS DE ENSINO - APRENDIZAGEM EM MANUAIS DE ITALIANO LE MARIA LUCILENE MOREIRA ALVES Rio de Janeiro/RJ Março, 2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ABORDAGENS DE ENSINO - APRENDIZAGEM EM MANUAIS DE ITALIANO LE MARIA LUCILENE MOREIRA ALVES Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do Título de Mestre em Letras Neolatinas (Estudos Linguísticos Neolatinos, opção: Língua Italiana). Orientadora: Profª. Drª. Annita Gullo Rio de Janeiro/RJ Março, 2014 ABORDAGENS DE ENSINO - APRENDIZAGEM EM MANUAIS DE ITALIANO LE Maria Lucilene Moreira Alves Orientadora: Profª. Drª. Annita Gullo. Dissertação de mestrado submetida ao Programa de Pós - Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Letras Neolatinas (Estudos Linguisticos Neolatinos, opção: Língua Italiana). Examinada por: _________________________________________________ Profª. Drª. Annita Gullo (orientadora) - UFRJ _________________________________________________ Prof. Dr. Carlos Sobral - Faculdade de Letras / UFRJ _________________________________________________ Prof. Dr. William Soares dos Santos - Faculdade de Educação / UFRJ A474a Alves, Maria Lucilene Moreira Abordagens de ensino – aprendizagem em manuais de italiano LE / Maria Lucilene Moreira Alves. – Rio de Janeiro: UFRJ, 2014. 157 f.: il.(algumas color.) ; 30 cm. Orientadora: Annita Gullo. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras, Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas, 2014. Bibliografia: f. 114-117. 1. Língua italiana – Estudo e ensino. 2. Língua italiana – Estudo e ensino – Estudantes estrangeiros. 3. Língua italiana – Estudo e ensino – Manuais, guias, etc. 4. Língua italiana Aquisição. 5. Livros didáticos – Itália 6. Didática. I Gullo, Annita II Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras. III . Título CDD 450.71 RESUMO ABORDAGENS DE ENSINO - APRENDIZAGEM EM MANUAIS DE ITALIANO LE Maria Lucilene Moreira Alves Orientadora: Professora Doutora Annita Gullo Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós - Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Letras Neolatinas (Estudos Linguísticos Neolatinos. Opção: Língua Italiana). O principal objetivo deste estudo é fazer uma análise das atividades apresentadas em manuais didáticos de italiano língua estrangeira (ILE) nas quais diferentes abordagens de ensino são utilizadas e confrontadas com os direcionamentos dados pelo Guida degli Insegnanti. Nesta pesquisa são abordados aspectos relacionados às metodologias e abordagens de ensino - aprendizagem em manuais de italiano LE. São evidenciadas definições referentes à língua, língua materna, língua estrangeira e segunda língua, além das funções que a língua desenvolve durante um discurso interpessoal. São destacadas de maneira cronológica as principais teorias sobre os métodos e abordagens de ensino aprendizagem, para, dessa forma, analisar os manuais didáticos de italiano LE. São analisados para a pesquisa os manuais Arrivederci! 1, Domani 1 e Nuovo Progetto Italiano 1, e a partir dessa análise são verificadas as nossas hipóteses. Palavras - chave: Italiano LE - Manuais Didáticos - Abordagens de ensino aprendizagem RIASSUNTO ABORDAGENS DE ENSINO - APRENDIZAGEM EM MANUAIS DE ITALIANO LE Maria Lucilene Moreira Alves Orientadora: Professora Doutora Annita Gullo Riassunto da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Letras Neolatinas (Estudos Linguísticos Neolatinos. Opção: Língua Italiana). Il principale interesse di questo studio è fare un'analise di alcune attività presentate in manuali didattici di italiano lingua straniera (ILS) nelle quali diversi approcci di insegnamento sono usati e affrontati con gli orientamenti del Guida degli Insegnanti. In questa ricerca sono esaminati aspetti della metodologia e degli approcci di insegnamento - apprendimento in manuali di italiano LS. Sono evidenziate le definizioni di lingua, lingua materna, lingua straniera e lingua seconda oltre le funzioni svolte dalla lingua nel corso del discorso interpersonale. Sono messi in evidenza cronologicamente le principali teorie sui metodi e approcci di insegnamento apprendimento per analisare i manuali didattici di italiano LE. Sono analizzati per questa ricerca i manuali Arrivederci! 1, Domani 1 e Nuovo Progetto Italiano 1, e a partire di questa analise sono verificate le nostre ipotesi. Parole - chiave: Italiano LS - Manuali Didattici - Approcci di insegnamento apprendimento ABSTRACT ABORDAGENS DE ENSINO - APRENDIZAGEM EM MANUAIS DE ITALIANO LE Maria Lucilene Moreira Alves Orientadora: Professora Doutora Annita Gullo Abstract da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós - Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Letras Neolatinas (Estudos Linguísticos Neolatinos. Opção: Língua Italiana). This study aims at analyzing the activities presented at the didactic textbooks of Italian as foreign language (IFL) in which different teaching approaches are used and compared with the directions given by Guida degli insegnanti. At this research, the aspects related to the teaching methodologies and approaches are discussed – learning at the textbooks of Italian as FL. Settings about the language, mother tongue, foreign language and second language are evidenced, beyond the functions that the language develops during an interpersonal speech. The main theories about the teaching methods and approaches are posted chronologically – learning, to thereby analyze the didactic textbooks of Italian as FL. At this research, following textbooks are analyzed: Arrivederci! 1, Domani 1 and Nuovo Progetto Italiano 1, and with this analyze the hypothesis are checked. Key words: Italian as FL – Didactic Textbooks - Teaching Approaches – Learning DEDICATÓRIA Aos meus pais, Francisco e Luzia, exemplos de perseverança e força, que sempre me apoiaram nas minhas escolhas e decisões, e acreditaram na minha capacidade quando eu mais fraquejei. À minha avó e madrinha, Margarida (in memoriam), que me animava a sempre sonhar grande e nunca desistir. AGRADECIMENTOS À Capes, pela bolsa de estudos, permitindo assim uma maior dedicação e oportunidades para a realização dessa dissertação; À Annita Gullo, por me orientar desde os tempos do CLAC a como desenvolver um bom trabalho como professora, por me aceitar como orientanda e ajudar nos momentos de dúvida. O conhecimento compartilhado durante nossos encontros foram fundamentais para essa pesquisa; À Carlos Sobral, por me falar as palavras certas nos meus momentos de maior insegurança; Aos professores da graduação em Letras da UFRJ, pelos ensinamentos e direcionamentos oferecidos; À Deus, por todas as oportunidades e trabalhos que me concedeu até hoje; Aos meus pais, Luzia e Francisco, pela compreensão e pelo amor que me presenteiam todos os dias; Aos meus irmãos, Laís, Larissa e Junior, que me fazem rir desde o dia que nasceram e me mostraram que é a vida é mais divertida quando a dividimos; À Gabriel, meu marido e companheiro, por entender minhas ausências e nervosismos rotineiros; À Gisele Batista, amiga, colega de trabalho, conselheira e que acreditou em mim desde a graduação; À Fernanda Gerbis, companhia de angustias e risos; À Duda, por toda força e alegria que carrega dentro de si; Aos meus queridos alunos que me fazem esquecer todos os problemas durante as aulas e que responderam prontamente quando precisei; Aos meus amigos, de perto e de longe, pelos pensamentos positivos, apoio e palavras de carinho; Aos meus primos e tios, por torcerem e me proporcionarem lembranças que levarei para toda a vida; Aos meus cachorros que me faziam companhia nas horas intermináveis diante do computador; A todos que direta ou indiretamente fizeram parte dа minha formação, dou o meu muito obrigado! SINOPSE Língua e manuais didáticos de italiano LE. A língua e suas funções. Língua materna, língua estrangeira e segunda língua. Os métodos e abordagens de ensino - aprendizagem nos manuais didáticos. Panorama histórico dos métodos de ensino. Os manuais de italiano LE Arrivederci! 1, Domani 1 e Nuovo Progetto Italiano 1 e suas propostas de atividades. "Ninguém educa a ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre si mediatizados pelo mundo." Paulo Freire. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Capa do manual didático In Italiano ................................................................ Figura 2 Capa do manual didático Uno ............................................................... Figura 3 Capa do manual didático Bravissimo ............................................................... Figura 4 Capa do manual didático Rete ............................................................... Figura 5 Capa do manual didático Nuovo Progetto Italiano 1 ......................................... Figura 6 Capa do manual didático Domani 1 ................................................................ Figura 7 Capa do manual didático Arrivederci! 1............................................................. Figura 8 Capa do manual didático Nuovo Progetto Italiano 1 Figura 9 Capa do manual didático Domani 1 Figura 10 Capa do manual didático Arrivederci! 1 Figura 11 Arrivederci!1 , p. 09 Figura 12 Arrivederci!1, p. 09 Figura 13 Arrivederci!1 , p.09 Figura 14 Arrivederci!1, p. 10 Figura 15 Arrivederci!1 , p. 10 Figura 16 Arrivederci!1 , p. 10 Figura 17 Arrivederci!1, p. 11 Figura 18 Arrivederci!1, p. 11 Figura 19 Arrivederci!1, p. 11 Figura 20 Arrivederci!1, p. 12 Figura 21 Arrivederci!1, p. 12 Figura 22 Arrivederci!1, p. 12 Figura 23 Arrivederci!1, p. 13 Figura 24 Arrivederci!1, p. 13 Figura 25 Arrivederci!1, p. 13 Figura 26 Arrivederci!1, p. 13 Figura 27 Arrivederci!1, p. 14 Figura 28 Domani 1, p. 11 Figura 29 Domani 1, p. 11 Figura 30 Domani 1, p. 12 Figura 31 Domani 1, p. 12 Figura 32 Domani 1, p. 13 Figura 33 Domani 1, p. 13 Figura 34 Domani 1, p. 13 Figura 35 Domani 1, p. 14 Figura 36 Domani 1, p. 15 Figura 37 Domani 1, p. 15 Figura 38 Domani 1, p. 16 Figura 39 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 5 Figura 40 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 5 Figura 41 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 6 Figura 42 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 6 Figura 43 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 7 Figura 44 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 7 Figura 45 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 7 Figura 46 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 7 Figura 47 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 8 Figura 48 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 8 Figura 49 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 9 Figura 50 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 9 Figura 51 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 9 Figura 52 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 10 Figura 53 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 10 Figura 54 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 11 Figura 55 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 11 Figura 56 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 12 Figura 57 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 12 Figura 58 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 12 Figura 59 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 13 Figura 60 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 13 Figura 61 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 13 Figura 62 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 13 Figura 63 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 14 Figura 64 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 14 Figura 65 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 14 Figura 66 Nuovo Progetto Italiano 1, p. 14 LISTA DE ABREVIATURAS UD - Unidade Didática LE - Língua Estrangeira LM - Língua Materna L2 - Segunda Língua QCER - Quadro Comune Europeo di Riferimento per le Lingue SUMÁRIO 1. Introdução ...................................................................................................................18 2. Definições de língua, língua materna, língua estrangeira e segunda língua e funções da língua ........................................................................................................................ 20 2.1 Definição de língua ........................................................................................ 20 2.2 Definições de língua materna, língua estrangeira e segunda língua.............................................................................................................................. 23 2.2.1 Definição de língua materna .................................................................. 23 2.2.2 Definição de segunda língua.................................................................. 24 2.2.3 Definição de língua estrangeira............................................................... 25 2.3. Funções da língua ............................................................................................. 28 2.3.1 Função referêncial .................................................................................. 29 2.3.2 Função comunicativa............................................................................... 29 2.3.3 Função expressiva .................................................................................. 30 2.3.4 Função fática .......................................................................................... 31 2.3.5 Função performativa ............................................................................... 31 3. Metodologia didática: um percurso histórico............................................................ 33 3.1 - Método Formalista ................................................................................... 33 3.2 - Método Direto .......................................................................................... 35 3.3 - Método intensivo "ASTP" (Army Specialized Trainning Program) ........ 38 3.4 - Método Áudio - Oral ............................................................................... 40 3.5 - Método Situacional ................................................................................... 42 3.6 - Abordagens comunicativas ....................................................................... 43 3.7 - Abordagens humanista - afetivas .............................................................. 45 3.7.1 - Total Physical Response (TPR) ....................................................... 47 3.7.2 - The Natural Approach ..................................................................... 47 3.7.3 - The silent way ................................................................................. 48 16 4. Manuais didáticos de italiano LE .............................................................................. 50 4.1 - Uma breve apresentação......................................................................... 50 4.1.1 - In Italiano ...................................................................................... 52 4.1.2 - Uno ................................................................................................. 53 4.1.3 - Bravissimo ...................................................................................... 54 4.1.4 - Rete ................................................................................................. 56 4.1.5 - Nuovo Progetto Italiano ................................................................. 57 4.1.6 - Domani ........................................................................................... 62 4.1.6 - Arrivederci!..................................................................................... 63 4.2 - Análise dos manuais didáticos: unidades introdutórias........................... 65 4.2.1 - Arrivederci!1................................................................................... 65 4.2.2 - Domani 1 .........................................................................................76 4.2.3 - Nuovo Progetto Italiano 1 .............................................................. 87 5. Conclusão ................................................................................................................ 110 6. Bibliografia .............................................................................................................. 113 6.1 Sitografia.................................................................................................. 116 7. Anexos .................................................................................................................... 117 Anexo 1 - Questionário sobre Domani 1 e Nuovo Progetto Italiano 1 ........... 118 Anexo 2 - Respostas de ex-alunos sobre os manuais didáticos Domani 1 e Nuovo Progetto Italiano 1........................................................................................... 119 Anexo 3 – Capítulo 1 do Manual Arrivederci!1 .............................................. 131 Anexo 4 – Capítulo 0 do Manual Domani 1 .................................................... 140 Anexo 5 – Capítulo 0 do Manual Nuovo Progetto Italiano 1........................... 147 17 1. INTRODUÇÃO A presente dissertação de mestrado consiste na análise das atividades apresentadas em manuais didáticos de italiano língua estrangeira (ILE) nas quais diferentes abordagens de ensino são utilizadas e confrontadas com os direcionamentos dados pelo Guida degli Insegnanti. O corpus dessa pesquisa é constituído pelos seguintes manuais didáticos: Arrivederci 1 de Cinzia Faraci, Federica Colombo e Pierpaolo De Luca, Domani 1 de Carlo Guastalla e Ciro Massimo Naddeo e Nuovo Progetto Italiano 1 de Telis Marin e Sandro Magnelli, e seus respectivos Guida degli Insegnanti//manual do professor. A ideia de analisar os manuais didáticos de italiano LE surgiu da minha experiência como professora de língua italiana para brasileiros. Na minha prática docente observava que o manual usado em sala de aula não correspondia às necessidades e às expectativas dos alunos, e na maioria das vezes, o manual utilizado precisava ser complementado com materiais extras. A justificativa para a escolha dos manuais mencionados acima deve-se ao fato de serem os mais utilizados nos cursos de italiano no Rio de Janeiro nos últimos anos e, como já mencionado, por ter vivenciado a experiência de utilizá-los na minha prática docente. Para tanto se fará uso das propostas de Giovanni Freddi (2006) e Carlo Serra Borneto (1998) no que se refere às metodologias didáticas além dos pressupostos teóricos de Paolo Balboni (2000) para a questão da didática da Língua Italiana LE e abordagens de ensino- aprendizagem. É indiscutível que a língua é um patrimônio do ser humano e que o representa e o define como indivíduo único na sua sociedade. Esse nasce com o seu idioma, e pode, no decorrer de sua vida, aprender outras línguas e, assim, aprender outras maneiras de 18 se comunicar. Quando o indivíduo aprende um novo idioma, com o novo aprendizado acrescenta-se também uma nova carga de gestos, performances, que o ajudarão a interagir na nova sociedade que pretende ingressar. De acordo com Freddi (2006: 26), a língua reflete a cultura em que o indivíduo está inserido e é nela que ele se reconhece como falante e a usa como meio para transmitir seu conhecimento adiante. É através da língua que as interações sociais acontecem, e servem para ilustrar as características de um povo. Ao tentar estabelecer uma definição de língua, percebe-se que há inúmeras definições que servem para nos fazer questionar e repensar o próprio conceito exposto. Para nosso aporte teórico sobre o conceito geral de língua nos basearemos em Giovanni Freddi (2006), e para complementar usaremos as definições de Ferdinand de Saussure (1975) e Camilla Bettoni (2006). Portanto, por se tratar de uma pesquisa que envolve o ensino de língua estrangeira, achamos pertinente tecer algumas considerações acerca dos conceitos de Língua, Língua Materna, Segunda Língua e Língua Estrangeira, bem como as funções da língua. A conceitualização pertinente a esse tema, estará presente no capítulo 2 da nossa dissertação. Sabemos que no início do século passado, priorizava-se um ensino de língua que tivesse o foco na gramática e sem nenhuma relação situacional. Esse método e tantos outros serão tratados no capítulo 3 e servirão de base para a análise dos manuais didáticos escolhidos. Nesse capítulo, observaremos diversos métodos de ensinoaprendizagem e as principais abordagens encontradas atualmente nos manuais didáticos de italiano LE. Após a exposição dos pressupostos teóricos, passaremos a apresentação e análise dos manuais didáticos de italiano LE. Para procedermos à análise nos utilizamos do 19 arcabouço teórico de Balboni (1998) para auxiliar na descrição e definição das atividades concebidas para cada um dos manuais didáticos. Tomaremos como objeto de estudo a primeira unidade dos manuais: Arrivederci! 1, Domani 1 e Nuovo Progetto Italiano 1. Observaremos as metodologias mais recorrentes em cada uma delas e ainda analisaremos a proposta delimitada pelo autor, confrontando-a com aquela que é apresentada no manual didático. Todos os manuais didáticos supracitados correspondem ao nível A1 (com exceção do manual didático Nuovo Progetto Italiano 1 que concentra em um único volume o nível A1 e A2) conforme o Quadro Comune Europeo di Riferimento per le Lingue (QCER)// Quadro Comum Europeu de Referência para as línguas: que é um sistema usado para medir o nível de competência daqueles que estudam uma língua europeia. No capítulo 4, apresentaremos uma descrição completa do QCER. O modo e o local em que essa língua será aprendida definirá apenas o tempo de internalização do novo idioma e o quanto o aluno levará para se adaptar ao novo sistema linguístico, não limitando-se nas suas interações com os outros falantes. A partir do corpus escolhido, nossa pesquisa se concentrará nas propostas didáticas que os autores oferecem e quais realmente se verificam nos manuais didáticos, sendo de grande importância a identificação do tipo de abordagem de ensino aprendizagem e a análise profunda das atividades propostas nos manuais. 20 2 - DEFINIÇÕES ESTRANGEIRA, DE SEGUNDA LÍNGUA, LÍNGUA LÍNGUA E MATERNA, LÍNGUA LÍNGUA ESTRANGEIRA E FUNÇÕES DA LÍNGUA Iniciaremos este capítulo abordando e delimitando definições que serão norteadoras para um bom desenvolvimento da nossa pesquisa, em que conceitos fundamentais servirão de base para a futura análise do corpus constituído pelos manuais didáticos de ensino de língua italiana Arrivederci 1, Domani 1 e Nuovo Progetto Italiano 1. Portanto, nesse capítulo trataremos os conceitos de língua, língua materna, língua estrangeira e segunda língua, além de incluir uma sessão que aborda as funções da língua. 2.1 - DEFINIÇÃO DE LÍNGUA A complexidade de uma definição de língua é tamanha, que podem ser encontradas várias definições, que leva a questionar e repensar o próprio conceito exposto, além de nos ajudar a construir um conceito que possa ser único a uma área. Assim, ao buscarmos essa definição em dicionários, encontramos ocorrências, como por exemplo: O conjunto das palavras e expressões usadas por um povo, por uma nação, e o conjunto de regras da sua gramática; idioma. Modo de expressão escrita ou verbal de um autor, de uma escola, de uma época; estilo; língua gem. A língua gem própria de uma pessoa ou de um grupo. Sistema de signos que permite a comunicação entre os indivíduos de uma comunidade linguística. Sistema linguístico que resulta da aquisição. 1(Dicionário Aurélio CD ROM). De acordo com Camaschella no Dizionario della Língua Italiana De Agostini (2008), língua pode ser entendida como "Sistema de sons, palavras, regras gramaticais e sintáticas por meio das quais os membros de uma comunidade falam e escrevem. 1 "LÍNGUA" Def.3,5,7,8. HOLANDA, A. B. Dicionário Aurélio. CD ROM. 21 Particular modo de expressar-se de um ambiente, de uma profissão, de uma época, de um escritor [...] "2. O que mostra semelhança com a definição encontrada no Dicionário Aurélio. Para Dardano & Trifone, a língua3 é a maneira pela qual as competências linguísticas são desenvolvidas efetivamente. Tal afirmação vem apresentada pelos autores citados em La nuova grammatica della língua italiana (2007) e consideram que a língua envolve elementos representativos da linguagem dos seres humanos como, também elementos extralinguísticos. Porém essas resoluções não são suficientes para esclarecer e colaborar profundamente com o interesse do nosso estudo, fazendo-se necessária a contribuição de outros teóricos. Giovanni Freddi, estudioso de questões relacionadas à didática, afirma em Glottodidattica (2006) que o conceito de língua e cultura4 estão interligados, pois "A língua é o produto da cultura, o mais extraordinário produto cultural do grupo que a fala.5" Ainda segundo Freddi, a língua reflete a cultura em que o indivíduo está inserido e é nela que ele se reconhece como falante e a usa como meio para transmitir sua cultura 2 "Sistema di suoni, parole, regole grammaticali e sintattiche nel mezzo del quale i membri di una comunità parlano e scrivono. Particolare modo di esprimersi proprio di un ambiente, di un mestiere, di un'epoca, di uno scrittore [...]" Dizionario della Língua Italiana. De Agostini: Milano, 2008. 3 "La língua è il modo concreto e storicamente determinato in cui si manifesta la facoltà del linguaggio(...) Il linguaggio è l'insieme dei fenomeni di comunicazione e di espressione che si manifestano sia nel mondo umano sia al di fuori di esso." DARDANO, Maurizio & TRIFONE, Pietro. Grammatica italiana con nozioni di linguistica. Zanichelli, Milano: 2007:10 4 Nessa dissertação usaremos um conceito de Clyde Kluckhohn no qual ele define cultura como "[...]aquele conjunto complexo que inclui os artefatos, as crenças, arte e todos os outros hábitos conquistados pelo homem como membro de uma sociedade, assim como todos os produtos da atividade humana conforme determinado por esses hábitos." Original: "[...]quell'insieme complesso che include gli artefatti, le credenze, l'arte e tutti gli altri abiti acquisiti dall'uomo come membro di una società, nonché tutti i prodotti dell'attività umana in quanto determinati da questi abiti" FREDDI, Giovanni. Glottodidattica:Fondamenti, metodi e tecniche. Torino: UTET libreria, 2006:27. 5 "La língua è un prodotto della cultura, il più straordinario prodotto culturale del gruppo che la parla". FREDDI, Giovanni. Glottodidattica:Fondamenti, metodi e tecniche. Torino: UTET libreria, 2006:27. 22 adiante. A língua proporciona as interações sociais, é nela que podemos observar as características de um povo. Para Freddi, 'língua é significado', mostrando que cada palavra possui um conceito chave ligado mentalmente a uma expressão sonora. Como se observa, muitos conceitos de língua estão interligados ao de cultura, porém na nossa pesquisa não abordaremos em uma sessão específica os conceitos discutidos sobre cultura. O conceito de língua nos remete aos conceitos de langue e parole expostos por Ferdinand de Saussure em Curso de Linguística Geral. Para Saussure, “A língua é um sistema cujas partes podem e devem ser consideradas em sua solidariedade sincrônica” (Saussure, 2002), na qual cada elemento depende do outro para que sua compreensão chegue a um nível adequado. O estudioso francês, mostra em seu livro supracitado que langue e parole não podem ser dissociadas, pois através da parole são manifestadas as ocorrências da langue. Conforme Saussure, langue é o meio pelo o qual o indivíduo mostra a sua capacidade de socialização e parole é um “ato individual de vontade e inteligência”.6 Ainda em Curso de Linguística Geral, Saussure nos mostra que o signo linguístico possui duas características: ele pode ser arbitrário e convencional. Mostra-se arbitrário quando não há relação entre significado e significante, e resulta convencional quando indivíduos pertencentes a uma mesma comunidade determinam alguma relação entre significado e significante. Do mesmo modo a língua estrangeira para um estudante que está iniciando sua aprendizagem mostra-se confusa e incompreensível. Num primeiro momento as palavras não fazem sentido na sua mente e estruturas frasais se mostram incoerentes. Porém a cada novo dia de estudo, palavras são incorporadas no 6 SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. Trad. De Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. São Paulo: Cultrix, 1995, p.22 23 dicionário interno de cada estudante, permitindo um êxito maior na compreensão e na expressão em língua estrangeira. Encontramos ainda em Camilla Bettoni (2006), pesquisadora italiana de linguística aplicada, a seguinte definição de língua: "A língua serve principalmente para representar a realidade, comunicar, expressar emoções, sentimentos, comportamentos, paixões, estabelecer e manter o contato interpessoal, executar ações, manifestar a própria identidade (...) a língua serve para revelar aos outros quem somos individualmente e a que grupo pertencemos socialmente.7" (BETTONI, 2006: 17, tradução nossa) A definição acima citada completa a definição de Freddi, pois Bettoni aponta aspectos que se aproximam da primeira definição que apresentamos neste capítulo. Para a estudiosa, a função principal da língua é comunicar, expressar emoções e comportamentos, pois de acordo com a estudiosa "a língua é o símbolo mais potente das manifestações visíveis da cultura"8. Para Camilla Bettoni (2006), a língua possui estruturas próprias, que correspondem aos sons, às palavras e às estruturas gramaticais, adequando-se a cada situação. Para nortear nossos estudos e sustentar um bom desenvolvimento de raciocínio, usaremos a definição de língua estabelecida por Giovanni Freddi, que define a língua como “o mais extraordinário produto cultural”. 7 "La língua serve principalmente per rappresentare la realtà, comunicare, esprimere emozioni, sentimenti, atteggiamenti, passioni, stabilire e mantenere il contatto interpersonale, compiere delle azioni, manifestare la propria identità (...) la língua serve per rivelare agli altri chi siamo individualmente e a che gruppo apparteniamo socialmente". (BETTONI, 2006: 17) 8 "La língua è il simbolo più potente delle manifestazioni visibili della cultura"(FREDDI, 2006: 27) 24 2.2 DEFINIÇÕES DE LÍNGUA MATERNA (LM), LÍNGUA ESTRANGEIRA (LE) E SEGUNDA LÍNGUA (L2). 2.2.1 LÍNGUA MATERNA (LM) Teóricos, como por exemplo Giovanni Freddi e Gabriele Palotti, evidenciam em suas definições pensamentos semelhantes sobre o mesmo tema. Freddi afirma que língua materna é "a língua que a criança aprende a partir da mãe, do pai e do contexto familiar etc, de modo natural e espontâneo"9. As crianças são expostas a essa modalidade de língua diariamente, e a repetem conforme a internalizam. Igualmente conciso em sua definição, Gabriele Palotti sustenta que LM é "a língua que um indivíduo aprendeu primeiro, quando era criança."10 Para ele, LM também pode ser considerada como a primeira língua aprendida (L1). No entanto, Paolo Balboni, linguista italiano, chama atenção para o termo língua italiana aprendida por aqueles nascidos em território italiano. Essa língua aprendida pelas crianças da Península Itálica, segundo Balboni, não deveria ser denominada como LM11 pois, em alguns casos, o que é aprendido inicialmente é um dialeto, e não a língua de Dante Alighieri. De acordo com o linguista, a língua materna deveria denominar - se 'língua nazionale' (LN), uma vez que a língua estudada na escola e a língua falada em casa não são as mesmas, porém apresentam traços que as aproximam. 9 "la língua che il bambino impara dalla madre, dal padre, dal contesto famigliare ecc. in modo naturale e spontaneo" (FREDDI,2006:03) 10 " la língua che un individuo ha appreso per prima, da bambino " (PALLOTTI, 1998:13) 11 "L'italiano viene definito "língua materna" forse impropriamente, visto che in molti casi la língua materna (quella appresa per prima, strumento primario per la strutturazione del pensiero e per l'espressione profonda del proprio io) non è l'italiano ma il dialetto. Si dovrebbe parlare di 'língua nazionale', anche se la storia linguistica italiana sta portando ad una progressiva coincidenza della língua materna con la língua italiana, pur nelle sue innumerevoli e ben marcate varietà regionali." (BALBONI,1994:12) 25 Diante dessa polêmica entre LM e LN, Giovanni Freddi declara que língua nazionale (língua nacional) pode ser entendida como: "a língua que pode ser diferente da língua materna e que constitui o instrumento de comunicação de todo o país. É o caso do italiano para os falantes de dialeto da península, para as minorias linguísticas compreendidas até as fronteiras do estado italiano (sultiroleses, valdostanos, eslovenos, ladinos, albaneses, etc.)" (FREDDI, 2006:03, tradução nossa)12 Conforme as definições acima mencionadas, podemos concluir que LM é a primeira língua aprendida pelas crianças durante a fase de desenvolvimento da linguagem, ocorrendo, na maioria das vezes, em um ambiente familiar, num contexto espontâneo e natural. O processo de aquisição da língua materna é objeto de estudo de muitas pesquisas, o que formula teorias e debates sobre a sua produção e desenvolvimento. No nosso estudo não iremos nos aprofundar nas teorias de aquisição de LM, pois o nosso foco é a Língua Estrangeira, que será tratada mais adiante. 2.2.2 Segunda Língua (L2) Conforme encontrado nos estudos de Gabriele Pallotti (1998), segunda língua (L2), pode ser entendida como qualquer língua aprendida "no país onde essa é falada habitualmente"13. Essa definição se refere a qualquer língua que seja aprendida depois da língua materna. No contexto italiano, pode-se classificar como L2 a língua aprendida pelos imigrantes que estão na Itália trabalhando ou estudando. Entretanto, para Paolo Balboni (1994) a definição supracitada não é suficiente para definir o assunto abordado nesse ponto. De acordo com ele, existem duas 12 "la língua che può essere diversa dalla materna e che costituisce lo strumento di comunicazione di tutto il paese. È il caso dell'italiano per i dialettofoni della penisola, per le minoranze linguistiche comprese entro i confini dello stato italiano (sudtirolezi, valdostani, sloveni, ladini, albanesi, ecc.)" BALBONI, 1994, 13) 13 "nel paese dove essa viene parlata abitualmente" (PALOTTI, 1998:13) 26 concepções de L2. Uma delas é referente à pluralidade de segundas línguas que podemos aprender depois da língua materna, sem fazer distinção entre língua estrangeira e L2. Porém, o estudioso afirma que, observando sob a luz da didática, essa é uma definição frívola. Para Balboni (1994), a língua italiana pode ser considerada como L2 quando "é ensinado a falantes não italófonos"14 e quando "tal ensinamento acontece em um contexto situacional onde o italiano é utilizado como língua de comunicação cotidiana (Itália, Cantão Ticino, algumas áreas da Istria).15" Ainda sob a ótica de Balboni16, L2 é caracterizada por uma condição de ensino em que o professor desenvolve diretamente em sala de aula atividades ligadas à vida cotidiana do aluno, dessa forma ele poderá encontrar nas suas relações sociais estruturas linguísticas aprendidas durante a aula. Assim, o aluno observa a língua viva e a sua própria evolução durante a aprendizagem. 2.2.3 Língua Estrangeira (LE) Outro conceito que colabora no campo da glottodidattica// glotodidática (estudos elaborados sobre as línguas associando-os à fatores psicológicos que circundam o ensino e aprendizagem) é o conceito de Língua Estrangeira (LE). Com ele, Gabriele Pallotti salienta que "[...] a língua estrangeira seria, no entanto uma 14 "[...]viene insegnato a parlanti non italofoni" (BALBONI, 1994:13) 15 "[...]tale insegnamento avviene in un contesto situazionale dove l'italiano è utilizzato come língua di comunicazione quotidiana (Italia, Canton Ticino, alcune aree dell'Istria)."(BALBONI, 1994:13) 16 "Ciò che caratterizza la situazione di insegnamento della língua seconda è il fatto che le ore di didattica diretta svolta in classe dall'insegnante sono in interrelazione con la vita extrascolastica dello studente in cui egli è esposto alla língua viva, non strutturata e graduata, non spiegata e commentata." (BALBONI, 1994:.13). 27 língua aprendida, tipicamente em contextos escolásticos, em um país onde não é falada habitualmente."17. É nesse contexto que se enquadram os alunos brasileiros de cursos livres e de escolas onde se ensinam francês, inglês, espanhol ou italiano, entre outros idiomas. Ao estudar algum desses idiomas, os alunos se deparam com cenários, às vezes, fantasiosos, irreais e exagerados, mas que tentam se aproximar o máximo da realidade para provocar no aluno a sensação de estar presente no país do idioma estudado. Outro estudioso que se dedica aos estudos das línguas estrangeiras é Giovanni Freddi (2006). Encontramos na sua definição explicitada a seguir, traços que se aproximam da definição destacada anteriormente. Para ele, a LE é a língua "[...]que é estudada e aprendida mediante aplicação consciente na escola ou em cursos específicos de língua."18. Ou seja, para que a possamos definir como LE, esse idioma deve ser ensinado em instituições de ensino, como já havíamos mencionado acima. Paolo Balboni (1994) acrescenta ainda que no ensino de LE obstáculos são facilmente encontrados. Entre eles, podemos citar o sentimento de "estraneità", provocado no estudante pela distância psicológica e cultural da língua a ser estudada. Esse sentimento pode ser explicado pelo fato de se estudar uma língua fora do país de onde ela é falada habitualmente e ainda ser intensificado pelo fato de não poder vivenciar diretamente o que é apresentado em sala de aula, seja no aspecto linguístico ou aspecto cultural. Outra adversidade apontada por Balboni é a barreira geográfica que separa a LE a ser estudada. Por estar distante fisicamente, é necessário estimular e manter o interesse 17 "[...]la língua straniera sarebbe invece una língua appresa, tipicamente in contesti scolastici, in un paese dove non viene parlata abitualmente."17 (PALOTTI, 1998:13). 18 "[...]che viene studiata e appresa mediante applicazione consapevole nella scuola o in speciali corsi di lingue."18. (FREDDI, 2006:03) 28 naquela LE. Para ele, essa tarefa se mostra árdua em línguas como o italiano, pois "[...]não apresentam uma relevante dimensão utilitarista"19. Em nosso estudo usaremos a definição de Giovanni Freddi com as observações pertinentes de Paolo Balboni, pois concluímos que essas são definições mais abrangentes, adequadas e representativas, que contribuirão para uma análise coerente dos manuais didáticos de ensino de italiano LE selecionados. Conforme pôde ser observado neste capítulo foram elencadas uma serie de definições de língua a partir de diferentes perspectivas. Pudemos constatar que a língua serve para estabelecer a comunicação entre os indivíduos, é a representação sonora de um país e ainda é através dela que a cultura de um povo se manifesta. A seguir, nos atemos as principais funções da língua segundo a estudiosa italiana Camilla Bettoni. É interessante recordar essas funções da língua de modo a assimilar como a comunicação se estabelece, atingindo seu objetivo linguístico sobre o que o outro fala. Os estudos de Bettoni são baseados em teóricos, como por exemplo, Roman Jacobson e não seguem uma corrente de pensamento específica. 2.3 - FUNÇÕES DA LÍNGUA Camilla Bettoni (2006) apresenta nos seus estudos as possíveis funções que uma língua podem assumir conforme a situação. Segundo a estudiosa, as funções da língua podem ser representadas pelo 'o que ela faz', qual a sua finalidade na comunicação, servindo para: "Representar a realidade; comunicar; expressar emoções, sentimentos, 19 "[...]non presentano una rilevante dimensione utilitaristica [...]"( BALBONI, 1994:14). 29 comportamentos, paixões, etc; estabelecer e manter o contato interpessoal; executar ações; manifestar a própria identidade20." Apresentaremos, a seguir, as principais funções da linguagem citadas por Bettoni em seus estudos. 2.3.1 - FUNÇÃO REFERENCIAL A função referencial (denotativa ou cognitiva) ilustra o que visualizamos mentalmente durante a conversação, as palavras "[...]constituem o conteúdo da nossa mensagem, que chamamos de referente porque faz referência a entidades extralinguisticas."21, elas são representações mentais dos objetos aos quais nos referimos. Bettoni exemplifica essa função com as palavras 'sole', 'spiaggia' e 'mare' no qual o referente vem percebido como elaboração conceitual e não como um dado imediato do real. 2.3.2 - FUNÇÃO COMUNICATIVA É através da função comunicativa que são transmitidos os conteúdos das nossas mensagens através dos referentes. É importante ressaltar que a função referencial e a função comunicativa são diferentes entre si, mas são inseparáveis na comunicação. 20 "Rappresentare la realtà; comunicare; esprimere emozioni, sentimenti, atteggiamenti, passioni, ecc; stabilire e mantenere il contatto interpersonale; compiere delle azioni; manifestare la propria identità20."(BETTONI, 2006:17) 21 "[...]costituiscono il contenuto del nostro messaggio, che chiamiamo referente perché fa riferimento a entità extralinguistiche."21 (BETTONI, 2006:18). Destaque feito pelo do autor. 30 Bettoni (2006) cita o filosofo Ludwig Wittgenstein, o qual afirma " [...]a língua não é nada de mais nem nada de menos do uso ao qual é destinada" 22. De acordo com Bettoni, durante um período23, houve uma tendência a privilegiar a função referencial como a mais importante para a comunicação, porém com os estudos de Vygotsky e de Dell Hymes houve uma mudança nas concepções de pensamento e desde então as duas funções são consideradas importantes para a linguística contemporânea. 2.3.3 - FUNÇÃO EXPRESSIVA A função expressiva é também conhecida como função emotiva. Nela, a língua se manifesta para expressar as suas emoções, os sentimentos e paixões. Podemos ter como exemplos da função expressiva as interjeições, os modos de dizer, expressões referentes às nossas emoções mais imediatas, que simplesmente são produzidas sem que haja tempo para pensar. Por um tempo, essa função foi renegada pelos linguistas porque era considerada "ligada mais à biologia do corpo que a cultura da mente."24 No entanto, segundo a autora muitos linguistas hoje consideram que, ao usar esse tipo de função, o falante expõe uma parte íntima de si, deixando transparecer a sua personalidade mais profunda. 22 "[...] la língua non è niente di più né niente di meno dell'uso cui è destinata."(BETTONI, 2006:18) 23 "In epoche passate, da Platone (428/27‐348/47 a.C) al filosofo italiano Benedetto Croce (1866‐1952), fino al linguista americano Noam Chomsky (nato nel 1928), la tradizione occidentale filosofica e linguista ha analiticamente privilegiato la funzione referenziale, dando spesso per scontata quella comunicativa." (BETTONI, 2006:17) 24 "[...]legata più alla biologia del corpo che alla cultura della mente." (BETTONI, 2006:19). 31 2.3.4 - FUNÇÃO FÁTICA Com essa função, são representadas todas as interações sociais do indivíduo, para dar continuidade às relações interpessoais criadas, além de deixar claro, em determinadas situações, as boas intenções. Bettoni (2006) sinaliza como exemplos dessa função "[...] as saudações, os agradecimentos, os comentários sobre o tempo ou alguns elogios estereotipados. Quando são convencionais, também as fofocas entre os amigos ou as conversas mais variadas com os desconhecidos no trem ou com os vizinhos no elevador têm frequentemente o seu significado principal não tanto na troca de informação, no conteúdo proposicional das palavras, que é irrelevante, quanto no próprio fato de ser trocada." (BETTONI, 2006:19-20, tradução nossa)25 As funções expressiva e fática em parte se assemelham, pois consideram na língua uma capacidade maior de leitura e interpretação do que o estudado pela tradição linguística. Porém Bettoni assinala que no mesmo ponto em que essas funções se aproximam elas também se distanciam, pois a função expressiva concentra-se no falante enquanto na função fática a comunicação se estabelece com dois falantes. 2.3.5 - FUNÇÃO PERFORMATIVA Camilla Bettoni (2006) afirma que os estudos de Austin chamaram atenção para a importância do aspecto performático da linguagem. Com a função performativa, são entendidas as expressões carregadas de retórica e de tentativa de conquista do ouvinte. São exemplos bastante representativos dessa função os rituais mágicos ou religiosos (momento da eucaristia na missa), as formas de tratamento usadas em cerimônias de 25 "[...] i saluti, i ringraziamenti, i commenti sul tempo o alcuni complimenti stereotipati. Quando sono convenzionalizzati, anche i pettegolezzi tra amici o le chiacchiere più varie con gli sconosciuti in treno o con i vicini in ascensore hanno spesso il loro significato principale non tanto nello scambio di informazione, nel contenuto proposizionale delle parole, che è irrilevante, quanto nel fatto stesso di essere scambiate." (BETTONI, 2006: 19‐20) 32 formatura e de casamento, além de alguns verbos performativos como "promettere// prometer", "giurare// jurar", "scommettere// apostar"' e "dichiarare// declarar". A estudiosa italiana afirma que na nossa comunicação a fala não será carregada apenas por uma função da língua. Todas essas funções se unem como um meio para deixar transparecer o que pensamos ou sentimos. Em alguns casos, uma função torna-se mais evidente do que a outra, mas sempre estão presentes mais de uma função para estabelecer uma comunicação eficiente entre os falantes. Diante do que foi exposto, o próximo capítulo trará uma descrição dos principais métodos e abordagens de ensino aprendizagem, além ainda de ser traçado um perfil característico de cada desses métodos. 33 3 - METODOLOGIA DIDÁTICA: UM PERCURSO HISTÓRICO Neste capítulo, apresentaremos as principais características das metodologias didáticas, buscando traçar um perfil histórico das práticas de ensino de LE ao longo dos anos. Será observada ainda a relação professor/aluno em cada uma das metodologias didáticas no âmbito do processo ensino - aprendizagem que, como será observado, influencia na aquisição da LE. Para tanto, usaremos como referência os pressupostos teóricos de Giovanni Freddi, e ainda, o aporte teórico de outros estudiosos. 3.1 - MÉTODO FORMALISTA Conforme define Giovanni Freddi (2006), o Método Formalista, conhecido também como método de gramática e tradução, consistia em aprender a língua estrangeira através da tradução. O método para ensinar as línguas clássicas (Grego e Latim) serviu de parâmetro para ensinar as línguas modernas. Memorizar regras da gramática, resolver exercícios e traduzir textos fazia parte da rotina dos estudantes desse método. O fim do século XVIII é um período marcado por grandes transformações mundiais, e nesse contexto mostrava-se necessária a aprendizagem de línguas em ascensão, importantes para negócios, ciências ou estudos variados. O método conhecido e aplicado até o momento era o mesmo utilizado para assimilar as línguas clássicas: "gramática - tradução". Essa orientação foi difundida e consagrada pelos manuais de J.H. Seidebstücker e K. Plötz, como demonstra Freddi (2006). 34 Essa metodologia era caracterizada por "[...]um estudo que previa paradigmas, conjugações, declinações, esquemas morfológicos e sintáticos, regras e exceções decoradas e traduções da língua materna em língua latina para a fixação[...]26", pois naquele período compreendia-se que seguindo as regras da gramática era possível aprender a língua desejada. O aluno não era um ser pensante dentro da sala de aula, ele deveria seguir as regras apresentadas e não era estimulado a produzir fora do esperado pelo professor. Durante as aulas, o professor era a figura central do ensino. A língua usada em sala de aula era a língua materna e partia-se sempre da regra gramatical para o exemplo de língua. De acordo com Bornetto (1998:23) essas regras eram transmitidas de modo constante nas aulas. Esperava-se do professor o domínio da LE e, mais ainda, o domínio da gramática. As aulas aconteciam de "modo frontal", e a competência e a autoridade do professor eram reconhecidas pelos alunos, e ainda eram aceitas “as penas/punições, por exemplo, aquelas ligadas às avaliações dos erros nas atividades escritas.27" A relação professor-aluno era mínima e a afetividade desconsiderada naquele ambiente. O aluno era programado para repetir estruturas corretas, na qual o erro não estava presente. O aprendizado do aluno era verificado através da sua produção escrita. Baseado nos modelos clássicos da literatura latina ou grega, a língua escrita era sugerida conforme a norma estabelecida no período, como ilustra Freddi (2006). O estudioso nos 26 "[...]uno studio che prevede paradigmi, coniugazioni, declinazioni, schemi morfologici e sintattici, regole ed eccezioni da mandare a memoria e traduzioni dalla língua materna in língua latina per fissarli[...]" (FREDDI, Giovanni. Glottodidattica. Torino: UTET Libreria, 2006,p166) 27 "Gli allievi riconoscono all'insegnante competenza e autorità e accettano sanzioni, per esempio quelle connesse alla valutazione degli errori nei compiti scritti." (BORNETTO, Carlo Serra. C'era una volta il metodo. Carocci. Roma:1998, p.23.) 35 aponta ainda que a tradução se apresentava como um recurso bastante utilizado para exercitar o conhecimento adquirido e para avaliar a aprendizagem. Jaci Correia Fernandes (2006), destaca em sua tese de doutorado, alguns tipos de atividades que usavam as regras gramaticais como objetivo central, seguidas pelo uso constante do dicionário. Notava-se a presença de atividades que solicitavam o preenchimento de lacunas com palavras que faltavam no texto, atividades com formação de frases usando palavras recém-aprendidas, e ainda a constante presença de exercícios com tradução de trechos literários da LE para a LM. Todas as atividades privilegiavam o uso da habilidade escrita, enquanto a habilidade oral não era explorada. Bornetto (1998) nos mostra que o método formalista, método tradicional por excelência, ainda pode ser encontrado em uso atualmente. No fim do século XVIII, notam-se os primeiros estudos sobre o ensino de LE e com eles surgem reformulações nas práticas de ensino daquela época. 3.2 - MÉTODO DIRETO Com a publicação de Der Sprachunterricht muss unkehren de W.Viëtor, começou a pensar-se sobre a renovação na metodologia didática que se observava durante o final do século XVIII. Viëtor, como ilustra Giovanni Freddi (2006), contestava a prática da tradução como método de ensino e incitava a mudança no ensino de línguas. Essa mudança foi observada em diferentes países e tal comportamento permaneceu inovativo e moderno até o período da Segunda Guerra Mundial. Na Metodologia Direta se passa da língua falada à regra gramatical, sem influência da tradução ou vocabulários, deve-se falar a língua diretamente, sem a escora da LM. 36 É parte da metodologia, pressupor que a LE pode ser aprendida através da imitação e da prática oral da LE, partindo da imersão total do aprendiz no ambiente em que a LE é o idioma oficial, como será elucidado a seguir. A capacidade oral é o objetivo nesse método. Um dos conceitos presentes na Metodologia Direta era a suposta capacidade de imitação de LE que o estudante desenvolvia, como já afirmado anteriormente. A imitação consistia em ter como modelo o "[...] método seguido pela criança para aprender a língua mãe"28 (FREDDI, 2006, p.169) nos seus primeiros anos de vida. Como foi explicitado no item anterior, o método formalista (gramática tradução) salientava durante todo o percurso da aprendizagem a análise da língua a ser estudada. Sem exemplos reais da língua falada, os aprendizes do método formalista se mantinham num patamar de analista de uma língua encontrada apenas na sua versão literária. A língua ainda em construção era uma versão artificiosa da língua falada. Bornetto (1998) afirma que A exigência de obter as noções linguísticas por meio indutivo, 'partindo da própria língua', e de refazer-se/restabelecer-se em situações nas quais se possa exercitar a língua oral leva o professor a assumir uma posição mais próxima à do estudante, a colaborar com ele, a ser-lhe quase um companheiro no processo de aprendizagem.29 (BORNETTO, 1998, p:23, tradução nossa) Nesse método o estudante está mais ativo quanto à sua aprendizagem que no método anterior. Com a apresentação dos conteúdos de maneira progressiva, ele pode construir o seu conhecimento, usando as ferramentas que internalizou durante as aulas. 28 [...]metodo seguito dal bambino nell'apprendere la madrelíngua " (Freddi, Giovanni. Glottodidattica. Torino: UTET Libreria, 2006, p.169.) 29 "L'esigenza di ricavare le nozioni linguistiche per via induttiva, "dalla língua stessa", e di rifarsi a situazioni nelle quali si possa esercitare la língua orale porta l'insegnante ad assumere una posizione più vicina a quella dello studente, a collabora con lui, ad essergli quasi partner nel processo di apprendimento." (BORNETTO, 1998) 37 Para os estudiosos do método direto, a língua para que fosse internalizada na sua versão natural, seria necessário aprende-la seguindo padrões de imitação, como já evidenciado. Freddi (2006) atenta para a produtividade do uso do método quando afirma que Talvez seria questionável se é realmente possível "analisar" uma língua que não se conhece ainda em vez de mais lógico e produtivo propor ao aprendiz exemplos da nova língua para aprender por imitação e assim fixa-la.30 (FREDDI, 2006, p.169. tradução nossa) Outra característica do método direto é a premissa de que ao entrar em contato com a língua estrangeira no local onde essa é falada, a aprendizagem se torna mais autêntica e espontânea. Ao usar objetos reais (como gestos, imagens, dramatizações), o aluno poderia pensar no significado daquelas situações sem a necessidade de tradução. Conforme afirma Harold E.Palmer (apud FREDDI, 2006), o estudante precisa estar em contato direto com a língua no país onde essa é falada. Agindo dessa maneira, a probabilidade de um maior sucesso no aprendizado é superior se comparada à aquele estudante habituado somente a analisar a LE, sem usa-la. Estejam entre os nativos, misturem-se a eles, escute-os, habituem-se a entender a língua como ela é falada na conversação cotidiana. [...] não façam estudos sistemáticos de gramática, não façam anotações escritas, renunciem a análise s conscientes. Em pouco tempo, aprenderão a língua estrangeira do mesmo modo com o qual aprenderam a língua materna.31 (PALMER, 1921, p.1 apud FREDDI, 2006, p.169, tradução nossa) Como sugere Freddi (2006), o sucesso do método consiste em associar as frases e palavras da LE ao seu significado linguístico e uso prático da língua. Ao estar num ambiente no qual a LE é naturalmente falada, o estudante se torna autônomo da sua 30 “Forse occorrerebbe chiedersi se sia davvero possibile "analizzare" una língua che non si conosce ancora o se non sia invece più logico e produttivo proporre all'apprendete dei campioni della nuova língua da imparare per imitazione e tesaurizzare.” (FREDDI, 2006:169.) 31 "Andate fra i nativi, mescolatevi ad essi, ascoltateli, abituatevi a comprendere la língua così come viene parlata nella conversazione quotidiana. [...] non fate studi sistematici di grammatica, non prendete appunti scritti, rinunciate ad analisi coscienti. In breve, imparate la língua straniera allo stesso modo con cui avete imparato la língua materna." (Freddi, Giovanni. Glottodidattica. Torino: UTET Libreria, 2006, p.169.) 38 aprendizagem. Capaz de intuir termos que estejam fora da sua LE, ele aprende uma língua autêntica e funcional. No método direto, o professor é apenas um observador no desempenho do aluno. É aquele que estimula a produção oral dentro da sala de aula, oferecendo os estímulos necessários e adequados a cada momento. Freddi (2006, p.170) orienta a usar somente a LE para a comunicação dentro da sala de aula para que o aluno consiga se imaginar inserido no contexto linguístico da LE. Apesar de ser um método que enfoca a produção oral e a imersão do aprendiz em modelos de LE, a capacidade escrita será desenvolvida num momento futuro da aprendizagem. Dado que a produção oral é o objetivo central do método direto, conforme afirma Freddi (2006, p.170), essa característica será observada nos métodos lançados posteriormente. 3.3 - MÉTODO INTENSIVO "ASTP" (Army Specialized Trainning Program) Esse método surgiu durante a Segunda Guerra Mundial, quando o exército americano observou a urgente necessidade em aprender novos idiomas para enfrentar os obstáculos e inimigos revelados naquele momento. Nesse período, Giovanni Freddi (2006, p.173) aponta que imperava no ambiente educacional americano o Reading Method, no qual a LE era aprendida através da leitura de textos sem que houvesse a tradução do mesmo. Após o ataque a Pearl Harbor no ano de 1941, Freddi (2006, p.173) destaca que os oficiais americanos se encontraram em uma situação em que não conheciam o idioma falado pelos seus inimigos japoneses. Logo, houve uma necessidade em 39 conhecer novos idiomas para assim conseguir administrar satisfatoriamente possíveis confrontos diretos ou indiretos com o inimigo estrangeiro. Os cursos gerenciados após o ataque japonês ofereciam aos oficiais do exército americano vinte e quatro línguas, na sua maioria asiática e europeia. Durante as aulas, estudava-se a variante "falada" da língua estrangeira, atentando para a compreensão e a produção oral. Assim como no Método Direto, o estudante devia aprender a LE através da imitação de exemplos práticos de língua, porém devia memorizar cada um dos exemplos, pois não havia tempo hábil para que ele internalizasse a estrutura linguística apresentada. Freddi (2006: 173) aponta que era preferível um discurso oral em vez de o aluno expor textos formais escritos. Mesmo mantendo os oficiais fora do território nativo da LE, esses se mantinham imersos dentro da cultura estrangeira com uma carga horária intensa durante as semanas com a finalidade de dominar o idioma o quanto antes. Em salas de aulas com no máximo 12 alunos, encontravam-se dois professores responsáveis por diferentes aspectos da LE a ser ensinada: um professor nativo para explorar a prática oral em aula e outro professor que aperfeiçoava as regras gramaticais da LE. De acordo com Freddi (2006: 175), a gramática tradicional servia apenas como um compêndio normativo das estruturas linguísticas aprendidas oralmente. Ao analisar o comportamento dos cursos direcionados para o exército americano no período pós-guerra, percebe-se que estava previsto no programa do curso o ensino de "área" contemporaneamente ao ensino da língua. Conforme afirma Freddi (2006), Leonard Bloomfield e Franz Boas, teóricos da época, defendiam que a língua era o meio pelo o qual o aprendiz poderia conhecer a cultura estrangeira. 40 Giovanni Freddi (2006: 176) expõe os pensamentos dos teóricos ao afirmar que a relação língua-cultura será a base para o método "ASTP". O estudioso italiano esclarece que "[...] a língua é a chave para penetrar na cultura da população que a fala e representa ao mesmo tempo um instrumento de interpretação e de classificação do real." Por ser um dos primeiros métodos a ter base behaviorista, o método ASTP também servirá como inspiração para outros métodos futuros. 3.4 - MÉTODO ÁUDIO - ORAL O método áudio - oral foi uma das propostas que mais trouxe novidades para a didática em meados do século XX. Por se apresentar mais estrutural e coerente, pode ser considerado uma evolução do método direto, como defende Freddi (2006: 177) . O método se caracteriza por seguir os preceitos teóricos do estruturalismo para analisar os materiais linguísticos voltados para o ensino da LE. É um método que também privilegia a habilidade oral, porém sem ignorar as outras habilidades. Através de exercícios que provoquem respostas aos estímulos recebidos, como defendiam os ideais estruturalistas, todas as habilidades são exploradas. Nesse método, o professor assume a função de guia para o aprendiz, orientando o ensino da língua e avaliando a aprendizagem no momento oportuno. O estudante recebe de maneira mecânica e condicionada os ensinamentos que lhe são impostos. Como consequência de um ensino condicionado, o aprendiz não consegue se desvencilhar do automatismo imposto durante a aprendizagem e quando submetido ao 41 um contexto comunicativo real as dificuldades em manter um diálogo espontâneo se revelavam rapidamente. As fitas K-7 são as principais características desse método, meio pelo o qual o estudante recebe a LE falada por nativos. As atividades de repetição de diálogo, interpretação e escrita em LE eram exploradas em sala de aula com o uso das fitas K-7, atualmente atualizadas em CDs de áudio. De acordo com Bornetto (1998: 23), algumas características são recorrentes nesse método como "A introdução de uma progressão rigorosa nas estruturas, a escassa elasticidade típica dos exercícios estruturais, a interpretação vinculada ao uso do laboratório linguístico [...]"32 O laboratório de língua era bastante utilizado, pois dessa maneira o aluno poderia ouvir a sua fala e corrigir onde fosse necessário. Freddi (2006: 177) expõe que, como a repetição era um elemento constante nas aulas, os alunos aprendiam a língua repetindo estruturas linguísticas e também transformando a estrutura sintática da frase. Conforme o estudioso declara, as atividades de repetição e automáticas provocam nos alunos a internalização das estruturas linguísticas, de acordo a psicologia behaviorista de Burrhus Frederic Skinner. Assim como no método de ASTP, a cultura é muito valorizada no método áudiooral, pois deixa de ser vista apenas como uma representante da arte e da literatura e passa a representar os hábitos e os comportamentos dos habitantes onde a língua é falada. O método áudio-oral pode ser encontrado até hoje na didática, e de acordo com Freddi (2006: 180), esse método foi reformulado durante as décadas, e rotulado diferentemente, servindo de influência para outros métodos. 32 "L'introduzione di una progressione rigorosa nelle strutture, la scarsa elasticità tipica degli esercizi strutturali, l'interpretazione vincolante dell'uso del laboratorio linguistico [...]" BORNETTO, (1998,23) 42 3.5 - MÉTODO SITUACIONAL É um método que recorre às situações para apresentar as estruturas linguísticas apropriadas. Por ter o aprendizado contextualizado, a aluno relaciona a estrutura linguística à sua função comunicativa, sem análise da língua, diferenciando-se assim dos outros métodos anteriormente apresentados. Vale reforçar que as situações criadas dentro de sala de aula se aproximam de um contexto realístico, pois tentam apresentar o máximo possível um contexto situacional da LE. Com os avanços dos estudos da sociolinguística a partir de 1960, esse método tornou-se conhecido, pois surgia como um diferencial naquele momento. Ao colocar a comunicação relacionada com a situação adequada os alunos passaram a entender melhor como cada frase era usada. Nesse método, nota-se que o aluno encontra-se no centro da aprendizagem e livre do automatismo imposto por outros métodos, como foi observado no Método Áudio - Oral. O aluno é capaz de controlar o que aprende, e seu sucesso na comunicação irá depender do que ele consegue absorver durante as aulas. Porém, o aluno irá reproduzir com facilidade e automatismo as estruturas que aprendeu, o que estiver fora do seu campo linguístico não será compreendido facilmente. De acordo com Giovanni Freddi (2006: 181), o professor ao utilizar esse método em suas aulas, no início irá sugerir as situações a serem executadas e quando essas estiverem ocorrendo é sua função controlar o desempenho do aluno. Como o próprio nome do método sugere, nele é explorada a habilidade oral, e há uma atenção em se estudar estruturas que sejam utilizadas nos contextos comunicativos cotidianos. As outras habilidades também são abordadas num segundo momento da 43 aprendizagem. De acordo com Freddi (2006), componentes extralinguísticos, como gestos, olhares, entonações prosódicas, fazem parte da aprendizagem, uma vez que [...] a situação comunicativa - oral - não é somente linguística mas sempre semiótica, ele deve saber integrar as palavras justas com as outras língua gens, com o tom da voz, com o gestual, com a dinâmica proxêmica, com um sentido da "conveniência topológica" adequados de forma que ele possa realmente aparecer "integrado" na situação e na troca comunicativa. (FREDDI, 2006, p.182, tradução nossa). 33 Freddi (2006) atesta que a situação comunicativa deve estar dentro de momentos específicos em uma unidade didática (UD) e que ela serve principalmente para a fixação do conteúdo. Em uma UD, as atividades caracterizadas por esse método são aquelas que envolvem a dramatização, o role play, criação de diálogos, produção de cartas. Como poderá ser observado no capítulo seguinte, o método situacional é bastante utilizado até hoje nos manuais didáticos e em alguns deles observamos o uso intenso dessa técnica para a apresentação e fixação do conteúdo. 3.6 - AS ABORDAGENS COMUNICATIVAS Com abordagens comunicativas, Giovanni Freddi (2006) faz referência a um conjunto de abordagens que possuem uma característica em comum: usar a língua nas diversas situações de comunicação. Para ele, não há diferença entre método e abordagem. 33 "[...] la situazione comunicativa ‐ orale ‐ non è mai solo linguistica ma sempre semiotica, egli deve saper integrare le parole giuste con gli altri língua ggi, con il tono della voce, con la gestualità, con la dinamica prossemica, con un senso della "convenienza topologica" adeguati così che egli possa davvero apparire "integrato" nella situazione e nello scambio comunicativo." (Freddi, Giovanni. Glottodidattica. Torino: UTET Libreria, 2006, p.182.) 44 As abordagens comunicativas são baseadas na função de comunicação que a língua pode exercer, considerando nessa definição as noções de pragmática, de semiótica e de sociolinguística como fatores influenciáveis para uma justa conversação. A partir de 1960, as abordagens comunicativas iniciam-se na Europa com projetos linguísticos para o Conselho da Europa (Consiglio d'Europa), um deles intitulado Projeto Línguas Modernas (progetto Lingue Moderne). Esse projeto consistia em ensinar aos cidadãos europeus as noções básicas de uma LE para que eles pudessem transitar com facilidade no continente e interagirem com os outros povos, tornando-os comunicativamente eficiente. Destinado ao público adulto, oferecia o nível elementar da LE. Com o resultado desse projeto, o Conselho da Europa mostrou aos governos europeus a necessidade de aumentar a qualidade do ensino das línguas modernas. Freddi (2006: 185) aponta que nunca houve uma única teoria de aprendizagem adotada para essas abordagens. Aqueles que defendiam a abordagem comunicativa declaram que era necessário identificar "as necessidades linguísticas - comunicativas" do aluno para assim entender o real objetivo da comunicação. Deve-se considerar ainda que a língua é dinâmica, e para um maior sucesso da aprendizagem, o aluno deve ser exposto a modelos linguísticos próximos da sua realidade, como afirmado por Jaci Correia Fernandes (2006: 23). Todas as habilidades são importantes para as abordagens comunicativas, pois como já afirmado anteriormente, o principal objetivo dessas abordagens é estabelecer a interação social. Sem imposições didáticas durante as aulas, o aluno é estimulado a absorver os conteúdos apresentados como lhe for mais fácil. Ele é autônomo na sua aprendizagem, pois cabe a ele decidir quais estruturas linguísticas serão importantes para o seu objetivo final. 45 Além disso, Bornetto (1998: 24) declara que "[...] como o estudante é parte integrante da comunicação em sala de aula, é ele que pode determinar o curso dos eventos, ou seja, o desenvolvimento da aula (ou ao menos a pode determinar) e a sua criatividade é explicitamente solicitada."34 O professor, sem "um perfil definido" segundo Freddi (2006), deve possuir competência linguística na LE e ser capaz de usar nas suas aulas as técnicas de didática que melhor se adaptarem ao ensino da língua naquele momento. É atribuição do professor instigar e provocar no aluno o seu melhor desempenho, dentro de um ambiente favorável a aprendizagem. Para Bornetto (1998) o professor é um "facilitador" da aprendizagem para o aluno. A partir das abordagens comunicativas, houve uma mudança na maneira de ensinar a LE. Começou-se a direcionar a atenção do aluno para o objetivo pelo qual estava aprendendo a língua, para dessa forma, deixá-lo mais seguro e desenvolto na LE. 3.7 - ABORDAGENS HUMANISTAS De acordo com essas abordagens, o aluno está livre de medos e anseios, e aberto a receber a nova língua. O aluno está no centro da aprendizagem e é capaz de controlar o seu conhecimento, assim como foi observado na abordagem comunicativa. O professor dessa abordagem utiliza a descrição nas suas aulas. Aconselha, encoraja e corrige de maneira branda os seus alunos. É um professor que estimula a cooperação e a interação social em sala de aula para, dessa forma, construir um conhecimento abrangente. 34 "[...] siccome lo studente è parte integrante della comunicazione di classe, è lui che può determinare il corso degli eventi, cioè lo svolgimento della lezione (o almeno lo può codeterminare) e la sua creatività è esplicitamente sollecitata. "( BORNETTO, 1998, p.24) 46 Durante as aulas, não há uma especificação de conteúdo nem um objetivo definido. Os modelos de língua são introduzidos aos alunos de acordo com escolhas subjetivas, conforme afirma Freddi (2006: 189) As abordagens humanistas estabeleceram a sua importância na didática no início dos anos 80. Como já apontado anteriormente, o elemento em comum dessas abordagens é a preocupação com os aspectos psicológicos da aprendizagem. De acordo com Freddi (2006), a principal teoria que une as abordagens humanistas é que a aprendizagem da LE será tão eficaz quanto a afetividade que o aluno dispõe sobre ela. A afetividade envolvida em sala de aula facilita a diminuição do bloqueio psicológico que o aluno criou inconscientemente impedindo a sua aprendizagem. Existem três fatores psicológicos que reprimem o aluno dentro de sala de aula. Dentre eles, Freddi (2006) cita: o autojulgamento do aluno ao se considerar incapaz de aprender uma língua; temor em ser ridicularizado diante dos colegas de sala e uma relação desagradável com o professor. Esses três fatores negativos quando combinados, diminui o sucesso na aprendizagem e dificulta o desempenho na LE. Essas abordagens começaram a ser disseminadas depois de 1980, e influenciaram a maioria dos manuais didáticos que se encontram atualmente. Frequentemente as abordagens humanistas possuem propostas diferentes entre elas, porém dois elementos a colocam num mesmo ponto comum: o fator afetividade e a redução dos fatores de ansiedade em sala de aula. Freddi (2006) elenca as principais teorias que influenciaram essas abordagens, dentre elas é possível citar: Total Physical Response de Asher, The Silent Way de Gattegno, The Natural Approach de Krashen & Terrel, dentre outros. Para ilustrar 47 algumas das abordagens humanistas, a seguir algumas breves explicações sobre as principais abordagens. 3.7.1 - Total physical response (TPR) Abordagem criada por James J. Asher associa uma série de comandos verbais ao movimento. Também conhecida como TPR, surge nos anos 60 e une o físico ao mental. Paola Visciola (apud Bornetto, 1998:65) declara que Como na fase inicial da sua vida, a criança escuta e, antes de iniciar a falar, responde com o olhar ou com os gestos às palavras dos pais, expressas geralmente sob a forma de animação, assim, através das mesmas modalidades, Asher supõe que um adulto possa aprender uma L2.35 (tradução nossa) O professor passa uma série de palavras (como por exemplo: sentar, correr, comer) e o aluno deve responder com os respectivos movimentos. Dessa forma, o caráter lúdico se faz presente em sala de aula, prolongando o momento de prazer, possibilitando a eliminação de ansiedade e a internalização de novos vocábulos. 3.7.2 - The Natural Approach Krashen e Terrel foram os idealizadores dessa abordagem que tanto influencia os principais manuais didáticos italianos contemporâneos. Esses teóricos sustentam que o processo de internalização de uma língua passa por dois caminhos: um inconsciente, denominado aquisição e outro consciente, nomeado aprendizagem. Na aquisição de uma língua, assim como acontece com a LM 35 "Come nella fase iniziale della sua vita il bambino ascolta e, prima di iniziare a parlare, risponde con lo sguardo o con i gesti alle parole dei genitori, espresse in genere sotto forma di esortazioni, così, attraverso le stesse modalità, Asher ritiene che un adulto possa imparare una L2." (BORNETTO, 1998, p.65) 48 de uma criança, o fato acontece de maneira espontânea, natural, sem que haja um grande raciocínio sobre a língua, já na aprendizagem, pensa-se sobre o uso das regras gramaticais e sobre o emprego correto da língua, como geralmente acontece ao aprender uma LE. Freddi (2006: 190) ilustra que "[...] enquanto a aquisição garante na internalização da língua uma desenvoltura necessária, a aprendizagem mediante regras serve somente para dar controle e autocorreção do output"36 Na abordagem natural de Krashen e Terrel, aconselha-se a observar o período de silêncio do aluno. Esse período é importante para que ele possa absorver os novos conhecimentos linguísticos antes de começar a produção, tanto oral quanto escrita. E ainda outro elemento deve ser considerado em sala de aula: o filtro afetivo. O filtro afetivo consiste em uma barreira psicológica criada pelo aluno regulando, assim, a sua aquisição. Essa barreira será nivelada pela afinidade que o aluno possui com a língua a ser estudada e os elementos que a envolvem. Quanto maior a afinidade, menor o filtro afetivo e maior a recepção do input. 3.7.3 - The silent way Essa abordagem desenvolvida por Gattegno37 se refere à postura silenciosa do professor dentro de sala de aula. Ao selecionar a atividade a ser desempenhada em LE, o professor deve agir com discrição durante a execução da tarefa. Deve apenas observar o desempenho dos seus alunos em LE. 36 "[...]mentre l'acquisizione assicura nell'assunzione della língua la necessaria scioltezza, l'apprendimento mediante regole serve sostanzialmente solo da controllo e autocorrezione dell'output." (Freddi, 2006, p.190.) 37 Freddi, 2006, p.190. 49 Quando a frase está correta, o professor sinaliza com um gesto afirmativo e se necessário, a correção deve ser feita no fim da atividade. O que o professor necessita questionar ou solicitar é feito através de gestos e olhares. Cabe ao aluno usar o raciocínio para encontrar a justa expressão ou estrutura gramatical para responder de maneira adequada ao que é solicitado. Enfim, como nossa pesquisa visa analisar as abordagens de ensino aprendizagem em manuais de italiano LE, fez-se necessário a apresentação das características dos principais métodos e abordagens usados pela didática. No próximo capítulo, apresentaremos os principais manuais de italiano LE e nos deteremos na análise dos três manuais específicos: Arrivederci!1, Domani 1 e Nuovo Progetto Italiano 1. 50 4 – OS MANUAIS DE ITALIANO LE 4.1 – UMA BREVE APRESENTAÇÃO A partir deste momento, apresentaremos os principais manuais didáticos de italiano LE utilizados no Rio de Janeiro nas últimas décadas. Nota-se que nos últimos anos o panorama das publicações de manuais didáticos de italiano LE vem se diversificando com as novas teorias da glotodidática. De manuais mais tradicionais aos mais inovadores, observamos hoje no mercado editorial uma proposta diferenciada, atendendo às novas necessidades metodológicas. Verifica-se uma expressiva quantidade de manuais didáticos atualmente no mercado editorial. Alguns deles com funções específicas, como por exemplo, ensinar italiano em quinze minutos, italiano para viagens, italiano para negócios ou mesmo italiano para crianças. Cada editora conhece o público para o qual deseja vender seu produto e muitas vezes encontramos diferentes manuais didáticos em uma mesma editora. É o caso da Editora Edilingua que é responsável pelos manuais Arrivederci! e Nuovo Progetto Italiano, que são objetos de análise de nossa pesquisa. A Editora Alma também publicou vários manuais didáticos, como os já conhecidos Espresso, Magari e Domani. Nesse momento não será possível analisar todos esses manuais. Por não haver tempo hábil para realizar essa empresa, escolhemos para a análise os manuais Domani, Arrivederci! e Nuovo Progetto Italiano. Segundo Marco Mezzadri, estudioso de didática e autor de vários manuais didáticos, "o mercado do italiano Língua Estrangeira (LE) enriqueceu, sem dúvidas, 51 durante os anos '90 graças a numerosas propostas de editores italianos e estrangeiros".38 O manual didático em sala de aula possui uma função notável, pois se transforma em um apoio nos estudos do aluno. Ao sair do ambiente de sala de aula, o aluno pode consultar seu material para rever estruturas e fixar o que assimilou durante a aula. Segundo Coracini (2011: 23) alguns professores afirmam que o manual didático é "um apoio necessário, senão exclusivo, e um lembrete, para eles, professores, no sentido de não se esquecerem de 'dar nenhum ponto' do programa"39. Nesse mesmo artigo, Coracini (2011: 23) afirma que os professores aderem à posturas diferentes referentes ao manual didático. Para alguns docentes, o manual didático é "como uma Bíblia" uma vez que "[...] o saber sobre a língua e sobre o assunto a ser aprendido ali se encontra". Enquanto para outros professores o manual didático não é suficiente para as aulas, sendo necessária a elaboração de material extra, como textos e atividades, tornando as aulas mais dinâmicas e variadas. Ainda assim, o docente prepara esse material extra de acordo com a estrutura de algum manual didático, conforme defende Coracini (2011: 23): "O livro didático já se encontra, de certo modo, 'internalizado' no professor". Antes da apresentação e análise dos manuais didáticos de italiano LE selecionados para o corpus dessa pesquisa, é pertinente recordar alguns manuais didáticos de italiano LE muito utilizados no ensino da língua italiana no Rio de Janeiro e no mundo. 38 "il mercato dell'italiano Língua Straniera (LS) si è indubbiamente arrichito nel corso degli anni '90 grazie a numerose nuove proposte di editori italiani e stranieri." (MEZZADRI, Marco. Valutare i materiali di italiano. In IN.IT, anno 1, N.1 6/2000, p. 4‐7.) 39 CORACINI, Maria José R.F. Interpretação, autoria e legitimação do livro didático. Campinas: Pontes, 2011, 2ª edição. 52 4.1.1 – In Italiano Figura 1 Um dos primeiros manuais que trouxe novidade para o ensino da língua italiana foi In Italiano elaborado pelos professores da Universidade para Estrangeiros de Perugia (Università per Stranieri di Perugia) Angelo Chiuchiù, Fausto Minciarelli e Marcello Silvestrini e distribuído pela Editora Guerra. É um manual didático que pode ser utilizado tanto para um público adulto quanto para um público mais adolescente. In Italiano foi o primeiro curso multimídia de língua e civiltà de italiano LE. Foi lançado em 1985, composto de livro, fitas de áudio, fitas de vídeo, disquete e CD - Rom. Não possui o manual do professor, e é direcionado para alunos adolescentes ou adultos. É baseado na gramática, e essa vem introduzida em todas as unidades através de diálogos de introdução, cabendo ao professor desenvolver o assunto gramatical apresentado. Desenvolvido de maneira gradativa, In Italiano aborda as questões elementares da língua e é classificado por seus autores como método situacional – comunicativo, evidenciando as habilidades orais. Porém, nota-se uma inconsistência nas atividades, pois elas favorecem muito mais a aprendizagem da gramática do que a comunicação, mostrando dessa forma que o manual não cumpre o objetivo proposto. In Italiano introduz de modo indutivo cada assunto a ser estudado e, dessa forma provoca no aluno uma reflexão e compreensão sobre o assunto. 53 O manual propõe ainda abranger o conhecimento e as habilidades orais, salientando as estruturas básicas da língua italiana e levando o aluno a adquirir a estrutura básica da língua. De acordo com Rafael Ferreira da Silva (2008) que analisou esse manual em sua tese de doutorado, In Italiano pode ser definido como [...] fruto da experiência de anos e do feedback de professores de italiano do mundo inteiro, utilizando algo distante do gramaticalismo precedente, buscando o de mais eficaz e estimulante nos vários métodos e sem aventurarse pelo modernismo a qualquer custo. Entretanto, o que se encontra é um manual bastante fincado nas teorias que emergiram basicamente nos anos 80 (pautadas nas do início do século XX), desenvolvido a partir da gramática normativa, focalizando suas regras e negligenciando a pragmática da língua.40 Constata-se que, apesar da grande quantidade de exercícios envolvendo a gramática, esse tipo de atividade auxilia a fixação do conteúdo para alunos que estão iniciando a aprendizagem da língua italiana. 4.1.2 - Uno Figura 2 O manual didático Uno é elaborado pelo Gruppo META e, de acordo com os autores, seu método é o comunicativo - situacional. Traz o pressuposto de que o domínio de regras gramaticais não é condição para conseguir a competência comunicativa da língua italiana. A editora Bonacci foi responsável pela sua distribuição e sua primeira edição foi lançada no início dos anos '90. 40 Silva, Rafael Ferreira da. Ensino de italiano língua estrangeira: o papel da contextualização. Dissertação de mestrado. UFRJ: Rio de Janeiro, 2008, p. 107. 54 O manual didático UNO é composto de livro texto, caderno de exercícios, guia do professor e ainda três fitas K7, essenciais para a aprendizagem individual em sala de aula ou em casa. É adequado para estudantes a partir da adolescência. Esse manual apresenta a língua italiana de maneira gradativa, a partir do nível básico até o intermediário. Apresenta os conteúdos de maneira indutiva, fazendo com que o aluno reflita sobre o que lhe é exposto no manual. Algumas das atividades são propostas visando a cooperatividade entre os alunos. A cultura italiana está presente em cada uma das unidades, e dessa forma permite ao aluno ampliar seu conhecimento acerca da Itália com textos, informações ou fotografias. Segundo os autores, não é possível o estudante atingir a competência comunicativa em LE apenas conhecendo as regras gramaticais. Para eles, "aprender uma LE ou até mesmo a materna, significa aprender a cumprir atos (funções comunicativas), exprimir e saber lidar com essas noções."41 4.1.3 - Bravissimo Figura 3 Bravissimo, manual didático de Katerin Katerinov e Maria Clotilde Boriosi Katerinov, também é um curso multimídia direcionado para estudantes estrangeiros que 41 Silva, Rafael Ferreira da. Ensino de italiano língua estrangeira: o papel da contextualização. Dissertação de mestrado. UFRJ: Rio de Janeiro, 2008, p. 102 55 desejam atingir a competência em língua italiana. Lançado em 1999 pela Edizioni Scolastica Bruno Mondadori é composto por um livro com fitas de áudio, de vídeo e um CD - ROM e substitui o manual didático Bravo, de mesma editora e autores. Apresenta um inovativo design gráfico quando comparado à edição anterior. Esse manual foi pensado também como um material de preparação para aqueles que querem fazer os exames de certificação da língua italiana como LE, como por exemplo, o CILS. É um manual que aborda desde o nível elementar da língua até o intermediário e pode ser usado por alunos provenientes de diferentes LM. De acordo com os autores o método didático prevalente no manual é o comunicativo - situacional, que une conhecimento e habilidades da linguagem verbal. Suas atividades são pensadas para serem realizadas por um aluno, duplas ou trios, favorecendo assim a cooperatividade. O método comunicativo - situacional está presente no manual Bravissimo, e de acordo com Rafael Ferreira da Silva, é o método "[...] que abrange o conhecimento e as habilidades da língua gem verbal, evidencia as estruturas de base e conduz o aluno à prática de comportamentos gramaticais capazes de orientar os atos linguísticos com precisão e coerência." 42 É um manual bastante diversificado, pois apresenta diferentes tipos de exercícios sempre relacionados ao tema da UD. É um manual estimulante para o aluno e lhe permite verificar diferentes exemplos da língua italiana. 42 Silva, Rafael Ferreira da. Ensino de italiano língua estrangeira: o papel da contextualização. Dissertação de mestrado. UFRJ: Rio de Janeiro, 2008, p. 96 56 4.1.4 - Rete! Figura 4 Rete! é um manual de italiano LE, idealizado por Paolo Balboni e Marco Mezzadri, lançado em 2000 pela Edizioni Guerra. A grande proposta inovadora do manual é a possibilidade de conectar seus estudantes através da rede (rete) de internet. Com um banco de dados no site do manual didático, o aluno pode resolver atividades on-line, escrever para outros alunos cadastrados que desejam começar uma amizade e ainda disponibiliza links temáticos para o aluno aprofundar seus estudos de maneira lúdica e interessante. Além do livro do aluno, Rete! é composto por um caderno de exercícios nomeado libro di casa// livro de casa, uma gramática de base com exercícios, mídia com exercícios suplementares, além de oferecer atividades na internet para aprofundar os conhecimentos. Cada uma das suas unidades possui um tema e através dele são apresentados os conteúdos gramaticais e as noções de cultura italiana. De acordo com os autores do manual, a gramática abordada indutivamente leva o aluno a internalizar sozinho o conteúdo a ser estudado. A proposta do manual é baseada no Livello soglia do Consiglio d’Europa, com base no método comunicativo e propondo equilíbrio entre os exercícios gramaticais, lexicais, orais, situacionais, fonéticos e de interpretação. 57 Rafael Ferreira da Silva aponta em sua tese de doutorado que o manual didático Rete 1! [...] sugere que se explore o conhecimento de mundo do estudante e sua criatividade, porém apresenta bastantes exercícios de cunho tradicional em sua extensão. Não só o livro do estudante, mas também o livro de exercícios e a gramática de base são assim.[...]43 Ao explorar o conhecimento prévio do aluno, o professor complementa a proposta inicial do manual didático e enriquece suas aulas, evitando a monotonia e a repetição dentro de sala de aula. 4.1.5 – Nuovo Progetto Italiano Figura 5 Esse manual faz parte do catálogo de livros preparados pela Editora Edilingua, feito especialmente para o público adulto. Nuovo Progetto Italiano de Telis Marin e Sandro Magnelli é um curso que possui outros dois manuais para complementar o ciclo de ensino da língua italiana (de A1 a C2, conforme classificação do Quadro Comum Europeu de referência - QCER), com conteúdos gramaticais e comunicativos direcionado a um nível mais avançado da língua. 43 SILVA, Rafael Ferreira da. Ensino de italiano língua estrangeira: o papel da contextualização. Tese de doutorado. Rio de Janeiro: UFRJ, 2008, p. 86. 58 É pertinente recordar que o QCER é um sistema utilizado para graduar as habilidades daqueles que estudam alguma das LE europeias. Foi idealizado pelo Consiglio d’Europa em 1989, renovando a forma de validar as habilidades linguísticas do indivíduo. Os seis níveis de competência (A1, A2, B1, B2, C1, C2) são utilizados em toda a Europa e ainda em outros continentes como parâmetro para a criação de material didático e para as avaliações de certificação do conhecimento linguístico. Os seis níveis de competência são separados em três faixas de competência linguística: os níveis A1 e A2 como falante básico, B1 e B2 como falante independente, e C1 e C2 como falante proficiente. Em cada uma delas é descrita quais competências (compreensão oral e escrita, e produção oral e escrita) o indivíduo deve dominar para ser classificado dentro de um desses níveis. Assim de acordo com o QCER, no nível A1 o aluno deve ser capaz de compreender e usar expressões do cotidiano, além de expressar e compreender frases básicas. Ele ainda deve ser capaz de apresentar a si mesmo e aos outros, deve estar apto a fazer perguntas simples e pessoais, conseguir falar sobre as pessoas que conhece e sobre os bens que possui, bem como interagir de maneira simples em LE, desde que a aluno fale lentamente e seu interlocutor esteja disposto a colaborar. Conforme a classificação do QCER, Nuovo Progetto Italiano 1 corresponde ao nível A1 - A2. A editora possui também uma versão do mesmo manual em que os níveis A1 e A2 são vendidos em dois exemplares separados. Entretanto, para nossa análise usaremos a versão do ano 2008, em um único volume. A recente edição de Nuovo Progetto Italiano1 é uma atualização do manual intitulado Progetto Italiano 1. Mesmo com o grande sucesso desse manual, a editora decidiu reformulá-lo depois de ouvir opiniões daqueles que trabalharam diretamente com o livro. Nessa nova proposta, os autores revisaram suas atividades e abordagens 59 para que essas correspondessem às necessidades apresentadas nas teorias didáticas mais recentes. Segundo Marin & Magnelli, em Nuovo Progetto Italiano 1 é possível encontrar "a língua moderna, situações comunicativas enriquecidas de espontaneidade e naturalidade, o sistemático trabalho sobre as quatro habilidades, a apresentação da realidade italiana através de breves textos sobre a cultura e a civilidade44" da Itália, além de uma reformulação gráfica e visual, transformando-o em um instrumento didático "equilibrado, eficiente e simples45". É perceptível no manual a presença de elementos que induzem ao diálogo e à comunicação, favorecendo o desenvolvimento constante das quatro habilidades comunicativas (oralidade, capacidade escrita e leitora, capacidade auditiva). Em cada unidade, estão presentes atividades que favorecem o desenvolvimento gradual e constante de cada uma delas. Entretanto, os estímulos para desenvolver tais atividades partem, em sua maioria, de regras gramaticais apresentadas no diálogo introdutório das unidades. Na próxima seção, abordaremos esse aspecto gramatical predominante com a análise detalhada de uma unidade. Em Nuovo Progetto Italiano 1, os autores alternaram elementos comunicativos e gramaticais, renovando continuamente o entusiasmo dos alunos. Há ainda uma reformulação na apresentação do conteúdo gramatical, tornando-o mais simples e acessível para a descoberta do aluno, que poderá aplicar o que aprendeu nas diversas atividades apresentadas no manual. Junto ao manual, o aluno recebe um CD-ROM, e para complementar os estudos, o manual é composto de um caderno de atividades, um cd de áudio, um DVD com 44 "La língua moderna, le situazioni comunicative arricchite di spontaneità e naturalezza, il sistematico lavoro sulle quattro abilità, la presentazione della realtà italiana attraverso brevi testi sulla cultura e la civiltà [...]" (MAGNELLI & MARIN, 2008:03) 45 "[...] equilibrato, efficiente e semplice[...]" (MAGNELLI & MARIN, 2008:03) 60 vídeos temáticos relativos às unidades e o Guida per l'insegnante//Manual do professsor. Nuovo Progetto Italiano 1 possui 12 unidades. No fim de cada unidade, com exceção da unidade introdutória, há um texto que aborda diferentes aspectos culturais com atividades referentes ao que foi apresentado. Essas atividades, na sua maioria, são de interpretação de texto ou de verdadeiro ou falso. As unidades didáticas (UD's) do manual são introduzidas por diálogos que podem ser ouvidos no CD de áudio ou no CD- Rom. Conforme declarado pelos autores são descritos como naturais, espontâneos e relativamente curtos. Esses diálogos são interpretados por atores profissionais e referem-se ao tema da unidade ou ao tema da seção. As funções comunicativas são introduzidas através de diálogos breves ou frases curtas e, em seguida, são resumidas em um quadro indicando o uso de cada expressão. Para exercitar as expressões são sugeridos role-plays para o momento da aula, podendo ser realizado em uma interpretação entre os estudantes ou criando um diálogo escrito. Os elementos inovadores considerados para o Nuovo Progetto Italiano 1 são inseridos cuidadosamente seguindo as teorias de Kraschen e as orientações propostas pela abordagem humanista. Inspirados sob essa abordagem, espera-se que o aluno seja motivado e instigado a interagir na língua italiana desde o início da aula, para que o Filtro Afetivo permaneça baixo, permitindo que o assunto gramatical induzido na introdução, seja aprendido com facilidade. Em cada unidade, o aluno encontrará seções específicas que servirão para localizar o conteúdo facilmente além de adicionar variedade de conteúdo e renovação constante do interesse dos estudantes. Essas seções não possuem títulos pré-definidos e nem quantidade determinada. As seções intituladas que encontramos em todas as 61 unidades são: "Per cominciare// Para começar", "Conosciamo l'Italia// Conhecemos a Itália" e "Autovalutazione// Autoavaliação". Na seção "Per cominciare", encontramos a apresentação da unidade indicada na parte inferior da página, na qual frases breves resumem o conteúdo a ser estudado. Geralmente, o conteúdo é exposto de maneira indutiva e leve, com imagens, palavras e expressões referentes ao tema. A seção "Conosciamo l'Italia" consiste em textos sobre a cultura e a civilidade italiana. Eles podem ser utilizados para atividades breves e ainda como teste de compreensão leitora dos alunos. Essa seção é de grande utilidade para o aumento do vocabulário e apresentação das características da sociedade italiana. A unidade termina com a seção "Autovalutazione", com quatro atividades envolvendo os elementos comunicativos e lexicais. Essa seção pode ser encontrada a cada três ou duas unidades e retoma, de maneira resumida, o conteúdo estudado. O aluno pode analisar seu desempenho e reconsiderar aspectos linguísticos não consolidados ou empregados de forma errônea. Os elementos gramaticais apresentados e estudados podem ser consultados num apêndice gramatical localizado nas últimas páginas do manual. É importante salientar que a unidade introdutória do manual não se configura dessa forma, o que será apresentada na análise de maneira mais detalhada. Sem a necessidade de custos adicionais, o estudante ao comprar o livro Nuovo Progetto Italiano 1 recebe o CD-ROM interativo do manual. Esse suporte serve para deixar o aluno no centro da sua aprendizagem, pois oferece atividades interativas nas quais ele poderá praticar o que foi aprendido no manual. De maneira lúdica e desafiadora, o aluno vai avançando nos exercícios e em segundos conhece o seu desempenho através dos resultados disponibilizados pelo CD- 62 ROM. O estudante reconhece o conteúdo das Unidades sem que haja repetição das atividades feitas na versão impressa do manual. A editora fornece, ainda, como complemento da aprendizagem, atividades extras que podem ser encontradas no site www.edilingua.it, das quais fazem parte jogos, palavras-cruzadas, role-plays entre tantas outras sugestões. Atualmente, outra ferramenta de estudo foi desenvolvida para aumentar mais ainda a interação dos aprendizes de italiano: a plataforma on-line www.i-d-e-e.it, que serve para conectar os estudantes e professores, através de uma rede de colaboração na qual todos podem participar ativamente com essa plataforma. É possível, criar fóruns de debates, glossários, fazer exercícios diferenciados, controlar o seu desempenho e interagir com os outros estudantes. Entretanto, essa não é uma ferramenta disponibilizada gratuitamente, deve-se ter uma chave de acesso disponibilizada apenas nos manuais emitidos a partir de 2013. 4.1.6 - Domani Figura 6 Domani 1 é um manual didático lançado pela editora Alma Edizioni e possui "[...]uma nova visão didática[...]"46, segundo sugerem os idealizadores do manual, Carlo Guastalla e Ciro Massimo Naddeo. 46 "[...] una nuova visione didattica[...]"(GUASTALLA & NADDEO, 2010:06) 63 É um manual que conforme a classificação do QCER, pode ser classificado no nível A1 da língua estrangeira e aborda aspectos da cultura italiana separados em cinco áreas temáticas: geografia, artes, sociedade (Domani 1), história e língua (Domani 2 e 3) desenvolvidas nas sequências dos manual didático. Os temas arte e sociedade se repetem nos três manuais. Domani 1 é composto por 16 unidades, divididas em 6 módulos com exercícios que tratam os temas abordados em cada unidade, além de um caderno de exercícios e um DVD com trechos dos diálogos e as respostas dos exercícios. Há ainda uma seção dedicada a autoavaliação e uma história em quadrinhos disposta em duas páginas no fim de cada módulo. Para Domani 1 a editora disponibiliza ainda um CD de áudio com os diálogos e canções usadas, entretanto ele não acompanha o manual e o aluno deve comprá-lo a parte caso o queira. Cada módulo inicia com um índice informando quais unidades pertencem àquele módulo e quais estruturas gramaticais e elementos comunicativos serão estudados. A introdução da unidade é semelhante ao do módulo no que se refere à apresentação dos conteúdos. O tema da unidade é apresentado por atividades que estimulam visualmente o conhecimento dos alunos através de uma abordagem indutiva e comunicativa. Segundo os autores de Domani 1 "Do ponto de vista metodológico, as particularidades de Domani 1 consistem principalmente na dimensão ativa e vital na qual é imerso o estudante, feita de input sugestivos e envolventes, tarefas não banais, atividades criativas e autenticidade das situações, contextos verossímeis, e não irreais que se desenvolvem pelos fios condutores imediatamente realocáveis (personagens, situações e histórias recorrentes)."47 (GUASTALLA & NADDEO, 2010:06, tradução nossa) 47 "Dal punto di vista metodologico, la particolarità di Domani consiste principalmente nella dimensione attiva e vitale in cui viene immerso lo studente, fatta di input suggestivi e coinvolgenti, compiti non banali, attività creative, autenticità delle situazioni, contesti credibili e non pretestuosi che si sviluppano per fili conduttori immediatamente ricollocabili (personaggi, situazioni e storie ricorrenti)." (GUASTALLA & NADDEO, 2010:06 64 O manual é direcionado ao público adulto e adolescente. É notável a riqueza de atividades que exploram o conhecimento prévio do aluno, com atividades que tentam se aproximar de um contexto real de uso da língua, buscando a construção do conhecimento através da cooperação e da interação entre os alunos. 4.1.7 - Arrivederci! Figura 7 O manual didático Arrivederci!1 foi lançado em 2011, e elaborado por Federica Colombo, Cinzia Faraci e Pierpaolo De Luca. Conforme apresentado pelos autores, Arrivederci!1 pode ser definido como um "[...]curso multimídia de língua , moderno e comunicativo, direcionado para adultos e jovens adultos (a partir dos 16 anos) com ou sem conhecimento anterior da língua italiana48. Ao adquirir o manual Arrivederci!1, o estudante recebe também o caderno de atividades e o CD de áudio, sem despender mais nada para haver esses produtos, pois caderno de atividades e livro do aluno se encontram em um único volume. 48 "[...]corso multimediale di língua , moderno e comunicativo, che si rivolge ad adulti e giovani adulti (dai 16 anni in su) con o senza conoscenze pregresse della língua italiana". (COLOMBO,DE LUCA, FARACI, 2011:03) 65 De acordo com a definição do QCER, Arrivederci!1 corresponde ao nível A1 e possui outros três volumes. Os outros volumes correspondem aos níveis A2 e B1 e possui características estruturais semelhantes ao Arrivederci!1. Esse manual é um dos últimos lançamentos da Editora Edilingua, e seus assuntos são abordados de modo sistemático e com clareza. Introduz ao estudante, de maneira lenta e progressiva, a língua italiana. No manual, encontramos 12 unidades temáticas cujos aspectos linguísticos e comunicativos são apresentados e abordados de forma gradual. Cada unidade possui oito páginas, divididas em seções: uma página introdutória, quatro páginas de apresentação do assunto da unidade, uma seção intitulada "L'Italia da vicino// A Itália mais próxima", e ainda uma recapitulação do assunto e uma autoavaliação. Ainda no mesmo exemplar, o aluno pode encontrar um apêndice gramatical com todos os pontos abordados no livro para consulta pessoal. Em nosso estudo não analisaremos o caderno de exercícios do manual, pois o nosso interesse é analisar as atividades presentes no livro do aluno. 4.2 - ANÁLISE DOS MANUAIS: UNIDADES INTRODUTÓRIAS Nesse item final de nossa dissertação, analisaremos as primeiras unidades dos manuais selecionados para nosso estudo, verificando em suas atividades os métodos e as abordagens utilizadas, conforme os pressupostos teóricos apresentados nos capítulos anteriores. Como já informamos, os manuais escolhidos para a análise são: Arrivederci!1, Domani 1 e Nuovo Progetto Italiano 1. 66 Quando selecionamos os manuais para a análise, decidimos que examinaríamos as primeiras unidades de cada manual, pois é a partir dela que o estudante faz o seu primeiro contato com a língua italiana. Já nas primeiras páginas do manual é possível verificar a abordagem adotada pelos autores na confecção das atividades apresentadas. Figura 8 Figura 9 Figura 10 4.2.1 - Arrivederci!1 A unidade introdutória inicia-se com uma apresentação breve dos assuntos a serem estudados. A primeira unidade é intitulada "Primi incontri" e os assuntos a serem estudados são: saudação, apresentação pessoal e dos colegas, apresentação formal e informal, pedir e dizer onde mora, o verbo ser, os pronomes pessoais, os verbos regulares em -are, frase negativa com non e a frase interrogativa. Percebe-se que nessa unidade, há equivalência entre os elementos comunicativos (saudações, apresentação) e os conteúdos gramaticais (verbos, pronomes) a serem estudados. 67 Figura 11 Para as atividades propostas no manual didático, o Guia do professor orienta o docente a oferecer ferramentas necessárias para a comunicação nesse primeiro momento, "A aprendizagem do italiano deve ser divertida e a atmosfera agradável para que a aprendizagem seja válida e efetiva"49, criando uma atmosfera amigável a fim de que todos possam interagir e se conhecer. Esse ambiente agradável e acolhedor é base das abordagens humanistas, da qual Kraschen & Terrel (1983) são teóricos de referência. O Manual do Professor orienta ainda que, para essa atividade, os alunos deverão estar dispostos em semicírculo favorecendo a interação entre eles. 49 "L’apprendimento dell’italiano deve essere divertente e l’atmosfera piacevole affinché l’apprendimento stesso sia valido ed effettivo " Guida per l'insegnante, http://www.edilíngua .it/it‐ it/Prodotti.aspx?ElementID=2b2a8927‐a6ff‐4405‐99c4‐ac3c6bc71f87&Action=First, consultado em 17/11/2013 às 11:19h 68 Figura 12 A primeira sequência de atividade é referente às imagens de personalidades italianas. A partir dessas imagens, três atividades são apresentadas: a questão 1, referese às saudações em italiano (Ciao!, Arrivederci!, Buongiorno!), a questão 2, propõe a apresentação pessoal em língua italiana, e por último, a questão 3 explora o conhecimento de mundo do aluno, pois sugere o reconhecimento dessas personalidades italianas. O Manual do Professor// Guida per l'insegnante sugere que depois de realizadas as três atividades de introdução, os alunos se movimentem e então com essa ação repitam as saudações aprendidas. O movimento ligado a uma palavra ou expressão faz parte da abordagem de Asher (apud Freddi, 2006) intitulada Total Physical Response, em que a aprendizagem está relacionada à união da palavra e à ação correspondente. Atividades com essa característica buscam eliminar ansiedades e temores existentes, criando dessa forma um ambiente lúdico e eliminando experiências negativas anteriores. 69 Figura 13 A atividade seguinte é baseada na capacidade auditiva do estudante. Com o áudio usado para introduzir as saudações e apresentação pessoal, o aluno se depara com uma pergunta e três simples opções de resposta: "Quando parliamo alle donne che cosa usiamo? - signore/ - signorina/ - signora". Figura 14 Em seguida, na atividade 02 a capacidade de leitura do estudante pode ser demonstrada com a transcrição do áudio. Com essa atividade leitura, o estudante pode ter o seu primeiro contato com os fonemas italianos, e perceber as diferenças fonéticas entre a língua portuguesa e a italiana. 70 Figura 15 A atividade 3, utiliza a prática oral para repassar os modelos linguísticos aprendidos no exercício anterior. Observamos que dentro de sala de aula, esse tipo de atividade é válida visto que é uma maneira de repetição de frases sem selecionar qual delas será repetida. Cabe ao aluno, escolher aquela com a qual se sente mais a vontade para falar diante dos colegas de sala. Figura 16 71 A atividade 4 consiste em unir as estruturas da coluna da direita com as da esquerda. Balboni (1998) afirma que esse tipo de atividade é bem aceita pelos estudantes, pois se sentem desafiados a concluí-la . Nesse tipo de atividade, o aluno deve observar os elementos morfossintáticos para obter uma resposta correta. Figura 17 Para reforçar o processo de compreensão, a atividade 5 apresenta aos estudantes apenas as respostas das perguntas; cabe a eles completarem de modo adequado e coerente. Com esse tipo de atividade, o aluno demonstra compreender a sequência de palavras necessária para formar uma pergunta. De acordo com Balboni (1998, p.23), [...]essa técnica geralmente é aceita pelos alunos sem problemas de filtro afetivo, para usar o termo de Kraschen."50 50 "[...]questa tecnica viene di solito accettata dagli allievi senza problemi di 'filtri affettivi', per usare la terminologia di Kraschen." (BALBONI, 1998, pag.23) 72 Figura 18 O vínculo criado entre professor e aluno é fundamental para o sucesso na aprendizagem, segundo a Abordagem Humanista de Krashen & Terrel. Concordando com essa abordagem, Moita Lopes (1996) afirma que a relação entre professor e aluno em sala de aula, é fundamental, pois estabelece: [...] a negociação potente na interação entre professor e aluno é que vai levar à construção de um conhecimento comum entre eles. Este conhecimento é construído conjuntamente em sala de aula através de um processo que envolve controle, negociação, compreensão entre aluno e professor até que passa a fazer parte do conhecimento compartilhado na sala de aula. (1996, p.96) Outra atividade envolvendo a leitura se mostra na questão 6. Nela, a orientação consiste em após a atividade auditiva praticar a habilidade escrita alterando os nomes dos personagens para o nome dos alunos. Cabe livremente a cada um dos alunos assumir um personagem diferente. Com essa simples técnica, Balboni (1998) defende que o aluno se reconhece dentro da atividade, e percebe-se como o protagonista do seu aprendizado. 73 As atividades 7 e 8, estão ligadas a um áudio diferente do exercício anterior. Dessa vez, o aprendiz deve intuir o uso do vocábulo ciao através do diálogo do áudio. Ele pode encontrar essa informação na lateral da página 12, pois ali encontra-se uma breve explicação sobre o uso do termo. Logo após responder a pergunta, a leitura da transcrição do diálogo deve ser feita em dupla. Os elementos linguísticos presentes nesse diálogo são semelhantes àqueles da atividade 2. Figura 20 Os exercícios 9 e 10 são referentes ao uso do tratamento formal e informal. O exercício 9 aborda os diálogos dos exercícios 2 e 8 e qual tipo de registro pode ser identificado em cada um deles com uma breve resposta. E para finalizar, no exercício 10, o aluno deve escolher qual registro é adequado para cada expressão. Esse tipo de atividade é útil para informar o aluno sobre o emprego coerente de cada registro linguístico, aproximando-se da proposta encontrada no método áudio - oral. 74 Figura 21 Com objetivos específicos e direcionados, a habilidade oral é estimulada nas questões 11 e 12. Essas atividades consistem em praticar o conhecimento adquirido através de um simples modelos de língua, no qual a apresentação pessoal e/ou de um colega de sala estão envolvidos. Segundo Balboni (1998, p.41) atividades com essa estrutura permitem o aluno desenvolve-las de acordo com o seu ritmo. Figura 22 A múltipla escolha é um tipo de atividade cada vez mais presente nos manuais didáticos e também nos manuais escolares. Balboni (1998: 28) alega que a sua 75 popularização dessa atividade nos manuais é caracterizada pela facilidade com que as informações podem ser obtidas sem o uso de perguntas com respostas abertas. Nas atividades de múltipla escolha é possível encontrar frases com informações verdadeiras ou falsas, e aquelas que, ainda, introduzem vocábulos novos aos alunos. Uma característica popular da atividade de múltipla escolha é a capacidade de verificar a compreensão da leitura. Essa é outra característica das atividades 13,14 e 15, nas quais o aluno deve escolher entre duas ou três possíveis respostas. As atividades 13 e 14 envolvem a habilidade auditiva e de acordo com o que compreender do áudio, o aluno consegue atingir um desempenho positivo. Ainda nessa atividade, o aluno se depara com um novo dado cultural: as cidades italianas. Figura 23 Um novo dado gramatical é incluído na atividade 15. A introdução da atividade ilustra ao aprendiz como a forma de negação pode ser feita em italiano. Sutil e 76 indutivamente, o aprendiz descobre como a negativa na língua italiana é obtida ao observar as respostas do exercício 14. Figura 24 Antes de passar para a sessão cultural, as atividades 16, 17 e 18 são prevalentemente orais e auditivas. Seja em língua materna ou com poucos modelos linguísticos adquiridos em LE, a atividade 16 provoca um ambiente lúdico e envolvente. Ao apelar para a imaginação, o aprendiz se deixa transportar pelo ambiente criado, provocando uma reação inconsciente de aquisição de língua, como sugere a abordagem defendida por Kraschen & Terrel. Figura 25 Em Arrivederci!1, existem dois exercícios direcionados para a pronuncia dos fonemas italianos. Característico do Método Áudio - Oral, na atividade 17 o estudante ouve as palavras do áudio e dentro da pausa estipulada deve repeti-las corretamente. Enquanto na atividade seguinte, ele ouvirá as mesmas palavras, porém deve estar atento aos fonemas para associar às opções oferecidas. 77 Figura 26 As últimas atividades (19, 20 e 21) fazem parte da sessão L`Italia da vicino. Essa é uma sessão que envolve aspectos da cultura italiana, e usa textos e/ou imagens para enriquecer o conhecimento de mundo dos aprendizes. A atividade 19 e 20 são de associação entre: diálogo e imagem (19) e palavras e imagens (20). E na última atividade faz-se presente uma pergunta que reúne o conteúdo gramatical e cultural, abrindo para o debate em sala de aula: Cos`e l`Italia per voi? Balboni (1998: 151) afirma que o professor precisa ter em mente que o tipo de pergunta da questão 21, envolve estruturas que o estudante ainda não domina e possíveis erros no desempenho oral dele poderão ser observados. 78 Figura 27 Como pudemos observar, a primeira unidade do manual didático Arrivederci! é marcada pelo método Áudio - Oral e pelas abordagens humanístico - afetiva (destacando-se as abordagens de Asher e Kraschen) e comunicativa. A abordagem comunicativa, destacada na apresentação do manual como o grande diferencial, foi usada apenas em três atividades (11, 12 e 16). 4.2.2 - Domani 1 O manual didático Domani 1 é da editora Alma Edizioni e segundo os seus idealizadores Carlo Guastalla e Ciro Massimo Naddeo, o manual apresenta "[...]uma nova visão didática[...]". Classificado de acordo com o QCER como A1, aborda aspectos da cultura italiana separados em cinco áreas temáticas: geografia, artes, sociedade, historia e língua. Em Domani 1, é possível encontrar os três primeiros temas e na sequência do manual são desenvolvidos os outros temas. O manual possui 16 unidades divididas em 6 módulos com exercícios que tratam o tema abordado na unidade. Fazem parte do curso um caderno de exercícios e um DVD 79 com trechos dos diálogos e também com as respostas dos exercícios. Há ainda uma seção de autoavaliação e uma história em quadrinhos no final de cada módulo. Começaremos nossa análise na unidade 0, intitulada "Come ti chiami?". É uma unidade que introduz a apresentação pessoal e as saudações, além de algumas expressões linguísticas de suporte para o início das aulas. Os primeiros conteúdos gramaticais que apresenta são o alfabeto, os números de um a trinta e o verbo 'chiamarsi/chamar-se'. A maioria das atividades desse manual é dividida em itens. A primeira atividade de introdução divide-se em três itens: a, b e c. O objetivo desse tipo de exercício é apresentar os alunos dentro da sala de aula afim que todos possam conhecer-se. É possível nesse momento usar a LM para dar as orientações ou mimetizar o ato de escrever. Na atividade 1a, o aluno escreve o seu nome no livro enquanto na atividade 1b, ele é convidado para ir ao quadro escrever. Para concluir, é sugerido que os alunos escrevam nomes próprios italianos no quadro. Figura 28 80 De acordo com a orientação do manual do professor, as atividades de introdução servem para colocar em discussão o conhecimento de mundo dos estudantes em relação aos assuntos culturais que serão desenvolvidos com mais detalhes dentro da unidade. O exercício 2 consiste em um jogo lexical, dividido em três momentos. Num primeiro instante, o estudante possui dois minutos para escrever a maior quantidade de palavras que puder lembrar-se. Após esse momento ele é convidado a participar de um dos dois grupos criados, para assim trocarem as suas palavras e criarem uma lista única. Caso o aluno não entenda o significado de alguma palavra, o professor deve instruí-lo a usar a forma "Cosa significa// o que significa?". Figura 29 Para a última parte do jogo, o professor deve dispor os dois grupos na sala de aula, e cada um por vez deve pronunciar uma palavra. Caso a palavra venha aceita pelo professor, é a vez do grupo oponente apresentar a palavra dele. Se a palavra não for aceita, o grupo que a pronunciou deve dizer outra palavra. 81 Por fim, ganha quem permanecer sem palavras. As orientações sobre o funcionamento da atividade lúdica pode ser dada em LM, uma vez que os alunos ainda não possuem todas as ferramentas para compreenderem, sozinhos, a dinâmica do jogo. O contexto do jogo dentro de sala de aula é interessante para criar um ambiente acolhedor e deixar os estudantes mais à vontade. Com esse tipo de atividade são ativados os conhecimentos pessoais de cada um e os faz perceber que sabem algo previamente sobre aquilo que desejam estudar. Caon & Rutka (2004), afirmam que ao usar elementos lúdicos em sala de aula, o professor estimula o desenvolvimento global do aluno. Através do jogo, o professor pode alcançar as metas linguísticas estabelecidas no início da atividade, sem criar um ambiente hostil nem agressivo, "permitindo ao estudante enfrentar de maneira serena o estudo da língua e envolvendo no processo de aprendizagem todas as suas capacidades cognitivas, afetivas, sociais e senso motoras."51 Os jogos são importantes no processo de aprendizagem, porém nem sempre são adequados ao público alvo. Em um recente questionário52 aplicado aos meus ex-alunos, a grande maioria que usou o manual didático Domani 1 não foi favorável aos jogos propostos pelo manual por achar que eles não eram adequados para a faixa etária deles. Na opinião da aluna Alexandra Santangelo, os jogos lúdicos não lhe agradaram, pois segundo ela "não eram muito apropriados a alunos adultos." e para Marilia Vianna, o jogo era "Interessante porém muito juvenil". 51 "[...] permettendo allo studente di affrontare in modo sereno lo studio della língua e coinvolgendo nel processo d'apprendimento tutte le sue capacità cognitive, affetive, sociali e sensomotorie " (CAON, F. & RUTKA, S. La Língua in Gioco: Attività ludiche per l’insegnamento dell’italiano L2. Perugia: Guerra Edizione,2004, p.23.) 52 As opiniões recolhidas em outubro de 2013 sobre os manuais didáticos Domani 1 e Nuovo Progetto Italiano 1 foram obtidas através de um questionário enviado por email aos meus ex‐alunos. As opiniões são referentes a apenas dois manuais pois durante a minha prática docente foram aqueles com os quais pude utilizar com os alunos em sala de aula. Sobre o manual Arrivederci! 1 os alunos não conseguiriam opinar com propriedade pois capítulos isolados desse manual foram usados em sala de aula e não houve identificação do mesmo. 82 O aluno Leonardo Muniz também compartilha da mesma opinião das outras alunas, porém apresenta um dado relevante sobre os jogos: "Os jogos dinamizam o aprendizado e, muitas vezes, facilitam a fixação do conteúdo através de associação com situações divertidas e diferentes de um aprendizado simples e formal. Alguns jogos, porém, são muito infantis. Como não sei para qual idade o livro é indicado, acho uma experiência bastante positiva." E ainda deve-se considerar que para a UD inicial, os comandos dos jogos não são fáceis de serem entendidos por todos os alunos, pois "Sempre dependiam da explicação do professor(a) para melhor compreensão", de acordo com a opinião da aluna Yvonne Levigard. Na terceira questão, dividas em quatro itens (a, b, c e d) são todas relacionadas ao áudio presente no item 3a. No áudio o estudante ouvirá expressões em diversas e seu desafio será identificar aquelas que ele imagina ser em italiano. O áudio durante a aula serve para o aluno se familiarizar com a sonoridade da língua que está aprendendo. Figura 30 As atividades 3b, 3c e 3d são todas interligadas. Depois de ouvir o áudio, no item 3b, o aluno deve reconhecer a expressão que falta e escrevê-la no lugar apropriado no livro. Para o item 3c, depois de ler e ouvir todas as expressões do áudio, ele deve responder a pergunta "Quali (espressioni) si usano per salutare?// Quais (expressões) são usadas para saudar alguém". 83 Figura 31 E por fim, o item 3d usa imagens para ilustrar o uso das expressões de saudação que o aluno identificou em 3c. A fim de possibilitar a interação entre os alunos, o professor pode dispô-los em duplas. Figura 32 Com a questão 4 inicia-se uma sequência de jogos que finalizar-se-á na atividade de numero 6. 84 Na atividade 4 (4a e 4b) os alunos deverão usar os números. Caso o professor ainda não tenha introduzido esse assunto, o aluno poderá observar como os números são escritos no quadro da página 13. O jogo começa com a contagem dos números de 1 a 20 dentro de um círculo formado pelo professor. Com a finalidade de fixar os números até que a fluência necessária, o professor pode repetir várias vezes. Após a leitura individual, os alunos devem andar pela sala pronunciando, cada um por vez e em ordem, os números. Caso dois ou mais alunos digam ao mesmo tempo o mesmo numero, deve-se recomeçar a contagem. Figura 33 De modo a continuar com o tema, o estudante deverá usar na atividade 5 a soma e a subtração envolvendo os números até 30. Com as operações matemáticas preestabelecidas pelo manual, elas servirão para praticar também a expressão "Come scusa?// O que por favor?" quando nenhum aluno entender o que foi dito. Para ampliar o vocabulário linguístico, o professor pode usar formulas como "Giusto! Esatto! Bene!// Correto! Exato! Bem!" para complementar a resposta do aluno. 85 Figura 34 Com o exercício de número 6 (6a, 6b e 6c), o último jogo da unidade é introduzido e se refere ao alfabeto italiano. Retomando comportamentos típicos do método áudio - oral, o áudio com as letras do alfabeto é colocado para o aluno ouvir e repetir o fonema na devida pausa. Para fazer a repetição, a atividade 6b orienta a trabalhar a pronuncia com um colega, podendo a correção ser feita entre eles sem a intervenção do professor. Figura 35 86 Quando não houver dúvidas na pronuncia, é recomendado pelo manual do professor a seguir para a próxima atividade. Nela, os alunos encontram tabelas referentes ao jogo 'Batalha naval'. Caso o aluno conheça as regras do jogo, será de fácil entendimento como se desenvolve o jogo. Porém, se ele nunca teve a oportunidade de jogar, será função do professor explicar as regras. A orientação poderá ser feita em LM. Naddeo & Guastalla declaram que para assuntos que poderiam ser um conteúdo entediante e cansativo, os jogos são recursos especialmente indicados. As atividades 7a, 7b e 7c são formuladas para que o aluno utilize as estruturas "Come ti chiami?//Como você se chama?" ou "Come si scrive?//Como se escreve". No item 7a, o professor deve entregar um nome aos alunos representando a nova identidade deles. Esses devem aprender como soletrá-lo para que no diálogo do item 7b quando questionado, eles utilizem a soletração para informar a identidade recebida pelo professor. Figura 36 87 Figura 37 No diálogo, além das estruturas linguísticas apontadas anteriormente, o aluno se deparará com as três primeiras pessoas do verbo chiamarsi//chamar-se. Para retomar os nomes próprios usados na atividade precedente, no caça palavras de 7c o aprendiz pode relembrar todas as identidades que ele descobriu no diálogo. Figura 38 Para encerrar a unidade, o estudante encontra uma lista para conferir o conteúdo estudado. Propositalmente, foi disposto um assunto que não foi abordado até aquele 88 momento para que o aprendiz reconheça o que estudou e consiga lembra-se das estruturas linguísticas. Com o número elevado de atividades baseadas na cooperatividade e na participação, é evidente que o manual Domani não será bem utilizado em salas de aula com uma quantidade menor que três estudantes. Depois de examinada com atenção a unidade introdutória, percebe-se que a proposta dos autores é aquela verificada em nossa análise, uma vez que as atividades propostas são focadas na habilidade oral e na relação entre os novos amigos/alunos. Nessa primeira UD, são disponibilizados quatro jogos envolvendo as habilidades orais e auditivas. Domani 1 cumpre sua proposta inicial ao afirmar ser um manual baseado na cooperatividade, pois podemos observar que suas atividades são pensadas para a interação social e construção do saber coletivo. 4.2.3 - Nuovo Progetto Italiano 1 A unidade introdutória do Nuovo Progetto Italiano 1, intitulada "Benvenuti// Bem-vindos", é uma unidade que apresenta imagens com muitas cores, caracterizadas pelas fotografias, todas representativas da Itália, o que pode ser vista na íntegra no anexo da dissertação. Divididos por seções numeradas por letras de A a E, encontramos 'elementos comunicativos e lexicais' e 'elementos gramaticais' em cada uma delas. Os elementos comunicativos e lexicais dessa unidade introdutória são ‘apresentação de algumas palavras italianas’, ‘apresentação pessoal’, ‘saudações’, ‘dizer a nacionalidade’, ‘construir frases completas’, ‘números cardinais de 0-30’ e ‘pedir e dizer o nome e a idade’. 89 Os elementos gramaticais são ‘alfabeto’, ‘substantivos e adjetivos’, ‘concordância nominal’, ‘pronomes pessoais’, ‘presente indicativo dos verbos essere, avere, chiamarsi’, ‘artigos determinados’. Entre as cinco seções, há um quadro fonético que atenta para os principais grupos fonéticos da língua italiana. São eles "c-g", "s", "gn-gl-z", e as consoantes duplas. Para identificar a pronuncia correta de cada palavra, o aluno ouvirá palavras variadas seja com o professor seja com o áudio. A unidade inicia-se com fotografias referentes à cultura italiana. São imagens que, caso o aluno tenha um conhecimento prévio, todas serão facilmente identificadas. Algumas serão mais fáceis de identificar como, por exemplo, a fotografia de uma pizza e um expresso, e outras nem tanto, como a imagem do filme La vita è bella// A vida é bela de Roberto Begnini e Nicoletta Braschi. Porém todas estão ali com a função de apresentar a nova cultura a ser aprendida. Figura 39 Conforme Biral (2000), as atividades iniciais de uma unidade devem seguir esse tipo de estrutura, pois deve-se inserir elementos facilitadores da compreensão, imagens por exemplo, nas unidades que apresentam novos temas. Dessa maneira, o aluno sente que está aprendendo algum conteúdo novo e deixa a frustração cada vez menor. A questão 2 trabalha com o princípio da cooperatividade entre os estudantes. Nela, as primeiras palavras referentes às imagens apresentadas na questão anterior são 90 introduzidas e é sugerido que a relação palavra - imagem seja resolvida em dupla. Como forma de aumentar o léxico, é sugerido, ainda, que cada aluno diga uma palavra italiana que tenha conhecimento. No Guida per l'insegnante, é sugerido que antes de começar a aula, o professor disponibilize a sala de aula em formato de semicírculo para que todos os alunos possam se olhar, aumentando desse modo a interação entre eles. Figura 40 Depois de discorrer sobre os léxicos relacionados à Itália, o primeiro áudio surge trazendo o alfabeto italiano. Conforme orientação do Guida per l'insegnante, o aluno deve escutar repetidas vezes o alfabeto para, assim, começar a assimilar as letras pertencentes ao alfabeto italiano como aquelas consideradas como letras estrangeiras ( j, k,w,x, y) vindas através do empréstimo de palavras. 91 Em seguida, o livro do estudante sugere que as letras sejam lidas uma por uma, ou durante a aula pode ainda ser adotada a sugestão do manual do professor e incrementar a atividade com cada aluno escrevendo o seu nome letra por letra. Atividades desse gênero são características do método Áudio - Oral, conforme esclarecido por Giovanni Freddi (2006), na qual atividades de repetição se tornarão estruturas internalizadas inconscientemente, por meio do automatismo que a atividade propõe. Figura 41 92 Sem muitas alterações, e seguindo a proposta do método Áudio - Oral, a unidade segue para o exercício 5 da sessão A na qual a habilidade oral é privilegiada. Nesse exercício o aluno deve comparar os grupos fonéticos c - g com palavras como "casa//casa", "musica//música", "gatto//gato", "regalo//presente". Nesse mesmo quadro, vem apresentado ao estudante o grupo fonético "ci", "ce", "gi", "ge", "chi", "che", "ghi" e "ghe" através do áudio e do texto. Há ainda ilustrações para ilustrar o movimento que a língua faz para reproduzir esses sons. Figura 42 Para complementar o tema fonético da questão anterior, na questão 6, o aluno deve escutar as palavras ouvidas no respectivo áudio e transcrevê-las nos espaços correspondentes no livro. Essa atividade é uma atualização do já conhecido ditado, e dessa vez não é o professor que pronuncia as palavras a serem escritas, mas sim a gravação presente no CD. Com essa questão encerra-se a primeira seção da unidade 93 (seção A), intitulada "Parole e lettere// Palavras e letras". Uma seção que mostrou somente elementos estruturais da língua italiana. Figura 43 Com a seção B, de título ‘Italiano o italiana?’, o primeiro conteúdo gramatical é introduzido. O plural das palavras é apresentado na primeira questão de modo indutivo, com imagens e palavras que se relacionam diretamente. Desse modo, o aluno começa a pensar sobre a relação que possa existir entre as imagens e as palavras, sem que a regra veja apresentada diretamente. Figura 44 A 2ª questão retoma a relação imagem - fotografia e pede ao aluno para identificar o erro presente. Nessa atividade é fundamental a orientação do professor para que se tenha sucesso, pois o aluno pode não perceber a relação de plural e singular indicado em cada item. O assunto gramatical em questão é exposto em seguida com um quadro resumido que mostra a regra de formação do plural em italiano. Para as formas irregulares o manual orienta a observação do apêndice gramatical. 94 Figura 45 Em seguida, o aluno encontra mais atividades em que ele pode validar o seu conhecimento adquirido, transformando os substantivos do singular para o plural. Essa atividade possui aspectos do método Áudio - Oral, uma vez que "os exercícios principais previstos pelo método são aqueles considerados estruturais que consistem na atividade de fixação, manipulação e transformação de estruturas autossuficientes no plano da forma e do significado"53. Figura 46 Um modelo similar de atividade é repetido na questão seguinte, quando é introduzida a concordância entre o substantivo e o adjetivo das palavras. Apresentando 53 "le esercitazioni principali previste dal metodo sono i cosidetti esercizi strutturali che consistono in attività di fissazione, manipolazione e trasformazione di strutture autosufficienti sul piano della forma e del significato." (FREDDI, 2006:177) 95 também um quadro paradigmático, a atividade traz combinações de substantivos e adjetivos aleatórios, de forma que o aluno faça uso da regra, fixando mais uma estrutura gramatical. Figura 47 A seção seguinte, de título "Ciao, io sono Gianna// Olá, eu sou Gianna" inicia-se com um áudio. Com ele, são apresentadas as estruturas linguísticas que serão estudadas nessa seção da unidade, além de indicar indiretamente algumas saudações. Na primeira questão da seção, observamos duas fotografias: a primeira mostra duas moças e um rapaz e na segunda duas moças e dois rapazes. Após ouvir os minidiálogos, o aluno deve reconhecer a qual fotografia está relacionada os diálogos com base no que ele pode entender de cada situação. O manual do professor orienta a estimular os alunos com perguntas referentes às imagens, como por exemplo: "Quem 96 está na fotografia"? "Qual é situação?". Para Balboni (1998) esse tipo de atividade é válida,visto que é possível verificar diretamente a compreensão do aluno. Figura 48 Para a questão de número 2, o aluno deve escutar novamente o áudio para completar as frases do diálogo. Esse tipo de atividade é classificada por Paolo Balboni (1998) como "cloze", que consiste na eliminação de uma palavra escolhida pelo professor de acordo com o objetivo a ser atingido dentro de um contexto. Geralmente, essa técnica é usada para reforçar a leitura e ainda provocar no aluno um sentimento de desafio. Balboni (1998) afirma ainda que esse tipo de atividade é bem aceita pelos alunos e não interfere no filtro afetivo. Figura 49 Logo após conferir o texto do diálogo, o aluno pode perceber que as lacunas completadas são referentes ao verbo "essere" na 1ª pessoa do singular do presente do 97 indicativo. A conjugação do verbo "essere" está na 3ª questão da seção, porém não de forma completa. O aluno deve completar o quadro paradigmático, de modo a testar a sua capacidade de intuir a maneira correta a ser usada. Certamente, ele usará a forma "sono", pessoa verbal usada na atividade de "cloze" da questão anterior. Basta saber se para completar a 3ª pessoa do singular ele saberá usar a forma "è". Mais uma vez, o professor será útil para orientar na resposta correta da questão. Figura 50 Na questão 4 são introduzidas as nacionalidades. É uma atividade visualmente estimulante, pois o aluno pode associar a imagem do indivíduo com o mapa do país indicado. Para criar uma frase coerente há um modelo a ser seguido ("Lui è Paolo, è italiano//Ele é Paolo, é italiano"), no qual vem apresentado o nome e a nacionalidade conforme a imagem escolhida. A atividade busca criar uma variedade de frases ao alternar o gênero e o número. É uma atividade que pode ser ampliada caso o professor adicione outros nomes e novas nacionalidades criando, desse modo, novas frases. Depois de ser introduzida a apresentação em italiano, o manual didático apresenta uma atividade baseada na cooperatividade e na construção do conhecimento. Essa atividade consiste na criação de mini-diálogos de apresentação envolvendo dois colegas de sala. E para permanecer dentro do tema da atividade anterior, a questão 6 conduz o aluno a apresentar um colega de classe. 98 Figura 51 Logo após, a temática dos exercícios altera para a fonética e mostra as diferentes pronuncias que a letra 's' pode ter em italiano. Assim como na representação gráfica apresentado na seção A, existe uma ilustração mostrando como cada fonema é pronunciado. Para exercitar a capacidade auditiva e enfatizar os fonemas ouvidos no áudio, um ditado é a atividade a ser desenvolvida na questão 8. 99 Figura 52 Para o sucesso desse tipo de atividade, Balboni (1998) afirma que é importante o aluno não criar ansiedade, dessa forma poderá desenvolver sua habilidade obtendo maior êxito. A seção D "Il ragazzo o la ragazza?// O rapaz ou a moça?" inicia-se com uma atividade na qual o estudante deve unir as imagens com as frases escutadas no áudio, tendo atenção pois existem duas imagens a mais para confundi-los. Para Balboni (1998), essa é uma ótima técnica para explorar a compreensão global sem haver a necessidade de produção escrita nesse momento. De acordo com o estudioso, "a união evita também o uso da língua materna.54" 54 "[...]l'accopiamento evita anche il ricorso alla língua materna".( BALBONI, Paolo. Tecniche didattiche. UTET: Torino, 1998.) 100 Figura 53 O artigo determinado é o tema da segunda e terceira questão. Com um quadro gramatical são expostos todos os artigos e como cada um deve ser empregado. Para colaborar na fixação do assunto após o quadro há seis frases as quais devem ser completadas com o artigo correto e em seguida há outra atividade semelhante. Nessa atividade, o aluno deve conectar as palavras aos artigos correspondentes dentro das opções indicadas na questão. Com o intuito de auxiliar a compressão, fotografias são associadas às palavras, e desse modo o estudante pode perceber quais delas estão no plural ou no singular. 101 Figura 54 Figura 55 102 A atividade 4 explora a capacidade escrita dos alunos ao propor a criação de frases. Nesse exercício, eles devem utilizar palavras indicadas no livro e criar frases usando o verbo "essere". É interessante, pois eles deverão notar quais palavras estão no plural para assim fazer a justa concordância. Os grupos de palavras indicadas são: "casa, bella//casa, bonita", "pesci, piccoli//peixes, pequenos", "libri, nuovi//livros, novos", "ristorante, italiano//restaurante, italiano", "vestiti, moderni//roupas, modernas", "zio, giovane//tio, jovem". Figura 56 Com a questão 5 da seção D, os primeiros numerais são introduzidos ao estudante. Ele deve completar a tabela com os termos subtraídos, indicados num espaço específico da tabela. É uma atividade classificada como 'cloze', de acordo com Balboni (1998). Com o Guida per l'Insegnante, esse tema pode ser melhor explorado com uma simples atividade de somatório entre os números indicados. Deve-se ter atenção em criar contas matemáticas em que o resultado seja menor do que dez para que o aluno possa usar o conhecimento adquirido. Figura 57 103 As questões 6 e 7 são completares e semelhantes a outras encontradas em seções anteriores. Nela são apresentados outros fonemas italianos formados por 'gn', 'gl' e 'z'. A questão 6 é semelhante à questão 7 da seção C, e nela se observa um quadro com palavras que contem os fonemas supracitados e a ilustração de como cada um deles é pronunciado. Também há um ditado na 7º questão, em que o aluno deve escrever as palavras narradas no áudio. Figura 58 104 A seção E encerra a unidade, e tem como título "Chi è?//Quem é?". A partir do título pode-se concluir que essa seção abordará também a apresentação individual, porém o que se observa é que o título não se refere aos conteúdos linguísticos introduzidos como podemos comprovar logo a seguir. Na primeira questão, a atividade relaciona áudio-imagem. O aluno deverá ouvir o áudio e relacionar com a imagem adequada. O aluno deve ter atenção em relacionar as imagens com o áudio, pois as diferenças são sutis e podem causar confusão no momento de resolver a questão. Figura 59 Na atividade de número 2, o aluno pode conferir a transcrição do áudio e caso não tenha respondido corretamente a questão anterior, pode conferir qual trecho não compreendeu corretamente. O professor pode, nesse momento, repetir o áudio para o aluno acompanha-lo, conferir o vocabulário e ainda pedir ao aluno para lê-lo em voz alta. 105 Figura 60 Dado que na questão anterior os verbos avere e chiamarsi são apresentados, no exercício 3, esses mesmos verbos são retomados dentro de um quadro. Dentro desse esquema, correspondente ao verbo "avere// ter", o aluno deve completar a conjugação conforme considerar correto. Cabe ao professor orientar à obtenção da resposta correta. Em outro quadro referente ao verbo "chiamarsi// chamar-se", não é necessário completar a conjugação, porém são apresentadas somente as três primeiras pessoas do singular. Supõe-se que por ser um verbo reflexivo e por conter pronomes que devem ser usados com essa forma verbal, é explorar a gramática em excesso para um contato inicial com a língua italiana. Figura 61 Na 4ª questão o aluno deve conectar a frase da coluna da direita com a da esquerda. São frases referentes ao contexto de apresentação individual e se relacionam com a questão 2. Com essa atividade, o aluno nota o uso do verbo "avere" e "chiamarsi" 106 de modo simples, porém de grande importância para seu aprendizado, visto que são frases que o ajudarão a formar um diálogo inicial em italiano. Figura 62 Na continuação, outro exercício referente aos números se apresenta para os alunos. Também é um exercício de 'cloze', e dessa vez foram retirados quatro números de uma sequência numeral de onze a trinta. No manual do professor há uma orientação para os alunos lerem em voz alta os números expressos no quadro depois de completar corretamente a tabela. O manual do professor indica também uma atividade extra, porém para realizá-la corretamente o professor deve ir ao site da editora Edilingua para baixar no seu computador a atividade correspondente. Não analisaremos essa atividade, uma vez que não é nosso foco na nossa pesquisa. Figura 63 Com o role - play indicado na atividade 6, o aluno deve usar as estruturas linguísticas aprendidas. O role - play é uma atividade de simulação guiada, em 107 português conhecida como dramatização. Em companhia de um colega de sala, o aluno deve usar perguntas como: "Como você se chama?", "Quantos anos você tem?" e "Como se escreve (letra por letra) o seu nome?" para formar o diálogo. De acordo com Balboni (1998), esse tipo de atividade é produtiva, pois exercita nos estudantes a capacidade de dialogar em diversas situações. Figura 64 A fim de aumentar a variedade de atividades, o manual didático orienta o aluno a apresentar o seu entrevistado para os outros companheiros de sala. Com esse tipo de atividade ele estará desempenhando a sua capacidade oral e memorizará indiretamente a conjugação do verbo 'essere' e 'chiamarsi', úteis para a apresentação pessoal. Visto que será usado a 3ª pessoa do singular para introduzir o colega na sala de aula, todos os alunos conseguirão internalizar o conteúdo da UD. A atividade 7 explora a pronuncia dos alunos, com foco nas consoantes duplas da língua italiana. Essa atividade determina que o aluno repita cada uma das palavras dispostas no quadro depois de ouvir a pronuncia do áudio correspondente. Balboni (1998) expõe que na abordagem humanista esse tipo de atividade diminui a ansiedade do aluno, já que permite que esse fale sem medo. Em uma solicitação de produção oral sem o adequado conhecimento o aluno pode se sentir ansioso e a atividade transformase inadequada para aquele momento. 108 Figura 65 A última atividade da seção e da unidade é mais um ditado envolvendo as consoantes duplas em algumas palavras. Nela, o aluno encontra ilustrações e um espaço apropriado para colocar a palavra exata que ouvirá no áudio. É uma atividade que proporciona uma variedade na sua correção: a autocorreção, a correção feita pelo professor, ou ainda o aluno corrige as respostas do colega. Figura 66 Como pode ser observado, a unidade inicial do manual Nuovo Progetto Italiano1 se mostra diferente da proposta do autor. Ao assinalar que o manual contém "[...] situações comunicativas ricas de espontaneidade e naturalidade [...]55", o aluno espera por essa característica já na primeira unidade. 55 "[...] situazioni comunicative arrichite di spontaneità e naturalezza [...]" (Magnelli & Marin, 2008:06) 109 No entanto, o que se nota no primeiro contato do aluno com o manual, é uma grande quantidade de termos gramaticais e atividades que exploram muito mais esse aspecto do que atividades que abordam as estruturas linguísticas. De acordo com opiniões recolhidas no questionário aplicado, os alunos que utilizaram o manual didático Nuovo Progetto Italiano 1, consideram o manual atraente porém cansativo por conter muitas atividades estruturais. Alguns alunos citaram ainda os materiais extras utilizados para complementar o manual. Para a aluna Maíra Freitas, as atividades do manual não foram estimulantes visto que ela preferiu "as atividades propostas por fora, como música e filmes." sempre de acordo com o contexto a ser estudado. É notável que ao adotar um manual didático para as aulas, será sempre de grande reforço materiais extras para complementar o material principal e ainda explorar o conhecimento do aluno. O aluno Gustavo Baptista é da mesma opinião que Maíra. Para ele, o manual usado em sala de aula contribuiu para a sua aprendizagem "porém, mais o material complementar trazido pela Professora do que o próprio material de aula (livros)." As atividades para o aluno eram desanimadoras, "Algumas são um pouco maçantes, principalmente aquelas constantes do caderno de exercícios. As (atividades) do livro texto são melhores. Algumas são 'infantis' por demais. Poderia ser algo mais elaborado, dependendo do público". Entretanto, para o nível inicial de aprendizagem da LE a repetição e a variedade de atividades são valorosas, pois de acordo com a aluna Helena Almeida "[...] abrangem as diferentes competências linguísticas (oral, escrita e auditiva) e incentivam o aluno a ler e escrever com atenção e relembrar lições anteriores, o que é fundamental para fixação do conteúdo." 110 Outro aspecto observado pelos alunos é a falta de dinamismo do manual didático. É sabido que as atualizações ocorrem com uma determinada frequência, porém elas não acompanham a velocidade atual das informações. Para Gustavo Baptista, o manual didático "poderia ser mais elaborado e atualizado (para ser mais atrativo)" e para Raquel Damasceno "Gerar informações mais dinâmicas também pode gerar mais interesse no estudante, que hoje em dia está acostumado a ter muitas informações rápidas, na hora que deseja." Tendo em vista os aspectos apresentados, nessa unidade introdutória o aluno consegue ficar no plano da apresentação individual, sem que sejam tratados outros aspectos linguísticos, como, por exemplo, as saudações. Um fator interessante dessa unidade é delinear todos os fonemas italianos que possam causar alguma dúvida no momento de pronunciá-los. Com os ditados ou com os mini - diálogos, esse é um ponto favorável, pois desde o início o aluno percebe a existência de fonemas específicos da língua italiana. 111 5 - CONCLUSÃO Esta pesquisa teve como objetivo apresentar os principais manuais didáticos de italiano LE utilizados no Rio de Janeiro e analisar os três mais recentes observando as abordagens de ensino – aprendizagem de suas atividades para um confronto com as orientações do Guida degli insegnanti//manual do professor. Antes de analisarmos os manuais didáticos escolhidos, fizemos um percurso teórico no qual as definições de língua, língua materna, segunda língua e língua estrangeira foram apresentadas conforme os principais teóricos sobre o tema. Em seguida, foi pertinente estabelecer um paralelo entre os principais métodos e abordagens didáticas para que a análise dos manuais fosse concisa e harmônica. Ao analisar as propostas de ensino de cada manual didático, percebemos que mesmo com a grande variedade de atividades propostas, sustentadas pelas abordagens de ensino-aprendizagem, existe ainda uma tendência à repetição de metodologias/abordagens no manual didático, muitas vezes contrariando a proposta do autor. Essa repetição pode ficar caracterizada na reformulação de atividades, mas o fato é que, essencialmente, se trabalha com os mesmos conceitos. Nota-se que no primeiro contato do aluno com o manual didático, ele é instigado a iniciar seu raciocínio em LE fazendo uso de uma grande quantidade de termos gramaticais e atividades que exploram esse aspecto mais do que atividades que abordam as estruturas linguísticas. Com nosso estudo, expomos as atividades dos manuais didáticos de italiano LE e os métodos aplicados no processo de ensino-aprendizagem, evidenciando o quão repetitivos e estandardizados se mostram os atuais manuais didáticos. As atividades utilizadas nesses manuais foram identificadas e analisadas em conjunto com a proposta 112 dos autores, reconhecendo, assim, os seus sucessos e insucessos no processo de aprendizagem de italiano LE. Partindo das afirmações acima mencionadas, concluímos que de modo geral os manuais didáticos de italiano LE não apresentam atividades que sejam totalmente coerentes com as propostas iniciais de ensino - aprendizagem abrangidas nesses manuais. E ainda, para um maior sucesso na aprendizagem do aluno, os manuais didáticos utilizados precisam ser complementados. Cabe ao professor pensar num material extra adequado a cada nível, e adaptando-o às necessidades dos alunos, com explicações de argumentos específicos ou mesmo com outros tipos de exercícios. Para que o manual utilizado não seja entediante e cansativo, seus idealizadores alternam elementos comunicativos e gramaticais, a fim de renovar continuamente o entusiasmo dos alunos. Essas afirmações foram confirmadas com as análises dos manuais realizadas no capítulo 4, e ainda, a partir das declarações de alguns alunos recolhidas através de um questionário aplicado em outubro de 2013. Além disso, observamos que a carga gramatical apresentada nas UD's analisadas é alta para um aluno iniciante. Essa carga é constatada com intensidade no manual didático Nuovo Progetto Italiano 1, quando são introduzidos ao aluno os seguintes conteúdos gramaticais: artigos, plural, verbos e pronomes pessoais. Para que o aprendiz não pense na LE como um conhecimento desnecessário, é valido que o aluno tenha situações nas quais ele possa utilizar o que aprendeu e assim comunicar-se efetivamente. Finalmente, esperamos que esta pesquisa auxilie futuros estudos acerca dos manuais didáticos citados e que contribua para uma melhor orientação no ensino da Língua Italiana para estrangeiros. 113 6. BIBLIOGRAFIA ALVES, Danielle Fernandes. 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Rio de Janeiro: UFRJ, 2008. 6.1 - SITOGRAFIA: - www.edilíngua .it, acesso dia 17 de novembro de 2013, às 11:32. - www.i-d-e-e.it, acesso dia 17 de novembro de 2013 às 11:45. 117 7 - ANEXOS Anexo 1 - Questionário sobre Domani 1 e Nuovo Progetto Italiano 1 Anexo 2 - Respostas dos ex - alunos sobre Domani 1 e Nuovo Progetto Italiano Anexo 3 – Capítulo 1 do Manual Arrivederci!1 Anexo 4 – Capítulo 0 do Manual Domani 1 Anexo 5 – Capítulo 0 do Manual Nuovo Progetto Italiano 1 118 QUESTIONÁRIO DE PESQUISA - PERGUNTAS NOME: IDADE: LOCAL ONDE ESTUDOU ITALIANO: MANUAL DIDÁTICO UTILIZADO: 1) Você considera o manual visualmente atrativo? Considerar imagens, padrão de cores, fonte do texto. 2) O manual utilizado em sala de aula auxiliou na aprendizagem da língua italiana? 3) Qual a sua opinião sobre os jogos lúdicos presentes no manual didático? Pergunta para aqueles que estudaram com o manual didático Domani 1. 4) Qual a sua opinião sobre os textos culturais presentes no fim de cada unidade do manual? Pergunta para aqueles que estudaram com o manual didático Nuovo Progetto Italiano 1. 5) Qual a sua opinião sobre as atividades que compõem o manual didático? 6) Que sugestões você daria para melhorar o manual didático que você utilizou em sala de aula? 119 QUESTIONÁRIO DE PESQUISA - RESPOSTAS NOME: Alexandra Santangelo IDADE: 41 anos LOCAL ONDE ESTUDOU ITALIANO: ACIB MANUAL DIDÁTICO UTILIZADO: Domani 1 1) Você considera o manual utilizado visualmente atrativo? Considerar imagens, padrão de cores, fonte do texto. Alexandra: Sim 2) O manual utilizado em sala de aula auxiliou na aprendizagem da língua italiana? A: Sim 3) Qual a sua opinião sobre os jogos lúdicos presentes no manual didático? Pergunta para aqueles que estudaram com o manual didático Domani 1. A: Acredito que não eram muito apropriados a alunos adultos. 5) Qual a sua opinião sobre as atividades que compõem o manual didático? A: Gostava dos exercícios e dos textos que traziam informações culturais e curiosidades. Por vezes, os jogos eram confusos e sem um propósito definido. Provavelmente, fazem mais sentido para italianos (acredito terem sido elaborados por nativos) do que para brasileiros. 6) Que sugestões você daria para melhorar o manual didático utilizado? A: Mais música, filmes/vídeos, textos atuais e curiosidades históricas. Quando estudei espanhol, todos os textos eram acompanhados de vídeos encenando o diálogo, o que tornavam as aulas bem divertidas e proveitosas. 120 NOME: Gustavo Baptista Alves IDADE: 42 anos LOCAL ONDE ESTUDOU ITALIANO: Empresa – Aulas Particulares – TIM Celular S.A. MANUAL DIDÁTICO UTILIZADO: Livros de apoio (Nuovo Progetto Italiano 1 e 2) e material produzido pela Prof. Lucilene 1) Você considera o manual visualmente atrativo? Considerar imagens, padrão de cores, fonte do texto. Gustavo: Sim. Poderia ser mais elaborado e atualizado (para ser mais atrativo), mas nada que desabone o formato. 2) O manual utilizado em sala de aula auxiliou na aprendizagem da língua italiana? G: Sim, muito. Porém, mais o material complementar trazido pela Professora do que o próprio material de aula (livros). 4) Qual a sua opinião sobre os textos culturais presentes no fim de cada unidade do manual? Pergunta para aqueles que estudaram com o manual didático Nuovo Progetto Italiano G: Interessantes os textos. Passam um pouco da cultura italiana. Acredito adequados. 5) Qual a sua opinião sobre as atividades que compõem o manual didático? G: Algumas são um pouco maçantes, principalmente aquelas constantes do caderno de exercícios. As do livro texto são melhores. Algumas são “infantis” por demais. Poderia ser algo mais elaborado, dependendo do público. 6) Que sugestões você daria para melhorar o manual didático que você utilizou em sala de aula? G: Como tive complementos que auxiliaram, e muito, acho que o formato destes seria perfeito para melhorar/otimizar o material que constava dos livros. 121 NOME: Helena de Aquino Freitas Almeida IDADE: 26 LOCAL ONDE ESTUDOU ITALIANO: CLAC/ UFRJ MANUAL DIDÁTICO UTILIZADO: Nuovo Progetto Italiano 1 1) Você considera o manual utilizado visualmente atrativo? Considerar imagens, padrão de cores, fonte do texto. Helena: Sim 2) O manual utilizado em sala de aula auxiliou na aprendizagem da língua italiana? H: Sim 4) Qual a sua opinião sobre os textos culturais presentes no fim de cada unidade do manual? Pergunta para aqueles que estudaram com o manual didático Nuovo Progetto Italiano 1. H: Gostei muito, porque apresentam curiosidades interessantes, bem contextualizadas, com uma linguagem no mesmo nível que se espera do aluno a cada final de unidade. É um ótimo estímulo, porque temos realmente a sensação de estarmos aprendendo a língua e cultura do país estudado, com uma aplicação prática que funciona simultaneamente como uma pequena autoavaliação do nosso conhecimento linguístico adquirido. 5) Qual a sua opinião sobre as atividades que compõem o manual didático? H: São boas, pois abrangem as diferentes competências linguísticas (oral, escrita e auditiva) e incentivam o aluno a ler e escrever com atenção e relembrar lições anteriores, o que é fundamental para fixação do conteúdo. 6) Que sugestões você daria para melhorar o manual didático utilizado? H: Sempre acho válido incluir glossários nas partes com mais textos corridos (diálogos e textos do final de unidade), pois sempre há palavras que não são de conhecimento do aluno e servem para enriquecer o vocabulário, e acho que os exercícios dissertativos deveriam ter linhas para que o aluno pudesse escrever decentemente as respostas. 122 NOME: Leonardo Muniz IDADE: 31 anos LOCAL ONDE ESTUDOU ITALIANO: ACIB / Particular MANUAL DIDÁTICO UTILIZADO: Domani 1 1) Você considera o manual utilizado visualmente atrativo? Considerar imagens, padrão de cores, fonte do texto. Leonardo: Sim. 2) O manual utilizado em sala de aula auxiliou na aprendizagem da língua italiana? L: Sim. 3) Qual a sua opinião sobre os jogos lúdicos presentes no manual didático? Pergunta para aqueles que estudaram com o manual didático Domani 1. L: Os jogos dinamizam o aprendizado e, muitas vezes, facilitam a fixação do conteúdo através de associação com situações divertidas e diferentes de um aprendizado simples e formal. Alguns jogos porém são muito infantis. Como não sei para qual idade o livro é indicado, acho uma experiência bastante positiva. 5) Qual a sua opinião sobre as atividades que compõem o manual didático? L: Acho as atividades boas, bem adequadas ao nível de aprendizado encontrado no livro. 6) Que sugestões você daria para melhorar o manual didático utilizado? L: A ordem dos conteúdos apresentados no manual me parece um pouco estranha ao aprendizado de um novato (tanto que pulamos diversos capítulos para voltar em outros diversas vezes). Talvez pudesse ser repensada para adaptar ao aluno novato. Outra sugestão é reforçar (ainda) mais o reaproveitamento dos personagens e histórias encontradas no livro para criar uma linha de continuidade, o que também facilita o aprendizado através de histórias. 123 NOME: Maíra Freitas IDADE: não informado LOCAL ONDE ESTUDOU ITALIANO: Curso Brasillis/RJ MANUAL DIDÁTICO UTILIZADO: Nuovo Progetto Italiano 1) Você considera o manual utilizado visualmente atrativo? Considerar imagens, padrão de Maíra: Considero atrativo para o propósito de um livro para iniciante. 2) O manual utilizado em sala de aula auxiliou na aprendizagem da língua italiana? M: De fato, auxiliou. Considero que peguei a língua com rapidez, pois tive, logo em seguida, a experiência de ficar durante 3 meses na Itália e lá tive pouca dificuldade. 4) Qual a sua opinião sobre os textos culturais presentes no fim de cada unidade do manual? Pergunta para aqueles que estudaram com o manual didático Nuovo Progetto Italiano 1. M: Para mim, eles não foram muito marcantes. Mas, ainda assim, acho que são uma boa forma de introduzir a cultura italiana dado que o idioma está diretamente ligado à cultura. 5) Qual a sua opinião sobre as atividades que compõem o manual didático? M: Preferi as atividades propostas por fora, como música e filmes. 6) Que sugestões você daria para melhorar o manual didático utilizado? M: Mais curiosidades sobre a língua e a cultura. A origem das expressões e formas de falar. 124 NOME: Magda Rebello IDADE: 31 LOCAL ONDE ESTUDOU ITALIANO: Clac/ UFRJ MANUAL DIDÁTICO UTILIZADO: Nuovo Progetto Italiano 1 1) Você considera o manual utilizado visualmente atrativo? Considerar imagens, padrão de cores, fonte do texto. Magda: Sim. 2) O manual utilizado em sala de aula auxiliou na aprendizagem da língua italiana? M: Sim. 4) Qual a sua opinião sobre os textos culturais presentes no fim de cada unidade do manual? Pergunta para aqueles que estudaram com o manual didático Nuovo Progetto Italiano1. M: Ensinam e esclarecem questões culturais específicas da Itália. 5) Qual a sua opinião sobre as atividades que compõem o manual didático? M: São atividades boas. 6) Que sugestões você daria para melhorar o manual didático utilizado? M: Nenhuma. 125 NOME: Marilia Carolina Ferreira Vianna IDADE: 29 anos LOCAL ONDE ESTUDOU ITALIANO: Niterói - ACIB MANUAL DIDÁTICO UTILIZADO: Domani 1 1) Você considera o manual visualmente atrativo? Considerar imagens, padrão de cores, fonte do texto. Marilia: Não 2) O manual utilizado em sala de aula auxiliou na aprendizagem da língua italiana? M: Sim 3) Qual a sua opinião sobre os jogos lúdicos presentes no manual didático? Pergunta para aqueles que estudaram com o manual didático Domani 1. M: Interessante porem muito juvenil 5) Qual a sua opinião sobre as atividades que compõem o manual didático? M: Creio que seria muito mais interessante se os materiais didáticos tivessem indicações etárias pois para turma de adulto eles são desinteressantes 6) Que sugestões você daria para melhorar o manual didático que você utilizou em sala de aula? M: Sugiro mais texto e interações visuais como diálogos, musicas, e uma gramática menos maçante. 126 NOME: Patrícia Fernandes Viana Franco Castro IDADE: 24 LOCAL ONDE ESTUDOU ITALIANO: CLAC/IIC MANUAL DIDÁTICO UTILIZADO: Nuovo Progetto Italiano 1 e 2 1) Você considera o manual utilizado visualmente atrativo? Considerar imagens, padrão de cores, fonte do texto. Patrícia: Sim. 2) O manual utilizado em sala de aula auxiliou na aprendizagem da língua italiana? P: Sim. 4) Qual a sua opinião sobre os textos culturais presentes no fim de cada unidade do manual? Pergunta para aqueles que estudaram com o manual didático Nuovo Progetto Italiano 1. P: São interessantes por aproximar o aluno da cultura italiana. 5) Qual a sua opinião sobre as atividades que compõem o manual didático? P: São importantes por explorar todos os aspectos do aprendizado do idioma (escrita, oralidade, leitura...) 6) Que sugestões você daria para melhorar o manual didático utilizado? P: Aprofundar os materiais/ atividades que tratam de características culturais da Itália. 127 NOME: Raquel Mendes Damasceno IDADE: 26 anos LOCAL ONDE ESTUDOU ITALIANO: CLAC - UFRJ MANUAL DIDÁTICO UTILIZADO: Nuovo Progetto Italiano 1 1) Você considera o manual utilizado visualmente atrativo? Considerar imagens, padrão de cores, fonte do texto. Raquel: Sim. 2) O manual utilizado em sala de aula auxiliou na aprendizagem da língua italiana? R: Com certeza, foi uma das ferramentas mais úteis. 4) Qual a sua opinião sobre os textos culturais presentes no fim de cada unidade do manual? Pergunta para aqueles que estudaram com o manual didático Nuovo Progetto Italiano 1. R: Achei muito interessante, uma forma com que o aluno fique mais próximo da cultura local do idioma que está estudando e acrescentar mais conhecimento geral. 5) Qual a sua opinião sobre as atividades que compõem o manual didático? R: Boas atividades bem formuladas e fáceis de serem compreendidas. 6) Que sugestões você daria para melhorar o manual didático utilizado? R: Ele está bem atualizado para seu tempo, sugeriria apenas ir atualizando informações ao longo do tempo, o que naturalmente já deve ser feito. Gerar informações mais dinâmicas também pode gerar mais interesse no estudante, que hoje em dia está acostumado a ter muitas informações rápidas, na hora que deseja. 128 NOME: Thaís IDADE: 33 anos LOCAL ONDE ESTUDOU ITALIANO: Botafogo MANUAL DIDÁTICO UTILIZADO: Domani 1 1) Você considera o manual visualmente atrativo? Considerar imagens, padrão de cores, fonte do texto. Thaís: Sim 2) O manual utilizado em sala de aula auxiliou na aprendizagem da língua italiana? T: Sim 3) Qual a sua opinião sobre os jogos lúdicos presentes no manual didático? Pergunta para aqueles que estudaram com o manual didático Domani 1. T: Interessantes 5) Qual a sua opinião sobre as atividades que compõem o manual didático? T: Gostei bastante do livro 6) Que sugestões você daria para melhorar o manual didático que você utilizou em sala de aula? A aluna não respondeu 129 NOME: Yvonne Elsa Levigard IDADE: 64 anos LOCAL ONDE ESTUDOU ITALIANO: ACIB MANUAL DIDÁTICO UTILIZADO: Domani 1 1)Você considera o manual utilizado visualmente atrativo? Considerar imagens, padrão de cores, fonte do texto. Yvonne: SIM 2) O manual utilizado em sala de aula auxiliou na aprendizagem da língua italiana? Y: SIM 3) Qual a sua opinião sobre os jogos lúdicos presentes no manual didático? Pergunta para aqueles que estudaram com o manual didático Domani 1. Y: Sempre dependiam da explicação do professor (a) para melhor compreensão 5) Qual a sua opinião sobre as atividades que compõem o manual didático? Y: As atividades auxiliavam na fixação do conteúdo teórico 6) Que sugestões você daria para melhorar o manual didático utilizado? Y: Não me ocorre nenhuma sugestão no momento. 130 ANEXO 3 – Capítulo 1 do Manual Arrivederci!1 131 132 133 134 135 136 137 138 139 ANEXO 4 - Capítulo 0 do Manual Domani 1 140 141 142 143 144 145 146 anexo 5 – Capítulo 1 do Manual Nuovo Progetto Italiano 1 147 148 149 150 151 152 153 154 155 156 157 158